Velho Testamento

O
Velho Testamento

Com notas explicativas e referências cruzadas das obras-padrão de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Publicada por
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Salt Lake City, Utah, EUA

Introdução

Esta edição da Bíblia Sagrada foi preparada sob a direção da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

É uma revisão da Bíblia de João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida de 1914.

A edição Revista e Corrigida de 1914, de domínio público, foi utilizada como texto de origem para a presente revisão da Bíblia.

Nesta edição, procurou-se preservar o espírito e a linguagem tradicional das escrituras.

Foram mantidas as características gramaticais e estilísticas, bem como alguns termos arcaicos, exceto quando se fizeram necessárias modificações que favorecessem a compreensão e a leitura do texto.

A acentuação, a pontuação e a ortografia foram atualizadas.

Os termos cujo significado se alterou com o passar do tempo e que atualmente têm conotações impróprias foram substituídos por outros mais adequados.

Todas as modificações do conteúdo foram feitas comparando-se o texto com fontes de referência em hebraico, aramaico e grego.

A Bíblia é uma coletânea de escritos antigos que contém registros da comunicação de Deus com Seus filhos e instruções para eles. A palavra Bíblia tem origem grega e significa “os livros.” Embora geralmente pensemos na Bíblia Sagrada como um único livro, na verdade, trata-se de uma biblioteca divina, reunida em um único volume.

A Bíblia é um testemunho do amor eterno de Deus por Seus filhos e de que Jesus Cristo é o Salvador do mundo; verdadeiramente, Ele é o único caminho para a vida eterna e salvação.

A Bíblia é composta de 66 livros e está dividida em duas partes: o Velho Testamento (39 livros) e o Novo Testamento (27 livros). Seus autores provêm de várias origens, mas todos desejavam compartilhar o plano de Deus para a redenção de Seus filhos. Esse plano centraliza-se em Jesus Cristo, o Messias, a respeito de quem tanto os autores do Velho quanto do Novo Testamento prestaram testemunho.

O Velho Testamento foi escrito quase inteiramente em hebraico e é composto de livros que eram aceitos como escritura pelos judeus da Terra Santa, na época do ministério mortal de Cristo. Seus escritos inspirados incluem uma história do povo escolhido de Deus, desde Adão até cerca de 400 anos antes do nascimento do Messias, em Belém. O Novo Testamento foi escrito em sua maior parte em grego e é composto de textos que contêm um registro da vida de Jesus Cristo e Seus ensinamentos. Também contém instruções de profetas e apóstolos para os membros da Igreja, após a Ressurreição do Salvador.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias afirma que “cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, desde que esteja traduzida corretamente” (RF 1:8). Esta edição especial contém inspirados auxílios de estudo: notas de rodapé, cabeçalhos de capítulos, referências remissivas para o Guia para Estudo das Escrituras, seleções da Tradução de Joseph Smith e mapas e gravuras de locais bíblicos.

Esses auxílios de estudo das escrituras vão ajudá-lo a adquirir uma maior compreensão da plenitude do evangelho eterno de Jesus Cristo. As notas de rodapé vão direcioná-lo para referências de escrituras da Bíblia, do Livro de Mórmon, de Doutrina e Convênios e da Pérola de Grande Valor, que juntos constituem as obras-padrão da Igreja. A Bíblia e as escrituras modernas “serão [unidas]” (2 Né. 3:12) “para que (…) se tornem uma só (…) na [Sua] mão” (Eze. 37:17), declarando a uma só voz a realidade viva de Deus, o Pai Eterno e Seu Filho, Jesus Cristo.

O Primeiro Livro de Moisés
Chamado
Gênesis

Capítulo 1

Deus cria esta Terra e seu céu e todas as formas de vida em seis dias — Descrevem-se os atos de criação de cada dia — Deus cria o homem, macho e fêmea, à Sua própria imagem — Ao homem é dado domínio sobre todas as coisas e ele recebe mandamento de se multiplicar e de encher a Terra.

1

No princípio, Deus criou os céus e a terra.

2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

3 E disse Deus: Haja luz; e houve luz.

4 E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.

5 E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.

6 E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.

7 E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.

8 E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

9 E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar, e apareça a porção seca; e assim foi.

10

E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.

11 Disse Deus: Produza a terra relva, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra; e assim foi.

12 E a terra produziu relva, e erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente estava nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.

13 E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.

14 E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, e para tempos determinados, e para dias e anos.

15 E sejam para luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra; e assim foi.

16 E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e as estrelas.

17 E Deus os pôs na expansão dos céus para alumiar a terra,

18 E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.

19 E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.

20

E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.

21 E Deus criou as grandes baleias, e todo réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram, conforme as suas espécies; e toda ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.

22 E Deus as abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.

23 E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.

24 E disse Deus: Produza a terra criatura vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi.

25 E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.

26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.

27 E criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea os criou.

28 E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra.

29 E disse Deus: Eis que vos dei toda erva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra, e toda árvore, em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-á para mantimento.

30

E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil sobre a terra, em que há alma vivente, eu dei toda erva verde para mantimento; e assim foi.

31 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

Capítulo 2

A Criação é concluída — Deus descansa no sétimo dia — Explica-se a prévia criação espiritual — Adão e Eva são colocados no Jardim do Éden — É-lhes proibido comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal — Adão dá nome a toda criatura vivente — Adão e Eva são casados pelo Senhor.

1

Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados.

2 E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.

3 E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou, porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera.

4 Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados, no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus;

5 E toda planta do campo que ainda não estava na terra, e toda erva do campo que ainda não brotava; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.

6 Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra.

7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

8 E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, a oriente, e pôs ali o homem que tinha formado.

9 E o Senhor Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

10

E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.

11 O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde ouro.

12 E o ouro dessa terra é bom; ali o bdélio, e a pedra ônix.

13 E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.

14 E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o oriente da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.

15 E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.

16 E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente,

17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

18 E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que lhe seja adequada.

19 Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo, e toda ave dos céus, levou-os a Adão, para ver como ele os chamaria; e tudo o que Adão chamou cada criatura vivente, isso foi o seu nome.

20

E Adão deu nome a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que lhe fosse adequada.

21 Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e fechou a carne em seu lugar;

22 E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e levou-a a Adão.

23 E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.

24 Portanto, deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.

25 E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher, e não se envergonhavam.

Capítulo 3

A serpente (Lúcifer) engana Eva — Eva e depois Adão comem do fruto proibido — A Semente da mulher (Cristo) ferirá a cabeça da serpente — Explica-se o papel da mulher e o do homem — Adão e Eva são expulsos do Jardim do Éden — Adão preside — Eva torna-se a mãe de todos os viventes.

1

Ora, a serpente era mais astuta que todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?

2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,

3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.

4 Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.

5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.

6 E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido que estava com ela, e ele comeu.

7 Então foram abertos os olhos de ambos, e souberam que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

8 E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.

9 E o Senhor Deus chamou Adão, e disse-lhe: Onde estás?

10

E ele disse: Ouvi a tua voz no jardim e temi, porque estava nu, e escondi-me.

11 E Deus disse: Quem te disse que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?

12 Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e eu comi.

13 E disse o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

14 E o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que todo o gado, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.

15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.

18 Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo.

19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que retornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó retornarás.

20

E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes.

21 E fez o Senhor Deus para Adão e para sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.

22 Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, conhecendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva para sempre,

23 O Senhor Deus, pois, o enviou para fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.

24 E havendo lançado para fora o homem, pôs querubins a oriente do jardim do Éden, e uma espada flamejante, que se revolvia para todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.

Capítulo 4

Eva dá à luz Caim e Abel — Eles oferecem sacrifícios — Caim mata Abel e é amaldiçoado pelo Senhor, que também lhe coloca um sinal — Os filhos dos homens se multiplicam — Adão gera Sete, e Sete gera Enos.

1

E Adão conheceu sua mulher Eva, e ela concebeu e deu à luz Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem.

2 E também deu à luz seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.

3 E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.

4 E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta,

5 Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente e descaiu-lhe o seu semblante.

6 E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?

7 Se procederes bem, não haverá aceitação para ti? Se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás.

8 E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.

9 E disse o Senhor a Caim: Onde está teu irmão Abel? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?

10

E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.

11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.

12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e errante serás na terra.

13 E disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.

14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra, e acontecerá que todo aquele que me achar me matará.

15 O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto, qualquer que matar Caim sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o matasse qualquer que o achasse.

16 E saiu Caim de diante da face do Senhor e habitou na terra de Node, a oriente do Éden.

17 E conheceu Caim sua mulher, e ela concebeu e deu à luz Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque.

18 E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou Meujael, e Meujael gerou Metusael, e Metusael gerou Lameque.

19 E tomou Lameque para si duas mulheres: o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá.

20

E Ada deu à luz Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado.

21 E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.

22 E Zilá também deu à luz Tubalcaim, mestre de toda a obra de bronze e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.

23 E disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zilá, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por minha ferida, e um jovem por minha pisadura.

24 Porque sete vezes Caim será castigado, mas Lameque, setenta vezes sete.

25 E tornou Adão a conhecer sua mulher; e ela deu à luz um filho e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outra semente em lugar de Abel, porquanto Caim o matou.

26 E a Sete também nasceu um filho, e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor.

Capítulo 5

As gerações de Adão são: Adão, Sete, Enos, Cainã, Maalalel, Jarede, Enoque (que andou com Deus), Matusalém, Lameque e Noé (que gerou Sem, Cão e Jafé).

1

Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez;

2 Macho e fêmea os criou, e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados.

3 E Adão viveu cento e trinta anos e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e chamou o seu nome Sete.

4 E foram os dias de Adão, depois que gerou Sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.

5 E foram todos os dias que Adão viveu novecentos e trinta anos; e morreu.

6 E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou Enos.

7 E viveu Sete, depois que gerou Enos, oitocentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.

8 E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos; e morreu.

9 E viveu Enos noventa anos, e gerou Cainã.

10

E viveu Enos, depois que gerou Cainã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas.

11 E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco anos; e morreu.

12 E viveu Cainã setenta anos, e gerou Maalalel.

13 E viveu Cainã, depois que gerou Maalalel, oitocentos e quarenta anos; e gerou filhos e filhas.

14 E foram todos os dias de Cainã novecentos e dez anos; e morreu.

15 E viveu Maalalel sessenta e cinco anos, e gerou Jarede.

16 E viveu Maalalel, depois que gerou Jarede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.

17 E foram todos os dias de Maalalel oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu.

18 E viveu Jarede cento e sessenta e dois anos, e gerou Enoque.

19 E viveu Jarede, depois que gerou Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.

20

E foram todos os dias de Jarede novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.

21 E viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou Matusalém.

22 E Enoque andou com Deus, depois que gerou Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas.

23 E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos.

24 E Enoque andou com Deus; e não estava mais, porquanto Deus para si o tomou.

25 E viveu Matusalém cento e oitenta e sete anos, e gerou Lameque.

26 E viveu Matusalém, depois que gerou Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas.

27 E foram todos os dias de Matusalém novecentos e sessenta e nove anos; e morreu.

28 E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos; e gerou um filho,

29 E chamou o seu nome Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras, e da labuta de nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou.

30

E viveu Lameque, depois que gerou Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas.

31 E foram todos os dias de Lameque setecentos e setenta e sete anos; e morreu.

32 E era Noé da idade de quinhentos anos; e Noé gerou Sem, Cão e Jafé.

Capítulo 6

Os filhos de Deus se casam com as filhas dos homens — Os homens tornam-se iníquos; a Terra enche-se de violência; toda carne é corrompida — Anuncia-se o dilúvio — Deus estabelece Seu convênio com Noé, que constrói uma arca para salvar sua família e vários seres viventes.

1

E aconteceu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra e lhes nasceram filhas,

2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

3 Então disse o Senhor: O meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque ele também é carne, porém os seus dias serão cento e vinte anos.

4 Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus se achegaram às filhas dos homens, e delas geraram filhos; esses eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.

5 E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.

6 E arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração.

7 E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até o animal, até o réptil, e até a ave dos céus, porque me arrependo de os haver feito.

8 Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.

9 Estas são as gerações de Noé; Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.

10

E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.

11 A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.

12 E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

13 Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne chegou perante a minha face, porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.

14 Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume.

15 E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinquenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura.

16 Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares baixos, segundos e terceiros.

17 Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que na terra expirará.

18 Mas contigo estabelecerei o meu convênio; e tu entrarás na arca, e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos contigo.

19 E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão.

20

Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em vida.

21 E tu toma para ti de toda a comida que se come, e ajunta-a para ti; e te será para mantimento para ti e para eles.

22 Assim fez Noé; conforme tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

Capítulo 7

A família de Noé e vários animais e aves entram na arca — Chega o dilúvio, e as águas cobrem toda a Terra — Todos os demais seres vivos que respiram são destruídos.

1

Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque vi que eras justo diante de mim nesta geração.

2 De todo animal limpo tomarás para ti sete pares, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, um par, o macho e sua fêmea.

3 Também das aves dos céus sete pares, macho e fêmea, para conservar em vida a semente sobre a face de toda a terra.

4 Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda substância viva que fiz.

5 E Noé fez conforme tudo o que o Senhor lhe ordenara.

6 E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o dilúvio das águas veio sobre a terra.

7 E entraram Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele na arca, por causa das águas do dilúvio.

8 Dos animais limpos, e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo réptil sobre a terra,

9 Entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.

10

E aconteceu que, passados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.

11 No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram.

12 E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.

13 E no mesmo dia entraram Noé, e Sem, e Cão, e Jafé, os filhos de Noé, como também a mulher de Noé, e as três mulheres de seus filhos com ele na arca,

14 Eles, e todo animal conforme a sua espécie, e todo o gado conforme a sua espécie, e todo réptil que rasteja sobre a terra conforme a sua espécie, e toda ave conforme a sua espécie, todo pássaro de todo tipo.

15 E de toda a carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca.

16 E os que entraram, macho e fêmea de toda a carne entraram, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou por fora.

17 E esteve o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as águas, e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra.

18 E prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas.

19 E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes, que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.

20

Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.

21 E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado, e de feras, e de todo réptil que rasteja sobre a terra, e todo homem.

22 Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo o que havia no seco, morreu.

23 Assim foi desfeita toda substância viva que havia sobre a face da terra, desde o homem até o animal, até o réptil, e até a ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficaram somente Noé e os que com ele estavam na arca.

24 E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinquenta dias.

Capítulo 8

Cessa o dilúvio — Noé solta uma pomba, que retorna com uma folha de oliveira — Ele faz todos os seres viventes saírem da arca — Oferece sacrifícios — Asseguram-se a semeadura, a ceifa e as estações.

1

E lembrou-se Deus de Noé, e de todo animal, e de todo o gado que com ele estava na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e aquietaram-se as águas.

2 Fecharam-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se.

3 E as águas escoaram gradualmente de sobre a terra, e ao cabo de cento e cinquenta dias as águas minguaram.

4 E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate.

5 E as águas foram minguando até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.

6 E aconteceu que, ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito.

7 E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas secaram de sobre a terra.

8 Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra.

9 A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé e voltou a ele para a arca, porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a sua mão, e tomou-a, e recolheu-a para junto de si na arca.

10

E esperou ainda outros sete dias e tornou a enviar a pomba para fora da arca.

11 E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e soube Noé que as águas tinham minguado sobre a terra.

12 Então esperou ainda outros sete dias; e enviou para fora a pomba, mas não retornou mais a ele.

13 E aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, as águas secaram de sobre a terra; então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta.

14 E no segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.

15 Então falou Deus a Noé, dizendo:

16 Sai da arca, tu, e tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos contigo.

17 Todo animal que está contigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo réptil que rasteja sobre a terra traze para fora contigo; e povoem abundantemente a terra, e frutifiquem, e se multipliquem sobre a terra.

18 Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele.

19 Todo animal, todo réptil, e toda ave, e tudo o que se move sobre a terra, conforme as suas famílias, saiu para fora da arca.

20

E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo, e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar.

21 E o Senhor cheirou o suave cheiro, e disse o Senhor em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a destruir todo ser vivente, como fiz.

22 Enquanto a terra durar, semeadura e ceifa, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão.

Capítulo 9

Noé e seus filhos recebem o mandamento de se multiplicarem e de encherem a Terra — É-lhes dado domínio sobre todas as formas de vida — Decreta-se a pena de morte por assassinato — Deus nunca mais destruirá a Terra por meio de um dilúvio — Canaã é amaldiçoado; Sem e Jafé são abençoados.

1

E Deus abençoou Noé e seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra.

2 E o temor de vós e o pavor de vós serão sobre todo animal da terra, e sobre toda ave dos céus, tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar; na vossa mão são entregues.

3 Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; assim como a erva verde, tudo vos dei.

4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

5 E certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; da mão de todo animal o requererei, como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.

6 Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado, porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.

7 Mas vós, frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela.

8 E falou Deus a Noé e a seus filhos com ele, dizendo:

9 E eu, eis que eu estabeleço o meu convênio convosco e com a vossa semente depois de vós,

10

E com toda alma vivente, que convosco está, de aves, de gado, e de todo animal da terra convosco, desde todos os que saíram da arca, até todo animal da terra.

11 E eu convosco estabeleço o meu convênio, que não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra.

12 E disse Deus: Este é o sinal do convênio que ponho entre mim e vós, e entre toda alma vivente que está convosco, por gerações eternas:

13 O meu arco pus na nuvem, e esse será por sinal do convênio entre mim e a terra.

14 E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens;

15 Então me lembrarei do meu convênio, que está entre mim e vós, e entre toda alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.

16 E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar do convênio eterno entre Deus e toda alma vivente de toda a carne que está sobre a terra.

17 E disse Deus a Noé: Esse é o sinal do convênio que estabeleci entre mim e entre toda a carne que está sobre a terra.

18 E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, e Cão, e Jafé; e Cão é o pai de Canaã.

19 Esses três foram os filhos de Noé; e desses se povoou toda a terra.

20

E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha;

21 E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.

22 E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber, fora, a ambos seus irmãos.

23 Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.

24 E despertou Noé do seu vinho e soube o que seu filho menor lhe fizera.

25 E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.

26 E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.

27 Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.

28 E viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e cinquenta anos.

29 E foram todos os dias de Noé novecentos e cinquenta anos; e morreu.

Capítulo 10

Os descendentes de Noé são: Jafé, cujos descendentes são os gentios; Cão, cujos descendentes incluem os cananeus; e Sem, de quem procedeu Pelegue, em cujos dias foi dividida a Terra.

1

Estas pois são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cão, e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio.

2 Os filhos de Jafé são: Gomer, e Magogue, e Madai, e Javã, e Tubal, e Meseque, e Tiras.

3 E os filhos de Gomer são: Asquenaz, e Rifate, e Togarma.

4 E os filhos de Javã são: Elisá, e Társis, Quitim, e Dodanim.

5 Por estes foram repartidas as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações.

6 E os filhos de Cão são: Cuxe, e Mizraim, e Pute, e Canaã.

7 E os filhos de Cuxe são: Sebá, e Havilá, e Sabtá, e Raamá, e Sabtecá; e os filhos de Raamá são: Sabá e Dedã.

8 E Cuxe gerou Ninrode; este começou a ser poderoso na terra.

9 E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor.

10

E o princípio do seu reino foi Babel, e Ereque, e Acade, e Calné, na terra de Sinear.

11 Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou Nínive, e Reobote-Ir, e Calá,

12 E Resém, entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade).

13 E Mizraim gerou Ludim, e Anamim, e Leabim, e Naftuim,

14 E Patrusim, e Casluim, (donde saíram os filisteus) e Caftorim.

15 E Canaã gerou Sidom, seu primogênito, e Hete;

16 E o jebuseu, e o amorreu, e o girgaseu,

17 E o heveu, e o arqueu, e o sineu,

18 E o arvadeu, e o zemareu, e o hamateu; e depois se espalharam as famílias dos cananeus.

19 E foi o termo dos cananeus desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza; indo para Sodoma, e Gomorra, e Admá, e Zeboim, até Lasa.

20

Esses são os filhos de Cão, segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações.

21 E a Sem nasceram filhos, e ele é o pai de todos os filhos de Éber, e o irmão mais velho de Jafé.

22 Os filhos de Sem são: Elão, e Assur, e Arfaxade, e Lude, e Arã.

23 E os filhos de Arã são: Uz, e Hul, e Géter, e Más.

24 E Arfaxade gerou Salá; e Salá gerou Éber.

25 E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joctã.

26 E Joctã gerou Almodá, e Selefe, e Hazarmavé, e Jerá;

27 E Hadorão, e Uzal, e Dicla;

28 E Obal, e Abimael, e Sabá;

29 E Ofir, e Havilá, e Jobabe; todos esses foram filhos de Joctã.

30

E foi a sua habitação desde Messa, indo para Sefar, montanha do oriente.

31 Esses são os filhos de Sem, segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, nas suas terras, segundo as suas nações.

32 Essas são as famílias dos filhos de Noé, segundo as suas gerações, nas suas nações, e desses foram divididas as nações na terra depois do dilúvio.

Capítulo 11

Todos os homens falam a mesma língua — Eles constroem a torre de Babel — O Senhor confunde a língua deles e os dispersa por toda a Terra — As gerações de Sem incluem Abrão, cuja esposa era Sarai — Abrão sai de Ur e se estabelece em Harã.

1

E era toda a terra de uma mesma língua, e de uma mesma fala.

2 E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinear; e habitaram ali.

3 E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos, e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.

4 E disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

5 Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

6 E disse o Senhor: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isso é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.

7 Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.

8 Assim, o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.

9 Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.

10

Estas são as gerações de Sem; Sem era da idade de cem anos e gerou Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.

11 E viveu Sem, depois que gerou Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.

12 E viveu Arfaxade trinta e cinco anos, e gerou Salá.

13 E viveu Arfaxade, depois que gerou Salá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.

14 E viveu Salá trinta anos, e gerou Éber.

15 E viveu Salá, depois que gerou Éber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.

16 E viveu Éber trinta e quatro anos, e gerou Pelegue;

17 E viveu Éber, depois que gerou Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.

18 E viveu Pelegue trinta anos, e gerou Reú;

19 E viveu Pelegue, depois que gerou Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.

20

E viveu Reú trinta e dois anos, e gerou Serugue;

21 E viveu Reú, depois que gerou Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.

22 E viveu Serugue trinta anos, e gerou Naor;

23 E viveu Serugue, depois que gerou Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.

24 E viveu Naor vinte e nove anos, e gerou Terá;

25 E viveu Naor, depois que gerou Terá, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.

26 E viveu Terá, setenta anos, e gerou Abrão, Naor, e Harã.

27 E estas são as gerações de Terá: Terá gerou Abrão, Naor, e Harã; e Harã gerou Ló.

28 E morreu Harã estando seu pai Terá ainda vivo, na terra do seu nascimento, em Ur dos caldeus.

29 E tomaram Abrão e Naor mulheres para si; o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher de Naor era Milca, filha de Harã, pai de Milca, e pai de Iscá.

30

E Sarai era estéril; não tinha filhos.

31 E Terá tomou seu filho Abrão, e Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e sua nora Sarai, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e foram até Harã, e habitaram ali.

32 E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos; e morreu Terá em Harã.

Capítulo 12

Abrão se tornará uma grande nação — Ele e sua semente abençoarão todas as famílias da Terra — Abrão viaja de Harã para a terra de Canaã — Devido à fome, ele desce ao Egito — Abrão e Sarai são postos à prova na corte de Faraó.

1

Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.

2 E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.

3 E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

4 Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã.

5 E Abrão tomou sua mulher Sarai, e Ló, filho de seu irmão, e todos os seus bens que haviam adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; e saíram para ir à terra de Canaã; e foram à terra de Canaã.

6 E passou Abrão por aquela terra até o lugar de Siquém, até o carvalho de Moré; e estavam então os cananeus na terra.

7 E apareceu o Senhor a Abrão e disse: À tua semente darei esta terra. E edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera.

8 E moveu-se dali para a montanha a oriente de Betel, e armou a sua tenda, tendo Betel ao ocidente, e Ai ao oriente; e edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.

9 Depois caminhou Abrão dali, seguindo ainda para o sul.

10

E havia fome naquela terra; e desceu Abrão ao Egito, para morar ali, porquanto a fome era grande na terra.

11 E aconteceu que, chegando ele para entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista;

12 E acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão, e a ti guardarão em vida.

13 Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por causa de ti.

14 E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios a mulher, que era muito formosa.

15 E viram-na os príncipes de Faraó, e gabaram-na diante de Faraó; e foi a mulher levada para a casa de Faraó.

16 E tratou bem a Abrão por causa dela; e ele teve ovelhas, e vacas, e jumentos, e servos e servas, e jumentas, e camelos.

17 Porém o Senhor feriu Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.

18 Então Faraó chamou Abrão, e disse: Que é isso que me fizeste? Por que não me disseste que ela era tua mulher?

19 Por que disseste: É minha irmã? De maneira que a teria tomado por minha mulher; agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te.

20

E Faraó deu ordens aos seus homens a respeito dele, e acompanharam-no, a ele, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.

Capítulo 13

Abrão volta do Egito — Ele e Ló se separam — O Senhor fará com que a semente de Abrão seja tão numerosa quanto o pó da terra — Abrão se estabelece em Hebrom.

1

Subiu, pois, Abrão do Egito para o sul, ele e sua mulher, e tudo o que tinha, e com ele Ló.

2 E era Abrão muito rico em gado, em prata, e em ouro.

3 E fez as suas jornadas do sul até Betel, até o lugar onde no princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai;

4 Até o lugar do altar que dantes ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.

5 E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, e gado, e tendas.

6 E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos, porque seus bens eram muitos, de maneira que não podiam habitar juntos.

7 E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os perizeus habitavam então na terra.

8 E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.

9 Não está toda a terra diante de ti? Rogo-te, pois, aparta-te de mim; se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.

10

E levantou Ló os seus olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes de o Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar.

11 Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro.

12 Habitou Abrão na terra de Canaã, e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma.

13 Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.

14 E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, e para o sul, e para o oriente, e para o ocidente;

15 Porque toda esta terra que vês hei de dar a ti, e à tua semente, para sempre.

16 E farei a tua semente como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua semente será contada.

17 Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.

18 E Abrão levantou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor.

Capítulo 14

Ló é capturado nas batalhas dos reis — Ele é resgatado por Abrão — Melquisedeque administra o pão e o vinho, e abençoa Abrão — Abrão paga o dízimo — Ele se recusa a aceitar os espólios da conquista.

1

E aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinear, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim,

2 Que esses fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, e a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, e a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).

3 Todos esses se ajuntaram no vale de Sidim (que é o mar de sal).

4 Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, mas no décimo terceiro ano rebelaram-se.

5 E no décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e derrotaram os refains em Asterote-Carnaim, e os zuzins em Hã, e os emins em Savé-Quiriataim,

6 E os horeus no seu monte Seir, até El-Parã, que está junto ao deserto.

7 Depois retornaram e foram a En-Mispate (que é Cades), e conquistaram toda a terra dos amalequitas, e também os amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.

8 Então saíram o rei de Sodoma, e o rei de Gomorra, e o rei de Admá, e o rei de Zeboim, e o rei de Belá (esta é Zoar), e organizaram batalha contra eles no vale de Sidim,

9 Contra Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, e Anrafel, rei de Sinear, e Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco.

10

E o vale de Sidim estava cheio de poços de betume, e fugiram os reis de Sodoma, e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para um monte.

11 E tomaram todos os bens de Sodoma, e de Gomorra, e todo o seu mantimento, e foram-se.

12 Também tomaram Ló, que habitava em Sodoma, filho do irmão de Abrão, e seus bens, e foram-se.

13 Então veio um que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de Aner; eles eram confederados de Abrão.

14 Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã.

15 E dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus criados, e os derrotou, e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.

16 E tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também seu irmão Ló, e os seus bens, e também as mulheres, e o povo.

17 E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de derrotar Quedorlaomer e os reis que estavam com ele) no vale de Savé, que é o vale do rei.

18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era ele sacerdote do Deus Altíssimo.

19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra;

20

E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

21 E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me as pessoas, e toma os bens para ti.

22 Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão em juramento ao Senhor, o Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra,

23 Que desde um fio até a correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, para que não digas: Eu enriqueci Abrão;

24 Salvo tão somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol, e Manre; estes que tomem a sua parte.

Capítulo 15

Abrão deseja ter progênie — O Senhor lhe promete uma semente tão numerosa quanto as estrelas — Abrão crê na promessa — Sua semente será peregrina no Egito — Então, após quatro gerações, eles herdarão Canaã.

1

Depois dessas coisas, veio a palavra do Senhor a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.

2 Então disse Abrão: Senhor Deus, que me hás de dar, pois continuo sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer?

3 Disse mais Abrão: Eis que não me deste semente, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.

4 E eis que veio a palavra do Senhor a ele, dizendo: Esse não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, esse será o teu herdeiro.

5 Então o levou para fora e disse: Olha agora para os céus e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua semente.

6 E ele creu no Senhor, e ele imputou-lhe isso por justiça.

7 Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te esta terra, para herdá-la.

8 E disse ele: Senhor Deus, como saberei que hei de herdá-la?

9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, e uma rola, e um pombinho.

10

E trouxe-lhe todos esses, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.

11 E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.

12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.

13 Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua, e servi-los-ão; e afligi-los-ão quatrocentos anos;

14 Mas também eu julgarei a nação à qual servirão, e depois sairão com muitos bens.

15 E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.

16 E a quarta geração retornará para cá, porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.

17 E sucedeu que, quando o sol se pôs e houve escuridão, eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passaram por aquelas metades.

18 Naquele mesmo dia, fez o Senhor um convênio com Abrão, dizendo: À tua semente dei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o rio Eufrates:

19 O queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu,

20

E o heteu, e o perizeu, e os refains,

21 E o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu.

Capítulo 16

Sarai dá Agar por mulher a Abrão — Agar foge de Sarai — Um anjo ordena que Agar volte e seja submissa a Sarai — Agar dá à luz Ismael.

1

Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos, e ela tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar.

2 E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me impediu de gerar filhos; achega-te, pois, à minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.

3 Assim, Sarai, mulher de Abrão, tomou Agar, a egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.

4 E ele achegou-se a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.

5 Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti; minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti.

6 E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão, faze-lhe o que é bom aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face.

7 E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur.

8 E disse: Agar, serva de Sarai, de onde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de minha senhora Sarai.

9 Então lhe disse o anjo do Senhor: Retorna para tua senhora e humilha-te debaixo de suas mãos.

10

Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua semente, que não será contada, por numerosa que será.

11 Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael, porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.

12 E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.

13 E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê, porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?

14 Por isso se chama aquele poço Beer-Laai-Roi; eis que está entre Cades e Berede.

15 E Agar deu um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho, que Agar tivera, Ismael.

16 E era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu Ismael.

Capítulo 17

É ordenado a Abrão que seja perfeito — Ele será pai de muitas nações — Seu nome é mudado para Abraão — O Senhor faz convênio de ser o Deus de Abraão e de sua semente para sempre — Também lhe dá a terra de Canaã em perpétua possessão — A circuncisão se torna um sinal do convênio eterno entre Deus e Abraão — O nome de Sarai é mudado para Sara — Ela dará à luz Isaque, com quem o Senhor estabelecerá Seu convênio — Abraão e todos os homens de sua casa são circuncidados.

1

Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.

2 E porei o meu convênio entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.

3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:

4 Quanto a mim, eis que o meu convênio é contigo, e serás o pai de uma multidão de nações.

5 E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome, porque por pai de uma multidão de nações te pus.

6 E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti.

7 E estabelecerei o meu convênio entre mim e ti e a tua semente depois de ti, em suas gerações, por convênio eterno, para te ser a ti por Deus, e à tua semente depois de ti.

8 E darei a ti, e à tua semente depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e serei o seu Deus.

9 Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás o meu convênio, tu e a tua semente depois de ti, nas suas gerações.

10

Este é o meu convênio, que guardareis entre mim e vós, e a tua semente depois de ti: Que todo filho homem será circuncidado.

11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isso será por sinal do convênio entre mim e vós.

12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo filho homem nas vossas gerações: o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua semente.

13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará o meu convênio na vossa carne por convênio eterno.

14 E o filho homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada de seu povo; quebrou o meu convênio.

15 Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome,

16 Porque eu a hei de abençoar, e dela te darei um filho; e a abençoarei, e será mãe de nações; reis de povos sairão dela.

17 Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara na idade de noventa anos?

18 E disse Abraão a Deus: Tomara que viva Ismael diante de teu rosto!

19 E disse Deus: Na verdade, tua mulher Sara te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei o meu convênio, por convênio eterno para a sua semente depois dele.

20

E quanto a Ismael, também te ouvi: eis que o abençoei, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.

21 O meu convênio, porém, estabelecerei com Isaque, o qual Sara te dará neste tempo determinado, no ano seguinte.

22 E acabou de falar com ele, e subiu Deus de diante de Abraão.

23 Então tomou Abraão seu filho Ismael, e todos os nascidos na sua casa, e todos os comprados por seu dinheiro, todo homem entre os da casa de Abraão, e circuncidou a carne do seu prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus falara com ele.

24 E era Abraão da idade de noventa e nove anos quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.

25 E seu filho Ismael era da idade de treze anos quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.

26 Nesse mesmo dia foram circuncidados Abraão e seu filho Ismael,

27 E todos os homens da sua casa, o nascido em casa e o comprado por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.

Capítulo 18

Abraão recebe três homens santos — Eles prometem que Sara terá um filho — Abraão ordenará a seus filhos que sejam justos — O Senhor lhe aparece — Eles conversam sobre a destruição de Sodoma e Gomorra.

1

Depois, apareceu-lhe o Senhor nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia.

2 E levantou os seus olhos, e olhou, e eis que três homens estavam em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, e inclinou-se à terra,

3 E disse: Meu Senhor, se agora achei graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo,

4 Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore;

5 E trarei um bocado de pão, para que fortaleçais o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como disseste.

6 E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze bolos.

7 E correu Abraão às vacas, e tomou uma vitela tenra e boa, e deu-a ao moço, que se apressou em prepará-la.

8 E tomou manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e pôs tudo diante deles, e ele estava em pé junto a eles debaixo da árvore; e comeram.

9 E disseram-lhe: Onde está tua mulher Sara? E ele disse: Ei-la aí, está na tenda.

10

E disse: Certamente retornarei a ti por este tempo da vida; e eis que tua mulher Sara terá um filho. E ouviu-o Sara à porta da tenda, que estava atrás dele.

11 E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.

12 Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho?

13 E disse o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que ainda darei eu à luz, havendo já envelhecido?

14 Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? Ao tempo determinado, retornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho.

15 E Sara negou, dizendo: Não me ri, porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste.

16 E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os.

17 E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço,

18 Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?

19 Porque eu o conheço, que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele falou.

20

Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se multiplicou, e porquanto o seu pecado se agravou muito,

21 Descerei agora, e verei se com efeito fizeram segundo o seu clamor, que chegou até mim; e se não, sabê-lo-ei.

22 Então viraram aqueles homens o rosto dali, e foram para Sodoma, mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do Senhor.

23 E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?

24 Se porventura houver cinquenta justos na cidade, destruirás também e não pouparás o lugar por causa dos cinquenta justos que estão dentro dela?

25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?

26 Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei todo o lugar por causa deles.

27 E respondeu Abraão, dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que eu seja pó e cinzas:

28 Se porventura de cinquenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.

29 E continuou ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? E disse: Não o farei por causa dos quarenta.

30

Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: Se porventura se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.

31 E disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: Se porventura se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei por causa dos vinte.

32 Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez eu fale: Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por causa dos dez.

33 E foi-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão retornou ao seu lugar.

Capítulo 19

Ló recebe homens santos — Os homens de Sodoma procuram abusar dos hóspedes de Ló e são feridos de cegueira — Ordena-se a Ló que saia de Sodoma — O Senhor faz chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra — As filhas de Ló preservam a semente dele na terra.

1

E chegaram dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro, e inclinou-se com o rosto à terra;

2 E disse: Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos, na casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai os vossos pés; e de madrugada vos levantareis, e seguireis vosso caminho. E eles disseram: Não, antes na rua passaremos a noite.

3 E porfiou com eles muito, e foram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e assou bolos sem levedura, e comeram.

4 E antes que se deitassem, cercaram a casa os homens daquela cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até o velho; todo o povo de todos os bairros.

5 E chamaram Ló e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os para fora a nós, para que os conheçamos.

6 Então saiu Ló a eles à porta, e fechou a porta atrás de si,

7 E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal.

8 Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homem; deixai-me, rogo-vos, trazê-las para fora, e fareis delas como for bom aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado.

9 Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Como estrangeiro este indivíduo veio aqui habitar, e quereria ser juiz em tudo? Agora faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, sobre Ló, e aproximaram-se para arrombar a porta.

10

Aqueles homens, porém, estenderam a sua mão, e fizeram Ló entrar com eles na casa, e fecharam a porta,

11 E feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, desde o menor até o maior, de maneira que se cansaram à procura da porta.

12 Então disseram aqueles homens a Ló: Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os para fora deste lugar;

13 Porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor aumentou diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou para destruí-lo.

14 Então saiu Ló e falou a seus genros, aos que haviam de casar com as suas filhas, e disse: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Foi tido, porém, por zombador aos olhos de seus genros.

15 E ao amanhecer os anjos apressaram Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher, e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na injustiça desta cidade.

16 Ele, porém, demorava-se, e aqueles homens o pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher, e pela mão de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade.

17 E aconteceu que, tirando-os para fora, disse: Escapa por tua vida; não olhes para trás de ti, e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte, para que não pereças.

18 E Ló disse-lhe: Assim não, meu Senhor!

19 Eis que agora o teu servo achou graça aos teus olhos, e engrandeceste a tua misericórdia que a mim me fizeste, para guardar a minha alma em vida; e eu não posso escapar para o monte, para que porventura não me apanhe esse mal, e eu morra.

20

Eis que agora esta cidade está perto, para fugir para lá, e é pequena; ora, deixa-me escapar para lá (não é pequena?), para que minha alma viva.

21 E disse-lhe: Eis que eu te concedo também esse pedido, de não derrubar essa cidade de que falaste.

22 Apressa-te, escapa para ali; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.

23 Saiu o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.

24 Então o Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do Senhor desde os céus;

25 E derrubou aquelas cidades, e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra.

26 E a mulher de olhou para trás dele, e ficou convertida numa estátua de sal.

27 E Abraão levantou-se aquela mesma manhã, de madrugada, e foi para aquele lugar onde estivera diante da face do Senhor;

28 E olhou para Sodoma e Gomorra, e para toda a terra da campina; e viu, e eis que a fumaça da terra subia, como a fumaça de uma fornalha.

29 E aconteceu que, quando destruiu Deus as cidades da campina, Deus se lembrou de Abraão, e tirou Ló do meio da destruição, quando derrubou aquelas cidades em que Ló habitara.

30

E subiu Ló de Zoar, e habitou no monte, e as suas duas filhas com ele, porque temia habitar em Zoar; e habitou numa caverna, ele e as suas duas filhas.

31 Então a primogênita disse à menor: Nosso pai já é velho, e não homem na terra que se achegue a nós, segundo o costume de toda a terra;

32 Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que conservemos em vida a semente de nosso pai.

33 E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e foi a primogênita, e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

34 E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que conservemos em vida a semente de nosso pai.

35 E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

36 E as duas filhas de Ló conceberam de seu pai.

37 E a primogênita deu à luz um filho, e chamou o seu nome Moabe; esse é o pai dos moabitas, até o dia de hoje.

38 E a menor também deu à luz um filho, e chamou o seu nome Ben-Ami; esse é o pai dos filhos de Amom, até o dia de hoje.

Capítulo 20

Abimeleque deseja Sara, que é preservada pelo Senhor — Abraão ora por Abimeleque, e o Senhor abençoa Abimeleque e sua casa.

1

E partiu Abraão dali para a terra do sul, e habitou entre Cades e Sur, e peregrinou em Gerar.

2 E havendo Abraão dito de sua mulher Sara: É minha irmã; Abimeleque, rei de Gerar, mandou buscar Sara e tomou-a para si.

3 Deus, porém, veio a Abimeleque num sonho à noite, e disse-lhe: Eis que morto serás por causa da mulher que tomaste; porque ela é casada com marido.

4 Mas Abimeleque ainda não se tinha achegado a ela; por isso disse: Senhor, matarás também uma nação justa?

5 Não me disse ele mesmo: É minha irmã? E ela também disse: É meu irmão. Na sinceridade do coração e na pureza das minhas mãos fiz isso.

6 E disse-lhe Deus em sonho: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isso; e também eu te impedi de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la.

7 Agora, pois, restitui a mulher ao seu marido, porque profeta é, e rogará por ti, para que vivas; porém, se não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.

8 E levantou-se Abimeleque pela manhã, de madrugada, e chamou todos os seus servos, e falou todas essas palavras em seus ouvidos; e temeram muito aqueles homens.

9 Então Abimeleque chamou Abraão e disse-lhe: Que nos fizeste? E em que pequei contra ti, para trazeres sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste aquilo que não deverias ter feito.

10

Disse mais Abimeleque a Abraão: Que viste, para fazer tal coisa?

11 E disse Abraão: Porque eu dizia comigo: Certamente não temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa da minha mulher.

12 E, na verdade, ela é também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher.

13 E aconteceu que, fazendo-me Deus sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse: Seja esta a graça que me farás: em todo o lugar aonde chegarmos, diz de mim: É meu irmão.

14 Então tomou Abimeleque ovelhas e vacas, e servos e servas, e os deu a Abraão; e restituiu-lhe sua mulher Sara.

15 E disse Abimeleque: Eis que a minha terra está diante da tua face; habita onde for bom aos teus olhos.

16 E a Sara disse: Vês que dei ao teu irmão mil moedas de prata; eis que ele te seja por véu dos olhos para com todos os que contigo estão, e até para com todos os outros; e estás advertida.

17 E orou Abraão a Deus, e Deus sarou Abimeleque, e sua mulher, e suas servas, de maneira que tiveram filhos;

18 Porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão.

Capítulo 21

Sara dá à luz Isaque — Ele é circuncidado — Agar e seu filho são expulsos da casa de Abraão — O Senhor salva Agar e Ismael — Abraão e Abimeleque agem honradamente um com o outro.

1

E o Senhor visitou Sara, como tinha dito; e fez o Senhor a Sara como tinha falado.

2 E concebeu Sara, e deu um filho a Abraão na sua velhice, ao tempo determinado que Deus lhe tinha dito.

3 E chamou Abraão o nome de seu filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, Isaque.

4 E Abraão circuncidou o seu filho Isaque, quando era da idade de oito dias, como Deus lhe tinha ordenado.

5 E era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu seu filho Isaque.

6 E disse Sara: Deus me fez rir; todo aquele que ouvir se rirá comigo.

7 Disse mais: Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar a filhos? Porque lhe dei um filho na sua velhice.

8 E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado.

9 E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava.

10

E disse a Abraão: Expulsa esta serva e o seu filho, porque o filho desta serva não será herdeiro com meu filho, com Isaque.

11 E pareceu essa palavra muito má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.

12 Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço, e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua semente.

13 Mas também do filho dessa serva farei uma nação, porquanto ele é tua semente.

14 Então se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e tomou pão, e um odre de água, e os deu a Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o menino, e despediu-a; e ela se foi, andando errante no deserto de Berseba.

15 E consumida a água do odre, largou o menino debaixo de um dos arbustos.

16 E foi-se, e assentou-se em frente, afastando-se a distância de um tiro de arco, porque dizia: Que eu não veja morrer o menino. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou.

17 E ouviu Deus a voz do moço, e bradou o anjo de Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do moço desde o lugar onde está.

18 Ergue-te, levanta o moço, e pega-o pela mão, porque dele farei uma grande nação.

19 E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi, e encheu o odre de água, e deu de beber ao moço.

20

E era Deus com o moço, e ele cresceu, e habitou no deserto, e foi flecheiro.

21 E habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe mulher da terra do Egito.

22 E aconteceu naquele mesmo tempo que Abimeleque, com Ficol, chefe do seu exército, falou com Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo o que fazes;

23 Agora, pois, jura-me aqui por Deus que não mentirás a mim, nem a meu filho, nem a meu neto; segundo a benevolência que te fiz, farás a mim, e à terra onde peregrinaste.

24 E disse Abraão: Eu jurarei.

25 Abraão, porém, repreendeu Abimeleque por causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam tomado à força.

26 Então disse Abimeleque: Eu não sei quem fez isso; e também tu não mo fizeste saber, nem eu o ouvi senão hoje.

27 E tomou Abraão ovelhas e vacas, e deu-as a Abimeleque; e ambos fizeram uma aliança.

28 Pôs Abraão, porém, à parte sete cordeiras do rebanho.

29 E Abimeleque disse a Abraão: Para que estão aqui estas sete cordeiras, que puseste à parte?

30

E disse: Tomarás estas sete cordeiras de minha mão, para que sejam em testemunho que eu cavei este poço.

31 Por isso se chamou aquele lugar Berseba, porquanto ambos juraram ali.

32 Assim, fizeram uma aliança em Berseba. Depois se levantaram Abimeleque e Ficol, chefe do seu exército, e retornaram à terra dos filisteus.

33 E Abraão plantou um bosque em Berseba, e invocou lá o nome do Senhor, Deus eterno.

34 E peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.

Capítulo 22

Ordena-se a Abraão que sacrifique seu filho Isaque — Tanto o pai quanto o filho se submetem à vontade de Deus — A semente de Abraão será tão numerosa quanto as estrelas do céu e como a areia da praia — Em sua semente todas as nações serão abençoadas — Betuel gera Rebeca.

1

E aconteceu, depois dessas coisas, que Deus pôs à prova Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.

2 E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.

3 Então se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e seu filho Isaque, e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.

4 Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe.

5 E disse Abraão a seus moços: Ficai aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali, e adoraremos, e retornaremos a vós.

6 E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre seu filho Isaque; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos.

7 Então falou Isaque a seu pai Abraão, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?

8 E disse Abraão: Deus proverá para si um cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim, caminharam ambos juntos.

9 E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou seu filho Isaque, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha.

10

E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho;

11 Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.

12 Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.

13 Então levantou Abraão os seus olhos, e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho.

14 E chamou Abraão o nome daquele lugar o Senhor proverá; donde se diz até o dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.

15 Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus,

16 E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste essa ação, e não negaste o teu filho, o teu único,

17 Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos;

18 E em tua semente serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.

19 Então Abraão retornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba.

20

E sucedeu, depois dessas coisas, que anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca deu filhos a teu irmão Naor:

21 Uz, o seu primogênito, e Buz, seu irmão, e Quemuel, pai de Arã,

22 E Quésede, e Hazo, e Pildas, e Jidlafe, e Betuel.

23 E Betuel gerou Rebeca; esses oito deu Milca a Naor, irmão de Abraão.

24 E a sua concubina, cujo nome era Reumá, ela deu à luz também Tebá, e Gaã, e Taás, e Maaca.

Capítulo 23

Sara morre e é sepultada na cova de Macpela, que Abraão comprou de Efrom, o heteu.

1

E foi a vida de Sara cento e vinte e sete anos; esses foram os anos da vida de Sara.

2 E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e foi Abraão lamentar Sara e chorar por ela.

3 Depois se levantou Abraão de diante de sua morta, e falou aos filhos de Hete, dizendo:

4 Estrangeiro e peregrino sou entre vós; dai-me possessão de sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta de diante da minha face.

5 E responderam os filhos de Hete a Abraão, dizendo-lhe:

6 Ouve-nos, meu senhor; príncipe de Deus és no meio de nós; enterra a tua morta na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrar a tua morta.

7 Então se levantou Abraão, e inclinou-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete.

8 E falou com eles, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte a minha morta de diante de minha face, ouvi-me e falai por mim a Efrom, filho de Zoar,

9 Que ele me dê a cova de Macpela, que ele tem no fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em herança de sepulcro no meio de vós.

10

Ora, Efrom habitava no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, o heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo:

11 Não, meu senhor, ouve-me: o campo te dou, também te dou a cova que nele está, diante dos olhos dos filhos do meu povo ta dou; sepulta a tua morta.

12 Então Abraão se inclinou diante da face do povo da terra,

13 E falou a Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Mas se tu estás de acordo, ouve-me, peço-te: O preço do campo darei; toma-o de mim, e sepultarei ali a minha morta.

14 E respondeu Efrom a Abraão, dizendo-lhe:

15 Meu senhor, ouve-me, a terra é de quatrocentos siclos de prata; que é isso entre mim e ti? Sepulta a tua morta.

16 E Abraão deu ouvidos a Efrom; e Abraão pesou a Efrom a prata de que tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, corrente entre mercadores.

17 Assim o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que no campo havia, que estava em todo o seu contorno ao redor,

18 Se confirmaram a Abraão em possessão diante dos olhos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.

19 E depois Abraão sepultou sua mulher Sara na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã.

20

Assim o campo e a cova, que nele estava, se confirmaram a Abraão em possessão de sepultura, pelos filhos de Hete.

Capítulo 24

Abraão ordena que Isaque não se case com uma mulher cananeia — O Senhor guia o servo de Abraão na escolha de Rebeca para mulher de Isaque — Rebeca é abençoada para se tornar a mãe de milhares de milhares — Ela se casa com Isaque.

1

E era Abraão já velho e adiantado em idade, e o Senhor havia abençoado Abraão em tudo.

2 E disse Abraão ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa,

3 Para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito,

4 Mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.

5 E disse-lhe o servo: Se porventura não quiser seguir-me a mulher a esta terra, farei, pois, retornar o teu filho à terra de onde saíste?

6 E Abraão lhe disse: Guarda-te que não faças para lá retornar o meu filho.

7 O Senhor Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua semente darei esta terra; ele enviará o seu anjo adiante da tua face, para que tomes mulher de lá para meu filho.

8 Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre desse meu juramento; somente não faças para lá retornar meu filho.

9 Então pôs o servo a sua mão debaixo da coxa de seu senhor Abraão, e jurou-lhe sobre esse assunto.

10

E o servo tomou dez camelos, dos camelos do seu senhor, e partiu, pois que todos os bens de seu senhor estavam em sua mão, e levantou-se e partiu para a Mesopotâmia, para a cidade de Naor,

11 E fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto a um poço de água, à tarde, na hora que as moças saíam a tirar água.

12 E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão! Dá-me hoje bom encontro, e faze benevolência ao meu senhor Abraão!

13 Eis que eu estou em pé junto à fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade saem para tirar água;

14 Seja, pois, que a donzela a quem eu disser: Abaixa agora o teu cântaro para que eu beba; e ela disser: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; esta seja aquela que designaste ao teu servo Isaque, e que eu saiba com isso que mostraste benevolência a meu senhor.

15 E sucedeu que, antes que ele acabasse de falar, eis que Rebeca, que havia nascido a Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o seu ombro.

16 E a donzela era muito formosa à vista, virgem, a quem homem não havia conhecido; e desceu à fonte, e encheu o seu cântaro, e subiu.

17 Então o servo correu-lhe ao encontro, e disse: Ora, deixa-me beber um pouco de água do teu cântaro.

18 E ela disse: Bebe, meu senhor. E apressou-se, e abaixou o seu cântaro sobre a sua mão, e deu-lhe de beber.

19 E acabando ela de lhe dar de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de beber.

20

E apressou-se, e esvaziou o seu cântaro no bebedouro, e correu outra vez ao poço para tirar água, e tirou para todos os seus camelos.

21 E o homem estava admirado de vê-la, calando-se, para saber se o Senhor havia feito prosperar a sua jornada, ou não.

22 E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as suas mãos, do peso de dez siclos de ouro.

23 E disse: De quem és filha? Faze-me saber, peço-te; há também na casa de teu pai lugar para nós pousarmos?

24 E ela lhe disse: Eu sou a filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor.

25 Disse-lhe mais: Também temos palha e muito pasto, e lugar para passar a noite.

26 Então inclinou-se aquele homem, e adorou ao Senhor,

27 E disse: Bendito seja o Senhor Deus de meu senhor Abraão, que não retirou a sua benevolência e a sua verdade de meu senhor; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu senhor.

28 E a donzela correu, e fez saber essas coisas na casa de sua mãe.

29 E Rebeca tinha um irmão, cujo nome era Labão; e Labão correu ao encontro daquele homem, à fonte.

30

E aconteceu que, quando ele viu o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e quando ouviu as palavras de sua irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele homem; foi ao homem, e eis que estava em pé junto aos camelos, à fonte.

31 E disse: Entra, bendito do Senhor; por que estás fora? Pois eu já preparei a casa, e o lugar para os camelos.

32 Então foi aquele homem à casa, e desataram os camelos, e deram palha e pasto aos camelos, e água para lavar os pés dele e os pés dos homens que estavam com ele.

33 Depois puseram comida diante dele; ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha dito as minhas palavras. E ele disse: Fala.

34 Então disse: Eu sou o servo de Abraão.

35 E o Senhor abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi engrandecido, e deu-lhe ovelhas e vacas, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos.

36 E Sara, a mulher do meu senhor, deu à luz um filho a meu senhor depois da sua velhice, e ele deu-lhe tudo quanto tem.

37 E meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito;

38 Irás, porém, à casa de meu pai, e à minha família, e tomarás mulher para meu filho.

39 Então disse eu ao meu senhor: Talvez não me seguirá a mulher.

40

E ele me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e fará prosperar o teu caminho, para que tomes mulher para meu filho da minha família e da casa de meu pai;

41 Então estarás livre do meu juramento, quando fores à minha família; e se não ta derem, livre estarás do meu juramento.

42 E hoje cheguei à fonte, e disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se tu agora fazes prosperar o meu caminho, no qual eu ando,

43 Eis que estou junto à fonte de água; seja, pois, que a donzela que sair para tirar água e à qual eu disser: Ora, dá-me um pouco de água do teu cântaro;

44 E ela me disser: Bebe tu, e também tirarei água para os teus camelos; esta seja a mulher que o Senhor designou ao filho de meu senhor.

45 E antes que eu acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saiu com o seu cântaro sobre o seu ombro, e desceu à fonte, e tirou água; e eu lhe disse: Peço-te, dá-me de beber.

46 E ela se apressou, e abaixou o seu cântaro de sobre si, e disse: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; e bebi, e ela deu também de beber aos camelos.

47 Então lhe perguntei, e disse: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que lhe deu Milca. Então eu pus o pendente no seu rosto, e as pulseiras sobre as suas mãos;

48 E inclinando-me adorei ao Senhor, e bendisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abraão, que me havia encaminhado pelo caminho correto, para tomar a filha do irmão de meu senhor para seu filho.

49 Agora, pois, se vós haveis de agir com benevolência e verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; e se não, também mo fazei saber, para que eu vá para a direita, ou para a esquerda.

50

Então responderam Labão e Betuel, e disseram: Do Senhor procedeu esse assunto; não podemos falar-te mal ou bem.

51 Eis que Rebeca está diante da tua face; toma-a, e vai-te; seja ela a mulher do filho de teu senhor, como disse o Senhor.

52 E aconteceu que o servo de Abraão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se à terra diante do Senhor,

53 E tirou o servo objetos de prata, e objetos de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e à sua mãe.

54 Então comeram e beberam, ele e os homens que com ele estavam, e passaram a noite. E levantaram-se pela manhã, e disse: Deixai-me ir a meu senhor.

55 Então disseram seu irmão e sua mãe: Fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias, depois irá.

56 Ele, porém, lhes disse: Não me detenhais, pois o Senhor fez prosperar o meu caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor.

57 E disseram: Chamemos a donzela, e perguntemos a ela.

58 E chamaram Rebeca, e disseram-lhe: Irás tu com este homem? E ela respondeu: Irei.

59 Então despediram sua irmã Rebeca, e sua ama, e o servo de Abraão, e seus homens.

60

E abençoaram Rebeca, e disseram-lhe: Ó nossa irmã, sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua semente possua a porta de seus inimigos!

61 E Rebeca se levantou com as suas moças, e subiram nos camelos, e seguiram o homem; e aquele servo tomou Rebeca, e partiu.

62 Ora, Isaque vinha de onde se vem do poço de Beer-Laai-Rói; porque habitava na terra do sul.

63 E Isaque saíra a orar no campo, à tarde; e levantou os seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham.

64 Rebeca também levantou seus olhos, e viu Isaque, e lançou-se do camelo.

65 E disse ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então tomou ela o véu, e cobriu-se.

66 E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera.

67 E Isaque levou-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou Rebeca, e ela foi-lhe por mulher, e ele a amou. Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.

Capítulo 25

Abraão se casa novamente, tem descendência, morre e é sepultado na cova de Macpela — Sua descendência por meio de Ismael é enumerada — Rebeca concebe, e Jacó e Esaú lutam em seu ventre — O Senhor revela o destino deles a Rebeca — Esaú vende sua primogenitura por um guisado de lentilhas.

1

E Abraão tomou outra mulher; e o seu nome era Quetura;

2 E ela deu-lhe Zinrã, e Jocsã, e Medã, e Midiã, e Jisbaque, e Suá.

3 E Jocsã gerou Sabá e Dedã; e os filhos de Dedã foram Assurim, e Letusim, e Leumim.

4 E os filhos de Midiã foram Efá, e Efer, e Enoque, e Abida, e Elda; estes todos foram filhos de Quetura.

5 Porém Abraão deu tudo o que tinha a Isaque;

6 Mas aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deu Abraão presentes e, vivendo ele ainda, despediu-os do seu filho Isaque, ao oriente, para a terra oriental.

7 Estes, pois, são os dias dos anos da vida de Abraão, que viveu cento e setenta e cinco anos.

8 E Abraão expirou e morreu em boa velhice, velho e farto de dias; e foi congregado ao seu povo;

9 E sepultaram-no Isaque e Ismael, seus filhos, na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, que estava em frente de Manre,

10

O campo que Abraão comprara dos filhos de Hete. Ali estão sepultados Abraão, e sua mulher Sara.

11 E aconteceu que, depois da morte de Abraão, Deus abençoou seu filho Isaque; e habitava Isaque junto ao poço Beer-Laai-Rói.

12 Estas, porém, são as gerações de Ismael, filho de Abraão, que a serva de Sara, Agar, a egípcia, deu a Abraão.

13 E estes são os nomes dos filhos de Ismael, pelos seus nomes, segundo as suas gerações: o primogênito de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, e Adbeel, e Mibsão,

14 E Misma, e Dumá, e Massá,

15 Hadade, e Tema, Jetur, Nafis, e Quedemá.

16 Esses são os filhos de Ismael, e esses são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus castelos; doze príncipes segundo as suas famílias.

17 E estes são os anos da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos; e ele expirou, e morreu, e foi congregado ao seu povo.

18 E habitaram desde Havilá até Sur, que está em frente do Egito, indo para a Assíria; e ele se estabeleceu diante da face de todos os seus irmãos.

19 E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão; Abraão gerou Isaque;

20

E era Isaque da idade de quarenta anos, quando tomou por sua mulher Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, irmã de Labão, o arameu.

21 E Isaque suplicou ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e sua mulher Rebeca concebeu.

22 E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que estou eu assim? E foi perguntar ao Senhor.

23 E o Senhor lhe disse: Duas nações no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor.

24 E cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre.

25 E o primeiro saiu ruivo, todo ele como um manto de pelos; por isso chamaram o seu nome Esaú.

26 E depois saiu o seu irmão, com sua mão agarrada ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou.

27 E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas.

28 E Isaque amava Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava Jacó.

29 E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado;

30

E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou o seu nome Edom.

31 Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura.

32 E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá a primogenitura?

33 Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó.

34 E Jacó deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e foi-se. Assim, desprezou Esaú a sua primogenitura.

Capítulo 26

O Senhor promete a Isaque uma posteridade tão numerosa quanto as estrelas do céu — Em sua semente serão abençoadas todas as nações — O Senhor faz Isaque prosperar, temporal e espiritualmente, por causa de Abraão — Isaque oferece sacrifícios — Esaú se casa com mulheres heteias para tristeza de seus pais.

1

E havia fome na terra, além da primeira fome, que foi nos dias de Abraão; por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.

2 E apareceu-lhe o Senhor, e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser;

3 Peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei, porque a ti e à tua semente darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que jurei a teu pai Abraão;

4 E multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus, e darei à tua semente todas estas terras; e em tua semente serão benditas todas as nações da terra;

5 Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.

6 Assim, habitou Isaque em Gerar.

7 E perguntando-lhe os homens daquele lugar acerca de sua mulher, disse: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura (dizia ele) não me matem os homens daquele lugar por causa de Rebeca; porque era formosa à vista.

8 E aconteceu que, como ele esteve ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com sua mulher Rebeca.

9 Então Abimeleque chamou Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como, pois, disseste: É minha irmã? E disse-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por causa dela.

10

E disse Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com a tua mulher, e tu terias trazido sobre nós um delito.

11 E Abimeleque deu uma ordem a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar este homem ou sua mulher, certamente morrerá.

12 E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o Senhor o abençoava.

13 E engrandeceu-se o homem, e ia-se engrandecendo, até que se tornou muito poderoso;

14 E tinha rebanhos de ovelhas, e rebanhos de vacas, e muitos servos, de maneira que os filisteus o invejavam.

15 E todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra.

16 Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque te fizeste muito mais poderoso do que nós.

17 Então Isaque partiu dali e acampou no vale de Gerar, e habitou lá.

18 E retornou Isaque, e cavou os poços de água que cavaram nos dias de seu pai Abraão, e que os filisteus taparam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes pelos quais os chamara seu pai.

19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.

20

E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso chamou o nome daquele poço Eseque, porque contenderam com ele.

21 Então cavaram outro poço, e também porfiaram a respeito dele; por isso chamou o seu nome Sitna.

22 E partiu dali, e cavou outro poço, e não porfiaram a respeito dele; por isso chamou o seu nome Reobote, e disse: Porque agora o Senhor abriu mais espaço para nós, e cresceremos nesta terra.

23 Depois subiu dali a Berseba.

24 E apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de teu pai Abraão; não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua semente por causa de meu servo Abraão.

25 Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço.

26 E Abimeleque veio a ele de Gerar, com seu amigo Auzate, e Ficol, chefe do seu exército.

27 E disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois que vós me odiais, e me mandastes sair do vosso meio?

28 E eles disseram: Verdadeiramente vimos que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo,

29 Que não nos faças mal, como nós não te tocamos, e como te fizemos somente bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor.

30

Então lhes fez um banquete, e comeram e beberam.

31 E levantaram-se de madrugada, e juraram um ao outro; depois os despediu Isaque, e despediram-se dele em paz.

32 E aconteceu, naquele mesmo dia, que vieram os servos de Isaque, e anunciaram-lhe acerca do assunto do poço que tinham cavado; e disseram-lhe: Achamos água.

33 E chamou-o Seba; por isso é o nome daquela cidade Berseba até o dia de hoje.

34 Ora, sendo Esaú da idade de quarenta anos, tomou por mulher Judite, filha de Beeri, o heteu, e Basemate, filha de Elom, o heteu.

35 E elas foram para Isaque e para Rebeca uma amargura de espírito.

Capítulo 27

Rebeca orienta Jacó para que ele seja abençoado — Jacó é abençoado para que tenha domínio sobre povos e nações e os governe — Esaú odeia Jacó e planeja matá-lo — Rebeca teme que Jacó se case com uma das filhas de Hete.

1

E aconteceu que, como Isaque envelheceu, e os seus olhos se escureceram, de maneira que não podia ver, chamou Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho. E ele lhe disse: Eis-me aqui.

2 E ele disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;

3 Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça,

4 E faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; para que minha alma te abençoe, antes que eu morra.

5 E Rebeca escutou quando Isaque falava a seu filho Esaú; e foi Esaú ao campo, para apanhar a caça que havia de trazer.

6 Então falou Rebeca a seu filho Jacó, dizendo: Eis que ouvi o teu pai, que falava com Esaú, teu irmão, dizendo:

7 Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante da face do Senhor, antes da minha morte.

8 Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te mando:

9 Vai agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos das cabras, e eu farei deles um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta,

10

E levá-lo-ás a teu pai, para que o coma, para que te abençoe antes da sua morte.

11 Então disse Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que meu irmão Esaú é peludo, e eu homem liso;

12 Talvez me apalpe o meu pai, e serei aos seus olhos enganador; assim, trarei eu sobre mim maldição, e não bênção.

13 E disse-lhe sua mãe: Meu filho, sobre mim seja a tua maldição; somente obedece à minha voz, e vai, traze-mos.

14 E foi, e tomou-os, e levou-os à sua mãe; e sua mãe fez um guisado saboroso, como seu pai gostava.

15 Depois tomou Rebeca as melhores vestes de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu Jacó, seu filho menor;

16 E com as peles dos cabritos das cabras cobriu as suas mãos e a lisura do seu pescoço;

17 E deu o guisado saboroso e o pão que tinha preparado na mão de seu filho Jacó.

18 E foi ele a seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?

19 E Jacó disse a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; fiz como me disseste; levanta-te agora, assenta-te, e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.

20

Então disse Isaque a seu filho: Como é isso, que tão cedo a achaste, filho meu? E ele disse: Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro.

21 E disse Isaque a Jacó: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho, se és meu filho Esaú mesmo, ou não.

22 Então se chegou Jacó a seu pai Isaque, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.

23 E não o reconheceu, porquanto as suas mãos estavam peludas, como as mãos de seu irmão Esaú; e abençoou-o.

24 E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E ele disse: Eu sou.

25 Então disse: Traze isso para perto de mim, para que coma da caça de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E levou-lho, e ele comeu; levou-lhe também vinho, e ele bebeu.

26 E disse-lhe seu pai Isaque: Ora, chega-te, e beija-me, filho meu.

27 E chegou-se, e beijou-o; então cheirou o cheiro de suas vestes, e abençoou-o, e disse: Eis que o cheiro do meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou;

28 Assim, pois, Deus te dê do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto;

29 Sirvam-te povos, e nações se curvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se curvem a ti; malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem.

30

E aconteceu que, acabando Isaque de abençoar Jacó, apenas Jacó acabava de sair de diante da face de seu pai Isaque, chegou seu irmão Esaú da sua caça.

31 E fez também ele um guisado saboroso, e levou-o a seu pai; e disse a seu pai: Levanta-te, meu pai, e come da caça de teu filho, para que me abençoe a tua alma.

32 E disse-lhe seu pai Isaque: Quem és tu? E ele disse: Eu sou teu filho, o teu primogênito, Esaú.

33 Então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande, e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou a caça, e ma trouxe? E comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o; sim, ele será bendito.

34 Esaú, ouvindo as palavras de seu pai, bradou com grande e muito amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai.

35 E ele disse: Veio o teu irmão com sutileza, e tomou a tua bênção.

36 Então disse ele: Não foi com razão o seu nome chamado Jacó, tanto que já duas vezes me suplantou? A minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou a minha bênção. E disse ele: Não reservaste, pois, para mim bênção alguma?

37 Então respondeu Isaque, e disse a Esaú: Eis que o pus por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe dei por servos; e de trigo e de mosto o fortaleci; que te farei, pois, agora a ti, meu filho?

38 E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.

39 Então respondeu seu pai Isaque, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será nas gorduras da terra, e no orvalho do alto dos céus;

40

E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que, quando te assenhoreares, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço.

41 E Esaú odiou Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei meu irmão Jacó.

42 E foram relatadas a Rebeca essas palavras de Esaú, seu filho mais velho; e ela mandou chamar Jacó, seu filho menor, e disse-lhe: Eis que teu irmão Esaú se consola a teu respeito, propondo-se matar-te.

43 Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz, e levanta-te; foge para junto de meu irmão Labão, em Harã,

44 E mora com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;

45 Até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada também de vós ambos num mesmo dia?

46 E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher das filhas de Hete, como estas são, das filhas desta terra, para que me servirá a vida?

Capítulo 28

Isaque proíbe Jacó de casar-se com uma mulher cananeia — Ele abençoa Jacó e sua semente com as bênçãos de Abraão — Esaú se casa com uma das filhas de Ismael — Jacó tem a visão de uma escada que chega até o céu — O Senhor promete que sua semente será tão numerosa quanto o pó da terra — O Senhor também promete a Jacó que nele e em sua semente serão abençoadas todas as famílias da Terra — Jacó faz convênio de pagar o dízimo.

1

E Isaque chamou Jacó, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã.

2 Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe;

3 E Deus Todo-Poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos;

4 E te dê a bênção de Abraão, a ti e à tua semente contigo, para que em herança possuas a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.

5 Assim, Isaque despediu Jacó, o qual foi a Padã-Arã, a Labão, filho de Betuel, o arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.

6 Vendo, pois, Esaú que Isaque abençoara Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar dali mulher para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaã;

7 E que Jacó obedecera a seu pai e à sua mãe, e fora a Padã-Arã;

8 Vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de seu pai Isaque,

9 Foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres, Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote.

10

Partiu, pois, Jacó de Berseba, e foi para Harã;

11 E chegou a um lugar onde passou a noite, porque o sol já se havia posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por sua cabeceira, e deitou-se naquele lugar,

12 E sonhou, e eis que uma escada estava posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;

13 E eis que o Senhor estava em cima dela, e disse: Eu sou o Senhor Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua semente;

14 E a tua semente será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua semente serão todas as famílias da terra abençoadas.

15 E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei retornar a esta terra; porque não te deixarei, até que te haja feito o que te disse.

16 Tendo acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Certamente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.

17 E temeu, e disse: Quão terrivel é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus.

18 Então, levantou-se Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela.

19 E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome, porém, daquela cidade dantes era Luz.

20

E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e roupas para vestir,

21 E eu em paz retornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus;

22 E esta pedra, que pus por coluna, será casa de Deus; e de tudo quanto me deres certamente te darei o dízimo.

Capítulo 29

Jacó se encontra com Raquel junto ao poço — Por ela, Jacó serve Labão sete anos — Labão dá primeiro Lia em matrimônio a Jacó e depois, Raquel — Jacó serve mais sete anos — Lia dá à luz Rúben, Simeão, Levi e Judá.

1

Então, pôs-se Jacó a caminho, e foi à terra dos filhos do oriente;

2 E olhou, e eis um poço no campo, e eis três rebanhos de ovelhas que estavam deitados junto a ele; porque daquele poço davam de beber aos rebanhos, e havia uma grande pedra sobre a boca do poço.

3 E ajuntavam ali todos os rebanhos, e removiam a pedra de sobre a boca do poço, e davam de beber às ovelhas; e tornavam a pôr a pedra sobre a boca do poço, no seu lugar.

4 E disse-lhes Jacó: Meus irmãos, de onde sois? E disseram: Somos de Harã.

5 E ele lhes disse: Conheceis Labão, filho de Naor? E disseram: Conhecemos.

6 Disse-lhes mais: Está ele bem? E disseram: Está bem, e eis aqui sua filha Raquel, que vem com as ovelhas.

7 E ele disse: Eis que ainda é pleno dia, não é hora de ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide, apascentai-as.

8 E disseram: Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e removam a pedra de sobre a boca do poço, para que demos de beber às ovelhas.

9 Enquanto ele ainda falava com eles, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai, porque ela era pastora.

10

E aconteceu que, quando Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Jacó, e revolveu a pedra de sobre a boca do poço, e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.

11 E Jacó beijou Raquel, e levantou a sua voz, e chorou.

12 E Jacó anunciou a Raquel que era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca; então ela correu, e o anunciou a seu pai.

13 E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o à sua casa; e ele contou a Labão todas essas coisas.

14 Então Labão disse-lhe: Verdadeiramente és tu o meu osso e a minha carne. E ficou com ele um mês inteiro.

15 Depois disse Labão a Jacó: Porque tu és meu irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário.

16 E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o nome da mais nova, Raquel.

17 Lia tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa à vista.

18 E Jacó amava Raquel, e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua filha mais nova.

19 Então disse Labão: Melhor é que eu a dê a ti, do que eu a dê a outro homem; fica comigo.

20

Assim, serviu Jacó sete anos por Raquel; e foram aos seus olhos como poucos dias, pelo muito que a amava.

21 E disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, porque os meus dias se cumpriram, para que eu me achegue a ela.

22 Então ajuntou Labão todos os homens daquele lugar, e fez um banquete.

23 E aconteceu, ao entardecer, que tomou sua filha Lia, e trouxe-lha; e ele achegou-se a ela.

24 E Labão deu sua serva Zilpa a Lia, sua filha, por serva.

25 E aconteceu que, pela manhã, viu que era Lia; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso? Não te servi por Raquel? Por que, pois, me enganaste?

26 E disse Labão: Não se faz assim no nosso lugar, que a mais nova se dê antes da primogênita.

27 Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que ainda outros sete anos servires comigo.

28 E Jacó fez assim, e cumpriu a semana desta; então ele lhe deu por mulher Raquel, sua filha.

29 E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha.

30

E uniu-se também a Raquel, e amou também Raquel mais do que Lia; e serviu com ele ainda outros sete anos.

31 Vendo, pois, o Senhor que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril.

32 E concebeu Lia, e deu à luz um filho, e chamou o seu nome Rúben, porque disse: Porque o Senhor viu a minha aflição, por isso agora me amará o meu marido.

33 E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, me deu também este; e chamou o seu nome Simeão.

34 E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se ajuntará meu marido a mim, porque três filhos lhe dei; por isso chamou o seu nome Levi.

35 E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso chamou o seu nome Judá; e cessou de dar à luz.

Capítulo 30

Jacó se casa com Bila, e ela dá à luz Dã e Naftali — Jacó se casa com Zilpa, e ela dá à luz Gade e Aser — Lia dá à luz Issacar, Zebulom e uma filha, Diná — Então, Raquel concebe e dá à luz José — Jacó trabalha para Labão em troca de gado e ovelhas.

1

Vendo, pois, Raquel que não dava filhos a Jacó, Raquel teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morro.

2 Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?

3 E ela disse: Eis aqui minha serva Bila; achega-te a ela, para que dê à luz sobre os meus joelhos, e eu também seja edificada por ela.

4 Assim, lhe deu sua serva Bila por mulher; e Jacó achegou-se a ela.

5 E concebeu Bila, e deu a Jacó um filho.

6 Então disse Raquel: Julgou-me Deus, e também ouviu a minha voz, e me deu um filho; por isso chamou o seu nome Dã.

7 E Bila, serva de Raquel, concebeu outra vez, e deu a Jacó um segundo filho.

8 Então disse Raquel: Com lutas de Deus lutei com minha irmã, e venci; e chamou o seu nome Naftali.

9 Vendo, pois, Lia que cessava de dar à luz, tomou também sua serva Zilpa, e deu-a a Jacó por mulher.

10

E deu Zilpa, serva de Lia, um filho a Jacó.

11 Então disse Lia: Vem uma turba; e chamou o seu nome Gade.

12 Depois deu Zilpa, serva de Lia, um segundo filho a Jacó.

13 Então disse Lia: Para minha ventura; porque as filhas me terão por bem-aventurada; e chamou o seu nome Aser.

14 E foi Rúben nos dias da ceifa do trigo, e achou mandrágoras no campo. E trouxe-as a Lia, sua mãe. Então disse Raquel a Lia: Ora, dá-me das mandrágoras do teu filho.

15 E ela lhe disse: É já pouco que hajas tomado o meu marido, tomarás também as mandrágoras do meu filho? Então disse Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.

16 Vindo, pois, Jacó do campo, à tarde, saiu-lhe Lia ao encontro, e disse: Achegar-te-ás a mim, porque certamente te aluguei com as mandrágoras do meu filho. E deitou-se com ela aquela noite.

17 E Deus ouviu Lia, e ela concebeu, e deu à luz um quinto filho.

18 Então disse Lia: Deus me deu a minha recompensa, pois dei minha serva ao meu marido; e chamou o seu nome Issacar.

19 E Lia concebeu outra vez, e deu a Jacó um sexto filho.

20

E disse Lia: Deus me deu uma boa dádiva; desta vez morará comigo o meu marido, porque lhe dei seis filhos; e chamou o seu nome Zebulom.

21 E depois deu à luz uma filha, e chamou o seu nome Diná.

22 E lembrou-se Deus de Raquel, e Deus a ouviu, e abriu a sua madre,

23 E ela concebeu, e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus a minha vergonha.

24 E chamou o seu nome José, dizendo: O Senhor me acrescente outro filho.

25 E aconteceu que, quando Raquel deu à luz José, disse Jacó a Labão: Deixa-me ir, para que eu vá ao meu lugar, e à minha terra.

26 Dá-me as minhas mulheres, pelas quais te servi, e os meus filhos, e ir-me-ei; pois tu sabes o meu serviço, que te fiz.

27 Então lhe disse Labão: Se agora achei graça aos teus olhos, fica comigo. Tenho visto sinais de que o Senhor me abençoou por causa de ti.

28 E disse mais: Determina-me o teu salário, e eu to darei.

29 Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu gado comigo.

30

Porque o pouco que tinhas antes de mim aumentou em grande número; e o Senhor te abençoou por meu trabalho. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa?

31 E disse ele: Que te darei? Então disse Jacó: Nada me darás; se me fizeres isso, tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho.

32 Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os escuros entre os cordeiros, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isso será o meu salário.

33 Assim testificará por mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres e o meu salário estiver diante de tua face; tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e escuro entre os cordeiros, ser-me-á por furto.

34 Então disse Labão: Sim, que seja conforme a tua palavra.

35 E separou naquele mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, todos em que havia brancura, e todo o escuro entre os cordeiros; e deu-os nas mãos dos seus filhos.

36 E pôs três dias de jornada entre si e Jacó; e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.

37 Então tomou Jacó varas verdes de álamo, e de aveleira e de castanheiro, e descascou nelas riscas brancas, descobrindo a brancura que nas varas havia,

38 E pôs essas varas que tinha descascado em frente do rebanho, nos bebedouros e nos cochos de água, aonde o rebanho vinha beber, e concebiam quando vinham beber.

39 E concebia o rebanho diante das varas, e as ovelhas pariam listrados, salpicados e malhados.

40

Então separou Jacó os cordeiros, e pôs as faces do rebanho para os listrados, e todo o escuro entre o rebanho de Labão; e pôs o seu rebanho à parte, e não o pôs com o rebanho de Labão.

41 E sucedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas diante dos olhos do rebanho nos bebedouros, para que concebessem diante das varas.

42 Mas quando o rebanho era fraco, não as punha. Assim, as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó.

43 E prosperou o homem sobremaneira, e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos, e jumentos.

Capítulo 31

O Senhor manda Jacó voltar para Canaã, e Jacó parte em segredo — Labão o persegue; eles resolvem suas diferenças e fazem um convênio de paz — Labão abençoa seus descendentes, e ele e Jacó se separam.

1

Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tomou tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai obteve ele toda essa glória.

2 Viu também Jacó o rosto de Labão, e eis que não era para com ele como anteriormente.

3 E disse o Senhor a Jacó: Retorna à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo.

4 Então Jacó mandou chamar Raquel e Lia ao campo, ao seu rebanho,

5 E disse-lhes: Vejo que o rosto de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo;

6 E vós mesmas sabeis que com todas as minhas forças tenho servido vosso pai;

7 Mas vosso pai me enganou e mudou o salário dez vezes; porém Deus não lhe permitiu que me fizesse mal.

8 Quando ele dizia assim: Os salpicados serão o teu salário, então todos os rebanhos pariam salpicados. E quando ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então todos os rebanhos pariam listrados.

9 Assim, Deus tirou o gado de vosso pai, e deu-o a mim.

10

E sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, eu levantei os meus olhos, e vi em sonhos, e eis que os machos, que cobriam as ovelhas, eram listrados, salpicados e malhados.

11 E disse-me o anjo de Deus em sonhos: Jacó. E eu disse: Eis-me aqui.

12 E disse ele: Levanta agora os teus olhos, e vê que todos os machos que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados; porque vi tudo o que Labão te fez.

13 Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te agora, sai desta terra, e retorna à terra da tua parentela.

14 Então responderam Raquel e Lia, e disseram-lhe: ainda para nós parte ou herança na casa de nosso pai?

15 Não nos considera ele como estranhas? Pois vendeu-nos, e consumiu todo o nosso dinheiro.

16 Porque toda a riqueza que Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos; agora, pois, faze tudo o que Deus te disse.

17 Então se levantou Jacó, pondo os seus filhos e as suas mulheres sobre os camelos;

18 E levou todo o seu gado, e todos os seus bens, que havia adquirido, o gado que possuía, que obtivera em Padã-Arã, para ir a seu pai Isaque, à terra de Canaã.

19 E havendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha.

20

E esquivou-se Jacó de Labão, o arameu, porque não lhe fez saber que fugia.

21 E fugiu ele com tudo o que tinha, e levantou-se, e passou o rio; e dirigiu-se à montanha de Gileade.

22 E no terceiro dia foi anunciado a Labão que Jacó tinha fugido.

23 Então tomou consigo os seus irmãos, e perseguiu-o no caminho por sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade.

24 Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, num sonho à noite, e disse-lhe: Guarda-te que não fales a Jacó nem bem nem mal.

25 Labão, pois, alcançou Jacó; e armara Jacó a sua tenda na montanha; e armou também Labão com os seus irmãos a sua, na montanha de Gileade.

26 Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que te esquivaste de mim, e levaste as minhas filhas como cativas pela espada?

27 Por que fugiste ocultamente, e te esquivaste de mim, e não me fizeste saber, para que eu te despedisse com alegria, e com cânticos, e com tamboril, e com harpa?

28 Também não me permitiste beijar os meus filhos e as minhas filhas. Loucamente, pois, agora agiste, fazendo assim.

29 Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: Guarda-te que não fales a Jacó nem bem nem mal.

30

E agora se querias ir embora, porquanto tinhas saudades de voltar à casa de teu pai, por que furtaste os meus deuses?

31 Então respondeu Jacó, e disse a Labão: Porque temia; pois que dizia comigo, se porventura não me arrebatarias as tuas filhas.

32 Com quem achares os teus deuses, esse não viva; identifica diante de nossos irmãos o que é teu do que está comigo, e toma-o para ti. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.

33 Então entrou Labão na tenda de Jacó, e na tenda de Lia, e na tenda de ambas as servas, e não os achou; e saindo da tenda de Lia, entrou na tenda de Raquel.

34 Mas tinha tomado Raquel os ídolos, e os tinha posto na albarda de um camelo, e assentara-se sobre eles; e apalpou Labão toda a tenda, e não os achou.

35 E ela disse a seu pai: Não se acenda a ira nos olhos de meu senhor, que não posso levantar-me diante da tua face, porquanto tenho o costume das mulheres. E ele procurou, mas não achou os ídolos.

36 Então irou-se Jacó, e contendeu com Labão; e respondeu Jacó, e disse a Labão: Qual é a minha transgressão? Qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?

37 Havendo apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis da tua casa? Põe-no aqui diante dos meus irmãos, e teus irmãos; e que julguem entre nós ambos.

38 Estes vinte anos eu estive contigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi os carneiros do teu rebanho.

39 Não te trouxe eu o despedaçado; eu o pagava; o furtado de dia e o furtado de noite da minha mão o requerias.

40

Eu era de dia consumido pelo calor, e de noite pela geada; e o meu sono foi-se dos meus olhos.

41 Eis que estive vinte anos na tua casa; quatorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; mas o meu salário mudaste dez vezes.

42 Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão, e o temor de Isaque não fora comigo, por certo me despedirias agora com mãos vazias. Deus atentou para a minha aflição, e para o trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.

43 Então respondeu Labão, e disse a Jacó: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é o meu rebanho, e tudo o que vês é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou a seus filhos, que elas deram à luz?

44 Agora, pois, vem e façamos uma aliança eu e tu, que seja por testemunho entre mim e ti.

45 Então tomou Jacó uma pedra, e erigiu-a por coluna.

46 E disse Jacó a seus irmãos: Ajuntai pedras. E tomaram pedras, e fizeram um montão, e comeram ali sobre aquele montão.

47 E chamou-o Labão Jegar-Saaduta; porém, Jacó chamou-o Galeede.

48 Então disse Labão: Este montão seja hoje por testemunha entre mim e entre ti; por isso se chamou o seu nome Galeede,

49 E Mispá, porquanto disse: Atente o Senhor entre mim e ti, quando nós estivermos apartados um do outro.

50

Se afligires as minhas filhas, e se tomares mulheres além das minhas filhas, ninguém está conosco; atenta que Deus é testemunha entre mim e ti.

51 Disse mais Labão a Jacó: Eis aqui este montão, e eis aqui esta coluna que levantei entre mim e ti.

52 Este montão seja testemunha, e esta coluna seja testemunha, que eu não passarei deste montão para o teu lado, e que tu não passarás deste montão e desta coluna para o meu lado, para mal.

53 O Deus de Abraão, e o Deus de Naor, o Deus de seu pai julgue entre nós. E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque.

54 E sacrificou Jacó um sacrifício na montanha, e convidou seus irmãos para comer pão; e comeram pão, e passaram a noite na montanha.

55 E levantou-se Labão pela manhã, de madrugada, e beijou seus filhos, e suas filhas, e abençoou-os, e partiu; e voltou Labão ao seu lugar.

Capítulo 32

Jacó vê anjos — Ele pede a Deus que o proteja de Esaú, para quem prepara presentes — Ele luta a noite inteira com um mensageiro de Deus — O nome de Jacó é mudado para Israel — Ele vê Deus face a face.

1

E foi também Jacó pelo seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus.

2 E Jacó disse, quando os viu: Este é o exército de Deus. E chamou o nome daquele lugar Maanaim.

3 E enviou Jacó mensageiros diante da sua face a seu irmão Esaú, à terra de Seir, território de Edom.

4 E ordenou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor Esaú: Assim diz teu servo Jacó: Como peregrino morei com Labão, e me detive até agora;

5 E tenho bois e jumentos, ovelhas, e servos e servas; e mandei dizê-lo a meu senhor, para que ache graça aos teus olhos.

6 E os mensageiros retornaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.

7 Então Jacó temeu muito, e angustiou-se; e repartiu o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos, em dois grupos.

8 Porque dizia: Se Esaú vier a um grupo e o atacar, o outro grupo escapará.

9 Disse mais Jacó: Deus de meu pai Abraão, e Deus de meu pai Isaque, o Senhor, que me disseste: Retorna à tua terra, e à tua parentela, e far-te-ei bem;

10

Menor sou eu que todas as benevolências, e que toda a fidelidade que tiveste para com o teu servo; porque apenas com meu cajado passei este Jordão, e agora me tornei em dois grupos;

11 Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque o temo, para que não venha, e me mate, e a mãe com os filhos.

12 E tu o disseste: Certamente te farei bem, e farei a tua semente como a areia do mar, que pela multidão não se pode contar.

13 E passou ali aquela noite; e tomou do que lhe veio à sua mão, um presente para seu irmão Esaú:

14 Duzentas cabras, e vinte bodes; duzentas ovelhas, e vinte carneiros;

15 Trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas, e dez novilhos; vinte jumentas, e dez jumentinhos;

16 E deu-os na mão dos seus servos, cada rebanho à parte, e disse a seus servos: Passai adiante da minha face, e ponde espaço entre rebanho e rebanho.

17 E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando meu irmão Esaú te encontrar, e te perguntar, dizendo: De quem és, e para onde vais, e de quem são estes diante da tua face?

18 Então dirás: São de teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú; e eis que ele mesmo vem também atrás de nós.

19 E ordenou também ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás dos rebanhos, dizendo: Conforme essa mesma palavra falareis a Esaú, quando o achardes.

20

E direis também: Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Eu o aplacarei com o presente, que vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura me aceitará.

21 Assim passou o presente adiante da sua face; ele, porém, passou aquela noite no acampamento.

22 E levantou-se naquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque.

23 E tomou-os, e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.

24 Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subia.

25 E vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele.

26 E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares.

27 E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.

28 Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois como príncipe lutaste com Deus, e com os homens, e prevaleceste.

29 E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.

30

E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Vi Deus face a face, e a minha alma foi salva.

31 E saiu-lhe o sol, quando passou por Peniel; e manquejava da sua coxa.

32 Por isso os filhos de Israel não comem o tendão encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto ele tocara a juntura da coxa de Jacó no tendão encolhido.

Capítulo 33

Jacó e Esaú se encontram e se reconciliam — Esaú recebe os presentes de Jacó — Jacó se estabelece em Canaã, onde edifica um altar.

1

E levantou Jacó os seus olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então repartiu os filhos entre Lia e Raquel, e as duas servas.

2 E pôs as servas e seus filhos na frente, e Lia e seus filhos atrás; porém Raquel e José, os derradeiros.

3 E ele mesmo passou adiante deles, e inclinou-se à terra sete vezes, até que chegou a seu irmão.

4 Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram.

5 Depois levantou os seus olhos, e viu as mulheres, e os meninos, e disse: Quem são estes contigo? E ele disse: Os filhos que Deus graciosamente deu a teu servo.

6 Então chegaram as servas, elas e os seus filhos, e inclinaram-se.

7 E chegou também Lia com seus filhos, e inclinaram-se; e depois chegaram José e Raquel, e inclinaram-se.

8 E disse Esaú: Que pretendes tu com todo esse grupo que encontrei? E ele disse: Para achar graça aos olhos de meu senhor.

9 Mas Esaú disse: Eu tenho bastante, meu irmão; seja para ti o que tens.

10

Então disse Jacó: Não, se agora achei graça aos teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão; porquanto vi o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim.

11 Toma, peço-te, a minha bênção, que te foi trazida; porque Deus graciosamente ma deu; e porque tenho de tudo. E instou com ele, até que a tomou.

12 E disse: Partamos, e andemos, e eu irei adiante de ti.

13 Porém ele lhe disse: Meu senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas de leite; se as afadigarem somente um dia, todo o rebanho morrerá.

14 Ora, passe o meu senhor diante da face de seu servo; e eu irei como guia pouco a pouco, conforme o passo do gado que está adiante da minha face, e conforme o passo dos meninos, até que chegue a meu senhor em Seir.

15 E Esaú disse: Permite-me deixar agora contigo parte desta gente que está comigo. E ele disse: Para que é isso? Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor.

16 Assim, retornou Esaú naquele dia pelo seu caminho a Seir.

17 Jacó, porém, partiu para Sucote e edificou para si uma casa; e fez cabanas para o seu gado; por isso chamou o nome daquele lugar Sucote.

18 E chegou Jacó são e salvo à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando vinha de Padã-Arã; e acampou diante da cidade.

19 E comprou uma parte do campo em que armara a sua tenda, da mão dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro.

20

E levantou ali um altar, e chamou-o: Deus, o Deus de Israel.

Capítulo 34

Siquém desonra Diná — Os heveus procuram fazer acordos matrimoniais com a família de Jacó — Muitos, após terem sido circuncidados, são mortos por Simeão e Levi — Jacó repreende seus filhos.

1

E saiu Diná, filha de Lia, que esta dera a Jacó, para ver as filhas da terra.

2 E Siquém, filho de Hamor, o heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e desonrou-a.

3 E apegou-se a sua alma a Diná, filha de Jacó, e amou a moça, e falou afetuosamente à moça.

4 Falou também Siquém a seu pai Hamor, dizendo: Toma-me esta por mulher.

5 Quando Jacó ouviu que Siquém desonrara sua filha Diná, estavam os seus filhos no campo com o gado; e calou-se Jacó até que viessem.

6 E foi Hamor, pai de Siquém, a Jacó, para falar com ele.

7 E vieram os filhos de Jacó do campo, quando ouviram isso, e entristeceram-se os homens, e iraram-se muito, porquanto Siquém fizera doidice em Israel, deitando-se com a filha de Jacó, o que não se devia fazer.

8 Então falou Hamor com eles, dizendo: A alma de meu filho Siquém está enamorada da vossa filha; dai-lha, peço-vos, por mulher;

9 E aparentai-vos conosco, dai-nos as vossas filhas, e tomai as nossas filhas para vós;

10

E habitareis conosco; e a terra estará diante da vossa face; habitai e negociai nela, e tomai possessão nela.

11 E disse Siquém ao pai dela e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos e darei o que me disserdes.

12 Aumentai o quanto quiserdes o dote e a dádiva, e darei o que me disserdes; dai-me somente a moça por mulher.

13 Então responderam os filhos de Jacó a Siquém e a seu pai Hamor enganosamente, e falaram, porquanto ele havia desonrado sua irmã Diná,

14 E disseram-lhes: Não podemos fazer isso, que déssemos a nossa irmã a um homem não circuncidado, porque isso seria uma vergonha para nós;

15 Nisso, porém, consentiremos a vós: se fordes como nós, que se circuncide todo homem entre vós;

16 Então dar-vos-emos as nossas filhas, e tomaremos nós as vossas filhas, e habitaremos convosco, e seremos um povo.

17 Mas se não nos ouvirdes, e não vos circuncidardes, tomaremos a nossa filha e ir-nos-emos.

18 E suas palavras foram boas aos olhos de Hamor, e aos olhos de Siquém, filho de Hamor.

19 E não tardou o jovem em fazer isso, porque a filha de Jacó lhe agradava; e ele era o mais honrado de toda a casa de seu pai.

20

Foram, pois, Hamor e seu filho Siquém à porta da sua cidade, e falaram aos homens da sua cidade, dizendo:

21 Estes homens são pacíficos conosco; portanto, habitarão nesta terra, e negociarão nela; eis que a terra é larga de espaço diante da sua face; tomaremos nós as suas filhas por mulheres, e lhes daremos as nossas filhas.

22 Nisto, porém, consentirão aqueles homens em habitar conosco, para que sejamos um povo: se todo homem entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.

23 O seu gado, as suas possessões, e todos os seus animais não serão nossos? Consintamos, pois, com eles, e habitarão conosco.

24 E deram ouvidos a Hamor e a seu filho Siquém todos os que saíam da porta da cidade; e foi circuncidado todo homem, de todos os que saíam pela porta da sua cidade.

25 E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a mais violenta dor, os dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, e entraram afoitamente na cidade, e mataram todos os homens.

26 Mataram também ao fio da espada Hamor, e seu filho Siquém; e tomaram Diná da casa de Siquém, e saíram.

27 Lançaram-se os filhos de Jacó sobre os mortos e saquearam a cidade, porquanto desonraram sua irmã.

28 As suas ovelhas, e as suas vacas, e os seus jumentos, e o que na cidade e o que no campo havia, tomaram,

29 E todos os seus bens, e todos os seus pequeninos, e as suas mulheres levaram presos, e despojaram-nos de tudo o que havia em casa.

30

Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me turbado, fazendo-me cheirar mal entre os moradores desta terra, entre os cananeus e perizeus; tendo eu pouco povo em número, ajuntar-se-ão contra mim, e atacar-me-ão, e serei destruído, eu e minha casa.

31 E eles disseram: Faria, pois, ele a nossa irmã como a uma prostituta?

Capítulo 35

Deus envia Jacó a Betel, onde ele constrói um altar, e o Senhor lhe aparece — Deus renova a promessa de que Jacó será uma grande nação e volta a dizer que seu nome será Israel — Jacó ergue um altar e sobre ele derrama uma libação — Raquel dá à luz Benjamim, morre no parto e é sepultada perto de Belém — Rúben comete pecado com Bila — Isaque morre e é sepultado por Jacó e Esaú.

1

Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; e faz ali um altar ao Deus que te apareceu, quando fugiste de diante da face de teu irmão Esaú.

2 Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes.

3 E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que esteve comigo no caminho em que andei.

4 Então deram a Jacó todos os deuses estranhos que tinham em suas mãos, e os brincos que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.

5 E partiram; e o terror de Deus caiu sobre as cidades que estavam ao redor deles, e não foram ao encalço dos filhos de Jacó.

6 Assim, chegou Jacó a Luz, que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que com ele estava.

7 E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel, porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia de diante da face de seu irmão.

8 E morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho que se chamou pelo nome de Alom-Bacute.

9 E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo ele de Padã-Arã, e abençoou-o.

10

E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou o seu nome Israel.

11 Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação e uma multidão de nações sairão de ti, e reis procederão dos teus lombos;

12 E te darei a terra que dei a Abraão e a Isaque, e à tua semente depois de ti darei a terra.

13 E Deus subiu de diante dele, do lugar onde falara com ele.

14 E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela azeite.

15 E chamou Jacó o nome daquele lugar, onde Deus falara com ele, Betel.

16 E partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e Raquel deu à luz, e ela teve um parto difícil.

17 E aconteceu que, tendo ela dificuldade em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás.

18 E aconteceu que, ao sair-lhe a alma (porque ela morreu), chamou o seu nome Benoni; mas seu pai o chamou Benjamim.

19 Assim, morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata, que é Belém.

20

E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; essa é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje.

21 Então partiu Israel, e armou a sua tenda além de Migdal Éder.

22 E aconteceu que, habitando Israel naquela terra, foi Rúben, e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel ouviu-o. E eram doze os filhos de Jacó:

23 Os filhos de Lia: Rúben, o primogênito de Jacó, depois Simeão, e Levi, e Judá, e Issacar, e Zebulom;

24 Os filhos de Raquel: José e Benjamim;

25 E os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali;

26 E os filhos de Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser. Esses são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.

27 E Jacó foi a seu pai Isaque, a Manre, a Quiriate-Arba (que é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque.

28 E foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.

29 E Isaque expirou, e morreu, e foi recolhido ao seu povo, velho e farto de dias; e seus filhos Esaú e Jacó o sepultaram.

Capítulo 36

Os descendentes de Esaú, que é Edom, são enumerados.

1

E estas são as gerações de Esaú (que é Edom).

2 Esaú tomou suas mulheres das filhas de Canaã: Ada, filha de Elom, o heteu, e Aolibama, filha de Aná, filha de Zibeão, o heveu,

3 E Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.

4 E Ada deu Elifaz a Esaú; e Basemate deu à luz Reuel;

5 E Aolibama deu à luz Jeús, e Jalão, e Coré; esses são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.

6 E Esaú tomou suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as almas de sua casa, e seu gado, e todos os seus animais, e todos os seus bens que havia adquirido na terra de Canaã, e foi para outra terra, distante da face de seu irmão Jacó,

7 Porque os bens deles eram muitos para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar, por causa do seu gado.

8 Portanto, Esaú habitou na montanha de Seir; Esaú é Edom.

9 Essas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomitas, na montanha de Seir.

10

Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.

11 E os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, e Gaetã, e Quenaz.

12 E Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e deu Amaleque a Elifaz; esses são os filhos de Ada, mulher de Esaú.

13 E estes foram os filhos de Reuel: Naate, e Zerá, Samá, e Mizá; esses foram os filhos de Basemate, mulher de Esaú.

14 E estes foram os filhos de Aolibama, filha de Aná, filha de Zibeão, mulher de Esaú; e deu a Esaú: Jeús, e Jalão, e Coré.

15 Estes são os príncipes dos filhos de Esaú: os filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, foram: o príncipe Temã, o príncipe Omar, o príncipe Zefô, o príncipe Quenaz,

16 O príncipe Coré, o príncipe Gaetã, o príncipe Amaleque; esses são os príncipes de Elifaz na terra de Edom, esses são os filhos de Ada.

17 E estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: o príncipe Naate, o príncipe Zerá, o príncipe Samá, o príncipe Mizá; esses são os príncipes de Reuel, na terra de Edom; esses são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.

18 E estes são os filhos de Aolibama, mulher de Esaú: o príncipe Jeús, o príncipe Jalão, o príncipe Coré; esses são os príncipes de Aolibama, filha de Aná, mulher de Esaú.

19 Esses são os filhos de Esaú, e esses são seus príncipes; ele é Edom.

20

Estes são os filhos de Seir, o horeu, moradores daquela terra: Lotã, e Sobal, e Zibeão, e Aná,

21 E Disom, e Eser, e Disã; esses são os príncipes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.

22 E os filhos de Lotã foram: Hori e Homã; e a irmã de Lotã era Timna.

23 Estes são os filhos de Sobal: Alvã, e Manaate, e Ebal, e Sefô, e Onã.

24 E estes são os filhos de Zibeão: Aiá, e Aná; esse é o Aná que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava os jumentos de seu pai Zibeão.

25 E estes são os filhos de Aná: Disom, e Aolibama, a filha de Aná.

26 E estes são os filhos de Disom: Hendã, e Esbã, e Itrã, e Querã.

27 Estes são os filhos de Eser: Bilã, e Zaavã, e Acã.

28 Estes são os filhos de Disã: Uz, e Arã.

29 Estes são os príncipes dos horeus: O príncipe Lotã, o príncipe Sobal, o príncipe Zibeão, o príncipe Aná,

30

O príncipe Disom, o príncipe Eser, o príncipe Disã; esses são os príncipes dos horeus, segundo os seus príncipes na terra de Seir.

31 E estes são os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.

32 E Bela, filho de Beor, reinou em Edom, e o nome da sua cidade foi Dinabá.

33 E morreu Bela; e Jobabe, filho de Zerá de Bozra, reinou em seu lugar.

34 E morreu Jobabe; e Husão, da terra dos temanitas, reinou em seu lugar.

35 E morreu Husão, e em seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade, o que derrotou Midiã no campo de Moabe; e o nome da sua cidade foi Avite.

36 E morreu Hadade; e Samlá de Masreca reinou em seu lugar.

37 E morreu Samlá; e Saul de Reobote, junto ao rio, reinou em seu lugar.

38 E morreu Saul; e Baal-Hanã, filho de Acbor, reinou em seu lugar.

39 E morreu Baal-Hanã, filho de Acbor, e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade foi Pau; e o nome de sua mulher foi Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.

40

E estes são os nomes dos príncipes de Esaú, segundo as suas gerações, segundo os seus lugares, com os seus nomes: o príncipe Timna, o príncipe Alva, o príncipe Jetete,

41 O príncipe Aolibama, o príncipe Ela, o príncipe Pinom,

42 O príncipe Quenaz, o príncipe Temã, o príncipe Mibzar,

43 O príncipe Magdiel, o príncipe Irã; esses são os príncipes de Edom, segundo as suas habitações, na terra da sua possessão; esse é Esaú, pai de Edom.

Capítulo 37

Jacó ama e favorece José, que é odiado pelos irmãos — José sonha que seus pais e irmãos se inclinam diante dele — Seus irmãos vendem-no ao Egito.

1

E Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.

2 Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; e estava este jovem com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José contava a má fama deles a seu pai.

3 E Israel amava José mais do que todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.

4 Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que todos os seus irmãos, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente.

5 Sonhou também José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.

6 E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho que sonhei:

7 Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava, e também ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.

8 Então lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso tanto mais o odiaram por seus sonhos e por suas palavras.

9 E sonhou ainda outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que ainda sonhei outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim.

10

E contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é esse que sonhaste? Porventura viremos eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos a ti em terra?

11 Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai, porém, guardava esse assunto no seu coração.

12 E seus irmãos foram apascentar o rebanho de seu pai, junto de Siquém.

13 Disse, pois, Israel a José: Não pastoreiam os teus irmãos junto de Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. E ele lhe disse: Eis-me aqui.

14 E ele lhe disse: Ora, vai, vê como estão teus irmãos, e como está o rebanho, e traze-me resposta. Assim, o enviou do vale de Hebrom, e ele foi a Siquém.

15 E achou-o um homem, porque eis que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe o homem, dizendo: Que procuras?

16 E ele disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde eles pastoreiam.

17 E disse aquele homem: Foram-se daqui; porque os ouvi dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu atrás de seus irmãos, e achou-os em Dotã.

18 E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele, para o matarem.

19 E disseram um ao outro: Eis que lá vem o sonhador-mor!

20

Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas, e diremos: Uma fera o comeu; e veremos o que será dos seus sonhos.

21 E ouvindo-o Rúben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a vida.

22 Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mãos nele; isso disse para livrá-lo das suas mãos, e para levá-lo de volta a seu pai.

23 E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram de José a sua túnica, a túnica de várias cores que trazia.

24 E tomaram-no, e lançaram-no na cova; porém a cova estava vazia, não havia água nela.

25 Depois se assentaram a comer pão: e levantaram os seus olhos, e olharam, e eis que uma caravana de ismaelitas vinha de Gileade; e seus camelos traziam especiarias, e bálsamo, e mirra, e iam levá-los ao Egito.

26 Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá em que matemos nosso irmão e escondamos o seu sangue?

27 Vinde, e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele, porque ele é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram.

28 Passando, pois, os mercadores midianitas, alçaram e tiraram José da cova, e venderam José por vinte moedas de prata aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito.

29 Tornando, pois, Rúben à cova, eis que José não estava na cova; então rasgou as suas vestes,

30

E retornou a seus irmãos, e disse: O moço não está mais lá; e eu aonde irei?

31 Então tomaram a túnica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue,

32 E enviaram a túnica de várias cores, e mandaram levá-la a seu pai, e disseram: Achamos essa túnica; reconhece agora se essa é ou não a túnica de teu filho.

33 E reconheceu-a, e disse: É a túnica de meu filho; uma fera o comeu; certamente José foi despedaçado.

34 Então Jacó rasgou as suas vestes, e pôs panos de saco sobre os seus lombos, e lamentou seu filho muitos dias.

35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou, porém, ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até a sepultura. Assim, o chorou seu pai.

36 E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, eunuco de Faraó, capitão da guarda.

Capítulo 38

Judá tem três filhos com uma mulher cananeia — Er e Onã são mortos pelo Senhor — Tamar, disfarçada de meretriz, dá à luz gêmeos de Judá.

1

E aconteceu, naquele mesmo tempo, que Judá desceu de entre seus irmãos, e entrou na casa de um homem de Adulão, cujo nome era Hira.

2 E viu Judá ali a filha de um homem cananeu, cujo nome era Sua; e tomou-a, e achegou-se a ela.

3 E ela concebeu, e deu à luz um filho, e chamou o seu nome Er.

4 E tornou a conceber, e deu à luz um filho, e chamou o seu nome Onã.

5 E continuou ainda, e deu à luz um filho, e chamou o seu nome Selá; e ele estava em Quezibe, quando ela o deu à luz.

6 Judá, pois, tomou uma mulher para Er, o seu primogênito, e o seu nome era Tamar.

7 Er, porém, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.

8 Então disse Judá a Onã: Achega-te à mulher do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita semente a teu irmão.

9 Onã, porém, soube que essa semente não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando se achegava à mulher de seu irmão, derramava-a na terra, para não dar semente a seu irmão.

10

E o que fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que também o matou.

11 Então disse Judá a Tamar sua nora: Permanece viúva na casa de teu pai, até que Selá, meu filho, seja grande. Porquanto disse: Para que porventura não morra também esse, como seus irmãos. Assim, foi Tamar, e ficou na casa de seu pai.

12 Passando-se, pois, muitos dias, morreu a filha de Sua, mulher de Judá; e depois se consolou Judá, e subiu aos tosquiadores das suas ovelhas, em Timna, ele e Hira, seu amigo, o adulamita.

13 E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timna, para tosquiar as suas ovelhas.

14 Então ela tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez, e cobriu-se com o véu, e envolveu-se, e assentou-se à entrada das duas fontes que estão no caminho de Timna, porque via que Selá já era grande, e ela não lhe fora dada por mulher.

15 E vendo-a Judá, teve-a por uma prostituta, porque ela tinha coberto o seu rosto.

16 E dirigiu-se a ela no caminho, e disse: Vem, peço-te, permite que me achegue a ti. Porquanto não sabia que era sua nora; e ela disse: Que darás, para que te achegues a mim?

17 E ele disse: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. E ela disse: Dar-me-ás penhor até que o envies?

18 Então ele disse: Que penhor é que te darei? E ela disse: O teu selo, e o teu cordão, e o cajado que está em tua mão. O que ele lhe deu, e achegou-se a ela, e ela concebeu dele.

19 E ela se levantou, e se foi, e tirou de sobre si o seu véu, e vestiu os vestidos da sua viuvez.

20

E Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo, o adulamita, para tomar o penhor da mão da mulher, porém não a achou.

21 E perguntou aos homens daquele lugar, dizendo: Onde está a prostituta que estava no caminho junto às duas fontes? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.

22 E retornou a Judá, e disse: Não a achei; e também disseram os homens daquele lugar: Aqui não esteve prostituta.

23 Então disse Judá: Tome-o para si, para que porventura não caiamos em desprezo; eis que enviei esse cabrito, mas tu não a achaste.

24 E aconteceu que, quase três meses depois, deram aviso a Judá dizendo: Tamar, tua nora, se prostituiu, e eis que está grávida da prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora para que seja queimada.

25 E tirando-a para fora, ela mandou dizer a seu sogro: Do homem de quem são estas coisas eu concebi. E ela disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são este selo, e estes cordões, e este cajado.

26 E reconheceu-os Judá, e disse: Mais justa é ela do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá. E nunca mais a conheceu.

27 E aconteceu ao tempo de dar à luz, eis que havia gêmeos em seu ventre.

28 E aconteceu que, dando ela à luz, um pôs para fora a mão, e a parteira tomou-a, e atou em sua mão um fio escarlate, dizendo: Este saiu primeiro.

29 Mas aconteceu que, tornando ele a recolher a sua mão, eis que saiu o seu irmão, e ela disse: Como rompeste? Sobre ti seja a rotura. E chamaram o seu nome Perez;

30

E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio de escarlate; e chamaram o seu nome Zerá.

Capítulo 39

José, que o Senhor fez prosperar, torna-se mordomo da casa de Potifar — José resiste à sedução da mulher de Potifar, é acusado falsamente e colocado na prisão — O carcereiro-mor entrega nas mãos de José os assuntos da prisão.

1

E José foi levado ao Egito, e Potifar, eunuco de Faraó, capitão da guarda, homem egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham levado para lá.

2 E o Senhor estava com José, e foi homem próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.

3 Viu, pois, o seu senhor que o Senhor estava com ele, e que tudo o que fazia o Senhor prosperava em sua mão.

4 José achou graça aos seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.

5 E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa, e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.

6 E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que de nada sabia do que estava com ele, mais do que do pão que comia. E José era formoso de porte, e formoso à vista.

7 E aconteceu, depois dessas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os seus olhos em José, e disse: Deita-te comigo.

8 Porém ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;

9 Ninguém maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal, e pecaria contra Deus?

10

E aconteceu que, falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvidos, para deitar-se com ela, e estar com ela,

11 Sucedeu, num certo dia, que veio à casa para fazer seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali.

12 E ela o pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou a sua roupa na mão dela, e fugiu, e saiu para fora.

13 E aconteceu que, vendo ela que ele deixara a sua roupa em sua mão, e fugira para fora,

14 Chamou os homens de sua casa, e falou-lhes, dizendo: Vede, ele trouxe-nos o homem hebreu para escarnecer de nós; veio a mim para deitar-se comigo, e eu gritei com grande voz,

15 E aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava, deixou a sua roupa comigo, e fugiu, e saiu para fora.

16 E ela pôs a roupa dele perto de si, até que o seu senhor veio à sua casa.

17 Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste para escarnecer de mim;

18 E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a sua roupa comigo, e fugiu para fora.

19 E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Conforme essas mesmas palavras me fez teu servo; a sua ira se acendeu.

20

E o senhor de José o tomou, e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; assim, esteve ali na casa do cárcere.

21 O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.

22 E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere, e ele fazia tudo o que se fazia ali.

23 E o carcereiro-mor não tinha cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o Senhor estava com ele, e tudo o que fazia o Senhor prosperava.

Capítulo 40

José interpreta o sonho do copeiro-mor e do padeiro-mor — O copeiro-mor esquece de falar de José a Faraó.

1

E aconteceu, depois dessas coisas, que o copeiro do rei do Egito e o padeiro ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.

2 E indignou-se Faraó muito contra os seus dois eunucos, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor,

3 E colocou-os na prisão, na casa do capitão da guarda, na casa do cárcere, no lugar onde José estava preso.

4 E o capitão da guarda encarregou José deles, e ele os serviu; e estiveram muitos dias na prisão.

5 E ambos sonharam um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam presos na casa do cárcere.

6 E foi José a eles pela manhã, e olhou para eles, e eis que estavam perturbados.

7 Então perguntou aos eunucos de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão hoje tristes os vossos semblantes?

8 E eles lhe disseram: Sonhamos um sonho, e ninguém que o interprete. E José disse-lhes: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.

9 Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face,

10

E na vide, três sarmentos, e estava como brotando; a sua flor saía, os seus cachos amadureciam em uvas:

11 E o copo de Faraó estava na minha mão, e eu tomava as uvas, e as espremia no copo de Faraó, e dava o copo na mão de Faraó.

12 Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: os três sarmentos são três dias;

13 Dentro ainda de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo, e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.

14 Porém lembra-te de mim, quando estiveres bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa;

15 Porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada fiz para que me pusessem nesta cova.

16 Vendo então o padeiro-mor que tinha interpretado bem, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos brancos estavam sobre a minha cabeça;

17 E no cesto mais alto havia de todos os manjares de Faraó, da obra de padeiro; e as aves o comiam do cesto de sobre a minha cabeça.

18 Então respondeu José, e disse: Esta é a sua interpretação: os três cestos são três dias;

19 Dentro ainda de três dias Faraó levantará a tua cabeça de sobre ti, e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.

20

E aconteceu ao terceiro dia, o dia do nascimento de Faraó, que fez um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor, no meio dos seus servos.

21 E fez retornar o copeiro-mor ao seu ofício de copeiro, e ele deu o copo na mão de Faraó,

22 Mas enforcou o padeiro-mor, como José havia interpretado.

23 O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, mas esqueceu-se dele.

Capítulo 41

Faraó sonha com as vacas e as espigas — José interpreta os sonhos como sete anos de fartura e sete anos de fome — Ele propõe um programa de armazenamento de trigo — Faraó faz dele governante de todo o Egito — José se casa com Azenate — Ele ajunta trigo como a areia do mar — Azenate dá à luz Manassés e Efraim — José vende trigo aos egípcios e a outras pessoas durante a época de fome.

1

E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio,

2 E eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no prado.

3 E eis que subiam do rio após elas outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas na margem do rio.

4 E as vacas feias à vista, e magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista e gordas. Então acordou Faraó.

5 Depois dormiu, e sonhou outra vez, e eis que brotavam de uma haste sete espigas cheias e boas,

6 E eis que sete espigas miúdas, e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.

7 E as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então acordou Faraó, e eis que era um sonho.

8 E aconteceu que pela manhã o seu espírito perturbou-se, e mandou chamar todos os adivinhos do Egito, e todos os seus sábios; e Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que os interpretasse a Faraó.

9 Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Dos meus erros me lembro hoje:

10

Estando Faraó muito indignado contra os seus servos, e pondo-me na prisão, na casa do capitão da guarda, eu e o padeiro-mor,

11 Então sonhamos um sonho na mesma noite, eu e ele, cada um conforme a interpretação do seu sonho sonhamos.

12 E estava ali conosco um jovem hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhos, e interpretou-nos os nossos sonhos, a cada um os interpretou conforme o seu sonho.

13 E como ele nos interpretou, assim mesmo foi feito: a mim me fez retornar ao meu cargo, e a ele fez enforcar.

14 Então Faraó mandou chamar José, e o fizeram sair logo da cova; e barbeou-se e mudou as suas vestes, e foi a Faraó.

15 E Faraó disse a José: Eu sonhei um sonho, e ninguém que o interprete; mas de ti ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas.

16 E respondeu José a Faraó, dizendo: Não está em mim; Deus responderá com paz a Faraó.

17 Então disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava eu em pé na margem do rio,

18 E eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado.

19 E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista, e magras de carne; não vi outras tais, quanto à feiura, em toda a terra do Egito.

20

E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas;

21 E entravam em suas entranhas, mas não se notava que houvessem entrado em suas entranhas, porque a sua aparência era feia como no princípio. Então acordei.

22 Depois vi em meu sonho, e eis que de uma haste subiam sete espigas cheias e boas;

23 E eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.

24 E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu contei aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse.

25 Então disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.

26 As sete vacas formosas são sete anos; as sete espigas formosas também são sete anos; o sonho é um só.

27 E as sete vacas feias à vista e magras, que subiam depois delas, são sete anos; e as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental serão sete anos de fome.

28 Esta é a palavra que eu disse a Faraó: o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.

29 E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito.

30

E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;

31 E não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que haverá depois, porquanto será gravíssima.

32 E se o sonho foi duplicado duas vezes a Faraó, é porque essa coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa a fazê-la.

33 Portanto, procure Faraó agora um homem de discernimento e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito;

34 Faça isso Faraó, e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos de fartura,

35 E ajuntem toda a comida destes bons anos que vêm, e amontoem o trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem;

36 Assim, será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito, para que a terra não pereça de fome.

37 E essa palavra foi boa aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.

38 E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como esse, em quem esteja o Espírito de Deus?

39 Depois disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isso, ninguém há com tanto discernimento e sábio como tu;

40

Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu.

41 Disse mais Faraó a José: Vês que te pus sobre toda a terra do Egito.

42 E tirou Faraó o seu anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço,

43 E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai. Assim, o pôs sobre toda a terra do Egito.

44 E disse Faraó a José: Eu sou Faraó, porém sem ti ninguém levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito.

45 E deu Faraó a José o nome de Zafenate-Paneia, e deu-lhe por mulher Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu José por toda a terra do Egito.

46 E José era da idade de trinta anos quando esteve diante da face de Faraó, rei do Egito. E saiu José de diante da face de Faraó, e passou por toda a terra do Egito.

47 E nos sete anos de fartura a terra produziu a mãos cheias.

48 E ele ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas cidades o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade.

49 Assim, ajuntou José muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar, porquanto era inumerável.

50

E nasceram a José dois filhos (antes que viesse um ano de fome), que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.

51 E chamou José o nome do primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez esquecer de toda a minha labuta, e de toda a casa de meu pai.

52 E o nome do segundo chamou Efraim, porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.

53 Então acabaram-se os sete anos de fartura que havia na terra do Egito,

54 E começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão.

55 E tendo toda a terra do Egito fome, clamou o povo a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.

56 Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia mantimento, e vendeu aos egípcios, porque a fome prevaleceu na terra do Egito.

57 E todas as terras iam ao Egito, para comprar de José, porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.

Capítulo 42

Jacó envia os filhos ao Egito para comprar trigo — Eles se inclinam diante de José — José faz acusações ásperas contra eles, aprisiona Simeão e envia-os de volta para buscar Benjamim.

1

Vendo então Jacó que havia mantimento no Egito, disse Jacó a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?

2 Disse mais: Eis que ouvi que há mantimentos no Egito; descei para lá, e comprai-nos dali, para que vivamos, e não morramos.

3 Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo do Egito.

4 Mas Benjamim, irmão de José, Jacó não enviou com os seus irmãos, porque dizia: Para que não lhe suceda porventura alguma desgraça.

5 Assim, foram os filhos de Israel para comprar, entre os que iam lá, porque havia fome na terra de Canaã.

6 José, pois, era o governador daquela terra; ele vendia a todo o povo da terra; e os irmãos de José foram, e inclinaram-se a ele com a face na terra.

7 E José, vendo os seus irmãos, reconheceu-os; porém, agiu como um estranho para com eles, e falou com eles asperamente, e disse-lhes: Donde vindes? E eles disseram: Da terra de Canaã, para comprarmos mantimento.

8 José, pois, reconheceu os seus irmãos; mas eles não o reconheceram.

9 Então José lembrou-se dos sonhos, que havia sonhado deles, e disse-lhes: Vós sois espias, e viestes para ver a nudez da terra.

10

E eles lhe disseram: Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.

11 Todos nós somos filhos de um mesmo homem; somos homens honestos; os teus servos não são espias.

12 E ele lhes disse: Não; mas viestes para ver a nudez da terra.

13 E eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem na terra de Canaã; e eis que o mais novo está com nosso pai hoje; e um não existe mais.

14 Então lhes disse José: Isso é o que vos falei, dizendo que sois espias;

15 Nisto sereis postos à prova: Pela vida de Faraó, não saireis daqui senão quando vosso irmão mais novo vier aqui.

16 Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, e vossas palavras sejam postas à prova, se verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois espias.

17 E pô-los juntos na prisão três dias.

18 E ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isto, e vivereis, porque eu temo a Deus;

19 Se sois homens honestos, que fique um de vossos irmãos preso na casa de vossa prisão; e ide vós, levai mantimento para a fome de vossas casas,

20

E trazei-me o vosso irmão mais novo, e serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram.

21 Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós, porém, não ouvimos; por isso vem sobre nós essa angústia.

22 E Rúben respondeu-lhes, dizendo: Não vô-lo falei eu, dizendo: Não pequeis contra o moço? Mas não ouvistes; e vedes aqui, o seu sangue também é requerido.

23 E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.

24 E retirou-se deles, e chorou. Depois retornou a eles, e falou-lhes, e tomou Simeão dentre eles, e amarrou-o perante os seus olhos.

25 E ordenou José que enchessem os seus sacos de trigo, e que lhes restituíssem o seu dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem comida para o caminho; e fizeram-lhes assim.

26 E carregaram o seu trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.

27 E abrindo um deles o seu saco, para dar pasto ao seu jumento na estalagem, viu o seu dinheiro, porque eis que estava na boca do seu saco.

28 E disse a seus irmãos: Foi devolvido o meu dinheiro, e ei-lo aqui no meu saco. Então lhes desfaleceu o coração, e pasmavam, dizendo um ao outro: Que é isso que Deus nos fez?

29 E foram a Jacó, seu pai, na terra de Canaã; e contaram-lhe tudo o que lhes aconteceu, dizendo:

30

O homem, o senhor da terra, falou conosco asperamente, e tratou-nos como espias da terra;

31 Mas dissemos-lhe: Somos homens honestos; não somos espias;

32 Somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um não existe mais, e o mais novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã.

33 E aquele homem, o senhor da terra, nos disse: Nisto saberei que vós sois homens honestos: deixai comigo um de vossos irmãos, e tomai mantimento para a fome de vossas casas, e parti,

34 E trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens honestos; então vos darei o vosso irmão e negociareis na terra.

35 E aconteceu que, esvaziando eles os seus sacos, eis que cada um tinha a trouxinha com seu dinheiro no seu saco; e viram as trouxinhas com seu dinheiro, eles e seu pai, e temeram.

36 Então seu pai Jacó disse-lhes: Vós me desfilhastes; José não existe mais, e Simeão não existe mais; agora levareis Benjamim. Todas essas coisas vieram sobre mim.

37 Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se to não tornar a trazer; dá-mo em minha mão, e to tornarei a trazer.

38 Ele, porém, disse: Não descerá meu filho convosco, porquanto o seu irmão está morto, e só ele ficou. Se lhe suceder alguma desgraça no caminho que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura.

Capítulo 43

Jacó é persuadido a enviar Benjamim ao Egito — Os irmãos de José o reverenciam — Todos eles comem e bebem juntos.

1

E a fome era gravíssima na terra.

2 E aconteceu que, como acabaram de comer o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: Voltai, comprai-nos um pouco de alimento.

3 Mas Judá respondeu-lhe, dizendo: Fortemente nos protestou aquele homem, dizendo: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco.

4 Se enviares conosco o nosso irmão, desceremos, e te compraremos alimento;

5 Mas se não o enviares, não desceremos, porquanto aquele homem nos disse: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco.

6 E disse Israel: Por que me fizestes tal mal, fazendo saber àquele homem que tínheis ainda outro irmão?

7 E eles disseram: Aquele homem particularmente nos perguntou por nós, e pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pai? Tendes mais um irmão? E respondemos-lhe conforme as mesmas palavras. Podiamos nós saber que diria: Trazei vosso irmão?

8 Então disse Judá a seu pai Israel: Envia o jovem comigo, e levantar-nos-emos, e iremos, para que vivamos, e não morramos, nem nós, nem tu, nem os nossos pequeninos.

9 Eu serei fiador por ele, da minha mão o requererás; se eu não to trouxer, e não o puser perante a tua face, serei réu de crime para contigo para sempre;

10

E se nós não nos tivéssemos detido, certamente já estaríamos pela segunda vez de volta.

11 Então disse-lhes seu pai Israel: Se assim é, fazei isto: tomai do mais precioso desta terra em vossos vasos, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo, e um pouco de mel, especiarias, e mirra, nozes de pistácia, e amêndoas;

12 E tomai em vossas mãos dinheiro dobrado, e o dinheiro que retornou na boca dos vossos sacos tornai a levar em vossas mãos; bem pode ser que fosse erro;

13 Tomai também vosso irmão, e levantai-vos, e voltai àquele homem;

14 E Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que deixe vir convosco vosso outro irmão e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.

15 E os homens tomaram aquele presente, e tomaram dinheiro dobrado em suas mãos, e Benjamim; e levantaram-se, e desceram ao Egito, e apresentaram-se diante da face de José.

16 E quando José viu Benjamim com eles, disse ao que estava sobre a sua casa: Leva estes homens à casa, e mata reses, e prepara tudo, porque estes homens comerão comigo ao meio-dia.

17 E o homem fez como José dissera, e o homem levou aqueles homens à casa de José.

18 Então temeram aqueles homens, porquanto foram levados à casa de José, e diziam: Por causa do dinheiro que dantes foi devolvido nos nossos sacos fomos trazidos aqui, para nos incriminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, e a nossos jumentos.

19 Por isso chegaram-se ao homem que estava sobre a casa de José, e falaram com ele à porta da casa,

20

E disseram: Ai, senhor meu! Certamente descemos uma primeira vez para comprar mantimento;

21 E aconteceu que, chegando nós à estalagem, e abrindo os nossos sacos, eis que o dinheiro de cada homem estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos.

22 Também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem teria posto o nosso dinheiro nos nossos sacos.

23 E ele disse: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos deu um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou a mim. E trouxe-lhes para fora Simeão.

24 Depois levou o homem aqueles homens à casa de José, e deu-lhes água, e lavaram os seus pés; também deu pasto aos seus jumentos.

25 E prepararam o presente, para quando José chegasse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer pão.

26 Chegando, pois, José à casa, trouxeram-lhe o presente que estava em suas mãos; e inclinaram-se diante dele à terra.

27 E ele lhes perguntou como estavam, e disse: Vosso pai, o ancião de quem falastes, está bem? Ainda vive?

28 E eles disseram: Bem está o teu servo, nosso pai vive ainda. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.

29 E ele levantou os seus olhos, e viu Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: Este é vosso irmão mais novo de quem me falastes? Depois ele disse: Deus te dê a sua graça, meu filho.

30

E José apressou-se, porque as suas entranhas comoveram-se por causa do seu irmão, e procurou onde chorar; e entrou na câmara, e chorou ali.

31 Depois lavou o seu rosto, e saiu; e conteve-se, e disse: Ponde pão.

32 E puseram-lhe à parte, e a eles à parte, e aos egípcios, que comiam com ele, à parte, porque os egípcios não podem comer pão com os hebreus, porquanto é abominação para os egípcios.

33 E assentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si.

34 E apresentou-lhes as porções que estavam diante dele, porém a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que as porções deles todos. E eles beberam, e se regalaram com ele.

Capítulo 44

José toma providências para impedir o regresso dos seus irmãos a Canaã — Judá se oferece em lugar de Benjamim por causa de seu pai.

1

E deu ordem ao que estava sobre a sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos destes homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.

2 E o meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. E ele fez conforme a palavra que José tinha dito.

3 Chegando a luz da manhã, despediram-se os homens, eles com os seus jumentos.

4 Saindo eles da cidade, e não se havendo ainda distanciado, disse José ao que estava sobre a sua casa: Levanta-te, e persegue aqueles homens; e alcançando-os, lhes dirás: Por que pagastes mal por bem?

5 Não é este o copo em que bebe meu senhor? E em que ele de fato adivinha? Fizestes mal no que fizestes.

6 E alcançou-os, e falou-lhes essas mesmas palavras.

7 E eles disseram-lhe: Por que diz meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.

8 Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, te tornamos a trazer desde a terra de Canaã: como pois furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?

9 Aquele de teus servos, com quem for achado, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.

10

E ele disse: Ora, seja também assim conforme as vossas palavras; aquele com quem se achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.

11 E eles apressaram-se, e cada um pôs em terra o seu saco, e cada um abriu o seu saco.

12 E buscou, começando do maior, e acabando no mais novo; e achou-se o copo no saco de Benjamim.

13 Então rasgaram as suas vestes, e carregou cada um o seu jumento, e retornaram à cidade.

14 E foi Judá com os seus irmãos à casa de José, porque ele ainda estava ali; e prostraram-se diante dele na terra.

15 E disse-lhes José: Que é isso que fizestes? Não sabeis vós que tal homem como eu pode muito bem adivinhar?

16 Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E como nos justificaremos? Achou Deus a iniquidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo.

17 Mas ele disse: Longe de mim que eu tal faça; o homem em cuja mão o copo foi achado, aquele será meu servo, porém vós subi em paz para vosso pai.

18 Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai, senhor meu! Deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda a tua ira contra o teu servo, porque tu és como Faraó.

19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?

20

E dissemos a meu senhor: Temos um pai velho, e um filho da sua velhice, o mais novo, cujo irmão está morto; e só ele ficou de sua mãe, e seu pai o ama.

21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-o a mim, para que ponha os meus olhos sobre ele.

22 E nós dissemos a meu senhor: Aquele moço não poderá deixar seu pai; se deixar seu pai, este morrerá.

23 Então tu disseste a teus servos: Se vosso irmão mais novo não descer convosco, nunca mais vereis a minha face.

24 E aconteceu que, subindo nós a teu servo, meu pai, e contando-lhe as palavras de meu senhor,

25 Disse nosso pai: Voltai, comprai-nos um pouco de mantimento.

26 E nós dissemos: Não poderemos descer. Se nosso irmão menor for conosco, desceremos, pois não poderemos ver a face do homem, se esse nosso irmão menor não estiver conosco.

27 Então disse-nos teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;

28 E um me deixou, e eu disse: Certamente foi despedaçado, e não o vi mais até agora;

29 Se agora também tirardes este de diante da minha face, e lhe acontecer alguma desgraça, fareis descer as minhas cãs com dor à sepultura.

30

Agora, pois, indo eu a teu servo, meu pai, e o moço não indo conosco, pois que a sua alma está atada com a alma dele,

31 Acontecerá que, vendo ele que o moço não está conosco, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza à sepultura.

32 Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo: Se eu não to tornar a trazer, serei culpado perante meu pai todos os dias.

33 Agora, pois, fique teu servo em lugar desse moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço com os seus irmãos.

34 Porque como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? Para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.

Capítulo 45

José se dá a conhecer aos seus irmãos — Eles se regozijam juntos — Faraó convida Jacó e sua família a morar no Egito e a comer da fartura da terra.

1

Então José não se pôde conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair de minha presença todos os homens; e ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.

2 E levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviam, e a casa de Faraó o ouviu.

3 E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face.

4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.

5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá, porque para conservação da vida Deus me enviou adiante de vós.

6 Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem ceifa.

7 Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para preservar um remanescente vosso na terra, e para guardar-vos com vida por meio de um grande livramento.

8 Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me pôs por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito.

9 Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim disse o teu filho José: Deus me pôs por senhor em toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;

10

E habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas, e tudo o que tens.

11 E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.

12 E eis que vossos olhos, e os olhos de meu irmão Benjamim o veem, que é minha boca que vos fala.

13 E fazei saber a meu pai toda a minha glória no Egito, e tudo o que vistes, e apressai-vos e fazei descer meu pai para cá.

14 E lançou-se ao pescoço de seu irmão Benjamim, e chorou; e Benjamim chorou também ao seu pescoço.

15 E beijou todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois seus irmãos falaram com ele.

16 E ouviu-se na casa de Faraó a notícia, dizendo: Os irmãos de José vieram; e pareceu bem aos olhos de Faraó, e aos olhos de seus servos.

17 E disse Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, retornai à terra de Canaã,

18 E retornai a vosso pai, e às vossas famílias, e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis a gordura da terra.

19 A ti, pois, é ordenado, fazei isto: tomai vós da terra do Egito carros para vossos pequeninos, para vossas mulheres, e trazei vosso pai, e vinde.

20

E não vos preocupeis com os vossos bens, porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.

21 E os filhos de Israel fizeram assim. E José deu-lhes carros, conforme o mandado de Faraó; também lhes deu provisões para o caminho.

22 A todos lhes deu, a cada um, mudas de roupa; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupa.

23 E a seu pai enviou semelhantemente dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentos carregados de trigo, e pão, e comida para seu pai, para o caminho.

24 E despediu os seus irmãos, e partiram; e disse-lhes: Não contendais pelo caminho.

25 E subiram do Egito, e foram à terra de Canaã, a seu pai Jacó.

26 Então lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e ele também é regente em toda a terra do Egito. E o seu coração esmoreceu, porque não acreditava neles.

27 Porém havendo-lhe eles contado todas as palavras de José, que ele lhes falara, e vendo ele os carros que José enviara para levá-lo, reviveu o espírito de seu pai Jacó.

28 E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei, e o verei antes que eu morra.

Capítulo 46

O Senhor envia Jacó e sua família de setenta almas para o Egito — Os descendentes de Jacó são enumerados — José se encontra com Jacó.

1

E partiu Israel com tudo quanto tinha, e foi a Berseba, e sacrificou sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.

2 E falou Deus a Israel em visões da noite, e disse: Jacó, Jacó! E ele disse: Eis-me aqui.

3 E disse: Eu sou o Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque ali eu farei de ti uma grande nação.

4 Eu descerei contigo ao Egito, e certamente te farei tornar a subir, e José porá a sua mão sobre os teus olhos.

5 Então levantou-se Jacó de Berseba, e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus pequeninos, e suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.

6 E tomaram o seu gado e os seus bens, que tinham adquirido na terra de Canaã, e foram ao Egito, Jacó e toda a sua semente com ele,

7 Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas, e as filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou consigo ao Egito.

8 E estes são os nomes dos filhos de Israel, que foram ao Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó,

9 E os filhos de Rúben: Enoque, e Palu, e Hezrom, e Carmi.

10

E os filhos de Simeão: Jemuel, e Jamim, e Oade, e Jaquim, e Zoar, e Saul, filho de uma mulher cananeia.

11 E os filhos de Levi: Gérson, Coate, e Merari.

12 E os filhos de Judá: Er, e Onã, e Selá, e Perez, e Zerá; Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã; e os filhos de Perez foram Hezron e Hamul.

13 E os filhos de Issacar: Tola, e Puva, e Jó, e Sinrom.

14 E os filhos de Zebulom: Serede, e Elom, e Jaleel.

15 Esses são os filhos de Lia, que deu a Jacó em Padã-Arã, com Diná, sua filha; todas as almas de seus filhos e de suas filhas foram trinta e três.

16 E os filhos de Gade: Zifiom, e Hagi, Suni, e Esbom, Eri, e Arodi, e Areli.

17 E os filhos de Aser: Imna, e Isvá, e Isvi, e Berias, e Será, a irmã deles; e os filhos de Berias: Héber e Malquiel.

18 Esses são os filhos de Zilpa, que Labão deu à sua filha Lia; e deu a Jacó essas dezesseis almas.

19 Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.

20

E nasceram a José na terra do Egito Manassés e Efraim, que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.

21 E os filhos de Benjamim: Belá, e Bequer, e Asbel, Gera, e Naamã, Eí, e Rôs, Mupim, e Hupim, e Arde.

22 Esses são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo quatorze almas.

23 E os filhos de Dã: Husim.

24 E os filhos de Naftali: Jazeel, e Guni, e Jezer, e Silém.

25 Esses são os filhos de Bila, que Labão deu à sua filha Raquel; e deu esses a Jacó; todas as almas foram sete.

26 Todas as almas que foram com Jacó ao Egito, que saíram de seus lombos, sem as mulheres dos filhos de Jacó, todas foram sessenta e seis almas.

27 E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que foram ao Egito, eram setenta.

28 E enviou Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.

29 Então José aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen. E mostrando-se-lhe, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.

30

E Israel disse a José: Morra eu agora, pois já vi o teu rosto, que ainda vives.

31 Depois disse José a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei, e anunciarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos, e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram a mim!

32 E os homens são pastores de ovelhas, porque são homens de gado, e trouxeram consigo as suas ovelhas, e as suas vacas, e tudo o que têm.

33 Quando, pois, acontecer que Faraó vos chamar, e disser: Qual é vosso trabalho?

34 Então direis: Teus servos foram homens de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como os nossos pais; para que habitemos na terra de Gósen, porque todo pastor de ovelhas é abominação aos egípcios.

Capítulo 47

Os israelitas se estabelecem em Gósen — Jacó abençoa Faraó — José vende trigo aos egípcios — Faraó recebe o gado e as terras dos egípcios — Jacó deseja ser sepultado com seus pais em Canaã.

1

Então foi José, e anunciou a Faraó, e disse: Meu pai, e os meus irmãos, e as suas ovelhas, e as suas vacas, com tudo o que têm, vieram da terra de Canaã, e eis que estão na terra de Gósen.

2 E tomou alguns de seus irmãos, a saber cinco homens, e os pôs diante de Faraó.

3 Então disse Faraó a seus irmãos: Qual é vosso trabalho? E eles disseram a Faraó: Teus servos são pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.

4 Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra, porque não há pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te que teus servos habitem na terra de Gósen.

5 Então falou Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;

6 A terra do Egito está diante da tua face, no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na terra de Gósen; e se sabes que entre eles há homens capazes, tu os porás por maiorais do gado, sobre o que eu tenho.

7 E José levou seu pai Jacó, e o pôs diante de Faraó; e Jacó abençoou Faraó.

8 E Faraó disse a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?

9 E Jacó disse a Faraó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais, nos dias das suas peregrinações.

10

E Jacó abençoou Faraó, e saiu de diante da face de Faraó.

11 E José fez habitar seu pai e seus irmãos, e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.

12 E José sustentou com pão seu pai, e seus irmãos, e toda a casa de seu pai, segundo os seus filhos.

13 E não havia pão em toda a terra, porque a fome era muito grave; de maneira que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.

14 Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e José levou o dinheiro à casa de Faraó.

15 Acabando-se, pois, o dinheiro da terra do Egito, e da terra de Canaã, foram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos em tua presença? Porquanto o dinheiro nos falta.

16 E José disse: Dai o vosso gado, e eu vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.

17 Então levaram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca de cavalos, e do rebanho das ovelhas, e do rebanho das vacas, e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano por todo o seu gado.

18 E acabado aquele ano, foram a ele no segundo ano, e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o dinheiro acabou, e meu senhor possui os animais, e nenhuma outra coisa nos ficou diante da face de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;

19 Por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e à nossa terra por pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó, e dá-nos semente para que vivamos, e não morramos, e a terra não se desole.

20

Assim, José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre eles; e a terra ficou sendo de Faraó.

21 E quanto ao povo, fê-lo passar às cidades, desde uma extremidade da terra do Egito até a outra extremidade.

22 Somente a terra dos sacerdotes não comprou, porquanto os sacerdotes tinham uma ração dada por Faraó, e eles comiam a sua ração que Faraó lhes dava; por isso não venderam a sua terra.

23 Então disse José ao povo: Eis que hoje vos comprei a vós e à vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra.

24 Há de ser, porém, que das colheitas dareis o quinto a Faraó, e quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento, e dos que estão nas vossas casas, e para que vossos pequeninos comam.

25 E disseram: A vida nos deste; achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.

26 José, pois, estabeleceu isso por estatuto até o dia de hoje, sobre a terra do Egito, que Faraó tirasse o quinto; só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.

27 Assim, habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito.

28 E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.

29 Chegando, pois, o tempo da morte de Israel, ele chamou seu filho José, e disse-lhe: Se agora achei graça aos teus olhos, rogo-te que ponhas a tua mão debaixo da minha coxa, e usa comigo de benevolência e verdade; rogo-te que não me enterres no Egito,

30

Mas que eu jaza com os meus pais; por isso me levarás do Egito, e me sepultarás na sepultura deles. E ele disse: Farei conforme a tua palavra.

31 E disse ele: Jura-me. E ele jurou-lhe; e Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.

Capítulo 48

Jacó narra a aparição de Deus a ele em Luz — Adota Efraim e Manassés como seus próprios filhos — Jacó abençoa José — Põe Efraim adiante de Manassés — A semente de Efraim se tornará uma multidão de nações — Os filhos de Israel regressarão à terra de seus pais.

1

E aconteceu, depois dessas coisas, que alguém disse a José: Eis que teu pai está enfermo. Então tomou consigo os seus dois filhos, Manassés e Efraim.

2 E alguém anunciou a Jacó, e disse: Eis que teu filho José vem a ti. E esforçou-se Israel, e sentou-se na cama.

3 E Jacó disse a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,

4 E me disse: Eis que te farei frutificar e multiplicar, e farei de ti uma multidão de povos, e darei esta terra à tua semente depois de ti, em possessão perpétua.

5 Agora, pois, os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;

6 Mas a tua descendência, que gerarás depois deles, será tua; segundo o nome de seus irmãos serão chamados na sua herança.

7 Vindo, pois, eu de Padã, morreu-me Raquel na terra de Canaã, no caminho, quando ainda faltava uma pequena distância para chegar a Efrata; e eu a sepultei ali, no caminho de Efrata, que é Belém.

8 E Israel viu os filhos de José, e disse: Quem são estes?

9 E José disse a seu pai: Eles são meus filhos, que Deus me deu aqui. E ele disse: Peço-te, traze-mos aqui, para que os abençoe.

10

Porém os olhos de Israel estavam carregados de velhice, já não podia ver; e fê-los chegar a ele, e beijou-os, e abraçou-os.

11 E Israel disse a José: Eu não pensara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver a tua semente também.

12 Então José os tirou de seus joelhos, e inclinou-se à terra diante da sua face.

13 E tomou José ambos, Efraim na sua mão direita à esquerda de Israel, e Manassés na sua mão esquerda à direita de Israel, e fê-los chegar a ele.

14 Mas Israel estendeu a sua mão direita, e a pôs sobre a cabeça de Efraim, ainda que fosse o menor, e a sua esquerda sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as suas mãos propositadamente, ainda que Manassés fosse o primogênito.

15 E abençoou José, e disse: O Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia,

16 O anjo que me redimiu de todo o mal abençoe estes rapazes, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque, e multipliquem-se em multidão no meio da terra.

17 Vendo, pois, José que seu pai punha a sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; e tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manassés.

18 E José disse a seu pai: Assim não, meu pai, porque este é o primogênito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça.

19 Mas seu pai o recusou, e disse: Eu sei, filho meu, eu sei; também ele será um povo, e também ele será grande, contudo o seu irmão menor será maior que ele, e a sua semente será uma multidão de nações.

20

Assim, ele os abençoou naquele dia, dizendo: Em ti abençoará Israel, dizendo: Deus te faça como Efraim e como Manassés. E pôs Efraim adiante de Manassés.

21 Depois disse Israel a José: Eis que eu morro, mas Deus será convosco, e vos fará retornar à terra de vossos pais.

22 E eu te dei um pedaço da terra a mais do que a teus irmãos, que tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorreus.

Capítulo 49

Jacó abençoa seus filhos e a semente deles — Rúben, Simeão e Levi são castigados — Judá governará até que venha Siló (Cristo) — José é um ramo frutífero junto à fonte — Seus ramos (os nefitas e os lamanitas) se estenderão sobre o muro — O Pastor e a Pedra de Israel (Cristo) abençoará José temporal e espiritualmente — Jacó exige ser sepultado com seus pais em Canaã — Jacó morre e é reunido a seus pais.

1

Depois Jacó chamou seus filhos, e disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos últimos dias.

2 Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; e ouvi vosso pai Israel:

3 Rúben, tu és meu primogênito, minha força, e o princípio de meu vigor, o mais excelente em altivez, e o mais excelente em poder.

4 Impetuoso como a água, não serás o mais excelente, porquanto subiste ao leito de teu pai. Então o desonraste; subiu à minha cama.

5 Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.

6 No seu secreto conselho não entre minha alma, com a sua congregação minha glória não se ajunte, porque no seu furor mataram homens, e na sua obstinação arrebataram bois.

7 Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; eu os dividirei em Jacó, e os espalharei em Israel.

8 Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão.

9 Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará?

10

O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.

11 Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará o seu vestido no vinho, e a sua capa, em sangue de uvas.

12 Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.

13 Zebulom habitará no porto dos mares, e será porto dos navios, e o seu termo se estenderá até Sidom.

14 Issacar é jumento de fortes ossos, deitado entre dois fardos.

15 E viu ele que o descanso era bom, e que a terra era deleitosa, e abaixou seu ombro à carga, e serviu debaixo de tributo.

16 Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.

17 Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro para trás.

18 A tua salvação espero, ó Senhor!

19 Quanto a Gade, uma tropa o acometerá, mas ele a acometerá por fim.

20

De Aser, o seu pão será gordo, e ele dará delícias reais.

21 Naftali é uma corça solta; ele dá palavras formosas.

22 José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus ramos correm sobre o muro.

23 Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e o odiaram.

24 O seu arco, porém, permaneceu firme, e os braços de suas mãos foram fortalecidos pelas mãos do Valente de Jacó (de onde é o pastor e a pedra de Israel).

25 Pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com bênçãos dos céus acima, com bênçãos do abismo que está abaixo, com bênçãos dos seios e da madre.

26 As bênçãos de teu pai excederão as bênçãos de meus pais, até a extremidade dos outeiros eternos; elas estarão sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do que foi separado dentre seus irmãos.

27 Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã comerá a presa, e à tarde repartirá o despojo.

28 Todas essas são as doze tribos de Israel; e isso é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção.

29 Depois ordenou-lhes, e disse-lhes: Eu me congrego ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,

30

Na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, a qual Abraão comprou com aquele campo de Efrom, o heteu, por herança de sepultura.

31 Ali sepultaram Abraão e Sara, sua mulher; ali sepultaram Isaque e Rebeca, sua mulher; e ali eu sepultei Lia.

32 O campo e a cova que está nele foram comprados dos filhos de Hete.

33 Acabando, pois, Jacó de dar mandamentos a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo.

Capítulo 50

O corpo de Jacó é embalsamado — José o sepulta em Canaã — José consola seus irmãos — Os filhos de Israel se multiplicam — José promete que Deus tirará Israel do Egito e o levará para Canaã — José morre no Egito e é embalsamado.

1

Então José se lançou sobre o rosto de seu pai; e chorou sobre ele, e o beijou.

2 E José ordenou aos seus servos, os médicos, que embalsamassem seu pai; e os médicos embalsamaram Israel.

3 E cumpriram-se-lhe quarenta dias, porque assim se cumprem os dias daqueles que se embalsamam; e os egípcios o choraram setenta dias.

4 Passados, pois, os dias de seu choro, falou José à casa de Faraó, dizendo: Se agora achei graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:

5 Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, te peço que eu suba, para que sepulte meu pai; então voltarei.

6 E Faraó disse: Sobe e sepulta teu pai como ele te fez jurar.

7 E José subiu para sepultar seu pai; e subiram com ele todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,

8 Como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, e as suas ovelhas, e as suas vacas.

9 E subiram também com ele, tanto carros como gente a cavalo; e o cortejo foi grandíssimo.

10

Chegando eles, pois, à eira de Atade, que está além do Jordão, choraram um grande e doloroso pranto; e ele guardou luto por seu pai por sete dias.

11 E vendo os moradores da terra, os cananeus, o luto na eira de Atade, disseram: Este é um grande luto para os egípcios. Por isso chamou-se o seu nome Abel-Mizraim, que está além do Jordão.

12 E fizeram-lhe os seus filhos assim como ele lhes ordenara,

13 Pois os seus filhos o levaram à terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, por herança de sepultura, de Efrom, o heteu, em frente de Manre.

14 E retornou José para o Egito, ele e seus irmãos, e todos os que com ele subiram para sepultar seu pai, depois de haver sepultado seu pai.

15 Vendo então os irmãos de José que seu pai estava morto, disseram: José porventura nos odiará, e certamente nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.

16 Portanto, mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo:

17 Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.

18 Depois vieram também seus irmãos, e prostraram-se diante dele, e disseram: Eis-nos aqui como teus servos.

19 E José lhes disse: Não temais, porque porventura estou eu em lugar de Deus?

20

Vós intentastes mal contra mim, porém Deus o intentou para bem, para fazer como está neste dia, para conservar a vida de um povo numeroso.

21 Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos pequeninos. Assim os consolou, e falou ao coração deles.

22 José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu José cento e dez anos.

23 E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.

24 E disse José a seus irmãos: Eu morro, mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra à terra que jurou a Abraão, a Isaque, e a Jacó.

25 E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos daqui.

26 E morreu José com a idade de cento e dez anos; e o embalsamaram, e o puseram num caixão no Egito.

O Segundo Livro de Moisés
Chamado
Êxodo

Capítulo 1

Os filhos de Israel se multiplicam — Eles são submetidos à servidão pelos egípcios — Faraó procura destruir os filhos homens nascidos de mulheres hebreias.

1

Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com Jacó; cada um entrou com sua família:

2 Rúben, Simeão, Levi, e Judá;

3 Issacar, Zebulom, e Benjamim;

4 Dã e Naftali, Gade e Aser.

5 Todas as almas, pois, que procederam dos lombos de Jacó, foram setenta almas; José, porém, estava no Egito.

6 Havendo, pois, José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração,

7 Os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles.

8 Depois levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera José;

9 O qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso, e mais poderoso do que nós.

10

Vinde, usemos de sabedoria para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, havendo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e saia desta terra.

11 E puseram sobre eles feitores, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram para Faraó cidades-celeiro, Pitom e Ramessés.

12 Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se atemorizavam por causa dos filhos de Israel.

13 E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza;

14 Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro, e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os faziam servir com dureza.

15 E o rei do Egito falou às parteiras das hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o nome da outra Puá),

16 E disse: Quando ajudardes as hebreias a dar à luz, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva.

17 As parteiras, porém, temeram a Deus, e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida.

18 Então o rei do Egito chamou as parteiras, e disse-lhes: Por que fizestes isso, conservando os meninos com vida?

19 E as parteiras disseram a Faraó: Porquanto as mulheres hebreias não são como as egípcias, porque são vigorosas, e já deram à luz antes que a parteira venha a elas.

20

Portanto, Deus fez bem às parteiras. E o povo aumentou, e se fortaleceu muito.

21 E aconteceu que, porquanto as parteiras temeram a Deus, ele estabeleceu-lhes casas.

22 Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: Todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas todas as filhas guardareis com vida.

Capítulo 2

Moisés nasce de pais levitas; é criado pela filha de Faraó; mata um egípcio em defesa de um israelita; foge para Midiã; casa-se com Zípora — Israel em servidão clama ao Senhor.

1

E foi um homem da casa de Levi, e casou com uma filha de Levi.

2 E a mulher concebeu, e deu à luz um filho, e vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses.

3 Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou um cesto de juncos, e o betumou com betume e breu; e pondo nele o menino, o pôs nos juncos à borda do rio.

4 E sua irmã parou de longe, para saber o que lhe havia de acontecer.

5 E a filha de Faraó desceu para banhar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do rio; e ela viu o cesto no meio dos juncos, e enviou a sua criada, que o tomou.

6 E abrindo-o, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele, e disse: Dos meninos dos hebreus é este.

7 Então disse sua irmã à filha de Faraó: Devo eu chamar uma ama das hebreias, que crie este menino para ti?

8 E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi a moça, e chamou a mãe do menino.

9 Então lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino, e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino, e criou-o.

10

E sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou o seu nome Moisés, e disse: Porque das águas o tirei.

11 E aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos, e atentou para as suas cargas; e viu que um homem egípcio feria um hebreu, um de seus irmãos.

12 E olhou para um e para outro lado, e vendo que ninguém ali havia, matou o egípcio, e escondeu-o na areia.

13 E tornou a sair no dia seguinte, e eis que dois homens hebreus contendiam; e disse ao agressor: Por que feres teu próximo?

14 O qual disse: Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio? Então temeu Moisés, e disse: Certamente isso foi descoberto.

15 Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar Moisés, mas Moisés fugiu de diante da face de Faraó, e habitou na terra de Midiã, e assentou-se junto a um poço.

16 E o sacerdote de Midiã tinha sete filhas, as quais foram tirar água, e encheram os bebedouros, para dar de beber ao rebanho de seu pai.

17 Então chegaram os pastores, e expulsaram-nas dali; Moisés, porém, levantou-se, e defendeu-as, e deu de beber ao seu rebanho.

18 E indo elas a Reuel, seu pai, ele disse: Por que hoje retornastes tão depressa?

19 E elas disseram: Um homem egípcio nos livrou da mão dos pastores; e também nos tirou água em abundância, e deu de beber ao rebanho.

20

E disse a suas filhas: E onde está ele? Por que deixastes o homem? Chamai-o para que coma pão.

21 E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Zípora,

22 A qual deu à luz um filho, e ele chamou o seu nome Gérson, porque disse: Peregrino fui em terra estranha.

23 E aconteceu que, depois de muitos dias, morrendo o rei do Egito, os filhos de Israel gemeram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão.

24 E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus do seu convênio com Abraão, com Isaque, e com Jacó;

25 E olhou Deus para os filhos de Israel, e atentou Deus para a sua condição.

Capítulo 3

O Senhor aparece a Moisés na sarça ardente — Moisés é chamado para livrar Israel da servidão — O Senhor se identifica como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e como o Grande Eu Sou — Ele promete ferir o Egito e tirar Seu povo de lá com grande riqueza.

1

E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e foi ao monte de Deus, a Horebe.

2 E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo, do meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.

3 E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima.

4 E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. E ele disse: Eis-me aqui.

5 E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é terra santa.

6 Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.

7 E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus capatazes, porque conheço as suas dores.

8 Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu.

9 E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem.

10

Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito.

11 Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, para que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?

12 E Deus disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.

13 Então disse Moisés a Deus: Eis que, quando for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós, e eles me disserem: Qual é o seu nome? que lhes direi?

14 E disse Deus a Moisés: Eu Sou O Que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós.

15 E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.

16 Vai, e ajunta os anciãos de Israel, e dize-lhes: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado, e visto o que vos é feito no Egito.

17 Portanto, eu disse: Far-vos-ei subir da aflição do Egito à terra do cananeu, do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu, a uma terra que mana leite e mel.

18 E ouvirão a tua voz; e irás, tu com os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e dir-lhe-eis: O Senhor, o Deus dos hebreus, nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus.

19 Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por mão forte.

20

Porque eu estenderei a minha mão, e ferirei o Egito com todas as minhas maravilhas que farei no meio dele; depois vos deixará ir.

21 E eu darei graça a este povo aos olhos dos egípcios; e acontecerá que, quando sairdes, não saireis de mãos vazias,

22 Porque cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspede objetos de prata, e objetos de ouro, e vestimentas, os quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios.

Capítulo 4

O Senhor dá sinais a Moisés — Aarão é escolhido como porta-voz — Israel é o primogênito do Senhor e precisa ser libertado para servi-Lo — O filho de Moisés é circuncidado — Moisés e Aarão lideram Israel em adoração.

1

Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não crerão em mim, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu.

2 E o Senhor disse-lhe: Que é isso na tua mão? E ele disse: Uma vara.

3 E ele disse: Lança-a na terra. Ele a lançou na terra, e tornou-se em cobra; e Moisés fugia dela.

4 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão, e pega-lhe pela cauda. E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na sua mão,

5 Para que creiam que te apareceu o Senhor, Deus de seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.

6 E disse-lhe mais o Senhor: Põe agora a tua mão no teu peito. E tirando-a, eis que a sua mão estava leprosa, branca como a neve.

7 E disse: Torna a pôr a tua mão no teu peito. E tornou a pôr sua mão no seu peito; depois tirou-a do seu peito, e eis que se tornara como o restante da sua carne.

8 E acontecerá que, se eles não crerem em ti, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão na voz do derradeiro sinal;

9 E se acontecer que ainda não crerem nesses dois sinais, nem ouvirem a tua voz, tomarás das águas do rio, e as derramarás na terra seca; e as águas, que tomarás do rio, tornar-se-ão em sangue sobre a terra seca.

10

Então disse Moisés ao Senhor: Ah, Senhor! Eu não sou homem que bem fala, nem de ontem, nem de anteontem, nem ainda desde que falaste ao teu servo; porque sou pesado de boca, e pesado de língua.

11 E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?

12 Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hás de falar.

13 Ele porém disse: Ah, Senhor! Envia pela mão daquele a quem tu hás de enviar.

14 Então se acendeu a ira do Senhor contra Moisés, e disse: Não é Aarão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele fala muito bem; e eis que ele sai ao teu encontro; e vendo-te, se alegrará em seu coração.

15 E tu lhe falarás, e porás as palavras na sua boca; e eu serei com a tua boca, e com a sua boca, ensinando-vos o que haveis de fazer.

16 E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus.

17 Toma, pois, esta vara na tua mão, com que farás os sinais.

18 Então foi Moisés, e voltou para Jetro, seu sogro, e disse-lhe: Eu irei agora, e retornarei a meus irmãos, que estão no Egito, para ver se ainda vivem. Disse, pois, Jetro a Moisés: Vai em paz.

19 Disse também o Senhor a Moisés em Midiã: Vai, volta para o Egito, porque todos os que buscavam tirar-te a vida morreram.

20

Tomou, pois, Moisés sua mulher e seus filhos, e os levou sobre um jumento, e retornou à terra do Egito; e Moisés tomou a vara de Deus na sua mão.

21 E disse o Senhor a Moisés: Quando retornares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que pus na tua mão, mas eu endurecerei o seu coração, para que não deixe ir o povo.

22 Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.

23 E eu te disse: Deixa ir o meu filho, para que me sirva; mas tu recusaste deixá-lo ir; eis que eu matarei o teu filho, o teu primogênito.

24 E aconteceu no caminho, na estalagem, que o Senhor o encontrou, e o quis matar.

25 Então Zípora tomou uma pedra afiada, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e o lançou a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinário.

26 Assim, ele o deixou ir. Então ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão.

27 Disse também o Senhor a Aarão: Vai ao deserto, ao encontro de Moisés. E ele foi, e encontrou-o no monte de Deus, e beijou-o.

28 E relatou Moisés a Aarão todas as palavras do Senhor, que o enviara, e todos os sinais que lhe mandara realizar.

29 Então foram Moisés e Aarão, e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de Israel.

30

E Aarão falou todas as palavras que o Senhor falara a Moisés, e fez os sinais perante os olhos do povo,

31 E o povo creu, e ouviram que o Senhor havia visitado os filhos de Israel, e que vira a sua aflição; e inclinaram-se, e adoraram.

Capítulo 5

Moisés e Aarão pedem a Faraó que liberte Israel — Faraó responde: Quem é o Senhor? — Faraó impõe cargas ainda maiores aos filhos de Israel.

1

E depois foram Moisés e Aarão, e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto.

2 Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel.

3 E eles disseram: O Deus dos hebreus nos encontrou; portanto, deixa-nos agora ir, caminho de três dias ao deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus, e ele não venha sobre nós com pestilência, ou com espada.

4 Então disse-lhes o rei do Egito: Moisés e Aarão, por que fazeis cessar o povo das suas obras? Ide às vossas cargas.

5 E disse também Faraó: Eis que o povo da terra já é muito, e vós fazeis cessá-los das suas cargas.

6 Portanto, deu ordem Faraó naquele mesmo dia aos capatazes do povo, e aos seus oficiais, dizendo:

7 Daqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos, como dantes fizestes; vão eles mesmos, e colham palhas para si.

8 E lhes imporeis a mesma quantidade de tijolos que dantes fizeram; nada diminuireis dela, porque eles estão ociosos; por isso clamam, dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus.

9 Agrave-se o serviço sobre estes homens, para que se ocupem nele, e não confiem em palavras de mentira.

10

Então saíram os capatazes do povo, e seus oficiais, e falaram ao povo, dizendo: Assim diz Faraó: Eu não vos darei palha;

11 Ide vós mesmos, e tomai vós palha de onde a achardes, porque nada se diminuirá de vosso serviço.

12 Então o povo se espalhou por toda a terra do Egito, a colher restolho em lugar de palha.

13 E os capatazes os apressavam, dizendo: Acabai vossa obra, a tarefa de cada dia, como quando havia palha.

14 E foram açoitados os oficiais dos filhos de Israel, que os capatazes de Faraó tinham posto sobre eles, dizendo estes: Por que não acabastes nem ontem nem hoje vossa tarefa, fazendo tijolos como antes?

15 Pelo que foram os oficiais dos filhos de Israel, e clamaram a Faraó, dizendo: Por que fazes assim a teus servos?

16 Palha não se dá a teus servos, e nos dizem: Fazei tijolos; e eis que teus servos são açoitados, porém o teu povo tem a culpa.

17 Mas ele disse: Vós sois ociosos; vós sois ociosos; por isso dizeis: Vamos, sacrifiquemos ao Senhor.

18 Ide, pois, agora, trabalhai; palha, porém, não se vos dará, contudo, entregareis a mesma quantidade de tijolos.

19 Então os oficiais dos filhos de Israel viram-se em aflição, porquanto se dizia: Nada diminuireis de vossos tijolos, da tarefa diária de cada dia.

20

E encontraram Moisés e Aarão, que estavam defronte deles, quando saíram da presença de Faraó,

21 E disseram-lhes: O Senhor atente sobre vós, e julgue isso, porquanto fizeste a nossa reputação repugnante diante de Faraó, e diante de seus servos, dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar.

22 Então, voltou-se Moisés ao Senhor, e disse: Senhor! Por que fizeste mal a este povo? Por que me enviaste?

23 Porque desde que me apresentei a Faraó, para falar em teu nome, ele maltratou este povo; e de nenhuma forma livraste o teu povo.

Capítulo 6

O Senhor se identifica como Jeová — Os descendentes de Rúben, de Simeão, e de Levi são enumerados.

1

Então disse o Senhor a Moisés: Agora verás o que hei de fazer a Faraó, porque por mão poderosa ele os deixará ir, sim, por mão poderosa os expulsará de sua terra.

2 Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o Senhor.

3 E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso, mas pelo meu nome, Jeová, não lhes fui perfeitamente conhecido.

4 E também estabeleci o meu convênio com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra de suas peregrinações, na qual foram peregrinos.

5 E também ouvi o gemido dos filhos de Israel, os quais os egípcios fazem servir, e me lembrei do meu convênio.

6 Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei de sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos.

7 E eu vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas dos egípcios;

8 E eu vos levarei à terra, acerca da qual levantei minha mão em juramento de que a daria a Abraão, a Isaque, e a Jacó, e vo-la darei por herança, eu o Senhor.

9 Desse modo falou Moisés aos filhos de Israel, mas eles não ouviram Moisés, por causa da angústia do espírito e da dura servidão.

10

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

11 Entra, e fala a Faraó, rei do Egito, que deixe sair os filhos de Israel da sua terra.

12 Moisés, porém, falou perante o Senhor, dizendo: Eis que os filhos de Israel não me ouviram; como, pois, Faraó me ouvirá? Também eu sou incircunciso de lábios.

13 Todavia o Senhor falou a Moisés e a Aarão, e deu-lhes mandamento para os filhos de Israel, e para Faraó, rei do Egito, para que tirassem os filhos de Israel da terra do Egito.

14 Estes são os cabeças das casas de seus pais: Os filhos de Rúben, o primogênito de Israel: Enoque e Palu, Hezrom e Carmi; essas são as famílias de Rúben.

15 E os filhos de Simeão: Jemuel, e Jamim, e Oade, e Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma cananeia; essas são as famílias de Simeão.

16 E estes são os nomes dos filhos de Levi, segundo as suas gerações: Gérson, Coate e Merari; e os anos da vida de Levi foram cento e trinta e sete anos.

17 Os filhos de Gérson: Libni e Simei, segundo as suas famílias;

18 E os filhos de Coate: Anrão, Izar, Hebrom e Uziel; e os anos da vida de Coate foram cento e trinta e três anos.

19 E os filhos de Merari: Mali e Musi; essas são as famílias de Levi, segundo as suas gerações.

20

E Anrão tomou por mulher Joquebede, sua tia, e ela deu-lhe Aarão e Moisés; e os anos da vida de Anrão foram cento e trinta e sete anos.

21 E os filhos de Izar: Corá, Nefegue e Zicri.

22 E os filhos de Uziel: Misael, Elzafã e Sitri.

23 E Aarão tomou por mulher Eliseba, filha de Aminadabe, irmã de Naassom; e ela deu-lhe Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.

24 E os filhos de Corá: Assir, Elcana e Abiasafe; essas são as famílias dos coraítas.

25 E Eleazar, filho de Aarão, tomou para si por mulher uma das filhas de Putiel, e ela deu-lhe Fineias; esses são os cabeças dos pais dos levitas, segundo as suas famílias.

26 Estes são Aarão e Moisés, aos quais o Senhor disse: Tirai os filhos de Israel da terra do Egito, segundo os seus exércitos.

27 Estes são os que falaram a Faraó, rei do Egito, para tirar do Egito os filhos de Israel; estes são Moisés e Aarão.

28 E aconteceu que naquele dia, quando o Senhor falou a Moisés na terra do Egito,

29 Falou o Senhor a Moisés, dizendo: Eu sou o Senhor; fala a Faraó, rei do Egito, tudo quanto eu te digo.

30

Então disse Moisés perante o Senhor: Eis que eu sou de lábios incircuncisos; e como, pois, Faraó me ouvirá?

Capítulo 7

Moisés é encarregado de levar a palavra do Senhor a Faraó — O Senhor multiplicará os sinais e maravilhas no Egito — A vara de Aarão se transforma em serpente — O rio se torna em sangue — Os magos imitam os milagres de Moisés e Aarão.

1

Então disse o Senhor a Moisés: Eis que te pus por deus sobre Faraó, e Aarão, teu irmão, será o teu profeta.

2 Tu falarás tudo o que eu te mandar; e Aarão, teu irmão, falará a Faraó, para que deixe ir os filhos de Israel da sua terra.

3 E eu endurecerei o coração de Faraó, e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas.

4 Faraó, pois, não vos ouvirá; e eu porei a minha mão sobre o Egito, e tirarei os meus exércitos, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito, com grandes juízos.

5 Então os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando estender a minha mão sobre o Egito, e tirar os filhos de Israel do meio deles.

6 Assim fizeram Moisés e Aarão; como o Senhor lhes ordenara, assim fizeram.

7 E Moisés era da idade de oitenta anos, e Aarão da idade de oitenta e três anos, quando falaram a Faraó.

8 E o Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo:

9 Quando Faraó vos falar, dizendo: Fazei por vós algum milagre; dirás a Aarão: Toma a tua vara, e lança-a diante de Faraó; e se tornará em serpente.

10

Então Moisés e Aarão foram a Faraó, e fizeram assim como o Senhor ordenara; e lançou Aarão a sua vara diante de Faraó, e diante dos seus servos, e tornou-se em serpente.

11 E Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus encantamentos,

12 Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes; mas a vara de Aarão tragou as varas deles.

13 E o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.

14 Então disse o Senhor a Moisés: O coração de Faraó está endurecido, recusa deixar ir o povo.

15 Vai pela manhã a Faraó; eis que ele sairá às águas; põe-te em frente dele na praia do rio, e tomarás em tua mão a vara que se tornou em cobra.

16 E lhe dirás: O Senhor, o Deus dos hebreus, me enviou a ti, dizendo: Deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto; porém eis que até agora não ouviste.

17 Assim diz o Senhor: Nisto saberás que eu sou o Senhor: Eis que eu com esta vara, que tenho em minha mão, ferirei as águas que estão no rio, e tornar-se-ão em sangue.

18 E os peixes, que estão no rio, morrerão, e o rio federá; e os egípcios nausear-se-ão, bebendo a água do rio.

19 Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Aarão: Toma a tua vara, e estende a tua mão sobre as águas do Egito, sobre as suas correntes, sobre os seus rios, e sobre os seus tanques, e sobre todo o ajuntamento das suas águas, para que se tornem em sangue; e haja sangue em toda a terra do Egito, assim nos vasos de madeira como nos de pedra.

20

E Moisés e Aarão fizeram assim como o Senhor tinha mandado; e ele levantou a vara, e feriu as águas que estavam no rio, diante dos olhos de Faraó, e diante dos olhos de seus servos; e todas as águas do rio se tornaram em sangue.

21 E os peixes, que estavam no rio, morreram, e o rio fedeu, e os egípcios não podiam beber a água do rio; e houve sangue por toda a terra do Egito.

22 Porém os magos do Egito também fizeram o mesmo com os seus encantamentos; de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.

23 E virou-se Faraó, e foi para sua casa; nem ainda nisso pôs seu coração.

24 E todos os egípcios cavaram poços junto ao rio, para beberem água, porquanto não podiam beber das águas do rio.

25 Assim, se cumpriram sete dias, depois que o Senhor ferira o rio.

Capítulo 8

O Senhor envia pragas de rãs, de piolhos e de moscas sobre o Egito — Faraó endurece o coração.

1

Depois disse o Senhor a Moisés: Vai a Faraó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

2 E se recusares deixá-lo ir, eis que ferirei com rãs todos os teus termos.

3 E o rio criará rãs, que subirão e virão à tua casa, e ao teu dormitório, e sobre a tua cama, e às casas dos teus servos, e sobre o teu povo, e aos teus fornos, e às tuas amassadeiras.

4 E as rãs subirão sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre todos os teus servos.

5 Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Aarão: Estende a tua mão com tua vara sobre as correntes, e sobre os rios, e sobre os tanques, e faze subir rãs sobre a terra do Egito.

6 E Aarão estendeu a sua mão sobre as águas do Egito, e subiram as rãs, e cobriram a terra do Egito.

7 Então os magos fizeram o mesmo com os seus encantamentos; e fizeram subir rãs sobre a terra do Egito.

8 E Faraó chamou Moisés e Aarão, e disse: Rogai ao Senhor que tire as rãs de mim e do meu povo; depois deixarei ir o povo, para que sacrifiquem ao Senhor.

9 E Moisés disse a Faraó: Digna-te dizer-me: Quando orarei por ti, e pelos teus servos, e por teu povo, para tirar as rãs de ti, e das suas casas, para que somente fiquem no rio?

10

E ele disse: Amanhã. E Moisés disse: Seja conforme a tua palavra, para que saibas que ninguém como o Senhor nosso Deus.

11 E as rãs apartar-se-ão de ti, e das tuas casas, e dos teus servos, e do teu povo; somente ficarão no rio.

12 Então saíram Moisés e Aarão da presença de Faraó; e Moisés clamou ao Senhor por causa das rãs que tinha posto sobre Faraó.

13 E o Senhor fez conforme a palavra de Moisés; e as rãs morreram nas casas, nos pátios, e nos campos,

14 E ajuntaram-nas em montões, e a terra fedeu.

15 Vendo, pois, Faraó que houve alívio, endureceu o seu coração, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.

16 Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Aarão: Estende a tua vara, e fere o pó da terra, para que se torne em piolhos por toda a terra do Egito.

17 E fizeram assim, porque Aarão estendeu a sua mão com a sua vara, e feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e no gado; todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egito.

18 E os magos fizeram também assim com os seus encantamentos para produzir piolhos, mas não puderam; e havia piolhos nos homens e no gado.

19 Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o Senhor tinha dito.

20

Disse mais o Senhor a Moisés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te diante de Faraó; eis que ele sairá às águas, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

21 Porque se não deixares ir o meu povo, eis que enviarei enxames de moscas sobre ti, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, e às tuas casas; e as casas dos egípcios se encherão desses enxames, e também a terra em que eles estiverem.

22 E naquele dia eu separarei a terra de Gósen, em que meu povo habita, para que nela não haja enxames de moscas, para que saibas que eu sou o Senhor no meio desta terra.

23 E porei separação entre o meu povo e o teu povo; amanhã se dará esse sinal.

24 E o Senhor fez assim; e vieram grandes enxames de moscas à casa de Faraó, e às casas dos seus servos, e sobre toda a terra do Egito; a terra foi corrompida por causa desses enxames.

25 Então Faraó chamou Moisés e Aarão, e disse: Ide, e sacrificai ao vosso Deus nesta terra.

26 E Moisés disse: Não convém que façamos assim, porque sacrificaríamos ao Senhor nosso Deus a abominação dos egípcios; eis que se sacrificássemos a abominação dos egípcios perante os seus olhos, não nos apedrejariam eles?

27 Deixa-nos ir, caminho de três dias ao deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus, como ele nos dirá.

28 Então disse Faraó: Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao Senhor vosso Deus no deserto; somente que, indo, não vades longe; orai também por mim.

29 E Moisés disse: Eis que saio da tua presença, e orarei ao Senhor para que estes enxames de moscas se retirem amanhã de Faraó, dos seus servos, e do seu povo; somente que Faraó não mais me engane, não deixando ir este povo para sacrificar ao Senhor.

30

Então saiu Moisés da presença de Faraó, e orou ao Senhor,

31 E fez o Senhor conforme a palavra de Moisés, e os enxames de moscas se retiraram de Faraó, dos seus servos, e do seu povo; não ficou uma só.

32 Mas endureceu Faraó ainda esta vez seu coração, e não deixou ir o povo.

Capítulo 9

O Senhor destrói o gado dos egípcios, mas não o dos israelitas — Uma praga de sarna e úlceras é enviada sobre os egípcios — O Senhor envia saraiva e fogo sobre o povo de Faraó, mas não sobre o povo de Israel.

1

Depois o Senhor disse a Moisés: Vai a Faraó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

2 Porque se recusares deixá-los ir, e ainda por força os detiveres,

3 Eis que a mão do Senhor será sobre teu gado, que está no campo, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima.

4 E o Senhor fará separação entre o gado dos israelitas, e o gado dos egípcios, para que nada morra de tudo o que for dos filhos de Israel.

5 E o Senhor designou certo tempo, dizendo: Amanhã fará o Senhor essa coisa na terra.

6 E o Senhor fez essa coisa no dia seguinte, e todo o gado dos egípcios morreu, porém do gado dos filhos de Israel não morreu nenhum.

7 E Faraó mandou averiguar, e eis que do gado de Israel não morrera nenhum, porém o coração de Faraó se endureceu, e não deixou ir o povo.

8 Então disse o Senhor a Moisés e a Aarão: Tomai vossas mãos cheias da cinza do forno, e Moisés a espalhe para o céu diante dos olhos de Faraó;

9 E tornar-se-á em pó miúdo sobre toda a terra do Egito, e se tornará em sarna, que arrebente em úlceras nos homens e no gado, por toda a terra do Egito.

10

E eles tomaram a cinza do forno, e puseram-se diante de Faraó, e Moisés a espalhou para o céu; e tornou-se em sarna, que arrebentava em úlceras nos homens e no gado;

11 De maneira que os magos não podiam parar diante de Moisés, por causa da sarna, porque havia sarna nos magos, e em todos os egípcios.

12 E o Senhor endureceu o coração de Faraó, e ele não os ouviu, como o Senhor tinha dito a Moisés.

13 Então disse o Senhor a Moisés: Levanta-te cedo pela manhã, e põe-te diante de Faraó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva;

14 Porque esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, para que saibas que não outro como eu em toda a terra.

15 Porque agora estendi minha mão, para ferir a ti e ao teu povo com pestilência, e para que sejas destruído da terra;

16 Mas, deveras, para isto te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.

17 Tu ainda te levantas contra o meu povo, para não os deixar ir?

18 Eis que amanhã por este tempo farei chover saraiva muito pesada, qual nunca houve no Egito, desde o dia em que foi fundado até agora.

19 Agora, pois, manda recolher o teu gado, e tudo o que tens no campo; todo homem e animal, que for achado no campo, e não for recolhido à casa, a saraiva cairá sobre eles, e morrerão.

20

Dos servos de Faraó, quem temia a palavra do Senhor fez fugir os seus servos e o seu gado para as casas;

21 Mas aquele que não tinha aplicado a palavra do Senhor ao seu coração deixou os seus servos e o seu gado no campo.

22 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão para o céu, e haverá saraiva em toda a terra do Egito, sobre os homens e sobre o gado, e sobre toda a erva do campo na terra do Egito.

23 E Moisés estendeu a sua vara para o céu, e o Senhor enviou trovões e saraiva, e fogo corria pela terra; e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egito.

24 E houve saraiva, e fogo misturado entre a saraiva, muito pesada, qual nunca houve em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação.

25 E a saraiva destruiu, em toda a terra do Egito, tudo quanto havia no campo, desde os homens até os animais; também a saraiva destruiu toda a erva do campo, e quebrou todas as árvores do campo.

26 Somente na terra de Gósen, onde estavam os filhos de Israel, não havia saraiva.

27 Então Faraó mandou chamar Moisés e Aarão, e disse-lhes: Esta vez pequei; o Senhor é justo, mas eu e o meu povo, ímpios.

28 Orai ao Senhor (pois que basta) para que não haja mais trovões de Deus nem saraiva; e eu vos deixarei ir, e não ficareis mais aqui.

29 Então lhe disse Moisés: Ao sair da cidade estenderei minhas mãos ao Senhor; os trovões cessarão, e não haverá mais saraiva; para que saibas que a terra é do Senhor.

30

Todavia, quanto a ti e aos teus servos, eu sei que ainda não temereis diante do Senhor Deus.

31 E o linho e a cevada foram destruídos, porque a cevada já estava na espiga, e o linho na cana,

32 Mas o trigo e o centeio não foram feridos, porque estavam cobertos.

33 Saiu, pois, Moisés da presença de Faraó, da cidade, e estendeu as suas mãos ao Senhor; e cessaram os trovões e a saraiva, e a chuva não caiu mais sobre a terra.

34 Vendo Faraó que cessaram a chuva, e a saraiva, e os trovões, continuou a pecar; e endureceram o seu coração, ele e os seus servos.

35 Assim, o coração de Faraó se endureceu, e não deixou ir os filhos de Israel, como o Senhor tinha dito por Moisés.

Capítulo 10

O Senhor envia uma praga de gafanhotos — Seguem-se trevas espessas sobre todo o Egito por três dias — Moisés é expulso da presença de Faraó.

1

Depois disse o Senhor a Moisés: Vai a Faraó, porque endureci o seu coração, e o coração de seus servos, para fazer estes meus sinais diante dele,

2 E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais, que fiz entre eles, para que saibais que eu sou o Senhor.

3 Assim, foram Moisés e Aarão a Faraó, e disseram-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Até quando recusarás humilhar-te diante de mim? Deixa ir o meu povo, para que me sirva;

4 Porque se ainda recusares deixar ir o meu povo, eis que trarei amanhã gafanhotos aos teus termos,

5 E cobrirão a face da terra, de modo que a terra não se poderá ver; e eles comerão o resto do que escapou, o que vos ficou da saraiva; também comerão toda árvore que vos cresce no campo;

6 E encherão as tuas casas, e as casas de todos os teus servos, e as casas de todos os egípcios, qual nunca viram teus pais, nem os pais de teus pais, desde o dia em que eles se acharam sobre a terra até o dia de hoje. E virou-se, e saiu da presença de Faraó.

7 E os servos de Faraó disseram-lhe: Até quando este nos há de ser por laço? Deixa ir os homens, para que sirvam ao Senhor seu Deus; ainda não sabes que o Egito está destruído?

8 Então Moisés e Aarão foram levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide, servi ao Senhor vosso Deus. Quais são os que hão de ir?

9 E Moisés disse: Havemos de ir com os nossos meninos, e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir, porque temos de celebrar festa ao Senhor.

10

Então ele lhes disse: Seja o Senhor assim convosco, como eu vos deixarei ir a vós e a vossos pequeninos; olhai que há mal diante da vossa face.

11 Não será assim: andai agora vós, homens, e servi ao Senhor, pois isso é o que pedistes. E os expulsaram de diante da face de Faraó.

12 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre a terra do Egito para trazer gafanhotos, para que venham sobre a terra do Egito, e comam toda a erva da terra, tudo o que deixou a saraiva.

13 Então estendeu Moisés sua vara sobre a terra do Egito, e o Senhor enviou sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos.

14 E subiram os gafanhotos sobre toda a terra do Egito, e assentaram-se sobre todos os termos do Egito; eram muito numerosos; antes destes nunca houve tais gafanhotos, nem depois deles virão outros tais.

15 Porque cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se escureceu; e comeram toda a erva da terra, e todo fruto das árvores, que deixara a saraiva; e não ficou nada de verde nas árvores, nem na erva do campo, em toda a terra do Egito.

16 Então Faraó se apressou a chamar Moisés e Aarão, e disse: Pequei contra o Senhor vosso Deus, e contra vós.

17 Agora, pois, peço-vos que perdoeis o meu pecado somente desta vez, e que oreis ao Senhor vosso Deus para que tire de mim somente esta morte.

18 E ele saiu da presença de Faraó, e orou ao Senhor.

19 Então o Senhor enviou um vento ocidental fortíssimo, o qual levantou os gafanhotos e os lançou no Mar Vermelho; nem um só gafanhoto ficou em todos os termos do Egito.

20

E o Senhor endureceu o coração de Faraó, e ele não deixou ir os filhos de Israel.

21 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão para o céu, e virão trevas sobre a terra do Egito, trevas que se possam apalpar.

22 E Moisés estendeu a sua mão para o céu, e houve trevas espessas em toda a terra do Egito por três dias.

23 Não viam um ao outro, e ninguém se levantou do seu lugar por três dias, mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas habitações.

24 Então Faraó chamou Moisés, e disse: Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco os vossos pequeninos.

25 Moisés, porém, disse: Tu também darás em nossas mãos sacrifícios e holocaustos, para que ofereçamos ao Senhor nosso Deus.

26 E também o nosso gado há de ir conosco, nem um casco ficará, porque daquele haveremos de tomar para servir ao Senhor nosso Deus, porque não sabemos com que haveremos de servir ao Senhor, até que cheguemos lá.

27 E o Senhor endureceu o coração de Faraó, e ele não os quis deixar ir.

28 E disse-lhe Faraó: Retira-te de mim, guarda-te que não mais vejas o meu rosto, porque no dia em que vires o meu rosto, morrerás.

29 E disse Moisés: Bem disseste; eu nunca mais verei o teu rosto.

Capítulo 11

Em sua partida, os israelitas são autorizados a pedir joias e ouro a seus vizinhos — O Senhor promete matar o primogênito de todos os lares egípcios — Ele diferencia os egípcios dos israelitas.

1

E o Senhor disse a Moisés: Ainda uma praga trarei sobre Faraó, e sobre o Egito; depois vos deixará ir daqui; e quando vos deixar ir a todos, sem dúvida vos expulsará daqui.

2 Fala agora aos ouvidos do povo, que cada homem peça ao seu vizinho, e cada mulher à sua vizinha, objetos de prata e objetos de ouro.

3 E o Senhor deu graça ao povo aos olhos dos egípcios; também o homem Moisés era muito grande na terra do Egito, aos olhos dos servos de Faraó, e aos olhos do povo.

4 Disse mais Moisés: Assim disse o Senhor: À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito;

5 E todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que haveria de assentar-se sobre o seu trono, até o primogênito da serva que está detrás da mó, e todo primogênito dos animais.

6 E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve semelhante e nunca haverá;

7 Mas contra todos os filhos de Israel, desde os homens até os animais, nem mesmo um cão moverá a sua língua, para que saibais que o Senhor fez diferença entre os egípcios e os israelitas.

8 Então todos estes teus servos descerão a mim, e se inclinarão diante de mim, dizendo: Sai tu, e todo o povo que te segue os passos; e depois eu sairei. E saiu da presença de Faraó ardendo em ira.

9 O Senhor dissera a Moisés: Faraó não vos ouvirá, para que as minhas maravilhas se multipliquem na terra do Egito.

10

E Moisés e Aarão fizeram todas essas maravilhas diante de Faraó, e o Senhor endureceu o coração de Faraó, que não deixou ir os filhos de Israel da sua terra.

Capítulo 12

O Senhor institui a Páscoa e a Festa dos Pães Ázimos — São mortos cordeiros sem defeito — Israel é salvo pelo sangue deles — Todos os primogênitos dos egípcios são mortos — Israel é expulso do Egito após quatrocentos e trinta anos — Nenhum osso do cordeiro pascal será quebrado.

1

E falou o Senhor a Moisés e a Aarão na terra do Egito, dizendo:

2 Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.

3 Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada casa;

4 Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome ele seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme o seu comer, fareis a conta para o cordeiro.

5 O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras,

6 E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês, e toda a assembleia da congregação de Israel o sacrificará à tarde.

7 E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerão.

8 E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.

9 Não comereis dele cru, nem cozido em água, mas sim assado ao fogo, a sua cabeça com as suas pernas e com as suas entranhas.

10

E nada dele deixareis até a manhã, mas o que dele ficar até a manhã, queimareis no fogo.

11 Assim, pois, o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.

12 E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até os animais; e sobre todos os deuses do Egito executarei juízos. Eu sou o Senhor.

13 E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; e vendo eu o sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.

14 E esse dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.

15 Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas, porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até o sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel.

16 E ao primeiro dia haverá santa convocação; também ao sétimo dia tereis santa convocação; nenhum trabalho se fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis para vós.

17 Guardareis, pois, a festa dos pães ázimos, porque naquele mesmo dia tirei vossos exércitos da terra do Egito; pelo que guardareis esse dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo.

18 No primeiro mês, aos quatorze dias do mês, à tarde, comereis pães ázimos até o dia vinte e um do mês à tarde.

19 Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas, porque qualquer que comer pão levedado, aquela alma será cortada da congregação de Israel, tanto o estrangeiro como o natural da terra.

20

Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos.

21 Chamou, pois, Moisés todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa.

22 Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia, porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até a manhã.

23 Porque o Senhor passará para ferir os egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas para vos ferir.

24 Portanto, guardai isso por estatuto para vós e para vossos filhos para sempre.

25 E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará, como disse, guardareis esse rito.

26 E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que rito é este vosso?

27 Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se e adorou.

28 E foram os filhos de Israel e fizeram isso; como o Senhor ordenara a Moisés e a Aarão, assim fizeram.

29 E aconteceu, à meia noite, que o Senhor matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais.

30

E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto.

31 Então chamou Moisés e Aarão de noite, e disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de Israel, e ide, servi ao Senhor, como dissestes.

32 Levai também convosco vossas ovelhas e vossas vacas, como dissestes; e ide, e abençoai-me também a mim.

33 E os egípcios pressionavam o povo, apressando-se para lançá-los para fora da terra, porque diziam: Todos morreremos.

34 E o povo tomou a sua massa, antes que levedasse, com as suas amassadeiras atadas em suas vestes, sobre seus ombros.

35 Fizeram, pois, os filhos de Israel conforme a palavra de Moisés, e pediram aos egípcios objetos de prata, e objetos de ouro, e roupas.

36 E o Senhor deu graça ao povo aos olhos dos egípcios, e davam-lhes o que pediam; e eles despojaram os egípcios.

37 Assim, partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar os pequeninos.

38 E subiu também com eles muita mistura de gente, e ovelhas, e vacas, uma grande multidão de gado.

39 E assaram bolos ázimos da massa que levaram do Egito, porque não se tinha levedado, porquanto foram lançados para fora do Egito; e não se puderam deter, nem prepararam para si comida.

40

O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos.

41 E aconteceu que, passados os quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia sucedeu que todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito.

42 Essa noite se guardará ao Senhor, porque nela os tirou da terra do Egito; essa é a noite do Senhor, que devem guardar todos os filhos de Israel nas suas gerações.

43 Disse mais o Senhor a Moisés e a Aarão: Esta é a ordenança da páscoa; nenhum filho do estrangeiro comerá dela.

44 Porém todo servo comprado por dinheiro, depois que o houveres circuncidado, então comerá dela.

45 O estrangeiro e o assalariado não comerão dela.

46 Numa casa se comerá; não levarás daquela carne para fora da casa, nem dela quebrareis osso.

47 Toda a congregação de Israel o fará.

48 Porém se algum estrangeiro se hospedar contigo, e quiser celebrar a páscoa ao Senhor, seja-lhe circuncidado todo homem, e então se achegará e a celebrará, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela.

49 Uma mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós.

50

E todos os filhos de Israel o fizeram; como o Senhor ordenara a Moisés e a Aarão, assim o fizeram.

51 E aconteceu, naquele mesmo dia, que o Senhor tirou os filhos de Israel da terra do Egito, segundo os seus exércitos.

Capítulo 13

Todo primogênito de homem e de animais será santificado ao Senhor — A Festa dos Pães Ázimos deverá ser guardada na terra de Canaã — Moisés leva os ossos de José para fora do Egito — O Senhor guia Israel numa coluna de nuvem de dia e numa coluna de fogo de noite.

1

Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Santifica-me todo primogênito, todo o que abrir a madre entre os filhos de Israel, de homens e de animais, meu é.

3 E Moisés disse ao povo: Lembrai-vos deste dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão, pois com mão forte o Senhor vos tirou daqui; portanto, não comereis pão levedado.

4 Hoje vós saís, no mês de Abibe.

5 E acontecerá que, quando o Senhor te houver levado à terra dos cananeus, e dos heteus, e dos amorreus, e dos heveus, e dos jebuseus, a qual jurou a teus pais que te daria, terra que mana leite e mel, guardarás este rito neste mês.

6 Sete dias comerás pães ázimos; e ao sétimo dia haverá festa ao Senhor.

7 Sete dias se comerá pães ázimos, e o levedado não se verá contigo, nem ainda fermento será visto em todos os teus termos.

8 E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: Isto é pelo que o Senhor me fez, quando eu saí do Egito.

9 E te será por sinal sobre tua mão, e por lembrança entre teus olhos, para que a lei do Senhor esteja em tua boca, porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito.

10

Portanto, tu guardarás esse estatuto a seu tempo, de ano em ano.

11 Também acontecerá que, quando o Senhor te houver levado à terra dos cananeus, como jurou a ti e a teus pais, quando ta houver dado,

12 Farás passar para o Senhor todo aquele que abrir a madre, e todo primogênito que abrir a madre, dos animais que tiveres; os machos serão do Senhor.

13 E todo primogênito da jumenta, resgatarás com um cordeiro; e se não o resgatares, quebrar-lhe-hás o pescoço; e todo primogênito do homem entre teus filhos resgatarás.

14 E acontecerá que quando teu filho no tempo futuro te perguntar, dizendo: Que é isso? Dir-lhe-ás: O Senhor nos tirou com mão forte do Egito, da casa da servidão.

15 E sucedeu que, endurecendo-se Faraó para não nos deixar ir, o Senhor matou todos os primogênitos na terra do Egito, do primogênito do homem, até o primogênito dos animais; por isso eu sacrifico ao Senhor os machos de tudo que abre a madre; porém todo primogênito de meus filhos eu resgato.

16 E será por sinal sobre tua mão, e por frontais entre os teus olhos, porque o Senhor nos tirou do Egito com mão forte.

17 E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, ainda que estivesse mais perto, porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e retorne ao Egito.

18 Mas Deus fez rodear o povo pelo caminho no deserto do Mar Vermelho; e subiram os filhos de Israel armados da terra do Egito.

19 E tomou Moisés os ossos de José consigo, porquanto havia este solenemente ajuramentado os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará; fazei, pois, subir daqui os meus ossos convosco.

20

Assim, partiram de Sucote, e acamparam em Etã, à entrada do deserto.

21 E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite.

22 Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite.

Capítulo 14

Israel sai do Egito — Israel atravessa o Mar Vermelho em terra seca — O Senhor derrota os egípcios no meio do mar.

1

Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel que retornem, e que acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o acampamento junto ao mar.

3 Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão desnorteados na terra, o deserto os encerrou.

4 E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.

5 Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia, voltou-se o coração de Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, havendo deixado ir Israel, para que não nos sirva?

6 E aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo;

7 E tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos.

8 E o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse os filhos de Israel, porém os filhos de Israel saíram com alta mão.

9 E os egípcios perseguiram-nos, todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros, e o seu exército, e alcançaram-nos acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom.

10

E chegando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; e os filhos de Israel clamaram ao Senhor.

11 E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para que nos tirasses de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isso, tirando-nos do Egito?

12 Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, para que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.

13 Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque os egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre;

14 O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis.

15 Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem.

16 E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em terra seca.

17 E eu, eis que endurecerei o coração dos egípcios, para que entrem nele atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó, e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros,

18 E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.

19 E o anjo de Deus, que ia diante do acampamento de Israel, se retirou, e ia detrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles.

20

E ia entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel; e era uma nuvem e era escuridão para aqueles, e para estes, iluminava a noite, de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.

21 Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar-se o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em terra seca, e as águas foram partidas.

22 E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em terra seca; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda.

23 E os egípcios perseguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio do mar.

24 E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e na nuvem, viu o acampamento dos egípcios, e alvoroçou o acampamento dos egípcios,

25 E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e fê-los andar dificultosamente. Então disseram os egípcios: Fujamos de diante da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.

26 E disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas retornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros.

27 Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retornou em sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro; e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar,

28 E as águas, retornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nem mesmo um deles ficou.

29 Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar em terra seca; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda.

30

Assim, o Senhor salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar.

31 E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao Senhor, e creram no Senhor e em Moisés, seu servo.

Capítulo 15

Os filhos de Israel cantam o cântico de Moisés — Eles exaltam o Senhor como homem de guerra e regozijam-se em sua libertação do Egito — As águas de Mara são sanadas — O Senhor promete livrar Israel das doenças do Egito.

1

Então cantaram Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, e falaram, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque sumamente se exaltou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.

2 O Senhor é a minha força, e o meu cântico; ele me foi por salvação; ele é o meu Deus, e eu lhe farei uma habitação; ele é o Deus de meu pai, e eu o exaltarei.

3 O Senhor é homem de guerra; o Senhor é o seu nome.

4 Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército; e os seus capitães escolhidos afogaram-se no Mar Vermelho.

5 Os abismos os cobriram; desceram às profundezas como pedra.

6 A tua destra, ó Senhor, glorificou-se em poder; a tua destra, ó Senhor, despedaçou o inimigo;

7 E na grandeza da tua excelência derrubaste os que se levantaram contra ti; enviaste o teu furor, que os consumiu como restolho.

8 E com o sopro das tuas narinas amontoaram-se águas, as correntes pararam como montão; os abismos coalharam-se no coração do mar.

9 O inimigo dizia: Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; fartar-se-á a minha alma deles, sacarei a minha espada, a minha mão os destruirá.

10

Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu; afundaram como chumbo em veementes águas.

11 Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, admirável em louvores, operando maravilhas?

12 Estendeste a tua mão direita; a terra os tragou.

13 Tu, na tua benevolência, guiaste este povo, que redimiste; na tua força o levaste à habitação da tua santidade.

14 Os povos o ouvirão, eles estremecerão; apoderar-se-á uma dor dos habitantes da Filístia.

15 Então os príncipes de Edom se pasmarão, dos poderosos dos moabitas apoderar-se-á um tremor, derreter-se-ão todos os habitantes de Canaã.

16 Espanto e pavor cairão sobre eles; pela grandeza do teu braço emudecerão como pedra; até que o teu povo haja passado, ó Senhor, até que passe este povo que adquiriste.

17 Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, preparaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.

18 O Senhor reinará eterna e perpetuamente;

19 Porque os cavalos de Faraó, com os seus carros e com os seus cavaleiros, entraram no mar, e o Senhor fez retornar as águas do mar sobre eles; mas os filhos de Israel passaram em terra seca pelo meio do mar.

20

Então Miriam, a profetiza, a irmã de Aarão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças.

21 E Miriam lhes respondia: Cantai ao Senhor, porque sumamente se exaltou, e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro.

22 Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam águas.

23 Então chegaram a Mara, mas não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o seu nome Mara.

24 E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?

25 E ele clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe um lenho, que ele lançou nas águas, e as águas se tornaram doces. Ali lhes deu estatutos e um decreto, e ali os provou.

26 E disse: Se atentamente ouvires a voz do Senhor teu Deus; e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades, que pus sobre o Egito, porei sobre ti; porque eu sou o Senhor que te sara.

27 Então chegaram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali acamparam junto das águas.

Capítulo 16

Israel murmura por falta de pão e cobiça as panelas de carne do Egito — O Senhor faz chover pão dos céus e envia codornizes para lhes fornecer carne — Israel recebe maná todos os dias, exceto no Sábado, por quarenta anos.

1

E partindo de Elim, toda a congregação dos filhos de Israel chegou ao deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois que saíram da terra do Egito.

2 E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Aarão no deserto.

3 E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos trouxestes a este deserto, para matardes de fome toda esta multidão.

4 Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá cada dia a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.

5 E acontecerá, ao sexto dia, que prepararão o que colheram; e será o dobro do que colhem cada dia.

6 Então disseram Moisés e Aarão a todos os filhos de Israel: À tarde sabereis que o Senhor vos tirou da terra do Egito,

7 E amanhã vereis a glória do Senhor, porquanto ouviu as vossas murmurações contra o Senhor; por que quem somos nós, para que murmureis contra nós?

8 Disse mais Moisés: Isso será quando o Senhor, à tarde, vos der carne para comer, e pela manhã, pão a fartar, porquanto o Senhor ouviu as vossas murmurações, com que murmurais contra ele; porque, quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o Senhor.

9 Depois disse Moisés a Aarão: Dize a toda a congregação dos filhos de Israel: Chegai-vos para diante do Senhor, porque ouviu as vossas murmurações.

10

E aconteceu que, quando falou Aarão a toda a congregação dos filhos de Israel, e eles se viraram para o deserto, eis que a glória do Senhor apareceu na nuvem.

11 E o Senhor falou a Moisés, dizendo:

12 Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel; fala-lhes, dizendo: Ao cair da tarde comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus.

13 E aconteceu que à tarde subiram codornizes, e cobriram o acampamento; e pela manhã jazia o orvalho ao redor do acampamento.

14 E alçando-se o orvalho caído, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miúda, redonda, miúda como a geada sobre a terra.

15 E vendo-a, os filhos de Israel disseram uns aos outros: Que é isto? Porque não sabiam o que era. Disse-lhes, pois, Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer.

16 Esta é a palavra que o Senhor ordenou: Colhei dele cada um conforme o que pode comer, um ômer por cabeça, segundo o número das vossas almas; cada um tomará para os que se acharem na sua tenda.

17 E os filhos de Israel fizeram assim; e colheram, uns mais e outros menos.

18 Porém, medindo-o com o ômer, não sobejava ao que colhera muito, nem faltava ao que colhera pouco; cada um colheu tanto quanto podia comer.

19 E disse-lhes Moisés: Ninguém deixe dele para a manhã.

20

Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés, antes alguns deles deixaram dele para a manhã; e criou bichos, e fedeu; por isso indignou-se Moisés contra eles.

21 Eles, pois, o colhiam cada manhã, cada um conforme o que podia comer, porque, aquentando o sol, derretia-se.

22 E aconteceu que ao sexto dia colheram pão em dobro, dois ômeres para cada um; e todos os príncipes da congregação vieram, e contaram-no a Moisés.

23 E ele disse-lhes: Isto é o que o Senhor disse: Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor; o que quiserdes assar no forno, assai-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o; e tudo o que sobejar, guardai-o para vós até a manhã.

24 E guardaram-no até a manhã, como Moisés tinha ordenado; e não fedeu, nem nele houve bicho algum.

25 Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do Senhor; hoje não o achareis no campo.

26 Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá.

27 E aconteceu, ao sétimo dia, que alguns do povo saíram para colher, mas não o acharam.

28 Então disse o Senhor a Moisés: Até quando vos recusareis a guardar os meus mandamentos e as minhas leis?

29 Vede, porquanto o Senhor vos deu o sábado, portanto, ele no sexto dia vos dá pão para dois dias; cada um fique no seu lugar, que ninguém saia do seu lugar no sétimo dia.

30

Assim, repousou o povo no sétimo dia.

31 E chamou a casa de Israel o seu nome maná; e era como semente de coentro branco, e o seu sabor como bolos de mel.

32 E disse Moisés: Esta é a palavra que o Senhor ordenou: Encherás um ômer dele a fim de guardá-lo para as vossas gerações, para que vejam o pão que vos dei para comer neste deserto, quando eu vos tirei da terra do Egito.

33 Disse também Moisés a Aarão: Toma um vaso, e põe nele um ômer cheio de maná, e coloca-o diante do Senhor, a fim de guardá-lo para as vossas gerações.

34 Como o Senhor tinha ordenado a Moisés, assim Aarão o pôs diante do testemunho, para guardá-lo.

35 E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã.

36 E um ômer é a décima parte do efa.

Capítulo 17

Israel murmura por falta de água — Moisés fere a rocha em Horebe, de onde jorra água — Aarão e Hur sustentam as mãos de Moisés para que Josué prevaleça sobre Amaleque.

1

Depois, toda a congregação dos filhos de Israel partiu do deserto de Sim em suas jornadas, segundo o mandamento do Senhor, e acamparam em Refidim; e não havia ali água para o povo beber.

2 Então contendeu o povo com Moisés, e disseram: Dá-nos água para beber. E Moisés lhes disse: Por que contendeis comigo? Por que tentais o Senhor?

3 Tendo, pois, ali o povo sede de água, o povo murmurou contra Moisés, e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e aos nossos filhos, e ao nosso gado?

4 E clamou Moisés ao Senhor, dizendo: Que farei a este povo? Daqui a pouco me apedrejarão.

5 Então disse o Senhor a Moisés: Passa diante do povo, e toma contigo alguns dos anciãos de Israel; e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai.

6 Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel.

7 E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porquanto tentaram o Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?

8 Então foi Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim.

9 Pelo que disse Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque; amanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão.

10

E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque; mas Moisés, Aarão, e Hur subiram ao cume do outeiro.

11 E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia.

12 Porém as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Aarão e Hur sustentaram as suas mãos, um de um lado, e o outro do outro; assim, ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pôs.

13 E assim Josué desbaratou Amaleque, e seu povo, ao fio da espada.

14 Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isso para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; porque eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus.

15 E Moisés edificou um altar, e chamou o seu nome: o Senhor é minha bandeira.

16 E disse: Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração.

Capítulo 18

Jetro vai a Moisés levando a mulher e os filhos de Moisés e oferece sacrifícios ao Senhor — Moisés asssenta-se para julgar o povo e ouve todos os casos — Jetro aconselha Moisés a ensinar a lei, a nomear juízes menores e a delegar-lhes poder.

1

E Jetro, sacerdote de Midiã, sogro de Moisés, ouviu todas as coisas que Deus tinha feito a Moisés e a Israel, seu povo; como o Senhor tinha tirado Israel do Egito.

2 E Jetro, sogro de Moisés, tomou Zípora, a mulher de Moisés, depois que ele lha enviara,

3 Com seus dois filhos, dos quais um se chamava Gérson, porque disse: Eu fui peregrino em terra estranha;

4 E o outro se chamava Eliézer, porque disse: O Deus de meu pai foi minha ajuda, e me livrou da espada de Faraó.

5 Indo, pois, Jetro, o sogro de Moisés, com seus filhos e com sua mulher, a Moisés no deserto, ao monte de Deus, onde se tinha acampado,

6 E disse ele a Moisés: Eu, teu sogro Jetro, venho a ti, com tua mulher, e seus dois filhos com ela.

7 Então saiu Moisés ao encontro de seu sogro, e inclinou-se, e beijou-o, e perguntaram um ao outro como estavam, e entraram na tenda.

8 E Moisés contou a seu sogro todas as coisas que o Senhor tinha feito a Faraó e aos egípcios por causa de Israel, e todas as tribulações que passaram no caminho, e como o Senhor os livrara.

9 E alegrou-se Jetro de todo o bem que o Senhor tinha feito a Israel, livrando-o da mão dos egípcios.

10

E Jetro disse: Bendito seja o Senhor, que vos livrou das mãos dos egípcios e da mão de Faraó; que livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios.

11 Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque naquilo em que se ensoberbeceram, os sobrepujou.

12 Então tomou Jetro, o sogro de Moisés, holocausto e sacrifícios para Deus; e foram Aarão, e todos os anciãos de Israel, para comerem pão com o sogro de Moisés diante de Deus.

13 E aconteceu que, no dia seguinte, Moisés assentou-se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés, desde a manhã até a tarde.

14 Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até a tarde?

15 Então disse Moisés a seu sogro: É porque este povo vem a mim, para consultar a Deus;

16 Quando tem algum assunto vem a mim, para que eu julgue entre um e outro, e lhes declare os estatutos de Deus, e as suas leis.

17 O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes.

18 Seguramente desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo, porque este assunto é pesado demais para ti; tu sozinho não o podes fazer.

19 Ouve agora minha voz, eu te aconselharei, e Deus será contigo: Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as causas a Deus;

20

E ensina-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer.

21 E tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais de dez;

22 Para que julguem este povo em todo o tempo; e seja que toda causa grave tragam a ti, mas toda causa pequena eles a julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo.

23 Se isso fizeres, e Deus to mandar, poderás então subsistir; assim também todo este povo em paz irá ao seu lugar.

24 E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro, e fez tudo quanto ele tinha dito.

25 E escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais de dez.

26 E eles julgaram o povo em todo o tempo; as causas difíceis levaram a Moisés, e toda causa pequena julgaram eles.

27 Então despediu-se Moisés de seu sogro, o qual se foi à sua terra.

Capítulo 19

O Senhor faz o convênio de tornar Israel uma propriedade peculiar, um reino de sacerdotes e um povo santo — O povo santifica-se — O Senhor aparece no Sinai em meio a fogo, fumaça e terremotos.

1

Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia chegaram ao deserto de Sinai,

2 Porque partiram de Refidim e chegaram ao deserto de Sinai, e acamparam no deserto; Israel, pois, ali acampou defronte do monte.

3 E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel:

4 Vós vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim;

5 Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu convênio, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha.

6 E vós me sereis um reino de sacerdotes e povo santo. Essas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.

7 E foi Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas essas palavras, que o Senhor lhe tinha ordenado.

8 Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o Senhor falou, faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povo.

9 E disse o Senhor a Moisés: Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também creiam sempre em ti. E Moisés anunciou as palavras do povo ao Senhor.

10

Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles as suas vestes,

11 E estejam prontos para o terceiro dia, porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai.

12 E marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos que não subais ao monte, nem toqueis o seu termo; todo aquele que tocar o monte certamente morrerá.

13 Nenhuma mão tocará nele, porque certamente será apedrejado ou flechado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá; quando soar a buzina longamente, então subirão ao monte.

14 Então Moisés desceu do monte ao povo, e santificou o povo; e lavaram as suas vestes.

15 E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia; e não vos chegueis a mulher.

16 E aconteceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina muito forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no acampamento.

17 E Moisés levou o povo para fora do acampamento ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte.

18 E o monte Sinai todo fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de um forno, e todo o monte tremia grandemente.

19 E o sonido da buzina ia aumentando cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta.

20

E descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, o Senhor chamou Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu.

21 E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte o povo para que não trespassem o termo, para ver o Senhor, e muitos deles pereçam.

22 E também os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de santificar, para que o Senhor não irrompa sobre eles.

23 Então disse Moisés ao Senhor: O povo não poderá subir ao monte Sinai, porque tu nos advertiste, dizendo: Marca termos em redor do monte, e santifica-o.

24 E disse-lhe o Senhor: Vai, desce; depois subirás tu, e Aarão contigo; os sacerdotes, porém, e o povo não trespassem o termo para subir ao Senhor, para que não irrompa sobre eles.

25 Então Moisés desceu ao povo, e falou-lhes.

Capítulo 20

O Senhor revela os Dez Mandamentos — Israel deve testificar que o Senhor falou dos céus — Os filhos de Israel são proibidos de fazer deuses de ouro ou prata — Ordena-se que façam altares de pedras não lavradas e neles ofereçam sacrifícios ao Senhor.

1

Então falou Deus todas estas palavras, dizendo:

2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.

3 Não terás outros deuses diante de mim.

4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

5 Não te encurvarás a elas nem as servirás, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam,

6 E faço misericórdia a milhares, aos que me amam, e aos que guardam os meus mandamentos.

7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.

9 Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra,

10

Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.

11 Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.

12 Honra teu pai e tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor teu Deus te dá.

13 Não matarás.

14 Não adulterarás.

15 Não furtarás.

16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

18 E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe.

19 E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos.

20

E disse Moisés ao povo: Não temais, porque Deus veio para vos pôr à prova, e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis.

21 E o povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à escuridão, onde Deus estava.

22 Então disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós vistes que eu falei convosco desde os céus.

23 Não fareis junto a mim deuses de prata, e não fareis para vós deuses de ouro.

24 Um altar de terra me farás, e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas, e as tuas vacas; em todo lugar, onde eu fizer ser lembrado o meu nome, virei a ti, e te abençoarei.

25 E se me fizeres um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás.

26 Não subirás também por degraus ao meu altar, para que a tua nudez não seja descoberta diante deles.

Capítulo 21

O Senhor revela as Suas leis concernentes a servos, casamento plural, pena de morte para várias ofensas, dar olho por olho, dente por dente, e lesões causadas por bois.

1

Estes são os estatutos que lhes proporás.

2 Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá, mas ao sétimo sairá livre, de graça.

3 Se entrou sozinho, sozinho sairá; se ele era homem casado, sairá sua mulher com ele.

4 Se seu senhor lhe houver dado uma mulher, e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho.

5 Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo meu senhor, e minha mulher, e meus filhos; não quero sair livre;

6 Então seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou à ombreira, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre.

7 E se um homem vender sua filha por serva, ela não sairá como saem os servos.

8 Se ela desagradar aos olhos de seu senhor, e ele não se desposar com ela, fará que se resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, agindo deslealmente com ela.

9 Mas se a desposar com seu filho, fará com ela conforme o direito das filhas.

10

Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem as suas roupas, nem os seus direitos conjugais.

11 E se não lhe fizer essas três coisas, ela sairá de graça, sem dar dinheiro.

12 Quem ferir alguém, de modo que morra, certamente morrerá;

13 Porém o que não lhe armou ciladas, mas Deus o entregou nas suas mãos, designar-te-ei um lugar, para onde ele fugirá.

14 Mas se alguém agir premeditadamente contra o seu próximo, matando-o com dolo, tirá-lo-ás do meu altar, para que morra.

15 O que ferir seu pai, ou sua mãe, certamente morrerá.

16 E quem raptar um homem, e o vender, ou for achado na sua mão, certamente morrerá.

17 E quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe, certamente morrerá.

18 E se alguns homens pelejarem, e um ferir o outro com pedra ou com o punho, e este não morrer, mas cair de cama,

19 Se ele tornar a levantar-se e andar fora, apoiado no seu bordão, então aquele que o feriu será absolvido; somente lhe pagará o tempo que perdeu e o fará curar-se totalmente.

20

Se alguém ferir seu servo, ou sua serva com vara, e morrer sob sua mão, será certamente castigado;

21 Porém se ficar vivo por um ou dois dias, não será castigado, porque é seu dinheiro.

22 Se alguns homens pelejarem, e ferirem uma mulher grávida, e for causa que aborte, porém não houver outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e pagará como os juízes lhe determinarem.

23 Mas se houver dano, então darás vida por vida;

24 Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé;

25 Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.

26 E quando alguém ferir o olho do seu servo, ou o olho da sua serva, e o danificar, o deixará ir livre pelo seu olho.

27 E se fizer cair o dente do seu servo, ou o dente da sua serva, o deixará ir livre pelo seu dente.

28 E se algum boi escornear homem ou mulher, de modo que morra, o boi certamente será apedrejado, e a sua carne não se comerá, mas o dono do boi será absolvido.

29 Mas se o boi dantes era escorneador, e o seu dono era conhecedor disso, e não o prendeu, matando homem ou mulher, o boi será apedrejado, e também o seu dono morrerá.

30

Se lhe for imposto resgate, então dará por resgate da sua vida tudo quanto lhe for imposto,

31 Quer tenha escorneado um filho, quer tenha escorneado uma filha; conforme este estatuto lhe será feito.

32 Se o boi escornear um servo, ou uma serva, dar-se-ão trinta siclos de prata ao seu senhor, e o boi será apedrejado.

33 Se alguém abrir uma cova, ou se alguém cavar uma cova, e não a cobrir, e nela cair um boi ou jumento,

34 O dono da cova o pagará, ao seu dono o dinheiro restituirá; mas o animal morto será seu.

35 Se o boi de alguém ferir o boi do seu próximo, de modo que morra, então se venderá o boi vivo, e o dinheiro dele se repartirá igualmente, e também o morto se repartirá igualmente.

36 Mas se era notório que aquele boi dantes era escorneador, e seu dono não o prendeu, certamente pagará boi por boi; porém o boi morto será seu.

Capítulo 22

O Senhor revela as Suas leis concernentes a furtos, destruição pelo fogo, cuidado de propriedade alheia, empréstimos, atos lascivos, sacrifícios a deuses falsos, afligir viúvas, usura, amaldiçoar a Deus, ao primogênito de homens e de animais — Ordena-se aos homens de Israel que sejam santos.

1

Se alguém furtar boi ou ovelha, e o matar ou vender, por um boi pagará cinco bois, e pela ovelha, quatro ovelhas.

2 Se o ladrão for achado arrombando uma casa, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue.

3 Se o sol houver saído sobre ele, será culpado do sangue; ele fará total restituição; e se não tiver com que pagar, será vendido por seu furto.

4 Se o furto for achado vivo na sua mão, seja boi, ou jumento, ou ovelha, pagará o dobro.

5 Se alguém fizer pastar o seu animal num campo ou numa vinha, e largá-lo para comer no campo de outro, do melhor do seu próprio campo e do melhor da sua própria vinha restituirá.

6 Se irromper um fogo, e pegar nos espinhos, e queimar a meda de trigo, ou a seara, ou o campo, aquele que acendeu o fogo pagará totalmente o queimado.

7 Se alguém der dinheiro ou objetos ao seu próximo para guardar, e isso for furtado da casa daquele homem, se o ladrão for achado, pagará o dobro.

8 Se o ladrão não for achado, então o dono da casa será levado diante dos juízes, para ver se não pôs a sua mão nos bens do seu próximo.

9 Sobre toda questão litigiosa, sobre boi, sobre jumento, sobre gado miúdo, sobre roupas, sobre toda coisa perdida, de que alguém disser que é sua, a causa de ambos será levada perante os juízes; aquele a quem condenarem os juízes o pagará em dobro ao seu próximo.

10

Se alguém der a seu próximo um jumento, ou boi, ou ovelha, ou qualquer animal para guardar, e ele morrer, ou ficar aleijado, ou for afugentado, ninguém o vendo,

11 Então haverá juramento do Senhor entre ambos, que não pôs a sua mão nos bens do seu próximo; e seu dono o aceitará, e o outro não o restituirá.

12 Mas se lhe for furtado, pagá-lo-á ao seu dono.

13 Porém se lhe for dilacerado, trá-lo-á em testemunho disso, e não pagará o dilacerado.

14 E se alguém a seu próximo pedir alguma coisa emprestada, e for danificada ou morta, não estando presente o seu dono, certamente a restituirá.

15 Se o seu dono esteve presente, não a restituirá; se foi alugada, será pelo seu aluguel.

16 Se alguém enganar alguma virgem, que não for desposada, e se deitar com ela, certamente pagará o seu dote e a tomará por sua mulher.

17 Se seu pai inteiramente recusar dar-lha, dará dinheiro conforme o dote das virgens.

18 A feiticeira não deixarás viver.

19 Todo aquele que se deitar com animal, certamente morrerá.

20

O que sacrificar aos deuses, e não só ao Senhor, será morto.

21 O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás, pois estrangeiros fostes na terra do Egito.

22 Não afligireis nenhuma viúva, nem órfão.

23 Se de alguma maneira os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor,

24 E a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada; e vossas mulheres ficarão viúvas, e vossos filhos, órfãos.

25 Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como um usurário; não lhe imporeis usura.

26 Se tomares em penhor a roupa do teu próximo, tu lha restituirás antes do pôr do sol,

27 Porque aquela é a sua única coberta, e a roupa da sua pele; com que se deitaria? Será, pois, que quando clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.

28 A Deus não amaldiçoarás, e o príncipe dentre o teu povo não amaldiçoarás.

29 As tuas primícias, e os teus licores não tardarás em ofertar; o primogênito de teus filhos me darás.

30

Assim farás com o dos teus bois e das tuas ovelhas: sete dias estará com sua mãe, e ao oitavo dia mo darás.

31 E ser-me-eis homens santos; portanto, não comereis carne despedaçada no campo; aos cães a lançareis.

Capítulo 23

O Senhor revela as Suas leis acerca da integridade e da conduta piedosa — A terra descansará durante o ano sabático — Os filhos de Israel celebrarão três festas anuais — Um anjo que leva o nome do Senhor os guiará — A enfermidade será removida — As nações de Canaã serão expulsas gradativamente.

1

Não admitirás falso rumor, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa.

2 Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa causa falarás, tomando parte com a maioria para torcer a justiça.

3 Nem favorecerás o pobre na sua causa.

4 Se encontrares o boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lho reconduzirás.

5 Se vires o jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga, deixarás, pois, de ajudá-lo? Certamente o ajudarás juntamente com ele.

6 Não perverterás o direito do teu pobre na sua causa.

7 De palavras de falsidade te afastarás, e não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio.

8 Também suborno não tomarás, porque o suborno cega os que veem claramente, e perverte as palavras dos justos.

9 Também não oprimirás o estrangeiro, pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.

10

Também seis anos semearás tua terra, e recolherás os seus frutos;

11 Mas ao sétimo a liberarás e deixarás descansar, para que os pobres do teu povo possam comer, e do sobejo comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival.

12 Seis dias farás os teus trabalhos, mas ao sétimo dia descansarás, para que descanse o teu boi, e o teu jumento, e para que tome alento o filho da tua escrava, e o estrangeiro.

13 E guardai tudo o que vos disse; e do nome de outros deuses nem vos lembreis, nem se ouça da vossa boca.

14 Três vezes no ano me celebrareis festa.

15 A festa dos pães ázimos guardarás: sete dias comerás pães ázimos, como te ordenei, ao tempo apontado no mês de Abibe, porque nele saíste do Egito, e ninguém apareça de mãos vazias perante mim;

16 E a festa da ceifa dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a festa da colheita à saída do ano, quando tiveres colhido do campo o teu trabalho.

17 Três vezes no ano todos os teus homens aparecerão diante do Senhor Deus.

18 Não oferecerás o sangue do meu sacrifício com pão levedado; nem ficará de noite a gordura da minha festa até pela manhã.

19 As primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à casa do Senhor teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.

20

Eis que eu envio um anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho, e te leve ao lugar que te preparei.

21 Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira, porque não perdoará a vossa rebelião, porque o meu nome está nele.

22 Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários.

23 Porque o meu anjo irá diante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus; e eu os destruirei.

24 Não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas.

25 E servireis ao Senhor vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as enfermidades.

26 Não haverá nenhuma que aborte, nem estéril na tua terra; o número dos teus dias cumprirei.

27 Enviarei o meu terror adiante de ti, confundindo todo o povo onde entrares, e farei que todos os teus inimigos te virem as costas.

28 Também enviarei vespões adiante de ti, para que expulsem os heveus, os cananeus, e os heteus de diante de ti.

29 Não os expulsarei de diante de ti num só ano, para que a terra não se torne em deserto, e as feras do campo não se multipliquem contra ti.

30

Pouco a pouco os expulsarei de diante de ti, até que sejas multiplicado, e possuas a terra por herança.

31 E porei os teus termos desde o Mar Vermelho até o mar dos filisteus, e desde o deserto até o rio, porque darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os expulses de diante de ti.

32 Não farás aliança alguma com eles, ou com os seus deuses.

33 Na tua terra não habitarão, para que não te façam pecar contra mim; se servires aos seus deuses, certamente te será um laço.

Capítulo 24

Israel aceita a palavra do Senhor por convênio — Moisés esparge o sangue do convênio — Ele e Aarão, Nadabe e Abiú e setenta dos anciãos de Israel veem Deus — O Senhor chama Moisés ao monte para receber as tábuas de pedra e os mandamentos.

1

Depois disse a Moisés: Sobe ao Senhor, tu e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe.

2 E só Moisés se chegará ao Senhor, mas eles não se cheguem, nem o povo suba com ele.

3 Foi, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras do Senhor, e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o Senhor falou, faremos.

4 E Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e levantou-se pela manhã, de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel;

5 E enviou os jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos, e sacrificaram ao Senhor ofertas pacíficas de bezerros.

6 E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar.

7 E tomou o livro do convênio e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor falou faremos, e obedeceremos.

8 Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do convênio que o Senhor fez convosco sobre todas estas palavras.

9 E subiram Moisés e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel,

10

E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma obra de pedra de safira, e como o próprio céu na sua claridade.

11 Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, e comeram e beberam.

12 Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; e dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinar.

13 E levantou-se Moisés com Josué, seu servidor; e subiu Moisés ao monte de Deus,

14 E disse aos anciãos: Esperai-nos aqui, até que retornemos a vós; e eis que Aarão e Hur ficam convosco; quem tiver alguma questão, se chegará a eles.

15 E subindo Moisés ao monte, a nuvem cobriu o monte.

16 E a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia chamou Moisés do meio da nuvem.

17 E a glória do Senhor parecia como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel.

18 E Moisés entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte; e Moisés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.

Capítulo 25

Ordena-se a Israel que doem materiais e construam um tabernáculo, a arca do testemunho (com o propiciatório e os querubins), uma mesa (para o pão da proposição) e o candelabro, tudo de acordo com o modelo mostrado a Moisés no monte.

1

Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração o mover a isso, dele recebereis a minha oferta alçada.

3 E esta é a oferta alçada que recebereis deles: ouro, e prata, e bronze,

4 E azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras,

5 E peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de acácia,

6 Azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso,

7 Pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral.

8 E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.

9 Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis.

10

Também farão uma arca de madeira de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura.

11 E cobri-la-ás de ouro puro, por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela uma bordadura de ouro ao redor;

12 E fundirás para ela quatro argolas de ouro, e as porás nos quatro cantos dela, duas argolas num lado dela, e duas argolas no outro lado.

13 E farás varas de madeira de acácia, e as cobrirás com ouro,

14 E colocarás as varas nas argolas, aos lados da arca, para levar-se com elas a arca.

15 As varas estarão nas argolas da arca; não se tirarão dela.

16 Depois porás na arca o testemunho, que eu te darei.

17 Também farás um propiciatório de ouro puro; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio.

18 Farás também dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.

19 Farás um querubim na extremidade de uma parte, e o outro querubim na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório, fareis os querubins nas duas extremidades dele.

20

Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas asas o propiciatório; as faces deles uma defronte da outra; as faces dos querubins voltadas para o propiciatório.

21 E porás o propiciatório em cima da arca, depois que houveres posto na arca o testemunho que eu te darei.

22 E ali me encontrarei contigo, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.

23 Também farás uma mesa de madeira de acácia; o seu comprimento será de dois côvados, e a sua largura, de um côvado, e a sua altura, de um côvado e meio,

24 E cobri-la-ás com ouro puro; também lhe farás uma bordadura de ouro ao redor.

25 Também lhe farás uma moldura ao redor, da largura de uma mão, e lhe farás uma bordadura de ouro ao redor da moldura.

26 Também lhe farás quatro argolas de ouro; e porás as argolas nos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés.

27 Defronte da moldura estarão as argolas, como suportes para as varas, para levar-se a mesa.

28 Farás, pois, essas varas de madeira de acácia, e cobri-las-ás com ouro; e levar-se-á com elas a mesa.

29 Também farás os seus pratos, e as suas colheres, e os seus jarros, e as suas tigelas com que se hão de oferecer libações; de ouro puro os farás.

30

E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face continuamente.

31 Também farás um candelabro de ouro puro; de ouro batido se fará esse candelabro; o seu pé, as suas hastes, os seus copos, os seus cálices, e as suas flores serão uma só peça.

32 E dos seus lados sairão seis hastes: três hastes do candelabro de um lado dele, e três hastes do candelabro do outro lado dele.

33 Numa haste haverá três copos em formato de amêndoas, um cálice e uma flor; e três copos em formato de amêndoas na outra haste, um cálice e uma flor; assim serão as seis hastes que saem do candelabro.

34 Mas no candelabro mesmo haverá quatro copos em formato de amêndoas, com seus cálices e com suas flores;

35 E um cálice debaixo de duas hastes que saem dele; e ainda um cálice debaixo de duas outras hastes que saem dele; e ainda mais um cálice debaixo de duas outras hastes que saem dele; assim se fará com as seis hastes que saem do candelabro.

36 Os seus cálices e as suas hastes serão do mesmo; tudo será de uma só peça, obra batida de ouro puro.

37 Também lhe farás sete lâmpadas, as quais se acenderão para alumiar defronte dele.

38 As suas pinças e os seus apagadores serão de ouro puro.

39 De um talento de ouro puro os farás, com todos esses utensílios.

40

Atenta, pois, que o faças conforme o seu modelo, que te foi mostrado no monte.

Capítulo 26

O tabernáculo será construído com dez cortinas e com tábuas — Um véu separará o santuário do lugar santíssimo — A arca do testemunho (com o propiciatório) será colocada no lugar santíssimo.

1

E o tabernáculo farás de dez cortinas de linho fino torcido, e azul, e púrpura, e carmesim; com querubins as farás de obra esmerada.

2 O comprimento de uma cortina será de vinte e oito côvados, e a largura de uma cortina, de quatro côvados; todas essas cortinas serão de uma mesma medida.

3 Cinco cortinas se enlaçarão uma com a outra; e as outras cinco cortinas se enlaçarão uma com a outra.

4 E farás laçadas de azul na borda de uma cortina, na extremidade, na juntura; assim também farás na borda da extremidade da outra cortina, na segunda juntura.

5 Cinquenta laçadas farás numa cortina, e outras cinquenta laçadas farás na extremidade da cortina que está na segunda juntura; as laçadas estarão contrapostas uma à outra.

6 Farás também cinquenta colchetes de ouro, e ajuntarás com esses colchetes as cortinas, uma com a outra, e será um tabernáculo.

7 Farás também cortinas de pelos de cabras para servirem de tenda sobre o tabernáculo; onze cortinas farás.

8 O comprimento de uma cortina será de trinta côvados, e a largura da mesma cortina, de quatro côvados; essas onze cortinas serão de uma mesma medida.

9 E ajuntarás à parte cinco dessas cortinas, e as outras seis cortinas também à parte; e dobrarás a sexta cortina diante da tenda.

10

E farás cinquenta laçadas na borda de uma cortina, na extremidade, na juntura, e outras cinquenta laçadas na borda da outra cortina, na segunda juntura.

11 Farás também cinquenta colchetes de bronze, e colocarás os colchetes nas laçadas, e assim ajuntarás a tenda, para que seja uma.

12 E o resto que sobejar das cortinas da tenda, a metade da cortina que sobejar, penderá às costas do tabernáculo.

13 E um côvado de um lado, e outro côvado do outro, que sobejará no comprimento das cortinas da tenda, penderá dos lados do tabernáculo, de um e de outro lado, para cobri-lo.

14 Farás também para a tenda uma coberta de peles de carneiro, tintas de vermelho, e outra coberta de peles de texugo em cima.

15 Farás também as tábuas para o tabernáculo de madeira de acácia, que estarão em pé.

16 O comprimento de uma tábua será de dez côvados, e a largura de cada tábua será de um côvado e meio.

17 Dois encaixes terá cada tábua, travados um com o outro; assim farás com todas as tábuas do tabernáculo.

18 E farás as tábuas para o tabernáculo assim: vinte tábuas para o lado meridional, ao sul.

19 Farás também quarenta bases de prata debaixo das vinte tábuas; duas bases debaixo de uma tábua para os seus dois encaixes, e duas bases debaixo de outra tábua para os seus dois encaixes.

20

Também haverá vinte tábuas do outro lado do tabernáculo, para o lado norte.

21 Com as suas quarenta bases de prata; duas bases debaixo de uma tábua, e duas bases debaixo de outra tábua.

22 E ao lado do tabernáculo, para o ocidente, farás seis tábuas.

23 Farás também duas tábuas para os cantos do tabernáculo, de ambos os lados;

24 E por baixo se ajuntarão, e também em cima dele se ajuntarão numa argola. Assim se fará com as duas tábuas; ambas serão para os dois cantos.

25 Assim serão as oito tábuas com as suas bases de prata, dezesseis bases; duas bases debaixo de uma tábua, e duas bases debaixo de outra tábua.

26 Farás também cinco barras de madeira de acácia, para as tábuas de um lado do tabernáculo,

27 E cinco barras para as tábuas do outro lado do tabernáculo; como também cinco barras para as tábuas do outro lado do tabernáculo, de ambos os lados para o ocidente.

28 E a barra do meio estará no meio das tábuas, passando de uma extremidade até a outra.

29 E cobrirás de ouro as tábuas, e farás de ouro as suas argolas, como suporte para as barras; também as barras cobrirás de ouro.

30

Então levantarás o tabernáculo conforme o modelo que te foi mostrado no monte.

31 Depois farás um véu de azul, e púrpura, e carmesim, e de linho fino torcido; obra esmerada se fará, com querubins,

32 E o porás sobre quatro colunas de madeira de acácia, cobertas de ouro; seus colchetes serão de ouro, sobre quatro bases de prata.

33 Pendurarás o véu debaixo dos colchetes, e porás a arca do testemunho ali dentro do véu; e esse véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo.

34 E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do testemunho no lugar santíssimo,

35 E a mesa porás fora do véu, e o candelabro defronte da mesa, ao lado do tabernáculo para o sul; mas a mesa porás ao lado norte.

36 Farás também para a porta da tenda uma cortina de azul, e púrpura, e carmesim, e de linho fino torcido, obra de bordador,

37 E farás para essa cortina cinco colunas de madeira de acácia, e as cobrirás de ouro; seus colchetes serão de ouro, e far-lhe-ás de fundição cinco bases de bronze.

Capítulo 27

O tabernáculo terá um altar para holocaustos e um pátio cercado de colunas — Uma lâmpada sempre há de arder no tabernáculo da congregação.

1

Farás também o altar de madeira de acácia, cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados a largura (será quadrado o altar), e três côvados a sua altura.

2 E farás os seus chifres aos seus quatro cantos; os seus chifres serão uma só peça com o altar, e o cobrirás de bronze.

3 Far-lhe-ás também os seus potes, para recolher a sua cinza, e as suas pás, e as suas bacias, e os seus garfos, e os seus braseiros; todos os seus utensílios farás de bronze.

4 Far-lhe-ás também uma grelha de bronze em forma de rede, e farás para essa rede quatro argolas de bronze nos seus quatro cantos,

5 E as porás abaixo da borda do altar, de maneira que a rede chegue até o meio do altar.

6 Farás também varas para o altar, varas de madeira de acácia, e as cobrirás de bronze.

7 E as varas serão postas nas argolas, de maneira que as varas estejam de ambos os lados do altar, quando for levado.

8 Oco, de tábuas o farás; como se te mostrou no monte, assim o farão.

9 Farás também o pátio do tabernáculo, ao lado meridional, para o sul; o pátio terá cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem côvados.

10

Também as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de bronze; os colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata.

11 Assim também para o lado norte as cortinas, na extensão, serão de cem côvados de comprimento; e as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de bronze; os colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata.

12 E na largura do pátio, para o lado do ocidente, haverá cortinas de cinquenta côvados; as suas colunas, dez; e as suas bases, dez.

13 Semelhantemente a largura do pátio no lado oriental, a leste, será de cinquenta côvados.

14 De maneira que haja quinze côvados de cortinas de um lado; suas colunas, três; e as suas bases, três.

15 E quinze côvados de cortinas do outro lado; as suas colunas, três; e as suas bases, três.

16 E à porta do pátio haverá uma cortina de vinte côvados, de azul, e púrpura, e carmesim, e de linho fino torcido, obra de bordador; as suas colunas, quatro; e as suas bases, quatro.

17 Todas as colunas do pátio ao redor serão cingidas de faixas de prata; os seus colchetes serão de prata, mas as suas bases, de bronze.

18 O comprimento do pátio será de cem côvados, e a largura de cada lado, de cinquenta, e a altura de cinco côvados, de linho fino torcido, mas as suas bases serão de bronze.

19 No tocante a todos os utensílios do tabernáculo em todo o seu serviço, até todas as suas estacas, e todas as estacas do pátio, serão de bronze.

20

Tu, pois, ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliva, batido para o candeeiro; para fazer arder as lâmpadas continuamente.

21 Na tenda da congregação fora do véu, que está diante do testemunho, Aarão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até a manhã, perante o Senhor; um estatuto perpétuo será este pelas suas gerações, para os filhos de Israel.

Capítulo 28

Aarão e seus filhos serão consagrados e ungidos para ministrar no ofício de sacerdote — As vestes de Aarão incluirão um peitoral, um éfode, um manto, uma túnica, um turbante e um cinto — O peitoral do juízo terá doze pedras preciosas com os nomes das tribos de Israel nelas gravados — O Urim e Tumim serão levados no peitoral.

1

Depois tu farás chegar a ti teu irmão Aarão, e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para que me sirvam como sacerdotes, a saber, Aarão, Nadabe e Abiú, Eleazar e Itamar, os filhos de Aarão.

2 E farás vestes santas para teu irmão Aarão, para glória e ornamento.

3 Falarás também a todos os que são sábios de coração, a quem eu enchi do espírito de sabedoria, que façam vestes para Aarão, para consagrá-lo; para que me sirva como sacerdote.

4 Essas, pois, são as vestes que farão: um peitoral, e um éfode, e um manto, e uma túnica bordada, uma mitra, e um cinto; farão, pois, vestes santas para teu irmão Aarão, e para seus filhos, para que me sirvam como sacerdotes.

5 E tomarão o ouro, e o azul, e a púrpura, e o carmesim, e o linho fino,

6 E farão o éfode de ouro, e de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido, de obra esmerada.

7 Terá duas ombreiras, que se unam às suas duas pontas, e assim se unirá.

8 E o cinto de obra esmerada do seu éfode, que estará sobre ele, será da mesma obra dele, de ouro, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido.

9 E tomarás duas pedras de ônix, e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel,

10

Seis dos seus nomes numa pedra, e os outros seis nomes na outra pedra, segundo as suas gerações;

11 Conforme a obra do lapidário, como a gravura de sinetes gravarás essas duas pedras, com os nomes dos filhos de Israel; engastadas ao redor em ouro as farás.

12 E porás as duas pedras nas ombreiras do éfode, por pedras de memória para os filhos de Israel; e Aarão levará os seus nomes sobre ambos os seus ombros, para memória diante do Senhor.

13 Farás também engastes de ouro,

14 E dois cordões de ouro puro; de igual medida, de obra trançada os farás; e os cordões trançados porás nos engastes.

15 Farás também o peitoral do juízo de obra esmerada, conforme a obra do éfode o farás; de ouro, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido o farás.

16 Quadrado e dobrado, será de um palmo o seu comprimento, e de um palmo a sua largura;

17 E o encherás de pedras de engaste, com quatro fileiras de pedras; a fileira de um sárdio, de um topázio, e de um carbúnculo; essa será a primeira fileira;

18 E a segunda fileira será de uma esmeralda, de uma safira, e de um diamante;

19 E a terceira fileira será de um jacinto, de uma ágata, e de uma ametista;

20

E a quarta fileira será de um berilo, e de um ônix, e de um jaspe; engastadas em ouro serão nos seus engastes.

21 E serão aquelas pedras segundo os nomes dos filhos de Israel, doze segundo os seus nomes; serão como gravuras de sinetes, cada uma com o seu nome, para as doze tribos.

22 Também farás para o peitoral cordões de igual medida, de obra trançada de ouro puro.

23 Também farás para o peitoral dois anéis de ouro, e porás os dois anéis nas extremidades do peitoral.

24 Então porás os dois cordões trançados de ouro nos dois anéis, nas extremidades do peitoral;

25 E as duas pontas dos dois cordões trançados colocarás nos dois engastes, e os porás nas ombreiras do éfode, na frente dele.

26 Farás também dois anéis de ouro, e os porás nas duas extremidades do peitoral, na sua borda interior, junto ao éfode.

27 Farás também dois anéis de ouro, que porás nas duas ombreiras do éfode, abaixo, na frente dele, perto da sua juntura, sobre o cinto de obra esmerada do éfode.

28 E ligarão o peitoral com os seus anéis aos anéis do éfode por cima, com um cordão de azul, para que esteja sobre o cinto de obra esmerada do éfode; e nunca se separará o peitoral do éfode.

29 Assim, Aarão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor continuamente.

30

Também porás no peitoral do juízo o Urim e o Tumim, para que estejam sobre o coração de Aarão, quando entrar diante do Senhor; assim, Aarão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do Senhor continuamente.

31 Também farás o manto do éfode, todo azul.

32 E a abertura da cabeça estará no meio dele; essa abertura terá uma borda de obra tecida ao redor, como abertura de cota de malha será, para que não se rompa.

33 E nas suas bordas farás romãs de azul, e de púrpura, e de carmesim, ao redor das suas bordas; e campainhas de ouro no meio delas ao redor.

34 Uma campainha de ouro, e uma romã, outra campainha de ouro, e outra romã, haverá nas bordas do manto ao redor,

35 E estará sobre Aarão quando ministrar, para que se ouça o seu sonido, quando entrar no santuário diante do Senhor, e quando sair, para que não morra.

36 Também farás uma lâmina de ouro puro, e nela gravarás à maneira de gravuras de sinetes: Santidade ao Senhor.

37 E atá-la-ás com um cordão de azul, de maneira que esteja na mitra; na frente da mitra estará.

38 E estará sobre a testa de Aarão, para que Aarão leve a iniquidade das coisas santas, que os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas santas; e estará continuamente na sua testa, para que tenham aceitação perante o Senhor.

39 Também farás túnica de linho fino; também farás uma mitra de linho fino, mas o cinto farás de obra de bordador.

40

Também farás túnicas para os filhos de Aarão, e far-lhes-ás cintos; também lhes farás barretes, para glória e ornamento.

41 E vestirás com eles Aarão, teu irmão, e também seus filhos; e os ungirás e consagrarás, e os santificarás, para que me sirvam como sacerdotes.

42 Faze-lhes também calções de linho, para cobrirem a carne nua; serão dos lombos até as coxas.

43 E estarão sobre Aarão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da congregação, ou quando chegarem ao altar para ministrar no santuário, para que não levem iniquidade, e morram; isso será estatuto perpétuo para ele e para a sua semente depois dele.

Capítulo 29

Aarão e seus filhos serão lavados, ungidos e consagrados — Várias cerimônias de sacrifício serão realizadas — Será feita expiação pelos pecados do povo — O Senhor promete habitar entre eles.

1

Isto é o que lhes hás de fazer, para os santificar, para que me sirvam como sacerdotes: Toma um novilho, e dois carneiros sem mácula,

2 E pão ázimo, e bolos ázimos, amassados com azeite, e biscoitos ázimos, untados com azeite; com flor de farinha de trigo os farás.

3 E os porás num cesto, e os trarás no cesto, com o novilho e os dois carneiros.

4 Então farás chegar Aarão e seus filhos à porta da tenda da congregação, e os lavarás com água;

5 Depois tomarás as vestes, e vestirás Aarão da túnica e do manto do éfode, e do éfode mesmo, e do peitoral; e o cingirás com o cinto de obra esmerada do éfode.

6 E a mitra porás sobre a sua cabeça; a coroa da santidade porás sobre a mitra;

7 E tomarás o azeite da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça; assim o ungirás.

8 Depois farás chegar seus filhos, e lhes farás vestir túnicas,

9 E os cingirás com o cinto, Aarão e seus filhos, e lhes atarás os barretes, para que tenham o sacerdócio por estatuto perpétuo, e consagrarás Aarão e seus filhos;

10

E farás chegar o novilho diante da tenda da congregação, e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho;

11 E matarás o novilho perante o Senhor, à porta da tenda da congregação.

12 Depois tomarás do sangue do novilho, e o porás com o teu dedo sobre os chifres do altar, e todo o sangue restante derramarás à base do altar.

13 Também tomarás toda a gordura que cobre as entranhas, e o redenho de sobre o fígado, e ambos os rins, e a gordura que houver neles, e queimá-los-ás sobre o altar;

14 Mas a carne do novilho, e a sua pele, e o seu esterco queimarás com fogo fora do acampamento; sacrifício por pecado é.

15 Depois tomarás um carneiro, e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro,

16 E matarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o espalharás sobre o altar ao redor;

17 E partirás o carneiro em pedaços, e lavarás as suas entranhas e as suas pernas, e as porás sobre os seus pedaços e sobre a sua cabeça.

18 Assim, queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor, cheiro suave; uma oferta queimada ao Senhor.

19 Depois tomarás o outro carneiro, e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro;

20

E matarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Aarão, e sobre a ponta da orelha direita de seus filhos, como também sobre o dedo polegar da mão direita deles, e sobre o dedo polegar do pé direito deles; e o resto do sangue espalharás sobre o altar ao redor;

21 Então tomarás do sangue, que estará sobre o altar, e do azeite da unção, e o espargirás sobre Aarão e sobre as suas vestes, e sobre seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e as suas vestes, também seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele.

22 Depois tomarás do carneiro a gordura, e a cauda, e a gordura que cobre as entranhas, e o redenho do figado, e ambos os rins com a gordura que houver neles, e a espádua direita, porque é carneiro das consagrações;

23 E um pão, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão do cesto dos pães ázimos que estiverem diante do Senhor.

24 E tudo porás nas mãos de Aarão, e nas mãos de seus filhos; e com movimento o moverás como oferta perante o Senhor.

25 Depois o tomarás das suas mãos, e o queimarás no altar sobre o holocausto, por cheiro suave perante o Senhor; oferta queimada ao Senhor é.

26 E tomarás o peito do carneiro das consagrações, que é de Aarão, e o moverás como oferta movida perante o Senhor; e isso será a tua porção.

27 E santificarás o peito da oferta movida e a espádua da oferta alçada, que foi movida e alçada, do carneiro das consagrações, que é de Aarão e de seus filhos,

28 E será para Aarão e para seus filhos por estatuto perpétuo dos filhos de Israel, porque é oferta alçada; e a oferta alçada será dos filhos de Israel, dos seus sacrifícios pacíficos; a sua oferta alçada será para o Senhor.

29 E as vestes santas, que são de Aarão, serão de seus filhos depois dele, para serem ungidos nelas e para consagrá-los nelas.

30

Sete dias as vestirá aquele que de seus filhos for sacerdote em seu lugar, quando entrar na tenda da congregação para ministrar no santuário.

31 E tomarás o carneiro das consagrações, e cozerás a sua carne no lugar santo;

32 E Aarão e seus filhos comerão a carne desse carneiro, e o pão que está no cesto à porta da tenda da congregação,

33 E comerão as coisas com que for feita expiação, para consagrá-los, e para santificá-los, mas um estranho não as comerá, porque santas são.

34 E se sobejar alguma coisa da carne das consagrações ou do pão até pela manhã, o que sobejar queimarás com fogo; não se comerá, porque santo é.

35 Assim, pois, farás a Aarão e a seus filhos, conforme a tudo o que eu te ordenei; por sete dias os consagrarás.

36 Também cada dia prepararás um novilho por sacrifício pelo pecado para as expiações, e purificarás o altar, fazendo expiação sobre ele; e o ungirás para santificá-lo.

37 Sete dias farás expiação pelo altar, e o santificarás; e o altar será santíssimo; tudo o que tocar o altar será santo.

38 Isto, pois, é o que oferecereis sobre o altar: dois cordeiros de um ano, cada dia, continuamente.

39 Um cordeiro oferecerás pela manhã, e o outro cordeiro oferecerás de tarde.

40

Com um cordeiro, a décima parte de flor de farinha, misturada com a quarta parte de um him de azeite batido; e para libação, a quarta parte de um him de vinho,

41 E o outro cordeiro oferecerás à tarde, e com ele farás como com a oferta da manhã, e conforme a sua libação, por cheiro suave; oferta queimada é ao Senhor.

42 Esse será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali.

43 E ali me encontrarei com os filhos de Israel, e a tenda será santificada pela minha glória.

44 E santificarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei Aarão e seus filhos, para que me sirvam como sacerdotes.

45 E eu habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por Deus,

46 E saberão que eu sou o Senhor seu Deus, que os tirei da terra do Egito, para habitar no meio deles; eu sou o Senhor seu Deus.

Capítulo 30

Um altar do incenso será colocado diante do véu — Será feita expiação com o sangue da oferta pelo pecado — O dinheiro da expiação será pago para resgatar todo homem — Os sacerdotes usarão o azeite da santa unção e o incenso.

1

E farás um altar para queimar o incenso; de madeira de acácia o farás.

2 O seu comprimento será de um côvado, e a sua largura, de um côvado; será quadrado, e dois côvados a sua altura; dele mesmo serão os seus chifres.

3 E com ouro puro o cobrirás, o seu teto, e as suas paredes ao redor, e os seus chifres; e lhe farás uma bordadura de ouro ao redor.

4 Também lhe farás duas argolas de ouro debaixo da sua bordadura; nos dois cantos as farás, de ambos os lados; e serão para suportes das varas, com que será levado.

5 E as varas farás de madeira de acácia, e as cobrirás com ouro.

6 E o porás diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório, que está sobre o testemunho, onde me ajuntarei contigo.

7 E Aarão sobre ele queimará o incenso das especiarias; cada manhã, quando puser em ordem as lâmpadas, o queimará.

8 E acendendo Aarão as lâmpadas à tarde, o queimará; esse será incenso contínuo perante o Senhor pelas vossas gerações.

9 Não oferecereis sobre ele incenso estranho, nem holocausto, nem oferta; nem tampouco derramareis sobre ele libações.

10

E uma vez no ano Aarão fará expiação sobre os chifres do altar com o sangue do sacrifício das expiações; uma vez no ano fará expiação sobre ele pelas vossas gerações; santíssimo é ao Senhor.

11 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

12 Quando fizeres a contagem dos filhos de Israel, conforme o seu número, cada um deles dará ao Senhor o resgate da sua alma, quando os contares, para que não haja entre eles praga alguma, quando os contares.

13 Isto dará todo aquele que passar ao número dos alistados: a metade de um siclo, segundo o siclo do santuário (esse siclo é de vinte geras); a metade de um siclo é a oferta ao Senhor.

14 Qualquer que passar ao número dos alistados de vinte anos e acima, dará a oferta alçada ao Senhor.

15 O rico não aumentará, e o pobre não diminuirá da metade do siclo, quando derem a oferta alçada ao Senhor, para fazer expiação por vossa alma.

16 E tomarás o dinheiro das expiações dos filhos de Israel, e o darás ao serviço da tenda da congregação; e será para memória aos filhos de Israel diante do Senhor, para fazer expiação por vossa alma.

17 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

18 Farás também uma pia de bronze com a sua base de bronze, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e deitarás água nela.

19 E Aarão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés.

20

Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor.

21 Lavarão, pois, as suas mãos e os seus pés, para que não morram; e isso lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua semente nas suas gerações.

22 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

23 Tu, pois, toma para ti das principais especiarias: da mais pura mirra, quinhentos siclos; e de canela aromática, a metade, a saber, duzentos e cinquenta siclos; e de cálamo aromático, duzentos e cinquenta siclos,

24 E de cássia, quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário; e de azeite de oliveiras, um him.

25 E disso farás o azeite da santa unção, o perfume composto segundo a obra do perfumista; esse será o azeite da santa unção.

26 E com ele ungirás a tenda da congregação, e a arca do testemunho,

27 E a mesa, com todos os seus utensílios; e o candelabro, com os seus utensílios; e o altar do incenso,

28 E o altar do holocausto, com todos os seus utensílios; e a pia com a sua base.

29 Assim, santificarás essas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo.

30

Também ungirás Aarão e seus filhos, e os santificarás para me servirem como sacerdotes.

31 E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Este me será o azeite da santa unção nas vossas gerações.

32 Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante conforme a sua composição; santo é, e será santo para vós.

33 O homem que compuser tal perfume como esse, ou que dele puser sobre um estranho, será extirpado do seu povo.

34 Disse mais o Senhor a Moisés: Toma especiarias aromáticas, estoraque, e onicha, e gálbano; essas especiarias aromáticas e o incenso puro, de igual peso;

35 E disso farás incenso, um perfume segundo a arte do perfumista, temperado, puro e santo;

36 E parte dele moerás até o pó, e dele porás diante do testemunho, na tenda da congregação, onde eu me encontrarei contigo; coisa santíssima vos será.

37 Porém o incenso que farás conforme a composição desse, não o fareis para vós mesmos; santo será para o Senhor.

38 O homem que fizer tal como esse para cheirar, será extirpado do seu povo.

Capítulo 31

Os artífices são inspirados a construir e mobiliar o tabernáculo — Ordena-se a Israel que guarde os Sábados do Senhor — É decretada a pena de morte para a profanação do Sábado — Moisés recebe as tábuas de pedra.

1

Depois falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Eis que eu chamei por nome Bezalel, filho de Uri, filho de Ur, da tribo de Judá,

3 E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de conhecimento, em todo ofício,

4 Para elaborar projetos, e trabalhar em ouro, em prata, e em bronze,

5 E em lapidação de pedras para engastar, e em entalhe de madeira, para trabalhar em todo o ofício.

6 E eis que eu pus com ele Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e dei sabedoria ao coração de todos aqueles que são sábios de coração, para que façam tudo o que te ordenei;

7 A saber: a tenda da congregação, e a arca do testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e todos os pertences da tenda;

8 E a mesa, com os seus utensílios; e o candelabro puro, com todos os seus utensílios; e o altar do incenso;

9 E o altar do holocausto, com todos os seus utensílios; e a pia com a sua base;

10

E as vestes do ministério, e as vestes santas de Aarão, o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para servirem como sacerdotes;

11 E o azeite da unção, e o incenso aromático para o santuário; farão conforme tudo que te mandei.

12 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

13 Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica.

14 Portanto, guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá, porque qualquer que nele fizer algum trabalho, aquela alma será extirpada do meio do seu povo.

15 Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho certamente morrerá.

16 Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por convênio perpétuo.

17 Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre, porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e tomou alento.

18 E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.

Capítulo 32

Aarão faz um bezerro de ouro, que é adorado por Israel — Moisés serve de mediador entre Deus e o Israel rebelde — Moisés quebra as tábuas de pedra — Os levitas matam cerca de 3.000 rebeldes — Moisés roga e intercede pelo povo.

1

Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, ajuntou-se o povo a Aarão, e disseram-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós, porque quanto a esse Moisés, a esse homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.

2 E Aarão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro, que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e trazei-mos.

3 Então todo o povo arrancou os pendentes de ouro, que estavam nas suas orelhas, e os levaram a Aarão.

4 E ele os tomou das suas mãos, e deu forma ao ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito.

5 E Aarão, vendo isso, edificou um altar diante dele; e Aarão apregoou, e disse: Amanhã será festa ao Senhor.

6 E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber; depois levantaram-se para divertir-se.

7 Então disse o Senhor a Moisés: Vai, desce, porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se corrompeu,

8 E se desviou depressa do caminho que eu lhes tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de fundição, e perante ele se inclinaram, e sacrificaram-lhe, e disseram: Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito.

9 Disse mais o Senhor a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo obstinado.

10

Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma, e eu farei de ti uma grande nação.

11 Pórem Moisés suplicou ao Senhor seu Deus, e disse: Ó Senhor, por que se acende o teu furor contra o teu povo, que tu tiraste da terra do Egito com grande poder e com mão forte?

12 Por que hão de falar os egípcios, dizendo: Para mal os tirou, para matá-los nos montes, e para destruí-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira, e arrepende-te desse mal contra o teu povo.

13 Lembra-te de Abraão, de Isaque, e de Israel, os teus servos, aos quais por ti mesmo juraste, e lhes disseste: Multiplicarei a vossa semente como as estrelas dos céus, e darei à vossa semente toda esta terra, de que falei, para que a possuam por herança eternamente.

14 E o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que haveria de fazer ao seu povo.

15 E voltou-se Moisés, e desceu do monte com as duas tábuas do testemunho na sua mão, tábuas escritas de ambos os lados; de um e de outro lado escritas estavam.

16 E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a própria escritura de Deus, esculpida nas tábuas.

17 E ouvindo Josué a voz do povo que gritava, disse a Moisés: Alarido de guerra no acampamento.

18 Porém ele disse: Não é o alarido dos vitoriosos, nem o alarido dos vencidos, mas o alarido dos que cantam eu ouço.

19 E aconteceu que, chegando ele ao acampamento, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se o furor de Moisés, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte;

20

E tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas, e deu-o a beber aos filhos de Israel.

21 E Moisés disse a Aarão: Que te fez este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado?

22 Então disse Aarão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal;

23 E eles me disseram: Faze-nos deuses que vão adiante de nós, porque não sabemos o que sucedeu a esse Moisés, a esse homem que nos tirou da terra do Egito.

24 Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu esse bezerro.

25 E vendo Moisés que o povo estava despido, porque Aarão o havia despido para vergonha entre os seus inimigos,

26 Pôs-se em pé Moisés na porta do acampamento, e disse: Quem é do Senhor, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi.

27 E disse-lhes: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa, e passai e tornai a passar pelo acampamento de porta em porta, e mate cada um o seu irmão, e cada um o seu amigo, e cada um o seu próximo.

28 E os filhos de Levi fizeram conforme a palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens.

29 Porquanto Moisés tinha dito: Consagrai-vos hoje ao Senhor; porquanto cada um será contra o seu filho, e contra o seu irmão; e isso para que ele vos dê hoje uma bênção.

30

E aconteceu que no dia seguinte Moisés disse ao povo: Vós pecastes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor; porventura farei propiciação por vosso pecado.

31 Assim, retornou Moisés ao Senhor, e disse: Ora, este povo pecou grande pecado, fazendo para si deuses de ouro.

32 Agora, pois, perdoa o seu pecado, senão risca-me, peço-te, do teu livro que escreveste.

33 Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, esse riscarei eu do meu livro.

34 Vai, pois, agora, conduze este povo para onde te disse; eis que o meu anjo irá adiante de ti; porém no dia da minha visitação os castigarei pelo seu pecado.

35 Assim, feriu o Senhor o povo, porquanto fizeram o bezerro que Aarão tinha feito.

Capítulo 33

O Senhor promete estar com Israel e expulsar os povos daquela terra — O tabernáculo da congregação é levado para fora do acampamento — O Senhor fala a Moisés face a face no tabernáculo — Mais tarde, Moisés vê a glória de Deus, mas não a Sua face.

1

Disse mais o Senhor a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que fizeste subir da terra do Egito, à terra que jurei a Abraão, e a Isaque, e a Jacó, dizendo: À tua semente a darei.

2 E enviarei um anjo diante de ti, e expulsarei os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus,

3 A uma terra que mana leite e mel; porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para que não te consuma eu no caminho.

4 E ouvindo o povo essa má notícia, entristeceram-se, e nenhum deles pôs sobre si os seus ornamentos.

5 Porquanto o Senhor tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: Povo obstinado és; se por um momento subir no meio de ti, te consumirei; porém agora tira de ti os teus ornamentos, para que eu saiba o que te hei de fazer.

6 Então os filhos de Israel se despojaram dos seus ornamentos, ao pé do monte Horebe.

7 E tomou Moisés a tenda, e a armou fora do acampamento, bem longe do acampamento, e chamou-a a tenda da congregação; e aconteceu que todo aquele que buscava o Senhor saía à tenda da congregação, que estava fora do acampamento.

8 E aconteceu que, saindo Moisés para a tenda, todo o povo se levantava, e cada um ficou em pé à porta da sua tenda, e olhavam para Moisés pelas costas, até ele entrar na tenda.

9 E aconteceu que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda; e o Senhor falava com Moisés.

10

E vendo todo o povo a coluna de nuvem que estava à porta da tenda, todo o povo se levantou e adorou, cada um à porta da sua tenda.

11 E falou o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois retornou ao acampamento, mas o seu servidor, o jovem Josué, filho de Num, não se apartou do meio da tenda.

12 E Moisés disse ao Senhor: Eis que tu me dizes: Faze subir este povo, porém não me fazes saber quem hás de enviar comigo; e tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos meus olhos.

13 Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que agora me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e atenta que esta nação é o teu povo.

14 Disse, pois: Irá a minha presença contigo para te fazer descansar.

15 Então disse-lhe: Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.

16 Como, pois, se saberá agora que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é porque andas tu conosco? Assim, separados seremos, eu e o teu povo, de todos os povos que sobre a face da terra.

17 Então disse o Senhor a Moisés: Farei também isso, que disseste; porquanto achaste graça aos meus olhos; e te conheço por nome.

18 Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória.

19 Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e apregoarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer.

20

E disse ele mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.

21 Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; e te porás sobre a penha.

22 E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

23 E havendo eu tirado a minha mão, me verás de costas; mas a minha face não se verá.

Capítulo 34

Moisés lavra novas tábuas de pedra — Ele sobe ao monte Sinai por quarenta dias — O Senhor proclama Seu nome e atributos e revela Sua lei — Ele faz outro convênio com Israel — A pele do rosto de Moisés resplandece, e ele usa um véu.

1

E disse o Senhor a Moisés: Lavra-te duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste.

2 E prepara-te para amanhã, para que subas pela manhã ao monte Sinai, e ali põe-te diante de mim no cume do monte.

3 E ninguém suba contigo, e também ninguém apareça em todo o monte; nem ovelhas nem bois se apascentem defronte do monte.

4 Então ele lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e levantou-se Moisés pela manhã, de madrugada, e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado; e tomou as duas tábuas de pedra na sua mão.

5 E o Senhor desceu numa nuvem, e se pôs ali junto a ele; e ele apregoou o nome do Senhor.

6 Passando, pois, o Senhor perante a sua face, clamou: Senhor, Senhor Deus misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em benevolência e verdade;

7 Que guarda a benevolência para milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que não tem por inocente o culpado; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração.

8 E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, e adorou,

9 E disse: Senhor, se agora achei graça aos teus olhos, vá agora o Senhor no meio de nós, porque este é povo obstinado, porém perdoa a nossa iniquidade e o nosso pecado, e toma-nos por tua herança.

10

Então disse: Eis que eu faço um convênio; farei diante de todo o teu povo maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem entre gente alguma, de maneira que todo este povo, em cujo meio tu estás, veja a obra do Senhor, porque coisa terrível é o que faço contigo.

11 Guarda o que eu te ordeno hoje; eis que eu expulsarei de diante de ti os amorreus, e os cananeus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus.

12 Guarda-te para que não faças aliança com os moradores da terra aonde hás de entrar, para que não seja por laço no meio de ti.

13 Mas os seus altares derrubareis, e as suas estátuas quebrareis, e os seus postes-ídolos cortareis.

14 Porque não te inclinarás diante de outro deus, pois o nome do Senhor é Zeloso; Deus zeloso é ele;

15 Para que não faças aliança com os moradores da terra, e não seja que, prostituindo-se eles após os seus deuses, e sacrificando aos seus deuses, tu, como convidado deles, comas dos seus sacrifícios,

16 E tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se após os seus deuses, façam que também os teus filhos se prostituam após os seus deuses.

17 Não farás para ti deuses de fundição.

18 A festa dos pães ázimos guardarás; sete dias comerás pães ázimos, como te ordenei, ao tempo apontado do mês de Abibe, porque no mês de Abibe saíste do Egito.

19 Tudo o que abre a madre meu é, e todo o primogênito do teu gado, que seja macho, abrindo a madre de vacas e de ovelhas;

20

O burro, porém, que abrir a madre, resgatarás com um cordeiro; mas, se não o resgatares, quebrar-lhe-ás o pescoço; todo primogênito de teus filhos resgatarás. E ninguém aparecerá de mãos vazias diante de mim.

21 Seis dias trabalharás, mas ao sétimo dia descansarás; na aradura e na ceifa descansarás.

22 Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das primícias da ceifa do trigo, e a festa da colheita na passagem do ano.

23 Três vezes no ano todos os vossos homens aparecerão perante o Senhor Deus, o Deus de Israel.

24 Porque eu expulsarei as nações de diante de ti, e alargarei o teu termo; ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para aparecer três vezes no ano diante do Senhor teu Deus.

25 Não sacrificarás o sangue do meu sacrifício com pão levedado, nem o sacrifício da festa da páscoa ficará da noite para a manhã.

26 As primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à casa do Senhor teu Deus; não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.

27 Disse mais o Senhor a Moisés: Escreve essas palavras, porque conforme o teor dessas palavras fiz convênio contigo e com Israel.

28 E esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do convênio, os dez mandamentos.

29 E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai (e Moisés trazia as duas tábuas do testemunho em sua mão, quando desceu do monte), Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele.

30

Olhando, pois, Aarão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele do seu rosto resplandecia, pelo que temeram de chegar-se a ele.

31 Então Moisés os chamou, e Aarão e todos os príncipes da congregação retornaram a ele; e Moisés lhes falou.

32 Depois chegaram também todos os filhos de Israel, e ele lhes ordenou tudo o que o Senhor falara com ele no monte Sinai.

33 Assim, acabou Moisés de falar com eles, e tinha posto um véu sobre o seu rosto.

34 Porém, entrando Moisés perante o Senhor, para falar com ele, tirava o véu até que saía; e saindo, falava com os filhos de Israel o que lhe era ordenado.

35 Assim, pois, viam os filhos de Israel o rosto de Moisés, que resplandecia a pele do rosto de Moisés; e tornava Moisés a por o véu sobre o seu rosto, até que entrava para falar com ele.

Capítulo 35

Israel é exortado a observar o Sábado — São feitas ofertas voluntárias para a obra do tabernáculo — Confirmam-se o chamado e a inspiração de alguns artífices.

1

Então fez Moisés ajuntar toda a congregação dos filhos de Israel, e disse-lhes: Estas são as palavras que o Senhor ordenou que se cumprissem.

2 Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor; todo aquele que nele fizer algum trabalho morrerá.

3 Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado.

4 Falou mais Moisés a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:

5 Tomai, do que vós tendes, uma oferta para o Senhor; cada um, cujo coração seja bem disposto, a trará por oferta alçada ao Senhor: ouro, e prata, e bronze,

6 Como também azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras,

7 E peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, madeira de acácia,

8 E azeite para a luminária, e especiarias para o azeite da unção, e para o incenso aromático,

9 E pedras de ônix, e pedras de engaste, para o éfode e para o peitoral.

10

E todos os sábios de coração entre vós irão, e farão tudo o que o Senhor mandou:

11 O tabernáculo, a sua tenda, e a sua coberta, os seus colchetes, e as suas tábuas, as suas barras, as suas colunas, e as suas bases,

12 A arca e as suas varas, o propiciatório e o véu da cortina,

13 A mesa, e as suas varas, e todos os seus utensílios; e os pães da proposição,

14 E o candelabro da luminária, e os seus utensílios, e as suas lâmpadas, e o azeite para a luminária,

15 E o altar do incenso e as suas varas, e o azeite da unção, e o incenso aromático, e a cortina da porta à entrada do tabernáculo,

16 O altar do holocausto, e a grelha de bronze que terá suas varas, e todos os seus pertences, a pia e a sua base,

17 As cortinas do pátio, as suas colunas e as suas bases, e a cortina da porta do pátio,

18 As estacas do tabernáculo, e as estacas do pátio, e as suas cordas,

19 As vestes do ministério para ministrar no santuário, as vestes santas de Aarão, o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para servirem como sacerdotes.

20

Então toda a congregação dos filhos de Israel saiu de diante de Moisés,

21 E veio todo homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o impeliu, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes santas.

22 Assim que vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes, todo objeto de ouro; e todo homem oferecia oferta de ouro ao Senhor;

23 E todo homem que se achou com azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras, e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles de texugos, os trazia;

24 Todo aquele que oferecia oferta alçada de prata ou de bronze, a trazia por oferta alçada ao Senhor; e todo aquele que se achava com madeira de acácia, a trazia para toda obra do serviço.

25 E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o que tinham fiado: o azul e a púrpura, o carmesim e o linho fino.

26 E todas as mulheres, cujo coração as moveu em sabedoria, fiavam os pelos das cabras.

27 E os príncipes traziam pedras de ônix, e pedras de engastes para o éfode e para o peitoral,

28 E especiarias, e azeite para a luminária, e para o azeite da unção, e para o incenso aromático.

29 Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda obra que o Senhor ordenara que se fizesse pela mão de Moisés, aquilo trouxeram os filhos de Israel por oferta voluntária ao Senhor.

30

Depois disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor chamou por nome Bezaleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá,

31 E o espírito de Deus o encheu de sabedoria, entendimento e conhecimento em todo ofício,

32 E para elaborar projetos, para trabalhar em ouro, e em prata, e em bronze,

33 E em lapidação de pedras para engastar, e em entalhe de madeira para trabalhar em toda obra esmerada.

34 Também lhe dispôs o coração para ensinar a outros; a ele e a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã.

35 Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda obra, a de gravador, e a mais engenhosa, e do bordador, em azul, e em púrpura, em carmesim, e em linho fino, e do tecelão; fazendo toda obra, e criando invenções.

Capítulo 36

Escolhem-se homens sábios de coração para trabalhar no tabernáculo — Moisés pede ao povo que não doe mais materiais.

1

Assim, trabalharam Bezalel e Aoliabe, e todo homem sábio de coração, a quem o Senhor dera sabedoria e inteligência, para saber como haviam de fazer toda obra para o serviço do santuário, conforme tudo o que o Senhor tinha ordenado.

2 Então Moisés chamou Bezalel e Aoliabe, e todo homem sábio de coração, cujo coração o Senhor dotou de sabedoria; todo aquele a quem o seu coração movera a se chegar à obra, para fazê-la.

3 Receberam, pois, de diante de Moisés toda oferta alçada, que trouxeram os filhos de Israel para a obra do serviço do santuário, para fazê-la, e ainda eles lhe traziam cada manhã oferta voluntária.

4 E vieram todos os homens sábios, que faziam toda a obra do santuário, cada um da obra que eles faziam,

5 E falaram a Moisés, dizendo: O povo traz muito mais do que basta para o serviço da obra que o Senhor ordenou que se fizesse.

6 Então mandou Moisés que fizessem uma proclamação pelo acampamento, dizendo: Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim, o povo foi proibido de trazer mais,

7 Porque tinham material bastante para toda a obra que se havia de fazer, e ainda sobejava.

8 Assim, todo sábio de coração, entre os que faziam a obra, fez o tabernáculo de dez cortinas, de linho fino torcido, e de azul, e de púrpura, e de carmesim, com querubins; da obra mais esmerada as fez.

9 O comprimento de cada cortina era de vinte e oito côvados, e a largura de cada cortina, de quatro côvados; todas as cortinas tinham uma mesma medida.

10

E ele ligou cinco cortinas uma com a outra; e outras cinco cortinas ligou uma com outra.

11 Depois fez laçadas de azul na borda de uma cortina, na extremidade da juntura; assim também fez na borda, na extremidade da juntura da segunda cortina.

12 Cinquenta laçadas fez numa cortina, e cinquenta laçadas fez numa extremidade da cortina, que se ligava com a segunda; essas laçadas eram contrapostas uma com a outra.

13 Também fez cinquenta colchetes de ouro, e com esses colchetes uniu as cortinas uma com a outra; e foi feito assim um tabernáculo.

14 Fez também cortinas de pelos de cabras para a tenda sobre o tabernáculo; onze cortinas fez.

15 O comprimento de cada cortina era de trinta côvados, e a largura de cada cortina, de quatro côvados; essas onze cortinas tinham uma mesma medida.

16 E ele uniu cinco cortinas à parte, e seis cortinas à parte,

17 E fez cinquenta laçadas na borda da última cortina, na juntura; também fez cinquenta laçadas na borda da cortina, na outra juntura.

18 Fez também cinquenta colchetes de bronze, para ajuntar a tenda, para que fosse uma.

19 Fez também para a tenda uma coberta de peles de carneiros, tintas de vermelho; e por cima uma coberta de peles de texugos.

20

Também fez tábuas para o tabernáculo, de madeira de acácia, que eram colocadas em pé.

21 O comprimento de cada tábua era de dez côvados, e a largura de cada tábua era de um côvado e meio.

22 Cada tábua tinha dois encaixes, travados um com o outro; assim fez com todas as tábuas do tabernáculo.

23 Assim, pois, fez as tábuas para o tabernáculo; vinte tábuas para o lado meridional, ao sul;

24 E fez quarenta bases de prata debaixo das vinte tábuas: duas bases debaixo de uma tábua para os seus dois encaixes, e duas bases debaixo da outra tábua para os seus dois encaixes.

25 Também fez vinte tábuas para o outro lado do tabernáculo, do lado norte,

26 Com as suas quarenta bases de prata; duas bases debaixo de uma tábua, e duas bases debaixo de outra tábua.

27 E no lado do tabernáculo, para o ocidente, fez seis tábuas.

28 Fez também duas tábuas para os cantos do tabernáculo nos dois lados,

29 As quais estavam juntas debaixo, e também se ajuntavam por cima com uma argola; assim fez com ambas nos dois cantos.

30

Assim, eram oito tábuas com as suas bases de prata, a saber, dezesseis bases, duas bases debaixo de cada tábua.

31 Fez também barras de madeira de acácia, cinco para as tábuas de um lado do tabernáculo.

32 E cinco barras para as tábuas do outro lado do tabernáculo; e outras cinco barras para as tábuas do tabernáculo de ambos os lados do ocidente.

33 E fez que a barra do meio passasse pelo meio das tábuas, de uma extremidade até a outra.

34 E cobriu de ouro as tábuas, e as suas argolas (os suportes das barras) fez de ouro; as barras também cobriu de ouro.

35 Depois fez o véu de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido; de obra esmerada o fez com querubins.

36 E fez-lhe quatro colunas de madeira de acácia, e as cobriu de ouro; e seus colchetes fez de ouro, e fundiu-lhe quatro bases de prata.

37 Fez também para a porta da tenda o véu de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido, obra do bordador,

38 Com as suas cinco colunas e os seus colchetes; e os seus capitéis e as suas molduras cobriu de ouro; e as suas cinco bases eram de bronze.

Capítulo 37

Bezalel faz a arca, o propiciatório e os querubins — Ele faz a mesa, os utensílios, o candelabro, o altar do incenso, o azeite santo da unção e o incenso aromático.

1

Fez também Bezalel a arca de madeira de acácia; o seu comprimento era de dois côvados e meio; e a sua largura de um côvado e meio; e a sua altura de um côvado e meio.

2 E cobriu-a de ouro puro por dentro e por fora; e fez-lhe uma bordadura de ouro ao redor;

3 E fundiu-lhe quatro argolas de ouro nos seus quatro cantos, num lado duas, e no outro lado duas argolas;

4 E fez varas de madeira de acácia, e as cobriu de ouro;

5 E colocou as varas nas argolas nos lados da arca, para levar a arca.

6 Fez também de ouro puro o propiciatório; o seu comprimento era de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio.

7 Fez também dois querubins de ouro; de ouro batido os fez, nas duas extremidades do propiciatório;

8 Um querubim em uma extremidade deste lado, e o outro querubim na outra extremidade do outro lado; de uma só peça com o propiciatório fez os querubins nas duas extremidades dele.

9 E os querubins estendiam as asas por cima, cobrindo com as suas asas o propiciatório; e os seus rostos estavam defronte um do outro; os rostos dos querubins estavam virados para o propiciatório.

10

Fez também a mesa de madeira de acácia; o seu comprimento era de dois côvados, e a sua largura de um côvado, e a sua altura de um côvado e meio.

11 E cobriu-a de ouro puro, e fez-lhe uma bordadura de ouro ao redor.

12 Fez-lhe também uma moldura da largura de um palmo, ao redor; e fez uma coroa de ouro ao redor da sua moldura.

13 Fundiu-lhe também quatro argolas de ouro; e pôs as argolas nos quatro cantos que estavam nos seus quatro pés.

14 Defronte da moldura estavam as argolas para os suportes das varas, para levar a mesa.

15 Fez também as varas de madeira de acácia, e as cobriu de ouro, para levar a mesa.

16 E fez de ouro puro os utensílios que haviam de estar sobre a mesa, os seus pratos, e as suas colheres, e as suas tigelas, e os seus jarros, com que se haviam de oferecer libações.

17 Fez também o candelabro de ouro puro; de obra batida fez esse candelabro; o seu pé, e as suas hastes, os seus copos, os seus cálices, e as suas flores formavam com ele uma só peça.

18 Seis hastes saíam dos seus lados: três hastes do candelabro, de um lado dele, e três hastes do candelabro, de outro lado.

19 Numa haste estavam três copos em formato de amêndoas, um cálice e uma flor; e na outra haste três copos em formato de amêndoas, um cálice e uma flor; assim para as seis hastes que saíam do candelabro.

20

Mas no mesmo candelabro havia quatro copos em formato de amêndoas, com os seus cálices e com as suas flores.

21 E havia um cálice debaixo de duas hastes do mesmo; e outro cálice debaixo de duas hastes do mesmo; e mais um cálice debaixo de duas hastes do mesmo; assim se fez para as seis hastes, que saíam dele.

22 Os seus cálices e as suas hastes eram parte do mesmo, tudo era uma obra batida de ouro puro.

23 E fez-lhe de ouro puro sete lâmpadas, as suas pinças e os seus apagadores.

24 De um talento de ouro puro o fez, e todos os seus utensílios.

25 E fez o altar do incenso de madeira de acácia: de um côvado era o seu comprimento, e de um côvado a sua largura, quadrado; e de dois côvados a sua altura; os seus chifres eram parte dele mesmo.

26 E cobriu-o de ouro puro, o seu teto, e as suas paredes ao redor, e os seus chifres; e fez-lhe uma bordadura de ouro ao redor.

27 Fez-lhe também duas argolas de ouro debaixo da sua bordadura, e os seus dois cantos, de ambos os seus lados, para os suportes das varas, para levá-lo com elas.

28 E as varas fez de madeira de acácia, e as cobriu de ouro.

29 Também fez o azeite santo da unção, e o incenso aromático, puro, obra do perfumista.

Capítulo 38

Bezalel e outros fazem o altar do holocausto e todas as coisas pertencentes ao tabernáculo — Seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta homens fazem suas ofertas.

1

Fez também o altar do holocausto de madeira de acácia; de cinco côvados era o seu comprimento; e de cinco côvados, a sua largura, quadrado; e de três côvados, a sua altura.

2 E fez-lhe os seus chifres nos seus quatro cantos; eram os seus chifres parte do mesmo; e cobriu-o de bronze.

3 Fez também todos os utensílios do altar: os potes, e as pás, e as bacias, e os garfos, e os braseiros; todos os seus utensílios fez de bronze.

4 Fez também para o altar uma grelha de bronze, em forma de rede, abaixo da sua borda, até o meio dele.

5 E fundiu quatro argolas às quatro extremidades da grelha de bronze, para os suportes das varas.

6 E fez as varas de madeira de acácia, e as cobriu de bronze.

7 E pôs as varas nas argolas nos lados do altar, para levá-lo com elas; fê-lo oco, de tábuas.

8 Fez também a pia de bronze com a sua base de bronze, dos espelhos das mulheres que se ajuntavam, ajuntando-se à porta da tenda da congregação.

9 Fez também o pátio do lado meridional, ao sul; as cortinas do pátio eram de linho fino torcido, de cem côvados.

10

As suas vinte colunas e as suas vinte bases eram de bronze; os colchetes dessas colunas e as suas molduras eram de prata;

11 E do lado norte, cortinas de cem côvados; as suas vinte colunas e as suas vinte bases eram de bronze, os colchetes das colunas e as suas molduras eram de prata.

12 E do lado do ocidente, cortinas de cinquenta côvados; as suas colunas, dez; e as suas bases, dez; os colchetes das colunas e as suas molduras eram de prata.

13 E do lado oriental, ao oriente, cortinas de cinquenta côvados.

14 As cortinas desse lado da porta eram de quinze côvados; as suas colunas, três; e as suas bases, três.

15 E do outro lado da porta do pátio, de ambos os lados, havia cortinas de quinze côvados; as suas colunas, três; e as suas bases, três.

16 Todas as cortinas do pátio ao redor eram de linho fino torcido.

17 E as bases das colunas eram de bronze; os colchetes das colunas e as suas molduras eram de prata; e o revestimento dos seus capitéis, de prata; e todas as colunas do pátio eram cingidas de prata.

18 E a cortina da porta do pátio era de obra de bordador, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido; e o comprimento era de vinte côvados, e a altura, na largura, de cinco côvados, conforme as cortinas do pátio.

19 E as suas quatro colunas e as suas quatro bases eram de bronze; os seus colchetes, de prata; e o revestimento dos seus capitéis, e as suas molduras, de prata.

20

E todas as estacas do tabernáculo e do pátio ao redor eram de bronze.

21 Esta é a enumeração das coisas do tabernáculo do testemunho, que por ordem de Moisés foram contadas para o ministério dos levitas por mão de Itamar, filho de Aarão, o sacerdote.

22 Fez, pois, Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, tudo quanto o Senhor tinha ordenado a Moisés.

23 E com ele Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, um mestre de obra, e engenhoso artífice, e bordador em azul, e em púrpura, e em carmesim, e em linho fino.

24 Todo o ouro gasto na obra, em toda a obra do santuário, a saber, o ouro da oferta, foi vinte e nove talentos e setecentos e trinta siclos, conforme o siclo do santuário;

25 E a prata dos alistados da congregação foi cem talentos e mil e setecentos e setenta e cinco ciclos, conforme o siclo do santuário;

26 Um beca por cabeça, isto é, meio siclo, conforme o siclo do santuário; de qualquer que passava ao número dos alistados, da idade de vinte anos e acima, que foram seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta.

27 E havia cem talentos de prata para fundir as bases do santuário e as bases do véu; para cem bases, cem talentos; um talento para cada base.

28 E dos mil e setecentos e setenta e cinco siclos fez os colchetes das colunas, e cobriu os seus capitéis, e os cingiu de molduras.

29 E o bronze da oferta foi setenta talentos e dois mil e quatrocentos siclos.

30

E dele fez as bases da porta da tenda da congregação, e o altar de bronze, e a grelha de bronze, e todos os utensílios do altar,

31 E as bases do pátio ao redor, e as bases da porta do pátio, e todas as estacas do tabernáculo e todas as estacas do pátio ao redor.

Capítulo 39

Fazem-se vestes santas para Aarão e os sacerdotes — Faz-se o peitoral — O tabernáculo da congregação é concluído — Moisés abençoa o povo.

1

Fizeram também as vestes do ministério, para ministrar no santuário, de azul, e de púrpura, e de carmesim; também fizeram as vestes santas para Aarão, como o Senhor ordenara a Moisés.

2 Assim, fez o éfode de ouro, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido.

3 E estenderam as lâminas de ouro, e as cortaram em fios, para entretecer entre o azul, e entre a púrpura, e entre o carmesim, e entre o linho fino da obra mais esmerada.

4 Fizeram nele ombreiras que se ajuntassem; às suas duas pontas se ajuntava.

5 E o cinto de obra esmerada do éfode, que estava sobre ele, era parte do mesmo, conforme a sua obra, de ouro, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido, como o Senhor ordenara a Moisés.

6 Também prepararam as pedras de ônix, engastadas em ouro, lavradas como gravura de sinete, com os nomes dos filhos de Israel,

7 E as pôs sobre as ombreiras do éfode, por pedras de memória para os filhos de Israel, como o Senhor ordenara a Moisés.

8 Fez também o peitoral de obra esmerada, como a obra do éfode, de ouro, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido.

9 Quadrado era; dobrado fizeram o peitoral; o seu comprimento era de um palmo; e a sua largura, de um palmo, dobrado.

10

E engastaram nele quatro fileiras de pedras: uma fileira de um sárdio, de um topázio, e de um carbúnculo; essa era a primeira fileira;

11 E a segunda fileira, de uma esmeralda, de uma safira e de um diamante.

12 E a terceira fileira, de um jacinto, de uma ágata, e de uma ametista.

13 E a quarta fileira, de um berilo, e de um ônix, e de um jaspe, engastadas nos seus engastes de ouro.

14 Essas pedras, pois, eram segundo os nomes dos filhos de Israel, doze segundo os seus nomes; como gravura de sinete, cada um com o seu nome, segundo as doze tribos.

15 Também fizeram para o peitoral cordões de igual medida, de obra trançada, de ouro puro.

16 E fizeram dois engastes de ouro e duas argolas de ouro; e puseram as duas argolas nas duas extremidades do peitoral.

17 E puseram os dois cordões trançados de ouro nas duas argolas, nas duas extremidades do peitoral.

18 E as outras duas pontas dos dois cordões trançados puseram nos dois engastes; e as puseram sobre as ombreiras do éfode, na frente dele.

19 Fizeram também duas argolas de ouro, que puseram nas duas extremidades do peitoral, na sua borda que estava junto ao éfode por dentro.

20

Fizeram mais duas argolas de ouro, que puseram nas duas ombreiras do éfode, abaixo, na frente dele, perto da sua juntura, sobre o cinto de obra esmerada do éfode.

21 E ligaram o peitoral com as suas argolas às argolas do éfode com um cordão de azul, para que estivesse sobre o cinto de obra esmerada do éfode, e o peitoral não se apartasse do éfode, como o Senhor ordenara a Moisés.

22 E fez o manto do éfode de obra tecida, todo de azul.

23 E a abertura do manto estava no meio dele, como abertura de cota de malha; essa abertura tinha uma borda em volta, para que não se rompesse.

24 E nas bordas do manto fizeram romãs de azul, e de púrpura, e de carmesim, de fio torcido.

25 Fizeram também as campainhas de ouro puro, pondo as campainhas no meio das romãs nas bordas do manto, ao redor, entre as romãs:

26 Uma campainha e uma romã, outra campainha e outra romã, nas bordas do manto ao redor; para ministrar, como o Senhor ordenara a Moisés.

27 Fizeram também as túnicas de linho fino, de obra tecida, para Aarão e para seus filhos.

28 E o turbante de linho fino, e o ornamento dos barretes de linho fino, e os calções de linho fino torcido,

29 E o cinto de linho fino torcido, e de azul, e de púrpura, e de carmesim, obra de bordador, como o Senhor ordenara a Moisés.

30

Fizeram também a lâmina da coroa de santidade de ouro puro, e nela escreveram o escrito como de gravura de sinete: Santidade ao Senhor.

31 E ataram-na com um cordão de azul, para a atar à mitra em cima, como o Senhor ordenara a Moisés.

32 Assim, se acabou toda a obra do tabernáculo da tenda da congregação; e os filhos de Israel fizeram conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés; assim o fizeram.

33 Depois trouxeram a Moisés o tabernáculo, a tenda e todos os seus pertences; os seus colchetes, as suas tábuas, as suas varas, e as suas colunas, e as suas bases;

34 E a coberta de peles de carneiro tintas de vermelho, e a coberta de peles de texugos, e o véu da cortina;

35 A arca do testemunho, e as suas varas, e o propiciatório;

36 A mesa com todos os seus utensílios, e os pães da proposição;

37 O candelabro puro com suas lâmpadas, as lâmpadas colocadas em ordem, e todos os seus utensílios, e o azeite para a luminária;

38 Também o altar de ouro, e o azeite da unção, e o incenso aromático, e a cortina da porta da tenda;

39 O altar de bronze, e a sua grelha de bronze, as suas varas, e todos os seus pertences, a pia, e a sua base;

40

As cortinas do pátio, as suas colunas, e as suas bases, e a cortina da porta do pátio, as suas cordas, e as suas estacas, e todos os utensílios do serviço do tabernáculo, para a tenda da congregação;

41 As vestes do ministério para ministrar no santuário; as vestes santas de Aarão, o sacerdote, e as vestes dos seus filhos, para servirem como sacerdotes.

42 Conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel toda a obra.

43 Viu, pois, Moisés toda a obra, e eis que a tinham feito; como o Senhor ordenara, assim a fizeram; então Moisés os abençoou.

Capítulo 40

O tabernáculo é levantado — Aarão e seus filhos são lavados e ungidos e recebem um sacerdócio eterno — A glória do Senhor enche o tabernáculo — Uma nuvem cobre o tabernáculo de dia, e fogo repousa sobre ele à noite.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 No primeiro mês, no primeiro dia do mês, levantarás o tabernáculo da tenda da congregação,

3 E porás nele a arca do testemunho, e cobrirás a arca com o véu.

4 Depois colocarás nele a mesa, e porás em ordem o que se deve pôr em ordem nela; também colocarás nele o candelabro, e acenderás as suas lâmpadas.

5 E porás o altar de ouro para o incenso diante da arca do testemunho; então pendurarás a cortina da porta do tabernáculo.

6 Porás também o altar do holocausto diante da porta do tabernáculo da tenda da congregação.

7 E porás a pia entre a tenda da congregação e o altar, e nela porás água.

8 Depois porás o pátio ao redor, e pendurarás a cortina à porta do pátio.

9 Então tomarás o azeite da unção, e ungirás o tabernáculo, e tudo o que nele; e o santificarás com todos os seus pertences, e será santo.

10

Ungirás também o altar do holocausto, e todos os seus utensílios; e santificarás o altar; e o altar será santíssimo.

11 Então ungirás a pia e a sua base, e a santificarás.

12 Farás também chegar Aarão e seus filhos à porta da tenda da congregação; e os lavarás com água.

13 E vestirás Aarão com as vestes santas, e o ungirás, e o santificarás, para que me sirva como sacerdote.

14 Também farás chegar seus filhos, e os vestirás com as túnicas,

15 E os ungirás como ungiste seu pai, para que me sirvam como sacerdotes, e a sua unção lhes será por sacerdócio eterno nas suas gerações.

16 E fê-lo Moisés, conforme tudo o que o Senhor lhe ordenou, assim o fez.

17 E aconteceu no mês primeiro, no ano segundo, ao primeiro do mês, que o tabernáculo foi levantado.

18 E Moisés levantou o tabernáculo, e pôs as suas bases, e armou as suas tábuas, e colocou nele as suas varas, e levantou as suas colunas;

19 E estendeu a tenda sobre o tabernáculo, e pôs a coberta da tenda sobre ela, em cima, como o Senhor ordenara a Moisés.

20

Tomou o testemunho, e pô-lo na arca, e pôs as varas na arca; e pôs o propiciatório sobre a arca, em cima.

21 E levou a arca para dentro do tabernáculo, e pendurou o véu da cortina, e cobriu a arca do testemunho, como o Senhor ordenara a Moisés.

22 Pôs também a mesa na tenda da congregação, ao lado do tabernáculo, para o norte, fora do véu,

23 E sobre ela pôs em ordem o pão perante o Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

24 Pôs também na tenda da congregação o candelabro defronte da mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul,

25 E acendeu as lâmpadas perante o Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

26 E pôs o altar de ouro na tenda da congregação, diante do véu,

27 E acendeu sobre ele o incenso de especiarias aromáticas, como o Senhor ordenara a Moisés.

28 Pendurou também a cortina da porta do tabernáculo,

29 E pôs o altar do holocausto à porta do tabernáculo da tenda da congregação, e ofereceu sobre ele holocausto e oferta de manjares, como o Senhor ordenara a Moisés.

30

Pôs também a pia entre a tenda da congregação e o altar, e derramou água nela, para se lavar.

31 E Moisés, e Aarão e seus filhos lavaram nela as suas mãos e os seus pés.

32 Quando entravam na tenda da congregação, e quando chegavam ao altar, lavavam-se, como o Senhor ordenara a Moisés.

33 Levantou também o pátio ao redor do tabernáculo e do altar, e pendurou a cortina da porta do pátio. Assim, Moisés acabou a obra.

34 Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo;

35 De maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.

36 Quando, pois, a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, então os filhos de Israel iam avante em todas as suas jornadas.

37 Se a nuvem, porém, não se levantava, não caminhavam, até o dia em que ela se levantasse;

38 Porquanto a nuvem do Senhor estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas.

O Terceiro Livro de Moisés
Chamado
Levítico

Capítulo 1

Sacrificam-se animais sem defeito como expiação pelos pecados — Os holocaustos são ofertas de cheiro suave para o Senhor.

1

E o Senhor chamou Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecereis as vossas ofertas de gado, de vacas e de ovelhas.

3 Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor.

4 E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito por ele, para fazer expiação por ele.

5 Depois matará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Aarão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação.

6 Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços.

7 E os filhos de Aarão, os sacerdotes, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.

8 Também os filhos de Aarão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e a gordura sobre a lenha que está no fogo em cima do altar;

9 Porém as suas entranhas e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isso queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.

10

E se a sua oferta for do gado miúdo, das ovelhas ou das cabras, para holocausto, oferecerá macho sem defeito.

11 E o matará ao lado do altar para o lado do norte perante o Senhor; e os filhos de Aarão, os sacerdotes, espargirão o seu sangue em redor sobre o altar.

12 Depois o partirá nos seus pedaços, como também a sua cabeça e a sua gordura; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar.

13 Porém as entranhas e as pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo oferecerá, e o queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.

14 E se a sua oferta ao Senhor for holocausto de aves, oferecerá a sua oferta de rolas ou de pombinhos;

15 E o sacerdote a oferecerá sobre o altar, e lhe torcerá o pescoço, e a queimará sobre o altar; e o seu sangue será espremido na parede do altar;

16 E o seu papo com as suas penas tirará e o lançará junto ao altar, para o lado do oriente, no lugar da cinza;

17 E fendê-la-á junto das suas asas, porém não a partirá; e o sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha que está no fogo; holocausto é, oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.

Capítulo 2

Explica-se como são feitas as ofertas de farinha com azeite e incenso.

1

E quando alguma pessoa oferecer oferta de manjares ao Senhor, a sua oferta será de flor de farinha, e nela deitará azeite, e porá o incenso sobre ela;

2 E a trará aos filhos de Aarão, os sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha, e do seu azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote queimará o seu memorial sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao Senhor.

3 E o que sobejar da oferta de manjares, será de Aarão e de seus filhos; coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao Senhor.

4 E quando ofereceres oferta de manjares, assada no forno, será de bolos ázimos de flor de farinha amassados com azeite, e coscorões ázimos untados com azeite.

5 E se a tua oferta for oferta de manjares, assada na assadeira, será da flor de farinha sem fermento, amassada com azeite.

6 Em pedaços a partirás, e sobre ela deitarás azeite; oferta é de manjares.

7 E se a tua oferta for oferta de manjares preparada na frigideira, far-se-á da flor de farinha com azeite.

8 Então trarás a oferta de manjares, que se fará dessas coisas, ao Senhor; e se apresentará ao sacerdote, o qual a levará ao altar.

9 E o sacerdote tomará daquela oferta de manjares o seu memorial, e a queimará sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao Senhor.

10

E o que sobejar da oferta de manjares, será de Aarão e de seus filhos; coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao Senhor.

11 Nenhuma oferta de manjares, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum, oferecereis oferta queimada ao Senhor.

12 Deles oferecereis ao Senhor como oferta das primícias; porém sobre o altar não subirão por cheiro suave.

13 E toda oferta dos teus manjares salgarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de manjares o sal do convênio do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.

14 E se ofereceres ao Senhor oferta de manjares das primícias, oferecerás a oferta de manjares das tuas primícias de espigas verdes, tostadas ao fogo; isto é, do grão trilhado de espigas verdes cheias.

15 E sobre ela deitarás azeite, e porás sobre ela incenso; oferta é de manjares.

16 Assim, o sacerdote queimará o seu memorial de seu grão trilhado, e do seu azeite, com todo o seu incenso; oferta queimada é ao Senhor.

Capítulo 3

Os sacrifícios pacíficos são realizados com animais sem defeito, cujo sangue é espargido no altar — Proíbe-se Israel de comer gordura ou sangue.

1

E se a sua oferta for sacrifício pacífico; se a oferecer de gado, macho ou fêmea, oferecê-la-á sem defeito diante do Senhor.

2 E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta, e a matará diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Aarão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar em redor.

3 Depois oferecerá do sacrifício pacífico a oferta queimada ao Senhor; a gordura que cobre as entranhas, e toda a gordura que está sobre as entranhas.

4 Então ambos os rins, e a gordura que está sobre eles, e junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado com os rins, tirará.

5 E os filhos de Aarão queimarão isso sobre o altar, em cima do holocausto, que estará sobre a lenha que está no fogo; oferta queimada é, de cheiro suave ao Senhor.

6 E se a sua oferta for de gado miúdo como sacrifício pacífico ao Senhor, seja macho ou fêmea, sem defeito o oferecerá.

7 Se oferecer um cordeiro como sua oferta, oferecê-lo-á perante o Senhor;

8 E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta, e a matará diante da tenda da congregação; e os filhos de Aarão espargirão o seu sangue sobre o altar em redor.

9 Então, do sacrifício pacífico oferecerá ao Senhor como oferta queimada a sua gordura, a cauda toda, a qual tirará do espinhaço, e a gordura que cobre as entranhas, e toda a gordura que está sobre as entranhas;

10

Como também tirará ambos os rins, e a gordura que está sobre eles, e junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado com os rins.

11 E o sacerdote queimará isso sobre o altar; alimento é da oferta queimada ao Senhor.

12 Mas se a sua oferta for uma cabra, perante o Senhor a oferecerá,

13 E porá a sua mão sobre a sua cabeça, e a matará diante da tenda da congregação; e os filhos de Aarão espargirão o seu sangue sobre o altar em redor.

14 Depois oferecerá dela a sua oferta, como oferta queimada ao Senhor, a gordura que cobre as entranhas, e toda a gordura que está sobre as entranhas;

15 Como também tirará ambos os rins, e a gordura que está sobre eles, e junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado com os rins.

16 E o sacerdote queimará isso sobre o altar; alimento é da oferta queimada de cheiro suave. Toda a gordura será do Senhor.

17 Estatuto perpétuo será pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações; nenhuma gordura nem sangue algum comereis.

Capítulo 4

Os pecadores são perdoados mediante ofertas pelo pecado, de animais sem defeito — Dessa maneira os sacerdotes fazem expiação pelos pecados do povo.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma pessoa pecar inadvertidamente contra qualquer dos mandamentos do Senhor, acerca de coisas que não se devem fazer, e proceder contra algum deles;

3 Se o sacerdote ungido pecar, para escândalo do povo, oferecerá, pelo seu pecado que pecou, um novilho sem defeito ao Senhor, como oferta pelo pecado.

4 E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e matará o novilho perante o Senhor.

5 Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o trará à tenda da congregação;

6 E o sacerdote molhará o seu dedo no sangue, e daquele sangue espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário.

7 Também porá o sacerdote daquele sangue sobre os chifres do altar do incenso aromático, perante o Senhor, que está na tenda da congregação; e todo o resto do sangue do novilho derramará à base do altar do holocausto, que está à porta da tenda da congregação.

8 E tirará dele toda a gordura do novilho da oferta pelo pecado, a gordura que cobre as entranhas, e toda a gordura que está sobre as entranhas,

9 E os dois rins, e a gordura que está sobre eles, que está junto aos lombos; e o redenho de sobre o fígado, com os rins, o tirará,

10

Como se tira do boi do sacrifício pacífico; e o sacerdote os queimará sobre o altar do holocausto.

11 Mas o couro do novilho, e toda a sua carne, com a sua cabeça e as suas pernas, e as suas entranhas e o seu esterco,

12 Enfim, todo aquele novilho levará para fora do acampamento, a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha; onde se lança a cinza se queimará.

13 Mas se toda a congregação de Israel pecar inadvertidamente, e isso for oculto aos olhos da congregação, e se fizerem contra um dentre todos os mandamentos do Senhor aquilo que não se deve fazer, e forem culpados,

14 E o pecado em que pecarem for notório, então a congregação oferecerá um novilho, como oferta pelo pecado, e o trará diante da tenda da congregação,

15 E os anciãos da congregação porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho perante o Senhor; e matar-se-á o novilho perante o Senhor.

16 Então o sacerdote ungido trará do sangue do novilho à tenda da congregação,

17 E o sacerdote molhará o seu dedo naquele sangue, e o espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu.

18 E daquele sangue porá sobre os chifres do altar, que está perante a face do Senhor, na tenda da congregação; e todo o resto do sangue derramará à base do altar do holocausto, que está diante da porta da tenda da congregação.

19 E tirará dele toda a sua gordura, e queimá-la-á sobre o altar;

20

E fará a esse novilho como fez ao novilho da oferta pelo pecado; assim lhe fará, e o sacerdote por eles fará expiação, e lhes será perdoado o pecado.

21 Depois levará o novilho para fora do acampamento, e o queimará como queimou o primeiro novilho; é oferta pelo pecado da congregação.

22 Quando um príncipe pecar, e inadvertidamente fizer contra algum dentre todos os mandamentos do Senhor seu Deus aquilo que não se deve fazer, e assim for culpado,

23 Ou se o seu pecado, no qual pecou, lhe for notificado, então trará como sua oferta um bode tirado das cabras, macho sem defeito,

24 E porá a sua mão sobre a cabeça do bode, e o matará no lugar onde se mata o holocausto, perante a face do Senhor; oferta pelo pecado é.

25 Depois, o sacerdote com o seu dedo tomará do sangue da oferta pelo pecado, e o porá sobre os chifres do altar do holocausto; então o resto do seu sangue derramará à base do altar do holocausto.

26 Também queimará sobre o altar toda a sua gordura, como gordura do sacrifício pacífico; assim o sacerdote por ele fará expiação do seu pecado, e lhe será perdoado.

27 E se qualquer pessoa do povo da terra pecar inadvertidamente, fazendo contra algum dos mandamentos do Senhor aquilo que não se deve fazer, e assim for culpada,

28 Ou se o seu pecado, no qual pecou, lhe for notificado, então trará como sua oferta uma cabra sem defeito, pelo seu pecado que pecou,

29 E porá a sua mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e matará a oferta pelo pecado no lugar do holocausto.

30

Depois, o sacerdote com o seu dedo tomará do seu sangue, e o porá sobre os chifres do altar do holocausto; e todo o resto do seu sangue derramará à base do altar;

31 E tirará toda a gordura, como se tira a gordura do sacrifício pacífico; e o sacerdote a queimará sobre o altar por cheiro suave ao Senhor; e o sacerdote fará expiação por ela, e lhe será perdoado o pecado.

32 Mas, se trouxer uma cordeira para oferta pelo pecado, sem defeito a trará,

33 E porá a sua mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a matará como oferta pelo pecado, no lugar onde se mata o holocausto.

34 Depois, o sacerdote com o seu dedo tomará do sangue da oferta pelo pecado, e o porá sobre os chifres do altar do holocausto; então todo o resto do seu sangue derramará à base do altar,

35 E tirará toda a sua gordura, como se tira a gordura do cordeiro do sacrifício pacífico; e o sacerdote a queimará sobre o altar, em cima das ofertas queimadas do Senhor; assim o sacerdote por ela fará expiação dos seus pecados que pecou, e lhe será perdoado o pecado.

Capítulo 5

O povo deve confessar seus pecados e fazer uma restituição por eles — O perdão é concedido por meio de uma oferta pela culpa — Dessa maneira os sacerdotes fazem a expiação do pecado.

1

E quando alguma pessoa pecar, ouvindo uma voz de blasfêmia, de que for testemunha, seja que o viu, ou que o soube, se não o denunciar, então levará a sua iniquidade.

2 Ou quando alguma pessoa tocar em alguma coisa imunda, seja corpo morto de fera imunda, seja corpo morto de animal imundo, seja corpo morto de réptil imundo, ainda que lhe fosse oculto, contudo será ela imunda e culpada.

3 Ou quando tocar a imundície de um homem, seja qualquer que for a sua imundície, com que se faça imundo, e lhe for oculto, e o souber depois, será culpado.

4 Ou quando alguma pessoa jurar temerariamente com os seus lábios fazer mal ou fazer bem, em tudo o que o homem proferir temerariamente com juramento, e lhe for oculto, e o souber depois, culpada será numa dessas coisas.

5 Acontecerá, pois, que, sendo ela culpada numa dessas coisas, confessará aquilo em que pecou.

6 E a sua oferta pela culpa trará ao Senhor pelo seu pecado que pecou: uma fêmea de gado miúdo, uma cordeira, ou uma cabrinha pelo pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação do seu pecado.

7 Mas se na sua mão não houver o suficiente para trazer gado miúdo, então trará ao Senhor, pela ofensa que cometeu, duas rolas ou dois pombinhos; um para oferta pelo pecado e o outro para holocausto;

8 E os trará ao sacerdote, o qual primeiro oferecerá aquele que é para oferta pelo pecado; e lhe torcerá a cabeça junto ao pescoço, mas não o partirá;

9 E do sangue da oferta pelo pecado espargirá sobre a parede do altar, porém o que sobejar daquele sangue espremer-se-á à base do altar; oferta pelo pecado é.

10

E do outro fará holocausto conforme o costume; assim o sacerdote por ela fará expiação do seu pecado que pecou, e lhe será perdoado.

11 Porém, se na sua mão não houver o suficiente para trazer duas rolas, ou dois pombinhos, então aquele que pecou trará como sua oferta a décima parte de um efa de flor de farinha, para oferta pelo pecado; não deitará sobre ela azeite, nem lhe porá em cima o incenso, porquanto é oferta pelo pecado;

12 E a trará ao sacerdote, e o sacerdote dela tomará a sua mão cheia, como memorial, e a queimará sobre o altar, em cima das ofertas queimadas do Senhor; oferta pelo pecado é.

13 Assim o sacerdote por ela fará expiação do seu pecado, que pecou em alguma dessas coisas, e lhe será perdoado; e o resto será do sacerdote, como a oferta de manjares.

14 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

15 Quando alguma pessoa transgredir, e pecar inadvertidamente nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor, pela culpa, um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para oferta pela culpa.

16 Assim restituirá o que pecar nas coisas sagradas, e ainda acrescentará o seu quinto, e o dará ao sacerdote; assim o sacerdote com o carneiro da oferta pela culpa fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado.

17 E se alguma pessoa pecar, e fizer contra algum dentre todos os mandamentos do Senhor o que não se deve fazer, ainda que não o soubesse, contudo será ela culpada, e levará a sua iniquidade;

18 E trará ao sacerdote um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação, para oferta pela culpa, e o sacerdote por ela fará expiação do seu erro que cometeu sem saber; e lhe será perdoado.

19 Oferta pela culpa é; certamente se fez culpada perante o Senhor.

Capítulo 6

O povo deve primeiramente fazer a restituição pelo pecado, depois deve oferecer uma oferta pela culpa, para assim receber o perdão, por meio da expiação feita pelos sacerdotes.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o que pôs na sua mão, ou o roubo, ou o que extorquiu de seu próximo,

3 Ou que achou o que se perdeu, e o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma pecar,

4 Acontecerá, pois, que, porquanto pecou e é culpado, restituirá o roubo que roubou, ou o retido que extorquiu, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou,

5 Ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele a quem pertence o dará no dia de sua oferta pela culpa.

6 E a sua oferta pela culpa trará ao Senhor: um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação, para oferta pela culpa, trará ao sacerdote;

7 E o sacerdote fará expiação por ela diante do Senhor, e será perdoada de qualquer de todas as coisas que fez, sendo culpada nelas.

8 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

9 Dá ordem a Aarão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele.

10

E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá os calções de linho sobre a sua carne; e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar.

11 Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza para fora do acampamento, para um lugar limpo.

12 E o fogo sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto, e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.

13 O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.

14 E esta é a lei da oferta de manjares: um dos filhos de Aarão a oferecerá perante o Senhor diante do altar,

15 E dela tomará a sua mão cheia da flor de farinha da oferta e do seu azeite, e todo o incenso que estiver sobre a oferta de manjares; então a queimará sobre o altar, cheiro suave é isso, por ser memorial ao Senhor.

16 E o restante dela comerão Aarão e seus filhos; ázimo se comerá no lugar santo, no pátio da tenda da congregação o comerão.

17 Levedado não se assará; sua porção é, que lhes dei das minhas ofertas queimadas; coisa santíssima é, como a oferta pelo pecado e como a oferta pela culpa.

18 Todo homem entre os filhos de Aarão comerá dela; estatuto perpétuo será para as vossas gerações das ofertas queimadas do Senhor; tudo o que tocar nelas será santo.

19 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

20

Esta é a oferta de Aarão e de seus filhos, que oferecerão ao Senhor no dia em que for ungido: a décima parte de um efa de flor de farinha como oferta de manjares contínua; a metade dela pela manhã, e a outra metade dela à tarde.

21 Numa assadeira se fará com azeite; cozida a trarás; e os pedaços cozidos da oferta oferecerás em cheiro suave ao Senhor.

22 Também o sacerdote, que dentre seus filhos for ungido em seu lugar, fará o mesmo; por estatuto perpétuo seja, ela toda será queimada ao Senhor.

23 Assim, toda oferta do sacerdote será totalmente queimada; não se comerá.

24 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

25 Fala a Aarão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da oferta pelo pecado: no lugar onde se mata o holocausto se matará a oferta pelo pecado perante o Senhor; coisa santíssima é.

26 O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá; no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação.

27 Tudo o que tocar a sua carne será santo; se alguém espargir do seu sangue sobre a sua veste, lavarás aquilo sobre o que caiu no lugar santo.

28 E o vaso de barro em que for cozida será quebrado; porém, se for cozida num vaso de bronze, esfregar-se-á e lavar-se-á na água.

29 Todo homem entre os sacerdotes a comerá; coisa santíssima é.

30

Porém nenhuma oferta pelo pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário, se comerá; no fogo será queimada.

Capítulo 7

Enumeram-se as leis que regem diversos sacrifícios — Proíbe-se aos filhos de Israel comer gordura ou sangue — Eles adoram por meio de sacrifício — Por meio de sacrifício, recebem o perdão, fazem votos, consagram propriedades, dão graças e se reconciliam com Deus.

1

E esta é a lei da oferta pela culpa; coisa santíssima é.

2 No lugar onde matam o holocausto, matarão a oferta pela culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor.

3 E dela se oferecerá toda a sua gordura, a cauda e a gordura que cobre as entranhas.

4 Também ambos os rins e a gordura que neles há, que está junto aos lombos, e o redenho sobre o fígado, com os rins se tirará,

5 E o sacerdote os queimará sobre o altar em oferta queimada ao Senhor; oferta pela culpa é.

6 Todo homem entre os sacerdotes a comerá; no lugar santo se comerá; coisa santíssima é.

7 Como a oferta pelo pecado, assim será a oferta pela culpa; uma mesma lei haverá para elas; será do sacerdote que houver feito expiação com ela.

8 Também o sacerdote que oferecer o holocausto de alguém, o mesmo sacerdote terá o couro do holocausto que oferecer.

9 Como também toda oferta que se assar no forno, com tudo que se preparar na frigideira e na assadeira, será do sacerdote que a oferece.

10

Também toda oferta amassada com azeite, ou seca, será de todos os filhos de Aarão, assim de um como de outro.

11 E esta é a lei do sacrifício pacífico que se oferecerá ao Senhor:

12 Se o oferecer como ação de graças, com o sacrifício de ação de graças oferecerá bolos ázimos amassados com azeite; e coscorões ázimos untados com azeite; e os bolos amassados com azeite serão fritos, de flor de farinha.

13 Com os bolos oferecerá pão levedado como sua oferta, com o sacrifício de ação de graças das suas ofertas pacíficas.

14 E de toda a oferta oferecerá um deles como oferta alçada ao Senhor, que será do sacerdote que espargir o sangue das ofertas pacíficas.

15 Mas a carne do sacrifício de ação de graças das suas ofertas pacíficas se comerá no dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até pela manhã.

16 E se o sacrifício da sua oferta for voto, ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte;

17 E o que ainda ficar da carne do sacrifício ao terceiro dia será queimado no fogo.

18 Porque, se da carne do seu sacrifício pacífico se comer ao terceiro dia, aquele que a ofereceu não será aceito, nem lhe será levado em conta; coisa abominável será, e a pessoa que comer dela levará a sua iniquidade.

19 E a carne que tocar alguma coisa imunda não se comerá; com fogo será queimada; mas da outra carne, qualquer que estiver limpo comerá dela.

20

Porém se alguma pessoa comer a carne do sacrifício pacífico, que é do Senhor, tendo ela sobre si a sua imundície, aquela pessoa será extirpada do seu povo.

21 E se uma pessoa tocar alguma coisa imunda, como imundície de homem, ou gado imundo, ou qualquer abominação imunda, e comer da carne do sacrifício pacífico, que é do Senhor, aquela pessoa será extirpada do seu povo.

22 Depois falou o Senhor a Moisés, dizendo:

23 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra comereis,

24 Porém pode usar-se da gordura do animal que morre por si mesmo, e da gordura do animal dilacerado por feras, para qualquer outro uso, mas de nenhuma maneira a comereis;

25 Porque qualquer que comer a gordura do animal, do qual se oferecer ao Senhor oferta queimada, a pessoa que a comer será extirpada do seu povo.

26 E nenhum sangue comereis em qualquer das vossas habitações, quer de aves quer de gado.

27 Toda pessoa que comer algum sangue, aquela pessoa será extirpada do seu povo.

28 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

29 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quem oferecer ao Senhor o sacrifício pacífico, trará a sua oferta ao Senhor do sacrifício pacífico.

30

As suas próprias mãos trarão as ofertas queimadas do Senhor; a gordura do peito com o peito trará para movê-lo como oferta movida perante o Senhor.

31 E o sacerdote queimará a gordura sobre o altar, porém o peito será de Aarão e de seus filhos.

32 Também a espádua direita dareis ao sacerdote como oferta alçada dos sacrifícios das vossas ofertas pacíficas.

33 Aquele dos filhos de Aarão que oferecer o sangue do sacrifício pacífico, e a gordura, aquele terá a espádua direita para a sua porção;

34 Porque o peito movido e a espádua alçada tomei dos filhos de Israel dos sacrifícios das suas ofertas pacíficas, e os dei a Aarão, o sacerdote, e a seus filhos, por estatuto perpétuo dos filhos de Israel.

35 Essa é a porção de Aarão e a porção de seus filhos das ofertas queimadas do Senhor, no dia em que os apresentou para servirem como sacerdotes ao Senhor.

36 O que o Senhor ordenou que se lhes desse dentre os filhos de Israel, no dia em que os ungiu, estatuto perpétuo é pelas suas gerações.

37 Essa é a lei do holocausto, da oferta de manjares, e da oferta pelo pecado, e da oferta pela culpa, e da oferta das consagrações, e do sacrifício pacífico,

38 Que o Senhor ordenou a Moisés no monte Sinai, no dia em que ordenou aos filhos de Israel que oferecessem as suas ofertas ao Senhor no deserto de Sinai.

Capítulo 8

Aarão e seus filhos são lavados, ungidos, vestidos com suas túnicas do sacerdócio e consagrados perante todo o Israel — Moisés e Aarão oferecem sacrifícios para fazer expiação e reconciliação com o Senhor.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Toma Aarão e seus filhos com ele, e as vestes, e o azeite da unção, como também o novilho da oferta pelo pecado, e os dois carneiros, e o cesto dos pães ázimos,

3 E ajunta toda a congregação à porta da tenda da congregação.

4 Fez, pois, Moisés como o Senhor lhe ordenara, e a congregação ajuntou-se à porta da tenda da congregação.

5 Então disse Moisés à congregação: Isto é o que o Senhor ordenou que se fizesse.

6 E Moisés fez chegar Aarão e seus filhos, e os lavou com água,

7 E lhe vestiu a túnica, e cingiu-o com o cinto, e pôs sobre ele o manto; também pôs sobre ele o éfode, e cingiu-o com o cinto de obra esmerada do éfode, e o atou com ele.

8 Depois pôs-lhe o peitoral, pondo no peitoral o Urim e o Tumim;

9 E pôs a mitra sobre a sua cabeça, e na mitra, diante do seu rosto, pôs a lâmina de ouro, a coroa da santidade, como o Senhor ordenara a Moisés.

10

Então Moisés tomou o azeite da unção, e ungiu o tabernáculo, e tudo o que havia nele, e o santificou;

11 E dele espargiu sete vezes sobre o altar, e ungiu o altar e todos os seus utensílios, como também a pia e a sua base, para santificá-los.

12 Depois derramou do azeite da unção sobre a cabeça de Aarão, e ungiu-o, para santificá-lo.

13 Também Moisés fez chegar os filhos de Aarão, e vestiu-lhes as túnicas, e cingiu-os com o cinto, e apertou-lhes os barretes, como o Senhor ordenara a Moisés.

14 Então fez chegar o novilho da oferta pelo pecado; e Aarão e seus filhos puseram as suas mãos sobre a cabeça do novilho da oferta pelo pecado;

15 E o matou; e Moisés tomou o sangue, e pôs dele com o seu dedo sobre os chifres do altar em redor, e purificou o altar; depois derramou o resto do sangue à base do altar, e o santificou, para fazer expiação sobre ele.

16 Depois tomou toda a gordura que está nas entranhas, e o redenho do fígado, e os dois rins e a sua gordura; e Moisés os queimou sobre o altar.

17 Mas o novilho com o seu couro, e a sua carne, e o seu esterco queimou com fogo, fora do acampamento, como o Senhor ordenara a Moisés.

18 Depois fez chegar o carneiro do holocausto; e Aarão e seus filhos puseram as suas mãos sobre a cabeça do carneiro;

19 E ele o matou; e Moisés espargiu o sangue sobre o altar em redor.

20

Partiu também o carneiro nos seus pedaços; e Moisés queimou a cabeça, e os pedaços e a gordura.

21 Porém, as entranhas e as pernas lavou com água; e Moisés queimou todo o carneiro sobre o altar; holocausto de cheiro suave, uma oferta queimada era ao Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

22 Depois, fez chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração; e Aarão com seus filhos puseram as suas mãos sobre a cabeça do carneiro.

23 E ele o matou; e Moisés tomou do seu sangue, e o pôs sobre a ponta da orelha direita de Aarão, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito.

24 Também fez chegar os filhos de Aarão; e Moisés pôs daquele sangue sobre a ponta da orelha direita deles, e sobre o polegar da mão direita deles, e sobre o polegar do pé direito deles; e Moisés espargiu o resto do sangue sobre o altar em redor.

25 E tomou a gordura, e a cauda, e toda a gordura que está nas entranhas, e o redenho do fígado, e ambos os rins, e a sua gordura, e a espádua direita.

26 Também do cesto dos pães ázimos, que estava diante do Senhor, tomou um bolo ázimo, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão, e os pôs sobre a gordura e sobre a espádua direita.

27 E tudo isso deu nas mãos de Aarão e nas mãos de seus filhos; e os moveu como oferta movida perante o Senhor.

28 Depois Moisés tomou-os das suas mãos, e os queimou no altar sobre o holocausto; esses foram uma consagração, por cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.

29 E tomou Moisés o peito e moveu-o como oferta movida perante o Senhor; aquela foi a porção de Moisés do carneiro da consagração, como o Senhor ordenara a Moisés.

30

Tomou Moisés também do azeite da unção, e do sangue que estava sobre o altar, e o espargiu sobre Aarão e sobre as suas vestes, e sobre os seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; e santificou Aarão e as suas vestes, e seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele.

31 E Moisés disse a Aarão e a seus filhos: Cozei a carne diante da porta da tenda da congregação, e ali a comei com o pão que está no cesto da consagração, como ordenei, dizendo: Aarão e seus filhos a comerão.

32 Mas o que sobejar da carne e do pão, queimareis com fogo.

33 Também da porta da tenda da congregação não saireis em sete dias, até o dia em que se cumprirem os dias da vossa consagração; porquanto por sete dias ele vos consagrará.

34 Como se fez neste dia, assim o Senhor ordenou que se fizesse, para fazer expiação por vós.

35 Ficareis, pois, à porta da tenda da congregação dia e noite por sete dias, e guardareis o mandado do Senhor, para que não morrais; porque assim me foi ordenado.

36 E Aarão e seus filhos fizeram todas as coisas que o Senhor ordenou pela mão de Moisés.

Capítulo 9

Por meio de sacrifício, Aarão faz uma expiação para si mesmo e para todo o Israel — Ele e seus filhos oferecem sacrifícios — A glória do Senhor aparece a todos — As ofertas que estão sobre o altar são consumidas por fogo que sai de diante do Senhor.

1

E aconteceu, ao dia oitavo, que Moisés chamou Aarão e seus filhos, e os anciãos de Israel,

2 E disse a Aarão: Toma um bezerro, para oferta pelo pecado, e um carneiro para holocausto, sem defeito, e oferece-os perante o Senhor.

3 Depois falarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomai um bode para oferta pelo pecado, e um bezerro, e um cordeiro, ambos de um ano, sem defeito, para holocausto;

4 Também um boi e um carneiro como sacrifício pacífico, para sacrificar perante o Senhor, e uma oferta de manjares, amassada com azeite; porquanto hoje o Senhor vos aparecerá.

5 Então trouxeram o que ordenou Moisés, diante da tenda da congregação, e chegou-se toda a congregação, e se pôs perante o Senhor.

6 E disse Moisés: Esta é a coisa que o Senhor ordenou que fizésseis, e a glória do Senhor vos aparecerá.

7 E disse Moisés a Aarão: Chega-te ao altar, e faze a tua oferta pelo pecado e o teu holocausto; e faze expiação por ti e pelo povo; depois faze a oferta do povo, e faze expiação por eles, como ordenou o Senhor.

8 Então Aarão se chegou ao altar, e matou o bezerro da oferta pelo pecado que era por ele.

9 E os filhos de Aarão trouxeram-lhe o sangue, e molhou o seu dedo no sangue, e o pôs sobre os chifres do altar; e o resto do sangue derramou à base do altar.

10

Mas a gordura, e os rins, e o redenho do fígado da oferta pelo pecado queimou sobre o altar, como o Senhor ordenara a Moisés.

11 Porém a carne e o couro queimou com fogo fora do acampamento.

12 Depois matou o holocausto, e os filhos de Aarão lhe entregaram o sangue, e espargiu-o sobre o altar em redor.

13 Também lhe entregaram o holocausto nos seus pedaços, com a cabeça; e queimou-o sobre o altar.

14 E lavou as entranhas e as pernas, e as queimou sobre o holocausto no altar.

15 Depois fez chegar a oferta do povo, e tomou o bode da oferta pelo pecado, que era do povo, e o matou, e o preparou como oferta pelo pecado, como o primeiro.

16 Fez também chegar o holocausto, e o preparou segundo o rito.

17 E fez chegar a oferta de manjares, e encheu dela a sua mão, e a queimou sobre o altar, além do holocausto da manhã.

18 Depois matou o boi e o carneiro como sacrifício pacífico, que era pelo povo; e os filhos de Aarão entregaram-lhe o sangue, que espargiu sobre o altar em redor,

19 Como também a gordura do boi e do carneiro, a cauda, e o que cobre as entranhas, e os rins, e o redenho do fígado.

20

E puseram a gordura sobre os peitos, e queimou a gordura sobre o altar;

21 Mas os peitos e a espádua direita Aarão moveu como oferta movida perante o Senhor, como Moisés tinha ordenado.

22 Depois Aarão levantou as suas mãos para o povo e os abençoou; e desceu, havendo feito a oferta pelo pecado, e o holocausto, e as ofertas pacíficas.

23 Então, entraram Moisés e Aarão na tenda da congregação; depois saíram, e abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo,

24 Porque saiu fogo de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo todo o povo, bradaram em alta voz, e caíram sobre as suas faces.

Capítulo 10

Nadabe e Abiú realizam sacrifícios não autorizados e são mortos por fogo que sai de diante do Senhor — Proíbe-se que Aarão e seus outros filhos lamentem a morte deles — Aarão e seus filhos devem abster-se de vinho e de bebida forte — Devem ensinar tudo o que o Senhor revelou a Moisés.

1

E os filhos de Aarão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que não lhes ordenara.

2 Então saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e morreram perante o Senhor.

3 E disse Moisés a Aarão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Aarão calou-se.

4 E Moisés chamou Misael e Elzafã, filhos de Uziel, tio de Aarão, e disse-lhes: Chegai-vos, tirai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do acampamento.

5 Então chegaram-se, e levaram-nos nas suas túnicas para fora do acampamento, como Moisés tinha dito.

6 E Moisés disse a Aarão, e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis a vossa cabeça, nem rasgareis as vossas vestes, para que não morrais, nem venha grande indignação sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o Senhor acendeu.

7 Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o azeite da unção do Senhor. E fizeram conforme a palavra de Moisés.

8 E falou o Senhor a Aarão, dizendo:

9 Tu e teus filhos contigo não bebereis vinho nem bebida forte, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações;

10

E para fazer diferença entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo,

11 E para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes falou pela mão de Moisés.

12 E disse Moisés a Aarão, e a Eleazar e a Itamar, seus filhos, que lhe ficaram; Tomai a oferta de manjares, restante das ofertas queimadas do Senhor, e comei-a sem levedura junto ao altar, porquanto uma coisa santíssima é.

13 Portanto, o comereis no lugar santo; porque isto é a tua porção, e a porção de teus filhos das ofertas queimadas do Senhor; porque assim me foi ordenado.

14 Também o peito da oferta movida e a espádua da oferta alçada comereis em lugar limpo, tu, e teus filhos e tuas filhas contigo; porque foram dados por tua porção, e por porção de teus filhos, dos sacrifícios pacíficos dos filhos de Israel.

15 A espádua da oferta alçada e o peito da oferta movida trarão com as ofertas queimadas de gordura, para mover como oferta movida perante o Senhor; o que será por estatuto perpétuo, para ti e para teus filhos contigo, como o Senhor ordenou.

16 E Moisés diligentemente buscou o bode da oferta pelo pecado, e eis que já tinha sido queimado; portanto, indignou-se grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Aarão ficaram, dizendo:

17 Por que não comestes a oferta pelo pecado no lugar santo? Pois uma coisa santíssima é, e Deus a deu a vós, para que levásseis a iniquidade da congregação, para fazer expiação por eles diante do Senhor.

18 Eis que não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente haveis de comê-la no santuário, como ordenei.

19 Então, disse Aarão a Moisés: Eis que hoje ofereceram a sua oferta pelo pecado e o seu holocausto perante o Senhor, e tais coisas me sucederam; se eu hoje tivesse comido a oferta pelo pecado, seria, pois, aceito aos olhos do Senhor?

20

E Moisés ouvindo isso, deu-se por satisfeito.

Capítulo 11

O Senhor revela as criaturas vivas que podem e as que não podem ser comidas; e quais são as limpas e quais são as imundas — Ele ordena a Israel: Sereis santos, porque eu sou santo.

1

E falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo-lhes:

2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis de todos os animais que sobre a terra:

3 Tudo o que tem cascos fendidos, e a fenda dos cascos se divide em dois, e remói, entre os animais, isso comereis.

4 Destes, porém, não comereis, dos que remoem ou dos que têm cascos fendidos: o camelo, que remói mas não tem cascos fendidos; esse vos será imundo;

5 E o coelho, porque remói, mas não tem os cascos fendidos; esse vos será imundo;

6 E a lebre, porque remói, mas não tem os cascos fendidos; essa vos será imunda.

7 Também o porco, porque tem cascos fendidos, e a fenda dos cascos se divide em dois, mas não remói; esse vos será imundo.

8 Da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver; esses vos serão imundos.

9 Isto comereis de tudo o que nas águas: tudo o que tem barbatanas e escamas nas águas, nos mares, e nos rios; isso comereis.

10

Mas tudo o que não tem barbatanas nem escamas nos mares, e nos rios, de todo réptil das águas, e de toda alma vivente que nas águas, esses serão para vós abominação.

11 Ser-vos-ão, pois, abominação; da sua carne não comereis, e abominareis o seu cadáver.

12 Tudo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação.

13 E estas abominareis das aves, não se comerão, serão abominação: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango,

14 E o milhano, e o abutre segundo a sua espécie,

15 Todo corvo segundo a sua espécie,

16 E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião segundo a sua espécie,

17 E o bufo, e o corvo marinho, e a coruja,

18 E o cisne, e o pelicano, e a gralha,

19 E a cegonha, a garça segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego.

20

Todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação.

21 Mas isto comereis de todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés: o que tiver pernas sobre os seus pés, para saltar com elas sobre a terra.

22 Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, e o solham segundo a sua espécie, e o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie.

23 E todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés, serão para vós uma abominação,

24 E por esses sereis imundos: qualquer que tocar os seus cadáveres, imundo será até a tarde.

25 E todo que levar qualquer parte dos seus cadáveres lavará as suas vestes, e será imundo até a tarde.

26 Todo animal que tem cascos fendidos, mas a fenda não se divide em duas, e todo o que não remói, vos será imundo; qualquer que tocar neles será imundo.

27 E tudo o que anda sobre as suas patas, de todo animal que anda sobre quatro pés, vos será imundo; qualquer que tocar nos seus cadáveres será imundo até a tarde.

28 E o que levar os seus cadáveres lavará as suas vestes, e será imundo até a tarde; eles vos serão imundos.

29 Estes também vos serão imundos entre as criaturas que se arrastam sobre a terra: a doninha, e o rato, e o lagarto segundo a sua espécie,

30

E o geco, e o crocodilo da terra, e a lagartixa, e o lagarto da areia e o camaleão.

31 Esses vos serão imundos entre todos os que se arrastam; qualquer que os tocar, estando eles mortos, será imundo até a tarde.

32 E tudo aquilo sobre o que cair alguma coisa deles, estando eles mortos, será imundo; seja objeto de madeira, ou roupa, ou pele, ou saco, qualquer objeto, com que se faz alguma obra, será posto na água, e será imundo até a tarde; depois será limpo.

33 E todo vaso de barro, em que cair alguma coisa deles, tudo o que houver nele será imundo, e o vaso quebrareis.

34 Todo alimento que se come, sobre o que vier água de tal vaso, será imundo; e toda bebida que se bebe, em qualquer desses vasos, será imunda.

35 E aquilo sobre o que cair alguma coisa de seu corpo morto, será imundo; o forno e o vaso de barro serão quebrados; imundos são, portanto, vos serão imundos.

36 Porém a fonte ou cisterna, em que se recolhe água, será limpa; mas o que tocar no seu cadáver será imundo.

37 E se dos seus cadáveres cair alguma coisa sobre alguma semente de semear, que se semeia, será limpa;

38 Mas se for deitada água sobre a semente, e se do seu cadáver cair alguma coisa sobre ela, vos será imunda.

39 E se morrer algum dos animais, que vos servem de mantimento, quem tocar no seu cadáver será imundo até a tarde;

40

E quem comer do seu cadáver lavará as suas vestes, e será imundo até a tarde; e quem levar o seu corpo morto lavará as suas vestes, e será imundo até a tarde.

41 Também toda criatura, que se arrasta sobre a terra, será abominação; não se comerá.

42 Tudo que anda sobre o ventre, e tudo que anda sobre quatro pés, ou que tem mais pés, entre toda criatura que se arrasta sobre a terra, não comereis, porquanto são uma abominação.

43 Não façais as vossas almas abomináveis por nenhuma criatura que se arrasta, nem com elas vos contamineis, tornando-vos imundos por elas;

44 Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto, vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo; e não contaminareis as vossas almas por nenhuma criatura que se arrasta sobre a terra;

45 Porque eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo.

46 Essa é a lei dos animais, e das aves, e de toda criatura vivente que se move nas águas, e de toda criatura que se arrasta sobre a terra;

47 Para fazer diferença entre o imundo e o limpo; e entre os animais que se podem comer e os animais que não se podem comer.

Capítulo 12

O Senhor revela a lei da purificação das mulheres após o parto, incluindo uma oferta pelo pecado.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da sua menstruação será imunda.

3 E no oitavo dia se circuncidará a carne do prepúcio do menino.

4 Depois ficará ela trinta e três dias a purificar-se do seu sangue; nenhuma coisa santa tocará, e não virá ao santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.

5 Mas, se der à luz uma menina, será imunda duas semanas, como na sua menstruação; depois ficará sessenta e seis dias a purificar-se do seu sangue.

6 E quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para oferta pelo pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote,

7 O qual o oferecerá perante o Senhor, e por ela fará expiação; e será limpa do fluxo do seu sangue; essa é a lei da que der à luz menino ou menina.

8 Mas se na sua mão não houver o suficiente para trazer um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a oferta pelo pecado; assim, o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa.

Capítulo 13

Revelam-se leis e sinais para reconhecimento e controle da lepra — As roupas do leproso serão queimadas.

1

Falou mais o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

2 O homem, quando na pele da sua carne houver inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, que estiver na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Aarão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes,

3 E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pelo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, praga da lepra é; o sacerdote, vendo-o, então o declarará imundo.

4 Mas, se a mancha lustrosa na pele de sua carne for branca, e não parecer mais profunda do que a pele, e o pelo não se tornou branco, então o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias;

5 E ao sétimo dia o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga ao seu parecer parou, e a praga na pele não se estendeu, então o sacerdote o encerrará por outros sete dias;

6 E o sacerdote ao sétimo dia o examinará outra vez; e eis que, se a praga se recolheu, e a praga na pele não se estendeu, então o sacerdote o declarará limpo; pústula é; e lavará as suas vestes, e será limpo.

7 Mas se a pústula na pele se estender grandemente, depois que foi mostrado ao sacerdote para a sua purificação, outra vez será mostrado ao sacerdote,

8 E o sacerdote o examinará, e eis que, se a pústula na pele se estendeu, o sacerdote o declarará imundo; lepra é.

9 Quando no homem houver praga de lepra, será levado ao sacerdote,

10

E o sacerdote o examinará, e eis que, se houver inchação branca na pele, a qual tornou o pelo branco, e houver alguma carne viva na inchação,

11 Lepra envelhecida é na pele da sua carne, portanto, o sacerdote o declarará imundo; não o encerrará, porque imundo é.

12 E se a lepra brotar de todo na pele, e a lepra cobrir toda a pele do que tem a praga, desde a sua cabeça até os seus pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote,

13 Então o sacerdote o examinará, e eis que, se a lepra cobriu toda a sua carne, então declarará limpo o que tem a praga; todo branco se tornou; limpo está.

14 Mas no dia em que aparecer nele carne viva, será imundo.

15 Vendo, pois, o sacerdote a carne viva, declará-lo-á imundo; a carne viva é imunda; lepra é.

16 Ou se a carne viva mudar, e voltar a ficar branca, então virá ao sacerdote,

17 E o sacerdote o examinará, e eis que, se a praga se tornou branca, então o sacerdote declarará limpo o que tem a praga; limpo está.

18 Se também a carne, em cuja pele houver alguma úlcera, sarar,

19 E em lugar da pústula houver inchação branca ou mancha lustrosa branca, tirando a vermelho, mostrar-se-á, então, ao sacerdote.

20

E o sacerdote o examinará, e eis que, se ela parece mais funda do que a pele, e o seu pelo se tornou branco, o sacerdote o declarará imundo; praga da lepra é; pela pústula brotou.

21 E se o sacerdote, vendo-a, e eis que nela não aparecer pelo branco, nem estiver mais funda do que a pele, mas esmaecida, então o sacerdote o encerrará por sete dias.

22 Se depois grandemente se estender na pele, o sacerdote o declarará imundo; praga é.

23 Mas, se a mancha lustrosa parar no seu lugar, não se estendendo, inflamação da pústula é; o sacerdote, pois, o declarará limpo.

24 Ou quando na pele da carne houver queimadura de fogo, e no que é sarado da queimadura houver mancha lustrosa branca, tirando a vermelho ou branco,

25 E o sacerdote vendo-a, e eis que o pelo na mancha lustrosa se tornou branco, e ela parecer mais funda do que a pele, lepra é, que brotou pela queimadura; portanto, o sacerdote o declarará imundo; praga de lepra é.

26 Mas se o sacerdote, vendo-a, e eis que na mancha lustrosa não aparecer pelo branco, nem estiver mais funda do que a pele, mas esmaecida, o sacerdote o encerrará por sete dias.

27 Depois o sacerdote o examinará ao sétimo dia; se grandemente se houver estendido na pele, o sacerdote o declarará imundo; praga de lepra é.

28 Mas se a mancha lustrosa parar no seu lugar, e na pele não se estender, mas esmaecer, inchação da queimadura é; portanto, o sacerdote o declarará limpo, porque cicatriz da queimadura é.

29 E quando homem ou mulher tiverem chaga na cabeça ou na barba,

30

E o sacerdote, examinando a chaga, e eis que, se ela parecer mais funda do que a pele, e pelo amarelo fino nela houver, o sacerdote o declarará imundo; tinha é, lepra da cabeça ou da barba é.

31 Mas se o sacerdote, havendo examinado a praga da tinha, e eis que se ela não parecer mais funda do que a pele, e se nela não houver pelo preto, então o sacerdote encerrará o que tem a praga da tinha por sete dias,

32 E o sacerdote examinará a praga ao sétimo dia, e eis que se a tinha não se tiver estendido, e nela não houver pelo amarelo, nem a tinha parecer mais funda do que a pele,

33 Então ele se rapará; mas não rapará a tinha; e o sacerdote pela segunda vez encerrará o que tem a praga da tinha por sete dias.

34 Depois o sacerdote examinará a tinha ao sétimo dia; e eis que, se a tinha não se houver estendido na pele, e ela não parecer mais funda do que a pele, o sacerdote o declarará limpo, e lavará as suas vestes, e será limpo.

35 Mas se a tinha, depois da sua purificação, se houver estendido grandemente na pele,

36 Então o sacerdote o examinará, e eis que, se a tinha se houver estendido na pele, o sacerdote não buscará pelo amarelo; imundo está.

37 Mas se a tinha ao seu ver parou, e pelo preto nela cresceu, a tinha está sã, limpo está; portanto, o sacerdote o declarará limpo.

38 E quando homem ou mulher tiverem manchas lustrosas brancas na pele da sua carne,

39 Então o sacerdote olhará, e eis que, se na pele da sua carne aparecem manchas lustrosas esmaecidas, brancas, impigem branca é, que brotou na pele; limpo está.

40

E quando cair o cabelo da cabeça do homem, calvo é, limpo está.

41 E se lhe cair o cabelo da frente da cabeça, meio calvo é; limpo está.

42 Porém, se na calva, ou na meia calva houver praga branca avermelhada, lepra é, brotando na sua calva ou na sua meia calva.

43 Havendo, pois, o sacerdote examinado, e eis que, se a inchação da praga na sua calva ou meia calva estiver branca, tirando a vermelho, como parece a lepra na pele da carne,

44 Leproso é aquele homem, imundo está; o sacerdote o declarará totalmente imundo; na sua cabeça tem a sua praga.

45 Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e a sua cabeça será descoberta, e cobrirá o lábio superior, e clamará: Imundo, imundo.

46 Todos os dias em que a praga estiver nele, será imundo; imundo está, habitará só; a sua habitação será fora do acampamento.

47 Quando também em alguma roupa houver praga de lepra, em roupa de lã, ou em roupa de linho,

48 Ou no fio urdido, ou no fio tecido, seja de linho, ou seja da lã, ou em pele, ou em qualquer coisa feita de pele,

49 E se a praga na roupa, ou na pele, ou no fio urdido, ou no fio tecido, ou em qualquer coisa feita de pele aparecer verde ou vermelha, praga de lepra é, pelo que se mostrará ao sacerdote,

50

E o sacerdote examinará a praga, e encerrará a coisa que tem a praga por sete dias.

51 Então examinará a praga ao sétimo dia; se a praga se houver estendido na roupa, ou no fio urdido, ou no fio tecido, ou na pele, ou em qualquer coisa que for feita de pele, lepra maligna é, imunda está;

52 Pelo que se queimará aquela roupa, ou fio urdido, ou fio tecido de lã, ou de linho, ou de qualquer coisa feita de pele, em que houver a praga, porque lepra maligna é; com fogo se queimará.

53 Mas o sacerdote, examinando, e eis que, se a praga não se estendeu na roupa, ou no fio urdido, ou no tecido, ou em qualquer coisa feita de pele,

54 Então o sacerdote ordenará que se lave aquilo no qual havia a praga, e o encerrará pela segunda vez por sete dias;

55 E o sacerdote, examinando a praga, depois que for lavada, e eis que se a praga não mudou o seu aspecto, nem a praga se estendeu, imundo está, com fogo o queimarás; praga penetrante é, seja raso em todo ou em parte.

56 Mas se o sacerdote vir que a praga esmaeceu, depois que for lavada, então a rasgará da roupa, ou da pele, ou do fio urdido ou tecido;

57 E se ainda aparecer na roupa, ou no fio urdido ou tecido ou em qualquer coisa de pele, lepra brotante é; com fogo queimarás aquilo em que há a praga;

58 Mas a roupa, ou fio urdido ou tecido, ou qualquer coisa de pele, que lavares, e de que a praga se retirar, se lavará pela segunda vez, e será limpo.

59 Essa é a lei da praga da lepra da roupa de lã, ou de linho, ou do fio urdido ou tecido, ou de qualquer coisa de pele, para declará-lo limpo, ou para declará-lo imundo.

Capítulo 14

Revelam-se leis, ritos e sacrifícios para purificação dos leprosos, das suas roupas e das casas infectadas pela lepra.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote,

3 E o sacerdote sairá para fora do acampamento, e o sacerdote, examinando, e eis que, se a praga da lepra do leproso for sarada,

4 Então o sacerdote ordenará que por aquele que se houver de purificar se tomem duas aves vivas e limpas, e madeira de cedro, e carmesim e hissopo.

5 Mandará também o sacerdote que se mate uma ave num vaso de barro sobre águas vivas,

6 E tomará a ave viva, e a madeira de cedro, e o carmesim, e o hissopo, e os molhará juntamente com a ave viva no sangue da ave que foi morta sobre as águas vivas.

7 E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então o declarará limpo, e soltará a ave viva em campo aberto.

8 E aquele que tem de purificar-se lavará as suas roupas, e rapará todo o seu pelo, e se lavará com água; assim será limpo; e depois entrará no acampamento, porém ficará fora da sua tenda por sete dias;

9 E acontecerá que ao sétimo dia rapará todo o seu pelo, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas dos seus olhos; sim, rapará todo o seu pelo, e lavará as suas roupas, e lavará a sua carne com água, e será limpo.

10

E ao oitavo dia tomará dois cordeiros sem defeito, e uma cordeira sem defeito, de um ano, e três dízimas de flor de farinha para oferta de manjares, amassada com azeite, e um logue de azeite;

11 E o sacerdote que faz a purificação apresentará o homem que houver de purificar-se com aquelas coisas perante o Senhor, à porta da tenda da congregação.

12 E o sacerdote tomará um dos cordeiros, e o oferecerá como oferta pela culpa, e o logue de azeite; e os moverá como oferta movida perante o Senhor.

13 Então matará o cordeiro no lugar em que se mata a oferta pelo pecado e o holocausto, no lugar santo; porque assim a oferta pela culpa como a oferta pelo pecado é para o sacerdote; coisa santíssima é.

14 E o sacerdote tomará do sangue da oferta pela culpa, e o sacerdote o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito.

15 Também o sacerdote tomará do logue de azeite, e o derramará na palma da sua própria mão esquerda.

16 Então o sacerdote molhará o seu dedo direito no azeite que está na sua mão esquerda, e daquele azeite com o seu dedo espargirá sete vezes perante o Senhor;

17 E o restante do azeite, que está na sua mão, o sacerdote porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito, em cima do sangue da oferta pela culpa;

18 E o restante do azeite que está na mão do sacerdote, o porá sobre a cabeça daquele que tem de purificar-se; assim, o sacerdote fará expiação por ele perante o Senhor.

19 Também o sacerdote fará a oferta pelo pecado, e fará expiação por aquele que tem de purificar-se da sua imundície; e depois matará o holocausto;

20

E o sacerdote oferecerá o holocausto e a oferta de manjares sobre o altar; assim, o sacerdote fará expiação por ele, e será limpo.

21 Porém se for pobre, e se na sua mão não houver o suficiente, tomará um cordeiro para oferta pela culpa em oferta movida, para fazer expiação por ele, e a dízima de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares, e um logue de azeite,

22 E duas rolas, ou dois pombinhos, conforme houver na sua mão, dos quais um será para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto.

23 E ao oitavo dia da sua purificação os trará ao sacerdote, à porta da tenda da congregação, perante o Senhor,

24 E o sacerdote tomará o cordeiro da oferta pela culpa, e o logue de azeite, e o sacerdote os moverá como oferta movida perante o Senhor.

25 Então matará o cordeiro da oferta pela culpa, e o sacerdote tomará do sangue da oferta pela culpa, e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito.

26 Também o sacerdote derramará do azeite na palma da sua própria mão esquerda;

27 Depois o sacerdote com o seu dedo direito espargirá do azeite que está na sua mão esquerda, sete vezes perante o Senhor,

28 E o sacerdote porá do azeite que está na sua mão na ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e no dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito; no lugar do sangue da oferta pela culpa.

29 E o que sobejar do azeite que está na mão do sacerdote porá sobre a cabeça do que tem de purificar-se, para fazer expiação por ele perante o Senhor.

30

Depois oferecerá uma das rolas ou um dos pombinhos, conforme houver na sua mão.

31 Do que houver na sua mão, será um para oferta pelo pecado e o outro para holocausto com a oferta de manjares; e assim o sacerdote fará expiação por aquele que tem de purificar-se perante o Senhor.

32 Essa é a lei daquele em quem estiver a praga da lepra, em cuja mão não haja o suficiente para a sua purificação.

33 Falou mais o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

34 Quando tiverdes entrado na terra de Canaã, que vos hei de dar por possessão, e eu puser a praga da lepra em alguma casa da terra da vossa possessão,

35 Então virá aquele, de quem for a casa, e o fará saber ao sacerdote, dizendo: Parece-me que há como que praga em minha casa.

36 E o sacerdote ordenará que desocupem a casa, antes que venha o sacerdote para examinar a praga, para que tudo o que está na casa não seja contaminado; e depois virá o sacerdote, para examinar a casa;

37 E vendo a praga, e eis que se a praga nas paredes da casa tem depressões verdes ou vermelhas, e parecem mais fundas do que a parede,

38 Então o sacerdote sairá daquela casa para fora da porta da casa, e fechará a casa por sete dias.

39 Depois retornará o sacerdote ao sétimo dia, e examinará; e se vir que a praga nas paredes da casa se estendeu,

40

Então o sacerdote ordenará que arranquem as pedras em que estiver a praga, e que as lancem para fora da cidade num lugar imundo;

41 E fará raspar toda a casa por dentro, e o pó que houverem raspado lançarão para fora da cidade num lugar imundo.

42 Depois tomarão outras pedras, e as porão no lugar das primeiras pedras; e outro barro se tomará, e se rebocará a casa.

43 Porém, se a praga retornar, e brotar na casa, depois de se arrancarem as pedras, e depois de a casa ser raspada, e depois de ser rebocada,

44 Então o sacerdote entrará, e examinando, eis que, se a praga na casa se estendeu, lepra maligna há na casa; imunda está.

45 Portanto, se derrubará a casa, as suas pedras, e a sua madeira, como também todo o barro da casa; e se levará para fora da cidade a um lugar imundo.

46 E o que entrar naquela casa, em qualquer dia em que estiver fechada, será imundo até a tarde.

47 Também o que se deitar em tal casa, lavará as suas vestes; e o que comer em tal casa lavará as suas vestes.

48 Porém, tornando o sacerdote a entrar, e examinando, eis que se a praga na casa não se estendeu, depois que a casa foi rebocada, o sacerdote declarará a casa limpa, porque a praga está curada.

49 Depois tomará, para purificar a casa, duas aves, e madeira de cedro, e carmesim, e hissopo;

50

E matará uma ave num vaso de barro sobre águas vivas;

51 Então, tomará a madeira de cedro, e o hissopo, e o carmesim, e a ave viva, e os molhará no sangue da ave morta e nas águas vivas, e espargirá a casa sete vezes.

52 Assim, purificará aquela casa com o sangue da ave, e com as águas vivas, e com a ave viva, e com a madeira de cedro, e com o hissopo, e com o carmesim.

53 Então soltará a ave viva para fora da cidade em campo aberto; assim fará expiação pela casa, e será limpa.

54 Essa é a lei de toda praga da lepra, e da tinha,

55 E da lepra das roupas, e das casas,

56 E da inchação, e da pústula, e da mancha lustrosa;

57 Para ensinar em que dia alguma coisa será imunda, e em que dia será limpa. Essa é a lei da lepra.

Capítulo 15

Revelam-se leis, ritos e sacrifícios para purificação dos que têm fluxo e outros tipos de impurezas.

1

Falou mais o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

2 Falai aos filhos de Israel, e dizei-lhes: Qualquer homem que tiver fluxo da sua carne, será imundo por causa do seu fluxo.

3 Esta, pois, será a sua imundície por causa do seu fluxo; se a sua carne vaza o seu fluxo, ou se a sua carne estanca o seu fluxo, essa é a sua imundície.

4 Toda cama em que se deitar o que tiver fluxo será imunda; e toda coisa sobre o que se assentar será imunda.

5 E qualquer que tocar a sua cama, lavará as suas roupas, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.

6 E aquele que se assentar sobre aquilo em que se assentou o que tem o fluxo, lavará as suas roupas, e se banhará em água e será imundo até a tarde.

7 E aquele que tocar a carne do que tem o fluxo, lavará as suas roupas, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.

8 Quando também o que tem o fluxo cuspir sobre um limpo, então lavará este as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.

9 Também toda sela em que cavalgar o que tem o fluxo será imunda.

10

E qualquer que tocar em alguma coisa que estiver debaixo dele, será imundo até a tarde; e aquele que a levar, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.

11 Também todo aquele a quem tocar o que tem o fluxo, sem haver lavado as suas mãos com água, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.

12 E o vaso de barro, que tocar o que tem o fluxo, será quebrado; porém todo vaso de madeira será lavado com água.

13 Quando, pois, o que tem o fluxo estiver limpo do seu fluxo, contar-se-ão sete dias para a sua purificação, e lavará as suas vestes, e banhará a sua carne em águas vivas; e será limpo.

14 E ao dia oitavo tomará duas rolas ou dois pombinhos, e virá perante o Senhor, à porta da tenda da congregação, e os dará ao sacerdote;

15 E o sacerdote oferecerá um para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto; e assim o sacerdote fará por ele expiação do seu fluxo perante o Senhor.

16 Também o homem, quando sair dele a semente da cópula, toda a sua carne banhará com água, e será imundo até a tarde.

17 Também toda veste, e toda pele em que houver semente da cópula, se lavará com água, e será imunda até a tarde.

18 E também a mulher com que homem se deitar com semente da cópula, ambos se banharão com água, e serão imundos até a tarde;

19 Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua menstruação, e qualquer que a tocar será imundo até a tarde.

20

E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua menstruação será imundo; e tudo sobre o que se assentar será imundo.

21 E qualquer que tocar a sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até a tarde.

22 E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ela se tiver assentado, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até a tarde.

23 Se também algo estiver sobre a cama, ou sobre qualquer lugar em que ela se assentou, quem o tocar, será imundo até a tarde.

24 E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundície estiver sobre ele, imundo será por sete dias; também toda cama, sobre a qual se deitar, será imunda.

25 Também a mulher, quando manar o fluxo do seu sangue, por muitos dias fora do tempo da sua menstruação, ou quando tiver fluxo de sangue por mais tempo do que a sua menstruação, todos os dias do fluxo da sua imundície será imunda, como nos dias da sua menstruação.

26 Toda cama, sobre a qual se deitar todos os dias do seu fluxo, ser-lhe-á como a cama da sua menstruação; e toda coisa, sobre a qual se assentar, será imunda, conforme a imundície da sua menstruação.

27 E qualquer que tocar essas coisas será imundo; portanto, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até a tarde.

28 Porém quando for limpa do seu fluxo, então se contarão sete dias, e depois será limpa.

29 E ao oitavo dia tomará duas rolas, ou dois pombinhos, e os trará ao sacerdote, à porta da tenda da congregação.

30

Então o sacerdote oferecerá um para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto; e o sacerdote fará por ela expiação do fluxo da sua imundície perante o Senhor.

31 Assim, separareis os filhos de Israel das suas imundícies, para que não morram nas suas imundícies, contaminando o meu tabernáculo, que está no meio deles.

32 Essa é a lei daquele que tem o fluxo, e daquele de quem sai a semente da cópula, e que fica por ela imundo;

33 Como também da mulher indisposta na sua menstruação, e daquele que padece do seu fluxo, seja homem ou mulher, e do homem que se deita com mulher imunda.

Capítulo 16

Explica-se como e quando Aarão deve entrar no santuário — Sacrifícios são oferecidos para reconciliar Israel com Deus — O bode expiatório levará sobre si os pecados do povo — Os pecados de todo o Israel são perdoados no Dia da Expiação.

1

E falou o Senhor a Moisés, depois que morreram os dois filhos de Aarão, quando se chegaram diante do Senhor e morreram.

2 Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Aarão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório.

3 Com isto Aarão entrará no santuário: com um novilho, para oferta pelo pecado, e um carneiro para holocausto.

4 Vestirá ele a túnica sagrada de linho, e terá calções de linho sobre a sua carne, e cingir-se-á com um cinto de linho, e cobrir-seá com uma mitra de linho; essas são vestes santas; por isso banhará a sua carne na água, e as vestirá.

5 E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para oferta pelo pecado e um carneiro para holocausto.

6 Depois Aarão oferecerá o novilho da oferta pelo pecado, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa.

7 Também tomará ambos os bodes, e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da congregação.

8 E Aarão lançará sortes sobre os dois bodes; uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário.

9 Então Aarão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo Senhor, e o oferecerá para oferta pelo pecado.

10

Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissário, será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, para enviá-lo ao deserto como bode emissário.

11 E Aarão fará chegar o novilho da oferta pelo pecado, que será para ele, e fará expiação por si e pela sua casa; e matará o novilho da oferta pelo pecado, que é para ele.

12 Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do Senhor, e as suas mãos cheias de incenso aromático moído, e o porá dentro do véu.

13 E porá o incenso sobre o fogo perante o Senhor, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra.

14 E tomará do sangue do novilho, e com o seu dedo espargirá sobre a face do propiciatório, para o lado do oriente; e perante o propiciatório espargirá sete vezes do sangue com o seu dedo.

15 Depois matará o bode da oferta pelo pecado, que será para o povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatório e perante a face do propiciatório.

16 Assim, fará expiação pelo santuário por causa das imundícies dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que permanece com eles no meio das suas imundícies.

17 E nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer expiação no santuário, até que ele saia; assim fará expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.

18 Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por ele; e tomará do sangue do novilho e do sangue do bode, e o porá sobre os chifres do altar ao redor.

19 E daquele sangue espargirá sobre ele com o seu dedo sete vezes, e o purificará, e o santificará das imundícies dos filhos de Israel.

20

Havendo, pois, acabado de expiar o santuário, e a tenda da congregação, e o altar, então fará chegar o bode vivo.

21 E Aarão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso.

22 Assim, aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles à terra solitária; e enviará o bode ao deserto.

23 Depois, Aarão irá à tenda da congregação, e despirá as vestes de linho, que havia vestido quando entrara no santuário, e ali as deixará.

24 E banhará a sua carne em água no lugar santo, e vestirá as suas vestes; então sairá e preparará o seu holocausto, e o holocausto do povo, e fará expiação por si e pelo povo.

25 Também queimará a gordura da oferta pelo pecado sobre o altar.

26 E aquele que tiver levado o bode (que era bode emissário) lavará as suas vestes, e banhará a sua carne em água; e depois entrará no acampamento.

27 Mas o novilho da oferta pelo pecado, e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido para fazer expiação no santuário, será levado para fora do acampamento; porém as suas peles, a sua carne, e o seu esterco queimarão com fogo.

28 E aquele que os queimar lavará as suas vestes, e banhará a sua carne em água; e depois entrará no acampamento.

29 E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis a vossa alma, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós.

30

Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor.

31 É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isso é estatuto perpétuo.

32 E o sacerdote, que for ungido, e que for consagrado, para servir como sacerdote no lugar de seu pai, fará a expiação, havendo vestido as vestes de linho, as vestes santas;

33 Assim, expiará o santo santuário; também expiará a tenda da congregação e o altar; semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.

34 E isso vos será por estatuto perpétuo, para fazer expiação pelos filhos de Israel de todos os seus pecados, uma vez no ano. E fez Aarão como o Senhor ordenara a Moisés.

Capítulo 17

Os sacrifícios devem ser oferecidos unicamente ao Senhor no tabernáculo da congregação — Proíbe-se Israel de fazer sacrifícios a demônios — Proíbe-se toda ingestão de sangue — Exige-se o derramamento de sangue para expiação pelos pecados.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala a Aarão e aos seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:

3 Qualquer homem da casa de Israel que matar boi, ou cordeiro, ou cabra, no acampamento, ou quem o matar fora do acampamento,

4 E não o trouxer à porta da tenda da congregação, para oferecer oferta ao Senhor diante do tabernáculo do Senhor, a tal homem será imputado o sangue; derramou sangue; pelo que tal homem será extirpado do seu povo,

5 Para que os filhos de Israel, trazendo os seus sacrifícios, que sacrificam em campo aberto, os tragam ao Senhor, à porta da tenda da congregação, ao sacerdote, e os sacrifiquem como ofertas pacíficas ao Senhor.

6 E o sacerdote espargirá o sangue sobre o altar do Senhor, à porta da tenda da congregação, e queimará a gordura por cheiro suave ao Senhor.

7 E nunca mais sacrificarão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem; isso ser-lhes-á por estatuto perpétuo nas suas gerações.

8 Dize-lhes, pois: Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós, que oferecer holocausto ou sacrifício,

9 E não o trouxer à porta da tenda da congregação, para oferecê-lo ao Senhor, tal homem será extirpado do seu povo.

10

E qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma que comer sangue, eu porei a minha face, e a extirparei do seu povo.

11 Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo dei, para fazer expiação sobre o altar pela vossa alma; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.

12 Portanto, eu disse aos filhos de Israel: Nenhuma alma dentre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrine entre vós comerá sangue.

13 Também qualquer homem dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que caçar animal ou ave que se come, derramará o seu sangue, e o cobrirá com pó;

14 Porquanto é a vida de toda carne; o seu sangue é pela sua vida; por isso eu disse aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda carne é o seu sangue; qualquer que o comer será extirpado.

15 E toda alma entre os naturais, ou entre os estrangeiros, que comer animal que morreu por si mesmo ou animal dilacerado por feras, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imunda até a tarde; depois será limpa.

16 Mas, se não as lavar, nem banhar a sua carne, levará sobre si a sua iniquidade.

Capítulo 18

Israel não deverá viver como os egípcios e os cananeus — Proíbem-se casamentos com certos parentes próximos e outras pessoas específicas — O homossexualismo e outras perversões sexuais são abominação — A terra vomita as nações que praticam abominações sexuais.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou o Senhor vosso Deus.

3 Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, à qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos.

4 Fareis conforme os meus juízos, e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor vosso Deus.

5 Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, cumprindo o homem, viverá por eles. Eu sou o Senhor.

6 Nenhum homem se chegará a qualquer parenta da sua carne, para descobrir a sua nudez. Eu sou o Senhor.

7 Não descobrirás a nudez de teu pai, ou a nudez de tua mãe; ela é tua mãe; não descobrirás a sua nudez.

8 Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai.

9 A nudez de tua irmã, filha de teu pai, ou filha de tua mãe, nascida em casa, ou fora de casa, a sua nudez não descobrirás.

10

A nudez da filha de teu filho, ou da filha de tua filha, a sua nudez não descobrirás; porque ela é tua nudez.

11 A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai (ela é tua irmã), a sua nudez não descobrirás.

12 A nudez da irmã de teu pai não descobrirás; ela é parenta de teu pai.

13 A nudez da irmã de tua mãe não descobrirás; pois ela é parenta de tua mãe.

14 A nudez do irmão de teu pai não descobrirás; não chegarás a sua mulher; ela é tua tia.

15 A nudez de tua nora não descobrirás; ela é mulher de teu filho; não descobrirás a sua nudez.

16 A nudez da mulher de teu irmão não descobrirás; é a nudez de teu irmão.

17 A nudez de uma mulher e de sua filha não descobrirás; não tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para descobrir a sua nudez; parentas são; maldade é.

18 E não tomarás uma mulher com sua irmã, para fazê-la sua rival, descobrindo a sua nudez diante dela durante a sua vida.

19 E não chegarás à mulher durante a imundície da sua menstruação, para descobrir a sua nudez,

20

Nem te deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela.

21 E da tua semente não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor.

22 Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é.

23 Nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é.

24 Com nenhuma dessas coisas vos contamineis, porque em todas essas coisas se contaminaram as nações que eu expulso de diante da vossa face.

25 Pelo que a terra está contaminada; e eu a castigarei pela sua iniquidade, e a terra vomitará os seus moradores.

26 Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma dessas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós;

27 Porque todas essas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós; e a terra foi contaminada.

28 Para que a terra não vos vomite, havendo-a vós contaminado, como vomitou a nação que nela estava antes de vós.

29 Porém qualquer que fizer alguma dessas abominações, as almas que as fizerem serão extirpadas do seu povo.

30

Portanto, guardareis o meu mandado, não fazendo nenhuma das práticas abomináveis que se fizeram antes de vós, e não vos contamineis com elas. Eu sou o Senhor vosso Deus.

Capítulo 19

Ordena-se a Israel: Sede santos, vivei em retidão, amai o próximo e guardai os mandamentos — O Senhor revela e reitera diversas leis e mandamentos — Proíbem-se feitiçarias, adivinhações, prostituição e toda prática iníqua.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.

3 Cada um temerá sua mãe e seu pai, e guardará os meus sábados. Eu sou o Senhor vosso Deus.

4 Não vos voltareis para os ídolos, nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus.

5 E quando oferecerdes sacrifício pacífico ao Senhor, da vossa própria vontade o oferecereis.

6 No dia em que o sacrificardes, e no dia seguinte, se comerá; mas o que sobejar ao terceiro dia será queimado com fogo.

7 E se alguma coisa dele for comida ao terceiro dia, coisa abominável é; não será aceita.

8 E qualquer que o comer levará a sua iniquidade, porquanto profanou a santidade do Senhor; por isso tal alma será extirpada do seu povo.

9 Quando também ceifardes a ceifa da vossa terra, o canto do teu campo não ceifarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua ceifa.

10

Semelhantemente não respigarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás para o pobre e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor vosso Deus.

11 Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;

12 Nem jurareis falsamente pelo meu nome, assim profanando o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor.

13 Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até a manhã.

14 Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.

15 Não fareis injustiça no juízo: não favorecerás o pobre, nem honrarás o grande; com justiça julgarás o teu próximo.

16 Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te porás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o Senhor.

17 Não odiarás teu irmão no teu coração; não deixarás de repreeender o teu próximo, e nele não consentirás pecado.

18 Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.

19 Guardareis os meus estatutos; não permitirás que se ajuntem os teus animais de diferente espécie; no teu campo não semearás semente de duas espécies, e veste de dois tipos de tecido misturados não vestireis.

20

E quando um homem se deitar com uma mulher que for serva desposada de um homem, e não for resgatada, nem se lhe houver dado liberdade, então serão açoitados; não morrerão, pois não foi libertada.

21 E como sua oferta pela culpa, trará ao Senhor, à porta da tenda da congregação, um carneiro para oferta pela culpa,

22 E com o carneiro da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele perante o Senhor, pelo seu pecado que pecou; e o seu pecado, que pecou, lhe será perdoado.

23 E quando tiverdes entrado na terra, e plantardes toda árvore de comer, ser-vos-á incircunciso o seu fruto; três anos vos será incircunciso; dele não se comerá.

24 Porém, no quarto ano todo o seu fruto será santo para dar louvores ao Senhor.

25 E no quinto ano comereis o seu fruto, para que vos faça crescer o seu produto. Eu sou o Senhor vosso Deus.

26 Não comereis coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis.

27 Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificarás a ponta da tua barba.

28 Pelos mortos não fareis incisões na vossa carne, nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o Senhor.

29 Não contaminarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se, para que a terra não se prostitua, nem se encha de maldade.

30

Guardareis os meus sábados, e o meu santuário reverenciareis. Eu sou o Senhor.

31 Não vos voltareis para os espíritos familiares e os encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.

32 Levantar-te-ás diante das cãs, e honrarás a face do velho; e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.

33 E quando o estrangeiro peregrinar contigo na vossa terra, não o oprimireis.

34 Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.

35 Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida.

36 Balanças justas, pesos justos, efa justo, e justo him tereis. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito.

37 Pelo que guardareis todos os meus estatutos, e todos os meus juízos, e os cumprireis. Eu sou o Senhor.

Capítulo 20

Prescreve-se a pena de morte para quem sacrificar filhos a Moloque, amaldiçoar o pai ou a mãe, cometer adultério, homossexualismo, bestialismo, necromancia e outras abominações — Várias leis e ordenanças são enumeradas.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, der da sua semente a Moloque, certamente morrerá; o povo da terra com pedras o apedrejará.

3 E eu porei a minha face contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo, porquanto deu da sua semente a Moloque, para contaminar o meu santuário e profanar o meu santo nome.

4 E se o povo da terra de alguma maneira esconder os seus olhos daquele homem que houver dado da sua semente a Moloque, de modo que não o matem,

5 Então eu porei a minha face contra aquele homem, e contra a sua família, e o extirparei do meio do seu povo, com todos os que se prostituem com ele, prostituindo-se com Moloque.

6 Quando uma alma se voltar para os espíritos familiares e os encantadores, para prostituir-se com eles, eu porei a minha face contra aquela alma, e a extirparei do meio do seu povo.

7 Portanto, santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.

8 E guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o Senhor que vos santifica.

9 Quando um homem amaldiçoar seu pai ou sua mãe, certamente morrerá; amaldiçoou seu pai ou sua mãe; o seu sangue será sobre ele.

10

Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerão o adúltero e a adúltera.

11 E o homem que se deitar com a mulher de seu pai, descobriu a nudez de seu pai; ambos certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.

12 Semelhantemente, quando um homem se deitar com a sua nora, ambos certamente morrerão; fizeram confusão; o seu sangue será sobre eles.

13 Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.

14 E quando um homem tomar uma mulher e a mãe dela, maldade é; ele e elas serão queimados com fogo, para que não haja maldade no meio de vós.

15 Quando também um homem se deitar com um animal, certamente morrerá; e matareis o animal.

16 Também a mulher que se chegar a algum animal, para ajuntar-se com ele, aquela mulher matarás juntamente com o animal; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.

17 E quando um homem tomar sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe, e ele vir a nudez dela, e ela vir a dele, torpeza é; portanto, serão extirpados aos olhos dos filhos do seu povo; descobriu a nudez de sua irmã, levará sobre si a sua iniquidade.

18 E quando um homem se deitar com uma mulher que tem a sua menstruação, e descobrir a sua nudez, descobrindo a sua fonte, e ela descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão extirpados do meio do seu povo.

19 Também a nudez da irmã de tua mãe, ou da irmã de teu pai não descobrirás; porquanto descobriu a sua parenta, sobre si levarão a sua iniquidade.

20

Quando também um homem se deitar com a sua tia, descobriu a nudez de seu tio; seu pecado sobre si levarão; sem filhos morrerão.

21 E quando um homem tomar a mulher de seu irmão, imundície é; a nudez de seu irmão descobriu; sem filhos ficarão.

22 Guardai, pois, todos os meus estatutos, e todos os meus juízos, e cumpri-os, para que não vos vomite a terra, para a qual eu vos levo para habitar nela.

23 E não andeis nos estatutos da nação que eu expulso de diante da vossa face, porque fizeram todas essas coisas; portanto, eu os abominei.

24 E eu vos disse: Em herança possuireis a sua terra, e eu a darei a vós, para possuí-la como herança, terra que mana leite e mel. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povos.

25 Fareis, pois, diferença entre os animais limpos e imundos, e entre as aves imundas e as limpas; e as vossas almas não fareis abomináveis por causa dos animais, ou das aves, ou de tudo o que se arrasta sobre a terra; os quais apartei de vós, para tê-los por imundos.

26 E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus.

27 Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito familiar, ou for encantador, certamente morrerá; com pedras serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles.

Capítulo 21

Os sacerdotes devem ser homens santos — O sumo sacerdote não deve casar-se com viúva nem com divorciada nem com prostituta — Os descendentes de Aarão que tiverem deformidades físicas não podem oferecer o pão de Deus sobre o altar.

1

Depois disse o Senhor a Moisés: Fala aos sacerdotes, filhos de Aarão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará por causa de um morto entre o seu povo,

2 Salvo por seu parente mais chegado a ele: por sua mãe, e por seu pai, e por seu filho, e por sua filha, e por seu irmão,

3 E por sua irmã virgem, chegada a ele, que ainda não teve marido; por ela poderá contaminar-se.

4 Não se contaminará sendo príncipe entre o seu povo, para se profanar.

5 Não farão calva na sua cabeça, e não raparão a ponta da sua barba, nem farão incisões na sua carne.

6 Santos serão a seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do Senhor, o pão do seu Deus; portanto, serão santos.

7 Não tomarão mulher prostituta ou infame, nem tomarão mulher repudiada de seu marido; pois santo é a seu Deus.

8 Portanto, o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo.

9 E quando a filha de um sacerdote se profanar, prostituindo-se, profana seu pai; com fogo será queimada.

10

E o sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o azeite da unção, e que for consagrado para vestir as vestes, não descobrirá a sua cabeça nem rasgará as suas vestes;

11 E não se chegará a cadáver algum, nem por causa de seu pai, nem por sua mãe, se contaminará;

12 Nem sairá do santuário, para que não profane o santuário do seu Deus, pois a coroa do azeite da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o Senhor.

13 E ele tomará uma mulher na sua virgindade.

14 Viúva, ou repudiada, ou desonrada, ou prostituta, essas não tomará, mas virgem do seu povo tomará por mulher.

15 E não profanará a sua semente entre o seu povo; porque eu sou o Senhor que o santifico.

16 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

17 Fala a Aarão, dizendo: Ninguém da tua semente, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus.

18 Pois, nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos,

19 Ou homem que tiver quebrado o pé, ou quebrada a mão,

20

Ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo mutilado.

21 Nenhum homem da semente de Aarão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus.

22 O pão do seu Deus, do lugar santíssimo e do santuário, poderá comer.

23 Porém até o véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico.

24 E Moisés falou isso a Aarão e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel.

Capítulo 22

Descreve-se quem dos sacerdotes e de suas famílias pode comer das coisas sagradas — Os animais para sacrifício devem ser perfeitos e sem defeito.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Dize a Aarão e a seus filhos que se apartem das coisas santas dos filhos de Israel, as quais a mim me santificam, para que não profanem o nome da minha santidade. Eu sou o Senhor.

3 Dize-lhes: Todo homem que entre as vossas gerações, de toda a vossa semente, se chegar às coisas santas que os filhos de Israel santificam ao Senhor, tendo sobre si a sua imundície, aquela alma será extirpada de diante da minha face. Eu sou o Senhor.

4 Ninguém da semente de Aarão, que for leproso, ou tiver fluxo, comerá das coisas santas, até que seja limpo; como também o que tocar alguma coisa que está imunda por causa de um cadáver, ou aquele de quem sair a semente da cópula,

5 Ou qualquer que tocar algum réptil, pelo que se fez imundo, ou algum homem, pelo que se fez imundo, segundo toda a sua imundície.

6 O homem que o tocar será imundo até a tarde, e não comerá das coisas santas, mas banhará a sua carne em água.

7 E havendo-se o sol já posto, então será limpo, e depois comerá das coisas santas; porque este é o seu pão.

8 O animal que morreu por si mesmo, ou o animal que foi dilacerado por feras não comerá, para com ele não se contaminar. Eu sou o Senhor.

9 Guardarão, pois, o meu mandamento, para que por isso não levem pecado, e morram nele, havendo-o profanado. Eu sou o Senhor que os santifico.

10

Também nenhum estrangeiro comerá das coisas santas; nem o hóspede do sacerdote nem o jornaleiro comerão das coisas santas.

11 Mas quando o sacerdote comprar alguma alma com o seu dinheiro, esta comerá delas, e o nascido na sua casa; esses comerão do seu pão.

12 E quando a filha do sacerdote se casar com homem estrangeiro, ela não comerá da oferta das coisas santas.

13 Mas quando a filha do sacerdote for viúva ou repudiada, e não tiver semente, e houver retornado à casa de seu pai, como na sua mocidade, do pão de seu pai comerá; mas nenhum estrangeiro comerá dele.

14 E quando alguém inadvertidamente comer a coisa santa, sobre ela acrescentará seu quinto, e o dará ao sacerdote com a coisa santa.

15 Assim, não profanarão as coisas santas dos filhos de Israel, as quais oferecem ao Senhor,

16 Nem os farão levar a iniquidade da culpa, comendo as suas coisas santas; pois eu sou o Senhor que as santifico.

17 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

18 Fala a Aarão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, oferecer a sua oferta, quer dos seus votos, quer das suas ofertas voluntárias, que oferecerem ao Senhor em holocausto,

19 Segundo a sua vontade, oferecerá macho sem defeito, das vacas, dos cordeiros, ou das cabras.

20

Nenhuma coisa em que haja defeito oferecereis, porque não seria aceita em vosso favor.

21 E quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao Senhor, fazendo um voto, ou oferta voluntária de vacas ou de ovelhas, perfeito será, para que seja aceito; nenhum defeito haverá nele.

22 O cego, ou quebrado, ou aleijado, ou verrugoso, ou sarnoso, ou cheio de impigens, este não oferecereis ao Senhor, e deles não poreis oferta queimada ao Senhor sobre o altar.

23 Porém boi, ou gado miúdo, de membros compridos ou curtos, poderás oferecer como oferta voluntária, mas por voto não será aceito.

24 O machucado, ou moído, ou despedaçado, ou cortado, não oferecereis ao Senhor; não fareis isso na vossa terra.

25 Também da mão do estrangeiro nenhum alimento oferecereis ao vosso Deus, de todas essas coisas, pois a sua corrupção está nelas; defeito nelas há; não serão aceitas por vós.

26 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

27 Quando nascer o boi, ou cordeiro, ou cabra, sete dias estará debaixo de sua mãe; depois, desde o dia oitavo em diante, será aceito como oferta queimada ao Senhor.

28 Também boi ou gado miúdo, ele e seu filho não matareis no mesmo dia.

29 E quando sacrificardes sacrifício de ação de graças ao Senhor, o sacrificareis de vossa própria vontade.

30

No mesmo dia se comerá; nada deixareis ficar até a manhã. Eu sou o Senhor.

31 Pelo que guardareis os meus mandamentos, e os cumprireis. Eu sou o Senhor.

32 E não profanareis o meu santo nome, para que eu seja santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor que vos santifico;

33 Que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor.

Capítulo 23

Israel deve fazer uma santa convocação a cada dia do Sábado — Israel deve comemorar a Festa da Páscoa, dos Pães Ázimos, de Pentecostes ou das Primícias, das Trombetas, do Dia da Expiação e dos Tabernáculos.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades do Senhor, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas solenidades:

3 Seis dias trabalho se fará, mas ao sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhum trabalho fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações.

4 Estas são as solenidades do Senhor, as santas convocações, que convocareis ao seu tempo determinado;

5 No mês primeiro, aos quatorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor.

6 E aos quinze dias desse mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos.

7 No primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.

8 Mas sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.

9 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

10

Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e ceifardes a sua ceifa, então trareis um molho das primícias da vossa ceifa ao sacerdote;

11 E ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos; no dia seguinte ao sábado o moverá o sacerdote.

12 E no dia em que moverdes o molho, preparareis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto ao Senhor,

13 E a sua oferta de manjares, duas dízimas de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta queimada em cheiro suave ao Senhor, e a sua libação de vinho, o quarto de um him.

14 E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até aquele mesmo dia em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; estatuto perpétuo será pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações.

15 Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão.

16 Até o dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de manjares ao Senhor.

17 Das vossas habitações trareis dois pães para oferta movida; de duas dízimas de farinha serão, levedados se assarão; primícias são ao Senhor.

18 Também com o pão oferecereis sete cordeiros sem defeito, de um ano, e um novilho, e dois carneiros; holocausto serão ao Senhor, com a sua oferta de manjares, e as suas libações, como oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.

19 Também oferecereis um bode para oferta pelo pecado, e dois cordeiros de um ano como sacrifício pacífico.

20

Então o sacerdote os moverá com o pão das primícias como oferta movida perante o Senhor, com os dois cordeiros; santos serão ao Senhor para o sacerdote.

21 E naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; estatuto perpétuo será em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.

22 E quando ceifardes a ceifa da vossa terra, não acabarás de ceifar os cantos do teu campo, nem colhereis as espigas caídas da tua ceifa; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o Senhor vosso Deus.

23 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

24 Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês tereis descanso, memorial com sonido de buzinas, santa convocação.

25 Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada ao Senhor.

26 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

27 Mas aos dez deste mês sétimo será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis a vossa alma; e oferecereis oferta queimada ao Senhor.

28 E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus.

29 Porque toda alma, que naquele mesmo dia não se afligir, será extirpada do seu povo.

30

Também toda alma, que naquele mesmo dia fizer algum trabalho, aquela alma eu destruirei do meio do seu povo.

31 Nenhum trabalho fareis; estatuto perpétuo será pelas vossas gerações em todas as vossas habitações.

32 Sábado de descanso vos será; então afligireis a vossa alma; aos nove do mês, à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado.

33 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

34 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias desse mês sétimo será a festa dos tabernáculos ao Senhor por sete dias.

35 Ao primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.

36 Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao dia oitavo tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; assembleia solene será, nenhum trabalho servil fareis.

37 Essas são as solenidades do Senhor, que apregoareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio;

38 Além dos sábados do Senhor, e além das vossas dádivas, e além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao Senhor.

39 Porém, aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido o produto da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao dia primeiro haverá descanso, e ao dia oitavo haverá descanso.

40

E ao primeiro dia, tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias.

41 E celebrareis essa festa ao Senhor por sete dias cada ano; estatuto perpétuo será pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis.

42 Sete dias habitareis debaixo de tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas;

43 Para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.

44 Assim, pronunciou Moisés as solenidades do Senhor aos filhos de Israel.

Capítulo 24

Um fogo perpétuo deverá arder fora do véu no tabernáculo — Um blasfemador é morto por apedrejamento — A lei de Israel é de olho por olho, dente por dente.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Ordena aos filhos de Israel que te tragam azeite de oliveiras, puro, batido, para a luminária, para acender as lâmpadas continuamente.

3 Aarão as porá em ordem perante o Senhor continuamente, desde a tarde até a manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo será pelas vossas gerações.

4 Sobre o candelabro de ouro puro porá em ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente.

5 Também tomarás da flor de farinha, e dela assarás doze bolos; cada bolo será de duas dízimas.

6 E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o Senhor.

7 E sobre cada fileira porás incenso puro, para que seja para o pão como oferta memorial; oferta queimada será ao Senhor.

8 Em cada dia do sábado, isso se porá em ordem perante o Senhor continuamente, pelos filhos de Israel, por convênio eterno.

9 E será de Aarão e de seus filhos, os quais o comerão no lugar santo, porque uma coisa santíssima é para ele, das ofertas queimadas ao Senhor, por estatuto perpétuo.

10

E saiu um filho de uma mulher israelita, o qual era filho de um homem egípcio, no meio dos filhos de Israel; e o filho da israelita e um homem israelita porfiaram no acampamento.

11 Então o filho da mulher israelita blasfemou o nome do Senhor, e o amaldiçoou, pelo que o levaram a Moisés; e o nome de sua mãe era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã.

12 E o levaram à prisão, até que se lhes fizesse declaração pela boca do Senhor.

13 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

14 Tira o que blasfemou para fora do acampamento; e todos os que o ouviram porão as suas mãos sobre cabeça dele; então toda a congregação o apedrejará.

15 E aos filhos de Israel falarás, dizendo: Qualquer que amaldiçoar o seu Deus, levará sobre si o seu pecado.

16 E aquele que blasfemar o nome do Senhor certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto.

17 E quem matar alguém certamente morrerá.

18 Mas quem matar um animal, o restituirá, vida por vida.

19 Quando também alguém desfigurar o seu próximo, como ele fez assim lhe será feito:

20

Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado algum homem, assim se lhe fará.

21 Quem, pois, matar um animal, restituí-lo-á, mas quem matar um homem será morto.

22 Uma mesma lei tereis; assim será para o estrangeiro como para o natural; pois eu sou o Senhor vosso Deus.

23 E disse Moisés aos filhos de Israel que levassem o que tinha blasfemado para fora do acampamento, e com pedras o apedrejassem; e fizeram os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moisés.

Capítulo 25

Cada sétimo ano deverá ser um ano de repouso — Cada quinquagésimo ano deverá ser um ano de jubileu, em que se proclamará liberdade por toda a terra — Revelam-se as leis para a venda e o resgate de terras, casas e servos — A terra é do Senhor, assim como os servos — Proíbe-se a usura.

1

Falou mais o Senhor a Moisés no monte Sinai, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na terra que eu vos dou, então a terra descansará um sábado ao Senhor.

3 Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás o seu produto;

4 Porém, ao sétimo ano será sábado de descanso para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha.

5 O que nascer de si mesmo da tua ceifa não ceifarás, e as uvas da tua separação não vindimarás; ano de descanso será para a terra.

6 E o sábado da terra vos será por alimento, a ti, e ao teu servo, e à tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina contigo;

7 E ao teu gado, e aos teus animais, que estão na tua terra, todo o seu produto será para mantimento.

8 Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.

9 Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás soar a trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis soar a trombeta por toda a vossa terra.

10

E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e retornareis, cada um à sua possessão, e retornareis, cada um à sua família.

11 O ano quinquagésimo vos será jubileu; não semearás nem ceifarás o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das separações,

12 Porque jubileu é, santo será para vós; o produto do campo comereis.

13 Nesse ano do jubileu retornareis cada um à sua possessão.

14 E quando venderdes alguma coisa ao vosso próximo, ou a comprardes da mão do vosso próximo, ninguém oprima seu irmão;

15 Conforme o número dos anos desde o jubileu, comprarás ao teu próximo; e conforme o número dos anos de produção, ele a venderá a ti.

16 Conforme o número dos anos, aumentarás o seu preço, e conforme a diminuição dos anos, abaixarás o seu preço; porque conforme o número dos anos de produção é que ele te vende.

17 Ninguém, pois, oprima o seu próximo; mas temerás o teu Deus; porque eu sou o Senhor vosso Deus.

18 E cumpri os meus estatutos, e guardai os meus juízos, e cumpri-os; assim, habitareis seguros na terra.

19 E a terra dará o seu fruto, e comereis a fartar, e nela habitareis seguros.

20

E se disserdes: Que comeremos no ano sétimo? Eis que não havemos de semear nem colher o nosso produto;

21 Então eu mandarei a minha bênção sobre vós no sexto ano, para que dê fruto por três anos.

22 E no oitavo ano semeareis, e comereis da produção antiga até o ano nono; até que venha a sua produção, comereis a antiga.

23 Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos comigo.

24 Portanto, em toda a terra da vossa possessão dareis resgate à terra.

25 Quando teu irmão empobrecer e vender alguma porção da sua possessão, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que vendeu seu irmão.

26 E se alguém não tiver resgatador, porém na sua mão houver o suficiente para o seu resgate,

27 Então contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem a vendeu, e retornará à sua possessão.

28 Mas se na sua mão não houver o suficiente para restituir-lha, então a que for vendida ficará na mão do comprador até o ano do jubileu; porém, no ano do jubileu será liberada, e ele retornará à sua possessão.

29 E quando algum homem vender uma casa de moradia em cidade murada, então a poderá resgatar até que se cumpra um ano da sua venda; durante um ano inteiro será lícito o seu resgate.

30

Mas se, cumprindo-se-lhe um ano inteiro, ainda não for resgatada, então a casa, que estiver na cidade que tem muro, em perpetuidade ficará ao que a comprou, pelas suas gerações; não será liberada no jubileu.

31 Mas as casas das aldeias que não têm muro ao redor serão estimadas como o campo da terra; para elas haverá resgate, e serão liberadas no jubileu.

32 Mas no tocante às cidades dos levitas, às casas das cidades da sua possessão, direito perpétuo de resgate terão os levitas.

33 E havendo feito resgate um dos levitas, então a compra da casa e da cidade da sua possessão será liberada no jubileu; porque as casas das cidades dos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel.

34 Mas o campo do arrabalde das suas cidades não se venderá, porque lhes é possessão perpétua.

35 E quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás, como estrangeiro e peregrino, para que viva contigo.

36 Não tomarás dele usura nem ganho; mas temerás o teu Deus, para que teu irmão viva contigo.

37 Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás o teu alimento por lucro.

38 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos dar a terra de Canaã, para ser vosso Deus.

39 Quando também teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e vender-se a ti, não o farás servir como escravo.

40

Como jornaleiro, como peregrino estará contigo; até o ano do jubileu te servirá;

41 Então sairá do teu serviço, ele e seus filhos com ele, e retornará à sua família, e à possessão de seus pais retornará.

42 Porque são meus servos, que tirei da terra do Egito; não serão vendidos como se vendem os escravos.

43 Não te assenhorearás dele com rigor, mas temerás o teu Deus.

44 E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.

45 Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.

46 E possuí-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, cada um sobre seu irmão, não vos assenhoreareis dele com rigor.

47 E quando a mão do estrangeiro e peregrino que está contigo alcançar riqueza, e teu irmão, que está com ele, empobrecer, e se vender ao estrangeiro ou peregrino que está contigo, ou a um membro da família do estrangeiro,

48 Depois que se houver vendido, haverá resgate para ele; um de seus irmãos o resgatará;

49 Ou seu tio, ou o filho de seu tio o resgatará; ou um dos seus parentes, da sua família, o resgatará; ou, se a sua mão alcançar riqueza, se resgatará a si mesmo.

50

E contará com aquele que o comprou, desde o ano que se vendeu a ele até o ano do jubileu, e o dinheiro da sua venda será conforme o número dos anos; conforme os dias de um jornaleiro estará com ele.

51 Se ainda muitos anos faltarem, conforme eles restituirá o seu resgate do dinheiro pelo qual foi vendido,

52 E se ainda restarem poucos anos até o ano do jubileu, então fará contas com ele; segundo os seus anos restituirá o seu resgate.

53 Como jornaleiro, de ano em ano, estará com ele; não se assenhoreará sobre ele com rigor diante dos teus olhos.

54 E se dessa forma não se resgatar, sairá no ano do jubileu, ele e seus filhos com ele.

55 Porque os filhos de Israel me são servos; meus servos são eles, que tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.

Capítulo 26

As bênçãos materiais e espirituais serão abundantes em Israel, se o povo guardar os mandamentos — Se desobedecerem ao Senhor, haverá maldições, castigos e desolação — Quando Seu povo se arrepender, o Senhor terá misericórdia para com eles.

1

Não fareis para vós ídolos, nem levantareis para vós imagem de escultura, nem estátua, nem poreis pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou o Senhor vosso Deus.

2 Guardareis os meus sábados, e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o Senhor.

3 Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes,

4 Então eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua produção, e a árvore do campo dará o seu fruto;

5 E a debulha se vos chegará até a vindima, e a vindima se chegará até a semeadura; e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra.

6 Também darei paz na terra, e dormireis seguros, e não haverá quem vos espante; e farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada.

7 E perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós.

8 Cinco de vós perseguirão um cento, e cem de vós perseguirão dez mil; e os vossos inimigos cairão à espada diante de vós.

9 E para vós olharei, e vos farei frutificar, e vos multiplicarei, e confirmarei o meu convênio convosco.

10

E comereis a produção antiga, há muito guardada; e tirareis para fora a antiga por causa da nova.

11 E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos abominará.

12 E andarei no meio de vós, e eu serei vosso Deus, e vós sereis meu povo.

13 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra dos egípcios, para que não fôsseis seus escravos; e quebrantei os timões do vosso jugo, e vos fiz andar de cabeça erguida.

14 Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos esses mandamentos,

15 E se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma abominar os meus juízos, não cumprindo todos os meus mandamentos, para quebrardes o meu convênio,

16 Então eu também vos farei isto: porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente, que consumam os olhos e atormentem a alma; e semeareis em vão a vossa semente, e os vossos inimigos a comerão.

17 E porei a minha face contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; e os que vos odeiam de vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguém vos perseguir.

18 E se ainda com essas coisas não me ouvirdes, então eu prosseguirei a castigar-vos sete vezes mais por causa dos vossos pecados.

19 Porque quebrarei a soberba da vossa força; e farei que os vossos céus sejam como ferro e a vossa terra como bronze.

20

E em vão se gastará a sua força; a vossa terra não dará a sua produção, e as árvores da terra não darão o seu fruto.

21 E se andardes em oposição a mim, e não me quiserdes ouvir, acrescentarei sobre vós sete vezes mais pragas, conforme os vossos pecados.

22 Porque enviarei entre vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e destruirão o vosso gado, e vos reduzirão a poucos; e os vossos caminhos serão desertos.

23 Se ainda com essas coisas não fordes restaurados por mim, mas ainda andardes em oposição a mim,

24 Eu também andarei em oposição a vós, e eu mesmo vos ferirei sete vezes mais por causa dos vossos pecados.

25 Porque enviarei sobre vós a espada, que executará a vingança do convênio; e ajuntados estareis nas vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.

26 Quando eu vos quebrar o sustento do pão, então dez mulheres assarão o vosso pão num forno, e entregar-vos-ão o vosso pão por peso; e comereis, mas não vos fartareis.

27 E se com isso não me ouvirdes, mas ainda andardes em oposição a mim,

28 Também eu andarei em oposição a vós em furor; e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados.

29 Porque comereis a carne de vossos filhos, e a carne de vossas filhas comereis.

30

E destruirei os vossos altos, e desfarei as vossas imagens do sol, e lançarei os vossos cadáveres sobre os cadáveres dos vossos deuses; a minha alma vos abominará.

31 E reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave.

32 E assolarei a terra e se espantarão disso os vossos inimigos que nela morarem.

33 E vos espalharei entre as nações, e desembainharei a espada contra vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas.

34 Então a terra desfrutará os seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descansará, e desfrutará os seus sábados.

35 Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos sábados, quando habitáveis nela.

36 E quanto aos que de vós ficarem, eu porei tal pavor no seu coração, nas terras dos seus inimigos, que o ruído de uma folha movida os perseguirá; e fugirão como quem foge da espada; e cairão sem ninguém os perseguir.

37 E cairão uns sobre os outros como diante da espada, sem ninguém os perseguir; e não podereis parar diante dos vossos inimigos.

38 E perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos vos consumirá.

39 E aqueles que entre vós ficarem definharão pela sua iniquidade nas terras dos vossos inimigos, e pela iniquidade de seus pais com eles definharão.

40

Então confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas transgressões, com que transgrediram contra mim; como também eles andaram em oposição a mim,

41 Eu também andei em oposição a eles, e os fiz entrar na terra dos seus inimigos; se, então, o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo da sua iniquidade,

42 Também eu me lembrarei do meu convênio com Jacó, e também do meu convênio com Isaque, e também do meu convênio com Abraão me lembrarei, e da terra me lembrarei.

43 E a terra será deixada por eles, e desfrutará os seus sábados, enquanto assolada por causa deles; e tomarão por bem o castigo da sua iniquidade, em razão mesmo de que rejeitaram os meus juízos, e a sua alma abominou os meus estatutos.

44 E apesar disso também, estando eles na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem os abominarei, para consumi-los e quebrar o meu convênio com eles, porque eu sou o Senhor seu Deus.

45 Antes, por causa deles me lembrarei do convênio com os seus antepassados, que tirei da terra do Egito perante os olhos das nações, para ser o seu Deus. Eu sou o Senhor.

46 Esses são os estatutos, e os juízos, e as leis que estabeleceu o Senhor entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela mão de Moisés.

Capítulo 27

Explica-se como as propriedades são consagradas ao Senhor — Ordena-se que Israel pague dízimos de suas colheitas, do gado e dos rebanhos.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguém fizer particular voto, segundo a tua avaliação serão as pessoas ao Senhor.

3 Se for a tua avaliação de um homem, da idade de vinte anos até a idade de sessenta, será a tua avaliação de cinquenta siclos de prata, segundo o siclo do santuário.

4 Porém, se for mulher, a tua avaliação será de trinta siclos.

5 E se for de cinco anos até vinte, a tua avaliação de um homem será vinte siclos, e da mulher dez siclos.

6 E se for de um mês até cinco anos, a tua avaliação de um homem será de cinco siclos de prata, e a tua avaliação pela mulher será de três siclos de prata.

7 E se for de sessenta anos e acima, pelo homem, a tua avaliação será de quinze siclos, e pela mulher, dez siclos.

8 Mas se for mais pobre do que a tua avaliação, então apresentar-se-á diante do sacerdote, para que o sacerdote o avalie; conforme o que houver na mão do que fez o voto, o avaliará o sacerdote.

9 E se for animal de que se oferece oferta ao Senhor, tudo quanto der dele ao Senhor será santo.

10

Não o mudará, nem o trocará bom por mau, ou mau por bom; se, porém, de alguma maneira trocar animal por animal, um e outro serão ambos santos.

11 E se for algum animal imundo, dos que não se oferecem em oferta ao Senhor, então apresentará o animal diante do sacerdote,

12 E o sacerdote o avaliará, seja bom ou seja mau; segundo a avaliação do sacerdote, assim será.

13 Porém se de alguma maneira o resgatar, então acrescentará o seu quinto além da tua avaliação.

14 E quando alguém santificar a sua casa para ser santa ao Senhor, o sacerdote a avaliará, seja boa ou seja má; como o sacerdote a avaliar, assim será.

15 Mas se o que santificou resgatar a sua casa, então acrescentará o quinto a mais do dinheiro da tua avaliação, e será sua.

16 Se também alguém santificar ao Senhor uma parte do campo da sua possessão, então a tua avaliação será segundo a sua semente: um ômer de semente de cevada será avaliado por cinquenta siclos de prata.

17 Se santificar o seu campo desde o ano do jubileu, conforme a tua avaliação ficará.

18 Mas se santificar o seu campo depois do ano do jubileu, então o sacerdote lhe contará o dinheiro conforme os anos restantes até o ano do jubileu, e isso se abaterá da tua avaliação.

19 E se aquele que santificou o campo de alguma maneira o resgatar, então acrescentará um quinto a mais do dinheiro da tua avaliação, e lhe ficará assegurado.

20

E se não resgatar o campo, ou se vender o campo a outro homem, nunca mais se resgatará.

21 Porém, sendo o campo liberado no ano do jubileu, será santo ao Senhor, como campo consagrado; a posse dele será do sacerdote.

22 E se santificar ao Senhor o campo que comprou, e não for dos campos da sua possessão,

23 Então o sacerdote lhe contará a soma da tua avaliação até o ano do jubileu; e no mesmo dia dará a tua avaliação como coisa santa ao Senhor.

24 No ano do jubileu o campo retornará àquele de quem o comprou, àquele de quem era a possessão do campo.

25 E cada avaliação tua se fará conforme o siclo do santuário; o siclo será de vinte geras.

26 Mas o que primeiro nascer de um animal, que deverá ser primogênito do Senhor, ninguém santificará; seja boi ou gado miúdo, do Senhor será.

27 Mas se for de um animal imundo, o resgatará, segundo a tua avaliação, e sobre ele acrescentará o seu quinto; e se não se resgatar, vender-se-á segundo a tua avaliação.

28 Todavia, nenhuma coisa consagrada, que alguém consagrar ao Senhor de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda coisa consagrada será uma coisa santíssima ao Senhor.

29 Toda coisa consagrada que for consagrada do homem, não será resgatada; certamente morrerá.

30

Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor.

31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará o seu quinto sobre ela.

32 No tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor.

33 Não investigará se é bom ou mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, um e outro será santo; não será resgatado.

34 Esses são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.

O Quarto Livro de Moisés
Chamado
Números

Capítulo 1

Moisés e os príncipes de Israel contam todos os homens de vinte anos ou mais de cada tribo (exceto os da tribo de Levi) — Seu total é de seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta — Os levitas recebem o encargo de cuidar do tabernáculo.

1

Falou mais o Senhor a Moisés no deserto de Sinai, na tenda da congregação, no primeiro dia do mês segundo, no segundo ano da sua saída da terra do Egito, dizendo:

2 Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, de acordo com o número dos nomes, de cada homem, cabeça por cabeça;

3 Da idade de vinte anos e acima, todos os que saem à guerra em Israel; esses contareis segundo os seus exércitos, tu e Aarão.

4 Estará convosco de cada tribo um homem que seja cabeça da casa de seus pais.

5 Estes, pois, são os nomes dos homens que estarão convosco: De Rúben, Elizur, filho de Sedeur;

6 De Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai;

7 De Judá, Naassom, filho de Aminadabe;

8 De Issacar, Natanael, filho de Zuar;

9 De Zebulom, Eliabe, filho de Helom;

10

Dos filhos de José: De Efraim, Elisama, filho de Amiúde; de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur;

11 De Benjamim, Abidã, filho de Gideoni;

12 De Dã, Aieser, filho de Amisadai;

13 De Aser, Pagiel, filho de Ocrã;

14 De Gade, Eliasafe, filho de Deuel;

15 De Naftali, Aíra, filho de Enã.

16 Esses foram os chamados da congregação, os príncipes das tribos de seus pais, os cabeças dos milhares de Israel.

17 Então tomaram Moisés e Aarão esses homens, que foram declarados pelos seus nomes,

18 E ajuntaram toda a congregação no primeiro dia do mês segundo, e declararam a sua descendência segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, cabeça por cabeça;

19 Como o Senhor ordenara a Moisés, assim os contou no deserto de Sinai.

20

Foram, pois, os filhos de Rúben, o primogênito de Israel; as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes, cabeça por cabeça, todo homem de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra;

21 Foram contados deles, da tribo de Rúben, quarenta e seis mil e quinhentos.

22 Dos filhos de Simeão, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa dos seus pais; os seus contados, pelo número dos nomes, cabeça por cabeça, todo homem de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

23 Foram contados deles, da tribo de Simeão, cinquenta e nove mil e trezentos.

24 Dos filhos de Gade, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

25 Foram contados deles, da tribo de Gade, quarenta e cinco mil e seiscentos e cinquenta.

26 Dos filhos de Judá, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais; pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

27 Foram contados deles, da tribo de Judá, setenta e quatro mil e seiscentos.

28 Dos filhos de Issacar, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

29 Foram contados deles, da tribo de Issacar, cinquenta e quatro mil e quatrocentos.

30

Dos filhos de Zebulom, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

31 Foram contados deles, da tribo de Zebulom, cinquenta e sete mil e quatrocentos.

32 Dos filhos de José, dos filhos de Efraim, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

33 Foram contados deles, da tribo de Efraim, quarenta mil e quinhentos.

34 Dos filhos de Manassés, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

35 Foram contados deles, da tribo de Manassés, trinta e dois mil e duzentos.

36 Dos filhos de Benjamim, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

37 Foram contados deles, da tribo de Benjamim, trinta e cinco mil e quatrocentos.

38 Dos filhos de Dã, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

39 Foram contados deles, da tribo de Dã, sessenta e dois mil e setecentos.

40

Dos filhos de Aser, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

41 Foram contados deles, da tribo de Aser, quarenta e um mil e quinhentos.

42 Dos filhos de Naftali, as suas gerações pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais, pelo número dos nomes dos de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra,

43 Foram contados deles, da tribo de Naftali, cinquenta e três mil e quatrocentos.

44 Esses foram os contados, que contaram Moisés e Aarão, e os príncipes de Israel, doze homens, cada um era pela casa de seus pais.

45 Assim foram todos os contados dos filhos de Israel, segundo a casa de seus pais, de vinte anos e acima, todos os que podiam sair à guerra em Israel;

46 Todos os contados, pois, foram seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta.

47 Mas os levitas, segundo a tribo de seus pais, não foram contados entre eles,

48 Porquanto o Senhor tinha falado a Moisés, dizendo:

49 Porém não contarás a tribo de Levi, nem tomarás a soma deles entre os filhos de Israel;

50

Mas tu encarrega os levitas do tabernáculo do testemunho, e de todos os seus utensílios, e de tudo o que pertence a ele; eles levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o administrarão, e assentarão o seu acampamento ao redor do tabernáculo.

51 E quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e quando o tabernáculo for assentado no acampamento, os levitas o armarão; e o estranho que se chegar morrerá.

52 E os filhos de Israel assentarão as suas tendas, cada um no seu acampamento, e cada um junto à sua bandeira, segundo os seus exércitos.

53 Mas os levitas assentarão as suas tendas ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação contra a congregação dos filhos de Israel, pelo que os levitas terão o encargo da guarda do tabernáculo do testemunho.

54 Assim fizeram os filhos de Israel; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés, assim o fizeram.

Capítulo 2

Estabelecem-se a ordem e os líderes das tribos e dos exércitos de Israel em suas tendas.

1

E falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

2 Os filhos de Israel assentarão as suas tendas, cada um debaixo da sua bandeira, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, de frente para a tenda da congregação, assentarão as suas tendas.

3 Os que assentarem as suas tendas do lado do oriente, para o nascente, serão os da bandeira do exército de Judá, segundo os seus esquadrões, e Naassom, filho de Aminadabe, será príncipe dos filhos de Judá.

4 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram setenta e quatro mil e seiscentos.

5 E junto a ele assentará as suas tendas a tribo de Issacar; e Natanael, filho de Zuar, será príncipe dos filhos de Issacar.

6 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram cinquenta e quatro mil e quatrocentos.

7 Depois a tribo de Zebulom; e Eliabe, filho de Helom, será príncipe dos filhos de Zebulom.

8 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram cinquenta e sete mil e quatrocentos.

9 Todos os que foram contados do exército de Judá, cento e oitenta e seis mil e quatrocentos, segundo os seus esquadrões, estes marcharão primeiro.

10

A bandeira do exército de Rúben, segundo os seus esquadrões, estará para o lado do sul; e Elizur, filho de Sedeur, será príncipe dos filhos de Rúben.

11 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram quarenta e seis mil e quinhentos.

12 E junto a ele assentará as suas tendas a tribo de Simeão; e Selumiel, filho de Zurisadai, será príncipe dos filhos de Simeão.

13 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram cinquenta e nove mil e trezentos.

14 Depois a tribo de Gade; e Eliasafe, filho de Reuel, será príncipe dos filhos de Gade.

15 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram quarenta e cinco mil e seiscentos e cinquenta.

16 Todos os que foram contados no exército de Rúben foram cento e cinquenta e um mil e quatrocentos e cinquenta, segundo os seus esquadrões; e estes marcharão em segundo lugar.

17 Então partirá a tenda da congregação com o exército dos levitas no meio dos exércitos; como assentaram as suas tendas, assim marcharão, cada um no seu lugar, segundo as suas bandeiras.

18 A bandeira do exército de Efraim, segundo os seus esquadrões, estará para o lado do ocidente; e Elisama, filho de Amiúde, será príncipe dos filhos de Efraim.

19 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram quarenta mil e quinhentos.

20

E junto a ele estará a tribo de Manassés; e Gamaliel, filho de Pedazur, será príncipe dos filhos de Manassés.

21 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram trinta e dois mil e duzentos.

22 Depois a tribo de Benjamim; e Abidã, filho de Gideoni, será príncipe dos filhos de Benjamim.

23 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram trinta e cinco mil e quatrocentos.

24 Todos os que foram contados no exército de Efraim foram cento e oito mil e cem, segundo os seus esquadrões; e estes marcharão em terceiro lugar.

25 A bandeira do exército de Dã estará para o norte, segundo os seus esquadrões; e Aieser, filho de Amisadai, será príncipe dos filhos de Dã.

26 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram sessenta e dois mil e setecentos.

27 E junto a ele assentará as suas tendas a tribo de Aser; e Pagiel, filho de Ocrã, será príncipe dos filhos de Aser.

28 E o seu exército, e os que foram contados deles, foram quarenta e um mil e quinhentos.

29 Depois a tribo de Naftali; e Aira, filho de Enã, será príncipe dos filhos de Naftali.

30

E o seu exército, e os que foram contados deles, foram cinquenta e três mil e quatrocentos.

31 Todos os que foram contados no exército de Dã foram cento e cinquenta e sete mil e seiscentos; estes marcharão no último lugar, segundo as suas bandeiras.

32 Esses são os que foram contados dos filhos de Israel, segundo a casa de seus pais; todos os que foram contados dos exércitos pelos seus esquadrões foram seiscentos e três mil e quinhentos e cinquenta.

33 Mas os levitas não foram contados entre os filhos de Israel, como o Senhor ordenara a Moisés.

34 E os filhos de Israel fizeram conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés; assim assentaram o acampamento segundo as suas bandeiras, e assim marcharam, cada qual segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais.

Capítulo 3

Aarão e seus filhos ministram no ofício de sacerdote — Os levitas são escolhidos para realizar o serviço do tabernáculo — Eles são do Senhor, em lugar dos primogênitos de todas as famílias de Israel — Seu número, encargo e serviço são determinados.

1

E estas são as gerações de Aarão e de Moisés, no dia em que o Senhor falou com Moisés no monte Sinai.

2 E estes são os nomes dos filhos de Aarão: o primogênito Nadabe; depois Abiú, Eleazar e Itamar.

3 Esses são os nomes dos filhos de Aarão, dos sacerdotes ungidos, que foram consagrados para servirem como sacerdotes.

4 Mas Nadabe e Abiú morreram perante o Senhor, quando ofereceram fogo estranho perante o Senhor no deserto de Sinai, e não tiveram filhos; porém Eleazar e Itamar serviram como sacerdotes diante de Aarão, seu pai.

5 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

6 Faze chegar a tribo de Levi, e põe-na diante de Aarão, o sacerdote, para que o sirvam,

7 E tenham o encargo de seu serviço, e do serviço de toda a congregação, diante da tenda da congregação, para administrar o ministério do tabernáculo.

8 E tenham cuidado de todos os utensílios da tenda da congregação, e dos deveres dos filhos de Israel, para realizar o serviço do tabernáculo.

9 Darás, pois, os levitas a Aarão e a seus filhos; dentre os filhos de Israel lhes são dados como dádiva.

10

Mas a Aarão e a seus filhos ordenarás que exerçam o seu sacerdócio, e o estranho que se aproximar morrerá.

11 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

12 E eu, eis que tomei os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo primogênito que abre a madre entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus.

13 Porque todo primogênito meu é; desde o dia em que matei todo primogênito na terra do Egito, santifiquei para mim todo primogênito em Israel, desde o homem até o animal: meus serão; eu sou o Senhor.

14 E falou o Senhor a Moisés no deserto de Sinai, dizendo:

15 Conta os filhos de Levi, segundo a casa de seus pais, pelas suas famílias; contarás todos os homens da idade de um ano e acima.

16 E Moisés os contou conforme o mandado do Senhor, como lhe foi ordenado.

17 Estes, pois, foram os filhos de Levi pelos seus nomes: Gérson, e Coate, e Merari.

18 E estes são os nomes dos filhos de Gérson pelas suas famílias: Libni, e Simei.

19 E os filhos de Coate pelas suas famílias: Amrão, e Jizar, Hebrom, e Uziel.

20

E os filhos de Merari pelas suas gerações: Maeli e Musi; essas são as gerações dos levitas, segundo a casa de seus pais.

21 De Gérson é a família dos libnitas e a família dos simeítas; essas são as famílias dos gersonitas.

22 Os que deles foram contados pelo número de todos os homens da idade de um mês e acima, os que deles foram contados foram sete mil e quinhentos.

23 As famílias dos gersonitas assentarão as suas tendas atrás do tabernáculo, ao ocidente.

24 E o príncipe da casa paterna dos gersonitas será Eliasafe, filho de Lael.

25 E o encargo dos filhos de Gérson na tenda da congregação será o tabernáculo, e a tenda, a sua coberta, e o véu da porta da tenda da congregação,

26 E as cortinas do pátio, e o pavilhão da porta do pátio, que estão junto ao tabernáculo e junto ao altar, em redor; como também as suas cordas para todo o seu serviço.

27 E de Coate é a família dos amramitas, e a família dos jizaritas, e a família dos hebronitas, e a família dos uzielitas; essas são as famílias dos coatitas.

28 Pelo número contado de todos os homens da idade de um mês e acima, foram oito mil e seiscentos, que tinham o encargo do serviço do santuário.

29 As famílias dos filhos de Coate assentarão as suas tendas ao lado do tabernáculo, do lado do sul.

30

E o príncipe da casa paterna das famílias dos coatitas será Elisafã, filho de Uziel.

31 E o seu encargo será a arca, e a mesa, e o candelabro, e os altares, e os utensílios do santuário com que ministram, e o véu com todo o seu serviço.

32 E o príncipe dos príncipes de Levi será Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote; terá a superintendência sobre os que têm o encargo do serviço do santuário.

33 De Merari é a família dos malitas e a família dos musitas; essas são as famílias de Merari.

34 E os que deles foram contados pelo número de todos os homens de um mês e acima foram seis mil e duzentos.

35 E o príncipe da casa paterna das famílias de Merari será Zuriel, filho de Abiail; assentarão as suas tendas ao lado do tabernáculo, do lado do norte.

36 E o encargo dos filhos de Merari serão as tábuas do tabernáculo, e as suas varas, e as suas colunas, e as suas bases, e todos os seus utensílios, com todo o seu serviço,

37 E as colunas do pátio em redor, e as suas bases, e as suas estacas, e as suas cordas.

38 E os que assentarão as suas tendas diante do tabernáculo, ao oriente, diante da tenda da congregação, para o lado do nascente, serão Moisés e Aarão, com seus filhos, tendo o encargo do serviço do santuário, em nome dos filhos de Israel; e o estranho que se aproximar morrerá.

39 Todos os que foram contados dos levitas, que contaram Moisés e Aarão, por mandado do Senhor, segundo as suas famílias, todos os homens de um mês e acima, foram vinte e dois mil.

40

E disse o Senhor a Moisés: Conta todo primogênito homem dos filhos de Israel, da idade de um mês e acima, e toma a soma dos seus nomes.

41 E para mim tomarás os levitas (eu sou o Senhor), em lugar de todo primogênito dos filhos de Israel, e os animais dos levitas, em lugar de todo primogênito entre os animais dos filhos de Israel.

42 E contou Moisés, como o Senhor lhe ordenara, todo primogênito entre os filhos de Israel.

43 E todos os primogênitos homens, pelo número dos nomes dos da idade de um mês e acima, segundo os que foram contados deles, foram vinte e dois mil e duzentos e setenta e três.

44 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

45 Toma os levitas em lugar de todo primogênito entre os filhos de Israel, e os animais dos levitas em lugar dos seus animais; porquanto os levitas serão meus; eu sou o Senhor.

46 Quanto aos duzentos e setenta e três dos primogênitos dos filhos de Israel, que se houverem de resgatar, que excedem aos levitas,

47 Tomarás cinco siclos por cabeça; conforme o siclo do santuário os tomarás, a vinte geras o siclo.

48 E a Aarão e a seus filhos darás o dinheiro dos resgatados, dos que sobejam entre eles.

49 Então Moisés tomou o dinheiro do resgate dos que excederam aos resgatados pelos levitas.

50

Dos primogênitos dos filhos de Israel tomou o dinheiro, mil e trezentos e sessenta e cinco siclos, segundo o siclo do santuário.

51 E Moisés deu o dinheiro dos resgatados a Aarão e a seus filhos, segundo o mandado do Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

Capítulo 4

Quando os acampamentos de Israel se mudam, Aarão e seus filhos cobrem os objetos sagrados no tabernáculo — Os levitas das famílias de Coate, Gérson e Merari levam a carga do tabernáculo.

1

E falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

2 Toma a soma dos filhos de Coate, dentre os filhos de Levi, pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais;

3 Da idade de trinta anos e acima até cinquenta anos será todo aquele que entrar neste exército, para fazer o trabalho na tenda da congregação.

4 Este será o serviço dos filhos de Coate na tenda da congregação, nas coisas santíssimas.

5 Quando partir o acampamento, Aarão e seus filhos virão, e tirarão o véu da coberta, e com ele cobrirão a arca do testemunho;

6 E pôr-lhe-ão por cima uma coberta de peles de texugos, e sobre ela estenderão um pano, todo azul, e lhe colocarão as varas.

7 Também sobre a mesa da proposição estenderão um pano azul; e sobre ela porão os pratos, as suas colheres, e as taças e os jarros para libação; também o pão contínuo estará sobre ela.

8 Depois estenderão em cima deles um pano carmesim, e com a coberta de peles de texugos o cobrirão, e lhe porão as suas varas.

9 Então tomarão um pano azul, e cobrirão o candelabro da luminária, e as suas lâmpadas, e as suas pinças, e os seus apagadores, e todos os seus vasos de azeite, com que o servem.

10

E o colocarão, ele e todos os seus utensílios, na coberta de peles de texugos; e o porão sobre a vara.

11 E sobre o altar de ouro estenderão um pano azul, e com a coberta de peles de texugos o cobrirão, e lhe porão as suas varas.

12 Também tomarão todos os utensílios do ministério, com que servem no santuário; e os porão num pano azul, e os cobrirão com uma coberta de peles de texugos, e os porão sobre a vara.

13 E tirarão as cinzas do altar, e por cima dele estenderão um pano púrpura.

14 E sobre ele colocarão todos os seus utensílios com que o servem: os seus braseiros, os garfos, e as pás, e as bacias, e todos os utensílios do altar; e por cima dele estenderão uma coberta de peles de texugos, e lhe porão as suas varas.

15 Havendo, pois, Aarão e seus filhos, ao partir do acampamento, acabado de cobrir o santuário, e todos os utensílios do santuário, então os filhos de Coate virão para levá-lo; mas não tocarão nas coisas sagradas, para que não morram; esse é o cargo dos filhos de Coate na tenda da congregação.

16 Porém o cargo de Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, será o azeite da luminária, e o incenso aromático, e a contínua oferta de manjares, e o azeite da unção, o cargo de todo o tabernáculo, e de tudo que nele há, no santuário e nos seus utensílios.

17 E falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

18 Não deixareis a tribo das famílias dos coatitas ser extirpada do meio dos levitas.

19 Mas isto lhes fareis, para que vivam e não morram, quando se chegarem às coisas santíssimas: Aarão e seus filhos virão, e colocarão cada um no seu ministério e no seu cargo.

20

Porém não entrarão para ver, quando cobrirem as coisas sagradas, para que não morram.

21 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

22 Toma também a soma dos filhos de Gérson, segundo a casa de seus pais, segundo as suas famílias;

23 Da idade de trinta anos e acima, até os cinquenta, contarás todo aquele que entrar para servir no seu serviço, para fazer o trabalho na tenda da congregação.

24 Este será o serviço das famílias dos gersonitas, no serviço e no cargo.

25 Levarão, pois, as cortinas do tabernáculo, e a tenda da congregação, e a sua coberta, e a coberta de peles de texugos que está em cima, sobre ele, e o véu da porta da tenda da congregação,

26 E as cortinas do pátio, e o véu da porta do pátio, que está junto ao tabernáculo, e junto ao altar em redor, e as suas cordas, e todos os utensílios do seu serviço, com tudo o que se fizer para eles, para que sirvam.

27 Todo o serviço dos filhos dos gersonitas, em todos os seus cargos, e em todo o seu serviço, será segundo o mandado de Aarão e de seus filhos; e lhes designareis como responsabilidade todos os seus cargos.

28 Esse é o serviço das famílias dos filhos dos gersonitas na tenda da congregação; e o seu encargo estará debaixo da mão de Itamar, filho de Aarão, o sacerdote.

29 Quanto aos filhos de Merari, segundo as suas famílias e segundo a casa de seus pais os contarás;

30

Da idade de trinta anos e acima, até os cinquenta, contarás todo aquele que entrar neste serviço, para fazer o trabalho da tenda da congregação.

31 Esta, pois, será a responsabilidade do seu cargo, segundo todo o seu serviço na tenda da congregação: as tábuas do tabernáculo, e as suas varas, e as suas colunas, e as suas bases;

32 Como também as colunas do pátio em redor, e as suas bases, e as suas estacas, e as suas cordas, com todos os seus utensílios, e com todo o seu serviço; e contareis os utensílios da guarda do seu cargo, nome por nome.

33 Esse é o serviço das famílias dos filhos de Merari, segundo todo o seu ministério, na tenda da congregação, debaixo da mão de Itamar, filho de Aarão, o sacerdote.

34 Moisés, pois, e Aarão e os príncipes da congregação contaram os filhos dos coatitas, segundo as suas famílias e segundo a casa de seus pais;

35 Da idade de trinta anos e acima, até os cinquenta, todo aquele que entrou neste serviço, para o trabalho na tenda da congregação,

36 Os que deles foram contados, pois, segundo as suas famílias, foram dois mil e setecentos e cinquenta,

37 Esses são os que foram contados das famílias dos coatitas, de todo aquele que servia na tenda da congregação, os quais contaram Moisés e Aarão, conforme o mandado do Senhor pela mão de Moisés.

38 Semelhantemente os que foram contados dos filhos de Gérson, segundo as suas famílias, e segundo a casa de seus pais,

39 Da idade de trinta anos e acima, até os cinquenta, todo aquele que entrou neste serviço, para o trabalho na tenda da congregação,

40

Os que deles foram contados, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, foram dois mil e seiscentos e trinta.

41 Esses são os contados das famílias dos filhos de Gérson, de todo aquele que servia na tenda da congregação; os quais contaram Moisés e Aarão, conforme o mandado do Senhor.

42 E os que foram contados das famílias dos filhos de Merari, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais,

43 Da idade de trinta anos e acima, até os cinquenta, todo aquele que entrou neste serviço, para o trabalho na tenda da congregação,

44 Foram, pois, os que foram deles contados, segundo as suas famílias, três mil e duzentos.

45 Esses são os contados das famílias dos filhos de Merari, os quais contaram Moisés e Aarão, conforme o mandado do Senhor pela mão de Moisés.

46 Todos os que deles foram contados, que contaram Moisés e Aarão, e os príncipes de Israel, dos levitas, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais,

47 Da idade de trinta anos e acima, até os cinquenta, todo aquele que entrava para executar o serviço do ministério, e o serviço do cargo na tenda da congregação.

48 Os que deles foram contados foram oito mil quinhentos e oitenta.

49 Conforme o mandado do Senhor pela mão de Moisés foram contados, cada qual segundo o seu serviço, e segundo o seu cargo; e foram, os que deles foram contados, aqueles que o Senhor ordenara a Moisés.

Capítulo 5

Os leprosos são postos para fora do acampamento — Os pecadores precisam confessar suas faltas e fazer restituição para receber o perdão — As mulheres suspeitas de conduta imoral são submetidas à prova de ciúmes diante dos sacerdotes.

1

E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Ordena aos filhos de Israel que lancem para fora do acampamento todo leproso, e todo o que padece de fluxo, e todos os imundos por causa de contato com algum morto.

3 Tanto o homem quanto a mulher os expulsareis; para fora do acampamento os lançareis, para que não contaminem os seus acampamentos, no meio dos quais eu habito.

4 E os filhos de Israel fizeram assim, e os lançaram para fora do acampamento; como o Senhor falara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel.

5 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

6 Dize aos filhos de Israel: Quando homem ou mulher cometer algum dos pecados humanos, transgredindo contra o Senhor, tal alma culpada é.

7 E confessarão o seu pecado que cometeram; então restituirá a sua culpa, segundo a soma total, e lhe acrescentará o seu quinto, e o dará àquele contra quem se fez culpado.

8 Mas se aquele homem não tiver resgatador, a quem se restitua a culpa, então a culpa que se restituir ao Senhor será do sacerdote, além do carneiro da expiação com que por ele fará expiação.

9 Semelhantemente toda oferta de todas as coisas sagradas dos filhos de Israel, que trouxerem ao sacerdote, será dele.

10

E as coisas sagradas de cada um serão dele; o que alguém der ao sacerdote será dele.

11 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

12 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando a mulher de alguém se desviar, e transgredir contra ele,

13 De maneira que algum homem se houver deitado com ela, e for oculto aos olhos de seu marido, e ela o tiver ocultado, havendo-se ela contaminado, e contra ela não houver testemunha, e no ato não for apanhada,

14 E o espírito de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado, ou sobre ele vier o espírito de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, não se havendo ela contaminado,

15 Então aquele homem trará a sua mulher perante o sacerdote, e juntamente trará a sua oferta por ela: uma décima de efa de farinha de cevada, sobre a qual não deitará azeite, nem sobre ela porá incenso, porquanto é oferta de ciúmes, oferta memorativa, que traz a iniquidade à memória.

16 E o sacerdote a fará chegar, e a porá perante a face do Senhor.

17 E o sacerdote tomará água santa num vaso de barro; também tomará o sacerdote do pó que houver no chão do tabernáculo, e o deitará na água.

18 Então o sacerdote apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá a cabeça da mulher; e a oferta memorativa, que é a oferta de ciúmes, porá sobre as suas mãos, e a água amarga, que traz consigo a maldição, estará na mão do sacerdote.

19 E o sacerdote a fará jurar, e dirá àquela mulher: Se ninguém contigo se deitou, e se não te apartaste de teu marido pela imundície, destas águas amargas, amaldiçoantes, serás livre.

20

Mas se te apartaste de teu marido, e te contaminaste, e algum homem, além de teu marido, se deitou contigo,

21 Então o sacerdote fará jurar a mulher com o juramento da maldição; e o sacerdote dirá à mulher: O Senhor te ponha como maldição e como praga no meio do teu povo, fazendo-te o Senhor descair a coxa e inchar o ventre.

22 E esta água amaldiçoante entre nas tuas entranhas, para te fazer inchar o ventre, e te fazer descair a coxa. Então a mulher dirá: Amém, amém.

23 Depois o sacerdote escreverá essas mesmas maldições num livro, e com a água amarga as apagará.

24 E fará a mulher beber a água amarga, amaldiçoante, e a água amaldiçoante entrará nela para amargar.

25 E o sacerdote tomará a oferta de ciúmes da mão da mulher e moverá a oferta de manjares perante o Senhor; e a oferecerá sobre o altar.

26 Também o sacerdote tomará um punhado da oferta de manjares, da oferta memorativa, e sobre o altar a queimará; e depois fará a mulher beber a água.

27 E havendo-lhe dado para beber aquela água, acontecerá que, se ela se tiver contaminado, e contra seu marido tiver transgredido, a água amaldiçoante entrará nela para amargar, e o seu ventre se inchará, e a sua coxa descairá; e aquela mulher será uma maldição no meio do seu povo.

28 E se a mulher não se tiver contaminado, mas estiver limpa, então será livre, e conceberá semente.

29 Essa é a lei dos ciúmes, quando a mulher, em poder de seu marido, se desviar e for contaminada;

30

Ou quando sobre o homem vier o espírito de ciúmes, e tiver ciúmes de sua mulher, apresente a mulher perante o Senhor, e o sacerdote nela execute toda essa lei.

31 E o homem será livre da iniquidade, porém a mulher levará a sua iniquidade.

Capítulo 6

Explica-se a lei do nazireado, pela qual os filhos de Israel podem consagrar-se ao Senhor por meio de um voto — Eles não bebem vinho nem bebida forte, e se vierem a contaminar-se devem rapar a cabeça — O Senhor revela a bênção que Aarão e seus filhos devem usar para abençoar Israel.

1

E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se tiver separado, fazendo voto de nazireu, para se separar ao Senhor,

3 De vinho e de bebida forte se apartará; não beberá vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.

4 Todos os dias do seu nazireado não comerá coisa alguma que se faz da vinha, desde os caroços até as cascas.

5 Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias em que se separou ao Senhor, santo será, deixando crescer livremente os cabelos da sua cabeça.

6 Todos os dias em que se separar ao Senhor não se chegará ao corpo de um morto.

7 Por seu pai, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por sua irmã, por eles não se contaminará, quando morrerem; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça.

8 Todos os dias do seu nazireado santo será ao Senhor.

9 E se alguém vier a morrer junto a ele por acaso, subitamente, e contaminar a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação rapará a sua cabeça, ao sétimo dia a rapará.

10

E ao oitavo dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote, à porta da tenda da congregação;

11 E o sacerdote oferecerá um como oferta pelo pecado, e o outro em holocausto; e fará expiação por ele que pecou por causa do corpo morto; assim, naquele mesmo dia santificará a sua cabeça.

12 Então separará os dias do seu nazireado ao Senhor, e como oferta pela culpa trará um cordeiro de um ano; e os dias antecedentes serão perdidos, porquanto o seu nazireado foi contaminado.

13 E esta é a lei do nazireu: no dia em que se cumprirem os dias do seu nazireado, trá-lo-ão à porta da tenda da congregação,

14 E ele oferecerá a sua oferta ao Senhor: um cordeiro sem defeito de um ano em holocausto, e uma cordeira sem defeito de um ano como oferta pelo pecado, e um carneiro sem defeito como oferta pacífica;

15 E um cesto de bolos ázimos, bolos de flor de farinha com azeite, amassados, e coscorões ázimos untados com azeite, como também a sua oferta de manjares, e as suas libações.

16 E o sacerdote os trará perante o Senhor, e sacrificará a sua oferta pelo pecado, e o seu holocausto;

17 Também sacrificará o carneiro como sacrifício pacífico ao Senhor, com o cesto dos bolos ázimos; e o sacerdote oferecerá a sua oferta de manjares, e a sua libação.

18 Então o nazireu à porta da tenda da congregação rapará a cabeça do seu nazireado, e tomará o cabelo da cabeça do seu nazireado, e o porá sobre o fogo que está debaixo do sacrifício pacífico.

19 Depois, o sacerdote tomará a espádua cozida do carneiro, e um bolo ázimo do cesto, e um coscorão ázimo, e os porá nas mãos do nazireu, depois de haver rapado a cabeça do seu nazireado.

20

E o sacerdote os moverá em oferta de movimento perante o Senhor; isso é santo para o sacerdote, juntamente com o peito da oferta de movimento, e com a espádua da oferta alçada; e depois o nazireu poderá beber vinho.

21 Esta é a lei do nazireu que fizer voto, a sua oferta ao Senhor pelo seu nazireado, além do que puder dar a sua mão; segundo o seu voto que fizer, assim fará conforme a lei do seu nazireado.

22 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

23 Fala a Aarão, e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo-lhes:

24 O Senhor te abençoe e te guarde;

25 O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;

26 O Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz.

27 Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei.

Capítulo 7

Os príncipes de Israel fazem ofertas para o tabernáculo em sua dedicação — O Senhor fala com Moisés de cima do propiciatório, que está sobre a arca, entre os dois querubins.

1

E aconteceu, no dia em que Moisés acabou de levantar o tabernáculo, e o ungiu, e o santificou, e todos os seus utensílios, também o altar, e todos os seus utensílios, e os ungiu, e os santificou,

2 Que os príncipes de Israel, os cabeças da casa de seus pais, os que foram príncipes das tribos, que estavam sobre os que foram contados, ofereceram,

3 E levaram a sua oferta perante o Senhor, seis carros cobertos, e doze bois; para cada dois príncipes um carro, e para cada um, um boi; e os levaram diante do tabernáculo.

4 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

5 Recebe-os deles, e serão para realizar o serviço da tenda da congregação, e os darás aos levitas, a cada qual segundo o seu serviço.

6 Assim, Moisés recebeu os carros e os bois, e os deu aos levitas.

7 Dois carros e quatro bois deu aos filhos de Gérson, segundo o seu serviço;

8 E quatro carros e oito bois deu aos filhos de Merari, segundo o seu serviço, debaixo da mão de Itamar, filho de Aarão, o sacerdote.

9 Mas aos filhos de Coate nada deu, porquanto a seu cargo estava o serviço do santuário e o levavam aos ombros.

10

E os príncipes ofereceram para a consagração do altar, no dia em que foi ungido, ofereceram, pois, os príncipes a sua oferta perante o altar.

11 E disse o Senhor a Moisés: Cada príncipe oferecerá a sua oferta (cada qual em seu dia) para a consagração do altar.

12 E aquele que no primeiro dia ofereceu a sua oferta foi Naassom, filho de Aminadabe, pela tribo de Judá.

13 E a sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

14 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

15 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

16 Um bode, para oferta pelo pecado;

17 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Naassom, filho de Aminadabe.

18 No segundo dia, fez a sua oferta Natanael, filho de Zuar, príncipe de Issacar.

19 E como sua oferta ofereceu um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para a oferta de manjares;

20

Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

21 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

22 Um bode para oferta pelo pecado;

23 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Natanael, filho de Zuar.

24 No terceiro dia, o príncipe dos filhos de Zebulom, Eliabe, filho de Helom, ofertou.

25 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de manjares;

26 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

27 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

28 Um bode para oferta pelo pecado;

29 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Eliabe, filho de Helom.

30

No quarto dia, o príncipe dos filhos de Rúben, Elizur, filho de Sedeur, ofertou.

31 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

32 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

33 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

34 Um bode para oferta pelo pecado;

35 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Elizur, filho de Sedeur.

36 No quinto dia, o príncipe dos filhos de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai, ofertou.

37 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de manjares;

38 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

39 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

40

Um bode para oferta pelo pecado.

41 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Selumiel, filho de Zurisadai.

42 No sexto dia, o príncipe dos filhos de Gade, Eliasafe, filho de Deuel, ofertou.

43 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

44 Um taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

45 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

46 Um bode para oferta pelo pecado;

47 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Eliasafe, filho de Deuel.

48 No sétimo dia, o príncipe dos filhos de Efraim, Elisama, filho de Amiúde, ofertou.

49 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

50

Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

51 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

52 Um bode para oferta pelo pecado;

53 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Elisama, filho de Amiúde.

54 No oitavo dia, o príncipe dos filhos de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur, ofertou.

55 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada, com azeite para oferta de manjares;

56 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

57 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

58 Um bode para oferta pelo pecado;

59 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Gamaliel, filho de Pedazur.

60

No dia nono, o príncipe dos filhos de Benjamim, Abidã, filho de Gideoni, ofertou.

61 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

62 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

63 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

64 Um bode para oferta pelo pecado;

65 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Abidã, filho de Gideoni.

66 No décimo dia, o príncipe dos filhos de Dã, Aieser, filho de Amisadai, ofertou.

67 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

68 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

69 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;

70

Um bode para oferta pelo pecado;

71 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Aieser, filho de Amisadai.

72 No dia undécimo, o príncipe dos filhos de Aser, Pagiel, filho de Ocrã, ofertou.

73 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

74 Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

75 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano para holocausto;

76 Um bode para oferta pelo pecado;

77 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Pagiel, filho de Ocrã.

78 No duodécimo dia, o príncipe dos filhos de Naftali, Aira, filho de Enã, ofertou.

79 A sua oferta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta de manjares;

80

Uma taça de ouro de dez siclos, cheia de incenso;

81 Um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano para holocausto;

82 Um bode para oferta pelo pecado;

83 E para sacrifício pacífico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano; essa foi a oferta de Aira, filho de Enã.

84 Esta é a consagração do altar, feita pelos príncipes de Israel, no dia em que foi ungido: doze pratos de prata, doze bacias de prata, doze taças de ouro.

85 Cada prato de prata, de cento e trinta siclos, e cada bacia, de setenta; toda a prata dos utensílios foi dois mil e quatrocentos siclos, segundo o siclo do santuário;

86 Doze taças de ouro cheias de incenso, cada taça de dez siclos, segundo o siclo do santuário; todo o ouro das taças foi de cento e vinte siclos;

87 Todos os animais para holocausto foram doze novilhos, doze carneiros, doze cordeiros de um ano, com a sua oferta de manjares, e doze bodes para oferta pelo pecado.

88 E todos os animais para sacrifício pacífico foram vinte e quatro novilhos; os carneiros, sessenta; os bodes, sessenta; os cordeiros de um ano, sessenta; essa foi a consagração do altar, depois que foi ungido.

89 E quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com ele, então ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que estava sobre a arca do testemunho, entre os dois querubins; assim com ele falava.

Capítulo 8

Os levitas são lavados, consagrados e designados por imposição de mãos — Eles são do Senhor, em lugar dos primogênitos de todas as famílias — Eles são dados a Aarão e seus filhos para fazerem o serviço do tabernáculo.

1

E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala a Aarão, e dize-lhe: Quando acenderes as lâmpadas, defronte do candelabro alumiarão as sete lâmpadas.

3 E Aarão fez assim: defronte da face do candelabro acendeu as suas lâmpadas, como o Senhor ordenara a Moisés.

4 E o candelabro era trabalho de ouro batido; desde o seu pé até às suas flores era batido; conforme o modelo que o Senhor mostrara a Moisés, assim ele fez o candelabro.

5 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

6 Toma os levitas do meio dos filhos de Israel, e purifica-os;

7 E assim lhes farás, para os purificar: esparge sobre eles a água da purificação; e sobre toda a sua carne farão passar a navalha, e lavarão as suas vestes, e se purificarão.

8 Então tomarão um novilho, com a sua oferta de manjares de flor de farinha amassada com azeite; e tomarás outro novilho, para oferta pelo pecado.

9 E farás chegar os levitas perante a tenda da congregação; e farás ajuntar toda a congregação dos filhos de Israel.

10

Farás, pois, chegar os levitas perante o Senhor; e os filhos de Israel porão as suas mãos sobre os levitas.

11 E Aarão oferecerá os levitas como oferta movida perante o Senhor pelos filhos de Israel; e serão para realizarem o serviço do Senhor.

12 E os levitas porão as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos; então sacrifica tu um como oferta pelo pecado, e o outro em holocausto ao Senhor, para fazer expiação pelos levitas.

13 E porás os levitas perante Aarão, e perante os seus filhos, e os oferecerás como oferta movida ao Senhor.

14 E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus.

15 E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da congregação, e tu os purificarás, e como oferta movida os oferecerás.

16 Porquanto eles, do meio dos filhos de Israel, me são dados; em lugar de todo aquele que abre a madre, do primogênito de cada qual dos filhos de Israel, para mim os tomei.

17 Porque meu é todo primogênito entre os filhos de Israel, entre os homens e entre os animais; no dia em que, na terra do Egito, matei todo primogênito, os santifiquei para mim.

18 E tomei os levitas em lugar de todo primogênito entre os filhos de Israel.

19 E os levitas, dados a Aarão e a seus filhos, dentre os filhos de Israel, dei para realizarem o serviço dos filhos de Israel na tenda da congregação, e para fazerem expiação pelos filhos de Israel, para que não haja praga entre os filhos de Israel, quando se chegarem os filhos de Israel ao santuário.

20

E assim fizeram Moisés, e Aarão, e toda a congregação dos filhos de Israel, com os levitas; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés acerca dos levitas, assim os filhos de Israel lhes fizeram.

21 E os levitas se purificaram, e lavaram as suas vestes, e Aarão os ofereceu como oferta movida perante o Senhor, e Aarão fez expiação por eles, para purificá-los.

22 E depois vieram os levitas, para realizarem o seu serviço na tenda da congregação, perante Aarão e perante os seus filhos; como o Senhor ordenara a Moisés acerca dos levitas, assim lhes fizeram.

23 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

24 Este é o ofício dos levitas: da idade de vinte e cinco anos e acima entrarão para fazerem o serviço no ministério da tenda da congregação;

25 Mas a partir da idade de cinquenta anos sairão do serviço desse ministério, e nunca mais servirão;

26 Porém com os seus irmãos servirão na tenda da congregação, para cumprirem os deveres; porém o serviço não realizarão; assim farás com os levitas quanto aos seus deveres.

Capítulo 9

Ordena-se novamente que Israel comemore a Páscoa — Uma nuvem cobre o tabernáculo de dia e de noite, e há também um fogo de noite — Quando a nuvem se detém, Israel acampa; quando a nuvem se alça, eles partem.

1

E falou o Senhor a Moisés no deserto de Sinai, no ano segundo da sua saída da terra do Egito, no mês primeiro, dizendo:

2 Que os filhos de Israel celebrem a páscoa a seu tempo determinado.

3 No dia quatorze deste mês, pela tarde, a seu tempo determinado a celebrareis; segundo todos os seus estatutos, e segundo todos os seus ritos, a celebrareis.

4 Disse, pois, Moisés aos filhos de Israel que celebrassem a páscoa.

5 Então celebraram a páscoa no dia quatorze do mês primeiro, pela tarde, no deserto de Sinai; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel.

6 E houve alguns que estavam imundos por causa do corpo de um homem morto; e no mesmo dia não podiam celebrar a páscoa; pelo que vieram perante Moisés e perante Aarão naquele mesmo dia.

7 E aqueles homens disseram-lhes: Imundos estamos nós por causa do corpo de um homem morto; por que seríamos privados de oferecer a oferta do Senhor a seu tempo determinado no meio dos filhos de Israel?

8 E disse-lhes Moisés: Esperai, e ouvirei o que o Senhor vos ordenará.

9 Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

10

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando alguém entre vós, ou entre a vossa posteridade, estiver imundo por causa de um corpo morto, ou se achar em jornada longe de vós, ainda assim celebrará a páscoa ao Senhor.

11 No mês segundo, no dia quatorze, de tarde, a celebrarão; com pães ázimos e ervas amargas a comerão.

12 Dela nada deixarão até a manhã, e dela não quebrarão osso algum; segundo todo o estatuto da páscoa a celebrarão.

13 Porém quando um homem for limpo, e não estiver em viagem, e deixar de celebrar a páscoa, tal alma será extirpada do seu povo; porquanto não ofereceu a oferta do Senhor a seu tempo determinado; tal homem levará o seu pecado.

14 E quando um estrangeiro peregrinar entre vós, e também celebrar a páscoa ao Senhor, segundo o estatuto da páscoa e segundo o seu rito assim a celebrará; um mesmo estatuto haverá para vós, tanto para o estrangeiro como para o natural da terra.

15 E no dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do testemunho; e à tarde estava sobre o tabernáculo como uma aparência de fogo, até a manhã.

16 Assim acontecia continuamente: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo.

17 Mas sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel assentavam o seu acampamento.

18 Segundo a ordem do Senhor, os filhos de Israel partiam, e segundo a ordem do Senhor assentavam o acampamento; todos os dias em que a nuvem parava sobre o tabernáculo assentavam o acampamento.

19 E quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernáculo, então os filhos de Israel guardavam o mandado do Senhor, e não partiam.

20

E quando a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo, segundo a ordem do Senhor acampavam, e segundo a ordem do Senhor partiam.

21 Porém acontecia que, quando a nuvem desde a tarde até a manhã ficava ali, e a nuvem se alçava pela manhã, então partiam; quer de dia quer de noite, alçando-se a nuvem, partiam.

22 Ou quando a nuvem sobre o tabernáculo se detinha dois dias, ou um mês, ou um ano, ficando sobre ele, então os filhos de Israel acampavam, e não partiam; e alçando-se ela, partiam.

23 Segundo a ordem do Senhor acampavam, e segundo a ordem do Senhor partiam; guardavam o mandado do Senhor, segundo a ordem do Senhor pela mão de Moisés.

Capítulo 10

Usam-se trombetas de prata para convocar a congregação e para soar alarmes — A nuvem se alça de sobre o tabernáculo, e os filhos de Israel marcham na ordem prescrita — A arca do convênio segue adiante deles em suas jornadas.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Faz para ti duas trombetas de prata; de obra batida as farás; e te serão para a convocação da congregação, e para a partida dos acampamentos.

3 E quando as tocarem, então toda a congregação se congregará a ti à porta da tenda da congregação.

4 Mas quando tocarem uma só, então a ti se congregarão os príncipes, os cabeças dos milhares de Israel.

5 Quando, retinindo, as tocardes, então partirão os acampamentos que assentados estão no lado do oriente.

6 Mas quando a segunda vez, retinindo, as tocardes, então partirão os acampamentos que se assentam no lado do sul; retinindo, as tocarão para as suas partidas.

7 Porém, ajuntando a congregação, as tocareis; mas sem retinir.

8 E os filhos de Aarão, sacerdotes, tocarão as trombetas; e para vós serão por estatuto perpétuo nas vossas gerações.

9 E quando na vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo, que vos oprime, também tocareis as trombetas retinindo, e perante o Senhor vosso Deus haverá lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos.

10

Semelhantemente, no dia da vossa alegria, e nas vossas solenidades, e nos princípios dos vossos meses, também tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por memorial perante vosso Deus; eu sou o Senhor vosso Deus.

11 E aconteceu, no ano segundo, no segundo mês, aos vinte do mês, que a nuvem se alçou de sobre o tabernáculo da congregação.

12 E os filhos de Israel partiram segundo as suas partidas do deserto de Sinai; e a nuvem parou no deserto de Parã.

13 Assim, partiram pela primeira vez segundo a ordem do Senhor, pela mão de Moisés.

14 Porque primeiramente partiu a bandeira do acampamento dos filhos de Judá segundo os seus exércitos; e sobre o seu exército estava Naassom, filho de Aminadabe.

15 E sobre o exército da tribo dos filhos de Issacar, Natanael, filho de Zuar.

16 E sobre o exército da tribo dos filhos de Zebulom, Eliabe, filho de Helom.

17 Então desarmaram o tabernáculo, e os filhos de Gérson e os filhos de Merari partiram, levando o tabernáculo.

18 Depois partiu a bandeira do acampamento de Rúben segundo os seus exércitos; e sobre o seu exército estava Elizur, filho de Sedeur.

19 E sobre o exército da tribo dos filhos de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai.

20

E sobre o exército da tribo dos filhos de Gade, Eliasafe, filho de Deuel.

21 Então partiram os coatitas, levando o santuário; e os outros levantaram o tabernáculo, até que estes chegassem.

22 Depois partiu a bandeira do acampamento dos filhos de Efraim, segundo os seus exércitos; e sobre o seu exército estava Elisama, filho de Amiúde.

23 E sobre o exército da tribo dos filhos de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur.

24 E sobre o exército da tribo dos filhos de Benjamim, Abidã, filho de Gideoni.

25 Então partiu a bandeira do acampamento dos filhos de Dã, na retaguarda de todos os acampamentos, segundo os seus exércitos; e sobre o seu exército estava Aieser, filho de Amisadai.

26 E sobre o exército da tribo dos filhos de Aser, Pagiel, filho de Ocrã.

27 E sobre o exército da tribo dos filhos de Naftali, Aira, filho de Enã.

28 Essa era a ordem das partidas dos filhos de Israel, segundo os seus exércitos, quando partiam.

29 Disse então Moisés a Hobabe, filho de Reuel, o midianita, sogro de Moisés: Nós estamos a caminho daquele lugar, de que o Senhor disse: Vo-lo darei; vem conosco, e te faremos bem; porque o Senhor falou bem a respeito de Israel.

30

Porém ele lhe disse: Não irei; antes irei à minha terra e à minha parentela.

31 E ele disse: Ora, não nos deixes; porque tu sabes que nós acamparemos no deserto; nos servirás de olhos.

32 E acontecerá que, vindo tu conosco, e sucedendo o bem que o Senhor nos fizer, também nós te faremos bem.

33 Assim, partiram do monte do Senhor caminho de três dias; e a arca da aliança do Senhor seguiu adiante deles caminho de três dias, para lhes buscar lugar de descanso.

34 E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia, quando partiam do acampamento.

35 Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam.

36 E repousando ela, dizia ele: Torna, ó Senhor, para os muitos milhares de Israel.

Capítulo 11

O fogo do Senhor consome os rebeldes de Israel — Israel murmura e deseja comer carne em vez de maná — Moisés se queixa de não poder levar o fardo sozinho — Ordena-se que ele escolha setenta anciãos para ajudá-lo — O Senhor promete carne até que os israelitas se enfastiem dela — Os setenta anciãos são escolhidos e profetizam, o Senhor desce, Eldade e Medade profetizam no acampamento — Israel é suprida com codornizes — O povo cobiça, segue-se uma grande praga, e muitos morrem.

1

E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Senhor; porque o Senhor ouviu-o, e a sua ira se acendeu, e o fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu os que estavam na última parte do acampamento.

2 Então o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou.

3 Pelo que chamou aquele lugar Taberá, porquanto o fogo do Senhor se acendera entre eles.

4 E o populacho, que estava no meio deles, veio a ter ardente desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne para comer?

5 Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e do alho-poró, e das cebolas, e dos alhos.

6 Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma senão este maná diante dos nossos olhos.

7 E era o maná como semente de coentro, e a sua cor como a cor de bdélio.

8 Espalhava-se o povo, e o colhia, e em moinhos o moía, ou num gral o pisava, e em panelas o cozia, e dele fazia bolos; e o seu sabor era como o sabor de azeite fresco.

9 E quando o orvalho descia de noite sobre o acampamento, o maná descia sobre ele.

10

Então Moisés ouviu chorar o povo pelas suas famílias, cada qual à porta da sua tenda; e a ira do Senhor grandemente se acendeu, e pareceu mal aos olhos de Moisés.

11 E disse Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, que puseste sobre mim a carga de todo este povo?

12 Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva o que cria, à terra que juraste a seus pais?

13 De onde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto perante mim choram, dizendo: Dá-nos carne para comer.

14 Eu sozinho não posso levar todo este povo, porque muito pesado é para mim.

15 E se assim fazes comigo, mata-me eu te rogo, se achei graça aos teus olhos, e não me deixes ver o meu mal.

16 E disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, de quem sabes que são anciãos do povo, e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da congregação, e ali permanecerão contigo.

17 Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu sozinho não a leves.

18 E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: Quem nos dará carne para comer? Pois íamos bem no Egito; pelo que o Senhor vos dará carne, e comereis;

19 Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias;

20

Mas um mês inteiro, até vos sair pelo nariz, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?

21 E disse Moisés: Este povo, no meio do qual estou, é de seiscentos mil homens a pé; e tu disseste: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês inteiro.

22 Matar-se-ão para eles ovelhas e vacas, que lhes bastem? Ou ajuntar-se-ão para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem?

23 Porém o Senhor disse a Moisés: Teria sido pois encurtada a mão do Senhor? Agora verás se a minha palavra se te cumprirá ou não.

24 E saiu Moisés, e falou as palavras do Senhor ao povo, e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo e os pôs ao redor da tenda.

25 Então o Senhor desceu na nuvem, e lhe falou; e tirando do espírito, que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, assim que o espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais.

26 Porém no acampamento ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e o nome do outro Medade; e repousou sobre eles o espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíssem à tenda), e profetizavam no acampamento.

27 Então correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no acampamento.

28 E Josué, filho de Num, servo de Moisés, um dos seus jovens escolhidos, respondeu, e disse: Senhor meu, Moisés, proíbe-lho.

29 Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre ele!

30

Depois Moisés se recolheu ao acampamento, ele e os anciãos de Israel.

31 Então soprou um vento do Senhor, e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo acampamento quase caminho de um dia de um lado, e quase caminho de um dia do outro lado, ao redor do acampamento; e estavam quase dois côvados sobre a terra.

32 Então o povo se levantou todo aquele dia e toda aquela noite, e todo o dia seguinte, e recolheram as codornizes; o que menos tinha, recolheu dez ômeres; e as estenderam para si ao redor do acampamento.

33 Quando a carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira do Senhor contra o povo, e feriu o Senhor o povo com uma praga muito grande.

34 Pelo que o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Ataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo.

35 De Quibrote-Ataavá caminhou o povo para Hazerote, e pararam em Hazerote.

Capítulo 12

Aarão e Miriã reclamam contra Moisés, o mais manso de todos os homens — O Senhor promete falar com Moisés face a face e mostrar-lhe a semelhança do Senhor — Miriã é acometida de lepra por uma semana.

1

E falaram Miriã e Aarão contra Moisés, por causa da mulher cusita, que desposara; porquanto tinha desposado a mulher cusita.

2 E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu.

3 E era o homem Moisés muito manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.

4 E logo o Senhor disse a Moisés, e a Aarão, e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três.

5 Então o Senhor desceu na coluna da nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou Aarão e Miriã, e ambos saíram.

6 E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonho falarei com ele.

7 Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa.

8 Boca a boca falo com ele, e claramente, e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?

9 Assim, a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se.

10

E a nuvem se desviou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa, branca como a neve; e olhou Aarão para Miriã, e eis que estava leprosa.

11 Pelo que Aarão disse a Moisés: Ah, senhor meu, rogo-te que não ponhas sobre nós este pecado, no que agimos loucamente, e com o que pecamos.

12 Ora, não seja ela como um morto, que saindo do ventre de sua mãe, a metade da sua carne já está consumida.

13 Clamou, pois, Moisés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures.

14 E disse o Senhor a Moisés: Se seu pai tivesse cuspido em seu rosto, não estaria ela envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do acampamento, e depois a tragam de volta.

15 Assim, Miriã esteve fechada fora do acampamento sete dias, e o povo não partiu, até que trouxessem Miriã.

16 Porém depois o povo partiu de Hazerote; e assentaram o acampamento no deserto de Parã.

Capítulo 13

Moisés envia doze espias para investigar a terra de Canaã — Dez deles trazem um relato ruim, falando apenas da força de seus habitantes.

1

E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais enviareis um homem, sendo cada um príncipe entre eles.

3 E enviou-os Moisés do deserto de Parã, segundo a ordem do Senhor; todos aqueles homens eram cabeças dos filhos de Israel.

4 E estes são os seus nomes: Da tribo de Rúben, Samua, filho de Zacur,

5 Da tribo de Simeão, Safate, filho de Hori;

6 Da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné;

7 Da tribo de Issacar, Jigeal, filho de José;

8 Da tribo de Efraim, Oseias, filho de Num;

9 Da tribo de Benjamim, Palti, filho de Rafu;

10

Da tribo de Zebulom, Gadiel, filho de Sodi;

11 Da tribo de José, pela tribo de Manassés, Gadi, filho de Susi;

12 Da tribo de Dã, Amiel, filho de Gemali;

13 Da tribo de Aser, Setur, filho de Micael;

14 Da tribo de Naftali, Nabi, filho de Vofsi;

15 Da tribo de Gade, Geuel, filho de Maqui.

16 Esses são os nomes dos homens que Moisés enviou para espiar aquela terra; e a Oseias, filho de Num, Moisés deu o nome de Josué.

17 Enviou-os, pois, Moisés para espiar a terra de Canaã; e disse-lhes: Subi por aqui para o sul, e subi à montanha;

18 E vede a terra, e o povo que nela habita, se é forte ou fraco, se pouco ou muito.

19 E como é a terra em que habita, se boa ou má; e quais são as cidades em que habita, em acampamentos, ou em fortalezas.

20

Também como é a terra, se fértil ou estéril; se nela há árvores ou não; e sede fortes, e tomai do fruto da terra. E eram aqueles dias os dias das primícias das uvas.

21 Assim, subiram, e espiaram a terra, desde o deserto de Zim até Reobe, à entrada de Hamate.

22 E subiram pelo sul, e foram até Hebrom; e estavam ali Aimã, Sesai, e Talmai, filhos de Enaque; e Hebrom foi edificada sete anos antes de Zoã no Egito.

23 Depois foram até o vale de Escol, e dali cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, o qual trouxeram dois homens sobre uma verga; também trouxeram das romãs e dos figos.

24 Chamaram aquele lugar o vale de Escol, por causa do cacho de uvas que dali cortaram os filhos de Israel.

25 Depois retornaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias.

26 E caminharam, e foram a Moisés e a Aarão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades, e retornando, deram notícias a eles, e a toda a congregação, e mostraram-lhes o fruto da terra.

27 E contaram-lhe, e disseram: Fomos à terra a qual nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e mel, e este é o seu fruto.

28 O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades fortificadas e muito grandes; e também ali vimos os filhos de Enaque.

29 Os amalequitas habitam na terra do sul; e os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam ao pé do mar, e pela ribeira do Jordão.

30

Então Calebe fez calar o povo perante Moisés, e disse: Subamos animosamente, e possuamo-la em herança; porque certamente prevaleceremos contra ela.

31 Porém os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.

32 E difamaram a terra que tinham espiado, diante dos filhos de Israel, dizendo: A terra, pela qual passamos para espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura.

33 Também vimos ali gigantes, filhos de Enaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos.

Capítulo 14

Israel murmura e fala de voltar ao Egito — Josué e Calebe fazem um relato bom de Canaã — Moisés faz mediação entre Israel e o Senhor — Os adultos de Israel não entrarão na terra prometida — O Senhor mata os falsos espias por meio de uma praga — Alguns rebeldes tentam seguir sozinhos e são mortos pelos amalequitas e pelos cananeus.

1

Então levantou-se toda a congregação, e alçaram a sua voz; e o povo chorou naquela mesma noite.

2 E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Aarão; e toda a congregação lhes disse: Antes tivéssemos morrido na terra do Egito! Ou, antes tivéssemos morrido neste deserto!

3 E por que o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos à espada, e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam uma presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito?

4 E diziam um ao outro: Constituamos um capitão, e voltemos ao Egito.

5 Então Moisés e Aarão caíram sobre os seus rostos perante toda a assembleia da congregação dos filhos de Israel.

6 E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes.

7 E falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pela qual passamos para espiar é terra muito boa.

8 Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá nessa terra, e no-la dará; terra que mana leite e mel.

9 Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais.

10

Então disse toda a congregação que com pedras os apedrejassem; porém a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel.

11 E disse o Senhor a Moisés: Até quando me provocará este povo? E até quando não me crerão, apesar de todos os sinais que fiz no meio deles?

12 Com pestilência o ferirei, e o deserdarei; e farei de ti povo maior e mais forte do que este.

13 E disse Moisés ao Senhor: Assim, os egípcios o ouvirão; porquanto com a tua força fizeste subir este povo do meio deles.

14 E dirão aos moradores desta terra, os que ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste povo; pois tu, ó Senhor, és visto face a face, e a tua nuvem está sobre eles, e tu vais adiante deles numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite.

15 E se matares este povo como a um só homem, as nações, pois, que ouviram a tua fama, falarão, dizendo:

16 Porquanto o Senhor não pôde pôr este povo na terra que lhes tinha jurado; por isso os matou no deserto.

17 Agora, pois, rogo-te que a força do meu Senhor se engrandeça, como falaste, dizendo:

18 O Senhor é longânimo, e grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração.

19 Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia, e como também perdoaste este povo desde a terra do Egito até aqui.

20

E disse o Senhor: Conforme a tua palavra eu lhe perdoei.

21 Porém tão certamente como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,

22 E como todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, me tentaram essas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,

23 Não verão a terra que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá.

24 Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua semente a possuirá em herança;

25 E os amalequitas e os cananeus habitam no vale; tornai-vos amanhã, e caminhai para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho.

26 Depois falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

27 Até quando hei de suportar esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim.

28 Dize-lhes: Tão certamente quanto eu vivo, diz o Senhor, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros.

29 Os vossos cadáveres cairão neste deserto, como também todos os que de vós foram contados segundo todo o vosso número, de vinte anos e acima, os que dentre vós contra mim murmurastes;

30

Não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão em juramento de que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.

31 Mas porei nela os vossos pequeninos, de quem dizeis: Como presa serão; e eles conhecerão a terra que vós desprezastes.

32 Porém, quanto a vós, os vossos cadáveres cairão neste deserto.

33 E os vossos filhos pastorearão neste deserto quarenta anos, e levarão sobre si as vossas prostituições, até que os vossos cadáveres se consumam neste deserto.

34 Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, quarenta dias, para cada dia um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos, e conhecereis o meu afastamento.

35 Eu, o Senhor, falei: Assim farei a toda esta má congregação, que se levantou contra mim; neste deserto se consumirão, e aí falecerão.

36 E os homens que Moisés mandara para espiar a terra, e que, voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra ele, difamando a terra,

37 Aqueles mesmos homens, que difamaram a terra, morreram da praga perante o Senhor.

38 Mas Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, ficaram vivos.

39 E falou Moisés essas palavras a todos os filhos de Israel; então o povo lamentou muito.

40

E levantaram-se pela manhã, de madrugada, e subiram ao cume do monte, dizendo: Eis-nos aqui, e subiremos ao lugar do qual o Senhor falou; porquanto pecamos.

41 Mas Moisés disse: Por que quebrais o mandamento do Senhor? Pois isso não prosperará.

42 Não subais, pois o Senhor não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.

43 Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.

44 Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cume do monte; mas a arca da aliança do Senhor e Moisés não se apartaram do meio do acampamento.

45 Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os atacaram, derrotando-os até Hormá.

Capítulo 15

Várias ordenanças de sacrifício trazem o perdão a Israel arrependido — Aqueles que pecam deliberadamente são extirpados do meio do povo — Um homem é apedrejado por apanhar lenha no dia do Sábado — Os israelitas devem olhar para as franjas das suas vestes e lembrar-se dos mandamentos.

1

Depois falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar,

3 E ao Senhor fizerdes oferta queimada, holocausto, ou sacrifício, para cumprir um voto, ou como oferta voluntária, ou nas vossas solenidades, para fazer um cheiro suave de ovelhas ou vacas ao Senhor,

4 Então aquele que oferecer a sua oferta ao Senhor, como oferta de manjares oferecerá uma décima de flor de farinha misturada com a quarta parte de um him de azeite.

5 E de vinho para libação prepararás a quarta parte de um him, para holocausto ou para sacrifício para cada cordeiro;

6 E para cada carneiro prepararás uma oferta de manjares de duas décimas de flor de farinha, misturada com a terça parte de um him de azeite.

7 E de vinho para a libação oferecerás a terça parte de um him ao Senhor, em cheiro suave.

8 E quando preparares novilho para holocausto ou sacrifício, para cumprir um voto, ou um sacrifício pacífico ao Senhor,

9 Com o novilho oferecerás uma oferta de manjares de três décimas de flor de farinha misturada com a metade de um him de azeite,

10

E de vinho para a libação oferecerás a metade de um him, oferta queimada em cheiro suave ao Senhor.

11 Assim se fará com cada boi, ou com cada carneiro, ou com o gado miúdo dos cordeiros ou das cabras.

12 Segundo o número que oferecerdes, assim o fareis com cada um, segundo o número deles.

13 Todo o natural da terra assim fará essas coisas, oferecendo oferta queimada em cheiro suave ao Senhor.

14 Quando também peregrinar convosco algum estrangeiro, ou que estiver no meio de vós nas vossas gerações, e ele oferecer uma oferta queimada de cheiro suave ao Senhor, como vós fizerdes assim fará ele.

15 Um mesmo estatuto haja para vós da congregação, e para o estrangeiro que entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós, assim será o peregrino perante o Senhor.

16 Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco.

17 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

18 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra em que vos hei de introduzir,

19 Acontecerá que, quando comerdes do pão da terra, então oferecereis ao Senhor oferta alçada.

20

Das primícias da vossa massa oferecereis um bolo como oferta alçada; como a oferta da eira, assim o oferecereis.

21 Das primícias das vossas massas dareis ao Senhor oferta alçada nas vossas gerações.

22 E quando errardes, e não cumprirdes todos esses mandamentos, que o Senhor falou a Moisés,

23 Tudo quanto o Senhor vos mandou pela mão de Moisés, desde o dia que o Senhor ordenou, e dali em diante, pelas vossas gerações,

24 Acontecerá que, quando se fizer alguma coisa inadvertidamente, e for encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, com a sua oferta de manjares e libação conforme o estatuto, e um bode para expiação do pecado.

25 E o sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi inadvertência; e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao Senhor, e a sua oferta pelo pecado perante o Senhor, por causa da sua inadvertência.

26 Será, pois, perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e mais ao estrangeiro que peregrina no meio deles, porquanto por inadvertência sobreveio a todo o povo.

27 E se alguma alma pecar por inadvertência, como oferta pelo pecado oferecerá uma cabra de um ano.

28 E o sacerdote fará expiação pela alma que pecou, quando pecar por inadvertência, perante o Senhor, fazendo expiação por ela, e lhe será perdoado.

29 Para o natural dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio deles peregrina, uma mesma lei vos será, para aquele que isso fizer por inadvertência.

30

Mas a alma que fizer alguma coisa com altivez, quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao Senhor; e tal alma será extirpada do meio do seu povo,

31 Pois desprezou a palavra do Senhor, e violou o seu mandamento; totalmente será extirpada aquela alma, a sua iniquidade estará sobre ela.

32 Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia do sábado.

33 E os que o acharam apanhando lenha o levaram a Moisés e a Aarão, e a toda a congregação.

34 E o puseram sob guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.

35 Disse, pois, o Senhor a Moisés: Certamente morrerá o tal homem; toda a congregação com pedras o apedrejará fora do acampamento.

36 Então toda a congregação o tirou para fora do acampamento, e com pedras o apedrejaram, e morreu, como o Senhor ordenara a Moisés.

37 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

38 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas porão um cordão de azul.

39 E nas franjas vos estará, para que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais; e não seguireis após o vosso coração, nem após os vossos olhos, após os quais andais vos prostituindo.

40

Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus.

41 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus; eu sou o Senhor vosso Deus.

Capítulo 16

Coré, Datã, Abirão e duzentos e cinquenta líderes se rebelam e buscam ofícios sacerdotais — A terra traga os três rebeldes e suas famílias — O fogo do Senhor consome os duzentos e cinquenta rebeldes — Israel murmura contra Moisés e Aarão por matarem o povo — O Senhor envia uma praga da qual morrem quatorze mil e setecentas pessoas.

1

E Coré, filho de Jizar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo Datã e Abirão, filhos de Eliabe, e Om, filho de Pelete, filhos de Rúben,

2 E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembleia, homens de renome,

3 E se congregaram contra Moisés e contra Aarão, e lhes disseram: Já é demasiado para vós, pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?

4 Quando Moisés isso ouviu, caiu sobre o seu rosto,

5 E falou a Coré e a toda a sua congregação, dizendo: Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é dele, e quem é o santo que ele fará chegar a si; e aquele que ele escolher fará chegar a si.

6 Fazei isto: tomai vós incensários, Coré e toda a sua congregação;

7 E pondo fogo neles amanhã, sobre eles deitai incenso perante o Senhor; e acontecerá que o homem que o Senhor escolher, esse será o santo; já é demasiado para vós, filhos de Levi.

8 Disse mais Moisés a Coré: Ouvi agora, filhos de Levi:

9 Porventura pouco para vós é que o Deus de Israel vos tenha separado da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, para realizar o serviço do tabernáculo do Senhor e estar perante a congregação para ministrar-lhe,

10

E te haja feito chegar, e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, contigo; ainda também procurais o sacerdócio?

11 Pelo que tu e toda a tua congregação reunidos estais contra o Senhor; e Aarão, quem é ele, para que murmureis contra ele?

12 E Moisés mandou chamar Datã e Abirão, filhos de Eliabe; porém eles disseram: Não subiremos;

13 Porventura pouco é que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares neste deserto, senão que também totalmente te assenhoreias de nós?

14 Nem tampouco nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; porventura arrancarás os olhos a estes homens? Não subiremos.

15 Então Moisés irou-se muito, e disse ao Senhor: Não atentes para a sua oferta; nem um só jumento tomei deles, nem a nenhum deles fiz mal.

16 Disse mais Moisés a Coré: Tu e toda a tua congregação ponde-vos perante o Senhor, tu e eles, e Aarão, amanhã.

17 E tomai cada um o seu incensário, e neles ponde incenso; e trazei cada um o seu incensário perante o Senhor, duzentos e cinquenta incensários; também tu e Aarão, cada qual o seu incensário.

18 Tomaram, pois, cada qual o seu incensário, e neles puseram fogo, e neles deitaram incenso, e se puseram perante a porta da tenda da congregação com Moisés e Aarão.

19 E Coré fez ajuntar contra eles toda a congregação à porta da tenda da congregação; então a glória do Senhor apareceu a toda a congregação.

20

E falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

21 Apartai-vos do meio desta congregação, e os consumirei num momento.

22 Mas eles se prostraram sobre os seus rostos, e disseram: Ó Deus, Deus dos espíritos de toda a carne, pecaria um só homem, e indignar-te-ias tu tanto contra toda esta congregação?

23 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

24 Fala a toda esta congregação, dizendo: Levantai-vos do redor da habitação de Coré, Datã e Abirão.

25 Então Moisés levantou-se, e foi a Datã e a Abirão; e após ele foram os anciãos de Israel.

26 E falou à congregação, dizendo: Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes homens ímpios, e não toqueis nada do que é deles, para que porventura não pereçais em todos os seus pecados.

27 Levantaram-se, pois, do redor da habitação de Coré, Datã e Abirão. E Datã e Abirão saíram, e se puseram à porta das suas tendas, juntamente com as suas mulheres, e seus filhos, e suas crianças.

28 Então disse Moisés: Nisto sabereis que o Senhor me enviou para realizar todas estas obras, que de meu coração não procedem.

29 Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como se visitam todos os homens, então o Senhor não me enviou.

30

Mas se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca, e os tragar com tudo o que é deles, e vivos descerem ao sepulcro, então sabereis que estes homens desprezaram ao Senhor.

31 E aconteceu que, acabando ele de falar todas essas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu.

32 E a terra abriu a sua boca, e os tragou com as suas casas, como também todos os homens que pertenciam a Coré, e todos os seus bens.

33 E eles e tudo o que era seu desceram vivos ao sepulcro, e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação.

34 E todo o Israel, que estava ao redor deles, fugiu do clamor deles; porque diziam: Para que porventura também não nos trague a terra a nós.

35 Então saiu fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso.

36 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

37 Dize a Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, que tome os incensários do meio do incêndio, e espalhe o fogo longe, porque santos são;

38 Quanto aos incensários daqueles que pecaram contra a sua própria alma, deles se façam lâminas estendidas para cobertura do altar; porquanto os trouxeram perante o Senhor; pelo que santos são; e serão por sinal aos filhos de Israel.

39 E Eleazar, o sacerdote, tomou os incensários de bronze, que haviam trazido aqueles que foram queimados, e os estenderam para cobertura do altar,

40

Como memorial para os filhos de Israel, para que nenhum estranho, que não for da semente de Aarão, se chegue para acender incenso perante o Senhor; para que não seja como Coré e a sua congregação, como o Senhor lhe tinha dito pela boca de Moisés.

41 Mas no dia seguinte toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Aarão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor.

42 E aconteceu que, ajuntando-se a congregação contra Moisés e Aarão, e virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu.

43 Foram, pois, Moisés e Aarão perante a tenda da congregação.

44 Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

45 Levantai-vos do meio desta congregação, e os consumirei num momento; então se prostraram sobre o seu rosto.

46 E disse Moisés a Aarão: Toma o incensário, e põe nele fogo do altar, e deita incenso sobre ele, e vai depressa à congregação, e faze expiação por eles; porque grande indignação saiu de diante do Senhor; já começou a praga.

47 E tomou-o Aarão, como Moisés tinha falado, e correu ao meio da congregação; e eis que já a praga havia começado entre o povo; e deitou incenso nele, e fez expiação pelo povo.

48 E estava em pé entre os mortos e os vivos; e cessou a praga.

49 E os que morreram daquela praga foram quatorze mil e setecentos, fora os que morreram por causa de Coré.

50

E voltou Aarão a Moisés, à porta da tenda da congregação, e cessou a praga.

Capítulo 17

Como teste, uma vara para cada tribo é colocada no tabernáculo do testemunho — A vara de Aarão brota, floresce e produz amêndoas — Ela é guardada como sinal contra os rebeldes.

1

Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e toma deles uma vara para cada casa paterna de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, doze varas; e escreverás o nome de cada um sobre a sua vara.

3 Porém o nome de Aarão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá uma vara.

4 E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde eu virei a vós.

5 E acontecerá que a vara do homem que eu tiver escolhido florescerá; assim, farei cessar as murmurações dos filhos de Israel contra mim, com que murmuram contra vós.

6 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel; e todos os seus príncipes deram-lhe cada um uma vara, para cada príncipe uma vara, segundo as casas de seus pais, doze varas; e a vara de Aarão estava entre as suas varas.

7 E Moisés pôs essas varas perante o Senhor na tenda do testemunho.

8 Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Aarão, pela casa de Levi, havia florescido, porque produzira flores, e brotara renovos e dera amêndoas.

9 Então Moisés trouxe todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; e eles o viram, e tomaram cada um a sua vara.

10

Então o Senhor disse a Moisés: Torna a pôr a vara de Aarão perante o testemunho, para que se guarde por sinal para os filhos rebeldes; assim, farás acabar as suas murmurações contra mim, e não morrerão.

11 E Moisés fez assim; como lhe ordenara o Senhor, assim fez.

12 Então falaram os filhos de Israel a Moisés, dizendo: Eis que nós expiramos, perecemos, nós perecemos todos.

13 Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do Senhor morrerá; seremos, pois, todos consumidos?

Capítulo 18

Aarão e seus filhos são chamados para ministrar no ofício de sacerdote — Os levitas são chamados para ministrar no serviço do tabernáculo — Os levitas não recebem herança na terra, mas são sustentados pelos dízimos do povo.

1

Então disse o Senhor a Aarão: Tu, e teus filhos, e a casa de teu pai contigo, levareis sobre vós a iniquidade do santuário; e tu e teus filhos contigo levareis sobre vós a iniquidade do vosso sacerdócio.

2 E também farás chegar contigo teus irmãos, a tribo de Levi, a tribo de teu pai, para que se ajuntem a ti, e te sirvam; mas tu e teus filhos contigo estareis perante a tenda do testemunho.

3 E eles terão o encargo do teu serviço, e do serviço de toda a tenda; mas não se chegarão aos utensílios do santuário, nem ao altar, para que não morram, tanto eles como vós.

4 Mas se ajuntarão a ti, e terão o encargo do serviço da tenda da congregação, em todo o ministério da tenda; e o estranho não se chegará a vós.

5 Vós, pois, tereis o encargo do serviço do santuário e do serviço do altar, para que não haja outra vez indignação sobre os filhos de Israel.

6 E eu, eis que tomei vossos irmãos, os levitas, do meio dos filhos de Israel; a vós são dados como dádiva pelo Senhor, para realizar o serviço da tenda da congregação.

7 Mas tu e teus filhos contigo atendereis ao vosso sacerdócio no tocante a tudo o que é do altar, e no que estiver dentro do véu, isso administrareis; eu vos dei o vosso sacerdócio como dádiva ministerial, e o estranho que se chegar morrerá.

8 Disse mais o Senhor a Aarão: E eu, eis que te dei o encargo das minhas ofertas alçadas, com todas as coisas sagradas dos filhos de Israel; dei-as a ti por causa da unção, e a teus filhos, por estatuto perpétuo.

9 Isto terás das coisas santíssimas preservadas do fogo: todas as suas ofertas com todas as suas ofertas de manjares, e com todas as suas ofertas pelo pecado, e com todas as suas ofertas pela culpa, que me restituirão; será coisa santíssima para ti e para teus filhos.

10

No lugar santíssimo o comerás; todo homem o comerá; santo será para ti.

11 Também isto será teu: a oferta alçada da sua dádiva com todas as ofertas movidas dos filhos de Israel; a ti, a teus filhos, e a tuas filhas contigo, as dei por estatuto perpétuo; todo o que estiver limpo na tua casa as comerá.

12 Todo o melhor do azeite, e todo o melhor do mosto e do grão, as suas primícias que derem ao Senhor, as dei a ti.

13 Os primeiros frutos de tudo que houver na terra, que trouxerem ao Senhor, serão teus; todo o que estiver limpo na tua casa os comerá.

14 Toda coisa consagrada em Israel será tua.

15 Tudo o que abrir a madre, de toda a carne que trouxerem ao Senhor, tanto de homens como de animais, será teu; porém os primogênitos dos homens resgatarás; também os primogênitos dos animais imundos resgatarás.

16 Os que, pois, deles se houverem de resgatar, resgatarás, da idade de um mês, segundo a tua avaliação, por cinco siclos de dinheiro, segundo o siclo do santuário, que é de vinte geras.

17 Mas o primogênito de vaca, ou primogênito de ovelha, ou primogênito de cabra, não resgatarás, santos são; o seu sangue espargirás sobre o altar, e a sua gordura queimarás como oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.

18 E a carne deles será tua; assim como o peito da oferta movida, e como o ombro direito, tua será.

19 Todas as ofertas alçadas das coisas sagradas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, dei a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; convênio eterno de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua semente contigo.

20

Disse também o Senhor a Aarão: Na terra deles possessão nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel.

21 E eis que aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo seu serviço que realizam, o serviço da tenda da congregação.

22 E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado, e morram.

23 Mas os levitas realizarão o serviço da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança herdarão.

24 Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, dei por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança herdarão.

25 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

26 Também falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos dei como vossa herança, deles oferecereis uma oferta alçada ao Senhor; o dízimo dos dízimos.

27 E contar-se-vos-á a vossa oferta alçada, como grão da eira, e como plenitude do lagar.

28 Assim, também oferecereis ao Senhor uma oferta alçada de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta alçada do Senhor a Aarão, o sacerdote.

29 De todas as vossas dádivas oferecereis toda oferta alçada do Senhor; de tudo o melhor delas, a sua santa parte.

30

Dir-lhes-ás, pois: Quando oferecerdes o melhor delas, como produto da eira, e como produto do lagar, se contará aos levitas.

31 E o comereis em todo lugar, vós e a vossa casa, porque vosso galardão é, pelo vosso serviço na tenda da congregação.

32 Pelo que não levareis sobre vós o pecado, quando delas oferecerdes o melhor; e não profanareis as coisas sagradas dos filhos de Israel, para que não morrais.

Capítulo 19

São dadas instruções para o sacrifício de uma novilha vermelha — A água da separação é usada para purificação do pecado — As pessoas cerimonialmente imundas são espargidas com a água da separação.

1

Falou mais o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo:

2 Este é o estatuto da lei, que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma novilha vermelha perfeita, que não tenha defeito, e sobre a qual não se tenha posto jugo.

3 E a dareis a Eleazar, o sacerdote; e ele a tirará para fora do acampamento, e será morta diante dele.

4 E Eleazar, o sacerdote, tomará do sangue dela com o seu dedo, e dele espargirá para a frente da tenda da congregação sete vezes.

5 Então queimará a novilha perante os seus olhos; o seu couro, e a sua carne, e o seu sangue, com o seu esterco se queimará.

6 E o sacerdote tomará madeira de cedro, e hissopo, e carmesim, e os lançará no meio do fogo que queima a novilha.

7 Então o sacerdote lavará as suas vestes, e banhará a sua carne na água, e depois entrará no acampamento, e o sacerdote será imundo até a tarde.

8 Também o que a queimou lavará as suas vestes com água, e em água banhará a sua carne, e imundo será até a tarde.

9 E um homem limpo ajuntará as cinzas da novilha, e as porá fora do acampamento, num lugar limpo, e serão guardadas para a congregação dos filhos de Israel, para a água da separação; purificação do pecado é.

10

E o que apanhou as cinzas da novilha lavará as suas vestes, e será imundo até a tarde; isso será por estatuto perpétuo aos filhos de Israel e ao estrangeiro que peregrina no meio deles.

11 Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete dias.

12 Ao terceiro dia se purificará com ela, e ao sétimo dia será limpo; mas, se ao terceiro dia não se purificar, não será limpo ao sétimo dia.

13 Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem que estiver morto, e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; e aquela alma será extirpada de Israel, porque a água da separação não foi espargida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundície.

14 Esta é a lei, quando morrer algum homem em alguma tenda: todo aquele que entrar naquela tenda, e todo aquele que estiver naquela tenda, será imundo sete dias.

15 Também todo vaso aberto, sobre o qual não houver pano atado, será imundo.

16 E todo aquele que em campo aberto tocar em alguém morto pela espada, ou outro morto, ou nos ossos de algum homem, ou numa sepultura, será imundo sete dias.

17 Para o imundo, pois, tomarão das cinzas da queima da purificação do pecado, e sobre elas porão água viva num vaso.

18 E um homem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, e a espargirá sobre aquela tenda, e sobre todos os objetos, e sobre as almas que ali estiverem; como também sobre aquele que tocar nos ossos, ou em alguém que foi morto, ou que faleceu, ou numa sepultura.

19 E o limpo ao terceiro e sétimo dia espargirá sobre o imundo; e ao sétimo dia o purificará; e lavará as suas vestes, e se banhará na água, e à tarde será limpo.

20

Porém o que for imundo, e não se purificar, essa alma do meio da congregação será extirpada; porquanto contaminou o santuário do Senhor; água de separação sobre ele não foi espargida; imundo é.

21 Isto lhes será por estatuto perpétuo: o que espargir a água da separação lavará as suas vestes; e o que tocar a água da separação será imundo até a tarde.

22 E tudo o que tocar no imundo também será imundo; e a alma que o tocar será imunda até a tarde.

Capítulo 20

Miriã morre — Moisés fere a rocha em Meribá e faz dela sair água — O rei de Edom se recusa a permitir que Israel passe pacificamente por sua terra — Aarão morre, e Eleazar se torna o sumo sacerdote.

1

Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zin, no mês primeiro, o povo ficou em Cades; e Miriã morreu ali, e ali foi sepultada.

2 E não havia água para a congregação; então se congregaram contra Moisés e contra Aarão.

3 E o povo contendeu com Moisés, e falaram, dizendo: Quem dera tivéssemos expirado quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor!

4 E por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais?

5 E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? Lugar não de semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber.

6 Então Moisés e Aarão se foram de diante da congregação, à porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do Senhor lhes apareceu.

7 E o Senhor falou a Moisés, dizendo:

8 Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Aarão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, e ela dará a sua água; assim, lhes tirarás água da rocha, e darás de beber à congregação e aos seus animais.

9 Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado,

10

E Moisés e Aarão congregaram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?

11 Então Moisés levantou a sua mão e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação, e os seus animais.

12 E o Senhor disse a Moisés e a Aarão: Porquanto não crestes em mim, para me santificar diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes dei.

13 Essas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor; e ele se santificou neles.

14 Depois Moisés, desde Cades, mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: Sabes toda a tribulação que nos sobreveio,

15 Como nossos pais desceram ao Egito, e nós no Egito habitamos muitos dias; e como os egípcios nos maltrataram, a nós e a nossos pais;

16 E clamamos ao Senhor, e ele ouviu a nossa voz, e mandou um anjo, e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade nos limites dos teus termos.

17 Deixa-nos, pois, passar pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos a água dos poços; iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos.

18 Porém Edom lhe disse: Não passarás por mim, para que porventura eu não saia com a espada ao teu encontro.

19 Então os filhos de Israel lhe disseram: Subiremos pelo caminho elevado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas águas, darei o preço delas; sem fazer qualquer outra coisa, somente passarei a pé.

20

Porém ele disse: Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente, e com mão forte.

21 Assim, recusou Edom deixar Israel passar pelo seu território; pelo que Israel se desviou dele.

22 Então partiram de Cades, e os filhos de Israel, toda a congregação, chegaram ao monte Hor.

23 E falou o Senhor a Moisés e a Aarão no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo:

24 Aarão será recolhido ao seu povo, porque não entrará na terra que dei aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá.

25 Toma Aarão e Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor.

26 E despe Aarão das suas vestes, e veste-as em Eleazar, seu filho, porque Aarão será recolhido, e morrerá ali.

27 Fez, pois, Moisés como o Senhor lhe ordenara; porque subiram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação.

28 E Moisés despiu Aarão das suas vestes, e as vestiu em Eleazar, seu filho; e morreu Aarão ali sobre o cume do monte; e desceram Moisés e Eleazar do monte.

29 Vendo, pois, toda a congregação que Aarão estava morto, choraram por Aarão trinta dias, toda a casa de Israel.

Capítulo 21

Os filhos de Israel destroem os cananeus que lutam contra eles — Os israelitas são assolados por uma praga de serpentes ardentes — Moisés ergue uma serpente de bronze para salvar os que olharem para ela — Israel derrota os amorreus, destrói o povo de Basã e ocupa as terras deles.

1

Ouvindo o cananeu, o rei de Arade, que habitava no sul, que Israel vinha pelo caminho dos espias, pelejou contra Israel, e levou alguns deles como prisioneiros.

2 Então Israel fez um voto ao Senhor, dizendo: Se totalmente entregares este povo na minha mão, destruirei totalmente as suas cidades.

3 O Senhor, pois, ouviu a voz de Israel, e entregou os cananeus, e os destruiu totalmente, a eles e às suas cidades; e o nome daquele lugar chamou-se Hormá.

4 Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, para rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se nesse caminho.

5 E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil.

6 Então o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam o povo; e morreu muito povo de Israel.

7 Pelo que o povo foi a Moisés, e disse: Pecamos, porquanto falamos contra o Senhor e contra ti; ora ao Senhor que tire de nós estas serpentes. Então Moisés orou pelo povo.

8 E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste, e acontecerá que todo o que for mordido e que olhar para ela viverá.

9 E Moisés fez uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma haste; e acontecia que, se alguma serpente mordesse alguém, e ele olhasse para a serpente de bronze, ficava vivo.

10

Então os filhos de Israel partiram, e acamparam em Obote.

11 Depois partiram de Obote, e acamparam nos outeiros de Ije-Abarim, no deserto que está defronte de Moabe, ao nascente do sol.

12 Dali partiram, e acamparam junto ao ribeiro de Zerede.

13 E dali partiram, e acamparam do outro lado do Arnom, que está no deserto e sai dos termos dos amorreus; porque o Arnom é o termo de Moabe, entre Moabe e os amorreus.

14 Pelo que se diz no livro das guerras do Senhor: Vaebe em Sufá, e os ribeiros de Arnom,

15 E a corrente dos ribeiros, que se inclina para a localidade de Ar, e encosta aos termos de Moabe.

16 E dali partiram para Beer; esse é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo, e lhe darei água.

17 Então Israel cantou este cântico: Brota, ó poço! Cantai a ele:

18 Tu, ó poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo, e o legislador, com os seus cajados. E do deserto partiram para Mataná;

19 E de Mataná a Naaliel, e de Naaliel a Bamote;

20

E de Bamote ao vale que está no campo de Moabe, no cume de Pisga, e à vista do deserto.

21 Então Israel mandou mensageiros a Siom, rei dos amorreus, dizendo:

22 Deixa-me passar pela tua terra; não nos desviaremos pelos campos nem pelas vinhas; as águas dos poços não beberemos; iremos pela estrada real até que tenhamos passado pelos teus termos.

23 Porém Siom não deixou passar Israel pelos seus termos; antes, Siom congregou todo o seu povo, e saiu ao encontro de Israel no deserto, e foi a Jaza, e pelejou contra Israel.

24 Mas Israel o feriu ao fio da espada, e tomou a sua terra em possessão, desde Arnom até Jaboque, até os filhos de Amon; porquanto o termo dos filhos de Amon era forte.

25 Assim, Israel tomou todas essas cidades; e Israel habitou em todas as cidades dos amorreus, em Hesbom e em todas as suas aldeias.

26 Porque Hesbom era a cidade de Siom, rei dos amorreus, que tinha pelejado contra o precedente rei dos moabitas, e tinha tomado da sua mão toda a sua terra até o Arnom.

27 Pelo que dizem os que falam em provérbios: Vinde a Hesbom; edifique-se e estabeleça-se a cidade de Siom.

28 Porque fogo saiu de Hesbom, e uma chama da cidade de Siom; e consumiu a Ar dos moabitas, e os senhores dos altos de Arnom.

29 Ai de ti, Moabe! Perdido estás, povo de Quemós! Entregou seus filhos como fugitivos, e suas filhas como cativas, a Siom, rei dos amorreus.

30

E nós os derrubamos; Hesbom destruída está até Dibom, e os assolamos até Nofá, que se estende até Medeba.

31 Assim, Israel habitou na terra dos amorreus.

32 Depois mandou Moisés espiar Jazer, e tomaram as suas aldeias, e daquela possessão expulsaram os amorreus que estavam ali.

33 Então viraram-se, e subiram o caminho de Basã; e Ogue, rei de Basã, saiu contra eles, ele e todo o seu povo, à peleja em Edrei.

34 E disse o Senhor a Moisés: Não o temas, porque eu o dei na tua mão, ele, e todo o seu povo, e a sua terra, e far-lhe-ás como fizeste a Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom.

35 E de tal maneira o mataram, a ele e a seus filhos, e a todo o seu povo, que nenhum deles escapou; e tomaram a sua terra em possessão.

Capítulo 22

Balaque oferece dinheiro, gado e grandes honras a Balaão para que amaldiçoe Israel — O Senhor proíbe que Balaão faça isso — Um anjo se opõe a Balaão no caminho.

1

Depois partiram os filhos de Israel, e acamparam nas campinas de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó.

2 Vendo, pois, Balaque, filho de Zipor, tudo o que Israel fizera aos amorreus,

3 Moabe temeu muito diante daquele povo, porque era muito; e Moabe andava angustiado por causa dos filhos de Israel.

4 Pelo que Moabe disse aos anciãos dos midianitas: Agora lamberá esta congregação tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Naquele tempo Balaque, filho de Zipor, era rei dos moabitas.

5 Este enviou mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio, na terra dos filhos do seu povo, para chamá-lo, dizendo: Eis que um povo saiu do Egito; eis que cobre a face da terra, e parado está defronte de mim.

6 Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa este povo para mim, pois mais poderoso é do que eu; porventura o poderei derrotar, e o lançarei fora da terra; porque eu sei que quem tu abençoares será abençoado, e quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.

7 Então foram os anciãos dos moabitas e os anciãos dos midianitas com o preço dos encantamentos nas suas mãos; e chegaram a Balaão, e lhe disseram as palavras de Balaque.

8 E ele lhes disse: Passai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o Senhor me falar; então os príncipes dos moabitas ficaram com Balaão.

9 E veio Deus a Balaão, e disse: Quem são estes homens que estão contigo?

10

E Balaão disse a Deus: Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas, os enviou, dizendo:

11 Eis que o povo que saiu do Egito cobriu a face da terra; vem agora, amaldiçoa-o; porventura poderei pelejar contra ele, e o lançarei fora.

12 Então disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás este povo, porquanto bendito é.

13 Então Balaão levantou-se pela manhã, e disse aos príncipes de Balaque: Ide à vossa terra, porque o Senhor recusa deixar-me ir convosco.

14 E levantaram-se os príncipes dos moabitas, e foram a Balaque, e disseram: Balaão recusou vir conosco.

15 Porém Balaque tornou a enviar mais príncipes, e mais honrados do que aqueles,

16 Os quais foram a Balaão, e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Rogo-te que não te demores em vir a mim,

17 Porque grandemente te honrarei, e farei tudo o que me disseres; vem, pois, rogo-te, amaldiçoa este povo para mim.

18 Então Balaão respondeu, e disse aos servos de Balaque: Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia transgredir o mandado do Senhor meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande;

19 Agora, pois, rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que mais o Senhor me dirá.

20

Veio, pois, Deus a Balaão, de noite, e disse-lhe: Se aqueles homens te vierem chamar, levanta-te, vai com eles; todavia, farás o que eu te disser.

21 Então Balaão levantou-se pela manhã, e albardou a sua jumenta, e foi com os príncipes de Moabe.

22 E a ira de Deus acendeu-se, porque ele foi; e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário; e ele ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus moços com ele.

23 Viu, pois, a jumenta o anjo do Senhor, que estava no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que desviou-se a jumenta do caminho, e foi pelo campo; então Balaão espancou a jumenta para fazê-la retornar ao caminho.

24 Mas o anjo do Senhor pôs-se numa vereda de vinhas, havendo um muro de um lado e um muro do outro.

25 Vendo, pois, a jumenta o anjo do Senhor, apertou-se contra o muro, e apertou contra o muro o pé de Balaão; pelo que tornou a espancá-la.

26 Então o anjo do Senhor passou mais adiante, e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita nem para a esquerda.

27 E vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão acendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão.

28 Então o Senhor abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, para que me espancasses essas três vezes?

29 E Balaão disse à jumenta: Porque zombaste de mim; quem dera tivesse eu uma espada na mão, porque agora te mataria.

30

E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo em que eu passei a ser tua até hoje? Porventura tem sido o meu costume fazer assim contigo? E ele respondeu: Não.

31 Então o Senhor abriu os olhos a Balaão, e ele viu o anjo do Senhor, que estava no caminho, e a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se sobre a sua face.

32 Então o anjo do Senhor lhe disse: Por que já três vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu saí para ser teu adversário, porquanto o teu caminho é perverso diante de mim;

33 Porém a jumenta me viu, e já três vezes se desviou de diante de mim; se ela não se tivesse desviado de diante de mim, na verdade eu já te haveria matado, e a ela teria deixado com vida.

34 Então Balaão disse ao anjo do Senhor: Pequei, porque não soube que estavas neste caminho para opor-te a mim; e agora, se parece mal aos teus olhos, retornarei.

35 E disse o anjo do Senhor a Balaão: Vai com estes homens; mas somente a palavra que eu falar a ti essa falarás. Assim, Balaão foi com os príncipes de Balaque.

36 Ouvindo, pois, Balaque que Balaão chegava, saiu-lhe ao encontro até a cidade de Moabe, que está no termo do Arnom, na extremidade do termo dele.

37 E Balaque disse a Balaão: Porventura não mandei diligentemente chamar-te? Por que não vieste a mim? Não posso eu na verdade honrar-te?

38 Então Balaão disse a Balaque: Eis que eu vim a ti; porventura poderei eu agora de alguma forma falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, essa falarei.

39 E Balaão foi com Balaque, e chegaram a Quiriate-Huzote.

40

Então Balaque matou bois e ovelhas; e deles enviou a Balaão e aos príncipes que estavam com ele.

41 E sucedeu que, pela manhã, Balaque tomou Balaão, e o fez subir aos altos de Baal, e viu ele dali a parte extrema do povo.

Capítulo 23

O Senhor ordena que Balaão abençoe Israel — Ele o faz, dizendo: Quem contará o pó de Jacó? e Que coisas Deus realizou!

1

Então Balaão disse a Balaque: Edifica-me aqui sete altares, e prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.

2 Fez, pois, Balaque como Balaão dissera; e Balaque e Balaão ofereceram um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

3 Então Balaão disse a Balaque: Fica junto do teu holocausto, e eu irei; porventura o Senhor me sairá ao encontro, e o que ele me mostrar te notificarei. Então foi a um alto.

4 E encontrando-se Deus com Balaão, disse-lhe este: Preparei sete altares, e ofereci um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

5 Então o Senhor pôs a palavra na boca de Balaão, e disse: Retorna a Balaque, e fala assim.

6 E retornando a ele, eis que estava junto do seu holocausto, ele e todos os príncipes dos moabitas.

7 Então proferiu a sua parábola, e disse: Da Síria me mandou trazer Balaque, rei dos moabitas, das montanhas do oriente, dizendo: Vem, amaldiçoa-me a Jacó; e vem, denuncia a Israel.

8 Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? E como denunciarei a quem o Senhor não denuncia?

9 Porque do cume das penhas o vejo, e dos outeiros o contemplo; eis que este povo habitará só, e entre as nações não será contado.

10

Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? A minha alma morra a morte dos justos, e seja o meu fim como o seu.

11 Então disse Balaque a Balaão: Que me fizeste? Chamei-te para amaldiçoar os meus inimigos, mas eis que inteiramente os abençoaste.

12 E ele respondeu, e disse: Porventura não terei o cuidado de falar o que o Senhor pôs na minha boca?

13 Então Balaque lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro lugar, de onde o verás; verás somente a parte extrema dele, mas todo ele não verás; e amaldiçoa-mo dali.

14 Assim, o levou consigo ao campo de Zofim, ao cume de Pisga; e edificou sete altares, e ofereceu um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

15 Então disse a Balaque: Fica aqui junto do teu holocausto, e eu irei ali ao encontro do Senhor.

16 E encontrando-se o Senhor com Balaão, pôs uma palavra na sua boca, e disse: Retorna a Balaque, e fala assim.

17 E retornando a ele, eis que estava junto do holocausto, e os príncipes dos moabitas com ele; disse-lhe, pois, Balaque: O que falou o Senhor?

18 Então proferiu a sua parábola, e disse: Levanta-te, Balaque, e ouve; inclina os teus ouvidos a mim, filho de Zipor.

19 Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?

20

Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele abençoou, e eu não o posso revogar.

21 Não viu iniquidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó; o Senhor seu Deus é com ele, e nele, e entre eles se ouve a aclamação de um rei.

22 Deus os tirou do Egito; as suas forças são como as do touro selvagem.

23 Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; neste tempo se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas Deus realizou!

24 Eis que o povo se levantará como leoa, e se exalçará como leão; não se deitará até que coma a presa, e beba o sangue dos mortos.

25 Então Balaque disse a Balaão: Nem o amaldiçoarás, nem o abençoarás.

26 Porém Balaão respondeu, e disse a Balaque: Não te falei eu, dizendo: Tudo o que o Senhor falar, isso farei?

27 Disse mais Balaque a Balaão: Ora, vem, e te levarei a outro lugar; porventura bem parecerá aos olhos de Deus que dali mo amaldiçoes.

28 Então Balaque levou Balaão consigo ao cume de Peor, que dá para o lado do deserto.

29 Balaão disse a Balaque: Edifica-me aqui sete altares, e prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.

30

Balaque, pois, fez como dissera Balaão; e ofereceu um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

Capítulo 24

Balaão tem uma visão e profetiza o destino de Israel — Ele profetiza a respeito do Messias: Uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel.

1

Vendo Balaão que bem parecia aos olhos do Senhor que abençoasse Israel, não foi esta vez como antes ao encontro dos agouros, mas voltou o seu rosto para o deserto.

2 E levantando Balaão os seus olhos, e vendo Israel, que acampara segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus.

3 E proferiu a sua parábola, e disse: Fala, Balaão, filho de Beor, e fala o homem de olhos abertos;

4 Fala aquele que ouviu as palavras de Deus, o que vê a visão do Todo-Poderoso, caindo, mas de olhos abertos;

5 Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! As tuas moradas, ó Israel!

6 Como ribeiros se estendem, como jardins junto aos rios; como árvores de sândalo o Senhor os plantou, como cedros junto às águas,

7 De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; e o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será exaltado.

8 Deus o tirou do Egito; as suas forças são como as do touro selvagem; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as suas setas os atravessará.

9 Encurvou-se, deitou-se como leão, e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.

10

Então a ira de Balaque se acendeu contra Balaão, e bateu ele as suas palmas; e Balaque disse a Balaão: Para amaldiçoar os meus inimigos te chamei; porém, agora já três vezes os abençoaste inteiramente.

11 Agora, pois, foge para o teu lugar; eu tinha dito que te honraria grandemente; mas eis que o Senhor te privou dessa honra.

12 Então Balaão disse a Balaque: Não falei eu também aos teus mensageiros, que me enviaste, dizendo:

13 Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e ouro, não posso transgredir o mandado do Senhor, fazendo bem ou mal de meu próprio coração; o que o Senhor falar, isso falarei eu.

14 Agora, pois, eis que me vou ao meu povo; vem, avisar-te-ei do que este povo fará ao teu povo nos últimos dias.

15 Então proferiu a sua parábola, e disse: Fala Balaão, filho de Beor, e fala o homem de olhos abertos;

16 Fala aquele que ouviu as palavras de Deus, e o que sabe o conhecimento do Altíssimo; o que viu a visão do Todo-Poderoso, caindo, mas de olhos abertos;

17 Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.

18 E Edom será uma possessão, e Seir também será uma possessão hereditária para os seus inimigos; pois Israel fará proezas.

19 E um de Jacó dominará, e matará os que restam das cidades.

20

E vendo os amalequitas, proferiu a sua parábola, e disse: Amaleque é a primeira das nações; porém o seu fim será a destruição.

21 E vendo os quenitas, proferiu a sua parábola, e disse: Firme está a tua habitação, e puseste o teu ninho na penha.

22 Todavia o quenita será consumido, até que Assur te leve por prisioneiro.

23 E proferindo ainda a sua parábola, disse: Ai, quem viverá, quando Deus fizer isso?

24 E as naus das costas de Quitim afligirão Assur; também afligirão Éber; e também ele será destruído.

25 Então Balaão levantou-se, e foi-se, e voltou ao seu lugar, e também Balaque foi-se pelo seu caminho.

Capítulo 25

Os israelitas que adoram deuses falsos são mortos — Fineias mata os adúlteros e põe fim à praga — Israel recebe o mandamento de afligir os midianitas que os enganaram.

1

E Israel deteve-se em Sitim, e o povo começou a prostituir-se com as filhas dos moabitas.

2 E elas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses.

3 Juntou-se, pois, Israel a Baal-Peor, e a ira do Senhor se acendeu contra Israel.

4 Disse o Senhor a Moisés: Toma todos os cabeças do povo, e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira do Senhor se retirará de Israel.

5 Então Moisés disse aos juízes de Israel: Cada um mate os seus homens que se juntaram a Baal-Peor.

6 E eis que veio um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos uma midianita diante dos olhos de Moisés, e dos olhos de toda a congregação dos filhos de Israel, que choravam diante da tenda da congregação.

7 Vendo isso Fineias, filho de Eleazar, o filho de Aarão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão;

8 E foi atrás do homem israelita até a tenda, e atravessou os dois, o homem israelita e a mulher, pelo ventre dela; então cessou a praga contra os filhos de Israel.

9 E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil.

10

Então o Senhor falou a Moisés, dizendo:

11 Fineias, filho de Eleazar, o filho de Aarão, sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois foi zeloso com o meu zelo no meio deles; de modo que no meu zelo não consumi os filhos de Israel.

12 Portanto, dize: Eis que lhe dou o meu convênio de paz,

13 E ele, e a sua semente depois dele, terá o convênio do sacerdócio eterno; porquanto teve zelo pelo seu Deus, e fez expiação pelos filhos de Israel.

14 E o nome do israelita morto, que foi morto com a midianita, era Zinri, filho de Salu, príncipe da casa paterna dos simeonitas.

15 E o nome da mulher midianita morta era Cosbi, filha de Zur, cabeça do povo de uma casa paterna entre os midianitas.

16 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

17 Afligireis os midianitas e os derrotareis,

18 Porque eles vos afligiram com os seus enganos, com que vos enganaram no caso de Peor, e no caso de Cosbi, filha do príncipe dos midianitas, irmã deles, que foi morta no dia da praga no caso de Peor.

Capítulo 26

Moisés e Eleazar contam os israelitas nas planícies de Moabe, perto de Jericó — Os homens de vinte anos e acima, excluindo os levitas, somam 601.730 — Restam somente Calebe e Josué dos que foram contados em Sinai.

1

Aconteceu, pois, que depois daquela praga, falou o Senhor a Moisés, e a Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, dizendo:

2 Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, da idade de vinte anos e acima, segundo as casas de seus pais, todos os que em Israel podem sair à guerra.

3 Falaram-lhes, pois, Moisés e Eleazar, o sacerdote, nas campinas de Moabe, junto do Jordão, na altura de Jericó, dizendo:

4 Conta o povo da idade de vinte anos e acima, como o Senhor ordenara a Moisés e aos filhos de Israel, que saíram do Egito.

5 Rúben, o primogênito de Israel; os filhos de Rúben: Enoque, do qual era a família dos enoquitas; de Palu, a família dos paluítas;

6 De Hezrom, família dos hezronitas; de Carmi, a família dos carmitas.

7 Essas são as famílias dos rubenitas; e os que foram deles contados, foram quarenta e três mil e setecentos e trinta.

8 E os filhos de Palu: Eliabe;

9 E os filhos de Eliabe: Nemuel, e Datã, e Abirão; estes, Datã e Abirão, foram os chamados da congregação, que contenderam contra Moisés e contra Aarão na congregação de Coré, quando contenderam contra o Senhor;

10

E a terra abriu a sua boca, e os tragou com Coré, quando morreu a congregação, quando o fogo consumiu duzentos e cinquenta homens, e foram um sinal.

11 Mas os filhos de Coré não morreram.

12 Os filhos de Simeão, segundo as suas famílias: de Nemuel, a família dos nemuelitas; de Jamim, a família dos jaminitas; de Jaquim, a família dos jaquinitas;

13 De Zerá, a família dos zeraítas; de Saul, a família dos saulitas.

14 Essas são as famílias dos simeonitas, vinte e dois mil e duzentos.

15 Os filhos de Gade, segundo as suas famílias: de Zefom, a família dos zefonitas; de Hagi, a família dos hagitas; de Suni, a família dos sunitas;

16 De Ozni, a família dos oznitas; de Eri, a família dos eritas;

17 De Arode, a família dos aroditas; de Areli, a família dos arelitas.

18 Essas são as famílias dos filhos de Gade, segundo os que foram deles contados, quarenta mil e quinhentos.

19 Os filhos de Judá: Er e Onã; mas Er e Onã morreram na terra de Canaã.

20

Assim foram os filhos de Judá, segundo as suas famílias: de Selá, a família dos selanitas; de Perez, a família dos perezitas; de Zerá, a família dos zeraítas.

21 E os filhos de Perez foram: de Hezrom, a família dos hezromitas; de Hamul, a família dos hamulitas.

22 Essas são as famílias de Judá, segundo os que foram deles contados, setenta e seis mil e quinhentos.

23 Os filhos de Issacar, segundo as suas famílias, foram: de Tola, a família dos tolaítas; de Puva, a família dos puvitas,

24 De Jasube, a família dos jasubitas; de Sinrom, a família dos sinronitas.

25 Essas são as famílias de Issacar, segundo os que foram deles contados, sessenta e quatro mil e trezentos.

26 Os filhos de Zebulom, segundo as suas famílias, foram: de Serede, a família dos sereditas; de Elom, a família dos elonitas; de Jaleel, a família dos jaleelitas.

27 Essas são as famílias dos zebulonitas, segundo os que foram deles contados, sessenta mil e quinhentos.

28 Os filhos de José, segundo as suas famílias, foram Manassés e Efraim.

29 Os filhos de Manassés foram: de Maquir, a família dos maquiritas; e Maquir gerou a Gileade; de Gileade, a família dos gileaditas.

30

Estes são os filhos de Gileade: de Jezer, a família dos jezeritas; de Heleque, a família dos helequitas;

31 E de Asriel, a família dos asrielitas; e de Siquém, a família dos siquemitas;

32 E de Semida, a família dos semidaítas; e de Hefer, a família dos heferitas.

33 Porém Zelofeade, filho de Hefer, não tinha filhos, senão filhas; e os nomes das filhas de Zelofeade foram Maalá, Noa, Hogla, Milca, e Tirza.

34 Essas são as famílias de Manassés; e os que foram deles contados, foram cinquenta e dois mil e setecentos.

35 Estes são os filhos de Efraim, segundo as suas famílias: de Sutela, a família dos sutelaítas; de Bequer, a família dos bequeritas; de Taã, a família dos taanitas.

36 E estes são os filhos de Sutela: de Erã, a família dos eranitas.

37 Essas são as famílias dos filhos de Efraim, segundo os que foram deles contados, trinta e dois mil e quinhentos; esses são os filhos de José, segundo as suas famílias.

38 Os filhos de Benjamim, segundo as suas famílias: de Belá, a família dos belaítas; de Asbel, a família dos asbelitas; de Airã, a família dos airamitas;

39 De Sufã, a família dos sufamitas; de Hufã, a família dos hufamitas.

40

E os filhos de Belá foram Arde e Naamã; de Arde a família dos arditas; de Naamã a família dos naamanitas.

41 Esses são os filhos de Benjamim, segundo as suas famílias; e os que foram deles contados, foram quarenta e cinco mil e seiscentos.

42 Estes são os filhos de Dã, segundo as suas famílias: de Suã, a família dos suamitas; essas são as famílias de Dã, segundo as suas famílias.

43 Todas as famílias dos suamitas, segundo os que foram deles contados, foram sessenta e quatro mil e quatrocentos.

44 Os filhos de Aser, segundo as suas famílias, foram: de Imna, a família dos imnaítas; de Isvi, a família dos isvitas; de Berias, a família dos beriítas.

45 Dos filhos de Berias, foram: de Heber, a família dos heberitas; de Malquiel, a família dos malquielitas.

46 E o nome da filha de Aser foi Sera.

47 Essas são as famílias dos filhos de Aser, segundo os que foram deles contados, cinquenta e três mil e quatrocentos.

48 Os filhos de Naftali, segundo as suas famílias: de Jazeel, a família dos jazeelitas; de Guni, a família dos gunitas;

49 De Jezer, a família dos jezeritas; de Silém, a família dos silemitas.

50

Essas são as famílias de Naftali, segundo as suas famílias; e os que foram deles contados, foram quarenta e cinco mil e quatrocentos.

51 Esses são os contados dos filhos de Israel, seiscentos e um mil e setecentos e trinta.

52 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

53 A estes se repartirá a terra em herança, segundo o número dos nomes.

54 Aos que são muitos multiplicarás a sua herança, e aos que são poucos diminuirás a sua herança; a cada qual se dará a sua herança, segundo os que foram deles contados.

55 Todavia a terra se repartirá por sortes; segundo os nomes das tribos de seus pais a herdarão.

56 Segundo sair a sorte, se repartirá a herança deles entre os muitos e os poucos.

57 E estes são os que foram contados de Levi, segundo as suas famílias: de Gérson, a família dos gersonitas; de Coate, a família dos coatitas; de Merari, a família dos meraritas.

58 Estas são as famílias de Levi: a família dos libnitas, a família dos hebronitas, a família dos malitas, a família dos musitas, a família dos coraítas; e Coate gerou Anrão.

59 E o nome da mulher de Anrão foi Joquebede, filha de Levi, a qual nasceu a Levi no Egito; e esta a Anrão deu Aarão, e Moisés, e Miriã, sua irmã.

60

E a Aarão nasceram Nadabe, Abiú, Eleazar, e Itamar.

61 Porém Nadabe e Abiú morreram quando ofereceram fogo estranho perante o Senhor.

62 E os que deles foram contados eram vinte e três mil, todo homem da idade de um mês e acima; porque estes não foram contados entre os filhos de Israel, porquanto não lhes foi dada herança entre os filhos de Israel.

63 Esses são os que foram contados por Moisés e Eleazar, o sacerdote, que contaram os filhos de Israel nas campinas de Moabe, junto do Jordão, na altura de Jericó.

64 E entre estes nenhum houve dos que foram contados por Moisés e Aarão, o sacerdote, quando contaram os filhos de Israel no deserto de Sinai.

65 Porque o Senhor dissera deles que certamente morreriam no deserto; e nenhum deles ficou, senão Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.

Capítulo 27

Explica-se a lei de herança para filhos, filhas e parentes — Moisés verá a terra prometida mas não entrará nela — Josué é chamado e designado para liderar Israel.

1

E chegaram as filhas de Zelofeade, filho de Hefer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, entre as famílias de Manassés, filho de José; e estes são os nomes de suas filhas: Maalá, Noa, Hogla, Milca, e Tirza;

2 E puseram-se diante de Moisés, e diante de Eleazar, o sacerdote, e diante dos príncipes e de toda a congregação, à porta da tenda da congregação, dizendo:

3 Nosso pai morreu no deserto, e não estava entre os que se congregaram contra o Senhor na congregação de Coré; mas morreu no seu próprio pecado, e não teve filhos.

4 Por que se tiraria o nome de nosso pai do meio da sua família, porquanto não teve filhos? Dá-nos possessão entre os irmãos de nosso pai.

5 E Moisés levou a causa delas perante o Senhor.

6 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

7 As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; e a herança de seu pai farás passar a elas.

8 E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Quando alguém morrer, e não tiver filho, então fareis passar a sua herança à sua filha.

9 E se não tiver filha, então a sua herança dareis a seus irmãos.

10

Porém, se não tiver irmãos, então dareis a sua herança aos irmãos de seu pai.

11 Se também seu pai não tiver irmãos, então a sua herança dareis a seu parente, àquele que lhe for o mais chegado da sua família, para que a possua; para os filhos de Israel isso será estatuto de direito, como o Senhor ordenou a Moisés.

12 Depois disse o Senhor a Moisés: Sobe a este monte Abarim, e vê a terra que dei aos filhos de Israel.

13 E tendo-a visto, então serás recolhido ao teu povo, assim como foi recolhido teu irmão Aarão;

14 Porquanto rebeldes fostes no deserto de Zim, na contenda da congregação, ao meu mandado de me santificar nas águas diante dos seus olhos; essas são as águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim.

15 Então falou Moisés ao Senhor, dizendo:

16 Que o Senhor, Deus dos espíritos de toda a carne, ponha um homem sobre esta congregação,

17 Que saia diante deles, e que entre diante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar; para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor.

18 Então disse o Senhor a Moisés: Toma para ti Josué, filho de Num, homem em quem o espírito, e põe a tua mão sobre ele.

19 E apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação, e dá-lhe mandamentos aos olhos deles.

20

E põe sobre ele parte da tua glória, para que toda a congregação dos filhos de Israel obedeça.

21 E se porá perante Eleazar, o sacerdote, o qual por ele consultará, segundo o juízo de Urim, perante o Senhor; conforme a sua palavra sairão, e conforme a sua palavra entrarão, ele e todos os filhos de Israel com ele, e toda a congregação.

22 E fez Moisés como o Senhor lhe ordenara; porque tomou Josué, e apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação;

23 E sobre ele pôs as suas mãos, e lhe deu mandamentos, como o Senhor ordenara pela mão de Moisés.

Capítulo 28

Devem ser oferecidos sacrifícios todas as manhãs e todas as noites, no dia do Sábado, no primeiro dia de cada mês, na Páscoa, em cada dia da Festa dos Pães Ázimos e na Festa das Primícias.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Da minha oferta, do meu manjar para as minhas ofertas queimadas, de cheiro suave para mim, tereis cuidado, para me oferecê-las ao seu tempo determinado.

3 E dir-lhes-ás: Esta é a oferta queimada que oferecereis ao Senhor: dois cordeiros de um ano, sem defeito, cada dia, em contínuo holocausto;

4 Um cordeiro sacrificarás pela manhã, e o outro cordeiro sacrificarás de tarde;

5 E a décima parte de um efa de flor de farinha como oferta de manjares, misturada com a quarta parte de um him de azeite batido.

6 Esse é o holocausto contínuo, instituído no monte Sinai, em cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.

7 E a sua libação será a quarta parte de um him para um cordeiro; no santuário oferecerás a libação de bebida forte ao Senhor.

8 E o outro cordeiro oferecerás de tarde, como a oferta de manjares da manhã, e como a sua libação o oferecerás como oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.

9 Porém, no dia do sábado, dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de flor de farinha, misturada com azeite, como oferta de manjares, com a sua libação.

10

Holocausto é de cada sábado, além do holocausto contínuo, e a sua libação.

11 E nos princípios dos vossos meses oferecereis, em holocausto ao Senhor, dois bezerros e um carneiro, sete cordeiros de um ano, sem defeito;

12 E três décimas de flor de farinha misturada com azeite, como oferta de manjares, para um bezerro; e duas décimas de flor de farinha misturada com azeite, como oferta de manjares, para um carneiro.

13 E uma décima de flor de farinha misturada com azeite, como oferta de manjares, para um cordeiro; holocausto é de cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.

14 E as suas libações serão a metade de um him de vinho para um bezerro, e a terça parte de um him para um carneiro, e a quarta parte de um him para um cordeiro; esse é o holocausto da lua nova de cada mês, segundo os meses do ano.

15 Também um bode para oferta pelo pecado ao Senhor, além do holocausto contínuo, com a sua libação se oferecerá.

16 Porém no mês primeiro, aos quatorze dias do mês, é a páscoa do Senhor.

17 E aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; sete dias se comerão pães ázimos.

18 No primeiro dia haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis;

19 Mas oferecereis oferta queimada em holocausto ao Senhor, dois bezerros e um carneiro, e sete cordeiros de um ano; ser-vos-ão eles sem defeito.

20

E a sua oferta de manjares será de flor de farinha misturada com azeite; oferecereis três décimas para um bezerro, e duas décimas para um carneiro.

21 Para cada cordeiro oferecereis uma décima, para cada um dos sete cordeiros;

22 E um bode para oferta pelo pecado, para fazer expiação por vós.

23 Essas coisas oferecereis, além do holocausto da manhã, que é o holocausto contínuo.

24 Dessa maneira, cada dia oferecereis, por sete dias, o manjar da oferta queimada em cheiro suave ao Senhor; além do holocausto contínuo, se oferecerá isso com a sua libação.

25 E no sétimo dia tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis.

26 Semelhantemente, tereis santa convocação no dia das primícias, quando oferecerdes oferta nova de manjares ao Senhor, segundo as vossas semanas; nenhuma obra servil fareis.

27 Então oferecereis ao Senhor em holocausto, em cheiro suave, dois bezerros, um carneiro e sete cordeiros de um ano;

28 E a sua oferta de manjares de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para um bezerro, duas décimas para um carneiro;

29 Para cada cordeiro, uma décima, para cada um dos sete cordeiros;

30

Um bode para fazer expiação por vós.

31 Além do holocausto contínuo, e a sua oferta de manjares, os oferecereis (ser-vos-ão eles sem defeito) com as suas libações.

Capítulo 29

Devem ser oferecidos sacrifícios no sétimo mês, inclusive na Festa das Trombetas e na Festa dos Tabernáculos.

1

Semelhantemente, tereis santa convocação no sétimo mês, no primeiro dia do mês; nenhuma obra servil fareis; servos-á um dia de sonido de buzinas.

2 Então em holocausto, em cheiro suave ao Senhor, oferecereis um bezerro, um carneiro e sete cordeiros de um ano, sem defeito.

3 E sua oferta de manjares será de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para o bezerro, e duas décimas para o carneiro,

4 E uma décima para um cordeiro, para cada um dos sete cordeiros.

5 E um bode para oferta pelo pecado, para fazer expiação por vós;

6 Além do holocausto do mês, e a sua oferta de manjares, e o holocausto contínuo, e a sua oferta de manjares, com as suas libações, segundo o seu estatuto, em cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.

7 E no dia dez deste sétimo mês tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; nenhuma obra fareis.

8 Mas em holocausto, em cheiro suave ao Senhor, oferecereis um bezerro, um carneiro e sete cordeiros de um ano; ser-vos-ão eles sem defeito.

9 E sua oferta de manjares será de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para o bezerro, duas décimas para o carneiro,

10

E uma décima para um cordeiro, para cada um dos sete cordeiros;

11 Um bode para oferta pelo pecado, além da oferta pelo pecado para expiação, e o holocausto contínuo, e a sua oferta de manjares com as suas libações.

12 Semelhantemente, aos quinze dias deste sétimo mês tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis; mas sete dias celebrareis festa ao Senhor.

13 E em holocausto, como oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor, oferecereis treze bezerros, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano; ser-vos-ão eles sem defeito.

14 E sua oferta de manjares será de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para um bezerro, para cada um dos treze bezerros, duas décimas para cada um dos dois carneiros;

15 E para um cordeiro, uma décima, para cada um dos quatorze cordeiros;

16 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, a sua oferta de manjares e a sua libação.

17 Depois, no segundo dia, doze bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros de um ano, sem defeito;

18 E a sua oferta de manjares e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

19 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, a sua oferta de manjares e as suas libações.

20

E no terceiro dia, onze bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros de um ano, sem defeito;

21 E as suas ofertas de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

22 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, e a sua oferta de manjares e a sua libação.

23 E no quarto dia, dez bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros de um ano, sem defeito;

24 A sua oferta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o número, segundo o estatuto;

25 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, a sua oferta de manjares e a sua libação.

26 E no quinto dia, nove bezerros, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano, sem defeito;

27 E a sua oferta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o número, segundo o estatuto;

28 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, e a sua oferta de manjares e a sua libação.

29 E no sexto dia, oito bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros de um ano, sem defeito;

30

E a sua oferta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

31 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, a sua oferta de manjares e a sua libação.

32 E no sétimo dia, sete bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros de um ano, sem defeito;

33 E a sua oferta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o seu estatuto,

34 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, a sua oferta de manjares e a sua libação.

35 No oitavo dia tereis assembleia solene; nenhuma obra servil fareis;

36 E em holocausto, como oferta queimada de cheiro suave ao Senhor, oferecereis um bezerro, um carneiro, sete cordeiros de um ano, sem defeito;

37 A sua oferta de manjares e as suas libações para o bezerro, para o carneiro e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto,

38 E um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo, e a sua oferta de manjares e a sua libação.

39 Essas coisas fareis ao Senhor nas vossas solenidades, além dos vossos votos, e das vossas ofertas voluntárias, com os vossos holocaustos, e com as vossas ofertas de manjares, e com as vossas libações, e com as vossas ofertas pacíficas.

40

E falou Moisés aos filhos de Israel, conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés.

Capítulo 30

Os votos e juramentos devem ser cumpridos — O pai pode invalidar o voto das filhas, e o marido pode invalidar o voto da esposa.

1

E falou Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor ordenou:

2 Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou jurar juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo o que saiu da sua boca, fará.

3 Também quando uma mulher fizer voto ao Senhor, e com obrigação se ligar, estando em casa de seu pai, na sua mocidade,

4 E seu pai ouvir o seu voto e a sua obrigação, com que ligou a sua alma, e seu pai se calar para com ela, todos os seus votos serão válidos, e toda obrigação com que ligou a sua alma será válida.

5 Mas se seu pai lhe tolher no dia que tal ouvir, todos os seus votos e as suas obrigações, com que tiver ligado a sua alma, não serão válidos; mas o Senhor lho perdoará, porquanto seu pai lhos tolheu.

6 E se ela tiver marido, e estiver obrigada a alguns votos, ou ao que proferiu temerariamente com os seus lábios, com que tiver ligado a sua alma;

7 E seu marido o ouvir, e se calar para com ela no dia em que o ouvir, os seus votos serão válidos; e as suas obrigações com que ligou a sua alma serão válidas.

8 Mas se seu marido lho tolher no dia em que o ouvir, e anular o seu voto a que estava obrigada, como também o que proferiu temerariamente com os seus lábios, com que ligou a sua alma, o Senhor lho perdoará.

9 No tocante ao voto da viúva, ou da repudiada, tudo com que ligar a sua alma, sobre ela será válido.

10

Porém se fez voto na casa de seu marido, ou ligou a sua alma com obrigação de juramento,

11 E seu marido o ouviu, e se calou para com ela, e não lho tolheu, todos os seus votos serão válidos, e toda obrigação, com que ligou a sua alma, será válida.

12 Porém se seu marido lhos anulou no dia em que os ouviu; tudo quanto saiu dos seus lábios, quer dos seus votos, quer da obrigação da sua alma, não será válido; seu marido lhos anulou, e o Senhor lho perdoará.

13 Todo voto, e todo juramento de obrigação, para afligir a alma, seu marido o confirmará, ou anulará.

14 Porém, se seu marido de dia em dia se calar inteiramente para com ela, então ele confirma todos os seus votos e todas as suas obrigações, que estiverem sobre ela; ele os confirmou, porquanto se calou para com ela no dia em que o ouviu.

15 Porém se de todo lhos anular depois que o ouviu, então ele levará a iniquidade dela.

16 Esses são os estatutos que o Senhor ordenou a Moisés entre o marido e sua mulher; entre o pai e sua filha, na sua mocidade, em casa de seu pai.

Capítulo 31

Moisés envia 12.000 homens à guerra, e eles destroem os midianitas — O espólio é dividido em Israel — Ninguém dos exércitos de Israel foi morto.

1

E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois recolhido serás ao teu povo.

3 Falou, pois, Moisés ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra, e saiam contra os midianitas, para executarem a vingança do Senhor contra os midianitas.

4 Mil de cada tribo entre todas as tribos de Israel enviareis à guerra.

5 Assim, foram dados, dos milhares de Israel, mil de cada tribo; doze mil armados para a peleja.

6 E Moisés os mandou à guerra, mil de cada tribo, eles e Fineias, filho de Eleazar, sacerdote, à guerra com os objetos sagrados, e com as trombetas de alarido na sua mão.

7 E pelejaram contra os midianitas, como o Senhor ordenara a Moisés; e mataram todos os homens.

8 Mataram também, além dos que já haviam sido mortos, os reis dos midianitas: Evi, e Requém, e Zur, e Hur, e Reba, cinco reis dos midianitas; também Balaão, filho de Beor, mataram à espada.

9 Porém os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas, e os seus pequeninos; também levaram todos os seus animais, e todo o seu gado, e todos os seus bens como despojo.

10

E queimaram a fogo todas as suas cidades, com todas as suas habitações, e todos os seus acampamentos.

11 E tomaram todo o despojo e toda a presa de homens e de animais.

12 E levaram a Moisés e a Eleazar, o sacerdote, e à congregação dos filhos de Israel, os cativos, e a presa, e o despojo, para o acampamento nas campinas de Moabe, que estão junto do Jordão, na altura de Jericó.

13 Porém Moisés e Eleazar, o sacerdote, e todos os príncipes da congregação saíram para recebê-los fora do acampamento.

14 E indignou-se Moisés grandemente contra os oficiais do exército, capitães de mil e capitães de cem, que vinham do serviço daquela guerra.

15 E Moisés disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres?

16 Eis que essas foram as que, por conselho de Balaão, fizeram os filhos de Israel transgredir contra o Senhor, no caso de Peor; pelo que houve aquela praga entre a congregação do Senhor.

17 Agora, pois, matai todos os meninos entre as crianças; e matai toda mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele.

18 Porém todas as meninas, que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, para vós deixai viver.

19 E vós, alojai-vos sete dias fora do acampamento; qualquer que tiver matado alguma pessoa, e qualquer que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia, e ao sétimo dia vos purificareis, a vós e a vossos cativos.

20

Também purificareis todas as roupas, e toda obra de peles, e toda obra de pelos de cabras, e todo objeto de madeira.

21 E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens da guerra, que partiram à peleja: Este é o estatuto da lei que o Senhor ordenou a Moisés.

22 Contudo o ouro, e a prata, o bronze, o ferro, o estanho, e o chumbo,

23 Toda coisa que pode suportar o fogo fareis passar pelo fogo, para que fique limpa; todavia se purificará com água da separação; mas tudo que não pode suportar o fogo, o fareis passar pela água.

24 Também lavareis as vossas roupas ao sétimo dia, para que fiqueis limpos; e depois entrareis no acampamento.

25 Falou mais o Senhor a Moisés dizendo:

26 Toma a soma da presa dos prisioneiros, de homens, e de animais, tu e Eleazar, o sacerdote, e os cabeças das casas dos pais da congregação;

27 E divide a presa em duas metades, entre os que empreenderam a peleja, e saíram à guerra, e toda a congregação.

28 Então para o Senhor tomará o tributo dos homens de guerra, que saíram à guerra, de cada quinhentos uma alma, dos homens, e dos bois, e dos jumentos e das ovelhas.

29 Da sua metade o tomareis, e o dareis a Eleazar, o sacerdote, como uma oferta alçada do Senhor.

30

Mas da metade dos filhos de Israel tomarás de cada cinquenta um, dos homens, dos bois, dos jumentos, e das ovelhas, de todos os animais; e os darás aos levitas que têm o encargo do serviço do tabernáculo do Senhor.

31 E fizeram Moisés e Eleazar, o sacerdote, como o Senhor ordenara a Moisés.

32 Foi, pois, a presa, o restante do despojo, que tomaram os homens de guerra, seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas;

33 E setenta e dois mil bois;

34 E sessenta e um mil jumentos;

35 E das mulheres que não conheceram homem algum deitando-se com ele, todas as almas foram trinta e duas mil.

36 E a metade, a parte dos que saíram à guerra, foi em número de trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas.

37 E das ovelhas foi o tributo para o Senhor seiscentas e setenta e cinco.

38 E foram os bois trinta e seis mil; e o seu tributo para o Senhor, setenta e dois.

39 E foram os jumentos trinta mil e quinhentos; e o seu tributo para o Senhor, sessenta e um.

40

E houve de almas humanas dezesseis mil; e o seu tributo para o Senhor, trinta e duas almas.

41 E deu Moisés a Eleazar, o sacerdote, o tributo da oferta alçada do Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

42 E da metade dos filhos de Israel que Moisés separara dos homens que pelejaram,

43 (A metade para a congregação foi: das ovelhas, trezentas e trinta e sete mil e quinhentas;

44 E dos bois, trinta e seis mil;

45 E dos jumentos, trinta mil e quinhentos;

46 E das almas humanas, dezesseis mil);

47 Dessa metade dos filhos de Israel, Moisés tomou um de cada cinquenta, de homens e de animais, e os deu aos levitas, que tinham o encargo do serviço do tabernáculo do Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

48 Então chegaram-se a Moisés os oficiais que estavam sobre os milhares do exército, os capitães de mil, e os capitães de cem;

49 E disseram a Moisés: Teus servos tomaram a soma dos homens de guerra que estiveram sob a nossa mão; e nenhum falta dentre nós.

50

Pelo que trouxemos uma oferta ao Senhor, cada um o que achou, objetos de ouro, braceletes, e pulseiras, anéis, brincos, e colares, para fazer expiação por nós perante o Senhor.

51 Assim, Moisés e Eleazar o sacerdote tomaram deles o ouro; sendo todos os objetos bem trabalhados.

52 E foi todo o ouro da oferta alçada, que ofereceram ao Senhor, dezesseis mil e setecentos e cinquenta siclos, dos capitães de mil e dos capitães de cem.

53 (Pois os homens de guerra, cada um tinha tomado presa para si).

54 Tomaram, pois, Moisés e Eleazar, o sacerdote, o ouro dos capitães de mil e de cem, e o levaram à tenda da congregação como memorial para os filhos de Israel perante o Senhor.

Capítulo 32

Rúben e Gade e metade da tribo de Manassés recebem a sua herança a leste do Jordão — Eles fazem convênio de unir-se às outras tribos na conquista de Canaã.

1

E os filhos de Rúben e os filhos de Gade tinham muito gado, em grande quantidade; e viram a terra de Jazer, e a terra de Gileade, e eis que o lugar era lugar de gado.

2 Foram, pois, os filhos de Gade e os filhos de Rúben, e falaram a Moisés e a Eleazar, o sacerdote, e aos príncipes da congregação, dizendo:

3 Atarote, e Dibom, e Jazer, e Ninra, e Hesbom, e Eleale, e Sebã, e Nebo, e Beom,

4 A terra que o Senhor conquistou diante da congregação de Israel, é terra de gado, e os teus servos têm gado.

5 Disseram mais: Se achamos graça aos teus olhos, dê-se esta terra aos teus servos em possessão; e não nos faças passar o Jordão.

6 Porém Moisés disse aos filhos de Gade e aos filhos de Rúben: Irão vossos irmãos à peleja, e ficareis vós aqui?

7 Por que, pois, desencorajais o coração dos filhos de Israel, para que não passem à terra que o Senhor lhes deu?

8 Assim fizeram vossos pais, quando os mandei de Cades-Barneia, para ver esta terra.

9 Chegando eles até o vale de Escol, e vendo esta terra, desencorajaram o coração dos filhos de Israel, para que não fossem à terra que o Senhor lhes tinha dado.

10

Então a ira do Senhor se acendeu naquele mesmo dia, e jurou, dizendo:

11 Os homens, que subiram do Egito, de vinte anos e acima, não verão a terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó! Porquanto não perseveraram em seguir-me;

12 Exceto Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e Josué, filho de Num, porquanto perseveraram em seguir ao Senhor.

13 Assim, se acendeu a ira do Senhor contra Israel, e fê-los andar errantes até que se consumiu toda aquela geração, que fizera mal aos olhos do Senhor.

14 E eis que vós, uma multidão de homens pecadores, vos levantastes em lugar de vossos pais, para ainda mais aumentar o furor da ira do Senhor contra Israel.

15 Se vós vos desviardes de segui-lo, também ele os deixará de novo no deserto, e destruireis todo este povo.

16 Então chegaram-se a ele, e disseram: Edificaremos currais aqui para o nosso gado, e cidades para os nossos pequeninos;

17 Porém nós nos armaremos, apressando-nos diante dos filhos de Israel, até que os levemos ao seu lugar; e ficarão os nossos pequeninos nas cidades fortificadas por causa dos moradores da terra.

18 Não voltaremos para nossas casas até que os filhos de Israel estejam de posse cada um da sua herança.

19 Porque não herdaremos com eles além do Jordão, nem mais adiante; porquanto nós já teremos a nossa herança aquém do Jordão ao oriente.

20

Então Moisés lhes disse: Se assim o fizerdes, se vos armardes para a guerra perante o Senhor,

21 E cada um de vós, armado, passar o Jordão perante o Senhor, até que haja lançado fora os seus inimigos de diante dele,

22 E a terra esteja subjugada perante o Senhor, então voltareis depois, e sereis inculpáveis perante o Senhor e perante Israel; e esta terra vos será por possessão perante o Senhor.

23 E se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o Senhor; porém sabei que o vosso pecado vos há de achar.

24 Edificai cidades para os vossos pequeninos, e currais para as vossas ovelhas; e fazei o que saiu da vossa boca.

25 Então falaram os filhos de Gade, e os filhos de Rúben a Moisés, dizendo: Como ordena meu senhor, assim farão teus servos.

26 Os nossos pequeninos, as nossas mulheres, os nossos rebanhos, e todos os nossos animais estarão aí nas cidades de Gileade.

27 Mas os teus servos passarão, cada um armado para a guerra, perante o Senhor, para pelejar, como disse meu senhor.

28 Então Moisés deu ordem acerca deles a Eleazar, o sacerdote, e a Josué, filho de Num, e aos cabeças das casas dos pais das tribos dos filhos de Israel;

29 E disse-lhes Moisés: Se os filhos de Gade, e os filhos de Rúben passarem convosco o Jordão, armado cada um para a guerra perante o Senhor, e a terra estiver subjugada diante de vós, em possessão lhes dareis a terra de Gileade;

30

Porém se não passarem armados convosco, então terão possessões entre vós na terra de Canaã.

31 E responderam os filhos de Gade e os filhos de Rúben, dizendo: O que o Senhor falou a teus servos, isso faremos.

32 Nós passaremos armados perante o Senhor à terra de Canaã, e teremos a possessão de nossa herança aquém do Jordão.

33 Assim, deu-lhes Moisés, aos filhos de Gade, e aos filhos de Rúben, e à meia tribo de Manassés, filho de José, o reino de Siom, rei dos amorreus, e o reino de Ogue, rei de Basã; a terra com as suas cidades nos seus termos, as cidades do seu entorno.

34 E os filhos de Gade edificaram Dibom, e Atarote, e Aroer;

35 E Atarote-Sofã, e Jazer, e Jogbeá;

36 E Bete-Ninra, e Bete-Harã, cidades fortificadas; e currais de ovelhas.

37 E os filhos de Rúben edificaram Hesbom, e Eleal, e Quiriataim;

38 E Nebo, e Baal-Meom, mudando-lhes o nome, e Sibma; e os nomes das cidades que edificaram chamaram por outros nomes.

39 E os filhos de Maquir, filho de Manassés, foram para Gileade, e a tomaram, e desapossaram os amorreus, que estavam nela.

40

Assim, Moisés deu Gileade a Maquir, filho de Manassés, o qual habitou nela.

41 E foi Jair, filho de Manassés, e tomou as suas aldeias; e chamou-as Havote-Jair.

42 E foi Nobá, e tomou Quenate com as suas aldeias; e chamou-a Nobá, segundo o seu nome.

Capítulo 33

São relembradas as jornadas de Israel do Egito até Canaã — O povo recebe o mandamento de expulsar os habitantes da terra — Todos os habitantes remanescentes afligirão Israel.

1

Estas são as jornadas dos filhos de Israel, que saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, pela mão de Moisés e Aarão.

2 E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas partidas, conforme o mandado do Senhor; e estas são as suas jornadas segundo as suas saídas.

3 Partiram, pois, de Ramessés no mês primeiro, no dia quinze do primeiro mês; no dia seguinte à páscoa saíram os filhos de Israel com mão erguida, aos olhos de todos os egípcios,

4 Enterrando os egípcios os que o Senhor tinha matado entre eles, todos os primogênitos, e havendo o Senhor executado os seus juízos contra os seus deuses.

5 Partiram, pois, os filhos de Israel de Ramessés, e acamparam em Sucote.

6 E partiram de Sucote, e acamparam em Etã, que está no fim do deserto.

7 E partiram de Etã, e viraram-se para Pi-Hairote, que está defronte de Baal-Zefom, e acamparam diante de Migdol.

8 E partiram de Hairote, e passaram pelo meio do mar ao deserto, e andaram caminho de três dias no deserto de Etã, e acamparam em Mara.

9 E partiram de Mara, e foram a Elim, e em Elim havia doze fontes de águas, e setenta palmeiras, e acamparam ali.

10

E partiram de Elim, e acamparam junto ao Mar Vermelho.

11 E partiram do Mar Vermelho, e acamparam no deserto de Sim.

12 E partiram do deserto de Sim, e acamparam em Dofca.

13 E partiram de Dofca, e acamparam em Alus.

14 E partiram de Alus, e acamparam em Refidim; porém não havia ali água, para que o povo bebesse.

15 Partiram, pois, de Refidim, e acamparam no deserto de Sinai.

16 E partiram do deserto de Sinai, e acamparam em Quibrote-Ataavá.

17 E partiram de Quibrote-Ataavá, e acamparam em Hazerote.

18 E partiram de Hazerote, e acamparam em Ritmá.

19 E partiram de Ritmá, e acamparam em Rimom-Perez.

20

E partiram de Rimom-Perez, e acamparam em Libna.

21 E partiram de Libna, e acamparam em Rissa.

22 E partiram de Rissa, e acamparam em Queelata.

23 E partiram de Queelata, e acamparam no monte Séfer.

24 E partiram do monte Séfer, e acamparam em Harada.

25 E partiram de Harada, e acamparam em Maquelote.

26 E partiram de Maquelote, e acamparam em Taate.

27 E partiram de Taate, e acamparam em Tara.

28 E partiram de Tara, e acamparam em Mitca.

29 E partiram de Mitca, e acamparam em Hasmona.

30

E partiram de Hasmona, e acamparam em Moserote.

31 E partiram de Moserote, e acamparam em Bene-Jaacã.

32 E partiram de Bene-Jaacã, e acamparam em Hor-Hagidgade.

33 E partiram de Hor-Hagidgade, e acamparam em Jotbata.

34 E partiram de Jotbata, e acamparam em Abrona.

35 E partiram de Abrona, e acamparam em Eziom-Geber.

36 E partiram de Eziom-Geber, e acamparam no deserto de Zim, que é Cades.

37 E partiram de Cades, e acamparam no monte Hor, no fim da terra de Edom.

38 Então Aarão, o sacerdote, subiu ao monte Hor, conforme o mandado do Senhor; e morreu ali no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia do mês.

39 E Aarão tinha cento e vinte e três anos de idade quando morreu no monte Hor.

40

E ouviu o cananeu, rei de Arade, que habitava no sul na terra de Canaã, que chegavam os filhos de Israel.

41 E partiram do monte Hor, e acamparam em Zalmona.

42 E partiram de Zalmona, e acamparam em Punom.

43 E partiram de Punom, e acamparam em Obote.

44 E partiram de Obote, e acamparam em Ijé-Abarim, no termo de Moabe.

45 E partiram de Ijé-Abarim, e acamparam em Dibom-Gade.

46 E partiram de Dibom-Gade, e acamparam em Almom-Diblataim.

47 E partiram de Almom-Diblataim, e acamparam nos montes de Abarim, defronte de Nebo.

48 E partiram dos montes de Abarim, e acamparam nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, na altura de Jericó.

49 E acamparam junto ao Jordão, desde Bete-Jesimote até Abel-Sitim, nas campinas dos moabitas.

50

E falou o Senhor a Moisés, nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, na altura de Jericó, dizendo:

51 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes passado o Jordão para a terra de Canaã,

52 Lançareis fora todos os moradores da terra de diante de vós, e destruireis todas as suas pinturas; também destruireis todas as suas imagens de fundição, e desfareis todos os seus altos;

53 E tomareis a terra em possessão, e nela habitareis; porquanto vos dei esta terra, para possuí-la.

54 E por sorte herdareis a terra segundo as vossas famílias; aos que são muitos multiplicareis a herança, e aos que são poucos diminuireis a herança; onde a sorte sair a alguém, ali a terá; segundo as tribos de vossos pais tomareis as heranças.

55 Mas se não lançardes fora os moradores da terra de diante de vós, então os que deixardes ficar deles vos serão como farpas nos vossos olhos, e como espinhos nas vossas ilhargas, e afligir-vos-ão na terra em que habitardes.

56 E acontecerá que farei a vós como pensei fazer a eles.

Capítulo 34

Moisés determina os limites da herança de Israel em Canaã e nomeia os príncipes das tribos que repartirão a terra.

1

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra de Canaã, esta há de ser a terra que vos cairá em herança; a terra de Canaã, segundo os seus termos.

3 O lado do sul vos será desde o deserto de Zim até as termos de Edom; e o termo do sul vos será desde a extremidade do mar salgado para o lado do oriente,

4 E esse termo vos irá rodeando do sul para a subida de Acrabim, e continuará até Zim; e as suas saídas serão do sul a Cades-Barneia; e sairá para Hazar-Adar, e continuará até Azmom;

5 E rodeará mais esse termo de Azmom até o rio do Egito; e as suas saídas serão para o lado do mar.

6 Acerca do termo do ocidente, o mar grande vos será por termo; este vos será o termo do ocidente.

7 E esse vos será o termo do norte; desde o mar grande a marcareis até o monte Hor.

8 Desde o monte Hor marcareis até a entrada de Hamate; e as saídas desse termo serão até Zedade.

9 E esse termo sairá até Zifrom, e as suas saídas serão em Hazar-Enã; esse vos será o termo do norte.

10

E por termo do lado do oriente marcareis de Hazar-Enã até Sefã.

11 E esse termo descerá desde Sefã até Ribla, para o lado do oriente de Aim; depois descerá esse termo, e irá ao longo da borda do mar de Quinerete para o lado do oriente.

12 Descerá também esse termo ao longo do Jordão, e as suas saídas serão no mar salgado; essa vos será a terra, segundo os seus termos ao redor.

13 E Moisés deu ordem aos filhos de Israel, dizendo: Esta é a terra que tomareis por sorte como herança, a qual o Senhor mandou dar às nove tribos e à meia tribo.

14 Porque a tribo dos filhos dos rubenitas, segundo a casa de seus pais, e a tribo dos filhos dos gaditas, segundo a casa de seus pais, já receberam; também a meia tribo de Manassés recebeu a sua herança.

15 Já duas tribos e meia tribo receberam a sua herança aquém do Jordão, na altura de Jericó, do lado do oriente, para o nascente.

16 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

17 Estes são os nomes dos homens que vos repartirão a terra por herança: Eleazar, o sacerdote, e Josué, o filho de Num.

18 E tomareis um príncipe de cada tribo, para repartir a terra em herança.

19 E estes são os nomes dos homens: Da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné;

20

E da tribo dos filhos de Simeão, Samuel, filho de Amiúde;

21 Da tribo de Benjamim, Elidade, filho de Quislom;

22 E da tribo dos filhos de Dã, o príncipe Buqui, filho de Jogli;

23 Dos filhos de José, da tribo dos filhos de Manassés, o príncipe Haniel, filho de Éfode;

24 E da tribo dos filhos de Efraim, o príncipe Quemuel, filho de Siftã;

25 E da tribo dos filhos de Zebulom, o príncipe Elizafã, filho de Parnaque;

26 E da tribo dos filhos de Issacar, o príncipe Paltiel, filho de Azã;

27 E da tribo dos filhos de Aser, o príncipe Aiúde, filho de Selomi;

28 E da tribo dos filhos de Naftali, o príncipe Pedael, filho de Amiúde.

29 Esses são aqueles a quem o Senhor ordenou que repartissem as heranças aos filhos de Israel na terra de Canaã.

Capítulo 35

Os levitas terão as suas próprias cidades — Estabelecem-se cidades de refúgio para culpados de homicídio — Os homicidas serão executados pelo vingador do sangue.

1

E falou o Senhor a Moisés nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, na altura de Jericó, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos de Israel que, da herança da sua possessão, deem cidades aos levitas, em que habitem; e também aos levitas dareis arrabaldes ao redor delas.

3 E terão essas cidades para habitá-las; porém os seus arrabaldes serão para o seu gado, e para os seus bens, e para todos os seus animais.

4 E os arrabaldes das cidades que dareis aos levitas, desde o muro da cidade para fora, serão de mil côvados em redor.

5 E de fora da cidade, do lado do oriente, medireis dois mil côvados, e do lado do sul dois mil côvados, e do lado do ocidente dois mil côvados, e do lado do norte dois mil côvados, e a cidade estará no meio; isso terão como arrabaldes das cidades.

6 Das cidades, pois, que dareis aos levitas, haverá seis cidades de refúgio, as quais dareis para que o homicida ali se acolha; e além dessas lhes dareis quarenta e duas cidades.

7 Todas as cidades que dareis aos levitas serão quarenta e oito cidades, juntamente com os seus arrabaldes.

8 E as cidades que derdes da herança dos filhos de Israel, do que tiver muito tomareis muito, e do que tiver pouco tomareis pouco; cada um dará das suas cidades aos levitas, segundo a sua herança que herdar.

9 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

10

Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando passardes o Jordão à terra de Canaã,

11 Então escolhereis cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para que ali se acolha o homicida que matar alguma pessoa sem intenção.

12 E essas cidades vos serão por refúgio contra o vingador do sangue; para que o homicida não morra, até que esteja perante a congregação para julgamento.

13 E das cidades que derdes haverá seis cidades de refúgio para vós.

14 Três dessas cidades dareis aquém do Jordão, e três dessas cidades dareis na terra de Canaã; cidades de refúgio serão.

15 Serão por refúgio essas seis cidades para os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio deles, para que ali se acolha aquele que matar alguma pessoa sem intenção.

16 Porém se a ferir com instrumento de ferro, e ela morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.

17 Ou se a ferir com uma pedrada, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.

18 Ou se a ferir com instrumento de madeira que tiver na mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente morrerá o homicida.

19 O vingador do sangue matará o homicida; encontrando-o, matá-lo-á.

20

Se também a empurrar com ódio, ou com mau intento lançar contra ela alguma coisa, e ela morrer;

21 Ou por inimizade a ferir com a sua mão, e ela morrer, certamente morrerá o feridor; homicida é; o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.

22 Porém se a empurrar subitamente, sem inimizade, ou contra ela lançar algum instrumento sem mau intento;

23 Ou sobre ela fizer cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ela morrer, e ele não era seu inimigo nem procurava o seu mal,

24 Então a congregação julgará entre o feridor e entre o vingador do sangue, segundo essas leis.

25 E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar à cidade do seu refúgio, onde se tinha acolhido; e ali ficará até a morte do sumo sacerdote, a quem ungiram com o santo óleo.

26 Porém se de alguma maneira o homicida sair dos termos da cidade do seu refúgio, onde se tinha acolhido,

27 E o vingador do sangue o achar fora dos termos da cidade do seu refúgio, se o vingador do sangue matar o homicida, não será culpado do sangue;

28 Pois deve ficar na cidade do seu refúgio até a morte do sumo sacerdote; mas depois da morte do sumo sacerdote, o homicida voltará à terra da sua possessão.

29 E essas coisas vos serão por estatuto de direito pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações.

30

Todo aquele que matar alguma pessoa, o homicida será morto, conforme o depoimento das testemunhas; mas uma testemunha não testemunhará contra alguém para que morra.

31 E não aceitareis resgate pela vida do homicida, que culpado é de morte; pois certamente morrerá.

32 Também não aceitareis resgate por aquele que se acolher à cidade do seu refúgio, para tornar a habitar na terra, antes da morte do sumo sacerdote.

33 Assim não profanareis a terra em que estais; porque o sangue faz profanar a terra; e nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que se derramar nela, senão com o sangue daquele que o derramou.

34 Não contaminareis, pois, a terra na qual vós habitais, no meio da qual eu habito; pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos de Israel.

Capítulo 36

Algumas das filhas de Israel recebem o mandamento de casar-se dentro da própria tribo — As heranças não serão passadas de uma tribo a outra.

1

E chegaram os cabeças dos pais das famílias dos filhos de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, das famílias dos filhos de José, e falaram diante de Moisés, e diante dos príncipes, cabeças dos pais dos filhos de Israel;

2 E disseram: O Senhor mandou meu senhor dar esta terra por sortes, como herança aos filhos de Israel; e a meu senhor foi ordenado pelo Senhor, que a herança do nosso irmão Zelofeade se desse às suas filhas.

3 E casando-se elas com algum dos filhos das outras tribos dos filhos de Israel, então a sua herança seria diminuída da herança de nossos pais, e acrescentada à herança da tribo a que viessem a pertencer; assim se tiraria da sorte da nossa herança.

4 Vindo também o ano do jubileu dos filhos de Israel, a sua herança se acrescentaria à herança da tribo daqueles com quem se casassem; assim a sua herança seria tirada da herança da tribo de nossos pais.

5 Então Moisés deu ordem aos filhos de Israel, segundo o mandado do Senhor, dizendo: A tribo dos filhos de José fala o que é justo.

6 Esta é a palavra que o Senhor ordenou acerca das filhas de Zelofeade, dizendo: Casem-se com quem bem parecer aos seus olhos, contanto que se casem na família da tribo de seu pai.

7 Assim a herança dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se apegarão cada um à herança da tribo de seus pais.

8 E qualquer filha que herdar alguma herança das tribos dos filhos de Israel se casará com alguém da família da tribo de seu pai; para que os filhos de Israel possuam cada um a herança de seus pais.

9 Assim a herança não passará de uma tribo a outra, pois as tribos dos filhos de Israel se apegarão cada uma à sua herança.

10

Como o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram as filhas de Zelofeade.

11 Pois Maalá, Tirza, e Hogla, e Milca, e Noa, filhas de Zelofeade, se casaram com os filhos de seus tios.

12 Casaram-se nas famílias dos filhos de Manassés, filho de José; assim, a sua herança ficou na tribo da família de seu pai.

13 Esses são os mandamentos e os juízos que ordenou o Senhor pela mão de Moisés aos filhos de Israel nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, na altura de Jericó.

O Quinto Livro de Moisés
Chamado
Deuteronômio

Capítulo 1

Moisés começa a relatar tudo o que sucedeu a Israel durante os quarenta anos no deserto — Os filhos de Israel recebem o mandamento de entrar em Canaã e tomar posse da terra — São escolhidos juízes e governantes para auxiliar Moisés — Os espias de Israel fazem um relato ruim — Os adultos de Israel perecerão — Os amorreus derrotam os exércitos de Israel.

1

Estas são as palavras que Moisés falou a todo o Israel além do Jordão, no deserto, na planície defronte do Mar Vermelho, entre Parã e Tôfel, e Labã, e Hazerote, e Di-Zaabe.

2 Onze jornadas desde Horebe, pelo caminho do monte Seir, até Cades-Barneia.

3 E sucedeu que, no ano quadragésimo, no mês undécimo, no primeiro dia do mês, Moisés falou aos filhos de Israel, conforme tudo o que o Senhor lhe ordenara acerca deles,

4 Depois que derrotou Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, e Ogue, rei de Basã, que habitava em Astarote, em Edrei;

5 Além do Jordão, na terra de Moabe, começou Moisés a declarar esta lei, dizendo:

6 O Senhor nosso Deus nos falou em Horebe, dizendo: Tempo bastante haveis estado neste monte.

7 Voltai-vos, e parti, e ide à montanha dos amorreus, e a todos os seus vizinhos, à planície, e à montanha, e ao vale, e ao sul, e à ribeira do mar; à terra dos cananeus, e ao Líbano, até o grande rio, o rio Eufrates.

8 Vede aqui esta terra que pus diante de vós; entrai e possuí a terra que o Senhor jurou a vossos pais, Abraão, Isaque, e Jacó, que a daria a eles e à sua semente depois deles.

9 E no mesmo tempo eu vos falei, dizendo: Eu não poderei levar-vos sozinho.

10

O Senhor vosso Deus já vos multiplicou; e eis que hoje em multidão sois como as estrelas dos céus.

11 O Senhor Deus de vossos pais vos aumente ainda mil vezes mais do que sois; e vos abençoe, como vos falou.

12 Como suportaria eu sozinho os vossos fardos, e as vossas cargas, e as vossas contendas?

13 Tomai homens sábios, e de discernimento, e experimentados entre as vossas tribos, para que eu os ponha por cabeças sobre vós.

14 Então vós me respondestes, e dissestes: Bom é fazer o que falaste.

15 Tomei, pois, os cabeças de vossas tribos, homens sábios e experimentados, e os pus por cabeças sobre vós, por capitães de mil, e por capitães de cem, e por capitães de cinquenta, e por capitães de dez, e por governadores das vossas tribos.

16 E no mesmo tempo ordenei a vossos juízes, dizendo: Ouvi a causa entre vossos irmãos, e julgai justamente entre o homem e seu irmão, e entre o estrangeiro que está com ele.

17 Não fareis acepção de pessoas em juízo, ouvireis assim o pequeno como o grande; não temereis a face de ninguém, porque o juízo é de Deus; porém a causa que vos for difícil fareis vir a mim, e eu a ouvirei.

18 Assim, naquele tempo vos ordenei todas as coisas que havíeis de fazer.

19 Então partimos de Horebe, e caminhamos por todo aquele grande e terrível deserto que vistes, pelo caminho das montanhas dos amorreus, como o Senhor nosso Deus nos ordenara; e chegamos a Cades-Barneia.

20

Então eu vos disse: Chegastes às montanhas dos amorreus, que o Senhor nosso Deus nos dá.

21 Eis que o Senhor teu Deus pôs esta terra diante de ti; sobe, possui-a, como te falou o Senhor Deus de teus pais; não temas, e não te assustes.

22 Então todos vós chegastes a mim, e dissestes: Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra, e nos deem resposta, por que caminho devemos subir a ela, e a que cidades devemos ir.

23 Isso me pareceu bem; e de vós tomei doze homens; de cada tribo, um homem.

24 E foram-se, e subiram à montanha, e foram até o vale de Escol, e o espiaram.

25 E tomaram do fruto da terra nas suas mãos, e no-lo trouxeram, e nos deram resposta, e disseram: Boa é a terra que nos dá o Senhor nosso Deus.

26 Porém vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes ao mandado do Senhor nosso Deus.

27 E murmurastes nas vossas tendas, e dissestes: Porquanto o Senhor nos odeia, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus, para destruir-nos.

28 Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se atemorizasse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto é este povo do que nós, as cidades são grandes e fortificadas até os céus, e também vimos ali filhos dos gigantes.

29 Então eu vos disse: Não vos espanteis, nem os temais.

30

O Senhor vosso Deus que vai adiante de vós, ele por vós pelejará, conforme tudo o que fez convosco, diante de vossos olhos, no Egito;

31 Como também no deserto, onde viste que o Senhor teu Deus nele te levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este lugar.

32 Mas nem por isso crestes no Senhor vosso Deus,

33 Que foi adiante de vós por todo o caminho, para vos achar o lugar onde vós deveríeis acampar; de noite no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar, e de dia na nuvem.

34 Ouvindo, pois, o Senhor a voz das vossas palavras, indignou-se, e jurou, dizendo:

35 Nenhum dos homens desta maligna geração verá esta boa terra que jurei dar a vossos pais,

36 Salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a ele e a seus filhos; porquanto perseverou em seguir ao Senhor.

37 Também o Senhor se indignou contra mim por causa de vós, dizendo: Também tu lá não entrarás.

38 Josué, filho de Num, que está em pé diante de ti, ele ali entrará; fortalece-o, porque ele fará com que Israel a receba por herança.

39 E vossos pequeninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que hoje não conhecem nem o bem nem o mal, eles ali entrarão, e a eles a darei, e eles a possuirão.

40

Porém vós virai-vos, e parti para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho.

41 Então respondestes, e me dissestes: Pecamos contra o Senhor; nós subiremos e pelejaremos, conforme tudo o que nos ordenou o Senhor nosso Deus; e armastes-vos, pois, cada um de vós, dos seus instrumentos de guerra, e estáveis prestes a subir à montanha.

42 E disse-me o Senhor: Dize-lhes: Não subais nem pelejeis, pois não estou no meio de vós; para que não sejais feridos diante de vossos inimigos.

43 Porém, falando-vos eu, não ouvistes; antes, fostes rebeldes ao mandado do Senhor, e vos ensoberbecestes, e subistes à montanha.

44 E os amorreus, que habitavam naquela montanha, vos saíram ao encontro; e perseguiram-vos como fazem as abelhas, e vos derrotaram desde Seir até Horma.

45 Retornando, pois, vós, e chorando perante o Senhor, o Senhor não ouviu a vossa voz, nem vos escutou.

46 Assim, em Cades estivestes muitos dias, segundo os dias que ali estivestes.

Capítulo 2

Os filhos de Israel avançam para a sua terra prometida — Eles passam pelas terras de Esaú e de Amom em paz, mas destroem os amorreus.

1

Depois viramo-nos, e caminhamos para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho, como o Senhor me dissera, e muitos dias rodeamos o monte Seir.

2 Então o Senhor me falou, dizendo:

3 Bastante tempo tendes rodeado esta montanha; virai-vos para o norte.

4 E dá ordem ao povo, dizendo: Passareis pelos termos de vossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em Seir; e eles terão medo de vós; porém guardai-vos bem.

5 Não contendais com eles, porque não vos darei da sua terra, nem ainda a pisada da planta de um pé; porquanto a Esaú dei o monte Seir como herança.

6 Comprareis deles, por dinheiro, comida para comerdes; e também água para beber deles comprareis por dinheiro.

7 Pois o Senhor teu Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este grande deserto; esses quarenta anos o Senhor teu Deus esteve contigo, coisa nenhuma te faltou.

8 Passando, pois, ao largo de nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitavam em Seir, desde o caminho da planície, de Elate e de Eziom-Geber, nos viramos e passamos pelo caminho do deserto de Moabe.

9 Então o Senhor me disse: Não molestes Moabe, e não contendas com eles em peleja, porque não te darei herança da sua terra; porquanto dei Ar aos filhos de Ló como herança.

10

(Os emins dantes habitaram nela; um povo grande e numeroso, e alto como os anaquins;

11 Também estes foram considerados gigantes, como os anaquins; e os moabitas os chamavam emins.

12 Dantes os horeus também habitaram em Seir, porém os filhos de Esaú os lançaram fora, e os destruíram de diante de si, e habitaram no seu lugar, assim como Israel fez à terra da sua herança, que o Senhor lhes tinha dado.)

13 Levantai-vos agora, e passai o ribeiro de Zerede; assim, passamos o ribeiro de Zerede.

14 E os dias que caminhamos, desde Cades-Barneia até que passamos o ribeiro de Zerede, foram trinta e oito anos, até que toda aquela geração dos homens de guerra se consumiu do meio do acampamento, como o Senhor lhes jurara.

15 Assim também foi contra eles a mão do Senhor, para os destruir do meio do acampamento até os haver consumido.

16 E sucedeu que, sendo já consumidos todos os homens de guerra, pela morte, do meio do acampamento,

17 O Senhor me falou, dizendo:

18 Hoje passarás por Ar, pelos termos de Moabe;

19 E chegarás até defronte dos filhos de Amom; não os molestes, e com eles não contendas, porque da terra dos filhos de Amom não te darei herança, porquanto aos filhos de Ló a dei como herança.

20

(Também essa era considerada terra de gigantes; dantes nela habitavam gigantes, e os amonitas os chamavam zanzumins;

21 Um povo grande, e numeroso, e alto, como os gigantes; e o Senhor os destruiu de diante de si, e eles os lançaram fora, e habitaram no seu lugar;

22 Assim como fez com os filhos de Esaú, que habitavam em Seir, de diante dos quais destruiu os horeus, e eles os lançaram fora, e habitaram no seu lugar até este dia;

23 E os avins, que habitavam em Cazerim até Gaza, os caftorins, que saíram de Caftor, os destruíram, e habitaram no seu lugar.)

24 Levantai-vos, parti e passai o ribeiro de Arnom; eis que na tua mão dei Siom, amorreu, rei de Hesbom, e a sua terra; começa a possuí-la, e contende com eles em peleja.

25 Neste dia começarei a pôr um terror e um temor de ti diante dos povos que estão debaixo de todo o céu; os que ouvirem a tua fama tremerão diante de ti e se angustiarão.

26 Então mandei mensageiros desde o deserto de Quedemote a Siom, rei de Hesbom, com palavras de paz, dizendo:

27 Deixa-me passar pela tua terra; somente pela estrada irei; não me desviarei para a direita nem para a esquerda.

28 A comida que eu comer vender-me-ás por dinheiro, e dar-me-ás por dinheiro a água que eu beber; tão somente deixa-me passar a pé;

29 Como fizeram comigo os filhos de Esaú, que habitam em Seir, e os moabitas que habitam em Ar; até que eu passe o Jordão, à terra que o Senhor nosso Deus nos há de dar.

30

Mas Siom, rei de Hesbom, não nos quis deixar passar por ele, porquanto o Senhor teu Deus endurecera o seu espírito, e fizera obstinado o seu coração, para to dar na tua mão, como neste dia se vê.

31 E o Senhor me disse: Eis que comecei a dar-te Siom, e a sua terra diante de ti; começa, pois, a possuí-la, para que herdes a sua terra.

32 E Siom saiu-nos ao encontro, ele e todo o seu povo, à peleja, em Jaza;

33 E o Senhor nosso Deus no-lo deu diante de nós, e o derrotamos, a ele, e a seus filhos, e a todo o seu povo.

34 E naquele tempo tomamos todas as suas cidades, e destruímos todas as cidades, homens, e mulheres e crianças; não deixamos ninguém.

35 Somente tomamos como presa o gado para nós, e o despojo das cidades que tínhamos tomado.

36 Desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, e a cidade que está junto ao ribeiro, até Gileade, nenhuma cidade houve que de nós escapasse; tudo isso o Senhor nosso Deus nos entregou diante de nós.

37 Somente à terra dos filhos de Amom não chegastes; nem a toda a borda do ribeiro de Jaboque, nem às cidades da montanha, nem a coisa alguma que nos proibira o Senhor nosso Deus.

Capítulo 3

Os filhos de Israel destroem o povo de Basã — Suas terras, a leste do Jordão, são dadas a Rúben e a Gade — Moisés vê Canaã do alto de Pisga, mas é-lhe negado o direito de entrar na terra — Ele aconselha e fortalece Josué.

1

Depois nós viramos e subimos o caminho de Basã; e Ogue, rei de Basã, nos saiu ao encontro, ele e todo o seu povo, à peleja, em Edrei.

2 Então o Senhor me disse: Não temas, porque ele, e todo o seu povo, e a sua terra dei na tua mão; e far-lhe-ás como fizeste a Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom.

3 E também o Senhor nosso Deus nos deu na nossa mão Ogue, rei de Basã, e todo o seu povo; de maneira que o derrotamos, até que ninguém lhe restou.

4 E naquele tempo tomamos todas as suas cidades; nenhuma cidade houve que não lhes tomássemos; sessenta cidades, toda a região de Argobe, o reino de Ogue em Basã.

5 Todas essas cidades eram fortificadas com altos muros, portas e ferrolhos; além de muitas outras cidades sem muros.

6 E destruímo-las como fizemos a Siom, rei de Hesbom, destruindo todas as cidades, homens, mulheres e crianças.

7 Porém todo o gado, e o despojo das cidades, tomamos para nós como presa.

8 Assim, naquele tempo tomamos a terra da mão daqueles dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão; desde o ribeiro de Arnom, até o monte Hermom;

9 (Os sidônios a Hermom chamam Siriom; porém os amorreus o chamam Senir);

10

Todas as cidades do planalto, e todo o Gileade, e todo o Basã, até Salcá e Edrei, cidades do reino de Ogue em Basã.

11 Porque só Ogue, o rei de Basã, restou dos gigantes; eis que o seu leito, um leito de ferro, não está porventura em Rabá dos filhos de Amom? De nove côvados o seu comprimento, e de quatro côvados a sua largura, pelo côvado de um homem.

12 Tomamos, pois, essa terra em possessão naquele tempo; desde Aroer, que está junto ao ribeiro de Arnom, e a metade da montanha de Gileade, com as suas cidades, dei aos rubenitas e gaditas.

13 E o resto de Gileade, como também todo o Basã, o reino de Ogue, dei à meia tribo de Manassés; toda aquela região de Argobe, por todo o Basã, se chamava a terra dos gigantes.

14 Jair, filho de Manassés, tomou toda a região de Argobe, até o termo dos gesuritas, e maacatitas, e a chamou pelo seu nome, Basã-Havote-Jair, até este dia.

15 E a Maquir dei Gileade.

16 Mas aos rubenitas e gaditas dei desde Gileade até o ribeiro de Arnom, o meio do ribeiro, e o termo; e até o ribeiro de Jaboque, o termo dos filhos de Amom.

17 Como também a campina, e o Jordão com o termo; desde Quinerete até o mar da campina, o Mar Salgado, abaixo de Asdote-Pisga para o oriente.

18 E vos ordenei no mesmo tempo, dizendo: O Senhor vosso Deus vos deu esta terra, para possuí-la; passai, pois, armados vós, todos os homens valentes, adiante de vossos irmãos, os filhos de Israel.

19 Tão somente vossas mulheres, e vossos pequeninos, e vosso gado (porque eu sei que tendes muito gado) ficarão nas vossas cidades que já vos dei,

20

Até que o Senhor dê descanso a vossos irmãos como a vós; para que eles herdem também a terra que o Senhor vosso Deus lhes há de dar além do Jordão; então voltareis cada qual à sua herança que já vos dei.

21 Também ordenei a Josué no mesmo tempo, dizendo: Os teus olhos veem tudo o que o Senhor vosso Deus fez a esses dois reis; assim fará o Senhor a todos os reinos, pelos quais tu passarás.

22 Não os temais, porque o Senhor vosso Deus é o que peleja por vós.

23 Também eu pedi graça ao Senhor no mesmo tempo, dizendo:

24 Senhor Deus! Já começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e a tua forte mão; porque, que Deus nos céus e na terra, que possa fazer segundo as tuas obras, e segundo a tua força?

25 Rogo-te que me deixes passar, para que veja esta boa terra que está além do Jordão; esta boa montanha, e o Líbano!

26 Porém o Senhor indignou-se muito contra mim por causa de vós, e não me ouviu; antes me disse: Basta; não me fales mais a esse respeito;

27 Sobe ao cume de Pisga e levanta os teus olhos ao ocidente, e ao norte, e ao sul, e ao oriente, e vê com os teus olhos; porque não passarás este Jordão.

28 Manda, pois, Josué, e fortalece-o, e conforta-o; porque ele passará adiante deste povo, e o fará possuir a terra que vires.

29 Assim, ficamos neste vale, defronte de Bete-Peor.

Capítulo 4

Moisés exorta os filhos de Israel a cumprir os mandamentos, a ensiná-los a seus filhos e a ser um exemplo perante todas as nações — Eles são proibidos de fazer imagens de escultura e de adorar outros deuses — Devem testemunhar que ouviram a voz de Deus — Eles serão dispersos entre as nações quando adorarem outros deuses — Eles serão reunidos novamente nos últimos dias, quando buscarem o Senhor seu Deus — Moisés exalta a misericórdia e a bondade de Deus para com Israel.

1

Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o Senhor Deus de vossos pais vos dá.

2 Não acrescentareis à palavra que vos ordeno, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos ordeno.

3 Os vossos olhos viram o que o Senhor fez por causa de Baal-Peor; pois todo homem que seguiu Baal-Peor o Senhor teu Deus consumiu do meio de ti.

4 Porém vós, que vos apegastes ao Senhor vosso Deus, hoje todos estais vivos.

5 Vede, eu vos ensinei estatutos e juízos, como me ordenou o Senhor meu Deus; para que assim façais no meio da terra à qual ides para a possuir.

6 Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos esses estatutos, e dirão: Este grande povo certamente é gente sábia e de entendimento.

7 Porque que povo há tão grande que tenha deuses tão próximos como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o chamamos?

8 E que povo há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?

9 Tão somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, para que não te esqueças daquelas coisas que os teus olhos viram, e não se apartem do teu coração todos os dias da tua vida; e as farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos.

10

O dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos.

11 E vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até o meio dos céus, e havia trevas, e nuvens, e escuridão;

12 Então o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes semelhança nenhuma.

13 Então vos anunciou ele o seu convênio, que vos ordenou cumprir, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.

14 Também o Senhor me ordenou ao mesmo tempo que vos ensinasse estatutos e juízos, para que os cumprísseis na terra à qual passais para a possuir.

15 Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois semelhança nenhuma vistes no dia em que o Senhor vosso Deus em Horebe falou convosco do meio do fogo;

16 Para que não vos corrompais, e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea;

17 Figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alada que voa pelos céus;

18 Figura de algum animal que se arrasta sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra;

19 Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.

20

Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou do forno de ferro do Egito, para que lhe sejais povo de herança, como neste dia se vê.

21 Também o Senhor se indignou contra mim por causa das vossas palavras, e jurou que eu não passaria o Jordão, e que não entraria na boa terra que o Senhor teu Deus te dará por herança.

22 Porque eu nesta terra morrerei, não passarei o Jordão; porém vós o passareis, e possuireis aquela boa terra.

23 Guardai-vos, para que não vos esqueçais do convênio do Senhor vosso Deus, que fez convosco, e vos façais alguma escultura, imagem de alguma coisa que o Senhor vosso Deus vos proibiu.

24 Porque o Senhor teu Deus é um fogo que consome, um Deus zeloso.

25 Quando, pois, gerardes filhos, e filhos de filhos, e envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, e fizerdes alguma escultura, semelhança de alguma coisa, e fizerdes mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira,

26 Hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra, de que certamente perecereis rapidamente da terra, à qual passais o Jordão para a possuir; não prolongareis os vossos dias nela; antes, sereis de todo destruídos.

27 E o Senhor vos espalhará entre os povos, e ficareis poucos em número entre as nações às quais o Senhor vos conduzirá.

28 E ali servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não veem nem ouvem, nem comem nem cheiram.

29 Então dali buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.

30

Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te sobrevierem, então nos últimos dias te voltarás ao Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz.

31 Porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso; e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá do convênio que jurou a teus pais.

32 Porque, pergunta agora aos tempos passados, que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até a outra, se sucedeu jamais coisa tão grande como esta, ou se jamais se ouviu coisa como esta?

33 Ou se algum povo ouviu a voz de Deus falando do meio do fogo, como tu a ouviste, e ficou vivo?

34 Ou se um Deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo com provas, com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão forte, e com braço estendido, e com grandes espantos, conforme tudo quanto o Senhor vosso Deus vos fez no Egito aos vossos olhos?

35 A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro senão ele.

36 Desde os céus te fez ouvir a sua voz, para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste as suas palavras do meio do fogo.

37 E porquanto amava teus pais, e escolhera a sua semente depois deles, te tirou do Egito diante de si, com a sua grande força.

38 Para lançar fora de diante de ti nações maiores e mais poderosas do que tu, para te introduzir nela, e te dar a sua terra como herança, como neste dia se vê.

39 Pelo que hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus em cima no céu, e embaixo na terra; nenhum outro há.

40

E guardarás os seus estatutos e os seus mandamentos, que te ordeno hoje, para que bem te vá a ti, e a teus filhos depois de ti, e para que prolongues os dias na terra que o Senhor teu Deus te dá para todo o sempre.

41 Então Moisés separou três cidades além do Jordão, do lado do nascer do sol;

42 Para que ali se acolhesse o homicida que sem intenção matasse o seu próximo, a quem dantes não tivesse ódio algum; e se acolhesse a uma dessas cidades, e vivesse;

43 A Bezer, no deserto, no planalto, para os rubenitas; e a Ramote, em Gileade, para os gaditas; e a Golã, em Basã, para os manassitas.

44 Esta é, pois, a lei que Moisés pôs perante os filhos de Israel.

45 Esses são os testemunhos, e os estatutos, e os juízos, que Moisés falou aos filhos de Israel, havendo saído do Egito;

46 Além do Jordão, no vale defronte de Bete-Peor, na terra de Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, a quem Moisés e os filhos de Israel derrotaram, havendo eles saído do Egito.

47 E tomaram a sua terra em possessão, como também a terra de Ogue, rei de Basã, dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, do lado do nascer do sol.

48 Desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, até o monte Siom, que é Hermom,

49 E toda a campina além do Jordão, do lado do oriente, até o mar da campina, abaixo de Asdote-Pisga.

Capítulo 5

Moisés fala do convênio que Deus fez com Israel em Horebe — Ele recapitula os Dez Mandamentos — O cumprimento do dia do Sábado comemora também a libertação do Egito — Deus fala ao homem — A obediência resulta em bênçãos.

1

E Moisés chamou todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos; e aprendê-los-eis, e guardá-los-eis, para os cumprir.

2 O Senhor nosso Deus fez conosco convênio em Horebe.

3 Não com nossos pais fez o Senhor esse convênio, senão conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos.

4 Face a face o Senhor falou conosco no monte, do meio do fogo.

5 (Naquele tempo eu estava entre o Senhor e vós, para vos notificar a palavra do Senhor; porque temestes o fogo, e não subistes ao monte), dizendo:

6 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão;

7 Não terás outros deuses diante de mim;

8 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra;

9 Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam,

10

E faço misericórdia a milhares, aos que me amam e guardam os meus mandamentos.

11 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão;

12 Guarda o dia do sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.

13 Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra,

14 Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;

15 Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia do sábado.

16 Honra teu pai e tua mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o Senhor teu Deus.

17 Não matarás.

18 E não adulterarás.

19 E não furtarás.

20

E não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

21 E não cobiçarás a mulher do teu próximo; e não desejarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

22 Essas palavras falou o Senhor a toda a vossa congregação no monte do meio do fogo, da nuvem e da escuridão, com grande voz, e nada acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra, e as deu a mim.

23 E sucedeu que, ouvindo a voz do meio das trevas, e vendo o monte ardendo em fogo, vos achegastes a mim, todos os cabeças das vossas tribos, e vossos anciãos,

24 E dissestes: Eis que o Senhor vosso Deus nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje vimos que Deus fala com o homem, e que o homem permanece vivo.

25 Agora, pois, por que morreríamos? Pois este grande fogo nos consumiria; se ainda mais ouvíssemos a voz do Senhor nosso Deus, morreríamos.

26 Porque, quem de toda a carne, que ouviu a voz do Deus vivo falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo?

27 Aproxima-te tu, e ouve tudo o que disser o Senhor nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, e o ouviremos, e o faremos.

28 Ouvindo, pois, o Senhor a voz das vossas palavras, quando me faláveis, o Senhor me disse: Eu ouvi a voz das palavras deste povo, que te disseram; em tudo falaram eles bem.

29 Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre.

30

Vai, dize-lhes: Retornai às vossas tendas.

31 Porém tu, fica aqui comigo, para que eu te diga todos os mandamentos, e estatutos, e juízos, que tu lhes hás de ensinar, para que os cumpram na terra que eu lhes darei para possuí-la.

32 Vede, pois, que façais como vos ordenou o Senhor vosso Deus; não vos desviareis, nem para a direita nem para a esquerda.

33 Andareis em todo o caminho que vos ordenou o Senhor vosso Deus, para que vivais e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.

Capítulo 6

Moisés proclama: O Senhor nosso Deus é o único Senhor; e também: Amarás o Senhor teu Deus — Os filhos de Israel recebem o mandamento de ensinar seus filhos — Moisés os exorta a cumprir os mandamentos, testemunhos e estatutos do Senhor para que prosperem.

1

Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que o Senhor vosso Deus ordenou ensinar-vos, para que os cumprísseis na terra a que passais para possuí-la;

2 Para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados.

3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o Senhor Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel.

4 Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.

5 Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.

6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;

7 E as ensinarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.

9 E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.

10

Havendo, pois, o Senhor teu Deus te introduzido na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, que te daria, grandes e boas cidades, que tu não edificaste,

11 E casas cheias de tudo que é bom, que tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavaste, vinhas e olivais, que tu não plantaste, e comeres, e te fartares,

12 Guarda-te, para que não te esqueças do Senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.

13 Ao Senhor teu Deus temerás, e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás.

14 Não seguireis outros deuses, os deuses dos povos que houver ao redor de vós;

15 Porque o Senhor teu Deus é um Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do Senhor teu Deus não se acenda contra ti, e te destrua de sobre a face da terra.

16 Não tentareis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá.

17 Diligentemente guardareis os mandamentos do Senhor vosso Deus, como também os seus testemunhos, e os seus estatutos, que te ordenou.

18 E farás o que é reto e bom aos olhos do Senhor, para que bem te suceda, e entres, e possuas a boa terra, a qual o Senhor jurou dar a teus pais,

19 Para que lance fora todos os teus inimigos de diante de ti, como o Senhor disse.

20

Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Quais são os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso Deus vos ordenou?

21 Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o Senhor nos tirou com mão forte do Egito;

22 E o Senhor fez sinais e maravilhas, grandes e terríveis, no Egito, a Faraó e a toda a sua casa, aos nossos olhos;

23 E dali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurara a nossos pais.

24 E o Senhor nos ordenou que cumpríssemos todos esses estatutos, e que temêssemos ao Senhor nosso Deus, para o nosso eterno bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje.

25 E será para nós justiça, se tivermos cuidado de cumprir todos esses mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos ordenou.

Capítulo 7

Israel deve destruir as sete nações de Canaã — Proíbe-se o casamento com elas para que isso não resulte em apostasia — Israel tem uma missão como povo santo e escolhido — O Senhor tem misericórdia para com os que O amam e guardam os Seus mandamentos — Ele promete remover as enfermidades de Israel se eles forem obedientes.

1

Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido na terra, à qual vais para a possuir, e tiver lançado fora muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu,

2 E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as derrotar, totalmente as destruirás; não farás aliança com elas, nem terás piedade delas;

3 Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos;

4 Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria.

5 Porém assim lhes fareis: Derrubareis os seus altares, quebrareis as suas estátuas; e cortareis os seus postes-ídolos, e queimareis a fogo as suas imagens de escultura.

6 Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que sobre a terra há.

7 O Senhor não se afeiçoou a vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão fosse mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos,

8 Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.

9 Saberás, pois, que o Senhor teu Deus é Deus, o Deus fiel, que guarda o convênio e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos;

10

E retribui no rosto a qualquer dos que o odeiam, fazendo-os perecer; não será tardio ao que o odeia; no rosto lho retribuirá.

11 Guarda, pois, os mandamentos, e os estatutos e os juízos que hoje te ordeno cumprir.

12 Acontecerá, pois, que, se ouvindo esses juízos, os guardardes e cumprirdes, o Senhor teu Deus te guardará o convênio e a benevolência que jurou a teus pais,

13 E amar-te-á, e abençoar-te-á, e te fará multiplicar, e abençoará o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, o teu grão, e o teu mosto, e o teu azeite, e as crias das tuas vacas, e o rebanho do teu gado miúdo, na terra que jurou a teus pais dar-te.

14 Bendito serás mais do que todos os povos; nem homem nem mulher estéril entre ti haverá, nem entre os teus animais.

15 E o Senhor de ti desviará toda enfermidade; sobre ti não porá nenhuma das doenças malignas dos egípcios, que bem conheces, antes as porá sobre todos os que te odeiam.

16 Pois consumirás todos os povos que te der o Senhor teu Deus; o teu olho não os poupará; e não servirás a seus deuses, pois isso te seria por laço.

17 Se disseres no teu coração: Estas nações são mais numerosas do que eu; como as poderei lançar fora?

18 Delas não tenhas temor; não deixes de te lembrar do que o Senhor teu Deus fez a Faraó e a todos os egípcios,

19 Das grandes provas que viram os teus olhos, e dos sinais, e maravilhas, e mão forte, e braço estendido, com que o Senhor teu Deus te tirou; assim fará o Senhor teu Deus com todos os povos, aos quais temes.

20

E mais, o Senhor teu Deus entre eles mandará vespões, até que pereçam os que ficarem, e se escondam de diante de ti.

21 Não te espantes diante deles; porque o Senhor teu Deus está no meio de ti, Deus grande e temível.

22 E o Senhor teu Deus lançará fora estas nações pouco a pouco de diante de ti; não poderás destruí-las todas de pronto, para que as feras do campo não se multipliquem contra ti.

23 E o Senhor as entregará a ti, e lhes infligirá grande confusão, até que sejam destruídas.

24 Também os seus reis te entregará na mão, para que apagues os seus nomes de debaixo dos céus; nenhum homem resistirá diante de ti, até que os destruas.

25 As imagens de escultura de seus deuses queimarás a fogo; a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que não te enlaces neles; pois abominação é ao Senhor teu Deus.

26 Não porás, pois, abominação em tua casa, para que não sejas anátema, assim como ela; de todo a detestarás, e de todo a abominarás, porque anátema é.

Capítulo 8

O Senhor pôs os filhos de Israel à prova no deserto por quarenta anos — O fato de terem comido maná lhes ensinou que o homem vive pela palavra de Deus — Suas vestes não envelheceram — O Senhor os castigou — Se eles servirem outros deuses, perecerão.

1

Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os cumprir; para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor jurou dar a vossos pais.

2 E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não.

3 E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.

4 Nunca se envelheceu a tua veste sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos.

5 Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus.

6 E guarda os mandamentos do Senhor teu Deus, para o temer e andar nos seus caminhos.

7 Porque o Senhor teu Deus te põe numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes, e de mananciais, que saem dos vales e das montanhas;

8 Terra de trigo e cevada, e de vides, e figueiras, e romãzeiras; terra de oliveiras, de azeite, e mel;

9 Terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; terra cujas pedras são ferro, e de cujos montes tu cavarás o cobre.

10

Quando, pois, tiveres comido, e estiveres farto, louvarás ao Senhor teu Deus pela boa terra que te deu.

11 Guarda-te que não te esqueças do Senhor teu Deus, não guardando os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus estatutos que hoje te ordeno;

12 Para que, porventura, havendo tu comido e estando farto, e havendo edificado boas casas, e habitando-as,

13 E se tiverem aumentado as tuas vacas e as tuas ovelhas, e se te multiplicar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo quanto tens,

14 Não se eleve o teu coração e te esqueças do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão;

15 Que te guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de secura, em que não havia água; e tirou água para ti da rocha do seixal;

16 Que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te pôr à prova, para no fim te fazer bem;

17 E digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu este poder.

18 Antes, te lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele é o que te dá força para adquirires poder; para confirmar o seu convênio que jurou a teus pais, como se vê neste dia.

19 Acontecerá, porém, que, se de qualquer modo te esqueceres do Senhor teu Deus, e se seguires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante eles, hoje eu testifico contra vós que certamente perecereis.

20

Como as nações que o Senhor destruiu diante de vós, assim vós perecereis; porquanto não queríeis obedecer à voz do Senhor vosso Deus.

Capítulo 9

As outras nações são expulsas de Canaã devido à sua iniquidade — Moisés recorda as rebeliões de Israel e relata como foi mediador entre o povo e o Senhor — Em duas ocasiões, ele passou quarenta dias sem ingerir comida nem água.

1

Ouve, ó Israel, hoje passarás o Jordão, para entrares a fim de desapossares nações maiores e mais fortes do que tu; cidades grandes, e muradas até os céus;

2 Um povo grande e alto, filhos de gigantes, que tu conheces, e de que já ouvistes. Quem resistiria diante dos filhos dos gigantes?

3 Sabe, pois, hoje que o Senhor teu Deus, que passa adiante de ti, é um fogo que consome, que os destruirá, e os derrubará de diante de ti; e tu os lançarás fora, e rapidamente os farás perecer, como o Senhor te disse.

4 Quando, pois, o Senhor teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir, porque pela impiedade destas nações é que o Senhor as lança fora, de diante de ti.

5 Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras para possuir a sua terra, mas pela impiedade destas nações o Senhor teu Deus as lança fora, de diante de ti; e para confirmar a palavra que o Senhor teu Deus jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.

6 Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o Senhor teu Deus te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado.

7 Lembra-te, e não te esqueças, de que muito provocaste à ira o Senhor teu Deus no deserto; desde o dia em que saístes do Egito, até que chegastes a este lugar, rebeldes fostes contra o Senhor;

8 Pois em Horebe tanto provocastes à ira o Senhor, que se indignou contra vós para vos destruir.

9 Subindo eu ao monte para receber as tábuas de pedra, as tábuas do convênio que o Senhor fizera convosco, então fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi, e água não bebi;

10

E o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e nelas estava escrito conforme todas aquelas palavras que o Senhor tinha falado convosco no monte, do meio do fogo, no dia da congregação.

11 Sucedeu, pois, que ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas do convênio.

12 E o Senhor me disse: Levanta-te, desce depressa daqui, porque o teu povo, que tiraste do Egito, já se corrompeu; rapidamente se desviaram do caminho que eu lhes tinha ordenado; imagem de fundição para si fizeram.

13 Falou-me mais o Senhor, dizendo: Atentei para este povo, e eis que ele é povo obstinado.

14 Deixa-me que os destrua, e apague o seu nome de debaixo dos céus; e te faça a ti nação mais poderosa e mais numerosa do que esta.

15 Então virei-me, e desci do monte; e o monte ardia em fogo e as duas tábuas do convênio estavam em ambas as minhas mãos.

16 E olhei, e eis que havíeis pecado contra o Senhor vosso Deus; vós tínheis feito um bezerro de fundição; rapidamente vos desviastes do caminho que o Senhor vos ordenara.

17 Então peguei as duas tábuas, e as arrojei de ambas as minhas mãos, e as quebrei aos vossos olhos.

18 E me lancei perante o Senhor; como dantes, quarenta dias e quarenta noites não comi pão e não bebi água, por causa de todo o vosso pecado que havíeis pecado, fazendo mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira.

19 Porque temi por causa da ira e do furor, com que o Senhor tanto estava irado contra vós, para vos destruir; porém ainda esta vez o Senhor me ouviu.

20

Também o Senhor se irou muito contra Aarão para o destruir; mas também orei por Aarão ao mesmo tempo.

21 Porém eu tomei o vosso pecado, o bezerro que tínheis feito, e o queimei a fogo, e o pisei, moendo-o bem, até que se desfez em pó; e o seu pó lancei no ribeiro que descia do monte.

22 Também em Taberá, e em Massá, e em Quibrote-Hataavá provocastes muito a ira do Senhor.

23 Quando também o Senhor vos enviou desde Cades-Barneia, dizendo: Subi, e possuí a terra que vos dei; rebeldes fostes ao mandado do Senhor vosso Deus, e não crestes nele, e não obedecestes à sua voz.

24 Rebeldes fostes contra o Senhor desde o dia em que vos conheci.

25 E prostrei-me perante o Senhor, aqueles quarenta dias e quarenta noites estive prostrado; porquanto o Senhor dissera que vos queria destruir.

26 E eu orei ao Senhor, dizendo: Senhor Deus, não destruas o teu povo e a tua herança, que resgataste com a tua grandeza, que tiraste do Egito com mão forte.

27 Lembra-te dos teus servos, Abraão, Isaque, e Jacó; não atentes para a dureza deste povo, nem para a sua impiedade, nem para o seu pecado;

28 Para que o povo da terra de onde nos tiraste não diga: Porquanto o Senhor não os pôde introduzir na terra de que lhes tinha falado, e porque os odiava, os tirou para os matar no deserto;

29 Todavia são eles o teu povo e a tua herança, que tu tiraste com a tua grande força e com o teu braço estendido.

Capítulo 10

As tábuas de pedra que contêm os Dez Mandamentos são colocadas na arca — Tudo o que Deus exige é que Israel O ame e O sirva — Quão grande e poderoso é o Senhor!

1

Naquele mesmo tempo me disse o Senhor: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras, e sobe a mim a este monte, e faze-te uma arca de madeira:

2 E naquelas tábuas escreverei as palavras que estavam nas primeiras tábuas que quebraste, e as porás na arca.

3 Assim, fiz uma arca de madeira de acácia, e lavrei duas tábuas de pedra, como as primeiras; e subi ao monte com as duas tábuas na minha mão.

4 Então ele escreveu nas tábuas, conforme à primeira escritura, os dez mandamentos, que o Senhor vos falara no dia da congregação, no monte, do meio do fogo; e o Senhor as deu a mim.

5 E virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera; e ali estão, como o Senhor me ordenou.

6 E partiram os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jaacã a Moserá; ali faleceu Aarão, e ali foi sepultado, e Eleazar, seu filho, serviu como sacerdote em seu lugar.

7 Dali partiram a Gudgodá, e de Gudgodá a Jotbatá, terra de ribeiros de águas.

8 No mesmo tempo o Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca da aliança do Senhor, para estar diante do Senhor, para o servir, e para abençoar em seu nome até o dia de hoje.

9 Pelo que Levi com seus irmãos não tem parte na herança; o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe disse.

10

E eu estive no monte, como na primeira vez, quarenta dias e quarenta noites; e o Senhor me ouviu ainda essa vez; não quis o Senhor destruir-te.

11 Porém o Senhor me disse: Levanta-te, põe-te a caminho diante do povo, para que entrem, e possuam a terra que jurei a seus pais que lhes daria.

12 Agora, pois, ó Israel, o que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma,

13 Que guardes os mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?

14 Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há.

15 Tão somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; e a vós, semente deles, escolheu depois deles, de todos os povos, como neste dia se vê.

16 Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz.

17 Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas;

18 Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa.

19 Pelo que amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.

20

Ao Senhor teu Deus temerás, a ele servirás, e a ele te apegarás, e pelo seu nome jurarás.

21 Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e terríveis coisas que os teus olhos viram.

22 Com setenta almas teus pais desceram ao Egito; e agora o Senhor teu Deus te fez como as estrelas dos céus em multidão.

Capítulo 11

Amarás e obedecerás ao Senhor teu Deus — Se os filhos de Israel obedecerem, serão abençoados com chuva e colheitas e expulsarão nações poderosas — Israel precisa aprender as leis de Deus e ensiná-las — A obediência resulta em bênçãos, a desobediência é acompanhada de maldições.

1

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus, e guardarás o seu mandado, e os seus estatutos, e os seus juízos, e os seus mandamentos, todos os dias.

2 E hoje sabereis que falo, não com vossos filhos, que não conhecem, e não viram a instrução do Senhor vosso Deus, a sua grandeza, a sua mão forte, e o seu braço estendido;

3 Nem tampouco os seus sinais, nem os seus feitos, que fez no meio do Egito a Faraó, rei do Egito, e a toda a sua terra;

4 Nem o que fez ao exército dos egípcios, aos seus cavalos e aos seus carros, fazendo passar sobre eles as águas do Mar Vermelho quando vos perseguiam; e o Senhor os destruiu até o dia de hoje;

5 Nem o que vos fez no deserto, até que chegastes a este lugar;

6 E o que fez a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, filho de Rúben; como a terra abriu a sua boca e os tragou com as suas casas e com as suas tendas, como também todo ser vivente que os seguia, no meio de todo o Israel;

7 Porquanto os vossos olhos são os que viram toda a grande obra que fez o Senhor.

8 Guardai, pois, todos os mandamentos que eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, e entreis, e possuais a terra à qual passais para a possuir;

9 E para que prolongueis os dias na terra que o Senhor jurou dar a vossos pais e à sua semente, terra que mana leite e mel.

10

Porque a terra à qual passas para a possuir não é como a terra do Egito, de onde saístes, em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta.

11 Mas a terra à qual passais para a possuir é terra de montes e de vales, e bebe as águas da chuva dos céus;

12 Terra pela qual o Senhor teu Deus tem cuidado; os olhos do Senhor teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até o fim do ano.

13 E acontecerá que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao Senhor vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,

14 Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhas o teu grão, e o teu mosto e o teu azeite.

15 E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.

16 Guardai-vos, para que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;

17 E a ira do Senhor se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e rapidamente pereçais da boa terra que o Senhor vos dá.

18 Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos,

19 E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;

20

E escrevei-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas;

21 Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou dar a vossos pais, como os dias dos céus sobre a terra.

22 Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os cumprirdes, amando ao Senhor vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos apegardes,

23 Também o Senhor de diante de vós lançará fora todas estas nações, e desapossareis nações maiores e mais poderosas do que vós.

24 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; desde o deserto, e desde o Líbano, desde o rio, o Rio Eufrates, até o mar ocidental, será o vosso termo.

25 Ninguém resistirá diante de vós; o Senhor vosso Deus porá sobre toda a terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos disse.

26 Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição:

27 A bênção, quando ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos ordeno;

28 Porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.

29 E acontecerá que, havendo-te o Senhor teu Deus introduzido na terra, a que vais para possuí-la, então pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim, e a maldição sobre o monte Ebal.

30

Porventura não estão eles além do Jordão, junto ao caminho do pôr do sol, na terra dos cananeus, que habitam na campina defronte do Gilgal, junto aos carvalhais de Moré?

31 Porque passareis o Jordão para entrardes para possuir a terra, que vos dá o Senhor vosso Deus; e a possuireis, e nela habitareis.

32 Tende, pois, cuidado em cumprir todos os estatutos e os juízos, que eu hoje vos dou.

Capítulo 12

Israel deve destruir os deuses e os lugares de adoração dos cananeus — O Senhor determinará onde Seu povo irá adorar — Proíbe-se a ingestão de sangue — Israel deve adorar de acordo com o padrão divino.

1

Estes são os estatutos e os juízos que tereis cuidado em cumprir na terra que vos deu o Senhor Deus de vossos pais, para a possuir todos os dias que viverdes sobre a terra.

2 Destruireis totalmente todos os lugares, onde as nações que possuireis serviram os seus deuses, sobre as altas montanhas, e sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore verde;

3 E derrubareis os seus altares, e quebrareis as suas estátuas, e os seus postes-ídolos queimareis a fogo, e despedaçareis as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar.

4 Assim não fareis ao Senhor vosso Deus;

5 Mas o lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o seu nome, buscareis para sua habitação, e para lá ireis.

6 E para lá levareis os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e os vossos votos, e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas.

7 E ali comereis perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis em tudo em que poreis a vossa mão, vós e as vossas casas, no que te abençoar o Senhor teu Deus.

8 Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem lhe parece aos seus olhos.

9 Porque até agora não entrastes no descanso e na herança que vos dá o Senhor vosso Deus.

10

Mas passareis o Jordão, e habitareis na terra que vos fará herdar o Senhor vosso Deus; e vos dará repouso de todos os vossos inimigos em redor, e morareis seguros.

11 Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; para lá levareis tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e todo o melhor dos vossos votos que fizerdes ao Senhor.

12 E vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus, vós, e os vossos filhos, e as vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; pois convosco não tem parte nem herança.

13 Guarda-te, para que não ofereças os teus holocaustos em todo lugar que vires;

14 Mas no lugar que o Senhor escolher numa das tuas tribos, ali oferecerás os teus holocaustos, e ali farás tudo o que te ordeno.

15 Porém, conforme todo desejo da tua alma, matarás e comerás carne segundo a bênção do Senhor teu Deus, que te dá em todas as tuas portas; o imundo e o limpo dela comerá; como da gazela e do cervo;

16 Tão somente o sangue não comereis; sobre a terra o derramareis como água.

17 Dentro das tuas portas não poderás comer o dízimo do teu grão, nem do teu mosto, nem do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas; nem nenhum dos teus votos, que tiveres feito, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão;

18 Mas o comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher o Senhor teu Deus, tu, e o teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas; e perante o Senhor teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão.

19 Guarda-te, para que não desampares o levita todos os teus dias na terra.

20

Quando o Senhor teu Deus alargar os teus termos como te disse, e disseres: Comerei carne, porquanto a tua alma tem desejo de comer carne, conforme todo desejo da tua alma, comerás carne.

21 Se estiver longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu nome, então matarás das tuas vacas e tuas ovelhas, que o Senhor te tiver dado, como te ordenei; e comerás dentro das tuas portas, conforme todo desejo da tua alma.

22 Porém, como se come a gazela e o cervo, assim comerás; o imundo e o limpo juntamente comerão deles.

23 Somente esforça-te para que não comas o sangue; pois o sangue é a vida; pelo que não comerás a vida com a carne;

24 Não o comerás; na terra o derramarás como água.

25 Não o comerás, para que bem te suceda a ti, e a teus filhos depois de ti, quando fizeres o que for reto aos olhos do Senhor.

26 Porém as tuas coisas santas que tiveres, e os teus votos tomarás, e irás ao lugar que o Senhor escolher.

27 E oferecerás os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o altar do Senhor teu Deus; e o sangue dos teus sacrifícios se derramará sobre o altar do Senhor teu Deus; porém a carne comerás.

28 Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te suceda a ti e a teus filhos depois de ti para sempre, quando fizeres o que for bom e reto aos olhos do Senhor teu Deus.

29 Quando o Senhor teu Deus desarraigar de diante de ti as nações, aonde vais para possuí-las e as desapossares e habitares na sua terra,

30

Guarda-te, para que não te enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu.

31 Assim não farás ao Senhor teu Deus; porque tudo o que é abominável ao Senhor, o que ele odeia, fizeram eles aos seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimaram com fogo aos seus deuses.

32 Tudo o que eu vos ordeno, observareis para fazer; nada lhe acrescentarás, e nada lhe diminuirás.

Capítulo 13

O Senhor põe o Seu povo à prova para ver se adorarão deuses falsos — Os profetas, sonhadores, parentes ou amigos que pregarem a adoração de deuses falsos serão mortos — As cidades idólatras serão destruídas.

1

Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar em teu meio, e te der um sinal ou um prodígio,

2 E suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los;

3 Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos põe à prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

4 Após o Senhor vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos apegareis.

5 E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o Senhor teu Deus, para andares nele; assim tirarás o mal do meio de ti.

6 Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu regaço, ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais;

7 Dentre os deuses dos povos que estão em redor de vós, perto ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até a outra extremidade;

8 Não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho terá piedade dele, nem o pouparás, nem o esconderás;

9 Mas certamente o matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão de todo o povo.

10

E o apedrejarás, até que morra, pois te procurou apartar do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão;

11 Para que todo o Israel o ouça e o tema, e não torne a fazer segundo esta coisa má em teu meio.

12 Quando ouvires dizer em uma das tuas cidades que o Senhor teu Deus te dá, para ali habitar:

13 Uns homens, filhos de Belial, saíram do teu meio, e incitaram os moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conhecestes;

14 Então inquirirás e informar-te-ás, e com diligência perguntarás; e eis que, sendo isso verdade, e certo que se fez uma tal abominação em teu meio;

15 Então certamente ferirás ao fio da espada os moradores daquela cidade, destruindo ao fio da espada ela e tudo o que nela houver, até os animais.

16 E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o Senhor teu Deus, e será montão perpétuo de ruínas; nunca mais se edificará.

17 Também não se pegará à tua mão nada do anátema, para que o Senhor se aparte do ardor da sua ira, e te mostre misericórdia, e tenha compaixão de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais;

18 Quando ouvires a voz do Senhor teu Deus, para guardar todos os seus mandamentos, que hoje te ordeno; para fazer o que for reto aos olhos do Senhor teu Deus.

Capítulo 14

Os israelitas são filhos do Senhor Jeová — Não se comerá aves, peixes e animais imundos — Os israelitas pagarão anualmente o dízimo de todo o fruto da sua semente.

1

Filhos sois do Senhor vosso Deus; não vos cortareis a vós mesmos, nem abrireis calva entre vossos olhos por causa de algum morto.

2 Porque és povo santo ao Senhor teu Deus; e o Senhor te escolheu, de todos os povos que sobre a face da terra, para lhe seres o seu povo próprio.

3 Nenhuma abominação comereis.

4 Estes são os animais que comereis: o boi, a ovelha, e a cabra,

5 O cervo, e a gazela, e a corça, e a cabra montês, e a cabra íbex, e o antílope, e o gamo.

6 Todo animal que tem cascos fendidos, que tem o casco dividido em dois, que remói, entre os animais, esse comereis.

7 Porém estes não comereis, dos que somente remóem, ou que têm o casco fendido: o camelo, e a lebre, e o coelho, porque remóem mas não têm o casco fendido; imundos vos serão.

8 Nem o porco, porque tem casco fendido, mas não remói; imundo vos será; não comereis da carne destes, e não tocareis no seu cadáver.

9 Isto comereis de tudo o que nas águas: tudo o que tem barbatanas e escamas comereis.

10

Mas tudo o que não tiver barbatanas nem escamas não o comereis; imundo vos será.

11 Toda ave limpa comereis.

12 Porém estas são as de que não comereis: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango,

13 E o abutre, e o falcão, e o milhano, segundo a sua espécie,

14 E todo corvo, segundo a sua espécie,

15 E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião, segundo a sua espécie,

16 E o bufo, e a coruja, e a gralha,

17 E o cisne, e o pelicano, e o corvo marinho,

18 E a cegonha, e a garça, segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego.

19 Também todo inseto que voa, vos será imundo; não se comerá.

20

Toda ave limpa comereis.

21 Não comereis nenhum animal que morreu por si mesmo; ao estrangeiro, que está dentro das tuas portas, o darás para que o coma, ou o venderás ao estranho, porquanto és povo santo ao Senhor teu Deus. Não cozerás o cabrito com o leite da sua mãe.

22 Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo.

23 E perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comereis os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.

24 E quando o caminho te for tão comprido que não os possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado,

25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus;

26 E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;

27 Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.

28 Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os armazenarás dentro das tuas portas;

29 Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos que fizeres.

Capítulo 15

A cada sete anos, todas as dívidas serão perdoadas — Exorta-se o povo a cuidar dos pobres — Os servos hebreus devem ser libertados e receber presentes no sétimo ano — Os primogênitos dos rebanhos e do gado são do Senhor.

1

Ao fim dos sete anos farás remissão.

2 Este, pois, é o modo da remissão: que todo credor, que emprestou ao seu próximo alguma coisa, a remitirá; não a exigirá do seu próximo ou do seu irmão, pois a remissão do Senhor é apregoada.

3 Do estranho a exigirás; mas o que for teu e estiver em poder de teu irmão a tua mão o remitirá;

4 Somente para que entre ti não haja pobre; pois o Senhor abundantemente te abençoará na terra que o Senhor teu Deus te dará por herança, para possuí-la.

5 Se somente ouvires diligentemente a voz do Senhor teu Deus para cuidares em cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno;

6 Porque o Senhor teu Deus te abençoará, como te disse; assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás empréstimos; e dominarás sobre muitas nações, mas elas não dominarão sobre ti.

7 Quando entre ti houver algum pobre dentre teus irmãos, em alguma das tuas portas, na tua terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre;

8 Antes, lhe abrirás de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.

9 Guarda-te, para que não haja pensamento perverso no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão; e o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao Senhor, e que haja em ti pecado.

10

Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo em que puseres a tua mão.

11 Pois nunca deixará de haver pobres na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra.

12 Quando teu irmão hebreu, ou irmã hebreia, se vender a ti, seis anos te servirá, mas no sétimo ano o deixarás ir livre.

13 E quando o deixares ir livre, não o despedirás de mãos vazias.

14 Liberalmente lhe fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu lagar; daquilo com que o Senhor teu Deus te tiver abençoado lhe darás.

15 E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o Senhor teu Deus te resgatou; pelo que hoje te ordeno isso.

16 Porém acontecerá que, dizendo-te ele: Não sairei de junto de ti; porquanto te ama a ti e a tua casa, por estar bem contigo,

17 Então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha, contra a porta, e teu servo será para sempre; e também assim farás à tua serva.

18 Não seja aos teus olhos coisa dura, quando o deixares ir livre; pois seis anos te serviu em dobro pelo salário do jornaleiro; assim, o Senhor teu Deus te abençoará em tudo o que fizeres.

19 Todo primogênito que nascer entre as tuas vacas e entre as tuas ovelhas, o macho santificarás ao Senhor teu Deus; com primogênito do teu boi não trabalharás, nem tosquiarás o primogênito das tuas ovelhas.

20

Perante o Senhor teu Deus os comerás de ano em ano, no lugar que o Senhor escolher, tu e a tua casa.

21 Porém, havendo nele algum defeito, se for coxo, ou cego, ou tiver qualquer defeito grave, não o sacrificarás ao Senhor teu Deus.

22 Dentro das tuas portas o comerás; a pessoa imunda e a limpa o comerão juntamente, como da gazela ou do cervo.

23 Somente o seu sangue não comerás; sobre a terra o derramarás como água.

Capítulo 16

Israel deve guardar a Páscoa, a Festa dos Pães Ázimos, a Festa das Semanas e a Festa dos Tabernáculos — Todos os homens devem se apresentar anualmente perante o Senhor nessas três festas — Os juízes não devem julgar desonestamente nem receber suborno.

1

Guarda o mês de Abibe, e celebra a páscoa ao Senhor teu Deus; porque no mês de Abibe o Senhor teu Deus te tirou do Egito, de noite.

2 Então sacrificarás a páscoa ao Senhor teu Deus, ovelhas e vacas, no lugar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome.

3 Nela não comerás levedado; sete dias nela comerás pães ázimos, pão da aflição (porquanto apressadamente saíste da terra do Egito), para que te lembres do dia da tua saída da terra do Egito, todos os dias da tua vida.

4 Levedado não se verá contigo por sete dias em todos os teus termos; também da carne que matares à tarde, no primeiro dia, nada ficará até a manhã.

5 Não poderás sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus;

6 Senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao pôr do sol, ao tempo determinado da tua saída do Egito.

7 Então a cozerás, e comerás no lugar que escolher o Senhor teu Deus; depois voltarás pela manhã, e irás às tuas tendas.

8 Seis dias comerás pães ázimos, e no sétimo dia é assembleia solene ao Senhor teu Deus; nenhuma obra farás.

9 Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara começarás a contar as sete semanas.

10

Depois celebrarás a festa das semanas ao Senhor teu Deus; o que deres será tributo voluntário da tua mão, conforme o Senhor teu Deus te tiver abençoado.

11 E te alegrarás perante o Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão no meio de ti, no lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali fazer habitar o seu nome.

12 E lembrar-te-ás de que foste servo no Egito; e guardarás estes estatutos, e os cumprirás.

13 A festa dos tabernáculos guardarás sete dias, após colheres da tua eira e do teu lagar.

14 E na tua festa te alegrarás, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão das tuas portas para dentro.

15 Sete dias celebrarás a festa ao Senhor teu Deus, no lugar que o Senhor escolher; porque o Senhor teu Deus te há de abençoar em toda a tua colheita, e em toda a obra das tuas mãos; pelo que te alegrarás certamente.

16 Três vezes no ano todo homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher, na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá de mãos vazias perante o Senhor:

17 Cada qual, conforme a dádiva que sua mão possa dar, conforme a bênção do Senhor teu Deus, que te tiver dado.

18 Juízes e oficiais porás em todas as tuas portas que o Senhor teu Deus te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com justo juízo.

19 Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem receberás suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos.

20

A justiça, somente a justiça seguirás; para que vivas, e possuas a terra que te dará o Senhor teu Deus.

21 Não plantarás nenhum poste-ídolo junto ao altar do Senhor teu Deus, que fizeres para ti,

22 Nem levantarás estátua, a qual o Senhor teu Deus odeia.

Capítulo 17

Aqueles que adorarem deuses falsos serão mortos — Os sacerdotes e os juízes deverão julgar os casos difíceis — Os reis não devem multiplicar para si cavalos, esposas ou ouro — O rei tem que estudar as leis de Deus diariamente.

1

Não sacrificarás ao Senhor teu Deus boi ou ovelha em que haja defeito ou alguma coisa má; pois abominação é ao Senhor teu Deus.

2 Quando no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus, se achar algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do Senhor teu Deus, transgredindo o seu convênio,

3 Que for, e servir a outros deuses, e se encurvar a eles, ou ao sol, ou à lua, ou a todo o exército do céu; o que eu não ordenei;

4 E te for denunciado, e o ouvires; então o inquirirás bem; e eis que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação em Israel,

5 Então farás conduzir às tuas portas o homem ou a mulher que fez esse malefício, sim, o tal homem ou mulher, e com pedras os apedrejarás, até que morram.

6 Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha não morrerá.

7 A mão das testemunhas será a primeira contra ele, para matá-lo; e depois a mão de todo o povo; assim tirarás o mal do meio de ti.

8 Quando alguma coisa te for dificultosa demais em juízo, entre sangue e sangue, entre demanda e demanda, entre ferimento e ferimento, em questões litigiosas nas tuas portas, então te levantarás, e subirás ao lugar que escolher o Senhor teu Deus;

9 E irás aos sacerdotes levitas, e ao juiz que houver naqueles dias, e inquirirás, e te anunciarão a sentença do juízo.

10

E farás conforme o mandado que te anunciarão os do lugar que escolher o Senhor, e terás cuidado de fazer conforme tudo o que te ensinarem.

11 Conforme o mandado da lei que te ensinarem, e conforme o juízo que te disserem, farás; da palavra que te anunciarem não te desviarás, nem para a direita nem para a esquerda.

12 O homem, pois, que se houver soberbamente, não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir ao Senhor teu Deus, nem ao juiz, o tal homem morrerá; e tirarás o mal de Israel,

13 Para que todo o povo ouça, e tema, e nunca mais se ensoberbeça.

14 Quando entrares na terra, que te dá o Senhor teu Deus, e a possuires, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim;

15 Porás certamente sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos.

16 Porém não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o Senhor vos disse: Nunca mais voltareis por este caminho.

17 Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.

18 Acontecerá também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então escreverá para si uma cópia desta lei num livro, daquilo que está diante dos sacerdotes levitas.

19 E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida; para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para cumpri-los;

20

Para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel.

Capítulo 18

O modo como são sustentados os sacerdotes — As adivinhações, o ocultismo e coisas semelhantes são abominações — Um Profeta (Cristo) se levantará como Moisés.

1

Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança em Israel; das ofertas queimadas do Senhor e da sua herança comerão.

2 Pelo que não terão herança no meio de seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como lhes disse.

3 Este, pois, será o direito devido aos sacerdotes, da parte do povo, dos que oferecerem sacrifício, seja boi ou ovelha; e darão ao sacerdote a espádua, e as queixadas, e o bucho.

4 Dar-lhe-ás as primícias do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e as primícias da tosquia das tuas ovelhas.

5 Porque o Senhor teu Deus o escolheu de todas as tuas tribos, para que esteja ali para servir no nome do Senhor, ele e seus filhos, todos os dias.

6 E quando vier um levita de alguma das tuas portas, de todo o Israel, onde habitar, e vier com todo o desejo da sua alma ao lugar que o Senhor escolheu,

7 E servir no nome do Senhor seu Deus, como também todos os seus irmãos, os levitas, que estão ali perante o Senhor,

8 Igual porção comerão, além das vendas do seu patrimônio.

9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.

10

Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;

11 Nem encantador, nem quem consulte um espírito familiar, nem mágico, nem quem consulte os mortos;

12 Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.

13 Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.

14 Porque estas nações, que hás de desapossar, ouvem os prognosticadores e os adivinhos; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa.

15 O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;

16 Conforme tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horebe, no dia da assembleia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.

17 Então o Senhor me disse: Bem falaram naquilo que disseram.

18 Eu lhes levantarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.

19 E acontecerá que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele.

20

Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal profeta morrerá.

21 E se disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou?

22 Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.

Capítulo 19

São designadas cidades de refúgio para casos de homicídio — Os homicidas serão mortos — Exigem-se duas ou três testemunhas para julgar um caso — As testemunhas falsas serão punidas.

1

Quando o Senhor teu Deus desarraigar as nações cuja terra te dará o Senhor teu Deus, e tu as desapossares, e morares nas suas cidades e nas suas casas,

2 Três cidades separarás para ti no meio da tua terra que te dará o Senhor teu Deus para a possuir.

3 Preparar-te-ás o caminho; e os termos da tua terra, que te fará possuir o Senhor teu Deus, dividirás em três, e isto será para que todo homicida se acolha ali.

4 E este é o caso tocante ao homicida, que se acolher ali, para que viva; aquele que sem intenção matar o seu próximo, a quem não odiava dantes;

5 Como aquele que entrar com o seu próximo no bosque, para cortar lenha e, pondo força na sua mão com o machado para cortar a árvore, o ferro saltar do cabo e ferir o seu próximo, e ele morrer, o tal se acolherá a uma dessas cidades, e viverá;

6 Para que o vingador do sangue não persiga o homicida, quando se inflamar o seu coração, e o alcance, por ser comprido o caminho, e lhe tire a vida; porque não é culpado de morte, pois não o odiava dantes.

7 Portanto, te dou ordem, dizendo: Três cidades separarás para ti.

8 E se o Senhor teu Deus dilatar os teus termos, como jurou a teus pais, e te der toda a terra que disse que daria a teus pais

9 (Quando guardares todos esses mandamentos, que hoje te ordeno, para cumpri-los, amando ao Senhor teu Deus e andando nos seus caminhos todos os dias), então acrescentarás outras três cidades além destas três.

10

Para que o sangue inocente não se derrame no meio da tua terra, que o Senhor teu Deus te dá por herança, e haja sangue sobre ti.

11 Mas havendo alguém que odeie seu próximo, e lhe arme ciladas, e se levante contra ele, e o fira de morte, de modo que morra, e se acolha a alguma dessas cidades,

12 Então os anciãos da sua cidade mandarão tirá-lo dali, e o entregarão na mão do vingador do sangue, para que morra.

13 O teu olho não terá piedade dele; antes tirarás a culpa do sangue inocente de Israel, para que bem te suceda.

14 Não mudes a divisa do teu próximo, que delimitaram os antigos na tua herança, que possuires na terra, que te dá o Senhor teu Deus para a possuíres.

15 Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometa; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá a questão.

16 Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de transgressão,

17 Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias;

18 E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsidade contra seu irmão,

19 Far-lhe-eis como intentou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti,

20

Para que os que ficarem ouçam e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti.

21 O teu olho não terá piedade; vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.

Capítulo 20

São reveladas leis para escolher soldados e fazer guerra — Os heteus, os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus e os jebuseus serão completamente destruídos.

1

Quando saires à peleja contra teus inimigos, e vires cavalos, e carros, e povo maior em número do que tu, deles não terás temor; pois o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, está contigo.

2 E acontecerá que, quando vos achegardes à peleja, o sacerdote se adiantará, e falará ao povo,

3 E dir-lhe-á: Ouve, ó Israel, hoje vos achegais à peleja contra os vossos inimigos; que não desfaleça o vosso coração; não temais nem tremais, nem vos aterrorizeis diante deles.

4 Pois o Senhor vosso Deus é o que vai convosco, para pelejar contra os vossos inimigos, para salvar-vos.

5 Então os oficiais falarão ao povo, dizendo: Qual é o homem que edificou casa nova e ainda não a consagrou? Vá, e retorne à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre.

6 E qual é o homem que plantou uma vinha e ainda não a desfrutou? Vá, e retorne à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a desfrute.

7 E qual é o homem que está desposado com alguma mulher e ainda não a recebeu? Vá, e retorne à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro homem a receba.

8 E continuarão os oficiais a falar ao povo, dizendo: Qual é o homem medroso e de coração tímido? Vá, e retorne à sua casa, para que o coração de seus irmãos não se derreta como o seu coração.

9 E acontecerá que, quando os oficiais acabarem de falar ao povo, então nomearão os capitães dos exércitos para estarem na dianteira do povo.

10

Quando te achegares a alguma cidade para combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz.

11 E acontecerá que, se te responder em paz, e te abrir as portas, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá.

12 Porém, se ela não fizer paz contigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás.

13 E o Senhor teu Deus a dará na tua mão; e todo homem que houver nela passarás ao fio da espada,

14 Somente as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o Senhor teu Deus.

15 Assim farás a todas as cidades que estiverem muito longe de ti, que não forem das cidades destas nações.

16 Porém, das cidades destas nações, que o Senhor teu Deus te dá como herança, nada que tem fôlego deixarás com vida;

17 Antes, destruí-las-ás totalmente; os heteus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, como te ordenou o Senhor teu Deus;

18 Para que não vos ensinem a fazer conforme todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis contra o Senhor vosso Deus.

19 Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, a golpe de machado, porque dele comerás; pelo que não o cortarás; porventura a árvore do campo é homem, para que te sirva no cerco?

20

Mas as árvores que souberes que não são árvores frutíferas, destruí-las-ás e cortá-las-ás; e contra a cidade que guerrear contra ti edificarás baluartes, até que esta seja derrubada.

Capítulo 21

Explica-se como são expiados os homicídios cujo autor seja desconhecido — Exige-se equidade no trato das esposas e dos filhos — Os filhos rebeldes e contumazes serão mortos.

1

Quando na terra que te der o Senhor teu Deus para possuí-la se achar algum morto, caído no campo, sem que se saiba quem o matou,

2 Então sairão os teus anciãos e os teus juízes, e medirão o espaço até as cidades que estiverem em redor do morto;

3 E na cidade mais próxima ao morto, os anciãos da mesma cidade tomarão uma bezerra da manada, que não tenha trabalhado nem tenha puxado com o jugo;

4 E os anciãos daquela cidade trarão a bezerra a um vale de águas correntes, que nunca foi lavrado nem semeado; e ali, naquele vale, quebrarão o pescoço da bezerra;

5 Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi (pois o Senhor teu Deus os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do Senhor; e pela sua palavra se determinará toda demanda e todo ferimento);

6 E todos os anciãos da mesma cidade, mais próxima ao morto, lavarão as suas mãos sobre a bezerra cujo pescoço foi quebrado no vale;

7 E protestarão, e dirão: As nossas mãos não derramaram este sangue, e os nossos olhos não o viram.

8 Sê propício ao teu povo Israel, que tu, ó Senhor, resgataste, e não ponhas o sangue inocente no meio do teu povo Israel. E aquele sangue lhes será expiado.

9 Assim tirarás o sangue inocente do meio de ti; pois farás o que é reto aos olhos do Senhor.

10

Quando saires à peleja contra os teus inimigos, e o Senhor teu Deus os entregar nas tuas mãos, e tu deles levares prisioneiros,

11 E tu entre os presos vires uma mulher formosa à vista, e a cobiçares, e a tomares por mulher,

12 Então a trarás para a tua casa; e ela se rapará a cabeça e cortará as suas unhas,

13 E despirá a veste do seu cativeiro, e se assentará na tua casa, e chorará seu pai e sua mãe um mês inteiro; e depois te achegarás a ela, e tu serás seu marido e ela, tua mulher.

14 E acontecerá que, se não te contentares com ela, a deixarás ir à sua vontade; mas de sorte nenhuma a venderás por dinheiro, nem a maltratarás, pois a humilhaste.

15 Quando um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem odeia, e a amada e a odiada lhe derem filhos, e o filho primogênito for da odiada,

16 Acontecerá que, no dia em que fizer herdar seus filhos o que tiver, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, preferindo-o ao filho da odiada, que é o primogênito.

17 Mas o filho da odiada reconhecerá como primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver; porquanto ele é o princípio da sua força, o direito da primogenitura seu é.

18 Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe e, castigando-o eles, não lhes der ouvidos,

19 Então seu pai e sua mãe tomá-lo-ão, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar;

20

E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e beberrão.

21 Então todos os homens da sua cidade com pedras o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, para que todo o Israel o ouça, e tema.

22 Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro,

23 O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança.

Capítulo 22

Moisés estabelece leis referentes a bens perdidos, ao uso de roupas adequadas, ao cuidado com os interesses alheios, ao casamento com uma moça virgem e à imoralidade sexual.

1

Vendo extraviado o boi ou ovelha de teu irmão, não os ignorarás; restituí-los-ás sem falta a teu irmão.

2 E se teu irmão não estiver perto de ti, ou tu não o conheceres, recolhê-los-ás na tua casa, para que fiquem contigo, até que teu irmão os busque, e tu lhos restituirás.

3 Assim também farás com o seu jumento, e assim farás com as suas roupas; assim farás também com toda coisa perdida, que se perder de teu irmão, e tu a achares; não o poderás ignorar.

4 O jumento de teu irmão, ou o seu boi, não verás caídos no caminho, e os ignorarás; sem falta o ajudarás a levantá-los.

5 Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher; porque qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.

6 Quando encontrares algum ninho de ave no caminho em alguma árvore, ou no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhotes;

7 Deixarás ir livremente a mãe, e os filhotes tomarás para ti; para que bem te vá, e para que prolongues os teus dias.

8 Quando edificares uma casa nova, farás no teu telhado um parapeito, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de alguma maneira cair dali.

9 Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se corrompa o fruto da semente que semeares, e o produto da vinha.

10

Com boi e com jumento juntamente não lavrarás.

11 Não te vestirás de diversos estofos de lã e linho juntamente.

12 Franjas porás nas quatro bordas da tua manta, com que te cobrires.

13 Quando um homem tomar mulher e, achegando-se a ela, a odiar,

14 E lhe imputar coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me acheguei a ela, porém não a achei virgem;

15 Então o pai da moça e sua mãe tomarão os sinais da virgindade da moça, e levá-los-ão para fora aos anciãos da cidade, à porta;

16 E o pai da moça dirá aos anciãos: Eu dei minha filha por mulher a este homem, porém ele a odiou;

17 E eis que lhe imputou coisas escandalosas, dizendo: Não achei virgem tua filha; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E estenderão o lençol diante dos anciãos da cidade.

18 Então os anciãos da mesma cidade tomarão aquele homem, e o castigarão,

19 E o condenarão em cem siclos de prata, e os darão ao pai da moça; porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. E lhe será por mulher, em todos os seus dias não a poderá repudiar.

20

Porém se isso for verdade, que a virgindade não se achou na moça,

21 Então tirarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade com pedras a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti.

22 Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel.

23 Quando houver moça virgem, desposada com algum homem, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,

24 Então tirareis ambos à porta daquela cidade, e com pedras os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti.

25 E se algum homem no campo achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então morrerá só o homem que se deitou com ela;

26 Porém à moça não farás nada; a moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo, e lhe tira a vida, assim é este caso.

27 Pois a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.

28 Quando um homem achar uma moça virgem, que não for desposada, e tomá-la, e se deitar com ela, e forem apanhados,

29 Então o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e porquanto a humilhou, lhe será por mulher; não a poderá repudiar em todos os seus dias.

30

Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, nem descobrirá a ourela de seu pai.

Capítulo 23

Moisés especifica os que podem e os que não podem entrar na congregação — Ele estabelece leis referentes à higiene, aos servos, à usura e aos votos.

1

Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou cortado o membro viril, não entrará na congregação do Senhor.

2 Nenhum bastardo entrará na congregação do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do Senhor.

3 Nenhum amonita nem moabita entrará na congregação do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do Senhor eternamente.

4 Porquanto não saíram com pão e água, para receber-vos no caminho, quando saíeis do Egito; e porquanto alugaram contra ti Balaão, filho de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te amaldiçoar.

5 Porém o Senhor teu Deus não quis ouvir Balaão; antes o Senhor teu Deus trocou em bênção a maldição; porquanto o Senhor teu Deus te amava.

6 Não lhes procurarás nem paz nem bem em todos os teus dias para sempre.

7 Não abominarás o edomita, pois é teu irmão; nem abominarás o egípcio; pois estrangeiro foste na sua terra.

8 Os filhos que lhes nascerem na terceira geração, cada um deles entrará na congregação do Senhor.

9 Quando o exército sair contra os teus inimigos, então te guardarás de toda coisa má.

10

Quando entre ti houver algum que por polução noturna não estiver limpo, sairá para fora do acampamento; não entrará no meio do acampamento.

11 Porém acontecerá que, declinando a tarde, se lavará em água; e, em se pondo o sol, entrará no meio do acampamento.

12 Também terás um lugar fora do acampamento, para onde sairás.

13 E entre as tuas armas terás uma pá; e acontecerá que, quando estiveres assentado fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu excremento.

14 Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio do teu acampamento, para te livrar, e entregar os teus inimigos diante de ti; pelo que o teu acampamento será santo, para que ele não veja coisa indecente em ti, e se aparte de ti.

15 Não entregarás a seu senhor o servo que, tendo fugido de seu senhor, se acolher a ti;

16 Contigo ficará no meio de ti, no lugar que escolher em alguma das tuas portas, onde lhe estiver bem; não o oprimirás.

17 Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá prostitutos cultuais dentre os filhos de Israel.

18 Não trarás salário de prostituta nem preço de cão à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque estes ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus.

19 A teu irmão não emprestarás à usura, nem à usura de dinheiro, nem à usura de comida, nem à usura de qualquer coisa que se empreste à usura.

20

Ao estranho emprestarás à usura, porém a teu irmão não emprestarás à usura; para que o Senhor teu Deus te abençoe em tudo no que puseres a tua mão, na terra à qual vais para a possuir.

21 Quando fizeres algum voto ao Senhor teu Deus, não tardarás em pagá-lo; porque o Senhor teu Deus certamente o requererá de ti, e em ti haverá pecado.

22 Porém, abstendo-te de fazer um voto, não haverá pecado em ti.

23 O que saiu da tua boca guardarás, e o farás; trazendo a oferta voluntária, assim como votaste ao Senhor teu Deus, o que declaraste pela tua boca.

24 Quando entrares na vinha do teu próximo, comerás uvas conforme o teu desejo até te fartares, porém não as porás no teu cesto.

25 Quando entrares na seara do teu próximo, com a tua mão arrancarás as espigas; porém não meterás a foice na seara do teu próximo.

Capítulo 24

São dadas leis referentes ao divórcio, aos recém-casados, ao comércio de escravos, aos penhores, à lepra, à opressão dos servos e às sobras da colheita deixadas no campo.

1

Quando um homem tomar uma mulher, e se casar com ela, então acontecerá que, se não achar graça aos seus olhos, por nela achar coisa indecente, ele lhe escreverá carta de divórcio, e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.

2 Se, pois, saindo da sua casa, for, e se casar com outro homem,

3 E este último homem a odiar, e lhe escrever carta de divórcio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer,

4 Então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.

5 Quando algum homem tomar uma nova mulher não sairá à guerra, nem se lhe imporá carga alguma; por um ano inteiro ficará livre na sua casa, e alegrará a sua mulher, que tomou.

6 Não se tomarão em penhor ambas as mós, nem a mó de cima nem a de baixo; pois se penhoraria assim a vida.

7 Quando se achar alguém que furtar um dentre os seus irmãos, dos filhos de Israel, e o explorar, e o vender, o tal ladrão morrerá, e tirarás o mal do meio de ti.

8 Guarda-te da praga da lepra, que tenhas grande cuidado de fazer conforme tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes ordenei, terás cuidado de o fazer.

9 Lembra-te do que o Senhor teu Deus fez a Miriã no caminho, quando saíste do Egito.

10

Quando emprestares alguma coisa ao teu próximo, não entrarás em sua casa, para lhe tirar o penhor.

11 Fora ficarás; e o homem, a quem emprestaste, te trará fora o penhor.

12 Porém, se for homem pobre, não te deitarás com o seu penhor.

13 Em se pondo o sol, certamente lhe restituirás o penhor; para que durma na sua própria roupa, e te abençoe; e isto te será justiça diante do Senhor teu Deus.

14 Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que estão na tua terra e nas tuas portas.

15 No seu dia lhe darás o seu jornal, e o sol se não porá sobre isso; porquanto pobre é, e sua alma se atém a isso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado.

16 Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada qual morrerá pelo seu próprio pecado.

17 Não perverterás o direito do estrangeiro e do órfão; nem tomarás em penhor a roupa da viúva.

18 Mas lembrar-te-ás de que foste servo no Egito, e de que o Senhor te livrou dali pelo que te ordeno que faças isso.

19 Quando no teu campo ceifares a tua ceifa, e esqueceres um feixe no campo, não retornarás para tomá-lo; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos.

20

Quando sacudires a tua oliveira, não retornarás para sacudir os ramos; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será.

21 Quando vindimares a tua vinha, não retornarás para respigá-la; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será.

22 E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito; pelo que te ordeno que faças isso.

Capítulo 25

Os juízes determinam o castigo dos iníquos — A lei de casamento ampara a viúva de um irmão — Exigem-se pesos e medidas justas — Israel recebe o mandamento de eliminar os amalequitas de debaixo dos céus.

1

Quando houver contenda entre alguns, e forem a juízo, para que os julguem, o justo justificarão, e o injusto condenarão.

2 E acontecerá que, se o injusto merecer açoites, o juiz o fará deitar, e o fará açoitar diante de si, quanto bastar pela sua culpa, com um certo número de açoites.

3 Quarenta açoites lhe poderá dar, não irá além; para que, se porventura lhe fizer dar mais açoites do que estes, teu irmão não fique envilecido aos teus olhos.

4 Não atarás a boca ao boi, quando trilhar.

5 Quando alguns irmãos morarem juntos, e algum deles morrer, e não tiver filho, então a mulher do defunto não se casará com homem estranho de fora; seu cunhado se achegará a ela, e a tomará por mulher, e fará a obrigação de cunhado para com ela.

6 E acontecerá que o primogênito que ela der à luz estará em nome de seu irmão defunto; para que o seu nome não se apague em Israel.

7 Porém, se o tal homem não quiser tomar sua cunhada, subirá então sua cunhada à porta dos anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a seu irmão nome em Israel; não quer fazer para comigo o dever de cunhado.

8 Então os anciãos da sua cidade o chamarão, e com ele falarão; e se ele persistir, e disser: Não quero tomá-la,

9 Então sua cunhada se chegará a ele, aos olhos dos anciãos, e lhe descalçará o sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao homem que não edificar a casa de seu irmão;

10

E o seu nome se chamará em Israel: A casa do descalçado.

11 Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar seu marido da mão do que o fere, e ela estender a sua mão, e lhe pegar pelas suas vergonhas,

12 Então cortar-lhe-ás a mão; o teu olho não terá piedade dela.

13 Na tua bolsa não terás diversos pesos, um grande e um pequeno.

14 Na tua casa não terás duas sortes de efa, um grande e um pequeno.

15 Peso inteiro e justo terás; efa inteiro e justo terás; para que se prolonguem os teus dias na terra que te dará o Senhor teu Deus.

16 Porque abominação é ao Senhor teu Deus todo aquele que faz isso, todo aquele que fizer injustiça.

17 Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando saíeis do Egito;

18 Como te saiu ao encontro no caminho, e te feriu na retaguarda todos os fracos que iam após ti, estando tu cansado e afadigado; e não temeu a Deus.

19 Acontecerá, pois, que, quando o Senhor teu Deus te tiver dado repouso de todos os teus inimigos em redor, na terra que o Senhor teu Deus te dará por herança, para possuí-la, então apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças.

Capítulo 26

Os filhos de Israel oferecerão ao Senhor um cesto com as primícias de Canaã — Eles recebem o mandamento de cumprir a lei do dízimo — Eles fazem convênio de guardar os mandamentos, e o Senhor promete fazer deles um povo santo e uma grande nação.

1

E acontecerá que, quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der por herança, e a possuíres, e nela habitares,

2 Então tomarás das primícias de todos os frutos da terra, que trouxeres da tua terra, que te dá o Senhor teu Deus, e as porás num cesto, e irás ao lugar que escolher o Senhor teu Deus, para ali fazer habitar o seu nome.

3 E irás ao que naqueles dias for sacerdote, e dir-lhe-ás: Hoje declaro perante o Senhor teu Deus que entrei na terra que o Senhor jurou a nossos pais que nos daria.

4 E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do Senhor teu Deus.

5 Então protestarás perante o Senhor teu Deus, e dirás: Arameu prestes a perecer era meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com pouca gente, porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa e numerosa.

6 Mas os egípcios nos maltrataram e nos afligiram, e sobre nós puseram uma dura servidão.

7 Então clamamos ao Senhor Deus de nossos pais; e o Senhor ouviu a nossa voz, e atentou para a nossa miséria, e para o nosso trabalho, e para a nossa opressão.

8 E o Senhor nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres;

9 E nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel.

10

E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e te inclinarás perante o Senhor teu Deus.

11 E te alegrarás por todo o bem que o Senhor teu Deus te deu a ti e à tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.

12 Quando acabares de dizimar todos os dízimos dos teus produtos no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem;

13 E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei o que é consagrado de minha casa, e dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme todos os teus mandamentos que me ordenaste; nada transgredi dos teus mandamentos, nem deles me esqueci.

14 Dele não comi na minha tristeza, nem dele nada tirei para imundície, nem dele dei para algum morto; obedeci à voz do Senhor meu Deus; fiz conforme tudo o que me ordenaste.

15 Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel.

16 Neste dia o Senhor teu Deus te manda cumprir estes estatutos e juízos; guarda-os, pois, e cumpre-os com todo o teu coração e com toda a tua alma.

17 Hoje declaraste que o Senhor te será por Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz.

18 E o Senhor hoje te declarou que lhe serás por seu próprio povo, como te disse, e que deves guardar todos os seus mandamentos,

19 Para assim te exaltar sobre todas as nações que fez, para louvor, e para fama, e para glória, e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como disse.

Capítulo 27

Os filhos de Israel cruzarão o Jordão, edificarão um altar e adorarão o Senhor — Eles são o povo do Senhor, mas serão amaldiçoados se não obedecerem a Ele.

1

E deram ordem, Moisés e os anciãos, ao povo de Israel, dizendo: Guardai todos estes mandamentos que hoje vos ordeno.

2 E acontecerá que, no dia em que passares o Jordão à terra que te der o Senhor teu Deus, levantar-te-ás umas pedras grandes, e as caiarás com cal.

3 E havendo-o passado, escreverás nelas todas as palavras desta lei, para entrares na terra que te der o Senhor teu Deus, terra que mana leite e mel, como te disse o Senhor Deus de teus pais.

4 Acontecerá, pois, que, quando houverdes passado o Jordão, levantareis essas pedras, que hoje vos ordeno, no monte Ebal, e as caiarás com cal.

5 E ali edificarás um altar ao Senhor teu Deus, um altar de pedras; não alçarás instrumento de ferro sobre elas.

6 De pedras brutas edificarás o altar do Senhor teu Deus; e sobre ele oferecerás holocaustos ao Senhor teu Deus.

7 Também sacrificarás ofertas pacíficas, e ali comerás perante o Senhor teu Deus, e te alegrarás.

8 E naquelas pedras escreverás todas as palavras desta lei, exprimindo-as bem.

9 Falou mais Moisés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Escuta e ouve, ó Israel! Neste dia vieste a ser o povo do Senhor teu Deus.

10

Portanto, obedecerás à voz do Senhor teu Deus, e cumprirás os seus mandamentos e os seus estatutos que hoje te ordeno.

11 E Moisés deu ordem naquele dia ao povo, dizendo:

12 Quando houverdes passado o Jordão, estes estarão sobre o monte Gerizim, para abençoarem o povo: Simeão, e Levi, e Judá, e Issacar, e José, e Benjamim;

13 E estes estarão para amaldiçoar sobre o monte Ebal: Rúben, Gade, e Aser, e Zebulom, Dã e Naftali.

14 E os levitas responderão a todo o povo de Israel em alta voz, e dirão:

15 Maldito o homem que fizer imagem de escultura, ou de fundição, abominação ao Senhor, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo responderá, e dirá: Amém.

16 Maldito aquele que desprezar seu pai ou sua mãe. E todo o povo dirá: Amém.

17 Maldito aquele que arrancar a divisa do seu próximo. E todo o povo dirá: Amém.

18 Maldito aquele que fizer que o cego erre o caminho. E todo o povo dirá: Amém.

19 Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém.

20

Maldito aquele que se deitar com a mulher de seu pai, porquanto descobriu a ourela de seu pai. E todo o povo dirá: Amém.

21 Maldito aquele que se deitar com algum animal. E todo o povo dirá: Amém.

22 Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amém.

23 Maldito aquele que se deitar com sua sogra. E todo o povo dirá: Amém.

24 Maldito aquele que ferir de morte o seu próximo em oculto. E todo o povo dirá: Amém.

25 Maldito aquele que aceitar suborno para ferir de morte alguma pessoa, o sangue do inocente. E todo o povo dirá: Amém.

26 Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém.

Capítulo 28

Se os filhos de Israel forem obedientes, serão abençoados temporal e espiritualmente — Se forem desobedientes, serão amaldiçoados, feridos e destruídos; serão afligidos com enfermidades, pragas e opressão; servirão a falsos deuses e se tornarão um escárnio entre todos os povos; nações ferozes os escravizarão; comerão a carne dos próprios filhos e serão espalhados entre todas as nações.

1

E acontecerá que, se ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu te ordeno hoje, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra.

2 E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, se ouvires a voz do Senhor teu Deus.

3 Bendito serás tu na cidade, e bendito serás no campo.

4 Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas, e os rebanhos das tuas ovelhas.

5 Bendito o teu cesto e a tua amassadeira;

6 Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres.

7 O Senhor fará que os teus inimigos, que se levantarem contra ti, sejam feridos diante de ti; por um caminho sairão contra ti, mas por sete caminhos fugirão de diante de ti.

8 O Senhor mandará a bênção sobre ti nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o Senhor teu Deus.

9 O Senhor te confirmará para si como povo santo, como te jurou, se guardares os mandamentos do Senhor teu Deus, e andares nos seus caminhos.

10

E todos os povos da terra verão que és chamado pelo nome do Senhor, e terão temor de ti.

11 E o Senhor te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto da tua terra, sobre a terra que o Senhor jurou a teus pais que te daria.

12 O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado.

13 E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.

14 E não te desviarás de todas as palavras que hoje te ordeno, nem para a direita nem para a esquerda, para andares após outros deuses, para os servires.

15 Acontecerá porém que, se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então sobre ti virão todas estas maldições, e te alcançarão:

16 Maldito serás tu na cidade, e maldito serás no campo.

17 Maldito o teu cesto e a tua amassadeira.

18 Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas vacas, e os rebanhos das tuas ovelhas.

19 Maldito serás ao entrares, e maldito serás ao saíres.

20

O Senhor mandará sobre ti a maldição, a perturbação e a repreensão em tudo em que puseres a tua mão para fazer, até que sejas destruído, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, com que me deixaste.

21 O Senhor fará pegar em ti a pestilência, até que te consuma da terra à qual passas para a possuir.

22 O Senhor te ferirá com a tísica e com a febre, e com a inflamação, e com o calor ardente, e com a secura, e com crestamento e com ferrugem; e te perseguirão até que pereças.

23 E os teus céus que estão sobre a tua cabeça serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti será de ferro.

24 O Senhor por chuva da tua terra te dará pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças.

25 O Senhor fará que sejas ferido diante dos teus inimigos; por um caminho sairás contra eles, e por sete caminhos fugirás de diante deles, e serás espalhado por todos os reinos da terra.

26 E o teu cadáver servirá de comida a todas as aves dos céus, e aos animais da terra; e ninguém os espantará.

27 O Senhor te ferirá com as úlceras do Egito, com hemorroidas, e com sarna, e com coceira, de que não possas curar-te;

28 O Senhor te ferirá com loucura, e com cegueira, e com pasmo do coração;

29 E apalparás ao meio dia, como o cego apalpa na escuridão, e não prosperarás nos teus caminhos; porém somente serás oprimido e roubado todos os dias, e não haverá quem te salve.

30

Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás uma casa, porém não morarás nela; plantarás uma vinha, porém não lograrás o seu fruto.

31 O teu boi será morto aos teus olhos, porém dele não comerás; o teu jumento será roubado diante de ti, e não voltará a ti; as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos, e não haverá quem te salve.

32 Teus filhos e tuas filhas serão dados a outro povo, os teus olhos o verão, e de saudade deles desfalecerão todo o dia; porém não haverá poder na tua mão.

33 O fruto da tua terra e todo o teu trabalho comerá um povo que nunca conheceste; e tu serás oprimido e esmagado todos os dias.

34 E enlouquecerás por causa do que verás com os teus olhos.

35 O Senhor te ferirá com úlceras malignas nos joelhos e nas pernas, de que não possas sarar, desde a planta do teu pé até o alto da cabeça.

36 O Senhor te levará a ti e a teu rei, que tiveres posto sobre ti, a uma nação que não conheceste, nem tu nem teus pais; e ali servirás a outros deuses, à madeira e à pedra.

37 E serás por pasmo, por provérbio, e por motejo entre todos os povos a que o Senhor te levará.

38 Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá.

39 Plantarás vinhas, e cultivarás, porém não beberás vinho, nem colherás as uvas, porque o bicho as colherá.

40

Em todos os teus termos terás oliveiras, porém não te ungirás com azeite, porque a azeitona cairá da tua oliveira.

41 Filhos e filhas gerarás, porém não serão para ti, porque irão em cativeiro.

42 Todo o teu arvoredo e o fruto da tua terra consumirá a lagarta.

43 O estrangeiro, que está no meio de ti, se elevará mais e mais sobre ti, e tu mais e mais descerás;

44 Ele te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu serás por cauda.

45 E todas essas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não destes ouvidos à voz do Senhor teu Deus, para guardar os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te ordenou;

46 E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua semente para sempre.

47 Porquanto não servistes ao Senhor teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo.

48 Assim, servirás aos teus inimigos, que o Senhor enviará contra ti, com fome, e com sede, e com nudez, e com falta de tudo; e sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te tenha destruído.

49 O Senhor levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás;

50

Nação feroz de rosto, que não atentará para o rosto do velho, nem se apiedará do moço;

51 E comerá o fruto dos teus animais, e o fruto da tua terra, até que sejas destruído; e não te deixará grão, mosto, nem azeite, crias das tuas vacas, nem rebanhos das tuas ovelhas, até que te tenha consumido;

52 E te angustiará em todas as tuas portas, até que venham a cair os teus altos e fortes muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te angustiará em todas as tuas portas, em toda a tua terra que te deu o Senhor teu Deus;

53 E comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão.

54 Quanto ao homem mais mimoso e muito delicado entre ti, o seu olho será maligno contra o seu irmão, e contra a mulher de seu regaço, e contra os demais de seus filhos que ainda lhe ficarem;

55 De sorte que não dará a nenhum deles da carne de seus filhos, que ele comer; porquanto nada lhe restou no cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará em todas as tuas portas.

56 E quanto à mulher mais mimosa e delicada entre ti, que por mimo e delicadeza nunca tentou pôr a planta de seu pé sobre a terra, será maligno o seu olho contra o homem de seu regaço, e contra seu filho, e contra sua filha;

57 E isto por causa de suas páreas, que saírem dentre os seus pés, e por causa de seus filhos que der à luz; porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará nas tuas portas.

58 Se não tiveres cuidado de guardar todas as palavras desta lei, que estão escritas neste livro, para temeres este nome glorioso e temível, o Senhor teu Deus;

59 Então o Senhor fará maravilhosas as tuas pragas, e as pragas de tua semente, grandes e duradouras pragas, e enfermidades más e duradouras;

60

E fará voltar sobre ti todos os males do Egito, de que tu tiveste temor, e se apegarão a ti.

61 Também o Senhor fará vir sobre ti toda enfermidade e toda praga, que não está escrita no livro desta lei, até que sejas destruído.

62 E restarão de vós poucos homens, em lugar de haverdes sido como as estrelas dos céus em multidão; porquanto não destes ouvidos à voz do Senhor vosso Deus.

63 E acontecerá que, assim como o Senhor se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim o Senhor se deleitará em vós, em destruir-vos e consumir-vos; e desarraigados sereis da terra à qual passais para a possuir.

64 E o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até a outra extremidade da terra; e ali servirás a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais; à madeira e à pedra.

65 E nem ainda entre as mesmas nações descansarás, nem a planta de teu pé terá repouso; porquanto o Senhor ali te dará coração tremente, e desfalecimento dos olhos, e angústia da alma.

66 E a tua vida como em suspenso estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida.

67 Pela manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde dirás: Ah! quem me dera ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, com que pasmarás, e pelo que verás com os teus olhos.

68 E o Senhor te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de que te disse: Nunca mais o verás; e ali sereis vendidos como servos e como servas aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre.

Capítulo 29

Os filhos de Israel fazem um convênio com o Senhor pelo qual serão abençoados se forem obedientes, e amaldiçoados, se forem desobedientes — Se forem desobedientes, sua terra será como enxofre e sal.

1

Estas são as palavras do convênio que o Senhor ordenou a Moisés, na terra de Moabe, que fizesse com os filhos de Israel, além do convênio que fizera com eles em Horebe.

2 E Moisés chamou todo o Israel, e disse-lhes: Vistes tudo quanto o Senhor fez na terra do Egito, perante vossos olhos, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra,

3 As grandes provas que os teus olhos viram, aqueles sinais e grandes maravilhas;

4 Porém não vos deu o Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até o dia de hoje.

5 E quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se envelheceram sobre vós as vossas vestes, e nem se envelheceu no teu pé o teu sapato.

6 Pão não comestes, e vinho e bebida forte não bebestes; para que soubésseis que eu sou o Senhor vosso Deus.

7 Vindo vós, pois, a este lugar, Siom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, nos saíram ao encontro, à peleja, e nós os derrotamos;

8 E tomamos a sua terra, e a demos por herança aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo dos manassitas.

9 Guardai, pois, as palavras deste convênio, e cumpri-as, para que prospereis em tudo quanto fizerdes.

10

Vós todos estais hoje perante o Senhor vosso Deus; os cabeças de vossas tribos, vossos anciãos, e os vossos oficiais, todo homem de Israel;

11 Os vossos pequeninos, as vossas mulheres, e o estrangeiro que está no meio do teu acampamento; desde o rachador da tua lenha até o tirador da tua água;

12 Para que entres no convênio do Senhor teu Deus, e no seu juramento que o Senhor teu Deus hoje faz contigo;

13 Para que hoje te confirme para si por povo, e ele seja para ti por Deus, como te disse, e como jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.

14 E não somente convosco faço este convênio e este juramento,

15 Mas com aquele que hoje está aqui em pé conosco perante o Senhor nosso Deus, e com aquele que hoje não está aqui conosco.

16 Porque vós sabeis como habitamos na terra do Egito, e como passamos pelo meio das nações pelas quais passastes;

17 E vistes as suas abominações, e os seus ídolos, a madeira e a pedra, a prata e o ouro que havia entre eles.

18 Para que entre vós não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo, cujo coração hoje se desvie do Senhor nosso Deus, para que vá servir aos deuses dessas nações; para que entre vós não haja raiz que dê fel e absinto;

19 E aconteça que, ouvindo as palavras desta maldição, ele se abençoe no seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande conforme a obstinação do meu coração; para acrescentar bebedice à sede.

20

O Senhor não lhe quererá perdoar; mas então fumegará a ira do Senhor e o seu zelo sobre o tal homem, e toda a maldição escrita neste livro jazerá sobre ele; e o Senhor apagará o seu nome de debaixo do céu.

21 E o Senhor o separará para mal de todas as tribos de Israel, conforme todas as maldições do convênio escrito no livro desta lei.

22 Então dirá a geração vindoura, os vossos filhos, que se levantarem depois de vós, e o estranho que virá de terras remotas, vendo as pragas desta terra, e as suas doenças, com que o Senhor a terá afligido,

23 E toda a sua terra abrasada com enxofre e sal, de sorte que não será semeada, e nada produzirá, nem nela crescerá erva alguma; assim como foi a destruição de Sodoma e de Gomorra, de Admá e de Zeboim, que o Senhor destruiu na sua ira e no seu furor,

24 E todas as nações dirão: Por que fez o Senhor assim com esta terra? Qual foi a causa do furor desta tão grande ira?

25 Então se dirá: Porquanto deixaram o convênio do Senhor, o Deus de seus pais, que com eles fez, quando os tirou do Egito.

26 E eles foram, e serviram a outros deuses, e se inclinaram diante deles; deuses que não conheceram, e nenhum dos quais ele lhes tinha dado.

27 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra esta terra, para trazer sobre ela toda a maldição que está escrita neste livro.

28 E o Senhor os tirou da sua terra com ira, e com indignação, e com grande furor, e os lançou em outra terra, como neste dia se vê.

29 As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.

Capítulo 30

Os israelitas dispersos serão reunidos de todas as nações, quando se lembrarem do convênio — Moisés põe diante do povo a vida ou a morte, a bênção ou a maldição.

1

E acontecerá que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que pus diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o Senhor teu Deus,

2 E te converteres ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma,

3 Então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se apiedará de ti; e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus.

4 Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará o Senhor teu Deus, e te tomará dali;

5 E o Senhor teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e ele te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais.

6 E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua semente; para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas.

7 E o Senhor teu Deus porá todas essas maldições sobre os teus inimigos, e sobre os que te odeiam, que te perseguiram.

8 Converter-te-ás, pois, e darás ouvidos à voz do Senhor; cumprirás todos os seus mandamentos que hoje te ordeno.

9 E o Senhor teu Deus te dará abundância em toda a obra das tuas mãos, no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto da tua terra para o teu bem; porquanto o Senhor tornará a alegrar-se em ti para o teu bem, como se alegrou em teus pais;

10

Se deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, se te converteres ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma.

11 Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é difícil demais, e tampouco está longe de ti.

12 Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?

13 Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?

14 Porque esta palavra está muito perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.

15 Vês aqui, hoje te propus a vida e o bem, e a morte e o mal;

16 Porquanto te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o Senhor teu Deus te abençoe na terra à qual entras para a possuir.

17 Porém se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinar a outros deuses, e os servires,

18 Então eu vos declaro hoje que certamente perecereis; não prolongareis os dias na terra a que vais, passando o Jordão, para que, entrando nela, a possuas;

19 Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente,

20

Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e te achegando a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar.

Capítulo 31

Moisés aconselha Josué e todo o Israel a serem fortes e corajosos — A lei deve ser lida para todo o Israel a cada sete anos — Os filhos de Israel seguirão deuses falsos e se corromperão.

1

Depois foi Moisés, e falou estas palavras a todo o Israel;

2 E disse-lhes: Da idade de cento e vinte anos sou eu hoje; já não poderei mais sair e entrar; além disso, o Senhor me disse: Não passarás o Jordão.

3 O Senhor teu Deus passará adiante de ti; ele destruirá estas nações de diante de ti, para que as possuas; Josué passará adiante de ti, como o Senhor disse.

4 E o Senhor lhes fará como fez a Siom e a Ogue, reis dos amorreus, e à sua terra, os quais destruiu.

5 Quando, pois, o Senhor vo-los entregar diante de vós, então com eles fareis conforme todos os mandamentos que vos ordenei.

6 Sede fortes e corajosos; não temais, nem vos espanteis diante deles; porque o Senhor teu Deus é o que vai contigo; não te deixará nem te desamparará.

7 E Moisés chamou Josué, e lhe disse aos olhos de todo o Israel: Sê forte e corajoso; porque com este povo entrarás na terra que o Senhor jurou a teus pais lhes dar; e tu os farás herdá-la.

8 O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes.

9 E Moisés escreveu esta lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca da aliança do Senhor, e a todos os anciãos de Israel.

10

E deu-lhes ordem Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão, na festa dos tabernáculos,

11 Quando todo o Israel vier a comparecer perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos.

12 Ajunta o povo, homens, e mulheres, e pequeninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei;

13 E que seus filhos, que não a souberem, ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra à qual ides, passando o Jordão, para a possuir.

14 E disse o Senhor a Moisés: Eis que os teus dias são chegados, para que morras; chama Josué, e ponde-vos na tenda da congregação, para que eu lhe dê ordem. Assim, foram Moisés e Josué, e se puseram na tenda da congregação.

15 Então o Senhor apareceu na tenda, na coluna de nuvem; e a coluna de nuvem estava sobre a porta da tenda.

16 E disse o Senhor a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará, e se prostituirá indo após os deuses dos estranhos da terra, para o meio dos quais vai, e me deixará, e anulará o meu convênio que fiz com ele.

17 Assim, se acenderá a minha ira naquele dia contra ele, e desampará-lo-ei, e esconderei o meu rosto deles, para que sejam devorados; e tantos males e angústias o alcançarão, que dirá naquele dia: Não me alcançaram estes males, porquanto o meu Deus não está no meio de mim?

18 Esconderei, pois, totalmente o meu rosto naquele dia, por todo o mal que ele tiver feito, por se haver tornado a outros deuses.

19 Agora, pois, escrevei para vós este cântico, e ensinai-o aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os filhos de Israel.

20

Porque o introduzirei na terra que jurei a seus pais, que mana leite e mel; e comerá, e se fartará, e engordará; então se tornará a outros deuses, e os servirá, e me desprezará, e anulará o meu convênio.

21 E acontecerá que, quando o alcançarem muitos males e angústias, então este cântico deporá contra ele como testemunha, pois não será esquecido da boca de sua semente; porquanto conheço os desígnios que hoje está formulando, antes que o introduza na terra que lhe jurei dar.

22 Assim, Moisés escreveu este cântico naquele dia, e o ensinou aos filhos de Israel.

23 E ordenou a Josué, filho de Num, e disse: Sê forte e corajoso; porque tu introduzirás os filhos de Israel na terra que lhes jurei dar; e eu serei contigo.

24 E aconteceu que, acabando Moisés de escrever as palavras desta lei num livro, até de todo as acabar,

25 Deu ordem Moisés aos levitas que levavam a arca da aliança do Senhor, dizendo:

26 Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.

27 Porque conheço a tua rebelião e a tua dura cerviz; eis que, vivendo eu ainda hoje convosco, rebeldes fostes contra o Senhor; e quanto mais depois da minha morte.

28 Ajuntai perante mim todos os anciãos das vossas tribos, e vossos oficiais, e aos vossos ouvidos falarei estas palavras, e contra eles por testemunhas tomarei os céus e a terra.

29 Porque eu sei que depois da minha morte certamente vos corrompereis, e vos desviareis do caminho que vos ordenei; então este mal vos alcançará nos últimos dias, quando fizerdes mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira com a obra das vossas mãos.

30

Então Moisés falou as palavras deste cântico aos ouvidos de toda a congregação de Israel, até de todo as acabar.

Capítulo 32

Israel cantará o cântico de Moisés, aclamando: Deus fala aos céus e à Terra; Os filhos de Israel eram conhecidos na pré-existência; Deus os escolheu nesta vida; eles esqueceram a Rocha de sua salvação; Ele enviou pavor, espada e vingança sobre eles; não há Deus além Dele — Moisés será reunido a seu povo.

1

Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca.

2 Caia a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvarada sobre a erva e como aguaceiro sobre a relva.

3 Porque apregoarei o nome do Senhor; dai grandeza a nosso Deus.

4 Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.

5 Corromperam-se contra ele, seus filhos eles não são, por causa da mancha deles; geração perversa e depravada é.

6 Recompensais assim ao Senhor, povo tolo e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?

7 Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações; pergunta ao teu pai, e ele te informará; aos teus anciãos, e eles te dirão.

8 Quando o Altíssimo distribuía às nações as heranças, quando dividia os filhos de Adão, os termos dos povos estabeleceu, conforme o número dos filhos de Israel.

9 Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança.

10

Achou-o na terra do deserto, e num ermo solitário cheio de uivos; cercou-o, instruiu-o, guardou-o como a menina dos seus olhos.

11 Como a águia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhotes, estende as suas asas, toma-os, e leva-os sobre as suas asas,

12 Assim, só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho.

13 Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e ele comeu os frutos do campo, e o fez sugar mel da rocha e azeite da dura pederneira,

14 Manteiga de vacas, e leite do rebanho, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que pastam em Basã, e dos bodes, com o mais fino trigo; e bebeste o sangue das uvas, o vinho puro.

15 E engordando Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação.

16 Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram.

17 Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que apareceram há pouco, os quais vossos pais não temeram.

18 Esqueceste-te da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou.

19 O que vendo o Senhor, os desprezou, provocado à ira contra seus filhos e suas filhas;

20

E disse: Esconderei o meu rosto deles, verei qual será o seu fim; porque são geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade.

21 A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com os que não são povo; com nação louca os despertarei à ira.

22 Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até o mais profundo do inferno, e consumirá a terra com os seus frutos, e abrasará os fundamentos dos montes.

23 Males amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles.

24 Exaustos ficarão de fome, consumidos de febre ardente e de peste amarga; e entre eles enviarei dentes de feras, com ardente peçonha de serpentes do pó.

25 Por fora devastará a espada, e por dentro, o pavor, ao jovem, juntamente com a virgem, assim à criança que mama, como ao homem de cãs.

26 Eu disse que em todos os cantos os espalharia; faria cessar a sua memória dentre os homens,

27 Se eu não receasse a ira do inimigo, para que os seus adversários não se iludissem, e para que não dissessem: A nossa mão está alta; o Senhor não fez tudo isto.

28 Porque são nação falta de conselhos, e neles não entendimento.

29 Quem dera eles fossem sábios! Que isso entendessem, e atentassem para o seu fim!

30

Como pode ser que um só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha não os vendera, e o Senhor não os entregara?

31 Porque a sua rocha não é como a nossa Rocha; sendo até os nossos inimigos juízes disso.

32 Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas de fel, cachos amargosos têm.

33 O seu vinho é ardente veneno de dragões, e peçonha cruel de víboras.

34 Não está isto guardado comigo? Selado nos meus tesouros?

35 Minha é a vingança e a recompensa, no devido tempo o seu pé resvalará; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar.

36 Porque o Senhor fará justiça ao seu povo, e se arrependerá pelos seus servos; porquanto o poder deles se foi, e não há escravo nem livre.

37 Então dirá: Onde estão os seus deuses? A rocha em quem confiavam,

38 De cujos sacrifícios comiam a gordura, e de cujas libações bebiam o vinho? Levantem-se eles, e vos ajudem, para que haja para vós refúgio.

39 Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum Deus comigo; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro; e ninguém que escape da minha mão.

40

Porque levantarei a minha mão aos céus, e direi: Eu vivo para sempre.

41 Se eu afiar a minha espada reluzente, e se a minha mão agarrar o juízo, farei tornar a vingança sobre os meus adversários, e recompensarei os que me odeiam.

42 Embriagarei as minhas setas de sangue, e a minha espada comerá carne; do sangue dos mortos e dos prisioneiros, das cabeças dos líderes do inimigo.

43 Jubilai, ó nações, com o seu povo, porque vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários fará tornar a vingança, e fará expiação por sua terra e por seu povo.

44 E foi Moisés, e falou todas as palavras deste cântico aos ouvidos do povo, ele e Oseias, filho de Num.

45 E acabando Moisés de falar todas estas palavras a todo o Israel,

46 Disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as ordeneis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei.

47 Porque esta palavra não vos é vã, antes é a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra à qual passais o Jordão para a possuir.

48 Depois falou o Senhor a Moisés, naquele mesmo dia, dizendo:

49 Sobe ao monte Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que darei aos filhos de Israel por possessão.

50

E morre no monte, ao qual subirás; e recolhe-te aos teus povos, como Aarão teu irmão morreu no monte Hor, e se recolheu aos seus povos,

51 Porquanto transgredistes contra mim no meio dos filhos de Israel, nas águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim; pois não me santificastes no meio dos filhos de Israel.

52 Pelo que verás a terra diante de ti, porém não entrarás nela, na terra que darei aos filhos de Israel.

Capítulo 33

Moisés abençoa as tribos de Israel — Levi é abençoado para ensinar os juízos do Senhor e Sua lei — José é o mais abençoado de todos; o Senhor reunirá Israel nos últimos dias — Israel triunfará.

1

E esta é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel antes da sua morte.

2 Disse pois: O Senhor veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Parã, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei.

3 Na verdade ele ama os povos; todos os seus santos estão na tua mão; postos serão aos teus pés, cada um receberá das tuas palavras.

4 Moisés nos deu a lei, a herança da congregação de Jacó.

5 E foi rei em Jesurum, quando se congregaram os cabeças do povo com as tribos de Israel.

6 Viva Rúben, e não morra, e que os seus homens sejam numerosos.

7 E isto é o que disse de Judá; e disse: Ouve, ó Senhor, a voz de Judá, e introduze-o no seu povo; as suas mãos lhe bastem, e tu lhe sejas ajuda contra os seus inimigos.

8 E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim sejam para o teu homem piedoso, que tu puseste à prova em Massá, com quem contendeste nas águas de Meribá;

9 Aquele que disse a seu pai e a sua mãe: Nunca o vi; e não conheceu seus irmãos, e não estimou seus filhos; pois guardaram a tua palavra e observaram o teu convênio.

10

Ensinaram os teus juízos a Jacó, e a tua lei a Israel; puseram incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar.

11 Abençoa o seu poder, ó Senhor, e aceita a obra das suas mãos; fere os lombos dos que se levantam contra ele e o odeiam, que nunca mais se levantem.

12 E de Benjamim disse: O amado do Senhor habitará seguro com ele; todo o dia o cobrirá, e morará entre os seus ombros.

13 E de José disse: Bendita do Senhor seja a sua terra, com o mais excelente dos céus, com o orvalho, e com as águas do abismo que jaz abaixo,

14 E com os mais excelentes frutos do sol, e com os mais excelentes produtos da lua,

15 E com o mais excelente dos montes antigos, e com o mais excelente dos outeiros eternos,

16 E com o mais excelente da terra, e com a sua plenitude, e com a benevolência daquele que habitava na sarça, a bênção venha sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos.

17 Ele tem a glória do primogênito do seu boi, e os seus chifres são chifres de touro selvagem; com eles escornará os povos juntamente até as extremidades da terra; estes, pois, são os dez milhares de Efraim, e estes são os milhares de Manassés.

18 E de Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas tendas.

19 Eles chamarão os povos ao monte; ali oferecerão ofertas de justiça, porque sugarão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia.

20

E de Gade disse: Bendito aquele que faz dilatar Gade, habita como a leoa, e despedaça o braço e o alto da cabeça.

21 E se proveu da melhor parte, porquanto ali estava escondida a porção do legislador; pelo que veio com os chefes do povo, executou a justiça do Senhor e os seus juízos para com Israel.

22 E de Dã disse: Dã é leãozinho; saltará de Basã.

23 E de Naftali disse: Farta-te, ó Naftali, da benevolência, e enche-te da bênção do Senhor; possui o ocidente e o sul.

24 E de Aser disse: Bendito seja Aser com seus filhos, agrade a seus irmãos, e banhe em azeite o seu pé.

25 O ferro e o bronze serão os teus ferrolhos; e a tua força será como os teus dias.

26 Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus! Que cavalga sobre os céus para a tua ajuda, e com a sua alteza sobre as mais altas nuvens.

27 O eterno Deus te seja por habitação, e por baixo estejam os braços eternos; e ele expulse o inimigo de diante de ti, e diga: Destrói-o.

28 Israel, pois, habitará só e seguro, na terra da fonte de Jacó, na terra de grão e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho.

29 Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua alteza; pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre os seus altos.

Capítulo 34

Moisés vê a terra prometida e é levado pelo Senhor — Josué lidera Israel — Moisés foi o maior profeta de Israel.

1

Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã;

2 E todo o Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés; e toda a terra de Judá, até o mar ocidental;

3 E o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras até Zoar.

4 E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra de que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: À tua semente a darei; mostro-te para a veres com os teus olhos; porém para lá não passarás.

5 Assim, Moisés, servo do Senhor, morreu ali na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor.

6 E o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura.

7 Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor.

8 E os filhos de Israel prantearam Moisés trinta dias nas campinas de Moabe; e os dias do pranto do luto de Moisés se cumpriram.

9 E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés.

10

E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecia face a face;

11 Nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra;

12 E em toda a mão forte, e em todo o espanto grande, que operou Moisés aos olhos de todo o Israel.

O Livro de
Josué

Capítulo 1

O Senhor fala a Josué — Ordena-se que ele seja corajoso, que medite sobre a lei e que guarde os mandamentos — Josué prepara Israel para entrar em Canaã.

1

E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que o Senhor falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo:

2 Moisés, meu servo, está morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel.

3 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo dei, como eu disse a Moisés.

4 Desde o deserto e desde este Líbano, até o grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.

5 Ninguém se susterá diante de ti, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.

6 Sê forte e corajoso; porque tu farás este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.

7 Tão somente sê forte e muito corajoso, para teres o cuidado de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem sucedido por onde quer que andares.

8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e então serás bem sucedido.

9 Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.

10

Então deu ordem Josué aos príncipes do povo, dizendo:

11 Passai pelo meio do acampamento, e ordenai ao povo, dizendo: Provede-vos de comida, porque dentro de três dias passareis este Jordão, para que entreis para possuir a terra que vos dá o Senhor vosso Deus, para a possuirdes.

12 E falou Josué aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo de Manassés, dizendo:

13 Lembrai-vos da palavra que vos ordenou Moisés, o servo do Senhor, dizendo: O Senhor vosso Deus vos dá descanso, e vos dá esta terra.

14 Vossas mulheres, vossos pequeninos e vosso gado fiquem na terra que Moisés vos deu deste lado do Jordão; porém vós passareis armados na frente de vossos irmãos, todos os valentes e valorosos, e ajudá-los-eis;

15 Até que o Senhor dê descanso a vossos irmãos, como a vós, e eles também possuam a terra que o Senhor vosso Deus lhes dá; então retornareis à terra da vossa herança, e possuireis a que vos deu Moisés, o servo do Senhor, deste lado do Jordão, para o nascente do sol.

16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos.

17 Como em tudo demos ouvidos a Moisés, assim daremos ouvidos a ti; tão somente que o Senhor teu Deus seja contigo, como foi com Moisés.

18 Todo homem que for rebelde às tuas ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, morrerá. Tão somente sê forte e corajoso.

Capítulo 2

Josué envia espias a Jericó — Eles são recebidos e escondidos por Raabe — Eles prometem preservar a vida de Raabe e da família dela.

1

E enviou Josué, filho de Num, dois homens desde Sitim para espiar secretamente, dizendo: Ide, observai a terra, e Jericó. Foram, pois, e entraram na casa de uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e dormiram ali.

2 Então deu-se notícia ao rei de Jericó, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns homens dos filhos de Israel, para espiar a terra.

3 Então o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: Faze sair os homens que vieram a ti, e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra.

4 Porém aquela mulher tomou aqueles dois homens, e os escondeu, e disse: É verdade que vieram homens a mim, porém eu não sabia de onde eram.

5 E aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, aqueles homens saíram; não sei para onde aqueles homens se foram; ide após eles depressa, porque vós os alcançareis.

6 Porém ela os tinha feito subir ao telhado, e os tinha escondido entre as canas do linho, que pusera em ordem sobre o telhado.

7 E foram-se aqueles homens após eles pelo caminho do Jordão, até os vaus; e fechou-se a porta, havendo saído os que iam após eles.

8 E antes que eles dormissem, ela subiu até eles no telhado;

9 E disse aos homens: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão apavorados diante de vós.

10

Porque ouvimos que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Siom e a Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes.

11 O que ouvindo, esmoreceu o nosso coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos céus e embaixo na terra.

12 Agora, pois, jurai-me, vos peço, pelo Senhor, pois que usei de benevolência para convosco, que vós também usareis de benevolência para com a casa de meu pai, e dai-me um sinal seguro

13 De que preservareis a vida de meu pai e de minha mãe, como também de meus irmãos e de minhas irmãs, com tudo o que têm, e de que livrareis a nossa vida da morte.

14 Então aqueles homens responderam-lhe: A nossa vida responderá pela vossa até ao ponto de morrer, se não denunciardes este nosso assunto, e acontecerá, pois, que, dando-nos o Senhor esta terra, usaremos contigo de benevolência e de fidelidade.

15 Ela então os fez descer por uma corda pela janela, porquanto a sua casa estava sobre o muro da cidade, e ela morava sobre o muro.

16 E disse-lhes: Ide ao monte, para que, porventura, não vos encontrem os perseguidores, e escondei-vos lá três dias, até que voltem os perseguidores, e depois ide pelo vosso caminho.

17 E disseram-lhe aqueles homens: Sem culpa ficaremos deste teu juramento que nos fizeste jurar.

18 Eis que, vindo nós à terra, atarás este cordão de fio de escarlata à janela por onde nos fizeste descer; e recolherás em casa contigo teu pai, e tua mãe, e teus irmãos e toda a família de teu pai.

19 Acontecerá, pois, que qualquer que sair fora da porta da tua casa o seu sangue será sobre a sua cabeça, e nós ficaremos sem culpa; mas qualquer que estiver contigo em casa o seu sangue seja sobre a nossa cabeça, se alguém nele puser a mão.

20

Porém, se tu denunciares este nosso assunto, sem culpa ficaremos deste teu juramento, que nos fizeste jurar.

21 E ela disse: Conforme as vossas palavras, assim seja. Então os despediu; e eles se foram; e ela atou o cordão de escarlata à janela.

22 Foram-se, pois, e chegaram ao monte, e ficaram ali três dias, até que voltaram os perseguidores, porque os perseguidores os buscaram por todo o caminho, porém não os acharam.

23 Assim, aqueles dois homens voltaram, e desceram do monte, e passaram, e foram a Josué, filho de Num, e contaram-lhe tudo quanto lhes acontecera;

24 E disseram a Josué: Certamente o Senhor deu toda esta terra nas nossas mãos, pois até todos os moradores estão apavorados diante de nós.

Capítulo 3

Josué lidera Israel até o Jordão — O Senhor separa as águas do Jordão; o rio se detém em um montão, e Israel atravessa em terra seca.

1

Levantou-se, pois, Josué de madrugada, e partiram de Sitim, e foram até o Jordão, ele e todos os filhos de Israel, e pousaram ali, antes que passassem.

2 E sucedeu, ao fim de três dias, que os príncipes passaram pelo meio do acampamento;

3 E ordenaram ao povo, dizendo: Quando virdes a arca da aliança do Senhor vosso Deus, e que os sacerdotes levitas a levam, parti vós também do vosso lugar, e segui-a.

4 Haja contudo distância entre vós e ela, como da medida de dois mil côvados; e não vos chegueis a ela, para que saibais o caminho pelo qual haveis de ir; porquanto por este caminho nunca passastes antes.

5 Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós.

6 E falou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantai a arca da aliança, e passai adiante deste povo. Levantaram, pois, a arca da aliança, e foram andando adiante do povo.

7 E o Senhor disse a Josué: Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que assim como fui com Moisés, assim serei contigo.

8 Tu, pois, ordenarás aos sacerdotes que levam a arca da aliança, dizendo: Quando chegardes até a borda das águas do Jordão, parareis no Jordão.

9 Então disse Josué aos filhos de Israel: Chegai-vos para cá, e ouvi as palavras do Senhor vosso Deus.

10

Disse mais Josué: Nisto sabereis que o Deus vivo está no meio de vós; e que de todo expulsará de diante de vós os cananeus, e os heteus, e os heveus, e os perizeus, e os girgaseus, e os amorreus, e os jebuseus.

11 Eis que a arca da aliança do Senhor de toda a terra passa o Jordão adiante de vós.

12 Tomai, pois, agora doze homens das tribos de Israel, de cada tribo, um homem;

13 Porque há de acontecer que, assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, pousarem nas águas do Jordão, se separarão as águas do Jordão, e as águas que de cima descem pararão num montão.

14 E aconteceu que, partindo o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levavam os sacerdotes a arca da aliança diante do povo.

15 E os que levavam a arca, quando chegaram até o Jordão, e os pés dos sacerdotes que levavam a arca se molharam na borda das águas, (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da ceifa),

16 Pararam-se as águas, que vinham de cima; levantaram-se num montão, muito longe da cidade de Adão, que está ao lado de Zaretã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o mar salgado, foram de todo cortadas; então passou o povo defronte de Jericó.

17 Porém os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do Senhor, pararam firmes em seco no meio do Jordão; e todo o Israel passou em seco, até que todo o povo acabou de passar o Jordão.

Capítulo 4

Josué deposita doze pedras para comemorar a travessia do Jordão — Josué é engrandecido perante Israel ao cruzarem o Jordão — Depois de passarem os sacerdotes que levam a arca, o rio volta a seu curso.

1

Sucedeu, pois, que, acabando todo o povo de passar o Jordão, falou o Senhor a Josué, dizendo:

2 Tomai do povo doze homens, de cada tribo, um homem;

3 E ordenai-lhes, dizendo: Tomai daqui, do meio do Jordão, do lugar onde se firmaram os pés dos sacerdotes, doze pedras; e levai-as convosco ao outro lado e depositai-as no alojamento em que haveis de passar esta noite.

4 Chamou, pois, Josué os doze homens, que escolhera dos filhos de Israel; de cada tribo, um homem;

5 E disse-lhes Josué: Passai diante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio do Jordão; e levante cada um de vós uma pedra sobre o seu ombro, segundo o número das tribos dos filhos de Israel;

6 Para que isto seja por sinal entre vós; e quando vossos filhos no futuro perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras?

7 Então lhes direis que as águas do Jordão se separaram diante da arca da aliança do Senhor; passando ela pelo Jordão, separaram-se as águas do Jordão; e estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel.

8 Fizeram, pois, os filhos de Israel assim como Josué tinha ordenado, e levantaram doze pedras do meio do Jordão, como o Senhor dissera a Josué, segundo o número das tribos dos filhos de Israel; e levaram-nas consigo ao alojamento, e as depositaram ali.

9 Levantou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar onde firmaram os pés os sacerdotes que levavam a arca da aliança; e ali estão até o dia de hoje.

10

Pararam, pois, os sacerdotes que levavam a arca, no meio do Jordão, em pé, até que se cumpriu tudo quanto o Senhor mandara Josué dizer ao povo, conforme tudo quanto Moisés tinha ordenado a Josué; e apressou-se o povo, e passou.

11 E sucedeu que, assim que todo o povo acabou de passar, então passou a arca do Senhor, e os sacerdotes à vista do povo.

12 E passaram os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés, armados na frente dos filhos de Israel, como Moisés lhes tinha dito;

13 Uns quarenta mil homens de guerra armados passaram diante do Senhor para batalha, às campinas de Jericó.

14 Naquele dia o Senhor engrandeceu Josué diante dos olhos de todo o Israel; e temeram-no, como haviam temido Moisés, todos os dias da sua vida.

15 Falou, pois, o Senhor a Josué, dizendo:

16 Dá ordem aos sacerdotes, que levam a arca do testemunho, que subam do Jordão.

17 E deu Josué ordem aos sacerdotes, dizendo: Subi do Jordão.

18 E aconteceu que, como os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor subiram do meio do Jordão, e as plantas dos pés dos sacerdotes se puseram em seco, as águas do Jordão retornaram ao seu lugar, e corriam, como antes, sobre todas as suas ribanceiras.

19 Subiu, pois, o povo do Jordão no dia dez do mês primeiro; e alojaram-se em Gilgal, do lado oriental de Jericó.

20

E as doze pedras, que tinham tomado do Jordão, levantou Josué em Gilgal.

21 E falou aos filhos de Israel, dizendo: Quando no futuro vossos filhos perguntarem a seus pais, dizendo: Que significam estas pedras?

22 Fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel passou em seco este Jordão.

23 Porque o Senhor vosso Deus fez secar as águas do Jordão diante de vós, até que passásseis; como o Senhor vosso Deus fez ao Mar Vermelho, que fez secar perante nós, até que passássemos,

24 Para que todos os povos da terra conheçam a mão do Senhor, que é forte, para que temais ao Senhor vosso Deus todos os dias.

Capítulo 5

Os habitantes de Canaã temem Israel — Os homens de Israel são circuncidados — Israel guarda a Páscoa, come o fruto da terra, e o maná cessa — O príncipe do exército do Senhor aparece a Josué.

1

E sucedeu que, ouvindo todos os reis dos amorreus, que habitavam além do Jordão, ao ocidente, e todos os reis dos cananeus, que estavam ao pé do mar, que o Senhor tinha secado as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passassem, esmoreceu-se-lhes o coração, e não houve mais ânimo neles, por causa dos filhos de Israel.

2 Naquele tempo disse o Senhor a Josué: Faze facas de pedra, e torna a circuncidar pela segunda vez os filhos de Israel.

3 Então Josué fez para si facas de pedra, e circuncidou os filhos de Israel no monte dos prepúcios.

4 E foi esta a causa por que Josué os circuncidou: todo o povo que tinha saído do Egito, os homens, todos os homens de guerra, já tinham morrido no deserto, pelo caminho, depois que saíram do Egito.

5 Porque todo o povo que saíra estava circuncidado, mas nenhum do povo que nascera no deserto, pelo caminho, depois de terem saído do Egito, haviam circuncidado.

6 Porque quarenta anos andaram os filhos de Israel pelo deserto, até se acabar toda a nação, os homens de guerra, que saíram do Egito, e não obedeceram à voz do Senhor; aos quais o Senhor tinha jurado que não lhes havia de deixar ver a terra que o Senhor jurara a seus pais dar-nos; terra que mana leite e mel.

7 Porém em seu lugar pôs seus filhos; estes Josué circuncidou; porquanto estavam incircuncisos, porque não os circuncidaram no caminho.

8 E aconteceu que, acabando de circuncidar toda a nação, ficaram no seu lugar no acampamento, até que sararam.

9 Disse mais o Senhor a Josué: Hoje revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome daquele lugar se chamou Gilgal, até o dia de hoje.

10

Estando, pois, os filhos de Israel alojados em Gilgal, celebraram a páscoa no dia quatorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó.

11 E comeram do trigo da terra do ano antecedente, no dia depois da páscoa, pães ázimos e espigas tostadas, nesse mesmo dia.

12 E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra do ano antecedente; e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém no mesmo ano comeram dos frutos da terra de Canaã.

13 E sucedeu que, estando Josué ao pé de Jericó, levantou os seus olhos, e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada desembainhada; e aproximou-se Josué dele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos?

14 E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do Senhor. Então Josué se prostrou sobre o seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?

15 Então disse o príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.

Capítulo 6

Jericó é tomada e destruída — Somente Raabe e sua família são salvos.

1

Ora, Jericó fechou-se, e estava fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía nem entrava.

2 Então disse o Senhor a Josué: Olha, dei na tua mão Jericó e o seu rei, os seus valentes e valorosos.

3 Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando a cidade uma vez; assim fareis por seis dias.

4 E sete sacerdotes levarão sete buzinas de carneiro diante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes; e os sacerdotes tocarão as buzinas.

5 E acontecerá que, tocando-se longamente a buzina de carneiro, ouvindo vós o sonido da buzina, todo o povo gritará com grande alarido; e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual no lugar em frente de si.

6 Então chamou Josué, filho de Num, os sacerdotes, e disse-lhes: Levai a arca da aliança; e sete sacerdotes levem sete buzinas de carneiro, diante da arca do Senhor.

7 E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado, passe adiante da arca do Senhor.

8 E assim foi, como Josué dissera ao povo, que os sete sacerdotes, levando as sete buzinas de carneiro diante do Senhor, passaram, e tocaram as buzinas; e a arca da aliança do Senhor os seguia.

9 E os armados iam adiante dos sacerdotes que tocavam as buzinas; e a retaguarda seguia após a arca, andando e tocando as buzinas.

10

Porém ao povo Josué tinha dado ordem, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até o dia em que eu vos diga: Gritai. Então gritareis.

11 E fez a arca do Senhor rodear a cidade, rodeando-a uma vez; e foram ao acampamento, e passaram a noite no acampamento.

12 Depois Josué se levantou de madrugada, e os sacerdotes levaram a arca do Senhor.

13 E os sete sacerdotes, que levavam as sete buzinas de carneiros diante da arca do Senhor, iam andando, e tocavam as buzinas, e os armados iam adiante deles, e a retaguarda seguia atrás da arca do Senhor; os sacerdotes iam andando e tocando as buzinas.

14 Assim rodearam outra vez a cidade no segundo dia e retornaram para o acampamento; e assim fizeram por seis dias.

15 E sucedeu que, ao sétimo dia, madrugaram ao subir da alva, e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes; naquele dia somente, rodearam a cidade sete vezes.

16 E sucedeu que, tocando os sacerdotes pela sétima vez as buzinas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o Senhor vos deu a cidade.

17 Porém a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá, ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviamos.

18 Tão somente guardai-vos do anátema, para que não vos torneis anátema tomando dele, e assim façais maldito o acampamento de Israel, e o turbeis.

19 Porém toda a prata, e o ouro, e os objetos de bronze, e de ferro são consagrados ao Senhor; irão ao tesouro do Senhor.

20

Gritou, pois, o povo, tocando os sacerdotes as buzinas; e sucedeu que, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande alarido; e o muro caiu abaixo, e o povo subiu à cidade, cada qual no lugar em frente de si, e tomaram a cidade.

21 E tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente ao fio de espada, desde o homem até a mulher, desde o menino até o velho, e até o boi e o gado miúdo, e o jumento.

22 Josué, porém, disse aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrai na casa da mulher prostituta, e tirai de lá a mulher com tudo quanto tiver, como lhe jurastes.

23 Então entraram os jovens espias, e tiraram Raabe, e seu pai, e sua mãe, e seus irmãos, e tudo quanto tinha; tiraram também todas as suas famílias, e puseram-nos fora do acampamento de Israel.

24 Porém a cidade e tudo quanto havia nela queimaram a fogo; tão somente a prata, e o ouro, e os objetos de bronze e de ferro deram para o tesouro da casa do Senhor.

25 Assim, Josué salvou a vida da prostituta Raabe, e da família de seu pai, e tudo quanto tinha; e ela habitou no meio de Israel até o dia de hoje; porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado para espiar Jericó.

26 E naquele tempo Josué os fez jurar, dizendo: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; sobre seu primogênito a fundará, e sobre seu filho mais novo lhe porá as portas.

27 Assim, era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.

Capítulo 7

Israel é derrotada pelo povo de Ai — Josué queixa-se ao Senhor — Acã e sua família são destruídos por ele ter desobedecido ao Senhor ao tomar para si o espólio de Jericó.

1

E transgrediram os filhos de Israel no anátema; porque Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema, e a ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.

2 Enviando, pois, Josué, de Jericó, alguns homens a Ai, que está junto a Bete-Áven, do lado do oriente de Betel, falou-lhes, dizendo: Subi, e espiai a terra. Subiram, pois, aqueles homens, e espiaram Ai.

3 E voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam uns dois mil, ou três mil homens, para atacar Ai; não fatigues ali todo o povo, porque poucos são.

4 Assim, subiram lá, do povo, uns três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai.

5 E os homens de Ai mataram deles uns trinta e seis, e perseguiram-nos desde a porta até Sebarim, e mataram-nos na descida; e o coração do povo se esmoreceu e se tornou como água.

6 Então Josué rasgou as suas vestes, e se prostrou em terra sobre o seu rosto perante a arca do Senhor até a tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre as suas cabeças.

7 E disse Josué: Ah, Senhor Deus! Por que, com efeito, fizeste este povo passar o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorreus, para nos fazerem perecer? Quem dera nos tivéssemos contentado em ficar além do Jordão!

8 Ah, Senhor! Que direi? Pois Israel virou as costas diante dos seus inimigos!

9 Ouvindo isso os cananeus, e todos os moradores da terra, nos cercarão e desarraigarão o nosso nome da terra; e então que farás ao teu grande nome?

10

Então disse o Senhor a Josué: Levanta-te; por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?

11 Israel pecou, e até transgrediram o meu convênio que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram.

12 Pelo que os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos; viraram as costas diante dos seus inimigos; porquanto estão amaldiçoados; não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.

13 Levanta-te, santifica o povo, e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema no meio de ti, Israel; diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que tires o anátema do meio de vós.

14 Amanhã, pois, vos apresentareis, segundo as vossas tribos; e acontecerá que a tribo que o Senhor tomar se apresentará, segundo as famílias; e a família que o Senhor tomar se apresentará por casas; e a casa que o Senhor tomar se apresentará homem por homem.

15 E acontecerá que aquele que for tomado com o anátema será queimado a fogo, ele e tudo quanto tiver; porquanto transgrediu o convênio do Senhor, e fez uma loucura em Israel.

16 Então Josué se levantou de madrugada, e fez apresentar-se Israel, segundo as suas tribos; e a tribo de Judá foi tomada;

17 E fazendo apresentar-se a tribo de Judá, tomou a família dos zeraítas; e fazendo apresentar-se a família dos zeraítas, homem por homem, foi tomado Zabdi;

18 E fazendo apresentar-se a sua casa, homem por homem, foi tomado Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá.

19 Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes.

20

E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim.

21 Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo dela.

22 Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que estava escondido na sua tenda, e a prata debaixo dela.

23 Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as puseram perante o Senhor.

24 Então Josué e todo o Israel com ele tomaram Acã, filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto tinha; e levaram-nos ao vale de Acor.

25 E disse Josué: Por que nos turbaste? O Senhor te turbará hoje. E todo o Israel o apedrejou, e os queimaram a fogo, e os apedrejaram com pedras.

26 E levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje; assim, o Senhor se apartou do ardor da sua ira; pelo que se chamou o nome daquele lugar o vale de Acor, até o dia de hoje.

Capítulo 8

Josué utiliza-se de uma emboscada, toma Ai e mata seus habitantes — Ele edifica um altar no monte Ebal — As palavras da lei, tanto as bênçãos quanto as maldições, são lidas para o povo.

1

Então disse o Senhor a Josué: Não temas, e não te espantes; toma contigo toda a gente de guerra, e levanta-te, sobe a Ai; vê que te dei na tua mão o rei de Ai, e o seu povo, e a sua cidade, e a sua terra.

2 Farás, pois, a Ai, e a seu rei, como fizeste a Jericó, e a seu rei; salvo que para vós saqueareis os seus despojos, e o seu gado; põe emboscadas à cidade, por detrás dela.

3 Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e escolheu Josué trinta mil homens valentes e valorosos, e enviou-os de noite.

4 E deu-lhes ordem, dizendo: Vede, poreis emboscadas à cidade, por detrás da cidade; não vos distancieis muito da cidade; e todos vós estareis preparados.

5 Porém eu e todo o povo que está comigo nos achegaremos à cidade; e acontecerá que, quando nos saírem ao encontro, como dantes, fugiremos diante deles.

6 Deixai-os, pois, sair atrás de nós, até que os tiremos da cidade; porque dirão: Fogem diante de nós como dantes. Assim, fugiremos diante deles.

7 Então saireis vós da emboscada, e tomareis a cidade; porque o Senhor vosso Deus vo-la dará nas vossas mãos.

8 E acontecerá que, tomando vós a cidade, por-lhe-eis fogo; conforme a palavra do Senhor fareis; vede que vo-lo ordenei.

9 Assim, Josué os enviou, e eles se foram à emboscada; e ficaram entre Betel e Ai, ao ocidente de Ai; porém Josué passou aquela noite no meio do povo.

10

E levantou-se Josué de madrugada, e contou o povo; e subiram ele e os anciãos de Israel diante do povo contra Ai.

11 Subiu também toda a gente de guerra, que estava com ele, e aproximaram-se, e chegaram defronte da cidade; e acamparam do lado norte de Ai; e havia um vale entre eles e Ai.

12 Tomou também uns cinco mil homens, e pô-los entre Betel e Ai, em emboscada, ao ocidente da cidade.

13 E puseram o povo, todo o exército que estava ao norte da cidade, e a sua emboscada ao ocidente da cidade; e foi Josué aquela noite ao meio do vale.

14 E sucedeu que, vendo-o o rei de Ai, se apressaram, e se levantaram de madrugada, e os homens da cidade saíram ao encontro de Israel ao combate, ele e todo o seu povo, ao tempo assinalado, perante as campinas; porque ele não sabia que havia uma emboscada detrás da cidade.

15 Josué, pois, e todo o Israel fingiram-se de feridos diante deles, e fugiram pelo caminho do deserto.

16 Pelo que todo o povo que estava na cidade foi convocado para os seguir; e seguiram Josué e foram atraídos para fora da cidade.

17 E nem um só homem ficou em Ai, nem em Betel, que não saísse após Israel; e deixaram a cidade aberta, e perseguiram Israel.

18 Então o Senhor disse a Josué: Estende a lança que tens na tua mão, para Ai; porque a darei na tua mão. E Josué estendeu a lança, que estava na sua mão, para a cidade.

19 Então a emboscada se levantou do seu lugar apressadamente, e correram, estendendo ele a sua mão, e foram à cidade, e a tomaram; e apressaram-se, e puseram fogo na cidade.

20

E virando-se os homens de Ai para trás, olharam, e eis que a fumaça da cidade subia ao céu, e não tiveram lugar para fugirem para uma parte nem outra; porque o povo, que fugia para o deserto, se voltou contra os que os seguiam.

21 E vendo Josué e todo o Israel que a emboscada tomara a cidade, e que a fumaça da cidade subia, voltaram, e mataram os homens de Ai.

22 Também aqueles da cidade lhes saíram ao encontro, e assim caíram no meio dos israelitas, uns de uma, e outros de outra parte; e mataram-nos, até que nenhum deles ficou, que escapasse.

23 Porém o rei de Ai tomaram vivo, e o levaram a Josué.

24 E sucedeu que, acabando os israelitas de matar todos os moradores de Ai no campo, no deserto onde os tinham seguido, e havendo todos caído ao fio da espada, até todos serem consumidos, todo o Israel retornou a Ai, e a feriram ao fio da espada.

25 E todos os que caíram aquele dia, tanto homens como mulheres, foram doze mil; todos os moradores de Ai.

26 Porque Josué não retirou a sua mão, que estendera com a lança, até destruir totalmente todos os moradores de Ai.

27 Tão somente os israelitas saquearam para si o gado e os despojos da cidade, conforme a palavra do Senhor, que tinha ordenado a Josué.

28 E Josué queimou Ai; e a tornou num montão perpétuo, assolada, até o dia de hoje.

29 E enforcou o rei de Ai num madeiro, até a tarde; e ao pôr do sol ordenou Josué que se tirasse o seu corpo do madeiro; e o lançaram à porta da cidade, e levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje.

30

Então Josué edificou um altar ao Senhor Deus de Israel, no monte Ebal,

31 Como Moisés, servo do Senhor, ordenara aos filhos de Israel, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés, a saber: um altar de pedras brutas, sobre o qual não se manuseará instrumento de ferro; e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, e ofereceram sacrifícios pacíficos.

32 Também escreveu ali em pedras uma cópia da lei de Moisés, que este tinha escrito diante dos filhos de Israel.

33 E todo o Israel, com os seus anciãos, e os seus príncipes, e os seus juízes, estavam de um e de outro lado da arca, perante os sacerdotes levitas, que levavam a arca da aliança do Senhor, tanto estrangeiros como naturais; metade deles em frente do monte Gerizim, e a outra metade em frente do monte Ebal; como Moisés, servo do Senhor, ordenara anteriormente, para abençoar o povo de Israel.

34 E depois leu em alta voz todas as palavras da lei, a bênção e a maldição, conforme tudo o que está escrito no livro da lei.

35 Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse perante toda a congregação de Israel, e das mulheres, e dos pequeninos, e dos estrangeiros, que andavam no meio deles.

Capítulo 9

Os gibeonitas usam de estratagema para fazer aliança com Israel — Josué faz deles servos da congregação de Israel.

1

E sucedeu que, ouvindo isso todos os reis que estavam além do Jordão, nas montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande mar, em frente do Líbano, os heteus, e os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus,

2 Se ajuntaram eles de comum acordo, para pelejar contra Josué e contra Israel.

3 E os moradores de Gibeom, ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Ai,

4 Usaram também de astúcia, e foram e se fingiram de embaixadores; e tomaram sacos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho velhos, e rotos, e remendados;

5 E nos seus pés, sapatos velhos e manchados, e roupas velhas sobre si; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento.

6 E foram a Josué, ao acampamento, a Gilgal, e lhe disseram, a ele e aos homens de Israel: Viemos de uma terra distante; fazei, pois, agora aliança conosco.

7 E os homens de Israel responderam aos heveus: Porventura habitais no meio de nós; como, pois, faremos aliança convosco?

8 Então disseram a Josué: Nós somos teus servos. E disse-lhes Josué: Quem sois vós, e de onde vindes?

9 E lhe responderam: Teus servos vieram de uma terra muito distante, por causa do nome do Senhor teu Deus; porquanto ouvimos a sua fama, e tudo quanto fez no Egito;

10

E tudo quanto fez aos dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, a Siom, rei de Hesbom, e a Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote.

11 Pelo que nossos anciãos e todos os moradores da nossa terra nos falaram, dizendo: Tomai convosco em vossas mãos provisão para o caminho, e ide-lhes ao encontro e dizei-lhes: Nós somos vossos servos; fazei, pois, agora aliança conosco.

12 Este nosso pão tomamos quente das nossas casas para nossa provisão, no dia em que saímos para vir a vós; e ei-lo aqui agora já seco e bolorento;

13 E estes odres, que enchemos de vinho, eram novos, e ei-los aqui já rotos; e estas nossas roupas e nossos sapatos já se envelheceram, por causa do muito longo caminho.

14 Então aqueles homens tomaram da sua provisão e não pediram conselho à boca do Senhor.

15 E Josué fez paz com eles, e fez aliança com eles, que lhes preservaria a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento.

16 E sucedeu que, ao fim de três dias, depois de fazerem aliança com eles, ouviram que eram seus vizinhos, e que moravam no meio deles.

17 Porque, partindo os filhos de Israel, chegaram às suas cidades ao terceiro dia; e suas cidades eram Gibeom, e Cefira, e Beerote, e Quiriate-Jearim.

18 E os filhos de Israel não os mataram; porquanto os príncipes da congregação lhes juraram pelo Senhor Deus de Israel; pelo que toda a congregação murmurava contra os príncipes.

19 Então todos os príncipes disseram a toda a congregação: Nós juramos-lhes pelo Senhor Deus de Israel, pelo que não podemos tocá-los.

20

Isto, porém, lhes faremos: preservar-lhes-emos a vida; para que não haja grande ira sobre nós, por causa do juramento que já lhes juramos.

21 Disseram-lhes, pois, os príncipes: Vivam, e sejam rachadores de lenha e tiradores de água para toda a congregação, como os príncipes lhes disseram.

22 E Josué os chamou, e falou-lhes, dizendo: Por que nos enganastes, dizendo: Muito longe de vós habitamos, morando vós no meio de nós?

23 Agora, pois, sereis malditos; e dentre vós não deixará de haver servos, nem rachadores de lenha, nem tiradores de água, para a casa do meu Deus.

24 Então responderam a Josué, e disseram: Porquanto com certeza foi anunciado aos teus servos que o Senhor teu Deus ordenou a Moisés, seu servo, que a vós daria toda esta terra, e destruiria todos os moradores da terra diante de vós, tememos muito por nossas vidas por causa de vós; por isso fizemos assim.

25 E eis que agora estamos na tua mão; faze aquilo que te pareça bom e reto que se nos faça.

26 Assim, pois, lhes fez, e livrou-os das mãos dos filhos de Israel, e não os mataram.

27 E naquele dia, Josué os deu como rachadores de lenha e tiradores de água para a congregação e para o altar do Senhor, até o dia de hoje, no lugar que ele escolhesse.

Capítulo 10

Israel derrota os amorreus e seus aliados, e o Senhor lança pedras do céu sobre eles — O sol e a lua se detêm — Vários reis e cidades são destruídos — O Senhor peleja por Israel.

1

E sucedeu que, ouvindo Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, que Josué tomara Ai, e a tinha destruído totalmente, e fizera a Ai e ao seu rei como tinha feito a Jericó e ao seu rei, e que os moradores de Gibeom fizeram paz com os israelitas, e estavam no meio deles,

2 Temeram muito, porque Gibeom era uma cidade grande como uma das cidades reais, e ainda maior do que Ai, e todos os seus homens eram valentes.

3 Pelo que Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, mandou dizer a Hoão, rei de Hebrom, e a Pirão, rei de Jarmute, e a Jafia, rei de Laquis, e a Debir, rei de Eglom:

4 Subi a mim, e ajudai-me, e ataquemos Gibeom, porquanto fez paz com Josué e com os filhos de Israel.

5 Então se ajuntaram, e subiram cinco reis dos amorreus: o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom, o rei de Jarmute, o rei de Laquis, o rei de Eglom, eles e todos os seus exércitos; e sitiaram Gibeom e pelejaram contra ela.

6 Mandaram, pois, os homens de Gibeom dizer a Josué, no acampamento de Gilgal: Não retires as tuas mãos de teus servos; sobe apressadamente a nós, e livra-nos, e ajuda-nos, porquanto todos os reis dos amorreus, que habitam na montanha, se ajuntaram contra nós.

7 Então Josué subiu de Gilgal, ele e toda a gente de guerra com ele, e todos os valentes e valorosos.

8 E o Senhor disse a Josué: Não os temas, porque os dei na tua mão; nenhum deles subsistirá diante de ti.

9 E Josué lhes sobreveio de repente, porque toda a noite veio subindo desde Gilgal.

10

E o Senhor os conturbou diante de Israel, e os feriu com grande matança em Gibeom; e perseguiu-os pelo caminho que sobe a Bete-Horom, e os derrotou até Azeca e Maquedá.

11 E sucedeu que, fugindo eles de diante de Israel, à descida de Bete-Horom, o Senhor lançou sobre eles, do céu, grandes pedras até Azeca, e morreram; e foram muitos mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à espada.

12 Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorreus na mão dos filhos de Israel, e disse aos olhos dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Aijalom.

13 E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.

14 E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor assim a voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel.

15 E retornou Josué, e todo o Israel com ele, ao acampamento em Gilgal.

16 Aqueles cinco reis, porém, fugiram, e se esconderam numa cova em Maquedá.

17 E foi anunciado a Josué, dizendo: Acharam-se os cinco reis escondidos numa cova em Maquedá.

18 Disse, pois, Josué: Rolai grandes pedras à boca da cova, e ponde sobre ela homens que os guardem;

19 Porém vós não vos detenhais; segui os vossos inimigos, e feri os que ficaram atrás; não os deixeis entrar nas suas cidades, porque o Senhor vosso Deus já vo-los deu na vossa mão.

20

E sucedeu que, acabando Josué e os filhos de Israel de os ferir com grande matança, até consumi-los, e os que ficaram deles se retiraram às cidades fortificadas,

21 Todo o povo retornou em paz a Josué, ao acampamento em Maquedá; não havendo ninguém que movesse a sua língua contra os filhos de Israel.

22 Depois disse Josué: Abri a boca da cova, e trazei-me aqueles cinco reis para fora da cova.

23 Fizeram, pois, assim, e trouxeram-lhe aqueles cinco reis para fora da cova: o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom, o rei de Jarmute, o rei de Laquis, e o rei de Eglom.

24 E sucedeu que, quando trouxeram aqueles reis a Josué, este chamou todos os homens de Israel, e disse aos capitães da gente de guerra, que com ele foram: Aproximai-vos, ponde os vossos pés sobre o pescoço destes reis. E aproximaram-se, e puseram os seus pés sobre o pescoço deles.

25 Então Josué lhes disse: Não temais, nem vos espanteis; sede fortes e corajosos; porque assim fará o Senhor a todos os vossos inimigos, contra os quais pelejardes.

26 E depois disso, Josué os feriu, e os matou, e os enforcou em cinco madeiros; e ficaram enforcados nos madeiros até a tarde.

27 E sucedeu que, ao tempo do pôr do sol, deu Josué ordem que os tirassem dos madeiros; e lançaram-nos na cova onde se esconderam; e puseram grandes pedras à boca da cova, que ainda ali estão até o dia de hoje.

28 E naquele mesmo dia Josué tomou Maquedá, e feriu-a ao fio da espada, e destruiu o seu rei, eles, e toda alma que nela havia; sem nada deixar; e fez ao rei de Maquedá como fizera ao rei de Jericó.

29 Então Josué, e todo o Israel com ele, passaram de Maquedá a Libna, e pelejaram contra Libna;

30

E também o Senhor a deu na mão de Israel, ela e seu rei, e a feriu ao fio da espada, ela e toda alma que nela havia, sem nada deixar; e fez ao seu rei como fizera ao rei de Jericó.

31 Então Josué, e todo o Israel com ele, passaram de Libna a Laquis; e a sitiaram, e pelejaram contra ela;

32 E o Senhor deu Laquis na mão de Israel, que a tomou no dia seguinte, e a feriu ao fio da espada, ela, e toda alma que nela havia, conforme tudo o que fizera a Libna.

33 Então Horão, rei de Gezer, subiu para ajudar Laquis, porém Josué o feriu, a ele e ao seu povo, até não lhe deixar nenhum sequer.

34 E Josué, e todo o Israel com ele, passou de Laquis a Eglom, e a sitiaram, e pelejaram contra ela;

35 E no mesmo dia a tomaram, e a feriram ao fio da espada; e toda alma, que nela havia, destruiu totalmente no mesmo dia; conforme tudo o que fizera a Laquis.

36 Depois Josué, e todo o Israel com ele, subiram de Eglom a Hebrom, e pelejaram contra ela;

37 E a tomaram, e a feriram ao fio da espada, assim o seu rei como todas as suas cidades; e toda alma, que nelas havia, a ninguém deixou com vida, conforme tudo o que fizera a Eglom; e a destruiu totalmente, ela e toda alma que nela havia.

38 Então Josué, e todo o Israel com ele, retornaram a Debir, e pelejaram contra ela;

39 E tomaram-na com o seu rei, e todas as suas cidades, e as feriram ao fio da espada, e toda alma que nelas havia destruíram totalmente, sem deixar nenhum sequer; como fizeram a Hebrom, assim fizeram a Debir e ao seu rei, e como fizeram a Libna e ao seu rei.

40

Assim, devastou Josué toda aquela terra, as montanhas, o sul, e as campinas, e as descidas das águas, e todos os seus reis, sem deixar nenhum sequer; mas tudo o que tinha fôlego destruiu, como ordenara o Senhor Deus de Israel.

41 E Josué os derrotou desde Cades-Barneia até Gaza, como também toda a terra de Gósen, e até Gibeom.

42 E de uma vez tomou Josué todos esses reis, e as suas terras; porquanto o Senhor Deus de Israel pelejava por Israel.

43 Então Josué, e todo o Israel com ele, retornaram ao acampamento em Gilgal.

Capítulo 11

Josué e Israel conquistam toda a terra, destruindo muitas cidades e nações.

1

Sucedeu depois disso que, ouvindo-o Jabim, rei de Hazor, enviou mensageiros a Jobabe, rei de Madom, e ao rei de Sinrom, e ao rei de Acsafe;

2 E aos reis, que estavam ao norte, nas montanhas, e na campina para o sul de Quinerete, e nas planícies, e em Nafote-Dor, do lado do mar;

3 Ao cananeu do oriente e do ocidente; e ao amorreu, e ao heteu, e ao perizeu, e ao jebuseu nas montanhas; e ao heveu ao pé de Hermom, na terra de Mizpá.

4 Saíram, pois, esses, e todos os seus exércitos com eles, muito povo, como a areia que está na praia do mar em multidão; e muitíssimos cavalos e carros.

5 Todos esses reis se ajuntaram, e foram e se acamparam junto às águas de Merom, para pelejarem contra Israel.

6 E disse o Senhor a Josué: Não temas diante deles; porque amanhã a esta mesma hora eu os darei todos feridos diante dos filhos de Israel; os seus cavalos jarretarás, e os seus carros queimarás a fogo.

7 E Josué, e toda a gente de guerra com ele, foram apressadamente sobre eles às águas de Merom; e caíram sobre eles.

8 E o Senhor os deu na mão de Israel, e os derrotaram, e os perseguiram até a grande Sidom, e até Misrefote-Maim, e até o vale de Mizpá, ao oriente; e os mataram até não lhes deixarem nenhum sobrevivente.

9 E fez-lhes Josué como o Senhor lhe dissera; os seus cavalos jarretou, e os seus carros queimou a fogo.

10

E naquele mesmo tempo retornou Josué, e tomou Hazor, e feriu à espada o seu rei; porquanto Hazor dantes era a cabeça de todos esses reinos.

11 E toda alma que nela havia feriram ao fio da espada, e totalmente os destruíram; ninguém que tinha fôlego restou com vida, e queimou Hazor com fogo.

12 E Josué tomou todas as cidades desses reis, e todos os seus reis, e os feriu ao fio da espada, destruindo-os totalmente, como ordenara Moisés, servo do Senhor.

13 Tão somente não queimaram os israelitas as cidades que estavam sobre os seus outeiros; salvo somente Hazor, que Josué queimou.

14 E todos os despojos dessas cidades, e o gado, os filhos de Israel saquearam para si; porém feriram todos os homens ao fio da espada, até que os destruíram; ninguém que fôlego tinha deixaram com vida.

15 Como ordenara o Senhor a Moisés, seu servo, assim Moisés ordenou a Josué; e assim Josué o fez; nem uma só palavra tirou de tudo o que o Senhor ordenara a Moisés.

16 Assim, Josué tomou toda aquela terra, as montanhas, e todo o sul, e toda a terra de Gósen, e as planícies, e as campinas, e as montanhas de Israel, e as suas planícies;

17 Desde o monte Halaque, que sobe a Seir, até Baal-Gade, no vale do Líbano, ao pé do monte Hermom; também tomou todos os seus reis, e os feriu e os matou.

18 Por muitos dias Josué fez guerra contra todos esses reis.

19 Não houve cidade que fizesse paz com os filhos de Israel, senão os heveus, moradores de Gibeom; por meio de guerra as tomaram todas.

20

Porquanto do Senhor vinha que endurecessem os seus corações, para saírem contra Israel na guerra, para os destruir totalmente, para não se ter piedade deles; mas para destruí-los todos, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.

21 Naquele tempo foi Josué, e extirpou os anaquins das montanhas de Hebrom, de Debir, de Anabe, e de todas as montanhas de Judá, e de todas as montanhas de Israel; Josué os destruiu totalmente com as suas cidades.

22 Nenhum dos anaquins restou na terra dos filhos de Israel; somente restaram em Gaza, em Gate, e em Asdode.

23 Assim, Josué tomou toda essa terra, conforme tudo o que o Senhor tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos filhos de Israel, conforme as suas divisões, conforme as suas tribos; e a terra repousou da guerra.

Capítulo 12

Dois reis a leste do Jordão e trinta e um a oeste são conquistados por Israel.

1

Estes, pois, são os reis da terra, os quais os filhos de Israel derrotaram e cujas terras possuíram além do Jordão ao nascente do sol, desde o ribeiro de Arnom, até o monte Hermom, e toda a planície do oriente:

2 Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom e que senhoreava desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, e desde o meio do ribeiro, e desde a metade de Gileade, e até o ribeiro de Jaboque, o termo dos filhos de Amon;

3 E desde a campina até o mar de Quinerete para o oriente, e até o mar da campina, o mar salgado para o oriente, pelo caminho de Bete-Jesimote; e desde o sul abaixo de Asdote-Pisga;

4 Como também o termo de Ogue, rei de Basã, que era do restante dos gigantes, e que habitava em Astarote e em Edrei,

5 E senhoreava no monte Hermom, e em Salcá, e em toda a Basã, até o termo dos gesureus e dos maacateus, e metade de Gileade, termo de Siom, rei de Hesbom.

6 Estes Moisés, servo do Senhor, e os filhos de Israel derrotaram; e Moisés, servo do Senhor, deu essa terra aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo de Manassés em possessão.

7 E estes são os reis da terra, os quais Josué e os filhos de Israel derrotaram, além do Jordão para o ocidente, desde Baal-Gade, no vale do Líbano, até o monte Halaque, que sobe a Seir; e Josué a deu às tribos de Israel em possessão, segundo as suas divisões;

8 O que havia nas montanhas, e nas planícies, e nas campinas, e nas descidas das águas, e no deserto, e para o sul: o heteu, o amorreu, e o cananeu, o perizeu, o heveu, e o jebuseu.

9 O rei de Jericó, um; o rei de Ai, que está ao lado de Betel, outro;

10

O rei de Jerusalém, outro; o rei de Hebrom, outro;

11 O rei de Jarmute, outro; o rei de Laquis, outro;

12 O rei de Eglom, outro; o rei de Geser, outro;

13 O rei de Debir, outro; o rei de Geder, outro;

14 O rei de Hormá, outro; o rei de Harade, outro;

15 O rei de Libna, outro; o rei de Adulão, outro;

16 O rei de Maquedá, outro; o rei de Betel, outro;

17 O rei de Tapua, outro; o rei de Hefer, outro;

18 O rei de Afeque, outro; o rei de Lassarom, outro;

19 O rei de Madom, outro; o rei de Hazor, outro;

20

O rei de Simrom-Meron, outro; o rei de Acsafe, outro;

21 O rei de Taanaque, outro; o rei de Megido, outro;

22 O rei de Quedes, outro; o rei de Jocneão do Carmelo, outro;

23 O rei de Dor em Nafate-Dor, outro; o rei de Goim em Gilgal, outro;

24 O rei de Tirza, outro; trinta e um reis ao todo.

Capítulo 13

Restam algumas terras a serem possuídas — Alguns habitantes não são expulsos — Confirmam-se as heranças de Rúben, de Gade e de metade da tribo de Manassés.

1

Era, porém, Josué já velho, entrado em dias; e disse-lhe o Senhor: Já estás velho, entrado em dias; e ainda muitíssima terra ficou para possuir.

2 A terra restante é esta: todos os termos dos filisteus, e toda a Gesur;

3 Desde Sior, que está defronte do Egito, até o termo de Ecrom para o norte, que se conta ser dos cananeus; cinco príncipes dos filisteus, o gazeu, e o asdodeu, o ascalonita, o giteu, e o ecroneu, e os aveus;

4 Desde o sul, toda a terra dos cananeus, e Meara, que é dos sidônios; até Afeca; até o termo dos amorreus;

5 Como também a terra dos giblitas, e todo o Líbano para o nascente do sol, desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, até a entrada de Hamate;

6 Todos os que habitam nas montanhas desde o Líbano até Misrefote-Maim, todos os sidônios; eu os expulsarei de diante dos filhos de Israel; tão somente reparte a terra a Israel em sorte por herança, como te ordenei.

7 Reparte, pois, agora esta terra por herança às nove tribos e à meia tribo de Manassés,

8 Com quem os rubenitas e os gaditas receberam a sua herança, a qual lhes deu Moisés além do Jordão para o oriente, como lhes tinha dado Moisés, servo do Senhor,

9 Desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, e a cidade que está no meio do vale, e toda a campina de Medeba até Dibom;

10

E todas as cidades de Siom, rei dos amorreus, que reinou em Hesbom, até o termo dos filhos de Amon;

11 E Gileade, e o termo dos gesureus, e dos maacateus, e todo o monte Hermom, e toda a Basã até Salcá;

12 Todo o reino de Ogue em Basã, que reinou em Astarote e em Edrei; este ficou do restante dos gigantes que Moisés derrotou e expulsou.

13 Porém os filhos de Israel não expulsaram os gesureus, nem os maacateus; antes Gesur e Maacate habitaram no meio de Israel até o dia de hoje.

14 Tão somente à tribo de Levi não deu herança; os sacrifícios queimados do Senhor Deus de Israel são a sua herança, como lhe tinha dito.

15 Assim, Moisés deu à tribo dos filhos de Rúben, conforme as suas famílias.

16 E foi o seu termo desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, e a cidade que está no meio do vale, e toda a campina até Medeba;

17 Hesbom e todas as suas cidades, que estão na campina: Dibom, e Bamote-Baal, e Bete-Baal-Meom;

18 E Jasa, e Quedemote, e Mefaate;

19 E Quiriataim, e Sibma, e Zerete-Saar, no monte do vale;

20

E Bete-Peor, e Asdote-Pisga, e Bete-Jesimote;

21 E todas as cidades da campina, e todo o reino de Siom, rei dos amorreus, que reinou em Hesbom, que Moisés derrotou, como também os príncipes de Midiã, Evi, e Requém, e Zur, e Hur, e Reba, príncipes de Siom, moradores da terra.

22 Também os filhos de Israel mataram à espada Balaão, filho de Beor, o adivinho, como os demais que por eles foram mortos.

23 E foi o termo dos filhos de Rúben o Jordão e o seu termo; esta é a herança dos filhos de Rúben, segundo as suas famílias, as cidades, e as suas aldeias.

24 E deu Moisés à tribo de Gade, aos filhos de Gade, segundo as suas famílias.

25 E foi o seu termo Jazer, e todas as cidades de Gileade, e metade da terra dos filhos de Amon, até Aroer, que está defronte de Rabá;

26 E desde Hesbom até Ramate-Mizpá, e Betonim, e desde Maanaim até o termo de Debir;

27 E no vale Bete-Arã, e Bete-Nimra, e Sucote, e Zafom, que ficara do restante do reino do rei de Siom, em Hesbom, o Jordão e o seu termo, até a extremidade do mar de Quinerete além do Jordão para o oriente.

28 Essa é a herança dos filhos de Gade, segundo as suas famílias, as cidades e as suas aldeias.

29 Deu também Moisés herança à meia tribo de Manassés, que ficou à meia tribo dos filhos de Manassés, segundo as suas famílias.

30

De maneira que o seu termo foi desde Maanaim, todo o Basã, todo o reino de Ogue, rei de Basã, e todas as aldeias de Jair, que estão em Basã, sessenta cidades,

31 E metade de Gileade, e Astarote, e Edrei, cidades do reino de Ogue, em Basã, aos filhos de Maquir, filho de Manassés, a saber, à metade dos filhos de Maquir, segundo as suas famílias.

32 Isso é o que Moisés repartiu em herança nas campinas de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó para o oriente.

33 Porém à tribo de Levi Moisés não deu herança; o Senhor Deus de Israel é a sua herança, como lhe tinha dito.

Capítulo 14

A terra é dividida por sorteio entre nove tribos e meia — Calebe herda Hebrom como recompensa especial por sua fidelidade.

1

Isso, pois, é o que os filhos de Israel tiveram em herança na terra de Canaã, o que Eleazar, o sacerdote, e Josué, filho de Num, e os cabeças dos pais das tribos dos filhos de Israel lhes fizeram repartir,

2 Por sorte da sua herança, como o Senhor ordenara, pelo ministério de Moisés, acerca das nove tribos e da meia tribo.

3 Porquanto às duas tribos e à meia tribo dera Moisés herança além do Jordão; mas aos levitas não tinha dado herança entre eles.

4 Porque os filhos de José foram duas tribos, Manassés e Efraim; e aos levitas não deram herança na terra, senão cidades em que habitassem, e os seus arrabaldes para seu gado e para sua possessão.

5 Como o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel, e repartiram a terra.

6 Então os filhos de Judá chegaram a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, lhe disse: Tu sabes a palavra que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barneia, por causa de mim e de ti.

7 Da idade de quarenta anos era eu, quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barneia para espiar a terra; e eu lhe trouxe resposta como sentia no meu coração;

8 Mas meus irmãos, que subiram comigo, fizeram esmorecer o coração do povo; eu, porém, perseverei em seguir ao Senhor meu Deus.

9 Então Moisés naquele dia jurou, dizendo: Certamente a terra que pisou o teu pé será tua, e de teus filhos, em herança perpetuamente, pois perseveraste em seguir ao Senhor meu Deus.

10

E agora eis que o Senhor me conservou em vida, como disse; quarenta e cinco anos há agora, desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e agora eis que já hoje sou da idade de oitenta e cinco anos.

11 E ainda hoje estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, e para sair e para entrar.

12 Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou aquele dia; pois naquele dia tu ouviste que os anaquins estão ali, e grandes e fortes cidades há ali; porventura o Senhor será comigo, para os expulsar, como o Senhor disse.

13 E Josué o abençoou, e deu a Calebe, filho de Jefoné, Hebrom em herança.

14 Portanto, Hebrom foi de Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, em herança até o dia de hoje, porquanto perseverara em seguir ao Senhor Deus de Israel.

15 E o nome de Hebrom era antes Quiriate-Arba, porque Arba foi um grande homem entre os anaquins. E a terra repousou da guerra.

Capítulo 15

Judá recebe herança em Canaã — Os jebuseus habitam com Judá em Jerusalém.

1

E foi a sorte da tribo dos filhos de Judá, segundo as suas famílias, até o termo de Edom, o deserto de Zim para o sul, até a extremidade do lado sul.

2 E era o seu termo para o sul, desde a ribeira do mar salgado, desde a baía que olha para o sul;

3 E saía para o sul, até a subida de Acrabim, e passava a Zim, e subia do sul a Cades-Barneia, e passava por Hezrom, e subia a Adar, e rodeava Carca;

4 E passava Azmom, e saía ao ribeiro do Egito, e as saídas desse termo iam até o mar; esse será o vosso termo do lado sul.

5 O termo, porém, para o oriente era o mar salgado, até a foz do Jordão; e o termo para o norte era desde a baía do mar, desde a foz do Jordão.

6 E este termo subia até Bete-Hogla, e passava do norte a Bete-Arabá, e este termo subia até a pedra de Boã, filho de Rúben.

7 Subia mais este termo a Debir desde o vale de Acor, e olhava pelo norte para Gilgal, a qual está à subida de Adumim, que está para o sul do ribeiro; então este termo passava até as águas de En-Semes; e as suas saídas estavam do lado de En-Rogel.

8 E este termo passava pelo vale do filho de Hinom, do lado sul dos jebuseus; esta é Jerusalém, e subia este termo até o cume do monte que está diante do vale de Hinom para o ocidente, que está no fim do vale do lado norte dos refains.

9 Então este termo ia desde o alto do monte até a fonte das águas de Neftoa; e saía até as cidades do monte Efrom; ia mais este termo até Baalá; esta é Quiriate-Jearim.

10

Então este termo dava volta desde Baalá para o ocidente, até as montanhas de Seir, e passava ao lado do monte Jearim do lado norte, que é Quesalom, e descia a Bete-Semes, e passava por Timna.

11 Saía este termo mais ao lado de Ecrom para o norte, e este termo ia a Sicrom, e passava o monte de Baalá, e saía em Jabneel; e as saídas deste termo eram no mar.

12 Era, porém, o termo do lado do ocidente o mar grande, e o seu termo; este era o termo dos filhos de Judá ao redor, segundo as suas famílias.

13 Mas a Calebe, filho de Jefoné, deu uma parte no meio dos filhos de Judá, conforme a ordem do Senhor a Josué; a saber, a cidade de Arba, pai de Anaque; esta é Hebrom.

14 E expulsou Calebe dali os três filhos de Anaque: Sesai, e Aimã, e Talmai, gerados de Anaque.

15 E dali subiu aos habitantes de Debir; e o nome de Debir fora antes Quiriate-Sefer.

16 E disse Calebe: A quem atacar Quiriate-Sefer, e a tomar, darei a minha filha Acsa por mulher.

17 Tomou-a, pois, Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe; e este deu-lhe a sua filha Acsa por mulher.

18 E sucedeu que, ao chegar, ela o persuadiu a que pedisse um campo ao pai dela; e ela se apeou do jumento; então Calebe lhe disse: Que desejas?

19 E ela disse: Dá-me uma bênção; pois me deste terra seca, dá-me também fontes de águas. Então lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.

20

Esta é a herança da tribo dos filhos de Judá, segundo as suas famílias.

21 São, pois, as cidades da extremidade da tribo dos filhos de Judá até o termo de Edom para o sul: Cabzeel, e Éder, e Jagur,

22 E Quiná, e Dimona, e Adada,

23 E Quedes, e Hazor, e Itnã,

24 Zife, e Telem, e Bealote,

25 E Hazor-Hadata, e Queriote-Hezrom (que é Hazor),

26 Amã, e Sema, e Moladá,

27 E Hazar-Gada, e Hesmom, e Bete-Palete,

28 E Hazar-Sual, e Berseba, e Biziotiá,

29 Baalá, e Iim, e Azem,

30

E Eltolade, e Quesil, e Hormá,

31 E Ziclague, e Madmana, e Sansana,

32 E Lebaote, e Silim, e Aim, e Rimom; todas as cidades e as suas aldeias, vinte e nove.

33 Nas planícies: Estaol, e Zorá, e Asná,

34 E Zanoa, e En-Ganim, Tapua, e Enã,

35 Jarmute, e Adulão, Socó, e Azeca,

36 E Saaraim, e Aditaim, e Gederá, e Gederotaim, quatorze cidades e as suas aldeias.

37 Zenã, e Hadasa, e Migdal-Gade,

38 E Dileã, e Mizpá, e Jocteel,

39 Laquis, e Bozcate, e Eglom,

40

E Cabom, e Laamás, e Quitlis,

41 E Gederote, Bete-Dagom, e Naamá, e Maquedá; dezesseis cidades e as suas aldeias.

42 Libna, e Eter, e Asã,

43 E Iftá, e Asná, e Nezibe,

44 E Queila, e Aczibe, e Maressa; nove cidades e as suas aldeias.

45 Ecrom, e as suas vilas, e as suas aldeias.

46 Desde Ecrom, e até o mar, todas as que estão do lado de Asdode, e as suas aldeias.

47 Asdode, as suas vilas, e as suas aldeias; Gaza, as suas vilas, e as suas aldeias, até o rio do Egito, e o mar grande e o seu termo.

48 E nas montanhas, Samir, Jatir, e Socó,

49 E Daná, e Quiriate-Saná, que é Debir,

50

E Anabe, Estemó, e Anim,

51 E Gósen, e Holom, e Giló; onze cidades e as suas aldeias.

52 Arabe, e Dumá, e Esã,

53 E Janim, e Bete-Tapua, e Afeca,

54 E Hunta, e Quiriate-Arba (que é Hebrom), e Zior; nove cidades e as suas aldeias.

55 Maom, Carmelo, e Zife, e Jutá,

56 E Jezreel, e Jocdeão, e Zanoa,

57 Caim, Gibeá, e Timna; dez cidades e as suas aldeias.

58 Halul, Bete-Zur, e Gedor,

59 E Maarate, e Bete-Anote, e Eltecom; seis cidades e as suas aldeias.

60

Quiriate-Baal (que é Quiriate-Jearim), e Rabá; duas cidades e as suas aldeias.

61 No deserto: Bete-Arabá, Midim, e Secacá,

62 E Nibsã, e a Cidade do Sal, e En-Gedi; seis cidades e as suas aldeias.

63 Não puderam, porém, os filhos de Judá expulsar os jebuseus que habitavam em Jerusalém; assim habitaram os jebuseus com os filhos de Judá em Jerusalém, até o dia de hoje.

Capítulo 16

Os filhos de José (Efraim e Manassés) recebem sua herança — Alguns cananeus continuam a habitar entre os efraimitas.

1

Saiu depois a sorte dos filhos de José, desde o Jordão, na altura de Jericó, às águas de Jericó, para o oriente, subindo ao deserto de Jericó pelas montanhas de Betel;

2 E sai de Betel para Luz, e passa ao termo dos arquitas, até Atarote;

3 E desce do lado do ocidente ao termo de Jafleti, até o termo de Bete-Horom de baixo, e até Gezer, sendo as suas saídas para o mar.

4 Assim, alcançaram a sua herança os filhos de José: Manassés e Efraim.

5 E foi o termo dos filhos de Efraim, segundo as suas famílias, a saber: o termo da sua herança para o oriente era Atarote-Adar até Bete-Horom de cima;

6 E sai este termo para o ocidente junto a Micmetá, desde o norte, e este termo dá volta para o oriente a Taanate-Siló, e passa por ela desde o oriente a Janoa;

7 E desce desde Janoa a Atarote e a Naarate, e toca em Jericó, e vai sair no Jordão.

8 De Tapua vai este termo para o ocidente ao ribeiro de Caná, e as suas saídas no mar; essa é a herança da tribo dos filhos de Efraim, segundo as suas famílias.

9 E as cidades que se separaram para os filhos de Efraim estavam no meio da herança dos filhos de Manassés; todas aquelas cidades e as suas aldeias.

10

E não expulsaram os cananeus que habitavam em Gezer; e os cananeus habitaram no meio dos efraimitas até o dia de hoje; porém serviam-nos, sujeitando-se a trabalhos forçados.

Capítulo 17

Tanto Manassés quanto Efraim recebem herança adicional — Efraim há de expulsar os cananeus da região montanhosa.

1

Também caiu a sorte à tribo de Manassés, porquanto era o primogênito de José, a saber: Maquir, o primogênito de Manassés, pai de Gileade, porquanto era homem de guerra, recebeu Gileade e Basã.

2 Também caiu a sorte aos demais filhos de Manassés, segundo as suas famílias, a saber: os filhos de Abiezer, e os filhos de Heleque, e os filhos de Asriel, e os filhos de Siquém, e os filhos de Hefer, e os filhos de Semida; esses são os filhos homens de Manassés, filho de José, segundo as suas famílias.

3 Zelofeade, porém, filho de Hefer, o filho de Gileade, filho de Maquir, o filho de Manassés, não teve filhos, mas só filhas; e estes são os nomes de suas filhas: Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza.

4 Estas, pois, chegaram diante de Eleazar, o sacerdote, e diante de Josué, filho de Num, e diante dos príncipes, dizendo: O Senhor ordenou a Moisés que se nos desse herança no meio de nossos irmãos, pelo que, conforme a ordem do Senhor, lhes deu herança no meio dos irmãos de seu pai.

5 E caíram a Manassés dez quinhões, afora a terra de Gileade, e Basã, que está além do Jordão;

6 Porque as filhas de Manassés no meio de seus filhos possuíram herança; e a terra de Gileade coube aos outros filhos de Manassés.

7 E o termo de Manassés foi desde Aser até Micmetá, que está diante de Siquém; e vai este termo à direita, até os moradores de En-Tapua.

8 Tinha Manassés a terra de Tapua; porém Tapua, no termo de Manassés, coube aos filhos de Efraim.

9 Então desce este termo ao ribeiro de Caná, para o sul do ribeiro; de Efraim são essas cidades no meio das cidades de Manassés; e o termo de Manassés está ao norte do ribeiro, sendo as suas saídas no mar.

10

Efraim ao sul, e Manassés ao norte, e o mar é o seu termo; ao norte tocam em Aser, e ao oriente, em Issacar.

11 Porque em Issacar e em Aser, Manassés tinha Bete-Seã e as suas vilas, e Ibleã e as suas vilas, e os habitantes de Dor e as suas vilas, e os habitantes de En-Dor e as suas vilas, e os habitantes de Taanaque e as suas vilas, e os habitantes de Megido e as suas vilas, três comarcas.

12 E os filhos de Manassés não puderam expulsar os habitantes daquelas cidades; porquanto os cananeus queriam habitar na mesma terra.

13 E sucedeu que, tornando-se fortes os filhos de Israel, sujeitaram os cananeus a trabalhos forçados; porém não os expulsaram de todo.

14 Então os filhos de José falaram a Josué, dizendo: Por que me deste por herança uma sorte e um quinhão, sendo eu um povo tão grande, visto que o Senhor até aqui me tem abençoado?

15 E disse-lhes Josué: Se tão grande povo és, sobe ao bosque, e corta para ti ali lugar na terra dos perizeus e dos refains; pois que as montanhas de Efraim te são tão estreitas.

16 Então disseram os filhos de José: As montanhas não nos bastariam; também carros de ferro há entre todos os cananeus que habitam na terra do vale, entre os de Bete-Seã e as suas vilas, e entre os que estão no vale de Jezreel.

17 Então Josué falou à casa de José, a Efraim e a Manassés, dizendo: Grande povo és, e grande força tens; não terás apenas uma sorte;

18 Porém as montanhas serão tuas; e, como é bosque, corta-o, e as suas saídas serão tuas; porque expulsarás os cananeus, ainda que tenham carros de ferro, ainda que sejam fortes.

Capítulo 18

O tabernáculo da congregação é armado em Siló — Benjamim recebe herança por sorteio.

1

E toda a congregação dos filhos de Israel se ajuntou em Siló, e ali armaram a tenda da congregação, depois que a terra lhes foi sujeita.

2 E dentre os filhos de Israel ficaram sete tribos que ainda não tinham recebido a sua herança.

3 E disse Josué aos filhos de Israel: Até quando sereis negligentes em passardes para possuir a terra que o Senhor Deus de vossos pais vos deu?

4 De cada tribo escolhei vós três homens, para que eu os envie, e se levantem, e corram a terra, e a descrevam segundo as suas heranças, e retornem a mim.

5 E a repartirão em sete partes: Judá ficará no seu termo para o sul, e a casa de José ficará no seu termo para o norte.

6 E vós descrevereis a terra em sete partes, e trareis a mim aqui a descrição; para que eu aqui lance as sortes perante o Senhor nosso Deus.

7 Porquanto os levitas não têm parte no meio de vós, porém o sacerdócio do Senhor é a sua parte; e Gade, e Rúben, e a meia tribo de Manassés tomaram a sua herança além do Jordão para o oriente, a qual lhes deu Moisés, o servo do Senhor.

8 Então aqueles homens se levantaram, e se foram; e Josué deu ordem aos que iam descrever a terra, dizendo: Ide, e correi a terra, e descrevei-a, e então retornai a mim, e aqui vos lançarei as sortes perante o Senhor, em Siló.

9 Foram, pois, aqueles homens, e passaram pela terra, e a descreveram, segundo as cidades, em sete partes, num livro; e voltaram a Josué, ao acampamento em Siló.

10

Então Josué lhes lançou as sortes em Siló, perante o Senhor; e ali repartiu Josué a terra aos filhos de Israel, conforme as suas divisões.

11 E saiu a sorte da tribo dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias; e saiu o termo da sua sorte entre os filhos de Judá e os filhos de José.

12 E o seu termo vai para o lado do norte, desde o Jordão; e sobe este termo ao lado de Jericó para o norte, e sobe pela montanha para o ocidente, sendo as suas saídas no deserto de Bete-Áven.

13 E dali passa este termo para Luz, ao lado de Luz (que é Betel) para o sul; e desce este termo a Atarote-Adar, ao pé do monte que está do lado sul de Bete-Horom de baixo.

14 E vai este termo, e dá volta ao lado do ocidente para o sul, do monte que está defronte de Bete-Horom, para o sul, e as suas saídas vão para Quiriate-Baal (que é Quiriate-Jearim), cidade dos filhos de Judá; esta é a sua extensão para o ocidente.

15 E a sua extensão para o sul começa na extremidade de Quiriate-Jearim; e estende-se este termo ao ocidente, e vai sair na fonte das águas de Neftoa.

16 E desce este termo até a extremidade do monte que está defronte do vale do filho de Hinom, que está no vale dos refains, para o norte, e desce pelo vale de Hinom do lado dos jebuseus para o sul; e então desce à fonte de En-Rogel;

17 E vai desde o norte, e sai a Ensemes; e dali sai a Gelilote, que está defronte da subida de Adumim, e desce à pedra de Boã, filho de Rúben;

18 E passa ao lado, defronte de Arabá para o norte, e desce para Arabá;

19 Passa mais este termo ao lado de Bete-Hogla para o norte, estando as saídas deste termo na língua do mar salgado para o norte, na extremidade do Jordão para o sul; este é o termo do sul.

20

E termina o Jordão do lado do oriente; esta é a herança dos filhos de Benjamim, nos seus termos ao redor, segundo as suas famílias.

21 E as cidades da tribo dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias, são: Jericó, e Bete-Hogla, e Emeque-Queziz,

22 E Bete-Arabá, e Zemaraim, e Betel,

23 E Havim, e Pará, e Ofra,

24 E Quefar-Amonai, e Ofni, e Gaba; doze cidades e as suas aldeias;

25 Gibeom, e Ramá, e Beerote,

26 E Mizpá, e Cefira, e Mosa,

27 E Requém, e Irpeel, e Tarala,

28 E Zela, Elefe, e Jebus (esta é Jerusalém), Gibeá e Quiriate; quatorze cidades com as suas aldeias; essa é a herança dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias.

Capítulo 19

Simeão, Zebulom, Issacar, Aser, Naftali e Dã recebem sua herança por sorteio.

1

E saiu a segunda sorte para Simeão, para a tribo dos filhos de Simeão, segundo as suas famílias; e foi a sua herança no meio da herança dos filhos de Judá.

2 E tiveram na sua herança: Berseba, e Seba, e Moladá,

3 E Hazar-Sual, e Balá, e Azem,

4 E Eltolade, e Betul, e Hormá,

5 E Ziclague, e Bete-Marcabote, e Hazar-Susa,

6 E Bete-Lebaote, e Saruém; treze cidades e as suas aldeias.

7 Aim, e Rimom, e Eter, e Asã; quatro cidades e as suas aldeias.

8 E todas as aldeias que havia em redor dessas cidades, até Baalate-Ber, que é Ramá do sul; essa é a herança da tribo dos filhos de Simeão, segundo as suas famílias.

9 A herança dos filhos de Simeão está entre o quinhão dos de Judá, porquanto a herança dos filhos de Judá era demasiadamente grande para eles, pelo que os filhos de Simeão tiveram a sua herança no meio deles.

10

E saiu a terceira sorte para os filhos de Zebulom, segundo as suas famílias; e foi o termo da sua herança até Saride.

11 E sobe o seu termo pelo ocidente a Maralá, e chega até Dabesete; chega também até o ribeiro que está defronte de Jocneão.

12 E de Saride volta para o oriente, para o nascente do sol, até o termo de Quislote-Tabor, e sai a Daberate, e vai subindo a Jafia.

13 E dali passa pelo oriente para o nascente, a Gate-Hefer, em Ete-Cazim; e sai a Rimom-Metoar, que é Neá.

14 E dá volta este termo para o norte a Hanatom; e as suas saídas são o vale de Iftá-El,

15 E Catate, e Naalal, e Sinrom, e Idala, e Belém; doze cidades e as suas aldeias.

16 Essa é a herança dos filhos de Zebulom, segundo as suas famílias; essas cidades e as suas aldeias.

17 A quarta sorte saiu para Issacar; para os filhos de Issacar, segundo as suas famílias.

18 E foi o seu termo Jezreel, e Quesulote, e Suném,

19 E Hafaraim, e Siom, e Anaarate,

20

E Rabite, e Quisiom, e Ebes,

21 E Remete, e En-Ganim, e En-Hadá, e Bete-Pazez.

22 E chega este termo até Tabor, e Saazima, e Bete-Semes; e as saídas do seu termo estão para o Jordão; dezesseis cidades e as suas aldeias.

23 Essa é a herança da tribo dos filhos de Issacar, segundo as suas famílias; essas cidades e as suas aldeias.

24 E saiu a quinta sorte para a tribo dos filhos de Aser, segundo as suas famílias.

25 E foi o seu termo Helcate, e Hali, e Béten, e Acsafe,

26 E Alameleque, e Amade, e Misal; e chega a Carmelo para o ocidente, e a Sior-Libnate;

27 E volta do nascente do sol a Bete-Dagom, e chega a Zebulom e ao vale de Iftá-El, ao norte de Bete-Emeque e de Neiel, e vem sair a Cabul pela esquerda,

28 E Hebrom, e Reobe, e Hamom, e Caná, até a grande Sidom.

29 E volta este termo a Ramá, e até a forte cidade de Tiro; então dá volta este termo a Hosa, e as suas saídas estão para o mar, desde o quinhão da terra até Aczibe;

30

E Umá, e Afeque, e Reobe; vinte e duas cidades e as suas aldeias.

31 Essa é a herança da tribo dos filhos de Aser, segundo as suas famílias; essas cidades e as suas aldeias.

32 E saiu a sexta sorte para os filhos de Naftali; para os filhos de Naftali, segundo as suas famílias.

33 E foi o seu termo desde Helefe e desde Alom em Zaananim, e Adami-Nequebe, e Jabneel, até Lacum; e estão as suas saídas no Jordão.

34 E volta este termo pelo ocidente a Aznote-Tabor, e dali passa a Hucoque; e chega a Zebulom para o sul, e chega a Aser para o ocidente, e a Judá pelo Jordão, para o nascente do sol.

35 E são as cidades fortificadas: Zidim, Zer, e Hamate, Racate, e Quinerete,

36 E Adamá, e Ramá, e Hazor,

37 E Quedes, e Edrei, e En-Hazor,

38 E Irom, e Migdal-El, Horém, e Bete-Anate, e Bete-Semes; dezenove cidades e as suas aldeias.

39 Essa é a herança da tribo dos filhos de Naftali, segundo as suas famílias; essas cidades e as suas aldeias.

40

A sétima sorte saiu para a tribo dos filhos de Dã, segundo as suas famílias.

41 E foi o termo da sua herança, Zorá, e Estaol, e Ir-Semes,

42 E Saalabim, e Aijalom, e Itla,

43 E Elom, e Timna, e Ecrom,

44 E Elteque, e Gibetom, e Baalate,

45 E Jeúde, e Bene-Beraque, e Gate-Rimom,

46 E Me-Jarcom, e Racom; com o termo defronte de Jope;

47 Saiu, porém, pequeno o termo aos filhos de Dã, pelo que subiram os filhos de Dã, e pelejaram contra Lesém, e a tomaram, e a feriram ao fio da espada, e a possuíram e habitaram nela, e a Lesém chamaram Dã, conforme o nome de Dã, seu pai.

48 Essa é a herança da tribo dos filhos de Dã, segundo as suas famílias; essas cidades e as suas aldeias.

49 Acabando, pois, de repartir a terra em herança segundo os seus termos, deram os filhos de Israel a Josué, filho de Num, herança no meio deles.

50

Segundo a ordem do Senhor lhe deram a cidade que pediu, Timnate-Sera, na montanha de Efraim; e reedificou aquela cidade, e habitou nela.

51 Estas são as heranças que Eleazar, o sacerdote, e Josué, filho de Num, e os cabeças dos pais das famílias por sorte em herança repartiram às tribos dos filhos de Israel em Siló, perante o Senhor, à porta da tenda da congregação. E assim acabaram de repartir a terra.

Capítulo 20

Seis cidades de refúgio são designadas para os culpados de homicídio sem intenção.

1

Falou mais o Senhor a Josué, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Apartai para vós as cidades de refúgio, de que vos falei pelo ministério de Moisés;

3 Para que fuja para ali o homicida que matar alguma pessoa por engano, e não com intento; para que vos sirvam de refúgio do vingador do sangue.

4 E fugindo para alguma daquelas cidades, por-se-á à porta da cidade, e exporá a sua causa perante os ouvidos dos anciãos de tal cidade; então o tomarão consigo na cidade, e lhe darão lugar, para que habite com eles.

5 E se o vingador do sangue o seguir, não entregarão na sua mão o homicida; porquanto não matou seu próximo com intento, e não o odiava dantes.

6 E habitará na mesma cidade, até que compareça em juízo perante a congregação, até que morra o sumo sacerdote que houver naqueles dias; então o homicida voltará, e irá à sua cidade, e à sua casa, à cidade de onde fugiu.

7 Então apartaram Quedes na Galileia, na montanha de Naftali, e Siquém na montanha de Efraim, e Quiriate-Arba, esta é Hebrom, na montanha de Judá.

8 E além do Jordão, na altura de Jericó para o oriente, apartaram Bezer, no deserto, na campina da tribo de Rúben, e Ramote em Gileade da tribo de Gade, e Golã em Basã da tribo de Manassés.

9 Essas são as cidades que foram designadas para todos os filhos de Israel, e para o estrangeiro que andasse entre eles; para que se acolhesse a elas todo aquele que matasse alguma pessoa por engano, para que não morresse pelas mãos do vingador do sangue, até se pôr diante da congregação.

Capítulo 21

Os levitas recebem quarenta e oito cidades com seus arrabaldes — O Senhor cumpre todas as Suas promessas e concede repouso a Israel.

1

Então os cabeças dos pais dos levitas se achegaram a Eleazar, o sacerdote, e a Josué, filho de Num, e aos cabeças dos pais das tribos dos filhos de Israel;

2 E falaram-lhes em Siló na terra de Canaã, dizendo: O Senhor ordenou, pelo ministério de Moisés, que se nos dessem cidades para habitar, e os seus arrabaldes para os nossos animais.

3 Pelo que os filhos de Israel deram aos levitas da sua herança, conforme a ordem do Senhor, estas cidades e os seus arrabaldes.

4 E saiu a sorte para as famílias dos coatitas; e aos filhos de Aarão, o sacerdote, dentre os levitas, couberam por sorte da tribo de Judá, e da tribo de Simeão, e da tribo de Benjamim, treze cidades;

5 E aos outros filhos de Coate couberam por sorte das famílias da tribo de Efraim, e da tribo de Dã, e da meia tribo de Manassés, dez cidades;

6 E aos filhos de Gérson couberam por sorte das famílias da tribo de Issacar, e da tribo de Aser, e da tribo de Naftali, e da meia tribo de Manassés em Basã, treze cidades;

7 Aos filhos de Merari, segundo as suas famílias, da tribo de Rúben, e da tribo de Gade, e da tribo de Zebulom, doze cidades.

8 E deram os filhos de Israel aos levitas essas cidades e os seus arrabaldes por sorte, como o Senhor ordenara pelo ministério de Moisés.

9 Deram mais da tribo dos filhos de Judá e da tribo dos filhos de Simeão estas cidades, que por nome são mencionadas,

10

Para que fossem dos filhos de Aarão, das famílias dos coatitas, dos filhos de Levi; porquanto a primeira sorte foi sua.

11 Assim, lhes deram a cidade de Arba, do pai de Anaque (esta é Hebrom), no monte de Judá, e os seus arrabaldes em redor dela.

12 Porém o campo da cidade, e as suas aldeias, deram a Calebe, filho de Jefoné, por sua possessão.

13 Assim, aos filhos de Aarão, o sacerdote, deram a cidade de refúgio do homicida, Hebrom, e os seus arrabaldes, e Libna, e os seus arrabaldes,

14 E Jatir, e os seus arrabaldes, e Estemoa, e os seus arrabaldes,

15 E Holom, e os seus arrabaldes, e Debir, e os seus arrabaldes;

16 E Aim, e os seus arrabaldes, e Jutá, e os seus arrabaldes, e Bete-Semes, e os seus arrabaldes; nove cidades dessas duas tribos.

17 E da tribo de Benjamim, Gibeom, e os seus arrabaldes, Geba, e os seus arrabaldes;

18 Anatote, e os seus arrabaldes, e Almom, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

19 Todas as cidades dos sacerdotes, filhos de Aarão, foram treze cidades e os seus arrabaldes.

20

E as famílias dos filhos de Coate, os levitas que restaram dos filhos de Coate, tiveram as cidades da sua sorte da tribo de Efraim.

21 E deram-lhes Siquém, cidade de refúgio do homicida, e os seus arrabaldes, no monte de Efraim, e Gezer, e os seus arrabaldes;

22 E Quibzaim, e os seus arrabaldes, e Bete-Horom, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

23 E da tribo de Dã, Elteque, e os seus arrabaldes, Gibetom, e os seus arrabaldes;

24 Aijalom, e os seus arrabaldes, Gate-Rimom, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

25 E da meia tribo de Manassés, Taanaque, e os seus arrabaldes, e Gate-Rimom, e os seus arrabaldes; duas cidades.

26 Todas as cidades para as famílias dos filhos de Coate que restaram foram dez, e os seus arrabaldes.

27 E aos filhos de Gérson, das famílias dos levitas, Golã da meia tribo de Manassés, cidade de refúgio do homicida, em Basã, e os seus arrabaldes, e Beesterá, e os seus arrabaldes; duas cidades.

28 E da tribo de Issacar, Quisiom, e os seus arrabaldes, Daberate, e os seus arrabaldes;

29 Jarmute, e os seus arrabaldes, En-Ganim, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

30

E da tribo de Aser, Misal, e os seus arrabaldes, Abdom, e os seus arrabaldes;

31 Helcate, e os seus arrabaldes, e Reobe, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

32 E da tribo de Naftali, Quedes, cidade de refúgio do homicida, na Galileia, e os seus arrabaldes, e Hamote-Dor, e os seus arrabaldes; e Cartã, e os seus arrabaldes; três cidades.

33 Todas as cidades dos gersonitas, segundo as suas famílias, foram treze cidades e os seus arrabaldes.

34 E às famílias dos filhos de Merari, dos levitas que restaram, foram dadas da tribo de Zebulom, Jocneão e os seus arrabaldes, Cartã e os seus arrabaldes,

35 Dimna e os seus arrabaldes, Naalal e os seus arrabaldes; quatro cidades.

36 E da tribo de Rúben, Bezer, e os seus arrabaldes, e Jaza, e os seus arrabaldes;

37 Quedemote, e os seus arrabaldes, e Mefaate, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

38 E da tribo de Gade, Ramote, cidade de refúgio do homicida, em Gileade, e os seus arrabaldes, e Maanaim, e os seus arrabaldes;

39 Hesbom, e os seus arrabaldes, Jazer e os seus arrabaldes; ao todo, quatro cidades.

40

Todas essas cidades foram dos filhos de Merari, segundo as suas famílias, que ainda restavam das famílias dos levitas; e foi a sua sorte doze cidades.

41 Todas as cidades dos levitas, no meio da herança dos filhos de Israel, foram quarenta e oito cidades e os seus arrabaldes.

42 Estavam essas cidades cada qual com os seus arrabaldes em redor delas; assim estavam todas essas cidades.

43 Desta maneira deu o Senhor a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela.

44 E o Senhor lhes deu repouso em redor, conforme tudo quanto jurara a seus pais; e nenhum de todos os seus inimigos resistiu diante deles; todos os seus inimigos o Senhor deu na sua mão.

45 Palavra alguma falhou de todas as boas coisas que o Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu.

Capítulo 22

As duas tribos e meia são despedidas com uma bênção — Elas edificam um altar de testemunho junto ao Jordão para mostrar que são o povo do Senhor — Não é um altar para sacrifícios ou holocaustos.

1

Então Josué chamou os rubenitas, e os gaditas, e a meia tribo de Manassés,

2 E disse-lhes: Tudo quanto Moisés, o servo do Senhor, vos ordenou, guardastes; e à minha voz obedecestes em tudo quanto vos ordenei.

3 A vossos irmãos por tanto tempo até o dia de hoje não desamparastes; antes tivestes cuidado da guarda do mandamento do Senhor vosso Deus.

4 E agora o Senhor vosso Deus deu repouso a vossos irmãos, como lhes tinha prometido; voltai, pois, agora, e ide às vossas tendas, à terra da vossa possessão, que Moisés, o servo do Senhor, vos deu além do Jordão.

5 Tão somente tende cuidado de guardar com diligência o mandamento e a lei que Moisés, o servo do Senhor, vos ordenou: que ameis ao Senhor vosso Deus, e andeis em todos os seus caminhos, e guardeis os seus mandamentos, e vos achegueis a ele, e o sirvais com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

6 Assim, Josué os abençoou; e despediu-os, e foram-se às suas tendas.

7 Porquanto Moisés dera herança em Basã à meia tribo de Manassés; porém à outra metade deu Josué entre seus irmãos, além do Jordão para o ocidente; e enviando-os Josué também às suas tendas, os abençoou;

8 E falou-lhes, dizendo: Voltai às vossas tendas com grandes riquezas, e com muitíssimo gado, com prata, e com ouro, e com bronze, e com ferro, e com muitíssimas roupas; e com vossos irmãos reparti o despojo dos vossos inimigos.

9 Assim, os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés voltaram, e separaram-se dos filhos de Israel, de Siló, que está na terra de Canaã, para irem à terra de Gileade, à terra da sua possessão, de que foram feitos possuidores, conforme a ordem do Senhor pelo ministério de Moisés.

10

E chegando eles aos limites do Jordão, que estão na terra de Canaã, ali os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés edificaram um altar junto ao Jordão, um altar de grande aparência.

11 E ouviram os filhos de Israel dizer: Eis que os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés edificaram um altar na frente da terra de Canaã, nos limites do Jordão, do lado dos filhos de Israel.

12 E ouvindo isso os filhos de Israel, ajuntou-se toda a congregação dos filhos de Israel em Siló, para saírem contra eles em guerra.

13 E enviaram os filhos de Israel aos filhos de Rúben, e aos filhos de Gade, e à meia tribo de Manassés, para a terra de Gileade, Fineias, filho de Eleazar, o sacerdote;

14 E dez príncipes com ele, de cada casa paterna um príncipe, de todas as tribos de Israel; e cada um era cabeça da casa de seus pais nos milhares de Israel.

15 E chegando eles aos filhos de Rúben, e aos filhos de Gade, e à meia tribo de Manassés, à terra de Gileade, falaram com eles, dizendo:

16 Assim diz toda a congregação do Senhor: Que transgressão é esta, com que transgredistes contra o Deus de Israel, deixando hoje de seguir ao Senhor, edificando para vós um altar, para vos rebelardes contra o Senhor?

17 Foi-nos pouco a iniquidade de Peor, da qual ainda até o dia de hoje não estamos purificados, ainda que tenha havido castigo na congregação do Senhor,

18 Para que hoje deixeis de seguir ao Senhor? Acontecerá que, rebelando-vos hoje contra o Senhor, amanhã se irará contra toda a congregação de Israel.

19 Se, porém, a terra da vossa possessão for imunda, passai vós para a terra da possessão do Senhor, onde habita o tabernáculo do Senhor, e tomai possessão entre nós; mas não vos rebeleis contra o Senhor, nem tampouco vos rebeleis contra nós, edificando-vos um altar, afora o altar do Senhor nosso Deus.

20

Não cometeu Acã, filho de Zera, transgressão no tocante ao anátema? E não veio ira sobre toda a congregação de Israel? E aquele homem não morreu sozinho na sua iniquidade.

21 Então responderam os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés, e disseram aos cabeças dos milhares de Israel:

22 O Deus dos deuses, o Senhor, o Deus dos deuses, o Senhor, ele o sabe, e Israel mesmo o saberá; se é por rebeldia, ou por transgressão contra o Senhor, que hoje não nos preserve;

23 Se nós edificamos altar para deixar de seguir ao Senhor, ou para sobre ele oferecer holocausto e oferta de manjares, ou sobre ele fazer oferta pacífica, que o Senhor mesmo de nós o requeira.

24 E se não o fizemos por receio disso, dizendo: Amanhã vossos filhos virão falar a nossos filhos, dizendo: Que tendes vós com o Senhor Deus de Israel?

25 Pois o Senhor pôs o Jordão por termo entre nós e vós, ó filhos de Rúben, e filhos de Gade; não tendes parte no Senhor; e assim bem poderiam vossos filhos fazer nossos filhos desistir de temer ao Senhor.

26 Pelo que dissemos: Façamos agora, e edifiquemos para nós um altar, não para holocausto, nem para sacrifício,

27 Mas para que entre nós e vós, e entre as nossas gerações depois de nós, nos seja por testemunho, para podermos realizar o serviço do Senhor diante dele com os nossos holocaustos, e com os nossos sacrifícios, e com as nossas ofertas pacíficas; e para que vossos filhos não digam amanhã a nossos filhos: Não tendes parte no Senhor.

28 Pelo que dissemos: Quando acontecer que amanhã assim nos digam a nós e às nossas gerações, então diremos: Vede o modelo do altar do Senhor que fizeram nossos pais, não para holocausto nem para sacrifício, porém para ser testemunho entre nós e vós.

29 Nunca tal nos aconteça, que nos rebelássemos contra o Senhor, ou que hoje deixássemos de seguir ao Senhor, edificando altar para holocausto, para oferta de manjares ou para sacrifício, afora o altar do Senhor nosso Deus, que está perante o seu tabernáculo.

30

Ouvindo, pois, Fineias, o sacerdote, e os príncipes da congregação, e os cabeças dos milhares de Israel, que com ele estavam, as palavras que disseram os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, e os filhos de Manassés, pareceu bem aos seus olhos.

31 E disse Fineias, filho de Eleazar, o sacerdote, aos filhos de Rúben, e aos filhos de Gade, e aos filhos de Manassés: Hoje sabemos que o Senhor está no meio de nós; porquanto não cometestes transgressão contra o Senhor; agora livrastes os filhos de Israel da mão do Senhor.

32 E Fineias, filho de Eleazar, o sacerdote, com os príncipes, deixando os filhos de Rúben, e os filhos de Gade, retornaram da terra de Gileade à terra de Canaã, aos filhos de Israel; e trouxeram-lhes a reposta.

33 E pareceu a resposta boa aos olhos dos filhos de Israel, e os filhos de Israel louvaram a Deus; e não falaram mais de subir contra eles em guerra, para destruírem a terra em que habitavam os filhos de Rúben e os filhos de Gade.

34 E os filhos de Rúben e os filhos de Gade deram ao altar o nome de Ede, para que seja testemunho entre nós que o Senhor é Deus.

Capítulo 23

Josué exorta Israel a ter coragem, a guardar os mandamentos, a amar o Senhor e a não se casar com os remanescentes dos cananeus que permanecem na terra, nem se apegar a eles — Quando os filhos de Israel servirem outros deuses, serão amaldiçoados e desapossados.

1

E sucedeu que, muitos dias depois que o Senhor dera repouso a Israel de todos os seus inimigos em redor, e Josué sendo velho e avançado em dias,

2 Chamou Josué todo o Israel, os seus anciãos, e os seus cabeças, e os seus juízes, e os seus oficiais, e disse-lhes: Eu sou velho e avançado em dias;

3 E vós já vistes tudo quanto o Senhor vosso Deus fez a todas estas nações por causa de vós; porque o Senhor vosso Deus é o que pelejou por vós.

4 Vedes aqui que vos fiz caber por sorte às vossas tribos estas nações que ficam desde o Jordão, com todas as nações que destruí, até o grande mar para o pôr do sol.

5 E o Senhor vosso Deus as expulsará de diante de vós, e as tirará de diante de vós; e vós possuireis a sua terra, como o Senhor vosso Deus vos disse.

6 Sede, pois, muito fortes para guardardes e para fazerdes tudo quanto está escrito no livro da lei de Moisés; para que dele não vos aparteis, nem para a direita nem para a esquerda;

7 Para não vos misturardes com estas nações que ainda ficaram convosco; e dos nomes de seus deuses não façais menção, nem por eles façais jurar, nem os sirvais, nem a eles vos inclineis.

8 Mas ao Senhor vosso Deus vos achegareis, como fizestes até o dia de hoje;

9 Pois o Senhor expulsou de diante de vós grandes e numerosas nações; e quanto a vós, ninguém ficou em pé diante de vós até o dia de hoje.

10

Um homem dentre vós perseguirá mil; pois é o mesmo Senhor vosso Deus o que peleja por vós, como vos disse,

11 Portanto guardai muito as vossas almas, para amardes ao Senhor vosso Deus.

12 Porque se de alguma maneira vos apartardes, e vos achegardes ao restante destas nações que ainda ficou convosco, e com elas vos aparentardes, e vos achegardes a elas, e elas, a vós,

13 Sabei certamente que o Senhor vosso Deus não continuará mais a expulsar estas nações de diante de vós, mas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que sejais exterminados desta boa terra que vos deu o Senhor vosso Deus.

14 E eis que eu vou hoje pelo caminho de toda a terra; e vós bem sabeis, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma, que nem uma palavra falhou de todas as boas coisas que falou de vós o Senhor vosso Deus; todas vos sobrevieram, delas não falhou uma palavra.

15 E acontecerá que, assim como sobre vós vieram todas estas boas coisas, que o Senhor vosso Deus vos disse, assim trará o Senhor sobre vós todas aquelas más coisas, até vos destruir de sobre a boa terra que vos deu o Senhor vosso Deus.

16 Quando transgredirdes o convênio do Senhor vosso Deus, que vos ordenou, e fordes e servirdes a outros deuses, e a eles vos inclinardes, então a ira do Senhor sobre vós se acenderá, e logo sereis exterminados de sobre a boa terra que vos deu.

Capítulo 24

Josué relata como o Senhor abençoou e liderou Israel — Josué e todo o povo fazem convênio de escolher o Senhor e de servir somente a Ele — Morrem Josué e Eleazar — Os ossos de José, tirados do Egito, são enterrados em Siquém.

1

Depois ajuntou Josué todas as tribos de Israel em Siquém; e chamou os anciãos de Israel, e os seus cabeças, e os seus juízes, e os seus oficiais; e eles se apresentaram diante de Deus.

2 Então Josué disse a todo o povo: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Além do rio antigamente habitaram vossos pais, Terá, pai de Abraão e pai de Naor; e serviram a outros deuses.

3 Eu, porém, tomei vosso pai Abraão além do rio, e o fiz andar por toda a terra de Canaã; também multipliquei a sua semente, e dei-lhe Isaque.

4 E a Isaque dei Jacó e Esaú; e a Esaú dei a montanha de Seir, para a possuir; porém Jacó e seus filhos desceram para o Egito.

5 Então enviei Moisés e Aarão, e feri o Egito, como o fiz no meio dele; e depois vos tirei de lá.

6 E tirando eu vossos pais do Egito, viestes ao mar; e os egípcios perseguiram vossos pais, com carros e com cavaleiros, até o Mar Vermelho.

7 E clamaram ao Senhor, e ele pôs uma escuridão entre vós e os egípcios, e trouxe o mar sobre eles, e os cobriu, e os vossos olhos viram o que eu fiz no Egito; depois habitastes no deserto muitos dias.

8 Então eu vos trouxe à terra dos amorreus, que habitavam além do Jordão, os quais pelejaram contra vós; porém os dei na vossa mão, e possuístes a sua terra, e os destruí diante de vós.

9 Levantou-se também Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas, e pelejou contra Israel; e mandou chamar Balaão, filho de Beor, para que vos amaldiçoasse.

10

Porém eu não quis ouvir Balaão; pelo que ele vos abençoou grandemente, e livrei-vos da sua mão.

11 E passando vós o Jordão, e chegando a Jericó, os habitantes de Jericó pelejaram contra vós, os amorreus, e os perizeus, e os cananeus, e os heteus, e os girgaseus, e os heveus, e os jebuseus; porém os dei na vossa mão.

12 E enviei vespões diante de vós, que os expulsaram de diante de vós, como a ambos os reis dos amorreus; não com a tua espada, nem com o teu arco.

13 E eu vos dei a terra em que não trabalhastes, e cidades que não edificastes, e habitais nelas, e comeis das vinhas e dos olivais que não plantastes.

14 Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao Senhor.

15 Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

16 Então respondeu o povo, e disse: Nunca nos aconteça que deixemos ao Senhor para servirmos a outros deuses;

17 Porque o Senhor é o nosso Deus; ele é o que nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e o que fez estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos.

18 E o Senhor expulsou de diante de nós todas essas nações, até o amorreu, morador da terra; também nós serviremos ao Senhor, porquanto é nosso Deus.

19 Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor, porquanto é Deus santo, é Deus zeloso, ele não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados.

20

Se deixardes ao Senhor, e servirdes a deuses estranhos, então se voltará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos fazer bem.

21 Então disse o povo a Josué: Não, antes ao Senhor serviremos.

22 E Josué disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos de que vós escolhestes ao Senhor, para o servir. E disseram: Somos testemunhas.

23 Deitai fora, pois, agora, os deuses estranhos que no meio de vós, e inclinai o vosso coração ao Senhor Deus de Israel.

24 E disse o povo a Josué: Serviremos ao Senhor nosso Deus, e obedeceremos à sua voz.

25 Assim, fez Josué convênio naquele dia com o povo, e lhe pôs por estatuto e direito em Siquém.

26 E Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus; e tomou uma grande pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do Senhor.

27 E disse Josué a todo o povo: Eis que esta pedra nos será por testemunho; pois ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos disse, e também será testemunho contra vós, para que não mintais a vosso Deus.

28 Então Josué despediu o povo, cada um para a sua herdade.

29 E depois dessas coisas sucedeu que Josué, filho de Num, o servo do Senhor, faleceu, sendo da idade de cento e dez anos.

30

E sepultaram-no no termo da sua herdade, em Timnate-Sera, que está no monte de Efraim, para o norte do monte Gaás.

31 Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e conheciam toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel.

32 Também enterraram em Siquém os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, naquela parte do campo que Jacó comprara aos filhos de Hemor, pai de Siquém, por cem peças de prata; porquanto se tornara herança para os filhos de José.

33 Faleceu também Eleazar, filho de Aarão, e o sepultaram no outeiro de Fineias, seu filho, que lhe fora dado na montanha de Efraim.

O Livro de
Juízes

Capítulo 1

Judá, Simeão e José continuam a conquista dos cananeus — Permanecem remanescentes dos cananeus nas terras de Judá, Manassés, Efraim, Zebulom, Aser, Naftali e Dã.

1

E sucedeu que, depois da morte de Josué, os filhos de Israel perguntaram ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós primeiro subirá aos cananeus, para pelejar contra eles?

2 E disse o Senhor: Judá subirá; eis que lhe dei esta terra na sua mão.

3 Então disse Judá a Simeão, seu irmão: Sobe comigo à minha herança, e pelejemos contra os cananeus, e também eu contigo subirei à tua herança. E Simeão partiu com ele.

4 E subiu Judá, e o Senhor lhe deu na sua mão os cananeus e os perizeus; e derrotaram deles dez mil homens em Bezeque.

5 E acharam Adoni-Bezeque em Bezeque, e pelejaram contra ele; e derrotaram os cananeus e os perizeus.

6 Porém Adoni-Bezeque fugiu, e o seguiram, e o prenderam, e lhe cortaram os dedos polegares das mãos e dos pés.

7 Então disse Adoni-Bezeque: Setenta reis com os dedos polegares das mãos e dos pés cortados apanhavam as migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou. E o levaram a Jerusalém, e morreu ali.

8 Porque os filhos de Judá pelejaram contra Jerusalém, e a tomaram, e a feriram ao fio da espada; e puseram fogo na cidade.

9 E depois os filhos de Judá desceram para pelejar contra os cananeus que habitavam nas montanhas, e no sul, e nas planícies.

10

E partiu Judá contra os cananeus que habitavam em Hebrom (porém dantes o nome de Hebrom era Quiriate-Arba), e derrotaram Sesai, e Aimã, e Talmai.

11 E dali partiu contra os moradores de Debir; e dantes o nome de Debir era Quiriate-Sefer.

12 E disse Calebe: Quem atacar Quiriate-Sefer, e a tomar, lhe darei a minha filha Acsa por mulher.

13 E tomou-a Otniel, filho de Quenaz, o irmão de Calebe, mais novo do que ele; e Calebe lhe deu a sua filha Acsa por mulher.

14 E sucedeu que, ao chegar, ela o persuadiu a que pedisse um campo a seu pai; e ela se apeou do jumento, saltando; e Calebe lhe disse: Que desejas?

15 E ela lhe disse: Dá-me uma bênção; pois me deste uma terra seca, dá-me também fontes de águas. E Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.

16 Também os filhos do queneu, sogro de Moisés, subiram da cidade das palmeiras com os filhos de Judá ao deserto de Judá, que está ao sul de Arade, e foram, e habitaram com o povo.

17 Foi, pois, Judá com Simeão, seu irmão, e derrotaram os cananeus que habitavam em Zefate; e totalmente a destruíram, e chamaram o nome desta cidade Hormá.

18 E Judá tomou Gaza com o seu termo, e Ascalom com o seu termo, e Ecrom com o seu termo.

19 E foi o Senhor com Judá, que despovoou as montanhas; porém não expulsou os moradores do vale, porquanto tinham carros de ferro.

20

E deram Hebrom a Calebe, como Moisés o dissera; e dali expulsou os três filhos de Anaque.

21 Porém os filhos de Benjamim não expulsaram os jebuseus que habitavam em Jerusalém; antes os jebuseus habitaram com os filhos de Benjamim em Jerusalém, até o dia de hoje.

22 E subiu também a casa de José a Betel, e foi o Senhor com eles.

23 E fez a casa de José espiar Betel; e foi dantes o nome dessa cidade Luz.

24 E os espias viram um homem, que saía da cidade, e lhe disseram: Ora, mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos contigo de benevolência.

25 E mostrando-lhes ele a entrada da cidade, feriram a cidade ao fio da espada; porém àquele homem e a toda a sua familia deixaram ir.

26 Então aquele homem foi à terra dos heteus, e edificou uma cidade, e chamou o seu nome Luz; este é o seu nome até o dia de hoje.

27 Nem Manassés expulsou os habitantes de Bete-Seã, nem das suas vilas; nem Taanaque, com as suas vilas; nem os moradores de Dor, com as suas vilas; nem os moradores de Ibleã, com as suas vilas; nem os moradores de Megido, com as suas vilas; e quiseram os cananeus habitar na mesma terra.

28 Sucedeu que, quando Israel se tornou mais forte, fez dos cananeus tributários; porém não os expulsou de todo.

29 Tampouco expulsou Efraim os cananeus que habitavam em Gezer; mas os cananeus habitavam no meio dele, em Gezer.

30

Tampouco expulsou Zebulom os moradores de Quitrom, nem os moradores de Naalol; porém os cananeus habitavam no meio dele, e foram tributários.

31 Tampouco Aser expulsou os moradores de Aco, nem os moradores de Sidom; como nem de Alabe, nem de Aczibe, nem de Helba, nem de Afeque, nem de Reobe;

32 Porém os aseritas habitaram no meio dos cananeus que habitavam na terra; porquanto não os expulsaram.

33 Tampouco Naftali expulsou os moradores de Bete-Semes, nem os moradores de Bete-Anate; mas habitou no meio dos cananeus que habitavam na terra; porém lhes foram tributários os moradores de Bete-Semes e Bete-Anate.

34 E os amorreus impeliram os filhos de Dã até as montanhas; porque nem os deixavam descer ao vale.

35 Também os amorreus quiseram habitar nas montanhas de Heres, em Aijalon, e em Saalbim; porém prevaleceu a mão da casa de José, e ficaram tributários.

36 E foi o termo dos amorreus desde a subida de Acrabim, desde Sela, e dali para cima.

Capítulo 2

Um anjo repreende Israel por não servir ao Senhor — Como padrão de acontecimentos futuros, levanta-se uma nova geração que rejeita o Senhor e serve Baal e Astarote — O Senhor se enfurece com os filhos de Israel e deixa de preservá-los — Ele levanta juízes para guiá-los e liderá-los — São deixados cananeus na terra para pôr Israel à prova.

1

E subiu o anjo do Senhor de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha jurado e dito: Nunca invalidarei o meu convênio convosco.

2 E quanto a vós, não fareis aliança com os moradores desta terra, antes derrubareis os seus altares; mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso?

3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes vos serão por adversários, e os seus deuses vos serão por laço.

4 E sucedeu que, falando o anjo do Senhor essas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou.

5 Pelo que chamaram aquele lugar Boquim; e sacrificaram ali ao Senhor.

6 E havendo Josué despedido o povo, foram-se os filhos de Israel, cada um à sua herdade, para possuírem a terra.

7 E serviu o povo ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué, e viram toda aquela grande obra do Senhor, que fizera a Israel.

8 Faleceu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade de cento e dez anos;

9 E o sepultaram no termo da sua herdade, em Timnate-Heres, no monte de Efraim, para o norte do monte Gaás.

10

E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que fizera a Israel.

11 Então fizeram os filhos de Israel o que parecia mau aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins.

12 E deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos que havia ao redor deles, e encurvaram-se a eles; e provocaram o Senhor à ira.

13 Porquanto deixaram ao Senhor e serviram a Baal e a Astarote.

14 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e os deu na mão dos espoliadores, que os despojaram; e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não puderam mais estar em pé diante dos seus inimigos.

15 Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para mal, como o Senhor tinha dito, e como o Senhor lhes tinha jurado; e estavam em grande aperto.

16 E levantou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os despojavam.

17 Porém tampouco deram ouvidos aos juízes, antes se prostituíram após outros deuses, e encurvaram-se a eles; depressa se desviaram do caminho por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; o que eles assim não fizeram.

18 E quando o Senhor lhes levantava juízes, o Senhor era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia pelo gemido deles, por causa dos que os oprimiam e afligiam.

19 Porém, sucedia que, falecendo o juiz, retornavam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os, e encurvando-se a eles; não abandonavam nenhuma de suas práticas, nem o seu obstinado caminho.

20

Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e disse: Porquanto este povo transgrediu o meu convênio, que tinha ordenado a seus pais, e não deram ouvidos à minha voz,

21 Tampouco desapossarei mais de diante deles nenhuma das nações que Josué deixou ao morrer;

22 Para por meio delas pôr à prova Israel, se haveriam ou não de guardar o caminho do Senhor, para por ele andarem, como seus pais o guardaram.

23 Assim, o Senhor deixou ficar aquelas nações, e não as desapossou logo, nem as entregou na mão de Josué.

Capítulo 3

Os filhos de Israel e os cananeus casam-se entre si — Os filhos de Israel adoram falsos deuses e são amaldiçoados — Otniel julga os israelitas — Eles servem Moabe, sendo libertados por Eúde, que mata Eglom.

1

Estas, pois, são as nações, que o Senhor deixou ficar, para por meio delas pôr Israel à prova, a saber, todos os que não sabiam de todas as guerras de Canaã,

2 Tão somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos os que dantes não sabiam delas,

3 Cinco príncipes dos filisteus, e todos os cananeus, e sidônios, e heveus que habitavam nas montanhas do Líbano, desde o monte de Baal-Hermom, até a entrada de Hamate.

4 Estes, pois, ficaram, para por eles pôr à prova Israel, para saber se dariam ouvidos aos mandamentos do Senhor, que tinha ordenado a seus pais, pelo ministério de Moisés.

5 Habitando, pois, os filhos de Israel no meio dos cananeus, dos heteus, e amorreus, e perizeus, e heveus, e jebuseus,

6 Tomaram de suas filhas para si por mulheres, e deram aos filhos deles as suas filhas; e serviram a seus deuses.

7 E os filhos de Israel fizeram o que parecia mau aos olhos do Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus; e serviram aos baalins e a Astarote.

8 Então a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos.

9 E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou para os filhos de Israel um libertador, e ele os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele.

10

E veio sobre ele o Espírito do Senhor, e julgou Israel, e saiu à peleja; e o Senhor deu na sua mão Cusã-Risataim, rei da Síria; e a sua mão prevaleceu contra Cusã-Risataim.

11 Então a terra sossegou quarenta anos; e Otniel, filho de Quenaz, faleceu.

12 Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que parecia mau aos olhos do Senhor; então o Senhor fortaleceu Eglom, rei dos moabitas, contra Israel; porquanto fizeram o que parecia mau aos olhos do Senhor.

13 E ajuntou consigo os filhos de Amom e os amalequitas, e foi, e derrotou Israel, e tomaram a cidade das palmeiras.

14 E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, dezoito anos.

15 Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor lhes levantou um libertador, Eúde, filho de Gera, benjamita, homem canhoto. E os filhos de Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas.

16 E Eúde fez uma espada de dois fios, do comprimento de um côvado; e cingiu-a por debaixo das suas vestes, à sua coxa direita.

17 E levou aquele presente a Eglom, rei dos moabitas; e era Eglom homem muito gordo.

18 E sucedeu que, acabando de entregar o presente, despediu a gente que trouxera o presente.

19 Porém voltou das imagens de escultura que estavam ao pé de Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta para ti, ó rei, o qual disse: Cala-te. E todos os que lhe assistiam saíram de diante dele.

20

E Eúde aproximou-se dele, em um quarto fresco, que tinha só para si, onde estava assentado, e disse Eúde: Tenho para ti uma palavra de Deus. E ele levantou-se da cadeira.

21 Então Eúde estendeu a sua mão esquerda, e lançou mão da espada da sua coxa direita, e lha cravou no ventre,

22 De tal maneira que entrou até a empunhadura após a lâmina, e a gordura encerrou a lâmina (porque não tirou a espada do ventre); e saiu-lhe o excremento.

23 Então Eúde saiu ao vestíbulo, e fechou atrás de si as portas do quarto, e as trancou.

24 E saindo ele, vieram os seus servos, e viram, e eis que as portas do quarto estavam fechadas; e disseram: Sem dúvida está fazendo as suas necessidades na recâmara do quarto fresco.

25 E esperando até se enfastiarem, eis que não abria as portas do quarto; então tomaram a chave, e abriram, e eis ali seu senhor estendido morto em terra.

26 E Eúde escapou, enquanto eles se demoravam; porque ele passou pelas imagens de escultura, e escapou para Seirá.

27 E sucedeu que, entrando ele, tocou a buzina nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel desceram com ele das montanhas, e ele adiante deles.

28 E disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor vos deu vossos inimigos, os moabitas, na vossa mão; e desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão em direção a Moabe, e a ninguém deixaram passar.

29 E naquele tempo mataram dos moabitas uns dez mil homens, todos corpulentos, e todos homens valorosos; e não escapou nenhum.

30

Assim, foi subjugado Moabe naquele dia debaixo da mão de Israel; e a terra sossegou oitenta anos.

31 Depois dele foi Sangar, filho de Anate, que matou seiscentos homens dos filisteus com uma aguilhada de bois; e também ele libertou Israel.

Capítulo 4

Débora, uma profetisa, julga Israel — Ela e Baraque libertam Israel dos cananeus — Jael, uma mulher, mata Sísera, o cananeu.

1

Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que parecia mau aos olhos do Senhor, depois de falecer Eúde.

2 E vendeu-os o Senhor em mão de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor; e Sísera era o capitão do seu exército, o qual então habitava em Harosete dos gentios.

3 Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor; porquanto ele tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos ele oprimia os filhos de Israel violentamente.

4 E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava Israel naquele tempo.

5 E habitava debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela para juízo.

6 E mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus de Israel não deu ordem, dizendo: Vai, e atrai gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom?

7 E atrairei a ti, para o ribeiro de Quisom, Sísera, capitão do exército de Jabim, com os seus carros, e com a sua multidão; e o darei na tua mão.

8 Então lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei.

9 E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho que seguirás; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá Sísera. E Débora se levantou, e partiu com Baraque para Quedes.

10

Então Baraque convocou Zebulom e Naftali em Quedes, e subiu com dez mil homens após ele; e Débora subiu com ele.

11 E Héber, o queneu, se tinha apartado dos queneus, dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés; e tinha armado a sua tenda até o carvalho de Zaanaim, que está junto a Quedes.

12 E anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor.

13 E Sísera convocou todos os seus carros, novecentos carros de ferro, e todo o povo que estava com ele, desde Harosete dos gentios até o ribeiro de Quisom.

14 Então disse Débora a Baraque: Levanta-te; porque este é o dia em que o Senhor entregou Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu diante de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele.

15 E o Senhor derrotou Sísera, e todos os seus carros, e todo o seu exército ao fio da espada, diante de Baraque; e Sísera desceu do carro, e fugiu a pé.

16 E Baraque perseguiu os carros, e o exército, até Harosete dos gentios; e todo o exército de Sísera caiu ao fio da espada, até não ficar um só.

17 Porém Sísera fugiu a pé à tenda de Jael, mulher de Héber, o queneu; porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, o queneu.

18 E Jael saiu ao encontro de Sísera, e disse-lhe: Entra, senhor meu, entra aqui, não temas. Ele entrou na sua tenda, e ela cobriu-o com uma coberta.

19 Então ele lhe disse: Dá-me, peço-te, um pouco de água para beber, porque tenho sede. Então ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu.

20

E ele lhe disse: Põe-te à porta da tenda; e há de ser que se alguém vier, e te perguntar, e disser: Há aqui alguém? Responde tu, então: Não.

21 Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda, e lançou mão de um martelo, e foi-se mansamente a ele, e lhe cravou a estaca na têmpora, e a pregou na terra, estando ele porém carregado de um profundo sono, e cansado; e assim morreu.

22 E eis que, Baraque perseguindo Sísera, Jael lhe saiu ao encontro, e disse-lhe: Vem, e mostrar-te-ei o homem que buscas. E foi a ela, e eis que Sísera jazia morto, e a estaca na sua têmpora.

23 Assim, Deus, naquele dia, subjugou Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel.

24 E continuou a mão dos filhos de Israel a prevalecer e a endurecer-se sobre Jabim, rei de Canaã, até que exterminaram Jabim, rei de Canaã.

Capítulo 5

Débora e Baraque cantam um cântico de louvor porque Israel é libertado do cativeiro cananeu.

1

E cantaram Débora, e Baraque, filho de Abinoão, naquele mesmo dia, dizendo:

2 Porquanto os chefes se puseram à frente em Israel, porquanto o povo se ofereceu voluntariamente, louvai ao Senhor.

3 Ouvi, reis; dai ouvidos, príncipes; eu, eu cantarei ao Senhor; entoarei salmos ao Senhor Deus de Israel.

4 Ó Senhor, saindo tu de Seir, caminhando tu desde o campo de Edom, a terra estremeceu; até os céus gotejaram; até as nuvens gotejaram água.

5 Os montes se derreteram diante do Senhor, e até o Sinai diante do Senhor Deus de Israel.

6 Nos dias de Sangar, filho de Anate, nos dias de Jael, cessaram de ser percorridos os caminhos; e os que andavam pelas veredas iam por caminhos tortuosos.

7 Cessaram as aldeias em Israel, cessaram; até que eu, Débora, me levantei, como mãe em Israel me levantei.

8 E se escolhia deuses novos, logo a guerra estava às portas; via-se por isso escudo ou lança entre quarenta mil em Israel?

9 Meu coração é para os legisladores de Israel, que voluntariamente se ofereceram entre o povo; louvai ao Senhor.

10

Vós os que cavalgais sobre jumentas brancas, que vos assentais em juízo, e que andais pelo caminho, falai disso.

11 Longe de onde se ouve o ruído dos flecheiros, entre os lugares onde se tiram águas, ali falai das justiças do Senhor, das justiças que fez às suas aldeias em Israel; então o povo do Senhor descia às portas.

12 Desperta, desperta, Débora, desperta, desperta, entoa um cântico; levanta-te, Baraque, e leva presos teus prisioneiros, tu, filho de Abinoão.

13 Então o Senhor fez os que restaram dominar sobre os magníficos entre o povo; fez-me o Senhor dominar sobre os valentes.

14 De Efraim saiu a sua raiz contra Amaleque; e após ti vinha Benjamim dentre os teus povos; de Maquir desceram os legisladores, e de Zebulom os que levam o cajado do escriba.

15 Também os principais de Issacar, foram com Débora; e como Issacar, assim também Baraque, foi enviado a pé para o vale; nas divisões de Rúben foram grandes as resoluções do coração.

16 Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes deliberações do coração.

17 Gileade ficou além do Jordão; e Dã, por que se deteve em navios? Aser se assentou nos portos do mar, e ficou nas suas ruínas.

18 Zebulom é um povo que expôs a sua vida à morte, como também Naftali, nas alturas do campo.

19 Vieram reis, pelejaram; então pelejaram os reis de Canaã em Taanaque, junto às águas de Megido; não tomaram despojo de prata.

20

Desde os céus pelejaram; até as estrelas desde os seus cursos pelejaram contra Sísera.

21 O ribeiro de Quisom os arrastou, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom. Pisaste, ó alma minha, com força.

22 Então os cascos dos cavalos se despedaçaram pelo galopar, o galopar dos seus valentes.

23 Amaldiçoai Meroz, diz o anjo do Senhor, amaldiçoai amargamente os seus moradores; porquanto não vieram em socorro do Senhor, em socorro do Senhor com os valorosos.

24 Bendita seja Jael sobre as mulheres, mulher de Héber, o queneu; bendita seja sobre as mulheres nas tendas.

25 Água pediu ele, leite lhe deu ela; em taça de príncipes lhe ofereceu manteiga.

26 À estaca estendeu a sua mão esquerda, e ao martelo dos trabalhadores a sua direita; e matou Sísera, e rachou-lhe a cabeça, quando lhe pregou e atravessou as têmporas.

27 Entre os seus pés se encurvou, caiu, ficou estirado; entre os seus pés se encurvou, caiu; onde se encurvou ali ficou abatido.

28 A mãe de Sísera olhava pela janela, e exclamava pela grade: Por que tarda em vir o seu carro? Por que se demoram os passos dos seus carros?

29 As mais sábias das suas damas responderam; e até ela respondia a si mesma:

30

Porventura não achariam e repartiriam despojos? Uma ou duas moças para cada homem? Para Sísera despojos de várias cores, despojos de várias cores de bordados; de várias cores bordadas de ambos os lados, para os pescoços do despojo?

31 Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que o amam sejam como o sol quando sai na sua força. E sossegou a terra quarenta anos.

Capítulo 6

Israel torna-se cativo dos midianitas — Um anjo aparece a Gideão e ordena-lhe que liberte Israel — Gideão derruba o altar de Baal, o Espírito do Senhor repousa sobre ele, e o Senhor dá-lhe um sinal de que ele está sendo chamado para libertar Israel.

1

Porém os filhos de Israel fizeram o que parecia mau aos olhos do Senhor; e o Senhor os deu na mão dos midianitas por sete anos.

2 E prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que estão nos montes, e as cavernas e as fortificações.

3 Porque sucedia que, semeando Israel, subiam os midianitas e os amalequitas; e também os do oriente contra ele subiam.

4 E punham-se contra ele em campo, e destruíam o fruto da terra, até chegarem a Gaza; e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos.

5 Porque subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em tanta multidão que não se podia contar, nem eles nem os seus camelos; e entravam na terra, para a destruir.

6 Assim, Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.

7 E sucedeu que, clamando os filhos de Israel ao Senhor por causa dos midianitas,

8 Enviou o Senhor um homem profeta aos filhos de Israel, que lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Do Egito eu vos fiz subir, e vos tirei da casa da servidão;

9 E vos livrei da mão dos egípcios, e da mão de todos quantos vos oprimiam; e os expulsei de diante de vós, e a vós dei a sua terra;

10

E vos disse: Eu sou o Senhor vosso Deus; não temais os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; mas não destes ouvidos à minha voz.

11 Então o anjo do Senhor veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas.

12 Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso.

13 Mas Gideão lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu na mão dos midianitas.

14 Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás Israel da mão dos midianitas; porventura não te enviei eu?

15 E ele lhe disse: Ai, senhor meu, com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai.

16 E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás os midianitas como se fossem um homem.

17 E ele lhe disse: Se agora encontrei graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és o que comigo falas.

18 Rogo-te que daqui não te apartes, até que eu volte a ti, e traga o meu presente, e o ponha perante ti. E ele disse: Eu esperarei até que voltes.

19 E entrou Gideão e preparou um cabrito e bolos ázimos de um efa de farinha; a carne pôs num cesto e o caldo pôs numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho apresentou.

20

Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos ázimos, e põe-nos sobre esta penha e verte o caldo. E assim o fez.

21 E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os bolos ázimos; então subiu fogo da penha, e consumiu a carne e os bolos ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos.

22 Então viu Gideão que era o anjo do Senhor e disse Gideão: Ah, Senhor Deus, pois eu vi o anjo do Senhor face a face.

23 Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.

24 Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor, e lhe chamou o Senhor é paz; e ainda até o dia de hoje está em Ofra dos abiezritas.

25 E aconteceu, naquela mesma noite, que o Senhor lhe disse: Toma o boi de teu pai, a saber, o segundo boi de sete anos, e derruba o altar de Baal, que é de teu pai; e corta o poste-ídolo que está ao pé dele.

26 E edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume deste lugar forte, num lugar conveniente; e toma o segundo boi, e o oferecerás em holocausto com a lenha que cortares do poste-ídolo.

27 Então Gideão tomou dez homens dentre os seus servos, e fez como o Senhor lhe dissera; e sucedeu que, temendo ele a casa de seu pai, e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas fê-lo de noite.

28 Levantando-se, pois, os homens daquela cidade, de madrugada, eis que estava o altar de Baal derrubado, e o poste-ídolo estava ao pé dele, cortado; e o segundo boi oferecido no novo altar edificado.

29 E uns aos outros disseram: Quem fez esta coisa? E perguntando e inquirindo, disseram: Gideão, o filho de Joás, fez esta coisa.

30

Então os homens daquela cidade disseram a Joás: Tira para fora teu filho, para que morra; pois derrubou o altar de Baal, e cortou o poste-ídolo que estava ao pé dele.

31 Porém Joás disse a todos os que se puseram contra ele: Contendereis vós por Baal? Livrá-lo-eis vós? Qualquer que por ele contender, ainda esta manhã será morto; se é deus, por si mesmo contenda; pois derrubaram o seu altar.

32 Pelo que naquele dia lhe chamaram Jerubaal, dizendo: Baal contenda contra ele, pois derrubou o seu altar.

33 E todos os midianitas e amalequitas, e os filhos do oriente se ajuntaram num corpo, e passaram, e acamparam no vale de Jezreel.

34 Então o Espírito do Senhor revestiu Gideão, o qual tocou a buzina, e os abiezritas se congregaram após ele.

35 E enviou mensageiros por toda a tribo de Manassés, que também se congregou após ele; também, enviou mensageiros a Aser, e a Zebulom, e a Naftali, e saíram-lhe ao encontro.

36 E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar Israel por minha mão, como disseste,

37 Eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e houver secura sobre toda a terra, então saberei que hás de livrar Israel por minha mão, como disseste.

38 E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho do velo espremeu uma taça cheia de água.

39 E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se eu ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez eu faça a prova com o velo; rogo-te que só no velo haja secura, e em toda a terra haja o orvalho.

40

E Deus assim o fez naquela noite; pois só no velo havia secura, e sobre toda a terra havia orvalho.

Capítulo 7

O exército de Gideão é reduzido a trezentos homens — Eles atemorizam os exércitos midianitas com trombetas e tochas — Os midianitas lutam entre si, fogem e são derrotados por Israel.

1

Então Jerubaal (que é Gideão) se levantou de madrugada, e todo o povo que com ele havia, e acamparam junto à fonte de Harode; de maneira que tinha o acampamento dos midianitas para o norte, junto ao outeiro de Moré no vale.

2 E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar os midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou.

3 Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido, volte, e vá-se apressadamente das montanhas de Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.

4 E disse o Senhor a Gideão: Ainda muito povo há; faze-os descer às águas, e ali os porei à prova para ti; e acontecerá que, aquele de quem eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém todo aquele de quem eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá.

5 E fez descer o povo às águas. Então o Senhor disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também todo aquele que se abaixar de joelhos para beber.

6 E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos para beber as águas.

7 E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; pelo que todo o restante do povo se vá cada um ao seu lugar.

8 E o povo tomou na sua mão a provisão e as suas buzinas, e Gideão enviou todos os outros homens de Israel cada um à sua tenda, porém os trezentos homens reteve; e estava o acampamento dos midianitas abaixo no vale.

9 E sucedeu que, naquela mesma noite, o Senhor lhe disse: Levanta-te, e desce ao acampamento, porque o dei na tua mão.

10

E se ainda temes descer, desce tu e teu moço Purá ao acampamento;

11 E ouvirás o que dizem, e então se fortalecerão as tuas mãos e descerás ao acampamento. Então desceu ele com o seu moço Purá até o posto avançado das sentinelas que estavam no acampamento.

12 E os midianitas, e amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale como gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos, como a areia que na praia do mar, em multidão.

13 Chegando, pois, Gideão, eis que estava contando um homem ao seu companheiro um sonho, e dizia: Eis que um sonho sonhei, eis que um pão de cevada torrado rodou pelo acampamento dos midianitas, e chegou até a tenda, e deu de encontro a ela, de modo que ela caiu, e a virou de cima para baixo; e a tenda ficou caída.

14 E respondeu o seu companheiro, e disse: Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão, filho de Joás, homem israelita. Deus deu na sua mão os midianitas, e todo este acampamento.

15 E sucedeu que, ouvindo Gideão a narração desse sonho, e a sua explicação, prostrou-se para adorar; e retornou ao acampamento de Israel, e disse: Levantai-vos, porque o Senhor deu o acampamento dos midianitas nas vossas mãos.

16 Então repartiu os trezentos homens em três esquadrões; e deu-lhes a cada um nas suas mãos, buzinas, e cântaros vazios, com tochas neles acesas.

17 E disse-lhes: Olhai para mim, e fazei como eu fizer; e eis que, chegando eu ao extremo do acampamento, será que, como eu fizer, assim fareis vós.

18 Tocando eu e todos os que comigo estiverem a buzina, então também vós tocareis a buzina ao redor de todo o acampamento, e direis: Pelo Senhor, e por Gideão.

19 Chegaram, pois, Gideão, e os cem homens que com ele iam, ao extremo do acampamento, ao princípio da vigília da meia noite, havendo-se já posto as guardas; e tocaram as buzinas, e partiram os cântaros que tinham nas mãos.

20

Assim, tocaram os três esquadrões as buzinas, e partiram os cântaros; e tinham na sua mão esquerda a tocha acesa, e na sua mão direita a buzina, que tocavam, e exclamaram: Espada pelo Senhor, e por Gideão.

21 E ficou cada um no seu lugar ao redor do acampamento; então todo o exército se pôs a correr e, gritando, fugiram.

22 Tocando, pois, os trezentos as buzinas, o Senhor voltou a espada de um contra o outro, e isto em todo o acampamento; e o exército fugiu para Zererá, até Bete-Sita até os limites de Abel-Meolá, acima de Tabate.

23 Então os homens de Israel, de Naftali, e de Aser e de todo o Manassés foram convocados, e perseguiram os midianitas.

24 Também Gideão enviou mensageiros a todas as montanhas de Efraim, dizendo: Descei ao encontro dos midianitas, e tomai-lhes as águas até Bete-Bara, a saber, o Jordão. Convocados, pois, todos os homens de Efraim, tomaram-lhes as águas até Bete-Bara e o Jordão.

25 E prenderam dois príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; e mataram Orebe na penha de Orebe, e Zeebe mataram no lagar de Zeebe, e perseguiram os midianitas; e trouxeram as cabeças de Orebe e de Zeebe a Gideão, além do Jordão.

Capítulo 8

Gideão persegue e destrói os midianitas — Ele liberta os filhos de Israel mas recusa seu convite para reinar sobre eles — Gideão morre, e Israel retorna à idolatria.

1

Então os homens de Efraim lhes disseram: Que é isto que nos fizeste, que não nos chamaste, quando foste pelejar contra os midianitas? E contenderam com ele fortemente.

2 Porém ele lhes disse: Que mais fiz eu agora do que vós? Não são porventura os respigos de Efraim melhores do que a vindima de Abiezer?

3 Deus vos deu na vossa mão os príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; que mais pude eu logo fazer do que vós? Então a sua ira se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.

4 E Gideão chegou ao Jordão, e passou com os trezentos homens que com ele estavam, já cansados, mas ainda perseguindo.

5 E disse aos homens de Sucote: Dai, peço-vos, alguns pedaços de pão ao povo, que segue os meus passos, porque estão cansados; e eu vou ao encalço de Zeba e Salmuna, reis dos midianitas.

6 Porém os príncipes de Sucote disseram: Está já a palma da mão de Zeba e Salmuna na tua mão, para que demos pão ao teu exército?

7 Então disse Gideão: Pois quando o Senhor der na minha mão Zeba e Salmuna, trilharei a vossa carne com os espinhos do deserto, e com os abrolhos.

8 E dali subiu a Penuel, e falou-lhes da mesma maneira; e os homens de Penuel lhe responderam como os homens de Sucote lhe haviam respondido.

9 Pelo que também falou aos homens de Penuel, dizendo: Quando eu voltar em paz, derrubarei esta torre.

10

Estavam, pois, Zeba e Salmuna em Carcor, e os seus exércitos com eles, uns quinze mil homens, todos os que restaram do exército dos filhos do oriente; e os que caíram foram cento e vinte mil homens, que arrancavam a espada.

11 E subiu Gideão pelo caminho dos que habitavam em tendas, para o oriente de Nobá e Jogbeá; e atacou aquele exército, porquanto o exército estava descuidado.

12 E fugiram Zeba e Salmuna; porém ele os perseguiu, e tomou presos ambos os reis dos midianitas, Zeba e Salmuna, e afugentou todo o exército.

13 Voltando, pois, Gideão, filho de Joás, da peleja, antes do nascer do sol,

14 Tomou preso um moço dos homens de Sucote, e lhe fez perguntas; o qual descreveu os príncipes de Sucote, e os seus anciãos, setenta e sete homens.

15 Então foi aos homens de Sucote, e disse: Vedes aqui Zeba e Salmuna, a respeito dos quais me lançastes em rosto, dizendo: Está já a palma da mão de Zeba e Salmuna na tua mão, para que demos pão aos teus homens cansados?

16 E tomou os anciãos daquela cidade, e os espinhos do deserto, e os abrolhos; e com eles ensinou os homens de Sucote.

17 E derrubou a torre de Penuel, e matou os homens da cidade.

18 Depois disse a Zeba e a Salmuna: Que homens eram os que matastes em Tabor? E disseram: Qual tu, tais eram eles; cada um em aparência como filhos de um rei.

19 Então disse ele: Meus irmãos eram, filhos de minha mãe; vive o Senhor, que, se os tivésseis deixado com vida, eu não vos mataria a vós.

20

E disse a Jeter, seu primogênito: Levanta-te, mata-os. Porém o jovem não arrancou da sua espada, porque temia; porquanto ainda era jovem.

21 Então disseram Zeba e Salmuna: Levanta-te tu, e arremete contra nós; porque, qual o homem, tal a sua valentia. Levantou-se, pois, Gideão, e matou Zeba e Salmuna, e tomou os crescentes que estavam no pescoço dos seus camelos.

22 Então os homens de Israel disseram a Gideão: Domina sobre nós, tanto tu, como teu filho e o filho de teu filho; porquanto nos livraste da mão dos midianitas.

23 Porém Gideão lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará.

24 E disse-lhes mais Gideão: Uma petição vos farei: Dá-me cada um de vós os pendentes do seu despojo (porque tinham pendentes de ouro, porquanto eram ismaelitas).

25 E disseram eles: De boa vontade os daremos. E estenderam uma capa, e cada um deles deitou ali um pendente do seu despojo.

26 E foi o peso dos pendentes de ouro que pediu, mil e setecentos siclos de ouro, afora os crescentes, e as cadeias, e os vestidos de púrpura, que traziam os reis dos midianitas, e afora as coleiras que os camelos traziam ao pescoço.

27 E fez Gideão dele um éfode, e pô-lo na sua cidade, em Ofra; e todo o Israel prostituiu-se ali após ele; e foi por tropeço a Gideão e à sua casa.

28 Assim, foram abatidos os midianitas diante dos filhos de Israel, e nunca mais levantaram a sua cabeça; e sossegou a terra quarenta anos nos dias de Gideão.

29 E foi Jerubaal, filho de Joás, e habitou em sua casa.

30

E teve Gideão setenta filhos, que procederam dos seus lombos; porque tinha muitas mulheres.

31 E sua concubina, que estava em Siquém, lhe deu também um filho; e pôs-lhe por nome Abimeleque.

32 E faleceu Gideão, filho de Joás, numa boa velhice; e foi sepultado no sepulcro de seu pai Joás, em Ofra dos abiezritas.

33 E sucedeu que, quando Gideão faleceu, os filhos de Israel se voltaram, e se prostituíram após os baalins; e puseram Baal-Berite por deus.

34 E os filhos de Israel não se lembraram do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos em redor,

35 Nem usaram de benevolência com a casa de Jerubaal, a saber, de Gideão, conforme todo o bem que ele fizera a Israel.

Capítulo 9

Abimeleque, filho de Gideão, torna-se rei — Ele mata seus setenta irmãos — Jotão conta uma fábula sobre árvores que escolhem um rei — Os siquemitas conspiram contra Abimeleque — Ele é morto em Tebes.

1

E Abimeleque, filho de Jerubaal, foi a Siquém, aos irmãos de sua mãe, e falou-lhes e a toda a família da casa do pai de sua mãe, dizendo:

2 Falai, peço-vos, aos ouvidos de todos os cidadãos de Siquém: Qual é melhor para vós, que setenta homens, todos os filhos de Jerubaal, dominem sobre vós, ou que um homem sobre vós domine? Lembrai-vos também de que sou osso vosso e carne vossa.

3 Então os irmãos de sua mãe falaram acerca dele perante os ouvidos de todos os cidadãos de Siquém todas aquelas palavras; e o coração deles se inclinou para seguir Abimeleque, porque disseram: É nosso irmão.

4 E deram-lhe setenta peças de prata, da casa de Baal-Berite; e com elas contratou Abimeleque uns homens ociosos e levianos, que o seguiram.

5 E foi à casa de seu pai, a Ofra, e matou seus irmãos, os filhos de Jerubaal, setenta homens, sobre uma pedra. Porém Jotão, filho menor de Jerubaal, ficou, porque se tinha escondido.

6 Então se ajuntaram todos os cidadãos de Siquém, e toda a casa de Milo; e foram, e constituíram Abimeleque rei, junto ao carvalho alto que está perto de Siquém.

7 E quando o disseram a Jotão, foi, e pôs-se no cume do monte Gerizim, e levantou a sua voz, e clamou, e disse-lhes: Ouvi-me a mim, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá a vós;

8 Foram uma vez as árvores ungir para si um rei, e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós.

9 Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?

10

Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós.

11 Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores?

12 Então disseram as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós.

13 Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?

14 Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós.

15 E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis por rei sobre vós, vinde, e refugiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano.

16 Agora, pois, se é que em verdade e sinceridade agistes, fazendo rei Abimeleque, e se bem fizestes para com Jerubaal e para com a sua casa, e se com ele fizestes conforme o merecimento das suas mãos;

17 Porque meu pai pelejou por vós, e arriscou a sua vida, e vos livrou da mão dos midianitas;

18 Porém vós hoje vos levantastes contra a casa de meu pai, e matastes seus filhos, setenta homens, sobre uma pedra; e fizestes reinar Abimeleque, filho da sua serva, sobre os cidadãos de Siquém, porque é vosso irmão;

19 Pois, se usastes de verdade e sinceridade com Jerubaal e com a sua casa hoje, alegrai-vos com Abimeleque, e também ele se alegre convosco;

20

Mas, se não, saia fogo de Abimeleque, e consuma os cidadãos de Siquém, e a casa de Milo; e saia fogo dos cidadãos de Siquém, e da casa de Milo, que consuma Abimeleque.

21 Então partiu Jotão, e fugiu e foi a Beer; e ali habitou por medo de Abimeleque, seu irmão.

22 Havendo, pois, Abimeleque dominado três anos sobre Israel,

23 Enviou Deus um mau espírito entre Abimeleque e os cidadãos de Siquém; e os cidadãos de Siquém se houveram traiçoeiramente contra Abimeleque;

24 Para que a violência feita aos setenta filhos de Jerubaal viesse, e o seu sangue caísse sobre Abimeleque, seu irmão, que os matara, e sobre os cidadãos de Siquém, que lhe corroboraram as mãos, para matar seus irmãos.

25 E os cidadãos de Siquém puseram contra ele quem lhe armasse emboscadas sobre os cumes dos montes; e a todo aquele que passava pelo caminho junto a eles o assaltavam; e contou-se isso a Abimeleque.

26 Foi também Gaal, filho de Ebede, com seus irmãos, e passaram a Siquém; e os cidadãos de Siquém confiaram nele.

27 E saíram ao campo, e vindimaram as suas vinhas, e pisaram as uvas, e fizeram canções de louvor; e foram à casa de seu Deus, e comeram, e beberam, e amaldiçoaram Abimeleque.

28 E disse Gaal, filho de Ebede: Quem é Abimeleque, e quem é Siquém, para que o sirvamos? Não é porventura filho de Jerubaal? E não é Zebul o seu mordomo? Servi antes aos homens de Hamor, pai de Siquém; pois, por que razão nós o serviríamos?

29 Ah! Se este povo estivesse na minha mão, eu expulsaria Abimeleque. E a Abimeleque se disse: Multiplica o teu exército, e sai.

30

E ouvindo Zebul, o governador da cidade, as palavras de Gaal, filho de Ebede, se acendeu a sua ira;

31 E enviou astutamente mensageiros a Abimeleque, dizendo: Eis que Gaal, filho de Ebede, e seus irmãos vieram a Siquém, e eis que eles fortificam esta cidade contra ti.

32 Levanta-te, pois, de noite, tu e o povo que tiveres contigo, e põe emboscadas no campo.

33 E levanta-te pela manhã ao sair o sol, e dá de golpe sobre a cidade; e eis que, saindo ele e o povo que tiver com ele contra ti, faze-lhe assim como estiver ao alcance da tua mão.

34 Levantou-se, pois, Abimeleque, e todo o povo que com ele estava, de noite, e puseram emboscadas contra Siquém, com quatro tropas.

35 E Gaal, filho de Ebede, saiu, e pôs-se à entrada da porta da cidade; e Abimeleque, e todo o povo que com ele estava, se levantou das emboscadas.

36 E vendo Gaal aquele povo, disse a Zebul: Eis que desce gente dos cumes dos montes. Zebul, ao contrário, lhe disse: As sombras dos montes vês como se fossem homens.

37 Porém Gaal ainda tornou a falar, e disse: Eis que desce gente do meio da terra, e uma tropa vem do caminho do carvalho de Meonenim.

38 Então lhe disse Zebul: Onde está agora a tua boca, com a qual dizias: Quem é Abimeleque, para que o sirvamos? Não é este porventura o povo que desprezaste? Sai, pois, peço-te, e peleja contra ele.

39 E saiu Gaal à vista dos cidadãos de Siquém, e pelejou contra Abimeleque.

40

E Abimeleque o perseguiu, porquanto fugiu de diante dele; e muitos feridos caíram até a entrada da porta da cidade.

41 E Abimeleque ficou em Aruma. E Zebul expulsou Gaal e seus irmãos, para que não pudessem habitar em Siquém.

42 E sucedeu no dia seguinte que o povo saiu ao campo, e o disseram a Abimeleque.

43 Então tomou o povo, e o repartiu em três tropas, e pôs emboscadas no campo; e olhou, e eis que o povo saía da cidade, e levantou-se contra eles, e os derrotou.

44 Porque Abimeleque, e as tropas que com ele estavam, correram, e pararam à entrada da porta da cidade; e as outras duas tropas arremeteram sobre todos quantos estavam no campo, e os derrotaram.

45 E Abimeleque pelejou contra a cidade todo aquele dia, e tomou a cidade, e matou o povo que nela havia; e assolou a cidade, e a semeou de sal.

46 E ouvindo isso, todos os cidadãos da torre de Siquém entraram na fortaleza, na casa do deus Berite.

47 E contou-se a Abimeleque que todos os cidadãos da torre de Siquém se haviam congregado.

48 Subiu, pois, Abimeleque ao monte Salmom, ele e todo o povo que com ele estava; e Abimeleque tomou na sua mão um machado, e cortou um ramo das árvores, e o levantou, e pô-lo ao seu ombro, e disse ao povo, que com ele estava: O que me vistes fazer apressai-vos a fazê-lo assim como eu.

49 Assim, pois, também todo o povo, cada um cortou o seu ramo, e seguiram Abimeleque, os puseram junto da fortaleza, e queimaram a fogo a fortaleza com eles; de maneira que todos os da torre de Siquém morreram, uns mil homens e mulheres.

50

Então Abimeleque foi a Tebes, e sitiou Tebes, e a tomou.

51 Havia, porém, no meio da cidade uma torre forte; e todos os homens e mulheres, e todos os cidadãos da cidade se acolheram a ela, e fecharam após si as portas, e subiram ao telhado da torre.

52 E Abimeleque foi até a torre, e a combateu; e chegou-se até a porta da torre, para a queimar a fogo.

53 Porém uma mulher lançou um pedaço de uma mó sobre a cabeça de Abimeleque e quebrou-lhe o crânio.

54 Então chamou logo o moço que levava as suas armas, e disse-lhe: Desembainha a tua espada, e mata-me; para que não se diga de mim: Uma mulher o matou. E seu moço o atravessou, e ele morreu.

55 Vendo, pois, os homens de Israel que Abimeleque estava morto, foram-se cada um para o seu lugar.

56 Assim, Deus fez tornar sobre Abimeleque o mal que tinha feito a seu pai, matando seus setenta irmãos,

57 Como também todo o mal dos homens de Siquém fez tornar sobre a cabeça deles; e a maldição de Jotão, filho de Jerubaal, veio sobre eles.

Capítulo 10

Tola e depois Jair julgam Israel — Os filhos de Israel adoram falsos deuses, são desamparados pelo Senhor e afligidos por seus inimigos — Eles se arrependem e clamam ao Senhor pedindo libertação.

1

E depois de Abimeleque, se levantou, para livrar Israel, Tola, filho de Puá, filho de Dodô, homem de Issacar; e habitava em Samir, na montanha de Efraim.

2 E julgou Israel vinte e três anos; e morreu, e foi sepultado em Samir.

3 E depois dele se levantou Jair, gileadita, e julgou Israel vinte e dois anos.

4 E tinha esse trinta filhos, que cavalgavam sobre trinta jumentos; e tinham trinta cidades, a que chamaram Havote-Jair, até o dia de hoje, as quais estão na terra de Gileade.

5 E morreu Jair, e foi sepultado em Camom.

6 Então tornaram os filhos de Israel a fazer o que parecia mau aos olhos do Senhor, e serviram aos baalins, e a Astarote, e aos deuses da Síria, e aos deuses de Sidom, e aos deuses de Moabe, e aos deuses dos filhos de Amom, e aos deuses dos filisteus; e deixaram o Senhor, e não o serviram.

7 E a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e vendeu-os nas mãos dos filisteus, e nas mãos dos filhos de Amom.

8 E naquele mesmo ano oprimiram e vexaram os filhos de Israel; dezoito anos oprimiram todos os filhos de Israel que estavam além do Jordão, na terra dos amorreus, que está em Gileade.

9 Até os filhos de Amom passaram o Jordão, para pelejar também contra Judá, e contra Benjamim, e contra a casa de Efraim; de maneira que Israel ficou muito angustiado.

10

Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, dizendo: Contra ti pecamos, em que deixamos nosso Deus, e em que servimos aos baalins.

11 Porém o Senhor disse aos filhos de Israel: Porventura não vos livrei dos egípcios, e dos amorreus, e dos filhos de Amom, e dos filisteus,

12 E dos sidoneus, e dos amalequitas, e dos maonitas, que vos oprimiam, quando a mim clamastes, não vos livrei eu então da sua mão?

13 Contudo vós me deixastes, e servistes a outros deuses; pelo que não vos livrarei mais.

14 Ide, e clamai aos deuses que escolhestes; que vos livrem eles no tempo do vosso aperto.

15 Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Pecamos, faze-nos conforme tudo quanto te parecer bem aos teus olhos; tão somente te rogamos que nos livres neste dia.

16 E tiraram os deuses alheios do meio de si, e serviram ao Senhor; então se angustiou a sua alma por causa da desgraça de Israel.

17 E convocaram-se os filhos de Amom, e se acamparam em Gileade; e também os de Israel se congregaram, e se acamparam em Mizpá.

18 Então o povo e os príncipes de Gileade disseram uns aos outros: Quem será o homem que começará a pelejar contra os filhos de Amom? Ele será por cabeça de todos os moradores de Gileade.

Capítulo 11

Jefté é escolhido para ser o capitão dos exércitos de Israel — Os amonitas desferem uma guerra contra Israel — Jefté é guiado pelo Espírito e derrota Amom com grande mortandade — Ele faz um voto impensado que o leva a sacrificar sua única filha.

1

Era então Jefté, o gileadita, homem valoroso, porém filho de uma prostituta; mas Gileade gerara Jefté.

2 Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, e sendo os filhos dessa mulher já grandes, expulsaram Jefté, e lhe disseram: Não herdarás na casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher.

3 Então Jefté fugiu de diante de seus irmãos, e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com Jefté, e saíam com ele.

4 E aconteceu que, depois de alguns dias, os filhos de Amom pelejaram contra Israel.

5 E sucedeu que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel, foram os anciãos de Gileade buscar Jefté da terra de Tobe.

6 E disseram a Jefté: Vem, e sê o nosso chefe, para que combatamos contra os filhos de Amom.

7 Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura não me odiastes, e não me expulsastes da casa de meu pai? Por que, pois, agora viestes a mim, quando estais em aperto?

8 E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso tornamos a ti, para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom; e nos sejas por cabeça sobre todos os moradores de Gileade.

9 Então Jefté disse aos anciãos de Gileade: Se me tornardes a levar para combater contra os filhos de Amom, e o Senhor mos der diante de mim, então eu vos serei por cabeça?

10

E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: O Senhor será testemunha entre nós, e assim o faremos conforme a tua palavra.

11 Assim, Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e chefe sobre si; e Jefté falou todas as suas palavras perante o Senhor em Mizpá.

12 E enviou Jefté mensageiros ao rei dos filhos de Amom, dizendo: Que há entre mim e ti, que vieste a mim para pelejar contra a minha terra?

13 E disse o rei dos filhos de Amom aos mensageiros de Jefté: Porquanto, saindo Israel do Egito, tomou a minha terra, desde Arnom até Jaboque, e ainda até o Jordão; restitui-ma, pois, agora em paz.

14 Porém Jefté prosseguiu ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos de Amom,

15 Dizendo-lhe: Assim diz Jefté: Israel não tomou nem a terra dos moabitas nem a terra dos filhos de Amom;

16 Porque, subindo Israel do Egito, andou pelo deserto até o Mar Vermelho e chegou até Cades.

17 E Israel enviou mensageiros ao rei dos edomitas, dizendo: Rogo-te que me deixes passar pela tua terra. Porém o rei dos edomitas não lhe deu ouvidos; enviou também ao rei dos moabitas, o qual também não quis; e assim Israel ficou em Cades.

18 Depois andou pelo deserto, e rodeou a terra dos edomitas e a terra dos moabitas, e veio do nascente do sol à terra dos moabitas, e alojaram-se além de Arnom; porém não entraram nos termos dos moabitas, porque Arnom é termo dos moabitas.

19 Mas Israel enviou mensageiros a Siom, rei dos amorreus, rei de Hesbom; e disse-lhe Israel: Deixa-nos, peço-te, passar pela tua terra até o meu lugar.

20

Porém Siom não confiou em Israel para este passar nos seus termos; antes Siom ajuntou todo o seu povo, e se acamparam em Jasa, e combateu contra Israel.

21 E o Senhor Deus de Israel deu Siom com todo o seu povo na mão de Israel, e os derrotaram; e Israel tomou por herança toda a terra dos amorreus que habitavam naquela terra.

22 E por herança tomaram todos os termos dos amorreus, desde Arnom até Jaboque, e desde o deserto até o Jordão.

23 Assim, o Senhor Deus de Israel desapossou os amorreus de diante do seu povo de Israel; e os possuirias tu?

24 Não possuirias tu aquele que Quemós, teu deus, desapossasse de diante de ti? Assim possuiremos nós todos quantos o Senhor nosso Deus desapossar de diante de nós.

25 Agora, pois, és tu ainda melhor do que Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas? Porventura contendeu ele em algum tempo com Israel, ou pelejou alguma vez contra eles?

26 Enquanto Israel habitou trezentos anos em Hesbom e nas suas vilas, e em Aroer e nas suas vilas, em todas as cidades que estão ao longo de Arnom, por que não o recuperastes naquele tempo?

27 Tampouco pequei eu contra ti! Porém tu procedes mal comigo em pelejar contra mim; o Senhor, que é juiz, julgue hoje entre os filhos de Israel e entre os filhos de Amom.

28 Porém o rei dos filhos de Amom não deu ouvidos às palavras de Jefté, que ele lhe enviou.

29 Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté, e atravessou ele por Gileade e Manassés; porque passou até Mizpá de Gileade, e de Mizpá de Gileade passou até os filhos de Amom.

30

E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão,

31 Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto.

32 Assim, Jefté passou aos filhos de Amom, para combater contra eles; e o Senhor os deu na sua mão.

33 E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel.

34 Voltando, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com tamborins e com danças; e era ela filha única; não tinha outro filho nem filha.

35 E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas próprias vestes, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste, e estás entre os que me turbam! Porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás.

36 E ela lhe disse: Pai meu, abriste tu a tua boca ao Senhor, faze de mim como saiu da tua boca, pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom.

37 Disse mais a seu pai: Faze-me isto: Deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.

38 E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses; então foi-se ela com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes.

39 E sucedeu que, ao fim de dois meses, retornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem; e daí veio o costume de Israel,

40

Que as filhas de Israel iam de ano em ano lamentar a filha de Jefté, o gileadita, por quatro dias no ano.

Capítulo 12

Os gileaditas matam 42.000 efraimitas — Jefté, Ibzã, Elom e Abdom julgam Israel consecutivamente.

1

Então se convocaram os homens de Efraim, e passaram para o norte, e disseram a Jefté: Por que passaste para combater contra os filhos de Amom, e não nos chamaste para ir contigo? Queimaremos a fogo a tua casa contigo.

2 E Jefté lhes disse: Eu e o meu povo tivemos grande contenda com os filhos de Amom; e chamei-vos, e não me livrastes da sua mão;

3 E vendo eu que não me livráveis, arrisquei a minha vida e fui contra os filhos de Amom, e o Senhor mos entregou nas mãos; por que, pois, subistes vós hoje contra mim, para combater contra mim?

4 E ajuntou Jefté todos os homens de Gileade e combateu com Efraim; e os homens de Gileade derrotaram Efraim; porque, estando os gileaditas entre Efraim e Manassés, disseram: Fugitivos sois de Efraim.

5 Porque os gileaditas tomaram os vaus do Jordão diante dos efraimitas; e sucedeu que, quando os fugitivos de Efraim diziam: Passarei; então os homens de Gileade lhes diziam: És tu efraimita? E dizendo ele: Não;

6 Então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia: Sibolete, porque não o podia pronunciar bem; então pegavam-no, e o matavam nos vaus do Jordão; e caíram de Efraim naquele tempo quarenta e dois mil.

7 E Jefté julgou Israel seis anos; e Jefté, o gileadita, faleceu, e foi sepultado nas cidades de Gileade.

8 E depois dele Ibzã de Belém julgou Israel.

9 E tinha este trinta filhos; e enviou para fora trinta filhas; e trinta filhas trouxe de fora para seus filhos; e julgou Israel sete anos.

10

Então faleceu Ibzã, e foi sepultado em Belém.

11 E depois dele Elom, o zebulonita, julgou Israel; e julgou Israel dez anos.

12 E faleceu Elom, o zebulonita, e foi sepultado em Aijalom, na terra de Zebulom.

13 E depois dele Abdom, filho de Hilel, o piratonita, julgou Israel.

14 E tinha este quarenta filhos, e trinta filhos de filhos, que cavalgavam sobre setenta jumentos; e julgou Israel oito anos.

15 Então faleceu Abdom, filho de Hilel, o piratonita; e foi sepultado em Piratom, na terra de Efraim, no monte do amalequita.

Capítulo 13

Israel passa quarenta anos sob cativeiro dos filisteus — Um anjo aparece à mulher de Manoá e lhe promete um filho que começará a libertar Israel — O anjo aparece novamente e ascende em uma chama do altar — Nasce Sansão, e o Espírito do Senhor se manifesta nele.

1

E os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor os entregou na mão dos filisteus por quarenta anos.

2 E havia um homem de Zorá, da família de Dã, cujo nome era Manoá; e sua mulher era estéril e não tinha filhos.

3 E o anjo do Senhor apareceu a essa mulher, e disse-lhe: Eis que agora és estéril, e nunca deste à luz; porém conceberás e darás à luz um filho.

4 Agora, pois, guarda-te de beber vinho, ou bebida forte, ou de comer coisa imunda.

5 Porque eis que tu conceberás e darás à luz um filho sobre cuja cabeça não subirá navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre; e ele começará a livrar Israel da mão dos filisteus.

6 Então a mulher entrou e falou a seu marido, dizendo: Um homem de Deus veio a mim, cuja aparência era semelhante à aparência de um anjo de Deus, terribilíssima; e não lhe perguntei de onde era, nem ele me disse o seu nome;

7 Porém disse-me: Eis que tu conceberás e darás à luz um filho; agora, pois, não bebas vinho nem bebida forte, e não comas coisa imunda; porque o menino será nazireu de Deus, desde o ventre até o dia da sua morte.

8 Então Manoá suplicou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer.

9 E Deus ouviu a voz de Manoá; e o anjo de Deus veio outra vez à mulher, e ela estava no campo, porém não estava com ela seu marido Manoá.

10

Apressou-se, pois, a mulher, e correu, e noticiou-o a seu marido, e disse-lhe: Eis que me apareceu aquele homem que veio a mim no outro dia.

11 Então Manoá levantou-se, e seguiu sua mulher, e foi àquele homem, e disse-lhe: És tu aquele homem que falaste a esta mulher? E disse: Eu sou.

12 Então disse Manoá: Cumpram-se as tuas palavras; mas qual será o modo de viver e o serviço do menino?

13 E disse o anjo do Senhor a Manoá: De tudo quanto eu disse à mulher se guardará ela.

14 De tudo quanto procede da vide de vinho não comerá, nem vinho nem bebida forte beberá, nem coisa imunda comerá; tudo quanto lhe ordenei guardará.

15 Então Manoá disse ao anjo do Senhor: Ora, deixa que te detenhamos e te preparemos um cabrito.

16 Porém o anjo do Senhor disse a Manoá: Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e se fizeres holocausto o oferecerás ao Senhor. Porque não sabia Manoá que era o anjo do Senhor.

17 E disse Manoá ao anjo do Senhor: Qual é o teu nome? Para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos.

18 E o anjo do Senhor lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?

19 Então Manoá tomou um cabrito e uma oferta de manjares, e os ofereceu sobre uma penha ao Senhor; e houve-se o anjo maravilhosamente, observando-o Manoá e sua mulher.

20

E sucedeu que, subindo a chama do altar para o céu, o anjo do Senhor subiu na chama do altar; o que vendo Manoá e sua mulher, caíram em terra sobre seus rostos.

21 E nunca mais apareceu o anjo do Senhor a Manoá, nem à sua mulher; então soube Manoá que era o anjo do Senhor.

22 E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto vimos a Deus.

23 Porém sua mulher lhe disse: Se o Senhor nos quisesse matar, não aceitaria da nossa mão o holocausto e a oferta de manjares, nem nos mostraria tudo isto, nem nos deixaria ouvir tais coisas neste tempo.

24 Depois a mulher deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sansão; e o menino cresceu, e o Senhor o abençoou.

25 E o Espírito do Senhor o começou a impelir de quando em quando no acampamento de Dã, entre Zorá e Estaol.

Capítulo 14

Sansão mata um leão novo com as próprias mãos — Ele se casa com uma mulher filisteia, propõe um enigma, é enganado por sua mulher e mata trinta filisteus.

1

E desceu Sansão a Timnate; e vendo em Timnate uma mulher das filhas dos filisteus,

2 Subiu, e declarou-o a seu pai e a sua mãe, e disse: Vi uma mulher em Timnate, das filhas dos filisteus; agora, pois, tomai-ma por mulher.

3 Porém seu pai e sua mãe lhe disseram: Não há porventura mulher entre as filhas de teus irmãos, nem entre todo o meu povo, para que tu vás tomar mulher dos filisteus, daqueles incircuncisos? E disse Sansão a seu pai: Tomai-me esta, porque ela agrada aos meus olhos.

4 Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor; pois buscava ocasião contra os filisteus; porquanto naquele tempo os filisteus dominavam sobre Israel.

5 Desceu, pois, Sansão com seu pai e com sua mãe a Timnate; e chegando às vinhas de Timnate, eis que um leão novo, bramando, lhe saiu ao encontro.

6 Então o Espírito do Senhor se apossou dele tão possantemente que Sansão o fendeu de alto a baixo, como quem fende um cabrito, sem ter nada na sua mão; porém nem a seu pai nem a sua mãe deu a saber o que tinha feito.

7 E desceu, e falou àquela mulher, e ela agradou aos olhos de Sansão.

8 E depois de alguns dias voltou ele para a tomar; e apartando-se do caminho para ver o corpo do leão morto, eis que no corpo do leão havia um enxame de abelhas com mel.

9 E tomou-o nas suas mãos, e foi andando e comendo dele; e foi a seu pai e a sua mãe, e deu-lhes dele, e comeram, porém não lhes deu a saber que tomara o mel do corpo do leão.

10

Descendo, pois, seu pai àquela mulher, fez Sansão ali um banquete; porque assim o costumavam fazer os jovens.

11 E sucedeu que, como o vissem, tomaram trinta companheiros para estarem com ele.

12 Disse-lhes, pois, Sansão: Vos proporei um enigma; e se nos sete dias das bodas mo declarardes e descobrirdes, vos darei trinta lençóis e trinta mudas de roupa.

13 E se não mo puderdes declarar, vós me dareis a mim os trinta lençóis e as trinta mudas de roupa. E eles lhe disseram: Propõe-nos o teu enigma, para que o ouçamos.

14 Então lhes disse: Do comedor saiu comida, e doçura saiu do forte. E em três dias não puderam declarar o enigma.

15 E sucedeu que, ao sétimo dia, disseram à mulher de Sansão: Persuade a teu marido que nos declare o enigma, para que porventura não queimemos a fogo a ti e à casa de teu pai; chamastes-nos vós aqui para vos apossardes do que é nosso, não é assim?

16 E a mulher de Sansão chorou diante dele, e disse: Tão somente me odeias, e não me amas; pois propuseste aos filhos do meu povo um enigma para adivinhar, e ainda não mo declaraste a mim. E ele lhe disse: Eis que nem a meu pai nem a minha mãe o declarei, e to declararia a ti?

17 E ela chorou diante dele os sete dias em que celebravam as bodas; sucedeu, pois, que ao sétimo dia ele lho declarou, porquanto o importunava; então ela declarou o enigma aos filhos do seu povo.

18 Disseram-lhe, pois, os homens daquela cidade, ao sétimo dia, antes de se pôr o sol: Que coisa há mais doce do que o mel? E que coisa há mais forte do que o leão? E ele lhes disse: Se vós não lavrásseis com a minha novilha, nunca teríeis descoberto o meu enigma.

19 Então o Espírito do Senhor tão possantemente se apossou dele, que desceu aos ascalonitas, e matou deles trinta homens, e tomou as suas roupas, e deu as mudas de roupa aos que declararam o enigma; porém acendeu-se a sua ira, e subiu à casa de seu pai.

20

E a mulher de Sansão foi dada ao seu companheiro que o acompanhava.

Capítulo 15

Sansão queima a seara dos filisteus — Eles queimam a mulher e o sogro dele — Sansão mata mil filisteus em Leí com a queixada de um jumento.

1

E aconteceu, depois de alguns dias, que na ceifa do trigo Sansão visitou sua mulher com um cabrito, e disse: Irei à minha mulher, no quarto. Porém o pai dela não o deixou entrar.

2 Porque disse seu pai: Por certo dizia eu que de todo a odiavas; de sorte que a dei ao teu companheiro; porém não é sua irmã mais nova mais formosa do que ela? Toma-a, pois, em seu lugar.

3 Então Sansão disse acerca deles: Inocente sou esta vez para com os filisteus, quando lhes fizer algum mal.

4 E foi Sansão, e tomou trezentas raposas; e tomando tochas, as virou cauda com cauda, e lhes pôs uma tocha no meio de cada duas caudas.

5 E ateou fogo às tochas, e soltou as raposas na seara dos filisteus; e assim abrasou os molhos, e a seara do trigo, e as vinhas, e os olivais.

6 Então disseram os filisteus: Quem fez isso? E disseram: Sansão, o genro do timnita, porque lhe tomou a sua mulher, e a deu a seu companheiro. Então subiram os filisteus, e queimaram a fogo a ela e a seu pai.

7 Então lhes disse Sansão: É assim que fazeis? Pois, havendo-me vingado eu de vós então cessarei.

8 E feriu-os com grande matança, perna juntamente com coxa; e desceu, e habitou no cume da rocha de Etã.

9 Então os filisteus subiram, e acamparam-se em Judá, e estenderam-se por Leí.

10

E disseram os homens de Judá: Por que subistes contra nós? E eles disseram: Subimos para amarrar Sansão, para lhe fazer como ele nos fez.

11 Então três mil homens de Judá desceram até a cova da rocha de Etã, e disseram a Sansão: Não sabias tu que os filisteus dominam sobre nós? Por que, pois, nos fizeste isto? E ele lhes disse: Assim como eles me fizeram, eu lhes fiz.

12 E disseram-lhe: Descemos para te amarrar, para te entregar nas mãos dos filisteus. Então Sansão lhes disse: Jurai-me que vós mesmos não me acometereis.

13 E eles lhe falaram, dizendo: Não, mas fortemente te amarraremos, e te entregaremos na mão deles; porém de maneira nenhuma te mataremos. E amarraram-no com duas cordas novas e fizeram-no subir da rocha.

14 E chegando ele a Leí, os filisteus lhe saíram ao encontro, jubilando; porém o Espírito do Senhor possantemente se apossou dele, e as cordas que ele tinha nos braços se tornaram como fios de linho que se queimaram no fogo, e as suas amarraduras se desfizeram das suas mãos.

15 E achou uma queixada fresca de um jumento, e estendeu a sua mão, e tomou-a, e matou com ela mil homens.

16 Então disse Sansão: Com uma queixada de jumento, um montão, dois montões; com uma queixada de jumento matei mil homens.

17 E aconteceu que, acabando ele de falar, lançou a queixada da sua mão; e chamou àquele lugar Ramate-Leí.

18 E como tivesse grande sede, clamou ao Senhor, e disse: Pela mão do teu servo tu deste esta grande salvação; morrerei eu, pois, agora, de sede, e cairei na mão destes incircuncisos?

19 Então Deus fendeu a caverna que estava em Leí; e saiu dela água, e ele bebeu; e o seu espírito retornou, e reviveu; pelo que chamou o seu nome: A fonte do que clama, que está em Leí até o dia de hoje.

20

E julgou Israel, nos dias dos filisteus, vinte anos.

Capítulo 16

Sansão carrega para longe as portas da entrada de Gaza — Ele ama Dalila, que o entrega aos filisteus — Ele destrói um edifício, matando a si mesmo e a outros 3.000.

1

E foi Sansão a Gaza, e viu ali uma mulher prostituta, e achegou-se a ela.

2 E foi dito aos gazitas: Sansão entrou aqui. Foram, pois, em roda, e toda a noite lhe puseram espias à porta da cidade; porém toda a noite estiveram sossegados, dizendo: Até a luz da manhã esperaremos; então o mataremos.

3 Porém Sansão deitou-se até a meia noite, e à meia noite se levantou, e agarrou as portas da entrada da cidade com ambas as umbreiras, e juntamente com a tranca as arrancou, pondo-as sobre os ombros; e levou-as para cima até o cume do monte que está defronte de Hebrom.

4 E depois disso aconteceu que se afeiçoou a uma mulher do vale de Soreque, cujo nome era Dalila.

5 Então os príncipes dos filisteus subiram a ela, e lhe disseram: Persuade-o, e vê em que consiste a sua grande força, e com que poderíamos assenhorear-nos dele e amarrá-lo, para assim o afligirmos; e te daremos cada um mil e cem moedas de prata.

6 Disse, pois, Dalila a Sansão: Declara-me, peço-te, em que consiste a tua grande força, e com que poderias ser amarrado para te poderem afligir.

7 Disse-lhe Sansão: Se me amarrassem com sete vergas de vimes frescos, que ainda não estivessem secos, então me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.

8 Então os príncipes dos filisteus lhe trouxeram sete vergas de vimes frescos, que ainda não estavam secos; e ela o amarrou com elas.

9 E os espias estavam assentados com ela numa câmara. Então ela lhe disse: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. Então ele quebrou as vergas de vimes, como se quebra o fio da estopa ao cheiro do fogo; assim, não se soube em que consistia a sua força.

10

Então disse Dalila a Sansão: Eis que zombaste de mim, e me disseste mentiras; ora, declara-me agora com que poderias ser amarrado.

11 E ele lhe disse: Se me amarrassem fortemente com cordas novas, que não tivessem sido usadas, então me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.

12 Então Dalila tomou cordas novas, e o amarrou com elas, e disse-lhe: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E os espias estavam assentados numa câmara. Então as quebrou de seus braços como um fio.

13 E disse Dalila a Sansão: Até agora zombaste de mim, e me disseste mentiras; declara-me, pois, agora, com que poderias ser amarrado? E ele lhe disse: Se teceres sete tranças dos cabelos da minha cabeça com os liços da teia.

14 E ela as fixou com uma estaca, e disse-lhe: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. Então despertou do seu sono e arrancou a estaca das tranças tecidas, juntamente com o liço da teia.

15 Então ela lhe disse: Como dirás: Tenho-te amor, não estando comigo o teu coração? Já três vezes zombaste de mim, e ainda não me declaraste em que consiste a tua força.

16 E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma se angustiou até a morte.

17 E descobriu-lhe todo o seu coração, e disse-lhe: Nunca subiu navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus desde o ventre de minha mãe; se viesse a ser rapado, ir-se-ia de mim a minha força, e me enfraqueceria, e seria como todos os demais homens.

18 Vendo, pois, Dalila que já lhe descobrira todo o seu coração, mandou chamar os príncipes dos filisteus, dizendo: Subi esta vez, porque agora me descobriu ele todo o seu coração. E os príncipes dos filisteus subiram a ela, e trouxeram o dinheiro na sua mão.

19 Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e chamou um homem, e ele rapou-lhe as sete tranças do cabelo de sua cabeça; e ela começou a afligi-lo, e retirou-se dele a sua força.

20

E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele.

21 Então os filisteus pegaram nele, e lhe arrancaram os olhos, e fizeram-no descer a Gaza, e amarraram-no com duas cadeias de bronze, e girava ele um moinho no cárcere.

22 E o cabelo da sua cabeça lhe começou a crescer, como quando foi rapado.

23 Então os príncipes dos filisteus se ajuntaram para oferecer um grande sacrifício ao seu deus Dagom, e para se alegrarem, e diziam: Nosso deus nos entregou nas mãos Sansão, nosso inimigo.

24 Semelhantemente, vendo-o o povo, louvavam ao seu deus; porque diziam: Nosso deus nos entregou na mão o nosso inimigo, e o que destruía a nossa terra, e o que multiplicava os nossos mortos.

25 E sucedeu que, alegrando-se-lhes o coração, disseram: Chamai Sansão, para que nos divirta. E chamaram Sansão do cárcere, e divertia-os, e fizeram-no estar em pé entre as colunas.

26 Então disse Sansão ao moço que o tinha pela mão: Guia-me para que apalpe as colunas em que se sustém a casa, para que me encoste nelas.

27 Ora, estava a casa cheia de homens e mulheres; e também ali estavam todos os príncipes dos filisteus; e sobre o telhado havia uns três mil homens e mulheres, que estavam vendo Sansão diverti-los.

28 Então Sansão clamou ao Senhor, e disse: Senhor Deus, peço-te que te lembres de mim, e fortalece-me agora só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos.

29 Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, em que se sustinha a casa, e arrimou-se sobre elas, com a sua mão direita numa e com a sua esquerda na outra.

30

E disse Sansão: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela havia; e foram mais os mortos que matou na sua morte do que os que matara na sua vida.

31 Então seus irmãos desceram, e toda a casa de seu pai, e tomaram-no, e subiram com ele, e sepultaram-no entre Zorá e Estaol, no sepulcro de Manoá, seu pai; e julgou ele Israel vinte anos.

Capítulo 17

Mica tem uma casa de deuses (imagens) e consagra seus próprios sacerdotes.

1

E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.

2 O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa proferias maldições, e também as disseste em meus ouvidos, eis que este dinheiro eu o tenho, eu o tomei. Então disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.

3 Assim, restituiu as mil e cem moedas de prata à sua mãe; porém sua mãe disse: Inteiramente dediquei este dinheiro da minha mão ao Senhor para meu filho, para fazer uma imagem de escultura e uma de fundição; de sorte que agora to tornarei a dar.

4 Porém ele restituiu aquele dinheiro a sua mãe; e sua mãe tomou duzentas moedas de prata, e as deu ao ourives, o qual fez delas uma imagem de escultura e uma de fundição, e ficaram na casa de Mica.

5 E teve este homem, Mica, uma casa de deuses; e fez um éfode e terafins, e consagrou um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote.

6 Naqueles dias não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia bem aos seus olhos.

7 E havia um jovem de Belém de Judá, da família de Judá, que era levita, e peregrinava ali.

8 E este homem partiu da cidade de Belém de Judá para peregrinar onde quer que achasse lugar. Chegando ele, pois, à montanha de Efraim, até a casa de Mica, seguindo o seu caminho,

9 Disse-lhe Mica: De onde vens? E ele lhe disse: Sou levita de Belém de Judá, e vou peregrinar onde quer que achar lugar.

10

Então lhe disse Mica: Fica comigo, e sê-me por pai e sacerdote; e cada ano te darei dez moedas de prata, e vestuário, e o teu sustento. E o levita entrou.

11 E consentiu o levita em ficar com aquele homem; e este jovem lhe foi como um de seus filhos.

12 E Mica consagrou o levita, e aquele jovem lhe foi por sacerdote; e ficou na casa de Mica.

13 Então disse Mica: Agora sei que o Senhor me fará bem; porquanto tenho um levita por sacerdote.

Capítulo 18

Os danitas enviam homens para procurar uma herança — Eles se apossam das imagens e do sacerdote de Mica, queimam a cidade de Laís e estabelecem a idolatria.

1

Naqueles dias não havia rei em Israel; e nos mesmos dias a tribo dos danitas buscava para si herança para habitar; porquanto até aquele dia entre as tribos de Israel não lhe havia caído por sorte sua herança.

2 E enviaram os filhos de Dã, da sua família, cinco homens dos seus confins, homens valorosos, de Zorá e de Estaol, para espiar e explorar a terra; e lhes disseram: Ide, explorai a terra. E foram à montanha de Efraim, até a casa de Mica, e passaram ali a noite.

3 E quando eles estavam junto da casa de Mica, reconheceram a voz do jovem, do levita; e dirigiram-se para lá, e lhe disseram: Quem te trouxe aqui, que fazes aqui, e que é o que tens aqui?

4 E ele lhes disse: Assim e assim me fez Mica; pois me contratou, e eu lhe sirvo de sacerdote.

5 Então lhe disseram: Ora, pergunta a Deus, para que possamos saber se prosperará o caminho que seguimos.

6 E disse-lhes o sacerdote: Ide em paz; o caminho que seguis está perante o Senhor.

7 Então foram aqueles cinco homens, e chegaram a Laís; e viram que o povo que havia no meio dela estava seguro, conforme o costume dos sidônios, sereno e confiante; nem havia possessor algum do reino que por causa alguma envergonhasse a alguém naquela terra; também estavam longe dos sidônios, e não tinham tratos com ninguém.

8 Então voltaram a seus irmãos, a Zorá e a Estaol; e seus irmãos lhes disseram: Que dizeis vós?

9 E eles disseram: Levantai-vos, e subamos a eles; porque examinamos a terra, e eis que é muitíssimo boa; estareis, pois, tranquilos? Não sejais preguiçosos em irdes, para entrar e para possuir esta terra.

10

Quando lá chegardes, vereis um povo confiante, e a terra é larga de extensão; porque Deus vo-la entregou na mão; lugar em que não falta de coisa alguma que na terra.

11 Então partiram dali, da família dos danitas, de Zorá e de Estaol, seiscentos homens armados de armas de guerra.

12 E subiram, e acamparam-se em Quiriate-Jearim, em Judá; pelo que chamaram esse lugar Maané-Dã, até o dia de hoje; eis que está por detrás de Quiriate-Jearim.

13 E dali passaram à montanha de Efraim; e foram até a casa de Mica.

14 Então responderam os cinco homens, que foram espiar a terra de Laís, e disseram a seus irmãos: Sabeis vós que naquelas casas há um éfode, e terafins, e imagem de escultura e de fundição? Vede, pois, agora o que haveis de fazer.

15 Então foram para lá, e foram à casa do jovem, o levita, na casa de Mica, e perguntaram-lhe como estava.

16 E os seiscentos homens, que eram dos filhos de Dã, armados de suas armas de guerra, ficaram à entrada da porta.

17 Porém, subindo os cinco homens, que foram espiar a terra, entraram nela, e tomaram a imagem de escultura, o éfode, e os terafins, e a imagem de fundição, ficando o sacerdote em pé à entrada da porta, com os seiscentos homens que estavam armados com as armas de guerra.

18 Entrando eles, pois, na casa de Mica, e tomando a imagem de escultura, e o éfode, e os terafins, e a imagem de fundição, disse-lhes o sacerdote: Que estais fazendo?

19 E eles lhe disseram: Cala-te, põe a mão na boca, e vem conosco, e sê-nos por pai e sacerdote; é melhor para ti que sejas sacerdote da casa de um só homem, do que ser sacerdote de uma tribo e de uma família em Israel?

20

Então alegrou-se o coração do sacerdote, e tomou o éfode, e os terafins, e a imagem de escultura, e entrou no meio do povo.

21 Assim, viraram-se, e partiram; e os pequeninos, e o gado, e a bagagem puseram diante de si.

22 E estando já longe da casa de Mica, os homens que estavam nas casas junto à casa de Mica se congregaram, e alcançaram os filhos de Dã.

23 E clamaram aos filhos de Dã, os quais viraram os seus rostos, e disseram a Mica: Que tens, que tanta gente convocaste?

24 Então ele disse: Os meus deuses, que eu fiz, me tomastes, juntamente com o sacerdote, e fostes embora; que mais me resta agora? Como, pois, me dizeis: Que é o que tens?

25 Porém os filhos de Dã lhe disseram: Não nos faças ouvir a tua voz, para que porventura homens de ânimo violento não se lancem sobre vós, e tu percas a tua vida, e a vida dos da tua casa.

26 Assim, seguiram o seu caminho os filhos de Dã; e Mica, vendo que eram mais fortes do que ele, voltou, e retornou à sua casa.

27 Eles, pois, tomaram o que Mica tinha feito, e o sacerdote que tivera, e foram a Laís, a um povo sereno e confiante, e os feriram ao fio da espada, e queimaram a cidade a fogo.

28 E ninguém houve que os livrasse, porquanto estavam longe de Sidom, e não tinham tratos com ninguém, e a cidade estava no vale que está junto a Bete-Reobe; depois reedificaram a cidade e habitaram nela.

29 E chamaram o nome da cidade Dã, conforme o nome de Dã, seu pai, que nascera a Israel; sendo, porém, dantes, o nome desta cidade Laís.

30

E os filhos de Dã levantaram para si aquela imagem de escultura; e Jônatas, filho de Gérson, o filho de Manassés, ele e seus filhos foram sacerdotes da tribo dos danitas, até o dia do cativeiro da terra.

31 Assim, pois, a imagem de escultura que fizera Mica estabeleceram entre si, todos os dias que a casa de Deus esteve em Siló.

Capítulo 19

A concubina de um levita retorna à casa do pai — O marido a toma de volta, e eles se alojam em Gibeá para passar a noite — Os homens de Gibeá abusam da concubina, e ela morre — O marido levita a corta em doze pedaços e os envia às tribos de Israel.

1

Aconteceu também naqueles dias, em que não havia rei em Israel, que houve um homem levita que, peregrinando nos lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina, de Belém de Judá.

2 Porém a sua concubina adulterou contra ele, e deixando-o, foi para a casa de seu pai, a Belém de Judá, e esteve ali alguns dias, a saber, quatro meses.

3 E seu marido se levantou, e partiu após ela, para lhe falar conforme o seu coração e para tornar a trazê-la; e o seu moço e um par de jumentos iam com ele; e ela o levou à casa de seu pai, e vendo-o o pai da moça alegrou-se ao encontrar-se com ele.

4 E seu sogro, o pai da moça, o deteve, e ficou com ele três dias; e comeram e beberam, e passaram ali a noite.

5 E sucedeu que ao quarto dia pela manhã, madrugaram, e ele levantou-se para partir; então o pai da moça disse a seu genro: Conforta o teu coração com um bocado de pão, e depois partireis.

6 Assentaram-se, pois, e comeram ambos juntos, e beberam; e disse o pai da moça ao homem: Peço-te que ainda esta noite queiras passá-la aqui, e alegre-se o teu coração.

7 Porém o homem levantou-se para partir; mas seu sogro insistiu que ele tornasse a passar ali a noite.

8 E madrugando ao quinto dia pela manhã para partir, disse o pai da moça: Ora, conforta o teu coração. E detiveram-se até já declinar o dia e ambos juntos comeram.

9 Então o homem levantou-se para partir, ele, e a sua concubina, e o seu moço; e disse-lhe seu sogro, o pai da moça: Eis que o dia declina para a tarde, peço-te que aqui passes a noite; eis que o dia vai acabando, passa aqui a noite, e que o teu coração se alegre; e amanhã de madrugada levantai-vos para caminhar, e vai-te para a tua tenda.

10

Porém o homem não quis ali passar a noite, mas levantou-se, e partiu, e foi até defronte de Jebus (que é Jerusalém), e com ele o par de jumentos albardados, e a sua concubina estava com ele.

11 Estando, pois, já perto de Jebus, e tendo-se declinado muito o dia, disse o moço a seu senhor: Vamos agora, e retiremo-nos a esta cidade dos jebuseus, e passemos ali a noite.

12 Porém disse-lhe seu senhor: Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel; mas passaremos até Gibeá.

13 Disse mais a seu moço: Vamos, e cheguemos a um daqueles lugares, e passemos a noite em Gibeá ou em Ramá.

14 Passaram, pois, adiante, e caminharam, e o sol se lhes pôs junto a Gibeá, que é cidade de Benjamim.

15 E retiraram-se para lá, para entrarem para passar a noite em Gibeá; e entrando ele, assentou-se na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali passarem a noite.

16 E eis que um homem velho vinha à tarde do seu trabalho do campo; e era este homem da montanha de Efraim, mas peregrinava em Gibeá; eram porém os homens deste lugar filhos de Benjamim.

17 Levantando ele, pois, os olhos, viu aquele viajante na praça da cidade, e disse o velho: Para onde vais, e de onde vens?

18 E ele lhe disse: Passamos de Belém de Judá até os lados da montanha de Efraim, de onde sou; porquanto fui a Belém de Judá; porém, agora, vou à casa do Senhor; e ninguém que me recolha em casa,

19 Ainda há palha e pasto para os nossos jumentos, e também pão e vinho há para mim, e para a tua serva, e para o moço que vem com os teus servos; de coisa nenhuma falta.

20

Então disse o velho: Paz seja contigo; tudo quanto te faltar fique ao meu cargo; tão somente não passes a noite na praça.

21 E levou-o à sua casa, e deu pasto aos jumentos; e eles lavaram os pés, comeram e beberam.

22 Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos.

23 E o homem, senhor da casa, saiu a eles, e disse-lhes: Não, irmãos meus; ora, não façais semelhante mal; já que este homem entrou em minha casa, não façais tal loucura.

24 Eis que a minha filha virgem e a concubina dele vo-las tirarei fora; humilhai-as a elas, e fazei delas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façais semelhante loucura.

25 Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então aquele homem pegou sua concubina, e lha tirou para fora; e eles a conheceram e abusaram dela toda a noite até a manhã e, subindo a alva, a deixaram.

26 E ao romper da manhã veio a mulher, e caiu à porta da casa daquele homem, onde estava seu senhor, e ficou ali até que se fez dia claro.

27 E levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e saindo para seguir o seu caminho, eis que a mulher, sua concubina, jazia à porta da casa, com as mãos sobre o limiar.

28 E ele lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos, porém não respondeu; então pô-la sobre o jumento, e levantou-se o homem, e foi-se para o seu lugar.

29 Chegando, pois, à sua casa, tomou um cutelo, e pegou sua concubina, e a despedaçou com os seus ossos em doze partes; e enviou-as por todos os termos de Israel.

30

E sucedeu que cada um que isso via dizia: Nunca tal se fez, nem se viu desde o dia em que os filhos de Israel subiram da terra do Egito, até o dia de hoje; ponderai isto no coração, considerai, e falai.

Capítulo 20

Todo o Israel se levanta contra os benjamitas, que se recusam a entregar os homens de Gibeá — Os benjamitas são derrotados e destruídos.

1

Então todos os filhos de Israel saíram, e a congregação se ajuntou perante o Senhor em Mizpá, como se fora um só homem, desde Dã até Berseba, como também a terra de Gileade.

2 E os chefes de todo o povo, de todas as tribos de Israel, se apresentaram na congregação do povo de Deus, quatrocentos mil homens a pé que arrancavam a espada.

3 (Ouviram, pois, os filhos de Benjamim que os filhos de Israel haviam subido a Mizpá). E disseram os filhos de Israel: Falai, como sucedeu esta maldade?

4 Então respondeu o homem levita, marido da mulher que fora morta, e disse: Cheguei com a minha concubina a Gibeá, cidade de Benjamim, para passar a noite;

5 E os cidadãos de Gibeá se levantaram contra mim, e cercaram a casa de noite; intentaram matar-me, e violaram a minha concubina, de maneira que morreu.

6 Então peguei minha concubina, e fi-la em pedaços, e a enviei por toda a terra da herança de Israel; porquanto fizeram tal malefício e loucura em Israel.

7 Eis que todos sois filhos de Israel; dai aqui a vossa palavra e conselho.

8 Então todo o povo se levantou como um só homem, dizendo: Nenhum de nós irá à sua tenda e nenhum de nós se retirará à sua casa.

9 Porém isto é o que faremos a Gibeá: procederemos contra ela por sorte.

10

E tomaremos dez homens de cem de todas as tribos de Israel, e cem de mil, e mil de dez mil, para proverem mantimento para o povo; para que, indo eles a Gibeá de Benjamim, lhe façam conforme toda a loucura que fez em Israel.

11 Assim, ajuntaram-se contra esta cidade todos os homens de Israel, aliados como um só homem.

12 E as tribos de Israel enviaram homens por toda a tribo de Benjamim, dizendo: Que maldade é esta que se fez entre vós?

13 Dai-nos, pois, agora aqueles homens, filhos de Belial, que estão em Gibeá, para que os matemos, e tiremos de Israel o mal; porém os filhos de Benjamim não quiseram ouvir a voz de seus irmãos, os filhos de Israel.

14 Antes os filhos de Benjamim se ajuntaram das cidades em Gibeá, para saírem para pelejar contra os filhos de Israel.

15 E contaram-se naquele dia os filhos de Benjamim, das cidades, vinte e seis mil homens que arrancavam a espada, afora os moradores de Gibeá, de que se contaram setecentos homens escolhidos.

16 Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais todos atiravam com a funda uma pedra a um cabelo, e não erravam.

17 E contaram-se dos homens de Israel, afora os de Benjamim, quatrocentos mil homens que arrancavam da espada, e todos eles homens de guerra.

18 E levantaram-se os filhos de Israel, e subiram a Betel, e perguntaram a Deus, e disseram: Quem dentre nós subirá primeiro para pelejar contra Benjamim? E disse o Senhor: Judá subirá primeiro.

19 Levantaram-se, pois, os filhos de Israel pela manhã, e acamparam-se contra Gibeá.

20

E os homens de Israel saíram à peleja contra Benjamim; e organizaram-se os homens de Israel contra eles para peleja ao pé de Gibeá.

21 Então os filhos de Benjamim saíram de Gibeá, e derrubaram por terra naquele dia vinte e dois mil homens de Israel.

22 Porém fortaleceu-se o povo dos homens de Israel, e tornaram a ordenar-se para a peleja no lugar onde no primeiro dia a tinham ordenado.

23 E subiram os filhos de Israel, e choraram perante o Senhor até a tarde, e perguntaram ao Senhor, dizendo: Tornarei a ir à peleja contra os filhos de Benjamim, meu irmão? E disse o Senhor: Subi contra ele.

24 Chegaram-se, pois, os filhos de Israel aos filhos de Benjamim, no dia seguinte.

25 Também os de Benjamim no dia seguinte lhes saíram ao encontro fora de Gibeá, e derrubaram ainda por terra mais dezoito mil homens, todos dos que arrancavam a espada.

26 Então todos os filhos de Israel, e todo o povo, subiram, e foram a Betel, e choraram, e estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram aquele dia até a tarde; e ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor.

27 E os filhos de Israel perguntaram ao Senhor (porquanto a arca do concerto de Deus estava ali naqueles dias;

28 E Fineias, filho de Eleazar, filho de Aarão, estava perante ele naqueles dias), dizendo: Sairei ainda mais para pelejar contra os filhos de Benjamim, meu irmão, ou pararei? E disse o Senhor: Subi, que amanhã eu to entregarei na mão.

29 Então Israel pôs emboscadas em redor de Gibeá.

30

E subiram os filhos de Israel ao terceiro dia contra os filhos de Benjamim, e organizaram-se para peleja junto a Gibeá, como das outras vezes.

31 Então os filhos de Benjamim saíram ao encontro do povo, e desviaram-se da cidade, e começaram a matar alguns do povo, atravessando-os, como das outras vezes, pelos caminhos (um dos quais sobe para Betel, e o outro para Gibeá pelo campo), uns trinta dos homens de Israel.

32 Então os filhos de Benjamim disseram: Vão derrotados diante de nós como dantes. Porém os filhos de Israel disseram: Fujamos, e desviemo-los da cidade para os caminhos.

33 Então todos os homens de Israel se levantaram do seu lugar, e organizaram-se para peleja em Baal-Tamar; e a emboscada de Israel saiu do seu lugar, da caverna de Gibeá.

34 E dez mil homens escolhidos de todo o Israel foram contra Gibeá, e a peleja se agravou; porém eles não sabiam que o mal lhes tocaria.

35 Então o Senhor feriu Benjamim diante de Israel; e destruíram os filhos de Israel naquele dia vinte e cinco mil e cem homens de Benjamim, todos dos que arrancavam espada.

36 E viram os filhos de Benjamim que estavam feridos, porque os homens de Israel deram lugar aos benjamitas, porquanto estavam confiados na emboscada que haviam posto contra Gibeá.

37 E a emboscada se apressou, e acometeu Gibeá; e a emboscada arremeteu contra ela, e feriu ao fio da espada toda a cidade.

38 E os homens de Israel tinham um sinal determinado com a emboscada, que era quando fizessem levantar da cidade uma grande nuvem de fumaça.

39 Viraram-se, pois, os homens de Israel na peleja; e já Benjamim começava a matar, dos homens de Israel, quase trinta homens, atravessando-os, porque diziam: Já infalivelmente estão derrotados diante de nós, como na peleja passada.

40

Então a nuvem de fumaça começou a levantar-se da cidade, como uma coluna de fumaça; e virando-se Benjamim para olhar para trás de si, eis que a fumaça da cidade subia ao céu.

41 E os homens de Israel viraram os rostos, e os homens de Benjamim pasmaram; porque viram que o mal lhes sobreviera.

42 E viraram as costas diante dos homens de Israel, para o caminho do deserto; porém a peleja os apertou; e os das cidades os destruíram no meio deles.

43 E cercaram Benjamim, e o seguiram, e facilmente o pisaram, até diante de Gibeá, para o nascente do sol.

44 E caíram de Benjamim dezoito mil homens, todos estes sendo homens valentes.

45 Então viraram as costas, e fugiram para o deserto, à penha de Rimom; respigaram ainda deles, pelos caminhos, uns cinco mil homens; e de perto os seguiram até Gideão, e mataram deles dois mil homens.

46 E todos os que de Benjamim naquele dia caíram foram vinte e cinco mil homens que arrancavam a espada, todos eles homens valentes.

47 Porém seiscentos homens viraram as costas, e fugiram para o deserto, à penha de Rimom; e ficaram na penha de Rimom quatro meses.

48 E os homens de Israel voltaram para os filhos de Benjamim, e os feriram ao fio da espada, desde os homens da cidade até os animais, até tudo quanto se achava, como também puseram fogo em todas as cidades quantas se acharam.

Capítulo 21

O povo pranteia a desolação de Benjamim — Os habitantes de Jabes-Gileade são destruídos por não terem participado da guerra contra Benjamim — Proveem-se mulheres para os remanescentes de Benjamim.

1

Ora, tinham jurado os homens de Israel em Mizpá, dizendo: Nenhum de nós dará sua filha por mulher aos benjamitas.

2 Foi, pois, o povo a Betel, e ali ficaram até a tarde diante de Deus; e levantaram a sua voz, e prantearam com grande pranto.

3 E disseram: Ah! Senhor Deus de Israel, por que sucedeu isto em Israel, que hoje falte uma tribo em Israel?

4 E sucedeu que, no dia seguinte, o povo pela manhã se levantou, e edificou ali um altar; e ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas.

5 E disseram os filhos de Israel: Quem de todas as tribos de Israel não subiu à assembleia perante o Senhor? Porque se tinha feito um grande juramento acerca dos que não fossem ao Senhor em Mizpá, dizendo: Morrerá certamente.

6 E arrependeram-se os filhos de Israel acerca de Benjamim, seu irmão, e disseram: Cortada é hoje de Israel uma tribo.

7 Que faremos para encontrar mulheres para os que restaram, pois nós juramos pelo Senhor que nenhuma de nossas filhas lhes daríamos por mulheres?

8 E disseram: Há alguma das tribos de Israel que não tenha subido ao Senhor em Mizpá? E eis que ninguém de Jabes-Gileade fora ao acampamento, à assembleia.

9 Porquanto o povo foi contado; e eis que nenhum dos moradores de Jabes-Gileade se achou ali.

10

Então a congregação enviou para lá doze mil homens dos mais valentes, e lhes ordenou, dizendo: Ide, e ao fio da espada feri os moradores de Jabes-Gileade, e as mulheres e os pequeninos.

11 Porém isto é o que haveis de fazer: Todo homem e toda mulher que se houver deitado com um homem, totalmente destruireis.

12 E acharam entre os moradores de Jabes-Gileade quatrocentas moças virgens, que não conheceram homem, deitando-se com homem; e as levaram ao acampamento, a Siló, que está na terra de Canaã.

13 Então toda a congregação enviou mensageiros para falar aos filhos de Benjamim, que estavam na penha de Rimom, e lhes proclamou a paz.

14 E ao mesmo tempo voltaram os benjamitas; e deram-lhes as mulheres que haviam guardado com vida, das mulheres de Jabes-Gileade; porém estas ainda não lhes bastaram.

15 Então o povo se arrependeu por causa de Benjamim; porquanto o Senhor tinha feito uma brecha nas tribos de Israel.

16 E disseram os anciãos da congregação: Que faremos para encontrar mulheres para os que restaram? Pois as mulheres de Benjamim foram destruídas.

17 Disseram mais: A herança dos que restaram é de Benjamim, e nenhuma tribo de Israel deve ser destruída.

18 Porém nós não lhes poderemos dar mulheres de nossas filhas, porque os filhos de Israel juraram, dizendo: Maldito aquele que der mulher aos benjamitas.

19 Então disseram: Eis que de ano em ano solenidade do Senhor em Siló, que se celebra para o norte de Betel, do lado do nascente do sol, pelo caminho alto que sobe de Betel a Siquém, e para o sul de Lebona.

20

E deram ordem aos filhos de Benjamim, dizendo: Ide, e emboscai-vos nas vinhas,

21 E olhai, e eis que, saindo as filhas de Siló para dançar em ranchos, saí vós das vinhas, e arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló, e ide à terra de Benjamim.

22 E acontecerá que, quando seus pais ou seus irmãos vierem para litigar conosco, nós lhes diremos: Por causa de nós, tende compaixão deles, pois nesta guerra não tomamos mulheres para cada um deles; porque não lhas destes vós, para que agora ficásseis culpados.

23 E os filhos de Benjamim o fizeram assim, e levaram mulheres conforme o número deles, das que arrebatavam das que dançavam; e foram-se, e voltaram à sua herança, e reedificaram as cidades, e habitaram nelas.

24 Também os filhos de Israel partiram então dali, cada um para a sua tribo e para a sua família; e saíram dali, cada um para a sua herança.

25 Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.

O Livro de
Rute

Capítulo 1

Elimeleque vai com a família para Moabe devido à fome — Seus filhos se casam — Morrem pai e filhos — Rute, a moabita, depois da morte do marido, permanece fiel a Noemi — Elas vão para Belém.

1

E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e a sua mulher, e seus dois filhos.

2 E era o nome desse homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e foram aos campos de Moabe, e ficaram ali.

3 E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,

4 Os quais tomaram para si mulheres moabitas; e o nome de uma era Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.

5 E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.

6 Então se levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão.

7 Pelo que saiu do lugar onde estivera, e as suas duas noras com ela. E indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá,

8 Disse Noemi às suas duas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo.

9 O Senhor vos conceda que acheis descanso cada uma em casa de seu marido. E beijando-as ela, levantaram a sua voz e choraram.

10

E disseram-lhe: Certamente voltaremos contigo ao teu povo.

11 Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos?

12 Voltai, filhas minhas, ide-vos embora, que já muito velha sou para ter marido; ainda que eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda desse à luz filhos,

13 Esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim.

14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.

15 Pelo que disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada.

16 Disse porém Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;

17 Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

18 Vendo Noemi, pois, que ela estava de todo resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar.

19 Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém. E sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?

20

Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me deu o Todo-Poderoso.

21 Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez retornar; por que, pois, me chamareis Noemi? Pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me fez tanto mal.

22 Assim, Noemi voltou, e com ela Rute, a moabita, sua nora, que voltou dos campos de Moabe; e chegaram a Belém no princípio da ceifa das cevadas.

Capítulo 2

Rute apanha espigas nos campos de Boaz, parente próximo de Noemi — Ele trata Rute com bondade.

1

E tinha Noemi um parente de seu marido, homem de grande riqueza, da família de Elimeleque; e era o seu nome Boaz.

2 E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas após aquele a cujos olhos eu achar graça. E ela lhe disse: Vai, minha filha.

3 Foi, pois, e chegou, e apanhava espigas no campo após os ceifadores; e caiu-lhe por acaso uma parte do campo de Boaz, que era da família de Elimeleque.

4 E eis que Boaz veio de Belém, e disse aos ceifadores: O Senhor seja convosco. E disseram-lhe eles: O Senhor te abençoe.

5 Depois disse Boaz a seu moço, que estava posto sobre os ceifadores: De quem é esta moça?

6 E respondeu o moço, que estava posto sobre os ceifadores, e disse: Esta é a moça moabita que voltou com Noemi dos campos de Moabe.

7 Disse-me ela: Deixa-me colher espigas, e ajuntá-las entre os feixes após os ceifadores. Assim, ela veio, e desde a manhã está aqui até agora, a não ser um pouco que esteve sentada em casa.

8 Então disse Boaz a Rute: Não ouves, filha minha? Não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui te ajuntarás com as minhas moças.

9 Os teus olhos estarão atentos no campo que ceifarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que não te toquem? Tendo tu sede, vai às vasilhas, e bebe do que os moços tirarem.

10

Então ela caiu sobre o seu rosto, e se inclinou à terra, e disse-lhe: Por que achei graça aos teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma estrangeira?

11 E respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido, e deixaste teu pai e tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que dantes não conheceste.

12 O Senhor galardoe o teu feito, e seja concedido o teu pleno galardão por parte do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.

13 E disse ela: Ache eu graça aos teus olhos, senhor meu, pois me consolaste, e falaste ao coração da tua serva, ainda que eu não seja como uma das tuas criadas.

14 E sendo já hora de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ela se assentou ao lado dos ceifadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e ela comeu, e se fartou, e ainda lhe sobejou.

15 E levantando-se ela para colher, Boaz deu ordem aos seus moços, dizendo: Até entre os feixes deixai-a colher, e não a censureis.

16 E deixai cair alguns punhados, e deixai-os ficar, para que ela os colha, e não a repreendais.

17 E esteve ela apanhando naquele campo até a tarde; e debulhou o que apanhou, e foi quase um efa de cevada.

18 E tomou-o, e foi à cidade; e viu sua sogra o que ela tinha apanhado; também tirou, e deu-lhe o que lhe sobejara depois de fartar-se.

19 Então disse-lhe sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te reconheceu. E ela relatou à sua sogra com quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.

20

Então Noemi disse à sua nora: Bendito seja do Senhor, que não deixou de mostrar a sua benevolência nem para com os vivos nem para com os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Este homem é nosso parente chegado, e um dentre os nossos remidores.

21 E disse Rute, a moabita: Também ainda me disse: Com os moços que tenho te ajuntarás, até que acabem toda a ceifa que tenho.

22 E disse Noemi à sua nora, Rute: Melhor é, filha minha, que saias com as suas moças, para que noutro campo não te encontrem.

23 Assim, ajuntou-se com as moças de Boaz, para colher até que a ceifa das cevadas e dos trigos se acabou; e ficou com a sua sogra.

Capítulo 3

Instruída por Noemi, Rute se deita aos pés de Boaz — Ele promete, como parente, tomá-la por esposa.

1

E disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei eu de buscar descanso, para que fiques bem?

2 Ora, pois, não é Boaz, com cujas moças estiveste, de nossa parentela? Eis que esta noite ele padejará a cevada na eira.

3 Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber.

4 E há de ser que, quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deitar; então entra, e descobrir-lhe-ás os pés, e te deitarás, e ele te fará saber o que deves fazer.

5 E ela lhe disse: Tudo quanto me disseres, farei.

6 Então foi para a eira, e fez conforme tudo quanto sua sogra lhe tinha ordenado.

7 Havendo, pois, Boaz comido e bebido, e estando já o seu coração alegre, foi deitar-se ao pé de um monte de grãos; então foi ela de mansinho, e lhe descobriu os pés, e se deitou.

8 E sucedeu que, pela meia-noite, o homem estremeceu, e se voltou; e eis que uma mulher jazia a seus pés.

9 E disse ele: Quem és tu? E ela disse: Sou Rute, tua serva; estende, pois, a aba do teu manto sobre a tua serva, porque tu és o remidor.

10

E disse ele: Bendita do Senhor sejas tu, minha filha; melhor fizeste esta tua última benevolência do que a primeira, pois após nenhum dos moços foste, quer pobres quer ricos.

11 Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.

12 Porém agora é bem verdade que eu sou remidor; mas ainda há outro remidor mais próximo do que eu.

13 Fica aqui esta noite, e acontecerá que, pela manhã, se ele te redimir, bem está, ele te redima; porém, se não te quiser redimir, vive o Senhor, que eu te redimirei; deita-te aqui até a manhã.

14 Ficou, pois, deitada a seus pés até a manhã, e levantou-se antes que pudesse um reconhecer o outro, porquanto ele disse: Não se saiba que alguma mulher veio à eira.

15 Disse mais: Dá cá o manto que tens sobre ti, e segura-o. E ela segurou-o; e ele mediu seis medidas de cevada, e lhas pôs em cima; então ela entrou na cidade,

16 E foi à sua sogra, a qual disse: Como foi, minha filha? E ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera.

17 Disse mais: Estas seis medidas de cevada me deu, porque me disse: Não vás de mãos vazias à tua sogra.

18 Então disse ela: Espera, minha filha, até que saibas como irá o caso, porque aquele homem não descansará até que conclua hoje este assunto.

Capítulo 4

O parente mais próximo recusa-se a cumprir o seu dever, e Boaz toma Rute por esposa — Rute dá à luz Obede, de quem descendeu o rei Davi.

1

E Boaz subiu à porta, e assentou-se ali; e eis que o remidor de que Boaz tinha falado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, desvia-te para cá, assenta-te aqui. E desviou-se para ali, e assentou-se.

2 Então tomou dez homens dos anciãos da cidade, e disse: Assentai-vos aqui. E assentaram-se.

3 Então disse ao remidor: Noemi, que retornou da terra dos moabitas, vende aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão.

4 E disse eu: Manifestá-lo-ei em teus ouvidos, dizendo: Toma-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se hás de redimi-la, redime-a e, se não se houver de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei.

5 Disse porém Boaz: No dia em que tomares a terra da mão de Noemi, também a tomarás da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herdade.

6 Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herdade; redime para ti a minha remissão, porque eu não a poderei redimir.

7 Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto à remissão e permuta, para confirmar todo negócio: que o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel.

8 Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.

9 Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noemi,

10

E de que também tomo por mulher Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herdade, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas.

11 E todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, as quais edificaram a casa de Israel; e porta-te valorosamente em Efrata, e faze-te nome afamado em Belém.

12 E seja a tua casa como a casa de Perez (que Tamar teve de Judá), da semente que o Senhor te der desta moça.

13 Assim, Boaz tomou Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele achegou-se a ela, e o Senhor lhe fez conceber, e ela deu à luz um filho.

14 Então as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.

15 Ele te será por restaurador da alma, e conservará a tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.

16 E Noemi tomou o filho, e o pôs no seu regaço, e foi sua ama.

17 E as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E chamaram o seu nome Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.

18 Estas são, pois, as gerações de Perez: Perez gerou Hezrom,

19 E Hezrom gerou Rão, e Rão gerou Aminadabe,

20

E Aminadabe gerou Naassom, e Naassom gerou Salmom,

21 E Salmom gerou Boaz, e Boaz gerou Obede,

22 E Obede gerou Jessé, e Jessé gerou Davi.

O Primeiro Livro de
Samuel

Também Chamado de
Primeiro Livro dos Reis

Capítulo 1

Ana ora pedindo um filho e faz voto de entregá-lo ao Senhor — Eli, o sacerdote, a abençoa — Nasce Samuel — Ana o entrega ao Senhor.

1

Houve um homem de Ramataim-Zofim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efraimita.

2 E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o nome da outra, Penina; e Penina tinha filhos, porém Ana não tinha filhos.

3 Subia, pois, este homem da sua cidade de ano em ano para adorar e para sacrificar ao Senhor dos Exércitos em Siló; e estavam ali os sacerdotes do Senhor, Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli.

4 E sucedeu que no dia em que Elcana oferecia sacrifícios, dava ele porções a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas.

5 Porém a Ana dava uma parte excelente, porquanto amava Ana; porém o Senhor lhe tinha fechado a madre.

6 E a sua rival excessivamente a irritava, para a embravecer, porquanto o Senhor lhe tinha fechado a madre.

7 E assim o fazia ele de ano em ano; sempre que ela subia à casa do Senhor, a outra assim a irritava; pelo que chorava, e não comia.

8 Então Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está triste o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?

9 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, o sacerdote, estava assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor.

10

Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.

11 E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não subirá navalha.

12 E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli observou a sua boca.

13 Porquanto Ana, no seu coração falava, só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada.

14 E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho.

15 Porém Ana respondeu, e disse: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte bebi; porém derramei a minha alma perante o Senhor.

16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora.

17 Então respondeu Eli, e disse: Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste.

18 E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim, a mulher se foi pelo seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.

19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor, e retornaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana conheceu Ana, sua mulher, e o Senhor se lembrou dela.

20

E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, e chamou o seu nome Samuel; porque, dizia ela, eu o pedi ao Senhor.

21 E subiu aquele homem Elcana com toda a sua casa, para oferecer ao Senhor o sacrifício anual e para cumprir o seu voto.

22 Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre.

23 E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer aos teus olhos, fica até que o desmames; tão somente confirme o Senhor a sua palavra. Assim, ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou.

24 E havendo-o desmamado, o levou consigo, com três bezerros, e um efa de farinha, e um odre de vinho, e o levou à casa do Senhor, a Siló, e era o menino ainda muito criança.

25 E mataram um bezerro, e assim levaram o menino a Eli.

26 E disse ela: Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao Senhor.

27 Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido.

28 Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao Senhor foi pedido. E ele adorou ali ao Senhor.

Capítulo 2

Ana canta louvores ao Senhor — Samuel ministra diante do Senhor — Eli abençoa Elcana e Ana, e eles têm filhos e filhas — Os filhos de Eli rejeitam o Senhor e levam uma vida iníqua — O Senhor rejeita a casa de Eli.

1

Então orou Ana, e disse: O meu coração exulta ao Senhor, o meu poder está exaltado no Senhor; a minha boca se alargou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.

2 Não santo como o Senhor; porque não outro além de ti; e rocha nenhuma como o nosso Deus.

3 Não faleis mais palavras tão altivas, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o Senhor é o Deus de conhecimento, e por ele são as ações pesadas na balança.

4 O arco dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força.

5 Os fartos se assalariaram por pão, e os famintos cessaram; até a estéril deu à luz sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu.

6 O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela.

7 O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.

8 Levanta o pobre do pó, e desde o esterco exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para os fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo.

9 Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.

10

Os que contendem com o Senhor serão quebrantados, desde os céus trovejará sobre eles; o Senhor julgará as extremidades da terra e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.

11 Então Elcana foi-se a Ramá, à sua casa; porém o menino ficou servindo ao Senhor, perante o sacerdote Eli.

12 Porém, os filhos de Eli eram filhos de Belial; não conheciam ao Senhor.

13 Porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício, vinha o moço do sacerdote, quando se cozia a carne, com um garfo de três dentes em sua mão;

14 E enfiava-o na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na caçarola; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si. Assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló.

15 Também antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que oferecia sacrifício: Dá essa carne ao sacerdote para assar; porque não tomará de ti carne cozida, mas sim crua.

16 E dizendo-lhe o homem: Queime primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora hás de dá-la a mim; e se não, por força a tomarei.

17 Era, pois, muito grande o pecado desses jovens perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.

18 Porém Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de linho.

19 E sua mãe lhe fazia uma túnica pequena, e de ano em ano lha levava, quando com seu marido subia para oferecer o sacrifício anual.

20

E Eli abençoava Elcana e sua mulher, e dizia: O Senhor te dê semente desta mulher, pela petição que fez ao Senhor. E voltavam para o seu lugar.

21 E o Senhor visitou Ana, e ela concebeu, e deu à luz três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia diante do Senhor.

22 Era, porém, Eli muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação.

23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Porque ouço de todo este povo os vossos maus atos.

24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor.

25 Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele? Mas não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar.

26 E o jovem Samuel ia crescendo, e fazia-se agradável, assim para com o Senhor como também para com os homens.

27 E veio um homem de Deus a Eli, e disse-lhe: Assim diz o Senhor: Não me manifestei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda no Egito, na casa de Faraó?

28 E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser meu sacerdote, para subir ao meu altar, para acender o incenso, e para trazer o éfode perante mim, e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel.

29 Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta de manjares, que ordenei na minha morada, e honras teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes com o principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?

30

Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha dito eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.

31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai, para que não haja mais velho algum em tua casa.

32 E verás um rival na morada de Deus, em todo o bem que haverá de fazer a Israel; nem haverá por todos os dias velho algum em tua casa.

33 O homem, porém, que eu não desarraigar do meu altar será para te consumir os olhos e para te entristecer a alma; e toda a multidão da tua casa morrerá quando chegar à idade varonil.

34 E isto te será por sinal, a saber: o que sobrevirá a teus dois filhos, a Hofni e a Fineias; ambos morrerão no mesmo dia.

35 E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do meu ungido.

36 E acontecerá que todo aquele que restar da tua casa virá para inclinar-se diante dele por uma moeda de prata e por um bocado de pão, e dirá: Rogo-te que me admitas a algum ministério sacerdotal, para que possa comer um pedaço de pão.

Capítulo 3

O Senhor chama Samuel — A casa de Eli não será purificada por sacrifícios e ofertas — Samuel é reconhecido como profeta por todo o Israel — O Senhor aparece a ele.

1

E o jovem Samuel servia ao Senhor perante Eli; e a palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta.

2 E sucedeu naquele dia que, estando Eli deitado no seu lugar (e os seus olhos começavam a escurecer, e não podia ver),

3 E estando também Samuel deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor, em que estava a arca de Deus,

4 O Senhor chamou Samuel, e disse ele: Eis-me aqui.

5 E correu a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei eu, torna a deitar-te. E foi e se deitou.

6 E o Senhor tornou a chamar outra vez Samuel, e Samuel se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei eu, filho meu, torna a deitar-te.

7 Porém Samuel ainda não conhecia ao Senhor, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor.

8 O Senhor, pois, tornou a chamar Samuel pela terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então entendeu Eli que o Senhor chamava o jovem.

9 Pelo que Eli disse a Samuel: Vai deitar-te, e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Então Samuel foi e se deitou no seu lugar.

10

Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.

11 E disse o Senhor a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que ouvir lhe tinirão ambas as orelhas.

12 Naquele mesmo dia suscitarei contra Eli tudo quanto falei contra a sua casa; começá-lo-ei e acabá-lo-ei.

13 Porque lhe fiz saber que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu.

14 Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais será expiada a iniquidade da casa de Eli, nem com sacrifício nem com oferta de manjares.

15 E Samuel ficou deitado até pela manhã, e então abriu as portas da casa do Senhor; porém temia Samuel relatar essa visão a Eli.

16 Então Eli chamou Samuel, e disse: Samuel, meu filho. E disse ele: Eis-me aqui.

17 E ele disse: Que foi que ele te falou? Peço-te que não mo encubras; assim Deus te faça, e outro tanto, se me encobrires alguma palavra de todas as palavras que te falou.

18 Então Samuel lhe contou tudo, e nada lhe encobriu. E disse: Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos.

19 E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra.

20

E todo o Israel, desde Dã até Berseba, soube que Samuel fora confirmado como profeta do Senhor.

21 E continuou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se manifestava a Samuel em Siló pela palavra do Senhor.

Capítulo 4

Os israelitas são feridos e derrotados pelos filisteus, que também capturam a arca de Deus — Os filhos de Eli são mortos, ele morre em um acidente, e sua nora morre ao dar à luz.

1

E veio a palavra de Samuel a todo o Israel; e Israel saiu ao encontro dos filisteus para pelejar, e se acamparam junto a Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeque.

2 E os filisteus se dispuseram em ordem de batalha, para sair ao encontro de Israel; e estendendo-se a peleja, Israel foi derrotado diante dos filisteus, porque mataram na batalha, no campo, uns quatro mil homens.

3 E retornando o povo ao acampamento, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos a arca da aliança do Senhor de Siló, e venha para o meio de nós, para que nos livre da mão de nossos inimigos.

4 E o povo enviou homens a Siló, e trouxeram de lá a arca da aliança do Senhor dos Exércitos, que habita entre os querubins; e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, estavam ali com a arca da aliança de Deus.

5 E sucedeu que, chegando a arca da aliança do Senhor ao acampamento, todo o Israel jubilou com grande júbilo, até que a terra estremeceu.

6 E os filisteus, ouvindo a voz do júbilo, disseram: Que voz de tão grande júbilo é esta no acampamento dos hebreus? Então souberam que a arca do Senhor havia chegado ao acampamento.

7 Pelo que os filisteus se atemorizaram, porque diziam: Deus veio ao acampamento. E diziam mais: Ai de nós! Pois tal coisa nunca jamais sucedeu antes.

8 Ai de nós! Quem nos livrará da mão destes grandiosos deuses? Estes são os deuses que feriram os egípcios com todas as pragas junto ao deserto.

9 Sede fortes, e sede homens, ó filisteus, para que porventura não venhais a servir aos hebreus, como eles serviram a vós; sede, pois, homens, e pelejai.

10

Então pelejaram os filisteus, e Israel foi ferido, e fugiu cada um para a sua tenda; e foi tão grande o estrago, que caíram de Israel trinta mil homens a pé.

11 E a arca de Deus foi tomada; e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, morreram.

12 Então correu da batalha um homem de Benjamim, e chegou no mesmo dia a Siló; e trazia as vestes rotas, e terra sobre a cabeça.

13 E chegando ele, eis que Eli estava assentado sobre uma cadeira, vigiando ao pé do caminho; porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de Deus. Entrando, pois, aquele homem a anunciar isto na cidade, toda a cidade gritou.

14 E Eli, ouvindo a voz do grito, disse: Que voz de alvoroço é essa? Então chegou aquele homem com grande pressa, e foi, e o anunciou a Eli.

15 E era Eli da idade de noventa e oito anos; e estavam os seus olhos tão escurecidos, que não podia ver.

16 E disse aquele homem a Eli: Eu sou o que venho da batalha, porque eu fugi hoje da batalha. E disse ele: Que coisa sucedeu, filho meu?

17 Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante dos filisteus, e houve também grande matança entre o povo; e além disso, também teus dois filhos, Hofni e Fineias, morreram, e a arca de Deus foi tomada.

18 E sucedeu que, fazendo ele menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, do lado da porta, e quebrou-se-lhe o pescoço e morreu; porquanto o homem era velho e pesado; e tinha ele julgado Israel quarenta anos.

19 E estando sua nora, a mulher de Fineias, grávida, e próxima ao parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus fora tomada, e de que seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e deu à luz; porquanto as dores lhe sobrevieram.

20

E na hora em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com ela: Não temas, pois deste à luz um filho. Ela porém não respondeu, nem fez caso disso.

21 E chamou o menino de Icabode, dizendo: Foi-se a glória de Israel. Porquanto a arca de Deus foi levada presa, e por causa de seu sogro e de seu marido.

22 E disse: Foi-se a glória de Israel, pois a arca de Deus foi tomada.

Capítulo 5

Os filisteus colocam a arca na casa de Dagom, seu deus — Os filisteus de Asdode, em seguida os de Gate e depois os de Ecrom são feridos com uma praga e mortos, porque a arca estava com eles.

1

Os filisteus, pois, tomaram a arca de Deus e a levaram de Ebenézer a Asdode.

2 E tomaram os filisteus a arca de Deus, e a colocaram na casa de Dagom, e a puseram junto a Dagom.

3 Levantando-se, porém, de madrugada os de Asdode, no dia seguinte, eis que Dagom estava caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e tomaram Dagom, e tornaram a pô-lo no seu lugar.

4 E levantando-se de madrugada no dia seguinte, eis que Dagom jazia caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e a cabeça de Dagom e ambas as palmas das suas mãos cortadas sobre o limiar; somente o tronco ficou a Dagom.

5 Pelo que nem os sacerdotes de Dagom, nem nenhum de todos os que entram na casa de Dagom pisam o limiar de Dagom em Asdode, até o dia de hoje.

6 Porém a mão do Senhor se agravou sobre os de Asdode, e os assolou; e os feriu com hemorroidas, a Asdode e aos seus termos.

7 Vendo então os homens de Asdode que assim foi, disseram: Não fique conosco a arca do Deus de Israel; pois a sua mão é dura sobre nós, e sobre Dagom, nosso deus.

8 Pelo que enviaram mensageiros e congregaram a si todos os príncipes dos filisteus, e disseram: Que faremos nós da arca do Deus de Israel? E responderam: A arca do Deus de Israel seja levada a Gate. Assim, levaram a arca do Deus de Israel para lá.

9 E sucedeu que, desde que a levaram para lá, a mão do Senhor veio contra aquela cidade, com muito grande vexame; pois feriu os homens daquela cidade, desde o pequeno até o grande; e nasceram-lhes hemorroidas.

10

Então enviaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu, porém, que, chegando a arca de Deus a Ecrom, os de Ecrom exclamaram, dizendo: Trouxeram-nos a arca do Deus de Israel, para nos matarem, a nós e ao nosso povo.

11 E enviaram mensageiros, e congregaram todos os príncipes dos filisteus, e disseram: Levai embora a arca do Deus de Israel, e retorne para o seu lugar, para que não mate nem a nós nem ao nosso povo. Porque havia mortal vexação em toda a cidade, e a mão de Deus muito pesara ali.

12 E os homens que não morriam eram tão feridos com hemorroidas que o clamor da cidade subia até o céu.

Capítulo 6

Os filisteus enviam a arca de volta com uma oferta — O Senhor fere e mata os israelitas de Bete-Semes que olham para dentro da arca.

1

Havendo, pois, estado a arca do Senhor na terra dos filisteus sete meses,

2 Os filisteus chamaram os sacerdotes e os adivinhos, dizendo: Que faremos nós da arca do Senhor? Fazei-nos saber como a tornaremos a enviar ao seu lugar.

3 Os quais disseram: Se enviardes a arca do Deus de Israel, não a envieis vazia, porém sem falta lhe enviareis uma oferta pela culpa; então sereis curados, e se vos fará saber por que a sua mão não se retira de vós.

4 Então disseram: Qual é a oferta pela culpa que lhe havemos de render? E disseram: Segundo o número dos príncipes dos filisteus, cinco hemorroidas de ouro e cinco ratos de ouro, porquanto a praga é uma mesma sobre todos vós e sobre todos os vossos príncipes.

5 Fazei, pois, imagens das vossas hemorroidas e imagens dos vossos ratos, que andam destruindo a terra, e dai glória ao Deus de Israel; porventura aliviará a sua mão de cima de vós, e de cima do vosso deus, e de cima da vossa terra.

6 Por que, pois, endurecereis o vosso coração, como os egípcios e Faraó endureceram o seu coração? Porventura depois de os haver tratado tão mal, não os deixaram ir, e eles não se foram?

7 Agora, pois, fazei um carro novo, e tomai duas vacas com crias, sobre as quais não tenha subido o jugo, e atai as vacas ao carro, e levai os seus bezerros após elas para casa.

8 Então tomai a arca do Senhor, e ponde-a sobre o carro, e colocai num cofre, ao seu lado, as figuras de ouro que lhe haveis de render como oferta pela culpa, e assim a enviareis, para que se vá.

9 Vede então: Se subir pelo caminho do seu termo a Bete-Semes, foi ele quem nos fez este grande mal; e se não, saberemos que não nos tocou a sua mão, e que isto nos sucedeu por acaso.

10

E assim fizeram aqueles homens, e tomaram duas vacas com crias, e as ataram ao carro; e os seus bezerros encerraram em casa.

11 E puseram a arca do Senhor sobre o carro, como também o cofre com os ratos de ouro e com as imagens das suas hemorroidas.

12 Então as vacas se encaminharam diretamente pelo caminho de Bete-Semes, e seguiam um mesmo caminho, andando e mugindo, sem se desviarem nem para a direita nem para a esquerda; e os príncipes dos filisteus foram atrás delas, até o termo de Bete-Semes.

13 E andavam os de Bete-Semes ceifando a ceifa do trigo no vale e, levantando os seus olhos, viram a arca e, vendo-a, se alegraram.

14 E o carro chegou ao campo de Josué, o bete-semita, e parou ali; e ali estava uma grande pedra; e fenderam a madeira do carro, e ofereceram as vacas ao Senhor em holocausto.

15 E os levitas desceram a arca do Senhor, como também o cofre que estava junto a ela, em que estavam as obras de ouro, e puseram-nos sobre aquela grande pedra; e os homens de Bete-Semes ofereceram holocaustos, e ofereceram sacrifícios ao Senhor no mesmo dia.

16 E vendo aquilo os cinco príncipes dos filisteus, voltaram para Ecrom no mesmo dia.

17 Estas, pois, são as hemorroidas de ouro que enviaram os filisteus ao Senhor como oferta pela culpa: por Asdode, uma; por Gaza, outra; por Ascalom, outra; por Gate, outra; por Ecrom, outra.

18 Como também os ratos de ouro, segundo o número de todas as cidades dos filisteus, pertencentes aos cinco príncipes, desde as cidades fortificadas até as aldeias, e até Abel, a grande pedra sobre a qual puseram a arca do Senhor, que ainda está até o dia de hoje no campo de Josué, o bete-semita.

19 E feriu o Senhor os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor, até matar do povo cinquenta mil e setenta homens; então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande matança entre o povo.

20

Então disseram os homens de Bete-Semes: Quem poderia estar em pé perante o Senhor, este Deus santo? E a quem subirá desde nós?

21 Enviaram, pois, mensageiros aos habitantes de Quiriate-Jearim, dizendo: Os filisteus devolveram a arca do Senhor; descei, pois, e fazei-a subir para vós.

Capítulo 7

Samuel exorta Israel a abandonar os astarotes e baalins e a servir ao Senhor — Israel jejua e busca o Senhor — Os filisteus são subjugados — Samuel julga Israel.

1

Então foram os homens de Quiriate-Jearim, e fizeram subir a arca do Senhor, e a levaram à casa de Abinadabe no outeiro; e consagraram Eleazar, seu filho, para que guardasse a arca do Senhor.

2 E sucedeu que, desde aquele dia, a arca ficou em Quiriate-Jearim, e tantos dias se passaram que até chegaram a vinte anos, e lamentava toda a casa de Israel após o Senhor.

3 Então falou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se com todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao Senhor, e só a ele servi, e vos livrará da mão dos filisteus.

4 Então os filhos de Israel tiraram dentre si os baalins e os astarotes, e serviram só ao Senhor.

5 Disse mais Samuel: Congregai todo o Israel em Mizpá, e orarei por vós ao Senhor.

6 E congregaram-se em Mizpá, e tiraram água, e a derramaram perante o Senhor, e jejuaram aquele dia, e disseram ali: Pecamos contra o Senhor. E julgava Samuel os filhos de Israel em Mizpá.

7 Ouvindo, pois, os filisteus que os filhos de Israel estavam congregados em Mizpá, subiram os príncipes dos filisteus contra Israel; o que ouvindo os filhos de Israel, temeram por causa dos filisteus.

8 Pelo que disseram os filhos de Israel a Samuel: Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus por nós, para que nos livre da mão dos filisteus.

9 Então tomou Samuel um cordeiro que ainda mamava, e sacrificou-o inteiro em holocausto ao Senhor; e clamou Samuel ao Senhor por Israel, e o Senhor lhe deu ouvidos.

10

E sucedeu que, enquanto Samuel sacrificava o holocausto, os filisteus chegaram para pelejar contra Israel; e trovejou o Senhor aquele dia com grande trovoada sobre os filisteus, e os aterrorizou de tal modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel.

11 E os homens de Israel saíram de Mizpá, e perseguiram os filisteus, e os derrotaram até o lugar que fica abaixo de Bete-Car.

12 Então tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e chamou o seu nome Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor.

13 Assim, os filisteus foram abatidos, e nunca mais voltaram aos termos de Israel, porquanto foi a mão do Senhor contra os filisteus todos os dias de Samuel.

14 E as cidades que os filisteus tinham tomado de Israel foram restituídas a Israel, desde Ecrom até Gate, e até os seus termos Israel arrebatou da mão dos filisteus; e houve paz entre Israel e os amorreus.

15 E Samuel julgou Israel todos os dias da sua vida.

16 E ia de ano em ano, e circulava por Betel, e Gilgal, e Mizpá, e julgava Israel em todos aqueles lugares.

17 Porém voltava a Ramá, porque estava ali a sua casa, e ali julgava Israel; e edificou ali um altar ao Senhor.

Capítulo 8

Os filhos de Samuel aceitam suborno e pervertem a justiça — Os israelitas desejam um rei para governá-los — Samuel adverte sobre a natureza e os males do governo de reis — O Senhor consente em dar-lhes um rei.

1

E sucedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel.

2 E era o nome do seu filho primogênito Joel, e o nome do seu segundo, Abias; e foram juízes em Berseba.

3 Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à ganância, e aceitaram suborno, e perverteram o juízo.

4 Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e foram a Samuel, a Ramá,

5 E disseram-lhe: Eis que estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.

6 Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor.

7 E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disserem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado para eu não reinar sobre eles.

8 Conforme todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até o dia de hoje, e a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também o fazem a ti.

9 Agora, pois, dá ouvidos à sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes qual será o proceder do rei que houver de reinar sobre eles.

10

E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei.

11 E disse: Este será o proceder do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos, e os empregará para os seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros.

12 E os porá por capitães de mil e por capitães de cinquenta; e para que lavrem a sua lavoura, e ceifem a sua ceifa, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.

13 E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.

14 E ele tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus criados.

15 E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus eunucos, e aos seus criados.

16 Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.

17 Tomará o dízimo do vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados.

18 Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia.

19 Porém o povo não quis dar ouvidos à voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei.

20

E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras.

21 Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as falou perante os ouvidos do Senhor.

22 Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos filhos de Israel: Volte cada um à sua cidade.

Capítulo 9

Saul, filho de Quis, benjamita, é um jovem excelente e formoso — Mandam-no buscar as jumentas de seu pai — O Senhor revela a Samuel, o vidente, que Saul há de ser rei — Saul visita Samuel e é recebido por ele.

1

E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, filho de um homem de Benjamim, homem valoroso.

2 Esse tinha um filho, cujo nome era Saul, jovem, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.

3 E perderam-se as jumentas de Quis, pai de Saul; pelo que disse Quis a Saul, seu filho: Toma agora contigo um dos moços, e levanta-te e vai buscar as jumentas.

4 Passaram, pois, pela montanha de Efraim, e dali passaram à terra de Salisa, porém não as acharam; depois passaram à terra de Saalim, porém tampouco estavam ali; também passaram à terra de Benjamim, porém tampouco as acharam.

5 Chegando eles então à terra de Zufe, Saul disse para o seu moço, com quem ele ia: Vem, e voltemos; para que porventura meu pai não deixe de inquietar-se pelas jumentas e se aflija por causa de nós.

6 Porém ele lhe disse: Eis que nesta cidade um homem de Deus, e homem honrado é; tudo quanto diz sucede assim infalivelmente; vamos agora lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir.

7 Então Saul disse ao seu moço: Eis, porém, se lá formos, que levaremos então àquele homem? Porque o pão de nossos alforjes se acabou, e presente nenhum temos para levar ao homem de Deus; que temos?

8 E o moço tornou a responder a Saul, e disse: Eis que ainda se acha na minha mão um quarto de um siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho.

9 (Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje antigamente se chamava vidente.)

10

Então disse Saul ao moço: Bem dizes, vem, pois, vamos. E foram à cidade onde estava o homem de Deus.

11 E subindo eles pela subida da cidade, acharam umas moças que saíam para tirar água; e disseram-lhes: Está aqui o vidente?

12 E elas lhes responderam, e disseram: Sim, ei-lo, aqui o tens diante de ti; apressa-te, pois, porque hoje veio à cidade; porquanto o povo tem hoje sacrifício no alto.

13 Entrando vós na cidade, logo o achareis, antes que suba ao alto para comer; porque o povo não comerá até que ele venha; porque ele é o que abençoa o sacrifício, e depois comem os convidados; subi, pois, agora, porque hoje o achareis.

14 Subiram, pois, à cidade; e chegando eles ao meio da cidade, eis que Samuel lhes saiu ao encontro, para subir ao alto.

15 Porque o Senhor o revelara aos ouvidos de Samuel, um dia antes que Saul chegasse, dizendo:

16 Amanhã a estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por capitão sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo da mão dos filisteus; porque tenho olhado para o meu povo; porque o seu clamor chegou a mim.

17 E quando Samuel viu Saul, o Senhor lhe respondeu: Eis aqui o homem de quem já te falei. Este dominará o meu povo.

18 E Saul se chegou a Samuel no meio da porta, e disse: Mostra-me, peço-te, onde é a casa do vidente.

19 E Samuel respondeu a Saul, e disse: Eu sou o vidente; sobe diante de mim ao alto, e comei hoje comigo; e pela manhã te despedirei, e tudo quanto está no teu coração, to declararei.

20

E quanto às jumentas que três dias se te perderam, não ocupes o teu coração com elas, porque foram encontradas. E para quem é todo o desejo de Israel? Porventura não é para ti, e para toda a casa de teu pai?

21 Então respondeu Saul, e disse: Porventura não sou eu filho de Benjamim, da menor das tribos de Israel? E a minha família a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que, pois, me falas com semelhantes palavras?

22 Porém Samuel tomou Saul e o seu moço, e os levou à câmara; e deu-lhes lugar acima de todos os convidados, que eram uns trinta homens.

23 Então disse Samuel ao cozinheiro: Dá cá a porção que te dei, de que te disse: Põe-na à parte contigo.

24 Levantou, pois, o cozinheiro a espádua, com o que havia nela, e pô-la diante de Saul, e disse Samuel: Eis que isto é o sobejo; põe-no diante de ti, e come; porque se guardou para ti para esta ocasião, dizendo eu: Convidei o povo. Assim, comeu Saul aquele dia com Samuel.

25 Então desceram do alto para a cidade; e falou com Saul no eirado.

26 E se levantaram de madrugada; e sucedeu que, quase ao subir da alva, Samuel chamou Saul ao eirado, dizendo: Levanta-te, e despedir-te-ei. Levantou-se Saul, e saíram para fora ambos, ele e Samuel.

27 E descendo eles para a extremidade da cidade, Samuel disse a Saul: Dize ao moço que passe adiante de nós (e passou); porém tu espera agora, e te farei ouvir a palavra de Deus.

Capítulo 10

Samuel unge Saul para ser capitão sobre a herdade do Senhor — Samuel manifesta o dom de vidência — Saul profetiza entre os profetas, e o Senhor lhe dá um novo coração — Ele é escolhido como rei em Mizpá.

1

Então tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura não te ungiu o Senhor por capitão sobre a sua herdade?

2 Apartando-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou de preocupar-se com as jumentas, e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho?

3 E quando dali passares mais adiante, e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus, a Betel; um levando três cabritos; o outro, três bolos de pão; e o outro, um odre de vinho.

4 E te perguntarão como estás, e te darão dois pães, que tomarás da sua mão.

5 Então irás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, e trazem consigo saltério, e tambor, e flauta, e harpa; e profetizarão.

6 E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e te tornarás um outro homem.

7 E há de ser que, quando esses sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo.

8 Tu, porém, descerás adiante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocaustos, e para oferecer ofertas pacíficas; ali sete dias esperarás, até que eu vá a ti, e te declare o que hás de fazer.

9 Sucedeu, pois, que, virando ele as costas para apartar-se de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos aqueles sinais aconteceram naquele mesmo dia.

10

E chegando eles ao outeiro, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou dele, e profetizou no meio deles.

11 E aconteceu que, como todos os que dantes o conheciam viram que com os profetas profetizava, então disse o povo, uns aos outros: O que é que sucedeu ao filho de Quis? Está também Saul entre os profetas?

12 Então um homem dali respondeu, e disse: Pois quem é o pai deles? Pelo que se tornou um provérbio: Está também Saul entre os profetas?

13 E acabando de profetizar, foi ao alto.

14 E disse-lhe o tio de Saul, a ele e ao seu moço: Aonde fostes? E disse ele: Buscar as jumentas, e vendo que não apareciam, fomos a Samuel.

15 Então disse o tio de Saul: Declara-me, peço-te: O que vos disse Samuel?

16 E disse Saul a seu tio: Declarou-nos, na verdade, que as jumentas foram encontradas. Porém o assunto do reino, de que Samuel falara, não lhe declarou.

17 Convocou, pois, Samuel o povo ao Senhor em Mizpá.

18 E disse aos filhos de Israel: Assim disse o Senhor Deus de Israel: Eu fiz subir Israel do Egito, e livrei-vos da mão dos egípcios e da mão de todos os reinos que vos oprimiam.

19 Mas vós rejeitastes hoje a vosso Deus, que vos livrou de todos os vossos males e angústias, e lhe dissestes: Põe um rei sobre nós. Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, pelas vossas tribos e pelos vossos milhares.

20

Fazendo, pois, chegar Samuel todas as tribos, tomou-se a tribo de Benjamim.

21 E fazendo chegar a tribo de Benjamim pelas suas famílias, tomou-se a família de Matri; e dela se tomou Saul, filho de Quis; e o buscaram, porém não foi encontrado.

22 Então tornaram a perguntar ao Senhor se aquele homem ainda viria ali. E disse o Senhor: Eis que se escondeu entre a bagagem.

23 E correram, e o tomaram dali, e pôs-se no meio do povo; e era mais alto do que todo o povo desde o ombro para cima.

24 Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já quem o Senhor elegeu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disseram: Viva o rei!

25 E declarou Samuel ao povo o proceder do reino, e escreveu-o num livro, e pô-lo perante o Senhor; então enviou Samuel todo o povo, cada um para sua casa.

26 E foi também Saul à sua casa, a Gibeá; e foram com ele, do exército, aqueles cujo coração Deus tocara.

27 Mas os filhos de Belial disseram: Como este homem nos há de livrar? E o desprezaram, e não lhe levaram presentes; porém ele se fez de surdo.

Capítulo 11

Os amonitas sitiam os israelitas de Jabes-Gileade — Saul os resgata e derrota os amonitas — Seu reinado é renovado em Gilgal.

1

Então subiu Naás, amonita, e sitiou Jabes-Gileade; e disseram todos os homens de Jabes a Naás: Faze aliança conosco, e te serviremos.

2 Porém Naás, amonita, lhes disse: Com esta condição farei aliança convosco: que a todos se vos arranque o olho direito, e assim eu ponha esta afronta sobre todo o Israel.

3 Então os anciãos de Jabes lhe disseram: Deixa-nos por sete dias, para que enviemos mensageiros por todos os termos de Israel, e não havendo ninguém que nos livre, então sairemos a ti.

4 E chegando os mensageiros a Gibeá de Saul, falaram estas palavras aos ouvidos do povo. Então todo o povo levantou a sua voz, e chorou.

5 E eis que Saul vinha do campo, atrás dos bois; e disse Saul: Que tem o povo, que chora? E contaram-lhe as palavras dos homens de Jabes.

6 Então o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras; e acendeu-se sobremaneira a sua ira.

7 E tomou um par de bois, e cortou-os em pedaços, e os enviou a todos os termos de Israel pelas mãos dos mensageiros, dizendo: Qualquer que não seguir Saul e Samuel, assim se fará aos seus bois. Então caiu o temor do Senhor sobre o povo, e saíram como um homem.

8 E contou-os em Bezeque; e houve dos filhos de Israel trezentos mil, e dos homens de Judá trinta mil.

9 Então disseram aos mensageiros que vieram: Assim direis aos homens de Jabes-Gileade: Amanhã, quando o sol aquecer, vos virá livramento. Indo, pois, os mensageiros, e anunciando-o aos homens de Jabes, se alegraram.

10

E os homens de Jabes disseram: Amanhã sairemos a vós; então nos fareis conforme tudo o que parecer bem aos vossos olhos.

11 E sucedeu que no dia seguinte Saul pôs o povo em três companhias, e foram ao meio do acampamento pela vigília da manhã, e atacaram Amom, até que o dia aqueceu; e sucedeu que os restantes se espalharam, e não ficaram dois deles juntos.

12 Então disse o povo a Samuel: Quem é aquele que dizia que Saul não reinaria sobre nós? Dai-nos aqueles homens, e os mataremos.

13 Porém Saul disse: Hoje não morrerá ninguém, pois hoje realizou o Senhor um livramento em Israel.

14 E disse Samuel ao povo: Vinde, vamos nós a Gilgal, e renovemos ali o reino.

15 E todo o povo partiu para Gilgal, e ali fizeram Saul rei perante o Senhor em Gilgal, e ofereceram ali ofertas pacíficas perante o Senhor; e Saul se alegrou muito ali com todos os homens de Israel.

Capítulo 12

Samuel testifica que agiu de modo justo em Israel — Ele reprova o povo por sua ingratidão — Exorta-os a guardar os mandamentos para que o Senhor não destrua a eles e a seu rei.

1

Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que ouvi a vossa voz em tudo quanto me dissestes, e pus sobre vós um rei.

2 Agora, pois, eis que o rei vai diante de vós, e já envelheci e encaneci, e eis que meus filhos estão convosco, e eu tenho andado diante de vós desde a minha mocidade até o dia de hoje.

3 Eis-me aqui, testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido: de quem o boi tomei? e de quem o jumento tomei? e a quem defraudei? e a quem oprimi? e da mão de quem aceitei suborno e com ele encobri os meus olhos? e vo-lo restituirei.

4 Então disseram: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguém.

5 E ele lhes disse: O Senhor seja testemunha contra vós, e o seu ungido seja hoje testemunha, que nada achastes na minha mão. E disse o povo: Seja testemunha.

6 Então disse Samuel ao povo: O Senhor é o que fez Moisés e Aarão, e tirou vossos pais da terra do Egito.

7 Agora, pois, ponde-vos aqui em pé, e pleitearei convosco perante o Senhor, sobre todos os atos de justiça do Senhor, que fez a vós e a vossos pais.

8 Havendo entrado Jacó no Egito, vossos pais clamaram ao Senhor, e o Senhor enviou Moisés e Aarão, que tiraram vossos pais do Egito, e os fizeram habitar neste lugar.

9 Porém esqueceram-se do Senhor seu Deus; então os vendeu na mão de Sísera, capitão do exército de Hazor, e na mão dos filisteus, e na mão do rei dos moabitas, que pelejaram contra eles.

10

E clamaram ao Senhor, e disseram: Pecamos, pois deixamos ao Senhor, e servimos aos baalins e astarotes; agora, pois, livra-nos da mão de nossos inimigos, e te serviremos.

11 E o Senhor enviou Jerubaal, e Bedã, e Jefté, e Samuel; e livrou-vos da mão de vossos inimigos em redor, e habitastes seguros.

12 E vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o Senhor vosso Deus, o vosso Rei.

13 Agora, pois, vedes aí o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o Senhor pôs sobre vós um rei.

14 Se temerdes ao Senhor, e o servirdes, e derdes ouvidos à sua voz, e não fordes rebeldes à palavra do Senhor, então vós, como o rei que reina sobre vós, seguireis o Senhor vosso Deus.

15 Mas se não derdes ouvidos à voz do Senhor, mas antes fordes rebeldes à palavra do Senhor, a mão do Senhor será contra vós, como o era contra vossos pais.

16 Ponde-vos também agora aqui, e vede esta grande coisa que o Senhor vai fazer diante dos vossos olhos.

17 Não é hoje a ceifa do trigo? Clamarei, pois, ao Senhor, e dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade que fizestes perante o Senhor, pedindo para vós um rei.

18 Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor deu trovões e chuva naquele dia; pelo que todo o povo temeu sobremaneira ao Senhor e a Samuel.

19 E todo o povo disse a Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados acrescentamos este mal, de pedirmos para nós um rei.

20

Então disse Samuel ao povo: Não temais; vós cometestes todo esse mal; porém não vos desvieis de seguir ao Senhor, mas servi ao Senhor com todo o vosso coração.

21 E não vos desvieis; pois seguiríeis as vaidades, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão, porque vaidades são.

22 Pois o Senhor não desamparará o seu povo, por causa do seu grande nome, porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.

23 E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito.

24 Tão somente temei ao Senhor, e servi-o fielmente com todo o vosso coração; porque vede quão grandiosas coisas vos fez.

25 Porém, se perseverardes em fazer o mal, perecereis, tanto vós como o vosso rei.

Capítulo 13

Saul oferece um holocausto — O Senhor o rejeita e escolhe outro capitão para seu povo.

1

Um ano tinha estado Saul em seu reinado e o segundo ano reinou sobre Israel.

2 Então Saul escolheu para si três mil de Israel; e estavam com Saul dois mil em Micmás, e na montanha de Betel, e mil estavam com Jônatas em Gibeá de Benjamim; e o restante do povo despediu, cada um para sua casa.

3 E Jônatas matou a guarnição dos filisteus que estava em Gibeá, o que os filisteus ouviram; pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo: Ouçam isso os hebreus.

4 Então todo o Israel ouviu dizer: Saul matou a guarnição dos filisteus, e também Israel se fez abominável aos filisteus. Então o povo foi convocado para junto de Saul, em Gilgal.

5 E os filisteus se ajuntaram para pelejar contra Israel, trinta mil carros, e seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à borda do mar; e subiram, e se acamparam em Micmás, ao oriente de Bete-Áven.

6 Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em apuros (porque o povo estava aflito), o povo se escondeu pelas cavernas, e pelos espinhais, e pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas.

7 E os hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade; e estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo foi atrás dele tremendo.

8 E esperou sete dias, até o tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele.

9 Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto.

10

E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar.

11 Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Vendo que o povo se dispersava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás,

12 Eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e à face do Senhor ainda não orei; e constrangi-me, e ofereci holocausto.

13 Então disse Samuel a Saul: Agiste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre.

14 Porém agora não subsistirá o teu reino; já buscou o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe ordenou o Senhor que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.

15 Então se levantou Samuel, e subiu de Gilgal a Gibeá de Benjamim; e Saul contou o povo que estava com ele, uns seiscentos homens.

16 E Saul e Jônatas, seu filho, e o povo que estava com eles, ficaram em Gibeá de Benjamim; porém os filisteus se acamparam em Micmás.

17 E os saqueadores saíram do campo dos filisteus em três companhias; uma das companhias voltou pelo caminho de Ofra à terra de Sual;

18 Outra companhia voltou pelo caminho de Bete-Horom; e a outra companhia voltou pelo caminho do termo que dá para o vale Zeboim na direção do deserto.

19 E em toda a terra de Israel nenhum ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada nem lança.

20

Pelo que todo o Israel tinha que descer aos filisteus para amolar cada um a sua relha, e a sua enxada, e o seu machado, e o seu sacho.

21 Tinham, porém, limas adentadas para os seus sachos, e para as suas enxadas, e para as forquilhas de três dentes, e para os machados, e para consertar as aguilhadas.

22 E sucedeu que, no dia da peleja, não se achou nem espada nem lança na mão de todo o povo que estava com Saul e com Jônatas; porém acharam-se com Saul e com Jônatas, seu filho.

23 E saiu a guarnição dos filisteus ao passo de Micmás.

Capítulo 14

Jônatas fere a guarnição dos filisteus — Saul instrui o povo a não ingerir alimentos até a tarde — Sem saber do juramento, Jônatas come, e Saul o condena à morte — Jônatas é resgatado pelo povo — Saul aflige seus inimigos em toda parte a seu redor.

1

Sucedeu, pois, que um dia disse Jônatas, filho de Saul, ao moço que lhe levava as armas: Vem, passemos à guarnição dos filisteus, que está lá daquele lado. Porém não o fez saber a seu pai.

2 E estava Saul à extremidade de Gibeá, debaixo da romãzeira que estava em Migrom; e o povo que estava com ele eram uns seiscentos homens.

3 E Aías, filho de Aitube, irmão de Icabode, o filho de Fineias, filho de Eli, sacerdote do Senhor em Siló, levava o éfode; porém o povo não sabia que Jônatas tinha ido.

4 E entre os desfiladeiros pelos quais Jônatas procurava passar à guarnição dos filisteus, deste lado havia uma penha aguda, e do outro lado uma penha aguda; e era o nome de uma Bozez, e o nome da outra, Sené.

5 Uma penha para o norte estava defronte de Micmás, e a outra para o sul defronte de Gibeá.

6 Disse, pois, Jônatas ao moço que lhe levava as armas: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura agirá o Senhor por nós, porque para com o Senhor nenhum impedimento de livrar com muitos ou com poucos.

7 Então o seu pajem de armas lhe disse: Faze tudo o que tens no coração; volta, eis-me aqui contigo conforme o teu coração.

8 Disse pois Jônatas: Eis que passaremos àqueles homens, e nos revelaremos a eles.

9 Se nos disserem assim: Parai até que cheguemos a vós; então ficaremos no nosso lugar, e não subiremos a eles.

10

Porém, dizendo assim: Subi a nós; então subiremos, pois o Senhor os entregou na nossa mão, e isso nos será por sinal.

11 Revelando-se ambos, pois, à guarnição dos filisteus, disseram os filisteus: Eis que os hebreus saíram das cavernas em que se tinham escondido.

12 E os homens da guarnição responderam a Jônatas e ao seu pajem de armas, e disseram: Subi a nós, e nós vos ensinaremos uma lição. E disse Jônatas ao seu pajem de armas: Sobe atrás de mim, porque o Senhor os entregou na mão de Israel.

13 Então subiu Jônatas com os pés e com as mãos, e o seu pajem de armas atrás dele; e eles caíram diante de Jônatas, e o seu pajem de armas os matava atrás dele.

14 E sucedeu esta primeira matança, em que Jônatas e o seu pajem de armas mataram uns vinte homens, em cerca de meia jeira de terra que uma junta de bois podia lavrar.

15 E houve tremor no acampamento, no campo e em todo o povo; também a mesma guarnição e os saqueadores tremeram, e até a terra estremeceu, porquanto era tremor de Deus.

16 Olharam, pois, as sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim, e eis que a multidão se dispersava, e fugia para cá e para lá.

17 Disse então Saul ao povo que estava com ele: Ora, contai, e vede quem é que saiu dentre nós. E contaram, e eis que nem Jônatas nem o seu pajem de armas estavam ali.

18 Então Saul disse a Aías: Traze aqui a arca de Deus (porque naquele dia estava a arca de Deus com os filhos de Israel).

19 E sucedeu que, enquanto Saul ainda falava com o sacerdote, o alvoroço que havia no acampamento dos filisteus ia crescendo muito, e se multiplicava, pelo que disse Saul ao sacerdote: Retira a tua mão.

20

Então Saul e todo o povo que havia com ele se reuniram, e foram à peleja; e eis que a espada de um era contra o outro, e houve muito grande tumulto.

21 Também com os filisteus havia hebreus, como dantes, que subiram com eles ao acampamento em redor; e também estes se ajuntaram com os israelitas que estavam com Saul e Jônatas.

22 Ouvindo, pois, todos os homens de Israel que se esconderam pela montanha de Efraim que os filisteus fugiam, eles também os perseguiram de perto na peleja.

23 Assim, o Senhor livrou Israel naquele dia; e o acampamento passou a Bete-Áven.

24 E estavam os homens de Israel já exaustos naquele dia, porquanto Saul conjurou o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão até a tarde, para que me vingue de meus inimigos. Pelo que todo o povo se absteve de provar pão.

25 E todos da terra chegaram a um bosque; e havia mel na superfície do campo.

26 E chegando o povo ao bosque, eis que havia um manancial de mel; porém ninguém chegou a mão à boca, porque o povo temia a conjuração.

27 Porém Jônatas não tinha ouvido quando seu pai conjurara o povo, e estendeu a ponta da vara que tinha na mão, e a molhou no favo de mel; e levando a mão à boca, aclararam-se os seus olhos.

28 Então respondeu um do povo, e disse: Solenemente conjurou teu pai o povo, dizendo: Maldito o homem que comer hoje pão. Pelo que o povo desfalecia.

29 Então disse Jônatas: Meu pai turbou a terra; ora, vede como se me aclararam os olhos por ter provado um pouco deste mel,

30

Quanto mais se o povo hoje livremente tivesse comido do despojo que achou de seus inimigos. Porém agora não foi tão grande a matança dos filisteus.

31 E eles derrotaram aquele dia os filisteus, desde Micmás até Aijalom, e o povo desfaleceu em extremo.

32 Então o povo se lançou ao despojo, e tomaram ovelhas, e vacas, e bezerros, e os mataram no chão; e o povo os comeu com sangue.

33 E o anunciaram a Saul, dizendo: Eis que o povo peca contra o Senhor, comendo com sangue. E disse ele: Traiçoeiramente agistes; revolvei-me hoje uma grande pedra.

34 Disse mais Saul: Espalhai-vos entre o povo, e dizei-lhes: Trazei-me cada um o seu boi, e cada um a sua ovelha, e matai-os aqui, e comei, e não pequeis contra o Senhor, comendo com sangue. Então todo o povo trouxe de noite, cada um pela sua mão, o seu boi, e os mataram ali.

35 Então edificou Saul um altar ao Senhor; este foi o primeiro altar que edificou ao Senhor.

36 Depois disse Saul: Desçamos de noite atrás dos filisteus, e despojemo-los, até a luz da manhã, e não deixemos restar nenhum deles. E disseram: Tudo o que parecer bem aos teus olhos faze. Disse, porém, o sacerdote: Cheguemo-nos aqui a Deus.

37 Então consultou Saul a Deus, dizendo: Descerei atrás dos filisteus? Entregá-los-ás na mão de Israel? Porém aquele dia não lhe respondeu.

38 Então disse Saul: Chegai-vos para cá, todos os chefes do povo, e informai-vos, e vede em que se cometeu hoje este pecado;

39 Porque vive o Senhor que salva Israel que, ainda que seja em meu filho Jônatas, certamente morrerá. E nenhum de todo o povo lhe respondeu.

40

Disse mais a todo o Israel: Vós estareis de um lado, e eu e meu filho Jônatas estaremos do outro lado. Então disse o povo a Saul: Faze o que parecer bem aos teus olhos.

41 Falou, pois, Saul ao Senhor Deus de Israel: Mostra o inocente. Então Jônatas e Saul foram tomados por sorte, e o povo saiu livre.

42 Então disse Saul: Lançai a sorte entre mim e Jônatas, meu filho. E foi tomado Jônatas.

43 Disse então Saul a Jônatas: Declara-me o que fizeste. E Jônatas lho declarou, e disse: Tão somente provei um pouco de mel com a ponta da vara que tinha na mão; eis que devo morrer.

44 Então disse Saul: Assim me faça Deus, e outro tanto, que com certeza morrerás, Jônatas.

45 Porém o povo disse a Saul: Morrerá Jônatas, que realizou tão grande salvação em Israel? Nunca tal suceda; vive o Senhor, que não lhe há de cair no chão um só cabelo da sua cabeça! Pois com Deus fez isso hoje. Assim, o povo livrou Jônatas, para que não morresse.

46 E Saul deixou de seguir os filisteus; e os filisteus se foram ao seu lugar.

47 Então tomou Saul o reino sobre Israel; e pelejou contra todos os seus inimigos em redor; contra Moabe, e contra os filhos de Amom, e contra Edom, e contra os reis de Zobá, e contra os filisteus, e para onde quer que se tornava executava castigos.

48 E portou-se valorosamente, e derrotou os amalequitas, e libertou Israel da mão dos que o saqueavam.

49 E os filhos de Saul eram Jônatas, e Isvi, e Malquisua; e os nomes de suas duas filhas eram estes: o nome da mais velha, Merabe, e o nome da mais nova, Mical.

50

E o nome da mulher de Saul, Ainoã, filha de Aimaás; e o nome do capitão do exército, Abner, filho de Ner, tio de Saul.

51 E Quis, pai de Saul, e Ner, pai de Abner, eram filhos de Abiel.

52 E houve uma forte guerra contra os filisteus, todos os dias de Saul, pelo que Saul agregava a si todos os homens valentes e valorosos que via.

Capítulo 15

Ordena-se que Saul ataque e destrua os amalequitas e tudo o que eles possuem — Ele poupa alguns animais para sacrifícios — Saul é rejeitado como rei, sendo-lhe dito que obedecer é melhor do que sacrificar — Samuel destrói Agague.

1

Então disse Samuel a Saul: Enviou-me o Senhor para ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora a voz das palavras do Senhor.

2 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito.

3 Vai, pois, agora e ataca Amaleque; e destrói totalmente tudo o que tiver, e não o poupes; porém matarás desde o homem até a mulher, desde os meninos até os que mamam, desde os bois até as ovelhas, e desde os camelos até os jumentos.

4 E Saul convocou o povo, e os contou em Telaim, duzentos mil homens a pé, e dez mil homens de Judá.

5 Chegando, pois, Saul à cidade de Amaleque, pôs emboscada no vale.

6 E disse Saul aos queneus: Ide-vos, retirai-vos e saí do meio dos amalequitas, para que não vos destrua juntamente com eles, porque vós usastes de misericórdia com todos os filhos de Israel, quando subiram do Egito. Assim, os queneus se retiraram do meio dos amalequitas.

7 Então Saul derrotou os amalequitas desde Havilá até chegar a Sur, que está defronte do Egito.

8 E tomou vivo Agague, rei dos amalequitas; porém destruiu todo o povo ao fio da espada.

9 E Saul e o povo pouparam Agague, e o melhor das ovelhas e das vacas, e as da segunda ordem, e os cordeiros e o melhor que havia, e não os quiseram destruir totalmente; porém toda coisa vil e desprezível destruíram totalmente.

10

Então veio a palavra do Senhor a Samuel, dizendo:

11 Arrependo-me de haver posto Saul como rei; porquanto deixou de seguir-me, e não executou as minhas palavras. Então Samuel se contristou, e toda a noite clamou ao Senhor.

12 E madrugou Samuel para encontrar Saul pela manhã; e anunciou-se a Samuel, dizendo: Já chegou Saul ao Carmelo, e eis que levantou para si uma coluna. Então deu volta, e passou e desceu a Gilgal.

13 Foi, pois, Samuel a Saul; e Saul lhe disse: Bendito sejas tu do Senhor; executei a palavra do Senhor.

14 Então disse Samuel: Que balido de ovelhas, pois, é este nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que ouço?

15 E disse Saul: De Amaleque as trouxeram; porque o povo poupou o melhor das ovelhas e das vacas, para as oferecer ao Senhor teu Deus; o resto, porém, destruímos totalmente.

16 Então disse Samuel a Saul: Espera, e te declararei o que o Senhor me disse esta noite. E ele disse-lhe: Fala.

17 E disse Samuel: Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não foste feito cabeça das tribos de Israel? E o Senhor te ungiu rei sobre Israel.

18 E enviou-te o Senhor a este caminho, e disse: Vai, e destrói totalmente estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até que os aniquiles.

19 Por que, pois, não deste ouvidos à voz do Senhor, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que parecia mal aos olhos do Senhor?

20

Então disse Saul a Samuel: Eu dei ouvidos à voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente;

21 Mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do anátema, para oferecer ao Senhor teu Deus em Gilgal.

22 Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender é melhor do que a gordura de carneiros.

23 Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.

24 Então disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto transgredi o mandamento do Senhor e as tuas palavras; porque temi o povo, e dei ouvidos à sua voz.

25 Agora, pois, rogo-te, perdoa-me o meu pecado, e volta comigo, para que eu adore ao Senhor.

26 Porém Samuel disse a Saul: Não voltarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, já te rejeitou o Senhor, para que não sejas rei sobre Israel.

27 E virando-se Samuel para se ir, ele lhe pegou pela borda da capa, e a rasgou.

28 Então Samuel lhe disse: O Senhor rasgou de ti hoje o reino de Israel, e o deu ao teu próximo, que é melhor do que tu.

29 E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa.

30

Disse ele então: Pequei; honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo, e diante de Israel; e volta comigo, para que eu adore ao Senhor teu Deus.

31 Então Samuel voltou com Saul, e Saul adorou ao Senhor.

32 Então disse Samuel: Trazei-me aqui Agague, rei dos amalequitas. E Agague foi a ele melindrosamente; e disse Agague: Na verdade já passou a amargura da morte.

33 Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou as mulheres, assim ficará desfilhada a tua mãe entre as mulheres. Então Samuel despedaçou Agague perante o Senhor em Gilgal.

34 Então Samuel foi a Ramá, e Saul subiu à sua casa, a Gibeá de Saul.

35 E nunca mais Samuel viu Saul até o dia da sua morte; porque Samuel teve dó de Saul. E o Senhor se arrependeu de haver posto Saul como rei sobre Israel.

Capítulo 16

O Senhor escolhe Davi de Belém como rei — Ele é ungido por Samuel — Saul escolhe Davi como seu acompanhante e pajem de armas.

1

Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vai, enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque dentre os seus filhos me provi de um rei.

2 Porém disse Samuel: Como irei eu? Pois, ouvindo-o Saul, me matará. Então disse o Senhor: Toma em tuas mãos uma bezerra das vacas, e dize: Vim para sacrificar ao Senhor.

3 E convidarás Jessé ao sacrifício; e eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás quem eu te disser.

4 Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e foi a Belém. Então os anciãos da cidade saíram ao seu encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda?

5 E disse ele: É de paz, vim sacrificar ao Senhor; santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a seu filhos, e os convidou ao sacrifício.

6 E sucedeu que, entrando eles, viu Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido.

7 Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o rejeitei, porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.

8 Então Jessé chamou Abinadabe e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem este o Senhor escolheu.

9 Então Jessé fez passar Samá. Porém, ele disse: Tampouco este o Senhor escolheu.

10

Assim fez passar Jessé seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O Senhor não escolheu estes.

11 Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os jovens? E disse: Ainda falta o menor, e eis que apascenta as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda trazê-lo, porquanto não nos assentaremos ao redor da mesa até que ele venha aqui.

12 Então mandou trazê-lo (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.

13 Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e retornou a Ramá.

14 E o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e o atormentava um espírito mau da parte do Senhor.

15 Então os criados de Saul lhe disseram: Eis que agora um espírito mau da parte de Deus te atormenta.

16 Diga, pois, nosso senhor a seus servos, que estão em tua presença, que busquem um homem que saiba tocar harpa, e acontecerá que, quando o espírito mau da parte de Deus vier sobre ti, então ele tocará com a sua mão, e te acharás melhor.

17 Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que toque bem, e trazei-mo.

18 Então respondeu um dos moços, e disse: Eis que vi um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar, e é homem valoroso, e homem de guerra, e prudente em palavras, e de bela aparência; o Senhor é com ele.

19 E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas.

20

Então tomou Jessé um jumento carregado de pão, e um odre de vinho, e um cabrito, e enviou-os a Saul pela mão de Davi, seu filho.

21 Assim, Davi foi a Saul, e esteve perante ele; e o amou muito, e foi seu pajem de armas.

22 Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa estar Davi perante mim, pois achou graça aos meus olhos.

23 E sucedia que, quando o espírito mau da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele.

Capítulo 17

Israel e os filisteus se enfrentam em guerra — Golias de Gate, um gigante, afronta Israel e desafia qualquer israelita para um combate pessoal — Davi o enfrenta em nome do Senhor — Davi mata Golias com pedra e funda — Israel derrota os filisteus.

1

E os filisteus ajuntaram os seus exércitos para a guerra e congregaram-se em Socó, que está em Judá, e acamparam-se entre Socó e Azeca, em Efes-Damim.

2 Porém Saul e os homens de Israel se ajuntaram e acamparam no vale de Elá, e organizaram a batalha contra os filisteus.

3 E os filisteus estavam num monte de um lado, e os israelitas estavam no outro monte do outro lado; e o vale estava entre eles.

4 Então saiu do acampamento dos filisteus um homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo.

5 Trazia na cabeça um capacete de bronze, e vestia uma couraça de escamas; e o peso da couraça era de cinco mil siclos de bronze.

6 E trazia grevas de bronze nas suas pernas, e um escudo de bronze entre os seus ombros.

7 E a haste da sua lança era como o eixo do tear, e o ferro da sua lança de seiscentos siclos de ferro, e diante dele ia o escudeiro.

8 E parou, e clamou às companhias de Israel, e disse-lhes: Por que saireis para ordenar a batalha? Não sou eu filisteu e vós servos de Saul? Escolhei dentre vós um homem que desça até mim.

9 Se ele puder pelejar comigo, e me matar, a vós seremos por servos; porém, se eu o vencer, e o matar, então a nós sereis por servos, e nos servireis.

10

Disse mais o filisteu: Hoje desafio as companhias de Israel, dizendo: Dai-me um homem, para que ambos pelejemos.

11 Ouvindo então Saul e todo o Israel estas palavras do filisteu, espantaram-se, e temeram muito.

12 E Davi era filho de um homem efrateu, de Belém de Judá, cujo nome era Jessé, que tinha oito filhos; e nos dias de Saul era este homem velho e adiantado na idade entre os homens.

13 Foram-se os três filhos mais velhos de Jessé, e seguiram Saul à guerra; e eram os nomes de seus três filhos, que foram à guerra, Eliabe, o primogênito, e o segundo Abinadabe, e o terceiro Samá.

14 E Davi era o menor; e os três maiores seguiram Saul.

15 Davi, porém, ia a Saul, e voltava para apascentar as ovelhas de seu pai em Belém.

16 Chegava-se, pois, o filisteu pela manhã e à tarde; e apresentou-se por quarenta dias.

17 E disse Jessé a Davi, seu filho: Toma, peço-te, para teus irmãos um efa deste grão tostado e estes dez pães, e corre a levá-los ao acampamento, a teus irmãos.

18 Porém estes dez queijos de leite leva ao capitão de mil; e visitarás teus irmãos, para ver se estão bem; e tomarás o seu penhor.

19 E estavam Saul, e eles, e todos os homens de Israel no vale de Elá, pelejando com os filisteus.

20

Davi, então, se levantou pela manhã, de madrugada, e deixou as ovelhas com um guarda, e tomou a sua carga, e partiu, como Jessé lhe ordenara; e chegou ao lugar dos carros, quando já o exército saía em ordem de batalha, e a gritos chamavam à peleja.

21 E os israelitas e filisteus se puseram em ordem de batalha, fileira contra fileira.

22 E Davi deixou a carga que trouxera na mão do guarda da bagagem, e correu à batalha; e chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem.

23 E enquanto ele ainda falava com eles, eis que vinha subindo do exército dos filisteus o homem guerreiro, cujo nome era Golias, o filisteu de Gate, e falou conforme aquelas palavras, e Davi as ouviu.

24 Porém todos os homens em Israel, vendo aquele homem, fugiam de diante dele, e temiam grandemente.

25 E diziam os homens de Israel: Vistes aquele homem que subiu? Pois subiu para afrontar Israel; há de ser, pois, que ao homem que o matar o rei enriquecerá com grandes riquezas, e lhe dará a sua filha, e fará livre a casa de seu pai em Israel.

26 Então falou Davi aos homens que estavam com ele, dizendo: Que farão àquele homem que matar este filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?

27 E o povo lhe tornou a falar conforme aquela palavra dizendo: Assim farão ao homem que o matar.

28 E ouvindo Eliabe, seu irmão mais velho, falar àqueles homens, acendeu-se a ira de Eliabe contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E com quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja.

29 Então disse Davi: Que fiz eu agora? Porventura não razão para isso?

30

E desviou-se dele para outro, e falou conforme aquela palavra; e o povo lhe tornou a responder conforme as primeiras palavras.

31 E ouvidas as palavras que Davi havia falado, as anunciaram a Saul, e mandou buscá-lo.

32 E Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá, e pelejará contra este filisteu.

33 Porém Saul disse a Davi: Contra este filisteu não poderás ir para pelejar com ele, pois tu ainda és moço, e ele é homem de guerra desde a sua mocidade.

34 Então disse Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas do seu pai; e quando vinha um leão ou um urso, e tomava uma ovelha do rebanho;

35 E eu saía após ele, e o atacava, e livrava-a da sua boca; e levantando-se ele contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria, e o matava.

36 Assim o teu servo matava o leão, como o urso; assim será este incircunciso filisteu como um deles; porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo.

37 Disse mais Davi: O Senhor me livrou da mão do leão, e da do urso; ele me livrará da mão deste filisteu. Então disse Saul a Davi: Vai, e o Senhor seja contigo.

38 E Saul vestiu Davi de suas roupas, e pôs-lhe sobre a cabeça um capacete de bronze; e o vestiu de uma couraça.

39 E Davi cingiu a espada sobre as suas roupas, e começou a andar; porém nunca havia experimentado isso; então disse Davi a Saul: Não posso andar com isto, pois nunca o experimentei. E Davi tirou aquilo de sobre si.

40

E tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco seixos do ribeiro, e pô-los no alforje de pastor, que trazia, a saber, no surrão, e lançou mão da sua funda, e foi-se chegando ao filisteu.

41 O filisteu também foi andando e se aproximando de Davi, e o que lhe levava o escudo ia diante dele.

42 E olhando o filisteu, e vendo Davi, o desprezou, porquanto era jovem, ruivo, e de bela aparência.

43 Disse, pois, o filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para tu vires a mim com paus? E o filisteu amaldiçoou Davi pelos seus deuses.

44 Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e darei a tua carne às aves do céu e às feras do campo.

45 Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos Exércitos de Israel, a quem afrontaste.

46 Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, e matar-te-ei, e te tirarei a cabeça, e os corpos do acampamento dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel;

47 E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão.

48 E sucedeu que, levantando-se o filisteu, e indo encontrar-se com Davi, apressou-se Davi, e correu ao combate, para encontrar-se com o filisteu.

49 E Davi pôs a mão no alforje, e tomou dali uma pedra e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa, e a pedra se lhe encravou na testa, e caiu sobre o seu rosto em terra.

50

Assim, Davi prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma pedra, e feriu o filisteu, e o matou sem que Davi tivesse uma espada na mão.

51 Pelo que correu Davi, e pôs-se em pé sobre o filisteu, e tomou a sua espada, e tirou-a da bainha, e o matou, e lhe cortou com ela a cabeça; vendo então os filisteus que o seu campeão estava morto, fugiram.

52 Então os homens de Israel e Judá se levantaram, e jubilaram, e perseguiram os filisteus, até chegar ao vale, e até as portas de Ecrom; e caíram os feridos dos filisteus pelo caminho de Saaraim até Gate e até Ecrom.

53 Então voltaram os filhos de Israel de perseguirem os filisteus, e despojaram os seus acampamentos.

54 E Davi tomou a cabeça do filisteu, e a levou a Jerusalém; porém pôs as armas dele na sua tenda.

55 Vendo, porém, Saul, sair Davi para encontrar-se com o filisteu, disse a Abner, o chefe do exército: Abner, é filho de quem este jovem? E disse Abner: Vive a tua alma, ó rei, que não o sei.

56 Disse então o rei: Pergunta, pois, de quem este jovem é filho.

57 Voltando, pois, Davi de matar o filisteu, Abner o tomou consigo, e o levou à presença de Saul, trazendo ele na mão a cabeça do filisteu.

58 E disse-lhe Saul: De quem és filho, jovem? E disse Davi: Filho de teu servo Jessé, belemita.

Capítulo 18

Jônatas ama Davi como a si mesmo — Saul põe Davi sobre os seus exércitos — Davi é honrado pelo povo, e Saul sente inveja — Davi se casa com Mical, filha de Saul.

1

E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma.

2 E Saul naquele dia o tomou, e não lhe permitiu que retornasse para a casa de seu pai.

3 E Jônatas e Davi fizeram aliança, porque Jônatas o amava como à sua própria alma.

4 E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas roupas, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.

5 E saía Davi para onde quer que Saul o enviava, e conduzia-se com prudência, e Saul o pôs sobre os homens de guerra; e era aceito aos olhos de todo o povo, e até aos olhos dos servos de Saul.

6 Sucedeu, porém, que, chegando eles, quando Davi voltava de derrotar os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tamborins, com alegria, e com instrumentos de música.

7 E as mulheres, divertindo-se, respondiam umas às outras, e diziam: Saul derrotou os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares.

8 Então Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão só o reino?

9 E desde aquele dia em diante, Saul tinha Davi sob suspeita.

10

E aconteceu no outro dia, que o mau espírito da parte de Deus se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa; e Davi tocava a harpa com a sua mão, como nos outros dias; Saul porém tinha na mão uma lança.

11 E Saul atirou a lança, dizendo: Encravarei Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes.

12 E Saul temia Davi, porque o Senhor era com ele e se tinha retirado de Saul.

13 Pelo que Saul o afastou de si, e o pôs por capitão de mil; e saía e entrava diante do povo.

14 E Davi se conduzia com prudência em todos os seus caminhos, e o Senhor era com ele.

15 Vendo então Saul que tão prudentemente se conduzia, tinha receio dele.

16 Porém todo o Israel e Judá amavam Davi, porquanto saía e entrava diante deles.

17 Pelo que Saul disse a Davi: Eis que Merabe, minha filha mais velha, te darei por mulher; sê-me somente filho valoroso, e guerreia as guerras do Senhor (porque Saul dizia consigo: Não seja contra ele a minha mão, mas sim a dos filisteus).

18 Mas Davi disse a Saul: Quem sou eu, e qual é a minha vida e a família de meu pai em Israel, para vir a ser genro do rei?

19 Sucedeu, porém, que ao tempo que Merabe, filha de Saul, devia ser dada a Davi, ela foi dada por mulher a Adriel, meolatita.

20

Mas Mical, a outra filha de Saul amava Davi; o que, sendo anunciado a Saul, pareceu isso bom aos seus olhos.

21 E Saul disse: Eu lha darei, para que lhe sirva de laço, e para que a mão dos filisteus venha a ser contra ele. Pelo que Saul disse a Davi: Com a outra serás hoje meu genro.

22 E Saul deu ordem aos seus servos: Falai em segredo a Davi, dizendo: Eis que o rei te tem afeição, e todos os seus servos te amam; agora, pois, consente em ser genro do rei.

23 E os servos de Saul falaram todas estas palavras aos ouvidos de Davi. Então disse Davi: Parece-vos pouco aos vossos olhos ser genro do rei, sendo eu homem pobre e desprezível?

24 E os servos de Saul lhe anunciaram isto, dizendo: Foram tais as palavras que falou Davi.

25 Então disse Saul: Assim direis a Davi: O rei não tem necessidade de dote, senão de cem prepúcios de filisteus, para se tomar vingança dos inimigos do rei. Porquanto Saul tentava fazer Davi cair pela mão dos filisteus.

26 E anunciaram os seus servos estas palavras a Davi, e este assunto pareceu bem aos olhos de Davi, de que fosse genro do rei; porém ainda os dias não se haviam cumprido.

27 Então Davi se levantou, e partiu ele com os seus homens, e mataram dentre os filisteus duzentos homens, e Davi trouxe os seus prepúcios, e os entregou todos ao rei, para que fosse genro do rei; então Saul lhe deu por mulher Mical, sua filha.

28 E viu Saul, e soube que o Senhor era com Davi; e Mical, filha de Saul, o amava.

29 Então Saul temeu Davi muito mais; e Saul foi todos os seus dias inimigo de Davi.

30

E saindo os príncipes dos filisteus, sucedeu que, saindo eles, Davi se conduziu mais prudentemente do que todos os servos de Saul; portanto, o seu nome era muito estimado.

Capítulo 19

Saul procura matar Davi — Mical salva Davi por meio de estratagema — Davi se une a Samuel e a um grupo de profetas.

1

E falou Saul a Jônatas, seu filho, e a todos os seus servos, para que matassem Davi. Porém Jônatas, filho de Saul, estava muito afeiçoado a Davi.

2 E Jônatas o anunciou a Davi, dizendo: Meu pai, Saul, procura matar-te, pelo que agora guarda-te bem pela manhã, e fica em oculto, e esconde-te.

3 E sairei eu, e estarei ao lado de meu pai no campo em que estiveres, e eu falarei de ti a meu pai, e verei o que há, e to anunciarei.

4 Então Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai, e disse-lhe: Não peque o rei contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e porque os seus feitos te têm sido muito bons.

5 Porque arriscou a sua vida, e matou os filisteus, e realizou o Senhor uma grande salvação para todo o Israel; tu mesmo o viste, e te alegraste. Por que, pois, pecarias contra sangue inocente, matando Davi sem causa?

6 E Saul deu ouvidos à voz de Jônatas, e jurou Saul: Vive o Senhor, que não morrerá.

7 E Jônatas chamou Davi, e contou-lhe todas estas palavras; e Jônatas levou Davi a Saul, e esteve perante ele como dantes.

8 E tornou a haver guerra, e saiu Davi, e pelejou contra os filisteus, e feriu-os com grande matança, e fugiram diante dele.

9 Porém o espírito mau da parte do Senhor veio sobre Saul, estando ele assentado em sua casa, e tendo na mão a sua lança, e tocando Davi com a mão o instrumento de música.

10

E procurou Saul encravar Davi na parede, porém ele se desviou de diante de Saul, o qual cravou a lança na parede; então fugiu Davi, e escapou naquela mesma noite.

11 Porém Saul mandou mensageiros à casa de Davi, para que o vigiassem, e o matassem pela manhã; do que Mical, sua mulher, avisou Davi, dizendo: Se não salvares a tua vida esta noite, amanhã te matarão.

12 Então Mical desceu Davi por uma janela; e ele se foi, e fugiu, e escapou.

13 E Mical tomou uma estátua e a deitou na cama, e pôs-lhe à cabeceira uma pele de cabra, e a cobriu com uma coberta.

14 E mandando Saul mensageiros que buscassem Davi, ela disse: Está doente.

15 Então Saul mandou mensageiros que fossem ver Davi, dizendo: Trazei-mo na cama, para que o mate.

16 Chegando, pois, os mensageiros, eis ali a estátua na cama, e a pele de cabra à sua cabeceira.

17 Então disse Saul a Mical: Por que assim me enganaste, e deixaste ir e escapar o meu inimigo? E disse Mical a Saul: Porque ele me disse: Deixa-me ir, por que hei de matar-te?

18 Assim, Davi fugiu e escapou, e foi a Samuel, a Ramá, e lhe participou tudo quanto Saul lhe fizera; e foram ele e Samuel, e ficaram em Naiote.

19 E o anunciaram a Saul, dizendo: Eis que Davi está em Naiote, em Ramá.

20

Então enviou Saul mensageiros para buscarem Davi, os quais viram um grupo de profetas profetizando, onde estava Samuel que os presidia; e o espírito de Deus veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles profetizaram.

21 E avisado disso Saul, enviou outros mensageiros, e também estes profetizaram; então ainda uma terceira vez enviou Saul mensageiros, os quais também profetizaram.

22 Então foi também ele mesmo a Ramá, e chegou ao poço grande que estava em Secu; e perguntando, disse: Onde estão Samuel e Davi? E disseram-lhe: Eis que estão em Naiote, em Ramá.

23 Então foi-se lá para Naiote, em Ramá; e o mesmo espírito de Deus veio sobre ele, e ia profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá.

24 E ele também despiu as suas roupas, e ele também profetizou diante de Samuel, e esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite; pelo que se diz: Está também Saul entre os profetas?

Capítulo 20

Davi e Jônatas fazem uma aliança de amizade e paz — Separam-se um do outro.

1

Então fugiu Davi de Naiote, em Ramá, e foi, e disse perante Jônatas: Que fiz eu? Qual é o meu crime? E qual é o meu pecado diante de teu pai, que procura tirar-me a vida?

2 E ele lhe disse: Longe disso; não morrerás; eis que meu pai não faz coisa nenhuma, grande ou pequena, sem primeiro me fazer saber; por que, pois, meu pai me encobriria esse assunto? Não será assim.

3 Então Davi tornou a jurar, e disse: Muito bem sabe teu pai que achei graça aos teus olhos; pelo que disse: Não saiba isto Jônatas, para que não se magoe e, na verdade, vive o Senhor, e vive a tua alma, que apenas um passo entre mim e a morte.

4 E disse Jônatas a Davi: O que disser a tua alma, eu te farei.

5 Disse Davi a Jônatas: Eis que amanhã é a lua nova, em que costumo assentar-me com o rei para comer; deixa-me tu ir, porém, e esconder-me-ei no campo até a tarde do terceiro dia.

6 Se teu pai notar a minha ausência, dirás: Davi me pediu muito que o deixasse ir correndo a Belém, sua cidade, porquanto se faz lá o sacrifício anual para toda a família.

7 Se ele disser assim: Está bem; então teu servo terá paz. Porém, se muito se indignar, sabe que já está inteiramente determinado a fazer o mal.

8 Usa, pois, de misericórdia com o teu servo, porque fizeste teu servo entrar contigo em aliança do Senhor; se, porém, há em mim crime, mata-me tu mesmo; por que me levarias a teu pai?

9 Então disse Jônatas: Longe de ti tal coisa; porém se de alguma maneira soubesse que já este mal está inteiramente determinado por meu pai, para que viesse sobre ti, não to diria eu?

10

E disse Davi a Jônatas: Quem tal me fará saber, se por acaso teu pai te responder asperamente?

11 Então disse Jônatas a Davi: Vem e saiamos ao campo. E saíram ambos ao campo.

12 E disse Jônatas a Davi: Ó Senhor Deus de Israel, se sondando eu a meu pai amanhã a estas horas, ou depois de amanhã, e eis que houver coisa favorável para Davi, e eu então não enviar mensagem a ti, e não to fizer saber,

13 O Senhor faça assim com Jônatas outro tanto; mas se aprouver a meu pai fazer-te mal, também to farei saber, e te deixarei partir, e irás em paz; e o Senhor seja contigo, assim como foi com meu pai.

14 E se eu então ainda viver, porventura não usarás comigo da benevolência do Senhor, para que não morra?

15 Nem tampouco cortarás da minha casa a tua benevolência eternamente; nem ainda quando o Senhor desarraigar da terra cada um dos inimigos de Davi.

16 Assim, fez Jônatas aliança com a casa de Davi, dizendo: O Senhor o requeira da mão dos inimigos de Davi.

17 E Jônatas fez Davi jurar de novo, porquanto o amava; porque o amava com todo o amor da sua alma.

18 E disse-lhe Jônatas: Amanhã é a lua nova, e não te acharão no teu lugar, pois o teu assento se achará vazio.

19 E ausentando-te tu três dias, desce apressadamente, e vai àquele lugar onde te escondeste no dia do ocorrido; e fica junto à pedra de Ezel.

20

E eu atirarei três flechas para aquele lado, como se atirasse ao alvo.

21 E eis que mandarei o moço dizendo: Anda, busca as flechas; se eu expressamente disser ao moço: Olha que as flechas estão para cá de ti, apanha-as; então vem; porque há paz para ti, e não há nada, vive o Senhor.

22 Porém se disser ao moço assim: Olha que as flechas estão para lá de ti; vai-te embora; porque o Senhor te manda ir.

23 E quanto ao assunto de que eu e tu falamos, eis que o Senhor está entre mim e ti eternamente.

24 Escondeu-se, pois, Davi no campo; e sendo a lua nova, assentou-se o rei para comer.

25 E assentando-se o rei no seu assento, como das outras vezes, no lugar junto à parede, Jônatas se levantou, e assentou-se Abner ao lado de Saul; e o lugar de Davi estava vazio.

26 Porém naquele dia não disse Saul nada, porque dizia: Aconteceu-lhe alguma coisa, pela qual não está limpo; certamente não está limpo.

27 Sucedeu também no outro dia, o segundo da lua nova, que o lugar de Davi estava vazio; disse, pois, Saul a Jônatas, seu filho: Por que não veio o filho de Jessé nem ontem nem hoje para comer?

28 E respondeu Jônatas a Saul: Davi me pediu encarecidamente que o deixasse ir a Belém,

29 Dizendo: Peço-te que me deixes ir, porquanto a nossa família tem um sacrifício na cidade, e meu irmão mesmo me mandou ir; se, pois, agora tenho achado graça aos teus olhos, peço-te que me deixes partir, para que veja meus irmãos; por isso não veio à mesa do rei.

30

Então se acendeu a ira de Saul contra Jônatas, e disse-lhe: Filho da perversa rebelde; não sei eu que elegeste o filho de Jessé, para vergonha tua e para vergonha da nudez de tua mãe?

31 Porque todos os dias que o filho de Jessé viver sobre a terra nem tu serás firme, nem o teu reino; pelo que manda trazer-mo agora, porque é digno de morte.

32 Então respondeu Jônatas a Saul, seu pai, e lhe disse: Por que ele há de morrer? Que fez?

33 Então Saul atirou-lhe a lança, para o matar; assim entendeu Jônatas que já seu pai tinha determinado matar Davi.

34 Pelo que Jônatas, todo encolerizado, se levantou da mesa; e no segundo dia da lua nova não comeu; porque ficara muito sentido por causa de Davi, porque seu pai o tinha humilhado.

35 E aconteceu, pela manhã, que Jônatas saiu ao campo, ao tempo que tinha combinado com Davi, e um moço pequeno com ele.

36 Então disse ao seu moço: Corre a buscar as flechas que eu atirar. Correu, pois, o moço, e ele atirou uma flecha, que fez passar além dele.

37 E chegando o moço ao lugar da flecha que Jônatas tinha atirado, gritou Jônatas atrás do moço, e disse: Não está porventura a flecha mais para lá de ti?

38 E tornou Jônatas a gritar atrás do moço: Rápido, apressa-te, não te demores. E o moço de Jônatas apanhou as flechas, e voltou a seu senhor.

39 E o moço não entendeu coisa alguma, só Jônatas e Davi sabiam deste assunto.

40

Então Jônatas deu as suas armas ao moço que trazia, e disse-lhe: Anda, e leva-as à cidade.

41 E indo-se o moço, levantou-se Davi do lado do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, porém Davi chorou muito mais.

42 E disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz, o que ambos juramos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre a minha semente e a tua semente seja perpetuamente.

43 Então se levantou Davi, e se foi; e Jônatas entrou na cidade.

Capítulo 21

Davi recebe ajuda do sacerdote Aimeleque — Come o pão da proposição — Vai para Gate, onde simula loucura.

1

Então foi Davi a Nobe, ao sacerdote Aimeleque; e Aimeleque, tremendo, saiu ao encontro de Davi, e disse-lhe: Por que vens só, e ninguém contigo?

2 E disse Davi ao sacerdote Aimeleque: O rei me encomendou um negócio, e me disse: Ninguém saiba deste negócio, pelo qual eu te enviei, e o qual te ordenei; quanto aos servos, apontei-lhes tal e tal lugar.

3 Agora, pois, que tens à mão? Dá-me cinco pães na minha mão, ou o que se achar.

4 E, respondendo o sacerdote a Davi, disse: Não tenho pão comum à mão; há, porém, pão sagrado, se ao menos os jovens se abstiveram das mulheres.

5 E respondeu Davi ao sacerdote, e lhe disse: Sim, de fato, as mulheres se nos vedaram desde ontem; e anteontem, quando eu saí, os vasos dos jovens também eram santos; e de alguma maneira é pão comum, quanto mais que hoje se santificará outro nos vasos.

6 Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado, porquanto não havia ali outro pão senão os pães da proposição, que se tiravam de diante do Senhor para se pôr ali pão quente no dia em que aquele se tirasse.

7 Estava, porém, ali naquele dia um dos criados de Saul, detido perante o Senhor, e era seu nome Doegue, edomita, o mais poderoso dos pastores de Saul.

8 E disse Davi a Aimeleque: Não tens aqui à mão lança ou espada alguma? Porque eu não trouxe à mão nem a minha espada nem as minhas armas, porque o negócio do rei era premente.

9 E disse o sacerdote: A espada de Golias, o filisteu, a quem tu mataste no vale de Elá, eis que ela aqui está envolta num pano detrás do éfode; se tu a queres tomar, toma-a, porque nenhuma outra aqui, senão aquela. E disse Davi: Não outra semelhante; dá-ma.

10

E Davi levantou-se, e fugiu aquele dia de diante de Saul, e foi a Aquis, rei de Gate.

11 Porém os criados de Aquis lhe disseram: Não é este Davi, o rei da terra? Não se cantava deste nas danças, dizendo: Saul derrotou os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares?

12 E Davi considerou estas palavras no seu coração, e temeu muito diante de Aquis, rei de Gate.

13 Pelo que se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas do portal, e deixava correr a saliva pela barba.

14 Então disse Aquis aos seus criados: Eis que bem vedes que este homem está louco; por que o trouxestes a mim?

15 Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis este para que fizesse doidices diante de mim? Há de este entrar na minha casa?

Capítulo 22

Davi ganha seguidores — Vai de um lugar a outro, fugindo de Saul — Saul mata os sacerdotes que foram bondosos com Davi.

1

Então Davi se retirou dali, e escapou para a caverna de Adulão; e ouviram-no seus irmãos e toda a casa de seu pai, e desceram ali para ele.

2 E ajuntou-se a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo homem de espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles; e havia com ele uns quatrocentos homens.

3 E foi Davi dali a Mizpá dos moabitas, e disse ao rei dos moabitas: Deixa, rogo-te, que meu pai e minha mãe estejam convosco, até que eu saiba o que Deus há de fazer de mim.

4 E levou-os perante o rei dos moabitas, e ficaram com ele todos os dias que Davi esteve no lugar forte.

5 Porém o profeta Gade disse a Davi: Não fiques naquele lugar forte; vai, e entra na terra de Judá. Então Davi se foi, e chegou ao bosque de Herete.

6 E ouviu Saul que já se sabia de Davi e dos homens que estavam com ele; e estava Saul em Gibeá, debaixo de uma árvore, em Ramá, e tinha na mão a sua lança, e todos os seus criados estavam com ele.

7 Então disse Saul a todos os seus criados que estavam com ele: Ouvi, peço-vos, filhos de Benjamim, dar-vos-á também o filho de Jessé, a todos vós, terras e vinhas, e far-vos-á a todos capitães de mil e capitães de cem,

8 Para que todos vós tenhais conspirado contra mim? E ninguém que me faça saber que meu filho fez aliança com o filho de Jessé, e nenhum dentre vós há que se condoa de mim, e mo faça saber, pois meu filho sublevou contra mim o meu servo, para me armar ciladas, como se vê neste dia.

9 Então respondeu Doegue, o edomita, que também estava com os criados de Saul, e disse: Vi o filho de Jessé ir a Nobe, a Aimeleque, filho de Aitube,

10

O qual consultou por ele ao Senhor, e lhe deu mantimento, e lhe deu também a espada de Golias, o filisteu.

11 Então o rei mandou chamar Aimeleque, sacerdote, filho de Aitube, e toda a casa de seu pai, os sacerdotes que estavam em Nobe; e todos eles foram ao rei.

12 E disse Saul: Ouve, peço-te, filho de Aitube. E ele disse: Eis-me aqui, senhor meu.

13 Então lhe disse Saul: Por que conspirastes contra mim, tu e o filho de Jessé? Pois deste-lhe pão e espada, e consultaste por ele a Deus, para que se levantasse contra mim para armar-me ciladas, como se vê neste dia?

14 E respondeu Aimeleque ao rei, e disse: E quem, entre todos os teus criados, há tão fiel como Davi, o genro do rei, pronto na sua obediência, e honrado na tua casa?

15 Comecei, porventura, hoje a consultar por ele a Deus? Longe de mim tal coisa! Não impute o rei coisa nenhuma a seu servo, nem a toda a casa de meu pai, pois o teu servo não soube nada de tudo isso, nem muito nem pouco.

16 Porém o rei disse: Aimeleque, morrerás certamente, tu e toda a casa de teu pai.

17 E disse o rei aos da sua guarda que estavam com ele: Virai-vos, e matai os sacerdotes do Senhor, porque também a sua mão está com Davi, e porque souberam que fugiu e não mo fizeram saber. Porém os criados do rei não quiseram estender as suas mãos para arremeter contra os sacerdotes do Senhor.

18 Então disse o rei a Doegue: Vira-te tu, e arremete contra os sacerdotes. Então se virou Doegue, o edomita, e arremeteu contra os sacerdotes, e matou naquele dia oitenta e cinco homens que vestiam éfode de linho.

19 Também a Nobe, cidade destes sacerdotes, passou ao fio da espada, desde o homem até a mulher, desde os meninos até os que mamavam, e até os bois, jumentos e ovelhas passou ao fio da espada.

20

Porém escapou um dos filhos de Aimeleque, filho de Aitube, cujo nome era Abiatar, o qual fugiu para junto de Davi.

21 E Abiatar anunciou a Davi que Saul tinha matado os sacerdotes do Senhor.

22 Então Davi disse a Abiatar: Bem sabia eu naquele dia que, estando ali Doegue, o edomita, não deixaria de o denunciar a Saul; eu ocasionei a morte de todas as pessoas da casa de teu pai.

23 Fica comigo, não temas, porque quem procurar a minha morte também procurará a tua, pois estarás salvo comigo.

Capítulo 23

Davi mata os filisteus e salva Queila — Ele continua a fugir de Saul — Jônatas o consola em Zife.

1

E foi anunciado a Davi, dizendo: Eis que os filisteus pelejam contra Queila, e saqueiam as eiras.

2 E consultou Davi ao Senhor, dizendo: Irei eu, e derrotarei estes filisteus? E disse o Senhor a Davi: Vai, e derrotarás os filisteus, e livrarás Queila.

3 Porém os homens de Davi lhe disseram: Eis que tememos aqui em Judá, quanto mais indo a Queila contra os exércitos dos filisteus.

4 Então Davi tornou a consultar ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu, e disse: Levanta-te, desce a Queila, porque te dou os filisteus na tua mão.

5 Então Davi partiu com os seus homens a Queila, e pelejou contra os filisteus, e levou os seus gados, e fez grande matança entre eles; e Davi livrou os moradores de Queila.

6 E sucedeu que, quando Abiatar, filho de Aimeleque, fugiu para Davi, a Queila, desceu com o éfode na mão.

7 E foi anunciado a Saul que Davi tinha chegado a Queila, e disse Saul: Deus o entregou nas minhas mãos, pois está encerrado, entrando numa cidade de portas e ferrolhos.

8 Então Saul mandou chamar todo o povo à peleja, para que descessem a Queila, para cercar Davi e os seus homens.

9 Sabendo, pois, Davi que Saul maquinava este mal contra ele, disse a Abiatar, sacerdote: Traze aqui o éfode.

10

E disse Davi: Ó Senhor, Deus de Israel, teu servo decerto ouviu que Saul procura vir a Queila, para destruir a cidade por causa de mim.

11 Entregar-me-ão os cidadãos de Queila na sua mão? Descerá Saul, como o teu servo ouviu? Ah! Senhor Deus de Israel! Faze-o saber ao teu servo. E disse o Senhor: Descerá.

12 Disse mais Davi: Entregar-me-iam os cidadãos de Queila, a mim e aos meus homens, nas mãos de Saul? E disse o Senhor: Entregariam.

13 Então se levantou Davi com os seus homens, uns seiscentos, e saíram de Queila, e foram-se para onde puderam; e sendo anunciado a Saul que Davi escapara de Queila, desistiu de sair contra ele.

14 E Davi permaneceu no deserto, nos lugares fortes, e ficou em um monte no deserto de Zife; e Saul o buscava todos os dias, porém Deus não o entregou na sua mão.

15 Vendo, pois, Davi que Saul saira à busca da sua vida, Davi esteve no deserto de Zife, num bosque.

16 Então se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi ao bosque, e fortaleceu a sua mão em Deus;

17 E disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pai, porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei o teu segundo; o que também Saul, meu pai, bem sabe.

18 E ambos fizeram aliança perante o Senhor; Davi ficou no bosque, e Jônatas voltou para a sua casa.

19 Então subiram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo: Não se escondeu Davi entre nós, nos lugares fortes no bosque, no outeiro de Haquilá, que está à direita de Jesimom?

20

Agora, pois, ó rei, apressadamente desce conforme todo o desejo da tua alma; a nós cabe entregá-lo nas mãos do rei.

21 Então disse Saul: Benditos sejais vós do Senhor, porque vos compadecestes de mim.

22 Ide, pois, e assegurai-vos ainda mais, e sabei e notai o lugar que frequenta, e quem o tenha visto ali; porque me foi dito que é astutíssimo.

23 Pelo que atentai bem, e informai-vos acerca de todos os esconderijos em que ele se esconde; e então voltai para mim com toda a certeza, e ir-me-ei convosco; e há de ser que, se estiver naquela terra, o buscarei entre todos os milhares de Judá.

24 Então se levantaram eles, e se foram a Zife, adiante de Saul; Davi, porém, e os seus homens estavam no deserto de Maom, na planície, ao sul de Jesimom.

25 E Saul e os seus homens foram em busca dele; o que anunciaram a Davi, e ele desceu para aquela penha, e ficou no deserto de Maom; o que ouvindo Saul, perseguiu Davi no deserto de Maom.

26 E Saul ia deste lado do monte, e Davi e os seus homens do outro lado do monte; e sucedeu que Davi se apressou para escapar de Saul; Saul, porém, e os seus homens cercaram Davi e os seus homens, para capturá-los.

27 Então chegou um mensageiro a Saul, dizendo: Apressa-te, e vem, porque os filisteus com ímpeto entraram na terra.

28 Pelo que Saul voltou de perseguir Davi, e foi ao encontro dos filisteus; por esta razão aquele lugar se chamou Sela-Hamalecote.

29 E subiu Davi dali, e ficou nos lugares fortes de En-Gedi.

Capítulo 24

Davi encontra Saul em uma caverna e lhe poupa a vida — Saul confessa que Davi é mais justo que ele — Davi jura que não destruirá a descendência de Saul.

1

E sucedeu que, voltando Saul de perseguir os filisteus, lhe anunciaram, dizendo: Eis que Davi está no deserto de En-Gedi.

2 Então tomou Saul três mil homens, escolhidos dentre todo o Israel, e foi à busca de Davi e dos seus homens, até sobre os cumes das penhas das cabras monteses.

3 E chegou a uns currais de ovelhas no caminho, onde estava uma caverna; e entrou nela Saul, para fazer suas necessidades; e Davi e os seus homens estavam aos lados da caverna.

4 Então os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia, do qual o Senhor te disse: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-ás como te parecer bem aos teus olhos. E levantou-se Davi, e mansamente cortou a orla do manto de Saul.

5 Sucedeu, porém, que depois doeu o coração de Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul.

6 E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão contra ele; pois é o ungido do Senhor.

7 E com estas palavras Davi conteve os seus homens, e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul; e Saul se levantou da caverna, e prosseguiu o seu caminho.

8 Depois também Davi se levantou, e saiu da caverna, e gritou por detrás de Saul, dizendo: Rei, meu senhor! E olhando Saul para trás, Davi se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou.

9 E disse Davi a Saul: Por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem: Eis que Davi procura o teu mal?

10

Eis que neste dia os teus olhos viram que o Senhor hoje te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a minha mão contra o meu senhor, pois é o ungido do Senhor.

11 Olha, pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão; porque, cortando-te eu a orla do manto, não te matei. Reconhece, pois, e vê que não há na minha mão nem mal nem transgressão nenhuma, e não pequei contra ti; porém tu andas à caça da minha vida, para ma tirares.

12 Julgue o Senhor entre mim e ti, e vingue-me o Senhor de ti; porém a minha mão não será contra ti.

13 Como diz o provérbio dos antigos: Dos ímpios procede a impiedade; porém a minha mão não será contra ti.

14 Após quem saiu o rei de Israel? a quem persegues? a um cão morto? a uma pulga?

15 O Senhor, porém, será juiz, e julgará entre mim e ti, e verá, e pleiteará a minha causa, e me livrará da tua mão.

16 E sucedeu que, acabando Davi de falar a Saul todas estas palavras, disse Saul: É esta a tua voz, meu filho Davi? Então Saul alçou a sua voz e chorou.

17 E disse a Davi: Mais justo és do que eu; pois tu me recompensaste com bem, e eu te recompensei com mal.

18 E tu mostraste hoje que procedeste bem para comigo; pois o Senhor me tinha posto em tuas mãos, e tu não me mataste.

19 Porque, quem há que, encontrando o seu inimigo, o deixaria ir por bom caminho? O Senhor, pois, te pague com bem, pelo que hoje me fizeste.

20

Agora, pois, eis que bem sei que certamente hás de reinar, e que o reino de Israel há de ser firme na tua mão.

21 Portanto, agora jura-me pelo Senhor que não desarraigarás a minha semente depois de mim, nem destruirás o meu nome da casa de meu pai.

22 Então jurou Davi a Saul. E foi Saul para a sua casa; porém Davi e os seus homens subiram ao lugar forte.

Capítulo 25

Morre Samuel — Nabal rejeita Davi com desprezo e se recusa a dar-lhe alimento — Abigail intercede, salva Nabal e dá um presente a Davi — Davi é apaziguado, Nabal morre, e Davi se casa com Abigail.

1

E faleceu Samuel, e todo o Israel se ajuntou, e o prantearam, e o sepultaram na sua casa, em Ramá. E Davi se levantou e desceu ao deserto de Parã.

2 E havia um homem em Maom, que tinha as suas possessões no Carmelo; e era esse homem muito poderoso, e tinha três mil ovelhas e mil cabras; e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo.

3 E era o nome desse homem Nabal, e o nome de sua mulher, Abigail; e era a mulher de bom entendimento e formosa, porém o homem era duro, e maligno nos atos, e era da casa de Calebe.

4 E ouviu Davi no deserto que Nabal tosquiava as suas ovelhas,

5 E enviou Davi dez jovens, e disse aos jovens: Subi ao Carmelo, e indo a Nabal, perguntai-lhe, em meu nome, como está.

6 E assim direis a ele: Paz seja contigo, e que a tua casa tenha paz, e tudo o que tens tenha paz!

7 Agora, pois, ouvi que tens tosquiadores; ora, os pastores que tens estiveram conosco; agravo nenhum lhes fizemos, nem coisa alguma lhes faltou todos os dias que estiveram no Carmelo.

8 Pergunta-o aos teus jovens, e eles to dirão; estes jovens, pois, achem graça aos teus olhos, porque viemos em bom dia; dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, o que tiveres à mão.

9 Chegando, pois, os jovens de Davi, e falando a Nabal todas aquelas palavras em nome de Davi, se calaram.

10

E Nabal respondeu aos criados de Davi, e disse: Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé? Muitos servos há hoje que fogem de seu senhor.

11 Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses que matei para os meus tosquiadores, e o daria a homens que eu não sei de onde vêm?

12 Então os jovens de Davi puseram-se a caminho e voltaram, e chegando, lhe anunciaram tudo conforme todas essas palavras.

13 Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e cingiu também Davi a sua; e subiram após Davi uns quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.

14 Porém um dentre os jovens o anunciou a Abigail, mulher de Nabal, dizendo: Eis que Davi enviou mensageiros desde o deserto para saudar o nosso amo; porém ele os destratou.

15 Todavia, aqueles homens têm-nos sido muito bons, e nunca fomos agravados por eles, e nada nos faltou em todos os dias que estivemos em contato com eles quando estávamos no campo.

16 De muro nos serviram, tanto de dia como de noite, todos os dias que andamos com eles apascentando as ovelhas.

17 Olha, pois, agora, e vê o que hás de fazer, porque de todo está o mal determinado contra o nosso amo e contra toda a sua casa, e ele é um tal filho de Belial, que não há quem lhe possa falar.

18 Então Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, e dois odres de vinho, e cinco ovelhas guisadas, e cinco medidas de trigo tostado, e cem cachos de passas, e duzentas pastas de figos secos, e os pôs sobre jumentos.

19 E disse aos seus moços: Ide adiante de mim; eis que vos seguirei de perto. O que, porém, não declarou a seu marido Nabal.

20

E sucedeu que, andando ela montada num jumento, desceu pela parte encoberta do monte, e eis que Davi e os seus homens lhe vinham ao encontro, e encontrou-se com eles.

21 E disse Davi: Na verdade, em vão tenho guardado tudo quanto este tem no deserto, e nada lhe faltou de tudo quanto tem, e ele me pagou mal por bem.

22 Assim faça Deus aos inimigos de Davi, e outro tanto, se eu deixar vivo até a manhã, de tudo o que ele tem, mesmo até um menino.

23 E quando Abigail viu Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra.

24 E lançou-se a seus pés, e disse: Ah, senhor meu, minha seja a transgressão; deixa, pois, falar a tua serva aos teus ouvidos, e ouve as palavras da tua serva.

25 Meu senhor, agora não cause este homem de Belial, a saber, Nabal, impressão no seu coração, porque tal é ele qual é o seu nome. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele, e eu, tua serva, não vi os moços de meu senhor, que enviaste.

26 Agora, pois, meu senhor, vive o Senhor, e vive a tua alma, que o Senhor te impediu de vires com derramamento de sangue, e de que a tua própria mão te vingasse; e agora, tais quais Nabal sejam os teus inimigos e os que procuram fazer mal contra o meu senhor.

27 E agora este é o presente que trouxe a tua serva a meu senhor; dê-se aos moços que seguem os passos de meu senhor.

28 Perdoa, pois, à tua serva esta transgressão, porque certamente fará o Senhor casa firme a meu senhor, porque meu senhor guerreia as guerras do Senhor, e não se tem achado mal em ti por todos os teus dias.

29 E mesmo que se levante algum homem para te perseguir, e para procurar a tua morte, contudo a vida de meu senhor será atada no feixe dos que vivem com o Senhor teu Deus; porém a vida de teus inimigos se arrojará ao longe, como do meio do côncavo de uma funda.

30

E há de ser que, usando o Senhor com o meu senhor conforme todo o bem que já disse de ti, e te tiver estabelecido como governante sobre Israel,

31 Então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pesar no coração, o sangue que sem causa terias derramado, nem tampouco o haver-se vingado meu senhor a si mesmo; e quando o Senhor fizer bem a meu senhor, lembra-te então da tua serva.

32 Então Davi disse a Abigail: Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu encontro.

33 E bendito o teu conselho, e bendita és tu, que hoje me impediste de vir com derramamento de sangue, e de que a minha própria mão me vingasse.

34 Porque, na verdade, vive o Senhor Deus de Israel, que me impediu de que te fizesse mal, pois se tu não te apressaras, e não me vieras ao encontro, não ficaria a Nabal pela luz da manhã nem mesmo um só do sexo masculino.

35 Então Davi tomou da sua mão o que ela tinha trazido, e lhe disse: Sobe em paz à tua casa; vês aqui que dei ouvidos à tua voz, e aceitei a tua face.

36 E indo Abigail a Nabal, eis que tinha em sua casa um banquete, como banquete de rei; e o coração de Nabal estava alegre dentro dele, e ele muito embriagado, pelo que não lhe declarou palavra alguma, pequena nem grande, até a luz da manhã.

37 Sucedeu, pois, que pela manhã, havendo saído de Nabal o vinho, sua mulher lhe declarou aquelas palavras; e se amorteceu nele o seu coração, e ficou ele como pedra.

38 E aconteceu que, passados quase dez dias, o Senhor feriu Nabal, e este morreu.

39 E ouvindo Davi que Nabal morrera, disse: Bendito seja o Senhor, que pleiteou a causa da minha afronta da mão de Nabal, e deteve seu servo de fazer o mal, fazendo o Senhor tornar o mal de Nabal sobre a sua cabeça. E mandou Davi falar a Abigail, para tomá-la por sua mulher.

40

Indo, pois, os criados de Davi a Abigail, no Carmelo, lhe falaram, dizendo: Davi nos mandou a ti, para te tomar por sua mulher.

41 Então ela se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse: Eis que a tua serva servirá de criada para lavar os pés dos criados de meu senhor.

42 E Abigail se apressou, e se levantou, e montou num jumento com as suas cinco moças que seguiam os seus passos; e ela seguiu os mensageiros de Davi, e foi sua mulher.

43 Davi também tomou Ainoã de Jezreel; e também ambas foram suas mulheres.

44 Porque Saul tinha dado sua filha Mical, mulher de Davi, a Palti, filho de Laís, o qual era de Galim.

Capítulo 26

Davi poupa mais uma vez a vida de Saul — Novamente se recusa a estender a mão contra o ungido do Senhor — Saul e Davi se separam.

1

E foram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo: Não está Davi escondido no outeiro de Haquilá, à entrada de Jesimom?

2 Então Saul se levantou, e desceu ao deserto de Zife, e com ele três mil homens escolhidos de Israel, para buscar Davi no deserto de Zife.

3 E acampou Saul no outeiro de Haquilá, que está à entrada de Jesimom, junto ao caminho; porém Davi ficou no deserto, e viu que Saul vinha atrás dele ao deserto.

4 Pois Davi enviou espias, e soube que Saul tinha vindo com certeza.

5 E Davi se levantou, e foi ao lugar onde Saul tinha acampado; viu Davi o lugar onde se tinha deitado Saul, e Abner, filho de Ner, chefe do seu exército; e Saul estava deitado dentro do lugar dos carros, e o povo estava acampado ao redor dele.

6 E respondeu Davi, e falou a Aimeleque, o heteu, e a Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, dizendo: Quem descerá comigo a Saul ao acampamento? E disse Abisai: Eu descerei contigo.

7 Foram, pois, Davi e Abisai de noite ao povo, e eis que Saul estava deitado dormindo dentro do lugar dos carros, e a sua lança estava fincada na terra à sua cabeceira; e Abner e o povo deitavam-se ao redor dele.

8 Estão disse Abisai a Davi: Deus te entregou hoje nas mãos teu inimigo; deixa-me, pois, agora encravá-lo com a lança de uma vez na terra, e não o ferirei uma segunda vez.

9 E disse Davi a Abisai: Nenhum dano lhe faças; porque quem estenderia a sua mão contra o ungido do Senhor, e ficaria inocente?

10

Disse mais Davi: Vive o Senhor, que o Senhor o ferirá ou o seu dia chegará em que morra, ou descerá para a batalha e perecerá.

11 O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o ungido do Senhor; agora, porém, toma lá a lança que está à sua cabeceira e a bilha da água, e vamo-nos.

12 Tomou, pois, Davi a lança e a bilha da água, da cabeceira de Saul, e foram-se; e ninguém houve que o visse, nem que o soubesse, nem que acordasse; porque todos estavam dormindo, porque havia caído sobre eles um profundo sono do Senhor.

13 E Davi, passando ao outro lado, pôs-se no cume do monte ao longe, de maneira que entre eles havia grande distância.

14 E Davi bradou ao povo, e a Abner, filho de Ner, dizendo: Não responderás, Abner? Então Abner respondeu e disse: Quem és tu, que bradas ao rei?

15 Então disse Davi a Abner: Porventura não és homem? E quem há em Israel como tu? Por que, pois, não guardaste tu o rei teu senhor? Porque um do povo veio para destruir o rei teu senhor.

16 Não é bom isso, que fizeste; vive o Senhor, que sois dignos de morte, vós que não guardastes vosso senhor, o ungido do Senhor; vede, pois, agora onde está a lança do rei, e a bilha da água, que tinha à sua cabeceira.

17 Então reconheceu Saul a voz de Davi, e disse: Não é esta a tua voz, meu filho Davi? E disse Davi: Minha voz é, ó rei meu senhor.

18 Disse mais: Por que persegue o meu senhor assim o seu servo? Porque, que fiz eu? E que maldade se acha na minha mão?

19 Ouve, pois, agora, te rogo, rei meu senhor, as palavras de teu servo: Se o Senhor te incita contra mim, sinta ele o cheiro da oferta de manjares; porém se são os filhos dos homens, malditos sejam perante o Senhor; pois eles me expulsaram hoje para que eu não tenha parte na herança do Senhor, dizendo: Vai, serve a outros deuses.

20

Agora, pois, não se derrame o meu sangue na terra diante do Senhor; pois saiu o rei de Israel em busca de uma pulga, como quem persegue uma perdiz nos montes.

21 Então disse Saul: Pequei; volta, meu filho Davi, porque não tornarei a fazer-te mal; porque foi hoje preciosa a minha vida aos teus olhos; eis que agi loucamente, e errei grandissimamente.

22 Davi então respondeu, e disse: Eis aqui a lança do rei; venha cá um dos moços, e leve-a.

23 O Senhor, porém, pague a cada um a sua justiça e a sua lealdade; pois o Senhor te tinha dado hoje na minha mão, porém eu não quis estender a minha mão contra o ungido do Senhor.

24 E eis que assim como foi a tua vida hoje de tanta estima aos meus olhos, assim também seja a minha vida de tanta estima aos olhos do Senhor, e ele me livre de toda tribulação.

25 Então Saul disse a Davi: Bendito sejas tu, meu filho Davi; pois grandes coisas farás e também prevalecerás. Então Davi se foi pelo seu caminho, e Saul voltou para o seu lugar.

Capítulo 27

Davi foge para Aquis, em Gate — Ele mora entre os filisteus por dezesseis meses.

1

Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, ainda algum dia perecerei pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar apressadamente para a terra dos filisteus, para que Saul perca a esperança a meu respeito, e cesse de me buscar por todos os termos de Israel; e assim escaparei da sua mão.

2 Então Davi se levantou, e passou com os seiscentos homens que com ele estavam a Aquis, filho de Maoque, rei de Gate.

3 E Davi ficou com Aquis em Gate, ele e os seus homens, cada um com a sua casa; Davi com ambas as suas mulheres, Ainoã, a jezreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

4 E sendo Saul avisado que Davi tinha fugido para Gate, não cuidou mais de buscá-lo.

5 E disse Davi a Aquis: Se eu achei graça aos teus olhos, dá-me lugar numa das cidades da terra, para que ali habite; pois, por que razão habitaria o teu servo contigo na cidade real?

6 Então lhe deu Aquis naquele dia a cidade de Ziclague (pelo que Ziclague pertence aos reis de Judá, até o dia de hoje).

7 E foi o número dos dias, que Davi habitou na terra dos filisteus, um ano e quatro meses.

8 E subia Davi com os seus homens, e faziam incursões contra os gesuritas, e os gersitas, e os amalequitas; porque antigamente foram estes os moradores da terra, desde onde se vai para Sur até a terra do Egito.

9 E Davi devastava aquela terra, e não deixava com vida nem homem nem mulher, e tomava ovelhas, e vacas, e jumentos, e camelos, e roupas; e voltava, e ia para Aquis.

10

E dizendo Aquis: Contra quem fizeste incursões hoje? Davi dizia: Contra o sul de Judá, e contra o sul dos jerameelitas, e contra o sul dos queneus.

11 E Davi não deixava com vida nem homem nem mulher, para levá-los a Gate, dizendo: Para que, porventura, não nos denunciem, dizendo: Assim Davi o fazia. E este era o seu costume por todos os dias que habitou na terra dos filisteus.

12 E Aquis confiava em Davi, dizendo: Fez-se ele por certo odioso para com o seu povo em Israel; pelo que me será por servo para sempre.

Capítulo 28

Saul consulta uma adivinha em Endor pedindo-lhe revelação — Ela prediz a morte dele e de seus filhos e a derrota de Israel pelos filisteus.

1

E sucedeu naqueles dias que, reunindo os filisteus os seus exércitos para a peleja, para fazer guerra contra Israel, disse Aquis a Davi: Sabe por certo que comigo sairás no exército, tu e os teus homens.

2 Então disse Davi a Aquis: Assim saberás tu o que o teu servo pode fazer. E disse Aquis a Davi: Por isso te terei por guarda da minha cabeça para sempre.

3 E já Samuel estava morto, e todo o Israel o tinha chorado, e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; e Saul tinha desterrado os adivinhos e os encantadores.

4 E ajuntaram-se os filisteus, e foram, e acamparam em Suném; e ajuntou Saul todo o Israel, e acamparam em Gilboa.

5 E vendo Saul o exército dos filisteus, temeu, e estremeceu muito o seu coração.

6 E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.

7 Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha um espírito familiar, para que eu vá a ela, e a consulte. E os seus criados lhe disseram: Eis que em En-Dor há uma mulher que tem um espírito familiar.

8 E Saul se disfarçou e vestiu outras roupas, e foi ele, e com ele dois homens, e de noite foram à mulher; e ele disse: Peço-te que me adivinhes pelo espírito familiar, e me faças subir quem eu te disser.

9 Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como destruiu da terra os adivinhos e os encantadores; por que, pois, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer?

10

Então Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te sobrevirá por isso.

11 A mulher então lhe disse: Quem te farei subir? E disse ele: Faze-me subir Samuel.

12 E quando a mulher viu Samuel, gritou com alta voz, e a mulher falou a Saul, dizendo: Por que me enganaste? Pois tu mesmo és Saul.

13 E o rei lhe disse: Não temas; porém, que é o que vês? Então a mulher disse a Saul: Vejo deuses que sobem da terra.

14 E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou.

15 Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Muito angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim, e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso te chamei, para que me faças saber o que hei de fazer.

16 Então disse Samuel: Por que, pois, me perguntas, visto que o Senhor te desamparou, e se fez teu inimigo?

17 Porque o Senhor fez para contigo como pela minha boca te disse, e rasgou o reino da tua mão, e o deu ao teu companheiro Davi.

18 Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor, e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o Senhor te fez hoje isso.

19 E o Senhor entregará também Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o exército de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus.

20

E imediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel; e não havia força nele, porque não tinha comido pão todo aquele dia e toda aquela noite.

21 Então foi a mulher a Saul, e vendo que estava tão perturbado, disse-lhe: Eis que a tua criada deu ouvidos à tua voz, e arrisquei a minha vida e ouvi as palavras que me disseste.

22 Agora, pois, ouve também tu as palavras da tua serva, e porei um bocado de pão diante de ti, e come, para que tenhas forças para te pores a caminho.

23 Porém ele o recusou, e disse: Não comerei. Porém os seus criados e a mulher o constrangeram; e deu ouvidos à sua voz; e levantou-se do chão, e se assentou sobre uma cama.

24 E tinha a mulher em casa uma bezerra cevada, e se apressou, e a matou, e tomou farinha, e a amassou, e a assou em bolos ázimos.

25 E os levou diante de Saul e de seus criados, e comeram; depois levantaram-se e se foram naquela mesma noite.

Capítulo 29

Israel e os filisteus se reúnem para a guerra — Os príncipes dos filisteus mandam Davi embora.

1

E ajuntaram os filisteus todos os seus exércitos em Afeque; e acamparam os israelitas junto à fonte que está em Jezreel.

2 E os príncipes dos filisteus se foram para lá com centenas e com milhares; porém Davi e os seus homens iam com Aquis na retaguarda.

3 Disseram então os príncipes dos filisteus: Que fazem aqui estes hebreus? E disse Aquis aos príncipes dos filisteus: Não é este Davi, o criado de Saul, rei de Israel, que esteve comigo alguns dias ou anos? E coisa nenhuma achei contra ele desde o dia em que se revoltou até o dia de hoje.

4 Porém os príncipes dos filisteus muito se indignaram contra ele; e disseram-lhe os príncipes dos filisteus: Faze voltar este homem, e retorne ao seu lugar em que tu o puseste, e não desça conosco à batalha, para que não se torne nosso adversário na batalha; porque com que ele aplacaria seu senhor? Porventura não seria com as cabeças destes homens?

5 Não é este aquele Davi, de quem uns aos outros cantavam nas danças, dizendo: Saul derrotou os seus milhares, porém Davi as suas dezenas de milhares?

6 Então Aquis chamou Davi e disse-lhe: Vive o Senhor, que tu és reto, e que a tua entrada e a tua saída comigo no exército é boa aos meus olhos; porque nenhum mal em ti achei, desde o dia em que a mim vieste, até o dia de hoje; porém aos olhos dos príncipes não agradas.

7 Volta, pois, agora, e volta em paz; para que não faças mal aos olhos dos príncipes dos filisteus.

8 Então Davi disse a Aquis: Por quê? Que fiz? Ou que achaste no teu servo, desde o dia em que estive diante de ti, até o dia de hoje, para que não vá e peleje contra os inimigos do rei meu senhor?

9 Respondeu, porém, Aquis, e disse a Davi: Bem o sei; e que na verdade aos meus olhos és bom como um anjo de Deus; porém disseram os príncipes dos filisteus: Não suba este conosco à batalha.

10

Agora, pois, amanhã de madrugada, levanta-te com os criados de teu senhor, que vieram contigo; e levantando-vos pela manhã, de madrugada, e havendo luz, parti.

11 Então Davi de madrugada se levantou, ele e os seus homens, para partirem pela manhã, e voltarem à terra dos filisteus; e os filisteus subiram a Jezreel.

Capítulo 30

Os amalequitas saqueiam Ziclague e os termos de Judá — Davi derrota os amalequitas, recupera o despojo e o divide.

1

Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a Ziclague, os amalequitas com ímpeto tinham feito incursões contra o sul, e contra Ziclague, e tinham derrotado Ziclague e a tinham queimado a fogo.

2 E as mulheres que estavam nela levaram cativas, porém a ninguém mataram, nem pequenos nem grandes; tão somente os levaram consigo, e foram pelo seu caminho.

3 E Davi e os seus homens foram à cidade, e eis que estava queimada a fogo, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas tinham sido levados cativos.

4 Então Davi e o povo que se achava com ele alçaram a sua voz, e choraram, até que neles não houve mais forças para chorar.

5 Também as duas mulheres de Davi foram levadas cativas: Ainoã, a jezreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

6 E Davi muito se angustiou, porque o povo falava de apedrejá-lo, porque o ânimo de todo o povo estava em amargura, cada um por causa dos seus filhos e das suas filhas; todavia Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus.

7 E disse Davi a Abiatar, o sacerdote, filho de Aimeleque: Traze-me, peço-te, aqui o éfode. E Abiatar levou o éfode a Davi.

8 Então consultou Davi ao Senhor, dizendo: Perseguirei eu esta tropa? Alcançá-la-ei? E ele lhe disse: Persegue-a, porque decerto a alcançarás, e tudo libertarás.

9 Partiu, pois, Davi, ele e os seiscentos homens que com ele se achavam, e chegaram ao ribeiro de Besor, onde os que ficaram atrás pararam.

10

E seguiu-os Davi, ele e os quatrocentos homens, pois que duzentos homens ficaram, por não poderem, de cansados que estavam, passar o ribeiro de Besor.

11 E acharam no campo um homem egípcio, e o levaram a Davi; deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe água para beber.

12 Deram-lhe também um pedaço de pasta de figos secos e dois cachos de passas, e comeu, e recobrou o alento, porque havia três dias e três noites que não tinha comido pão nem bebido água.

13 Então Davi lhe disse: De quem és tu, e de onde és? E disse o moço egípcio: Sou servo de um homem amalequita, e meu senhor me deixou, porque adoeci há três dias.

14 Nós fizemos incursões contra o sul dos queretitas, e contra o lado de Judá, e contra o sul de Calebe, e pusemos fogo em Ziclague.

15 E disse-lhe Davi: Poderias, descendo, guiar-me a essa tropa? E disse-lhe ele: Jura-me por Deus que não me matarás, nem me entregarás na mão de meu senhor, e descendo, te guiarei a essa tropa.

16 E descendo, o guiou e eis que estavam espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, e bebendo, e dançando, por causa de todo aquele grande despojo que tomaram da terra dos filisteus e da terra de Judá.

17 E matou-os Davi, desde o crepúsculo até a tarde do dia seguinte, e nenhum deles escapou, senão quatrocentos jovens que, montados sobre camelos, fugiram.

18 Assim livrou Davi tudo quanto tomaram os amalequitas; também as suas duas mulheres livrou Davi.

19 E ninguém lhes faltou, desde o menor até o maior, e até os filhos e as filhas e também desde o despojo até tudo quanto lhes tinham tomado, tudo Davi tornou a trazer.

20

Também tomou Davi todas as ovelhas e vacas, e levavam-nas diante do outro gado, e diziam: Este é o despojo de Davi.

21 E chegando Davi aos duzentos homens que, de cansados que estavam, não puderam seguir Davi, e que deixaram ficar no ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; e chegando-se Davi ao povo, os saudou em paz.

22 Então todos os maus, e filhos de Belial, dentre os homens que tinham ido com Davi, responderam, e disseram: Visto que não foram conosco, não lhes daremos do despojo que libertamos; mas que leve cada um sua mulher e seus filhos, e se vá.

23 Porém Davi disse: Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou, e entregou nas nossas mãos a tropa que contra nós vinha.

24 E quem vos daria ouvidos nisso? Porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal também será a parte dos que ficaram com a bagagem; igualmente repartirão.

25 O que assim foi desde aquele dia em diante, porquanto o pôs por estatuto e direito em Israel até o dia de hoje.

26 E chegando Davi a Ziclague, enviou do despojo aos anciãos de Judá, seus amigos, dizendo: Eis aí para vós um presente do despojo dos inimigos do Senhor;

27 Aos de Betel, e aos de Ramote do sul, e aos de Jatir;

28 E aos de Aroer, e aos de Sifmote, e aos de Estemoa;

29 E aos de Racal, e aos que estavam nas cidades jerameelitas e nas cidades dos queneus;

30

E aos de Hormá, e aos de Corasã, e aos de Ataca;

31 E aos de Hebrom, e a todos os lugares em que andara Davi, ele e os seus homens.

Capítulo 31

Os filisteus derrotam Israel — Saul e seus três filhos são mortos — Os gileaditas recuperam o corpo deles e os queimam.

1

Os filisteus, pois, pelejaram contra Israel; e os homens de Israel fugiram de diante dos filisteus, e caíram mortos no monte Gilboa.

2 E os filisteus perseguiram Saul e seus filhos; e os filisteus mataram Jônatas, e Abinadabe, e Malquisua, filhos de Saul.

3 E a peleja se agravou contra Saul, e os flecheiros o alcançaram; e foi gravemente ferido pelos flecheiros.

4 Então disse Saul ao seu pajem de armas: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ela, para que porventura não venham estes incircuncisos, e me atravessem e escarneçam de mim. Porém o seu pajem de armas não quis, porque temia muito; então Saul tomou a espada, e se lançou sobre ela.

5 Vendo, pois, o seu pajem de armas que Saul estava morto, também ele se lançou sobre a sua espada, e morreu com ele.

6 Assim, faleceram Saul, e seus três filhos, e o seu pajem de armas, e também todos os seus homens juntamente naquele dia.

7 E vendo os homens de Israel, que estavam deste lado do vale e deste lado do Jordão, que os homens de Israel fugiram, e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram as cidades, e fugiram; e vieram os filisteus, e habitaram nelas.

8 E sucedeu que, chegando os filisteus ao outro dia para despojar os mortos, acharam Saul e seus três filhos estirados no monte Gilboa.

9 E cortaram-lhe a cabeça, e o despojaram das suas armas, e enviaram mensageiros pela terra dos filisteus, em redor, para anunciá-lo no templo dos seus ídolos e entre o povo.

10

E puseram as suas armas no templo de Astarote, e o seu corpo o penduraram no muro de Bete-Seã.

11 Ouvindo então isso os moradores de Jabes-Gileade, o que os filisteus fizeram a Saul,

12 Todos os homens valorosos se levantaram, e caminharam toda a noite, e tiraram o corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Bete-Seã, e indo a Jabes, os queimaram.

13 E tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo de uma árvore, em Jabes, e jejuaram sete dias.

O Segundo Livro de
Samuel

Também Chamado de
Segundo Livro dos Reis

Capítulo 1

Davi fica sabendo da morte de Saul e de Jônatas — Ele tira a vida do amalequita que afirma ter matado Saul — Davi lamenta a morte de Saul e de Jônatas com um cântico.

1

E sucedeu, depois da morte de Saul, voltando Davi da derrota dos amalequitas, e ficando Davi dois dias em Ziclague,

2 Sucedeu ao terceiro dia que eis que um homem veio do acampamento de Saul com as vestes rotas e com terra sobre a cabeça; e sucedeu que chegando ele a Davi, se lançou no chão, e se inclinou.

3 E Davi lhe disse: Donde vens? E ele lhe disse: Escapei do exército de Israel.

4 E disse-lhe Davi: Como foi lá isso? Peço-te, dize-mo. E ele lhe respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e morreram, assim como também Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos.

5 E disse Davi ao jovem que lhe trazia as novas: Como sabes tu que Saul e Jônatas, seu filho, estão mortos?

6 Então disse o jovem que lhe dava a notícia: Cheguei por acaso ao monte Gilboa, e eis que Saul estava apoiado sobre a sua lança, e eis que carros e capitães de cavalaria o perseguiam de perto.

7 E olhando ele para trás de si, viu-me a mim, e chamou-me; e eu disse: Eis-me aqui.

8 E ele me disse: Quem és tu? E eu lhe disse: Sou amalequita.

9 Então ele me disse: Peço-te, arremessa-te sobre mim, e mata-me, porque angústias me cercaram, pois toda a minha vida está ainda em mim.

10

Arremessei-me, pois, sobre ele, e o matei, porque bem sabia eu que não viveria depois da sua queda, e tomei a coroa que tinha na cabeça, e o bracelete que trazia no braço, e os trouxe aqui a meu senhor.

11 Então apanhou Davi as suas vestes, e as rasgou, como também o fizeram todos os homens que estavam com ele.

12 E prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada.

13 Disse então Davi ao jovem que lhe trouxera a nova: Donde és tu? E disse ele: Sou filho de um homem estrangeiro, amalequita.

14 E Davi lhe disse: Como não temeste tu estender a mão para matares o ungido do Senhor?

15 Então chamou Davi um dos jovens, e disse: Vem, e lança-te sobre ele. E ele o feriu, e morreu.

16 E disse-lhe Davi: O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do Senhor.

17 E Davi lamentou Saul e Jônatas, seu filho, com esta lamentação,

18 Dizendo ele que ensinassem aos filhos de Judá o uso do arco; eis que está escrito no livro de Jasar:

19 Ah, ornamento de Israel! Nos teus altos foi ferido, como caíram os valentes!

20

Não o noticieis em Gate, não o publiqueis nas ruas de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos.

21 Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre vós, nem sobre vós, campos de ofertas, pois aí desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, como se não fora ungido com óleo.

22 Do sangue dos feridos, da gordura dos valentes, nunca se retirou para trás o arco de Jônatas, nem voltou vazia a espada de Saul.

23 Saul e Jônatas, tão amados e queridos na sua vida, também na sua morte não se separaram; eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões.

24 Vós, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia de escarlata com deleites, que vos punha ornamentos de ouro sobre os vossos vestidos.

25 Como caíram os valentes no meio da peleja! Jônatas nos teus altos foi ferido.

26 Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres.

27 Como caíram os valentes, e pereceram as armas de guerra!

Capítulo 2

Davi é ungido rei sobre a casa de Judá — Is-Bosete torna-se rei de Israel — Os seguidores de Davi derrotam Abner e os homens de Israel.

1

E sucedeu depois disso que Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá? E disse-lhe o Senhor: Sobe. E disse Davi: Para onde subirei? E disse: Para Hebrom.

2 E subiu Davi para lá, e também as suas duas mulheres, Ainoã, a jezreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

3 Fez também Davi subir os homens que estavam com ele, cada um com a sua família; e habitaram nas cidades de Hebrom.

4 Então chegaram os homens de Judá, e ungiram ali Davi rei sobre a casa de Judá. E avisaram Davi, dizendo: Os homens de Jabes-Gileade são os que sepultaram Saul.

5 Então enviou Davi mensageiros aos homens de Jabes-Gileade, e disse-lhes: Benditos sejais vós do Senhor, que fizestes tal benevolência a vosso senhor, a Saul, e o sepultastes!

6 Agora, pois, o Senhor use convosco de benevolência e fidelidade; e também eu vos farei este bem, porquanto fizestes isso.

7 Fortaleçam-se, pois, agora as vossas mãos, e sede homens valentes, pois Saul, vosso senhor, está morto, e também os da casa de Judá me ungiram rei sobre eles.

8 Porém Abner, filho de Ner, capitão do exército de Saul, tomou Is-Bosete, filho de Saul, e o fez passar a Maanaim,

9 E o constituiu rei sobre Gileade, e sobre os assuritas, e sobre Jezreel, e sobre Efraim, e sobre Benjamim, e sobre todo o Israel.

10

Da idade de quarenta anos era Is-Bosete, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, e reinou dois anos; mas os da casa de Judá seguiam Davi.

11 E foi o número dos dias que Davi reinou em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses.

12 Então saiu Abner, filho de Ner, com os servos de Is-Bosete, filho de Saul, de Maanaim a Gibeom.

13 Saíram também Joabe, filho de Zeruia, e os servos de Davi, e se encontraram uns com os outros perto do tanque de Gibeom; e pararam estes deste lado do tanque, e os outros daquele lado do tanque.

14 E disse Abner a Joabe: Levantem-se os jovens, e compitam diante de nós. E disse Joabe: Levantem-se.

15 Então se levantaram, e passaram, em número de doze de Benjamim, da parte de Is-Bosete, filho de Saul, e doze dos servos de Davi.

16 E cada um lançou mão da cabeça do outro, cravou-lhe a espada no lado, e caíram juntamente, donde se chamou aquele lugar Helcate-Hazurim, que está junto a Gibeom.

17 E seguiu-se naquele dia uma crua peleja; porém Abner e os homens de Israel foram feridos diante dos servos de Davi.

18 E estavam ali os três filhos de Zeruia: Joabe, Abisai, e Asael; e Asael era ligeiro de pés, como uma das gazelas que há no campo.

19 E Asael perseguiu Abner, e não se desviou de detrás de Abner, nem para a direita nem para a esquerda.

20

E Abner, olhando para trás, disse: És tu, Asael? E disse ele: Sou eu.

21 Então lhe disse Abner: Desvia-te para a direita, ou para a esquerda, e lança mão de um dos jovens, e toma os seus despojos. Porém Asael não quis desviar-se de detrás dele.

22 Então Abner tornou a dizer a Asael: Desvia-te de detrás de mim; por que hei de ferir-te e derrubar-te em terra? E como levantaria eu o meu rosto diante de Joabe, teu irmão?

23 Porém, não se querendo ele desviar, Abner o feriu com a empunhadura da lança abaixo da quinta costela, e a lança lhe saiu por detrás, e ele caiu ali, e morreu naquele mesmo lugar; e sucedeu que todos os que chegavam ao lugar onde Asael caiu e morreu paravam.

24 Porém Joabe e Abisai perseguiram Abner; e pôs-se o sol, chegando eles ao outeiro de Amá, que está diante de Gia, junto ao caminho do deserto de Gibeom.

25 E os filhos de Benjamim se ajuntaram detrás de Abner, e formaram um batalhão, e puseram-se no cume de um outeiro.

26 Então Abner gritou a Joabe, e disse: Consumirá a espada para sempre? Não sabes tu que por fim haverá amargura? E até quando não hás de dizer ao povo que deixe de perseguir seus irmãos?

27 E disse Joabe: Vive Deus, que, se não tivesses falado, já desde pela manhã o povo teria cessado cada um de perseguir seu irmão.

28 Então Joabe tocou a trombeta, e todo o povo parou, e não perseguiram mais Israel; e tampouco pelejaram mais.

29 E caminharam Abner e os seus homens toda aquela noite pela planície; e passando o Jordão, caminharam por todo o Bitron, e chegaram a Maanaim.

30

Também Joabe deixou de perseguir Abner, e ajuntou todo o povo; e dos servos de Davi faltaram dezenove homens, e Asael.

31 Porém os servos de Davi feriram dentre os de Benjamim, e dentre os homens de Abner, trezentos e sessenta homens, que morreram.

32 E levantaram Asael, e sepultaram-no na sepultura de seu pai, que estava em Belém; e Joabe e seus homens caminharam toda aquela noite, e amanheceu-lhes o dia em Hebrom.

Capítulo 3

A casa de Davi e a de Saul travam uma longa guerra — Davi se fortalece — Abner se une a Davi, mas é morto por Joabe — Davi lamenta a morte de Abner.

1

E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo.

2 E a Davi nasceram filhos em Hebrom; e foi o seu primogênito Amnom, de Ainoã, a jezreelita;

3 E seu segundo, Quileabe, de Abigail, mulher de Nabal, o carmelita; e o terceiro, Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur;

4 E o quarto, Adonias, filho de Hagite; e o quinto, Sefatias, filho de Abital;

5 E o sexto, Itreão, de Eglá, também mulher de Davi; esses nasceram a Davi em Hebrom.

6 E havendo guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, sucedeu que Abner se fortalecia na casa de Saul.

7 E tinha tido Saul uma concubina, cujo nome era Rispa, filha de Aiá; e disse Is-Bosete a Abner: Por que te deitaste com a concubina de meu pai?

8 Então se irou muito Abner pelas palavras de Is-Bosete, e disse: Sou eu cabeça de cão, que pertença a Judá? Ainda hoje faço benevolência à casa de Saul, teu pai, a seus irmãos, e a seus amigos, e não te entreguei nas mãos de Davi, e tu hoje buscas motivo para me arguires a respeito da maldade de uma mulher.

9 Assim faça Deus a Abner, e outro tanto que, como o Senhor jurou a Davi, assim lhe hei de fazer,

10

Transferindo o reino da casa de Saul, e estabelecendo o trono de Davi sobre Israel, e sobre Judá, desde Dã até Berseba.

11 E nem ainda uma palavra podia responder a Abner, porque o temia.

12 Então enviou Abner da sua parte mensageiros a Davi, dizendo: De quem é a terra? E disse: Comigo faze a tua aliança, e eis que a minha mão será contigo, para tornar a ti todo o Israel.

13 E disse Davi: Bem está, eu farei contigo aliança, porém uma coisa te peço, que é: não verás a minha face, se primeiro não me trouxeres Mical, filha de Saul, quando vieres ver a minha face.

14 Também enviou Davi mensageiros a Is-Bosete, filho de Saul, dizendo: Dá-me minha mulher Mical, que eu desposei por cem prepúcios de filisteus.

15 E Is-Bosete mandou tirá-la de seu marido, Paltiel, filho de Laís.

16 E ia com ela seu marido, caminhando, e chorando atrás dela, até Baurim. Então lhe disse Abner: Vai-te agora, volta. E ele voltou.

17 E falou Abner com os anciãos de Israel, dizendo: Muito tempo há que procuráveis que Davi reinasse sobre vós;

18 Fazei-o, pois, agora, porque o Senhor falou a Davi, dizendo: Pela mão de Davi, meu servo, livrarei o meu povo das mãos dos filisteus e das mãos de todos os seus inimigos.

19 E falou também Abner o mesmo aos ouvidos de Benjamim; e foi também Abner dizer aos ouvidos de Davi, em Hebrom, tudo o que era bom aos olhos de Israel e aos olhos de toda a casa de Benjamim.

20

E foi Abner a Davi, a Hebrom, e vinte homens com ele; e Davi fez um banquete a Abner e aos homens que com ele estavam.

21 Então disse Abner a Davi: Eu me levantarei, e irei, e ajuntarei ao rei meu senhor todo o Israel, para fazerem aliança contigo; e tu reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma. Assim, Davi despediu Abner, e foi-se ele em paz.

22 E eis que os servos de Davi e Joabe vieram de uma incursão, e traziam consigo grande despojo; e Abner não estava com Davi em Hebrom, porque o tinha despedido, e se tinha ido em paz.

23 Chegando, pois, Joabe, e todo o exército que vinha com ele, avisaram Joabe, dizendo: Abner, filho de Ner, foi ao rei, e ele o despediu, e foi-se em paz.

24 Então Joabe foi ao rei, e disse: Que fizeste? Eis que Abner veio ter contigo; por que, pois, o despediste, de maneira que se fosse assim livremente?

25 Bem conheces Abner, filho de Ner, que te veio enganar, e saber as tuas saídas e as tuas entradas, e saber tudo quanto fazes.

26 E Joabe, retirando-se de Davi, enviou mensageiros atrás de Abner e o fizeram voltar desde o poço de Sirá, sem que Davi o soubesse.

27 Retornando, pois, Abner a Hebrom, Joabe o levou à parte, à entrada da porta, para lhe falar em segredo; e feriu-o ali pela quinta costela, e ele morreu, por causa do sangue de Asael, seu irmão.

28 O que Davi depois ouvindo, disse: Inocente sou eu, e o meu reino, para com o Senhor, para sempre, do sangue de Abner, filho de Ner.

29 Caia sobre a cabeça de Joabe e sobre toda a casa de seu pai, e nunca da casa de Joabe falte quem tenha fluxo, nem quem seja leproso, nem quem se apoie em bordão, nem quem caia à espada, nem quem necessite de pão.

30

Joabe, pois, e Abisai, seu irmão, mataram Abner, por ter morto Asael, seu irmão, na peleja em Gibeom.

31 Disse, pois, Davi a Joabe, e a todo o povo que com ele estava: Rasgai as vossas vestes; e cingi-vos de panos de saco e ide pranteando diante de Abner. E o rei Davi ia seguindo o féretro.

32 E sepultando Abner em Hebrom, o rei levantou a sua voz, e chorou junto da sepultura de Abner; e chorou todo o povo.

33 E o rei, pranteando Abner, disse: Não morreu Abner como morre o vilão?

34 As tuas mãos não estavam atadas, nem os teus pés carregados de grilhões de bronze, mas caíste como os que caem diante dos filhos da maldade! Então todo o povo chorou muito mais por ele.

35 Então todo o povo foi fazer com que Davi comesse pão, sendo ainda dia, porém Davi jurou, dizendo: Assim Deus me faça, e outro tanto, se eu provar pão ou alguma coisa, antes que o sol se ponha.

36 O que todo o povo entendendo, pareceu bem aos seus olhos, assim como tudo quanto o rei fez pareceu bem aos olhos de todo o povo.

37 E todo o povo e todo o Israel entenderam naquele mesmo dia que não procedera do rei que matassem Abner, filho de Ner.

38 Então disse o rei aos seus servos: Não sabeis que hoje caiu em Israel um príncipe e um grande?

39 Que eu hoje sou fraco, ainda que ungido rei; estes homens, filhos de Zeruia, são mais duros do que eu; o Senhor pagará ao malfeitor conforme a sua maldade.

Capítulo 4

Dois dos capitães de Saul matam Is-Bosete — Eles levam a cabeça dele para Davi, que os manda matar por terem assassinado um homem justo.

1

Ouvindo, pois, o filho de Saul que Abner morrera em Hebrom, as mãos se lhe afrouxaram, e todo o Israel pasmou.

2 E tinha o filho de Saul dois homens capitães de tropas; e era o nome de um Baaná, e o nome do outro, Recabe, filhos de Rimom, o beerotita, dos filhos de Benjamim, porque também Beerote se reputava de Benjamim.

3 E tinham fugido os beerotitas para Gitaim, e ali têm peregrinado até o dia de hoje.

4 E Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado de ambos os pés; era da idade de cinco anos quando as novas de Saul e Jônatas chegaram de Jezreel, e sua ama o tomou, e fugiu; e sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo; e o seu nome era Mefibosete.

5 E foram os filhos de Rimom, o beerotita, Recabe e Baaná, e entraram em casa de Is-Bosete no maior calor do dia, estando ele deitado a dormir, ao meio-dia.

6 E ali entraram até o meio da casa, como que indo buscar trigo, e o feriram na quinta costela; e Recabe e Baaná, seu irmão, escaparam;

7 Porque entraram na sua casa, estando ele na cama deitado, no seu quarto, e o feriram, e o mataram, e lhe cortaram a cabeça; e tomando a sua cabeça, andaram toda a noite caminhando pela planície.

8 E levaram a cabeça de Is-Bosete a Davi, a Hebrom, e disseram ao rei: Eis aqui a cabeça de Is-Bosete, filho de Saul, teu inimigo, que procurava a tua morte; assim, o Senhor vingou hoje o rei, meu senhor, de Saul e da sua semente.

9 Porém Davi, respondendo a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, o beerotita, disse-lhes: Vive o Senhor, que remiu a minha alma de toda a angústia,

10

Que, pois, se àquele que me trouxe novas dizendo: Eis que Saul morto está; parecendo-lhe porém aos seus olhos que era como quem trazia boas novas; eu logo lancei mão dele, e o matei em Ziclague, cuidando ele que eu por isso lhe daria recompensa;

11 Quanto mais a ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre a sua cama; agora, pois, não requereria eu o seu sangue de vossas mãos, e não vos exterminaria da terra?

12 E deu Davi ordem aos seus moços que os matassem, e cortaram-lhes os pés e as mãos, e os penduraram sobre o tanque de Hebrom; tomaram porém a cabeça de Is-Bosete, e a sepultaram na sepultura de Abner, em Hebrom.

Capítulo 5

Todo o Israel unge Davi como rei — Ele toma Jerusalém e é abençoado pelo Senhor — Ele conquista os filisteus.

1

Então todas as tribos de Israel foram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos.

2 E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel, e tu serás chefe sobre Israel.

3 Assim, pois, todos os anciãos de Israel foram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante o Senhor; e ungiram Davi rei sobre Israel.

4 Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou.

5 Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses, e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá.

6 E partiu o rei com os seus homens a Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra; e falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, porque os cegos e os coxos te rechaçarão daqui (querendo dizer: Não entrará Davi aqui).

7 Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi.

8 Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que derrotar os jebuseus, e chegar ao canal, e aos coxos e aos cegos, que a alma de Davi odeia, será cabeça e capitão. Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa.

9 Assim, habitou Davi na fortaleza, e a chamou a cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde Milo para dentro.

10

E Davi ia cada vez mais aumentando e crescendo, porque o Senhor Deus dos Exércitos era com ele.

11 E Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros, que edificaram a Davi uma casa.

12 E entendeu Davi que o Senhor o confirmara rei sobre Israel, e que exaltara o seu reino por causa do seu povo.

13 E tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que chegara de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas.

14 E estes são os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalém: Samua, e Sobabe, e Natã, e Salomão,

15 E Ibar, e Elisua, e Nefegue, e Jafia,

16 E Elisama, e Eliada, e Elifelete.

17 Ouvindo, pois, os filisteus que haviam ungido Davi rei sobre Israel, todos os filisteus subiram em busca de Davi; o que ouvindo Davi, desceu à fortaleza.

18 E os filisteus chegaram, e se espalharam pelo vale de Refaim.

19 E Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei contra os filisteus? Entregar-mos-ás nas minhas mãos? E disse o Senhor a Davi: Sobe, porque certamente entregarei os filisteus nas tuas mãos.

20

Então foi Davi a Baal-Perazim; e derrotou-os ali Davi, e disse: Rompeu o Senhor meus inimigos diante de mim, como quem rompe águas. Por isso chamou o nome daquele lugar Baal-Perazim.

21 E deixaram ali os seus ídolos; e Davi e os seus homens os tomaram.

22 E os filisteus tornaram a subir, e se espalharam pelo vale de Refaim.

23 E Davi consultou ao Senhor, o qual disse: Não subirás, mas rodeia por detrás deles, e irás a eles por defronte das amoreiras.

24 E há de ser que, ouvindo tu um estrondo de marcha pelas copas das amoreiras, então te apressarás, porque o Senhor saiu então diante de ti, para atacar o exército dos filisteus.

25 E fez Davi assim como o Senhor lhe tinha ordenado, e derrotou os filisteus desde Gibeá, até chegar a Gezer.

Capítulo 6

Davi leva a arca para a cidade de Davi — Uzá é ferido e morto por tocar na arca para firmá-la — Davi dança diante do Senhor, causando ruptura de seu relacionamento com Mical.

1

E tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número de trinta mil.

2 E levantou-se Davi, e partiu com todo o povo que tinha consigo de Baalim de Judá, para levarem dali para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que se assenta acima dos querubins.

3 E puseram a arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que está em Gibeá; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.

4 E levando-o da casa de Abinadabe, que está em Gibeá, com a arca de Deus, Aiô ia adiante da arca.

5 E Davi e toda a casa de Israel alegravam-se perante o Senhor, com toda sorte de instrumentos de madeira de faia, e com harpas, e com saltérios, e com tamboris, e com pandeiros, e com címbalos.

6 E chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e a segurou; porque os bois a deixavam pender.

7 Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por essa imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus.

8 E Davi se contristou, porque o Senhor abrira ruptura em Uzá; e chamou àquele lugar Peres-Uzá, até o dia de hoje.

9 E temeu Davi ao Senhor naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do Senhor?

10

E não quis Davi retirar para junto de si a arca do Senhor à cidade de Davi; mas Davi a fez levar à casa de Obede-Edom, o giteu.

11 E ficou a arca do Senhor em casa de Obede-Edom, o giteu, três meses; e o Senhor abençoou Obede-Edom, e toda a sua casa.

12 Então avisaram Davi, dizendo: Abençoou o Senhor a casa de Obede-Edom, e tudo quanto tem, por causa da arca de Deus; foi, pois, Davi, e levou a arca de Deus para cima, da casa de Obede-Edom, à cidade de Davi, com alegria.

13 E sucedeu que, quando os que levavam a arca do Senhor tinham dado seis passos, ele sacrificava bois e carneiros cevados.

14 E Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido de um éfode de linho.

15 Assim, subindo, Davi e todo o Israel levavam a arca do Senhor, com júbilo, e ao som das trombetas.

16 E sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo o rei Davi, que ia saltando e dançando diante do Senhor, o desprezou no seu coração.

17 E introduzindo a arca do Senhor, a puseram no seu lugar, no meio da tenda que Davi lhe armara; e ofereceu Davi holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor.

18 E acabando Davi de oferecer os holocaustos e ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos.

19 E repartiu para todo o povo, e para toda a multidão de Israel, desde os homens até as mulheres, para cada um, um bolo de pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho; então foi-se todo o povo, cada um para sua casa.

20

E voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, a filha de Saul, saiu para encontrar-se com Davi, e disse: Quão honrado foi o rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem decoro se descobre qualquer dos vadios.

21 Disse, porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que me escolheu a mim antes do que a teu pai, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel, perante o Senhor me alegrei.

22 E ainda mais do que isto me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos; e das servas, de quem falaste, delas serei honrado.

23 E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até o dia da sua morte.

Capítulo 7

Davi se propõe a construir uma casa para o Senhor — O Senhor, por intermédio de Natã, diz que não pediu a Davi que fizesse isso — O Senhor estabelecerá a casa e o reino de Davi para sempre — Davi profere uma oração de ação de graças.

1

E sucedeu que, estando o rei Davi em sua casa, e que o Senhor lhe tinha dado descanso de todos os seus inimigos em redor,

2 Disse o rei ao profeta Natã: Ora, eis que eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus mora dentro de cortinas.

3 E disse Natã ao rei: Vai, e faze tudo quanto está no teu coração; porque o Senhor é contigo.

4 Porém sucedeu naquela mesma noite, que a palavra do Senhor veio a Natã, dizendo:

5 Vai, e dize a meu servo, a Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu uma casa para minha habitação?

6 Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até o dia de hoje, mas andei em tenda e em tabernáculo.

7 E em todo lugar em que andei com todos os filhos de Israel, falei porventura alguma palavra com alguma das tribos de Israel, a quem mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedros?

8 Agora, pois, assim dirás ao meu servo, a Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu te tomei do curral, de detrás das ovelhas, para que fosses o chefe sobre o meu povo, sobre Israel.

9 E fui contigo, por onde quer que foste, e destruí teus inimigos diante de ti; e fiz para ti um grande nome, como o nome dos grandes que na terra.

10

E prepararei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei, para que habite no seu lugar, e não mais seja movido, e nunca mais os filhos de perversidade o aflijam, como dantes,

11 E desde o dia em que mandei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel; a ti, porém, te dei descanso de todos os teus inimigos; também o Senhor te faz saber que o Senhor te fará casa.

12 Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino.

13 Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre.

14 Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens.

15 Mas a minha benignidade não se apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.

16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre.

17 Conforme todas essas palavras, e conforme toda essa visão, assim falou Natã a Davi.

18 Então entrou o rei Davi, e ficou perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, Senhor Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?

19 E ainda foi isso pouco aos teus olhos, Senhor Deus, senão que também falaste da casa de teu servo para tempos distantes; é esse o costume dos homens, ó Senhor Deus?

20

E que mais te falará ainda Davi? Pois tu conheces bem teu servo, ó Senhor Deus.

21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza; fazendo-a saber a teu servo.

22 Portanto, grandioso és, ó Senhor Deus, porque não semelhante a ti, e não há outro Deus senão tu só, segundo tudo o que temos ouvido com os nossos ouvidos.

23 E quem como o teu povo, como Israel, gente única na terra? A quem Deus foi resgatar para seu povo; e para fazer-lhe nome, e para fazer-vos estas coisas grandes e terríveis à tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses.

24 E confirmaste teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu, Senhor, te fizeste o seu Deus.

25 Agora, pois, ó Senhor Deus, esta palavra que falaste acerca de teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para sempre, e faze como falaste.

26 E engrandeça-se o teu nome para sempre, para que se diga: O Senhor dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de teu servo será confirmada diante de ti.

27 Pois tu, Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, revelaste aos ouvidos de teu servo, dizendo: Edificar-te-ei casa. Portanto, o teu servo teve coragem para fazer-te esta oração.

28 Agora, pois, Senhor Deus, tu és o mesmo Deus, e as tuas palavras são verdade, e falaste a teu servo este bem.

29 Sejas, pois, agora servido de abençoar a casa de teu servo, para permanecer para sempre diante de ti, pois tu, ó Senhor Deus, disseste; e com a tua bênção será para sempre bendita a casa de teu servo.

Capítulo 8

Davi derrota e subjuga muitas nações — O Senhor está com ele — Davi administra julgamento e justiça a todo o seu povo.

1

E sucedeu depois disso que Davi derrotou os filisteus, e os sujeitou; e Davi tomou Metegue-Ama das mãos dos filisteus.

2 Também derrotou os moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar por terra, e os mediu com dois cordéis para os matar, e com um cordel inteiro para os deixar com vida; ficaram assim os moabitas por servos de Davi, pagando tributos.

3 Davi derrotou também Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá, quando ele ia recuperar o seu domínio sobre o rio Eufrates.

4 E tomou-lhe Davi mil e setecentos cavaleiros e vinte mil homens a pé; e Davi jarretou todos os cavalos dos carros, e reservou deles cem carros.

5 E chegaram os sírios de Damasco para socorrer Hadadezer, rei de Zobá; porém Davi matou dos sírios vinte e dois mil homens.

6 E Davi pôs guarnições na Síria de Damasco, e os sírios ficaram por servos de Davi, pagando tributos; e o Senhor guardava Davi por onde quer que ia.

7 E Davi tomou os escudos de ouro que havia com os servos de Hadadezer, e os levou a Jerusalém.

8 Tomou mais o rei Davi uma quantidade muito grande de bronze de Betá e de Berotai, cidades de Hadadezer.

9 Ouvindo então Toí, rei de Hamate, que Davi derrotara todo o exército de Hadadezer,

10

Mandou Toí seu filho Jorão ao rei Davi, para o saudar, e para o abençoar por haver pelejado contra Hadadezer, e por o haver derrotado (porque Hadadezer continuamente fazia guerra a Toí); e na sua mão trazia objetos de prata, e objetos de ouro, e objetos de bronze,

11 Os quais também o rei Davi consagrou ao Senhor, juntamente com a prata e ouro que já havia consagrado de todas as nações que sujeitara,

12 Da Síria, e de Moabe, e dos filhos de Amom, e dos filisteus, e de Amaleque, e dos despojos de Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá.

13 Também Davi ganhou nome, voltando ele de derrotar os sírios no vale do Sal, a saber, dezoito mil.

14 E pôs guarnições em Edom; em todo o Edom pôs guarnições, e todos os edomitas ficaram por servos de Davi; e o Senhor ajudava Davi por onde quer que ia.

15 Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel; e Davi administrava julgamento e justiça a todo o seu povo.

16 E Joabe, filho de Zeruia, era sobre o exército; e Josafá, filho de Ailude, era cronista.

17 E Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes, e Seraías, escrivão,

18 Também Benaia, filho de Joiada, estava com os quereteus e peleteus; porém os filhos de Davi eram príncipes.

Capítulo 9

Davi procura honrar a casa de Saul — Encontra Mefibosete, o filho de Jônatas, e lhe restitui todas as terras de Saul.

1

E disse Davi: Há ainda alguém que tenha ficado da casa de Saul, para que eu lhe faça benevolência por causa de Jônatas?

2 E havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba; e o chamaram para que fosse a Davi, e disse-lhe o rei: És tu Ziba? E ele disse: Servo teu.

3 E disse o rei: Não ainda algum da casa de Saul para que eu use com ele da benevolência de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés.

4 E disse-lhe o rei: Onde está ele? E disse Ziba ao rei: Eis que está na casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar.

5 Então o rei Davi mandou trazê-lo da casa de Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar.

6 E indo Mefibosete, filho de Jônatas, o filho de Saul, a Davi, se prostrou com o rosto por terra e se inclinou; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo.

7 E disse-lhe Davi: Não temas, porque decerto usarei contigo de benevolência por causa de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu continuamente comerás pão à minha mesa.

8 Então ele se inclinou, e disse: Quem é teu servo, para tu teres olhado para um cão morto tal como eu?

9 Então Davi chamou Ziba, moço de Saul, e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e a toda a sua casa, dei ao filho de teu senhor.

10

Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão para comer, e Mefibosete, filho de teu senhor, continuamente comerá pão à minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos e vinte servos.

11 E disse Ziba ao rei: Conforme tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará teu servo; porém Mefibosete comerá à minha mesa como um dos filhos do rei.

12 E tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica; e todos quantos moravam na casa de Ziba eram servos de Mefibosete.

13 Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto continuamente comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés.

Capítulo 10

Os amonitas maltratam os mensageiros de Davi — Israel derrota os amonitas e os sírios.

1

E aconteceu depois disso que morreu o rei dos filhos de Amom, e seu filho Hanum reinou em seu lugar.

2 Então disse Davi: Usarei de benevolência com Hanum, filho de Naás, como seu pai usou de benevolência comigo. E enviou Davi seus servos para consolá-lo acerca de seu pai; e foram os servos de Davi à terra dos filhos de Amom.

3 Então disseram os príncipes dos filhos de Amon a seu senhor, Hanum: Porventura Davi honra teu pai aos teus olhos, porque te enviou consoladores? Porventura não te enviou Davi os seus servos para reconhecerem esta cidade, e para espiá-la, e para derrubá-la?

4 Então tomou Hanum os servos de Davi, e lhes rapou metade da barba, e lhes cortou metade das vestes, até as nádegas, e os despediu.

5 O que fazendo saber a Davi, enviou mensageiros para encontrá-los; porque estavam aqueles homens sobremaneira envergonhados; e disse o rei: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e então vinde.

6 Vendo, pois, os filhos de Amom que se haviam tornado abomináveis para Davi, os filhos de Amom mandaram contratar dos sírios de Bete-Reobe e dos sírios de Zobá vinte mil homens a pé, e do rei de Maaca, mil homens, e dos homens de Tobe, doze mil homens.

7 O que ouvindo Davi, enviou Joabe e todo o exército dos valentes.

8 E saíram os filhos de Amom, e organizaram a batalha à entrada da porta; mas os sírios de Zobá e Reobe, e os homens de Tobe e Maaca estavam à parte no campo.

9 Vendo, pois, Joabe que estava preparada contra ele a frente da batalha, por diante e por detrás, separou dentre todos os escolhidos de Israel, e formou-os em linha contra os sírios.

10

E o restante do povo entregou na mão de Abisai, seu irmão, o qual formou em linha contra os filhos de Amom.

11 E disse: Se os sírios forem mais fortes do que eu, tu me virás em socorro; e se os filhos de Amom forem mais fortes do que tu, irei socorrer-te.

12 Sê forte, pois, e mostremo-nos fortes pelo nosso povo, e pelas cidades de nosso Deus; e faça o Senhor então o que bem parecer aos seus olhos.

13 Então se achegou Joabe, e o povo que estava com ele, à peleja contra os sírios; e fugiram de diante dele.

14 E vendo os filhos de Amom que os sírios fugiam, também eles fugiram de diante de Abisai, e entraram na cidade; e voltou Joabe dos filhos de Amom, e foi para Jerusalém.

15 Vendo, pois, os sírios que tinham sido feridos diante de Israel, tornaram a reunir-se.

16 E Hadadezer enviou mensageiros, e fez sair os sírios que estavam do outro lado do rio, e foram a Helã; e Sobaque, chefe do exército de Hadadezer, marchava diante deles.

17 Do que informado Davi, ajuntou todo o Israel, e passou o Jordão, e foi a Helã; e os sírios se puseram em ordem contra Davi, e pelejaram contra ele.

18 Porém os sírios fugiram de diante de Israel, e Davi matou dentre os sírios os homens de setecentos carros, e quarenta mil homens a cavalo; feriu também o próprio Sobaque, general do exército, que morreu ali.

19 Vendo, pois, todos os reis, servos de Hadadezer, que tinham sido feridos diante de Israel, fizeram paz com Israel, e o serviram; e os sírios temeram dali por diante de socorrer os filhos de Amom.

Capítulo 11

Davi se deita com Bate-Seba, e ela concebe — Ele, então, toma providências para que Urias, o marido dela, morra em batalha.

1

E aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra, Davi enviou Joabe, e seus servos com ele, e todo o Israel, para que destruíssem os filhos de Amom, e cercassem Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém.

2 E aconteceu que, num entardecer, Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço uma mulher que se estava lavando; e era essa mulher muito formosa à vista.

3 E Davi mandou perguntar sobre aquela mulher; e disseram: Porventura não é esta Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu?

4 Então enviou Davi mensageiros, e a mandou trazer; e indo ela a ele, deitou-se ele com ela (pois estava purificada da sua imundície); então voltou ela para sua casa.

5 E a mulher concebeu; e mandou dizer a Davi: Estou grávida.

6 Então Davi mandou dizer a Joabe: Envia-me Urias, o heteu. E Joabe enviou Urias a Davi.

7 Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como estava Joabe, e como estava o povo, e como ia a guerra.

8 Depois disse Davi a Urias: Desce à tua casa, e lava os teus pés. E saindo Urias da casa real, logo se lhe seguiu um presente do rei.

9 Porém Urias se deitou à porta da casa real, com todos os servos do seu senhor; e não desceu à sua casa.

10

E o fizeram saber a Davi, dizendo: Urias não desceu à sua casa. Então disse Davi a Urias: Não vens tu de uma jornada? Por que não desceste à tua casa?

11 E disse Urias a Davi: A arca, e Israel, e Judá ficam em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados no campo; e hei eu de entrar na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher? Pela tua vida, e pela vida da tua alma, não farei tal coisa.

12 Então disse Davi a Urias: Fica aqui ainda hoje, e amanhã te despedirei. Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte.

13 E Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou; e à tarde saiu para deitar-se na sua cama com os servos de seu senhor; porém não desceu à sua casa.

14 E sucedeu que pela manhã Davi escreveu uma carta a Joabe e mandou-lha por mão de Urias.

15 Escreveu na carta, dizendo: Ponde Urias na frente da maior força da peleja, e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra.

16 E aconteceu que, tendo Joabe observado bem a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que havia homens valentes.

17 E saindo os homens da cidade, e pelejando com Joabe, caíram alguns do povo, dos servos de Davi; e morreu também Urias, o heteu.

18 Então Joabe mandou dizer a Davi todos os acontecimentos daquela peleja.

19 E deu ordem ao mensageiro, dizendo: Acabando tu de contar ao rei todos os acontecimentos dessa peleja,

20

E sucedendo que o rei se encolerize, e te diga: Por que vos chegastes tão perto da cidade para pelejar? Não sabíeis vós que haviam de atirar do muro?

21 Quem matou Abimeleque, filho de Jerubesete? Não lançou uma mulher sobre ele do muro um pedaço de uma roda de moinho, e ele morreu em Tebes? Por que vos chegastes ao muro? Então dirás: Também morreu teu servo Urias, o heteu.

22 E foi o mensageiro, e entrou, e fez saber a Davi tudo o que Joabe o enviara para dizer.

23 E disse o mensageiro a Davi: Na verdade, mais poderosos foram aqueles homens do que nós, e saíram a nós ao campo; porém nós fomos contra eles, até a entrada da porta.

24 Então os flecheiros atiraram contra os teus servos desde o alto do muro, e morreram alguns dos servos do rei; e também morreu o teu servo Urias, o heteu.

25 E disse Davi ao mensageiro: Assim dirás a Joabe: Não te pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada tanto consome este como aquele; reforça a tua peleja contra a cidade, e a derrota; encoraja-o tu assim.

26 Ouvindo, pois, a mulher de Urias que Urias seu marido estava morto, pranteou seu senhor.

27 E passado o luto, Davi mandou buscá-la, e a recolheu em sua casa, e ela lhe foi por mulher, e deu-lhe um filho. Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor.

Capítulo 12

Natã conta a Davi a parábola da pequena cordeira — O Senhor deu muitas esposas a Davi, que passa a ser amaldiçoado por haver tomado Bate-Seba — Davi jejua e ora por seu filho, mas o Senhor leva o menino — Nasce Salomão — Davi conquista a cidade real dos amonitas.

1

E o Senhor enviou Natã a Davi; e indo ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre.

2 O rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas;

3 Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos juntamente; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha.

4 E vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para guisar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele.

5 Então o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso.

6 E pela cordeira restituirá o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu.

7 Então disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul,

8 E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas.

9 Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.

10

Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher.

11 Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol.

12 Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isso perante todo o Israel e perante o sol.

13 Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor pôs de lado o teu pecado; não morrerás.

14 Todavia, porquanto com este feito tu deste forte motivo para que os inimigos do Senhor blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá.

15 Então Natã foi para sua casa; e o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi, e adoeceu gravemente.

16 E buscou Davi a Deus pela criança; e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado em terra.

17 Então os anciãos da sua casa se levantaram e foram a ele, para o levantar da terra; porém ele não quis, e não comeu pão com eles.

18 E sucedeu que ao sétimo dia morreu a criança; e temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança estava morta, porque diziam: Eis que, estando a criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança está morta? Porque mais mal lhe faria.

19 Viu, porém, Davi que seus servos falavam baixo e entendeu Davi que a criança estava morta, pelo que disse Davi a seus servos: Está morta a criança? E eles disseram: Está morta.

20

Então Davi se levantou da terra, e se lavou, e se ungiu, e mudou de roupa, e entrou na casa do Senhor, e adorou. Então foi à sua casa, e pediu pão; e lhe puseram pão, e comeu.

21 E disseram-lhe seus servos: Que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém depois que morreu a criança te levantaste e comeste pão.

22 E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, e viva a criança?

23 Porém, agora que está morta, por que jejuaria eu ainda? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.

24 Então Davi consolou Bate-Seba, sua mulher, e foi ter com ela, e se deitou com ela; e ela teve um filho, e chamou o seu nome Salomão; e o Senhor o amou.

25 E enviou mensagem pela mão do profeta Natã, e chamou o seu nome Jedidias, por causa do Senhor.

26 E pelejou Joabe contra Rabá, dos filhos de Amom, e tomou a cidade real.

27 Então mandou Joabe mensageiros a Davi, e disse: Pelejei contra Rabá, e também tomei a cidade das águas.

28 Ajunta, pois, agora o restante do povo, e cerca a cidade, e toma-a, para que, tomando eu a cidade, não se aclame sobre ela o meu nome.

29 Então Davi ajuntou todo o povo, e marchou para Rabá, e pelejou contra ela, e a tomou.

30

E tirou a coroa da cabeça do seu rei, cujo peso era de um talento de ouro, e havia nela pedras preciosas, e foi posta sobre a cabeça de Davi; e da cidade levou muito grande despojo.

31 E trazendo o povo que havia nela, o pôs às serras, e às talhadeiras de ferro, e aos machados de ferro, e os fez trabalhar em forno de tijolos; e assim fez a todas as cidades dos filhos de Amom; e voltaram Davi e todo o povo para Jerusalém.

Capítulo 13

Amnom deseja Tamar, sua irmã, e a força a deitar-se com ele — Ele é morto por ordem de Absalão — Absalão foge para Gesur.

1

E aconteceu depois disso que, tendo Absalão, filho de Davi, uma irmã formosa, cujo nome era Tamar, Amnom, filho de Davi, amou-a.

2 E angustiou-se Amnom, até adoecer, por Tamar, sua irmã, porque ela era virgem; e parecia aos olhos de Amnom dificultoso fazer-lhe coisa alguma.

3 Tinha, porém, Amnom um amigo, cujo nome era Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi; e era Jonadabe homem muito sagaz.

4 O qual lhe disse: Por que tu de manhã em manhã tanto emagreces, sendo filho do rei? Não mo farás saber a mim? Então lhe disse Amnom: Amo Tamar, irmã de Absalão, meu irmão,

5 E Jonadabe lhe disse: Deita-te na tua cama, e finge-te doente; e quando teu pai te vier visitar, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e me dê de comer pão, e prepare a comida diante dos meus olhos, para que eu a veja e coma da sua mão.

6 Deitou-se, pois, Amnom, e fingiu-se doente; e indo o rei visitá-lo, disse Amnom ao rei: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e prepare dois bolos diante dos meus olhos, para que eu coma de sua mão.

7 Mandou então Davi dizer a Tamar, na casa dela: Vai à casa de Amnom, teu irmão, e faze-lhe alguma comida.

8 E foi Tamar à casa de Amnom, seu irmão (ele, porém, estava deitado), e tomou massa, e a amassou, e fez bolos diante dos seus olhos, e assou os bolos.

9 E tomou a panela, e os tirou diante dele; porém ele recusou comer. E disse Amnom: Fazei retirar todos da minha presença. E todos se retiraram dele.

10

Então disse Amnom a Tamar: Traze a comida ao quarto, e comerei da tua mão. E tomou Tamar os bolos que fizera, e os levou a Amnom, seu irmão, ao quarto.

11 E chegando-lhos, para que comesse, agarrou-a, e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, minha irmã.

12 Porém ela lhe disse: Não, irmão meu, não me forces, porque não se faz assim em Israel; não faças tal loucura.

13 Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos tolos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales ao rei, porque não me negará a ti.

14 Porém ele não quis dar ouvidos à sua voz; antes, sendo mais forte do que ela, a forçou, e se deitou com ela.

15 Depois Amnom a odiou com grandíssimo ódio, porque maior era o ódio com que a odiava do que o amor com que a amara. E disse-lhe Amnom: Levanta-te, e vai-te.

16 Então ela lhe disse: Não há razão de me despedires assim; maior seria este mal do que o outro que já me fizeste. Porém não lhe quis dar ouvidos.

17 E chamou a seu moço que o servia, e disse: Põe esta para fora, e fecha a porta após ela.

18 E tinha ela sobre si uma túnica de muitas cores (porque assim se vestiam as filhas virgens dos reis), e seu criado a pôs para fora, e fechou a porta após ela.

19 Então Tamar tomou cinza sobre a sua cabeça, e rasgou a túnica de muitas cores que tinha sobre si; e pôs as mãos sobre a cabeça, e foi andando e clamando.

20

E Absalão, seu irmão, lhe disse: Esteve Amnom, teu irmão, contigo? Ora, pois, minha irmã, cala-te; é teu irmão. Não se angustie o teu coração por isso. Assim, ficou Tamar, e esteve desolada em casa de Absalão, seu irmão.

21 E ouvindo o rei Davi todas essas coisas, muito se lhe acendeu a ira.

22 Porém Absalão não falou com Amnom, nem mal nem bem; porque Absalão odiava Amnom, por ter violado Tamar, sua irmã.

23 E aconteceu que, passados dois anos inteiros, Absalão tinha tosquiadores em Baal-Hazor, que está junto a Efraim; e Absalão convidou todos os filhos do rei.

24 E foi Absalão ao rei, e disse: Eis que teu servo tem tosquiadores; peço que o rei e os seus servos venham com o teu servo.

25 O rei, porém, disse a Absalão: Não, filho meu, não vamos todos juntos, para não te sermos pesados. E instou com ele; porém ele não quis ir, mas o abençoou.

26 Então disse Absalão: Se não, rogo-te que deixes ir conosco Amnom, meu irmão. Porém o rei lhe disse: Para que iria contigo?

27 E instando Absalão com ele, deixou ir com ele Amnom, e todos os filhos do rei.

28 E Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Prestai atenção; quando o coração de Amnom estiver alegre do vinho, e eu vos disser: Feri Amnom; então o matareis; não temais; porque porventura não sou eu quem vo-lo ordenei? Sede fortes, e sede valentes.

29 E os moços de Absalão fizeram a Amnom como Absalão lho havia ordenado. Então todos os filhos do rei se levantaram, e montaram cada um no seu mulo, e fugiram.

30

E aconteceu que, estando eles ainda no caminho, chegou a nova a Davi, dizendo: Absalão matou todos os filhos do rei, e nenhum deles ficou.

31 Então o rei se levantou, e rasgou as suas vestes, e se lançou por terra; e todos os seus servos estavam com as vestes rotas.

32 Mas Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi, respondeu, e disse: Não diga o meu senhor que mataram todos os jovens, filhos do rei, porque só morreu Amnom; porque assim o tinha resolvido fazer Absalão, desde o dia em que forçou Tamar, sua irmã.

33 Não se lhe ponha, pois, agora no coração do rei meu senhor tal coisa, dizendo: Morreram todos os filhos do rei; porque só morreu Amnom.

34 E Absalão fugiu; e o moço que estava de guarda levantou os seus olhos e olhou; e eis que muito povo vinha pelo caminho por detrás dele, pelo lado do monte.

35 Então disse Jonadabe ao rei: Eis que vêm os filhos do rei; conforme a palavra de teu servo, assim sucedeu.

36 E aconteceu que, quando acabou de falar, os filhos do rei chegaram, e levantaram a sua voz, e choraram; e também o rei e todos os seus servos choraram com muito grande choro.

37 Assim, Absalão fugiu, e foi a Talmai, filho de Amiur, rei de Gesur. E Davi pranteou por seu filho todos aqueles dias.

38 Assim, Absalão fugiu, e foi para Gesur; esteve ali três anos.

39 Então tinha o rei Davi saudades de Absalão, porque já se tinha consolado acerca de Amnom, que estava morto.

Capítulo 14

Após três anos, Joabe toma medidas para fazer Absalão voltar para casa, por meio de estratagema — Passados mais dois anos, Absalão vê o rei, e eles se reconciliam.

1

Percebendo, pois, Joabe, filho de Zeruia, que o coração do rei se inclinava para Absalão,

2 Joabe mandou buscar em Tecoa uma mulher sábia, e disse-lhe: Ora, finge que estás de luto; veste vestidos de luto, e não te unjas com óleo, e sejas como uma mulher que há muitos dias está de luto por algum morto.

3 E vai ao rei, e fala-lhe conforme esta palavra. E Joabe lhe pôs as palavras na boca.

4 E a mulher tecoíta falou ao rei, e caindo com o rosto em terra, se prostrou e disse: Salva-me, ó rei.

5 E disse-lhe o rei: Que tens? E disse ela: Na verdade sou uma mulher viúva, e morreu meu marido.

6 Tinha, pois, a tua serva dois filhos, e ambos brigaram no campo, e não houve quem os apartasse; assim, um feriu o outro, e o matou.

7 E eis que toda a família se levantou contra a tua serva, e disseram: Dá-nos aquele que matou seu irmão, para que o matemos, por causa da vida de seu irmão, que ele matou, e para que destruamos também o herdeiro. Assim apagarão a brasa que me ficou, de sorte que não deixam a meu marido nome, nem remanescente sobre a terra.

8 E disse o rei à mulher: Vai para tua casa, e eu darei ordem acerca de ti.

9 E disse a mulher tecoíta ao rei: A injustiça, rei meu senhor, venha sobre mim e sobre a casa de meu pai; e o rei e o seu trono fiquem inculpáveis.

10

E disse o rei: Quem falar contra ti, traze-mo a mim; e nunca mais te tocará.

11 E disse ela: Ora, lembre-se o rei do Senhor seu Deus, para que os vingadores do sangue não prossigam na destruição, e não exterminem meu filho. Então disse ele: Vive o Senhor, que não há de cair no chão nem um dos cabelos de teu filho.

12 Então disse a mulher: Peço-te que a tua serva fale uma palavra ao rei meu senhor. E disse ele: Fala.

13 E disse a mulher: Por que, pois, pensaste tu tal coisa contra o povo de Deus? Porque, falando o rei tal palavra, fica como culpado, visto que o rei não torna a trazer o seu desterrado.

14 Porque certamente morreremos, e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais; Deus, pois, não lhe tirará a vida, mas cogitará meios, para que não se desterre dele o seu desterrado.

15 E eu agora vim falar esta palavra ao rei, meu senhor, porque o povo me atemorizou; dizia, pois, a tua serva: Falarei, pois, ao rei; porventura fará o rei segundo a palavra da sua serva.

16 Porque o rei ouvirá, para livrar a sua serva da mão do homem que intenta destruir juntamente a mim e a meu filho da herança de Deus.

17 Dizia mais a tua serva: Seja agora a palavra do rei meu senhor para descanso; porque como um anjo de Deus, assim é o rei, meu senhor, para ouvir o bem e o mal; e o Senhor teu Deus será contigo.

18 Então respondeu o rei, e disse à mulher: Peço-te que não me encubras o que eu te perguntar. E disse a mulher: Ora, fale o rei, meu senhor.

19 E disse o rei: Não é verdade que a mão de Joabe anda contigo em tudo isto? E respondeu a mulher, e disse: Vive a tua alma, ó rei, meu senhor, que ninguém se poderá desviar, nem para a direita nem para a esquerda, de tudo quanto o rei, meu senhor, disse; porque Joabe, teu servo, é quem me deu ordem e foi ele que pôs na boca da tua serva todas estas palavras;

20

Para que eu mudasse o aspecto deste caso, Joabe, teu servo, fez isso; porém sábio é meu senhor, conforme a sabedoria de um anjo de Deus, para entender tudo o que na terra.

21 Então o rei disse a Joabe: Eis que fiz isso; vai, pois, e torna a trazer o jovem Absalão.

22 Então Joabe se prostrou sobre o seu rosto em terra, e se inclinou, e agradeceu ao rei; e disse Joabe: Hoje reconhece o teu servo que achei graça aos teus olhos, ó rei meu senhor, porque o rei fez segundo a palavra do teu servo.

23 Levantou-se, pois, Joabe, e foi a Gesur, e trouxe Absalão a Jerusalém.

24 E disse o rei: Volte para a sua casa, e não veja a minha face. Voltou, pois, Absalão para sua casa, e não viu a face do rei.

25 Não havia, porém, em todo o Israel homem tão belo e tão aprazível como Absalão, desde a planta do pé até o alto da cabeça não havia nele defeito algum.

26 E quando tosquiava a sua cabeça (e sucedia que no fim de cada ano a tosquiava, porquanto muito lhe pesava, e por isso a tosquiava), pesava o cabelo da sua cabeça duzentos siclos, segundo o peso real.

27 Também nasceram a Absalão três filhos e uma filha, cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa à vista.

28 Assim, ficou Absalão dois anos inteiros em Jerusalém, e não viu a face do rei.

29 Mandou, pois, Absalão chamar Joabe, para o enviar ao rei; porém não quis vir a ele; e enviou ainda segunda vez, e contudo, não quis vir.

30

Então disse aos seus servos: Vedes ali o pedaço de campo de Joabe pegado ao meu, e tem cevada nele; ide, e ponde-lhe fogo. E os servos de Absalão puseram fogo no pedaço de campo.

31 Então Joabe se levantou, e foi a Absalão, em casa, e disse-lhe: Por que puseram os teus servos fogo no pedaço de campo que é meu?

32 E disse Absalão a Joabe: Eis que te mandei dizer: Vem cá, para que te envie ao rei, para dizer-lhe: Para que vim de Gesur? Melhor me fora estar ainda lá. Agora, pois, veja eu a face do rei; e se ainda há em mim alguma culpa, que me mate.

33 Então foi Joabe ao rei, e assim lho disse. Então chamou Absalão, e ele foi ao rei, e se inclinou sobre o seu rosto em terra diante do rei; e o rei beijou Absalão.

Capítulo 15

Absalão conspira contra Davi e consegue o apoio do povo — Davi foge, e Absalão entra em Jerusalém.

1

E aconteceu depois disso que Absalão fez aparelhar carros e cavalos, e cinquenta homens que corressem adiante dele.

2 Também Absalão se levantava pela manhã, e parava a um lado do caminho da porta. E sucedia que a todo homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si, e lhe dizia: De que cidade és tu? E dizendo ele: De uma das tribos de Israel é teu servo;

3 Então Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei.

4 Dizia mais Absalão: Ah, quem me dera ser juiz na terra! Para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça.

5 Sucedia também que, quando alguém se chegava a ele para se inclinar diante dele, ele estendia a sua mão, e puxava-o para si, e o beijava.

6 E dessa maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; assim furtava Absalão o coração dos homens de Israel.

7 Aconteceu, pois, ao cabo de quarenta anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que fiz ao Senhor.

8 Porque, morando eu em Gesur, na Síria, fez o teu servo um voto, dizendo: Se o Senhor outra vez me fizer retornar a Jerusalém, servirei ao Senhor.

9 Então lhe disse o rei: Vai em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom.

10

E enviou Absalão espias por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom.

11 E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquilo.

12 Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, de sua cidade de Giló, estando ele sacrificando os seus sacrifícios; e a conjuração se fortificava, e ia o povo aumentando com Absalão.

13 Então foi um mensageiro a Davi, dizendo: O coração dos homens de Israel segue Absalão.

14 Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não poderíamos escapar diante de Absalão. Apressai-vos a caminhar, para que porventura não se apresse ele, e nos alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada.

15 Então os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor.

16 E saiu o rei, com toda a sua casa, a pé; deixou, porém, o rei dez mulheres concubinas, para guardarem a casa.

17 Tendo, pois, saído o rei com todo o povo a pé, pararam num lugar distante.

18 E todos os seus servos iam a seu lado, como também todos os quereteus, e todos os peleteus, e todos os giteus, seiscentos homens que vieram de Gate a pé, caminhavam diante do rei.

19 Disse, pois, o rei a Itai, o giteu: Por que irias tu também conosco? Volta, e fica com o rei, porque estrangeiro és, e também exilado de teu próprio lugar.

20

Ontem vieste, e te levaria eu hoje conosco para caminhar? Pois eu vou aonde quer que puder ir; volta, pois, e torna a levar teus irmãos contigo, com benevolência e fidelidade.

21 Respondeu, porém, Itai ao rei, e disse: vive o Senhor, e vive o rei meu senhor, que no lugar em que estiver o rei meu senhor, seja para morte seja para vida, aí certamente estará também o teu servo.

22 Então Davi disse a Itai: Vem, pois, e passa adiante. Assim passou Itai, o giteu, e todos os seus homens, e todas as crianças que havia com ele.

23 E toda a terra chorava em voz alta, e todo o povo passava; também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou todo o povo na direção do caminho do deserto.

24 Eis que também Zadoque ali estava, e com ele todos os levitas que levavam a arca da aliança de Deus; e puseram ali a arca de Deus, e subiu Abiatar até que todo o povo acabou de passar da cidade.

25 Então disse o rei a Zadoque: Torna a levar a arca de Deus à cidade; se eu achar graça aos olhos do Senhor, ele me tornará a levar para lá, e me deixará ver a ela e a sua habitação.

26 Se, porém, disser assim: Não tenho prazer em ti; eis-me aqui, faça de mim como parecer bem aos seus olhos.

27 Disse mais o rei a Zadoque, o sacerdote: Não és tu porventura o vidente? Retorna, pois, em paz para a cidade, e convosco também vossos dois filhos, Aimás, teu filho, e Jônatas, filho de Abiatar.

28 Vede que me demorarei nas campinas do deserto até que tenha novas vossas.

29 Zadoque, pois, e Abiatar tornaram a levar para Jerusalém a arca de Deus; e ficaram ali.

30

E subiu Davi pela subida das oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com os pés descalços; e todo o povo que ia com ele cobria cada um a sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.

31 Então fizeram saber a Davi, dizendo: Também Aitofel está entre os que se conjuraram com Absalão. Pelo que disse Davi: Ó Senhor, torna em loucura o conselho de Aitofel.

32 E aconteceu que, chegando Davi ao cume, para adorar ali a Deus, eis que Husai, o arquita, veio encontrar-se com ele com a veste rasgada e terra sobre a cabeça.

33 E disse-lhe Davi: Se passares comigo, ser-me-ás pesado.

34 Porém se voltares para a cidade, e disseres a Absalão: Eu serei, ó rei, teu servo; bem fui dantes servo de teu pai, mas agora serei teu servo; anular-me-ás então o conselho de Aitofel.

35 E não estão ali contigo Zadoque e Abiatar, sacerdotes? E acontecerá que todas as coisas que ouvires da casa do rei, farás saber a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes.

36 Eis que estão também ali com eles seus dois filhos, Aimaás, filho de Zadoque, e Jônatas, filho de Abiatar; pela mão deles aviso me mandareis, pois, de todas as coisas que ouvirdes.

37 Husai, pois, amigo de Davi, foi para a cidade; e Absalão entrou em Jerusalém.

Capítulo 16

Mefibosete é acusado de procurar ser rei — Simei, da casa de Saul, amaldiçoa Davi — Aconselhado por Aitofel, Absalão toma as concubinas de seu pai.

1

E passando Davi um pouco mais adiante do cume, eis que Ziba, o moço de Mefibosete, veio encontrar-se com ele, com um par de jumentos albardados, e sobre eles duzentos pães, com cem cachos de passas, e cem de frutas de verão e um odre de vinho.

2 E disse o rei a Ziba: Que pretendes com isto? E disse Ziba: Os jumentos são para a casa do rei, para se montarem neles; e o pão e as frutas de verão para os moços comerem; e o vinho para os cansados no deserto beberem.

3 Então disse o rei: Ora, onde está o filho de teu senhor? E disse Ziba ao rei: Eis que ficou em Jerusalém; porque disse: Hoje a casa de Israel me restituirá o reino de meu pai.

4 Então disse o rei a Ziba: Eis que teu é tudo quanto tem Mefibosete. E disse Ziba: Eu me inclino; que eu ache graça aos teus olhos, ó rei meu senhor.

5 E chegando o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um homem da linhagem da casa de Saul, cujo nome era Simei, filho de Gera, e saindo, ia amaldiçoando.

6 E apedrejava Davi, e em todos os servos do rei Davi; e todo o povo e todos os valentes iam à sua direita e à sua esquerda.

7 E amaldiçoando-o Simei, assim dizia: Sai, sai, homem de sangue, e homem de Belial.

8 O Senhor te deu agora a paga de todo o sangue da casa de Saul, em cujo lugar tens reinado; já deu o Senhor o reino na mão de Absalão, teu filho; e eis-te agora na tua desgraça, porque és um homem de sangue.

9 Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Por que este cão morto amaldiçoaria o rei meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.

10

Disse, porém, o rei: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Ora, deixai-o amaldiçoar; pois o Senhor lhe disse: Amaldiçoa Davi; quem, pois, diria: Por que assim fizeste?

11 Disse mais Davi a Abisai, e a todos os seus servos: Eis que meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura a minha morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lho disse.

12 Porventura o Senhor olhará para a minha miséria; e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia.

13 Prosseguiam, pois, o seu caminho Davi e os seus homens; e também Simei ia ao longo do monte, defronte dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras contra ele, e levantava poeira.

14 E o rei e todo o povo que ia com ele chegaram cansados, e refrescaram-se ali.

15 Absalão, pois, e todo o povo, os homens de Israel, foram a Jerusalém; e Aitofel com ele.

16 E sucedeu que, chegando Husai, o arquita, amigo de Davi, a Absalão, disse Husai a Absalão: Viva o rei, viva o rei!

17 Porém Absalão disse a Husai: É esta a tua benevolência para com o teu amigo? Por que não foste com o teu amigo?

18 E disse Husai a Absalão: Não, porém daquele que eleger o Senhor, e todo este povo, e todos os homens de Israel, dele serei, e com ele ficarei.

19 E ademais, a quem serviria eu? Porventura não seria diante de seu filho? Como servi diante de teu pai, assim serei diante de ti.

20

Então disse Absalão a Aitofel: Dai vosso conselho sobre o que devemos fazer.

21 E disse Aitofel a Absalão: Achega-te às concubinas de teu pai, que deixou para guardarem a casa; e assim todo o Israel ouvirá que te fizeste odioso para com teu pai; e se fortalecerão as mãos de todos os que estão contigo.

22 Armaram, pois, para Absalão uma tenda no terraço; e achegou-se Absalão às concubinas de seu pai, perante os olhos de todo o Israel.

23 E era o conselho de Aitofel, que ele aconselhava naqueles dias, como se alguém consultara a palavra de Deus; tal era todo o conselho de Aitofel, tanto para com Davi como para com Absalão.

Capítulo 17

O conselho de Aitofel é suplantado pelo de Husai — Davi é alertado e foge para o outro lado do Jordão — Aitofel se enforca — O povo se prepara para a guerra.

1

Disse mais Aitofel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil homens, e me levantarei, e perseguirei Davi esta noite.

2 E irei sobre ele, pois está cansado e fraco das mãos; e o atemorizarei, e fugirá todo o povo que está com ele; e então matarei somente o rei.

3 E farei retornar a ti todo o povo; pois o retorno de todos depende do homem a quem tu buscas; assim todo o povo estará em paz.

4 E esta palavra pareceu boa aos olhos de Absalão, e aos olhos de todos os anciãos de Israel.

5 Disse, porém, Absalão: Chamai agora também Husai, o arquita, e ouçamos também o que ele dirá.

6 E chegando Husai a Absalão, lhe falou Absalão, dizendo: Desta maneira falou Aitofel; faremos conforme a sua palavra? Se não, fala tu.

7 Então disse Husai a Absalão: O conselho que Aitofel deu desta vez não é bom.

8 Disse mais Husai: Bem conheces tu teu pai, e seus homens, que são valorosos, e que estão com o espírito amargurado, como a ursa no campo, cujos filhotes foram roubados; e também teu pai é homem de guerra, e não passará a noite com o povo.

9 Eis que agora estará escondido em alguma cova, ou em qualquer outro lugar; e acontecerá que, caindo no princípio alguns dentre eles, cada um que o ouvir então dirá: Houve derrota no povo que segue Absalão.

10

Então até o homem valente, cujo coração é como coração de leão, sem dúvida esmorecerá; porque todo o Israel sabe que teu pai é valoroso, e homens valentes, os que estão com ele.

11 Eu, porém, aconselho que com toda a pressa se ajunte a ti todo o Israel, desde Dã até Berseba, em multidão como a areia do mar; e tu em pessoa vás com eles à peleja.

12 Então iremos a ele, em qualquer lugar que se achar, e facilmente cairemos sobre ele, como o orvalho cai sobre a terra; e não ficará dele e de todos os homens que estão com ele nem mesmo um só.

13 E se ele se retirar para alguma cidade, todo o Israel levará cordas àquela cidade; e arrastá-la-emos até o ribeiro, até que não se ache ali nem uma só pedrinha.

14 Então disseram Absalão e todos os homens de Israel: Melhor é o conselho de Husai, o arquita, do que o conselho de Aitofel (porém assim o Senhor o ordenara, para aniquilar o bom conselho de Aitofel, para que o Senhor trouxesse o mal sobre Absalão).

15 E disse Husai a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Assim e assim aconselhou Aitofel a Absalão e aos anciãos de Israel; porém assim e assim aconselhei eu.

16 Agora, pois, mandai apressadamente avisar Davi, dizendo: Não passes esta noite nas campinas do deserto, e logo também passa ao outro lado, para que o rei e todo o povo que com ele está não sejam devorados.

17 Estavam, pois, Jônatas e Aimaás junto à fonte de Rogel; e foi uma criada, e lho disse, e eles foram, e o disseram ao rei Davi, porque não podiam ser vistos entrar na cidade.

18 Mas viu-os, todavia, um moço, e avisou Absalão; porém ambos logo partiram apressadamente, e entraram na casa de um homem, em Baurim, o qual tinha um poço no seu pátio, e ali dentro desceram.

19 E tomou a mulher a tampa, e a estendeu sobre a boca do poço, e espalhou grão descascado sobre ela; assim, nada se soube.

20

Chegando, pois, os servos de Absalão à mulher, àquela casa, disseram: Onde estão Aimaás e Jônatas? E a mulher lhes disse: Já passaram o vau das águas. E havendo-os buscado, e não os achando, voltaram para Jerusalém.

21 E sucedeu que, depois que se foram, saíram eles do poço, e foram, e anunciaram a Davi; e disseram a Davi: Levantai-vos, e passai depressa as águas, porque assim aconselhou contra vós Aitofel.

22 Então Davi e todo o povo que com ele estava se levantaram, e passaram o Jordão; e pela luz da manhã nem mesmo faltava um só que não tivesse passado o Jordão.

23 Vendo, pois, Aitofel que não se tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa e para a sua cidade, e pôs em ordem a sua casa, e se enforcou; e morreu, e foi sepultado na sepultura de seu pai.

24 E Davi foi a Maanaim; e Absalão passou o Jordão, ele e todo homem de Israel com ele.

25 E Absalão constituiu Amasa, em lugar de Joabe, sobre o acampamento; e era Amasa filho de um homem cujo nome era Itra, o israelita, o qual se deitara com Abigail, filha de Naás, irmã de Zeruia, mãe de Joabe.

26 Israel, pois, e Absalão acamparam na terra de Gileade.

27 E sucedeu que, chegando Davi a Maanaim, Sobi, filho de Naás, de Rabá, dos filhos de Amom, e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim,

28 Tomaram camas e bacias, e vasilhas de barro, e trigo, e cevada, e farinha, e grão torrado, e favas, e lentilhas, também torradas,

29 E mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vacas, e os levaram a Davi e ao povo que com ele estava, para comerem, porque disseram: Este povo no deserto está faminto, e cansado, e sedento.

Capítulo 18

Os israelitas são derrotados nos bosques de Efraim — Joabe mata Absalão — A notícia de sua morte é levada a Davi, que lamenta a morte do filho.

1

E Davi contou o povo que tinha consigo, e pôs sobre eles capitães de mil e capitães de cem.

2 E Davi enviou o povo, um terço debaixo da mão de Joabe, e outro terço debaixo da mão de Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, e outro terço debaixo da mão de Itai, o giteu; e disse o rei ao povo: Eu também juntamente sairei convosco.

3 Porém o povo disse: Não sairás, porque, se formos obrigados a fugir, não farão caso de nós; e ainda que metade de nós morra, não farão caso de nós, porque ainda, tais como nós somos, ajuntarás dez mil; melhor será, pois, que da cidade nos sirvas de socorro.

4 Então Davi lhes disse: O que bem parecer aos vossos olhos, farei. E o rei se pôs ao lado da porta, e todo o povo saiu em centenas e em milhares.

5 E o rei deu ordem a Joabe, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Brandamente tratai por causa de mim o jovem Absalão. E todo o povo ouviu quando o rei deu ordem a todos os capitães acerca de Absalão.

6 Saiu, pois, o povo ao campo, para encontrar-se com Israel, e deu-se a batalha no bosque de Efraim.

7 E ali foi ferido o povo de Israel, diante dos servos de Davi; e naquele mesmo dia houve ali uma grande matança de vinte mil.

8 Porque ali se estendeu a batalha sobre a face de toda aquela terra; e foram mais os do povo que o bosque consumiu do que os que a espada consumiu naquele dia.

9 E Absalão se encontrou com os servos de Davi; e Absalão ia montado num mulo; e entrando o mulo debaixo dos espessos ramos de um grande carvalho, enredou-se-lhe a cabeça no carvalho, e ficou pendurado entre o céu e a terra; e o mulo, que estava debaixo dele, passou adiante.

10

O que vendo um homem, o fez saber a Joabe, e disse: Eis que vi Absalão pendurado num carvalho.

11 Então disse Joabe ao homem que lho fizera saber: Sendo que o viste, por que não o mataste logo ali, derrubando-o em terra? E forçoso me seria dar-te dez moedas de prata e um cinto.

12 Disse, porém, aquele homem a Joabe: Ainda que eu pudesse pesar nas minhas mãos mil moedas de prata, não estenderia a minha mão contra o filho do rei, pois bem ouvimos que o rei te deu ordem a ti, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Guardai-vos, cada um de vós, de tocar o jovem Absalão.

13 Ainda que cometesse mentira a risco da minha vida, nem por isso coisa alguma se esconderia ao rei; e tu mesmo te oporias.

14 Então disse Joabe: Não me demorarei assim contigo aqui. E tomou três dardos, e transpassou com eles o coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho.

15 E o cercaram dez jovens, que levavam as armas de Joabe. E atacaram Absalão, e o mataram.

16 Então tocou Joabe a buzina, e voltou o povo de perseguir Israel, porque Joabe deteve o povo.

17 E tomaram Absalão, e o lançaram no bosque, numa grande cova, e levantaram sobre ele um montão muito grande de pedras; e todo o Israel fugiu, cada um para a sua tenda.

18 Ora, Absalão, quando ainda vivia, tinha tomado e levantado para si uma coluna, que está no vale do rei, porque dizia: Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome. E ele chamou aquela coluna pelo seu próprio nome; pelo que até o dia de hoje se chama o Pilar de Absalão.

19 Então disse Aimaás, filho de Zadoque: Deixa-me correr, e anunciarei ao rei que já o Senhor o vingou da mão de seus inimigos.

20

Mas Joabe lhe disse: Tu não serás hoje o portador de novas, porém outro dia as levarás; mas hoje não darás a nova, porque está morto o filho do rei.

21 E disse Joabe a Cusi: Vai tu, e dize ao rei o que viste. E Cusi se inclinou a Joabe, e correu.

22 E prosseguiu Aimaás, filho de Zadoque, e disse a Joabe: Seja o que for, deixa-me também correr após Cusi. E disse Joabe: Para que agora correrias tu, meu filho, pois não tens mensagem conveniente?

23 Seja o que for, disse Aimaás, correrei. E Joabe lhe disse: Corre. E Aimaás correu pelo caminho da planície, e passou Cusi.

24 E Davi estava assentado entre as duas portas; e a sentinela subiu ao terraço da porta junto ao muro; e levantou os olhos, e olhou, e eis que um homem corria só.

25 Gritou, pois, a sentinela, e o disse ao rei: Se vem só, novas em sua boca. E vinha vindo e se aproximando.

26 Então viu a sentinela outro homem que corria, e a sentinela gritou ao porteiro, e disse: Eis que lá vem outro homem correndo só. Então disse o rei: Também este traz novas.

27 Disse mais a sentinela: Vejo o correr do primeiro, que parece ser o correr de Aimaás, filho de Zadoque. Então disse o rei: Este é homem de bem, e virá com boas novas.

28 Gritou, pois, Aimaás, e disse ao rei: Paz. E inclinou-se ao rei com o rosto em terra, e disse: Bendito seja o Senhor, que entregou os homens que levantaram a mão contra o rei meu senhor.

29 Então disse o rei: Vai tudo bem com o jovem, com Absalão? E disse Aimaás: Vi um grande alvoroço, quando Joabe mandou o servo do rei, e a mim teu servo; porém não sei o que era.

30

E disse o rei: Vira-te, e põe-te aqui. E virou-se, e parou.

31 E eis que chegou Cusi; e disse Cusi: Anuncie-se ao rei meu senhor que hoje o Senhor te vingou da mão de todos os que se levantaram contra ti.

32 Então disse o rei a Cusi: Vai tudo bem com o jovem, com Absalão? E disse Cusi: Sejam como aquele jovem os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para mal.

33 Então o rei se perturbou, e subiu à sala que estava acima da porta, e chorou; e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!

Capítulo 19

Joabe repreende Davi por favorecer os inimigos em vez dos amigos — Davi substitui Joabe por Amasa — Simei, que amaldiçoou Davi, é perdoado — Mefibosete garante que é fiel a Davi — Os homens de Judá levam Davi de volta a Jerusalém.

1

E disseram a Joabe: Eis que o rei anda chorando, e lastima-se por Absalão.

2 Então a vitória se tornou naquele mesmo dia em tristeza para todo o povo; porque naquele mesmo dia o povo ouvira dizer: Muito triste está o rei por causa de seu filho.

3 E naquele mesmo dia o povo entrou às escondidas na cidade, como o faz o povo envergonhado quando foge da peleja.

4 Estava, pois, o rei com o rosto coberto; e o rei gritava em alta voz: Meu filho Absalão, Absalão meu filho, meu filho!

5 Então entrou Joabe na casa do rei, e disse: Hoje envergonhaste o rosto de todos os teus servos, que livraram hoje a tua vida, e a vida de teus filhos, e de tuas filhas, e a vida de tuas mulheres, e a vida de tuas concubinas.

6 Amando tu os que te odeiam, e odiando os que te amam; porque hoje dás a entender que nada valem para ti capitães e servos; porque entendo hoje que se Absalão vivesse, e todos nós hoje estivéssemos mortos, então bem te pareceria aos teus olhos.

7 Levanta-te, pois, agora; sai, e fala conforme o coração de teus servos; porque pelo Senhor te juro que, se não saíres, nem um só homem ficará contigo esta noite; e maior mal te será isto do que todo o mal que tem vindo sobre ti, desde a tua mocidade até agora.

8 Então o rei se levantou, e se assentou à porta; e fizeram saber a todo o povo, dizendo: Eis que o rei está assentado à porta. Então todo o povo foi apresentar-se diante do rei; porém Israel fugiu cada um para a sua tenda.

9 E todo o povo, em todas as tribos de Israel, andava porfiando entre si, dizendo: O rei nos tirou das mãos de nossos inimigos, e ele nos livrou das mãos dos filisteus; e agora fugiu da terra por causa de Absalão.

10

E Absalão, a quem ungimos sobre nós, morreu na peleja; agora, pois, por que vos calais, e não fazeis voltar o rei?

11 Então o rei Davi mandou dizer a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Falai aos anciãos de Judá, dizendo: Por que seríeis vós os últimos em tornar a trazer o rei para a sua casa? (Porque as palavras de todo o Israel chegaram ao rei, até a sua casa.)

12 Vós sois meus irmãos, meus ossos e minha carne sois vós; por que, pois, seríeis os últimos em tornar a trazer o rei?

13 E a Amasa direis: Porventura não és tu meu osso e minha carne? Assim me faça Deus, e outro tanto, se não fores chefe do exército diante de mim para sempre, em lugar de Joabe.

14 Assim, ele moveu o coração de todos os homens de Judá, como o de um só homem; e mandaram dizer ao rei: Volta com todos os teus servos.

15 Então o rei voltou, e chegou até o Jordão; e Judá foi a Gilgal, para ir encontrar-se com o rei, do outro lado do Jordão.

16 E apressou-se Simei, filho de Gera, benjamita, que era de Baurim; e desceu com os homens de Judá para encontrar-se com o rei Davi,

17 E com ele mil homens de Benjamim, como também Ziba, servo da casa de Saul, e seus quinze filhos, e seus vinte servos com ele; e prontamente passaram o Jordão adiante do rei.

18 E cruzando o vau, para fazer passar a família do rei e para fazer o que bem parecesse aos seus olhos, então Simei, filho de Gera, se prostrou diante do rei, passando ele o Jordão.

19 E disse ao rei: Não me impute meu senhor a minha culpa, e não te lembres do que tão perversamente fez teu servo, no dia em que o rei meu senhor saiu de Jerusalém, para o rei conservá-lo no coração.

20

Porque eu, teu servo, deveras confesso que pequei; porém eis que eu sou o primeiro que de toda a casa de José desci para encontrar-me com o rei meu senhor.

21 Então respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Não morreria, pois, Simei por isso, havendo amaldiçoado o ungido do Senhor?

22 Porém Davi disse: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia, para que hoje me sejais adversários? Morreria alguém hoje em Israel? Pois porventura não sei que hoje sou rei sobre Israel?

23 E disse o rei a Simei: Não morrerás. E o rei lho jurou.

24 Também Mefibosete, filho de Saul, desceu para encontrar-se com o rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado as suas vestes, desde o dia em que o rei tinha saído até o dia em que voltou em paz.

25 E sucedeu que, indo ele a Jerusalém para encontrar-se com o rei, disse-lhe o rei: Por que não foste comigo, Mefibosete?

26 E disse ele: Ó rei meu senhor, o meu servo me enganou; porque o teu servo dizia: Albardarei um jumento, e nele montarei, e irei com o rei; pois o teu servo é coxo.

27 E falsamente acusou teu servo diante do rei meu senhor; porém o rei meu senhor é como um anjo de Deus; faze, pois, o que parecer bem aos teus olhos.

28 Porque toda a casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; e contudo puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; e que mais direito tenho eu de clamar ao rei?

29 E disse-lhe o rei: Por que ainda falas de teus assuntos? disse eu: tu e Ziba reparti as terras.

30

E disse Mefibosete ao rei: Tome ele também tudo, pois já veio o rei meu senhor em paz à sua casa.

31 Também Barzilai, o gileadita, desceu de Rogelim, e passou com o rei o Jordão, para o acompanhar ao outro lado do Jordão.

32 E era Barzilai muito velho, da idade de oitenta anos; e ele tinha sustentado o rei, quando tinha a sua morada em Maanaim, porque era homem muito rico.

33 E disse o rei a Barzilai: Passa tu comigo, e sustentar-te-ei comigo em Jerusalém.

34 Porém Barzilai disse ao rei: Quantos serão os dias dos anos da minha vida, para que suba com o rei a Jerusalém?

35 Da idade de oitenta anos sou eu hoje; poderia eu discernir entre bom e mau? Poderia o teu servo ter gosto no que comer e beber? Poderia eu ainda ouvir a voz dos cantores e cantoras? E por que será o teu servo ainda pesado ao rei meu senhor?

36 Com o rei passará teu servo ainda um pouco mais além do Jordão; e por que me recompensará o rei com tal recompensa?

37 Deixa voltar o teu servo, e morrerei na minha cidade, junto à sepultura de meu pai e de minha mãe; mas eis aí o teu servo Quimã, o qual passe com o rei meu senhor, e faze-lhe o que bem parecer aos teus olhos.

38 Então disse o rei: Quimã passará comigo, e eu lhe farei como bem parecer aos teus olhos, e tudo quanto me pedires te farei.

39 Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão, e passando também o rei, este beijou Barzilai, e o abençoou; e ele voltou para o seu lugar.

40

E dali passou o rei a Gilgal, e Quimã passou com ele; e todo o povo de Judá conduziu o rei, como também a metade do povo de Israel.

41 E eis que todos os homens de Israel foram ao rei, e disseram ao rei: Por que te furtaram nossos irmãos, os homens de Judá, e fizeram o rei e a sua casa cruzar o Jordão, e todos os homens de Davi com eles?

42 Então responderam todos os homens de Judá aos homens de Israel: Porquanto o rei é nosso parente; e por que vos irais por isso? Porventura comemos às custas do rei, ou nos deu algum presente?

43 E responderam os homens de Israel aos homens de Judá, e disseram: Dez partes temos no rei, e até em Davi mais temos nós do que vós; por que, pois, fizestes pouco caso de nós, para que a nossa palavra não fosse a primeira, para tornar a trazer o nosso rei? Porém a palavra dos homens de Judá foi mais forte do que a palavra dos homens de Israel.

Capítulo 20

Seba faz com que as tribos de Israel abandonem Davi — Joabe mata Amasa e persegue Seba — Uma mulher sábia intercede — A morte de Seba põe fim à insurreição.

1

Então se achou ali por acaso um homem de Belial, cujo nome era Seba, filho de Bicri, homem de Benjamim, o qual tocou a buzina, e disse: Não temos parte em Davi, nem herança no filho de Jessé; cada um às suas tendas, ó Israel.

2 Então todos os homens de Israel deixaram de seguir Davi, e seguiram Seba, filho de Bicri; porém os homens de Judá se uniram ao seu rei desde o Jordão até Jerusalém.

3 Indo, pois, Davi para sua casa, a Jerusalém, tomou o rei as dez mulheres, suas concubinas, que deixara para guardarem a casa, e as pôs numa casa sob guarda, e as sustentava; porém não se deitou com elas; e estiveram encerradas até o dia da sua morte, vivendo como viúvas.

4 Disse mais o rei a Amasa: Convoca-me os homens de Judá para o terceiro dia; e tu então apresenta-te aqui.

5 E foi Amasa para convocar Judá; porém demorou-se além do tempo que lhe tinha sido designado.

6 Então disse Davi a Abisai: Maior mal agora nos fará Seba, o filho de Bicri, do que Absalão; pelo que toma tu os servos de teu senhor, e persegue-o, para que porventura não ache para si cidades fortificadas, e escape dos nossos olhos.

7 Então saíram atrás dele os homens de Joabe, e os quereteus, e os peleteus, e todos os valentes; estes saíram de Jerusalém para irem atrás de Seba, filho de Bicri.

8 Chegando eles, pois, à pedra grande que está junto a Gibeom, Amasa chegou; e estava Joabe cingido da sua roupa que vestiu, e sobre ela um cinto, ao qual estava presa a espada a seus lombos, na sua bainha; e adiantando-se ele, ela lhe caiu.

9 E disse Joabe a Amasa: Vai tudo bem contigo, meu irmão? E Joabe, com a mão direita, pegou da barba de Amasa, para o beijar.

10

E Amasa não se resguardou da espada que estava na mão de Joabe, de sorte que este o feriu com ela na quinta costela, e lhe derramou por terra as entranhas, e não o feriu segunda vez, e ele morreu; então Joabe e Abisai, seu irmão, foram atrás de Seba, filho de Bicri.

11 Mas algum dentre os moços de Joabe parou junto a ele, e disse: Quem há que queira bem a Joabe? E quem for por Davi siga Joabe.

12 E Amasa estava envolto no seu sangue no meio do caminho; e vendo aquele homem que todo o povo parava, desviou Amasa do caminho para o campo, e lançou sobre ele um manto; porque via que todo aquele que chegava a ele parava.

13 E como estava apartado do caminho, todos os homens seguiram Joabe, para perseguirem Seba, filho de Bicri.

14 E ele passou por todas as tribos de Israel até Abel, a saber, a Bete-Maaca e a todos os beritas; e ajuntaram-se, e também o seguiram.

15 E foram, e o cercaram em Abel de Bete-Maaca, e levantaram uma rampa contra a cidade, assim que estava em frente do antemuro; e todo o povo que estava com Joabe batia no muro, para o derrubar.

16 Então uma mulher sábia gritou de dentro da cidade: Ouvi, ouvi, peço-vos que digais a Joabe: Chega-te aqui, para que eu te fale.

17 Chegou-se a ela, e disse a mulher: Tu és Joabe? E disse ele: Eu sou. E ela lhe disse: Ouve as palavras de tua serva. E disse ele: Ouço.

18 Então falou ela, dizendo: Antigamente costumava-se falar, dizendo: Peça-se conselho em Abel; e assim concluíam o assunto.

19 Sou eu uma das pacíficas e das fiéis em Israel; e tu procuras matar uma cidade que é madre em Israel; por que, pois, devorarias a herança do Senhor?

20

Então respondeu Joabe, e disse: Longe, longe de mim que eu tal faça, que eu devore ou arruíne!

21 A coisa não é assim; porém um homem do monte de Efraim, cujo nome é Seba, filho de Bicri, levantou a mão contra o rei, contra Davi; entregai-me só este, e retirar-me-ei da cidade. Então disse a mulher a Joabe: Eis que te será lançada a sua cabeça pelo muro.

22 E a mulher, na sua sabedoria, foi a todo o povo, e cortaram a cabeça de Seba, filho de Bicri, e a lançaram a Joabe; então ele tocou a buzina, e se retiraram da cidade, cada um para a sua tenda, e Joabe voltou a Jerusalém, ao rei.

23 E Joabe estava sobre todo o exército de Israel; e Benaia, filho de Joiada, sobre os quereteus e sobre os peleteus;

24 E Adorão, sobre os tributos; e Josafá, filho de Ailude, era o cronista;

25 E Seva, o escrivão; e Zadoque e Abiatar, os sacerdotes;

26 E também Ira, o jairita, era o oficial-mor de Davi.

Capítulo 21

O Senhor envia uma fome — Davi compreende que a fome se deve ao fato de Saul ter matado os gibeonitas, contrariando o juramento de Israel — Davi entrega sete filhos de Saul aos gibeonitas, para que os enforquem — Israel e os filisteus continuam suas guerras.

1

E houve nos dias de Davi uma fome de três anos, ano após ano; e Davi consultou ao Senhor, e o Senhor lhe disse: É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os gibeonitas.

2 Então o rei chamou os gibeonitas, e lhes falou (ora, os gibeonitas não eram dos filhos de Israel, mas dos remanescentes dos amorreus, e os filhos de Israel lhes tinham feito juramento, porém Saul procurou matá-los, no seu zelo à causa dos filhos de Israel e de Judá).

3 Disse, pois, Davi aos gibeonitas: Que quereis que eu vos faça? E que compensação vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?

4 Então os gibeonitas lhe disseram: Não é por prata nem ouro que temos questão com Saul e com sua casa; nem tampouco pretendemos matar pessoa alguma em Israel. E disse ele: Que é, pois, que quereis que vos faça?

5 E disseram ao rei: O homem que nos destruiu, e intentou contra nós para que fôssemos assolados, sem que pudéssemos subsistir em termo algum de Israel,

6 De seus filhos se nos deem sete homens, para que os enforquemos ao Senhor em Gibeá de Saul, o eleito do Senhor. E disse o rei: Eu os darei.

7 Porém o rei poupou Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento do Senhor, que entre eles houvera, entre Davi e Jônatas, filho de Saul.

8 Porém tomou o rei os dois filhos de Rispa, filha de Aiá, que tinha tido de Saul, a saber, Armoni e Mefibosete; como também os cinco filhos da irmã de Mical, filha de Saul, que tivera de Adriel, filho de Barzilai, meolatita.

9 E os entregou na mão dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte, perante o Senhor; e caíram estes sete juntamente; e foram mortos nos dias da ceifa, nos dias primeiros, no princípio da ceifa das cevadas.

10

Então Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho sobre uma penha, desde o princípio da ceifa, até que destilou a água sobre eles do céu; e não deixou as aves do céu pousar sobre eles de dia, nem os animais do campo de noite.

11 E foi dito a Davi o que fizera Rispa, filha de Aiá, concubina de Saul.

12 Então foi Davi, e tomou os ossos de Saul, e os ossos de Jônatas, seu filho, dos moradores de Jabes-Gileade, os quais os furtaram da rua de Bete-Seã, onde os filisteus os tinham pendurado, quando os filisteus derrotaram Saul em Gilboa.

13 E fez subir dali os ossos de Saul, e os ossos de Jônatas, seu filho; e ajuntaram também os ossos dos enforcados.

14 Enterraram os ossos de Saul, e de Jônatas, seu filho, na terra de Benjamim, em Zela, na sepultura de seu pai Quis, e fizeram tudo o que o rei ordenara; e depois disso, Deus atendeu às súplicas em favor da terra.

15 Tiveram novamente os filisteus uma peleja contra Israel; e desceu Davi, e com ele os seus servos; e tanto pelejaram contra os filisteus, que Davi se cansou.

16 E Isbi-Benobe, que era dos filhos do gigante, e cuja lança pesava trezentos siclos de bronze, e que cingia uma espada nova, este intentou matar Davi.

17 Porém Abisai, filho de Zeruia, o socorreu, e feriu o filisteu, e o matou. Então os homens de Davi lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás conosco à peleja, para que não apagues a lâmpada de Israel.

18 E aconteceu depois disso que houve em Gobe ainda outra peleja contra os filisteus; então Sibecai, o husatita, matou Safe, que era dos filhos do gigante.

19 Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe; e Elanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matou Golias, o giteu, de cuja lança a haste era como o eixo do tear.

20

Houve ainda também outra peleja em Gate, onde estava um homem de alta estatura, que tinha em cada mão seis dedos, e em cada pé outros seis, vinte e quatro ao todo, e também este nascera do gigante.

21 E injuriava Israel; porém Jônatas, filho de Simei, irmão de Davi, o matou.

22 Estes quatro nasceram ao gigante em Gate; e caíram pela mão de Davi e pela mão de seus servos.

Capítulo 22

Davi louva o Senhor em salmo de ação de graças — O Senhor é sua fortaleza e seu salvador, Ele é forte e poderoso para libertar, Ele recompensa os homens de acordo com a retidão deles, mostra misericórdia aos misericordiosos, Seu caminho é perfeito, Ele vive, e é bendito.

1

E falou Davi ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul.

2 Disse, pois: O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador.

3 Deus é o meu rochedo, nele confiarei; o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio. Ó meu Salvador, de violência me salvaste.

4 O Senhor, digno de louvor, invocarei, e de meus inimigos ficarei livre.

5 Porque me cercaram as ondas de morte; as torrentes de iniquidade me assombraram.

6 Cordas do inferno me cingiram; encontraram-me laços de morte.

7 Estando em angústia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei; do seu templo ouviu ele a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.

8 Então se abalou e tremeu a terra, os fundamentos dos céus se moveram e se abalaram, porque ele se irou.

9 Subiu a fumaça de suas narinas, e da sua boca, um fogo devorador; carvões se incendiaram dele.

10

E abaixou os céus, e desceu; e uma escuridão havia debaixo de seus pés.

11 E subiu sobre um querubim, e voou; e foi visto sobre as asas do vento.

12 E pôs as trevas ao redor de si como tendas; ajuntamento de águas, nuvens dos céus.

13 Pelo resplendor da sua presença, brasas de fogo se acenderam.

14 Trovejou desde os céus o Senhor; e o Altíssimo fez soar a sua voz.

15 E disparou flechas, e os dissipou; raios, e os perturbou.

16 E apareceram as profundezas do mar, os fundamentos do mundo se descobriram, pela repreensão do Senhor, pelo sopro do fôlego das suas narinas.

17 Desde o alto estendeu a mão, e me tomou; tirou-me das muitas águas.

18 Livrou-me do meu poderoso inimigo, e daqueles que me tinham ódio, porque eram mais fortes do que eu.

19 Confrontaram-me no dia da minha calamidade; porém o Senhor se fez o meu esteio.

20

E tirou-me para um lugar espaçoso, e livrou-me, porque tinha prazer em mim.

21 Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça; conforme a pureza de minhas mãos me retribuiu.

22 Porque guardei os caminhos do Senhor; e não me apartei impiamente do meu Deus.

23 Porque todos os seus juízos estavam diante de mim; e de seus estatutos não me desviei.

24 Porém fui sincero perante ele; e guardei-me da minha iniquidade.

25 E me retribuiu o Senhor conforme a minha justiça, conforme a minha pureza diante dos seus olhos.

26 Com o benigno te mostras benigno; com o homem sincero te mostras sincero.

27 Com o puro te mostras puro; mas com o perverso te mostras avesso.

28 E o povo aflito livras; mas teus olhos são contra os altivos, e tu os abaterás.

29 Porque tu, Senhor, és a minha candeia; e o Senhor ilumina as minhas trevas.

30

Porque contigo passo pelo meio de um esquadrão; pelo meu Deus salto um muro.

31 O caminho de Deus é perfeito; e a palavra do Senhor, refinada; e é o escudo de todos os que nele confiam.

32 Por que, quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rochedo, senão o nosso Deus?

33 Deus é a minha fortaleza e a minha força, e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho.

34 Faz ele os meus pés como os das cervas, e me põe sobre as minhas alturas.

35 Instrui as minhas mãos para a peleja, de maneira que um arco de bronze se quebra pelos meus braços.

36 Também me deste o escudo da tua salvação, e pela tua brandura me vieste a engrandecer.

37 Alargaste os meus passos debaixo de mim, e não vacilaram os meus artelhos.

38 Persegui os meus inimigos, e os derrotei, e nunca voltei atrás até que os consumisse.

39 E os consumi, e os esmaguei, de modo que nunca mais se levantaram, mas caíram debaixo dos meus pés.

40

Porque me cingiste de força para a peleja, fizeste abater-se debaixo de mim os que se levantaram contra mim.

41 E deste-me o pescoço de meus inimigos, daqueles que me tinham ódio, e os destruí.

42 Olharam, porém não houve libertador; sim, para o Senhor, porém não lhes respondeu.

43 Então os moí como o pó da terra; como a lama das ruas os esmaguei e pisei.

44 Também me livraste das contendas do meu povo; guardaste-me para cabeça das nações; o povo que não conhecia me servirá.

45 Os filhos de estranhos se me sujeitaram; ouvindo a minha voz, me obedeceram.

46 Os filhos de estranhos desfaleceram; e cingindo-se, saíram dos seus esconderijos.

47 Vive o Senhor, e bendito seja o meu rochedo; e exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação,

48 O Deus que me dá vingança, e sujeita os povos debaixo de mim,

49 E o que me tira dentre os meus inimigos; e tu me exaltas sobre os que contra mim se levantam; do homem violento me livras.

50

Por isso, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e entoarei louvores ao teu nome.

51 Ele dá grandes vitórias a seu rei, e usa de benignidade com o seu ungido, com Davi, e com a sua semente para sempre.

Capítulo 23

Davi fala pelo poder do Espírito Santo — Os governantes devem ser justos e governar no temor do Senhor — Enumeram-se os valentes de Davi e os atos deles são enaltecidos.

1

E estas são as últimas palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacó, e o doce salmista de Israel:

2 O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca.

3 Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus.

4 E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.

5 Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, ele contudo estabeleceu comigo um convênio eterno, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele, apesar de que ainda não o faz brotar.

6 Porém os filhos de Belial todos serão como os espinhos que se lançam fora, porque não se lhes pode pegar com a mão.

7 Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.

8 Estes são os nomes dos valentes que Davi teve: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal dos capitães; este era Adino, o eznita, que se opusera a oitocentos, e os feriu de uma vez.

9 E depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três valentes que estavam com Davi, quando provocaram os filisteus que ali se ajuntaram à peleja, e quando os homens de Israel subiram.

10

Este se levantou, e derrotou os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar a mão pegada à espada; e naquele dia o Senhor realizou um grande livramento; e o povo voltou atrás dele, somente para tomar o despojo.

11 E depois dele Samá, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram numa multidão, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas, e o povo fugira de diante dos filisteus.

12 Este, pois, se pôs no meio daquele pedaço de terra, e o defendeu, e derrotou os filisteus; e o Senhor realizou um grande livramento.

13 Também três dos trinta cabeças desceram, e foram no tempo da ceifa a Davi, à caverna de Adulão; e a multidão dos filisteus acampara no vale de Refaim.

14 Davi estava então num lugar forte, e a guarnição dos filisteus estava então em Belém.

15 E teve Davi desejo, e disse: Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto à porta!

16 Então aqueles três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água da cisterna de Belém, que está junto à porta, e a tomaram, e a levaram a Davi; porém ele não a quis beber, mas derramou-a perante o Senhor.

17 E disse: Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; beberia eu o sangue dos homens que foram a risco da sua vida? De maneira que não a quis beber; isso fizeram aqueles três valentes.

18 Também Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça dos três; e este alçou a sua lança contra trezentos, e os matou; e tinha nome entre os três.

19 Porventura esse não era o mais nobre dentre esses três? Pois era o primeiro deles; porém aos primeiros três não chegou.

20

Também Benaia, filho de Joiada, filho de um homem valoroso de Cabzeel, grande em obras, este matou dois fortes leões de Moabe; e desceu ele, e matou um leão no meio de uma cova, no tempo da neve.

21 Também este matou um homem egípcio, homem de respeito; e na mão do egípcio havia uma lança, porém ele desceu a ele com um cajado, e arrancou a lança da mão do egípcio, e o matou com a sua própria lança.

22 Essas coisas fez Benaia, filho de Joiada, pelo que teve nome entre três valentes.

23 Dentre os trinta ele era o mais nobre, porém aos três primeiros não chegou; e Davi o pôs sobre os seus guardas.

24 Asael, irmão de Joabe, estava entre os trinta, que eram: Elanã, filho de Dodô, de Belém;

25 Samá, harodita; Elica, harodita;

26 Helez, paltita; Ira, filho de Iques, tecoíta;

27 Abiezer, anatotita; Mebunai, husatita;

28 Zalmom, aoíta; Maarai, netofatita;

29 Elebe, filho de Baaná, netofatita; Itai, filho de Ribai, de Gibeá dos filhos de Benjamim;

30

Benaia, piratonita; Hidai, do ribeiro de Gaás;

31 Abi-Albom, arbatita; Azmavete, barumita;

32 Eliaba, saalbonita; os filhos de Jásen e Jônatas;

33 Samá, hararita; Aião, filho de Sarar, ararita;

34 Elifelete, filho de Aasbai, filho de um maacatita; Eliã, filho de Aitofel, gilonita;

35 Hezrai, carmelita; Paarai, arbita;

36 Igal, filho de Natã, de Zobá; Bani, gadita;

37 Zeleque, amonita; Naarai, beerotita, o que levava as armas de Joabe, filho de Zeruia;

38 Ira, itrita; Garebe, itrita;

39 Urias, heteu; trinta e sete ao todo.

Capítulo 24

Davi peca ao contar Israel e Judá — Os homens de guerra somam 1.300.000 — O Senhor destrói 70.000 com uma peste — Davi vê um anjo, oferece sacrifício, e a praga é contida.

1

E a ira do Senhor se tornou a acender contra Israel; e incitou Davi contra eles, dizendo: Vai, conta Israel e Judá.

2 Disse, pois, o rei a Joabe, chefe do exército, o qual tinha consigo: Agora percorre todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e conta o povo, para que eu saiba o número do povo.

3 Então disse Joabe ao rei: Ora, multiplique o Senhor teu Deus este povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu senhor o vejam; mas por que deseja isso o rei meu senhor?

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe, e contra os chefes do exército; Joabe, pois, saiu com os chefes do exército diante da face do rei, para contar o povo de Israel.

5 E passaram o Jordão e acamparam junto a Aroer, à direita da cidade que está no meio do ribeiro de Gade, e junto a Jazer.

6 E foram a Gileade, e à terra baixa de Hodsi; também foram até Dã-Jaã, e ao redor de Sidom.

7 E foram à fortaleza de Tiro, e a todas as cidades dos heveus e dos cananeus; e saíram para o lado do sul de Judá, a Berseba.

8 Assim, percorreram toda a terra; e ao cabo de nove meses e vinte dias voltaram a Jerusalém.

9 E Joabe deu ao rei a soma do número do povo contado; e havia em Israel oitocentos mil homens de guerra, que arrancavam espada; e os homens de Judá eram quinhentos mil homens.

10

E o coração feriu Davi, depois de haver contado o povo; e disse Davi ao Senhor: Muito pequei no que fiz, porém agora, ó Senhor, peço-te que ponhas de lado a iniquidade do teu servo; porque agi muito loucamente.

11 Levantando-se, pois, Davi pela manhã, veio a palavra do Senhor ao profeta Gade, vidente de Davi, dizendo:

12 Vai, e dize a Davi: Assim diz o Senhor: Três coisas te ofereço; escolhe uma delas, para que ta faça.

13 Foi, pois, Gade a Davi, e fez-lho saber, e disse-lhe: Queres que sete anos de fome te venham à tua terra; ou que por três meses fujas diante de teus inimigos, e eles te persigam; ou que por três dias haja peste na tua terra? Delibera agora, e vê que resposta hei de dar ao que me enviou.

14 Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu.

15 Então enviou o Senhor a peste a Israel, desde pela manhã até o tempo determinado; e desde Dã até Berseba morreram setenta mil homens do povo.

16 Estendendo, pois, o anjo a sua mão sobre Jerusalém, para a destruir, o Senhor se arrependeu daquele mal; e disse ao anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu.

17 E vendo Davi o anjo que feria o povo, falou ao Senhor, e disse: Eis que eu sou o que pequei, e eu o que iniquamente agi; porém, estas ovelhas, que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai.

18 E Gade foi naquele mesmo dia a Davi, e disse-lhe: Sobe, levanta ao Senhor um altar na eira de Araúna, o jebuseu.

19 Davi subiu conforme a palavra de Gade, como o Senhor lhe tinha ordenado.

20

E olhou Araúna, e viu que vinham para ele o rei e os seus servos; saiu, pois, Araúna, e inclinou-se diante do rei com o rosto em terra.

21 E disse Araúna: Por que vem o rei meu senhor ao seu servo? E disse Davi: Para comprar de ti esta eira, a fim de edificar nela um altar ao Senhor, para que este castigo cesse de sobre o povo.

22 Então disse Araúna a Davi: Tome, e ofereça o rei meu senhor o que bem parecer aos seus olhos; eis aí bois para o holocausto, e os trilhos, e o jugo dos bois para a lenha.

23 Tudo isso deu Araúna ao rei; disse mais Araúna ao rei: O Senhor teu Deus tome prazer em ti.

24 Porém o rei disse a Araúna: Não, porém por certo preço to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. Assim, Davi comprou a eira e os bois por cinquenta siclos de prata.

25 E edificou ali Davi ao Senhor um altar, e ofereceu holocaustos, e ofertas pacíficas. Assim, o Senhor se aplacou com a terra e cessou aquele castigo de sobre Israel.

O Primeiro Livro dos
Reis

Comumente Chamado de
Terceiro Livro dos Reis

Capítulo 1

Abisague acalenta Davi em sua velhice — Adonias aspira ao trono — Bate-Seba e Natã avisam Davi da conspiração de Adonias — Davi nomeia Salomão rei, e este é ungido por Zadoque — A causa de Adonias fracassa.

1

Sendo, pois, o rei Davi já velho, e avançado em dias, cobriam-no de vestes, porém não se aquecia.

2 Então disseram-lhe os seus servos: Busquem para o rei meu senhor uma moça virgem, que esteja perante o rei, e tenha cuidado dele; e durma no seu seio, para que o rei meu senhor se aqueça.

3 E buscaram por todos os termos de Israel uma moça formosa, e acharam Abisague, sunamita; e a levaram ao rei.

4 E era a moça sobremaneira formosa, e tinha cuidado do rei, e o servia; porém o rei não a conheceu.

5 Então Adonias, filho de Hagite, se enalteceu, dizendo: Eu reinarei. E preparou carros, e cavaleiros, e cinquenta homens, que corressem diante dele.

6 E nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que fizeste assim? E era ele também de aspecto muito formoso; e Hagite o tivera depois de Absalão.

7 E tinha entendimento com Joabe, filho de Zeruia, e com Abiatar, o sacerdote, os quais o ajudavam, seguindo Adonias.

8 Porém Zadoque, o sacerdote, e Benaia, filho de Joiada, e Natã, o profeta, e Simei, e Rei, e os valentes que Davi tinha não estavam com Adonias.

9 E Adonias matou ovelhas, e vacas, e animais cevados, junto à pedra de Zoelete, que está junto à fonte de Rogel; e convidou todos os seus irmãos, os filhos do rei, e todos os homens de Judá, servos do rei.

10

Porém não convidou Natã, o profeta, e Benaia, e os valentes, e Salomão, seu irmão.

11 Então falou Natã a Bate-Seba, mãe de Salomão, dizendo: Não ouviste que Adonias, filho de Hagite, reina? E que nosso senhor Davi não o sabe?

12 Vem, pois, agora, e deixa-me dar-te um conselho, para que salves a tua vida, e a de Salomão, teu filho.

13 Vai, e apresenta-te ao rei Davi, e dize-lhe: Não juraste tu, rei senhor meu, à tua serva, dizendo: Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono? Por que, pois, reina Adonias?

14 Eis que, estando tu ainda ali falando com o rei, eu também entrarei depois de ti, e confirmarei as tuas palavras.

15 E foi Bate-Seba ao rei no quarto; e o rei era muito velho; e Abisague, a sunamita, servia ao rei.

16 E Bate-Seba inclinou a cabeça, e se prostrou perante o rei; e disse o rei: Que tens?

17 E ela lhe disse: Senhor meu, tu juraste à tua serva pelo Senhor teu Deus, dizendo: Salomão, teu filho, reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono.

18 E agora eis que Adonias reina; e agora, ó rei meu senhor, tu não o sabes.

19 E matou vacas, e animais cevados, e ovelhas em abundância, e convidou todos os filhos do rei, e Abiatar, o sacerdote, e Joabe, general do exército, mas não convidou teu servo Salomão.

20

Porém tu, ó rei meu senhor, os olhos de todo o Israel estão sobre ti, para que lhes declares quem se assentará sobre o trono do rei meu senhor, depois dele.

21 De outro modo sucederá que, quando o rei meu senhor dormir com seus pais, eu e Salomão, meu filho, seremos os culpados.

22 E estando ela ainda falando com o rei, eis que entrou o profeta Natã.

23 E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis que ali está o profeta Natã. E entrou na presença do rei, e prostrou-se diante do rei com o rosto em terra.

24 E disse Natã: Ó rei meu senhor, disseste tu: Adonias reinará depois de mim, e ele se assentará sobre o meu trono?

25 Porque hoje desceu, e matou vacas, e animais cevados, e ovelhas em abundância, e convidou todos os filhos do rei, e os capitães do exército, e Abiatar, o sacerdote, e eis que estão comendo e bebendo perante ele, e dizem: Viva o rei Adonias!

26 Porém a mim, sendo eu teu servo, e a Zadoque, o sacerdote, e a Benaia, filho de Joiada, e a Salomão, teu servo, não convidou.

27 Foi feito isso da parte do rei meu senhor? E não fizeste saber a teu servo quem se assentaria no trono do rei meu senhor depois dele?

28 E respondeu o rei Davi, e disse: Chamai-me Bate-Seba. E ela entrou na presença do rei; e ficou em pé diante do rei.

29 Então jurou o rei e disse: Vive o Senhor, o qual remiu a minha alma de toda a angústia,

30

Que, como te jurei pelo Senhor Deus de Israel, dizendo: Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono, em meu lugar; assim o farei no dia de hoje.

31 Então Bate-Seba se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou diante do rei, e disse: Viva o rei Davi, meu senhor, para sempre!

32 E disse o rei Davi: Chamai-me Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Joiada. E entraram na presença do rei.

33 E o rei lhes disse: Tomai convosco os servos de vosso senhor, e fazei subir meu filho Salomão na mula que é minha; e fazei-o descer a Giom.

34 E Zadoque, o sacerdote, com Natã, o profeta, ali o ungirão rei sobre Israel; então tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!

35 Então subireis após ele, e virá e se assentará no meu trono, e ele reinará em meu lugar; porque ordenei que ele seja chefe sobre Israel e sobre Judá.

36 Então Benaia, filho de Joiada, respondeu ao rei, e disse: Amém; assim o diga o Senhor Deus do rei meu senhor.

37 Como o Senhor foi com o rei meu senhor, assim o seja com Salomão, e faça com que o seu trono seja maior do que o trono do rei Davi, meu senhor.

38 Então desceram Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Joiada, e os quereteus, e os peleteus, e fizeram montar Salomão na mula do rei Davi, e o levaram a Giom.

39 E Zadoque, o sacerdote, tomou o chifre do azeite do tabernáculo, e ungiu Salomão; e tocaram a trombeta, e todo o povo disse: Viva o rei Salomão!

40

E todo o povo subiu após ele, e o povo tocava flautas, e alegrava-se com grande alegria, de maneira que com o seu clamor a terra retiniu.

41 E o ouviram Adonias e todos os convidados que estavam com ele, que tinham acabado de comer; também Joabe ouviu o sonido das trombetas, e disse: Por que há tal ruído na cidade alvoroçada?

42 Estando ele ainda falando, eis que vem Jônatas, filho de Abiatar, o sacerdote; e disse Adonias: Entra, porque és homem valente, e trarás boas novas.

43 E respondeu Jônatas, e disse a Adonias: Certamente nosso senhor rei Davi constituiu Salomão rei.

44 E o rei enviou com ele Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Joiada, e os quereteus e os peleteus; e o fizeram montar na mula do rei.

45 E Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, o ungiram rei em Giom, e dali subiram alegres, e a cidade está alvoraçada; este é o clamor que ouviste.

46 E também Salomão está assentado no trono do reino.

47 E também os servos do rei vieram abençoar nosso senhor, o rei Davi, dizendo: Faça teu Deus com que o nome de Salomão seja melhor do que o teu nome, e faça com que o seu trono seja maior do que o teu trono. E o rei se inclinou no leito.

48 E também disse o rei assim: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que hoje deu quem se assente no meu trono, e que os meus olhos o vissem.

49 Então estremeceram e se levantaram todos os convidados que estavam com Adonias; e cada um se foi ao seu caminho.

50

Porém Adonias temeu Salomão; e levantou-se, e foi, e pegou dos chifres do altar.

51 E fez-se saber a Salomão, dizendo: Eis que Adonias teme o rei Salomão, porque eis que pegou dos chifres do altar, dizendo: Jure-me hoje o rei Salomão que não matará seu servo à espada.

52 E disse Salomão: Se for homem de bem, nem um de seus cabelos cairá em terra; se, porém, se achar nele maldade, morrerá.

53 E o rei Salomão mandou que o fizessem descer do altar; e foi, e prostrou-se perante o rei Salomão, e Salomão lhe disse: Vai para tua casa.

Capítulo 2

Davi manda Salomão guardar os mandamentos e andar nos caminhos do Senhor — O rei Davi morre, e Salomão reina — Adonias, Joabe e Simei são mortos, e Abiatar é rejeitado como sumo sacerdote — Estabelece-se o reino com Salomão.

1

E aproximaram-se os dias da morte de Davi; e deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo:

2 Eu vou pelo caminho de toda a terra: sê forte, pois, e sê homem.

3 E guarda o mandado do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que te voltares.

4 Para que o Senhor confirme a palavra, que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel.

5 E também tu sabes o que me fez Joabe, filho de Zeruia, e o que fez aos dois chefes do exército de Israel, a Abner, filho de Ner, e a Amasa, filho de Jeter, os quais matou, e em paz derramou o sangue de guerra, e pôs o sangue de guerra no seu cinto que tinha nos lombos, e nos seus sapatos que trazia nos pés.

6 Faze, pois, segundo a tua sabedoria, e não permitas que suas cãs desçam à sepultura em paz.

7 Porém com os filhos de Barzilai, o gileadita, usarás de benevolência, e estarão entre os que comem à tua mesa, porque assim se chegaram eles a mim, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.

8 E eis que também contigo está Simei, filho de Gera, filho de Benjamim, de Baurim, que me maldisse com maldição atroz, no dia em que eu ia a Maanaim; porém ele saiu para encontrar-se comigo junto ao Jordão, e eu pelo Senhor lhe jurei, dizendo que não o mataria à espada.

9 Mas agora não o tenhas por inculpável, pois és homem sábio, e bem saberás o que lhe hás de fazer para que faças com que as suas cãs desçam à sepultura com sangue.

10

E Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi.

11 E foram os dias que Davi reinou sobre Israel quarenta anos; sete anos reinou em Hebrom, e em Jerusalém reinou trinta e três anos.

12 E Salomão se assentou no trono de Davi, seu pai, e o seu reino se fortificou sobremaneira.

13 Então foi Adonias, filho de Hagite, a Bate-Seba, mãe de Salomão; e disse ela: De paz é a tua vinda? E ele disse: É de paz.

14 Então disse ele: Uma palavra tenho que dizer-te. E ela disse: Fala.

15 Disse, pois, ele: Bem sabes que o reino era meu, e todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, contudo o reino se transferiu e veio a ser de meu irmão, porque foi feito seu pelo Senhor.

16 Assim que agora uma só petição te faço; não ma rejeites. E ela lhe disse: Fala.

17 E ele disse: Peço-te que fales ao rei Salomão (porque ele não to rejeitará) que me dê por mulher Abisague, a sunamita.

18 E disse Bate-Seba: Bem, eu falarei por ti ao rei.

19 Assim, foi Bate-Seba ao rei Salomão, para falar-lhe por Adonias; e o rei se levantou para encontrar-se com ela, e se inclinou diante dela; então se assentou no seu trono, e fez pôr uma cadeira para a mãe do rei, e ela se assentou à sua mão direita.

20

Então disse ela: uma pequena petição te faço; não ma rejeites. E o rei lhe disse: Pede, minha mãe, porque não ta recusarei.

21 E ela disse: Dê-se Abisague, a sunamita, a Adonias, teu irmão, por mulher.

22 Então respondeu o rei Salomão, e disse a sua mãe: E por que pedes Abisague, a sunamita, para Adonias? Pede também para ele o reino (porque é meu irmão maior), para ele, digo, e também para Abiatar, sacerdote, e para Joabe, filho de Zeruia.

23 E jurou o rei Salomão pelo Senhor, dizendo: Assim Deus me faça, e outro tanto, se não falou Adonias esta palavra contra a sua vida.

24 Agora, pois, vive o Senhor, que me confirmou, e me fez assentar no trono de Davi, meu pai, e que me fez casa, como tinha dito, que hoje morrerá Adonias.

25 E o rei Salomão deu ordem a Benaia, filho de Joiada, o qual arremeteu contra ele, de modo que morreu.

26 E a Abiatar, o sacerdote, disse o rei: Para Anatote vai, para os teus campos, porque és homem digno de morte; porém hoje não te matarei, porquanto levaste a arca do Senhor Deus diante de Davi, meu pai, e porquanto te afligiste em tudo quanto meu pai se afligiu.

27 E Salomão lançou fora Abiatar, para que não fosse sacerdote do Senhor, para cumprir a palavra do Senhor, que tinha dito acerca da casa de Eli em Siló.

28 E chegou a notícia até Joabe (porque Joabe se tinha desviado seguindo Adonias, ainda que não se tinha desviado seguindo Absalão), e Joabe fugiu para o tabernáculo do Senhor, e pegou dos chifres do altar.

29 E disseram ao rei Salomão que Joabe tinha fugido para o tabernáculo do Senhor; e eis que está junto ao altar; então Salomão enviou Benaia, filho de Joiada, dizendo: Vai, arremete contra ele.

30

E foi Benaia ao tabernáculo do Senhor, e lhe disse: Assim diz o rei: Sai daí. E disse ele: Não, porém aqui morrerei. E Benaia retornou com a resposta ao rei, dizendo: Assim falou Joabe, e assim me respondeu.

31 E disse-lhe o rei: Faze como ele disse, e arremete contra ele, e sepulta-o, para que tires de mim e da casa de meu pai o sangue que Joabe sem causa derramou.

32 Assim, o Senhor fará recair o sangue dele sobre a sua cabeça, porque arremeteu contra dois homens mais justos e melhores do que ele, e os matou à espada, sem que meu pai Davi o soubesse, ou seja: Abner, filho de Ner, chefe do exército de Israel, e Amasa, filho de Jeter, chefe do exército de Judá.

33 Assim, recairá o sangue destes sobre a cabeça de Joabe, e sobre a cabeça da sua semente para sempre; mas a Davi, e à sua semente, e à sua casa, e ao seu trono dará o Senhor paz para todo o sempre.

34 E subiu Benaia, filho de Joiada, e arremteu contra ele, e o matou; e foi sepultado em sua casa, no deserto.

35 E o rei pôs Benaia, filho de Joiada, em seu lugar sobre o exército, e Zadoque, o sacerdote, pôs o rei em lugar de Abiatar.

36 Depois o rei mandou chamar Simei, e disse-lhe: Edifica para ti uma casa em Jerusalém, e habita ali, e dali não saias, nem para uma nem para outra parte.

37 Porque há de ser que no dia em que saíres e passares o ribeiro de Cedrom, saibas decerto que certamente morrerás; o teu sangue será sobre a tua cabeça.

38 E Simei disse ao rei: Boa é essa palavra; como disse o rei meu senhor, assim fará o teu servo. E Simei habitou em Jerusalém muitos dias.

39 Sucedeu, porém, que, ao cabo de três anos, dois servos de Simei fugiram para Aquis, filho de Maaca, rei de Gate; e deram parte a Simei, dizendo: Eis que teus servos estão em Gate.

40

Então Simei se levantou, e albardou o seu jumento, e foi a Gate, para Aquis, para buscar seus servos; assim, foi Simei, e trouxe os seus servos de Gate.

41 E disseram a Salomão que Simei fora de Jerusalém a Gate, e tinha já voltado.

42 Então o rei mandou chamar Simei, e disse-lhe: Não te conjurei eu pelo Senhor, e solenemente te adverti, dizendo: No dia em que saíres para uma ou outra parte, sabe decerto que certamente morrerás? E tu me disseste: Boa é essa palavra que ouvi.

43 Por que, pois, não guardaste o juramento do Senhor, nem o mandado que te mandei?

44 Disse mais o rei a Simei: Bem sabes tu toda a maldade que o teu coração reconhece que fizeste a Davi, meu pai; pelo que o Senhor fez recair a tua maldade sobre a tua cabeça.

45 Mas o rei Salomão será abençoado, e o trono de Davi será confirmado perante o Senhor para sempre.

46 E o rei mandou Benaia, filho de Joiada, o qual saiu, e arremeteu contra ele, e ele morreu; assim, foi confirmado o reino na mão de Salomão.

Capítulo 3

Salomão ama ao Senhor e guarda Seus mandamentos — O Senhor aparece a Salomão e lhe promete um coração sábio e entendido — Salomão julga a causa de duas prostitutas e determina quem é a mãe de um menino.

1

E Salomão se aparentou com Faraó, rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de Davi, até que acabasse de edificar a sua casa, e a casa do Senhor, e a muralha de Jerusalém em redor.

2 Entretanto o povo sacrificava sobre os altos, porque até aqueles dias ainda não se tinha edificado casa ao nome do Senhor.

3 E Salomão amava ao Senhor, andando nos estatutos de Davi, seu pai; exceto que nos altos sacrificava, e queimava incenso.

4 E foi o rei a Gibeom para lá sacrificar, porque aquele era o grande alto; mil holocaustos sacrificou Salomão naquele altar.

5 E em Gibeom apareceu o Senhor a Salomão de noite em sonho, e disse-lhe Deus: Pede o que quiseres que te dê.

6 E disse Salomão: De grande benevolência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; e guardaste-lhe esta grande benevolência, e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia.

7 Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste teu servo reinar em lugar de Davi, meu pai; e sou ainda menino pequeno; nem sei sair, nem entrar.

8 E teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão.

9 A teu servo, pois, dá um coração compreensivo para julgar teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar este teu tão grande povo?

10

E esta palavra pareceu boa aos olhos do Senhor, de que Salomão pedisse esta coisa.

11 E disse-lhe Deus: Porquanto pediste esta coisa, e não pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos, mas pediste para ti entendimento, para ouvir causas de juízo,

12 Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e compreensivo, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual não se levantará.

13 E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias.

14 E se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, também prolongarei os teus dias.

15 E acordou Salomão, e eis que era sonho. E foi a Jerusalém, e pôs-se perante a arca da aliança do Senhor, e sacrificou holocaustos, e preparou ofertas pacíficas, e fez um banquete para todos os seus servos.

16 Então vieram duas mulheres prostitutas ao rei, e se puseram perante ele.

17 E disse-lhe uma das mulheres: Ah! senhor meu, eu e esta mulher moramos numa casa; e dei à luz, morando com ela naquela casa.

18 E sucedeu que, ao terceiro dia depois do meu parto, também esta mulher deu à luz; estávamos juntas; estranho nenhum estava conosco na casa, senão nós duas naquela casa.

19 E de noite morreu o filho desta mulher, porquanto se deitara sobre ele.

20

E levantou-se à meia noite, e me tirou meu filho do meu lado, enquanto dormia a tua serva, e o deitou no seu seio; e deitou seu filho morto no meu seio.

21 E levantando-me eu pela manhã, para dar de mamar a meu filho, eis que estava morto; mas, atentando pela manhã para ele, eis que não era meu filho, que eu havia dado à luz.

22 Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, e teu filho, o morto. Porém esta disse: Não, por certo, o morto é teu filho, e meu filho, o vivo. Assim falaram perante o rei.

23 Então disse o rei: Uma diz: Este que vive é meu filho, e teu filho, o morto; e a outra diz: Não, por certo, o morto é teu filho, e meu filho, o vivo.

24 Disse mais o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante do rei.

25 E disse o rei: Dividi em duas partes o menino vivo; e dai metade a uma, e metade a outra.

26 Mas a mulher, cujo filho era o vivo, falou ao rei (porque as suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho), e disse: Ah! senhor meu, dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. Porém a outra dizia: Nem teu nem meu seja; antes dividi-o.

27 Então respondeu o rei, e disse: Dai à primeira o menino vivo, e de maneira nenhuma o mateis, porque esta é sua mãe.

28 E todo o Israel ouviu o juízo que julgara o rei, e temeu ao rei, porque viram que havia nele a sabedoria de Deus, para fazer justiça.

Capítulo 4

Enumeram-se os oficiais da corte de Salomão — Salomão reina em paz e prosperidade sobre um extenso reino — Ele excedia todos os homens em sabedoria e entendimento.

1

Assim, foi Salomão rei sobre todo o Israel.

2 E estes eram os príncipes que tinha: Azarias, filho de Zadoque, sacerdote;

3 Eliorefe e Aías, filhos de Sisa, secretários; Josafá, filho de Ailude, cronista;

4 Benaia, filho de Joiada, sobre o exército; e Zadoque e Abiatar eram sacerdotes;

5 E Azarias, filho de Natã, sobre os provedores; e Zabude, filho de Natã, oficial-mor, amigo do rei;

6 E Aisar, mordomo; Adonirão, filho de Abda, sobre o tributo.

7 E tinha Salomão doze provedores sobre todo o Israel, que proviam ao rei e à sua casa; e cada um tinha que prover um mês no ano.

8 E estes são os seus nomes: Ben-Hur, nas montanhas de Efraim;

9 Ben-Dequer, em Macaz, e em Saalbim, e em Bete-Semes, e em Elom, e em Bete-Hanã;

10

Ben-Hesede, em Arubote; também este tinha Socó e toda a terra de Hefer;

11 Ben-Abinadabe, em todo o termo de Dor; tinha este Tafate, filha de Salomão, por mulher;

12 Baaná, filho de Ailude, tinha Taanaque, e Megido, e toda a Bete-Seã, que está junto a Zaretã, abaixo de Jezreel, desde Bete-Seã até Abel-Meolá, até além de Jocmeão;

13 O filho de Geber, em Ramote-Gileade; tinha este as aldeias de Jair, filho de Manassés, as quais estão em Gileade; também tinha o termo de Argobe, o qual está em Basã, sessenta grandes cidades com muros e ferrolhos de bronze;

14 Ainadabe, filho de Ido, em Maanaim;

15 Aimaás, em Naftali; também este tomou Basemate, filha de Salomão, por mulher;

16 Baaná, filho de Husai, em Aser e Bealote;

17 Josafá, filho de Parua, em Issacar;

18 Simei, filho de Elá, em Benjamim;

19 Geber, filho de Uri, na terra de Gileade, a terra de Siom, rei dos amorreus, e de Ogue, rei de Basã; e só uma guarnição havia naquela terra.

20

Eram, pois, os de Judá e Israel muitos, como a areia que está junto ao mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se.

21 E dominava Salomão sobre todos os reinos desde o rio até a terra dos filisteus, e até o termo do Egito; os quais traziam presentes, e serviram a Salomão todos os dias da sua vida.

22 Era, pois, o provimento de Salomão, cada dia, trinta medidas de flor de farinha, e sessenta medidas de farinha;

23 Dez vacas gordas, e vinte vacas de pasto, e cem carneiros; afora os cervos e as gazelas, e os corços, e aves cevadas.

24 Porque dominava sobre tudo quanto havia do lado de cá do rio, de Tifsa até Gaza, todos os reis do lado de cá do rio; e tinha paz de todos os lados em redor dele.

25 E Judá e Israel habitavam seguros, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, desde Dã até Berseba, todos os dias de Salomão.

26 Tinha também Salomão quarenta mil estrebarias de cavalos para os seus carros, e doze mil cavaleiros.

27 Proviam, pois, estes provedores, cada um no seu mês, ao rei Salomão e a todos quantos se chegavam à mesa do rei Salomão; coisa nenhuma deixavam faltar.

28 E traziam a cevada e a palha para os cavalos e para os ginetes, para o lugar onde ele estava, cada um segundo o seu cargo.

29 E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e largueza de coração, como a areia que está na praia do mar.

30

E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios.

31 E era ele ainda mais sábio do que todos os homens, e do que Etã, ezraíta, e Hemã, e Calcol, e Darda, filhos de Maol; e correu o seu nome por todas as nações em redor.

32 E disse três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco.

33 Também falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até o hissopo que nasce na parede; também falou dos animais e das aves, e dos répteis e dos peixes.

34 E vinham de todos os povos para ouvir a sabedoria de Salomão, e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria.

Capítulo 5

Salomão solicita e recebe ajuda de Hirão na obtenção de madeira para a construção do templo — Os israelitas lavram pedras e cortam madeira para o templo.

1

E enviou Hirão, rei de Tiro, os seus servos a Salomão (porque ouvira que tinham ungido Salomão rei em lugar de seu pai), porquanto Hirão sempre tinha amado Davi.

2 Então Salomão mandou dizer a Hirão:

3 Bem sabes tu que Davi, meu pai, não pôde edificar uma casa ao nome do Senhor seu Deus, por causa da guerra com que o cercaram, até que o Senhor os pôs debaixo das plantas dos seus pés.

4 Porém agora o Senhor meu Deus me deu descanso de todos os lados; adversário não há, nem infortúnio algum.

5 E eis que eu intento edificar uma casa ao nome do Senhor, como falou o Senhor a Davi, meu pai, dizendo: Teu filho, que porei em teu lugar no teu trono, ele edificará uma casa ao meu nome.

6 Dá ordem, pois, agora que do Líbano me cortem cedros, e os meus servos estarão com os teus servos, e eu te darei o salário dos teus servos, conforme tudo o que disseres; porque bem sabes tu que entre nós ninguém há que saiba cortar a madeira como os sidônios.

7 E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bendito seja hoje o Senhor, que deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo.

8 E Hirão mandou dizer a Salomão: Ouvi o que me mandaste dizer. Eu farei toda a tua vontade acerca dos cedros e acerca das faias.

9 Os meus servos os levarão desde o Líbano até o mar, e eu os farei conduzir em jangadas pelo mar até o lugar que me designares, e ali os desamarrarei; e tu os tomarás; tu também farás a minha vontade, dando sustento à minha casa.

10

Assim, deu Hirão a Salomão madeira de cedros e madeira de faias, conforme toda a sua vontade.

11 E Salomão deu a Hirão vinte mil coros de trigo, para sustento da sua casa, e vinte coros de azeite batido; isso dava Salomão a Hirão de ano em ano.

12 Deu, pois, o Senhor a Salomão sabedoria, como lhe tinha dito; e houve paz entre Hirão e Salomão, e ambos fizeram aliança.

13 E o rei Salomão fez subir uma leva de gente dentre todo o Israel; e foi a leva de gente trinta mil homens.

14 E os enviou ao Líbano, cada mês dez mil por turno; um mês estavam no Líbano, e dois meses, cada um em sua casa; e Adonirão estava sobre a leva de gente.

15 Tinha também Salomão setenta mil que levavam as cargas, e oitenta mil que cortavam pedras nas montanhas,

16 Afora os chefes dos oficiais de Salomão, os quais estavam sobre aquela obra, três mil e trezentos que davam as ordens ao povo que fazia aquela obra.

17 E mandou o rei que trouxessem pedras grandes, e pedras preciosas, pedras lavradas, para fundarem a casa.

18 E as lavravam os edificadores de Salomão, e os de Hirão, e os giblitas; e preparavam a madeira e as pedras para edificar a casa.

Capítulo 6

Salomão constrói o templo — O Senhor promete habitar no meio dos israelitas se forem obedientes — São descritos os ornamentos do templo.

1

E sucedeu que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), ele começou a edificar a casa do Senhor.

2 E a casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta côvados de comprimento, e de vinte côvados de largura, e de trinta côvados de altura.

3 E o pórtico diante do templo da casa era de vinte côvados de comprimento, segundo a largura da casa, e de dez côvados de largura diante da casa.

4 E fez para a casa janelas de vista estreita.

5 Edificou câmaras junto da parede da casa, em redor das paredes da casa, tanto do templo como do oráculo; e assim lhe fez câmaras colaterais em redor.

6 A câmara de baixo era de cinco côvados de largura; e a do meio, de seis côvados de largura; e a terceira, de sete côvados de largura; porque pela parte de fora da casa em redor fizera recessos, para nada se prender nas paredes da casa.

7 E edificava-se a casa com pedras preparadas, como as traziam se edificava, de maneira que nem martelo, nem machado, nem nenhum outro instrumento de ferro se ouviu na casa quando a edificavam.

8 A porta da câmara do meio estava do lado direito da casa, e por escadas em caracol se subia à do meio; e da do meio, à terceira.

9 Assim, pois, edificou a casa, e a terminou, e cobriu a casa com pranchões e tabuados de cedro.

10

Também edificou as câmaras por toda a casa, de cinco côvados de altura, e as prendeu na casa com madeira de cedro.

11 Então veio a palavra do Senhor a Salomão, dizendo:

12 Quanto a esta casa que tu edificas, se andares nos meus estatutos, e executares os meus juízos, e guardares todos os meus mandamentos, andando neles, confirmarei para contigo a minha palavra, a qual falei a Davi, teu pai;

13 E habitarei no meio dos filhos de Israel, e não desampararei o meu povo de Israel.

14 Assim, edificou Salomão aquela casa, e a terminou.

15 Também cobriu as paredes da casa por dentro com tábuas de cedro; desde o soalho da casa até o teto tudo cobriu com madeira por dentro; e cobriu o soalho da casa com tábuas de faia.

16 Edificou mais vinte côvados de tábuas de cedro nos lados da casa, desde o soalho até as paredes; e por dentro as edificou para o oráculo, para o lugar santíssimo.

17 Era, pois, a casa de quarenta côvados, a saber, o templo fronteiro ao oráculo.

18 E o cedro da casa por dentro era lavrado de botões e flores abertas; tudo era cedro, pedra nenhuma se via.

19 E por dentro da casa interior preparou o oráculo, para pôr ali a arca da aliança do Senhor.

20

E o oráculo no interior era de vinte côvados de comprimento, e de vinte côvados de largura, e de vinte côvados de altura; e o cobriu de ouro puro; também cobriu de cedro o altar.

21 E cobriu Salomão a casa por dentro de ouro puro; e com cadeias de ouro pôs um véu diante do oráculo, e o cobriu com ouro.

22 Assim, toda a casa cobriu de ouro, até acabar toda a casa; também todo o altar que estava diante do oráculo cobriu de ouro.

23 E no oráculo fez dois querubins de madeira de oliveira, cada um da altura de dez côvados.

24 E uma asa de um querubim era de cinco côvados; e a outra asa do querubim, de outros cinco côvados; dez côvados havia desde a extremidade de uma das suas asas até a extremidade da outra das suas asas.

25 Assim era também de dez côvados o outro querubim; ambos os querubins eram de uma mesma medida e de um mesmo talhe.

26 A altura de um querubim era de dez côvados, e assim a do outro querubim.

27 E pôs estes querubins no meio da casa de dentro; e os querubins estendiam as asas, de maneira que a asa de um tocava na parede, e a asa do outro querubim tocava na outra parede; e as suas asas no meio da casa tocavam uma na outra.

28 E cobriu de ouro os querubins.

29 E todas as paredes da casa em redor lavrou de esculturas e entalhes de querubins, e de palmeiras, e de flores abertas, por dentro e por fora.

30

Também cobriu de ouro o soalho da casa, por dentro e por fora.

31 E à entrada do oráculo fez portas de madeira de oliveira; o umbral de cima com as ombreiras faziam a quinta parte da parede.

32 Também as duas portas eram de madeira de oliveira; e lavrou nelas entalhes de querubins, e de palmeiras, e de flores abertas, os quais cobriu de ouro; também estendeu ouro sobre os querubins e sobre as palmeiras.

33 E assim fez para a porta do templo ombreiras de madeira de oliveira, da quarta parte da parede.

34 E eram as duas portas de madeira de faia; e as duas folhas de uma porta eram dobradiças, assim como eram também dobradiças as duas folhas entalhadas da outra porta.

35 E as lavrou de querubins, e de palmeiras, e de flores abertas, e as cobriu de ouro ajustado às figuras entalhadas.

36 Também edificou o pátio interior de três fileiras de pedras lavradas e de uma fileira de vigas de cedro.

37 No ano quarto se pôs o fundamento da casa do Senhor, no mês de Zive.

38 E no ano undécimo, no mês de Bul, que é o mês oitavo, se acabou esta casa com todas as suas coisas, e com tudo o que lhe convinha; e a edificou em sete anos.

Capítulo 7

Salomão constrói para si uma casa — Hirão de Tiro constrói para o templo as duas colunas, o mar de fundição, as dez bases, as dez pias e todos os utensílios — O mar de fundição (pia batismal) apóia-se sobre o dorso de doze bois.

1

Porém a sua casa edificou Salomão em treze anos; e acabou toda a sua casa.

2 Também edificou a casa do bosque do Líbano de cem côvados de comprimento, e de cinquenta côvados de largura, e de trinta côvados de altura, sobre quatro fileiras de colunas de cedro, e vigas de cedro sobre as colunas.

3 E por cima estava coberta de cedro sobre as vigas, que estavam sobre quarenta e cinco colunas, quinze em cada fileira.

4 E havia três fileiras de janelas; e uma janela estava defronte da outra, em três fileiras.

5 Também todas as portas e ombreiras eram de um mesmo formato quadrado; e uma janela estava defronte da outra, em três fileiras.

6 Depois fez um pórtico de colunas de cinquenta côvados de comprimento e de trinta côvados de largura; e o pórtico estava defronte delas, e as colunas com as grossas vigas defronte delas.

7 Também fez o pórtico para o trono onde julgaria, o pórtico do juízo, que estava coberto de cedro de soalho a soalho.

8 E em sua casa em que morava havia outro pátio por dentro do pórtico, de obra semelhante a este; também para a filha de Faraó, que Salomão tomara por mulher, fez uma casa semelhante àquele pórtico.

9 Todas essas coisas eram de pedras de valor, cortadas sob medida, serradas com serra por dentro e por fora; e isto desde o fundamento até as beiras do teto, e por fora até o grande pátio.

10

Também estava fundado sobre pedras de valor, pedras grandes, sobre pedras de dez côvados e pedras de oito côvados.

11 E em cima sobre pedras de valor, lavradas segundo as medidas, e cedros.

12 E era o pátio grande em redor de três fileiras de pedras lavradas, com uma fileira de vigas de cedro; assim eram também o pátio interior da casa do Senhor e o pórtico daquela casa.

13 E o rei Salomão mandou trazer Hirão de Tiro.

14 Era este filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro, que travalhava em bronze; e era cheio de sabedoria, e de entendimento, e de conhecimento para fazer toda a obra de bronze; este veio ter com o rei Salomão, e fez toda a sua obra.

15 E formou duas colunas de bronze; a altura de cada coluna era de dezoito côvados, e um fio de doze côvados cercava cada uma das colunas.

16 Também fez dois capitéis de fundição de bronze para pôr sobre as cabeças das colunas; de cinco côvados era a altura de um capitel; e de cinco côvados, a altura do outro capitel.

17 As redes eram de malha de rede, as ligas eram em forma de cordão, para os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas, sete para um capitel e sete para o outro capitel.

18 Assim, fez as colunas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs; assim também fez com o outro capitel.

19 E os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas eram de obra de lírios no pórtico, de quatro côvados.

20

Os capitéis, pois, sobre as duas colunas estavam também defronte, em cima do bojo que estava junto à rede; e duzentas romãs, em fileiras em redor, estavam também sobre o outro capitel.

21 Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, chamou o seu nome Jaquim; e levantando a coluna esquerda, chamou o seu nome Boaz.

22 E sobre a cabeça das colunas estava a obra de lírios; e assim se acabou a obra das colunas.

23 Fez mais o mar de fundição, de dez côvados de uma borda até a outra borda, de contorno redondo, e de cinco côvados de altura; e um cordão de trinta côvados o cingia em redor.

24 E por baixo da sua borda em redor havia botões que o cingiam; dez por côvado cercavam aquele mar em redor; duas fileiras destes botões foram fundidas na sua fundição.

25 E firmava-se sobre doze bois, três que olhavam para o norte, e três que olhavam para o ocidente, e três que olhavam para o sul, e três que olhavam para o oriente; e o mar em cima estava sobre eles, e todas as suas partes posteriores, para o lado de dentro.

26 E a grossura era de um palmo, e a sua borda como a obra da borda de um copo, como flor de lírios; ele comportava dois mil batos.

27 Fez também as dez bases de bronze; o comprimento de uma base, de quatro côvados; e de quatro côvados, a sua largura; e três côvados, a sua altura.

28 E esta era a obra das bases: tinham cintas, e as cintas estavam entre as molduras.

29 E sobre as cintas que estavam entre as molduras havia leões, bois, e querubins, e sobre as molduras, uma base por cima; e debaixo dos leões e dos bois, grinaldas pendentes.

30

E uma base tinha quatro rodas de bronze, e lâminas de bronze; e os seus quatro cantos tinham suportes; debaixo da pia estavam estes suportes fundidos, do lado de cada uma das grinaldas.

31 E a sua boca estava dentro da coroa, e de um côvado por cima; e era a sua boca redonda, da mesma obra da base, de côvado e meio; e também sobre a sua boca havia entalhes, e as suas cintas eram quadradas, não redondas.

32 E as quatro rodas estavam debaixo das cintas, e os eixos das rodas, na base; e era a altura de cada roda de côvado e meio.

33 E era a obra das rodas como a obra da roda de carro: seus eixos, e suas cambas, e seus cubos, e seus raios, todos eram fundidos.

34 E havia quatro suportes aos quatro cantos de cada base; seus suportes saíam da base.

35 E no alto de cada base havia uma peça redonda de meio côvado de altura; também sobre o alto de cada base havia asas e cintas, que saíam delas.

36 E nas placas dos seus esteios e nas suas cintas lavrou querubins, leões, e palmeiras, segundo o espaço vazio de cada uma, e grinaldas em redor.

37 Deste modo fez as dez bases: todas tinham uma mesma fundição, uma mesma medida, e um mesmo entalhe.

38 Também fez dez pias de bronze; em cada pia cabiam quarenta batos, e cada pia era de quatro côvados, e sobre cada uma das dez bases estava uma pia.

39 E pôs cinco bases à direita da casa, e cinco à esquerda da casa, porém o mar pôs ao lado direito da casa, para o lado do oriente, da parte do sul.

40

Depois fez Hirão as pias, e as pás, e as bacias; e acabou Hirão de fazer toda a obra que fez para o rei Salomão, para a casa do Senhor.

41 A saber: as duas colunas, e os globos dos capitéis que estavam sobre a cabeça das duas colunas; e as duas redes, para cobrir os dois globos dos capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas.

42 E as quatrocentas romãs para as duas redes, a saber: duas fileiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das colunas;

43 Juntamente com as dez bases, e as dez pias sobre as bases;

44 Como também um mar, e os doze bois debaixo daquele mar;

45 E os caldeirões, e as pás, e as bacias, e todos estes utensílios que fez Hirão para o rei Salomão, para a casa do Senhor, todos eram de bronze polido.

46 Na planície do Jordão, o rei os fundiu em terra barrenta, entre Sucote e Zaretã.

47 E deixou Salomão de pesar todos os utensílios, pelo seu excessivo número; nem se averiguou o peso do bronze.

48 Também fez Salomão todos os utensílios que convinham à casa do Senhor: o altar de ouro, e a mesa de ouro, sobre a qual estavam os pães da proposição.

49 E os candelabros de ouro finíssimo, cinco à direita e cinco à esquerda, diante do oráculo; e as flores, e as lâmpadas, e as pinças, também de ouro.

50

Como também as taças, e as pinças, e as bacias, e os perfumadores, e os braseiros, de ouro finíssimo; e as dobradiças para as portas da casa interior, para o lugar santíssimo, e as das portas da casa do templo, também de ouro.

51 Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa do Senhor; então trouxe Salomão as coisas santas de seu pai Davi; a prata, e o ouro, e os utensílios pôs entre os tesouros da casa do Senhor.

Capítulo 8

A arca, que contém as duas tábuas de pedra, é colocada no Santo dos Santos — A glória do Senhor enche o templo — Salomão profere a oração dedicatória — Ele pede bênçãos temporais e espirituais para o arrependido e fervoroso Israel — O povo sacrifica e adora por quatorze dias.

1

Então congregou Salomão os anciãos de Israel, e todos os cabeças das tribos, os príncipes dos pais, dentre os filhos de Israel, ao rei Salomão em Jerusalém, para fazerem subir a arca da aliança do Senhor da cidade de Davi, que é Sião.

2 E todos os homens de Israel se congregaram na festa, ao rei Salomão, no mês de Etanim, que é o sétimo mês.

3 E foram todos os anciãos de Israel; e os sacerdotes alçaram a arca.

4 E levaram a arca do Senhor para cima, e o tabernáculo da congregação, juntamente com todos os utensílios sagrados que havia no tabernáculo; assim, os levaram para cima os sacerdotes e os levitas.

5 E o rei Salomão, e toda a congregação de Israel, que se congregara a ele, estava com ele diante da arca, sacrificando ovelhas e vacas, que não se podiam contar nem numerar, pela multidão.

6 Assim, levaram os sacerdotes a arca da aliança do Senhor ao seu lugar, ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo, até debaixo das asas dos querubins.

7 Porque os querubins estendiam ambas as asas sobre o lugar da arca; e cobriam os querubins a arca e as suas varas por cima.

8 E as varas sobressaíam tanto, que as pontas das varas se viam desde o santuário diante do oráculo, porém de fora não se viam; e ficaram ali até o dia de hoje.

9 Na arca nada havia, senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera em Horebe, quando o Senhor fez convênio com os filhos de Israel, ao saírem eles da terra do Egito.

10

E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor.

11 E não podiam manter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor.

12 Então disse Salomão: O Senhor disse que habitaria na densa nuvem.

13 Certamente te edifiquei uma casa para morada, lugar para a tua eterna habitação.

14 Então virou o rei o seu rosto, e abençoou toda a congregação de Israel; e toda a congregação de Israel estava em pé.

15 E disse: Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que falou pela sua boca a Davi, meu pai, e pela sua mão o cumpriu, dizendo:

16 Desde o dia em que eu tirei o meu povo Israel do Egito, não escolhi cidade alguma de todas as tribos de Israel, para edificar alguma casa, para ali estabelecer o meu nome; porém escolhi Davi, para que presidisse sobre o meu povo Israel.

17 Também Davi, meu pai, propusera em seu coração edificar casa ao nome do Senhor, o Deus de Israel.

18 Porém o Senhor disse a Davi, meu pai: Porquanto propuseste no teu coração edificar casa ao meu nome, bem fizeste em o propor no teu coração.

19 Todavia tu não edificarás esta casa; porém teu filho, que sair de teus lombos, edificará esta casa ao meu nome.

20

Assim, confirmou o Senhor a sua palavra que tinha dito; porque me levantei em lugar de Davi, meu pai, e me assentei no trono de Israel, como disse o Senhor; e edifiquei uma casa ao nome do Senhor, o Deus de Israel.

21 E constituí ali lugar para a arca em que está o convênio do Senhor, o qual fez com nossos pais, quando os tirou da terra do Egito.

22 E pôs-se Salomão diante do altar do Senhor, em frente de toda a congregação de Israel; e estendeu as suas mãos para os céus,

23 E disse: Ó Senhor Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima nos céus nem embaixo na terra, que guardas o convênio e a benevolência a teus servos que andam com todo o seu coração diante de ti.

24 Que guardaste a teu servo Davi, meu pai, o que lhe disseras, porque com a tua boca o disseste, e com a tua mão o cumpriste, como neste dia se vê.

25 Agora, pois, ó Senhor Deus de Israel, guarda a teu servo Davi, meu pai, o que lhe falaste, dizendo: Não te faltará sucessor diante de mim, que se assente no trono de Israel; somente que teus filhos guardem o seu caminho, para andarem diante de mim como tu andaste diante de mim.

26 Agora também, ó Deus de Israel, cumpra-se a tua palavra que disseste a teu servo Davi, meu pai.

27 Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te poderiam conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei.

28 Volve-te, pois, para a oração de teu servo, e para a sua súplica, ó Senhor meu Deus, para ouvires o clamor e a oração que o teu servo hoje faz diante de ti;

29 Para que os teus olhos noite e dia estejam abertos sobre esta casa, sobre este lugar, do qual disseste: O meu nome estará ali; para ouvires a oração que o teu servo fizer neste lugar.

30

Ouve, pois, a súplica do teu servo, e do teu povo Israel, quando orarem neste lugar; também ouve tu no lugar da tua habitação nos céus; ouve também, e perdoa.

31 Quando alguém pecar contra o seu próximo, e puserem sobre ele juramento, para o ajuramentarem, e vier o juramento diante do teu altar nesta casa,

32 Ouve tu então nos céus, e age, e julga teus servos, condenando o injusto, fazendo recair o seu proceder sobre a sua cabeça, e justificando o justo, rendendo-lhe segundo a sua justiça.

33 Quando o teu povo Israel for ferido diante do inimigo, por ter pecado contra ti, e se converterem a ti, e confessarem o teu nome, e orarem e suplicarem a ti nesta casa,

34 Ouve tu então nos céus, e perdoa o pecado do teu povo Israel, e torna a levá-lo à terra que deste a seus pais.

35 Quando os céus se fecharem, e não houver chuva, por terem pecado contra ti, e orarem neste lugar, e confessarem o teu nome, e se converterem dos seus pecados, havendo-os tu afligido,

36 Ouve tu então nos céus, e perdoa o pecado de teus servos e do teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho em que andem, e dá chuva na tua terra que deste ao teu povo em herança.

37 Quando houver fome na terra, quando houver peste, quando houver queima de searas, ferrugem, gafanhotos e pulgão, quando o seu inimigo o cercar na terra das suas portas, ou houver alguma praga ou doença,

38 Toda a oração, toda a súplica, que qualquer homem de todo o teu povo Israel fizer, conhecendo cada um a chaga do seu coração, e estendendo as suas mãos para esta casa,

39 Ouve tu então nos céus, lugar da tua habitação, e perdoa, e age, e dá a cada um conforme todos os seus caminhos, e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens;

40

Para que te temam todos os dias que viverem na terra que deste a nossos pais.

41 E também ouve o estrangeiro, que não for do teu povo Israel, porém vier de terras remotas, por causa do teu nome

42 (Porque ouvirão do teu grande nome, e da tua forte mão, e do teu braço estendido), e vier orar voltado para esta casa,

43 Ouve tu nos céus, lugar da tua habitação, e faze conforme tudo o que o estrangeiro a ti clamar, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te temerem como o teu povo Israel, e para saberem que o teu nome é invocado sobre esta casa que edifiquei.

44 Quando o teu povo sair à guerra contra o seu inimigo, pelo caminho pelo qual os enviares, e orarem ao Senhor, para o lado desta cidade, que tu elegeste, e desta casa, que edifiquei ao teu nome,

45 Ouve então nos céus a sua oração e a sua súplica, e faze-lhes justiça.

46 Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares às mãos do inimigo, para que os levem cativos à terra do inimigo, quer longe ou perto esteja,

47 E na terra aonde forem levados em cativeiro caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro te suplicarem, dizendo: Pecamos, e perversamente agimos, e cometemos iniquidade,

48 E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra de seus inimigos que os levaram em cativeiro, e orarem a ti voltados para a sua terra, que deste a seus pais, para esta cidade que elegeste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome,

49 Ouve então nos céus, lugar da tua habitação, a sua oração e a sua súplica, e faze-lhes justiça,

50

E perdoa o teu povo que houver pecado contra ti, e todas as suas transgressões com que houverem transgredido contra ti; e dá-lhes misericórdia perante aqueles que os têm cativos, para que deles tenham compaixão.

51 Porque são o teu povo e a tua herança que tiraste da terra do Egito, do meio do forno de ferro.

52 Para que teus olhos estejam abertos à súplica do teu servo e à súplica do teu povo Israel, a fim de os ouvirdes em tudo quanto clamarem a ti.

53 Pois tu para tua herança os elegeste de todos os povos da terra, como disseste pelo ministério de Moisés, teu servo, quando tiraste nossos pais do Egito, Senhor Deus.

54 Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor.

55 E pôs-se em pé, e abençoou toda a congregação de Israel em alta voz, dizendo:

56 Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao seu povo Israel, segundo tudo o que disse; nem falhou uma só palavra de todas as suas boas palavras que falou pelo ministério de Moisés, seu servo.

57 O Senhor nosso Deus seja conosco, como foi com nossos pais; não nos desampare, e não nos deixe;

58 Inclinando a si o nosso coração, para andar em todos os seus caminhos, e para guardar os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos que ordenou a nossos pais.

59 E que estas minhas palavras, com que supliquei perante o Senhor, estejam perto, diante do Senhor nosso Deus, de dia e de noite, para que execute o juízo do seu servo e o juízo do seu povo Israel, a cada qual no seu dia,

60

Para que todos os povos da terra saibam que o Senhor é Deus, e que não há nenhum outro.

61 E seja o vosso coração perfeito para com o Senhor nosso Deus, para andardes nos seus estatutos, e guardardes os seus mandamentos como hoje.

62 E o rei e todo o Israel com ele ofereceram sacrifícios perante a face do Senhor.

63 E ofereceu Salomão em sacrifício de ofertas pacíficas o que sacrificou ao Senhor, vinte e duas mil vacas e cento e vinte mil ovelhas; assim, o rei e todos os filhos de Israel consagraram a casa do Senhor.

64 No mesmo dia santificou o rei o meio do átrio que estava diante da casa do Senhor; porquanto ali preparara os holocaustos e as ofertas com a gordura das ofertas pacíficas; porque o altar de bronze que estava diante da face do Senhor era muito pequeno para nele caberem os holocaustos, e as ofertas, e a gordura das ofertas pacíficas.

65 No mesmo tempo celebrou Salomão a festa, e todo o Israel com ele, uma grande congregação, desde a entrada de Hamate até o rio do Egito, perante a face do Senhor nosso Deus, por sete dias, e mais sete dias: quatorze dias.

66 E no oitavo dia despediu o povo, e eles abençoaram o rei; então se foram às suas tendas, alegres e contentes de coração, por causa de todo o bem que o Senhor fizera a Davi, seu servo, e a Israel, seu povo.

Capítulo 9

O Senhor aparece novamente a Salomão — O Senhor promete grandes bênçãos se os israelitas forem obedientes e grandes maldições se eles se afastarem Dele — Salomão reina com esplendor, impõe tributos aos não israelitas e constrói uma frota de navios.

1

Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de edificar a casa do Senhor, e a casa do rei, e todo o desejo de Salomão, que lhe veio à vontade fazer,

2 O Senhor tornou a aparecer a Salomão, como lhe tinha aparecido em Gibeom.

3 E o Senhor lhe disse: Ouvi a tua oração, e a tua súplica que suplicando fizeste perante mim; santifiquei a casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias.

4 E se tu andares perante mim como andou Davi, teu pai, com inteireza de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos,

5 Então confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre, como falei acerca de teu pai Davi, dizendo: Não te faltará homem sobre o trono de Israel.

6 Porém se vós e vossos filhos de qualquer maneira deixardes de me seguir, e não guardardes os meus mandamentos, e os meus estatutos, que vos propus, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e vos curvardes perante eles,

7 Então destruirei Israel da terra que lhes dei; e esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença; e Israel será por provérbio e motejo entre todos os povos.

8 E esta casa será tão exaltada, que todo aquele que por ela passar pasmará, e assobiará, e dirá: Por que o Senhor fez assim a esta terra e a esta casa?

9 E dirão: Porque deixaram o Senhor seu Deus, que tirou seus pais da terra do Egito, e se apegaram a deuses alheios, e se encurvaram perante eles, e os serviram; por isso trouxe o Senhor sobre eles todo este mal.

10

E sucedeu, ao fim de vinte anos, que Salomão edificara as duas casas: a casa do Senhor e a casa do rei

11 (Para o que Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão madeira de cedro e de faia, e ouro, segundo todo o seu desejo), então deu o rei Salomão a Hirão vinte cidades na terra de Galileia.

12 E saiu Hirão de Tiro para ver as cidades que Salomão lhe dera, porém não foram boas aos seus olhos.

13 Pelo que disse: Que cidades são estas que me deste, irmão meu? E chamaram-nas Terra de Cabul até hoje.

14 E enviara Hirão ao rei cento e vinte talentos de ouro.

15 E esta é a causa do tributo que impôs o rei Salomão, para edificar a casa do Senhor, e a sua casa, e Milo, e o muro de Jerusalém, como também Hasor, e Megido, e Gezer.

16 Porque Faraó, rei do Egito, subiu e tomou Gezer, e a queimou a fogo, e matou os cananeus que moravam na cidade, e a deu em dote a sua filha, mulher de Salomão.

17 Assim, Salomão edificou Gezer, e Bete-Horom, a baixa,

18 E Baalate, e Tadmor, no deserto daquela terra,

19 E todas as cidades das provisões que Salomão tinha, e as cidades dos carros, e as cidades dos cavaleiros, e o que o desejo de Salomão quis edificar em Jerusalém, e no Líbano, e em toda a terra do seu domínio.

20

Quanto a todo o povo que restou dos amorreus, heteus, perizeus, heveus, e jebuseus, e que não eram dos filhos de Israel,

21 A seus filhos, que restaram depois deles na terra, os quais os filhos de Israel não puderam destruir totalmente, Salomão os reduziu a tributo servil até hoje.

22 Porém dos filhos de Israel não fez Salomão servo algum, porém eram homens de guerra, e seus criados, e seus príncipes, e seus capitães, e chefes dos seus carros e dos seus cavaleiros.

23 Estes eram os chefes dos oficiais que estavam sobre a obra de Salomão, quinhentos e cinquenta, que davam ordens ao povo que trabalhava na obra.

24 Subiu, porém, a filha de Faraó da cidade de Davi à sua casa, que Salomão lhe edificara; então edificou Milo.

25 E oferecia Salomão, três vezes cada ano, holocaustos e ofertas pacíficas sobre o altar que edificaram ao Senhor, e queimava incenso sobre o que estava perante o Senhor; e assim acabou a casa.

26 Também o rei Salomão fez naus em Eziom-Geber, que está junto a Elate, à praia do Mar Vermelho, na terra de Edom.

27 E mandou Hirão com aquelas naus seus servos, marinheiros, que eram conhecedores do mar, com os servos de Salomão.

28 E foram a Ofir, e tomaram de lá quatrocentos e vinte talentos de ouro, e o trouxeram ao rei Salomão.

Capítulo 10

A rainha de Sabá visita Salomão — A riqueza e a sabedoria dele excedem as de todos os reis da Terra.

1

E ouvindo a rainha de Sabá a fama de Salomão, acerca do nome do Senhor, veio prová-lo por enigmas.

2 E veio a Jerusalém com uma comitiva muito grande; com camelos carregados de especiarias, e muitíssimo ouro, e pedras preciosas; e veio a Salomão, e disse-lhe tudo quanto tinha no seu coração.

3 E Salomão lhe declarou todas as suas palavras; nenhuma coisa se escondeu ao rei, que não lhe declarasse.

4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara,

5 E a comida da sua mesa, e o lugar de seus servos, e o serviço de seus criados, e as vestes deles, e os seus copeiros, e os seus holocaustos, que oferecia na casa do Senhor, não houve mais fôlego nela.

6 E disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, das tuas coisas e da tua sabedoria.

7 E eu não cria naquelas palavras, até que vim, e os meus olhos o viram; eis que não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi.

8 Bem-aventurados os teus homens, bem-aventurados estes teus servos, que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!

9 Bendito seja o Senhor teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr no trono de Israel; porque o Senhor ama Israel para sempre, por isso te estabeleceu rei, para fazeres juízo e justiça.

10

E deu ao rei cento e vinte talentos de ouro, e muitíssimas especiarias, e pedras preciosas; nunca veio especiaria em tanta abundância, como a que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.

11 Também as naus de Hirão, que de Ofir transportavam ouro, traziam de Ofir muitíssima madeira de almugue, e pedras preciosas.

12 E desta madeira de almugue fez o rei balaústres para a casa do Senhor, e para a casa do rei, como também harpas e alaúdes para os cantores; nunca tinha vindo tal madeira de almugue, nem se viu até o dia de hoje.

13 E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo quanto lhe pediu o seu desejo, além do que lhe deu, segundo a generosidade do rei Salomão; então ela voltou e partiu para a sua terra, ela e os seus servos.

14 E era o peso do ouro que se trazia a Salomão a cada ano seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro;

15 Além do que entrava dos negociantes, e do contrato dos especieiros, e de todos os reis da Arábia, e dos governadores da terra.

16 Também o rei Salomão fez duzentos paveses de ouro batido; seiscentos siclos de ouro mandou pesar para cada pavês;

17 E trezentos escudos de ouro batido; três arráteis de ouro mandou pesar para cada escudo; e o rei os pôs na casa do bosque do Líbano.

18 Fez também o rei um grande trono de marfim, e o cobriu de ouro puríssimo.

19 Tinha esse trono seis degraus, e era a cabeça do trono por detrás redonda, e de ambos os lados tinha encostos até o assento; e dois leões estavam junto aos encostos.

20

Também doze leões estavam ali sobre os seis degraus de ambos os lados; nunca se tinha feito obra semelhante em nenhum dos reinos.

21 Também todos os vasos de beber do rei Salomão eram de ouro, e todos os utensílios da casa do bosque do Líbano eram de ouro puro, não havia neles prata, porque nos dias de Salomão não tinha valor algum.

22 Porque o rei tinha no mar as naus de Társis, com as naus de Hirão; uma vez em três anos retornavam as naus de Társis, e traziam ouro e prata, marfim, e bugios, e pavões.

23 Assim, o rei Salomão excedeu todos os reis da terra, tanto em riquezas como em sabedoria.

24 E toda a terra buscava a face de Salomão, para ouvir a sua sabedoria, que Deus tinha posto no seu coração.

25 E trazia cada um como seu presente objetos de prata, e objetos de ouro, e roupas, e armaduras, e especiarias, cavalos e mulas; cada coisa de ano em ano.

26 Também ajuntou Salomão carros e cavaleiros, de sorte que tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros; e os levou às cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém.

27 E fez o rei que em Jerusalém houvesse prata como pedras, e cedros em abundância como figueiras bravas que estão nas planícies.

28 E os cavalos, que tinha Salomão, se traziam do Egito e da Cilícia; os mercadores do rei os recebiam da Cilícia por um certo preço.

29 E subia e saía o carro do Egito por seiscentos siclos de prata, e o cavalo por cento e cinquenta; e assim, por meio deles, os exportavam para todos os reis dos heteus e para os reis da Síria.

Capítulo 11

Salomão se casa com mulheres que não são israelitas, e elas lhe desviam o coração para a adoração de deuses falsos — O Senhor levanta adversários contra ele, entre os quais Jeroboão, o filho de Nebate — Aías promete a Jeroboão que ele será rei das dez tribos — Salomão morre, e Roboão reina em seu lugar.

1

E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias, e heteias,

2 Das nações de que o Senhor tinha dito aos filhos de Israel: Não vos deitareis com elas, e elas não se deitarão convosco; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor.

3 E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o seu coração.

4 Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o seu coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como o coração de Davi, seu pai,

5 Porque Salomão seguiu Astarote, deusa dos sidônios, e seguiu Milcom, a abominação dos amonitas.

6 Assim, fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor, e não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi, seu pai.

7 Então edificou Salomão um alto a Quemós, a abominação dos moabitas, sobre o monte que está diante de Jerusalém, e a Moloque, a abominação dos filhos de Amom.

8 E assim fez para com todas as suas mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses.

9 Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o seu coração do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera.

10

E acerca desse assunto lhe tinha dado ordem que não seguisse outros deuses; porém não guardou o que o Senhor lhe ordenara.

11 Pelo que disse o Senhor a Salomão: Visto que houve isto em ti, que não guardaste o meu convênio e os meus estatutos que te ordenei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo.

12 Todavia nos teus dias não o farei, por causa de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei;

13 Porém todo o reino não rasgarei; uma tribo darei a teu filho, por causa de meu servo Davi, e por causa de Jerusalém, que escolhi.

14 Levantou, pois, o Senhor para Salomão um adversário, Hadade, o edomita; ele era da semente do rei em Edom.

15 Porque sucedeu que, estando Davi em Edom, e subindo Joabe, o chefe do exército, para enterrar os mortos, matou todo homem em Edom.

16 (Porque Joabe ficou ali seis meses com todo o Israel, até que destruiu todo homem em Edom.)

17 Hadade, porém, fugiu, ele e alguns homens edomitas, dos servos de seu pai, com ele, para ir ao Egito; era, porém, Hadade um jovem rapaz.

18 E levantaram-se de Midiã, e foram a Parã, e tomaram consigo homens de Parã, e foram ao Egito, a Faraó, rei do Egito, o qual lhe deu uma casa, e lhe prometeu sustento, e lhe deu uma terra.

19 E achou Hadade grande graça aos olhos de Faraó, de maneira que a irmã de sua mulher lhe deu por mulher, a irmã de Tafnes, a rainha.

20

E a irmã de Tafnes lhe deu seu filho Genubate, o qual Tafnes criou na casa de Faraó; e Genubate estava na casa de Faraó, entre os filhos de Faraó.

21 Ouvindo, pois, Hadade no Egito que Davi adormecera com seus pais, e que Joabe, chefe do exército, estava morto, disse Hadade a Faraó: Despede-me, para que vá à minha terra.

22 Porém Faraó lhe disse: Pois que te falta comigo, que eis que procuras partir para a tua terra? E disse ele: Nada, mas todavia despede-me.

23 Também Deus lhe levantou outro adversário, Rezom, filho de Eliada, que tinha fugido de seu senhor Hadadezer, rei de Zobá,

24 Contra quem também ajuntou homens, e foi capitão de um esquadrão, quando Davi os matou; e indo para Damasco, habitaram ali, e reinaram em Damasco.

25 E foi adversário de Israel por todos os dias de Salomão, e isto além do mal que Hadade fazia, porque detestava Israel, e reinava sobre a Síria.

26 Até Jeroboão, filho de Nebate, efrateu, de Zereda, servo de Salomão (cuja mãe era mulher viúva, por nome Zerua), também levantou a mão contra o rei.

27 E esta foi a causa porque levantou a mão contra o rei: Salomão tinha edificado Milo, e fechou a brecha da cidade de Davi, seu pai.

28 E o homem Jeroboão era forte e valente; e vendo Salomão este jovem, que era laborioso, ele o pôs sobre toda a carga da casa de José.

29 Sucedeu, pois, naquele tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o encontrou o profeta Aías, o silonita, no caminho, e ele se tinha vestido de uma roupa nova, e estavam os dois a sós no campo.

30

E Aías pegou na roupa nova que tinha sobre si, e a rasgou em doze pedaços.

31 E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei as dez tribos.

32 Porém ele terá uma tribo, por causa de Davi, meu servo, e por causa de Jerusalém, a cidade que escolhi de todas as tribos de Israel.

33 Porque me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o que parece reto aos meus olhos, a saber, os meus estatutos e os meus juízos, como Davi, seu pai.

34 Porém não tomarei nada deste reino da sua mão, mas por príncipe o ponho por todos os dias da sua vida, por causa de Davi, meu servo, a quem escolhi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos.

35 Mas da mão de seu filho tomarei o reino, e to darei a ti, as dez tribos dele.

36 E a seu filho darei uma tribo, para que Davi, meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, a cidade que escolhi para pôr ali o meu nome.

37 E te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás rei sobre Israel.

38 E há de ser que, se ouvires tudo o que eu te mandar, e andares pelos meus caminhos, e fizeres o que é reto aos meus olhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa firme, como edifiquei a Davi, e te darei Israel.

39 E por isso afligirei a semente de Davi, todavia não para sempre.

40

Pelo que Salomão procurou matar Jeroboão; porém Jeroboão se levantou, e fugiu para o Egito, a Sisaque, rei do Egito; e esteve no Egito até que Salomão morreu.

41 Quanto ao restante dos feitos de Salomão, e a tudo quanto fez, e à sua sabedoria, porventura não está escrito no livro dos feitos de Salomão?

42 E o tempo que reinou Salomão em Jerusalém sobre todo o Israel foram quarenta anos.

43 E adormeceu Salomão com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi, seu pai; e Roboão, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 12

Roboão procura impor fardos mais pesados ao povo — As dez tribos se rebelam e se voltam para Jeroboão — Jeroboão se entrega à idolatria e adora deuses falsos.

1

E foi Roboão para Siquém, porque todo o Israel foi a Siquém, para o fazerem rei.

2 Sucedeu, pois, que, ouvindo-o Jeroboão, filho de Nebate, estando ainda no Egito (porque fugira de diante do rei Salomão, e habitava Jeroboão no Egito),

3 Mandaram chamá-lo; e Jeroboão e toda a congregação de Israel foram, e falaram a Roboão, dizendo:

4 Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos.

5 E ele lhes disse: Ide-vos até o terceiro dia, e voltai a mim. E o povo se foi.

6 E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estavam na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo?

7 E eles lhe falaram, dizendo: Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias teus servos serão.

8 Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe tinham aconselhado, e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele, que estavam diante dele.

9 E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?

10

E os jovens que haviam crescido com ele lhe falaram, dizendo: Assim falarás a este povo que te falou, dizendo: Teu pai fez pesadíssimo o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.

11 Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

12 Foram, pois, Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei havia falado, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia.

13 E o rei respondeu ao povo duramente, porque deixara o conselho que os anciãos lhe haviam aconselhado.

14 E lhe falou conforme o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

15 O rei, pois, não deu ouvidos ao povo, porque essa reviravolta vinha do Senhor, para confirmar a sua palavra que o Senhor tinha dito pelo ministério de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.

16 Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe o povo a responder, dizendo: Que parte temos nós com Davi? E não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Provê agora a tua casa, ó Davi. Então Israel se foi às suas tendas.

17 No tocante, porém, aos filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá, também sobre eles reinou Roboão.

18 Então o rei Roboão enviou Adorão, que estava sobre os tributos; e todo o Israel o apedrejou, e morreu, mas o rei Roboão se apressou a subir ao carro para fugir para Jerusalém.

19 Assim, Israel se rebelou contra a casa de Davi até o dia de hoje.

20

E sucedeu que, ouvindo todo o Israel que Jeroboão tinha voltado, mandaram chamá-lo para a congregação, e o fizeram rei sobre todo o Israel; e ninguém seguiu a casa de Davi, senão somente a tribo de Judá.

21 Indo, pois, Roboão a Jerusalém, ajuntou toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil escolhidos, destros para a guerra, para pelejar contra a casa de Israel, para restituir o reino a Roboão, filho de Salomão.

22 Porém veio a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo:

23 Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá, e a Benjamim, e ao restante do povo, dizendo:

24 Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque eu é que fiz isso. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo a palavra do Senhor.

25 E Jeroboão edificou Siquém, no monte de Efraim, e habitou ali; e saiu dali, e edificou Penuel.

26 E disse Jeroboão no seu coração: Agora retornará o reino à casa de Davi.

27 Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e retornarão a Roboão, rei de Judá.

28 Pelo que o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro, e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.

29 E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dã.

30

E este feito se tornou em pecado, pois que o povo ia até Dã para adorar um deles.

31 Também fez casa nos altos, e fez sacerdotes dentre todo o povo, que não eram dos filhos de Levi.

32 E fez Jeroboão uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se fazia em Judá, e sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que fizera; também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera.

33 E sacrificou no altar que fizera em Betel, no dia décimo quinto do oitavo mês, que ele tinha imaginado no seu coração; assim, fez a festa aos filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso.

Capítulo 13

Jeroboão é ferido e depois curado por um profeta de Judá — O profeta transmite sua mensagem, é desviado do caminho por um profeta de Betel e é morto por um leão por sua desobediência — Jeroboão continua a adoração falsa em Israel.

1

E eis que um homem de Deus veio de Judá com a palavra do Senhor a Betel; e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso.

2 E clamou contra o altar com a palavra do Senhor, e disse: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti.

3 E deu naquele mesmo dia um sinal, dizendo: Este é o sinal de que o Senhor falou: Eis que o altar se fenderá, e a cinza, que nele está, se derramará.

4 E sucedeu que, ouvindo o rei a palavra do homem de Deus, que clamara contra o altar de Betel, Jeroboão estendeu a sua mão de sobre o altar, dizendo: Prendei-o. Mas a sua mão, que estendera contra ele, se secou, e não a podia tornar a trazer a si.

5 E o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar, segundo o sinal que o homem de Deus apontara pela palavra do Senhor.

6 Então respondeu o rei, e disse ao homem de Deus: Ora à face do Senhor teu Deus, e roga por mim, que a minha mão se me restitua. Então o homem de Deus orou à face do Senhor, e a mão do rei se lhe restituiu, e ficou como dantes.

7 E o rei disse ao homem de Deus: Vem comigo à casa, e conforta-te, e dar-te-ei um presente.

8 Porém o homem de Deus disse ao rei: Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão nem beberia água neste lugar.

9 Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: Não comerás pão nem beberás água; e não voltarás pelo caminho por onde foste.

10

E foi-se por outro caminho, e não voltou pelo caminho por onde viera a Betel.

11 E morava em Betel um profeta velho; e foi seu filho, e contou-lhe tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel; as palavras que dissera ao rei, contaram-nas a seu pai.

12 E disse-lhes seu pai: Por que caminho se foi? E tinham visto seus filhos o caminho por onde fora o homem de Deus que viera de Judá.

13 Então disse a seus filhos: Albardai-me um jumento. E albardaram-lhe o jumento, e montou nele.

14 E foi após o homem de Deus, e o achou assentado debaixo de um carvalho, e disse-lhe: És tu o homem de Deus que vieste de Judá? E ele disse: Eu sou.

15 Então lhe disse: Vem comigo para casa, e come pão.

16 Porém ele disse: Não posso voltar contigo, nem entrarei contigo, nem tampouco comerei pão, nem beberei contigo água neste lugar.

17 Porque me foi mandado pela palavra do Senhor: Ali nem comerás pão, nem beberás água, nem tornarás a ir pelo caminho por que foste.

18 E ele lhe disse: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou pela palavra do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água (porém mentiu-lhe).

19 E retornou com ele, e comeu pão em sua casa e bebeu água.

20

E sucedeu que, estando eles à mesa, a palavra do Senhor veio ao profeta que o tinha feito voltar.

21 E clamou ao homem de Deus, que viera de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde à boca do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenara,

22 Antes voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que te dissera: Não comerás pão nem beberás água; o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais.

23 E sucedeu que, depois que comeu pão, e depois que bebeu, albardou ele o jumento para o profeta que fizera voltar.

24 Foi-se, pois, e um leão o encontrou no caminho, e o matou; e o seu cadáver estava lançado no caminho, e o jumento estava parado junto a ele, e o leão estava junto ao cadáver.

25 E eis que os homens passaram, e viram o corpo lançado no caminho, como também o leão, que estava junto ao corpo; e foram, e o disseram na cidade onde o velho profeta habitava.

26 E ouvindo-o o profeta que o fizera voltar do caminho, disse: É o homem de Deus, que foi rebelde à boca do Senhor; por isso o Senhor o entregou ao leão, que o despedaçou e matou, segundo a palavra que o Senhor lhe tinha dito.

27 Então disse a seus filhos: Albardai-me o jumento. Eles o albardaram.

28 Então foi, e achou o seu cadáver lançado no caminho, e o jumento e o leão, que estavam parados junto ao cadáver; o leão não tinha devorado o corpo, nem tinha despedaçado o jumento.

29 Então o profeta levantou o cadáver do homem de Deus, e pô-lo em cima do jumento e o tornou a levar; assim, foi o velho profeta à cidade, para o chorar e enterrar.

30

E colocou o seu cadáver no seu próprio sepulcro; e prantearam sobre ele, dizendo: Ah, irmão meu!

31 E sucedeu que, depois de o haver sepultado, falou a seus filhos, dizendo: Morrendo eu, sepultai-me no sepulcro em que o homem de Deus está sepultado; ponde os meus ossos junto aos ossos dele.

32 Porque certamente se cumprirá o que pela palavra do Senhor exclamou contra o altar que está em Betel, como também contra todas as casas dos altos que estão nas cidades de Samaria.

33 Depois destas coisas, Jeroboão não deixou o seu mau caminho; antes, dentre todo o povo tornou a fazer sacerdotes dos lugares altos; a quem queria, consagrava, e assim se tornava um dos sacerdotes dos lugares altos.

34 E isso foi causa de pecado à casa de Jeroboão, para destruí-la e extinguí-la da terra.

Capítulo 14

Aías prediz a ruína da casa de Jeroboão, a morte do filho deste e a dispersão dos israelitas por causa de sua idolatria — Jeroboão morre, e Nadabe reina — Judá, sob o governo de Roboão, se volta à iniquidade — Sisaque, rei do Egito, leva os tesouros do templo — Roboão morre, e Abias reina.

1

Naquele tempo adoeceu Abias, filho de Jeroboão.

2 E disse Jeroboão a sua mulher: Levanta-te agora, e disfarça-te, para que não saibam que és mulher de Jeroboão, e vai a Siló. Eis que lá está o profeta Aías, o qual falou de mim, que eu seria rei sobre este povo.

3 E toma na tua mão dez pães, e bolos, e uma botija de mel, e vai a ele; ele te declarará o que há de suceder a este menino.

4 E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e foi a Siló, e entrou na casa de Aías; e já Aías não podia ver, porque os seus olhos estavam já escurecidos por causa da sua velhice.

5 Porém o Senhor disse a Aías: Eis que a mulher de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, porque está doente; assim e assim lhe falarás; e há de ser que, entrando ela, fingirá ser outra.

6 E sucedeu que, ouvindo Aías o ruído de seus pés, entrando ela pela porta, disse ele: Entra, mulher de Jeroboão; por que te disfarças assim? Pois eu sou enviado a ti com duras novas.

7 Vai, dize a Jeroboão: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Porquanto te levantei do meio do povo, e te pus por chefe sobre o meu povo de Israel,

8 E rasguei o reino da casa de Davi, e a ti o dei, e tu não foste como o meu servo Davi, que guardou os meus mandamentos, e que andou após mim com todo o seu coração para fazer somente o que parecia reto aos meus olhos,

9 Antes tu fizeste o mal, pior do que todos os que foram antes de ti; e foste, e fizeste outros deuses e imagens de fundição, para provocar-me à ira, e me lançaste para trás das tuas costas;

10

Portanto, eis que trarei mal sobre a casa de Jeroboão, e destruirei de Jeroboão todo homem, até o menino, tanto o escravo como o livre em Israel; e lançarei fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que de todo se acabe.

11 Quem morrer a Jeroboão na cidade os cães o comerão, e o que morrer no campo as aves do céu o comerão, porque o Senhor o disse.

12 Tu, pois, levanta-te, e vai para tua casa; entrando os teus pés na cidade, o menino morrerá.

13 E todo o Israel o pranteará, e o sepultará; porque só este de Jeroboão entrará em sepultura, porquanto se achou nele coisa boa para com o Senhor Deus de Israel em casa de Jeroboão.

14 O Senhor porém levantará para si um rei sobre Israel, que destruirá a casa de Jeroboão no mesmo dia. Que digo eu? Há de ser já.

15 Também o Senhor ferirá Israel como se move a cana nas águas; e arrancará Israel desta boa terra que tinha dado a seus pais, e o dispersará para além do rio; porquanto fizeram os seus postes-ídolos, provocando o Senhor à ira.

16 E entregará Israel por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou, e fez pecar Israel.

17 Então a mulher de Jeroboão se levantou, e foi, e chegou a Tirza; chegando ela ao limiar da porta, morreu o menino.

18 E o sepultaram, e todo o Israel o pranteou, conforme a palavra do Senhor, a qual dissera pelo ministério de seu servo Aías, o profeta.

19 Quanto ao restante dos feitos de Jeroboão, como guerreou, e como reinou, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel.

20

E foram os dias que Jeroboão reinou vinte e dois anos; e dormiu com seus pais; e Nadabe, seu filho, reinou em seu lugar.

21 E Roboão, filho de Salomão, reinava em Judá; de quarenta e um anos de idade era Roboão quando começou a reinar, e dezessete anos reinou em Jerusalém, na cidade que o Senhor escolhera de todas as tribos de Israel para pôr ali o seu nome; e era o nome de sua mãe Naamá, amonita.

22 E fez Judá o que parecia mal aos olhos do Senhor; e o provocaram a zelo, mais do que todos os seus pais fizeram, com os seus pecados que cometeram.

23 Porque também eles edificaram altos, e estátuas, e postes-ídolos sobre todo alto outeiro e debaixo de toda árvore verde.

24 Havia também prostitutos cultuais na terra; fizeram conforme todas as abominações das nações que o Senhor tinha expulsado da sua possessão de diante dos filhos de Israel.

25 Sucedeu, pois, que, no quinto ano do rei Roboão, Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém,

26 E tomou os tesouros da casa do Senhor e os tesouros da casa do rei; e ainda tomou tudo; também tomou todos os escudos de ouro que Salomão tinha feito.

27 E em lugar deles fez o rei Roboão escudos de bronze, e os entregou nas mãos dos capitães da guarda que guardavam a porta da casa do rei.

28 E sucedia que, quando o rei entrava na casa do Senhor, os da guarda os levavam, e os tornavam a trazê-los à câmara dos da guarda.

29 Quanto ao restante dos feitos de Roboão, e a tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

30

E houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias.

31 E Roboão dormiu com seus pais, e foi sepultado com seus pais na cidade de Davi; e era o nome de sua mãe Naamá, amonita; e Abias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 15

Em Judá, Abias reina iniquamente, e depois Asa reina em retidão — Em Israel, Nadabe e depois Baasa reinam iniquamente — Baasa destrói a casa de Jeroboão.

1

E no décimo oitavo ano do rei Jeroboão, filho de Nebate, Abias começou a reinar sobre Judá.

2 E três anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Maaca, filha de Absalão.

3 E andou em todos os pecados de seu pai, que tinha feito antes dele; e seu coração não foi perfeito para com o Senhor seu Deus, como o coração de Davi, seu pai.

4 Mas por causa de Davi o Senhor lhe deu uma lâmpada em Jerusalém, levantando seu filho depois dele, e confirmando Jerusalém.

5 Porquanto Davi tinha feito o que parecia reto aos olhos do Senhor, e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no caso de Urias, o heteu.

6 E houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os dias da sua vida.

7 Quanto ao restante dos feitos de Abias, e a tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá? Também houve guerra entre Abias e Jeroboão.

8 E Abias dormiu com seus pais, e o sepultaram na cidade de Davi; e Asa, seu filho, reinou em seu lugar.

9 E no vigésimo ano de Jeroboão, rei de Israel, começou Asa a reinar em Judá.

10

E quarenta e um anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Maaca, filha de Absalão.

11 E Asa fez o que parecia reto aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai.

12 Porque tirou da terra os prostitutos cultuais, e tirou todos os ídolos que seus pais fizeram.

13 E até Maaca, sua mãe, removeu para que não fosse rainha, porquanto tinha feito um horrível ídolo a Aserá; também Asa desfez o seu ídolo horrível, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom.

14 Os altos porém não foram removidos; todavia foi o coração de Asa reto para com o Senhor todos os seus dias.

15 E à casa do Senhor trouxe as coisas consagradas de seu pai, e as coisas que ele mesmo consagrara: prata e ouro, e utensílios.

16 E houve guerra entre Asa e Baasa, rei de Israel, todos os seus dias.

17 Porque Baasa, rei de Israel, subiu contra Judá, e edificou Ramá, para que a ninguém deixasse sair nem entrar a Asa, rei de Judá.

18 Então Asa tomou toda a prata e ouro que ficara nos tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei, e os entregou nas mãos de seus servos; e o rei Asa os enviou a Ben-Hadade, filho de Tabrimom, filho de Heziom, rei da Síria, que habitava em Damasco, dizendo:

19 Aliança há entre mim e ti, entre meu pai e teu pai; vês aqui que te mando um presente, prata e ouro; vai, e anula a tua aliança com Baasa, rei de Israel, para que se retire de sobre mim.

20

E Ben-Hadade deu ouvidos ao rei Asa, e enviou os capitães dos exércitos que tinha contra as cidades de Israel; e derrotou Ijom, e Dã, e Abel-Bete-Maaca, e toda a Quinerete, com toda a terra de Naftali.

21 E sucedeu que, ouvindo-o Baasa, deixou de edificar Ramá, e ficou em Tirza.

22 Então o rei Asa fez apregoar por toda a Judá que todos, sem exceção, trouxessem as pedras de Ramá, e a sua madeira com que Baasa edificara; e com elas o rei Asa edificou Geba de Benjamim e Mizpá.

23 Quanto ao restante de todos os feitos de Asa, e a todo o seu poder, e a tudo quanto fez, e às cidades que edificou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá? Porém, no tempo da sua velhice, padeceu dos pés.

24 E Asa dormiu com seus pais, e foi sepultado com seus pais na cidade de Davi, seu pai; e Josafá, seu filho, reinou em seu lugar.

25 E Nadabe, filho de Jeroboão, começou a reinar sobre Israel no ano segundo de Asa, rei de Judá; e reinou sobre Israel dois anos.

26 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; e andou nos caminhos de seu pai, e no seu pecado com que tinha feito pecar Israel.

27 E conspirou contra ele Baasa, filho de Aías, da casa de Issacar, e matou-o Baasa em Gibetom, que era dos filisteus, quando Nadabe e todo o Israel cercavam Gibetom.

28 E matou-o Baasa no ano terceiro de Asa, rei de Judá, e reinou em seu lugar.

29 E sucedeu que, reinando ele, matou toda a casa de Jeroboão; nada de Jeroboão deixou que tivesse fôlego, até o destruir, conforme a palavra do Senhor que dissera pelo ministério de seu servo Aías, o silonita,

30

Por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou, e fez pecar Israel, e por causa da provocação com que provocara ao Senhor Deus de Israel.

31 Quanto ao restante dos feitos de Nadabe, e a tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

32 E houve guerra entre Asa e Baasa, rei de Israel, todos os seus dias.

33 No ano terceiro de Asa, rei de Judá, Baasa, filho de Aías, começou a reinar sobre todo o Israel em Tirza, e reinou vinte e quatro anos.

34 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; e andou no caminho de Jeroboão, e no seu pecado com que tinha feito pecar Israel.

Capítulo 16

Jeú profetiza o mal sobre Baasa e sua casa — Elá, Zinri, Onri e Acabe reinam iniquamente — Zinri destrói a casa de Baasa — Acabe se casa com Jezabel, adora Baal e provoca a ira do Senhor.

1

Então veio a palavra do Senhor a Jeú, filho de Hanani, contra Baasa, dizendo:

2 Porquanto te levantei do pó, e te pus por chefe sobre o meu povo Israel, e tu andaste no caminho de Jeroboão, e fizeste pecar meu povo Israel, irritando-me com os seus pecados,

3 Eis que exterminarei os descendentes de Baasa, e os descendentes da sua casa, e farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate.

4 Quem morrer a Baasa na cidade, os cães o comerão; e o que dele morrer no campo, as aves do céu o comerão.

5 Quanto ao restante dos feitos de Baasa, e ao que fez, e a seu poder, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

6 E Baasa dormiu com seus pais, e foi sepultado em Tirza; e Elá, seu filho, reinou em seu lugar.

7 Assim, veio também a palavra do Senhor, pelo ministério do profeta Jeú, filho de Hanani, contra Baasa e contra a sua casa; e isso por todo o mal que fizera aos olhos do Senhor, irritando-o com a obra de suas mãos, para ser como a casa de Jeroboão; e porquanto o matara.

8 No ano vinte e seis de Asa, rei de Judá, Elá, filho de Baasa, começou a reinar em Tirza sobre Israel; e reinou dois anos.

9 E Zinri, seu servo, chefe de metade dos carros, conspirou contra ele, estando ele em Tirza, bebendo e embriagando-se em casa de Arsa, mordomo em Tirza.

10

Entrou, pois, Zinri, e o atacou, e o matou, no ano vigésimo sétimo de Asa, rei de Judá; e reinou em seu lugar.

11 E sucedeu que, reinando ele, e estando assentado no seu trono, matou toda a casa de Baasa; não lhe deixou homem algum, nem seus parentes, nem seus amigos.

12 Assim, destruiu Zinri toda a casa de Baasa, conforme a palavra do Senhor que falara pelo ministério do profeta Jeú, a respeito de Baasa,

13 Por todos os pecados de Baasa, e os pecados de Elá, seu filho, com que pecaram, e com que fizeram pecar Israel, irritando ao Senhor Deus de Israel com as suas vaidades.

14 Quanto ao restante dos feitos de Elá, e a tudo quanto fez, não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

15 No ano vigésimo sétimo de Asa, rei de Judá, reinou Zinri sete dias em Tirza; e o povo estava acampado contra Gibetom, que era dos filisteus.

16 E ouviu dizer o povo que estava acampado: Zinri conspirou, e até matou o rei. Todo o Israel, pois, no mesmo dia fez Onri, chefe do exército, rei sobre Israel, no acampamento.

17 E subiu Onri, e todo o Israel com ele, de Gibetom, e cercaram Tirza.

18 E sucedeu que Zinri, vendo que a cidade estava tomada, foi ao paço da casa do rei, e queimou sobre si a casa do rei a fogo, e morreu,

19 Por causa dos seus pecados que cometera, fazendo o que parecia mal aos olhos do Senhor, andando no caminho de Jeroboão, e no seu pecado que fizera, fazendo pecar Israel.

20

Quanto ao restante dos feitos de Zinri, e à conspiração que fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

21 Então o povo de Israel se dividiu em dois partidos: metade do povo seguia Tibni, filho de Ginate, para o fazer rei, e a outra metade seguia Onri.

22 Mas o povo que seguia Onri foi mais forte do que o povo que seguia Tibni, filho de Ginate; e Tibni morreu, e Onri reinou.

23 No ano trinta e um de Asa, rei de Judá, Onri começou a reinar sobre Israel, e reinou doze anos; e em Tirza reinou seis anos.

24 E de Semer comprou o monte de Samaria por dois talentos de prata; e edificou no monte, e chamou o nome da cidade que edificou pelo nome de Semer, senhor do monte de Samaria.

25 E fez Onri o que parecia mal aos olhos do Senhor; e fez pior do que todos quantos foram antes dele.

26 E andou em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate, como também nos seus pecados com que tinha feito pecar Israel, irritando ao Senhor Deus de Israel com as suas vaidades.

27 Quanto ao restante dos feitos de Onri, ao que fez, e ao seu poder que manifestou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

28 E Onri dormiu com seus pais, e foi sepultado em Samaria; e Acabe, seu filho, reinou em seu lugar.

29 E Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel no ano trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou Acabe, filho de Onri, sobre Israel em Samaria vinte e dois anos.

30

E fez Acabe, filho de Onri, o que parecia mal aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele.

31 E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu Baal, e se encurvou diante dele.

32 E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria.

33 Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que foram antes dele.

34 Em seus dias Hiel, o betelita, edificou Jericó; morrendo Abirão, seu primogênito, a fundou, e morrendo Segube, seu filho mais novo, pôs as suas portas, conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de Josué, filho de Num.

Capítulo 17

Elias, o profeta, sela os céus e é alimentado por corvos — A seu comando, a panela de farinha e a botija de azeite da viúva de Sarepta nunca se esvaziam — Ele ergue da morte o filho dela.

1

Então Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.

2 Depois veio a ele a palavra do Senhor, dizendo:

3 Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão.

4 E há de ser que beberás do ribeiro; e eu ordenei aos corvos que ali te sustentem.

5 Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão.

6 E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro.

7 E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra.

8 Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo:

9 Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.

10

Então ele se levantou, e foi a Sarepta; e chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou, e lhe disse: Traze-me, peço-te, num vaso, um pouco de água para que eu beba.

11 E indo ela para trazê-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me agora também um bocado de pão na tua mão.

12 Porém ela disse: Vive o Senhor teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija; e eis que apanhei dois cavacos, e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos, e morramos.

13 E Elias lhe disse: Não temas; vai, faze conforme a tua palavra; porém faze dele primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo para fora; depois farás para ti e para teu filho.

14 Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até o dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra.

15 E foi ela, e fez conforme a palavra de Elias; e assim ela, e ele, e a sua casa comeram muitos dias.

16 Da panela a farinha não se acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de Elias.

17 E depois dessas coisas, sucedeu que adoeceu o filho desta mulher, da dona da casa; e a sua doença se agravou muito, até que nele nenhum fôlego ficou.

18 Então ela disse a Elias: Que tenho eu contigo, homem de Deus? Vieste tu a mim para trazeres à memória a minha iniquidade, e matares meu filho?

19 E ele lhe disse: Dá-me o teu filho. E ele o tomou do seu regaço, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo habitava, e o deitou em sua cama,

20

E clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, também até a esta viúva, em cuja casa estou, afligiste, matando-lhe seu filho?

21 Então se estendeu sobre o menino três vezes, e clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-te que torne a alma deste menino a entrar nele.

22 E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.

23 E Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto à casa, e o deu a sua mãe; e disse Elias: Vê, teu filho vive.

24 Então a mulher disse a Elias: Nisto sei agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade.

Capítulo 18

Elias, o profeta, é enviado a Acabe — Obadias salva cem profetas e se encontra com Elias, o profeta — Elias desafia os profetas de Baal a invocarem fogo dos céus — Eles falham — Elias faz cair fogo, mata os profetas de Baal e abre os céus para que chova.

1

E sucedeu que, depois de muitos dias, a palavra do Senhor veio a Elias no terceiro ano, dizendo: Vai, mostra-te a Acabe; e darei chuva sobre a terra.

2 E foi Elias mostrar-se a Acabe; e a fome era extrema em Samaria.

3 E Acabe chamou Obadias, o mordomo; e Obadias temia muito ao Senhor,

4 Porque sucedeu que, quando destruiu Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas, e de cinquenta em cinquenta os escondeu numa cova, e os sustentou com pão e água.

5 E dissera Acabe a Obadias: Vai pela terra a todas as fontes de água, e a todos os rios; pode ser que achemos pasto, para que em vida conservemos os cavalos e mulas, e não estejamos privados dos animais.

6 E repartiram entre si a terra, para passarem por ela: Acabe foi à parte por um caminho, e Obadias também foi à parte por outro caminho.

7 Estando, pois, Obadias já em caminho, eis que Elias o encontrou; e reconhecendo-o ele, prostrou-se sobre o seu rosto, e disse: És tu o meu senhor Elias?

8 E disse-lhe ele: Eu sou; vai, e dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias.

9 Porém ele disse: Em que pequei, para que entregues teu servo na mão de Acabe, para que me mate?

10

Vive o Senhor teu Deus, que não houve nação nem reino aonde o meu senhor não mandasse em busca de ti; e dizendo eles: Aqui não está, então fazia jurar os reinos e as nações que eles não te tinham achado.

11 E agora dizes tu: Vai, dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias.

12 E poderia ser que, apartando-me eu de ti, o Espírito do Senhor te tomasse, não sei para onde, e indo eu para dar as novas a Acabe, e não te achando ele, me mataria; porém eu, teu servo, temo ao Senhor desde a minha mocidade.

13 Porventura não disseram a meu senhor o que fiz, quando Jezabel matava os profetas do Senhor? Como escondi cem homens dos profetas do Senhor, de cinquenta em cinquenta, numas covas, e os sustentei com pão e água?

14 E agora dizes tu: Vai, dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias; e me mataria.

15 E disse Elias: Vive o Senhor dos Exércitos, perante cuja face estou, que deveras hoje me mostrarei a ele.

16 Então foi Obadias encontrar-se com Acabe, e lho anunciou; e foi Acabe encontrar-se com Elias.

17 E sucedeu que, quando Acabe viu Elias, disse-lhe Acabe: És tu o perturbador de Israel?

18 Então disse ele: Eu não tenho perturbado Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor, e seguistes os baalins.

19 Agora, pois, manda ajuntar a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Aserá, que comem da mesa de Jezabel.

20

Então Acabe enviou mensageiros a todos os filhos de Israel, e ajuntou os profetas no monte Carmelo.

21 Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e se Baal, segui-o. Porém o povo não lhe respondeu nada.

22 Então disse Elias ao povo: Só eu fiquei por profeta do Senhor, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta homens.

23 Deem-se-nos, pois, dois bezerros, e eles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe ponham fogo; e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe porei fogo.

24 Então invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por fogo, esse será Deus. E todo o povo respondeu, e disseram: É boa esta palavra.

25 E disse Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós um dos bezerros, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do vosso deus, e não lhe ponhais fogo.

26 E tomaram o bezerro que lhes dera, e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, dizendo: Ah, Baal, responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre o altar que se tinha feito.

27 E sucedeu que ao meio-dia Elias zombava deles, e dizia: Clamai em alta voz, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; porventura dorme, e despertará.

28 E eles clamavam a grandes vozes, e se retalhavam com facas e com lancetas, conforme o seu costume, até derramarem sangue sobre si.

29 E sucedeu que, passado o meio-dia, profetizaram eles, até que se oferecesse a oferta de manjares; porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma.

30

Então Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se aproximou dele; e restaurou o altar do Senhor, que estava quebrado.

31 E Elias tomou doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual veio a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o teu nome.

32 E com aquelas pedras edificou o altar em nome do Senhor; depois fez um sulco em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente.

33 Então armou a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o pôs sobre a lenha,

34 E disse: Enchei de água quatro cântaros, e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez;

35 De maneira que a água corria ao redor do altar; e ainda até o sulco ele encheu de água.

36 E sucedeu que, oferecendo-se a oferta de manjares, o profeta Elias se chegou, e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas.

37 Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar para trás o seu coração.

38 Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.

39 O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: o Senhor é Deus! o Senhor é Deus!

40

E Elias lhe disse: Prendei os profetas de Baal, que nenhum deles escape. E prenderam-nos; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, e ali os matou.

41 Então disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, porque ruído há de uma abundante chuva.

42 E Acabe subiu para comer e para beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou por terra, e pôs o seu rosto entre os seus joelhos.

43 E disse ao seu moço: Sobe agora, e olha para o lado do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada. Então disse ele: Volta sete vezes.

44 E sucedeu que, à setima vez, disse: Eis ali uma pequena nuvem, como a mão de um homem, subindo do mar. Então disse ele: Sobe, e dize a Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te apanhe.

45 E sucedeu que, entrementes, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro, e foi para Jezreel.

46 E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu os lombos, e foi correndo perante Acabe, até a entrada de Jezreel.

Capítulo 19

Jezabel procura matar Elias, o profeta — Um anjo envia Elias a Horebe — O Senhor fala a Elias, não no vento nem no terremoto nem no fogo, mas com uma voz mansa e delicada — Eliseu passa a acompanhar Elias, o profeta.

1

E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como totalmente matara todos os profetas à espada.

2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, para dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se decerto amanhã a estas horas não fizer a tua vida como a de um deles.

3 O que vendo ele, se levantou, e para escapar com vida, se foi, e chegou a Berseba, que é de Judá, e deixou ali o seu moço.

4 E ele se foi ao deserto, caminho de um dia, e chegou, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.

5 E deitou-se, e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come.

6 E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se.

7 E o anjo do Senhor voltou uma segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque muito comprido te será o caminho.

8 Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.

9 E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do Senhor veio a ele, e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

10

E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu convênio, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.

11 E ele lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante a face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento, um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto;

12 E depois do terremoto, um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo, uma voz mansa e delicada.

13 E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto no seu manto, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?

14 E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu convênio, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei; e buscam a minha vida para ma tirarem.

15 E o Senhor lhe disse: Vai, retorna pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e vai, e unge Hazael rei sobre a Síria.

16 Também Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar.

17 E há de ser que o que escapar da espada de Hazael, mata-lo-á Jeú; e o que escapar da espada de Jeú, mata-lo-á Eliseu.

18 Também eu fiz ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou.

19 Partiu, pois, Elias dali, e achou Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele, e ele estava com a duodécima; e Elias passou por ele, e lançou o seu manto sobre ele.

20

Então deixou ele os bois, e correu após Elias, e disse: Deixa-me beijar meu pai e minha mãe, e então te seguirei. E ele lhe disse: Vai, e volta; pois, que te fiz eu?

21 Voltou, pois, de seguí-lo, e tomou uma junta de bois, e os matou, e com os aparelhos dos bois cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram; então se levantou e seguiu Elias, e o servia.

Capítulo 20

Ben-Hadade, da Síria, faz guerra contra Israel — Os sírios são derrotados duas vezes — Acabe deixa Ben-Hadade partir em liberdade, contrariando a vontade do Senhor.

1

E Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todas as suas forças; e trinta e dois reis, e cavalos e carros havia com ele; e subiu, e cercou Samaria, e pelejou contra ela.

2 E enviou à cidade mensageiros, a Acabe, rei de Israel.

3 E disse-lhe: Assim diz Ben-Hadade: A tua prata e o teu ouro são meus; e tuas mulheres e os melhores de teus filhos são meus.

4 E respondeu o rei de Israel, e disse: Conforme a tua palavra, ó rei meu senhor, teu sou eu, e tudo quanto tenho.

5 E tornaram a vir os mensageiros, e disseram: Assim fala Ben-Hadade, dizendo: Ainda que eu te mandei dizer: Tu me hás de dar a tua prata, e o teu ouro, e as tuas mulheres e os teus filhos,

6 Todavia amanhã a estas horas enviarei os meus servos a ti, e esquadrinharão a tua casa, e as casas dos teus servos; e há de ser que tudo o que for aprazível aos teus olhos o tomarão nas suas mãos, e o levarão.

7 Então o rei de Israel chamou todos os anciãos da terra, e disse: Notai agora, e vede como este busca o mal; pois mandou exigir de mim minhas mulheres, e meus filhos, e minha prata, e meu ouro, e não lho neguei.

8 E todos os anciãos e todo o povo lhe disseram: Não lhe dês ouvidos, nem consintas.

9 Pelo que disse aos mensageiros de Ben-Hadade: Dizei ao rei, meu senhor: Tudo o que primeiro mandaste pedir a teu servo, farei, porém isto não posso fazer. E foram os mensageiros, e lhe levaram esta resposta.

10

E Ben-Hadade mandou dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, que o pó de Samaria não bastará para encher as mãos de todo o povo que me segue.

11 Porém o rei de Israel respondeu, e disse: Dizei-lhe: Não se gabe quem se cinge, como aquele que se descinge.

12 E sucedeu que, ouvindo ele esta palavra, estando bebendo ele e os reis nas tendas, disse aos seus servos: Ponde-vos em ordem contra a cidade.

13 E eis que um profeta se chegou a Acabe, rei de Israel, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Viste toda esta grande multidão? Eis que hoje ta entregarei nas tuas mãos, para que saibas que eu sou o Senhor.

14 E disse Acabe: Por quem? E ele disse: Assim diz o Senhor: Pelos moços dos príncipes das províncias. E disse: Quem começará a peleja? E disse: Tu.

15 Então contou os moços dos príncipes das províncias, e foram duzentos e trinta e dois; e depois deles contou todo o povo, todos os filhos de Israel, sete mil.

16 E saíram ao meio-dia; e Ben-Hadade estava bebendo e embriagando-se nas tendas, ele e os reis, os trinta e dois reis que o ajudavam.

17 E os moços dos príncipes das províncias saíram primeiro; e Ben-Hadade enviou alguns, que lhe avisaram, dizendo: Saíram de Samaria uns homens.

18 E ele disse: Ainda que para paz saíssem, tomai-os vivos; e ainda que à peleja saíssem, vivos os tomai.

19 Saíram, pois, da cidade os moços dos príncipes das províncias, e o exército que os seguia.

20

E eles mataram cada um o seu homem, e os sírios fugiram, e Israel os perseguiu; porém Ben-Hadade, rei da Síria, escapou a cavalo, com alguns cavaleiros.

21 E saiu o rei de Israel, e feriu os cavalos e os carros; e feriu os sírios com grande estrago.

22 Então o profeta chegou-se ao rei de Israel, e lhe disse: Vai, fortalece-te, e atenta, e olha o que hás de fazer; porque no decurso de um ano o rei da Síria subirá contra ti.

23 Porque os servos do rei da Síria lhe disseram: Seus deuses são deuses dos montes, por isso foram mais fortes do que nós; mas pelejemos contra eles na planície, e por certo veremos se não somos mais fortes do que eles!

24 Faze, pois, isto: tira os reis, cada um do seu lugar, e põe capitães em seu lugar.

25 E forma outro exército, como o exército que perdeste, e cavalos como aqueles cavalos, e carros como aqueles carros, e pelejemos contra eles na campina, e veremos se não somos mais fortes do que eles! E deu ouvidos à sua voz, e assim fez.

26 E sucedeu que, passado um ano, Ben-Hadade passou em revista os sírios, e subiu a Afeque, para pelejar contra Israel.

27 Também passaram em revista os filhos de Israel, e providos de víveres marcharam contra eles; e os filhos de Israel acamparam defronte deles, como dois pequenos rebanhos de cabras; mas os sírios enchiam a terra.

28 E chegou o homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o Senhor: Porquanto os sírios disseram: O Senhor é Deus dos montes, e não Deus dos vales, toda esta grande multidão entregarei nas tuas mãos, para que saibas que eu sou o Senhor.

29 E sete dias estiveram estes acampados defronte dos outros; e sucedeu ao sétimo dia que a peleja começou, e os filhos de Israel mataram dos sírios cem mil homens a pé, num dia.

30

E os restantes fugiram para Afeque, à cidade; e caiu o muro sobre vinte e sete mil homens, que restaram; Ben-Hadade, porém, fugiu, e foi à cidade, andando de câmara em câmara.

31 Então lhe disseram os seus servos: Eis que ouvimos que os reis da casa de Israel são reis clementes; ponhamos pois panos de saco aos lombos, e cordas à cabeça, e saiamos ao rei de Israel; pode ser que te preserve com vida.

32 Então cingiram panos de saco aos lombos e cordas à cabeça, e foram ao rei de Israel, e disseram: Diz o teu servo Ben-Hadade: Deixa-me viver. E disse ele: Ainda está vivo? É meu irmão.

33 E aqueles homens tomaram isto por bom presságio, e apressaram-se em valer-se de sua palavra, e disseram: Teu irmão Ben-Hadade vive. E ele disse: Vinde, trazei-mo. Então Ben-Hadade saiu a ele, e ele o fez subir ao carro.

34 E disse ele: As cidades que meu pai tomou de teu pai tas restituirei, e faze para ti ruas em Damasco, como meu pai as fez em Samaria. E eu, respondeu Acabe, te deixarei ir com esta aliança. E fez com ele aliança e o deixou ir.

35 Então um dos homens dos filhos dos profetas disse ao seu companheiro, pela palavra do Senhor: Ora, fere-me. E o homem recusou-se a feri-lo.

36 E ele lhe disse: Porque não obedeceste à voz do Senhor, eis que, em te apartando de mim, um leão te matará. E como dele se apartou, um leão o encontrou e o matou.

37 Depois encontrou outro homem, e disse-lhe: Ora, fere-me. E feriu-o aquele homem, golpeando-o e ferindo-o.

38 Então foi o profeta, e pôs-se perante o rei no caminho; e disfarçou-se com cinza sobre os seus olhos.

39 E sucedeu que, passando o rei, clamou ele ao rei, e disse: Teu servo saiu ao meio da peleja, e eis que, desviando-se um homem, me trouxe outro homem, e disse: Guarda-me este homem; se vier a faltar, será a tua vida em lugar da vida dele, ou pagarás um talento de prata.

40

Sucedeu, pois, que, estando o teu servo ocupado de uma e de outra parte, ele desapareceu. Então o rei de Israel lhe disse: Esta é a tua sentença; tu mesmo a pronunciaste.

41 Então ele se apressou, e tirou a cinza de sobre os seus olhos, e o rei de Israel o reconheceu, que era um dos profetas.

42 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porquanto soltaste da mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida será em lugar da sua vida, e o teu povo em lugar do seu povo.

43 E foi-se o rei de Israel à sua casa, desgostoso e indignado; e foi a Samaria.

Capítulo 21

Acabe deseja a vinha de Nabote — Jezabel arranja testemunhas falsas, e Nabote é apedrejado por blasfêmia — Elias, o profeta, profetiza que Acabe, Jezabel e a casa deles serão destruídos.

1

E sucedeu depois destas coisas, tendo Nabote, o jezreelita, uma vinha, que estava em Jezreel, junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria,

2 Que Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha ao pé da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor do que ela; ou, se parece bem aos teus olhos, dar-te-ei o seu valor em dinheiro.

3 Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais.

4 Então Acabe foi desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jezreelita, lhe falara, dizendo: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e virou o rosto, e não comeu pão.

5 Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão?

6 E ele lhe disse: Porque falei a Nabote, o jezreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei outra vinha em seu lugar. Porém ele disse: Não te darei a minha vinha.

7 Então Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita.

8 Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Nabote.

9 E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote acima do povo.

10

E ponde defronte dele dois homens, filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o para fora, e apedrejai-o para que morra.

11 E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes mandara.

12 Apregoaram um jejum, e puseram Nabote acima do povo.

13 Então vieram dois homens, filhos de Belial, e puseram-se defronte dele; e os homens, filhos de Belial, testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade, e o apedrejaram, e morreu.

14 Então mandaram dizer a Jezabel: Nabote foi apedrejado, e morreu.

15 E sucedeu que, ouvindo Jezabel que fora apedrejado Nabote, e morrera, disse Jezabel a Acabe: Levanta-te, e possui a vinha de Nabote, o jezreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não vive, mas está morto.

16 E sucedeu que, ouvindo Acabe que Nabote estava morto, Acabe se levantou, para descer para a vinha de Nabote, o jezreelita, para a possuir.

17 Então veio a palavra do Senhor a Elias, o tesbita, dizendo:

18 Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em Samaria; eis que está na vinha de Nabote, aonde desceu para a possuir.

19 E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o Senhor: Porventura não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o Senhor: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o teu sangue, o teu mesmo.

20

E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu? E ele disse: Achei-te; porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau aos olhos do Senhor.

21 Eis que trarei mal sobre ti, e arrancarei a tua posteridade, e arrancarei de Acabe todo homem, tanto o escravo como o livre em Israel;

22 E farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías, por causa da provocação, com que me provocaste e fizeste pecar Israel.

23 E também acerca de Jezabel falou o Senhor, dizendo: Os cães comerão Jezabel junto ao antemuro de Jezreel.

24 Aquele que de Acabe morrer na cidade, os cães o comerão, e o que morrer no campo, as aves do céu o comerão.

25 Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do Senhor; porque Jezabel, sua mulher, o incitava.

26 E fez grandes abominações, seguindo os ídolos, conforme tudo o que fizeram os amorreus, os quais o Senhor lançou fora da sua possessão, de diante dos filhos de Israel.

27 Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, e cobriu a sua carne de panos de saco, e jejuou; e jazia em panos de saco, e andava mansamente.

28 Então veio a palavra do Senhor a Elias, o tesbita, dizendo:

29 Não viste que Acabe se humilha perante mim? Porquanto se humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho trarei este mal sobre a sua casa.

Capítulo 22

Josafá, de Judá, e Acabe, de Israel, unem forças contra a Síria — Os profetas de Acabe predizem sucesso — Micaías prediz a derrota e a morte de Acabe — Acabe é morto, e cães lambem o seu sangue — Josafá reina em retidão em Judá — Acazias reina em Israel e serve Baal.

1

E estiveram quietos três anos, não havendo guerra entre Síria e Israel.

2 Porém no terceiro ano sucedeu que Josafá, rei de Judá, desceu ao rei de Israel.

3 E o rei de Israel disse aos seus servos: Não sabeis vós que Ramote-Gileade é nossa? E nós estamos quietos, sem a tomar da mão do rei da Síria?

4 Então disse a Josafá: Irás tu comigo à peleja, a Ramote-Gileade? E disse Josafá ao rei de Israel: Serei como tu, e o meu povo como o teu povo, e os meus cavalos como os teus cavalos.

5 Disse mais Josafá ao rei de Israel: Consulta, porém, primeiro hoje a palavra do Senhor.

6 Então o rei de Israel ajuntou os profetas, até quase quatrocentos homens, e disse-lhes: Irei à peleja contra Ramote-Gileade, ou deixarei de ir? E eles disseram: Sobe, porque o Senhor a entregará na mão do rei.

7 Disse, porém, Josafá: Não há aqui ainda algum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?

8 Então disse o rei de Israel a Josafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor; porém eu o odeio, porque nunca profetiza de mim bem, mas só mal; este é Micaías, filho de Inlá. E disse Josafá: Não fale o rei assim.

9 Então o rei de Israel chamou um eunuco, e disse: Traze-me depressa Micaías, filho de Inlá.

10

E o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, estavam assentados cada um no seu trono, vestidos de trajes reais, na praça, à entrada da porta de Samaria; e todos os profetas profetizavam na sua presença.

11 E Zedequias, filho de Quenaaná, fez para si uns chifres de ferro, e disse: Assim diz o Senhor: Com estes escornarás os sírios, até de todo os consumir.

12 E todos os profetas profetizaram assim, dizendo: Sobe a Ramote-Gileade, e prosperarás, porque o Senhor a entregará na mão do rei.

13 E o mensageiro que foi chamar Micaías falou-lhe, dizendo: Vês aqui que as palavras dos profetas a uma voz predizem coisas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala bem.

14 Porém Micaías disse: Vive o Senhor, que o que o Senhor me disser, isso falarei.

15 E indo ele ao rei, o rei lhe disse: Micaías, iremos a Ramote-Gileade à peleja, ou deixaremos de ir? E ele lhe disse: Sobe, e prosperarás; porque o Senhor a entregará na mão do rei.

16 E o rei lhe disse: Até quantas vezes te conjurarei, que não me fales senão a verdade em nome do Senhor?

17 Então disse ele: Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm senhor; retorne cada um em paz para sua casa.

18 Então o rei de Israel disse a Josafá: Não te disse eu, que nunca profetizará de mim bem, senão só mal?

19 Então disse ele: Ouve, pois, a palavra do Senhor: Vi o Senhor assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda.

20

E disse o Senhor: Quem induzirá Acabe, a que suba, e caia em Ramote-Gileade? E um dizia desta maneira e outro de outra.

21 Então saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu induzirei. E o Senhor lhe disse: Com quê?

22 E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás; sai, e faze assim.

23 Agora, pois, eis que o Senhor pôs o espírito de mentira na boca de todos estes teus profetas, e o Senhor falou mal contra ti.

24 Então Zedequias, filho de Quenaaná, chegou, e golpeou Micaías no queixo, e disse: Por onde passou de mim o Espírito do Senhor para falar a ti?

25 E disse Micaías: Eis que o verás naquele mesmo dia, quando entrares de câmara em câmara para te esconderes.

26 Então disse o rei de Israel: Tomai Micaías, e tornai a levá-lo a Amom, o chefe da cidade, e a Joás, filho do rei,

27 E direis: Assim diz o rei: Ponde este homem na casa do cárcere, e sustentai-o com o pão de angústia, e com água de amargura, até que eu venha em paz.

28 E disse Micaías: Se tu voltares em paz, o Senhor não falou por mim. Disse mais: Ouvi, todos os povos!

29 Assim, o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, subiram a Ramote-Gileade.

30

E disse o rei de Israel a Josafá: Eu me disfarçarei, e entrarei na peleja; tu, porém, veste as tuas roupas. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entrou na peleja.

31 E o rei da Síria deu ordem aos chefes dos carros, que eram trinta e dois, dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno nem contra grande, mas só contra o rei de Israel.

32 Sucedeu, pois, que, quando os chefes dos carros viram Josafá, disseram eles: Certamente este é o rei de Israel. E aproximaram-se dele, para pelejar contra ele; porém Josafá gritou.

33 E sucedeu que, vendo os chefes dos carros que não era o rei de Israel, deixaram de segui-lo.

34 Então um homem entesou o arco, ao acaso, e feriu o rei de Israel por entre as junturas da armadura; então ele disse ao seu cocheiro: Dá a volta, e tira-me do exército, porque estou gravemente ferido.

35 E a peleja foi crescendo naquele dia, e o rei parou no carro defronte dos sírios, e ele morreu à tarde; e o sangue da ferida corria no fundo do carro.

36 E depois do sol posto passou-se um pregão pelo exército, dizendo: Cada um para a sua cidade, e cada um para a sua terra!

37 E morreu o rei, e o levaram a Samaria; e sepultaram o rei em Samaria.

38 E lavando-se o carro no tanque de Samaria, os cães lamberam o seu sangue (ora as prostitutas se lavavam ali), conforme a palavra do Senhor, que tinha dito.

39 Quanto ao restante dos feitos de Acabe, e a tudo quanto fez, e à casa de marfim que edificou, e a todas as cidades que edificou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

40

Assim, dormiu Acabe com seus pais; e Acazias, seu filho, reinou em seu lugar.

41 E Josafá, filho de Asa, começou a reinar sobre Judá no quarto ano de Acabe, rei de Israel.

42 E era Josafá da idade de trinta e cinco anos quando começou a reinar; e vinte e cinco anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Azuba, filha de Sili.

43 E andou em todos os caminhos de seu pai Asa, não se desviou deles, fazendo o que era reto aos olhos do Senhor. Todavia os altos não se tiraram; ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

44 E Josafá esteve em paz com o rei de Israel.

45 Quanto ao restante dos feitos de Josafá, e ao poder que mostrou, e como guerreou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

46 Também desterrou da terra o restante dos prostitutos cultuais, que ficaram nos dias de seu pai Asa.

47 Então não havia rei em Edom, porém um vice-rei.

48 E fez Josafá navios de Társis, para irem a Ofir, por causa do ouro; porém não foram, porque os navios se quebraram em Eziom-Geber.

49 Então Acazias, filho de Acabe, disse a Josafá: Vão os meus servos com os teus servos nos navios. Porém Josafá não quis.

50

E Josafá dormiu com seus pais, e foi sepultado junto a seus pais, na cidade de Davi, seu pai; e Jorão, seu filho, reinou em seu lugar.

51 E Acazias, filho de Acabe, começou a reinar em Samaria, no ano dezessete de Josafá, rei de Judá; e reinou dois anos sobre Israel.

52 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, porque andou no caminho de seu pai, como também no caminho de sua mãe, e no caminho de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel.

53 E serviu a Baal, e se inclinou diante dele; e indignou ao Senhor Deus de Israel, conforme tudo quanto fizera seu pai.

O Segundo Livro dos
Reis

Comumente Chamado de
Quarto Livro dos Reis

Capítulo 1

Acazias se volta a Baal-Zebube para saber se viverá — Elias, o profeta, profetiza a morte de Acazias — Elias invoca fogo do céu para consumir os soldados enviados para prendê-lo.

1

E depois da morte de Acabe, Moabe se rebelou contra Israel.

2 E caiu Acazias pelas grades de um quarto alto, que tinha em Samaria, e adoeceu; e enviou mensageiros, e disse-lhes: Ide, e perguntai a Baal-Zebube, deus de Ecrom, se sararei desta doença.

3 Mas o anjo do Senhor disse a Elias, o tesbita: Levanta-te, sobe para encontrar-te com os mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura não há Deus em Israel, para que vades consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom?

4 E por isso assim diz o Senhor: Da cama, a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás. Então Elias partiu.

5 E os mensageiros voltaram para ele, e ele lhes disse: Que há, que voltastes?

6 E eles lhe disseram: Um homem nos saiu ao encontro, e nos disse: Ide, voltai para o rei que vos mandou, e dizei-lhe: Assim diz o Senhor: Porventura não há Deus em Israel, para que mandes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom? Portanto, da cama a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás.

7 E ele lhes disse: Como era o homem que vos veio ao encontro e vos falou essas palavras?

8 E eles lhe disseram: Era um homem vestido de pelos, e com os lombos cingidos de um cinto de couro. Então disse ele: É Elias, o tisbita.

9 Então lhe enviou um capitão de cinquenta; e subindo a ele, (porque eis que estava assentado no cume do monte), disse-lhe: Homem de Deus, o rei diz: Desce.

10

Mas Elias respondeu, e disse ao capitão de cinquenta: Se eu, pois, sou homem de Deus, desça fogo do céu, e consuma a ti e aos teus cinquenta. Então fogo desceu do céu, e consumiu a ele e aos seus cinquenta.

11 E tornou a enviar-lhe outro capitão de cinquenta, com os seus cinquenta; este lhe falou, e disse: Homem de Deus, assim diz o rei: Desce depressa.

12 E respondeu Elias, e disse-lhe: Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu, e consuma a ti e aos teus cinquenta. Então fogo de Deus desceu do céu, e consumiu a ele e aos seus cinquenta.

13 E tornou a enviar outro capitão dos terceiros cinquenta, com os seus cinquenta; então subiu o terceiro capitão de cinquenta, e foi, e pôs-se de joelhos diante de Elias, e suplicou-lhe, e disse-lhe: Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos a minha vida, e a vida destes cinquenta teus servos.

14 Eis que fogo desceu do céu, e consumiu aqueles dois primeiros capitães de cinquenta, com os seus cinquenta; porém agora seja preciosa aos teus olhos a minha vida.

15 Então o anjo do Senhor disse a Elias: Desce com este, não temas. E levantou-se, e desceu com ele ao rei.

16 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Por que enviaste mensageiros para consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom? Porventura é porque não há Deus em Israel, para consultar a sua palavra? Portanto, desta cama a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás.

17 Assim, pois, morreu, conforme a palavra do Senhor, que Elias falara; e Jorão começou a reinar no seu lugar, no ano segundo de Jorão, filho de Josafá, rei de Judá, porquanto, não tinha filho.

18 O restante dos feitos de Acazias, que ele realizou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

Capítulo 2

Eliseu e os profetas sabem que Elias, o profeta, há de ser transladado — Elias divide as águas do Jordão e é levado para o céu em um redemoinho — O manto de Elias cai sobre Eliseu, que também divide as águas do Jordão — Eliseu cura as águas de Jericó — Alguns jovens são despedaçados por ursas por zombarem de Eliseu.

1

Sucedeu, pois, que, havendo o Senhor de elevar Elias num redemoinho ao céu, Elias partiu com Eliseu de Gilgal.

2 E disse Elias a Eliseu: Fica aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Porém Eliseu disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Betel.

3 Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram a Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Também eu o sei; calai-vos.

4 E Elias lhe disse: Eliseu, fica aqui, porque o Senhor me enviou a Jericó. Mas ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Jericó.

5 Então os filhos dos profetas que estavam em Jericó se chegaram a Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Também eu o sei; calai-vos.

6 E Elias disse: Fica aqui, porque o Senhor me enviou ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos.

7 E foram cinquenta homens dos filhos dos profetas, e de longe pararam defronte deles; e eles dois pararam junto ao Jordão.

8 Então Elias tomou o seu manto, e o dobrou, e feriu as águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos em seco.

9 Sucedeu, pois, que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim.

10

E disse: Coisa dura pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará.

11 E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.

12 O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e pegando as suas vestes, as rasgou em duas partes.

13 Também levantou o manto de Elias, que lhe caíra; e retornou, e parou à borda do Jordão.

14 E tomou o manto de Elias, que lhe caíra, e feriu as águas, e disse: Onde está o Senhor, Deus de Elias? Então feriu as águas, e se dividiram elas de um e de outro lado; e Eliseu passou.

15 Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E foram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra.

16 E disseram-lhe: Eis que com teus servos há cinquenta homens valentes; ora, deixa-os ir para buscar teu senhor; pode ser que o elevasse o Espírito do Senhor, e o lançasse nalgum dos montes, ou nalgum dos vales. Porém ele disse: Não os envieis.

17 Mas eles insistiram com ele, até que, constrangido, disse-lhes: Enviai. E enviaram cinquenta homens, que o buscaram três dias, porém não o acharam.

18 Então voltaram para ele, tendo ele ficado em Jericó; e disse-lhes: Eu não vos disse que não fôsseis?

19 E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que boa é a localização desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más, e a terra é estéril.

20

E ele disse: Trazei-me uma salva nova, e ponde nela sal. E lha trouxeram.

21 Então saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele, e disse: Assim diz o Senhor: Sararei estas águas; não haverá mais nelas morte nem esterilidade.

22 Ficaram, pois, sãs aquelas águas até o dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu tinha dito.

23 Então subiu dali a Betel; e subindo ele pelo caminho, uns rapazinhos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo, sobe, calvo!

24 E virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram deles quarenta e dois meninos.

25 E foi-se dali para o monte Carmelo; e dali voltou para Samaria.

Capítulo 3

Jorão, de Israel, e Josafá, de Judá, unem forças contra Moabe — Eliseu promete-lhes água para os animais e vitória na guerra — Os moabitas são derrotados.

1

E Jorão, filho de Acabe, começou a reinar sobre Israel em Samaria no décimo oitavo ano de Josafá, rei de Judá; e reinou doze anos.

2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; porém não como seu pai, nem como sua mãe; porque removeu a estátua de Baal, que seu pai fizera.

3 Contudo, aderiu aos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fizera pecar Israel; não se apartou deles.

4 Então Mesa, rei dos moabitas, era criador de ovelhas, e pagava ao rei de Israel cem mil cordeiros, e cem mil carneiros com a sua lã.

5 E sucedeu que, morrendo Acabe, se rebelou o rei dos moabitas contra o rei de Israel.

6 Por isso Jorão ao mesmo tempo saiu de Samaria, e passou em revista todo o Israel.

7 E foi, e mandou dizer a Josafá, rei de Judá: O rei dos moabitas se rebelou contra mim; irás tu comigo à guerra contra os moabitas? E disse ele: Subirei, e eu serei como tu, o meu povo como o teu povo, e os meus cavalos como os teus cavalos.

8 E ele disse: Por que caminho subiremos? Então disse ele: Pelo caminho do deserto de Edom.

9 E partiram o rei de Israel, e o rei de Judá, e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e o exército, e o gado que os seguia não tinham água.

10

Então disse o rei de Israel: Ah! que o Senhor chamou estes três reis, para os entregar nas mãos dos moabitas.

11 E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do Senhor, para que consultemos ao Senhor por ele? Então respondeu um dos servos do rei de Israel, e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que deitava água sobre as mãos de Elias.

12 E disse Josafá: Está com ele a palavra do Senhor. Então o rei de Israel, e Josafá e o rei de Edom desceram a ele.

13 Mas Eliseu disse ao rei de Israel: Que tenho eu contigo? Vai aos profetas de teu pai e aos profetas de tua mãe. Porém o rei de Israel lhe disse: Não, porque o Senhor chamou estes três reis para os entregar nas mãos dos moabitas.

14 E disse Eliseu: Vive o Senhor dos Exércitos, em cuja presença estou, que se eu não respeitasse a presença de Josafá, rei de Judá, não olharia para ti nem te veria.

15 Ora, pois, trazei-me um músico. E sucedeu que, tocando o músico, veio sobre ele a mão do Senhor.

16 E disse: Assim diz o Senhor: Fazei neste vale muitas covas.

17 Porque assim diz o Senhor: Não vereis vento, e não vereis chuva; todavia este vale se encherá de tanta água, que bebereis vós, e o vosso gado, e os vossos animais.

18 E ainda isso é pouco aos olhos do Senhor; também entregará ele os moabitas nas vossas mãos.

19 E atacareis todas as cidades fortificadas, e todas as cidades escolhidas, e todas as boas árvores cortareis, e entupireis todas as fontes de água, e danificareis com pedras todos os bons campos.

20

E sucedeu que, pela manhã, oferecendo-se a oferta de manjares, eis que vinham as águas pelo caminho de Edom; e a terra se encheu de água.

21 Ouvindo, pois, todos os moabitas que os reis tinham subido para pelejarem contra eles, convocaram todos os que cingiam cinto e daí para cima, e puseram-se às fronteiras.

22 E levantando-se de madrugada, e saindo o sol sobre as águas, viram os moabitas defronte deles as águas vermelhas como o sangue.

23 E disseram: Isto é sangue; certamente que os reis se destruíram à espada e se mataram um ao outro! Agora, pois, à presa, moabitas!

24 Porém, chegando eles ao acampamento de Israel, os israelitas se levantaram, e derrotaram os moabitas, os quais fugiram diante deles; e ainda os derrotaram nas suas terras, matando os moabitas ali também.

25 E arrasaram as cidades, e cada um lançou a sua pedra em todos os bons campos, e os entulharam, e entupiram todas as fontes de águas, e cortaram todas as boas árvores, até que em Quir-Haresete deixaram ficar as pedras, mas os fundeiros a cercaram e a destruíram.

26 Mas, vendo o rei dos moabitas que a peleja prevalecia contra ele, tomou consigo setecentos homens que arrancavam espada, para romperem contra o rei de Edom, porém não puderam.

27 Então tomou seu filho primogênito, que havia de reinar em seu lugar, e o ofereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande indignação em Israel; por isso retiraram-se dele, e voltaram para a sua terra.

Capítulo 4

Eliseu multiplica o azeite da viúva — Ele promete um filho a uma mulher sunamita — A criança morre, e Eliseu a faz reviver — Ele torna inofensiva a comida envenenada — Multiplicam-se pão e trigo para o povo comer.

1

E uma mulher das mulheres dos filhos dos profetas clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos.

2 E Eliseu lhe disse: Que te hei de fazer? Declara-me o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite.

3 Então disse ele: Vai, pede para ti vasos emprestados, a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos.

4 Então entra, e fecha a porta atrás de ti, e atrás de teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio.

5 Partiu, pois, dele, e fechou a porta atrás de si e atrás de seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia.

6 E sucedeu que, estando cheios os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém ele lhe disse: Não há mais vaso nenhum. Então o azeite cessou.

7 Então foi ela, e o fez saber ao homem de Deus, e disse ele: Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.

8 Sucedeu também um dia que, indo Eliseu a Suném, havia ali uma mulher importante, a qual o reteve para comer pão; e sucedeu que todas as vezes que passava, para ali se retirava para comer pão.

9 E ela disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que sempre passa por nós é um santo homem de Deus.

10

Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos uma cama, e uma mesa, e uma cadeira e um candelabro; e há de ser que, vindo ele a nós, para ali se retirará.

11 E sucedeu um dia que veio ali, e retirou-se àquele quarto, e se deitou ali.

12 Então disse ao seu moço Geazi: Chama esta sunamita. E chamando-a ele, ela se pôs diante dele.

13 Porque lhe tinha dito: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo o desvelo; que se há de fazer por ti? Haverá alguma coisa de que se fale por ti ao rei, ou ao chefe do exército? E dissera ela: Eu habito no meio do meu povo.

14 Então disse ele: Que se há de fazer, pois, por ela? E Geazi disse: Ora, ela não tem filho e seu marido é velho.

15 Pelo que disse ele: Chama-a. E chamando-a ele, ela se pôs à porta.

16 E ele disse: A este tempo determinado, segundo o tempo da vida, abraçarás um filho. E disse ela: Não, meu senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva.

17 E concebeu a mulher, e deu à luz um filho, ao tal tempo determinado, segundo o tempo da vida que Eliseu lhe dissera.

18 E crescendo o filho, sucedeu que um dia saiu para ter com seu pai que estava com os ceifadores.

19 E disse a seu pai: Ai, a minha cabeça! Ai, a minha cabeça! Então disse a um moço: Leva-o a sua mãe.

20

E ele o tomou, e o levou a sua mãe; e esteve sobre os seus joelhos até o meio-dia, e morreu.

21 E subiu ela, e o deitou sobre a cama do homem de Deus; e fechou atrás dele a porta, e saiu.

22 E chamou seu marido, e disse: Manda-me já um dos moços, e uma das jumentas, para que eu corra ao homem de Deus, e volte.

23 E disse ele: Por que vais a ele hoje? Não é lua nova nem sábado. E ela disse: Tudo vai bem.

24 Então albardou a jumenta, e disse ao seu moço: Guia e anda, e não te detenhas no caminhar, senão quando eu to disser.

25 Partiu ela, pois, e foi ao homem de Deus, ao monte Carmelo; e sucedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita.

26 Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Tudo vai bem contigo? Tudo vai bem com teu marido? Tudo vai bem com teu filho? E ela disse: Tudo vai bem.

27 Chegando ela, pois, ao homem de Deus, ao monte, pegou nos seus pés; mas chegou Geazi para expulsá-la; disse, porém, o homem de Deus: Deixa-a, porque a sua alma está amargurada, e o Senhor mo encobriu, e não mo manifestou.

28 E disse ela: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes?

29 E ele disse a Geazi: Cinge os teus lombos, e toma o meu bordão na tua mão, e vai; se encontrares alguém, não o saúdes; e se alguém te saudar, não lhe respondas; e põe o meu bordão sobre o rosto do menino.

30

Porém disse a mãe do menino: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te hei de deixar. Então ele se levantou, e a seguiu.

31 E Geazi passou adiante deles, e pôs o bordão sobre o rosto do menino; porém não havia nele voz nem sinal de vida; e voltou a encontrar-se com ele, e lhe deu aviso, dizendo: Não despertou o menino.

32 E chegando Eliseu àquela casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama.

33 Então entrou ele, e fechou a porta atrás deles dois, e orou ao Senhor.

34 E subiu, e deitou-se sobre o menino, e pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu.

35 Depois voltou, e andou naquela casa duma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele; então o menino espirrou sete vezes, e o menino abriu os olhos.

36 Então chamou Geazi, e disse: Chama esta sunamita. E chamou-a, e ela veio a ele. E disse ele: Toma o teu filho.

37 E veio ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho e saiu.

38 E voltando Eliseu a Gilgal, havia fome naquela terra, e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu moço: Põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas.

39 Então um saiu ao campo para apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela a sua capa cheia de colocíntidas; e foi, e as cortou na panela do caldo, porque não as conheciam.

40

Assim tiraram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer.

41 Porém ele disse: Trazei, pois, farinha. E deitou-a na panela, e disse: Tirai de comer para o povo. Então não havia mal nenhum na panela.

42 E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma.

43 Porém seu servo disse: Como hei de pôr isto diante de cem homens? E disse ele: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o Senhor: Comer-se-á, e sobejará.

44 Então lhos pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor.

Capítulo 5

Naamã, o sírio, procura Eliseu para ser curado de lepra — A princípio, rejeita a instrução do profeta, mas acaba cedendo e se lava sete vezes no Jordão; é curado — Eliseu se recusa a aceitar recompensa — Geazi aceita um presente de Naamã e é amaldiçoado com lepra.

1

E Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito; porque por ele o Senhor dera livramento aos sírios; e era este homem forte e valoroso, porém leproso.

2 E saíram tropas da Síria, da terra de Israel, e levaram presa uma menina que ficou ao serviço da mulher de Naamã.

3 E disse esta à sua senhora: Quem dera que o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra.

4 Então entrou Naamã e o notificou a seu senhor, dizendo: Assim e assim falou a menina que é da terra de Israel.

5 Então disse o rei da Síria: Vai, anda, e enviarei uma carta ao rei de Israel. E foi, e tomou na sua mão dez talentos de prata, e seis mil siclos de ouro, e dez mudas de roupas.

6 E levou a carta ao rei de Israel, dizendo: Logo, quando chegar a ti esta carta, saibas que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o restaures da sua lepra.

7 E sucedeu que, lendo o rei de Israel a carta, rasgou as suas vestes, e disse: Sou eu Deus, para matar e para vivificar, para que este envie mensagem a mim, para eu restaurar um homem da sua lepra? Pelo que deveras notai, peço-vos, e vede que busca ocasião contra mim.

8 E sucedeu que, ouvindo Eliseu, homem de Deus, que o rei de Israel rasgara as suas vestes, mandou dizer ao rei: Por que rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e ele saberá que há profeta em Israel.

9 Veio, pois, Naamã com os seus cavalos, e com o seu carro, e parou à porta da casa de Eliseu.

10

Então Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te será restaurada, e ficarás purificado.

11 Porém Naamã muito se indignou, e se foi dizendo: Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sairá, pôr-se-á em pé, e invocará o nome do Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso.

12 Não são porventura Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar purificado? E voltou-se, e se foi com indignação.

13 Então chegaram-se a ele os seus servos, e lhe falaram, e disseram: Meu pai, se o profeta te dissesse alguma grande coisa, porventura não a farias? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te, e ficarás purificado.

14 Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne foi restaurada, como a carne de um menino, e ficou purificado.

15 Então voltaram ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva, e foi, e pôs-se diante dele, e disse: Eis que agora sei que em toda a terra não Deus senão em Israel; agora, pois, te peço que aceites um presente do teu servo.

16 Porém ele disse: Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não o aceitarei. E instou com ele para que o aceitasse, mas ele recusou.

17 E disse Naamã: Já que não, contudo dê-se a este teu servo uma carga de terra para duas mulas; porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor.

18 Nisto perdoe o Senhor a teu servo: quando meu senhor entrar na casa de Rimom para ali se encurvar, e ele se apoiar na minha mão, e eu também me hei de encurvar na casa de Rimom; quando assim me encurvar na casa de Rimom, nisto perdoe o Senhor a teu servo.

19 E ele lhe disse: Vai em paz. E foi-se dele a uma pequena distância.

20

Então Geazi, moço de Eliseu, homem de Deus, disse: Eis que meu senhor impediu este sírio Naamã que da sua mão se desse alguma coisa do que trazia; porém, vive o Senhor que hei de correr atrás dele, e tomar dele alguma coisa.

21 E foi Geazi ao encalço de Naamã; e Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do carro para encontrá-lo, e disse-lhe: Vai tudo bem?

22 E ele disse: Tudo vai bem; meu senhor me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim dois jovens dos filhos dos profetas da montanha de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de roupas.

23 E disse Naamã: Sê servido de tomar dois talentos. E instou com ele, e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas mudas de roupas; e pô-los sobre dois dos seus moços, os quais os levaram diante dele.

24 E chegando ele ao outeiro, tomou-os das suas mãos, e os depositou na casa; e despediu aqueles homens, e foram-se.

25 Então ele entrou, e pôs-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseu: Donde vens, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte.

26 Porém ele lhe disse: Porventura não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de sobre o seu carro, para encontrar-te? Era este o momento para tomares prata, e para tomares roupas, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas?

27 Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então saiu de diante dele leproso, branco como a neve.

Capítulo 6

Eliseu faz um machado flutuar — Ele revela ao rei como conduzir a guerra contra a Síria — Eliseu é protegido por cavalos e carruagens de fogo — Os sírios são feridos de cegueira — Ben-Hadade sitia Samaria, e os alimentos são vendidos a um preço muito alto.

1

E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face nos é estreito.

2 Vamos, pois, até o Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali; e disse ele: Ide.

3 E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei.

4 E foi com eles; e chegando eles ao Jordão, cortaram madeira.

5 E sucedeu que, quando derrubava um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! Porque era emprestado.

6 E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar o ferro.

7 E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou.

8 E o rei da Síria fazia guerra a Israel; e consultou com os seus servos, dizendo: Em tal e em tal lugar estará o meu acampamento.

9 Mas o homem de Deus mandou dizer ao rei de Israel: Guarda-te de passares por tal lugar; porque os sírios desceram ali.

10

Pelo que o rei de Israel enviou alguém àquele lugar, de que o homem de Deus lhe dissera, e de que o tinha avisado, e guardou-se ali, não uma nem duas vezes.

11 Então se turbou com este incidente o coração do rei da Síria, e chamou os seus servos, e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel?

12 E disse um dos seus servos: Não, ó rei meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir.

13 E ele disse: Vai, e vê onde ele está, para que eu mande buscá-lo. E fizeram-lhe saber, dizendo: Eis que está em Dotã.

14 Então enviou para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais chegaram de noite, e cercaram a cidade.

15 E o moço do homem de Deus se levantou muito cedo, e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu moço lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos?

16 E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles.

17 E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.

18 E como desceram a ele, Eliseu orou ao Senhor, e disse: Fere, peço-te, esta gente de cegueira. E feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseu.

19 Então Eliseu lhes disse: Não é este o caminho, nem é esta a cidade; segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais. E os guiou a Samaria.

20

E sucedeu que, chegando eles a Samaria, disse Eliseu: Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que vissem, e eis que estavam no meio de Samaria.

21 E quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseu: Matá-los-ei, matá-los-ei, meu pai?

22 Mas ele disse: Não os matarás; matarias tu os que tomasses prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? Põe-lhes diante pão e água, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor.

23 E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os despediu e foram para seu senhor; e não entraram mais tropas de sírios na terra de Israel.

24 E sucedeu, depois disso, que Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o seu exército, e subiu, e cercou Samaria.

25 E houve grande fome em Samaria, porque eis que a cercaram, até que se vendeu uma cabeça de um jumento por oitenta peças de prata, e a quarta parte de um cabo de esterco de pombas por cinco peças de prata.

26 E sucedeu que, passando o rei pelo muro, uma mulher lhe bradou, dizendo: Acode-me, ó rei meu senhor.

27 E ele lhe disse: Se o Senhor não te acode, donde te acudirei eu? Da eira ou do lagar?

28 Disse-lhe mais o rei: Que tens? E disse ela: Esta mulher me disse: Dá o teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu filho.

29 Cozemos, pois, o meu filho, e o comemos; mas dizendo-lhe eu no outro dia: Dá o teu filho, para que o comamos; escondeu o seu filho.

30

E sucedeu que, ouvindo o rei as palavras desta mulher, rasgou as suas vestes, e ia passando pelo muro; e o povo viu, e eis que ele trazia pano de saco por dentro, sobre a sua carne.

31 E disse: Assim me faça Deus, e outro tanto, se a cabeça de Eliseu, filho de Safate, hoje ficar sobre ele.

32 Estava então Eliseu assentado em sua casa, e também os anciãos estavam assentados com ele. E enviou o rei um homem de diante de si; mas antes que o mensageiro viesse a ele, disse ele aos anciãos: Vistes como o filho do homicida mandou tirar-me a cabeça? Olhai, pois, que, quando vier o mensageiro, lhe fecheis a porta, e o empurreis para fora com a porta; porventura não vem o ruído dos pés de seu senhor após ele?

33 E estando ele ainda falando com eles, eis que o mensageiro desceu a ele; e ele disse: Eis que este mal vem do Senhor; que mais, pois, esperaria do Senhor?

Capítulo 7

Eliseu profetiza uma abundância incrível em Samaria — Os exércitos sírios fogem ao ouvirem um clamor de batalha e deixam para trás seus pertences — Israel despoja os sírios.

1

Então disse Eliseu: Ouvi a palavra do Senhor; assim diz o Senhor: Amanhã, quase a esta hora, haverá uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, à porta de Samaria.

2 Porém um capitão, em cuja mão o rei se apoiava, respondeu ao homem de Deus e disse: Eis que ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia isso suceder? E ele disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém disso não comerás.

3 E quatro homens leprosos estavam à entrada da porta, os quais disseram uns aos outros: Para que estaremos nós aqui até morrermos?

4 Se dissermos: Entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos alí; e se ficarmos aqui, também morreremos; vamos nós, pois, agora, e rendamo-nos ao acampamento dos sírios; se nos deixarem viver, viveremos, e se nos matarem, tão somente morreremos.

5 E levantaram-se ao crepúsculo, para irem ao acampamento dos sírios; e chegando à entrada do acampamento dos sírios, eis que não havia ali ninguém.

6 Porque o Senhor fizera ouvir no acampamento dos sírios ruído de carros e ruído de cavalos, como o ruído de um grande exército, de maneira que disseram uns aos outros: Eis que o rei de Israel contratou contra nós os reis dos heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós.

7 Pelo que se levantaram, e fugiram no crepúsculo, e deixaram as suas tendas, e os seus cavalos, e os seus jumentos, e o acampamento como estava; e fugiram para salvarem a sua vida.

8 Chegando, pois, aqueles leprosos à entrada do acampamento, entraram numa tenda, e comeram e beberam e tomaram dali prata, e ouro, e roupas, e foram e os esconderam; então voltaram, e entraram em outra tenda, e dali também tomaram coisas, e as esconderam.

9 Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até a luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; pelo que agora vamos, e o anunciemos à casa do rei.

10

Foram, pois, e bradaram aos porteiros da cidade, e lhes anunciaram, dizendo: Fomos ao acampamento dos sírios e eis que lá não havia ninguém, nem voz de homem, porém só cavalos atados, e jumentos atados, e as tendas como estavam dantes.

11 E chamaram os porteiros, e o anunciaram dentro da casa do rei.

12 E o rei se levantou de noite, e disse a seus servos: Agora vos farei saber o que é que os sírios nos fizeram; bem sabem eles que esfomeados estamos, pelo que saíram do acampamento, para esconder-se pelo campo, dizendo: Quando saírem da cidade, então os tomaremos vivos, e entraremos na cidade.

13 Então um dos seus servos respondeu, e disse: Tomem-se, pois, cinco dos cavalos restantes que ficaram aqui dentro (eis que são como toda a multidão dos israelitas que restaram aqui, e eis que são como toda a multidão dos israelitas que pereceram) e enviemo-los e vejamos.

14 Tomaram, pois, dois carros com cavalos; e o rei os enviou após o exército dos sírios, dizendo: Ide, e vede.

15 E foram após eles até o Jordão, e eis que todo o caminho estava cheio de roupas e de objetos, que os sírios, apressando-se, lançaram fora; e voltaram os mensageiros, e o anunciaram ao rei.

16 Então saiu o povo, e saqueou o acampamento dos sírios; e havia uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, conforme a palavra do Senhor.

17 E pusera o rei à porta o capitão em cuja mão se apoiava; e o povo o atropelou na porta, e morreu, como falara o homem de Deus, que falou quando o rei descera a ele.

18 Porque assim sucedeu como o homem de Deus falara ao rei, dizendo: Amanhã, quase a esta hora, haverá duas medidas de cevada por um siclo, e uma medida de farinha por um siclo, à porta de Samaria.

19 E aquele capitão respondeu ao homem de Deus, e disse: Eis que ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia isso suceder conforme essa palavra? E ele disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém disso não comerás.

20

E assim lhe sucedeu, porque o povo o atropelou à porta, e morreu.

Capítulo 8

Eliseu profetiza uma fome de sete anos — A vida da mulher sunamita é preservada durante a fome — Jorão e depois Acazias reinam iniquamente em Judá.

1

E falou Eliseu àquela mulher cujo filho vivificara, dizendo: Levanta-te, e vai, tu e a tua família, e peregrina onde puderes peregrinar; porque o Senhor chamou a fome, a qual também virá à terra por sete anos.

2 E levantou-se a mulher, e fez conforme a palavra do homem de Deus, porque foi ela com a sua família, e peregrinou na terra dos filisteus sete anos.

3 E sucedeu que, ao cabo dos sete anos, a mulher voltou da terra dos filisteus, e saiu para clamar ao rei pela sua casa e pelas suas terras.

4 Ora, o rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseu tem feito.

5 E sucedeu que, contando ele ao rei como vivificara um morto, eis que a mulher cujo filho vivificara clamou ao rei pela sua casa e pelas suas terras; então disse Geazi: Ó rei meu senhor, esta é a mulher, e este o seu filho a quem Eliseu vivificou.

6 E o rei perguntou à mulher, e ela lho contou; então o rei lhe deu um eunuco, dizendo: Faze-lhe restituir tudo quanto era seu, e todas as rendas das terras, desde o dia em que deixou a terra até agora.

7 Depois foi Eliseu a Damasco, estando Ben-Hadade, rei da Síria, doente; e lho anunciaram, dizendo: O homem de Deus chegou aqui.

8 Então o rei disse a Hazael: Toma um presente na tua mão, e vai encontrar-te com o homem de Deus; e pergunta por ele ao Senhor, dizendo: Hei eu de sarar desta doença?

9 Foi, pois, Hazael encontrar-se com ele, e tomou um presente na sua mão, a saber: de todo o bom de Damasco, quarenta camelos carregados; e foi, e se pôs diante dele, e disse: Teu filho Ben-Hadade, rei da Síria, me enviou a ti, para dizer: Sararei eu desta doença?

10

E Eliseu lhe disse: Vai, e dize-lhe: Certamente não sararás. Porque o Senhor me mostrou que certamente morrerá.

11 E firmou a sua vista, e fitou os olhos nele até se envergonhar; e chorou o homem de Deus.

12 Então disse Hazael: Por que chora meu senhor? E ele disse: Porque sei o mal que hás de fazer aos filhos de Israel: porás fogo às suas fortalezas, e os seus jovens matarás à espada, e os seus meninos despedaçarás, e as suas grávidas fenderás.

13 E disse Hazael: Pois que é teu servo, que não é mais do que um cão, para fazer tão grande coisa? E disse Eliseu: O Senhor me mostrou que tu hás de ser rei da Síria.

14 Então partiu de Eliseu, e foi a seu senhor, o qual lhe disse: Que te disse Eliseu? E disse ele: Disse-me que certamente sararás.

15 E sucedeu ao outro dia que tomou um cobertor, e o molhou na água, e o estendeu sobre o seu rosto, e ele morreu; e Hazael reinou em seu lugar.

16 E no ano quinto de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, reinando ainda Josafá em Judá, começou a reinar Jorão, filho de Josafá, rei de Judá.

17 Era ele da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar, e oito anos reinou em Jerusalém.

18 E andou no caminho dos reis de Israel, como também fizeram os da casa de Acabe, porque tinha por mulher a filha de Acabe, e fez o que parecia mal aos olhos do Senhor.

19 Porém o Senhor não quis destruir Judá por causa de Davi, seu servo, como lhe tinha dito que lhe daria para sempre uma lâmpada a seus filhos.

20

Nos seus dias se rebelaram os edomitas de debaixo do mando de Judá, e puseram sobre si um rei.

21 Pelo que Jorão passou a Zair, e todos os carros com ele; e ele se levantou de noite, e derrotou os edomitas que estavam ao redor dele, e os capitães dos carros; e o povo se foi para as suas tendas.

22 Todavia os edomitas ficaram rebeldes de debaixo do mando de Judá até o dia de hoje; então também se rebelou Libna no mesmo tempo.

23 O restante dos feitos de Jorão, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas de Judá?

24 E Jorão dormiu com seus pais, e foi sepultado com seus pais na cidade de Davi; e Acazias, seu filho, reinou em seu lugar.

25 No ano doze de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, começou a reinar Acazias, filho de Jorão, rei de Judá.

26 Era Acazias de vinte e dois anos de idade quando começou a reinar, e reinou um ano em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Atalia, filha de Onri, rei de Israel.

27 E andou no caminho da casa de Acabe, e fez mal aos olhos do Senhor, como a casa de Acabe, porque era genro da casa de Acabe.

28 E foi com Jorão, filho de Acabe, a Ramote-Gileade, à peleja contra Hazael, rei da Síria; e os sírios derrotaram Jorão.

29 Então voltou o rei Jorão para se curar, em Jezreel, das feridas que os sírios lhe fizeram em Ramá, quando pelejou contra Hazael, rei da Síria; e desceu Acazias, filho de Jorão, rei de Judá, para ver Jorão, filho de Acabe, em Jezreel, porquanto estava doente.

Capítulo 9

Um profeta unge Jeú como rei sobre Israel e profetiza a destruição da casa de Acabe e a morte de Jezabel — Jeú mata Jorão no campo de Nabote — Jezabel é morta por Jeú e devorada por cães.

1

Então o profeta Eliseu chamou um dos filhos dos profetas, e lhe disse: Cinge os teus lombos, e toma este vaso de azeite na tua mão, e vai-te a Ramote-Gileade;

2 E chegando lá, vê onde está Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi; e entra, e faze com que ele se levante do meio de seus irmãos, e leva-o à câmara interior.

3 E toma o vaso de azeite, e derrama-o sobre a sua cabeça, e dize: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel. Então abre a porta, e foge, e não te detenhas.

4 Foi, pois, o rapaz, o jovem profeta, a Ramote-Gileade.

5 E entrando ele, eis que os capitães do exército estavam assentados ali; e disse: Capitão, tenho uma palavra que te dizer. E disse Jeú: A qual de todos nós? E disse: A ti, capitão!

6 Então se levantou, e entrou na casa, e derramou o azeite sobre a sua cabeça e lhe disse: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel.

7 E destruirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor da mão de Jezabel.

8 E toda a casa de Acabe perecerá; e destruirei de Acabe todo homem, tanto o escravo como o livre em Israel.

9 Porque à casa de Acabe hei de fazer como à casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como à casa de Baasa, filho de Aías.

10

E os cães comerão Jezabel no pedaço de campo de Jezreel; não haverá quem a enterre. Então abriu a porta, e fugiu.

11 E saindo Jeú aos servos do seu senhor, disseram-lhe: Vai tudo bem? Por que veio a ti este louco? E ele lhes disse: Bem conheceis o homem e o seu falar.

12 Mas eles disseram: É mentira; agora faze-no-lo saber. E disse: Assim e assim me falou, dizendo: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel.

13 Então se apressaram, e tomou cada um a sua veste, e a pôs debaixo dele, no mais alto degrau; e tocaram a buzina, e disseram: Jeú reina!

14 Assim Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi, conspirou contra Jorão. Tinha, porém, Jorão cercado Ramote-Gileade, ele e todo o Israel, por causa de Hazael, rei da Síria.

15 Porém o rei Jorão voltou para se curar em Jezreel das feridas que os sírios lhe fizeram, quando pelejou contra Hazael, rei da Síria. E disse Jeú: Se é da vossa vontade, ninguém saia da cidade, nem escape, para ir denunciar isto em Jezreel.

16 Então Jeú subiu a um carro, e foi a Jezreel, porque Jorão estava deitado ali; e também Acazias, rei de Judá, descera para ver Jorão.

17 E o atalaia estava na torre de Jezreel, e viu a tropa de Jeú, que vinha, e disse: Vejo uma tropa. Então disse Jorão: Toma um cavaleiro, e envia-lho ao encontro; e diga: Há paz?

18 E o cavaleiro lhe foi ao encontro, e disse: Assim diz o rei: Há paz? E disse Jeú: Que tens tu a ver com a paz? Passa para trás de mim. E o atalaia o fez saber, dizendo: Chegou a eles o mensageiro, porém não volta.

19 Então enviou outro cavaleiro; e chegando este a eles, disse: Assim diz o rei: Há paz? E disse Jeú: Que tens tu a ver com a paz? Passa para trás de mim.

20

E o atalaia o fez saber, dizendo: Também este chegou a eles, porém não volta; e o andar parece como o andar de Jeú, filho de Ninsi, porque anda furiosamente.

21 Então disse Jorão: Aparelha o carro. E aparelharam o seu carro. E saiu Jorão, rei de Israel, e Acazias, rei de Judá, cada um em seu carro, e saíram ao encontro de Jeú, e o acharam no pedaço de campo de Nabote, o jezreelita.

22 E sucedeu que, Jorão vendo Jeú, disse: Há paz, Jeú? E disse ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?

23 Então Jorão voltou as rédeas, e fugiu; e disse a Acazias: Traição há, Acazias.

24 Mas Jeú entesou o seu arco com toda a força, e feriu Jorão entre os braços, e a flecha lhe saiu pelo coração; e caiu no seu carro.

25 Então Jeú disse a Bidcar, seu capitão: Toma-o, lança-o no pedaço do campo de Nabote, o jezreelita; porque, lembra-te de que, indo eu e tu juntos a cavalo após seu pai, Acabe, o Senhor pôs sobre ele esta sentença, dizendo:

26 Por certo que se eu não visse ontem à tarde o sangue de Nabote e o sangue de seus filhos, diz o Senhor, também não to pagaria neste pedaço de campo, diz o Senhor. Agora, pois, toma-o, e lança-o neste pedaço de campo, conforme a palavra do Senhor.

27 O que vendo Acazias, rei de Judá, fugiu pelo caminho da casa do jardim; porém Jeú seguiu após ele, e disse: Matai também este no carro à subida de Gur, que está junto a Ibleão. E fugiu para Megido, e morreu ali.

28 E seus servos o levaram num carro a Jerusalém, e o sepultaram na sua sepultura junto a seus pais, na cidade de Davi.

29 (E no ano undécimo de Jorão, filho de Acabe, começou Acazias a reinar sobre Judá.)

30

E Jeú foi a Jezreel, o que ouvindo Jezabel, se pintou em volta dos olhos, e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janela.

31 E entrando Jeú pelas portas, disse ela: Teve paz Zinri, que matou seu senhor?

32 E levantou ele o rosto para a janela e disse: Quem está comigo? Quem? E dois ou três eunucos olharam para ele.

33 Então disse ele: Lançai-a abaixo. E lançaram-na abaixo; e foram salpicados com o seu sangue a parede e os cavalos, e ele a atropelou.

34 Entrando ele, pois, e havendo comido e bebido, disse: Ide ver aquela maldita, e sepultai-a, porque é filha de rei.

35 E foram para a sepultar, porém não acharam dela senão somente a caveira, e os pés, e as palmas das mãos.

36 Então voltaram, e lho fizeram saber; e ele disse: Esta é a palavra do Senhor, a qual falou pelo ministério de Elias, o tesbita, seu servo, dizendo: No pedaço do campo de Jezreel os cães comerão a carne de Jezabel.

37 E o cadáver de Jezabel será como esterco sobre o campo, no pedaço de Jezreel, de modo que não se possa dizer: Esta é Jezabel.

Capítulo 10

Os setenta filhos de Acabe são mortos — Jeú destrói a casa de Acabe e todos os adoradores de Baal, mas continua a adorar os bezerros de ouro em Betel e em Dã.

1

E Acabe tinha setenta filhos em Samaria; e Jeú escreveu cartas, e as enviou a Samaria, aos chefes de Jezreel, aos anciãos, e aos aios de Acabe, dizendo:

2 Logo, em chegando a vós esta carta, pois estão convosco os filhos de vosso senhor, como também os carros, e os cavalos, e a cidade fortalecida, e as armas,

3 Escolhei o melhor e mais reto dos filhos de vosso senhor, o qual ponde sobre o trono de seu pai, e pelejai pela casa de vosso senhor.

4 Porém eles temeram muitíssimo, e disseram: Eis que dois reis não puderam resistir diante dele; como, pois, poderemos nós resistir-lhe?

5 Então o que tinha cargo da casa, e o que tinha cargo da cidade, e os anciãos, e os aios mandaram dizer a Jeú: Teus servos somos, e tudo quanto nos disseres faremos; a ninguém constituiremos rei; faze o que for bom aos teus olhos.

6 Então lhe escreveu uma segunda carta, dizendo: Se fordes meus, e ouvirdes a minha voz, tomai as cabeças dos homens, filhos de vosso senhor, e amanhã, a esta hora vinde a mim a Jezreel (e os filhos do rei, setenta homens, estavam com os grandes da cidade, que os criavam.)

7 E sucedeu que, chegada a eles a carta, tomaram os filhos do rei, e os mataram, setenta homens; e puseram as suas cabeças em cestos, e lhas mandaram a Jezreel.

8 E um mensageiro chegou, e lhe anunciou dizendo: Trouxeram as cabeças dos filhos do rei. E ele disse: Ponde-as em dois montões à entrada da porta, até a manhã.

9 E sucedeu que pela manhã, saindo ele, parou, e disse a todo o povo: Vós sois justos; eis que eu conspirei contra o meu senhor, e o matei; mas quem matou todos estes?

10

Sabei, pois, agora que, da palavra do Senhor, que o Senhor falou contra a casa de Acabe, nada cairá em terra, porque o Senhor fez o que falou pelo ministério de seu servo Elias.

11 Também Jeú matou todos os restantes da casa de Acabe em Jezreel, como também todos os seus grandes, e os seus conhecidos, e seus sacerdotes, até que não lhe deixou restar nenhum.

12 Então se levantou e partiu, e foi a Samaria. E estando no caminho, em Bete-Equede dos pastores,

13 Jeú encontrou os irmãos de Acazias, rei de Judá, e disse: Quem sois vós? E eles disseram: Os irmãos de Acazias somos; e descemos para saudar os filhos do rei e os filhos da rainha.

14 Então disse ele: Apanhai-os vivos. E eles os apanharam vivos, e os mataram junto ao poço de Bete-Equede, quarenta e dois homens; e não deixou restar nenhum deles.

15 E partindo dali, encontrou Jonadabe, filho de Recabe, que lhe vinha ao encontro, o qual saudou e lhe disse: Reto é o teu coração, como o meu coração é com o teu coração? E disse Jonadabe: É. Então se é, dá-me a mão. E deu-lhe a mão, e fê-lo subir consigo ao carro.

16 E disse: Vai comigo, e verás o meu zelo para com o Senhor. E o puseram no seu carro.

17 E chegando a Samaria, matou todos os que ficaram de Acabe em Samaria, até que o destruiu, conforme a palavra do Senhor, que dissera a Elias.

18 E ajuntou Jeú todo o povo, e disse-lhe: Pouco serviu Acabe a Baal; Jeú, porém, muito o servirá.

19 Pelo que chamai-me agora todos os profetas de Baal, todos os seus servos e todos os seus sacerdotes; não falte nenhum, porque tenho um grande sacrifício a Baal; todo aquele que faltar não viverá. Porém Jeú fazia isto com astúcia, para destruir os servos de Baal.

20

Disse mais Jeú: Consagrai a Baal uma assembleia solene. E a apregoaram.

21 Também Jeú mandou buscar por todo o Israel, e vieram todos os servos de Baal, e nenhum homem deles ficou que não viesse; e entraram na casa de Baal, e encheu-se a casa de Baal, de um lado ao outro.

22 Então disse ao que estava a cargo das vestimentas: Tira as vestimentas para todos os servos de Baal. E ele lhes tirou para fora as vestimentas.

23 E entrou Jeú com Jonadabe, filho de Recabe, na casa de Baal, e disse aos servos de Baal: Examinai, e vede bem, que porventura nenhum dos servos do Senhor aqui haja convosco, senão somente os servos de Baal.

24 E entrando eles para fazerem sacrifícios e holocaustos, Jeú preparou da parte de fora oitenta homens, e disse-lhes: Se escapar algum dos homens que eu entregar em vossas mãos, a vossa vida será pela vida dele.

25 E sucedeu que, acabando de fazer o holocausto, disse Jeú aos da sua guarda, e aos capitães: Entrai, matai-os, não escape nenhum. E os feriram ao fio da espada; e os da guarda e os capitães os lançaram fora, e se foram à cidade, à casa de Baal.

26 E tiraram as estátuas da casa de Baal, e as queimaram.

27 Também quebraram a estátua de Baal, e derrubaram a casa de Baal, e fizeram dela latrinas, até o dia de hoje.

28 E assim Jeú destruiu Baal de Israel.

29 Porém não se apartou Jeú de seguir os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel, a saber: dos bezerros de ouro, que estavam em Betel e em Dã.

30

Pelo que disse o Senhor a Jeú: Porquanto bem agiste em fazer o que é reto aos meus olhos e, conforme tudo quanto eu tinha no meu coração que se fizesse à casa de Acabe, teus filhos até a quarta geração se assentarão no trono de Israel.

31 Mas Jeú não teve cuidado de andar com todo o seu coração na lei do Senhor Deus de Israel, nem se apartou dos pecados de Jeroboão, que fez pecar Israel.

32 Naqueles dias começou o Senhor a diminuir os termos de Israel, porque Hazael os derrotou em todas as fronteiras de Israel,

33 Desde o Jordão até o nascente do sol, toda a terra de Gileade; os gaditas, e os rubenitas, e os manassitas, desde Aroer, que está junto ao ribeiro de Arnom, a saber, Gileade, e Basã.

34 Ora, o restante dos feitos de Jeú, e tudo quanto fez, e todo o seu poder, porventura não está escrito no livro das crônicas de Israel?

35 E Jeú dormiu com seus pais, e o sepultaram em Samaria; e Joacaz, seu filho, reinou em seu lugar.

36 E os dias que Jeú reinou sobre Israel em Samaria foram vinte e oito anos.

Capítulo 11

Atalia destrói a família real em Judá e reina sozinha em Judá — A vida de Joás é preservada e ele é coroado rei aos sete anos de idade — Joiada, o sacerdote, destrói a casa de Baal.

1

Vendo, pois, Atalia, mãe de Acazias, que seu filho estava morto, levantou-se, e destruiu toda a semente real.

2 Mas Jeoseba, filha do rei Jorão, irmã de Acazias, tomou Joás, filho de Acazias, e o furtou dentre os filhos do rei, aos quais matavam, e o pôs, ele e sua ama, na recâmara, e o escondeu de Atalia, e assim não o mataram.

3 E ele esteve com ela escondido na casa do Senhor seis anos; e Atalia reinava sobre a terra.

4 E no sétimo ano Joiada mandou chamar os centuriões, com os capitães, e com os da guarda, e os fez entrar consigo na casa do Senhor; e fez com eles uma aliança e os ajuramentou na casa do Senhor, e lhes mostrou o filho do rei.

5 E deu-lhes ordem, dizendo: Esta é a obra que vós haveis de fazer: uma terça parte de vós, que entra no sábado, fará a guarda da casa do rei;

6 E outra terça parte estará à porta de Sur; e a outra terça parte à porta detrás dos da guarda; assim fareis a guarda desta casa, afastando a todos.

7 E as duas partes de vós, a saber, todos os que saem no sábado, farão a guarda da casa do Senhor junto ao rei.

8 E cercareis o rei, cada um com as suas armas nas mãos, e matarão aquele que entrar entre as fileiras; e vós estareis com o rei quando sair e quando entrar.

9 Fizeram, pois, os centuriões conforme tudo quanto ordenara o sacerdote Joiada, tomando cada um os seus homens, tanto os que entravam no sábado como os que saíam no sábado; e foram ao sacerdote Joiada.

10

E o sacerdote deu aos centuriões as lanças, e os escudos que haviam sido do rei Davi, que estavam na casa do Senhor.

11 E os da guarda se puseram, cada um com as armas na mão, desde o lado direito da casa até o lado esquerdo da casa, do lado do altar, e do lado da casa, junto ao rei em redor.

12 Então ele tirou o filho do rei, e lhe pôs a coroa, e lhe deu o testemunho; e o fizeram rei, e o ungiram, e bateram palmas, e disseram: Viva o rei!

13 E Atalia, ouvindo a voz dos da guarda e do povo, foi ter com o povo na casa do Senhor.

14 E olhou, e eis que o rei estava junto à coluna, conforme o costume, e os capitães e as trombetas, junto ao rei, e todo o povo da terra estava alegre e tocava as trombetas; então Atalia rasgou os seus vestidos, e clamou: Traição! Traição!

15 Porém o sacerdote Joiada deu ordem aos centuriões que comandavam as tropas, e disse-lhes: Tirai-a para fora das fileiras, e a quem a seguir matai-o à espada. Porque o sacerdote disse: Não a matem na casa do Senhor.

16 E lançaram mão dela, e ela foi pelo caminho da entrada dos cavalos à casa do rei, e ali a mataram.

17 E Joiada fez um convênio entre o Senhor e o rei e o povo, de que seria o povo do Senhor; como também entre o rei e o povo.

18 Então todo o povo da terra entrou na casa de Baal, e a derrubaram, como também os seus altares, e as suas imagens totalmente quebraram; e Matã, sacerdote de Baal, mataram perante os altares; então o sacerdote pôs oficiais sobre a casa do Senhor.

19 E eletomou os centuriões, e os capitães, e os da guarda, e todo o povo da terra; e conduziram da casa do Senhor o rei, e foram pelo caminho da porta dos da guarda à casa do rei, e ele se assentou no trono dos reis.

20

E todo o povo da terra se alegrou, e a cidade repousou, depois que mataram Atalia à espada, junto à casa do rei.

21 Era Joás da idade de sete anos quando o fizeram rei.

Capítulo 12

Joás (Jeoás) reina em retidão — As fendas do templo são reparadas — A segurança de Jerusalém é comprada com objetos sagrados do templo — Jeoás é morto, e Amazias reina.

1

No ano sétimo de Jeú começou a reinar Joás, e quarenta anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Zíbia, de Berseba.

2 E fez Joás o que era reto aos olhos do Senhor todos os dias em que o sacerdote Joiada o instruía.

3 Tão somente os altos não se tiraram, porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

4 E disse Joás aos sacerdotes: Todo o dinheiro das coisas santas que se trouxer à casa do Senhor, a saber, o dinheiro daquele que passa o arrolamento, o dinheiro de cada uma das pessoas, segundo a sua avaliação, e todo o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente para a casa do Senhor,

5 Os sacerdotes o recebam, cada um dos seus conhecidos; e eles reparem as fendas da casa, segundo toda a fenda que se achar nela.

6 Sucedeu, porém, que, no ano vinte e três do rei Joás, os sacerdotes ainda não tinham reparado as fendas da casa.

7 Então o rei Joás chamou o sacerdote Joiada e os demais sacerdotes, e lhes disse: Por que não reparais as fendas da casa? Agora, pois, não tomeis mais dinheiro de vossos conhecidos, mas dai-o para reparar as fendas da casa.

8 E consentiram os sacerdotes em não tomarem mais dinheiro do povo, nem em repararem as fendas da casa.

9 Porém o sacerdote Joiada tomou uma arca, e fez um buraco na tampa; e a pôs ao pé do altar, à mão direita dos que entravam na casa do Senhor; e os sacerdotes que guardavam a entrada da porta punham ali todo o dinheiro que se trazia à casa do Senhor.

10

E sucedia que, vendo eles que já havia muito dinheiro na arca, o escrivão do rei subia com o sumo sacerdote, e contavam e ensacavam o dinheiro que se achava na casa do Senhor.

11 E o dinheiro, depois de pesado, davam nas mãos dos que faziam a obra, que tinham a seu cargo a casa do Senhor; e eles o distribuíam aos carpinteiros, e aos edificadores que reparavam a casa do Senhor;

12 Como também aos pedreiros e aos cortadores de pedras, e para se comprar madeira e pedras de cantaria para repararem as fendas da casa do Senhor, e para tudo quanto para a casa se dava para a repararem.

13 Todavia, do dinheiro que se trazia à casa do Senhor não se faziam nem taças de prata, nem pinças, nem bacias, nem trombetas, nem nenhum vaso de ouro ou vaso de prata para a casa do Senhor.

14 Porque o davam aos que faziam a obra, e reparavam com ele a casa do Senhor.

15 Também não pediam contas aos homens em cujas mãos entregavam aquele dinheiro, para o dar aos que faziam a obra, porque procediam com fidelidade.

16 Mas o dinheiro para as ofertas pela culpa, e o dinheiro para as ofertas pelo pecado, não se levava à casa do Senhor, porém era para os sacerdotes.

17 Então subiu Hazael, rei da Síria, e pelejou contra Gate, e a tomou; depois Hazael resolveu marchar contra Jerusalém.

18 Porém Joás, rei de Judá, tomou todas as coisas santas que Josafá, e Jorão, e Acazias, seus pais, reis de Judá, consagraram, como também todo o ouro que se achou nos tesouros da casa do Senhor e na casa do rei, e o mandou a Hazael, rei da Síria; e então se retirou de Jerusalém.

19 Ora, o restante dos feitos de Joás, e tudo quanto fez mais, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

20

E levantaram-se os seus servos, e conspiraram contra ele; e mataram Joás na casa de Milo, que desce para Sila.

21 Porque Jozacar, filho de Simeate, e Jozabade, filho de Somer, seus servos, o feriram, e morreu, e o sepultaram com seus pais na cidade de Davi; e Amazias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 13

Joacaz e os seus sucessores reinam iniquamente em Israel — Eliseu profetiza que Joás derrotará a Síria — Eliseu morre — Um israelita morto volta à vida ao tocar os ossos de Eliseu.

1

No ano vinte e três de Joás, filho de Acazias, rei de Judá, começou a reinar Joacaz, filho de Jeú, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezessete anos.

2 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, porque seguiu os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel; não se apartou deles.

3 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e deu-os na mão de Hazael, rei da Síria, e na mão de Ben-Hadade, filho de Hazael, todos aqueles dias.

4 Porém Joacaz suplicou diante da face do Senhor, e o Senhor o ouviu, pois viu a opressão de Israel, porque os oprimia o rei da Síria.

5 E o Senhor deu um salvador a Israel, e saíram de debaixo das mãos dos sírios; e os filhos de Israel habitaram nas suas tendas, como dantes.

6 (Contudo não se apartaram dos pecados da casa de Jeroboão, que fez pecar Israel; porém ele andou neles; e também o poste-ídolo ficou em pé em Samaria.)

7 Porque não deixou a Joacaz mais povo, senão cinquenta cavaleiros, e dez carros, e dez mil homens a pé, porquanto o rei da Síria os tinha destruído e os tinha feito como o pó, trilhando-os.

8 Ora, o restante dos feitos de Joacaz, e tudo quanto fez mais, e o seu poder, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

9 E Joacaz dormiu com seus pais, e o sepultaram em Samaria; e Jeoás, seu filho, reinou em seu lugar.

10

No ano trinta e sete de Joás, rei de Judá, começou a reinar Jeoás, filho de Joacaz, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezesseis anos.

11 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; não se apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel, porém andou neles.

12 Ora, o restante dos feitos de Jeoás, e tudo quanto fez mais, e o seu poder, com que pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

13 E Joás dormiu com seus pais, e Jeroboão se assentou no seu trono; e Jeoás foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel.

14 E Eliseu estava doente da sua doença de que morreu; e Jeoás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pai, meu pai, o carro de Israel, e seus cavaleiros!

15 E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E tomou um arco e flechas.

16 Então disse ao rei de Israel: Põe a tua mão sobre o arco. E pôs sobre ele a sua mão; e Eliseu pôs as suas mãos sobre as mãos do rei.

17 E disse: Abre a janela para o oriente. E abriu-a. Então disse Eliseu: Atira. E atirou, e disse: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios, porque derrotarás os sírios em Afeque, até os consumir.

18 Disse mais: Toma as flechas. E tomou-as. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E feriu-a três vezes, e cessou.

19 Então o homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então atacarias os sírios até os consumir; porém agora só três vezes derrotarás os sírios.

20

Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as tropas dos moabitas invadiram a terra à entrada do ano.

21 E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou sobre os seus pés.

22 E Hazael, rei da Síria, oprimiu Israel todos os dias de Joacaz.

23 Porém o Senhor teve misericórdia deles, e se compadeceu deles, e se voltou para eles, por causa do seu convênio com Abraão, Isaque e Jacó, e não os quis destruir, e não os lançou ainda da sua presença.

24 E morreu Hazael, rei da Síria; e Ben-Hadade, seu filho, reinou em seu lugar.

25 E Jeoás, filho de Joacaz, tornou a tomar as cidades das mãos de Ben-Hadade, que ele tinha tomado das mãos de Joacaz, seu pai, na guerra; três vezes Jeoás o derrotou, e recuperou as cidades de Israel.

Capítulo 14

Amazias reina bem em Judá — Israel derrota Judá em batalha — Jeroboão reina iniquamente em Israel.

1

No segundo ano de Jeoás, filho de Joacaz, rei de Israel, começou a reinar Amazias, filho de Joás, rei de Judá.

2 Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e vinte e nove anos reinou em Jerusalém. E era o nome de sua mãe Jeoadã, de Jerusalém.

3 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, ainda que não como seu pai Davi; fez, porém, conforme tudo o que fizera Joás, seu pai.

4 Tão somente os altos não se tiraram, porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 E sucedeu que, estando já o reino confirmado na sua mão, matou os seus servos que tinham matado o rei, seu pai.

6 Porém os filhos dos matadores não matou, como está escrito no livro da lei de Moisés, no qual o Senhor deu ordem, dizendo: Não matarão os pais por causa dos filhos, e não matarão os filhos por causa dos pais; mas cada um será morto pelo seu próprio pecado.

7 Este matou dez mil edomitas no vale do Sal, e tomou Sela na guerra, e chamou o seu nome Jocteel, até o dia de hoje.

8 Então Amazias, enviou mensageiros a Joás, filho de Joacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos cara a cara.

9 Porém Joás, rei de Israel, mandou dizer a Amazias, rei de Judá: O cardo que está no Líbano mandou dizer ao cedro que está no Líbano: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.

10

Na verdade derrotaste os moabitas, e o teu coração se ensoberbeceu; gloria-te disso, e fica em tua casa; e por que provocarias o mal, para caíres tu, e Judá contigo?

11 Mas Amazias não o ouviu; e subiram Joás, rei de Israel, e Amazias, rei de Judá, e viram-se cara a cara, em Bete-Semes, que está em Judá.

12 E Judá foi ferido diante de Israel, e fugiu cada um para a sua tenda.

13 E Joás, rei de Israel, tomou Amazias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Acazias, em Bete-Semes, e foi a Jerusalém, e rompeu o muro de Jerusalém, desde a porta de Efraim até a porta da esquina, quatrocentos côvados.

14 E tomou todo o ouro e a prata, e todos os vasos que se acharam na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, como também os reféns, e voltou para Samaria.

15 Ora, o restante dos feitos de Joás, o que fez, e o seu poder, e como pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

16 E dormiu Joás com seus pais, e foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel; e Jeroboão, seu filho, reinou em seu lugar.

17 E viveu Amazias, filho de Joás, rei de Judá, depois da morte de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel, quinze anos.

18 Ora, o restante dos feitos de Amazias, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

19 E conspiraram contra ele em Jerusalém, e fugiu para Laquis; porém enviaram homens após ele até Laquis, e o mataram ali.

20

E o trouxeram em cima de cavalos, e o sepultaram em Jerusalém, junto a seus pais, na cidade de Davi.

21 E todo o povo de Judá tomou Azarias, que já era de dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de Amazias, seu pai.

22 Este edificou Elate, e a restituiu a Judá, depois que o rei dormiu com seus pais.

23 No décimo quinto ano de Amazias, filho de Joás, rei de Judá, começou a reinar, em Samaria, Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, e reinou quarenta e um anos.

24 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; nunca se apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel.

25 Também este restituiu os termos de Israel, desde a entrada de Hamate até o mar da planície, conforme a palavra do Senhor Deus de Israel, a qual falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era de Gate-Hefer.

26 Porque viu o Senhor que a miséria de Israel era muito amarga, e que nem havia escravo, nem livre, nem quem ajudasse Israel.

27 E ainda não falara o Senhor em apagar o nome de Israel de debaixo do céu; porém os livrou por mão de Jeroboão, filho de Joás.

28 Ora, o restante dos feitos de Jeroboão, tudo quanto fez, e seu poder, como pelejou, e como restituiu Damasco e Hamate, pertencentes a Judá, sendo rei em Israel, porventura não está escrito no livro das crônicas de Israel?

29 E Jeroboão dormiu com seus pais, com os reis de Israel; e Zacarias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 15

Muitos reis governam em Israel e em Judá — Descrevem-se sua iniquidade, guerras, conspirações e maldades — Boa parte de Israel é levada cativa para a Assíria por Tiglate-Pilneser.

1

No ano vinte e sete de Jeroboão, rei de Israel, começou a reinar Azarias, filho de Amazias, rei de Judá.

2 Tinha dezesseis anos quando começou a reinar, e cinquenta e dois anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Jecolias, de Jerusalém.

3 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Amazias, seu pai.

4 Tão somente os altos não se tiraram, porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 E o Senhor feriu o rei, e este ficou leproso até o dia da sua morte; e habitou numa casa separada; porém Jotão, filho do rei, tinha o cargo da casa, julgando o povo da terra.

6 Ora, o restante dos feitos de Azarias, e tudo o que fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

7 E Azarias dormiu com seus pais, e o sepultaram junto a seus pais, na cidade de Davi; e Jotão, seu filho, reinou em seu lugar.

8 No ano trinta e oito de Azarias, rei de Judá, reinou Zacarias, filho de Jeroboão, sobre Israel, em Samaria, seis meses.

9 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, como tinham feito seus pais; nunca se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel.

10

E Salum, filho de Jabes, conspirou contra ele, e o feriu diante do povo, e o matou, e reinou em seu lugar.

11 Ora, o restante dos feitos de Zacarias, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel.

12 Esta foi a palavra do Senhor, que falou a Jeú, dizendo: Teus filhos, até a quarta geração, se assentarão sobre o trono de Israel. E assim foi.

13 Salum, filho de Jabes, começou a reinar no ano trinta e nove de Uzias, rei de Judá; e reinou um mês inteiro em Samaria.

14 Porque Menaém, filho de Gadi, subiu de Tirza, e foi a Samaria; e atacou Salum, filho de Jabes, em Samaria, e o matou, e reinou em seu lugar.

15 Ora, o restante dos feitos de Salum, e a conspiração que fez, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel.

16 Então Menaém destruiu Tifsa, e todos os que nela havia, como também seus termos desde Tirza, porque não lhe tinham aberto; e os matou, pois, e todas as mulheres grávidas fendeu pelo meio.

17 Desde o ano trinta e nove de Azarias, rei de Judá, Menaém, filho de Gadi, começou a reinar sobre Israel, e reinou dez anos em Samaria.

18 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; todos os seus dias não se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel.

19 Então veio Pul, rei da Assíria, contra a terra; e Menaém deu a Pul mil talentos de prata, para que a sua mão fosse com ele, a fim de firmar o reino na sua mão.

20

E Menaém tirou esse dinheiro de Israel, de todos os poderosos e ricos, para o dar ao rei da Assíria, por cada homem cinquenta siclos de prata; assim, voltou o rei da Assíria, e não ficou ali na terra.

21 Ora, o restante dos feitos de Menaém, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

22 E Menaém dormiu com seus pais; e Pecaías, seu filho, reinou em seu lugar.

23 No ano cinquenta de Azarias, rei de Judá, começou a reinar Pecaías, filho de Menaém, e reinou sobre Israel, em Samaria, dois anos.

24 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; nunca se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel.

25 E Peca, filho de Remalias, seu capitão, conspirou contra ele, e o atacou em Samaria, no paço da casa do rei, juntamente com Argobe e com Arié, e com ele cinquenta homens dos filhos dos gileaditas; e o matou, e reinou em seu lugar.

26 Ora, o restante dos feitos de Pecaías, e tudo quanto fez, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel.

27 No ano cinquenta e dois de Azarias, rei de Judá, começou a reinar Peca, filho de Remalias, e reinou sobre Israel, em Samaria, vinte anos.

28 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; nunca se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar Israel.

29 Nos dias de Peca, rei de Israel, veio Tiglate-Pilneser, rei da Assíria, e tomou Ijom, e Abel-Bete-Maaca, e Janoa, e Quedes, e Hazor, e Gileade, e Galileia, e toda a terra de Naftali, e os levou à Assíria.

30

E Oseias, filho de Elá, conspirou contra Peca, filho de Remalias, e o atacou, e o matou, e reinou em seu lugar, no vigésimo ano de Jotão, filho de Uzias.

31 Ora, o restante dos feitos de Peca, e tudo quanto fez, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel.

32 No ano segundo de Peca, filho de Remalias, rei de Israel, começou a reinar Jotão, filho de Uzias, rei de Judá.

33 Tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou dezesseis anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Jerusa, filha de Zadoque.

34 E fez o que era reto aos olhos do Senhor; fez conforme tudo quanto fizera seu pai Uzias.

35 Tão somente os altos não se tiraram, porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos; este edificou a porta alta da casa do Senhor.

36 Ora, o restante dos feitos de Jotão, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

37 Naqueles dias começou o Senhor a enviar Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, contra Judá.

38 E Jotão dormiu com seus pais, e foi sepultado junto a seus pais, na cidade de Davi, seu pai; e Acaz, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 16

Acaz reina iniquamente em Judá — Ele oferece seu filho em sacrifício pagão — Ele faz um novo altar, destrói o mar de bronze e muda o método de sacrifícios no templo.

1

No ano dezessete de Peca, filho de Remalias, começou a reinar Acaz, filho de Jotão, rei de Judá.

2 Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar, e reinou dezesseis anos em Jerusalém, e não fez o que era reto aos olhos do Senhor seu Deus, como Davi, seu pai.

3 Porque andou no caminho dos reis de Israel, e até seu filho fez passar pelo fogo, segundo as abominações das nações que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel.

4 Também sacrificou, e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore frondosa.

5 Então subiu Rezim, rei da Síria, com Peca, filho de Remalias, rei de Israel, a Jerusalém, à peleja; e cercaram Acaz, porém não o puderam vencer.

6 Naquele mesmo tempo Rezim, rei da Síria, restituiu Elate à Síria, e lançou para fora de Elate os judeus; e os sírios foram a Elate, e habitaram ali até o dia de hoje.

7 E Acaz enviou mensageiros a Tiglate-Pilneser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.

8 E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria.

9 E o rei da Assíria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assíria subiu contra Damasco, e tomou-a, e levou-os presos a Quir, e matou Rezim.

10

Então o rei Acaz foi a Damasco, para encontrar-se com Tiglate-Pilneser, rei da Assíria, e vendo um altar que estava em Damasco, o rei Acaz enviou ao sacerdote Urias o desenho do altar, e o modelo, conforme toda a sua feitura.

11 E Urias, o sacerdote, edificou um altar conforme tudo o que o rei Acaz tinha ordenado de Damasco; assim o fez o sacerdote Urias, antes que o rei Acaz viesse de Damasco.

12 Vindo, pois, o rei de Damasco, o rei viu o altar; e o rei se aproximou do altar, e sacrificou nele.

13 E queimou o seu holocausto, e a sua oferta de manjares, e derramou a sua libação, e espargiu o sangue das suas ofertas pacíficas naquele altar.

14 Porém o altar de bronze, que estava perante o Senhor, tirou de diante da casa, de entre o seu altar e a casa do Senhor, e pô-lo ao lado do seu altar, do lado do norte.

15 E o rei Acaz ordenou a Urias, o sacerdote, dizendo: No grande altar queima o holocausto da manhã, como também a oferta de manjares da noite, e o holocausto do rei, e a sua oferta de manjares, e o holocausto de todo o povo da terra, a sua oferta de manjares, e as suas ofertas de bebida; e todo o sangue dos holocaustos, e todo o sangue dos sacrifícios espargirás nele; porém o altar de bronze será para mim, para inquirir nele.

16 E fez Urias, o sacerdote, conforme tudo quanto o rei Acaz lhe ordenara.

17 E o rei Acaz cortou as cintas das bases, e de cima delas tomou a pia, e o mar tirou de sobre os bois de bronze, que estavam debaixo dele, e pô-lo sobre um soalho de pedra.

18 Também a coberta do sábado, que edificaram na casa, e a entrada externa do rei, retirou da casa do Senhor, por causa do rei da Assíria.

19 Ora, o restante dos feitos de Acaz, e o que fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

20

E dormiu Acaz com seus pais, e foi sepultado junto a seus pais, na cidade de Davi; e Ezequias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 17

Oseias reina em Israel e se submete aos assírios — Os israelitas abandonam o Senhor, adoram ídolos, servem Baal e rejeitam tudo o que o Senhor lhes deu — As dez tribos são levadas cativas pelos reis da Assíria — A terra de Israel (Samaria) é repovoada com outros povos — Observam-se muitas formas de adoração falsa entre os samaritanos.

1

No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oseias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samaria, nove anos.

2 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, contudo não como os reis de Israel que foram antes dele.

3 Contra ele subiu Salmaneser, rei da Assíria; e Oseias ficou sendo servo dele, e pagava-lhe tributos.

4 Porém o rei da Assíria achou em Oseias conspiração, porque enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava tributos ao rei da Assíria cada ano, como dantes; então o rei da Assíria o encerrou e aprisionou na casa do cárcere.

5 Porque o rei da Assíria subiu por toda a terra, e foi até Samaria, e a cercou três anos.

6 No ano nono de Oseias, o rei da Assíria tomou Samaria, e levou Israel para a Assíria; e fê-los habitar em Hala, e em Habor, junto ao rio de Gozã, e nas cidades dos medos.

7 Porque sucedeu que os filhos de Israel pecaram contra o Senhor seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram outros deuses,

8 E andaram nos estatutos das nações que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel, e nos dos reis de Israel, que eles fizeram.

9 E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram retas, contra o Senhor seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre das atalaias até a cidade forte.

10

E levantaram estátuas e postes-ídolos, em todos os altos outeiros, e debaixo de todas as árvores frondosas.

11 E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações que o Senhor removera de diante deles; e fizeram coisas ruins, para provocarem à ira o Senhor.

12 E serviram os ídolos, dos quais o Senhor lhes dissera: Não fareis estas coisas.

13 E o Senhor testificou contra Israel e Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a lei que ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas.

14 Porém não deram ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que não creram no Senhor seu Deus.

15 E rejeitaram os seus estatutos, e o seu convênio, que fizera com seus pais, como também os seus testemunhos, com que testificara contra eles; e seguiram a vaidade, e tornaram-se vãos; como também seguiram as nações, que estavam ao redor deles, das quais o Senhor lhes tinha ordenado que não fizessem como elas.

16 E deixaram todos os mandamentos do Senhor seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros, e fizeram um poste-ídolo, e se prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal.

17 Também fizeram passar pelo fogo seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e creram em agouros, e venderam-se para fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, para o provocarem à ira.

18 Pelo que o Senhor muito se indignou com Israel, e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão somente a tribo de Judá.

19 Até Judá não guardou os mandamentos do Senhor seu Deus; antes andaram nos estatutos de Israel, que eles fizeram.

20

Pelo que o Senhor rejeitou toda a semente de Israel, e os oprimiu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante da sua presença.

21 Porque rasgou Israel da casa de Davi, e fizeram rei a Jeroboão, filho de Nebate; e Jeroboão apartou Israel de seguir o Senhor, e os fez pecar um grande pecado.

22 Assim andaram os filhos de Israel em todos os pecados de Jeroboão, que tinha feito; nunca se apartaram deles.

23 Até que o Senhor tirou Israel de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas; assim foi Israel levado da sua terra para a Assíria até o dia de hoje.

24 E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, e de Cuta, e de Ava, e de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.

25 E sucedeu que, no princípio da sua habitação ali, não temeram ao Senhor; e entre eles o Senhor mandou leões, que mataram alguns deles.

26 Pelo que falaram ao rei da Assíria, dizendo: A gente que levaste, e fizeste habitar nas cidades de Samaria, não sabe o costume do Deus da terra, pelo que mandou leões entre eles, e eis que os matam, porquanto não sabem o culto do Deus da terra.

27 Então o rei da Assíria mandou dizer: Levai para lá um dos sacerdotes que trouxestes de lá; e que eles vão, e habitem lá; e ele lhes ensine o costume do Deus da terra.

28 Foi, pois, um dos sacerdotes que levaram de Samaria, e habitou em Betel, e lhes ensinou como deviam temer ao Senhor.

29 Porém cada nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que os samaritanos fizeram, cada nação nas suas cidades, nas quais habitavam.

30

E os de Babilônia fizeram Sucote-Benote; e os de Cuta fizeram Nergal; e os de Hamate fizeram Asima.

31 E os aveus fizeram Nibaz e Tartaque; e os sefarvitas queimavam seus filhos a fogo, a Adrameleque, e a Anameleque, deuses de Sefarvaim.

32 Assim, temiam ao Senhor; e dos mais baixos se fizeram sacerdotes dos lugares altos, os quais lhes faziam o ministério nas casas dos lugares altos.

33 Assim ao Senhor temiam, e também a seus deuses serviam, segundo o costume das nações dentre as quais levaram aquelas.

34 Até o dia de hoje fazem segundo os antigos costumes: não temem ao Senhor, nem fazem segundo os seus estatutos, e segundo as suas ordenanças, e segundo a lei, e segundo o mandamento que o Senhor ordenou aos filhos de Jacó, a quem deu o nome de Israel.

35 Contudo o Senhor tinha feito um convênio com eles, e lhes ordenara, dizendo: Não temereis a outros deuses, nem vos inclinareis diante deles, nem os servireis, nem lhes sacrificareis.

36 Mas o Senhor, que vos fez subir da terra do Egito com grande força e com braço estendido, a este temereis, e a ele vos inclinareis, e a ele sacrificareis.

37 E os estatutos, e as ordenanças, e a lei, e o mandamento, que vos escreveu, tereis cuidado de cumprir todos os dias, e não temereis a outros deuses.

38 E do convênio que fiz convosco não vos esquecereis, e não temereis a outros deuses.

39 Mas ao Senhor vosso Deus temereis, e ele vos livrará das mãos de todos os vossos inimigos.

40

Porém eles não ouviram; antes fizeram segundo o seu antigo costume.

41 Assim, estas nações temiam ao Senhor e serviam as suas imagens de escultura; também seus filhos, e os filhos de seus filhos, como fizeram seus pais, assim fazem eles até o dia de hoje.

Capítulo 18

Ezequias reina em retidão em Judá — Ele destrói a idolatria e quebra a serpente de bronze feita por Moisés, porque os filhos de Israel queimavam incenso a ela — Senaqueribe, rei da Assíria, invade Judá — Em discurso blasfemo, Rabsaqué pede a Jerusalém que se renda aos assírios.

1

E sucedeu que, no terceiro ano de Oseias, filho de Elá, rei de Israel, começou a reinar Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá.

2 Tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e vinte e nove anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abi, filha de Zacarias.

3 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai.

4 Ele tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os postes-ídolos, e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.

5 No Senhor Deus de Israel confiou, de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.

6 Porque se apegou ao Senhor, não deixou de segui-lo, e guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés.

7 Assim, foi o Senhor com ele; para onde quer que saía se conduzia com prudência; e se rebelou contra o rei da Assíria, e não o serviu.

8 Ele derrotou os filisteus até Gaza, como também os termos dela, desde a torre dos atalaias até a cidade forte.

9 E sucedeu, no quarto ano do rei Ezequias (que era o sétimo ano de Oseias, filho de Elá, rei de Israel), que Salmaneser, rei da Assíria, subiu contra Samaria, e a cercou.

10

E a tomaram ao fim de três anos, no ano sexto de Ezequias, que era o ano nono de Oseias, rei de Israel, quando tomaram Samaria.

11 E o rei da Assíria levou Israel para a Assíria; e os fez levar a Hala e a Habor, junto ao rio de Gozã, e às cidades dos medos;

12 Porquanto não obedeceram à voz do Senhor seu Deus, antes transgrediram o seu convênio; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram.

13 Porém no ano décimo quarto do rei Ezequias subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou.

14 Então Ezequias, rei de Judá, mandou dizer ao rei da Assíria, a Laquis: Pequei; retira-te de mim; tudo o que me impuseres suportarei. Então o rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro.

15 Assim, deu Ezequias toda a prata que se achou na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei.

16 Naquele tempo cortou Ezequias o ouro das portas do templo do Senhor, e das ombreiras, de que Ezequias, rei de Judá, as cobrira, e o deu ao rei da Assíria.

17 Contudo o rei da Assíria enviou Tartã, e Rabe-Saris, e Rabsaqué, de Laquis, com um grande exército ao rei Ezequias, a Jerusalém; e subiram, e foram a Jerusalém; e subindo e indo ele, pararam ao pé do aqueduto da piscina superior, que está junto ao caminho do campo do lavadeiro.

18 E chamaram o rei, e saíram ao encontro deles Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista.

19 E Rabsaqué lhes disse: Ora, dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é esta em que te estribas?

20

Dizes tu (são, porém, palavras vãs): Há conselho e poder para a guerra. Em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas?

21 Eis que agora tu confias naquele bordão de cana quebrada, no Egito, no qual, se alguém se encostar, entrar-lhe-á pela mão e lha furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.

22 Se, porém, me disserdes: No Senhor nosso Deus confiamos; porventura não é este aquele cujos altos e cujos altares Ezequias removeu, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar vos inclinareis em Jerusalém?

23 Ora, pois, dá agora penhor ao meu senhor, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles.

24 Como, pois, rechaçarias um só príncipe dos menores servos de meu senhor? Porém tu confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros.

25 Agora, pois, subi eu porventura sem o Senhor contra este lugar, para o destruir? O Senhor me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a.

26 Então disseram Eliaquim, filho de Hilquias, e Sebna, e Joá, a Rabsaqué: Rogamos-te que fales aos teus servos em aramaico, porque bem o entendemos; e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está em cima do muro.

27 Porém Rabsaqué lhes disse: Porventura mandou-me meu senhor somente a teu senhor e a ti, para falar estas palavras? E não antes aos homens, que estão sentados em cima do muro, para que juntamente convosco comam o seu excremento e bebam a sua urina?

28 Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e falou, e disse: Ouvi a palavra do grande rei, do rei da Assíria.

29 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias, porque não vos poderá livrar da sua mão;

30

Nem tampouco vos faça Ezequias confiar no Senhor, dizendo: Certamente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue na mão do rei da Assíria.

31 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei paz comigo, e saí ao meu encontro, e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um a água da sua cisterna,

32 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras, de azeite, e de mel; e assim vivereis, e não morrereis; e não deis ouvidos a Ezequias, porque vos incita, dizendo: O Senhor nos livrará.

33 Porventura os deuses das nações puderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assíria?

34 Que é feito dos deuses de Hamate e de Arpade? Que é feito dos deuses de Sefarvaim, Hena e Iva? Porventura livraram Samaria da minha mão?

35 Quais são eles, dentre todos os deuses das terras, que livraram a sua terra da minha mão, para que o Senhor livrasse Jerusalém da minha mão?

36 Porém calou-se o povo, e não lhe respondeu uma só palavra, porque mandado do rei havia, dizendo: Não lhe respondereis.

37 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, foram a Ezequias com as vestes rasgadas, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaqué.

Capítulo 19

Ezequias busca o conselho de Isaías para salvar Jerusalém — Isaías profetiza a derrota dos assírios e a morte de Senaqueribe — Ezequias ora pedindo libertação — Senaqueribe envia uma carta blasfema — Isaías profetiza que os assírios serão destruídos e que um remanescente de Judá florescerá — Um anjo mata 185.000 assírios — Senaqueribe é morto por seus filhos.

1

E aconteceu que Ezequias, tendo-o ouvido, rasgou as suas vestes, e se cobriu de panos de saco, e entrou na casa do Senhor.

2 Então enviou Eliaquim, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de panos de saco, ao profeta Isaías, filho de Amós.

3 E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angústia, e de repreensão, e de blasfêmia; porque os filhos chegaram ao parto, e não há força para dar à luz.

4 Bem pode ser que o Senhor teu Deus ouça todas as palavras de Rabsaqué, a quem enviou o seu senhor, o rei da Assíria, para afrontar o Deus vivo, e para repreendê-lo com as palavras que o Senhor teu Deus ouviu; faze, pois, oração pelo restante que ainda fica.

5 E os servos do rei Ezequias foram a Isaías.

6 E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não temas as palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram.

7 Eis que porei nele um espírito, e ele ouvirá um rumor, e voltará para a sua terra; à espada o farei cair na sua terra.

8 Voltou, pois, Rabsaqué, e achou o rei da Assíria pelejando contra Libna, porque tinha ouvido que ele havia partido de Laquis.

9 E ouvindo ele dizer a respeito de Tiraca, rei da Etiópia: Eis que saiu para te fazer guerra; tornou a enviar mensageiros a Ezequias, dizendo:

10

Assim falareis a Ezequias, rei de Judá, dizendo: Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria.

11 Eis que já ouviste o que fizeram os reis da Assíria a todas as terras, destruindo-as totalmente; e tu te livrarás?

12 Porventura as livraram os deuses das nações, que meus pais destruíram, como Gozã e Harã, e Resefe, e os filhos de Éden, que estavam em Telassar?

13 Que é feito do rei de Hamate, e do rei de Arpade, e do rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva?

14 Recebendo, pois, Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu à casa do Senhor, e Ezequias as estendeu perante o Senhor.

15 E orou Ezequias perante o Senhor, e disse: Ó Senhor Deus de Israel, que habitas entre os querubins, tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra.

16 Inclina, Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e olha; e ouve as palavras de Senaqueribe, que enviou este, para afrontar o Deus vivo.

17 Verdade é, ó Senhor, que os reis da Assíria assolaram as nações e as suas terras,

18 E lançaram os seus deuses no fogo; porquanto deuses não eram, mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.

19 Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, te suplico, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra que só tu és o Senhor Deus.

20

Então Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor Deus de Israel: O que me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria, ouvi.

21 Esta é a palavra que o Senhor falou dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.

22 A quem afrontaste e de quem blasfemaste? E contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel?

23 Por meio de teus mensageiros afrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão de meus carros subo eu ao alto dos montes, aos lados do Líbano, e cortarei os seus altos cedros, e as suas mais formosas faias, e entrarei nas suas pousadas mais distantes, até no bosque do seu campo fértil.

24 Eu cavei, e bebi águas estranhas; e com as plantas de meus pés sequei todos os rios do Egito.

25 Porventura não ouviste que já dantes fiz isso, e desde os dias antigos o planejei? Agora, porém, eu o fiz acontecer, para que fosses tu que reduzisses as cidades fortificadas a montões desertos.

26 Por isso os moradores delas, com as mãos encolhidas, ficaram pasmados e envergonhados; eram como a erva do campo, e a hortaliça verde, e o feno dos telhados, e o trigo queimado, antes de amadurecer.

27 Porém o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, eu conheço, e o teu furor contra mim.

28 Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua revolta subiu aos meus ouvidos, portanto, porei o meu anzol no teu nariz, e o meu freio nos teus lábios, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

29 E isto te será por sinal: este ano se comerá o que nascer por si mesmo, e no ano seguinte, o que daí proceder; porém no terceiro ano, semeai e ceifai, e plantai vinhas, e comei os seus frutos.

30

Porque o que escapou da casa de Judá, e restou, tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima.

31 Porque de Jerusalém sairá o remanescente, e do monte Sião o que escapou; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.

32 Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, nem levantará contra ela rampa alguma.

33 Pelo caminho por onde vier, por ele voltará; porém nesta cidade não entrará, diz o Senhor.

34 Porque eu ampararei esta cidade, para a livrar, por causa de mim e por causa do meu servo Davi.

35 Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e matou no acampamento dos assírios cento e oitenta e cinco mil deles; e levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.

36 Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou, e ficou em Nínive.

37 E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 20

Quando lhe foi dito que iria morrer, Ezequias roga ao Senhor, e sua vida é prolongada em quinze anos — A sombra do sol volta dez graus no relógio de sol de Acaz — Isaías profetiza o cativeiro babilônico de Judá.

1

Naqueles dias adoeceu Ezequias de morte; e o profeta Isaías, filho de Amós, foi a ele, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás.

2 Então ele virou o rosto para a parede, e orou ao Senhor, dizendo:

3 Ah, Senhor! Suplico-te que te lembres de que andei diante de ti em verdade, e com o coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.

4 E sucedeu que, não havendo Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor, dizendo:

5 Volta, e dize a Ezequias, chefe do meu povo: Assim diz o Senhor Deus de teu pai Davi: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que eu te sararei; ao terceiro dia subirás à casa do Senhor.

6 E acrescentarei aos teus dias quinze anos, e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e ampararei esta cidade por causa de mim, e por causa de Davi, meu servo.

7 Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga; e ele sarou.

8 E Ezequias disse a Isaías: Qual é o sinal de que o Senhor me sarará, e de que ao terceiro dia subirei à casa do Senhor?

9 E disse Isaías: Isto te será por sinal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus, ou voltará dez graus atrás?

10

Então disse Ezequias: É fácil que a sombra decline dez graus; não, mas volte a sombra dez graus atrás.

11 Então o profeta Isaías clamou ao Senhor, e fez voltar a sombra dez graus atrás, pelos graus que tinha declinado nos graus do relógio de sol de Acaz.

12 Naquele tempo enviou Berodaque-Baladã, filho de Baladã, rei de Babilônia, cartas e um presente a Ezequias, porque ouvira que Ezequias tinha estado doente.

13 E Ezequias lhes deu ouvidos, e lhes mostrou toda a casa de seu tesouro, a prata, e o ouro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e a sua casa de armas, e tudo quanto se achou nos seus tesouros; coisa nenhuma houve que não lhes mostrasse, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio.

14 Então o profeta Isaías foi ao rei Ezequias, e lhe disse: Que disseram aqueles homens, e donde vieram a ti? E disse Ezequias: De um país muito remoto vieram, de Babilônia.

15 E disse ele: Que viram em tua casa? E disse Ezequias: Tudo quanto há em minha casa viram; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse.

16 Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor:

17 Eis que vêm dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor.

18 E ainda até de teus filhos, que procederem de ti, e que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no paço do rei de Babilônia.

19 Então disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: E por que não o seria? Pois em meus dias haverá paz e verdade.

20

Ora, o restante dos feitos de Ezequias, e todo o seu poder, e como fez a piscina e o aqueduto, e como fez vir a água à cidade, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

21 E Ezequias dormiu com seus pais; e Manassés, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 21

Manassés faz Judá voltar-se à idolatria, chegando a sacrificar um filho a um deus pagão — A destruição de Judá e Jerusalém é predita por profetas — A iniquidade continua no reinado de Amom.

1

Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar, e cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Hefzibá.

2 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme as abominações das nações que o Senhor desterrara de suas possessões de diante dos filhos de Israel.

3 Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez um poste-ídolo como o que fizera Acabe, rei de Israel, e se inclinou diante de todo o exército dos céus, e os serviu.

4 E edificou altares na casa do Senhor, de que o Senhor tinha dito: Em Jerusalém porei o meu nome.

5 Também edificou altares a todo o exército dos céus em ambos os átrios da casa do Senhor.

6 E até fez passar seu filho pelo fogo, e adivinhava pelas nuvens, e era agoureiro, e lidava com adivinhos e feiticeiros; e prosseguiu em fazer mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira.

7 Também pôs uma imagem de escultura, do poste-ídolo que tinha feito, na casa de que o Senhor dissera a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre.

8 E não mais farei mover o pé de Israel desta terra que dei a seus pais; contanto que somente tenham cuidado de fazer conforme tudo o que lhes ordenei, e conforme toda a lei que Moisés, meu servo, lhes ordenou.

9 Porém não ouviram, porque Manassés de tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel.

10

Então o Senhor falou pelo ministério de seus servos, os profetas, dizendo:

11 Porquanto Manassés, rei de Judá, fez estas abominações, fazendo pior do que tudo quanto fizeram os amorreus, que foram antes dele, e até também fez Judá pecar com os seus ídolos,

12 Por isso assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que hei de trazer um mal sobre Jerusalém e Judá, que qualquer que ouvir, lhe ficarão retinindo ambos os ouvidos.

13 E estenderei sobre Jerusalém o cordel de Samaria e o prumo da casa de Acabe; e limparei Jerusalém, como quem limpa o prato, o limpa e o vira sobre a sua face.

14 E desampararei o remanescente da minha herança, entregá-los-ei na mão de seus inimigos; e tornar-se-ão presa e despojo para todos os seus inimigos.

15 Porquanto fizeram o que parecia mal aos meus olhos, e me provocaram à ira, desde o dia em que seus pais saíram do Egito até hoje.

16 Além disso, também Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu Jerusalém de um ao outro extremo, afora o seu pecado, com que fez pecar Judá, fazendo o que parecia mal aos olhos do Senhor.

17 Quanto ao restante dos feitos de Manassés, e a tudo mais quanto fez, e ao seu pecado que pecou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

18 E Manassés dormiu com seus pais, e foi sepultado no jardim da sua casa, no jardim de Uzá; e Amom, seu filho, reinou em seu lugar.

19 Tinha Amom vinte e dois anos de idade quando começou a reinar, e dois anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Mesulemete, filha de Haruz, de Jotbá.

20

E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, como fizera Manassés, seu pai.

21 Porque andou em todo o caminho em que andara seu pai, e serviu aos ídolos, a que seu pai tinha servido, e se inclinou diante deles.

22 Assim deixou ao Senhor, Deus de seus pais, e não andou no caminho do Senhor.

23 E os servos de Amom conspiraram contra ele, e mataram o rei em sua casa.

24 Porém o povo da terra matou todos os que conspiraram contra o rei Amom; e o povo da terra pôs Josias, seu filho, como rei em seu lugar.

25 Quanto ao restante dos feitos de Amom, que ele realizou, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

26 E o sepultaram na sua sepultura, no jardim de Uzá; e Josias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 22

Josias reina em retidão em Judá — Hilquias repara o templo e encontra o livro da lei — Josias se entristece por causa da iniquidade de seus pais — Hulda profetiza ira sobre o povo, mas bênçãos sobre Josias.

1

Tinha Josias oito anos de idade quando começou a reinar, e reinou trinta e um anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe, Jedida, filha de Adaías, de Boscate.

2 E fez o que era reto aos olhos do Senhor; e andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se apartou dele nem para a direita nem para a esquerda.

3 Sucedeu, pois, que, no ano décimo oitavo do rei Josias, o rei mandou o escrivão Safã, filho de Azalias, filho de Mesulão, à casa do Senhor, dizendo:

4 Sobe a Hilquias, o sumo sacerdote, para que conte o dinheiro que se trouxe à casa do Senhor, o qual os guardas da entrada da porta ajuntaram do povo,

5 E que o deem na mão dos que têm cargo da obra, e estão encarregados da casa do Senhor; para que o deem àqueles que fazem a obra que há na casa do Senhor, para repararem as fendas da casa:

6 Aos carpinteiros, e aos edificadores, e aos pedreiros; e para comprar madeira e pedras lavradas, para repararem a casa.

7 Porém com eles não se fez conta do dinheiro que se lhes entregara nas suas mãos, porquanto trabalhavam com fidelidade.

8 Então disse o sumo sacerdote Hilquias, ao escrivão Safã: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilquias deu o livro a Safã, e ele o leu.

9 Então o escrivão Safã foi ao rei, e levou ao rei a resposta, e disse: Teus servos ajuntaram o dinheiro que se achou na casa, e o entregaram na mão dos que têm cargo da obra, que estão encarregados da casa do Senhor.

10

Também Safã, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O sacerdote Hilquias me deu um livro. E Safã o leu diante do rei.

11 E sucedeu que, ouvindo o rei as palavras do livro da lei, rasgou as suas vestes.

12 E o rei deu ordem a Hilquias, o sacerdote, e a Aicão, filho de Safã, e a Acbor, filho de Micaías, e a Safã, o escrivão, e a Asaías, o servo do rei, dizendo:

13 Ide, e consultai ao Senhor por mim, e pelo povo, e por todo o Judá, acerca das palavras deste livro que se achou; porque grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós; porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem conforme tudo quanto de nós está escrito.

14 Então foram o sacerdote Hilquias, e Aicão, e Acbor, e Safã, e Asaías à profetiza Hulda, mulher de Salum, filho de Ticvá, o filho de Harás, o guarda das vestiduras (e ela habitava em Jerusalém, na segunda parte), e lhe falaram.

15 E ela lhes disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim:

16 Assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre este lugar, e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá.

17 Porquanto me deixaram, e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira por todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar, e não se apagará.

18 Porém ao rei de Judá, que vos enviou para consultar ao Senhor, assim lhe direis: Assim diz o Senhor Deus de Israel acerca das palavras que ouviste:

19 Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar, e contra os seus moradores, que seria para assolação e para maldição, e que rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor.

20

Portanto, eis que eu te ajuntarei a teus pais, e tu serás ajuntado em paz à tua sepultura, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar. Então tornaram a levar ao rei a resposta.

Capítulo 23

Josias lê para o povo o livro do convênio — Eles fazem convênio de guardar os mandamentos — Josias suprime a adoração aos deuses falsos, remove os prostitutos cultuais e derruba a idolatria — Os sacerdotes idólatras são mortos — Judá realiza uma Páscoa solene — O Egito se sujeita à terra de Judá.

1

Então o rei mandou ajuntar perante ele todos os anciãos de Judá e de Jerusalém.

2 E o rei subiu à casa do Senhor, e com ele todos os homens de Judá, e todos os moradores de Jerusalém, e os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, desde o menor até o maior; e leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do convênio, que se achou na casa do Senhor.

3 E o rei se pôs em pé junto à coluna, e fez convênio perante o Senhor, para seguirem ao Senhor, e guardarem os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o coração, e com toda a alma, confirmando as palavras desse convênio, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo aderiu a esse convênio.

4 E o rei mandou ao sumo sacerdote Hilquias, e aos sacerdotes da segunda ordem, e aos guardas da entrada da porta, que tirassem do templo do Senhor todos os vasos que se tinham feito para Baal, e para o poste-ídolo, e para todo o exército dos céus; e os queimou fora de Jerusalém, nos campos de Cedrom, e levou as cinzas deles a Betel.

5 Também eliminou os sacerdotes que os reis de Judá estabeleceram para incensarem sobre os altos nas cidades de Judá, e ao redor de Jerusalém, como também os que incensavam a Baal, ao sol, e à lua, e aos planetas, e a todo o exército dos céus.

6 Também tirou da casa do Senhor o poste-ídolo para fora de Jerusalém, até o ribeiro de Cedrom, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom, e o desfez em pó, e lançou o seu pó sobre as sepulturas dos filhos do povo.

7 Também derrubou as casas dos prostitutos cultuais que estavam na casa do Senhor, em que as mulheres teciam casinhas para o poste-ídolo.

8 E trouxe todos os sacerdotes das cidades de Judá, e profanou os altos em que os sacerdotes incensavam, desde Geba até Berseba; e derrubou os altos das portas, o que estava à entrada da porta de Josué, o chefe da cidade, que estava à mão esquerda daquele que entrava pela porta da cidade.

9 Mas os sacerdotes dos altos não sacrificavam sobre o altar do Senhor em Jerusalém; porém comiam pães ázimos no meio de seus irmãos.

10

Também profanou Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fizesse passar seu filho ou sua filha pelo fogo, a Moloque.

11 Também tirou os cavalos que os reis de Judá tinham dedicado ao sol, à entrada da casa do Senhor, perto da câmara de Natã-Meleque, o eunuco, que estava no recinto; e os carros do sol queimou a fogo.

12 Também o rei derrubou os altares que estavam sobre o terraço do cenáculo de Acaz, os quais fizeram os reis de Judá, como também o rei derrubou os altares que fizera Manassés nos dois átrios da casa do Senhor; e esmiuçados os tirou dali, e lançou o pó deles no ribeiro de Cedrom.

13 O rei profanou também os altos que estavam defronte de Jerusalém, à direita do monte de Masite, os quais edificara Salomão, rei de Israel, a Astarote, a abominação dos sidônios, e a Quemós, a abominação dos moabitas, e a Milcom, a abominação dos filhos de Amom.

14 Semelhantemente quebrou as estátuas, e cortou os postes-ídolos, e encheu o seu lugar com ossos de homens.

15 E também o altar que estava em Betel, e o alto que fez Jeroboão, filho de Nebate, que tinha feito pecar Israel, juntamente com aquele altar também o alto derrubou; queimando o alto, em pó o esmiuçou, e queimou o poste-ídolo.

16 E virando-se Josias, viu as sepulturas que estavam ali no monte, e mandou tirar os ossos das sepulturas, e os queimou sobre aquele altar, e assim o profanou, conforme a palavra do Senhor, que apregoara o homem de Deus, quando apregoou estas palavras.

17 Então disse: Que é este monumento que vejo? E os homens da cidade lhe disseram: É a sepultura do homem de Deus que veio de Judá, e apregoou estas coisas que fizeste contra este altar de Betel.

18 E disse: Deixai-o estar; ninguém mexa nos seus ossos. Assim, deixaram estar os seus ossos com os ossos do profeta que viera de Samaria.

19 Além disso, Josias também tirou todas as casas dos altos que havia nas cidades de Samaria, e que os reis de Israel tinham feito para provocarem o Senhor à ira; e lhes fez conforme todos os feitos que tinha realizado em Betel.

20

E sacrificou todos os sacerdotes dos altos, que havia ali, sobre os altares, e queimou ossos de homens sobre eles; depois voltou a Jerusalém.

21 E o rei deu ordem a todo o povo, dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus, como está escrito no livro do convênio.

22 Porque nunca se celebrou tal páscoa como esta desde os dias dos juízes que julgaram Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco dos reis de Judá.

23 Porém no ano décimo oitavo do rei Josias esta páscoa se celebrou ao Senhor em Jerusalém.

24 E também os adivinhos, e os feiticeiros, e os terafins, e os ídolos, e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, os extirpou Josias, para confirmar as palavras da lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor.

25 E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro igual.

26 Todavia o Senhor não se demoveu do ardor da sua grande ira, com que ardia a sua ira contra Judá, por todas as provocações com que Manassés o tinha provocado.

27 E disse o Senhor: Também hei de tirar Judá de diante da minha face, como tirei Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalém que elegi, como também a casa de que disse: Estará ali o meu nome.

28 Ora, o restante dos feitos de Josias, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

29 Nos seus dias subiu Faraó Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates; e o rei Josias lhe foi ao encontro; e vendo-o Neco, o matou em Megido.

30

E seus servos o levaram morto de Megido, e o transportaram a Jerusalém, e o sepultaram na sua sepultura; e o povo da terra tomou Joacaz, filho de Josias, e o ungiram, e o fizeram rei em lugar de seu pai.

31 Tinha Joacaz vinte e três anos de idade quando começou a reinar, e três meses reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.

32 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizeram seus pais.

33 Porém Faraó Neco o mandou prender em Ribla, em terra de Hamate, para que não reinasse em Jerusalém; e à terra impôs pena de cem talentos de prata e um talento de ouro.

34 Também Faraó Neco fez rei a Eliaquim, filho de Josias, em lugar de seu pai Josias, e lhe mudou o nome para Joaquim; porém tomou consigo Joacaz, e foi ao Egito e morreu ali.

35 E Joaquim deu aquela prata e aquele ouro a Faraó; porém tributou a terra, para dar esse dinheiro conforme o mandado de Faraó; de cada um segundo a sua avaliação demandou a prata e o ouro do povo da terra, para o dar a Faraó Neco.

36 Tinha Joaquim vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Zebida, filha de Pedaías, de Ruma.

37 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizeram seus pais.

Capítulo 24

Jerusalém é sitiada e tomada por Nabucodonosor — Muitos do povo de Judá são levados cativos para a Babilônia — Zedequias se torna rei em Jerusalém — Ele se rebela contra a Babilônia.

1

Nos seus dias subiu Nabucodonosor, rei de Babilônia, e Joaquim ficou três anos seu servo; depois se voltou, e se rebelou contra ele.

2 E o Senhor enviou contra ele as tropas dos caldeus, e as tropas dos sírios, e as tropas dos moabitas, e as tropas dos filhos de Amom; e as enviou contra Judá, para o destruir, conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de seus servos, os profetas.

3 E na verdade, conforme o mandado do Senhor, assim sucedeu a Judá, que a tirou de diante da sua face, por causa dos pecados de Manassés, conforme tudo quanto fizera;

4 Como também por causa do sangue inocente que derramou, enchendo Jerusalém de sangue inocente; e por isso o Senhor não quis perdoar.

5 Ora, o restante dos feitos de Joaquim, e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

6 E Joaquim dormiu com seus pais, e Jeoaquim, seu filho, reinou em seu lugar.

7 E o rei do Egito nunca mais saiu da sua terra, porque o rei de Babilônia tomou tudo quanto era do rei do Egito, desde o rio do Egito até o rio Eufrates.

8 Tinha Jeoaquim dezoito anos de idade quando começou a reinar, e reinou três meses em Jerusalém; e era o nome de sua mãe, Neusta, filha de Elnatã, de Jerusalém.

9 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera seu pai.

10

Naquele tempo subiram os servos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a cidade foi cercada.

11 Também foi Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra a cidade, quando já os seus servos a estavam cercando.

12 Então saiu Jeoaquim, rei de Judá, ao rei de Babilônia, ele, e sua mãe, e seus servos, e seus príncipes, e seus eunucos; e o rei de Babilônia o tomou preso, no ano oitavo do seu reinado.

13 E tirou dali todos os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei; e fendeu todos os vasos de ouro que fizera Salomão, rei de Israel, no templo do Senhor, como o Senhor tinha dito.

14 E transportou toda a Jerusalém, como também todos os príncipes, e todos os homens valorosos, dez mil presos, e todos os carpinteiros e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra.

15 Assim, transportou Jeoaquim a Babilônia, como também a mãe do rei, e as mulheres do rei, e os seus eunucos, e os poderosos da terra levou presos de Jerusalém a Babilônia.

16 E todos os homens valentes, até sete mil, e carpinteiros e ferreiros, até mil, e todos os homens destros na guerra, estes o rei de Babilônia levou presos para Babilônia.

17 E o rei de Babilônia fez Matanias, seu tio, rei em seu lugar; e lhe mudou o nome para Zedequias.

18 Tinha Zedequias vinte e um anos de idade quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.

19 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Joaquim.

20

Porque assim sucedeu por causa da ira do Senhor contra Jerusalém, e contra Judá, até os rejeitar de diante da sua face; e Zedequias se rebelou contra o rei de Babilônia.

Capítulo 25

Nabucodonosor sitia novamente Jerusalém — Zedequias é capturado, Jerusalém e o templo são destruídos, e a maioria do povo de Judá é levada para a Babilônia — Gedalias, deixado para governar os remanescentes, é morto — Os remanescentes fogem para o Egito — Jeoaquim é tratado com benignidade na Babilônia.

1

E sucedeu que, no nono ano do seu reinado, no mês décimo, aos dez do mês, Nabucodonosor, rei de Babilônia, foi contra Jerusalém, ele e todo o seu exército, e acampou contra ela, e levantaram contra ela baluartes em redor.

2 E a cidade foi sitiada até o undécimo ano do rei Zedequias.

3 Aos nove do mês quarto, quando a cidade se via apertada pela fome, não havia pão para o povo da terra.

4 Então a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho da porta, entre os dois muros que estavam junto ao jardim do rei (porque os caldeus estavam contra a cidade em redor), e o rei se foi pelo caminho da campina.

5 Porém o exército dos caldeus perseguiu o rei, e o alcançaram nas campinas de Jericó; e todo o seu exército se dispersou dele.

6 E tomaram o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla; e pronunciaram sentença contra ele.

7 E mataram os filhos de Zedequias diante dos seus olhos, e vazaram os olhos de Zedequias, e o ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram a Babilônia.

8 E no quinto mês, no sétimo dia do mês (este era o ano décimo nono de Nabucodonosor, rei de Babilônia), foi Nebuzaradã, capitão da guarda, servo do rei de Babilônia, a Jerusalém,

9 E queimou a casa do Senhor e a casa do rei, como também queimou todas as casas de Jerusalém, e todas as casas dos grandes.

10

E todo o exército dos caldeus, que estava com o capitão da guarda, derrubou os muros em redor de Jerusalém.

11 E o restante do povo que deixaram ficar na cidade, e os rebeldes que se renderam ao rei de Babilônia, e o restante da multidão, Nebuzaradã, o capitão da guarda, levou presos.

12 Porém dos mais pobres da terra deixou o capitão da guarda ficar alguns para vinheiros e para lavradores.

13 Quebraram mais os caldeus as colunas de bronze que estavam na casa do Senhor, como também as bases e o mar de bronze que estavam na casa do Senhor, e levaram o seu bronze para Babilônia.

14 Também tomaram as caldeiras, e as pás, e as pinças, e os perfumadores, e todos os vasos de bronze, com que se ministrava.

15 Também o capitão da guarda tomou os braseiros, e as bacias, o que era de puro ouro, em ouro e o que era de prata, em prata.

16 As duas colunas, um mar, e as bases, que Salomão fizera para a casa do Senhor; o peso do bronze de todos esses objetos era imensurável.

17 A altura de uma coluna era de dezoito côvados, e sobre ela havia um capitel de bronze, e de altura tinha o capitel três côvados; e a rede, e as romãs em redor do capitel, tudo era de bronze; e semelhante a esta era a outra coluna com a rede.

18 Também o capitão da guarda tomou Seraías, primeiro sacerdote, e Sofonias, segundo sacerdote, e os três guardas da entrada da porta.

19 E da cidade tomou um eunuco, que tinha cargo da gente de guerra, e cinco homens dos que viam a face do rei, que se acharam na cidade, como também o escrivão-mor do exército, que registrava o povo da terra para a guerra, e sessenta homens do povo da terra, que se acharam na cidade.

20

E tomando-os Nebuzaradã, o capitão da guarda, os levou ao rei de Babilônia, a Ribla.

21 E o rei de Babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamate; e Judá foi levado preso para fora da sua terra.

22 Porém, quanto ao povo que ficara na terra de Judá, que Nabucodonosor, rei de Babilônia, deixara ficar, pôs sobre ele por governador Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã.

23 Ouvindo, pois, os capitães dos exércitos, eles e os seus homens, que o rei de Babilônia pusera Gedalias por governador, foram a Gedalias, a Mizpá, a saber: Ismael, filho de Netanias, e Joanã, filho de Careá, e Seraías, filho de Tanumete, o netofatita, e Jazanias, filho do maacatita, eles e os seus homens.

24 E Gedalias jurou a eles e aos seus homens, e lhes disse: Não temais ser servos dos caldeus; ficai na terra, e servi ao rei de Babilônia, e bem vos irá.

25 Sucedeu, porém, que, no sétimo mês, foi Ismael, filho de Netanias, o filho de Elisama, da semente real, e dez homens com ele, e feriram Gedalias, e ele morreu, como também os judeus, e os caldeus que estavam com ele em Mizpá.

26 Então todo o povo se levantou, desde o menor até o maior, como também os capitães dos exércitos, e foram ao Egito, porque temiam os caldeus.

27 Depois disso, sucedeu que, no ano trinta e sete do cativeiro de Jeoaquim, rei de Judá, no mês duodécimo, aos vinte e sete do mês, Evil-Merodaque, rei de Babilônia, no ano em que reinou, levantou a cabeça de Jeoaquim, rei de Judá, tirando-o da casa da prisão.

28 E lhe falou benignamente, e pôs o seu trono acima do trono dos reis que estavam com ele em Babilônia.

29 E lhe mudou as roupas da prisão, e de contínuo comeu pão na sua presença todos os dias da sua vida.

30

E quanto à sua subsistência, pelo rei lhe foi dada subsistência contínua, a porção de cada dia no seu dia, todos os dias da sua vida.

O Primeiro Livro das
Crônicas

Capítulo 1

As genealogias e os vínculos familiares de Adão a Abraão são apresentados — Enumera-se a posteridade de Abraão.

1

Adão, Sete, Enos,

2 Cainã, Maalaleel, Jarede,

3 Enoque, Matusalém, Lameque,

4 Noé, Sem, Cão, e Jafé.

5 Os filhos de Jafé foram: Gomer, e Magogue, e Madai, e Javã, e Tubal, e Meseque, e Tiras.

6 E os filhos de Gomer: Asquenaz, e Rifate, e Togarma.

7 E os filhos de Javã: Elisá, e Társis, e Quitim, e Dodanim.

8 Os filhos de Cão: Cuxe, e Mizraim, e Pute, e Canaã.

9 E os filhos de Cuxe eram: Sebá, e Havilá, e Sabtá, e Raamá, e Sabtecá; e os filhos de Raamá eram: Sabá e Dedã.

10

E Cuxe gerou Ninrode, que começou a ser poderoso na terra.

11 E Mizraim gerou os ludeus, e os anameus, e os leabeus, e os naftueus,

12 E os patruseus, e os caslueus (dos quais procederam os filisteus), e os caftoreus.

13 E Canaã gerou Sidom, seu primogênito, e Hete,

14 E os jebuseus, e os amorreus, e os girgaseus,

15 E os heveus, e os arqueus, e os sineus,

16 E os arvadeus, e os zemareus, e os hamateus.

17 E foram os filhos de Sem: Elão, e Assur, e Arfaxade, e Lude, e Arã, e Uz, e Hul, e Geter, e Meseque.

18 E Arfaxade gerou Selá, e Selá gerou Éber.

19 E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto nos seus dias se repartiu a terra, e o nome de seu irmão era Joctã.

20

E Joctã gerou Almoda, e Selefe, e Hazarmavé, e Jerá,

21 E Hadorão, e Usal, e Dicla,

22 E Obal, e Abimael, e Sebá,

23 E Ofir, e Havilá, e Jobabe; todos esses foram filhos de Joctã.

24 Sem, Arfaxade, Selá,

25 Éber, Pelegue, Reú,

26 Serugue, Naor, Terá,

27 Abrão, que é Abraão.

28 Os filhos de Abraão foram: Isaque e Ismael.

29 Estas são as suas gerações: o primogênito de Ismael foi Nebaiote; e Quedar, e Adbeel, e Mibsão,

30

Misma, e Dumá, e Massá, Hadade, e Tema,

31 Jetur, e Nafis, e Quedemá; estes foram os filhos de Ismael.

32 Quanto aos filhos de Quetura, concubina de Abraão, esta deu à luz Zinrã, e Jocsã, e Medã, e Midiã, e Jisbaque, e Suá; e os filhos de Jocsã foram Sabá e Dedã.

33 E os filhos de Midiã: Efá, e Efer, e Enoque, e Abida, e Elda; todos estes foram filhos de Quetura,

34 Abraão, pois, gerou Isaque; e foram os filhos de Isaque: Esaú e Israel.

35 Os filhos de Esaú: Elifaz, Reuel, e Jeús, e Jalão, e Coré.

36 Os filhos de Elifaz: Temã, e Omar, e Zefi, e Gaetã, e Quenaz, e Timna, e Amaleque.

37 Os filhos de Reuel: Naate, Zerá, Samá, e Mizá.

38 E os filhos de Seir: Lotã, e Sobal, e Zibeão, e Aná, e Disom, e Ezer, e Disã.

39 E os filhos de Lotã: Hori e Homã; e a irmã de Lotã foi Timna.

40

Os filhos de Sobal eram Aliã, e Manaate, e Ebal, Sefi, e Onã; e os filhos de Zibeão eram Aiá e Aná.

41 O filho de Aná foi Disom; e os filhos de Disom foram: Hanrão, e Esbã, e Itrã, e Querã.

42 Os filhos de Ezer eram: Bilã, e Zaavã, e Jaacã; os filhos de Disã eram: Uz e Arã.

43 E estes são os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei sobre os filhos de Israel: Bela, filho de Beor, e era o nome da sua cidade Dinabá.

44 E morreu Bela, e reinou em seu lugar Jobabe, filho de Zerá, de Bozra.

45 E morreu Jobabe, e reinou em seu lugar Husão, da terra dos temanitas.

46 E morreu Husão, e reinou em seu lugar Hadade, filho de Bedade; este derrotou os midianitas no campo de Moabe; e era o nome da sua cidade Avite.

47 E morreu Hadade, e reinou em seu lugar Samlá, de Masreca.

48 E morreu Samlá, e reinou em seu lugar Saul, de Reobote, junto ao rio.

49 E morreu Saul, e reinou em seu lugar Baal-Hanã, filho de Acbor.

50

E morrendo Baal-Hanã, Hadade reinou em seu lugar; e era o nome da sua cidade Paí; e o nome de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, a filha de Me-Zaabe.

51 E morrendo Hadade, foram príncipes em Edom o príncipe Timna, o príncipe Alva, o príncipe Jetete,

52 O príncipe Oolibama, o príncipe Elá, o príncipe Pinom,

53 O príncipe Quenaz, o príncipe Temã, o príncipe Mibzar,

54 O príncipe Magdiel, o príncipe Irã; esses foram os príncipes de Edom.

Capítulo 2

Enumeram-se os descendentes de Israel, de Judá, de Jessé, de Calebe e de outros.

1

Estes são os filhos de Israel: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, e Zebulom;

2 Dã, José, e Benjamim, Naftali, Gade, e Aser.

3 Os filhos de Judá foram Er, e Onã, e Selá; esses três lhe nasceram da filha de Suá, a cananeia; e Er, o primogênito de Judá, foi mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou.

4 Porém Tamar, sua nora, lhe deu Perez e Zerá; todos os filhos de Judá foram cinco.

5 Os filhos de Perez foram Hezrom e Hamul.

6 E os filhos de Zerá: Zinri, e Etã, e Hemã, e Calcol, e Dara; cinco ao todo.

7 E o filho de Carmi foi Acar, o perturbador de Israel, que pecou no anátema.

8 E o filho de Etã foi Azarias.

9 E os filhos de Hezrom, que lhe nasceram, foram Jerameel, e Rão, e Quelubai.

10

E Rão gerou Aminadabe, e Aminadabe gerou Naassom, príncipe dos filhos de Judá.

11 E Naassom gerou Salma, e Salma gerou Boaz.

12 E Boaz gerou Obede, e Obede gerou Jessé.

13 E Jessé gerou Eliabe, seu primogênito, e Abinadabe, o segundo, e Simeia, o terceiro,

14 Natanael, o quarto, Radai, o quinto,

15 Ozém, o sexto, Davi, o sétimo.

16 E foram suas irmãs Zeruia e Abigail; e foram os filhos de Zeruia: Abisai, e Joabe, e Asael, três.

17 E Abigail deu à luz Amasa; e o pai de Amasa foi Jeter, o ismaelita.

18 E Calebe, filho de Hezrom, gerou filhos de Azuba, sua mulher, e de Jeriote; e os filhos desta foram estes: Jeser, e Sobabe, e Ardom.

19 E morreu Azuba; e Calebe tomou para si Efrate, a qual lhe deu Hur.

20

E Hur gerou Uri, e Uri gerou Bezaleel.

21 Então Hezrom deitou-se com a filha de Maquir, pai de Gileade, e sendo ele de sessenta anos, a tomou; e ela lhe deu Segube.

22 E Segube gerou Jair; e este tinha vinte e três cidades na terra de Gileade.

23 E Gesur e Arã tomaram deles as aldeias de Jair, e Quenate, e seus lugares, sessenta cidades; todos estes foram filhos de Maquir, pai de Gileade.

24 E depois da morte de Hezrom, em Calebe de Efrata, Abia, mulher de Hezrom, lhe deu Asur, pai de Tecoa.

25 E os filhos de Jerameel, primogênito de Hezrom, foram Rão, o primogênito, e Buna, e Orém, e Ozém, e Aías.

26 Teve também Jerameel ainda outra mulher, cujo nome era Atara; esta foi a mãe de Onã.

27 E foram os filhos de Rão, primogênito de Jerameel: Maaz, e Jamim, e Equer.

28 E foram os filhos de Onã: Samai e Jada; e os filhos de Samai: Nadabe e Abisur.

29 E o nome da mulher de Abisur era Abiail, que lhe deu Abã e Molide.

30

E os filhos de Nadabe foram Selede e Apaim; e Selede morreu sem filhos.

31 E o filho de Apaim foi Isi; e o filho de Isi, Sesã. E o filho de Sesã, Alai.

32 E os filhos de Jada, irmão de Samai, foram: Jeter e Jônatas; e Jeter morreu sem filhos.

33 E os filhos de Jônatas foram Pelete e Zaza; estes foram os filhos de Jerameel.

34 E Sesã não teve filhos, mas filhas; e tinha Sesã um servo egípcio, cujo nome era Jará.

35 Deu, pois, Sesã sua filha por mulher a Jará, seu servo; e ela lhe deu Atai.

36 E Atai gerou Natã, e Natã gerou Zabade.

37 E Zabade gerou Eflal, e Eflal gerou Obede.

38 E Obede gerou Jeú, e Jeú gerou Azarias.

39 E Azarias gerou Helez, e Helez gerou Eleasá.

40

E Eleasá gerou Sismai, e Sismai gerou Salum.

41 E Salum gerou Jecamias, e Jecamias gerou Elisama.

42 E foram os filhos de Calebe, irmão de Jerameel: Messa, seu primogênito (este foi o pai de Zife), e os filhos de Maressa, pai de Hebrom.

43 E foram os filhos de Hebrom: Coré, e Tapua, e Requém, e Sema.

44 E Sema gerou Raão, pai de Jorqueão; e Requém gerou Samai.

45 E o filho de Samai foi Maom; e Maom foi pai de Bete-Zur.

46 E Efá, a concubina de Calebe, deu à luz Harã, e Mosa, e Gazez; e Harã gerou Gazez.

47 E foram os filhos de Jadai: Regém, e Jotão, e Gesã, e Pelete, e Efá, e Saafe.

48 De Maaca, concubina, Calebe gerou Seber e Tiraná.

49 E a mulher de Saafe, pai de Madmana, deu à luz Seva, pai de Macbena e pai de Gibeá; e a filha de Calebe foi Acsa.

50

Estes foram os filhos de Calebe, filho de Hur, o primogênito de Efrata: Sobal, pai de Quiriate-Jearim,

51 Salma, pai dos belemitas, Harefe, pai de Bete-Gader.

52 E foram os filhos de Sobal, pai de Quiriate-Jearim: Haroé e metade dos menuítas.

53 E as famílias de Quiriate-Jearim foram os jitreus, e os puteus, e os sumateus, e os misraeus; destes saíram os zorateus, e os estaoleus.

54 Os filhos de Salma foram Belém e os netofatitas, Atarote-Bete-Joabe, e metade dos manaatitas, e os zoritas.

55 E as famílias dos escribas que habitavam em Jabez foram os tiratitas, os simeatitas, e os sucatitas; estes são os queneus, que vieram de Hamate, pai da casa de Recabe.

Capítulo 3

Os filhos de Davi são citados pelo nome — Enumeram-se os sucessores de Salomão até Jeconias e depois deste.

1

E estes foram os filhos de Davi, que lhe nasceram em Hebrom: o primogênito, Amnom, de Ainoã, a jezreelita; o segundo, Daniel, de Abigail, a carmelita;

2 O terceiro, Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur; o quarto, Adonias, filho de Hagite;

3 O quinto, Sefatias, de Abital; o sexto, Itreão, de Eglá, sua mulher.

4 Seis lhe nasceram em Hebrom, porque ali reinou sete anos e seis meses; e trinta e três anos reinou em Jerusalém.

5 E estes lhe nasceram em Jerusalém: Simeia, e Sobabe, e Natã, e Salomão; estes quatro lhe nasceram de Bate-Sua, filha de Amiel.

6 Nasceram-lhe mais Ibar, e Elisama, e Elifelete,

7 E Nogá, e Nefegue, e Jafia,

8 E Elisama, e Eliada, e Elifelete, nove.

9 Todos estes foram filhos de Davi, afora os filhos das concubinas, e Tamar, irmã deles.

10

E o filho de Salomão foi Roboão; cujo filho foi Abias; cujo filho foi Asa; cujo filho foi Josafá;

11 Cujo filho foi Jorão; cujo filho foi Acazias; cujo filho foi Joás;

12 Cujo filho foi Amazias; cujo filho foi Azarias; cujo filho foi Jotão;

13 Cujo filho foi Acaz; cujo filho foi Ezequias; cujo filho foi Manassés;

14 Cujo filho foi Amom; cujo filho foi Josias.

15 E os filhos de Josias foram: o primogênito, Joanã; o segundo, Joaquim; o terceiro, Zedequias; o quarto, Salum.

16 E o filho de Joaquim: Jeconias, cujo filho foi Zedequias.

17 E o filho de Jeconias: Assir, cujo filho foi Sealtiel.

18 Os filhos deste foram: Malquirão, e Pedaías, e Senazar, Jecamias, Hosama, e Nedabias.

19 E os filhos de Pedaías: Zorobabel e Simei; e os filhos de Zorobabel: Mesulão, e Hananias, e Selomite, sua irmã,

20

E Hasubá, e Oel, e Berequias, e Hasadias, e Jusabe-Hesede, cinco.

21 E os filhos de Hananias: Pelatias e Jesaías; os filhos de Refaías, os filhos de Arnã, os filhos de Obadias, e os filhos de Secanias.

22 E o filho de Secanias foi Semaías; e os filhos de Semaías: Hatus, e Jigeal, e Bariá, e Nearias, e Safate, seis.

23 E os filhos de Nearias: Elioenai, e Ezequias, e Azricão, três.

24 E os filhos de Elioenai: Hodavias, e Eliasibe, e Pelaías, e Acube, e Joanã, e Delaías, e Anani, sete.

Capítulo 4

Enumeram-se as famílias e os descendentes de Judá, de Simeão e de outros — Vários príncipes de suas famílias são citados pelo nome.

1

Os filhos de Judá foram: Perez, e Hezrom, e Carmi, e Hur, e Sobal.

2 E Reaías, filho de Sobal, gerou Jaate, e Jaate gerou Aumai e Laade; essas são as famílias dos zoratitas.

3 E estes foram os filhos do pai de Etã: Jezreel, e Isma, e Idbas; e era o nome de sua irmã Hazelelponi.

4 E mais Penuel, pai de Gedor, e Ezer, pai de Husá; estes foram os filhos de Hur, o primogênito de Efrata, pai de Belém.

5 E tinha Asur, pai de Tecoa, duas mulheres: Helá e Naará.

6 E Naará lhe deu Auzão, e Hefer, e Temeni, e Haastari; esses foram os filhos de Naará.

7 E os filhos de Helá: Zerete, Izar, e Etnã.

8 E Coz gerou Anube e Zobeba; e as famílias de Aarel, filho de Harum.

9 E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe chamou o seu nome Jabez, dizendo: Porquanto com dor o dei à luz.

10

Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oh, que me abençoes muitíssimo, e amplies meus termos, e a tua mão seja comigo, e faças que do mal eu não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.

11 E Quelube, irmão de Suá, gerou Meir; este é o pai de Estom.

12 E Estom gerou Bete-Rafa, e Pasea, e Teína, pai de Ir-Naás; esses foram os homens de Reca.

13 E foram os filhos de Quenaz: Otniel e Seraías; e o filho de Otniel: Hatate.

14 E Meonotai gerou Ofra, e Seraías gerou Joabe, pai dos habitantes do vale dos artífices; porque foram artífices.

15 E foram os filhos de Calebe, filho de Jefoné: Iru, Elá, e Naã; e o filho de Elá: Quenaz.

16 E os filhos de Jealelel: Zife, e Zifa, e Tíria, e Asareel.

17 E os filhos de Ezra: Jeter, e Merede, e Efer, e Jalom; e ela deu à luz Miriã, e Samai, e Isbá, pai de Estemoa.

18 E sua mulher judia deu à luz Jarede, pai de Gedor, e Héber, pai de Socó, e Jecutiel, pai de Zanoa; e esses foram os filhos de Bitia, filha de Faraó, que Merede tomou.

19 E foram os filhos da mulher de Hodias, irmã de Naã: Abiqueila, o garmita, e Estemoa, o maacatita.

20

E os filhos de Simeão: Amnom, e Rina, e Bene-Hanã, e Tilom; e os filhos de Isi: Zoete e Bene-Zoete.

21 Os filhos de Selá, filho de Judá: Er, pai de Leca, e Lada, pai de Maressa, e as famílias da casa dos que fabricavam o linho, em casa de Asbeia.

22 Como também Joquim, e os homens de Cozeba, e Joás, e Sarafe (que dominaram sobre os moabitas), e Jasubi-Leém; e essas coisas já são antigas.

23 Estes foram oleiros, e habitavam nas hortas e nos cerrados; estes ficaram ali com o rei na sua obra.

24 Os filhos de Simeão foram Nemuel, e Jamim, e Jaribe, e Zerá, e Saul,

25 Cujo filho foi Salum, e seu filho Mibsão, e seu filho Misma.

26 E os filhos de Misma foram: Hamuel, seu filho, cujo filho foi Zacur, e seu filho Simei.

27 E Simei teve dezesseis filhos, e seis filhas, porém seus irmãos não tiveram muitos filhos; e toda a sua família não se multiplicou tanto como as dos filhos de Judá.

28 E habitaram em Berseba, e em Moladá, e em Hazar-Sual,

29 E em Bila, e em Ezém, e em Tolade,

30

E em Betuel, e em Hormá, e em Ziclague,

31 E em Bete-Marcabote, e em Hazar-Susim, e Bete-Biri, e em Saaraim; essas foram as suas cidades, até que Davi reinou.

32 E foram as suas aldeias: Etã, e Aim, e Rimom, e Toquém, e Asã, cinco cidades.

33 E todas as suas aldeias, que estavam em redor dessas cidades, até Baal, essas foram as suas habitações e suas genealogias para eles.

34 Porém Mesobabe, e Janleque, e Josa, filho de Amazias,

35 E Joel, e Jeú, filho de Josibias, filho de Seraías, filho de Asiel,

36 E Elioenai, e Jaacobá, e Jesoaías, e Asaías, e Adiel, e Jesimiel, e Benaia,

37 E Ziza, filho de Sifi, filho de Alom, filho de Jedaías, filho de Sinri, filho de Semaías;

38 Esses, registrados por seus nomes, foram príncipes nas suas famílias; e as famílias de seus pais se multiplicaram abundantemente.

39 E chegaram até a entrada de Gedor, ao oriente do vale, para buscar pasto para os seus rebanhos.

40

E acharam pasto fértil e terra espaçosa, e quieta, e pacífica; porque os descendentes de Cão habitaram ali antes.

41 Esses, pois, que estão descritos por seus nomes, chegaram nos dias de Ezequias, rei de Judá, e atacaram as tendas e habitações dos que se achavam ali, e as destruíram totalmente até o dia de hoje, e habitaram em seu lugar; porque ali havia pasto para os seus rebanhos.

42 Também deles, dos filhos de Simeão, quinhentos homens foram ao monte Seir; e levaram como capitães Pelatias, e Nearias, e Refaías, e Uziel, filhos de Isi.

43 E mataram o restante dos que escaparam dos amalequitas, e habitaram ali até o dia de hoje.

Capítulo 5

Os filhos de José recebem a primogenitura de Rúben — Judá e seus descendentes tornam-se governantes em Israel — A linhagem de Rúben até o cativeiro é mencionada — Os assírios levam cativos os rubenitas, os gaditas e metade de Manassés.

1

Quanto aos filhos de Rúben, o primogênito de Israel; (porque ele era o primogênito, mas porque profanara a cama de seu pai, deu-se a sua primogenitura aos filhos de José, filho de Israel; para assim não ser contado na genealogia da primogenitura.

2 Porque Judá foi poderoso entre seus irmãos, e dele vem o príncipe; porém a primogenitura foi de José);

3 Foram, pois, os filhos de Rúben, o primogênito de Israel: Enoque, e Palu, e Hezrom, e Carmi.

4 Os filhos de Joel: Semaías, seu filho; Gogue, seu filho; Simei, seu filho;

5 Mica, seu filho; Reaías, seu filho; Baal, seu filho;

6 Beera, seu filho, o qual Tiglate-Pilneser, rei da Assíria, levou preso; este foi príncipe dos rubenitas.

7 Quanto a seus irmãos pelas suas famílias, quando foram postos nas genealogias, segundo a sua descendência, foram chefes Jeiel e Zacarias,

8 E Bela, filho de Azaz, filho de Sema, filho de Joel, que habitou em Aroer, até Nebo e Baal-Meom,

9 Também habitou do lado do oriente até a entrada do deserto, desde o rio Eufrates, porque seu gado se tinha multiplicado na terra de Gileade.

10

E nos dias de Saul fizeram guerra aos hagarenos, que caíram pela sua mão; e eles habitaram nas suas tendas defronte de todo o lado oriental de Gileade.

11 E os filhos de Gade habitaram defronte deles, na terra de Basã, até Salca.

12 Joel foi chefe, e Safã, o segundo; porém Janai e Safate ficaram em Basã.

13 E seus irmãos, segundo as suas casas paternas, foram: Micael, e Mesulão, e Seba, e Jorai, e Jacã, e Zia, e Éber, sete.

14 Estes foram os filhos de Abiail, filho de Huri, filho de Jaroa, filho de Gileade, filho de Micael, filho de Jesisai, filho de Jado, filho de Buz;

15 Aí, filho de Abdiel, filho de Guni, foi chefe da casa de seus pais.

16 E habitaram em Gileade, em Basã, e nas suas vilas, como também em todos os arrabaldes de Sarom, até os seus termos.

17 Todos esses foram registrados, segundo as suas genealogias, nos dias de Jotão, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel.

18 Dos filhos de Rúben, e dos gaditas, e da meia tribo de Manassés, homens muito valentes, que levavam escudo e espada, e entesavam o arco, e eram destros na guerra, quarenta e quatro mil e setecentos e sessenta que saíam à peleja.

19 E fizeram guerra aos hagarenos, como a Jetur, e a Nafis e a Nodabe.

20

E foram ajudados contra eles, e os hagarenos e todos quantos estavam com eles foram entregues em sua mão; porque clamaram a Deus na peleja, e lhes deu ouvidos, porquanto confiaram nele.

21 E levaram preso o seu gado; seus camelos, cinquenta mil, e duzentas e cinquenta mil ovelhas, e dois mil jumentos; e cem mil almas de homens.

22 Porque muitos feridos caíram, porque de Deus era a peleja; e habitaram em seu lugar, até o cativeiro.

23 E os filhos da meia tribo de Manassés habitaram naquela terra; eles se multiplicaram de Basã até Baal-Hermom, e Senir, e o monte Hermom.

24 E estes foram chefes de suas casas paternas, a saber: Efer, e Isi, e Eliel, e Azriel, e Jeremias, e Hodavias, e Jadiel, homens valentes, homens de nome, e chefes das casas de seus pais.

25 Porém transgrediram contra o Deus de seus pais, e prostituiram-se após os deuses dos povos da terra, os quais Deus destruíra de diante deles.

26 Pelo que o Deus de Israel moveu o espírito de Pul, rei da Assíria, e o espírito de Tiglate-Pilneser, rei da Assíria, que os levaram cativos, a saber: os rubenitas e os gaditas, e a meia tribo de Manassés; e os levaram a Hala, e a Habor, e a Hara, e ao rio de Gozã, até o dia de hoje.

Capítulo 6

Enumeram-se os filhos de Levi, incluindo os cantores de Davi — Especificam-se as responsabilidades de Aarão e de seus descendentes — Designam-se as cidades dos levitas nas regiões das várias tribos.

1

Os filhos de Levi foram: Gérson, Coate, e Merari.

2 E os filhos de Coate: Anrão, e Izar, e Hebrom, e Uziel.

3 E os filhos de Anrão: Aarão, e Moisés, e Miriã; e os filhos de Aarão: Nadabe, e Abiú, e Eleazar, e Itamar.

4 E Eleazar gerou Fineias, e Fineias gerou Abisua,

5 E Abisua gerou Buqui, e Buqui gerou Uzi,

6 E Uzi gerou Zeraías, e Zeraías gerou Meraiote,

7 E Meraiote gerou Amarias, e Amarias gerou Aitube,

8 E Aitube gerou Zadoque, e Zadoque gerou Aimaás,

9 E Aimaás gerou Azarias, e Azarias gerou Joanã,

10

E Joanã gerou Azarias; este é o que serviu como sacerdote na casa que Salomão edificou em Jerusalém.

11 E Azarias gerou Amarias, e Amarias gerou Aitube,

12 E Aitube gerou Zadoque, e Zadoque gerou Salum,

13 E Salum gerou Hilquias, e Hilquias gerou Azarias,

14 E Azarias gerou Seraías, e Seraías gerou Jeozadaque,

15 E Jeozadaque foi levado quando o Senhor levou Judá e Jerusalém cativos pela mão de Nabucodonosor.

16 Os filhos de Levi foram, pois, Gérson, Coate, e Merari.

17 E estes são os nomes dos filhos de Gérson: Libni e Simei.

18 E os filhos de Coate: Anrão, e Izar, e Hebrom, e Uziel.

19 Os filhos de Merari: Mali e Musi; estas são as famílias dos levitas, segundo seus pais.

20

De Gérson: Libni, seu filho; Jaate, seu filho; Zima, seu filho;

21 Joá, seu filho; Ido, seu filho; Zerá, seu filho; Jeatarai, seu filho.

22 Os filhos de Coate foram: Aminadabe, seu filho; Coré, seu filho; Assir, seu filho;

23 Elcana, seu filho; Ebiasafe, seu filho; Assir, seu filho;

24 Taate, seu filho; Uriel, seu filho; Uzias, seu filho; e Saul, seu filho.

25 E os filhos de Elcana: Amasai e Aimote.

26 Quanto a Elcana, os filhos de Elcana foram: Zofai, seu filho, e seu filho Naate,

27 Seu filho Eliabe, seu filho Jeroão, seu filho Elcana.

28 E os filhos de Samuel: Vasni, seu primogênito, e Abias.

29 Os filhos de Merari: Mali, seu filho Libni, seu filho Simei, seu filho Uzá,

30

Seu filho Simeia, seu filho Hagias, seu filho Asaías.

31 Esses são, pois, os que Davi constituiu para o ofício do canto na casa do Senhor, depois que a arca teve repouso.

32 E ministravam diante do tabernáculo da tenda da congregação com cantares, até que Salomão edificou a casa do Senhor em Jerusalém; e exerciam o seu ministério, segundo a sua ordem.

33 Estes são, pois, os que ali estavam com seus filhos: dos filhos dos coatitas, Hemã, o cantor, filho de Joel, filho de Samuel,

34 Filho de Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliel, filho de Toá,

35 Filho de Zufe, filho de Elcana, filho de Maate, filho de Amasai,

36 Filho de Elcana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Sofonias,

37 Filho de Taate, filho de Assir, filho de Ebiasafe, filho de Coré,

38 Filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, filho de Israel.

39 E seu irmão Asafe estava à sua direita; e era Asafe filho de Berequias, filho de Simeia,

40

Filho de Micael, filho de Baaseias, filho de Malquias,

41 Filho de Etni, filho de Zerá, filho de Adaías,

42 Filho de Etã, filho de Zima, filho de Simei,

43 Filho de Jaate, filho de Gérson, filho de Levi.

44 E seus irmãos, os filhos de Merari, estavam à esquerda, a saber: Etã, filho de Quisi, filho de Abdi, filho de Maluque,

45 Filho de Hasabias, filho de Amazias, filho de Hilquias,

46 Filho de Anzi, filho de Bani, filho de Semer,

47 Filho de Mali, filho de Musi, filho de Merari, filho de Levi.

48 E seus irmãos, os levitas, foram encarregados de todo o ministério do tabernáculo da casa de Deus.

49 E Aarão e seus filhos faziam ofertas sobre o altar do holocausto e sobre o altar do incenso, e eram encarregados de toda a obra do lugar santíssimo, e de fazer expiação por Israel, conforme tudo quanto Moisés, servo de Deus, tinha ordenado.

50

E estes foram os filhos de Aarão: seu filho Eleazar, seu filho Fineias, seu filho Abisua,

51 Seu filho Buqui, seu filho Uzi, seu filho Zeraías,

52 Seu filho Meraiote, seu filho Amarias, seu filho Aitube,

53 Seu filho Zadoque, seu filho Aimaás.

54 E estas foram as suas habitações, segundo os seus acampamentos, no seu termo, a saber: dos filhos de Aarão, da família dos coatitas, porque a eles caiu a sorte.

55 Deram-lhes, pois, Hebrom, na terra de Judá, e os seus arrabaldes que a rodeiam.

56 Porém o território da cidade e as suas aldeias deram a Calebe, filho de Jefoné.

57 E aos filhos de Aarão deram as cidades de refúgio: Hebrom, e Libna e os seus arrabaldes, e Jatir, e Estemoa e os seus arrabaldes.

58 E Hilém e os seus arrabaldes, e Debir e os seus arrabaldes,

59 E Asã e os seus arrabaldes, e Bete-Semes e os seus arrabaldes.

60

E da tribo de Benjamim, Geba e os seus arrabaldes, e Alemete e os seus arrabaldes, e Anatote e os seus arrabaldes; todas as suas cidades, pelas suas famílias, foram treze cidades.

61 Mas aos filhos de Coate, que restaram da família da tribo, da meia tribo, da metade de Manassés, caíram por sorte dez cidades.

62 E os filhos de Gérson, segundo as suas famílias, da tribo de Issacar, e da tribo de Aser, e da tribo de Naftali, e da tribo de Manassés, em Basã, tiveram treze cidades.

63 Aos filhos de Merari, segundo as suas famílias, da tribo de Rúben, e da tribo de Gade, e da tribo de Zebulom, por sorte, caíram doze cidades.

64 Assim, deram os filhos de Israel aos levitas essas cidades e os seus arrabaldes.

65 E deram-lhes por sorte essas cidades, da tribo dos filhos de Judá, da tribo dos filhos de Simeão, e da tribo dos filhos de Benjamim, às quais deram os seus nomes.

66 E quanto ao restante das famílias dos filhos de Coate, as cidades do seu termo se lhes deram da tribo de Efraim.

67 Porque lhes deram as cidades de refúgio, Siquém e os seus arrabaldes, nas montanhas de Efraim, como também Gezer e os seus arrabaldes,

68 E Jocmeão e os seus arrabaldes, e Bete-Horom e os seus arrabaldes,

69 E Aijalom e os seus arrabaldes, e Gate-Rimom e os seus arrabaldes.

70

E da meia tribo de Manassés, Aner e os seus arrabaldes, e Bileã e os seus arrabaldes; essas cidades tiveram os que ficaram da família dos filhos de Coate.

71 Os filhos de Gérson, da família da meia tribo de Manassés, tiveram Golã, em Basã, e os seus arrabaldes, e Astarote e os seus arrabaldes.

72 E da tribo de Issacar, Quedes e os seus arrabaldes, e Daberate e os seus arrabaldes,

73 E Ramote e os seus arrabaldes, e Aném e os seus arrabaldes.

74 E da tribo de Aser, Masal e os seus arrabaldes, e Abdom e os seus arrabaldes,

75 E Hucoque e os seus arrabaldes, e Reobe e os seus arrabaldes.

76 E da tribo de Naftali, Quedes, em Galileia, e os seus arrabaldes, e Hamom e os seus arrabaldes, e Quiriataim e os seus arrabaldes.

77 Os que ficaram dos filhos de Merari, da tribo de Zebulom, tiveram Rimom e os seus arrabaldes, Tabor e os seus arrabaldes,

78 E de além do Jordão, na altura de Jericó, ao oriente do Jordão, da tribo de Rúben, Bezer, no deserto, e os seus arrabaldes, e Jaza e os seus arrabaldes,

79 E Quedemote e os seus arrabaldes, e Mefaate e os seus arrabaldes,

80

E da tribo de Gade, Ramote, em Gileade, e os seus arrabaldes, e Maanaim e os seus arrabaldes,

81 E Hesbom e os seus arrabaldes, e Jazer e os seus arrabaldes.

Capítulo 7

Os filhos e as famílias de Issacar, de Benjamim, de Naftali, de Manassés, de Efraim e de Aser são citados pelo nome.

1

E quanto aos filhos de Issacar, foram: Tola, e Puá, Jasube, e Sinrom, quatro.

2 E os filhos de Tola foram: Uzi, e Refaías, e Jeriel, e Jamai, e Ibsão, e Samuel, chefes das casas de seus pais, descendentes de Tola, homens de valor nas suas gerações; o seu número nos dias de Davi foi de vinte e dois mil e seiscentos.

3 E os filhos de Uzi: Izraías; e os filhos de Izraías foram Micael, e Obadias, e Joel, e Issias; todos estes cinco, chefes.

4 E houve com eles nas suas gerações, segundo as suas casas paternas, em tropas de exército de guerra, trinta e seis mil, porque tiveram muitas mulheres e filhos.

5 E seus irmãos, em todas as famílias de Issacar, homens de valor, foram oitenta e sete mil, todos contados pelas suas genealogias.

6 Os filhos de Benjamim foram: Belá, e Bequer, e Jediael, três.

7 E os filhos de Belá: Esbom, e Uzi, e Uziel, e Jerimote, e Iri, cinco chefes da casa dos pais, homens de valor, que foram contados pelas suas genealogias, vinte e dois mil e trinta e quatro.

8 E os filhos de Bequer: Zemira, e Joás, e Eliézer, e Elioenai, e Onri, e Jerimote, e Abias, e Anatote, e Alemete; todos esses foram filhos de Bequer.

9 E foram contados pelas suas genealogias, segundo as suas gerações, e chefes das casas de seus pais, homens de valor, vinte mil e duzentos.

10

E os filhos de Jediael: Bilã; e os filhos de Bilã foram Jeús, e Benjamim, e Eúde, e Quenaaná, e Zetã, e Társis, e Aisaar.

11 Todos estes filhos de Jediael foram chefes das famílias dos pais, homens de valor, dezessete mil e duzentos, que saíam no exército à peleja.

12 E Supim, e Hupim, filhos de Ir, e Husim, dos filhos de Aer.

13 Os filhos de Naftali: Jaziel, e Guni, e Jezer, e Salum, filhos de Bila.

14 Os filhos de Manassés: Asriel, que a mulher de Gileade deu à luz (porém a sua concubina, a síria, deu à luz Maquir, pai de Gileade.

15 E Maquir tomou a irmã de Hupim e Supim por mulher, e era o seu nome Maaca), e foi o nome do segundo Zelofeade; e Zelofeade teve filhas.

16 E Maaca, mulher de Maquir, deu à luz um filho, e chamou o seu nome Perez; e o nome de seu irmão foi Seres; e foram seus filhos Ulão e Requém.

17 E os filhos de Ulão: Bedã; estes foram os filhos de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés.

18 E quanto à sua irmã Hamolequete, deu à luz Is-Hode, e Abiezer, e Maalá.

19 E foram os filhos de Semida: Aiã, e Sequém, e Liqui, e Anião.

20

E os filhos de Efraim: Sutela, e seu filho Berede, e seu filho Taate, e seu filho Elada, e seu filho Taate,

21 E seu filho Zabade, e seu filho Sutela, e Ezer, e Eleade; e os homens de Gate, naturais da terra, os mataram, porque desceram para tomar o seu gado.

22 Pelo que Efraim, seu pai, por muitos dias os chorou; e vieram seus irmãos para o consolar.

23 Depois deitou-se com a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e chamou o seu nome Berias; porque as coisas iam mal na sua casa.

24 E sua filha foi Seerá, que edificou Bete-Horom, a baixa e a alta, como também Uzém-Seerá.

25 E Refa foi seu filho; e Resefe, e Tela, seu filho, e Taã, seu filho,

26 Seu filho Ladã, seu filho Amiúde, seu filho Elisama,

27 Seu filho Num, seu filho Josué.

28 E foi a sua possessão e habitação Betel e suas vilas; e ao oriente, Naarã, e ao ocidente, Gezer e suas vilas, e Siquém e as suas vilas, até Gaza e as suas vilas;

29 E do lado dos filhos de Manassés, Bete-Seã e as suas vilas, Taanaque e as suas vilas, Megido e as suas vilas, Dor e as suas vilas; nessas habitaram os filhos de José, filho de Israel.

30

Os filhos de Aser foram: Imná, e Isvá, e Isvi, e Berias, e Sera, sua irmã.

31 E os filhos de Berias: Héber e Malquiel; este foi o pai de Birzavite.

32 E Héber gerou Jaflete, e Somer, e Hotão, e Suá, sua irmã.

33 E foram os filhos de Jaflete: Pasaque, e Bimal e Asvate; esses foram os filhos de Jaflete.

34 E os filhos de Semer: Ai, Roga, Jeubá, e Arã.

35 E os filhos de seu irmão Helém: Zofa, e Imna, e Seles, e Amal.

36 Os filhos de Zofa: Suá, e Harnefer, e Sual, e Beri, e Inra,

37 Bezer, e Hode, e Samá, e Silsa, e Itrã, e Beera.

38 E os filhos de Jeter: Jefoné, e Pispa e Ara.

39 E os filhos de Ula: Ará, e Haniel e Rizia.

40

Todos esses foram filhos de Aser, chefes das casas paternas, escolhidos homens de valor, chefes dos príncipes, e contados nas suas genealogias, no exército para a guerra; foi seu número de vinte e seis mil homens.

Capítulo 8

Os filhos e os chefes de Benjamim são citados pelo nome.

1

E Benjamim gerou Belá, seu primogênito, Asbel, o segundo, e Aará, o terceiro,

2 Noá, o quarto, e Rafa, o quinto.

3 E Belá teve estes filhos: Adar, e Gera, e Abiúde,

4 E Abisua, e Naamã, e Aoá,

5 E Gera, e Sefufá, e Hurão.

6 E estes foram os filhos de Eúde; estes foram chefes dos pais dos moradores de Geba; e os transportaram a Manaate;

7 E Naamã, e Aías, e Gera; este os transportou; e gerou Uzá e Aiúde.

8 E Saaraim gerou filhos na terra de Moabe, depois de mandar embora Husim e Baara, suas mulheres.

9 E de Hodes, sua mulher, gerou Jobabe, e Zibia, e Mesa, e Malcã,

10

E Jeuz, e Saquias, e Mirma; esses foram seus filhos, chefes dos pais.

11 E de Husim gerou Abitube e Elpaal.

12 E foram os filhos de Elpaal: Éber, e Misã, e Semede; este edificou Ono e Lode e suas vilas.

13 E Berias e Sema foram chefes dos pais dos moradores de Aijalom; estes afugentaram os moradores de Gate.

14 E Aiô, e Sasaque, e Jerimote,

15 E Zebadias, e Arade, e Eder,

16 E Micael, e Ispa, e Joa, foram filhos de Berias.

17 E Zebadias, e Mesulão, e Hizque, e Héber,

18 E Ismerai, e Izlias, e Jobabe, filhos de Elpaal.

19 E Jaquim, e Zicri, e Zabdi,

20

E Elienai, e Ziletai, e Eliel,

21 E Adaías, e Beraías, e Sinrate, filhos de Simei.

22 E Ispã, e Éber, e Eliel,

23 E Abdom, e Zicri, e Hanã,

24 E Hananias, e Elão, e Antotias,

25 E Ifdeias, e Penuel, filhos de Sasaque;

26 E Sanserai, e Searias, e Atalias,

27 E Jaaresias, e Elias, e Zicri, filhos de Jeroão.

28 Esses foram chefes dos pais, segundo as suas gerações, e esses habitaram em Jerusalém.

29 E em Gibeom habitou o pai de Gibeom; e era o nome de sua mulher Maaca;

30

E seu filho primogênito, Abdom; depois Zur, e Quis, e Baal, e Nadabe,

31 E Gedor, e Aiô, e Zequer.

32 E Miclote gerou Simeia; e também esses, defronte de seus irmãos, habitaram em Jerusalém com seus irmãos.

33 E Ner gerou Quis, e Quis gerou Saul; e Saul gerou Jônatas, e Malquisua, e Abinadabe, e Esbaal.

34 E o filho de Jônatas foi Meribe-Baal; e Meribe-Baal gerou Mica.

35 E os filhos de Mica foram: Pitom, e Meleque, e Tareá, e Acaz.

36 E Acaz gerou Jeoada, e Jeoada gerou Alemete, e Azmavete, e Zinri; e Zinri gerou Moza,

37 E Moza gerou Bineá, cujo filho foi Rafa, cujo filho foi Eleasá, cujo filho foi Azel.

38 E teve Azel seis filhos, e estes foram os seus nomes: Azricão, e Bocru, e Ismael, e Searias, e Obadias, e Hanã; todos estes foram filhos de Azel.

39 E os filhos de Ezeque, seu irmão: Ulão, seu primogênito, Jeús, o segundo, e Elifelete, o terceiro.

40

E foram os filhos de Ulão homens heróis, valentes, e flecheiros destros; e tiveram muitos filhos, e filhos de filhos, cento e cinquenta; todos esses foram dos filhos de Benjamim.

Capítulo 9

Enumeram-se os habitantes de Jerusalém — Explicam-se o encargo dos levitas e as áreas onde devem servir — Os membros da família de Saul são citados.

1

E todo o Israel foi contado por genealogia; eis que estão escritos no livro dos reis de Israel; e os de Judá foram transportados a Babilônia, por causa da sua transgressão.

2 E os primeiros habitantes, que moravam na sua possessão e nas suas cidades, foram os israelitas, os sacerdotes, os levitas, e os netinins.

3 Porém dos filhos de Judá, e dos filhos de Benjamim, e dos filhos de Efraim e Manassés, habitaram em Jerusalém:

4 Utai, filho de Amiúde, filho de Onri, filho de Inri, filho de Bani, dos filhos de Perez, filho de Judá;

5 E dos silonitas: Asaías, o primogênito, e seus filhos;

6 E dos filhos de Zerá: Jeuel, e seus irmãos, seiscentos e noventa;

7 E dos filhos de Benjamim: Salu, filho de Mesulão, filho de Hodavias, filho de Hassenua,

8 E Ibneias, filho de Jeroão, e Elá, filho de Uzi, filho de Micri, e Mesulão, filho de Sefatias, filho de Reuel, filho de Ibnijas;

9 E seus irmãos, segundo as suas gerações, novecentos e cinquenta e seis; todos esses homens foram chefes dos pais nas casas de seus pais.

10

E dos sacerdotes: Jedaías, e Jeoiaribe, e Jaquim,

11 E Azarias, filho de Hilquias, filho de Mesulão, filho de Zadoque, filho de Meraiote, filho de Aitube, chefe da casa de Deus;

12 Adaías, filho de Jeroão, filho de Pasur, filho de Malquias, e Masai, filho de Adiel, filho de Jazera, filho de Mesulão, filho de Mesilemite, filho de Imer;

13 Como também seus irmãos, chefes nas casas de seus pais, mil, setecentos e sessenta, homens capazes para a obra do ministério da casa de Deus.

14 E dos levitas: Semaías, filho de Hassube, filho de Azricão, filho de Hasabias, dos filhos de Merari;

15 E Baquebacar, Heres, e Galal; e Matanias, filho de Mica, filho de Zicri, filho de Asafe;

16 E Obadias, filho de Semaías, filho de Galal, filho de Jedutum; e Berequias, filho de Asa, filho de Elcana, morador das aldeias dos netofatitas.

17 E foram porteiros: Salum, e Acube, e Talmom, e Aimã, e seus irmãos, cujo chefe era Salum.

18 E até aquele tempo estavam de guarda à porta do rei, para o oriente; estes foram os porteiros dos acampamentos dos filhos de Levi.

19 E Salum, filho de Coré, filho de Ebiasafe, filho de Corá, e seus irmãos da casa de seu pai, os coraítas, tinham cargo da obra do ministério, e eram guardas das portas do tabernáculo; e seus pais foram capitães do acampamento do Senhor, e guardadores da entrada.

20

E Fineias, filho de Eleazar, antes entre eles era chefe, e o Senhor era com ele.

21 E Zacarias, filho de Meselemias, porteiro da entrada da tenda da congregação.

22 Todos estes, escolhidos para serem porteiros das entradas, foram duzentos e doze; e foram estes, segundo as suas aldeias, postos em suas genealogias; e Davi e Samuel, o vidente, os constituíram no seu cargo.

23 Estavam, pois, eles e seus filhos, às portas da casa do Senhor, na casa da tenda, por turnos.

24 Os porteiros estavam aos quatro ventos: ao oriente, ao ocidente, ao norte, e ao sul.

25 E seus irmãos estavam nas suas aldeias, e no sétimo dia, de tempo em tempo, entravam para servir com eles.

26 Porque havia naquele ofício quatro porteiros-mores que eram levitas, e tinham o encargo das câmaras e dos tesouros da casa de Deus.

27 E de noite ficavam ao redor da casa de Deus, porque a guarda lhes fora confiada, e tinham o encargo de abri-la, e isso a cada manhã.

28 E alguns deles tinham o encargo dos utensílios do ministério, porque estes eram contados quando os traziam e quando os tiravam.

29 Porque deles alguns havia que tinham o encargo dos objetos e de todos os utensílios sagrados; como também da flor de farinha, e do vinho, e do azeite, e do incenso, e das especiarias.

30

E dos filhos dos sacerdotes eram os que preparavam a mistura das especiarias.

31 E Matitias, dentre os levitas, o primogênito de Salum, o coraíta, tinha o encargo das coisas que se faziam em assadeiras.

32 E dos filhos dos coatitas, de seus irmãos houve alguns que tinham o encargo dos pães da proposição, para os prepararem em todos os sábados.

33 Destes foram também os cantores, chefes dos pais entre os levitas que estavam nas câmaras, isentos de serviços; porque de dia e de noite estava a seu cargo ocuparem-se naquele trabalho.

34 Estes foram chefes dos pais entre os levitas, chefes em suas gerações; estes habitaram em Jerusalém.

35 Porém em Gibeom habitaram Jeiel, pai de Gibeom (e era o nome de sua mulher Maaca),

36 E seu filho primogênito Abdom; depois Zur, e Quis, e Baal, e Ner, e Nadabe,

37 E Gedor, e Aiô, e Zacarias, e Miclote.

38 E Miclote gerou Simeão; e também esses, defronte de seus irmãos, habitaram em Jerusalém com seus irmãos.

39 E Ner gerou Quis, e Quis gerou Saul, e Saul gerou Jônatas, e Malquisua, e Abinadabe, e Esbaal.

40

O filho de Jônatas foi Meribe-Baal, e Meribe-Baal gerou Mica.

41 E os filhos de Mica foram: Pitom, e Meleque, e Tareia.

42 E Acaz gerou Jaerá, e Jaerá gerou Alemete, e Azmavete, e Zinri; e Zinri gerou Moza.

43 E Moza gerou Bineá, cujo filho foi Refaías, cujo filho foi Eleasá, cujo filho foi Azel.

44 E teve Azel seis filhos, e estes foram os seus nomes: Azricão, e Bocru, e Ismael, e Searias, e Obadias, e Hanã; estes foram os filhos de Azel.

Capítulo 10

Os filisteus derrotam Israel — Saul morre por causa de suas transgressões.

1

E os filisteus pelejaram com Israel; e os homens de Israel fugiram de diante dos filisteus, e caíram feridos no monte Gilboa.

2 E os filisteus perseguiram Saul e seus filhos, e os filisteus mataram Jônatas, e Abinadabe, e Malquisua, filhos de Saul.

3 E a peleja se agravou contra Saul, e os flecheiros o acharam; e temeu muito os flecheiros.

4 Então disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ela, para que porventura não venham estes incircuncisos e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não quis, porque temia muito; então tomou Saul a espada, e se lançou sobre ela.

5 Vendo, pois, o seu escudeiro que Saul estava morto, também ele se lançou sobre a espada, e morreu.

6 Assim, morreram Saul e seus três filhos; e toda a sua casa morreu juntamente.

7 E vendo todos os homens de Israel, que estavam no vale, que eles haviam fugido, e que Saul e seus filhos estavam mortos, deixaram as suas cidades, e fugiram; então chegaram os filisteus, e habitaram nelas.

8 E sucedeu que, no dia seguinte, chegando os filisteus para despojar os mortos, acharam Saul e seus filhos estirados no monte Gilboa.

9 E o despojaram, e tomaram a sua cabeça e as suas armas, e as enviaram pela terra dos filisteus em redor, para o anunciarem a seus ídolos e ao povo.

10

E puseram as suas armas na casa dos seus deuses, e a sua cabeça afixaram na casa de Dagom.

11 Ouvindo, pois, toda a Jabes-Gileade tudo quanto os filisteus fizeram a Saul,

12 Então todos os homens valentes se levantaram, e tomaram o corpo de Saul, e os corpos de seus filhos, e os levaram a Jabes; e sepultaram os seus ossos debaixo de um carvalho em Jabes, e jejuaram sete dias.

13 Assim, morreu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar.

14 E não buscou ao Senhor, que por isso o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé.

Capítulo 11

Davi é ungido rei em Hebrom — Ele toma Sião, a Cidade de Davi — Seus valentes guerreiros são citados pelo nome, e narram-se os feitos deles.

1

Então todo o Israel se ajuntou a Davi em Hebrom, dizendo: Eis que somos teus ossos e tua carne.

2 E também já dantes, sendo Saul ainda rei, eras tu o que fazias sair e entrar Israel; também o Senhor teu Deus te disse: Tu apascentarás o meu povo Israel, e tu serás chefe sobre o meu povo Israel.

3 Também foram todos os anciãos de Israel ao rei, a Hebrom, e Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante o Senhor; e ungiram Davi rei sobre Israel, conforme a palavra do Senhor pelo ministério de Samuel.

4 E partiram Davi e todo o Israel para Jerusalém, que é Jebus, porque ali estavam os jebuseus, moradores da terra.

5 E disseram os moradores de Jebus a Davi: Tu não entrarás aqui. Porém Davi tomou a fortaleza de Sião, que é a cidade de Davi.

6 Porque disse Davi: Qualquer que primeiro derrotar os jebuseus será chefe e capitão. Então Joabe, filho de Zeruia, subiu primeiro a ela, pelo que foi feito chefe.

7 E Davi habitou na fortaleza, pelo que se chamou a cidade de Davi.

8 E edificou a cidade ao redor, desde Milo até o circuito; e Joabe renovou o resto da cidade.

9 E Davi tornava-se cada vez mais forte, porque o Senhor dos Exércitos era com ele.

10

E estes foram os chefes dos valentes que Davi tinha, e que o apoiaram fortemente no seu reino, com todo o Israel, para o fazerem rei, conforme a palavra do Senhor, no tocante a Israel.

11 E esta é a lista dos valentes que Davi tinha: Jasobeão, hacmonita, o principal dos capitães, o qual, brandindo a sua lança contra trezentos, de uma vez os matou.

12 E depois dele, Eleazar, filho de Dodô, o aoíta; ele estava entre os três homens valentes.

13 Este esteve com Davi em Pas-Damim, quando os filisteus ali se ajuntaram à peleja, onde havia um pedaço de campo cheio de cevada; e o povo fugiu de diante dos filisteus.

14 E puseram-se no meio daquele pedaço, e o defenderam, e derrotaram os filisteus; e efetuou o Senhor um grande livramento.

15 E três dos trinta chefes desceram à penha, a Davi, na caverna de Adulão; e o exército dos filisteus estava acampado no vale de Refaim.

16 E Davi estava então na fortaleza; e a guarnição dos filisteus estava então em Belém.

17 E desejou Davi, e disse: Quem me dará de beber da água do poço de Belém, que está junto à porta?

18 Então aqueles três irromperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço de Belém, que estava à porta, e tomaram dela, e a levaram a Davi; porém Davi não a quis beber, mas a derramou ao Senhor,

19 E disse: Nunca meu Deus permita que faça tal! Beberia eu o sangue destes homens com as suas vidas? Pois com perigo das suas vidas a trouxeram. E ele não a quis beber. Isso fizeram aqueles três homens.

20

E também Abisai, irmão de Joabe, era chefe dos três, o qual, brandindo a sua lança contra trezentos, os matou; e teve nome entre os três.

21 Dos três foi mais ilustre do que os outros dois, pelo que foi chefe deles; porém não se igualou aos primeiros três.

22 Também Benaia, filho de Joiada, filho de um homem valente, grande em obras, de Cabzeel; ele matou dois fortes leões de Moabe; e também desceu, e matou um leão dentro de uma cova, no tempo da neve.

23 Também matou ele um homem egípcio, homem de grande altura, de cinco côvados; e trazia o egípcio uma lança na mão, como o eixo do tear; mas desceu contra ele com uma vara, e arrancou a lança da mão do egípcio, e o matou com a sua própria lança.

24 Essas coisas fez Benaia, filho de Joiada, pelo que teve nome entre aqueles três homens.

25 Eis que dos trinta foi ele o mais ilustre, contudo não se igualou aos três; e Davi o pôs sobre os da sua guarda.

26 E foram os homens dos exércitos: Asael, irmão de Joabe; Elanã, filho de Dodô, de Belém;

27 Samote, o harorita; Helez, o pelonita;

28 Ira, filho de Iques, o tecoíta; Abiezer, o anatotita;

29 Sibecai, o husatita; Ilai, o aoíta;

30

Maarai, o netofatita; Helede, filho de Baaná, o netofatita;

31 Itai, filho de Ribai, de Gibeá, dos filhos de Benjamim; Benaia, o piratonita;

32 Hurai, dos ribeiros de Gaás; Abiel, o arbatita;

33 Azmavete, o baarumita; Eliaba, o saalbonita.

34 Os filhos de Hasém, o gizonita; Jônatas, filho de Sage, o hararita;

35 Aião, filho de Sacar, o hararita; Elifal, filho de Ur;

36 Hefer, o mequeratita; Aías, o pelonita;

37 Hezro, o carmelita; Naarai, filho de Ezbai;

38 Joel, irmão de Natã; Mibar, filho de Hagri;

39 Zeleque, o amonita; Naarai, o beerotita, escudeiro de Joabe, filho de Zeruia;

40

Ira, o itrita; Garebe, o itrita;

41 Urias, o heteu; Zabade, filho de Alai;

42 Adina, filho de Siza, o rubenita, chefe dos rubenitas; e com ele havia trinta;

43 Hanã, filho de Maaca; e Josafá, o mitenita;

44 Uzias, o asteratita; Sama e Jeiel, filhos de Hotão, o aroerita;

45 Jediael, filho de Sinri; e Joa, seu irmão, o tizita;

46 Eliel, o maavita; e Jeribai, e Josavias, filhos de Elnaão; e Itma, o moabita;

47 Eliel, e Obede, e Jaasiel, o mesobaíta.

Capítulo 12

Os heróis valentes de Davi são enumerados — Os exércitos das tribos de Israel se unem a Davi em Hebrom — Israel se regozija por causa do rei Davi.

1

Estes, porém, são os que foram a Davi, a Ziclague, estando ele ainda confinado, por causa de Saul, filho de Quis; e eram dos valentes que ajudaram na guerra,

2 Armados de arco, e usavam da mão direita e esquerda para atirar pedras e para atirar flechas com o arco; eram estes dos irmãos de Saul, benjamitas.

3 Aiezer, o chefe, e Joás, filho de Semaa, o gibeatita, e Jeziel e Pelete, filhos de Azmavete, e Beraca, e Jeú, o anatotita,

4 E Ismaías, o gibeonita, valente entre os trinta, e capitão dos trinta; e Jeremias, e Jaaziel, e Joanã, e Jozabade, o gederatita,

5 Eluzai, e Jerimote, e Bealias, e Samarias, e Safatias, o harufita,

6 Elcana, e Issias, e Azarel, e Joezer, e Jasobeão, os coraítas,

7 E Joela, e Zebadias, filhos de Jeroão de Gedor.

8 E dos gaditas se retiraram a Davi, à fortaleza no deserto, homens valentes, homens de guerra para pelejar, armados com escudo e lança; e seus rostos eram como rostos de leões, e ligeiros como corças sobre os montes:

9 Ezer, o primeiro; Obadias, o segundo; Eliabe, o terceiro;

10

Mismana, o quarto; Jeremias, o quinto;

11 Atai, o sexto; Eliel, o sétimo;

12 Joanã, o oitavo; Elzabade, o nono;

13 Jeremias, o décimo; Macbanai, o undécimo;

14 Esses, dos filhos de Gade, foram os capitães do exército; um dos menores tinha o cargo de cem, e o maior, de mil.

15 Esses são os que passaram o Jordão no mês primeiro, quando ele transbordava por todas as suas ribanceiras, e fizeram fugir todos os habitantes dos vales para o oriente e para o ocidente.

16 Também foram alguns dos filhos de Benjamim e de Judá a Davi, à fortaleza.

17 E Davi lhes saiu ao encontro, e lhes falou, dizendo: Se vós vindes a mim pacificamente e para me ajudar, o meu coração se unirá convosco; porém se é para me entregar aos meus inimigos, sem que haja deslealdade nas minhas mãos, o Deus de nossos pais o veja e o repreenda.

18 Então entrou o espírito em Amasai, chefe de trinta, e disse: Nós somos teus, ó Davi! E contigo estamos, ó filho de Jessé! Paz, paz contigo, e paz com quem te ajuda, pois que teu Deus te ajuda. E Davi os recebeu, e os fez capitães das tropas.

19 Também de Manassés alguns passaram a Davi, quando foi com os filisteus para a batalha contra Saul, ainda que eles não os ajudaram; porque os príncipes dos filisteus, com conselho, o despediram, dizendo: À custa de nossas cabeças passará para Saul, seu senhor.

20

Voltando ele, pois, a Ziclague, passaram para ele, de Manassés, Adna, e Jozabade, e Jediael, e Micael, e Jozabade, e Eliú, e Ziletai, chefes de mil dos de Manassés.

21 E estes ajudaram Davi contra aquela tropa, porque todos eles eram heróis valentes, e foram capitães no exército.

22 Porque naquele tempo, de dia em dia, iam a Davi para o ajudar, até que se fez um grande exército, como o exército de Deus.

23 Ora, este é o número dos chefes armados para a peleja, que foram a Davi em Hebrom, para transferir a ele o reino de Saul, conforme a palavra do Senhor:

24 Dos filhos de Judá, que levavam escudo e lança, seis mil e oitocentos, armados para a peleja;

25 Dos filhos de Simeão, homens valentes para pelejar, sete mil e cem;

26 Dos filhos de Levi, quatro mil e seiscentos;

27 Joiada, porém, era o chefe dos da casa de Aarão, e com ele três mil e setecentos;

28 E Zadoque, sendo ainda jovem, homem valente; e da família de seu pai, vinte e dois príncipes;

29 E dos filhos de Benjamim, irmãos de Saul, três mil; porque até então havia ainda muitos deles que eram pela casa de Saul;

30

E dos filhos de Efraim, vinte mil e oitocentos homens valentes, homens de nome em casa de seus pais;

31 E da meia tribo de Manassés, dezoito mil, que foram apontados pelos seus nomes para ir fazer Davi rei;

32 E dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes, e todos os seus irmãos seguiam a sua palavra;

33 De Zebulom, dos que saíam à guerra, ordenados para a peleja com todas as armas de guerra, cinquenta mil; como também destros para ordenar batalha sem coração dobre;

34 E de Naftali, mil capitães, e com eles trinta e sete mil com escudo e lança;

35 E dos danitas, ordenados para a peleja, vinte e oito mil e seiscentos;

36 E de Aser, dos que saíam para o exército, para ordenar a batalha, quarenta mil;

37 E do outro lado do Jordão, dos rubenitas e gaditas, e da meia tribo de Manassés, com toda a sorte de instrumentos de guerra para pelejar, cento e vinte mil.

38 Todos esses homens de guerra, postos em ordem de batalha, com inteireza de coração, foram a Hebrom para constituir Davi rei sobre todo o Israel; e também todo o restante de Israel tinha o mesmo coração para constituir Davi rei.

39 E estiveram ali com Davi três dias, comendo e bebendo; porque seus irmãos lhes tinham preparado as provisões.

40

E também seus vizinhos de mais perto, até Issacar, e Zebulom, e Naftali, levaram pão sobre jumentos, e sobre camelos, e sobre mulos, e sobre bois, provisões de farinha, pastas de figos e cachos de passas, e vinho, e azeite, e bois, e gado miúdo em multidão; porque havia alegria em Israel.

Capítulo 13

Davi manda buscar a arca em Quiriate-Jearim — Uzá é morto pelo Senhor ao segurar a arca — A casa de Obede-Edom prospera porque eles cuidam da arca.

1

E teve Davi conselho com os capitães de mil, e de cem, e com todos os chefes.

2 E disse Davi a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e que vem do Senhor nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos, em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos seus arrabaldes, para que se ajuntem a nós.

3 E tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus, porque não a buscamos nos dias de Saul.

4 Então disse toda a congregação que assim se fizesse; porque isso pareceu reto aos olhos de todo o povo.

5 Ajuntou, pois, Davi todo o Israel desde Sior do Egito até chegar a Hamate, para trazer a arca de Deus de Quiriate-Jearim.

6 E então Davi com todo o Israel subiu a Baalá, a Quiriate-Jearim, que está em Judá, para fazer subir dali a arca de Deus, o Senhor, que habita entre os querubins, sobre a qual é invocado o seu nome.

7 E levaram a arca de Deus sobre um carro novo, da casa de Abinadabe; e Uzá e Aiô guiavam o carro.

8 E Davi, e todo o Israel, alegravam-se perante Deus com toda a sua força, em cânticos, e com harpas, e com alaúdes, e com tamboris, e com címbalos, e com trombetas.

9 E chegando à eira de Quidom, estendeu Uzá a sua mão, para segurar a arca, porque os bois tropeçavam.

10

Então se acendeu a ira do Senhor contra Uzá, e o feriu, por ter estendido a sua mão à arca; e morreu ali perante Deus.

11 E Davi se encheu de tristeza de que o Senhor houvesse aberto brecha em Uzá; pelo que chamou àquele lugar Perez-Uzá, até o dia de hoje.

12 E aquele dia temeu Davi a Deus, dizendo: Como trarei a mim a arca de Deus?

13 Pelo que Davi não trouxe a arca para si, à cidade de Davi, porém a fez retirar à casa de Obede-Edom, o giteu.

14 Assim, ficou a arca de Deus com a família de Obede-Edom, três meses em sua casa; e o Senhor abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto tinha.

Capítulo 14

Davi se casa com várias mulheres, gera filhos e derrota os filisteus; sua fama se espalha por todas as nações.

1

Então Hirão, rei de Tiro, mandou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e pedreiros, e carpinteiros, para lhe edificar uma casa.

2 E entendeu Davi que o Senhor o tinha confirmado rei sobre Israel, porque o seu reino tinha sido muito exaltado por causa do seu povo Israel.

3 E Davi tomou ainda mais mulheres em Jerusalém; e gerou Davi ainda mais filhos e filhas.

4 E estes são os nomes dos filhos que teve em Jerusalém: Samua, e Sobabe, Natã, e Salomão,

5 E Ibar, e Elisua, e Elpelete,

6 E Nogá, e Nefegue, e Jafia,

7 E Elisama, e Beeliada, e Elifelete.

8 Ouvindo, pois, os filisteus que Davi havia sido ungido rei sobre todo o Israel, todos os filisteus subiram em busca de Davi; o que Davi ouvindo, logo saiu contra eles.

9 E chegando os filisteus, se espalharam pelo vale de Refaim.

10

Então consultou Davi a Deus, dizendo: Subirei contra os filisteus, e nas minhas mãos os entregarás? E o Senhor lhe disse: Sobe, porque os entregarei nas tuas mãos.

11 E subindo a Baal-Perazim, Davi ali os derrotou; e disse Davi: Por minha mão Deus derrotou meus inimigos, como irrompem as águas. Pelo que chamaram o nome daquele lugar, Baal-Perazim.

12 E deixaram ali seus deuses; e ordenou Davi que se queimassem a fogo.

13 Porém os filisteus retornaram, e se espalharam pelo vale.

14 E tornou Davi a consultar a Deus; e disse-lhe Deus: Não subirás atrás deles; mas rodeia por detrás deles, e ataca-os por defronte das amoreiras;

15 E há de ser que, ouvindo tu um ruído de marcha pelas copas das amoreiras, então sai à peleja; porque Deus haverá saído diante de ti, para derrotar o exército dos filisteus.

16 E fez Davi como Deus lhe ordenara; e derrotaram o exército dos filisteus desde Gibeom até Gezer.

17 Assim, se espalhou o nome de Davi por todas aquelas terras; e o Senhor pôs o seu temor sobre todas aquelas nações.

Capítulo 15

Davi prepara um lugar para a arca — Os levitas levam a arca para Jerusalém — Eles cantam e ministram perante o Senhor.

1

Fez também Davi casa para si na cidade de Davi; e preparou um lugar para a arca de Deus, e armou-lhe uma tenda.

2 Então disse Davi: Ninguém pode levar a arca de Deus, senão os levitas; porque o Senhor os elegeu para levar a arca de Deus, e para o servirem eternamente.

3 E Davi ajuntou todo o Israel em Jerusalém, para fazerem subir a arca do Senhor ao seu lugar, que lhe tinha preparado.

4 E Davi ajuntou os filhos de Aarão e os levitas.

5 Dos filhos de Coate: Uriel, o príncipe, e de seus irmãos, cento e vinte;

6 Dos filhos de Merari: Asaías, o príncipe, e de seus irmãos, duzentos e vinte;

7 Dos filhos de Gérson: Joel, o príncipe, e de seus irmãos, cento e trinta;

8 Dos filhos de Elizafã: Semaías, o príncipe, e de seus irmãos, duzentos;

9 Dos filhos de Hebrom: Eliel, o príncipe, e de seus irmãos, oitenta;

10

Dos filhos de Uziel: Aminadabe, o príncipe, e de seus irmãos, cento e doze.

11 E chamou Davi os sacerdotes Zadoque e Abiatar, e os levitas, Uriel, Asaías, Joel, Semaías, Eliel, e Aminadabe;

12 E disse-lhes: Vós sois os chefes dos pais entre os levitas; santificai-vos, vós e vossos irmãos, para que façais subir a arca do Senhor Deus de Israel ao lugar que lhe preparei.

13 Pois que, porquanto primeiro vós assim não o fizestes, o Senhor fez rotura em nós, porque não o buscamos segundo o que fora ordenado.

14 Santificaram-se, pois, os sacerdotes e levitas, para fazerem subir a arca do Senhor Deus de Israel.

15 E os filhos dos levitas levaram a arca de Deus sobre os ombros, como Moisés tinha ordenado, conforme a palavra do Senhor, com as varas que tinham sobre si.

16 E disse Davi aos príncipes dos levitas que constituíssem seus irmãos como cantores, com instrumentos musicais, com alaúdes, harpas e címbalos, para que se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria.

17 E os levitas designaram Hemã, filho de Joel; e dos seus irmãos, Asafe, filho de Berequias; e dos filhos de Merari, seus irmãos, Etã, filho de Cusaías.

18 E com eles seus irmãos da segunda ordem: Zacarias, Bene, e Jaaziel, e Semiramote, e Jeiel, e Uni, e Eliabe, e Benaia, e Maaseias, e Matitias, e Elifeleu, e Micneias, e Obede-Edom, e Jeiel, os porteiros.

19 E os cantores, Hemã, Asafe e Etã se faziam ouvir com címbalos de bronze;

20

E Zacarias, e Aziel, e Semiramote, e Jeiel, e Uni, e Eliabe, e Maaseias, e Benaia, com alaúdes, sobre Alamote;

21 E Matitias e Elifeleu, e Micneias, e Obede-Edom, e Jeiel, e Azazias, com harpas, sobre Seminite, para sobressair o tom.

22 E Quenanias, príncipe dos levitas, tinha cargo de entoar o canto; ensinava-os a entoá-lo, porque era conhecedor disso.

23 E Berequias e Elcana eram porteiros da arca.

24 E Sebanias, e Josafá, e Natanael, e Amasai, e Zacarias, e Benaia, e Eliézer, os sacerdotes, tocavam as trombetas perante a arca de Deus; e Obede-Edom e Jeías eram porteiros da arca.

25 Sucedeu, pois, que Davi e os anciãos de Israel, e os capitães de mil, foram para fazer subir a arca da aliança do Senhor, da casa de Obede-Edom, com alegria.

26 E sucedeu que, ajudando Deus os levitas que levavam a arca da aliança do Senhor, sacrificaram sete novilhos e sete carneiros.

27 E Davi ia vestido de um roupão de linho fino, como também todos os levitas que levavam a arca, e os cantores, e Quenanias, chefe dos que levavam a arca e dos cantores; também Davi levava sobre si um éfode de linho.

28 E todo o Israel fez subir a arca da aliança do Senhor, com júbilo, e com sonido de buzinas, e com trombetas, e com címbalos, fazendo sonido com alaúdes e com harpas.

29 E sucedeu que, chegando a arca da aliança do Senhor à cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, olhou de uma janela, e vendo Davi dançar e tocar, o desprezou no seu coração.

Capítulo 16

O povo oferece sacrifícios e louva ao Senhor — Davi profere um salmo de agradecimento — Ele louva ao Senhor — Asafe, Obede-Edom, Zadoque e outros ministram perante o Senhor.

1

Trazendo, pois, a arca de Deus, a puseram no meio da tenda que Davi lhe tinha armado; e ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas perante Deus.

2 E acabando Davi de oferecer os holocaustos e as ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do Senhor.

3 E repartiu a todos em Israel, tanto a homens como a mulheres, a cada um, um pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho.

4 E pôs perante a arca do Senhor alguns dos levitas por ministros; e isto para recordarem, e louvarem, e celebrarem ao Senhor Deus de Israel.

5 Era Asafe o chefe, e Zacarias, o segundo depois dele; Jeiel, e Semiramote, e Jeiel, e Matitias, e Eliabe, e Benaia, e Obede-Edom, e Jeiel, com alaúdes e com harpas; e Asafe se fazia ouvir com címbalos;

6 Também Benaia, e Jaaziel, os sacerdotes, continuamente com trombetas, perante a arca da aliança de Deus.

7 Então naquele mesmo dia entregou Davi, pela primeira vez, nas mãos de Asafe e de seus irmãos, o seguinte salmo, para louvarem ao Senhor:

8 Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos entre os povos os seus feitos.

9 Cantai-lhe, entoai-lhe-lhe salmos, atentamente falai de todas as suas maravilhas.

10

Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam ao Senhor.

11 Buscai ao Senhor, e a sua força; buscai a sua face continuamente.

12 Lembrai-vos das suas maravilhas que tem feito, de seus prodígios, e dos juízos da sua boca,

13 Vós, semente de Israel, seus servos, vós, filhos de Jacó, seus eleitos.

14 Ele é o Senhor nosso Deus; em toda a terra estão os seus juízos.

15 Lembrai-vos perpetuamente do seu convênio e da palavra que prescreveu para mil gerações;

16 Do convênio que fez com Abraão, e do seu juramento a Isaque;

17 O qual também a Jacó ratificou por estatuto, e a Israel, por convênio eterno,

18 Dizendo: A ti darei a terra de Canaã, quinhão da vossa herança,

19 Sendo vós em pequeno número, poucos homens, e estrangeiros nela.

20

E andaram de nação em nação, e de um reino para outro povo.

21 A ninguém permitiu que os oprimisse, e por causa deles repreendeu reis, dizendo:

22 Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal.

23 Cantai ao Senhor em toda a terra; anunciai de dia em dia a sua salvação.

24 Contai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas.

25 Porque grande é o Senhor, e muito digno de louvor, e mais temível é do que todos os deuses.

26 Porque todos os deuses das nações são ídolos; porém o Senhor fez os céus.

27 Majestade e esplendor diante dele, força e alegria no seu lugar.

28 Dai ao Senhor, ó famílias das nações, dai ao Senhor glória e força.

29 Dai ao Senhor a glória de seu nome; trazei oferendas, e vinde perante Ele; adorai ao Senhor na beleza da sua santidade.

30

Trema perante Ele toda a terra, pois o mundo se afirmará, para que não se abale.

31 Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra, e diga-se entre as nações: O Senhor reina.

32 Brame o mar com a sua plenitude; exulte o campo com tudo o que nele há.

33 Então jubilarão as árvores dos bosques perante o Senhor, porquanto vem para julgar a terra.

34 Louvai ao Senhor, porque é bom; pois a sua benignidade dura perpetuamente.

35 E dizei: Salva-nos, ó Deus da nossa salvação, e ajunta-nos, e livra-nos das nações, para que louvemos o teu santo nome, e nos gloriemos em teu louvor.

36 Louvado seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade em eternidade. E todo o povo disse: Amém! E louvou ao Senhor.

37 Então Davi deixou ali, diante da arca da aliança do Senhor, Asafe e seus irmãos, para ministrarem continuamente perante a arca, segundo se ordenara para cada dia,

38 E Obede-Edom, com seus irmãos, sessenta e oito; e Obede-Edom, filho de Jedutum, e Hosa, como porteiros;

39 E Zadoque, o sacerdote, e seus irmãos, os sacerdotes, diante do tabernáculo do Senhor, no alto que está em Gibeom,

40

Para oferecerem ao Senhor os holocaustos sobre o altar dos holocaustos continuamente, pela manhã e à tarde; e isso segundo tudo o que está escrito na lei do Senhor que tinha prescrito a Israel.

41 E com eles Hemã, e Jedutum, e os demais escolhidos, que foram apontados pelos seus nomes, para louvarem ao Senhor, porque a sua benignidade dura perpetuamente.

42 Com eles, pois, estavam Hemã e Jedutum com trombetas e címbalos, para os que se faziam ouvir, e com instrumentos de música de Deus; porém os filhos de Jedutum estavam à porta.

43 Então se foi todo o povo, cada um para a sua casa; e retornou Davi, para abençoar a sua casa.

Capítulo 17

Natã a princípio aprova e depois impede Davi de construir uma casa do Senhor — O filho de Davi construirá o templo — Prediz-se o triunfo de Israel — Davi agradece ao Senhor por Sua bondade para com Israel.

1

Sucedeu, pois, que, morando Davi já em sua casa, disse Davi ao profeta Natã: Eis que moro em casa de cedros, mas a arca da aliança do Senhor está debaixo de cortinas.

2 Então Natã disse a Davi: Tudo quanto tens no teu coração faze, porque Deus é contigo.

3 Mas sucedeu, na mesma noite, que a palavra de Deus veio a Natã, dizendo:

4 Vai, e dize a Davi meu servo: Assim diz o Senhor: Tu não me edificarás uma casa para morar;

5 Porque em casa nenhuma morei, desde o dia em que fiz subir Israel até o dia de hoje; mas fui de tenda em tenda, e de tabernáculo em tabernáculo.

6 Por todas as partes por onde andei com todo o Israel, porventura falei alguma palavra a algum dos juízes de Israel, a quem ordenei que apascentasse o meu povo, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedros?

7 Agora, pois, assim dirás a meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu te tirei do curral, de detrás das ovelhas, para que fosses chefe do meu povo Israel.

8 E estive contigo por toda parte, por onde foste, e de diante de ti exterminei todos os teus inimigos, e te fiz um nome como o nome dos grandes que estão na terra.

9 E ordenei um lugar para o meu povo Israel, e o plantei, para que habite no seu lugar, e nunca mais seja removido de uma para outra parte; e nunca mais os debilitarão os filhos da perversidade, como no princípio,

10

E desde os dias em que ordenei juízes sobre o meu povo Israel; porém abati todos os teus inimigos; também te fiz saber que o Senhor te edificaria uma casa.

11 E há de ser que, quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus pais, suscitarei a tua semente depois de ti, um de teus filhos, e confirmarei o seu reino.

12 Este me edificará casa; e eu confirmarei o seu trono para sempre.

13 Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e a minha benignidade não desviarei dele, como a tirei daquele que foi antes de ti.

14 Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será firme para sempre.

15 Conforme todas essas palavras, e conforme toda essa visão, assim falou Natã a Davi.

16 Então entrou o rei Davi, e ficou perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, Senhor Deus? E qual é a minha casa, para que me trouxesses até aqui?

17 E ainda isto, ó Deus, foi pouco aos teus olhos; pelo que falaste da casa de teu servo para tempos distantes; e trataste-me como se eu fosse homem ilustre, ó Senhor Deus.

18 Que mais te dirá Davi, acerca da honra feita a teu servo? Porém tu bem conheces teu servo.

19 Ó Senhor, por causa de teu servo, e segundo o teu coração, fizeste todas essas grandezas, para fazer notórias todas essas grandes coisas.

20

Senhor, ninguém como tu, e não Deus além de ti, conforme tudo quanto ouvimos com os nossos ouvidos.

21 E quem como o teu povo Israel, única gente na terra a quem Deus foi remir para seu povo, fazendo-te nome com coisas grandes e temíveis, lançando as nações de diante do teu povo, que remiste do Egito?

22 E tomaste o teu povo Israel para ser teu povo para sempre; e tu, Senhor, lhe foste por Deus.

23 Agora, pois, Senhor, a palavra que falaste acerca de teu servo, e acerca da sua casa, seja certa para sempre; e faze como falaste.

24 Confirme-se com efeito, e que o teu nome se engrandeça para sempre, e diga-se: O Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, é Deus para Israel; e fique firme diante de ti a casa de Davi, teu servo.

25 Porque tu, Deus meu, revelaste ao ouvido de teu servo que lhe edificarias casa; pelo que o teu servo achou confiança para orar em tua presença.

26 Agora, pois, Senhor, tu és o mesmo Deus, e falaste este bem acerca de teu servo.

27 Agora, pois, consentiste em abençoar a casa de teu servo, para que esteja perpetuamente diante de ti; porque tu, Senhor, a abençoaste, e ficará abençoada para sempre.

Capítulo 18

Davi subjuga todos os inimigos de Israel e reina com justiça sobre o povo.

1

E depois disso aconteceu que Davi derrotou os filisteus, e os abateu; e tomou Gate, e as suas vilas, da mão dos filisteus.

2 Também derrotou os moabitas; e os moabitas ficaram servos de Davi, pagando tributos.

3 Também Davi derrotou Hadadezer, rei de Zobá, junto à Hamate, indo ele estabelecer os seus domínios pelo Eufrates.

4 E Davi lhe tomou mil carros, e sete mil cavaleiros, e vinte mil homens a pé; e Davi jarretou todos os cavalos dos carros; porém reservou deles cem carros.

5 E foram os sírios de Damasco para ajudar Hadadezer, rei de Zobá; porém dos sírios matou Davi vinte e dois mil homens.

6 E Davi pôs guarnições na Síria de Damasco, e os sírios ficaram servos de Davi, pagando tributos; e o Senhor guardava Davi, por onde quer que ia.

7 E tomou Davi os escudos de ouro, que tinham os servos de Hadadezer, e os levou para Jerusalém.

8 Também de Tibate, e de Cum, cidades de Hadadezer, tomou Davi muitíssimo bronze, de que Salomão fez o mar de bronze, e as colunas, e os utensílios de bronze.

9 E ouvindo Tou, rei de Hamate, que Davi destruíra todo o exército de Hadadezer, rei de Zobá,

10

Mandou seu filho Hadorão a Davi, para lhe perguntar como estava, e para o abençoar, por haver pelejado com Hadadezer, e por tê-lo derrotado (porque Hadadezer fazia guerra a Tou), enviando-lhe juntamente toda a sorte de objetos de ouro, e de prata, e de bronze.

11 Os quais Davi também consagrou ao Senhor, juntamente com a prata e o ouro que trouxera de todas as demais nações: dos edomitas, e dos moabitas, e dos filhos de Amom, e dos filisteus, e dos amalequitas.

12 Também Abisai, filho de Zeruia, derrotou dezoito mil edomitas no Vale do Sal.

13 E pôs guarnições em Edom, e todos os edomitas ficaram servos de Davi; e o Senhor guardava Davi, por onde quer que ia.

14 E Davi reinou sobre todo o Israel; e fazia juízo e justiça a todo o seu povo.

15 E Joabe, filho de Zeruia, tinha cargo do exército; e Josafá, filho de Ailude, era cronista.

16 E Zadoque, filho de Aitube, e Abimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes; e Sausa, escrivão.

17 E Benaia, filho de Joiada, tinha cargo dos quereteus e peleteus; porém os filhos de Davi eram os primeiros ao lado do rei.

Capítulo 19

Os amonitas insultam os mensageiros de Davi e planejam guerra contra Israel — Davi derrota os amonitas e os sírios.

1

E aconteceu, depois disso, que Naás, rei dos filhos de Amom, morreu; e seu filho reinou em seu lugar.

2 Então disse Davi: Usarei de benevolência com Hanum, filho de Naás, porque seu pai usou de benevolência comigo. Pelo que Davi enviou mensageiros para o consolarem acerca de seu pai. E indo os servos de Davi à terra dos filhos de Amom, a Hanum, para o consolarem,

3 Disseram os príncipes dos filhos de Amom a Hanum: Porventura Davi honra teu pai aos teus olhos porque te mandou consoladores? Não vieram seus servos a ti para esquadrinhar, e para transtornar, e para espiar a terra?

4 Pelo que Hanum tomou os servos de Davi, e os rapou, e lhes cortou as vestes no meio até as nádegas, e os despediu.

5 E foram, e avisaram Davi acerca desses homens, e ele mandou mensageiros ao encontro deles; porque aqueles homens estavam sobremaneira envergonhados. Disse, pois, o rei: Deixai-vos ficar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba, e então voltai.

6 Vendo, pois, os filhos de Amom que se tinham feito odiosos para com Davi, então enviaram Hanum, e os filhos de Amom mil talentos de prata, para alugarem para si carros e cavaleiros da Mesopotâmia, e da Síria de Maaca, e de Zobá.

7 E alugaram para si trinta e dois mil carros, e o rei de Maaca e a sua gente, e eles foram, e acamparam diante de Medeba; também os filhos de Amom se ajuntaram das suas cidades, e foram para a guerra.

8 O que ouvindo Davi, enviou Joabe e todo o exército dos homens valorosos.

9 E saindo os filhos de Amom, ordenaram a batalha à porta da cidade; porém os reis que chegaram se puseram à parte no campo.

10

E vendo Joabe que a frente da batalha estava contra ele por diante e por detrás, separou dentre os mais escolhidos de Israel, e formou-os em linha contra os sírios.

11 E o restante do povo entregou na mão de Abisai, seu irmão; e puseram-se em ordem de batalha contra os filhos de Amom.

12 E disse: Se os sírios forem mais fortes do que eu, tu virás socorrer-me; e se os filhos de Amom forem mais fortes do que tu, então eu te socorrerei.

13 Sê forte, e mostremo-nos fortes pelo nosso povo, e pelas cidades do nosso Deus, e faça o Senhor o que parecer bem aos seus olhos.

14 Então se chegou Joabe, e o povo que tinha consigo, diante dos sírios, para a batalha; e eles fugiram de diante dele.

15 Vendo, pois, os filhos de Amom que os sírios fugiram, também eles fugiram de diante de Abisai, seu irmão, e entraram na cidade; e foi Joabe para Jerusalém.

16 E vendo os sírios que foram derrotados diante de Israel, enviaram mensageiros, e fizeram sair os sírios que habitavam do outro lado do rio; e Sofaque, capitão do exército de Hadadezer, marchava diante deles.

17 Do que avisado Davi, ajuntou todo o Israel, e passou o Jordão, e foi ter com eles, e ordenou contra eles a batalha; e tendo Davi ordenado a batalha contra os sírios, pelejaram contra ele.

18 Porém os sírios fugiram de diante de Israel, e Davi matou, dos sírios, os homens de sete mil carros, e quarenta mil homens a pé; e matou Sofaque, capitão do exército.

19 Vendo, pois, os servos de Hadadezer que tinham sido derrotados diante de Israel, fizeram paz com Davi, e o serviram; e os sírios nunca mais quiseram socorrer os filhos de Amom.

Capítulo 20

Os amonitas são vencidos — Israel derrota os filisteus.

1

E aconteceu que, no decurso de um ano, no tempo em que os reis costumam sair para a guerra, Joabe levou o exército, e destruiu a terra dos filhos de Amom, e foi, e cercou Rabá, porém Davi ficou em Jerusalém; e Joabe derrotou Rabá, e a destruiu.

2 E Davi tirou da cabeça do rei a coroa deste, e achou nela o peso de um talento de ouro, e havia nela pedras preciosas; e foi posta sobre a cabeça de Davi; e levou da cidade muito grande despojo.

3 Também o povo que estava nela levou, e os fez trabalhar com a serra, e cortar com talhadeiras de ferro e com machados; e assim fez Davi com todas as cidades dos filhos de Amom; então voltou Davi, com todo o povo, para Jerusalém.

4 E depois disso aconteceu que, levantando-se guerra em Gezer, com os filisteus, então Sibecai, o husatita, matou Sipai, dos filhos do gigante; e foram subjugados.

5 E tornou a haver guerra com os filisteus; e Elanã, filho de Jair, matou Lami, irmão de Golias, o giteu, cuja haste da lança era como o eixo do tear.

6 E tornou a haver guerra em Gate; e havia ali um homem de grande estatura, e tinha vinte e quatro dedos, seis em cada mão, e seis em cada pé, e também era da raça do gigante.

7 E injuriou Israel; porém Jônatas, filho de Simei, irmão de Davi, o matou.

8 Esses nasceram do gigante em Gate; e caíram pela mão de Davi e pela mão dos seus servos.

Capítulo 21

Davi peca ao contar Israel — O Senhor envia uma peste sobre o povo — Davi oferece sacrifícios, e a praga é detida.

1

Então Satanás se levantou contra Israel, e incitou Davi a contar Israel.

2 E disse Davi a Joabe e aos chefes do povo: Ide, contai Israel, desde Berseba até Dã; e trazei-me a conta, para que saiba o número deles.

3 Então disse Joabe: O Senhor acrescente ao seu povo cem vezes tanto como é; porventura, ó rei meu senhor, não são todos servos de meu senhor? Por que procura isto o meu senhor? Porque seria causa de delito para com Israel.

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe; pelo que saiu Joabe, e passou por todo o Israel; então voltou para Jerusalém.

5 E Joabe deu a Davi a soma do número do povo; e era todo o Israel um milhão e cem mil homens, dos que arrancavam espada; e de Judá quatrocentos e setenta mil homens, dos que arrancavam espada.

6 Porém os de Levi e Benjamim não contou entre eles, porque a palavra do rei foi abominável a Joabe.

7 E isso também pareceu mal aos olhos de Deus; pelo que feriu Israel.

8 Então disse Davi a Deus: Gravemente pequei em fazer isso; porém agora consente em tirar a iniquidade de teu servo, porque procedi muito loucamente.

9 Falou, pois, o Senhor a Gade, o vidente de Davi, dizendo:

10

Vai, e fala a Davi, dizendo: Assim diz o Senhor: Três coisas te proponho; escolhe uma delas, para que eu ta faça.

11 E Gade foi a Davi, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Escolhe para ti:

12 Ou três anos de fome, ou que três meses te consumas diante de teus adversários, e a espada de teus inimigos te alcance, ou que três dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra e o anjo do Senhor destruam todos os termos de Israel; vê, pois, agora, que resposta hei de levar a quem me enviou.

13 Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; caia eu, pois, nas mãos do Senhor, porque são muitíssimas as suas misericórdias; mas que eu não caia nas mãos dos homens.

14 Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens.

15 E Deus mandou um anjo a Jerusalém para a destruir; e quando a destruía, o Senhor o viu, e se arrependeu daquele mal, e disse ao anjo destruidor: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto à eira de Ornã, o jebuseu.

16 E levantando Davi os seus olhos, viu o anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, com a sua espada desembainhada na sua mão estendida contra Jerusalém; então Davi e os anciãos, cobertos de panos de saco, se prostraram sobre os seus rostos.

17 E disse Davi a Deus: Não sou eu o que disse que se contasse o povo? E eu mesmo sou o que pequei, e fiz muito mal; mas estas ovelhas, que fizeram? Ah! Senhor, meu Deus, seja a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai, e não para castigo de teu povo.

18 Então o anjo do Senhor disse a Gade que dissesse a Davi que subisse Davi para levantar um altar ao Senhor na eira de Ornã, o jebuseu.

19 Subiu, pois, Davi, conforme a palavra de Gade, que falara em nome do Senhor.

20

E virando-se Ornã, viu o anjo, e se esconderam com ele seus quatro filhos; e Ornã estava trilhando o trigo.

21 E Davi foi ter com Ornã; e Ornã olhou, e viu Davi, e saiu da eira, e se prostrou perante Davi com o rosto em terra.

22 E disse Davi a Ornã: Dá-me este lugar da eira, para edificar nele um altar ao Senhor; dá-mo pelo seu devido valor, para que cesse este castigo sobre o povo.

23 Então disse Ornã a Davi: Toma-o para ti, e faça o rei meu senhor dele o que parecer bem aos seus olhos; eis que dou os bois para holocaustos, e os trilhos para lenha, e o trigo para oferta de manjares; tudo dou.

24 E disse o rei Davi a Ornã: Não, antes pelo seu valor o quero comprar; porque não tomarei o que é teu para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo.

25 E Davi deu a Ornã por aquele lugar o peso de seiscentos siclos de ouro.

26 Então Davi edificou ali um altar ao Senhor, e ofereceu nele holocaustos e ofertas pacíficas; e invocou o Senhor, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto.

27 E o Senhor deu ordem ao anjo, e ele tornou a pôr a sua espada na bainha.

28 Vendo Davi, no mesmo tempo, que o Senhor lhe respondera na eira de Ornã, o jebuseu, sacrificou ali.

29 Porque o tabernáculo do Senhor, que Moisés fizera no deserto, e o altar do holocausto estavam, naquele tempo, no alto de Gibeom;

30

E não podia Davi ir perante ele buscar a Deus, porque estava aterrorizado por causa da espada do anjo do Senhor.

Capítulo 22

Davi prepara ouro, prata, bronze, ferro, pedras e madeira de cedro para o templo — Ele encarrega Salomão de realizar o trabalho de construção do templo.

1

E disse Davi: Esta será a casa do Senhor Deus, e este será o altar do holocausto para Israel.

2 E Davi mandou ajuntar os estrangeiros que estavam na terra de Israel; e encarregou cortadores de pedras, para que lavrassem pedras de cantaria, para edificar a casa de Deus.

3 E Davi preparou ferro em abundância, para os pregos das portas das entradas, e para as junturas; como também bronze em abundância, que não foi pesado;

4 E madeira de cedro sem conta, porque os sidônios e tírios traziam a Davi madeira de cedro em abundância.

5 Porque dizia Davi: Salomão, meu filho, ainda é moço e tenro, e a casa que se há de edificar para o Senhor se há de fazer magnífica em excelência, para nome e glória em todas as terras; eu, pois, agora lhe prepararei materiais. Assim, preparou Davi materiais em abundância, antes da sua morte.

6 Então chamou Salomão, seu filho, e lhe ordenou que edificasse uma casa ao Senhor Deus de Israel.

7 E disse Davi a Salomão: Filho meu, quanto a mim, tinha em meu coração o propósito de edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus,

8 Porém a mim a palavra do Senhor veio, dizendo: Tu derramaste sangue em abundância, e fizeste grandes guerras; não edificarás uma casa ao meu nome, porquanto muito sangue derramaste na terra perante a minha face.

9 Eis que o filho que te nascer será homem de repouso, porque repouso lhe hei de dar de todos os seus inimigos em redor; portanto, Salomão será o seu nome, e paz e descanso darei a Israel nos seus dias.

10

Este edificará uma casa ao meu nome, e ele me será por filho, e eu a ele por pai; e confirmarei o trono de seu reino sobre Israel, para sempre.

11 Agora, pois, meu filho, o Senhor seja contigo; e prospera, e edifica a casa do Senhor teu Deus, como ele disse de ti.

12 O Senhor te dê tão somente prudência e entendimento, e te instrua acerca de Israel; e isso para guardar a lei do Senhor teu Deus.

13 Então prosperarás, se tiveres cuidado de cumprir os estatutos e os juízos que o Senhor mandou a Moisés acerca de Israel; sê forte, e tem bom ânimo; não temas, nem tenhas pavor.

14 Eis que na minha aflição preparei para a casa do Senhor cem mil talentos de ouro, e um milhão de talentos de prata, e de bronze e de ferro que nem se pesou, por tamanha abundância; também madeira e pedras preparei, e tu supre o que faltar.

15 Também tens contigo uma multidão de obreiros, cortadores e artífices em obra de pedra e madeira; e toda a sorte de peritos em toda a sorte de obra.

16 Do ouro, da prata, e do bronze, e do ferro não conta; levanta-te, pois, e faze a obra, e o Senhor seja contigo.

17 E Davi deu ordem a todos os príncipes de Israel que ajudassem Salomão, seu filho, dizendo:

18 Porventura não está convosco o Senhor vosso Deus, e não vos deu repouso em todo vosso redor? Porque entregou na minha mão os moradores da terra; e a terra foi subjugada perante o Senhor e perante o seu povo.

19 Disponde, pois, agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes ao Senhor vosso Deus; e levantai-vos, e edificai o santuário do Senhor Deus, para que a arca da aliança do Senhor, e os utensílios sagrados de Deus se tragam a esta casa, que se há de edificar ao nome do Senhor.

Capítulo 23

Salomão é constituído rei — Os levitas são contados e designados a seus diversos deveres religiosos.

1

Sendo, pois, Davi já velho, e cheio de dias, fez Salomão, seu filho, rei sobre Israel.

2 E ajuntou todos os príncipes de Israel, como também os sacerdotes e levitas.

3 E foram contados os levitas de trinta anos e acima; e foi o número deles, segundo as suas cabeças, trinta e oito mil homens.

4 Destes havia vinte e quatro mil para promoverem a obra da casa do Senhor, e seis mil oficiais e juízes,

5 E quatro mil porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos que eu fiz para o louvar, disse Davi.

6 E Davi os repartiu por turnos, segundo os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari.

7 Dos gersonitas: Ladã e Simei.

8 Os filhos de Ladã: Jeiel, o chefe, e Zetã, e Joel, três.

9 Os filhos de Simei: Selomite, e Haziel, e Harã, três; estes foram os chefes dos pais de Ladã.

10

E os filhos de Simei: Jaate, Ziza, e Jeús, e Berias; estes foram os filhos de Simei, quatro.

11 E Jaate era o chefe, e Ziza, o segundo, mas Jeús e Berias não tiveram muitos filhos, pelo que foram contados na casa de seus pais como uma família.

12 Os filhos de Coate: Anrão, Izar, Hebrom, e Uziel, quatro.

13 Os filhos de Anrão: Aarão e Moisés; e Aarão foi separado para santificar as coisas santíssimas, ele e seus filhos, eternamente; para incensar diante do Senhor, para o servirem, e para darem a bênção em seu nome eternamente.

14 E quanto a Moisés, homem de Deus, seus filhos foram contados entre a tribo de Levi.

15 Foram, pois, os filhos de Moisés: Gérson e Eliézer.

16 Dos filhos de Gérson foi Sebuel o chefe.

17 E quanto aos filhos de Eliézer, foi Reabias o chefe; e Eliézer não teve outros filhos; porém os filhos de Reabias se multiplicaram grandemente.

18 Dos filhos de Izar foi Selomite o chefe.

19 Quanto aos filhos de Hebrom, foi Jerias o chefe, Amarias, o segundo, Jaaziel, o terceiro, e Jecameão, o quarto.

20

Quanto aos filhos de Uziel, Mica, o chefe, e Issias, o segundo.

21 Os filhos de Merari: Mali e Musi; os filhos de Mali: Eleazar e Quis.

22 E morreu Eleazar, e não teve filhos, porém filhas; e os filhos de Quis, seus irmãos, as tomaram por mulheres.

23 Os filhos de Musi: Mali, e Éder, e Jeremote, três.

24 Estes são os filhos de Levi, segundo a casa de seus pais, chefes dos pais, segundo foram contados pelo número dos nomes, segundo as suas cabeças, que faziam a obra do ministério da casa do Senhor, da idade de vinte anos e acima.

25 Porque disse Davi: O Senhor Deus de Israel deu repouso ao seu povo, e habitará em Jerusalém para sempre.

26 E também, quanto aos levitas, que nunca mais levassem o tabernáculo, nem qualquer de seus utensílios pertencentes ao seu ministério.

27 Porque, segundo as últimas palavras de Davi, foram contados os filhos de Levi da idade de vinte anos e acima.

28 Porque o seu cargo era o de estar sob as ordens dos filhos de Aarão no ministério da casa do Senhor, nos átrios, e nas câmaras, e na purificação de todas as coisas sagradas, e na obra do ministério da casa de Deus,

29 A saber: para os pães da proposição, e para a flor de farinha, para a oferta de manjares, e para os coscorões ázimos, e para as assadeiras, e para o tostado, e para todo peso e medida;

30

E para estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor; e semelhantemente à tarde;

31 E para cada oferecimento dos holocaustos do Senhor, nos sábados, nas luas novas, e nas solenidades, segundo o seu número e o seu costume, continuamente perante o Senhor;

32 E para que tivessem a seu encargo o serviço da tenda da congregação, e o serviço do santuário, e o serviço dos filhos de Aarão, seus irmãos, no ministério da casa do Senhor.

Capítulo 24

Os filhos de Aarão e o restante dos filhos de Levi são divididos em grupos e designados a seus deveres por sorteio.

1

E quanto aos filhos de Aarão, estas foram as suas divisões: os filhos de Aarão foram Nadabe, e Abiú, e Eleazar, e Itamar.

2 E morreram Nadabe e Abiú antes de seu pai, e não tiveram filhos; e Eleazar e Itamar serviam como sacerdotes.

3 E Davi os repartiu, como também Zadoque, dos filhos de Eleazar, e Aimeleque, dos filhos de Itamar, segundo o seu ofício no seu ministério.

4 E achou-se que eram muitos mais os filhos de Eleazar entre os chefes de famílias do que os filhos de Itamar, quando os repartiram; dos filhos de Eleazar, dezesseis chefes das casas dos pais, mas dos filhos de Itamar, segundo as casas de seus pais, oito.

5 E os repartiram por sortes, uns com os outros; porque houve príncipes do santuário e príncipes da casa de Deus, tanto dentre os filhos de Eleazar, como dentre os filhos de Itamar.

6 E os registrou Semaías, filho de Natanael, o escrivão dentre os levitas, perante o rei, e os príncipes, e Zadoque, o sacerdote, e Aimeleque, filho de Abiatar, e os chefes dos pais entre os sacerdotes, e entre os levitas; uma dentre as casas dos pais se tomou para Eleazar, e se tomou outra para Itamar.

7 E saiu a primeira sorte a Jeoiaribe, a segunda a Jedaías,

8 A terceira a Harim, a quarta a Seorim,

9 A quinta a Malquias, a sexta a Miamim,

10

A sétima a Hacoz, a oitava a Abias,

11 A nona a Jesua, a décima a Secanias,

12 A undécima a Eliasibe, a duodécima a Jaquim,

13 A décima terceira a Hupa, a décima quarta a Jesebeabe,

14 A décima quinta a Bilga, a décima sexta a Imer,

15 A décima sétima a Hezir, a décima oitava a Hapizes,

16 A décima nona a Petaías, a vigésima a Jeezquel,

17 A vigésima primeira a Jaquim, a vigésima segunda a Gamul,

18 A vigésima terceira a Delaías, a vigésima quarta a Maazias.

19 O ofício desses no seu ministério era entrar na casa do Senhor, segundo lhes fora ordenado por Aarão, seu pai, como o Senhor Deus de Israel lhe tinha ordenado.

20

E do restante dos filhos de Levi: dos filhos de Anrão, Subael; dos filhos de Subael, Jedias.

21 Quanto a Reabias: dos filhos de Reabias, Issias era chefe;

22 Dos izaritas, Selomote; dos filhos de Selomote, Jaate;

23 E dos filhos de Hebrom, Jerias, o primeiro; Amarias, o segundo; Jaaziel, o terceiro; Jecameão, o quarto;

24 Dos filhos de Uziel, Mica; dos filhos de Mica, Samir;

25 O irmão de Mica, Issias; dos filhos de Issias, Zacarias;

26 Os filhos de Merari, Mali e Musi; dos filhos de Jaazias, Beno;

27 Os filhos de Merari: de Jaazias, Beno, e Soão, e Zacur, e Ibri;

28 De Mali, Eleazar; e este não teve filhos.

29 Quanto a Quis: dos filhos de Quis, Jerameel;

30

E os filhos de Musi: Mali, e Éder, e Jerimote; esses foram os filhos dos levitas, segundo as suas casas paternas.

31 E também eles lançaram sortes igualmente com seus irmãos, os filhos de Aarão, perante o rei Davi, e Zadoque, e Aimeleque, e os chefes dos pais entre os sacerdotes e entre os levitas, o chefe da casa dos pais e bem assim seu irmão menor.

Capítulo 25

Os cantores e músicos levitas são designados a seus deveres por sorteio.

1

E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com alaúdes, e com saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu ministério:

2 Dos filhos de Asafe foram Zacur, e José, e Netanias, e Asarela, filhos de Asafe, a cargo de Asafe, que profetizava sob a direção do rei Davi.

3 Quanto a Jedutum, foram os filhos de Jedutum: Gedalias, e Zeri, e Jesaías, e Hasabias, e Matitias, seis, a cargo de seu pai Jedutum, o qual profetizava com a harpa, louvando e dando graças ao Senhor.

4 Quanto a Hemã, os filhos de Hemã: Buquias, Matanias, Uziel, Sebuel, e Jerimote, Hananias, Hanani, Eliata, Gidalti, e Romanti-Ezer, Josbecasa, Maloti, Hotir, e Maaziote.

5 Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar o seu poder; porque Deus dera a Hemã quatorze filhos e três filhas.

6 Todos estes estavam ao lado de seu pai para o canto da casa do Senhor, com saltérios, alaúdes e harpas, para o ministério da casa de Deus; e ao lado do rei, Asafe, Jedutum, e Hemã.

7 E era o número deles, juntamente com seus irmãos instruídos no canto do Senhor, todos os mestres, duzentos e oitenta e oito.

8 E lançaram sortes acerca dos turnos, igualmente, tanto o pequeno como o grande, o mestre juntamente com o discípulo.

9 Saiu, pois, a primeira sorte a Asafe, a saber: a José; a segunda, a Gedalias; e eram ele, e seus irmãos, e seus filhos, ao todo, doze;

10

A terceira, a Zacur, seus filhos, e seus irmãos, doze;

11 A quarta, a Izri, seus filhos, e seus irmãos, doze;

12 A quinta, a Netanias, seus filhos, e seus irmãos, doze;

13 A sexta, a Buquias, seus filhos, e seus irmãos, doze;

14 A sétima, a Jesarela, seus filhos, e seus irmãos, doze;

15 A oitava, a Jesaías, seus filhos, e seus irmãos, doze;

16 A nona, a Matanias, seus filhos, e seus irmãos, doze;

17 A décima, a Simei, seus filhos, e seus irmãos, doze;

18 A undécima, a Azareel, seus filhos, e seus irmãos, doze;

19 A duodécima, a Hasabias, seus filhos, e seus irmãos, doze;

20

A décima terceira, a Subael, seus filhos, e seus irmãos, doze;

21 A décima quarta, a Matitias, seus filhos, e seus irmãos, doze;

22 A décima quinta, a Jeremote, seus filhos, e seus irmãos, doze;

23 A décima sexta, a Hananias, seus filhos, e seus irmãos, doze;

24 A décima sétima, a Josbecasa, seus filhos, e seus irmãos, doze;

25 A décima oitava, a Hanani, seus filhos, e seus irmãos, doze;

26 A décima nona, a Maloti, seus filhos, e seus irmãos, doze;

27 A vigésima, a Eliata, seus filhos, e seus irmãos, doze;

28 A vigésima primeira, a Hotir, seus filhos, e seus irmãos, doze;

29 A vigésima segunda, a Gidalti, seus filhos, e seus irmãos, doze;

30

A vigésima terceira, a Maaziote, seus filhos, e seus irmãos, doze;

31 A vigésima quarta, a Romanti-Ezer, seus filhos, e seus irmãos, doze.

Capítulo 26

Os levitas são designados porteiros — Eles ficam encarregados dos tesouros, servem como oficiais e juízes, e cuidam dos negócios externos dos Israelitas.

1

Quanto à divisão dos porteiros: dos coraítas, Meselemias, filho de Coré, dos filhos de Asafe.

2 E foram os filhos de Meselemias: Zacarias, o primogênito; Jediael, o segundo; Zebadias, o terceiro; Jatniel, o quarto;

3 Elão, o quinto; Joanã, o sexto; Elioenai, o sétimo.

4 E os filhos de Obede-Edom foram: Semaías, o primogênito; Jozabade, o segundo; Joá, o terceiro; e Sacar, o quarto; e Natanael, o quinto,

5 Amiel, o sexto; Issacar, o sétimo; Peuletai, o oitavo; porque Deus o tinha abençoado.

6 Também a seu filho Semaías nasceram filhos, que dominaram sobre a casa de seu pai, porque foram homens valentes.

7 Os filhos de Semaías: Otni, e Rafael, e Obede, e Elzabade, cujos irmãos eram homens valentes: Eliú e Semaquias.

8 Todos esses foram dos filhos de Obede-Edom; eles e seus filhos, e seus irmãos, homens valentes e de força para o ministério; ao todo, sessenta e dois, de Obede-Edom.

9 E os filhos e os irmãos de Meselemias, homens valentes, foram dezoito.

10

E de Hosa, dentre os filhos de Merari, foram os filhos: Sinri, o chefe (ainda que não era o primogênito, contudo seu pai o constituiu chefe);

11 Hilquias, o segundo; Tebalias, o terceiro; Zacarias, o quarto; todos os filhos e irmãos de Hosa foram treze.

12 Destes se fizeram os turnos dos porteiros, entre os chefes dos homens da guarda, igualmente com os seus irmãos, para ministrarem na casa do Senhor.

13 E lançaram sortes, tanto os pequenos como os grandes, segundo as casas de seus pais, para cada porta.

14 E caiu a sorte do oriente a Selemias; e lançou-se a sorte por seu filho Zacarias, conselheiro prudente, e saiu-lhe a sorte do norte.

15 E por Obede-Edom, a do sul; e por seus filhos, a casa das tesourarias.

16 Por Supim e Hosa, a do ocidente, com a porta Salequete, junto ao caminho da subida; uma guarda defronte de outra guarda.

17 Ao oriente, seis levitas; ao norte, quatro por dia; ao sul, quatro por dia; porém às tesourarias de dois em dois.

18 Em Parbar, ao ocidente, quatro junto ao caminho, dois junto a Parbar.

19 Esses são os turnos dos porteiros dentre os filhos dos coraítas, e dentre os filhos de Merari.

20

E quanto aos levitas: Aías tinha cargo dos tesouros da casa de Deus e dos tesouros das coisas sagradas.

21 Quanto aos filhos de Ladã, filhos de Ladã, gersonita: de Ladã, gersonita, foi chefe dos pais Jeieli.

22 Os filhos de Jeieli: Zetã e Joel, seu irmão; estes tinham cargo dos tesouros da casa do Senhor.

23 Para os anramitas, para os izaritas, para os hebronitas, para os uzielitas.

24 E Sebuel, filho de Gérson, o filho de Moisés, era chefe dos tesouros.

25 E seus irmãos foram: da parte de Eliézer, Reabias, seu filho; e Jesaías, seu filho; e Jorão, seu filho; e Zicri, seu filho; e Selomite, seu filho.

26 Este Selomite e seus irmãos tinham cargo de todos os tesouros das coisas sagradas que o rei Davi e os chefes dos pais, capitães de mil, e de cem, e capitães do exército tinham consagrado.

27 Dos despojos das guerras as consagraram, para repararem a casa do Senhor.

28 Como também tudo quanto tinha consagrado Samuel, o vidente, e Saul filho de Quis, e Abner filho de Ner, e Joabe filho de Zeruia; tudo quanto qualquer pessoa tinha consagrado estava sob os cuidados de Selomite e seus irmãos.

29 Dos izaritas, Quenanias e seus filhos foram postos sobre Israel para a obra de fora, como oficiais e como juízes.

30

Dos hebronitas foram Hasabias e seus irmãos, homens valentes, mil e setecentos, que tinham cargo dos ofícios em Israel, de aquém do Jordão para o ocidente, em toda a obra do Senhor, e para o serviço do rei.

31 Dos hebronitas era Jerias o chefe dos hebronitas, segundo as suas gerações entre os pais; no ano quarenta do reino de Davi se buscaram e acharam entre eles homens valentes em Jazer de Gileade.

32 E seus irmãos, homens valentes, dois mil e setecentos, chefes dos pais; e o rei Davi os constituiu sobre os rubenitas e os gaditas, e a meia tribo dos manassitas, para todos os assuntos de Deus, e para todos os assuntos do rei.

Capítulo 27

Enumeram-se os oficiais que serviam ao rei — Os príncipes das tribos de Israel são apresentados.

1

Estes são os filhos de Israel segundo o seu número, os chefes dos pais, e os capitães de mil e de cem, com os seus oficiais, que serviam ao rei em todos os assuntos dos turnos, que entravam e saíam de mês em mês, em todos os meses do ano, cada turno de vinte e quatro mil.

2 Sobre o primeiro turno do mês primeiro estava Jasobeão, filho de Zabdiel; e em seu turno havia vinte e quatro mil.

3 Era esse dos filhos de Perez, chefe de todos os capitães dos exércitos, para o primeiro mês.

4 E sobre o turno do segundo mês estava Dodai, o aoíta, com o seu turno, cujo chefe era Miclote; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

5 O terceiro capitão do exército, do terceiro mês, era Benaia, filho de Joiada, oficial maior e chefe; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

6 Era este Benaia um homem entre os trinta, e sobre os trinta; e sobre o seu turno estava Amizabade, seu filho.

7 O quarto, do quarto mês, Asael, irmão de Joabe, e depois dele Zebadias, seu filho; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

8 O quinto capitão, do quinto mês, era Samute, o izraíta; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

9 O sexto, do sexto mês, Ira, filho de Iques, o tecoíta; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

10

O sétimo, do sétimo mês, Helez, o pelonita, dos filhos de Efraim; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

11 O oitavo, do oitavo mês, Sibecai, o husatita, dos zeraítas; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

12 O nono, do nono mês, Abiezer, o anatotita, dos benjamitas; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

13 O décimo, do décimo mês, Maarai, o netofatita, dos zeraítas; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

14 O undécimo, do undécimo mês, Benaia, o piratonita, dos filhos de Efraim; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

15 O duodécimo, do duodécimo mês, Heldai, o netofatita, de Otniel; também em seu turno havia vinte e quatro mil.

16 Porém sobre as tribos de Israel estavam estes: sobre os rubenitas era chefe Eliézer, filho de Zicri; sobre os simeonitas, Sefatias, filho de Maaca;

17 Sobre os levitas, Hasabias, filho de Quemuel; sobre os aronitas, Zadoque;

18 Sobre Judá, Eliú, dos irmãos de Davi; sobre Issacar, Onri, filho de Micael;

19 Sobre Zebulom, Ismaías, filho de Obadias; sobre Naftali, Jerimote, filho de Azriel;

20

Sobre os filhos de Efraim, Oseias, filho de Azazias; sobre a meia tribo de Manassés, Joel, filho de Pedaías;

21 Sobre a outra meia tribo de Manassés em Gileade, Ido, filho de Zacarias; sobre Benjamim, Jaasiel, filho de Abner;

22 Sobre Dã, Azarel, filho de Jeroão. Estes eram os capitães das tribos de Israel.

23 Não tomou, porém, Davi o número dos de vinte anos e abaixo, porquanto o Senhor tinha dito que havia de multiplicar Israel como as estrelas do céu.

24 Joabe, filho de Zeruia, tinha começado a contá-los, porém não acabou; porquanto viera por isso grande ira sobre Israel; pelo que o número não se pôs na conta das crônicas do rei Davi.

25 E sobre os tesouros do rei estava Azmavete, filho de Adiel; e sobre os tesouros da terra, das cidades, e das aldeias, e das torres, Jônatas, filho de Uzias.

26 E sobre os que faziam a obra do campo, na lavoura da terra, Ezri, filho de Quelube.

27 E sobre as vinhas, Simei, o ramatita; porém sobre o que das vides entrava nas adegas do vinho, Zabdi, o sifmita.

28 E sobre os olivais e figueiras bravas que havia nas campinas, Baal-Hanã, o gederita; porém Joás, sobre os depósitos do azeite.

29 E sobre o gado que pastava em Sarom, Sitrai, o saronita; porém sobre o gado dos vales, Safate, filho de Adlai.

30

E sobre os camelos, Obil, o ismaelita; e sobre as jumentas, Jedias, o meronotita.

31 E sobre o gado miúdo, Jaziz, o hagareno; todos esses eram administradores dos bens que tinha o rei Davi.

32 E Jônatas, tio de Davi, era do conselho, homem de discernimento, e também escriba; e Jeiel, filho de Hacmoni, estava com os filhos do rei.

33 E Aitofel era do conselho do rei; e Husai, o arquita, amigo do rei.

34 E depois de Aitofel, Joiada, filho de Benaia, e Abiatar; porém Joabe era chefe do exército do rei.

Capítulo 28

Davi reúne os líderes de Israel — Salomão é nomeado para construir o templo — Davi exorta Salomão e o povo a guardar os mandamentos — Davi entrega a Salomão a planta e os materiais do templo.

1

Então Davi convocou em Jerusalém todos os príncipes de Israel, os príncipes das tribos, e os capitães dos turnos, que serviam ao rei, e os capitães de mil, e os capitães de cem, e os administradores de todos os bens e possessões do rei, e de seus filhos, como também os eunucos e homens, e todo o homem valente.

2 E pôs-se o rei Davi em pé, e disse: Ouvi-me, irmãos meus, e povo meu: Em meu coração tinha o propósito de edificar uma casa de repouso para a arca da aliança do Senhor e para o escabelo dos pés do nosso Deus, e eu tinha feito o preparo para a edificar.

3 Porém Deus me disse: Não edificarás uma casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue.

4 E o Senhor Deus de Israel escolheu-me de toda a casa de meu pai, para que eternamente fosse rei sobre Israel; porque escolheu Judá como príncipe e a casa de meu pai na casa de Judá; e entre os filhos de meu pai se agradou de mim para me fazer reinar sobre todo o Israel.

5 E de todos os meus filhos (porque muitos filhos me deu o Senhor), escolheu ele o meu filho Salomão para se assentar no trono do reino do Senhor sobre Israel.

6 E me disse: Teu filho Salomão, ele edificará a minha casa e os meus átrios, porque o escolhi para filho, e eu lhe serei por pai.

7 E estabelecerei o seu reino para sempre, se perseverar em cumprir os meus mandamentos e os meus juízos, como até o dia de hoje.

8 Agora, pois, perante os olhos de todo o Israel, a congregação do Senhor, e perante os ouvidos do nosso Deus, guardai e buscai todos os mandamentos do Senhor vosso Deus, para que possuais esta boa terra, e a façais herdar vossos filhos depois de vós, para sempre.

9 E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque o Senhor esquadrinha todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado por ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para sempre.

10

Olha, pois, agora, porque o Senhor te escolheu para edificares uma casa para o santuário; sê forte, e faze a obra.

11 E deu Davi a Salomão, seu filho, a planta do alpendre com as suas casas, e as suas tesourarias, e os seus cenáculos, e as suas recâmaras de dentro, como também da casa do propiciatório.

12 E também o plano de tudo quanto tinha em mente, a saber: dos átrios da casa do Senhor, e de todas as câmaras do redor, para os tesouros da casa de Deus, e para os tesouros das coisas sagradas;

13 E dos turnos dos sacerdotes, e dos levitas, e de toda a obra do ministério da casa do Senhor, e de todos os utensílios do ministério da casa do Senhor.

14 O ouro deu, segundo o peso do ouro, para todos os utensílios de cada ministério; também a prata, por peso, para todos os utensílios de prata, para todos os utensílios de cada ministério.

15 E o peso para os candelabros de ouro, e suas candeias de ouro, segundo o peso de cada candelabro e as suas candeias; também para os candelabros de prata, segundo o peso do candelabro e as suas candeias, segundo o uso de cada candelabro.

16 Também deu o ouro por peso para as mesas da proposição, para cada mesa; como também a prata para as mesas de prata.

17 E ouro puro para os garfos, e para as bacias, e para as tijelas, e para as taças de ouro, para cada taça seu peso; como também para as taças de prata, para cada taça seu peso.

18 E para o altar do incenso, ouro puríssimo, por seu peso; como também o ouro para o modelo do carro, a saber, dos querubins, que haviam de estender as asas, e cobrir a arca da aliança do Senhor.

19 Tudo isto, disse Davi, por escrito me deram a entender por mandado do Senhor, a saber, todas as obras deste plano.

20

E disse Davi a Salomão, seu filho: Sê forte e tem bom ânimo, e faze-o; não temas, nem te desanimes; porque o Senhor Deus, meu Deus, há de ser contigo; não te deixará, nem te desamparará, até que acabes toda a obra do serviço da casa do Senhor.

21 E eis que aí tens os turnos dos sacerdotes e dos levitas para todo o serviço da casa de Deus; estão também contigo, para toda a obra, voluntários com sabedoria de toda a espécie para todo o serviço; como também todos os príncipes, e todo o povo, para todos os teus mandados.

Capítulo 29

Todo o Israel faz uma oferta generosa para o templo — Davi abençoa e louva o Senhor e instrui o povo — Davi morre — Salomão governa como rei — São mencionados os livros de Natã e de Gade.

1

Disse mais o rei Davi a toda a congregação: Salomão, meu filho, o único a quem Deus escolheu, é ainda moço e tenro, e esta obra é grande; porque não é o palácio para homem, senão para o Senhor Deus.

2 Eu, pois, com todas as minhas forças preparei para a casa de meu Deus ouro para as obras de ouro, e prata para as de prata, e bronze para as de bronze, ferro para as de ferro, e madeira para as de madeira, pedras de ônix, e as de engaste, e pedras ornamentais, e de várias cores, e toda a sorte de pedras preciosas, e pedras de mármore em abundância.

3 E ainda, na minha devoção à casa de meu Deus, o ouro e a prata particulares que tenho eu dou para a casa do meu Deus, afora tudo quanto preparei para a casa do santuário.

4 Três mil talentos de ouro, do ouro de Ofir; e sete mil talentos de prata refinada, para cobrir as paredes das casas.

5 Ouro para os objetos de ouro, e prata para os de prata, e para toda obra da mão dos artífices. Quem, pois, está disposto a consagrar-se, para fazer ofertas hoje voluntariamente ao Senhor?

6 Então os chefes dos pais, e os príncipes das tribos de Israel, e os capitães de mil e de cem, até os capitães da obra do rei, voluntariamente contribuíram;

7 E deram para o serviço da casa de Deus cinco mil talentos de ouro, e dez mil dracmas, e dez mil talentos de prata, e dezoito mil talentos de bronze, e cem mil talentos de ferro.

8 E os que se acharam com pedras preciosas as deram para o tesouro da casa do Senhor, na mão de Jeiel, o gersonita.

9 E o povo se alegrou do que deram voluntariamente; porque com coração perfeito voluntariamente deram ao Senhor; e também o rei Davi se alegrou com grande alegria.

10

Pelo que Davi louvou ao Senhor perante os olhos de toda a congregação; e disse Davi: Bendito és tu, Senhor, Deus de nosso pai Israel, de eternidade em eternidade.

11 Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade, porque teu é tudo quanto nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste como cabeça sobre todos.

12 E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão força e poder; e na tua mão está o engrandecer e o fortalecer tudo.

13 Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos, e louvamos o nome da tua glória.

14 Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos.

15 Porque somos estrangeiros diante de ti, e peregrinos como todos os nossos pais; como a sombra são os nossos dias sobre a terra, e não há esperança.

16 Senhor, Deus nosso, toda esta abundância, que preparamos, para te edificar uma casa ao teu santo nome, vem da tua mão, e é toda tua.

17 E bem sei eu, Deus meu, que tu pões à prova os corações, e que da sinceridade te agradas; eu também na sinceridade de meu coração voluntariamente dei todas estas coisas; e agora vi com alegria que o teu povo, que se acha aqui, faz ofertas a ti voluntariamente.

18 Senhor, Deus de nossos pais Abraão, Isaque, e Israel, conserva isto para sempre no intento dos pensamentos do coração de teu povo; e encaminha o seu coração para ti.

19 E a meu filho Salomão dá um coração perfeito, para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos, e os teus estatutos, e para fazer tudo, e para edificar este palácio para o qual fiz preparativos.

20

Então disse Davi a toda a congregação: Agora louvai ao Senhor vosso Deus. Então toda a congregação louvou ao Senhor Deus de seus pais, e inclinaram-se, e prostraram-se perante o Senhor, e perante o rei.

21 E no outro dia sacrificaram ao Senhor sacrifícios, e ofereceram holocaustos ao Senhor: mil bezerros, mil carneiros, mil cordeiros, com as suas libações, e sacrifícios em abundância por todo o Israel.

22 E comeram e beberam naquele dia perante o Senhor, com grande regozijo; e a segunda vez fizeram rei a Salomão, filho de Davi, e o ungiram ao Senhor como líder, e a Zadoque como sacerdote.

23 Assim, Salomão se assentou no trono do Senhor como rei, em lugar de Davi, seu pai, e prosperou; e todo o Israel lhe deu ouvidos.

24 E todos os príncipes, e os poderosos, e até todos os filhos do rei Davi juraram obediência ao rei Salomão.

25 E o Senhor magnificou Salomão grandissimamente, perante os olhos de todo o Israel, e deu-lhe majestade real, qual antes dele não teve nenhum rei em Israel.

26 Assim, Davi, filho de Jessé, reinou sobre todo o Israel.

27 E foram os dias que reinou sobre Israel, quarenta anos: em Hebrom reinou sete anos, e em Jerusalém reinou trinta e três.

28 E morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória; e Salomão, seu filho, reinou em seu lugar.

29 Os feitos, pois, do rei Davi, tanto os primeiros como os últimos, eis que estão escritos nas crônicas de Samuel, o vidente, e nas crônicas do profeta Natã, e nas crônicas de Gade, o vidente,

30

Juntamente com todo o seu reino e o seu poder, e os tempos que passaram sobre ele, e sobre Israel, e sobre todos os reinos daquelas terras.

O Segundo Livro das
Crônicas

Capítulo 1

O Senhor honra Salomão perante todo o Israel — O Senhor aparece a ele — Salomão escolhe e recebe sabedoria — Seu reino é abençoado com esplendor e riquezas.

1

E Salomão, filho de Davi, fortaleceu-se no seu reino; e o Senhor seu Deus era com ele, e o magnificou grandemente.

2 E falou Salomão a todo o Israel, aos capitães de mil e de cem, e aos juízes, e a todos os príncipes em todo o Israel, chefes dos pais.

3 E foram Salomão e toda a congregação com ele ao alto que estava em Gibeom, porque ali estava a tenda da congregação de Deus, que Moisés, servo do Senhor, tinha feito no deserto.

4 Mas Davi tinha feito subir a arca de Deus de Quiriate-Jearim ao lugar que Davi lhe tinha preparado, porque lhe tinha armado uma tenda em Jerusalém.

5 Também o altar de bronze que tinha feito Besaleel, filho de Uri, filho de Hur, estava ali diante do tabernáculo do Senhor; e Salomão e a congregação o visitavam.

6 E Salomão ofereceu ali sacrifícios perante o Senhor, sobre o altar de bronze que estava na tenda da congregação, e ofereceu sobre ele mil holocaustos.

7 Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão, e disse-lhe: Pede o que quiseres que eu te dê.

8 E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande benevolência com meu pai Davi, e a mim me fizeste rei em seu lugar.

9 Agora, pois, ó Senhor Deus, confirme-se a tua palavra, dada a meu pai Davi, porque tu me fizeste reinar sobre um povo numeroso como o pó da terra.

10

Dá-me, pois, agora sabedoria e conhecimento, para que eu possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia julgar este teu tão grande povo?

11 Então Deus disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, bens, ou honra, nem a morte dos que te odeiam, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar meu povo, sobre o qual te constituí rei,

12 Sabedoria e conhecimento te são dados, e te darei riquezas, e bens, e honra, quais nenhum rei antes de ti teve, nem depois de ti tais haverá.

13 Assim, Salomão voltou a Jerusalém, do alto que está em Gibeom, de diante da tenda da congregação, e reinou sobre Israel.

14 E Salomão ajuntou carros e cavaleiros, e teve mil e quatrocentos carros, e doze mil cavaleiros, e pô-los nas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém.

15 E fez o rei que houvesse ouro e prata em Jerusalém como pedras, e cedros em tanta abundância como figueiras bravas que há pelas campinas.

16 E os cavalos, que tinha Salomão, se traziam do Egito e da Cilícia; os mercadores do rei os recebiam da Cilícia por um certo preço.

17 E faziam subir e sair do Egito cada carro por seiscentos siclos de prata, e cada cavalo por cento e cinquenta; e assim por meio deles os exportavam para todos os reis dos heteus, e para os reis da Síria.

Capítulo 2

Salomão contrata Hurão de Tiro para fornecer madeira para o templo — Os trabalhadores são organizados para realizar a obra.

1

E determinou Salomão edificar uma casa ao nome do Senhor, como também uma casa para o seu reino.

2 E contou Salomão setenta mil homens de carga, e oitenta mil que cortassem na montanha, e três mil e seiscentos inspetores sobre eles.

3 E Salomão mandou dizer a Hurão, rei de Tiro: Como fizeste com Davi, meu pai, e lhe mandaste cedros, para edificar uma casa em que morasse, assim também faz comigo.

4 Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para o pão contínuo da proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde, para os sábados, e para as luas novas, e para as festividades do Senhor nosso Deus, o que é perpetuamente a obrigação de Israel.

5 E a casa que estou para edificar há de ser grande, porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.

6 Porém quem teria a força, para lhe edificar uma casa, visto que os céus e até os céus dos céus não o podem conter? E quem sou eu, que lhe edificasse uma casa, senão para queimar incenso perante ele?

7 Manda-me, pois, agora um perito para trabalhar em ouro, e em prata, e em bronze, e em ferro, e em púrpura, e em carmesim, e em azul, e que saiba gravar com o buril, juntamente com os peritos que estão comigo em Judá e em Jerusalém, os quais Davi, meu pai, preparou.

8 Manda-me também madeira de cedro, faias, e sândalos do Líbano, porque bem sei eu que os teus servos sabem cortar madeira no Líbano; e eis que os meus servos estarão com os teus servos.

9 E isso para prepararem muita madeira, porque a casa que estou para fazer há de ser grande e maravilhosa.

10

E eis que a teus servos, os cortadores que cortarem a madeira, darei vinte mil coros de trigo batido, e vinte mil coros de cevada, e vinte mil batos de vinho, e vinte mil batos de azeite.

11 E Hurão, rei de Tiro, respondeu por escrito, e enviou a Salomão, dizendo: Porquanto o Senhor ama o seu povo, te constituiu rei sobre ele.

12 Disse mais Hurão: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que fez os céus e a terra, que deu ao rei Davi um filho sábio, de grande prudência e entendimento, para que edifique uma casa ao Senhor, e uma casa para o seu reino.

13 Agora, pois, envio um perito de grande entendimento, a saber, Hurão-Abi,

14 Filho de uma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi homem de Tiro; este sabe trabalhar em ouro, e em prata, em bronze, em ferro, em pedras, e em madeira, em púrpura, em azul, e em linho fino, e em carmesim, e é hábil em toda obra do buril, e para todas as engenhosas invenções, qualquer coisa que se lhe propuser, juntamente com os teus peritos, e os peritos de Davi, meu senhor, teu pai.

15 Agora, pois, meu senhor, mande para os seus servos o trigo, e a cevada, e o azeite, e o vinho, de que falou.

16 E nós cortaremos tanta madeira no Líbano quanta necessitares, e ta traremos em jangadas pelo mar a Jope, e tu a farás subir a Jerusalém.

17 E Salomão contou todos os homens estrangeiros que havia na terra de Israel, conforme a contagem com que os contara Davi, seu pai; e acharam-se cento e cinquenta e três mil e seiscentos.

18 E fez deles setenta mil carreteiros, e oitenta mil cortadores na montanha, como também três mil e seiscentos inspetores, para fazerem trabalhar o povo.

Capítulo 3

Salomão começa a construir o templo — Ele faz o véu e as colunas e utiliza muito ouro e muitas pedras preciosas.

1

E começou Salomão a edificar a casa do Senhor em Jerusalém, no monte Moriá, onde o Senhor se tinha mostrado a Davi, seu pai, no lugar que Davi tinha preparado na eira de Ornã, o jebuseu.

2 E começou a edificar no segundo mês, no dia segundo, no ano quarto do seu reinado.

3 E estes foram os alicerces que Salomão pôs para edificar a casa de Deus: o comprimento em côvados, segundo a medida primeira, de sessenta côvados, e a largura de vinte côvados.

4 E o alpendre que estava na frente tinha de comprimento, segundo a largura da casa, vinte côvados, e de altura, cento e vinte; e por dentro o cobriu com ouro puro.

5 E a casa grande cobriu com madeira de faia; e então a cobriu com ouro fino, e fez sobre ela palmeiras e cordões.

6 Também a casa adornou de pedras preciosas para ornamento; e o ouro era ouro de Parvaim.

7 Também na casa cobriu as vigas, os umbrais, e as suas paredes, e as suas portas, com ouro; e lavrou querubins nas paredes.

8 Fez também a casa do lugar santíssimo, cujo comprimento, segundo a largura da casa, era de vinte côvados, e a sua largura de vinte côvados; e cobriu-a de ouro fino, do peso de seiscentos talentos.

9 O peso dos pregos era de cinquenta siclos de ouro; e os cenáculos cobriu de ouro.

10

Também fez na casa do lugar santíssimo dois querubins de obra esculpida, e cobriu-os de ouro.

11 E quanto às asas dos querubins, o seu comprimento era de vinte côvados; a asa de um deles de cinco côvados, e tocava na parede da casa, e a outra asa de cinco côvados, e tocava na asa do outro querubim.

12 Também a asa do outro querubim era de cinco côvados, e tocava na parede da casa; era também a outra asa de cinco côvados, e estava pegada à asa do outro querubim.

13 E as asas destes querubins se estendiam vinte côvados, e estavam postos em pé, e os seus rostos virados para a casa.

14 Também fez o véu de azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pôs sobre ele querubins.

15 Fez também, diante da casa, duas colunas de trinta e cinco côvados de altura; e o capitel, que estava sobre cada uma, era de cinco côvados.

16 Também fez os cordões, como no oráculo, e as pôs sobre a cabeça das colunas; fez também cem romãs, as quais pôs entre os cordões.

17 E levantou as colunas diante do templo, uma à direita, e outra à esquerda; e chamou o nome da que estava à direita Jaquim, e o nome da que estava à esquerda, Boaz.

Capítulo 4

Salomão faz o mar de fundição e o coloca sobre doze bois — São feitos o altar, as bacias, as caldeiras e vários utensílios.

1

Também fez um altar de bronze de vinte côvados de comprimento, e de vinte côvados de largura, e de dez côvados de altura.

2 Fez também o mar de fundição, de dez côvados de uma borda até a outra, de contorno redondo, e de cinco côvados de altura; cingia-o ao redor um cordão de trinta côvados.

3 E por baixo dele havia figuras de bois, que ao redor o cingiam, e por dez côvados cercavam aquele mar ao redor, e tinha duas carreiras de bois, fundidos quando se fundiu o mar.

4 E estava sobre doze bois, três que olhavam para o norte, e três que olhavam para o ocidente, e três que olhavam para o sul, e três que olhavam para o oriente; e o mar estava posto sobre eles; e as suas partes posteriores eram para o lado de dentro.

5 E tinha um palmo de grossura, e a sua borda era feita como a borda de um copo, ou como uma flor-de-lis, da capacidade de três mil batos.

6 Também fez dez pias; e pôs cinco à direita, e cinco à esquerda, para lavarem nelas; o que pertencia ao holocausto o lavavam nelas, porém o mar era para que os sacerdotes se lavassem nele.

7 Fez também dez candelabros de ouro, segundo o modelo prescrito, e pô-los no templo, cinco à direita, e cinco à esquerda.

8 Também fez dez mesas, e pô-las no templo, cinco à direita, e cinco à esquerda; também fez cem bacias de ouro.

9 Fez também o pátio dos sacerdotes, e o pátio grande, como também as portas para o pátio, e as suas portas cobriu de bronze.

10

E o mar pôs ao lado direito, para o oriente, de frente para o sul.

11 Também Hurão fez as caldeiras, e as pás, e as bacias. Assim, acabou Hurão de fazer a obra que fazia para o rei Salomão, na casa de Deus:

12 As duas colunas, e os globos, e os dois capitéis sobre a cabeça das colunas; e as duas redes, para cobrir os dois globos dos capitéis, que estavam sobre a cabeça das colunas.

13 E as quatrocentas romãs para as duas redes: duas carreiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das colunas.

14 Também fez as bases; e as pias pôs sobre as bases;

15 Um mar, e os doze bois debaixo dele;

16 E os potes, e as pás, e os garfos, e todos os seus utensílios fez Hurão-Abi para o rei Salomão, para a casa do Senhor, de bronze polido.

17 Na campina do Jordão os fundiu o rei na terra argilosa, entre Sucote e Zeredá.

18 E fez Salomão todos esses utensílios em grande abundância, porque não se podia averiguar o peso do bronze.

19 Fez também Salomão todos os utensílios que eram para a casa de Deus, como também o altar de ouro, e as mesas, sobre as quais estavam os pães da proposição.

20

E os candelabros com as suas lâmpadas de ouro finíssimo, para as acenderem segundo a forma prescrita, perante o oráculo;

21 E as flores, e as lâmpadas, e as pinças de ouro, do mais perfeito ouro;

22 Como também as pinças, e as bacias, e as taças, e os incensários, de ouro finíssimo; e quanto à entrada da casa, as suas portas de dentro do lugar santíssimo, e as portas da casa do templo, eram de ouro.

Capítulo 5

O templo é terminado, e a arca da aliança é colocada no Santo dos Santos — A glória do Senhor enche o templo.

1

Assim, se acabou toda a obra que Salomão fez para a casa do Senhor; então trouxe Salomão as coisas consagradas de seu pai Davi, e a prata, e o ouro, e todos os utensílios, e pô-los entre os tesouros da casa de Deus.

2 Então Salomão convocou em Jerusalém os anciãos de Israel, e todos os chefes das tribos, os príncipes dos pais entre os filhos de Israel, para fazerem subir a arca da aliança do Senhor, da cidade de Davi, que é Sião.

3 E todos os homens de Israel se congregaram ao rei na festa, que era no sétimo mês.

4 E vieram todos os anciãos de Israel; e os levitas levantaram a arca.

5 E fizeram subir a arca, e a tenda da congregação, com todos os utensílios sagrados que estavam na tenda; os sacerdotes e os levitas os fizeram subir.

6 Então o rei Salomão, e toda a congregação de Israel, que se tinha congregado com ele diante da arca, sacrificaram carneiros, e bois, que não se podiam contar, nem numerar, por causa da sua multidão.

7 Assim, trouxeram os sacerdotes a arca da aliança do Senhor ao seu lugar, ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo, até debaixo das asas dos querubins.

8 Porque os querubins estendiam ambas as asas sobre o lugar da arca, e os querubins por cima cobriam a arca e as suas varas.

9 E as varas sobressaíam para que as pontas das varas da arca se vissem perante o oráculo, mas não se vissem de fora; e esteve ali até o dia de hoje.

10

Na arca nada havia senão as duas tábuas que Moisés tinha posto em Horebe, quando o Senhor fez convênio com os filhos de Israel, ao saírem eles do Egito.

11 E sucedeu que, ao saírem os sacerdotes do santuário (porque todos os sacerdotes que se acharam se santificaram, sem respeitarem os seus turnos,

12 E os levitas cantores, todos de Asafe, de Hemã, de Jedutum, e de seus filhos, e de seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos, e com alaúdes, e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar, e com eles cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas),

13 Eles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor; e levantando eles a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos musicais, e bendizendo ao Senhor, porque era bom, porque a sua benignidade durava para sempre; e a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a casa do Senhor.

14 E não podiam os sacerdotes manter-se em pé para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus.

Capítulo 6

Salomão abençoa a congregação de Israel — Ele profere a oração dedicatória do templo — Ora pedindo misericórdia e bênçãos para o Israel penitente.

1

Então disse Salomão: O Senhor disse que habitaria na densa nuvem.

2 E eu te edifiquei uma casa para morada, e um lugar para a tua eterna habitação.

3 Então o rei virou o seu rosto, e abençoou toda a congregação de Israel, e toda a congregação de Israel estava em pé.

4 E ele disse: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que falou pela sua boca a Davi, meu pai, e pelas suas mãos o cumpriu, dizendo:

5 Desde o dia em que tirei meu povo da terra do Egito, não escolhi cidade alguma de todas as tribos de Israel, para edificar nela uma casa em que estivesse o meu nome, nem escolhi homem algum para ser chefe do meu povo Israel.

6 Porém escolhi Jerusalém, para que ali estivesse o meu nome; e escolhi Davi, para que estivesse sobre o meu povo Israel.

7 Também Davi, meu pai, tinha no seu coração a intenção de edificar uma casa ao nome do Senhor Deus de Israel.

8 Porém o Senhor disse a Davi, meu pai: Porquanto tiveste no teu coração a intenção de edificar uma casa ao meu nome, bem fizeste de ter isso no teu coração.

9 Contudo tu não edificarás a casa, mas teu filho, que há de proceder de teus lombos, esse edificará a casa ao meu nome.

10

Assim, confirmou o Senhor a sua palavra, que ele falou; porque eu me levantei em lugar de Davi, meu pai, e me assentei sobre o trono de Israel, como o Senhor disse, e edifiquei a casa ao nome do Senhor Deus de Israel.

11 E pus nela a arca, em que está o convênio do Senhor, que fez com os filhos de Israel.

12 E pôs-se em pé perante o altar do Senhor, defronte de toda a congregação de Israel, e estendeu as suas mãos.

13 Porque Salomão tinha feito uma base de bronze, de cinco côvados de comprimento, e de cinco côvados de largura, e de três côvados de altura, e a tinha posto no meio do pátio, e pôs-se nela em pé, e ajoelhou-se em presença de toda a congregação de Israel, e estendeu as suas mãos para o céu,

14 E disse: Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus semelhante a ti, nem nos céus nem na terra, que guardas o convênio e a benevolência aos teus servos que caminham perante ti de todo o seu coração;

15 Que fizeste ao teu servo Davi, meu pai, o que lhe falaste, porque tu pela tua boca o disseste, e pela tua mão o cumpriste, como se vê neste dia.

16 Agora, pois, Senhor, Deus de Israel, faze ao teu servo Davi, meu pai, o que falaste, dizendo: Nunca te faltará diante de mim homem que se assente sobre o trono de Israel; tão somente que teus filhos guardem seu caminho, andando na minha lei, como tu andaste diante de mim.

17 E agora, Senhor Deus de Israel, cumpra-se a tua palavra, que falaste ao teu servo, a Davi.

18 Mas verdadeiramente habitará Deus com os homens na terra? Eis que os céus e o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que edifiquei!

19 Atende, pois, à oração do teu servo, e à sua súplica, ó Senhor meu Deus, para ouvires o clamor, e a oração que o teu servo ora perante ti.

20

Que os teus olhos estejam dia e noite abertos sobre este lugar, de que disseste que ali porias o teu nome, para ouvires a oração que o teu servo fizer neste lugar.

21 Ouve, pois, as súplicas do teu servo, e do teu povo Israel, que orarem neste lugar; e ouve tu do lugar da tua habitação, desde os céus; ouve, pois, e perdoa.

22 Quando alguém pecar contra o seu próximo, e lhe for imposto um juramento de maldição, e o juramento vier perante o teu altar, nesta casa,

23 Ouve tu então, desde os céus, e age, e julga teus servos, pagando ao ímpio, fazendo recair o seu proceder sobre a sua cabeça, e justificando o justo, dando-lhe segundo a sua justiça.

24 Quando também o teu povo Israel for derrotado diante do inimigo, por ter pecado contra ti, e eles se converterem, e confessarem o teu nome, e orarem e suplicarem perante ti nesta casa,

25 Então ouve tu desde os céus, e perdoa os pecados de teu povo Israel, e faze-os retornar à terra que lhes deste, a eles e a seus pais.

26 Quando os céus se fecharem, e não houver chuva, por terem pecado contra ti, e orarem neste lugar, e confessarem teu nome, e se converterem dos seus pecados, quando tu os afligires,

27 Então ouve tu desde os céus, e perdoa o pecado de teus servos, e do teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho, em que andem; e dá chuva sobre a tua terra, que deste ao teu povo em herança.

28 Havendo fome na terra, havendo peste, havendo queimadura do trigo, ou ferrugem, gafanhotos, ou lagarta, cercando-a algum dos seus inimigos nas terras das suas portas, ou quando houver qualquer praga, ou qualquer enfermidade,

29 Toda oração, e toda súplica que qualquer homem fizer, ou todo o teu povo Israel, conhecendo cada um a sua praga, e a sua dor, e estender as suas mãos para esta casa,

30

Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e perdoa, e dá a cada um conforme todos os seus caminhos, segundo conheces o seu coração (pois só tu conheces o coração dos filhos dos homens),

31 A fim de que te temam, para andarem nos teus caminhos, todos os dias que viverem na terra que deste a nossos pais.

32 Assim também o estrangeiro, que não for do teu povo Israel, mas vier de terras remotas por causa do teu grande nome, e da tua poderosa mão, e do teu braço estendido, vindo eles e orando voltados para esta casa,

33 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e faze conforme tudo o que o estrangeiro te suplicar, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, e te temam, como o teu povo Israel, e a fim de saberem que pelo teu nome é chamada esta casa que edifiquei.

34 Quando o teu povo sair à guerra contra os seus inimigos, pelo caminho que os enviares, e orarem a ti voltados para esta cidade que escolheste, e esta casa, que edifiquei ao teu nome,

35 Ouve então desde os céus a sua oração, e a sua súplica, e faze-lhes justiça.

36 Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares diante do inimigo, para que os levem em cativeiro para alguma terra remota ou vizinha,

37 E na terra para onde forem levados em cativeiro, caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro a ti suplicarem, dizendo: Pecamos, perversamente fizemos, e impiamente agimos;

38 E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra do seu cativeiro, a que os levaram presos, e orarem voltados para a direção da sua terra, que deste a seus pais, e desta cidade que escolheste, e desta casa que edifiquei ao teu nome,

39 Ouve então desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração e as suas súplicas, e faze-lhes justiça, e perdoa o teu povo que houver pecado contra ti.

40

Agora, pois, ó meu Deus, estejam os teus olhos abertos, e os teus ouvidos atentos à oração que se fizer neste lugar.

41 Levanta-te, pois, agora, Senhor Deus, para o teu repouso, tu e a arca da tua fortaleza; os teus sacerdotes, ó Senhor Deus, sejam vestidos de salvação, e os teus santos se alegrem no bem.

42 Oh, Senhor Deus, não faças virar o rosto do teu ungido; lembra-te das misericórdias de Davi, teu servo.

Capítulo 7

Desce fogo do céu e consome os sacrifícios e holocaustos — O Senhor aparece a Salomão e promete abençoar o povo — Os israelitas prosperarão se guardarem os mandamentos.

1

E acabando Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do Senhor encheu a casa.

2 E os sacerdotes não podiam entrar na casa do Senhor, porque a glória do Senhor tinha enchido a casa do Senhor.

3 E todos os filhos de Israel vendo descer o fogo, e a glória do Senhor sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e louvaram ao Senhor, porque é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

4 E o rei e todo o povo ofereceram sacrifícios perante o Senhor.

5 E o rei Salomão ofereceu sacrifícios de bois, vinte e dois mil, e de ovelhas, cento e vinte mil; e o rei e todo o povo consagraram a casa de Deus.

6 E os sacerdotes, segundo os seus turnos, estavam em pé, como também os levitas com os instrumentos musicais do Senhor, que o rei Davi tinha feito para louvarem ao Senhor, cuja benignidade dura para sempre, quando Davi o louvava pelo ministério deles; e os sacerdotes tocavam as trombetas defronte deles, e todo o Israel estava em pé.

7 E Salomão santificou o meio do pátio, que estava diante da casa do Senhor, porquanto ali tinha ele oferecido os holocaustos e a gordura das ofertas pacíficas, porque no altar de bronze que Salomão tinha feito não podiam caber o holocausto, e a oferta de manjares, e a gordura.

8 E naquele mesmo tempo celebrou Salomão a festa por sete dias, e todo o Israel com ele, uma congregação muito grande, desde a entrada de Hamate, até o rio do Egito.

9 E ao dia oitavo realizaram uma assembleia solene, porque por sete dias celebraram a consagração do altar, e por sete dias a festa.

10

E no dia vigésimo terceiro do sétimo mês, deixou ir o povo para as suas tendas, alegres e de bom ânimo, pelo bem que o Senhor tinha feito a Davi, e a Salomão, e a seu povo Israel.

11 Assim, Salomão acabou a casa do Senhor, e a casa do rei; e tudo quanto Salomão intentou fazer na casa do Senhor e na sua casa, prosperamente o efetuou.

12 E o Senhor apareceu de noite a Salomão, e disse-lhe: Ouvi a tua oração, e escolhi para mim este lugar para casa de sacrifício.

13 Se eu fechar os céus, e não houver chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo,

14 E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

15 Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração feita neste lugar.

16 Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente, e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.

17 E quanto a ti, se andares diante de mim, como andou Davi, teu pai, e fizeres conforme tudo o que te ordenei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos,

18 Também confirmarei o trono do teu reino, conforme o convênio que fiz com Davi, teu pai, dizendo: Não te faltará homem que governe em Israel.

19 Porém se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos, e os meus mandamentos, que vos prescrevi, e fordes, e servirdes a outros deuses, e vos prostrardes a eles,

20

Então os arrancarei da minha terra que lhes dei, e lançarei longe da minha presença esta casa que consagrei ao meu nome, e farei com que seja por provérbio e motejo entre todas as nações.

21 E desta casa, que fora tão exaltada, qualquer que passar por ela se espantará e dirá: Por que fez o Senhor assim com esta terra e com esta casa?

22 E dirão: Porquanto deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirou da terra do Egito, e se deram a outros deuses, e se prostraram a eles, e os serviram, por isso ele trouxe sobre eles todo este mal.

Capítulo 8

Salomão constrói cidades — Ele oferece sacrifícios de acordo com a lei de Moisés — Os sacerdotes e os levitas são encarregados de servir ao Senhor.

1

E sucedeu, ao cabo de vinte anos, nos quais Salomão edificou a casa do Senhor, e a sua própria casa,

2 Que Salomão edificou as cidades que Hurão lhe tinha dado, e fez habitar nelas os filhos de Israel.

3 Depois foi Salomão a Hamate-Zobá, e a tomou.

4 Também edificou Tadmor no deserto, e todas as cidades das provisões, que edificou em Hamate.

5 Edificou também a alta Bete-Horom, e a baixa Bete-Horom, cidades fortificadas com muros, portas e ferrolhos;

6 Como também Baalate, e todas as cidades das provisões que Salomão tinha, e todas as cidades dos carros e as cidades dos cavaleiros, e tudo quanto Salomão, conforme o seu desejo, quis edificar em Jerusalém, e no Líbano, e em toda a terra do seu domínio.

7 Quanto a todo o povo, que tinha ficado dos heteus, e amorreus, e perizeus, e heveus, e jebuseus, que não eram de Israel,

8 Dos seus filhos, que ficaram depois deles na terra, os quais os filhos de Israel não destruíram, Salomão os fez tributários, até o dia de hoje.

9 Porém dos filhos de Israel, a quem Salomão não fez servos para sua obra (mas eram homens de guerra, chefes dos seus capitães, e chefes dos seus carros, e dos seus cavaleiros),

10

Destes, pois, eram os chefes dos oficiais que o rei Salomão tinha, duzentos e cinquenta, que governavam o povo.

11 E Salomão fez subir a filha de Faraó da cidade de Davi para a casa que lhe tinha edificado; porque disse: Minha mulher não morará na casa de Davi, rei de Israel, porquanto santos são os lugares nos quais entrou a arca do Senhor.

12 Então Salomão ofereceu holocaustos ao Senhor, sobre o altar do Senhor, que tinha edificado diante do pórtico,

13 E isto segundo a ordem de cada dia, ofertando de acordo com o mandamento de Moisés, nos sábados, e nas luas novas, e nas solenidades, três vezes no ano, na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos.

14 Também, conforme a ordem de Davi, seu pai, ordenou os turnos dos sacerdotes nos seus ministérios, como também os dos levitas acerca de suas guardas, para louvarem a Deus, e ministrarem diante dos sacerdotes, segundo a ordem de cada dia, e os porteiros pelos seus turnos a cada porta, porque tal era o mandado de Davi, o homem de Deus.

15 E não se desviaram do mandado do rei aos sacerdotes e levitas em coisa alguma, nem acerca dos tesouros.

16 Assim se preparou toda a obra de Salomão, desde o dia em que se lançaram os fundamentos da casa do Senhor, até ser acabada; e assim se concluiu a casa do Senhor.

17 Então foi Salomão a Eziom-Geber, e a Elote, à praia do mar, na terra de Edom.

18 E enviou-lhe Hurão, por mão de seus servos, navios, e servos conhecedores do mar, e foram com os servos de Salomão a Ofir, e tomaram de lá quatrocentos e cinquenta talentos de ouro, e os trouxeram ao rei Salomão.

Capítulo 9

A Rainha de Sabá visita Salomão — Ele se sobressai em sabedoria, riqueza e magnificência — Depois de reinar quarenta anos, Salomão morre, e Roboão torna-se rei.

1

E ouvindo a rainha de Sabá a fama de Salomão, foi a Jerusalém, para pôr Salomão à prova com enigmas, com uma comitiva muito grande, e camelos carregados de especiarias, e ouro em abundância, e pedras preciosas; e foi a Salomão, e falou com ele de tudo o que tinha no seu coração.

2 E Salomão lhe respondeu todas as suas questões, e não houve nada que não lhe pudesse esclarecer.

3 Vendo, pois, a rainha de Sabá a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara,

4 E as iguarias da sua mesa, e o lugar dos seus servos, e o serviço dos seus criados, e as vestes deles, e os seus copeiros, e as vestes deles, e a sua subida pela qual ele ia à casa do Senhor, ela ficou como fora de si.

5 Então disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra acerca dos teus feitos e da tua sabedoria.

6 Porém não acreditava nas suas palavras, até que vim, e meus olhos o viram, e eis que não me disseram a metade da grandeza da tua sabedoria; sobrepujaste a fama que ouvi.

7 Bem-aventurados os teus homens, e bem-aventurados estes teus servos, que estão sempre diante de ti, e ouvem a tua sabedoria!

8 Bendito seja o Senhor teu Deus, que se agradou de ti para te pôr como rei sobre o seu trono, para o Senhor teu Deus, porquanto teu Deus ama Israel, para estabelecê-lo perpetuamente; e pôs-te por rei sobre eles, para fazeres juízo e justiça.

9 E deu ao rei cento e vinte talentos de ouro, e especiarias em grande abundância, e pedras preciosas; e nunca houve tais especiarias, quais a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.

10

E também os servos de Hurão, e os servos de Salomão, que de Ofir tinham trazido ouro, trouxeram madeira de sândalo, e pedras preciosas.

11 E fez o rei corredores de madeira de sândalo, para a casa do Senhor, e para a casa do rei, como também harpas e alaúdes para os cantores, quais nunca dantes se viram na terra de Judá.

12 E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo quanto lhe agradou, e o que lhe pediu, além do que ela mesma trouxera ao rei; assim, voltou e foi para a sua terra, ela com os seus servos.

13 E era o peso do ouro, que chegava em um ano a Salomão, seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro,

14 Afora o que os negociantes e mercadores traziam; também todos os reis da Arábia, e os príncipes da mesma terra traziam a Salomão ouro e prata.

15 Também fez Salomão duzentos paveses de ouro batido; para cada pavês mandou pesar seiscentos siclos de ouro batido.

16 Como também trezentos escudos de ouro batido; para cada escudo mandou pesar trezentos siclos de ouro; e Salomão os pôs na casa do bosque do Líbano.

17 Fez também o rei um grande trono de marfim, e o cobriu de ouro puro.

18 E o trono tinha seis degraus, e um estrado de ouro pegado ao trono, e encostos de ambos os lados no lugar do assento; e dois leões estavam junto aos encostos.

19 E doze leões estavam ali de ambos os lados, sobre os seis degraus; outro tal não se fez em nenhum reino.

20

Também todas as taças do rei Salomão eram de ouro, e todos os utensílios da casa do bosque do Líbano, de ouro puro; a prata reputava-se por nada nos dias de Salomão.

21 Porque indo os navios do rei com os servos de Hurão a Társis, retornavam os navios de Társis, uma vez a cada três anos, e traziam ouro e prata, marfim, e bugios, e pavões.

22 Assim, excedeu o rei Salomão todos os reis da terra em riqueza e sabedoria.

23 E todos os reis da terra procuravam ver o rosto de Salomão, para ouvirem a sua sabedoria, que Deus lhe pusera no seu coração.

24 E eles traziam cada um o seu presente, utensílios de prata, utensílios de ouro, e vestes, armaduras, e especiarias, cavalos e mulos; assim faziam de ano em ano.

25 Teve também Salomão quatro mil estrebarias de cavalos e carros, e doze mil cavaleiros; e pô-los nas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém.

26 E dominava sobre todos os reis, desde o rio até a terra dos filisteus, e até o termo do Egito.

27 Também o rei fez que houvesse prata em Jerusalém como pedras, e cedros em tanta abundância como as figueiras bravas que há pelas campinas.

28 E do Egito e de todas aquelas terras traziam cavalos a Salomão.

29 E o restante dos feitos de Salomão, tanto os primeiros como os últimos, porventura não estão escritos no livro das crônicas de Natã, o profeta, e na profecia de Aías, o silonita, e nas visões de Ido, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate?

30

E reinou Salomão em Jerusalém quarenta anos sobre todo o Israel.

31 E dormiu Salomão com seus pais, e o sepultaram na cidade de Davi, seu pai; e Roboão, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 10

O povo pede alívio, mas Roboão promete aumentar os fardos do povo — Israel rebela-se, e o reino é dividido.

1

E foi Roboão a Siquém, porque todo o Israel tinha ido a Siquém para o fazerem rei.

2 E sucedeu que, ouvindo-o Jeroboão, filho de Nebate (o qual estava então no Egito, para onde fugira da presença do rei Salomão), voltou Jeroboão do Egito.

3 Porque mandaram chamá-lo, e chegou, pois, Jeroboão com todo o Israel, e falaram a Roboão dizendo:

4 Teu pai fez duro o nosso jugo, alivia tu, pois, agora a dura servidão de teu pai, e o pesado jugo dele, que nos tinha imposto, e servir-te-emos.

5 E ele lhes disse: Daqui a três dias retornai a mim. Então o povo se foi.

6 E teve Roboão conselho com os anciãos, que estiveram perante Salomão, seu pai, enquanto viveu, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo?

7 E eles lhe falaram, dizendo: Se te fizeres benigno e afável com este povo, e lhes falares boas palavras, todos os dias serão teus servos.

8 Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe deram, e teve conselho com os jovens, que haviam crescido com ele, e estavam perante ele.

9 E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia-nos o jugo que teu pai nos impôs?

10

E os jovens, que com ele haviam crescido, lhe falaram, dizendo: Assim dirás a este povo, que te falou, dizendo: Teu pai agravou o nosso jugo, tu, porém, alivia-nos; assim, pois, lhes falarás: O meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.

11 Assim que, se meu pai vos impôs um jugo pesado, eu ainda acrescentarei sobre o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

12 Foram, pois, Jeroboão e todo o povo a Roboão, no terceiro dia, como o rei tinha ordenado, dizendo: Retornai a mim ao terceiro dia.

13 E o rei lhes respondeu asperamente, porque o rei Roboão deixou o conselho dos anciãos.

14 E falou-lhes conforme o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu lhe acrescentarei mais; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

15 Assim, o rei não deu ouvidos ao povo, porque essa reviravolta vinha de Deus, para que o Senhor confirmasse a sua palavra, a qual falara pelo ministério de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.

16 Vendo, pois, todo o Israel, que o rei não lhes dava ouvidos, então o povo respondeu ao rei, dizendo: Que parte temos nós com Davi? não temos herança no filho de Jessé; Israel, cada um às suas tendas! Olha agora pela tua casa, ó Davi. Assim, todo o Israel se foi para as suas tendas.

17 Porém, quanto aos filhos de Israel, que habitavam nas cidades de Judá, sobre eles reinou Roboão.

18 Então o rei Roboão enviou Hadorão, que tinha cargo dos tributos; porém os filhos de Israel o apedrejaram, de modo que morreu; então o rei Roboão se esforçou para subir no seu carro, e fugiu para Jerusalém.

19 Assim, se rebelaram os israelitas contra a casa de Davi, até o dia de hoje.

Capítulo 11

Roboão fortalece o reino de Judá mas é proibido de subjugar Israel — Jeroboão conduz o reino de Israel à idolatria — Roboão toma muitas esposas e concubinas.

1

Chegando, pois, Roboão a Jerusalém, ajuntou da casa de Judá e Benjamim cento e oitenta mil escolhidos, destros na guerra, para pelejarem contra Israel, e para restituírem o reino a Roboão.

2 Porém a palavra do Senhor veio a Semaías, homem de Deus, dizendo:

3 Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todo o Israel, em Judá e Benjamim, dizendo:

4 Assim diz o Senhor: Não subireis, nem pelejareis contra os vossos irmãos, retornai cada um à sua casa, porque de mim proveio isto. E ouviram as palavras do Senhor, e desistiram de ir contra Jeroboão.

5 E Roboão habitou em Jerusalém, e edificou cidades para defesa, em Judá.

6 Edificou, pois, Belém, e Etã, e Tecoa,

7 E Bete-Zur, e Socó, e Adulão,

8 E Gate, e Maressa, e Zife,

9 E Adoraim, e Laquis, e Azeca,

10

E Zorá, e Aijalom, e Hebrom, que estavam em Judá e em Benjamim, cidades fortificadas.

11 E fortificou estas fortalezas e pôs nelas capitães, e armazéns de víveres, e de azeite, e de vinho.

12 E pôs em cada cidade paveses e lanças; fortificou-as sobremaneira; e Judá e Benjamim foram seus.

13 Também os sacerdotes, e os levitas, que havia em todo o Israel, se ajuntaram a ele de todos os seus termos.

14 Porque os levitas deixaram os seus arrabaldes, e a sua possessão, e foram a Judá e a Jerusalém, porque Jeroboão e seus filhos os lançaram fora, para que não ministrassem ao Senhor.

15 E ele constituiu para si sacerdotes, para os altos, e para os demônios, e para os bezerros que fizera.

16 Depois desses, também de todas as tribos de Israel, os que tinham resolvido no seu coração buscar ao Senhor Deus de Israel foram a Jerusalém, para oferecer sacrifícios ao Senhor Deus de seus pais.

17 Assim, fortaleceram o reino de Judá e corroboraram Roboão, filho de Salomão, por três anos, porque três anos andaram no caminho de Davi e Salomão.

18 E Roboão tomou para si, por mulher, Maalate, filha de Jerimote, filho de Davi, e Abiail, filha de Eliabe, filho de Jessé,

19 A qual lhe deu filhos: Jeús, e Samarias, e Zaã.

20

E depois dela tomou Maaca, filha de Absalão; esta lhe deu Abias, e Atai, e Ziza, e Selomite.

21 E amava Roboão mais a Maaca, filha de Absalão, do que a todas as suas outras mulheres e concubinas, porque ele tinha tomado dezoito mulheres, e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos, e sessenta filhas.

22 E Roboão pôs por cabeça Abias, filho de Maaca, para ser chefe entre os seus irmãos, porque o queria fazer rei.

23 E usou de prudência, e de todos os seus filhos, espalhou alguns por todas as terras de Judá e Benjamim, por todas as cidades fortificadas; e deu-lhes víveres em abundância, e lhes desejou uma multidão de mulheres.

Capítulo 12

Roboão abandona a lei do Senhor — Os egípcios saqueiam Jerusalém e levam os tesouros da casa do Senhor — O povo se arrepende e recebe libertação parcial — Morre Roboão.

1

E sucedeu que, havendo Roboão estabelecido o reino, e havendo-se fortalecido, deixou a lei do Senhor, e com ele todo o Israel.

2 Pelo que sucedeu, no ano quinto do rei Roboão, que Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém (porque tinham transgredido contra o Senhor)

3 Com mil e duzentos carros, e com sessenta mil cavaleiros; e era inumerável a gente que vinha com ele do Egito, de líbios, suquitas e etíopes.

4 E tomou as cidades fortificadas que Judá tinha, e foi a Jerusalém.

5 Então foi Semaías, o profeta, a Roboão e aos príncipes de Judá que se ajuntaram em Jerusalém por causa de Sisaque, e disse-lhes: Assim diz o Senhor: Vós me deixastes a mim, pelo que eu também vos deixei na mão de Sisaque.

6 Então se humilharam os príncipes de Israel, e o rei, e disseram: O Senhor é justo.

7 Vendo, pois, o Senhor que se humilhavam, veio a palavra do Senhor a Semaías, dizendo: Humilharam-se, não os destruirei; mas em breve lhes darei algum socorro, para que o meu furor não se derrame sobre Jerusalém, por mão de Sisaque.

8 Porém serão seus servos, para que conheçam a diferença da minha servidão e da servidão dos reinos da terra.

9 Subiu, pois, Sisaque, rei do Egito, contra Jerusalém, e tomou os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei, levou tudo; também tomou os escudos de ouro que Salomão fizera.

10

E fez o rei Roboão em lugar deles escudos de bronze, e os entregou na mão dos capitães da guarda, que guardavam a porta da casa do rei.

11 E sucedeu que, entrando o rei na casa do Senhor, vinham os da guarda, e os levavam, e os tornavam a pôr na câmara da guarda.

12 E humilhando-se ele, a ira do Senhor se desviou dele, para que não o destruísse de todo, porque ainda em Judá havia boas coisas.

13 Fortificou-se, pois, o rei Roboão em Jerusalém, e reinou; e Roboão era da idade de quarenta e um anos quando começou a reinar; e dezessete anos reinou em Jerusalém, a cidade que o Senhor escolheu dentre todas as tribos de Israel, para pôr ali o seu nome; e era o nome de sua mãe Naamá, amonita.

14 E fez o que era mau, porquanto não preparou o seu coração para buscar ao Senhor.

15 Os feitos, pois, de Roboão, tanto os primeiros, como os últimos, porventura não estão escritos nos livros de Semaías, o profeta, e de Ido, o vidente, na relação das genealogias? E houve guerras entre Roboão e Jeroboão em todos os seus dias.

16 E Roboão dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi; e Abias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 13

Abias reina em Judá — Ele derrota Jeroboão e os exércitos de Israel — O Senhor fere Jeroboão, e ele morre.

1

No ano décimo oitavo do rei Jeroboão, reinou Abias sobre Judá.

2 Três anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Micaía, filha de Uriel de Gibeá; e houve guerra entre Abias e Jeroboão.

3 E Abias ordenou a peleja com um exército de homens valentes, de quatrocentos mil homens escolhidos; e Jeroboão dispôs contra ele para a batalha oitocentos mil homens escolhidos, todos homens valentes.

4 E pôs-se Abias em pé em cima do monte de Zemaraim, que está na montanha de Efraim, e disse: Ouvi-me, Jeroboão e todo o Israel:

5 Porventura não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por um convênio de sal?

6 Contudo, levantou-se Jeroboão, filho de Nebate, servo de Salomão, filho de Davi, e se rebelou contra seu senhor.

7 E ajuntaram-se a ele homens vadios, filhos de Belial, e fortificaram-se contra Roboão, filho de Salomão, sendo Roboão ainda jovem e terno de coração, e não lhes podia resistir.

8 E agora julgais que podeis resistir ao reino do Senhor, que está na mão dos filhos de Davi, visto que sois vós uma grande multidão, e tendes convosco os bezerros de ouro que Jeroboão vos fez para deuses.

9 Não lançastes vós fora os sacerdotes do Senhor, os filhos de Aarão, e os levitas, e não fizestes para vós sacerdotes, como as gentes das outras terras? Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.

10

Porém, quanto a nós, o Senhor é nosso Deus, e nunca o deixamos; e os sacerdotes, que ministram ao Senhor são filhos de Aarão, e os levitas se ocupam na sua obra.

11 E queimam ao Senhor cada manhã e cada tarde holocaustos, incenso aromático, com os pães da proposição sobre a mesa pura, e o candelabro de ouro, e as suas lâmpadas para se acenderem cada tarde, porque nós guardamos o mandado do Senhor nosso Deus; porém vós o deixastes.

12 E eis que Deus está conosco na dianteira, como também os seus sacerdotes, tocando com as trombetas, para dar alarme contra vós, ó filhos de Israel; não pelejeis contra o Senhor Deus de vossos pais, porque não prosperareis.

13 Mas Jeroboão fez uma emboscada em volta, para atacá-los por detrás, de maneira que estava defronte de Judá e a emboscada por detrás deles.

14 Então Judá olhou, e eis que tinham que pelejar por diante e por detrás; então clamaram ao Senhor, e os sacerdotes tocaram as trombetas.

15 E os homens de Judá gritaram; e sucedeu que, gritando os homens de Judá, Deus feriu Jeroboão e todo o Israel diante de Abias e de Judá.

16 E os filhos de Israel fugiram de diante de Judá, e Deus os entregou na sua mão.

17 De maneira que Abias e o seu povo fizeram grande matança entre eles, porque caíram mortos de Israel quinhentos mil homens escolhidos.

18 E foram abatidos os filhos de Israel naquele tempo; e os filhos de Judá prevaleceram porque confiaram no Senhor Deus de seus pais.

19 E Abias perseguiu Jeroboão, e tomou Betel com as suas vilas, e Jesana com as suas vilas, e Efrom com as suas vilas.

20

E Jeroboão não recobrou mais nenhuma força nos dias de Abias, porém o Senhor o feriu, e ele morreu.

21 Abias, pois, se fortificou, e tomou para si quatorze mulheres, e gerou vinte e dois filhos e dezesseis filhas.

22 E o restante dos feitos de Abias, tanto os seus caminhos como as suas palavras, estão escritos na história do profeta Ido.

Capítulo 14

Asa reina em Judá, reconstrói as cidades e derrota e saqueia os etíopes, que atacam Judá.

1

E Abias dormiu com seus pais, e o sepultaram na cidade de Davi; e Asa, seu filho, reinou em seu lugar; nos seus dias esteve a terra em paz dez anos.

2 E Asa fez o que era bom e reto aos olhos do Senhor seu Deus.

3 Porque tirou os altares dos deuses estranhos, e os altos, e quebrou as estátuas, e cortou os postes-ídolos.

4 E ordenou a Judá que buscassem ao Senhor Deus de seus pais, e que observassem a lei e o mandamento.

5 Também tirou de todas as cidades de Judá os altos e as imagens do sol; e o reino esteve em paz diante dele.

6 E edificou cidades fortificadas em Judá, porque a terra estava em paz, e não havia guerra contra ele naqueles anos, porquanto o Senhor lhe dera repouso.

7 Disse, pois, a Judá: Edifiquemos estas cidades, e cerquemo-las de muros e torres, portas e ferrolhos, enquanto a terra ainda está em paz diante de nós, pois buscamos ao Senhor nosso Deus; buscamo-lo, e deu-nos repouso em redor. Edificaram, pois, e prosperaram.

8 Tinha, pois, Asa um exército de trezentos mil de Judá que levavam pavês e lança; e duzentos e oitenta mil de Benjamim, que levavam escudo e atiravam com arco; todos estes eram homens valentes.

9 E Zerá, o etíope, saiu contra eles, com um exército de um milhão, e trezentos carros, e chegou até Maressa.

10

Então Asa saiu contra ele, e ordenaram a batalha no vale de Zefatá, junto a Maressa.

11 E Asa clamou ao Senhor seu Deus, e disse: Senhor, nada é para ti ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força; ajuda-nos, pois, Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e em teu nome viemos contra esta multidão; Senhor, tu és nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem.

12 E o Senhor feriu os etíopes diante de Asa e diante de Judá; e fugiram os etíopes.

13 E Asa, e o povo que estava com ele os perseguiram até Gerar, e caíram tantos dos etíopes que já não havia neles vigor algum, porque foram destruídos diante do Senhor, e diante do seu exército; e levaram dali muito grande despojo.

14 E atacaram todas as cidades nos arredores de Gerar, porque o terror do Senhor estava sobre eles; e saquearam todas as cidades, porque havia nelas muita presa.

15 Também atacaram os currais do gado, e levaram ovelhas em abundância, e camelos, e voltaram para Jerusalém.

Capítulo 15

Azarias profetiza que Judá prosperará se o povo guardar os mandamentos — Asa elimina de Judá a adoração falsa — Muitos de Efraim, Manassés e Simeão migram para Judá — O povo faz convênio de servir ao Senhor e é abençoado.

1

Então veio o Espírito de Deus sobre Azarias, filho de Obede.

2 E saiu ao encontro de Asa, e disse-lhe: Ouvi-me, Asa, e todo o Judá e Benjamim: O Senhor está convosco enquanto vós estais com ele, e se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará.

3 E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei.

4 Mas quando na sua angústia se convertiam ao Senhor Deus de Israel, e o buscavam, o achavam.

5 E naqueles tempos não havia paz, nem para o que saía, nem para o que entrava, mas muitas perturbações sobre todos os habitantes daquelas terras.

6 Porque nação contra nação, e cidade contra cidade se despedaçavam, porque Deus os perturbara com toda a angústia.

7 Mas sede fortes, e não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra tem uma recompensa.

8 Ouvindo, pois, Asa estas palavras, e a profecia do profeta, filho de Obede, encheu-se de coragem, e tirou as abominações de toda a terra de Judá e de Benjamim, como também das cidades que tomara nas montanhas de Efraim, e renovou o altar do Senhor, que estava diante do pórtico do Senhor.

9 E ajuntou todo o Judá, e Benjamim, e com eles os estrangeiros de Efraim e Manassés, e de Simeão, porque de Israel desertaram para ele em grande número, vendo que o Senhor seu Deus era com ele.

10

E ajuntaram-se em Jerusalém no terceiro mês, no ano décimo do reinado de Asa.

11 E no mesmo dia ofereceram em sacrifício ao Senhor, do despojo que trouxeram, setecentos bois e sete mil ovelhas.

12 E entraram no convênio de buscarem ao Senhor, Deus de seus pais, com todo o seu coração, e com toda a sua alma,

13 E de que todo aquele que não buscasse ao Senhor Deus de Israel, morresse, desde o menor até o maior, e desde o homem até a mulher.

14 E juraram ao Senhor em alta voz, com júbilo e com trombetas e buzinas.

15 E todo o Judá se alegrou desse juramento, porque com todo o seu coração juraram, e com toda a sua vontade o buscaram, e o acharam; e o Senhor lhes deu repouso em redor.

16 E também a Maaca, mãe do rei Asa, ele a depôs, para que não fosse mais rainha, porquanto fizera a Aserá um horrível ídolo; e Asa destruiu o seu horrível ídolo, e o despedaçou, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom.

17 Os altos, porém, não se tiraram de Israel; contudo o coração de Asa foi perfeito todos os seus dias.

18 E levou as coisas que seu pai tinha consagrado, e as coisas que ele mesmo tinha consagrado à casa de Deus: prata, e ouro, e utensílios.

19 E não houve guerra até o ano trigésimo quinto do reinado de Asa.

Capítulo 16

Asa se vale da Síria para derrotar Israel — Hanani, o vidente, repreende Asa por sua falta de fé — Asa padece de uma enfermidade e morre.

1

No ano trigésimo sexto do reinado de Asa, Baasa, rei de Israel, subiu contra Judá e edificou Ramá, para não deixar ninguém sair de junto de Asa, rei de Judá, nem chegar a ele.

2 Então tirou Asa a prata e o ouro dos tesouros da casa do Senhor, e da casa do rei, e enviou a Ben-Hadade, rei da Síria, que habitava em Damasco, dizendo:

3 Aliança entre mim e ti, como houve entre o meu pai e o teu; eis que te envio prata e ouro; vai, pois, rompe a tua aliança com Baasa, rei de Israel, para que se retire de sobre mim.

4 E Ben-Hadade deu ouvidos ao rei Asa, e enviou o capitão dos exércitos que tinha, contra as cidades de Israel, e conquistaram Ijom, e Dã, e Abel-Maim, e todas as cidades das provisões de Naftali.

5 E sucedeu que, ouvindo-o Baasa, deixou de edificar Ramá, e descontinuou a sua obra.

6 Então o rei Asa tomou todo o Judá e levaram as pedras de Ramá, e a sua madeira, com que Baasa edificara; e edificou com isso Geba e Mizpá.

7 Naquele mesmo tempo foi Hanani, o vidente, a Asa, rei de Judá, e disse-lhe: Porquanto confiaste no rei da Síria, e não confiaste no Senhor teu Deus, portanto, o exército do rei da Síria escapou da tua mão.

8 Porventura não foram os etíopes e os líbios um grande exército, com muitíssimos carros e cavaleiros? Confiando tu, porém, no Senhor, ele os entregou nas tuas mãos.

9 Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele; nisto, pois, procedeste loucamente, porque desde agora haverá guerras contra ti.

10

Porém Asa se indignou contra o vidente, e lançou-o na casa do tronco; porque se enfureceu contra ele por causa disso; também Asa no mesmo tempo oprimiu alguns do povo.

11 E eis que os feitos de Asa, tanto os primeiros, como os últimos, estão escritos no livro dos reis de Judá e Israel.

12 E caiu Asa doente de seus pés no ano trinta e nove do seu reinado; grande em extremo era a sua enfermidade, e contudo na sua enfermidade não buscou ao Senhor, mas antes aos médicos.

13 E Asa dormiu com seus pais; e morreu no ano quarenta e um do seu reinado.

14 E o sepultaram no seu sepulcro, que tinha cavado para si na cidade de Davi, havendo-o deitado na cama, que se enchera de cheiros e especiarias preparadas segundo a arte dos perfumistas; e fizeram-lhe queima muito grande.

Capítulo 17

Josafá reina bem e prospera em Judá — Os sacerdotes viajam e ensinam do livro da lei do Senhor.

1

E Josafá, seu filho, reinou em seu lugar, e fortificou-se contra Israel.

2 E pôs gente de guerra em todas as cidades fortificadas de Judá e pôs guarnições na terra de Judá, como também nas cidades de Efraim, que Asa, seu pai, tinha tomado.

3 E o Senhor era com Josafá, porque andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não buscou os baalins.

4 Antes buscou ao Deus de seu pai, e andou nos seus mandamentos, e não segundo as obras de Israel.

5 E o Senhor confirmou o reino na sua mão, e todo o Judá deu presentes a Josafá, e teve riquezas e glória em abundância.

6 E animou-se o seu coração nos caminhos do Senhor, e ainda mais tirou os altos e os postes-ídolos de Judá.

7 E no terceiro ano do seu reinado, enviou ele os seus príncipes: Bene-Hail, e Obadias, e Zacarias, e Natanael, e Micaías, para ensinarem nas cidades de Judá.

8 E com eles, os levitas: Semaías, e Netanias, e Zebadias, e Asael, e Semiramote, e Jônatas, e Adonias, e Tobias, e Tobe-Adonias, levitas; e com eles, os sacerdotes Elisama e Jorão.

9 E ensinaram em Judá e tinham consigo o livro da lei do Senhor; e percorreram todas as cidades de Judá, e ensinaram entre o povo.

10

E veio o temor do Senhor sobre todos os reinos das terras que estavam em redor de Judá, e não guerrearam contra Josafá.

11 E alguns dentre os filisteus levavam presentes a Josafá, com o dinheiro do tributo; também os árabes lhe levaram gado miúdo: sete mil e setecentos carneiros, e sete mil e setecentos bodes.

12 E Josafá se engrandeceu extremamente, e edificou fortalezas e cidades de provisões em Judá.

13 E teve muitas obras nas cidades de Judá e gente de guerra, homens valentes em Jerusalém.

14 E este é o número deles segundo as casas de seus pais: em Judá, eram chefes dos milhares: o chefe Adna, e com ele trezentos mil homens valentes;

15 E após ele, o chefe Joanã, e com ele, duzentos e oitenta mil;

16 E após ele, Amazias, filho de Zicri, que voluntariamente se entregou ao Senhor, e com ele, duzentos mil homens valentes;

17 E de Benjamim, Eliada, homem valente, e com ele, duzentos mil, armados de arco e de escudo;

18 E após ele, Jozabade, e com ele, cento e oitenta mil armados para a guerra.

19 Esses estavam no serviço do rei, afora os que o rei tinha posto nas cidades fortificadas por todo o Judá.

Capítulo 18

Josafá de Judá se une a Acabe de Israel para lutar contra a Síria — Os falsos profetas de Acabe predizem a vitória — Micaías profetiza a queda e a morte de Acabe — Os sírios matam Acabe.

1

Tinha, pois, Josafá riquezas e glória em abundância, e aparentou-se com Acabe.

2 E ao cabo de alguns anos desceu ele para Acabe, a Samaria; e Acabe matou ovelhas e bois em abundância, para ele e para o povo que vinha com ele, e o persuadiu a subir com ele a Ramote-Gileade.

3 Porque Acabe, rei de Israel, disse a Josafá, rei de Judá: Irás tu comigo a Ramote-Gileade? E ele lhe disse: Como tu és, serei eu, e o meu povo, como o teu povo; iremos contigo a esta guerra.

4 Disse mais Josafá ao rei de Israel: Consulta hoje, peço-te, a palavra do Senhor.

5 Então o rei de Israel ajuntou os profetas, quatrocentos homens, e disse-lhes: Iremos à guerra contra Ramote-Gileade, ou deixarei de ir? E eles disseram: Sobe, porque Deus a dará na mão do rei.

6 Disse, porém, Josafá: Não ainda aqui profeta algum do Senhor, para que o consultemos?

7 Então o rei de Israel disse a Josafá: Ainda um homem por quem podemos consultar ao Senhor, porém eu o odeio, porque nunca profetiza de mim bem, senão sempre mal; este é Micaías, filho de Inlá. E disse Josafá: Não fale o rei assim.

8 Então chamou o rei de Israel um eunuco, e disse: Traze aqui depressa Micaías, filho de Inlá.

9 E o rei de Israel, e Josafá, rei de Judá, estavam assentados cada um no seu trono, vestidos de trajes reais, e estavam assentados na praça, à entrada da porta de Samaria, e todos os profetas profetizavam na sua presença.

10

E Zedequias, filho de Quenaaná, fez para si uns chifres de ferro, e disse: Assim diz o Senhor: Com estes escornarás os sírios, até de todo os consumires.

11 E todos os profetas profetizavam o mesmo, dizendo: Sobe a Ramote-Gileade, e prosperarás, porque o Senhor a dará na mão do rei.

12 E o mensageiro, que foi chamar Micaías, lhe falou, dizendo: Eis que as palavras dos profetas, a uma voz, são boas para com o rei; seja, pois, também a tua palavra como a de um deles, e fala o que é bom.

13 Porém Micaías disse: Vive o Senhor, que o que meu Deus me disser, isso falarei.

14 Indo, pois, ao rei, o rei lhe disse: Micaías, iremos a Ramote-Gileade à guerra, ou deixarei de ir? E ele disse: Subi, e prosperareis, e serão dados na vossa mão.

15 E o rei lhe disse: Até quantas vezes te conjurarei, para que não me fales senão a verdade no nome do Senhor?

16 Então disse ele: Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm senhor; retorne cada um em paz para sua casa.

17 Então o rei de Israel disse a Josafá: Não te disse eu que este não profetizaria de mim bem, porém mal?

18 Disse mais: Ouvi, pois, a palavra do Senhor. Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército celestial em pé à sua mão direita, e à sua esquerda.

19 E disse o Senhor: Quem persuadirá Acabe, rei de Israel, para que suba, e caia em Ramote-Gileade? Disse mais: Um diz desta maneira, e outro diz doutra.

20

Então saiu um espírito e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o persuadirei. E o Senhor lhe disse: Com quê?

21 E ele disse: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E disse o Senhor: Tu o persuadirás, e também prevalecerás; sai, e faze-o assim.

22 Agora, pois, eis que o Senhor pôs um espírito de mentira na boca destes teus profetas, e o Senhor falou o mal a teu respeito.

23 Então Zedequias, filho de Quenaaná, se chegou, e golpeou Micaías no queixo, e disse: Por que caminho passou de mim o Espírito do Senhor para falar a ti?

24 E disse Micaías: Eis que o verás naquele dia, quando andares de câmara em câmara, para te esconderes.

25 Então disse o rei de Israel: Tomai Micaías, e tornai a levá-lo a Amom, o governador da cidade, e a Joás, filho do rei.

26 E direis: Assim diz o rei: Ponde este homem na casa do cárcere, e sustentai-o com pão de angústia, e com água de angústia, até que eu volte em paz.

27 E disse Micaías: Se de fato retornares em paz, o Senhor não falou por mim. Disse mais: Ouvi, vós, todos os povos!

28 Subiram, pois, o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, a Ramote-Gileade.

29 E disse o rei de Israel a Josafá: Disfarçando-me eu, então entrarei na peleja; tu, porém, veste teus trajes reais. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entraram na peleja.

30

Deu ordem, porém, o rei da Síria aos capitães dos carros que tinha, dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno, nem contra grande, senão só contra o rei de Israel.

31 E sucedeu que, quando os capitães dos carros viram Josafá, disseram: Este é o rei de Israel, e o cercaram para pelejarem; porém Josafá clamou, e o Senhor o ajudou. E Deus os desviou dele.

32 Porque sucedeu que, vendo os capitães dos carros que não era o rei de Israel, deixaram de persegui-lo.

33 Então um homem armou o arco e atirou ao acaso, e feriu o rei de Israel entre as junturas e a couraça; então disse ao cocheiro: Dá a volta, e tira-me do exército, porque estou muito ferido.

34 E aquele dia cresceu a peleja, mas o rei de Israel susteve-se em pé no carro defronte dos sírios até a tarde; e morreu ao tempo do pôr do sol.

Capítulo 19

Josafá é repreendido por ajudar o iníquo Acabe — Ele ajuda o povo a voltar para o Senhor, estabelece juízes e administra justiça.

1

E Josafá, rei de Judá, voltou à sua casa em paz, a Jerusalém.

2 E Jeú, filho de Hanani, o vidente, lhe saiu ao encontro, e disse ao rei Josafá: Devias tu ajudar o ímpio, e amar aqueles que ao Senhor odeiam? Por isso virá sobre ti grande ira de diante do Senhor.

3 Boas coisas, contudo, se acharam em ti; porque tiraste os postes-ídolos da terra, e preparaste o teu coração para buscar a Deus.

4 Habitou, pois, Josafá em Jerusalém, e tornou a passar pelo povo, desde Berseba até as montanhas de Efraim, e fez com que voltassem ao Senhor Deus de seus pais.

5 E estabeleceu juízes na terra, em todas as cidades fortificadas, de cidade em cidade.

6 E disse aos juízes: Vede o que fazeis; porque não julgais da parte do homem, senão da parte do Senhor, e ele está convosco ao julgardes.

7 Agora, pois, seja o temor do Senhor convosco; guardai-o, e fazei-o, porque não no Senhor nosso Deus iniquidade nem acepção de pessoas, nem aceitação de presentes.

8 E também estabeleceu Josafá alguns dos levitas, e dos sacerdotes, e dos chefes dos pais de Israel para o juízo do Senhor, e para as causas judiciais; e retornaram a Jerusalém.

9 E deu-lhes ordem, dizendo: Assim fazei no temor do Senhor, com fidelidade, e com coração perfeito.

10

E em toda disputa que vier a vós de vossos irmãos que habitam nas suas cidades, entre sangue e sangue, entre lei e mandamento, entre estatutos e juízos, admoestai-os, para que não se façam culpados para com o Senhor, e não venha grande ira sobre vós, e sobre vossos irmãos; fazei assim, e não vos fareis culpados.

11 E eis que Amarias, o sumo sacerdote, presidirá sobre vós em todos os assuntos do Senhor; e Zebadias, filho de Ismael, príncipe da casa de Judá, em todos os assuntos do rei; também os oficiais, os levitas, estão perante vós; sede fortes, pois, e fazei-o, e o Senhor será com os bons.

Capítulo 20

Os amonitas e outros povos atacam Judá — Josafá e todo o povo jejuam e oram — Jaaziel profetiza a libertação de Judá — Os que atacam Judá guerreiam entre si e destroem-se uns aos outros.

1

E sucedeu que, depois disso, os filhos de Moabe, e os filhos de Amom, e com eles outros dos amonitas, foram à peleja contra Josafá.

2 Então foram alguns, que avisaram Josafá, dizendo: Vem contra ti uma grande multidão de além do mar e da Síria; e eis que já estão em Hazazom-Tamar, que é En-Gedi.

3 Então Josafá temeu, e pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá.

4 E Judá se ajuntou, para pedir socorro ao Senhor; também de todas as cidades de Judá vieram para buscar ao Senhor.

5 E pôs-se Josafá em pé na congregação de Judá e de Jerusalém, na casa do Senhor, diante do pátio novo,

6 E disse: Ah, Senhor, Deus de nossos pais, porventura não és tu Deus nos céus? Pois tu dominas sobre todos os reinos das nações, e na tua mão força e poder, e não há quem te possa resistir.

7 Porventura, ó Deus nosso, não lançaste tu fora os moradores desta terra, de diante do teu povo Israel, e a deste à semente de Abraão, teu amigo, para sempre?

8 E habitaram nela, e edificaram-te nela um santuário ao teu nome, dizendo:

9 Se algum mal nos sobrevier, espada, juízo, peste, ou fome, nós nos apresentaremos diante desta casa e diante de ti, pois teu nome está nesta casa, e clamaremos a ti na nossa angústia, e tu nos ouvirás e livrarás.

10

Agora, pois, eis que os filhos de Amom e de Moabe, e os do monte Seir, pelos quais não permitiste passar Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não os destruíram,

11 Eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da tua herança, que nos fizeste herdar.

12 Ah, Deus nosso, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos, porém os nossos olhos estão postos em ti.

13 E todo o Judá estava em pé perante o Senhor, como também os seus pequeninos, as suas mulheres, e os seus filhos.

14 Então veio o Espírito do Senhor, no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de Asafe,

15 E disse: Dai ouvidos, todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafá. Assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, senão de Deus.

16 Amanhã descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz, e os achareis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel.

17 Nesta peleja não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.

18 Então Josafá se prostrou com o rosto em terra; e todo o Judá e os moradores de Jerusalém se prostraram perante o Senhor, adorando ao Senhor.

19 E levantaram-se os levitas, dos filhos dos coatitas, e dos filhos dos coraítas, para louvarem ao Senhor Deus de Israel, com grande voz até o alto.

20

E pela manhã cedo se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa; e saindo eles, pôs-se em pé Josafá, e disse: Ouvi-me, ó Judá, e vós, moradores de Jerusalém: Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis.

21 E aconselhou-se com o povo, e designou cantores para o Senhor, que louvassem a beleza da santidade, saindo diante do exército, e dizendo: Louvai ao Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre.

22 E ao tempo que começaram com júbilo e louvor, o Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe, e os do monte Seir, que foram contra Judá e foram desbaratados.

23 Porque os filhos de Amom e de Moabe se levantaram contra os moradores do monte Seir, para os destruir e exterminar; e acabando eles com os moradores de Seir, ajudaram a destruir-se uns aos outros.

24 E chegou Judá à atalaia do deserto, e olharam para a multidão, e eis que eram corpos mortos que jaziam em terra, e nenhum escapou.

25 E foram Josafá e o seu povo para saquear os seus despojos, e acharam neles riquezas e cadáveres em abundância, assim como objetos preciosos, e tomaram para si tanto, que não podiam levar mais; e três dias saquearam o despojo, porque era muito.

26 E ao quarto dia se ajuntaram no vale de Beraca, porque ali louvaram ao Senhor; por isso chamaram o nome daquele lugar o vale de Beraca, até o dia de hoje.

27 Então voltaram todos os homens de Judá e de Jerusalém, e Josafá à frente deles, para irem a Jerusalém com alegria, porque o Senhor os alegrara acerca dos seus inimigos.

28 E foram a Jerusalém com alaúdes, e com harpas, e com trombetas, para a casa do Senhor.

29 E veio o temor de Deus sobre todos os reinos daquelas terras, ouvindo eles que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel.

30

E o reino de Josafá ficou em paz, e o seu Deus lhe deu repouso em redor.

31 E Josafá reinou sobre Judá; era da idade de trinta e cinco anos quando começou a reinar, e vinte e cinco anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe, Azuba, filha de Sili.

32 E andou no caminho de Asa, seu pai, e não se desviou dele, fazendo o que era reto aos olhos do Senhor.

33 Contudo os altos não se tiraram, porque o povo não tinha ainda preparado o seu coração para com o Deus de seus pais.

34 Ora, o restante dos feitos de Josafá, tanto os primeiros como os últimos, eis que está escrito nas notas de Jeú, filho de Hanani, que lhe fizeram inserir no livro dos reis de Israel.

35 Porém depois disso Josafá, rei de Judá, se aliou com Acazias, rei de Israel, que procedeu com toda a impiedade.

36 E aliou-se com ele, para fazerem navios que fossem a Társis; e fizeram os navios em Eziom-Geber.

37 Porém Eliezer, filho de Dodava, de Maressa, profetizou contra Josafá, dizendo: Porquanto te aliaste com Acazias, o Senhor despedaçou as tuas obras. E os navios se quebraram, e não puderam ir a Társis.

Capítulo 21

Jorão mata seus irmãos, casa-se com a filha de Acabe e reina iniquamente — Elias profetiza uma praga sobre o povo e a morte de Jorão — Os filisteus e outros povos guerreiam contra Judá — Jorão morre de grave enfermidade.

1

Depois, Josafá dormiu com seus pais, e o sepultaram com seus pais na cidade de Davi; e Jorão, seu filho, reinou em seu lugar.

2 E teve irmãos, filhos de Josafá: Azarias, e Jeiel, e Zacarias, e Asarias, e Micael, e Sefatias; todos esses foram filhos de Josafá, rei de Israel.

3 E seu pai lhes deu muitas dádivas de prata, e de ouro, e de coisas preciosíssimas, com cidades fortificadas em Judá; porém o reino deu a Jorão, porquanto era o primogênito.

4 E subindo Jorão ao reino de seu pai, e havendo-se fortificado, matou todos os seus irmãos à espada, como também alguns dos príncipes de Israel.

5 Da idade de trinta e dois anos era Jorão quando começou a reinar; e reinou oito anos em Jerusalém.

6 E andou no caminho dos reis de Israel, como fazia a casa de Acabe, porque tinha a filha de Acabe por mulher, e fazia o que parecia mal aos olhos do Senhor.

7 Porém o Senhor não quis destruir a casa de Davi, em atenção ao convênio que tinha feito com Davi, e porque também tinha dito que lhe daria por todos os dias uma lâmpada, a ele e a seus filhos.

8 Nos seus dias se revoltaram os edomitas contra o mando de Judá, e constituíram para si um rei.

9 Pelo que Jorão passou adiante com os seus chefes, e todos os carros com ele; e levantou-se de noite, e derrotou os edomitas que o tinham cercado, como também os capitães dos carros.

10

Todavia os edomitas se revoltaram contra o mando de Judá até o dia de hoje; então no mesmo tempo Libna se revoltou contra o seu mando, porque deixara ao Senhor, Deus de seus pais.

11 Ele também fez altos nos montes de Judá, e fez com que se prostituíssem os moradores de Jerusalém, e impeliu até Judá a isso.

12 Então lhe veio um escrito da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim diz o Senhor, Deus de Davi, teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de Josafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá,

13 Mas andaste no caminho dos reis de Israel, e fizeste Judá e os moradores de Jerusalém se prostituírem, segundo a prostituição da casa de Acabe, e também mataste teus irmãos, da casa de teu pai, melhores do que tu,

14 Eis que o Senhor ferirá com um grande flagelo o teu povo, e os teus filhos, e as tuas mulheres, e todos os teus bens.

15 Tu também terás uma grande enfermidade por causa de uma doença de tuas entranhas, até que te saiam as tuas entranhas, por causa da enfermidade, de dia em dia.

16 Despertou, pois, o Senhor contra Jorão o espírito dos filisteus e dos árabes, que estão junto aos etíopes.

17 Estes subiram a Judá, e a invadiram, e levaram todos os bens, que se achavam na casa do rei, como também seus filhos e suas mulheres, de modo que lhe não deixaram filho, senão Joacaz, o mais moço de seus filhos.

18 E depois de tudo isso, o Senhor o feriu nas suas entranhas com uma enfermidade incurável.

19 E sucedeu que, depois de muitos dias, ao fim de dois anos, saíram-lhe as entranhas com a doença, e morreu de grave enfermidade; e o seu povo não lhe fez uma queimada como a queimada de seus pais.

20

Era da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém oito anos, e foi-se sem deixar de si saudades; e o sepultaram na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis.

Capítulo 22

Acazias reina iniquamente e é morto por Jeú; sua mãe, Atalia, reina em seu lugar.

1

E os moradores de Jerusalém fizeram rei a Acazias, seu filho mais moço, em seu lugar, porque a tropa que viera com os árabes ao acampamento tinha matado a todos os mais velhos; e assim reinou Acazias, filho de Jorão, rei de Judá.

2 Era da idade de quarenta e dois anos quando começou a reinar, e reinou um ano em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Atalia, filha de Onri.

3 Também este andou nos caminhos da casa de Acabe, porque sua mãe era sua conselheira para proceder impiamente.

4 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, como a casa de Acabe, porque eles eram seus conselheiros depois da morte de seu pai, para a sua perdição.

5 Também andou no seu conselho, e foi com Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, à peleja contra Hazael, rei da Síria, junto a Ramote-Gileade; e os sírios feriram Jorão.

6 E retornou para curar-se, em Jezreel, das feridas que lhe fizeram junto a Ramá, pelejando contra Hazael, rei da Síria. E Azarias, filho de Jorão, rei de Judá, desceu para ver Jorão, filho de Acabe, em Jezreel, porque este estava doente.

7 Veio, pois, de Deus a ruína de Acazias, para que fosse a Jorão; porque indo ele, saiu com Jorão contra Jeú, filho de Ninsi, a quem o Senhor tinha ungido para desarraigar a casa de Acabe.

8 E sucedeu que, executando Jeú juízo contra a casa de Acabe, achou os príncipes de Judá e os filhos dos irmãos de Acazias, que serviam Acazias, e os matou.

9 Depois buscou Acazias (porque se tinha escondido em Samaria), e o alcançaram, e o levaram a Jeú, e o mataram, e o sepultaram, porque disseram: Filho é de Josafá, que buscou ao Senhor com todo o seu coração. E já não tinha a casa de Acazias ninguém que tivesse força para manter o reino.

10

Vendo, pois, Atalia, mãe de Acazias, que seu filho estava morto, levantou-se, e destruiu toda a semente real da casa de Judá.

11 Porém Jeosabeate, filha do rei, tomou Joás, filho de Acazias, e furtou-o dentre os filhos do rei, a quem matavam, e o pôs com a sua ama na câmara dos leitos; assim Jeosabeate, filha do rei Jorão, mulher do sacerdote Joiada (porque era irmã de Acazias), o escondeu de diante de Atalia, de modo que não o matou.

12 E esteve com eles escondido na casa de Deus seis anos; e Atalia reinou sobre a terra.

Capítulo 23

Joiada, o sacerdote, faz Joás rei — Atalia é morta — A adoração ao Senhor é restaurada, e o sacerdote de Baal é morto.

1

Porém no sétimo ano Joiada se fortaleceu, e tomou consigo em aliança os chefes de cem: Azarias, filho de Jorão, e Ismael, filho de Joanã, e Azarias, filho de Obede, e Maaseias, filho de Adaías, e Elisafate, filho de Zicri.

2 Estes percorreram Judá e ajuntaram os levitas de todas as cidades de Judá e os cabeças dos pais de Israel, e foram para Jerusalém.

3 E toda aquela congregação fez aliança com o rei na casa de Deus; e Joiada lhes disse: Eis que o filho do rei reinará, como o Senhor falou a respeito dos filhos de Davi.

4 Isto é o que haveis de fazer: uma terça parte de vós, os sacerdotes e os levitas que entram no sábado, serão guardas das portas;

5 E uma terça parte estará na casa do rei, e a outra terça parte à porta do fundamento; e todo o povo estará nos pátios da casa do Senhor.

6 Porém ninguém entre na casa do Senhor, senão os sacerdotes e os levitas que ministram; estes entrarão, porque santos são; mas todo o povo guardará os preceitos do Senhor.

7 E os levitas rodearão o rei de todos os lados, cada um com as suas armas na mão; e qualquer que entrar na casa morrerá; porém vós estareis com o rei, quando entrar e quando sair.

8 E fizeram os levitas e todo o Judá conforme tudo o que ordenara o sacerdote Joiada; e tomou cada um os seus homens, os que entravam no sábado com os que saíam no sábado; porque o sacerdote Joiada não tinha despedido os turnos.

9 Também o sacerdote Joiada deu aos chefes de cem as lanças, e os escudos, e os broquéis que foram do rei Davi, os quais estavam na casa de Deus.

10

E dispôs todo o povo, e cada um com as suas armas na sua mão, desde o lado direito da casa até o lado esquerdo da casa, junto do altar e da casa, ao redor do rei.

11 Então tiraram para fora o filho do rei, e lhe puseram a coroa, deram-lhe o testemunho, e o fizeram rei; e Joiada e seus filhos o ungiram, e disseram: Viva o rei!

12 Ouvindo, pois, Atalia a voz do povo que concorria e louvava o rei, foi ao povo, à casa do Senhor.

13 E olhou, e eis que o rei estava perto da sua coluna, à entrada; e os chefes, e as trombetas, junto ao rei; e todo o povo da terra estava alegre, e tocava as trombetas; e também os cantores tocavam instrumentos musicais, e dirigiam o cantar de louvores; então Atalia rasgou os seus vestidos, e clamou: Traição, traição!

14 Porém o sacerdote Joiada tirou para fora os capitães de cem que estavam postos sobre o exército, e disse-lhes: Tirai-a para fora das fileiras, e o que a seguir, morrerá à espada, porque dissera o sacerdote: Não a matareis na casa do Senhor.

15 E eles lançaram mão dela, e ela foi à entrada da porta dos cavalos, da casa do rei, e ali a mataram.

16 E Joiada fez aliança entre si, e o povo, e o rei, para que fossem o povo do Senhor.

17 Depois todo o povo entrou na casa de Baal, e a derrubaram, e quebraram os seus altares, e as suas imagens; e Matã, sacerdote de Baal, mataram diante dos altares.

18 E Joiada pôs os ofícios da casa do Senhor nas mãos dos sacerdotes, os levitas a quem Davi repartira na casa do Senhor, para oferecerem os holocaustos do Senhor, como está escrito na lei de Moisés, com alegria e com canto, conforme instituído por Davi.

19 E pôs porteiros às portas da casa do Senhor, para que não entrasse nela ninguém imundo em coisa alguma.

20

E tomou os capitães de cem, e os poderosos, e os que tinham domínio entre o povo e todo o povo da terra, e conduziu da casa do Senhor o rei, e entraram na casa do rei pelo meio da porta maior, e assentaram o rei no trono do reino.

21 E todo o povo da terra se alegrou, e a cidade ficou em paz, depois que mataram Atalia à espada.

Capítulo 24

Joás e Joiada recebem contribuições e reparam a casa do Senhor — Joiada morre — Joás cai em idolatria, mata um profeta chamado Zacarias, e ele próprio é morto em uma conspiração.

1

Tinha Joás sete anos de idade quando começou a reinar, e quarenta anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Zíbia, de Berseba.

2 E fez Joás o que era reto aos olhos do Senhor, todos os dias do sacerdote Joiada.

3 E tomou-lhe Joiada duas mulheres, e gerou filhos e filhas.

4 E sucedeu depois disso que veio ao coração de Joás a intenção de renovar a casa do Senhor.

5 Ajuntou, pois, os sacerdotes e os levitas, e disse-lhes: Saí pelas cidades de Judá, e ajuntai o dinheiro de todo o Judá, e ajuntai o dinheiro de todo o Israel para reparar a casa do vosso Deus de ano em ano; e vós apressai este negócio. Porém os levitas não se apressaram.

6 E o rei chamou Joiada, o chefe, e disse-lhe: Por que não fizeste inquirição entre os levitas, para que trouxessem de Judá e de Jerusalém a oferta de Moisés, servo do Senhor, e da congregação de Israel, à tenda do testemunho?

7 Porque, sendo Atalia ímpia, seus filhos arruinaram a casa de Deus, e até todas as coisas sagradas da casa do Senhor empregaram nos baalins.

8 E deu o rei ordem e fizeram uma arca, e a puseram do lado de fora, à porta da casa do Senhor.

9 E publicou-se em Judá e em Jerusalém que trouxessem ao Senhor a oferta de Moisés, o servo de Deus, imposta a Israel no deserto.

10

Então todos os príncipes, e todo o povo se alegraram, e a trouxeram, e a lançaram na arca, até acabar.

11 E sucedeu que, ao tempo que traziam a arca pelas mãos dos levitas, segundo o mandado do rei, e vendo que já havia muito dinheiro, vinham o escrivão do rei, e o superintendente do sumo sacerdote, e esvaziavam a arca, e a tomavam, e a retornavam ao seu lugar; assim faziam de dia em dia, e ajuntaram dinheiro em abundância,

12 O qual o rei e Joiada davam aos que tinham cargo da obra do serviço da casa do Senhor; e contrataram pedreiros e carpinteiros, para renovarem a casa do Senhor, como também artífices em ferro e em bronze, para repararem a casa do Senhor.

13 E os que tinham cargo da obra faziam que a reparação da obra progredisse pela sua mão; e restauraram a casa de Deus ao seu estado original, e a reforçaram.

14 E depois de acabarem, levaram o resto do dinheiro para diante do rei e de Joiada, e dele fizeram utensílios para a casa do Senhor, utensílios para ministrar, e ofertar, e perfumadores, e utensílios de ouro e de prata. E continuamente sacrificaram holocaustos na casa do Senhor, todos os dias de Joiada.

15 E envelheceu Joiada, e morreu farto de dias; era da idade de cento e trinta anos quando morreu.

16 E o sepultaram na cidade de Davi com os reis, porque tinha feito bem em Israel, e para com Deus e a sua casa.

17 Porém depois da morte de Joiada foram os príncipes de Judá e prostraram-se perante o rei, e o rei os ouviu.

18 E deixaram a casa do Senhor, Deus de seus pais, e serviram as imagens do bosque e os ídolos; então veio grande ira sobre Judá e Jerusalém por causa desta sua culpa.

19 Porém ele enviou profetas entre eles, para os fazer retornar ao Senhor, os quais testemunharam contra eles, mas eles não deram ouvidos.

20

E o Espírito de Deus revestiu Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé acima do povo, e lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do Senhor? Portanto, não prosperareis; porque deixastes ao Senhor, também ele vos deixará.

21 E eles conspiraram contra ele, e o apedrejaram, pelo mandado do rei, no pátio da casa do Senhor.

22 Assim, o rei Joás não se lembrou da benevolência que seu pai Joiada lhe fizera, porém matou-lhe o filho, o qual, morrendo, disse: O Senhor o verá, e o requererá.

23 E sucedeu, no decurso de um ano, que o exército da Síria subiu contra ele, e foram a Judá e a Jerusalém, e destruíram dentre o povo todos os príncipes do povo, e todo o seu despojo enviaram ao rei de Damasco.

24 Porque, ainda que o exército dos sírios viesse com poucos homens, contudo o Senhor deu na sua mão um exército de grande multidão, porquanto haviam deixado ao Senhor, Deus de seus pais. Assim, executaram os juízos contra Joás.

25 E retirando-se dele (porque em grandes enfermidades o deixaram), seus servos conspiraram contra ele por causa do sangue do filho do sacerdote Joiada, e o mataram na sua cama, e morreu; e o sepultaram na cidade de Davi, porém não o sepultaram nos sepulcros dos reis.

26 Estes, pois, foram os que conspiraram contra ele: Zabade, filho de Simeate, a amonita; e Jeozabade, filho de Sinrite, a moabita.

27 E quanto a seus filhos, e à grandeza do cargo que lhe foi imposto, e à restauração da casa de Deus, eis que está escrito na história do livro dos reis; e Amazias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 25

Amazias reina, mata os edomitas e adora deuses falsos — Um profeta prediz a destruição de Amazias — Judá é derrotada por Israel, e Amazias é morto em uma conspiração.

1

Era Amazias da idade de vinte e cinco anos quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Joadã, de Jerusalém.

2 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, porém não com coração perfeito.

3 E sucedeu que, sendo-lhe o reino já confirmado, matou seus servos que mataram o rei, seu pai;

4 Porém não matou os filhos deles, mas fez como na lei está escrito, no livro de Moisés, como o Senhor ordenou, dizendo: Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos morrerão pelos pais, mas cada um morrerá pelo seu próprio pecado.

5 E Amazias ajuntou Judá e os pôs segundo as casas dos pais, por chefes de mil, e por chefes de cem, por todo o Judá e Benjamim; e os contou, de vinte anos e acima, e achou deles trezentos mil escolhidos que saíam à guerra, e levavam lança e escudo.

6 Também de Israel tomou a soldo cem mil homens valentes, por cem talentos de prata.

7 Porém um homem de Deus veio a ele, dizendo: Ó rei, não deixes ir contigo o exército de Israel, porque o Senhor não é com Israel, a saber, com os filhos de Efraim.

8 Se, porém, fores, faze-o, sê forte para a peleja; Deus te fará cair diante do inimigo, porque força há em Deus para ajudar e para fazer cair.

9 E disse Amazias ao homem de Deus: Que se fará, pois, dos cem talentos de prata que dei às tropas de Israel? E disse o homem de Deus: Mais tem o Senhor para te dar do que isso.

10

Então separou Amazias as tropas que lhe tinham vindo de Efraim, para que se fossem ao seu lugar; pelo que se acendeu a sua ira contra Judá, e voltaram para o seu lugar ardendo em ira.

11 Fortaleceu-se, pois, Amazias, e conduziu o seu povo, e foi ao vale do sal; e matou dos filhos de Seir dez mil

12 Também os filhos de Judá prenderam vivos dez mil, e os levaram ao cume do penhasco; e do mais alto do penhasco os lançaram abaixo, e todos foram despedaçados.

13 Porém os homens das tropas que Amazias despedira, para que não fossem com ele à peleja, invadiram as cidades de Judá, desde Samaria até Bete-Horom; e mataram deles três mil, e saquearam grande despojo.

14 E sucedeu que, depois que Amazias veio da matança dos edomitas, e trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses, e prostrou-se diante deles, e queimou-lhes incenso.

15 Então a ira do Senhor se acendeu contra Amazias, e mandou-lhe um profeta que lhe disse: Por que buscaste deuses do povo, que a seu próprio povo não livraram da tua mão?

16 E sucedeu que, falando-lhe ele, lhe respondeu: Puseram-te por conselheiro do rei? Cala-te, por que te farias matar? Então o profeta parou, e disse: Bem vejo eu que já Deus deliberou destruir-te, porquanto fizeste isso, e não deste ouvidos ao meu conselho.

17 E tendo tomado conselho, Amazias, rei de Judá, enviou Joás, filho de Joacaz, filho de Jeú, rei de Israel, para dizer: Vem, vejamo-nos face a face.

18 Porém Joás, rei de Israel, mandou dizer a Amazias, rei de Judá: O cardo que estava no Líbano mandou dizer ao cedro que estava no Líbano: Dá tua filha a meu filho por mulher; porém os animais do campo que estão no Líbano passaram e pisaram o cardo.

19 Tu dizes: Eis que derrotei os edomitas; e elevou-se o teu coração, para te gloriares; agora, pois, fica em tua casa; por que provocarias o mal, para cairdes tu, e Judá contigo?

20

Porém Amazias não lhe deu ouvidos, porque isso vinha de Deus, para entregá-los na mão dos seus inimigos, porquanto buscaram os deuses dos edomitas.

21 E Joás, rei de Israel, subiu; e ele e Amazias, rei de Judá, se viram face a face em Bete-Semes, que está em Judá.

22 E Judá foi derrotado diante de Israel; e foram-se todos para as suas tendas.

23 E Joás, rei de Israel, prendeu Amazias, rei de Judá, filho de Joás, o filho de Joacaz, em Bete-Semes, e o levou a Jerusalém; e derrubou o muro de Jerusalém, desde a porta de Efraim até a porta da esquina, quatrocentos côvados.

24 Também tomou todo o ouro, e a prata, e todos os utensílios que se acharam na casa de Deus com Obede-Edom, e os tesouros da casa do rei, e os reféns, e voltou para Samaria.

25 E viveu Amazias, filho de Joás, rei de Judá, depois da morte de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel, quinze anos.

26 Quanto ao restante dos feitos de Amazias, tanto os primeiros como os últimos, eis que porventura não estão escritos no livro dos reis de Judá e de Israel?

27 E desde o tempo em que Amazias deixou de seguir ao Senhor, conspiraram contra ele em Jerusalém, porém ele fugiu para Laquis, mas enviaram homens atrás dele a Laquis, e o mataram ali.

28 E o levaram sobre cavalos e o sepultaram com seus pais na cidade de Judá.

Capítulo 26

Uzias reina e prospera enquanto guarda os mandamentos — Ele transgride, tenta queimar incenso sobre o altar e é amaldiçoado com lepra.

1

Então todo o povo tomou Uzias, que era da idade de dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de seu pai Amazias.

2 Este edificou Elote, e a restituiu a Judá, depois que o rei adormeceu com seus pais.

3 Era Uzias da idade de dezesseis anos quando começou a reinar, e cinquenta e dois anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Jecolias, de Jerusalém.

4 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Amazias, seu pai.

5 Porque propôs-se a buscar a Deus nos dias de Zacarias, que tinha discernimento das visões de Deus; e nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar.

6 Porque saiu, e guerreou contra os filisteus, e quebrou o muro de Gate, e o muro de Jabne, e o muro de Asdode; e edificou cidades em Asdode, e entre os filisteus.

7 E Deus o ajudou contra os filisteus e contra os árabes que habitavam em Gur-Baal, e contra os meunitas.

8 E os amonitas deram presentes a Uzias; e o seu renome foi espalhado até a entrada do Egito, porque se fortificou altamente.

9 Também Uzias edificou torres em Jerusalém, à porta da esquina, e à porta do vale, e ao ângulo, e as fortificou.

10

Também edificou torres no deserto, e cavou muitos poços, porque tinha muito gado, tanto nos vales como nas campinas, lavradores e vinhateiros, nos montes e nos campos férteis; porque amava o solo.

11 Tinha também Uzias um exército de homens destros na guerra, que saíam à peleja em tropas, segundo o número da sua resenha, por mão de Jeiel, escrivão, e Maaseias, oficial, sob a direção de Hananias, um dos príncipes do rei.

12 Todo o número dos chefes dos pais, homens valentes, era de dois mil e seiscentos.

13 E sob as suas ordens havia um exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com grande força, para ajudar o rei contra os inimigos.

14 E preparou-lhes Uzias, para todo o exército, escudos, e lanças, e capacetes, e couraças, e arcos, e até fundas para atirar pedras.

15 Também fez em Jerusalém máquinas inventadas por engenheiros, que estivessem nas torres e nos cantos, para atirarem flechas e grandes pedras; e espalhou-se a sua fama até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado, até que se fortificou.

16 Mas havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor, seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso.

17 Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, e com ele oitenta sacerdotes do Senhor, homens valentes.

18 E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Aarão, que são consagrados para queimar incenso; sai do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus.

19 Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso;

20

Então o sumo sacerdote Azarias olhou para ele, como também todos os sacerdotes, e eis que já estava leproso na sua testa, e apressuradamente o lançaram fora; e até ele mesmo se apressou a sair, visto que o Senhor o ferira.

21 Assim, ficou leproso o rei Uzias até o dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da casa do Senhor; e Jotão, seu filho, tinha o cargo da casa do rei, julgando o povo da terra.

22 Quanto ao restante dos feitos de Uzias, tanto os primeiros como os derradeiros, o profeta Isaías, filho de Amós, o escreveu.

23 E dormiu Uzias com seus pais, e o sepultaram com seus pais no campo do sepulcro que era dos reis; porque disseram: Leproso é. E Jotão, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 27

Jotão reina, edifica o reino e subjuga os amonitas.

1

Tinha Jotão vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e dezesseis anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Jerusa, filha de Zadoque.

2 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Uzias, seu pai, exceto que não entrou no templo do Senhor. E ainda o povo se corrompia.

3 Este edificou a porta alta da casa do Senhor, e também edificou muito sobre o muro de Ofel.

4 Também edificou cidades nas montanhas de Judá, e nos bosques edificou castelos e torres.

5 Ele também guerreou contra o rei dos filhos de Amom, e prevaleceu sobre eles, de modo que os filhos de Amom naquele ano lhe deram cem talentos de prata, e dez mil coros de trigo, e dez mil de cevada; isso lhe pagaram os filhos de Amom também no segundo e no terceiro ano.

6 Assim, se fortificou Jotão, porque dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor seu Deus.

7 O restante, pois, dos feitos de Jotão, e todas as suas guerras, e os seus caminhos, eis que está escrito no livro dos reis de Israel e de Judá.

8 Tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e dezesseis anos reinou em Jerusalém.

9 E dormiu Jotão com seus pais, e o sepultaram na cidade de Davi; e Acaz, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 28

Acaz reina iniquamente e pratica a idolatria; seu povo é derrotado por Israel — Os cativos são libertados por ordem de um profeta — Os edomitas e os filisteus atacam Judá — Acaz continua a praticar a idolatria.

1

Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar, e dezesseis anos reinou em Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai.

2 Antes, andou nos caminhos dos reis de Israel, e além disso, fez imagens fundidas aos baalins.

3 Também queimou incenso no vale do filho de Hinom, e queimou seus filhos no fogo, conforme as abominações dos gentios que o Senhor tinha desterrado de diante dos filhos de Israel.

4 Também sacrificou, e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore frondosa.

5 Pelo que o Senhor, seu Deus, o entregou na mão do rei dos sírios, os quais o derrotaram, e levaram dele em cativeiro uma grande multidão de presos, que levaram a Damasco; também foi entregue na mão do rei de Israel, o qual o feriu com grande matança.

6 Porque Peca, filho de Remalias, matou em um dia em Judá cento e vinte mil, todos homens valentes, porquanto deixaram ao Senhor, Deus de seus pais.

7 E Zicri, homem valente de Efraim, matou Maaseias, filho do rei, e Azricão, o mordomo, e Elcana, o segundo depois do rei.

8 E os filhos de Israel levaram presos de seus irmãos duzentos mil, mulheres, filhos e filhas; e saquearam também deles grande despojo, e levaram o despojo para Samaria.

9 E estava ali um profeta do Senhor, cujo nome era Obede, o qual saiu ao encontro do exército que vinha para Samaria, e lhe disse: Eis que, irando-se o Senhor Deus de vossos pais contra Judá, os entregou na vossa mão, e vós os matastes com uma raiva tal, que chegou até os céus.

10

E agora vós cuidais em sujeitar a vós os filhos de Judá e Jerusalém, como servos e servas; porventura não sois vós mesmos aqueles entre os quais há culpas contra o Senhor vosso Deus?

11 Agora, pois, ouvi-me, e enviai de volta os prisioneiros que trouxestes presos de vossos irmãos, porque o ardor da ira do Senhor está sobre vós.

12 Então se levantaram alguns homens dentre os chefes dos filhos de Efraim: Azarias, filho de Joanã, Berequias, filho de Mesilemote, e Jeizquias, filho de Salum, e Amasa, filho de Hadlai, contra os que voltavam da batalha.

13 E lhes disseram: Não fareis entrar aqui estes presos, porque, em relação à nossa culpa contra o Senhor, vós intentais acrescentar mais aos nossos pecados e às nossas culpas, sendo que já temos tanta culpa, e já o ardor da ira está sobre Israel.

14 Então os homens armados deixaram os presos e o despojo diante dos oficiais e de toda a congregação.

15 E os homens que foram apontados por seus nomes se levantaram, e tomaram os presos, e vestiram do despojo todos os que dentre eles estavam nus, e os vestiram, e os calçaram, e lhes deram de comer e de beber, e os ungiram, e todos os que estavam fracos levaram sobre jumentos, e os levaram a Jericó, à cidade das palmeiras, a seus irmãos; depois voltaram para Samaria.

16 Naquele tempo, o rei Acaz mandou pedir aos reis da Assíria que o ajudassem.

17 Além disso, também os edomitas foram, e derrotaram Judá, e levaram presos em cativeiro.

18 Também os filisteus invadiram as cidades da campina e do sul de Judá, e tomaram Bete-Semes, e Aijalom, e Gederote, e Socó, e as suas vilas, e Timna, e as suas vilas, e Ginzo, e as suas vilas; e habitaram ali.

19 Porque o Senhor humilhou Judá por causa de Acaz, rei de Israel, porque abandonou Judá, que grandemente transgrediu contra o Senhor.

20

E foi a ele Tiglate-Pilneser, rei da Assíria, porém o pôs em aperto, e não o fortaleceu.

21 Porque Acaz tomou uma porção da casa do Senhor, e da casa do rei, e dos príncipes, e a deu ao rei da Assíria; porém não o ajudou.

22 E no tempo da sua aflição, transgrediu ainda mais contra o Senhor, esse mesmo rei Acaz.

23 Porque sacrificou aos deuses de Damasco, que o derrotaram, e disse: Visto que os deuses dos reis da Síria os ajudam, eu lhes sacrificarei, para que me ajudem a mim. Porém eles foram a sua ruína, e de todo o Israel.

24 E ajuntou Acaz os utensílios da casa de Deus, e fez em pedaços os utensílios da casa de Deus, e fechou as portas da casa do Senhor, e fez para si altares em todos os cantos de Jerusalém.

25 Também em cada cidade de Judá fez altos para queimar incenso a outros deuses; assim provocou à ira o Senhor, Deus de seus pais.

26 O restante, pois, de seus feitos e de todos os seus caminhos, tanto os primeiros como os derradeiros, eis que está escrito no livro dos reis de Judá e de Israel.

27 E dormiu Acaz com seus pais, e o sepultaram na cidade, em Jerusalém, porém não o puseram nos sepulcros dos reis de Israel; e Ezequias, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 29

Ezequias reina em retidão e restaura a adoração a Jeová — Os levitas purificam e santificam a casa do Senhor — Os sacerdotes oferecem sacrifícios e fazem reconciliação e expiação pelo povo — Ezequias e todo o povo adoram o Senhor e louvam o Seu nome.

1

Tinha Ezequias vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abia, filha de Zacarias.

2 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Davi, seu pai.

3 Este, no ano primeiro do seu reinado, no mês primeiro, abriu as portas da casa do Senhor, e as reparou.

4 E trouxe os sacerdotes, e os levitas, e os ajuntou na praça oriental,

5 E lhes disse: Ouvi-me, ó levitas, santificai-vos agora, e santificai a casa do Senhor Deus de vossos pais, e tirai do santuário a imundície.

6 Porque nossos pais transgrediram, e fizeram o que era mau aos olhos do Senhor nosso Deus, e o deixaram, e desviaram os seus rostos do tabernáculo do Senhor, e lhe deram as costas.

7 Também fecharam as portas do alpendre, e apagaram as lâmpadas, e não queimaram incenso, nem ofereceram holocaustos no santuário ao Deus de Israel.

8 Pelo que veio grande ira do Senhor sobre Judá e Jerusalém, e os entregou à perturbação, à assolação, e ao escárnio, como vós o estais vendo com os vossos olhos.

9 Porque eis que nossos pais caíram à espada, e por isso nossos filhos, e nossas filhas, e nossas mulheres estão em cativeiro.

10

Agora me veio ao coração que façamos um convênio com o Senhor Deus de Israel, para que se desvie de nós o ardor da sua ira.

11 Agora, filhos meus, não sejais negligentes, pois o Senhor vos escolheu para estardes diante dele, para o servirdes, e para serdes seus ministros e queimadores de incenso.

12 Então se levantaram os levitas: Maate, filho de Amasai, e Joel, filho de Azarias, dos filhos dos coatitas; e dos filhos de Merari: Quis, filho de Abdi, e Azarias, filho de Jealelel; e dos gersonitas: Joá, filho de Zima, e Éden, filho de Joá;

13 E dentre os filhos de Elisafã: Sinri e Jeuel; dentre os filhos de Asafe: Zacarias e Matanias;

14 E dentre os filhos de Hemã: Jeuel e Simei; dentre os filhos de Jedutum: Semaías e Uziel.

15 E ajuntaram seus irmãos, e santificaram-se e foram conforme o mandado do rei, pelas palavras do Senhor, para purificarem a casa do Senhor.

16 E os sacerdotes entraram dentro da casa do Senhor, para a purificar, e tiraram para fora, ao pátio da casa do Senhor, toda a imundície que acharam no templo do Senhor; e os levitas a tomaram, para a levarem para fora, ao ribeiro de Cedrom.

17 Começaram, pois, a santificar ao primeiro dia do mês primeiro; e ao oitavo dia do mês foram ao alpendre do Senhor, e santificaram a casa do Senhor em oito dias; e no dia décimo sexto do primeiro mês acabaram.

18 Então foram ter com o rei Ezequias, e disseram: Já purificamos toda a casa do Senhor, como também o altar do holocausto, com todos os seus utensílios, e a mesa da proposição, com todos os seus utensílios.

19 Também todos os utensílios que o rei Acaz no seu reinado lançou fora, na sua transgressão, já preparamos e santificamos; e eis que estão diante do altar do Senhor.

20

Então o rei Ezequias se levantou de madrugada, e ajuntou os príncipes da cidade, e subiu à casa do Senhor.

21 E levaram sete novilhos, e sete carneiros, e sete cordeiros, e sete bodes, para sacrifício pelo pecado, pelo reino, e pelo santuário, e por Judá; e disse aos filhos de Aarão, os sacerdotes, que os oferecessem sobre o altar do Senhor.

22 E eles mataram os bois, e os sacerdotes tomaram o sangue e o espargiram sobre o altar; também mataram os carneiros, e espargiram o sangue sobre o altar; semelhantemente mataram os cordeiros, e espargiram o sangue sobre o altar.

23 Então levaram os bodes para oferta pelo pecado, perante o rei e a congregação, e lhes impuseram as suas mãos.

24 E os sacerdotes os mataram, e com o seu sangue fizeram oferta pelo pecado sobre o altar, para expiação de todo o Israel; porque o rei tinha ordenado que se fizesse aquele holocausto e sacrifício pelo pecado, por todo o Israel.

25 E pôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, com alaúdes, e com harpas, conforme o mandado de Davi, e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã, porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas.

26 Estavam, pois, os levitas em pé com os instrumentos de Davi, e os sacerdotes com as trombetas.

27 E deu ordem Ezequias que oferecessem o holocausto sobre o altar, e ao tempo em que começou o holocausto, começou também o canto do Senhor, com as trombetas e com os instrumentos de Davi, rei de Israel.

28 E toda a congregação se prostrou quando cantavam o canto, e tocavam as trombetas; tudo isso até o holocausto se acabar.

29 E acabando de fazer a oferta, o rei e todos quantos com ele se achavam se prostraram e adoraram.

30

Então o rei Ezequias e os príncipes disseram aos levitas que louvassem ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria, e se inclinaram e adoraram.

31 E respondeu Ezequias, e disse: Agora vos consagrastes a vós mesmos ao Senhor; chegai-vos e trazei sacrifícios e ofertas de louvor à casa do Senhor. E a congregação levou sacrifícios e ofertas de louvor; e todo voluntário de coração, holocaustos.

32 E o número dos holocaustos, que a congregação levou, foi de setenta bois, cem carneiros, duzentos cordeiros; tudo isso em holocausto para o Senhor.

33 Houve, também de coisas consagradas, seiscentos bois e três mil ovelhas.

34 Eram, porém, os sacerdotes muito poucos, e não podiam esfolar todos os holocaustos; pelo que seus irmãos, os levitas, os ajudaram, até a obra se acabar, e até que os outros sacerdotes se santificaram; porque os levitas foram mais retos de coração, para se santificarem, do que os sacerdotes.

35 E houve também holocaustos em abundância, com a gordura das ofertas pacíficas, e com as ofertas de bebida para os holocaustos. Assim se estabeleceu o ministério da casa do Senhor.

36 E Ezequias e todo o povo se alegraram de que Deus tivesse preparado o povo, porque subitamente se fez esta obra.

Capítulo 30

Ezequias convida todo o Israel para uma Páscoa solene em Jerusalém — Alguns aceitam a convocação; outros riem dele com zombaria — Os israelitas fiéis adoram o Senhor em Jerusalém.

1

Depois disso, Ezequias enviou mensageiros por todo o Israel e Judá, e escreveu também cartas a Efraim e a Manassés para que viessem à casa do Senhor em Jerusalém, para celebrarem a páscoa ao Senhor Deus de Israel.

2 Porque o rei tivera conselho com os seus príncipes, e com toda a congregação em Jerusalém, para celebrarem a páscoa no segundo mês.

3 Porquanto no mesmo tempo não a puderam celebrar, porque não se tinham santificado bastantes sacerdotes, e o povo não se tinha ajuntado em Jerusalém.

4 E foi isso justo aos olhos do rei e aos olhos de toda a congregação.

5 E ordenaram que se fizesse passar pregão por todo o Israel, desde Berseba até Dã, para que viessem celebrar a páscoa ao Senhor Deus de Israel em Jerusalém; porque muitos não a tinham celebrado como estava escrito.

6 Foram, pois, os correios com as cartas da mão do rei e dos seus príncipes, por todo o Israel e Judá, e segundo o mandado do rei, dizendo: Filhos de Israel, convertei-vos ao Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, para que ele se volte para aqueles de vós que escaparam da mão dos reis da Assíria.

7 E não sejais como vossos pais e como vossos irmãos, que transgrediram contra o Senhor, Deus de seus pais, pelo que os entregou à desolação como vedes.

8 Não endureçais agora a vossa cerviz, como vossos pais; dai a mão ao Senhor, e entrai no seu santuário que ele santificou para sempre, e servi ao Senhor vosso Deus, para que o ardor da sua ira se desvie de vós.

9 Porque, em vos convertendo ao Senhor, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericórdia perante os que os levaram cativos, e retornarão a esta terra, porque o Senhor vosso Deus é piedoso e misericordioso, e não desviará de vós o seu rosto, se vos converterdes a ele.

10

E os correios foram passando de cidade em cidade, pela terra de Efraim e Manassés, até Zebulom; porém riram-se e zombaram deles.

11 Todavia alguns de Aser, e de Manassés, e de Zebulom se humilharam, e foram a Jerusalém.

12 E a mão de Deus esteve em Judá, dando-lhes um só coração, para fazerem o mandado do rei e dos príncipes, conforme a palavra do Senhor.

13 E ajuntou-se em Jerusalém muito povo, para celebrar a festa dos pães ázimos, no segundo mês, uma congregação muito grande.

14 E levantaram-se, e tiraram os altares que havia em Jerusalém; também tiraram todos os altares de incenso, e os lançaram no ribeiro de Cedrom.

15 Então sacrificaram a páscoa no dia décimo quarto do segundo mês; e os sacerdotes e levitas se envergonharam, e se santificaram, e levaram holocaustos à casa do Senhor.

16 E puseram-se no seu posto segundo o seu costume, conforme a lei de Moisés, o homem de Deus; e os sacerdotes espargiam o sangue, tomando-o da mão dos levitas.

17 Porque havia muitos na congregação que não se tinham santificado; pelo que os levitas tinham o encargo de matar os cordeiros da páscoa por todo aquele que não estava limpo, para o santificarem ao Senhor.

18 Porque uma multidão do povo, muitos de Efraim e Manassés, Issacar e Zebulom não se tinham purificado, e contudo comeram a páscoa, não como está escrito; porém Ezequias orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe aquele

19 Que preparou o seu coração para buscar ao Senhor Deus, o Deus de seus pais, ainda que não esteja purificado segundo a purificação do santuário.

20

E o Senhor ouviu Ezequias, e curou o povo.

21 E os filhos de Israel, que se achavam em Jerusalém, celebraram a festa dos pães ázimos por sete dias com grande alegria; e os levitas e os sacerdotes louvaram ao Senhor de dia em dia, com instrumentos que retiniam fortemente ao Senhor.

22 E Ezequias falou benignamente a todos os levitas que tinham entendimento no bom conhecimento do Senhor; e comeram as ofertas da solenidade por sete dias, oferecendo ofertas pacíficas, e louvando ao Senhor, Deus de seus pais.

23 E tendo toda a congregação conselho para celebrarem outros sete dias, celebraram ainda sete dias com alegria.

24 Porque Ezequias, rei de Judá, apresentou à congregação mil novilhos e sete mil ovelhas; e os príncipes apresentaram à congregação mil novilhos e dez mil ovelhas; e os sacerdotes se santificaram em grande número.

25 E alegraram-se, toda a congregação de Judá, e os sacerdotes, e os levitas, toda a congregação de todos os que vieram de Israel, como também os estrangeiros que vieram da terra de Israel, e os que habitavam em Judá.

26 E houve grande alegria em Jerusalém, porque desde os dias de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, tal não houve em Jerusalém.

27 Então os sacerdotes, os levitas, levantaram-se e abençoaram o povo; e a sua voz foi ouvida, porque a sua oração chegou até a sua santa habitação, aos céus.

Capítulo 31

Os israelitas fiéis eliminam a falsa adoração de seu meio — O povo paga dízimos e ofertas — Os levitas administram os assuntos temporais — Ezequias serve fielmente.

1

E acabando tudo isso, todos os israelitas que ali se achavam saíram às cidades de Judá, e quebraram as estátuas, cortaram os postes-ídolos, e derrubaram os altos e os altares por toda Judá e Benjamim, como também em Efraim e Manassés, até que tudo destruíram; então retornaram todos os filhos de Israel, cada um para sua possessão, para as cidades deles.

2 E estabeleceu Ezequias os turnos dos sacerdotes e levitas, segundo os seus turnos, a cada um segundo o seu ministério; os sacerdotes e levitas para o holocausto e para as ofertas pacíficas, para ministrarem, e louvarem, e cantarem, às portas dos acampamentos do Senhor.

3 Também estabeleceu a parte dos bens do rei para os holocaustos, para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sábados, e das luas novas, e das solenidades, como está escrito na lei do Senhor.

4 E ordenou ao povo, aos moradores de Jerusalém, que dessem a parte dos sacerdotes e levitas, para que se pudessem dedicar à lei do Senhor.

5 E depois que se divulgou essa ordem, os filhos de Israel trouxeram muitas primícias de trigo, mosto, e azeite, e mel, e de todo o produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância.

6 E aos filhos de Israel e de Judá, que habitavam nas cidades de Judá, também trouxeram dízimos das vacas e das ovelhas, e dízimos das coisas sagradas que foram consagradas ao Senhor seu Deus; e fizeram muitos montões.

7 No terceiro mês começaram a fazer os primeiros montões, e no sétimo mês acabaram.

8 Chegando, pois, Ezequias e os príncipes, e vendo aqueles montões, bendisseram ao Senhor e ao seu povo Israel.

9 E perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas acerca daqueles montões.

10

E Azarias, o sumo sacerdote da casa de Zadoque, lhe falou, dizendo: Desde que se começou a trazer esta oferta à casa do Senhor, houve o que comer e do que se fartar, e ainda sobejo em abundância, porque o Senhor bendisse o seu povo, e sobejou esta abastança.

11 Então disse Ezequias que se preparassem câmaras na casa do Senhor, e as prepararam.

12 Ali puseram fielmente as ofertas, e os dízimos, e as coisas consagradas; e tinha cargo disso Conanias, o levita principal, e Simei, seu irmão, o segundo.

13 E Jeiel, e Azarias, e Naate, e Asael, e Jerimote, e Jozabade, e Eliel, e Ismaquias, e Maate, e Benaia eram superintendentes sob a direção de Conanias e Simei, seu irmão, por mandado do rei Ezequias, e de Azarias, chefe da casa de Deus.

14 E Coré, filho de Imna, o levita, porteiro do lado do oriente, tinha cargo das ofertas voluntárias de Deus, para distribuir as ofertas alçadas do Senhor e as coisas santíssimas.

15 E sob as suas ordens estavam Éden, e Miniamim, e Jesua, e Semaías, Amarias, e Secanias, nas cidades dos sacerdotes, para distribuírem com fidelidade a seus irmãos, segundo os seus turnos, tanto aos pequenos como aos grandes;

16 Além dos que estavam contados pelas genealogias dos homens, da idade de três anos e acima, a todos os que entravam na casa do Senhor, para a obra de cada dia no seu dia, pelo seu ministério nas suas guardas, segundo os seus turnos;

17 E os que estavam contados pelas genealogias dos sacerdotes, segundo a casa de seus pais, como também os levitas, da idade de vinte anos e acima, nas suas guardas, segundo os seus turnos;

18 Como também conforme as genealogias, com todos os seus pequeninos, suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, por toda a congregação, porque com fidelidade estes se santificavam nas coisas consagradas;

19 Também dentre os filhos de Aarão havia sacerdotes nos campos dos arrabaldes das suas cidades, em cada cidade, homens que foram contados pelos seus nomes para distribuírem as porções a todo homem entre os sacerdotes, e a todos os que estavam contados pelas genealogias entre os levitas.

20

E assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e verdadeiro, perante o Senhor seu Deus.

21 E em toda obra que começou no serviço da casa de Deus, e na lei, e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu coração o fez, e prosperou.

Capítulo 32

Senaqueribe invade Judá e sitia as cidades — Ele afronta o Senhor — Isaías e Ezequias oram, e um anjo destrói os líderes dos exércitos assírios — Ezequias reina em retidão, apesar de ter certo orgulho no coração.

1

Depois dessas coisas e dessa fidelidade, chegou Senaqueribe, rei da Assíria, e entrou em Judá, e acampou contra as cidades fortificadas, e intentou conquistá-las para si.

2 Vendo, pois, Ezequias que Senaqueribe chegava, e que estava determinado a guerrear contra Jerusalém,

3 Teve conselho com os seus príncipes e os seus homens, para que se tapassem as fontes das águas que havia fora da cidade, e eles o ajudaram.

4 Porque muito povo se ajuntou, e taparam todas as fontes, como também o ribeiro que se estendia pelo meio da terra, dizendo: Por que viriam os reis da Assíria, e achariam tantas águas?

5 E ele se fortificou, e edificou todo o muro quebrado até as torres, e levantou o outro muro por fora; e fortificou Milo na cidade de Davi, e fez armas e escudos em abundância.

6 E pôs capitães de guerra sobre o povo, e ajuntou-os a si na praça da porta da cidade, e falou-lhes ao coração, dizendo:

7 Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos espanteis por causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com ele, porque há um maior conosco do que com ele.

8 Com ele está o braço de carne, mas conosco o Senhor nosso Deus, para nos ajudar, e para guerrear nossas guerras. E o povo descansou nas palavras de Ezequias, rei de Judá.

9 Depois disso Senaqueribe, rei da Assíria, enviou os seus servos a Jerusalém (ele porém estava diante de Laquis, com todo o seu poderio), a Ezequias, rei de Judá, e a todo o Judá que estava em Jerusalém, dizendo:

10

Assim diz Senaqueribe, rei da Assíria: Em que confiais vós, para vos deixardes ficar na fortaleza em Jerusalém?

11 Porventura não vos incita Ezequias, para morrerdes de fome e de sede, dizendo: O Senhor nosso Deus nos livrará das mãos do rei da Assíria?

12 Não é Ezequias o mesmo que tirou os seus altos e os seus altares, e falou a Judá e a Jerusalém, dizendo: Diante do único altar vos prostrareis, e sobre ele queimareis incenso?

13 Não sabeis vós o que eu e meus pais fizemos a todos os povos das terras? Porventura puderam de qualquer maneira os deuses das nações daquelas terras livrar a sua terra da minha mão?

14 Qual é, de todos os deuses daquelas nações que meus pais destruíram, que pudesse livrar o seu povo da minha mão, para que vosso Deus vos possa livrar da minha mão?

15 Agora, pois, não vos engane Ezequias, nem vos incite assim, nem lhe deis crédito, porque nenhum deus de nação alguma, nem de reino algum, pode livrar o seu povo da minha mão, nem da mão de meus pais; quanto menos vos poderá livrar o vosso Deus da minha mão?

16 Também seus servos falaram ainda mais contra o Senhor Deus, e contra Ezequias, o seu servo.

17 Escreveu também cartas, para blasfemar do Senhor Deus de Israel, e para falar contra ele, dizendo: Assim como os deuses das nações das terras não livraram o seu povo da minha mão, assim também o Deus de Ezequias não livrará o seu povo da minha mão.

18 E clamaram em alta voz em judaico contra o povo de Jerusalém, que estava em cima do muro, para os atemorizar e os perturbar, para que tomassem a cidade.

19 E falaram do Deus de Jerusalém, como dos deuses dos povos da terra, obras das mãos dos homens.

20

Porém o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amós, oraram por causa disso, e clamaram ao céu.

21 Então o Senhor enviou um anjo que destruiu todos os homens valentes, e os príncipes, e os chefes no acampamento do rei da Assíria; e retornou com vergonha à sua terra; e entrando na casa de seu deus, os mesmos que saíram das suas entranhas o mataram ali à espada.

22 Assim, o Senhor livrou Ezequias, e os moradores de Jerusalém, da mão de Senaqueribe, rei da Assíria, e da mão de todos; e de todos os lados os guiou.

23 E muitos levavam presentes a Jerusalém ao Senhor, e coisas preciosíssimas a Ezequias, rei de Judá, de modo que, depois disso, foi exaltado perante os olhos de todas as nações.

24 Naqueles dias, Ezequias adoeceu de morte, e orou ao Senhor, o qual lhe falou, e lhe deu um sinal.

25 Mas não correspondeu Ezequias ao benefício que se lhe fez, porque o seu coração se exaltou; pelo que veio grande indignação sobre ele, e sobre Judá e Jerusalém.

26 Ezequias, porém, se humilhou pela exaltação do seu coração, ele e os habitantes de Jerusalém, e a grande indignação do Senhor não veio sobre eles nos dias de Ezequias.

27 E teve Ezequias riquezas e glória em grande abundância, e fez para si tesouros de prata, e de ouro, e de pedras preciosas, e de especiarias, e de escudos, e de todos os artigos que se podiam desejar;

28 Também armazéns para a colheita do trigo, e do mosto, e do azeite; e estrebarias para toda espécie de animais, e currais para os rebanhos.

29 Fez para si também cidades, e rebanhos de ovelhas e vacas em abundância, porque Deus lhe tinha dado muitíssimos bens.

30

Também o mesmo Ezequias tapou o manancial superior das águas de Giom, e as fez correr por baixo, para o ocidente da cidade de Davi, porque Ezequias prosperou em toda a sua obra.

31 Contudo, no caso dos embaixadores dos príncipes de Babilônia, que foram enviados a ele, para perguntarem acerca do prodígio que se fez naquela terra, Deus o desamparou, para testá-lo, para saber tudo o que havia no seu coração.

32 Quanto ao restante dos feitos de Ezequias, e as suas benevolências, eis que estão escritos na visão do profeta Isaías, filho de Amós, e no livro dos reis de Judá e de Israel.

33 E dormiu Ezequias com seus pais, e o sepultaram no mais alto dos sepulcros dos filhos de Davi; e todo o Judá e os habitantes de Jerusalém lhe fizeram honras na sua morte; e Manassés, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 33

Manassés reina iniquamente e adora deuses falsos — Ele é levado cativo para a Assíria — Ele se arrepende e serve ao Senhor — Amom reina iniquamente e é morto.

1

Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar, e cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém.

2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos gentios que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel.

3 Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha derrubado; e levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos, e prostrou-se diante de todo o exército dos céus, e o serviu.

4 E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: Em Jerusalém estará o meu nome eternamente.

5 Edificou altares a todo o exército dos céus, em ambos os pátios da casa do Senhor.

6 Fez ele também passar seus filhos pelo fogo no vale do filho de Hinom, e usou de adivinhações e de agouros, e de feitiçarias, e lidou com adivinhos e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira.

7 Também pôs uma imagem esculpida, o ídolo que tinha feito, na casa de Deus, da qual Deus tinha dito a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa, em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei eu o meu nome para sempre;

8 E nunca mais removerei o pé de Israel da terra que ordenei a vossos pais, contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que eu lhes ordenei, conforme toda a lei, e estatutos, e juízos, dados pela mão de Moisés.

9 E Manassés tanto fez errar Judá e os moradores de Jerusalém, que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel.

10

E falou o Senhor a Manassés e ao seu povo, porém não deram ouvidos.

11 Pelo que o Senhor trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés entre os espinhais, e o amarraram com cadeias, e o levaram a Babilônia.

12 E ele, angustiado, orou deveras ao Senhor seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais;

13 E lhe fez oração, e Deus se aplacou para com ele, e ouviu a sua súplica, e o tornou a trazer a Jerusalém, ao seu reino; então reconheceu Manassés que o Senhor era Deus.

14 E depois disso edificou o muro de fora da cidade de Davi, ao ocidente de Giom, no vale, e à entrada da porta do peixe, e ao redor, até Ofel, e o levantou muito alto; também pôs capitães do exército em todas as cidades fortificadas de Judá.

15 E tirou da casa do Senhor os deuses estranhos e o ídolo, como também todos os altares que tinha edificado no monte da casa do Senhor, e em Jerusalém, e os lançou para fora da cidade.

16 E reparou o altar do Senhor, e ofereceu sobre ele ofertas pacíficas e de louvor; e deu ordem a Judá que servissem ao Senhor Deus de Israel.

17 Mas ainda o povo sacrificava nos altos, mas somente ao Senhor seu Deus.

18 O restante, pois, dos feitos de Manassés, e a sua oração ao seu Deus, e as palavras dos videntes que lhe falaram no nome do Senhor Deus de Israel, eis que estão nas crônicas dos reis de Israel.

19 E a sua oração, e como Deus se aplacou para com ele, e todo o seu pecado, e a sua transgressão, e os lugares onde edificou altos, e pôs postes-ídolos e imagens de escultura, antes que se humilhasse, eis que está escrito nos livros dos videntes.

20

E dormiu Manassés com seus pais, e o sepultaram em sua casa; Amom, seu filho, reinou em seu lugar.

21 Era Amom de idade de vinte e dois anos quando começou a reinar, e dois anos reinou em Jerusalém.

22 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, como havia feito Manassés, seu pai; porque Amom sacrificou a todas as imagens de escultura que Manassés, seu pai, tinha feito, e as serviu.

23 Mas não se humilhou perante o Senhor, como Manassés, seu pai, se humilhara; antes multiplicou Amom os seus delitos.

24 E conspiraram contra ele os seus servos, e o mataram em sua casa.

25 Porém o povo da terra matou todos quantos conspiraram contra o rei Amom; e o povo da terra fez reinar em seu lugar Josias, seu filho.

Capítulo 34

Josias acaba com a idolatria em Judá — O povo de Judá repara a casa do Senhor — Hilquias descobre um livro da lei — Hulda, a profetisa, revela as desolações que hão de vir sobre o povo — Josias e o povo fazem convênio de servir ao Senhor.

1

Tinha Josias oito anos quando começou a reinar, e trinta e um anos reinou em Jerusalém.

2 E fez o que era reto aos olhos do Senhor; e andou nos caminhos de Davi, seu pai, sem se desviar deles nem para a direita nem para a esquerda.

3 Porque no oitavo ano do seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; e no duodécimo ano começou a purificar Judá e Jerusalém dos altos, e dos postes-ídolos, e das imagens de escultura e de fundição.

4 E derrubaram perante ele os altares dos baalins; e cortou as imagens do sol, que estavam acima deles, e os postes-ídolos, e as imagens de escultura e de fundição quebrou e reduziu a pó, e o espargiu sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrificado.

5 E os ossos dos sacerdotes queimou sobre os seus altares, e purificou Judá e Jerusalém.

6 O mesmo fez nas cidades de Manassés, e de Efraim, e de Simeão, e ainda até Naftali, em seus lugares assolados ao redor.

7 E tendo derrubado os altares, e os postes-ídolos, e as imagens de escultura, até reduzi-los a pó, e tendo cortado todas as imagens do sol em toda a terra de Israel, então voltou para Jerusalém.

8 E no ano décimo oitavo do seu reinado, havendo já purificado a terra e a casa, enviou Safã, filho de Asalias, e Maaseias, governador da cidade, e Joá, filho de Joacaz, cronista, para repararem a casa do Senhor seu Deus.

9 E foram a Hilquias, sumo sacerdote, e deram o dinheiro que se tinha trazido à casa de Deus, e que os levitas que guardavam a entrada tinham coligido da mão de Manassés, e de Efraim, e de todo o restante de Israel, como também de todo o Judá e Benjamim; e voltaram para Jerusalém.

10

E o deram na mão dos que tinham cargo da obra, e superintendiam a casa do Senhor; e estes o deram aos que faziam a obra, e trabalhavam na casa do Senhor, para consertarem e repararem a casa.

11 E o deram aos mestres da obra, e aos edificadores, para comprarem pedras lavradas, e madeira para as junturas, e para as vigas das casas que os reis de Judá tinham destruído.

12 E estes homens trabalhavam fielmente na obra; e os superintendentes sobre eles eram: Joate e Obadias, levitas, dos filhos de Merari, como também Zacarias e Mesulão, dos filhos dos coatitas, para avançarem a obra; estes levitas todos eram conhecedores de instrumentos de música.

13 Estavam também sobre os carregadores e os inspetores de todos os que trabalhavam em alguma obra; e dentre os levitas eram os escrivães, e os oficiais e os porteiros.

14 E ao tirarem eles o dinheiro que se tinha trazido à casa do Senhor, Hilquias, o sacerdote, achou o livro da lei do Senhor, dada pela mão de Moisés.

15 E Hilquias respondeu, e disse a Safã, o escrivão: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilquias deu o livro a Safã.

16 E Safã levou o livro ao rei, e prestou conta também ao rei, dizendo: Teus servos fazem tudo quanto se lhes encomendou.

17 E ajuntaram o dinheiro que se achou na casa do Senhor, e o deram na mão dos superintendentes e na mão dos que faziam a obra.

18 Além disso, Safã, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O sacerdote Hilquias me deu um livro. E Safã leu nele perante o rei.

19 E sucedeu que, ouvindo o rei as palavras da lei, rasgou as suas vestes.

20

E o rei deu ordem a Hilquias, e a Aicão, filho de Safã, e a Abdom, filho de Mica, e a Safã, o escrivão, e a Asaías, ministro do rei, dizendo:

21 Ide, consultai ao Senhor por mim, e pelos que restam em Israel e em Judá, sobre as palavras deste livro que se achou, porque grande é o furor do Senhor, que se derramou sobre nós, porquanto nossos pais não guardaram a palavra do Senhor, para fazerem conforme tudo quanto está escrito neste livro.

22 Então Hilquias e os enviados do rei foram ter com a profetiza Hulda, mulher de Salum, filho de Tocate, filho de Harás, guarda das vestimentas (e habitava ela em Jerusalém na segunda parte); e falaram-lhe segundo isso.

23 E ela lhes disse: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim:

24 Assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre este lugar, e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá.

25 Porque me deixaram, e queimaram incenso perante outros deuses, para me provocarem à ira com toda a obra das suas mãos; portanto, o meu furor se derramou sobre este lugar, e não se apagará.

26 Porém ao rei de Judá, que vos enviou para consultar ao Senhor, assim lhe direis: Assim diz o Senhor Deus de Israel quanto às palavras que ouviste:

27 Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as suas palavras contra este lugar, e contra os seus habitantes, e te humilhaste perante mim, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor.

28 Eis que te ajuntarei a teus pais, e tu serás recolhido ao teu sepulcro em paz, e os teus olhos não verão todo este mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus habitantes. E retornaram com esta resposta ao rei.

29 Então o rei mandou ajuntar todos os anciãos de Judá e Jerusalém.

30

E o rei subiu à casa do Senhor, com todos os homens de Judá, e os habitantes de Jerusalém, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até o menor; e ele leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do convênio, que se tinha achado na casa do Senhor.

31 E pôs-se o rei em pé em seu lugar, e fez convênio perante o Senhor, para seguir ao Senhor, e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração, e com toda a sua alma, cumprindo as palavras do convênio, que estão escritas naquele livro.

32 E fez aderir a ele todos quantos se achavam em Jerusalém e em Benjamim; e os habitantes de Jerusalém fizeram conforme o convênio de Deus, do Deus de seus pais.

33 E Josias tirou todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos de Israel; e a todos quantos se achavam em Israel obrigou a que servissem ao Senhor seu Deus; todos os seus dias não deixaram de seguir ao Senhor, Deus de seus pais.

Capítulo 35

Josias e todo o Judá realizam uma Páscoa solene — Josias é mortalmente ferido pelos egípcios em Megido.

1

Então Josias celebrou a páscoa ao Senhor em Jerusalém; e mataram o cordeiro da páscoa no décimo quarto dia do mês primeiro.

2 E estabeleceu os sacerdotes nas suas guardas, e os animou no serviço da casa do Senhor.

3 E disse aos levitas que ensinavam a todo o Israel e estavam consagrados ao Senhor: Ponde a arca sagrada na casa que edificou Salomão, filho de Davi, rei de Israel; não tereis mais este cargo aos ombros; agora servi ao Senhor vosso Deus, e ao seu povo Israel.

4 E preparai-vos segundo as casas de vossos pais, segundo os vossos turnos, conforme a prescrição de Davi, rei de Israel, e conforme a prescrição de Salomão, seu filho.

5 E estai no santuário segundo as divisões das casas paternas de vossos irmãos, os filhos do povo; e haja para cada um uma porção das casas paternas dos levitas.

6 E sacrificai a páscoa, e santificai-vos, e preparai-a para vossos irmãos, fazendo conforme a palavra do Senhor, dada pela mão de Moisés.

7 E apresentou Josias, aos filhos do povo, cordeiros e cabritos do rebanho, todos para os sacrifícios da páscoa, por todo o que ali se achava, em número de trinta mil, e de bois, três mil; isso era das propriedades do rei.

8 Também apresentaram os seus príncipes ofertas voluntárias ao povo, aos sacerdotes e aos levitas; Hilquias, e Zacarias, e Jeiel, chefes da casa de Deus, deram aos sacerdotes, para os sacrifícios da páscoa, duas mil e seiscentas reses de gado miúdo, e trezentos bois.

9 E Conanias, e Semaías, e Natanael, seus irmãos, como também Hasabias, e Jeiel, e Jozabade, príncipes dos levitas, apresentaram aos levitas, para os sacrifícios da páscoa, cinco mil reses de gado miúdo, e quinhentos bois.

10

Assim, se preparou o serviço, e puseram-se os sacerdotes nos seus postos, e os levitas nos seus turnos, conforme o mandado do rei.

11 Então sacrificaram a páscoa, e os sacerdotes espargiam o sangue recebido das suas mãos, e os levitas esfolavam as reses.

12 E puseram à parte os holocaustos, para os darem aos filhos do povo, segundo as divisões das casas paternas, para oferecerem ao Senhor, como está escrito no livro de Moisés; e assim fizeram com os bois.

13 E assaram a páscoa no fogo, segundo o rito; e as ofertas sagradas cozeram em panelas, e em caldeirões e em assadeiras; e prontamente as repartiram entre todo o povo.

14 Depois prepararam para si e para os sacerdotes, porque os sacerdotes, filhos de Aarão, se ocuparam até a noite com o sacrifício dos holocaustos e da gordura; pelo que os levitas prepararam para si e para os sacerdotes, filhos de Aarão.

15 E os cantores, filhos de Asafe, estavam no seu posto, segundo o mandado de Davi, e de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, vidente do rei, como também os porteiros a cada porta; não necessitaram de se desviarem do seu ministério, porquanto seus irmãos, os levitas, preparavam para eles.

16 Assim, se estabeleceu todo o serviço do Senhor naquele dia, para celebrar a páscoa, e sacrificar holocaustos sobre o altar do Senhor, segundo o mandado do rei Josias.

17 E os filhos de Israel que ali se achavam celebraram a páscoa naquele tempo, e a festa dos pães ázimos, por sete dias.

18 Nunca, pois, se celebrou tal páscoa em Israel, desde os dias do profeta Samuel; e nenhum dos reis de Israel celebrou tal páscoa como a que celebrou Josias com os sacerdotes, e levitas, e todo o Judá e Israel, que ali se achavam, e os habitantes de Jerusalém.

19 No ano décimo oitavo do reinado de Josias se celebrou esta páscoa.

20

Depois de tudo isso, havendo Josias já preparado a casa, subiu Neco, rei do Egito, para guerrear contra Carquemis, junto ao Eufrates; e Josias lhe saiu ao encontro.

21 Então ele lhe mandou mensageiros, dizendo: Que tenho eu contigo, rei de Judá? Contra ti não venho hoje, senão contra a casa que me faz guerra; e disse Deus que me apressasse; guarda-te de te opores a Deus, que é comigo, para que não te destrua.

22 Porém Josias não virou dele o seu rosto, antes se disfarçou, para pelejar com ele; e não deu ouvidos às palavras de Neco, que saíram da boca de Deus; antes, foi pelejar no vale de Megido.

23 E os flecheiros atiraram no rei Josias; então o rei disse a seus servos: Tirai-me daqui, porque estou gravemente ferido.

24 E seus servos o tiraram do carro, e o puseram no segundo carro que tinha, e o levaram a Jerusalém; e morreu, e o sepultaram nos sepulcros de seus pais; e todo o Judá e Jerusalém ficaram de luto por Josias.

25 E Jeremias fez uma lamentação sobre Josias; e todos os cantores e cantoras falaram de Josias nas suas lamentações, até o dia de hoje, porque as deram por estatuto em Israel; e eis que estão escritas nas lamentações.

26 Quanto ao restante dos feitos de Josias, e as suas benevolências, conforme está escrito na lei do Senhor,

27 E os seus feitos, tanto os primeiros como os últimos, eis que estão escritos no livro dos reis de Israel e de Judá.

Capítulo 36

Vários reis governam em Judá — Nabucodonosor invade Judá e faz Zedequias rei — Zedequias se rebela, o povo rejeita os profetas, e os caldeus queimam o templo e destroem Jerusalém — Ciro da Pérsia decreta a construção do templo.

1

Então o povo da terra tomou Joacaz, filho de Josias, e o fizeram rei em lugar de seu pai, em Jerusalém.

2 Era Joacaz da idade de vinte e três anos quando começou a reinar; e três meses reinou em Jerusalém.

3 Porque o rei do Egito o depôs em Jerusalém; e condenou a terra à contribuição de cem talentos de prata e um talento de ouro.

4 E o rei do Egito pôs Eliaquim, seu irmão, como rei sobre Judá e Jerusalém, e mudou-lhe o nome para Joaquim; mas Neco tomou seu irmão Joacaz, e levou-o para o Egito.

5 Era Joaquim de vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar; e onze anos reinou em Jerusalém; e fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus.

6 Subiu, pois, contra ele Nabucodonosor, rei de Babilônia, e o amarrou com cadeias, para o levar a Babilônia.

7 Também alguns dos utensílios da casa do Senhor levou Nabucodonosor a Babilônia, e pô-los no seu templo em Babilônia.

8 Quanto ao restante dos feitos de Joaquim, e as suas abominações que fez, e o mais que se achou nele, eis que está escrito no livro dos reis de Israel e de Judá; e Jeoaquim, seu filho, reinou em seu lugar.

9 Era Jeoaquim da idade de oito anos quando começou a reinar; e três meses e dez dias reinou em Jerusalém; e fez o que era mau aos olhos do Senhor.

10

E no decurso de um ano o rei Nabucodonosor mandou trazê-lo a Babilônia, com os mais preciosos utensílios da casa do Senhor; e pôs Zedequias, seu irmão, como rei sobre Judá e Jerusalém.

11 Era Zedequias da idade de vinte e um anos quando começou a reinar; e onze anos reinou em Jerusalém.

12 E fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus; e não se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte do Senhor.

13 Além disso, também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus; mas endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não se converteu ao Senhor Deus de Israel.

14 Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam cada vez mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa do Senhor, que ele tinha santificado em Jerusalém.

15 E o Senhor, Deus de seus pais, enviou-lhes a sua palavra pelos seus mensageiros, madrugando, e enviando-lhos; porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação.

16 Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus profetas, até que o furor do Senhor tanto subiu contra o seu povo que mais nenhum remédio houve.

17 Porque fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus rapazes à espada, na casa do seu santuário; e não teve piedade nem dos rapazes, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos decrépitos; a todos os deu na sua mão.

18 E todos os utensílios da casa de Deus, grandes e pequenos, e os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou para Babilônia.

19 E queimaram a casa de Deus, e derrubaram o muro de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos utensílios.

20

E os que escaparam da espada levou para Babilônia, e fizeram-se servos, dele e de seus filhos, até o tempo do reino da Pérsia.

21 Para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.

22 Porém, no primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do Senhor pela boca de Jeremias), despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:

23 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá; quem de vós entre todo o seu povo, o Senhor seu Deus seja com ele, e suba.

Esdras

Capítulo 1

O rei Ciro da Pérsia permite que os judeus voltem a Jerusalém para construir o templo — Ciro devolve os utensílios da casa do Senhor tomados por Nabucodonosor.

1

No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, (para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias) despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:

2 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá.

3 Quem entre vós de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa do Senhor Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.

4 E todo aquele que ficar atrás em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, e com ouro, e com bens, e com gados, afora as dádivas voluntárias para a casa de Deus, que está em Jerusalém.

5 Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem para edificar a casa do Senhor, que está em Jerusalém.

6 E todos os que habitavam nos arredores os ajudaram com utensílios de prata, com ouro, com bens, e com gados, e com as coisas preciosas, afora tudo o que voluntariamente se deu.

7 Também o rei Ciro tirou os utensílios da casa do Senhor, que Nabucodonosor tinha levado de Jerusalém, e que tinha posto na casa de seus deuses.

8 Esses tirou Ciro, rei da Pérsia, pela mão de Mitredate, o tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, príncipe de Judá.

9 E este é o número deles: trinta bacias de ouro, mil bacias de prata, vinte e nove facas,

10

Trinta taças de ouro, mais outras quatrocentas e dez taças de prata, e mil outros utensílios.

11 Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos; todos estes levou Sesbazar, quando os do cativeiro subiram de Babilônia para Jerusalém.

Capítulo 2

Os descendentes dos judeus levados cativos que voltam para Jerusalém e para Judá são enumerados — O sacerdócio é negado aos filhos dos sacerdotes cuja genealogia se perdeu — Os fiéis contribuem para a construção do templo.

1

Estes são os filhos da província, que subiram do cativeiro, dos exilados que Nabucodonosor, rei de Babilônia, tinha transportado a Babilônia, e retornaram a Jerusalém e a Judá, cada um para a sua cidade;

2 Os quais vieram com Zorobabel, Jesua, Neemias, Seraías, Reelaías, Mardoqueu, Bilsã, Mispar, Bigvai, Reum e Baaná. O número dos homens do povo de Israel:

3 Os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois.

4 Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois.

5 Os filhos de Ará, setecentos e setenta e cinco.

6 Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesua-Joabe, dois mil oitocentos e doze.

7 Os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro.

8 Os filhos de Zatu, novecentos e quarenta e cinco.

9 Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta.

10

Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois.

11 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e três.

12 Os filhos de Azgade, mil duzentos e vinte e dois.

13 Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis.

14 Os filhos de Bigvai, dois mil e cinquenta e seis.

15 Os filhos de Adim, quatrocentos e cinquenta e quatro.

16 Os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito.

17 Os filhos de Bezai, trezentos e vinte e três.

18 Os filhos de Jora, cento e doze.

19 Os filhos de Hasum, duzentos e vinte e três.

20

Os filhos de Gibar, noventa e cinco.

21 Os filhos de Belém, cento e vinte e três.

22 Os homens de Netofa, cinquenta e seis.

23 Os homens de Anatote, cento e vinte e oito.

24 Os filhos de Azmavete, quarenta e dois.

25 Os filhos de Quiriate-Arim, Quefira e Beerote, setecentos e quarenta e três.

26 Os filhos de Ramá, e Geba, seiscentos e vinte e um.

27 Os homens de Micmás, cento e vinte e dois.

28 Os homens de Betel e Ai, duzentos e vinte e três.

29 Os filhos de Nebo, cinquenta e dois.

30

Os filhos de Magbis, cento e cinquenta e seis.

31 Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro.

32 Os filhos de Harim, trezentos e vinte.

33 Os filhos de Lode, Hadide, e Ono, setecentos e vinte e cinco.

34 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.

35 Os filhos de Senaá, três mil seiscentos e trinta.

36 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e setenta e três.

37 Os filhos de Imer, mil e cinquenta e dois.

38 Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete.

39 Os filhos de Harim, mil e dezessete.

40

Os levitas: os filhos de Jesua e Cadmiel, dos filhos de Hodavias, setenta e quatro.

41 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e vinte e oito.

42 Os filhos dos porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai; ao todo, cento e trinta e nove.

43 Os netinins: os filhos de Zia, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote,

44 Os filhos de Queros, os filhos de Sia, os filhos de Padom,

45 Os filhos de Lebaná, os filhos de Hagaba, os filhos de Acube,

46 Os filhos de Hagabe, os filhos de Sanlai, os filhos de Hanã,

47 Os filhos de Gidel, os filhos de Gaar, os filhos de Reaías,

48 Os filhos de Rezim, os filhos de Necoda, os filhos de Gazão,

49 Os filhos de Uzá, os filhos de Paseá, os filhos de Bezai,

50

Os filhos de Asna, os filhos dos meunitas, os filhos dos nefuseus,

51 Os filhos de Bacbuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Harur,

52 Os filhos de Bazlute, os filhos de Meída, os filhos de Harsa,

53 Os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Tama,

54 Os filhos de Neziá, os filhos de Hatifa,

55 Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soferete, os filhos de Peruda,

56 Os filhos de Jaala, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,

57 Os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Poquerete-Hazebaim, os filhos de Ami.

58 Todos os netinins, e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.

59 Também esses subiram de Tel-Melá e Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer, porém não puderam provar que a casa de seus pais e a sua linhagem eram de Israel.

60

Os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e cinquenta e dois.

61 E dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que tomou mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado pelo seu nome.

62 Esses buscaram o seu registro entre os que estavam registrados nas genealogias, mas não se acharam nelas; pelo que por imundos foram excluídos do sacerdócio.

63 E o governador lhes disse que não comessem das coisas santíssimas, até que houvesse sacerdote com Urim e com Tumim.

64 Toda essa congregação junta foi quarenta e dois mil trezentos e sessenta,

65 Afora os seus servos e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; também havia duzentos cantores e cantoras.

66 Os seus cavalos, setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco;

67 Os seus camelos, quatrocentos e trinta e cinco; os jumentos, seis mil setecentos e vinte.

68 E alguns dos chefes dos pais, vindo à casa do Senhor, que está em Jerusalém, deram ofertas voluntárias para a casa de Deus, para a estabelecerem no seu lugar.

69 Conforme a sua capacidade, deram para o tesouro da obra, em ouro, sessenta e uma mil dracmas, e em prata, cinco mil libras, e cem vestes sacerdotais.

70

E habitaram os sacerdotes e os levitas, e alguns do povo, tanto os cantores, como os porteiros, e os netinins, nas suas cidades, como também todo o Israel nas suas cidades.

Capítulo 3

O altar é reconstruído — São reinstituídos os sacrifícios regulares — Os alicerces do templo são colocados em meio a grande regozijo.

1

Chegando, pois, o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas cidades, ajuntou-se o povo, como um só homem, em Jerusalém.

2 E levantou-se Jesua, filho de Josadaque, e seus irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos, e edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocausto, como está escrito na lei de Moisés, o homem de Deus.

3 E firmaram o altar sobre as suas bases, porque o terror estava sobre eles, por causa dos povos das terras; e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde.

4 E celebraram a festa dos tabernáculos, como está escrito; ofereceram holocaustos de dia em dia, por ordem, conforme o rito, cada coisa no seu dia.

5 E depois disso o holocausto contínuo, e os das luas novas e de todas as solenidades santificadas do Senhor, como também de qualquer que oferecia oferta voluntária ao Senhor.

6 Desde o primeiro dia do sétimo mês começaram a oferecer holocaustos ao Senhor, porém ainda não estavam postos os fundamentos do templo do Senhor.

7 Deram, pois, o dinheiro aos cortadores e artífices, como também comida, e bebida, e azeite aos sidônios, e aos tírios, para trazerem do Líbano madeira de cedro ao mar de Jope, segundo a concessão que lhes tinha feito Ciro, rei da Pérsia.

8 E no segundo ano da sua vinda à casa de Deus em Jerusalém, no segundo mês, começaram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Josadaque, e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram do cativeiro a Jerusalém; e constituíram os levitas da idade de vinte anos e acima, para que dirigissem a obra da casa do Senhor.

9 Então se levantaram Jesua, seus filhos, e seus irmãos, Cadmiel e seus filhos, os filhos de Judá, como um só homem, para dirigirem os que faziam a obra na casa de Deus, com os filhos de Henadade, seus filhos e seus irmãos, os levitas.

10

Quando, pois, os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, então apresentaram-se os sacerdotes, vestidos e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com saltérios, para louvarem ao Senhor, conforme a instituição de Davi, rei de Israel.

11 E cantavam alternadamente, louvando e celebrando ao Senhor, porque é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com grande júbilo, quando louvaram ao Senhor, pela fundação da casa do Senhor.

12 Porém muitos dos sacerdotes, e levitas, e chefes dos pais, velhos, que viram a primeira casa sobre o seu fundamento, vendo perante os seus olhos essa casa, choraram em altas vozes; mas muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria.

13 De maneira que não discernia o povo as vozes do júbilo de alegria, das vozes do choro do povo; porque o povo jubilava com tão grande júbilo, que as vozes se ouviam de muito longe.

Capítulo 4

Os samaritanos oferecem ajuda e depois atrapalham a obra — A construção do templo e das muralhas de Jerusalém é interrompida.

1

Ouvindo, pois, os adversários de Judá e Benjamim que os que retornaram do cativeiro edificavam o templo ao Senhor Deus de Israel,

2 Chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus, como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir aqui.

3 Porém Zorobabel, e Jesua, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus, mas nós sozinhos a edificaremos ao Senhor Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.

4 Todavia o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá, e inquietava-os no edificar.

5 E subornaram contra eles conselheiros, para frustrarem o seu conselho, todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até o reinado de Dario, rei da Pérsia.

6 E sob o reino de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém.

7 E nos dias de Artaxerxes escreveram Bislão, Mitredate, Tabeel, e os outros da sua companhia, a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta estava escrita em caracteres siríacos, e na língua siríaca.

8 Escreveram, pois, Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, uma carta contra Jerusalém, ao rei Artaxerxes, nestes termos:

9 Então escreveram Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, e os outros da sua companhia: os dinaítas e afarsaquitas, tarpelitas, afarsitas, arquevitas, babilônios, susanquitas, deavitas, elamitas,

10

E os outros povos, que transportou o grande e afamado Asnapar, e que ele fez habitar na cidade de Samaria, e os outros de aquém do rio, e em tal tempo.

11 Este, pois, é o teor da carta que ao rei Artaxerxes mandaram: Teus servos, os homens de aquém do rio, e em tal tempo.

12 Saiba o rei que os judeus que subiram de ti vieram a nós a Jerusalém, e edificam aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros, e reparando os seus fundamentos.

13 Agora saiba o rei que, se aquela cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, não pagarão os direitos, os tributos, e os pedágios; e assim se prejudicará a renda dos reis.

14 Agora, pois, porquanto somos assalariados do paço, e não nos convém ver a desonra do rei, por isso mandamos dar aviso ao rei,

15 Para que se busque no livro das crônicas de teus pais, e acharás no livro das crônicas, e saberás que aquela foi uma cidade rebelde, e danosa aos reis e províncias, e que nela fizeram rebelião em tempos antigos, pelo que foi aquela cidade destruída.

16 Nós, pois, fazemos notório ao rei que, se aquela cidade se reedificar, e os seus muros se restaurarem, desta maneira não terás porção alguma deste lado do rio.

17 E o rei enviou esta reposta a Reum, o chanceler, e a Sinsai, o escrivão, e aos demais da sua companhia, que habitavam em Samaria, como também ao restante dos que estavam além do rio: Paz! E em tal tempo.

18 A carta que nos enviastes foi explicitamente lida diante de mim.

19 E ordenando-o eu, buscaram e descobriram que em tempos antigos aquela cidade se levantou contra os reis, e nela se fez rebelião e sedição.

20

Também houve reis poderosos sobre Jerusalém que de além do rio dominaram em todo lugar, e se lhes pagaram direitos, e tributos, e pedágios.

21 Agora, pois, dai ordem para impedirdes aqueles homens, a fim de que não se edifique aquela cidade, até que se dê uma ordem por mim.

22 E guardai-vos de cometerdes erro nisso; por que cresceria o dano para prejuízo dos reis?

23 Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes se leu perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência.

24 Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalém; e cessou até o ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia.

Capítulo 5

Ageu e Zacarias profetizam — Zorobabel retoma a construção do templo — Os samaritanos questionam o direito dos judeus de continuarem seu trabalho de construção.

1

E os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá, e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram.

2 Então se levantaram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Josadaque, e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém, e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam.

3 Naquele tempo vieram a eles Tatenai, governador de aquém do rio, e Setar-Bozenai, e os seus companheiros, e disseram-lhes assim: Quem vos deu ordem para edificardes esta casa, e restaurardes este muro?

4 Então assim lhes dissemos: E quais são os nomes dos homens que constroem este edifício?

5 Porém os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, e não os impediram, até que o assunto chegasse a Dario, e então respondessem por carta sobre isso.

6 Cópia da carta que Tatenai, o governador de aquém do rio, com Setar-Bozenai e os seus companheiros, os afarsaquitas, que estavam de aquém do rio, enviaram ao rei Dario.

7 Enviaram-lhe uma carta, e assim estava escrito nela: Toda a paz ao rei Dario.

8 Seja notório ao rei, que nós fomos à província de Judá, à casa do grande Deus, que se edifica com grandes pedras, e a madeira se está pondo sobre as paredes; e essa obra apressuradamente se faz, e se adianta em suas mãos.

9 Então perguntamos aos anciãos, e assim lhes dissemos: Quem vos deu ordem para edificardes esta casa, e restaurardes este muro?

10

Além disso, lhes perguntamos também pelos seus nomes, para tos declararmos, para que te pudéssemos escrever os nomes dos homens que entre eles são os chefes.

11 E esta resposta nos deram, dizendo: Nós somos servos do Deus dos céus e da terra, e reedificamos a casa que foi edificada muitos anos antes; porque um grande rei de Israel a edificou e a terminou.

12 Mas depois que nossos pais provocaram à ira o Deus dos céus, ele os entregou na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, o caldeu, o qual destruiu esta casa, e transportou o seu povo para Babilônia.

13 Porém no primeiro ano de Ciro, rei de Babilônia, o rei Ciro deu ordem para que esta casa de Deus se edificasse.

14 E até os utensílios de ouro e prata, da casa de Deus, que Nabucodonosor tomou do templo que estava em Jerusalém e os pôs no templo de Babilônia, o rei Ciro os tirou do templo de Babilônia, e foram dados a um homem cujo nome era Sesbazar, a quem nomeou governador.

15 E disse-lhe: Toma estes utensílios, vai, e leva-os ao templo que está em Jerusalém, e faze edificar a casa de Deus no seu lugar.

16 Então veio o dito Sesbazar, e pôs os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalém, e desde então para cá se está edificando, e ainda não está acabada.

17 Agora, pois, se parece bem ao rei, busque-se lá na casa dos tesouros do rei, que está em Babilônia, se é verdade que se deu uma ordem pelo rei Ciro para edificar esta casa de Deus em Jerusalém; e sobre isto se nos manda saber a vontade do rei.

Capítulo 6

Dario renova o decreto de Ciro para a construção do templo — Ele é terminado e dedicado, reiniciando-se os sacrifícios e as festas.

1

Então o rei Dario deu ordem, e buscaram na casa dos arquivos, onde se guardavam os tesouros em Babilônia.

2 E em Acmeta, no paço, que está na província de Média, se achou um rolo, e nele estava escrito um memorial que dizia assim:

3 No ano primeiro do rei Ciro, o rei Ciro deu esta ordem: A casa de Deus em Jerusalém, esta casa se edificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes; a sua altura de sessenta côvados, e a sua largura de sessenta côvados;

4 Com três carreiras de grandes pedras, e uma carreira de madeira nova, e a despesa se fará da casa do rei.

5 Além disso, os utensílios de ouro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor transportou do templo que estava em Jerusalém, e levou para Babilônia, serão restituídos, para que voltem ao seu lugar, ao templo que está em Jerusalém, e serão postos na casa de Deus.

6 Agora, pois, Tatenai, governador de além do rio, Setar-Bozenai, e os seus companheiros, os afarsaquitas, que estais além do rio, apartai-vos dali.

7 Deixai prosseguir a obra desta casa de Deus, para que o governador dos judeus e os anciãos dos judeus edifiquem esta casa de Deus no seu lugar.

8 Também por mim se decreta o que haveis de fazer com os anciãos dos judeus, para edificar esta casa de Deus, a saber, que dos bens do rei, dos tributos de além do rio, se pague prontamente a despesa a estes homens, para que não sejam impedidos.

9 E o que for necessário, como bezerros, e carneiros, e cordeiros, para holocausto ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite, segundo a palavra dos sacerdotes que estão em Jerusalém, dê-se-lhes, de dia em dia, para que não haja falta.

10

Para que ofereçam sacrifícios de cheiro suave ao Deus dos céus, e orem pela vida do rei e de seus filhos.

11 Também por mim se decreta que todo homem que mudar este decreto, um madeiro se arrancará da sua casa, e levantado, o pendurarão nele, e da sua casa se fará por isso um monturo.

12 O Deus, pois, que fez habitar ali o seu nome, derrube todos os reis e povos que estenderem a sua mão para o mudarem, e para destruírem esta casa de Deus, que está em Jerusalém. Eu, Dario, dei o decreto; apressuradamente se faça.

13 Então Tatenai, o governador de além do rio, Setar-Bozenai e os seus companheiros, assim fizeram apressuradamente, conforme o que decretara o rei Dario.

14 E os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando pela profecia do profeta Ageu, e de Zacarias, filho de Ido. E a edificaram e a terminaram conforme o mandado do Deus de Israel, e conforme o mandado de Ciro e Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia.

15 E acabou-se esta casa no dia terceiro do mês de Adar, que era o sexto ano do reinado do rei Dario.

16 E os filhos de Israel, os sacerdotes, e os levitas, e o restante dos filhos do cativeiro fizeram a consagração desta casa de Deus com alegria.

17 E ofereceram para a consagração desta casa de Deus cem novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros, e doze cabritos para oferta pelo pecado de todo o Israel, segundo o número das tribos de Israel.

18 E puseram os sacerdotes nos seus turnos e os levitas nas suas divisões, para o ministério de Deus, que está em Jerusalém, conforme o escrito do livro de Moisés.

19 E os que vieram do cativeiro celebraram a páscoa no dia quatorze do primeiro mês.

20

Porque os sacerdotes e levitas se purificaram como se fossem um só homem, todos estavam limpos; e mataram o cordeiro da páscoa para todos os filhos do cativeiro, e para seus irmãos, os sacerdotes, e para si mesmos.

21 Assim, comeram os filhos de Israel que tinham voltado do cativeiro, com todos os que a eles se apartaram da imundície das nações da terra, para buscarem ao Senhor Deus de Israel,

22 E celebraram a festa dos pães ázimos por sete dias com alegria, porque o Senhor os tinha alegrado, e tinha mudado o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da casa de Deus, o Deus de Israel.

Capítulo 7

Esdras sobe a Jerusalém — Artaxerxes fornece o necessário para o embelezamento do templo e sustenta os judeus em sua adoração.

1

E passadas essas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias,

2 Filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube,

3 Filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote,

4 Filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui,

5 Filho de Abisua, filho de Fineias, filho de Eleazar, filho de Aarão, o sumo sacerdote;

6 Este Esdras subiu de Babilônia; e era escriba hábil na lei de Moisés, que deu o Senhor Deus de Israel; e segundo a mão do Senhor seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.

7 Também subiram a Jerusalém alguns dos filhos de Israel, e dos sacerdotes, e dos levitas, e dos cantores, e dos porteiros, e dos netinins, no ano sétimo do rei Artaxerxes.

8 E no mês quinto foi a Jerusalém, no que era o sétimo ano deste rei.

9 Porque no primeiro dia do primeiro mês foi o princípio da subida de Babilônia, e no primeiro dia do quinto mês chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele.

10

Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor, e para cumpri-la, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus decretos.

11 Esta é, pois, a cópia da carta que o rei Artaxerxes deu ao sacerdote e escriba Esdras, o escriba das palavras dos mandamentos do Senhor, e dos seus estatutos sobre Israel:

12 Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu, paz perfeita, e em tal tempo.

13 Por mim se decreta que no meu reino todo aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir contigo a Jerusalém, vá.

14 Porquanto da parte do rei e dos seus sete conselheiros és mandado, para fazeres inquirição em Judá e em Jerusalém, conforme a lei do teu Deus, que está na tua mão;

15 E para levares a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel, cuja habitação está em Jerusalém;

16 E toda a prata e o ouro que achares em toda a província de Babilônia, com as ofertas voluntárias do povo e dos sacerdotes, que voluntariamente oferecerem, para a casa de seu Deus, que está em Jerusalém.

17 Portanto, compra logo com esse dinheiro novilhos, carneiros, cordeiros, com as suas ofertas de manjares, e as suas libações, e oferece-as sobre o altar da casa de vosso Deus, que está em Jerusalém.

18 Também o que a ti e a teus irmãos bem parecer fazerdes do restante da prata e do ouro, o fareis conforme a vontade do vosso Deus.

19 E os utensílios que te foram dados para o serviço da casa de teu Deus, restitui-os perante o Deus de Jerusalém.

20

E o restante do que for necessário para a casa de teu Deus, que te convenha dar, o darás da casa dos tesouros do rei.

21 E por mim mesmo, o rei Artaxerxes, se decreta a todos os tesoureiros que estão além do rio que tudo quanto vos pedir o sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus dos céus, apressuradamente se faça,

22 Até cem talentos de prata, e até cem coros de trigo, e até cem batos de vinho, e até cem batos de azeite, e sal sem conta.

23 Tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do céu, prontamente se faça para a casa do Deus do céu; pois para que haveria grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos?

24 Também vos fazemos saber acerca de todos os sacerdotes e levitas, cantores, porteiros, netinins, e ministros da casa deste Deus, que não se lhes possa impôr nem direito, nem tributo, nem pedágio.

25 E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que está na tua mão, põe magistrados e juízes, que julguem todo o povo que está além do rio, todos os que sabem as leis de teu Deus; e ao que não as sabe, as fareis saber.

26 E todo aquele que não cumprir a lei do teu Deus e a lei do rei, seja julgado prontamente, quer seja morte, quer degredo, quer multa sobre os seus bens, quer prisão.

27 Bendito seja o Senhor Deus de nossos pais, que tal inspirou ao coração do rei, para ornarmos a casa do Senhor, que está em Jerusalém,

28 E que estendeu para mim a sua benevolência perante o rei e os seus conselheiros e todos os príncipes poderosos do rei; assim me fortaleci, segundo a mão do Senhor sobre mim, e ajuntei dentre Israel uns chefes para subirem comigo.

Capítulo 8

Enumeram-se os que sobem da Babilônia para Jerusalém — Os levitas são chamados para acompanhá-los — Esdras e o povo jejuam e oram e obtêm orientação e proteção para ir a Jerusalém.

1

Estes, pois, são os chefes de seus pais, com as suas genealogias, dos que subiram comigo de Babilônia no reinado do rei Artaxerxes:

2 Dos filhos de Fineias, Gérson; dos filhos de Itamar, Daniel; dos filhos de Davi, Hatus;

3 Dos filhos de Secanias, e dos filhos de Parós, Zacarias; e com ele, por genealogias, se contaram até cento e cinquenta homens.

4 Dos filhos de Paate-Moabe, Elioenai, filho de Zeraías; e com ele duzentos homens.

5 Dos filhos de Secanias, o filho de Jaaziel; e com ele trezentos homens.

6 E dos filhos de Adim, Ebede, filho de Jônatas; e com ele cinquenta homens.

7 E dos filhos de Elão, Jesaías, filho de Atalias; e com ele setenta homens.

8 E dos filhos de Sefatias, Zebadias, filho de Micael; e com ele oitenta homens.

9 Dos filhos de Joabe, Obadias, filho de Jeiel; e com ele duzentos e dezoito homens.

10

E dos filhos de Selomite, o filho de Josifias; e com ele cento e sessenta homens.

11 E dos filhos de Bebai, Zacarias, o filho de Bebai; e com ele vinte e oito homens.

12 E dos filhos de Azgade, Joanã, o filho de Hacatã; e com ele cento e dez homens.

13 E dos últimos filhos de Adonicão, cujos nomes eram estes: Elifelete, Jeiel e Semaías; e com eles sessenta homens.

14 E dos filhos de Bigvai, Utai e Zabude; e com eles setenta homens.

15 E ajuntei-os perto do rio que corre para Aava, e ficamos ali acampados três dias; então atentei para o povo e para os sacerdotes, e não achei ali nenhum dos filhos de Levi.

16 Enviei, pois, Eliezer, Ariel, Semaías, e Elnatã, e Jaribe, e Elnatã, e Natã, e Zacarias, e Mesulão, os chefes, como também Joiaribe, e Elnatã, que eram sábios.

17 E dei-lhes mandado para Ido, chefe no lugar de Casifia, e lhes pus palavras na boca para dizerem a Ido, seu irmão, e aos netinins, no lugar de Casifia, que nos trouxessem ministros para a casa do nosso Deus.

18 E trouxeram-nos, segundo a boa mão de Deus sobre nós, um homem prudente, dos filhos de Mali, filho de Levi, filho de Israel, a saber, Serebias, com os seus filhos e irmãos, dezoito;

19 E Hasabias, e com ele Jesaías, dos filhos de Merari; com seus irmãos e os filhos deles, vinte;

20

E dos netinins que Davi e os príncipes deram para o ministério dos levitas, duzentos e vinte netinins; todos foram expressos por seus nomes.

21 Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho direito para nós, e para nossos pequeninos, e para todos os nossos bens.

22 Porque me envergonhei de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, sobre todos os que o deixam.

23 Nós, pois, jejuamos, e pedimos isso ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações.

24 Então separei doze dos principais dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos.

25 E pesei-lhes a prata, e o ouro, e os utensílios, que eram a oferta para a casa de nosso Deus, que ofereceram o rei e os seus conselheiros, e os seus príncipes, e todo o Israel que ali se achava.

26 E pesei em suas mãos seiscentos e cinquenta talentos de prata, e em utensílios de prata, cem talentos, e cem talentos de ouro.

27 E vinte taças de ouro, de mil dracmas, e dois utensílios de fino bronze lustroso, tão precioso como ouro.

28 E disse-lhes: Consagrados sois ao Senhor, e sagrados são estes utensílios, como também esta prata e este ouro, oferta voluntária, oferecida ao Senhor Deus de vossos pais,

29 Vigiai, pois, e guardai-os até que os peseis na presença dos principais dos sacerdotes e dos levitas, e dos príncipes dos pais de Israel, em Jerusalém, nas câmaras da casa do Senhor.

30

Então receberam os sacerdotes e os levitas o peso da prata, e do ouro, e dos utensílios, para o levarem a Jerusalém, à casa de nosso Deus.

31 E partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês, para irmos a Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas no caminho.

32 E chegamos a Jerusalém, e repousamos ali três dias.

33 E no dia quatro se pesou a prata, e o ouro, e os utensílios, na casa do nosso Deus, por mão de Meremote, filho do sacerdote Urias, e com ele Eleazar, filho de Fineias, e com eles Jozabade, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui, levitas;

34 Conforme o número e conforme o peso de tudo aquilo; e todo o peso se registrou no mesmo tempo.

35 E os transportados, que vieram do cativeiro, ofereceram holocaustos ao Deus de Israel: doze novilhos por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros, e doze bodes em oferta pelo pecado, tudo em holocausto ao Senhor.

36 Então deram as ordens do rei aos sátrapas do rei, e aos governadores de aquém do rio; e ajudaram o povo e a casa de Deus.

Capítulo 9

Muitos judeus se casam com cananeus e outros estrangeiros e seguem as suas abominações — Esdras ora e confessa os pecados de todo o povo.

1

Acabadas, pois, essas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, não se separaram dos povos destas terras, segundo as suas abominações, a saber, dos cananeus, dos heteus, dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios, e dos amorreus.

2 Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras; e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nessa trangressão.

3 E ouvindo eu tal coisa, rasguei as minhas vestes e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei atônito.

4 Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel, por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu fiquei assentado atônito até o sacrifício da tarde.

5 E perto do sacrifício da tarde me levantei da minha aflição, havendo rasgado as minhas vestes e o meu manto, e me pus de joelhos, e estendi as minhas mãos para o Senhor meu Deus;

6 E disse: Meu Deus! Estou envergonhado e humilhado de levantar a ti a minha face, meu Deus, porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até os céus.

7 Desde os dias de nossos pais até o dia de hoje estamos em grande culpa, e por causa das nossas iniquidades somos entregues, nós, os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à confusão do rosto, como hoje se vê.

8 E agora, como por um pequeno momento, se nos fez graça da parte do Senhor nosso Deus, para nos deixar alguns que escapem, e para dar-nos uma estaca no seu santuário, para nos alumiar os olhos, ó Deus nosso, e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão;

9 Porque servos somos; porém na nossa servidão não nos desamparou o nosso Deus; antes estendeu sobre nós benevolência perante os reis da Pérsia, para que nos desse vida, para levantarmos a casa do nosso Deus, e para restaurarmos as suas ruínas, e para que nos desse um muro em Judá e em Jerusalém.

10

Agora, pois, ó nosso Deus, que diremos depois disso? Pois deixamos os teus mandamentos,

11 Os quais mandaste pelo ministério de teus servos, os profetas, dizendo: A terra em que entrais para a possuir, terra imunda é pelas imundícies dos povos das terras, pelas suas abominações com que a encheram, de uma extremidade à outra, com a sua imundície.

12 Agora, pois, vossas filhas não dareis a seus filhos, e suas filhas não tomareis para vossos filhos, e nunca procurareis a sua paz e o seu bem; para que vos fortaleçais, e comais o bem da terra, e a deixeis por herança a vossos filhos para sempre.

13 E depois de tudo o que nos sucedeu por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa, porquanto tu, ó nosso Deus, impediste que fôssemos destruídos por causa da nossa iniquidade, e ainda nos deste livramento como este,

14 Tornaremos, pois, agora a violar os teus mandamentos, e a aparentar-nos com os povos destas abominações? Não te indignarias tu assim contra nós até de todo nos consumir, até que não ficasse remanescente, nem quem escapasse?

15 Ah! Senhor Deus de Israel, justo és, pois somos os restantes que escaparam, como hoje se vê; eis que estamos diante de ti no nosso delito, porque depois disso ninguém há que possa estar na tua presença.

Capítulo 10

Os judeus fazem convênio de mandar embora as esposas tomadas dos cananeus e de outros povos — Esdras reúne o povo em Jerusalém — Os levitas que se casaram com mulheres não israelitas são enumerados.

1

E orando Esdras assim, e fazendo essa confissão, chorando, e prostrando-se diante da casa de Deus, ajuntou-se a ele de Israel uma congregação muito grande, de homens e de mulheres, e de crianças; porque o povo chorava com grande choro.

2 Então respondeu Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Elão, e disse a Esdras: Nós transgredimos contra o nosso Deus, e casamos com mulheres estrangeiras do povo da terra, mas no tocante a isso, ainda há esperança para Israel.

3 Agora, pois, façamos convênio com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres, e tudo o que é nascido delas, conforme o conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei.

4 Levanta-te, pois, porque te pertence este assunto, e nós seremos contigo; sê corajoso, e age.

5 Então Esdras se levantou, e ajuramentou os principais dos sacerdotes e dos levitas, e todo o Israel, de que fariam conforme esta palavra; e juraram.

6 E Esdras se levantou de diante da casa de Deus, e entrou na câmara de Joanã, filho de Eliasibe; e chegando lá, pão não comeu, e água não bebeu, porque pranteava por causa da transgressão dos do cativeiro.

7 E fizeram passar pregão por Judá e Jerusalém, e todos os que vieram do cativeiro, para que se ajuntassem em Jerusalém.

8 E que todo aquele que em três dias não viesse, segundo o conselho dos príncipes e dos anciãos, todos os seus bens se poriam em interdito, e ele seria separado da congregação dos do cativeiro.

9 Então todos os homens de Judá e Benjamim em três dias se ajuntaram em Jerusalém; era o nono mês, no dia vinte do mês, e todo o povo se assentou na praça da casa de Deus, tremendo por este assunto e por causa das grandes chuvas.

10

Então se levantou Esdras, o sacerdote, e disse-lhes: Vós transgredistes, e casastes com mulheres estrangeiras, multiplicando o delito de Israel.

11 Agora, pois, fazei confissão ao Senhor Deus de vossos pais; e fazei a sua vontade; e apartai-vos dos povos das terras, e das mulheres estrangeiras.

12 E respondeu toda a congregação, e disseram em alta voz: Assim seja, conforme as tuas palavras nos convém fazer.

13 Porém o povo é muito, e também é tempo de grandes chuvas, e não se pode estar aqui fora, nem é trabalho de um dia nem de dois, porque somos muitos os que transgredimos neste assunto.

14 Ora, ponham-se os nossos príncipes de toda a congregação sobre este assunto; e todos os que em nossas cidades casaram com mulheres estrangeiras venham em tempos determinados, e com eles os anciãos de cada cidade, e os seus juízes, até que desviemos de nós o ardor da ira do nosso Deus, por esta causa.

15 Porém somente Jônatas, filho de Asael, e Jaseías, filho de Ticvá, se puseram sobre este assunto; e Mesulão, e Sabetai, levita, os ajudaram.

16 E assim o fizeram os que retornaram do cativeiro; e apartaram-se o sacerdote Esdras e os homens, cabeças dos pais, segundo a casa de seus pais, e todos pelos seus nomes; e assentaram-se no primeiro dia do décimo mês, para inquirirem sobre este assunto.

17 E acabaram de tratar com todos os homens que casaram com mulheres estrangeiras, até o primeiro dia do primeiro mês.

18 E acharam-se dos filhos dos sacerdotes que casaram com mulheres estrangeiras: dos filhos de Jesua, filho de Josadaque, e seus irmãos, Maaseias, e Eliezer, e Jaribe, e Gedalias.

19 E deram a sua mão prometendo que despediriam suas mulheres; e achando-se culpados, ofereceram um carneiro do rebanho pelo seu delito.

20

E dos filhos de Imer: Hanani, e Zebadias.

21 E dos filhos de Harim: Maaseias, e Elias, e Semaías, e Jeiel, e Uzias.

22 E dos filhos de Pasur: Elioenai, Maaseias, Ismael, Natanael, Jozabade, e Elasa.

23 E dos levitas: Jozabade, e Simei, e Quelaías (este é Quelita), Petaías, Judá, e Eliezer.

24 E dos cantores: Eliasibe; e dos porteiros: Salum, e Telém, e Uri.

25 E de Israel, dos filhos de Parós: Ramias, e Jezias, e Malquias, e Miamim, e Eleazar, e Malquias, e Benaia.

26 E dos filhos de Elão: Matanias, Zacarias, e Jeiel, e Abdi, e Jeremote, e Elias.

27 E dos filhos de Zatu: Elioenai, Eliasibe, Matanias, e Jeremote, e Zabade, e Aziza.

28 E dos filhos de Bebai: Joanã, Hananias, Zabai, e Atlai.

29 E dos filhos de Bani: Mesulão, Maluque, e Adaías, Jasube, e Seal, e Jeremote.

30

E dos filhos de Paate-Moabe: Adna, e Quelal, Benaia, Maseias, Matanias, Bezalel, e Binui, e Manassés.

31 E dos filhos de Harim: Eliezer, Issias, Malquias, Semaías, Simeão,

32 Benjamim, Maluque, e Semarias.

33 Dos filhos de Hasum: Matenai, Matatá, Zabade, Elifelete, Jeremai, Manassés, e Simei.

34 Dos filhos de Bani: Maadai, Anrão, e Uel,

35 Benaia, Bedias, Queluí,

36 Vanias, Meremote, Eliasibe,

37 Matanias, Matenai, e Jaasai,

38 E Bani, e Binui, Simei,

39 E Selemias, e Natã, e Adaías,

40

Macnadebai, Sasai, Sarai,

41 Azareel, e Selemias, Semarias,

42 Salum, Amarias, e José.

43 Dos filhos de Nebo: Jeiel, Matitias, Zabade, Zebina, Jadai, Joel, e Benaia.

44 Todos estes tomaram mulheres estrangeiras; e alguns deles tinham mulheres de quem tiveram filhos.

O Livro de
Neemias

Capítulo 1

Neemias chora, jejua e ora pelos judeus que estão em Jerusalém.

1

As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de Quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza,

2 Que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá, e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, e que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém.

3 E disseram-me: Os restantes, que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e opróbrio, e o muro de Jerusalém fendido, e as suas portas queimadas a fogo.

4 E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.

5 E disse: Ah, Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível, que guarda o convênio e a benignidade para com aqueles que o amam e guardam os seus mandamentos;

6 Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje oro perante ti, de dia e de noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa de meu pai pecamos.

7 De todo nos corrompemos contra ti, e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a Moisés, teu servo.

8 Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés, teu servo, dizendo: Se vós transgredirdes, eu vos espalharei entre os povos.

9 E vós vos convertereis a mim, e guardareis os meus mandamentos, e os cumprireis; então, ainda que os vossos rejeitados estejam na extremidade do céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que escolhi, para ali fazer habitar o meu nome.

10

E estes são teus servos e o teu povo, que resgataste com a tua grande força e com a tua forte mão.

11 Ah, Senhor, estejam pois atentos os teus ouvidos à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. Então era eu copeiro do rei.

Capítulo 2

Artaxerxes envia Neemias a Jerusalém — Sambalate e outros se opõem a Neemias no tocante à reconstrução das muralhas e portas de Jerusalém.

1

Sucedeu, pois, no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu tomei o vinho, e o dei ao rei; porém nunca estivera triste diante dele.

2 E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração; então temi sobremaneira.

3 E disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?

4 E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus,

5 E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a edifique.

6 Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, determinando-lhe eu um certo tempo.

7 Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, deem-se-me cartas para os governadores de além do rio, para que me deem passagem até que chegue a Judá.

8 Como também uma carta para Asafe, guarda do bosque do rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, e para o muro da cidade, e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim.

9 Então fui aos governadores de além do rio, e dei-lhes as cartas do rei; e o rei tinha enviado comigo capitães do exército e cavaleiros.

10

O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, lhes desagradou extremamente que alguém viesse procurar o bem dos filhos de Israel.

11 E cheguei a Jerusalém, e estive ali três dias.

12 E de noite me levantei, eu e poucos homens comigo, e não declarei a ninguém o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém; e não havia comigo animal algum, senão aquele em que estava montado.

13 E de noite saí pela porta do vale, e para o lado da fonte do dragão, e para a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam fendidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo.

14 E passei à porta da fonte, e ao tanque do rei; e não havia lugar por onde pudesse passar o animal em que estava montado.

15 Então de noite subi pelo ribeiro, e contemplei o muro; e voltei, e entrei pela porta do vale, e assim voltei.

16 E não souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu fazia, porque ainda nem aos judeus, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos demais que faziam a obra, até então tinha declarado coisa alguma.

17 Então lhes disse: Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada, e que as suas portas foram queimadas a fogo; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém, e não estejamos mais em opróbrio.

18 Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito. Então disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E fortaleceram as suas mãos para o bem.

19 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o árabe, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isto que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?

20

Então lhes respondi, e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos, mas vós não tendes parte, nem direito, nem memória em Jerusalém.

Capítulo 3

Enumeram-se o nome e a ordem daqueles que ajudam a construir as muralhas e as portas de Jerusalém.

1

E levantou-se Eliasibe, o sumo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes, e edificaram a porta do gado, a qual consagraram; e levantaram as suas portas; e até a torre de Meá consagraram, e até a torre de Hananeel.

2 E junto a ele edificaram os homens de Jericó; também ao seu lado edificou Zacur, filho de Imri.

3 E a porta do peixe edificaram os filhos de Hassenaá, a qual emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

4 E ao seu lado reparou Meremote, filho de Urias, o filho de Coz; e ao seu lado reparou Mesulão, filho de Berequias, o filho de Mesezabeel; e ao seu lado reparou Zadoque, filho de Baaná.

5 E ao seu lado repararam os tecoítas, porém os seus ilustres não submeteram a sua cerviz ao serviço de seu senhor.

6 E a porta velha repararam-na Joiada, filho de Paseá, e Mesulão, filho de Besodias; estes a emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

7 E ao seu lado repararam Melatias, o gibeonita, e Jadom, meronotita, homens de Gibeom e Mizpá, até o trono do governador de além do rio.

8 Ao seu lado reparou Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; e ao seu lado reparou Hananias, filho de um dos perfumistas; e restauraram Jerusalém até o muro largo.

9 E ao seu lado reparou Refaías, filho de Hur, chefe da metade de Jerusalém.

10

E ao seu lado reparou Jedaías, filho de Harumafe, e defronte de sua casa; e ao seu lado reparou Hatus, filho de Hasabneias.

11 A outra porção reparou Malquias, filho de Harim, e Hasube, filho de Paate-Moabe, como também a torre dos fornos.

12 E ao seu lado reparou Salum, filho de Haloés, chefe da outra meia parte de Jerusalém, ele e suas filhas.

13 A porta do vale reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa; estes a edificaram, e lhe levantaram as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como também mil côvados no muro, até a porta do monturo.

14 E a porta do monturo reparou-a Malquias, filho de Recabe, chefe do distrito de Bete-Haquerém; este a edificou, e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

15 E a porta da fonte reparou-a Salum, filho de Col-Hosé, chefe do distrito de Mizpá; este a edificou, e a cobriu, e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como também o muro do tanque de Siloé, ao pé do jardim do rei, e até os degraus que descem da cidade de Davi.

16 Depois dele edificou Neemias, filho de Azbuque, chefe da metade de Bete-Zur, até defronte dos sepulcros de Davi, e até o tanque artificial, e até a casa dos valentes.

17 Depois dele repararam os levitas, Reum, filho de Bani; ao seu lado reparou Hasabias, chefe da metade de Queila, no seu distrito.

18 Depois dele repararam seus irmãos, Bavai, filho de Henadade, chefe da outra meia parte de Queila.

19 Ao seu lado reparou Ezer, filho de Jesua, chefe de Mizpá, outra porção, defronte da subida à casa das armas, à esquina.

20

Depois dele reparou com grande ardor Baruque, filho de Zabai, outra medida, desde a esquina até a porta da casa de Eliasibe, o sumo sacerdote.

21 Depois dele reparou Meremote, filho de Urias, o filho de Coz, outra porção, desde a porta da casa de Eliasibe, até a extremidade da casa de Eliasibe.

22 E depois dele repararam os sacerdotes que habitavam na campina.

23 Depois repararam Benjamim e Hasube, defronte da sua casa; depois dele reparou Azarias, filho de Maaseias, o filho de Ananias, junto à sua casa.

24 Depois dele reparou Binui, filho de Henadade, outra porção, desde a casa de Azarias até a esquina, e até o canto.

25 Palal, filho de Uzai, reparou defronte da esquina, e a torre que sai da casa real superior, que está junto ao pátio da prisão; depois dele, Pedaías, filho de Parós.

26 E os netinins que habitavam em Ofel, até defronte da porta das águas, para o oriente, e até a torre alta.

27 Depois repararam os tecoítas outra porção, defronte da torre grande e alta, e até o muro de Ofel.

28 Desde acima da porta dos cavalos repararam os sacerdotes, cada um defronte da sua casa.

29 Depois deles reparou Zadoque, filho de Imer, defronte de sua casa; e depois dele reparou Semaías, filho de Secanias, guarda da porta oriental.

30

Depois dele reparou Hananias, filho de Selemias, e Hanum, filho de Zalafe, o sexto, outra porção; depois dele reparou Mesulão, filho de Berequias, defronte da sua câmara.

31 Depois dele reparou Malquias, filho de um ourives, até a casa dos netinins e mercadores, defronte da porta de Mifcade, e até a câmara do canto.

32 E entre a câmara do canto e a porta do gado, repararam os ourives e os mercadores.

Capítulo 4

Os inimigos dos judeus procuram impedi-los de reconstruir as muralhas de Jerusalém — Neemias arma os trabalhadores e mantém o progresso da obra.

1

E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus.

2 E falou na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria, e disse. Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isto? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?

3 E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra.

4 Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e caia o seu opróbrio sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um despojo na terra do cativeiro.

5 E não cubras a sua iniquidade, e não se risque diante de ti o seu pecado, pois que te irritaram defronte dos edificadores.

6 Porém edificamos o muro, e todo o muro se fechou até sua metade, porque o coração do povo se inclinava a trabalhar.

7 E sucedeu que, ouvindo Sambalate e Tobias, e os árabes, e os amonitas, e os asdoditas, que tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo,

8 E ligaram-se entre si todos, para irem guerrear contra Jerusalém, e para os desviarem do seu intento.

9 Porém nós oramos ao nosso Deus, e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles.

10

Então disse Judá: Já desfaleceram as forças dos carregadores, e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro.

11 Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão disso, nem verão, até que entremos no meio deles, e os matemos; assim faremos cessar a obra.

12 E sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nô-lo disseram, de todos os lugares, porque retornavam a nós.

13 Pelo que pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus o povo, pelas suas famílias, com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos.

14 E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao restante do povo: Não os temais; lembrai-vos do grande e temível Senhor, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.

15 E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que nô-lo fizeram saber, e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra.

16 E sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus moços trabalhava na obra, e metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos, e as couraças; e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.

17 Os que edificavam o muro, e os que levavam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra segurava a arma.

18 E os edificadores, cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e edificavam; e o que tocava a trombeta estava junto comigo.

19 E disse eu aos nobres, e aos magistrados, e ao restante do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros.

20

No lugar onde ouvirdes o som da buzina, ali vos ajuntareis a nós; o nosso Deus pelejará por nós.

21 Assim, trabalhávamos na obra; e metade deles segurava as lanças desde a subida da alva até o sair das estrelas.

22 Também naquele tempo disse ao povo: Cada um com o seu servo passe a noite em Jerusalém, para que de noite nos sirvam de guarda, e de dia na obra.

23 E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam despíamos as nossas vestes; cada um tinha suas armas e água.

Capítulo 5

Muitos judeus estão sob o jugo de outros judeus — Por ordem de Neemias, eles são libertados, suas terras são restituídas, e a prática da usura é abolida.

1

Foi, porém, grande o clamor do povo e de suas mulheres contra os judeus, seus irmãos.

2 Porque havia quem dizia: Com nossos filhos, e nossas filhas, nós somos muitos; pelo que tomemos trigo, para que comamos e vivamos.

3 Também havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas, e as nossas casas empenhamos, para tomarmos trigo nesta fome.

4 Também havia quem dizia: tomamos emprestado dinheiro até para o tributo do rei sobre as nossas terras e as nossas vinhas.

5 Agora, pois, a nossa carne é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos como seus filhos; e eis que sujeitamos nossos filhos e nossas filhas para serem servos; e até algumas de nossas filhas são tão sujeitas que não estão no poder de nossas mãos; e outros têm as nossas terras e as nossas vinhas.

6 Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.

7 E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Usura tomais cada um de seu irmão. E ajuntei contra eles uma grande assembleia.

8 E disse-lhes: Nós, segundo nossas posses, resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações; e vós outra vez venderíeis vossos irmãos, ou vender-se-ão a nós? Então se calaram, e não acharam o que responder.

9 Disse mais: Não é bom o que fazeis. Porventura não andaríeis no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio dos gentios, os nossos inimigos?

10

Também eu, meus irmãos e meus servos a juros lhes emprestamos dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.

11 Restituí-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus olivais, e as suas casas, como também o centésimo do dinheiro, do trigo, do mosto, e do azeite, que vós exigis deles.

12 Então disseram: Restituir-lho-emos, e nada exigiremos deles; faremos assim como dizes. Então chamei os sacerdotes, e os fiz jurar que fariam conforme essa palavra.

13 Também o meu regaço sacudi, e disse: Assim sacuda Deus todo homem da sua casa e do seu trabalho que não confirmar esta palavra, e assim seja sacudido e despojado. E toda a congregação disse: Amém! E louvaram ao Senhor; e o povo fez conforme essa palavra.

14 Também desde o dia em que me mandou que eu fosse seu governador na terra de Judá, desde o ano vinte, até o ano trinta e dois do rei Artaxerxes, doze anos, nem eu nem meus irmãos comemos o pão do governador.

15 Mas os primeiros governadores, que foram antes de mim, oprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho, e além disso, quarenta siclos de prata, como também os seus moços dominavam sobre o povo; porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus.

16 Como também na obra deste muro fiz reparação, e terra nenhuma compramos, e todos os meus moços ali se ajuntaram à obra.

17 Também dos judeus e dos magistrados, cento e cinquenta homens, e os que vinham a nós, dentre as nações que estão ao redor de nós, se punham à minha mesa.

18 E o que se preparava para cada dia era um boi e seis ovelhas escolhidas; também aves se me preparavam, e de dez em dez dias muitíssimo vinho de todo tipo; e nem por isso exigi o pão do governador, porquanto a servidão deste povo era grande.

19 Lembra-te de mim para bem, ó meu Deus, e de tudo quanto fiz a este povo.

Capítulo 6

Sambalate se envolve em uma intriga contra Neemias e contra a construção da muralha — Os judeus terminam a construção da muralha.

1

Sucedeu mais que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesém, o árabe, e o restante dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro, e que nele não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais,

2 Sambalate e Gesém mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal.

3 E enviei-lhes mensageiros para dizer: Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?

4 E da mesma maneira mandaram dizer-me quatro vezes, e da mesma maneira lhes respondi.

5 Então Sambalate, da mesma maneira, uma quinta vez me enviou seu moço com uma carta aberta na sua mão;

6 E na qual estava escrito: Entre as nações se ouviu, e Gesém diz: Tu e os judeus intentais rebelar-vos, pelo que edificas o muro; e tu te farás rei deles segundo estas palavras;

7 E que puseste profetas para pregarem a respeito de ti em Jerusalém, dizendo: Este é rei em Judá; de modo que o rei o ouvirá, segundo estas palavras; vem, pois, agora e consultemos juntamente.

8 Porém eu mandei dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma sucedeu; mas tu do teu coração o inventas.

9 Porque todos eles nos procuravam atemorizar, dizendo: As suas mãos largarão a obra, e não se efetuará. Agora, pois, ó Deus, fortalece as minhas mãos.

10

E entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te, sim, de noite virão matar-te.

11 Porém eu disse: Um homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei.

12 E eis que percebi que não era Deus quem o enviara; mas esta profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o contrataram.

13 Para isso o contrataram, para me atemorizar, e para que assim fizesse, e pecasse, para que tivessem alguma causa para me infamarem, e assim me repreenderem.

14 Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras; e também da profetiza Noadia, e dos demais profetas que procuraram atemorizar-me.

15 Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco do mês de Elul, em cinquenta e dois dias.

16 E sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram, todos os gentios que havia ao redor de nós, e abateram-se muito a seus próprios olhos, porque reconheceram que o nosso Deus fizera essa obra.

17 Também naqueles dias alguns nobres de Judá escreveram muitas cartas, que iam para Tobias; e as cartas de Tobias vinham para eles.

18 Porque muitos em Judá se lhe ajuramentaram, porque era genro de Secanias, filho de Ará; e seu filho Joanã tomara a filha de Mesulão, filho de Berequias.

19 Também as suas bondades contavam perante mim, e levavam as minhas palavras a ele; portanto, Tobias escrevia cartas para me atemorizar.

Capítulo 7

Tomam-se providências para a proteção de Jerusalém — Relaciona-se a genealogia dos judeus que voltaram da Babilônia — Nega-se a concessão do sacerdócio aos sacerdotes que não têm registros genealógicos.

1

Sucedeu mais que, depois que o muro fora edificado, eu levantei as portas; e foram estabelecidos os porteiros, e os cantores, e os levitas.

2 Eu nomeei Hanani, meu irmão, e Hananias, chefe da fortaleza em Jerusalém, porque era homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos.

3 E disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalém até que o sol aqueça; e enquanto os que assistirem ali fechem as portas, e vós trancai-as; e ponham-se guardas dos moradores de Jerusalém, cada um na sua guarda, e cada um diante da sua casa.

4 E era a cidade larga de espaço e grande, porém pouco povo havia dentro dela, e ainda as casas não estavam edificadas.

5 Então o meu Deus me pôs no coração que ajuntasse os nobres, e os magistrados, e o povo, para registrar as genealogias; e achei o livro da genealogia dos que subiram primeiro, e assim achei escrito nele:

6 Estes são os filhos da província, que subiram do cativeiro dos exilados, que transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia; e voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade.

7 Os quais vieram com Zorobabel, Jesua, Neemias, Azarias, Raamias, Naamani, Mardoqueu, Bilsã, Misperete, Bigvai, Neum, e Baaná; este é o número dos homens do povo de Israel:

8 Foram os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois.

9 Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois.

10

Os filhos de Ará, seiscentos e cinquenta e dois.

11 Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesua e de Joabe, dois mil oitocentos e dezoito.

12 Os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro.

13 Os filhos de Zatu, oitocentos e quarenta e cinco.

14 Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta.

15 Os filhos de Binui, seiscentos e quarenta e oito.

16 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e oito.

17 Os filhos de Azgade, dois mil trezentos e vinte e dois.

18 Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e sete.

19 Os filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete.

20

Os filhos de Adim, seiscentos e cinquenta e cinco.

21 Os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito.

22 Os filhos de Hassum, trezentos e vinte e oito.

23 Os filhos de Bezai, trezentos e vinte e quatro.

24 Os filhos de Harife, cento e doze.

25 Os filhos de Gibeom, noventa e cinco.

26 Os homens de Belém e de Netofa, cento e oitenta e oito.

27 Os homens de Anatote, cento e vinte e oito.

28 Os homens de Bete-Azmavete, quarenta e dois.

29 Os homens de Quiriate-Jearim, Quefira, e Beerote, setecentos e quarenta e três.

30

Os homens de Ramá e Geba, seiscentos e vinte e um.

31 Os homens de Micmás, cento e vinte e dois.

32 Os homens de Betel e Ai, cento e vinte e três.

33 Os homens do outro Nebo, cinquenta e dois.

34 Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro.

35 Os filhos de Harim, trezentos e vinte.

36 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.

37 Os filhos de Lode, Hadide e Ono, setecentos e vinte e um.

38 Os filhos de Senaá, três mil novecentos e trinta.

39 Os sacerdotes: Os filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e setenta e três.

40

Os filhos de Imer, mil e cinquenta e dois.

41 Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete.

42 Os filhos de Harim, mil e dezessete.

43 Os levitas: Os filhos de Jesua, de Cadmiel, dos filhos de Hodeva, setenta e quatro.

44 Os cantores: Os filhos de Asafe, cento e quarenta e oito.

45 Os porteiros: Os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, cento e trinta e oito.

46 Os netinins: Os filhos de Zia, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote,

47 Os filhos de Queros, os filhos de Sia, os filhos de Padom,

48 Os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Salmai,

49 Os filhos de Hanã, os filhos de Gidel, os filhos de Gaar,

50

Os filhos de Reaías, os filhos de Rezim, os filhos de Necoda,

51 Os filhos de Gazão, os filhos de Uzá, os filhos de Paseá,

52 Os filhos de Besai, os filhos de Meunim, os filhos de Nefussim,

53 Os filhos de Bacbuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Harur,

54 Os filhos de Bazlite, os filhos de Meída, os filhos de Harsa,

55 Os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Tamá,

56 Os filhos de Nesia, os filhos de Hatifa,

57 Os filhos dos servos de Salomão: Os filhos de Sotai, os filhos de Soferete, os filhos de Perida,

58 Os filhos de Jaalá, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,

59 Os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Poquerete-Hazebaim, os filhos de Amom.

60

Todos os netinins e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.

61 Também estes subiram de Tel-Melá, e Tel-Harsa, Querube, Adom, Imer, porém não puderam mostrar a casa de seus pais e a sua linhagem, se eram de Israel.

62 Os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e quarenta e dois.

63 E dos sacerdotes: Os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que tomara uma mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e se chamou pelo nome delas.

64 Esses buscaram o seu registro, querendo contar a sua geração, porém não se achou, pelo que, como imundos, foram excluídos do sacerdócio.

65 E o governador lhes disse que não comessem das coisas santíssimas, até que se apresentasse o sacerdote com Urim e Tumim.

66 Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta,

67 Afora os seus servos e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; e tinham duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras.

68 Os seus cavalos, setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco.

69 Camelos, quatrocentos e trinta e cinco; jumentos, seis mil setecentos e vinte.

70

E uma parte dos cabeças dos pais contribuíram para a obra; o governador deu para o tesouro, em ouro, mil dracmas, cinquenta bacias, e quinhentas e trinta vestes sacerdotais.

71 E alguns mais dos cabeças dos pais deram para o tesouro da obra, em ouro, vinte mil dracmas, e em prata, duas mil e duzentas libras.

72 E o que deu o restante do povo foi, em ouro, vinte mil dracmas, e em prata, duas mil libras, e sessenta e sete vestes sacerdotais.

73 E habitaram os sacerdotes, e os levitas, e os porteiros, e os cantores, e alguns do povo, e os netinins, e todo o Israel nas suas cidades.

Capítulo 8

Esdras lê e interpreta para o povo a lei de Moisés — Eles guardam a Festa dos Tabernáculos.

1

E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem na praça, diante da porta das águas, e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.

2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com discernimento, no primeiro dia do sétimo mês.

3 E leu nele diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até o meio dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender, e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.

4 E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim; e estavam em pé junto a ele, à sua mão direita, Matitias, e Sema, e Anaías, e Urias, e Hilquias, e Maaseias; e à sua mão esquerda, Pedaías, e Misael, e Melquias, e Hassum, e Hasbadana, Zacarias, e Mesulão.

5 E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo, porque estava acima de todo o povo; e abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.

6 E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu: Amém, Amém, levantando as suas mãos; e inclinaram-se, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.

7 E Jesua, e Bani, e Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías, e os levitas ensinavam o povo na lei; e o povo estava no seu posto.

8 E leram no livro, na lei de Deus, claramente, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.

9 E Neemias (que era o governador), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.

10

Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si, porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força.

11 E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.

12 Então todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer grande regozijo, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.

13 E no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças dos pais de todo o povo, os sacerdotes, e os levitas, com Esdras, o escriba; e isto para atentarem nas palavras da lei.

14 E acharam escrito na lei que o Senhor ordenara, pelo ministério de Moisés, que os filhos de Israel habitassem em cabanas, na solenidade da festa, no sétimo mês.

15 Assim, o publicaram, e fizeram passar pregão por todas as suas cidades, e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte, e trazei ramos de oliveiras, e ramos de oliveiras-bravas, e ramos de murtas, e ramos de palmeiras, e ramos de árvores frondosas, para fazer cabanas, como está escrito.

16 Saiu, pois, o povo, e os trouxeram, e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da casa de Deus, e na praça da porta das águas, e na praça da porta de Efraim.

17 E toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fizeram cabanas e habitaram nas cabanas, porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até aquele dia; e houve alegria muito grande.

18 E de dia em dia se leu no livro da lei de Deus, desde o primeiro dia até o derradeiro; e celebraram a solenidade da festa por sete dias, e no oitavo dia, uma assembleia solene, segundo o rito.

Capítulo 9

Os judeus jejuam e confessam seus pecados — Os levitas bendizem e louvam ao Senhor e relembram Sua bondade para com Israel.

1

E no dia vinte e quatro deste mês se ajuntaram os filhos de Israel com jejum, e com panos de saco, e terra sobre si.

2 E a geração de Israel se apartou de todos os estrangeiros, e puseram-se em pé, e fizeram confissão pelos seus pecados e pelas iniquidades de seus pais.

3 Porque, levantando-se no seu posto, leram no livro da lei do Senhor seu Deus uma quarta parte do dia; e na outra quarta parte fizeram confissão, e adoraram ao Senhor seu Deus.

4 E Jesua, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenani se puseram em pé no lugar alto dos levitas, e clamaram em alta voz ao Senhor seu Deus.

5 E os levitas, Jesua, e Cadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias, Sebanias, Petaías, disseram: Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade; e bendigam o nome da tua glória, que está exaltado sobre toda bênção e louvor.

6 Tu só és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército; a terra e tudo quanto nela há; os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora.

7 Tu és Senhor, o Deus, que elegeste Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão.

8 E achaste o seu coração fiel perante ti, e fizeste com ele o convênio de que lhe darias a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, e dos perizeus, e dos jebuseus, e dos girgaseus, para a dares à sua semente, e confirmaste as tuas palavras, porquanto és justo.

9 E viste a aflição de nossos pais no Egito, e ouviste o seu clamor junto ao Mar Vermelho.

10

E mostraste sinais e prodígios a Faraó, e a todos os seus servos, e a todo o povo da sua terra; porque soubeste que soberbamente os trataram; e assim te adquiriste nome, como hoje se vê.

11 E o mar fendeste perante eles, e passaram pelo meio do mar, em seco; e lançaste os seus perseguidores nas profundezas, como uma pedra nas águas violentas.

12 E os guiaste de dia por uma coluna de nuvem, e de noite por uma coluna de fogo, para os alumiares no caminho por onde haviam de ir.

13 E sobre o monte Sinai desceste, e falaste com eles desde os céus, e deste-lhes juízos retos, e leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons.

14 E o teu santo sábado lhes fizeste saber; e preceitos, e estatutos, e lei lhes mandaste pelo ministério de Moisés, teu servo.

15 E pão dos céus lhes deste na sua fome, e água da penha lhes produziste na sua sede; e lhes disseste que entrassem para possuírem a terra pela qual alçaste a tua mão em juramento de que lha havias de dar.

16 Porém eles e nossos pais se houveram soberbamente, e endureceram a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos.

17 E recusaram-se a ouvir-te, e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz, e na sua rebelião levantaram um chefe, a fim de voltarem para a sua servidão; porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em benevolência, não os desamparaste.

18 Ainda mesmo quando eles fizeram para si um bezerro de fundição, e disseram: Este é o teu Deus, que te tirou do Egito; e cometeram grandes blasfêmias,

19 Todavia tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os deixaste no deserto; a coluna de nuvem nunca deles se apartou de dia, para os guiar pelo caminho, nem a coluna de fogo de noite, para alumiar a eles, e ao caminho por onde haviam de ir.

20

E deste o teu bom espírito, para os ensinar, e o teu maná não retiraste da sua boca, e água lhes deste na sua sede.

21 De tal modo os sustentaste quarenta anos no deserto; nada lhes faltou; as suas vestes não se envelheceram, e os seus pés não se incharam.

22 Também lhes deste reinos e povos, e os repartiste em porções; e eles possuíram a terra de Siom, a saber, a terra do rei de Hesbom, e a terra de Ogue, rei de Basã.

23 E multiplicaste os seus filhos como as estrelas do céu, e trouxeste-os à terra de que tinhas dito a seus pais que entrariam nela para a possuírem.

24 Assim, entraram nela os filhos, e tomaram aquela terra; e abateste perante eles os moradores da terra, os cananeus, e lhos entregaste na sua mão, como também os reis, e os povos da terra, para fazerem deles conforme a sua vontade.

25 E tomaram cidades fortificadas e terra fértil, e possuíram casas cheias de toda fartura, cisternas cavadas, vinhas e olivais, e árvores de mantimento, em abundância; e comeram, e se fartaram, e engordaram, e viveram em delícias, pela tua grande bondade.

26 Porém se obstinaram, e se rebelaram contra ti, e lançaram a tua lei para trás das suas costas, e mataram os teus profetas, que testificavam contra eles, para que voltassem para ti; assim, fizeram grandes abominações.

27 Pelo que os entregaste na mão dos seus inimigos, que os angustiaram; mas no tempo de sua angústia, clamando a ti, desde os céus tu ouviste; e segundo a tua grande misericórdia lhes deste libertadores que os libertaram da mão de seus inimigos.

28 Porém, ao terem repouso, tornavam a fazer o mal diante de ti, e tu os deixavas na mão dos seus inimigos, para que dominassem sobre eles; e convertendo-se eles, e clamando a ti, tu os ouvias desde os céus, e segundo a tua misericórdia os livraste muitas vezes.

29 E testificaste contra eles, para que voltassem para a tua lei; porém eles se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos pelos quais o homem que os cumprir viverá; e te deram o ombro rebelde, e endureceram a sua cerviz, e não ouviram.

30

Porém estendeste a tua benignidade sobre eles por muitos anos, e testificaste contra eles pelo teu Espírito, pelo ministério dos teus profetas; porém eles não deram ouvidos, pelo que os entregaste na mão dos povos das terras.

31 Mas pela tua grande misericórdia não os destruíste nem desamparaste, porque és um Deus clemente e misericordioso.

32 Agora, pois, ó Deus nosso, ó Deus grande, poderoso e temível, que guardas o convênio e a benevolência, não tenhas em pouca conta toda a tribulação que nos sobreveio, a nós, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e aos nossos sacerdotes, e aos nossos profetas, e aos nossos pais, e a todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assíria até o dia de hoje.

33 Porém tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós, porque tu tens agido fielmente, e nós temos agido impiamente.

34 E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não guardaram a tua lei, e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles.

35 Porque eles nem no seu reino, nem na muita abundância de bens que lhes deste, nem na terra espaçosa e fértil que deste diante deles, te serviram, nem se converteram de suas más obras.

36 Eis que hoje somos servos; e até na terra que deste a nossos pais, para comerem o seu fruto e o seu bem, eis que somos servos nela.

37 E ela multiplica os seus produtos para os reis que puseste sobre nós, por causa dos nossos pecados, e conforme a sua vontade dominam sobre os nossos corpos e sobre os nossos animais, e estamos numa grande angústia.

38 E com tudo isso fizemos um firme convênio, e o escrevemos; e selaram-no os nossos príncipes, os nossos levitas, e os nossos sacerdotes.

Capítulo 10

O povo faz convênio de não se casar com quem não seja de Israel — Eles também fazem convênio de honrar o Sábado, de pagar os dízimos e de guardar os mandamentos.

1

E os que selaram foram Neemias, o governador, filho de Hacalias, e Zedequias,

2 Seraías, Azarias, Jeremias,

3 Pasur, Amarias, Malquias,

4 Hatus, Sebanias, Maluque,

5 Harim, Meremote, Obadias,

6 Daniel, Ginetom, Baruque,

7 Mesulão, Abias, Miamim,

8 Maazias, Bilgai, Semaías; estes foram os sacerdotes.

9 E os levitas: Jesua, filho de Azanias, Binui, dos filhos de Henadade, Cadmiel,

10

E seus irmãos: Sebanias, Hodias, Quelita, Pelaías, Hanã,

11 Mica, Reobe, Hasabias,

12 Zacur, Serebias, Sebanias,

13 Hodias, Bani, Beninu.

14 Os chefes do povo: Parós, Paate-Moabe, Elão, Zatu, Bani,

15 Buni, Azgade, Bebai,

16 Adonias, Bigvai, Adim,

17 Ater, Ezequias, Azur,

18 Hodias, Hasum, Bezai,

19 Harife, Anatote, Nebai,

20

Magpias, Mesulão, Hezir,

21 Mesezabeel, Zadoque, Jadua,

22 Pelatias, Hanã, Anaías,

23 Oseias, Hananias, Hassube,

24 Haloés, Pilha, Sobeque,

25 Reum, Hasabná, Maaseias;

26 E Aías, Hanã, Anã,

27 Maluque, Harim, Baaná.

28 E o restante do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os netinins, todos os que se tinham separado dos povos das terras para a lei de Deus, suas mulheres, seus filhos, e suas filhas, todos os sábios e os que tinham entendimento;

29 Firmemente aderiram a seus irmãos, os mais nobres dentre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus, e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos,

30

E que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos.

31 E que, trazendo os povos da terra no dia do sábado alguma mercadoria, e qualquer grão para venderem, não os tomaríamos deles no sábado, nem no dia santificado, e livre deixaríamos o ano sétimo, e toda e qualquer cobrança.

32 Também sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte de um siclo, para o ministério da casa do nosso Deus;

33 Para os pães da proposição, e para a contínua oferta de manjares, e para o contínuo holocausto dos sábados, das luas novas, para as festas solenes, e para as coisas sagradas, e para as ofertas pelo pecado, para fazer expiação por Israel, e para toda a obra da casa do nosso Deus.

34 Também lançamos as sortes entre os sacerdotes, levitas, e o povo, acerca da oferta da lenha que se havia de trazer à casa do nosso Deus, segundo as casas de nossos pais, a tempos determinados, de ano em ano, para se queimar sobre o altar do Senhor nosso Deus, como está escrito na lei.

35 Que também traríamos as primícias da nossa terra, e as primícias de todos os frutos de todas as árvores, de ano em ano, à casa do Senhor.

36 E os primogênitos dos nossos filhos, e os dos nossos animais, como está escrito na lei; e que os primogênitos das nossas vacas e das nossas ovelhas traríamos à casa do nosso Deus, aos sacerdotes, que ministram na casa do nosso Deus.

37 E que as primícias da nossa massa, e as nossas ofertas alçadas, e o fruto de toda árvore, o mosto e o azeite, traríamos aos sacerdotes, às câmaras da casa do nosso Deus; e os dízimos da nossa terra aos levitas; e que os levitas pagariam os dízimos em todas as cidades da nossa lavoura.

38 E que o sacerdote, filho de Aarão, estaria com os levitas quando os levitas recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro.

39 Porque àquelas câmaras os filhos de Israel, e os filhos de Levi devem trazer ofertas alçadas do grão, do mosto e do azeite, porquanto ali estão os utensílios do santuário, como também os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores; e que assim não desampararíamos a casa do nosso Deus.

Capítulo 11

O povo e seus governadores são designados por sorteio para morar em Jerusalém e nas outras cidades.

1

E os príncipes do povo habitaram em Jerusalém, porém o restante do povo lançou sortes, para tirar um de dez, que habitasse na santa cidade de Jerusalém, e as nove partes nas outras cidades.

2 E o povo bendisse todos os homens que voluntariamente se ofereceram para habitarem em Jerusalém.

3 E estes são os chefes da província, que habitaram em Jerusalém (porém nas cidades de Judá habitou cada um na sua possessão, nas suas cidades, Israel, os sacerdotes, e os levitas, e os netinins, e os filhos dos servos de Salomão).

4 Habitaram, pois, em Jerusalém alguns dos filhos de Judá e dos filhos de Benjamim. Dos filhos de Judá: Ataías, filho de Uzias, filho de Zacarias, filho de Amarias, filho de Sefatias, filho de Maalaleel, dos filhos de Perez;

5 E Maaseias, filho de Baruque, filho de Col-Hoze, filho de Hazaías, filho de Adaías, filho de Joiaribe, filho de Zacarias, filho de Siloni.

6 Todos os filhos de Perez, que habitaram em Jerusalém, foram quatrocentos e sessenta e oito homens valentes.

7 E estes são os filhos de Benjamim: Salu, filho de Mesulão, filho de Joede, filho de Pedaías, filho de Colaías, filho de Maaseias, filho de Itiel, filho de Jesaías.

8 E depois dele Gabai, Salai, novecentos e vinte e oito.

9 E Joel, filho de Zicri, superintendente sobre eles; e Judá, filho de Senua, o segundo sobre a cidade.

10

Dos sacerdotes: Jedaías, filho de Joiaribe, Jaquim,

11 Seraías, filho de Hilquias, filho de Mesulão, filho de Zadoque, filho de Meraiote, filho de Aitube, chefe da casa de Deus.

12 E seus irmãos, que faziam a obra na casa, oitocentos e vinte e dois; e Adaías, filho de Jeroão, filho de Pelalias, filho de Anzi, filho de Zacarias, filho de Pasur, filho de Malquias.

13 E seus irmãos, cabeças dos pais, duzentos e quarenta e dois; e Amassai, filho de Azareel, filho de Azai, filho de Mesilemote, filho de Imer.

14 E os irmãos deles, homens valentes, cento e vinte e oito, e superintendente sobre eles, Zabdiel, filho de Gedolim.

15 E dos levitas: Semaías, filho de Hassube, filho de Azricão, filho de Hasabias, filho de Buni;

16 E Sabetai, e Jozabade, dos cabeças dos levitas, presidiam sobre a obra externa da casa de Deus;

17 E Matanias, filho de Mica, filho de Zabdi, filho de Asafe, o cabeça, que começava a dar graças na oração, e Bacbuquias, o segundo de seus irmãos; depois Abda, filho de Samua, filho de Galal, filho de Jedutum.

18 Todos os levitas na santa cidade foram duzentos e oitenta e quatro.

19 E os porteiros, Acube, Talmom, com seus irmãos, os guardas das portas, cento e setenta e dois.

20

E o restante de Israel, dos sacerdotes e levitas, esteve em todas as cidades de Judá, cada um na sua herdade.

21 E os netinins habitaram em Ofel; e Zia e Gispa presidiam sobre os netinins.

22 E o superintendente dos levitas em Jerusalém foi Uzi, filho de Bani, filho de Hasabias, filho de Matanias, filho de Mica; dos filhos de Asafe, os cantores no serviço da casa de Deus.

23 Porque havia um mandado do rei acerca deles, a saber, uma certa porção para os cantores, cada qual no seu dia.

24 E Petaías, filho de Mesezabeel, dos filhos de Zerá, filho de Judá, estava à mão do rei, em todos os negócios do povo.

25 E nas aldeias, nas suas terras, alguns dos filhos de Judá habitaram em Quiriate-Arba, e nas suas vilas; e em Dibom, e nas suas vilas; e em Jecabzeel, e nas suas aldeias,

26 E em Jesua, e em Molada, e em Bete-Pelete,

27 E em Hazar-Sual, e em Berseba, e nas suas vilas,

28 E em Ziclague, e em Mecona, e nas suas vilas,

29 E em En-Rimom, e em Zorá, e em Jarmute;

30

Em Zanoa, Adulão, e nas suas aldeias; em Laquis, e nas suas terras; em Azeca, e nas suas vilas; acamparam desde Berseba até o vale de Hinom.

31 E os filhos de Benjamim, de Geba, habitaram em Micmás, e Aia, e Betel, e nas suas vilas,

32 E em Anatote, em Nobe, em Ananias,

33 Em Hazor, em Ramá, em Gitaim,

34 Em Hadide, em Zeboim, em Nebalate,

35 Em Lode, e em Ono, no vale dos artífices.

36 E alguns dos levitas nos repartimentos de Judá e de Benjamim.

Capítulo 12

Enumeram-se os sacerdotes e os levitas que vieram da Babilônia — As muralhas de Jerusalém são dedicadas — Designam-se os ofícios dos sacerdotes e dos levitas no templo.

1

Estes são os sacerdotes e os levitas que subiram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com Jesua: Seraías, Jeremias, Esdras,

2 Amarias, Maluque, Hatus,

3 Secanias, Reum, Meremote,

4 Ido, Ginetoi, Abias,

5 Miamim, Maadias, Bilga,

6 Semaías, e Joiaribe, Jedaías,

7 Salu, Amoque, Hilquias, Jedaías; esses foram os chefes dos sacerdotes e de seus irmãos, nos dias de Jesua.

8 E foram os levitas: Jesua, Binui, Cadmiel, Serebias, Judá, Matanias; este e seus irmãos dirigiam os louvores.

9 E Bacbuquias e Uni, seus irmãos, defronte deles, nas guardas.

10

E Jesua gerou Joiaquim, e Joiaquim gerou Eliasibe, e Eliasibe gerou Joiada,

11 E Joiada gerou Jônatas, e Jônatas gerou Jadua.

12 E nos dias de Joiaquim foram sacerdotes, cabeças dos pais: de Seraías, Meraías; de Jeremias, Hananias;

13 De Esdras, Mesulão; de Amarias, Joanã;

14 De Maluqui, Jônatas; de Sebanias, José;

15 De Harim, Adna; de Meraiote, Helcai;

16 De Ido, Zacarias; de Ginetom, Mesulão;

17 De Abias, Zicri; de Miamim e de Moadias, Piltai;

18 De Bilga, Samua; de Semaías, Jônatas;

19 E de Joiaribe, Matenai; de Jedaías, Uzi;

20

De Salai, Calai; de Amoque, Éber;

21 De Hilquias, Hasabias; de Jedaías, Natanael.

22 Dos levitas foram nos dias de Eliasibe inscritos como cabeças de pais, Joiada, e Joanã, e Jadua; como também os sacerdotes, até o reinado de Dario, o persa.

23 Os filhos de Levi foram inscritos como cabeças de pais no livro das crônicas, até os dias de Joanã, filho de Eliasibe.

24 Foram, pois, os cabeças dos levitas: Hasabias, Serabias, e Jesua, filho de Cadmiel, e seus irmãos defronte deles, para louvarem e darem graças, segundo o mandado de Davi, homem de Deus, guarda contra guarda.

25 Matanias, e Bacbuquias, Obadias, Mesulão, Talmom, e Acube eram porteiros, que faziam a guarda às tesourarias das portas.

26 Estes foram nos dias de Joiaquim, filho de Jesua, o filho de Josadaque, como também nos dias de Neemias, o governador, e do sacerdote Esdras, o escriba.

27 E na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, e com louvores, e com canto, saltérios, alaúdes, e com harpas.

28 E assim ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém, como das aldeias de Netofati;

29 Como também da casa de Gilgal, e dos campos de Geba, e Azmavete, porque os cantores edificaram para si aldeias nos arredores de Jerusalém.

30

E purificaram-se os sacerdotes e os levitas, e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro.

31 Então fiz subir os príncipes de Judá sobre o muro, e constituí dois grandes coros e procissões, um à direita sobre o muro do lado da porta do monturo.

32 E após eles iam Hosaías, e a metade dos príncipes de Judá,

33 E Azarias, Esdras, e Mesulão,

34 Judá, e Benjamim, e Semaías, e Jeremias.

35 E dos filhos dos sacerdotes, com trombetas: Zacarias, filho de Jônatas, o filho de Semaías, filho de Matanias, filho de Micaías, filho de Zacur, filho de Asafe.

36 E seus irmãos, Semaías, e Azareel, Milalai, Gilalai, Maai, Natanael, e Judá, e Hanani, com os instrumentos musicais de Davi, homem de Deus; e Esdras, o escriba, ia adiante deles.

37 Indo assim para a porta da fonte, e defronte deles, subiram as escadas da cidade de Davi pela subida do muro, desde cima da casa de Davi, até a porta das águas, do lado do oriente.

38 E o segundo coro ia defronte, e eu após ele; e a metade do povo ia sobre o muro, desde a torre dos fornos, até a muralha larga;

39 E desde a porta de Efraim, e por cima da porta velha, e por cima da porta do peixe, e a torre de Hananeel, e a torre de Meá, até a porta do gado; e pararam à porta da prisão.

40

Então ambos os coros pararam na casa de Deus, como também eu, e a metade dos magistrados comigo.

41 E os sacerdotes Eliaquim, Maaseias, Miniamin, Micaías, Elioenai, Zacarias, e Hananias, com trombetas,

42 Como também Maaseias, e Semaías, e Eleazar, e Uzi, e Joanã, e Malquias, e Elão, e Ezer; e faziam-se ouvir os cantores, juntamente com Jezraías, o superintendente.

43 E sacrificaram no mesmo dia grandes sacrifícios, e se alegraram, porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se ouviu até de longe.

44 Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, para os tesouros, para as ofertas alçadas, para as primícias, e para os dízimos, para ajuntarem nelas, das terras das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas, porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali.

45 E guardavam os preceitos do seu Deus, e os preceitos da purificação, como também os cantores e porteiros, conforme o mandado de Davi e de seu filho Salomão.

46 Porque já nos dias de Davi e Asafe, desde a antiguidade, havia chefes dos cantores, e dos cânticos de louvores, e de ação de graças a Deus.

47 Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel, nos dias de Neemias, dava as partes dos cantores e dos porteiros a cada um no seu dia; e santificavam as porções aos levitas, e os levitas as santificavam aos filhos de Aarão.

Capítulo 13

Nega-se aos amonitas e aos moabitas um lugar na congregação de Deus — Tobias é expulso do lugar em que morava no templo — Neemias corrige abusos e reinstitui a observância do Sábado — Alguns judeus são repreendidos por casarem-se com mulheres não israelitas e por profanarem o sacerdócio.

1

Naquele dia leu-se no livro de Moisés, aos ouvidos do povo, e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus,

2 Porquanto não saíram ao encontro dos filhos de Israel com pão e água, antes contrataram Balaão contra eles para os amaldiçoar, ainda que o nosso Deus tenha convertido a maldição em bênção.

3 E sucedeu que, ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel todos os estrangeiros.

4 E dantes Eliasibe, sacerdote, que presidia sobre a câmara da casa do nosso Deus, se tinha aparentado com Tobias;

5 E fizera-lhe uma câmara grande, onde dantes se depositavam as ofertas de manjares, o incenso, e os utensílios, e os dízimos do grão, do mosto, e do azeite, que se ordenaram para os levitas, e cantores, e porteiros, como também a oferta alçada para os sacerdotes.

6 Porém durante tudo isso não estava eu em Jerusalém; porque no ano trinta e dois de Artaxerxes, rei de Babilônia, fui eu ter com o rei; mas ao cabo de alguns dias tornei a obter licença do rei.

7 E fui a Jerusalém, e entendi o mal que Eliasibe fizera para Tobias, fazendo-lhe uma câmara nos pátios da casa de Deus.

8 O que muito me desagradou, de sorte que lancei todos os móveis da casa de Tobias para fora da câmara.

9 E ordenando-o eu, purificaram as câmaras; e tornei a levar ali os utensílios da casa de Deus, com as ofertas de manjares, e o incenso.

10

Também entendi que o quinhão dos levitas não se lhes dava, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra.

11 Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto.

12 Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celeiros.

13 E por tesoureiros pus sobre os celeiros Selemias, o sacerdote, e Zadoque, o escrivão, e Pedaías, dentre os levitas; e à mão deles Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque se tinham achado fiéis; e se lhes encarregou a distribuição para seus irmãos.

14 Por isso, Deus meu, lembra-te de mim, e não apagues as minhas benevolências que eu fiz à casa de meu Deus e às suas guardas.

15 Naqueles dias vi em Judá os que pisavam lagares ao sábado e traziam feixes que carregavam sobre os jumentos, como também vinho, uvas e figos, e toda a casta de cargas, que traziam a Jerusalém no dia do sábado; e testifiquei contra eles no dia em que vendiam mantimentos.

16 Também nela habitavam tírios, que traziam peixe, e toda mercadoria, que no sábado vendiam aos filhos de Judá, e em Jerusalém.

17 E contendi com os nobres de Judá, e lhes disse: Que mal é este que fazeis, e profanais o dia do sábado?

18 Porventura não fizeram vossos pais assim, e não trouxe nosso Deus todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? E vós ainda mais acrescentais o ardor de sua ira sobre Israel, profanando o sábado.

19 E sucedeu que, dando as portas de Jerusalém já sombra antes do sábado, ordenando-o eu, as portas se fecharam; e mandei que não as abrissem até passado o sábado; e pus às portas alguns de meus moços, para que carga nenhuma entrasse no dia do sábado.

20

Então os negociantes e os vendedores de toda mercadoria passaram a noite fora de Jerusalém, uma ou duas vezes.

21 Testifiquei, pois, contra eles, e lhes disse: Por que passais a noite defronte do muro? Se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão de vós; daquele tempo em diante não vieram no sábado.

22 Também disse aos levitas que se purificassem, e viessem guardar as portas, para santificar o dia do sábado. Nisto também, Deus meu, lembra-te de mim, e perdoa-me segundo a abundância da tua benignidade.

23 Vi também naqueles dias judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas, e moabitas.

24 E seus filhos falavam meio asdodita, e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo.

25 E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos.

26 Porventura não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus por rei sobre todo o Israel? E contudo as mulheres estrangeiras o fizeram pecar.

27 E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, transgredindo contra o nosso Deus, casando com mulheres estrangeiras?

28 Também um dos filhos de Joiada, filho de Eliasibe, o sumo sacerdote, era genro de Sambalate, o horonita, pelo que o afugentei de mim.

29 Lembra-te deles, Deus meu, pois contaminaram o sacerdócio, como também o convênio do sacerdócio e dos levitas.

30

Assim, os limpei de todo estrangeiro, e ordenei as guardas dos sacerdotes e dos levitas, cada um na sua obra.

31 Como também para com as ofertas da lenha em tempos determinados, e para com as primícias; lembra-te de mim, Deus meu, para bem.

O Livro de
Ester

Capítulo 1

Assuero da Pérsia e da Média realiza banquetes reais — A rainha Vasti desobedece ao rei e é deposta.

1

E sucedeu nos dias de Assuero (este é aquele Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias)

2 Que, naqueles dias, assentando-se o rei Assuero sobre o trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã,

3 No terceiro ano do seu reinado, fez um convite a todos os seus príncipes e seus servos (o poder da Pérsia e Média e os maiores senhores das províncias estavam perante ele),

4 Para mostrar as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor da sua excelente grandeza, por muitos dias, a saber, cento e oitenta dias.

5 E acabados aqueles dias, fez o rei um convite a todo o povo que se achava na fortaleza de Susã, desde o maior até o menor, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real.

6 As tapeçarias eram de branco, verde, e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e púrpura, e argolas de prata, e colunas de mármore; os leitos de ouro e de prata, sobre um pavimento de pórfiro, e de mármore, e de alabastro, e de pedras preciosas.

7 E dava-se de beber em copos de ouro, e os copos eram diferentes uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo a disposição do rei.

8 E o beber era, por lei, que ninguém forçasse a outro, porque assim o tinha ordenado o rei expressamente a todos os grandes da sua casa, que fizessem conforme a vontade de cada um.

9 Também a rainha Vasti fez um convite às mulheres, na casa real que tinha o rei Assuero.

10

E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, e Abagta, Zetar, e Carcas, os sete eunucos que serviam na presença do rei Assuero,

11 Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua formosura, porque era formosa à vista.

12 Porém a rainha Vasti recusou-se a vir, conforme a palavra do rei pela mão dos eunucos; pelo que o rei muito se enfureceu, e ardeu nele a sua ira.

13 Então perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos (porque assim se tratavam os negócios do rei na presença de todos os que sabiam a lei e o direito;

14 E os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, Memucã, os sete príncipes dos persas e dos medos, que viam a face do rei, e se assentavam como os primeiros no reino)

15 O que, segundo a lei, se devia fazer da rainha Vasti, por não haver cumprido o mandado do rei Assuero, pela mão dos eunucos.

16 Então disse Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente pecou contra o rei a rainha Vasti, porém também contra todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.

17 Porque a notícia deste feito da rainha chegará a todas as mulheres, de modo que desprezarão seus maridos aos seus olhos quando se disser: Mandou o rei Assuero que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, porém ela não veio.

18 E neste mesmo dia as princesas da Pérsia e da Média dirão o mesmo a todos os príncipes do rei, ouvindo o feito da rainha, e assim haverá muito desprezo e indignação.

19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um édito real, e escreva-se nas leis dos persas e dos medos, e não se revogue, a saber, que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela a outra que seja melhor do que ela.

20

E ouvindo-se o mandado, que o rei decretar em todo o seu reino (porque é grande), todas as mulheres darão honra a seus maridos, desde a maior até a menor.

21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei e dos príncipes; e fez o rei conforme a palavra de Memucã.

22 Então enviou cartas a todas as províncias do rei, a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua: que cada homem fosse senhor em sua casa, e que se publicasse conforme a língua de cada povo.

Capítulo 2

Assuero procura uma nova rainha — Mardoqueu apresenta Ester — Ester agrada ao rei e é escolhida como rainha — Mardoqueu denuncia um complô contra o rei.

1

Passadas essas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero, lembrou-se de Vasti, e do que ela fizera, e do que se tinha decretado a seu respeito.

2 Então disseram os servos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei moças virgens, formosas à vista.

3 E ponha o rei comissários em todas as províncias do seu reino, que ajuntem todas as moças virgens, formosas à vista, na fortaleza de Susã, na casa das mulheres, aos cuidados de Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres, e deem-se-lhes os seus unguentos.

4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei reine em lugar de Vasti. E isto pareceu bem aos olhos do rei, e assim fez.

5 Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,

6 Que fora transportado de Jerusalém, com os exilados que foram transportados com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia.

7 Este criara Hadassa (que é Ester, filha de seu tio), porque não tinha pai nem mãe, e era moça bela de parecer, e formosa à vista; e morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por sua filha.

8 E sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã, aos cuidados de Hegai, também levaram Ester à casa do rei, aos cuidados de Hegai, guarda das mulheres.

9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante ele, pelo que se apressurou com os seus cosméticos, e em lhe dar os seus alimentos, como também em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei; e a fez passar com as suas moças ao melhor lugar da casa das mulheres.

10

Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que não o declarasse.

11 E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres, para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.

12 E chegando já a vez de cada moça, para ir ao rei Assuero, depois que fora feito a ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),

13 Dessa maneira, pois, entrava a moça à presença do rei; tudo quanto ela dizia se lhe dava, para levar consigo da casa das mulheres à casa do rei;

14 À tarde entrava, e pela manhã retornava à segunda casa das mulheres, aos cuidados de Saasgaz, eunuco do rei, guarda das concubinas; não retornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada por nome.

15 Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.

16 Assim, foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de Tebete, no sétimo ano do seu reinado.

17 E o rei amou Ester mais do que todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti.

18 Então o rei fez um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus servos, que era o banquete de Ester, e deu repouso às províncias, e deu presentes segundo a disposição do rei.

19 E ajuntando-se pela segunda vez as virgens, Mardoqueu estava assentado à porta do rei.

20

Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo, como Mardoqueu lhe ordenara, porque Ester cumpria o mandado de Mardoqueu, como quando a criara.

21 Naqueles dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei, dois eunucos do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, grandemente se indignaram, e tramaram atentar contra o rei Assuero.

22 E veio isso ao conhecimento de Mardoqueu, e ele fez saber à rainha Ester, e Ester o disse ao rei, em nome de Mardoqueu.

23 E inquiriu-se o assunto, e se descobriu, e ambos foram enforcados numa forca; e foi escrito nas crônicas perante o rei.

Capítulo 3

Mardoqueu, o judeu, recusa-se a inclinar-se perante Hamã — Hamã prepara um decreto para matar todos os judeus do reino.

1

Depois dessas coisas, o rei Assuero engrandeceu Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele.

2 E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Hamã, porque assim tinha ordenado o rei acerca dele; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.

3 Então os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a Mardoqueu: Por que transgrides o mandado do rei?

4 E sucedeu que, dizendo-lhe eles isso de dia em dia, e não lhes dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se as palavras de Mardoqueu se sustentariam, porque ele lhes tinha declarado que era judeu.

5 Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, Hamã se encheu de furor.

6 Porém considerou pouco atentar só contra Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois, procurou destruir todos os judeus que havia em todo o reino de Assuero, o povo de Mardoqueu.

7 No primeiro mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, sorte, perante Hamã, de dia em dia, e de mês em mês, até o duodécimo mês, que é o mês de Adar.

8 E Hamã disse ao rei Assuero: Há um povo espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e tampouco cumprem as leis do rei, pelo que não convém ao rei deixá-los ficar.

9 Se bem parecer ao rei, escreva-se que os matem; e eu porei nas mãos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que se depositem nos tesouros do rei.

10

Então tirou o rei o seu anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, adversário dos judeus.

11 E disse o rei a Hamã: Esta prata te é dada, como também esse povo, para fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos.

12 Então chamaram os escrivães do rei no primeiro mês, no dia treze do mesmo, e conforme tudo quanto Hamã mandou se escreveu aos príncipes do rei, e aos governadores que havia sobre cada província, e aos principais de cada povo; a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; em nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.

13 E as cartas se enviaram pela mão dos correios a todas as províncias do rei, que destruíssem, matassem, e fizessem perecer todos os judeus, desde o moço até o velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodécimo mês (que é o mês de Adar), e que saqueassem o seu despojo.

14 Uma cópia do escrito que se proclamasse como lei em cada província era publicada a todos os povos, para que estivessem preparados para aquele dia.

15 Os correios, pois, impelidos pela palavra do rei, saíram, e a lei se proclamou na fortaleza de Susã; e o rei e Hamã se assentaram para beber; porém a cidade de Susã estava agitada.

Capítulo 4

Mardoqueu e os judeus pranteiam e jejuam por causa do decreto do rei — Arriscando a vida, Ester prepara-se para entrar na presença do rei.

1

Quando Mardoqueu soube tudo quanto se havia passado, rasgou Mardoqueu as suas vestes, e vestiu-se de saco e de cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor;

2 E chegou até diante da porta do rei, porque ninguém vestido de saco podia entrar pelas portas do rei.

3 E em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegavam, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação, e muitos estavam deitados em saco e em cinza.

4 Então vieram as moças de Ester, e os seus eunucos, e fizeram-lhe saber, do que a rainha muito se doeu; e mandou roupas para vestir Mardoqueu, e tirar-lhe o pano de saco, porém ele não as aceitou.

5 Então Ester chamou Hatá (um dos eunucos do rei, que este tinha posto na presença dela), e deu-lhe mandado para ir a Mardoqueu, para saber o que era aquilo, e o seu motivo.

6 E saindo Hatá a Mardoqueu, à praça da cidade, que estava diante da porta do rei,

7 Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido, como também a oferta da prata, que Hamã dissera que daria para os tesouros do rei, pelo extermínio dos judeus.

8 Também lhe deu a cópia da lei escrita, que se publicara em Susã para os destruir, para a mostrar a Ester, e lhe fazer saber, e para lhe ordenar que fosse ter com o rei, e lhe pedisse e suplicasse na sua presença pelo seu povo.

9 Foi, pois, Hatá, e fez saber a Ester as palavras de Mardoqueu.

10

Então falou Ester a Hatá, e mandou-lhe dizer a Mardoqueu:

11 Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que para todo homem ou mulher que entrar no pátio interior à presença do rei, sem ser chamado, não há senão uma sentença, que morra, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu estes trinta dias não fui chamada para entrar na presença do rei.

12 E fizeram saber a Mardoqueu as palavras de Ester.

13 Então disse Mardoqueu que tornassem a dizer a Ester: Não imagines na tua alma que escaparás na casa do rei, mais do que todos os outros judeus.

14 Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?

15 Então disse Ester que respondessem a Mardoqueu:

16 Vai, ajunta todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci.

17 Então Mardoqueu foi, e fez conforme tudo quanto Ester lhe ordenou.

Capítulo 5

O rei recebe Ester — Ela convida o rei e Hamã para um banquete — Hamã planeja enforcar Mardoqueu.

1

E sucedeu que, ao terceiro dia, Ester se vestiu de seus vestidos reais, e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da porta do aposento.

2 E sucedeu que, vendo o rei a rainha Ester, que estava no pátio, alcançou ela graça aos seus olhos, e o rei apontou para Ester com o cetro de ouro que tinha na sua mão, e Ester chegou, e tocou a ponta do cetro.

3 Então o rei lhe disse: Que é o que tens, rainha Ester? Ou qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.

4 E disse Ester: Se bem parecer ao rei, venha hoje o rei com Hamã ao banquete que lhe preparei.

5 Então disse o rei: Fazei apressar Hamã, para que cumpra o mandado de Ester. Indo, pois, o rei e Hamã ao banquete que Ester tinha preparado,

6 Disse o rei a Ester, no banquete do vinho: Qual é a tua petição? E se te dará. E qual é o teu desejo? E se fará, ainda que seja a metade do reino.

7 Então respondeu Ester, e disse: Minha petição e desejo é:

8 Se achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha petição, e outorgar-me o meu desejo, venha o rei com Hamã ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme o mandado do rei.

9 Então saiu Hamã naquele dia alegre e de bom ânimo; porém, quando Hamã viu Mardoqueu à porta do rei, e que não se levantara nem se movera por ele, então Hamã se encheu de furor contra Mardoqueu.

10

Hamã, porém, se refreou, e foi à sua casa, e mandou chamar os seus amigos, e Zeres, sua mulher.

11 E contou-lhes Hamã a glória das suas riquezas, e a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e em que o tinha exaltado sobre os príncipes e servos do rei.

12 Disse mais Hamã: Tampouco a rainha Ester a ninguém fez vir com o rei ao banquete que tinha preparado, senão a mim; e também para amanhã estou convidado por ela juntamente com o rei.

13 Porém tudo isso não me satisfaz, enquanto vir o judeu Mardoqueu assentado à porta do rei.

14 Então lhe disse Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca de cinquenta côvados de altura, e amanhã dize ao rei que enforquem nela Mardoqueu, e então entra com o rei, alegre, ao banquete. E este conselho bem pareceu a Hamã, e mandou fazer a forca.

Capítulo 6

Mardoqueu recebe grandes honras — Hamã pranteia e é aconselhado por sua mulher.

1

Naquela mesma noite fugiu o sono do rei; então mandou trazer o livro dos registros das crônicas, e as leram diante do rei.

2 E achou-se escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois eunucos do rei, dos da guarda da porta, que procuraram pôr as mãos no rei Assuero.

3 Então disse o rei: Que honra e distinção se fez por isso a Mardoqueu? E os moços do rei, seus servos, disseram: Coisa nenhuma se lhe fez.

4 Então disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado no pátio exterior do rei, para dizer ao rei que enforcassem Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.

5 E os moços do rei lhe disseram: Eis que Hamã está no pátio. E disse o rei que entrasse.

6 E entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem a quem o rei deseja honrar? Então Hamã disse no seu coração: De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?

7 Pelo que disse Hamã ao rei: Para o homem a quem o rei deseja honrar,

8 Traga-se a veste real com que o rei se costuma vestir, como também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça;

9 E entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes do rei, dos maiores senhores, e vistam com ela aquele homem a quem o rei deseja honrar, e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!

10

Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e coisa nenhuma deixes falhar de tudo quanto disseste.

11 E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!

12 Depois disso Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo à sua casa, desgostoso, e com a cabeça coberta.

13 E contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios, e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás perante ele.

14 Estando eles ainda falando com ele, chegaram os eunucos do rei, e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.

Capítulo 7

Ester revela o complô de Hamã para destruir os judeus — Ele é enforcado em sua própria forca.

1

Indo, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,

2 Disse também o rei a Ester no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu desejo? Até metade do reino se te dará.

3 Então respondeu a rainha Ester, e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição, e o meu povo como meu desejo.

4 Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem, e exterminarem; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia, ainda que o opressor não compensaria a perda do rei.

5 Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é esse? E onde está esse, cujo coração o instigou a assim fazer?

6 E disse Ester: O homem, o opressor, e o inimigo, é este iníquo Hamã. Então Hamã ficou aterrorizado perante o rei e a rainha.

7 E o rei no seu furor se levantou do banquete do vinho e foi para o jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua vida, porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei.

8 Tornando pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho, Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então disse o rei: Porventura quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? Saindo esta palavra da boca do rei, cobriram o rosto de Hamã.

9 Então disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis aqui também a forca de cinquenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara para o bem do rei; está junto à casa de Hamã. Então disse o rei: Enforcai-o nela.

10

Enforcaram, pois, Hamã na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou.

Capítulo 8

Mardoqueu recebe honras e torna-se encarregado da casa de Hamã — Assuero emite um decreto para preservar os judeus.

1

Naquele mesmo dia deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, inimigo dos judeus; e Mardoqueu foi perante o rei, porque Ester tinha declarado quem ele era.

2 E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado de Hamã, e o deu a Mardoqueu. E Ester encarregou Mardoqueu da casa de Hamã.

3 Falou mais Ester perante o rei, e lançou-se aos seus pés, e chorou, e lhe suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o seu intento que tinha intentado contra os judeus.

4 E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então Ester se levantou, e se pôs em pé perante o rei,

5 E disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se isso parecer justo diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para exterminar os judeus que há em todas as províncias do rei.

6 Porque como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a destruição da minha parentela?

7 Então disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram numa forca, porquanto quisera pôr as mãos nos judeus.

8 Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos, em nome do rei, e selai-o com o anel do rei, porque a escrita que se escreve em nome do rei, e se sela com o anel do rei, não é para revogar.

9 Então foram chamados os escrivães do rei, naquele mesmo tempo, e no mês terceiro (que é o mês de Sivã), aos vinte e três do mesmo, e se escreveu conforme tudo quanto ordenou Mardoqueu aos judeus, como também aos sátrapas, e aos governadores, e aos chefes das províncias, que se estendem da Índia até a Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo conforme a sua língua, como também aos judeus segundo a sua escrita, e conforme a sua língua.

10

E se escreveu em nome do rei Assuero, e se selou com o anel do rei, e se enviaram as cartas pela mão de correios a cavalo, e que cavalgavam sobre ginetes, e sobre mulas e filhos de éguas.

11 Nelas o rei concedia aos judeus que havia em cada cidade, que se ajuntassem, e se dispusessem para defender as suas vidas, para destruir, matar e assolar todas as forças do povo e província que os atacassem, crianças e mulheres, e que se saqueassem os seus despojos,

12 Num mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de Adar.

13 E a cópia da carta foi que uma ordem se anunciaria em todas as províncias, publicamente a todos os povos, para que os judeus estivessem preparados para aquele dia, para se vingarem dos seus inimigos.

14 Os correios sobre ginetes e mulas apressuradamente saíram, impelidos pela palavra do rei; e foi publicada esta ordem na fortaleza de Susã.

15 Então Mardoqueu saiu da presença do rei com uma veste real azul celeste e branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã jubilou e se alegrou.

16 E para os judeus houve luz, e alegria, e regozijo, e honra.

17 Também em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei, e a sua ordem, havia entre os judeus alegria, e regozijo, banquetes e dias de festa; e muitos dos povos da terra se fizeram judeus, porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles.

Capítulo 9

Os judeus matam seus inimigos, inclusive os dez filhos de Hamã — A Festa de Purim é instituída para comemorar sua libertação e vitória.

1

E no mês duodécimo, que é o mês de Adar, no dia treze do mesmo mês em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para a executar, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, porque os judeus foram os que se assenhorearam dos que os odiavam.

2 Porque os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, se ajuntaram para pôr as mãos naqueles que procuravam o seu mal; e ninguém podia resistir-lhes, porque o seu terror caiu sobre todos aqueles povos.

3 E todos os chefes das províncias, e os sátrapas, e os governadores, e os que faziam a obra do rei exaltavam os judeus, porque tinha caído sobre eles o temor de Mardoqueu.

4 Porque Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama saía por todas as províncias, porque o homem Mardoqueu se ia engrandecendo.

5 Derrotaram, pois, os judeus todos os seus inimigos a cutiladas de espada, e de matança, e de destruição, e fizeram dos que os odiavam o que quiseram.

6 E na fortaleza de Susã os judeus mataram e destruíram quinhentos homens,

7 Como também Parsandata, e Dalfom, e Aspata,

8 E Porata, e Adalia, e Aridata,

9 E Farmasta, e Arisai, e Aridai, e Vaisata;

10

Os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo dos judeus, mataram, porém ao despojo não estenderam a sua mão.

11 No mesmo dia foi comunicado ao rei o número dos mortos na fortaleza de Susã.

12 E disse o rei à rainha Ester: Na fortaleza de Susã os judeus mataram e destruíram quinhentos homens, e os dez filhos de Hamã; nas demais províncias do rei o que terão feito? Qual é, pois, a tua petição, e dar-se-te-á. Ou qual é ainda o teu desejo? E far-se-á.

13 Então disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se também amanhã aos judeus que se acham em Susã que façam conforme o mandado de hoje, e enforquem os dez filhos de Hamã numa forca.

14 Então disse o rei que assim se fizesse; e deu-se um édito em Susã, e enforcaram os dez filhos de Hamã.

15 E ajuntaram-se os judeus que se achavam em Susã também no dia quatorze do mês de Adar, e mataram em Susã trezentos homens; porém ao despojo não estenderam a sua mão.

16 Também os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se ajuntaram, para se porem em defesa da sua vida, e tiveram repouso dos seus inimigos; e mataram dos que os odiavam setenta e cinco mil; porém ao despojo não estenderam a sua mão.

17 Sucedeu isso no dia treze do mês de Adar; e repousaram no dia quatorze do mesmo, e fizeram daquele dia, dia de banquetes e de alegria.

18 Também os judeus, que se achavam em Susã, se ajuntaram nos dias treze e quatorze do mesmo; e repousaram no dia quinze do mesmo, e fizeram daquele dia, dia de banquetes e de alegria.

19 Porém os judeus das aldeias, que habitavam nas vilas, fizeram do dia quatorze do mês de Adar dia de alegria e de banquetes, e dia de festa, e de mandarem presentes uns aos outros.

20

E Mardoqueu escreveu essas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto, e aos de longe,

21 Ordenando-lhes que guardassem o dia quatorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos,

22 Conforme os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto, em dia de festa, para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem presentes uns aos outros, e aos pobres, dádivas.

23 E se encarregaram os judeus de fazer o que tinham começado, como também o que Mardoqueu lhes tinha escrito.

24 Porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus, e tinha lançado Pur, isto é, a sorte, para os assolar e destruir.

25 Mas, vindo isto perante o rei, ordenou ele por cartas que o seu mau intento, que intentara contra os judeus, se tornasse sobre a sua cabeça; pelo que o enforcaram, ele e seus filhos, numa forca.

26 Por isso àqueles dias chamam Purim, do nome Pur; pelo que também por causa de todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que lhes tinha sucedido,

27 Confirmaram os judeus, e tomaram sobre si, e sobre a sua semente, e sobre todos os que se achegassem a eles, que não se deixaria de guardar estes dois dias conforme o que se escrevera deles, e segundo o seu tempo determinado, todos os anos.

28 E que estes dias seriam lembrados e guardados em cada geração, família, província, e cidade, e que estes dias de Purim não seriam revogados dentre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua semente.

29 Depois disso escreveu a rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, com toda a autoridade, para confirmarem uma segunda vez esta carta de Purim.

30

E mandaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e fidelidade,

31 Para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados, como Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes tinham estabelecido, e como eles mesmos o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua semente, acerca do jejum e do seu clamor.

32 E o mandado de Ester confirmou os fatos daquele Purim; e escreveu-se num livro.

Capítulo 10

Mardoqueu, o judeu, torna-se o segundo em poder e autoridade abaixo de Assuero.

1

Depois disso pôs o rei Assuero tributo sobre a terra, e sobre as ilhas do mar.

2 E todas as obras do seu poder e do seu valor, e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, porventura não estão escritas no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia?

3 Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, que procurava o bem do seu povo, e falava pela prosperidade de toda a sua nação.

O Livro de

Capítulo 1

Jó, homem justo e íntegro, é abençoado com grandes riquezas — Satanás recebe permissão do Senhor para tentar e para pôr Jó à prova — As propriedades e os filhos de Jó são destruídos, mas ele ainda assim louva e bendiz o Senhor.

1

Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era esse homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.

2 E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.

3 E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era também muitíssima a gente a seu serviço, de maneira que era esse homem maior do que todos os do oriente.

4 E iam seus filhos, e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e mandavam convidar as suas três irmãs para comer e beber com eles.

5 E sucedia que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, Jó mandava buscá-los, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.

6 E num dia em que os filhos de Deus foram apresentar-se perante o Senhor, foi também Satanás entre eles.

7 Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.

8 E disse o Senhor a Satanás: Consideraste tu o meu servo Jó? Porque ninguém na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.

9 Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus em vão?

10

Porventura não o cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentado na terra.

11 Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não te amaldiçoa na tua face!

12 E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.

13 E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam, e bebiam vinho, na casa de seu irmão primogênito,

14 Que veio um mensageiro a Jó, e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pastavam junto a eles;

15 E caíram sobre eles os sabeus; e os tomaram, e mataram os servos ao fio da espada, e só eu escapei para te trazer a nova.

16 Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu, e só eu escapei para te trazer a nova.

17 Estando ainda este falando, veio outro, e disse: Dividiram-se os caldeus em três tropas, caíram sobre os camelos, e os tomaram, e mataram os servos ao fio da espada, e só eu escapei para te trazer a nova.

18 Estando ainda este falando, veio outro, e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito,

19 Eis que um grande vento sobreveio de além do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, e ela caiu sobre os jovens, e morreram, e só eu escapei para te trazer a nova.

20

Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou,

21 E disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.

22 Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.

Capítulo 2

Satanás recebe permissão do Senhor para afligir Jó fisicamente — Jó é acometido de úlceras — Elifaz, Bildade e Zofar vão consolá-lo.

1

E num outro dia, em que os filhos de Deus foram apresentar-se perante o Senhor, foi também Satanás entre eles apresentar-se perante o Senhor.

2 Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E respondeu Satanás ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.

3 E disse o Senhor a Satanás: Consideraste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal, e que ainda retém a sua integridade, havendo-me tu incitado contra ele para o consumir sem causa.

4 Então Satanás respondeu ao Senhor, e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida.

5 Porém estende a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se não te amaldiçoa na tua face!

6 E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão, porém poupa-lhe a vida.

7 Então saiu Satanás da presença do Senhor, e feriu Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até o alto da cabeça.

8 E tomou um caco para se raspar com ele, e estava assentado no meio da cinza.

9 Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.

10

Porém ele lhe disse: Como fala qualquer das doidas, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isso não pecou Jó com os seus lábios.

11 Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo esse mal que tinha vindo sobre ele, vieram cada um do seu lugar, Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente condoer-se dele, para o consolarem.

12 E levantando de longe os seus olhos, não o reconheceram; e levantaram a sua voz e choraram; e rasgaram cada um o seu manto, e sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar.

13 E se assentaram juntamente com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.

Capítulo 3

Jó amaldiçoa as circunstâncias de seu nascimento — Ele pergunta: Por que não morri eu desde a madre?

1

Depois disso abriu Jó a sua boca, e amaldiçoou o seu dia.

2 E Jó respondeu, e disse:

3 Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!

4 Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz.

5 Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; a escuridão do dia o espante!

6 A escuridão tome aquela noite, e não se regozije ela entre os dias do ano, e não entre no número dos meses!

7 Ah, que estéril seja aquela noite, e voz de júbilo não entre nela!

8 Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, que estão prontos para levantar o seu pranto.

9 Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; que espere a luz, e não venha, e não veja o raiar da alva!

10

Porque não fechou as portas do ventre, nem escondeu dos meus olhos a canseira.

11 Por que não morri eu desde a madre? E ao sair do ventre, não expirei?

12 Por que me receberam os joelhos? E por que os peitos, para que mamasse?

13 Porque agora jazeria e repousaria; dormiria, e então haveria repouso para mim,

14 Com os reis e conselheiros da terra, que reedificavam ruínas para si,

15 Ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata,

16 Ou como aborto oculto, não existiria, como as crianças que não viram a luz.

17 Ali os maus cessam de perturbar, e ali repousam os cansados.

18 Ali os presos juntamente repousam, e não ouvem a voz do opressor.

19 Ali estão o pequeno e o grande, e o servo fica livre de seu senhor.

20

Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo;

21 Que esperam a morte, e não se acha, e cavam à procura dela mais do que de tesouros ocultos;

22 Que de alegria saltam, e exultam, quando acham a sepultura?

23 Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus encobriu?

24 Porque antes do meu pão vem o meu suspiro, e os meus gemidos se derramam como água.

25 Porque aquilo que temia me sobreveio, e o que receava me aconteceu.

26 Nunca estive descansado, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação.

Capítulo 4

Elifaz repreende Jó, fazendo perguntas como: São os retos destruídos? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?

1

Então respondeu Elifaz, o temanita, e disse:

2 Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderia conter as palavras?

3 Eis que ensinaste a muitos, e fortaleceste as mãos fracas.

4 As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos desfalecentes fortificaste.

5 Mas agora que se trata de ti, te enfadas, e tocando-te a ti, te perturbas.

6 Porventura não era o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança, a integridade dos teus caminhos?

7 Lembra-te agora, qual é o inocente que pereceu? E onde foram os retos destruídos?

8 Como eu tenho visto, os que lavram a iniquidade, e semeiam o mal, ceifam o mesmo.

9 Com o hálito de Deus perecem, e com o sopro da sua ira se consomem.

10

O bramido do leão, e a voz do leão feroz, e os dentes dos leõezinhos se quebram.

11 Perece o leão velho, porque não há presa; e os filhotes da leoa andam dispersos.

12 Uma palavra se me disse em segredo, e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela.

13 Entre imaginações de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono profundo,

14 Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram.

15 Então um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos da minha carne;

16 Parou ele, porém não discerni o seu semblante; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz que dizia:

17 Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?

18 Eis que nos seus servos ele não confiaria, e aos seus anjos atribuiria loucura;

19 Quanto menos naqueles que habitam em casas de barro, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça!

20

Desde a manhã até a tarde são despedaçados, e eternamente perecem sem que disso se faça caso.

21 Porventura não passa com eles a sua excelência? Morrem, porém sem sabedoria.

Capítulo 5

Elifaz aconselha Jó, dizendo: O homem nasce para a tribulação, busca a Deus, e bem-aventurado é o homem que Deus castiga.

1

Chama agora; há alguém que te responda? E para qual dos santos te voltarás?

2 Porque a ira destrói o insensato, e o zelo mata o tolo.

3 Eu vi o insensato lançar raízes, porém logo amaldiçoei a sua habitação.

4 Seus filhos estão longe da salvação, e são despedaçados às portas, e não há quem os livre.

5 A sua colheita a devora o faminto, e até dentre os espinhos a tira; e o salteador abocanha os seus bens.

6 Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o tribulação.

7 Mas o homem nasce para a tribulação, como as faíscas das brasas se levantam para voar.

8 Porém eu buscaria a Deus, e a Ele entregaria a minha causa.

9 Ele faz coisas tão grandiosas, que não se podem esquadrinhar, e tantas maravilhas, que não se podem contar.

10

Ele dá a chuva sobre a terra, e envia águas sobre os campos,

11 Para pôr os abatidos num lugar alto, e para que os enlutados se exaltem na salvação.

12 Ele aniquila as imaginações dos astutos, para que as suas mãos não possam levar coisa alguma a efeito.

13 Ele apanha os sábios na sua própria astúcia, e o conselho dos perversos é precipitado.

14 Eles de dia encontram as trevas, e ao meio-dia andam como de noite, às apalpadelas.

15 Porém livra o necessitado da espada, e da boca deles, e da mão do forte.

16 Assim, há esperança para o pobre, e a iniquidade tapa a sua boca.

17 Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes, pois, o castigo do Todo-Poderoso.

18 Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.

19 Em seis angústias te livrará, e na sétima o mal não te tocará.

20

Na fome te livrará da morte, e na guerra, da violência da espada.

21 Do açoite da língua estarás encoberto, e não temerás a assolação, quando vier.

22 Da assolação e da fome te rirás, e os animais da terra não temerás.

23 Porque até com as pedras do campo terás a tua aliança, e os animais do campo serão pacíficos contigo.

24 E saberás que a tua tenda está em paz, e visitarás a tua habitação, e não pecarás.

25 Também saberás que se multiplicará a tua semente e a tua posteridade como a erva da terra.

26 Na velhice irás à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo.

27 Eis que isso já o inquirimos, e assim é; ouve-o, e medita nisso para teu bem.

Capítulo 6

Jó lamenta seu pesar — Ele ora pedindo a Deus que atenda a suas súplicas — Deve-se ter compaixão dos aflitos — Quão fortes são as palavras da boa razão!

1

Porém Jó respondeu, e disse:

2 Oh! se a minha mágoa de fato se pesasse, e a minha miséria juntamente se alçasse numa balança!

3 Porque na verdade mais pesada seria do que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras se me afogam.

4 Porque as flechas do Todo-Poderoso estão em mim, cujo ardente veneno me suga o espírito; os terrores de Deus se armam contra mim.

5 Porventura zurrará o jumento montês junto à relva? Ou berrará o boi junto ao seu pasto?

6 Ou comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo?

7 As coisas que minha alma recusava tocar, isso é agora a minha comida repugnante.

8 Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me desse o que espero!

9 E que Deus quisesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e acabasse comigo!

10

Isso ainda seria a minha consolação, e me refrigeraria no meu tormento, não me poupando ele, porque não ocultei as palavras do Santo.

11 Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que prolongue a minha vida?

12 É porventura a minha força a força de pedra? Ou é de bronze a minha carne?

13 Ou não está em mim a minha ajuda? Ou desamparou-me a verdadeira sabedoria?

14 Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, mesmo ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.

15 Meus irmãos traiçoeiramente me trataram, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam,

16 Que se turvam com o gelo, e nos quais se esconde a neve.

17 No tempo em que se derretem, com o calor se desfazem, e ao se aquentarem, desaparecem do seu lugar.

18 Desviam-se as veredas dos seus caminhos; sobem ao vácuo, e perecem.

19 Os caminhantes de Tema os veem; os passageiros de Sabá os procuram.

20

Foram envergonhados, por terem confiado e, chegando ali, se confundem.

21 Agora sois semelhantes a eles; vistes o terror, e temestes.

22 Disse-vos eu: Dai-me ou oferecei-me presentes dos vossos bens?

23 Ou livrai-me das mãos do opressor? Ou redimi-me das mãos dos tiranos?

24 Ensinai-me, e eu me calarei, e fazei-me entender em que errei.

25 Oh! Quão fortes são as palavras da boa razão! Mas que é o que reprova a vossa repreensão?

26 Porventura buscareis palavras para me repreenderdes, visto que as razões do desesperado são como vento?

27 Mas antes lançais sortes sobre o órfão, e cavais uma cova para o vosso amigo.

28 Agora, pois, se quiserdes, virai-vos para mim, e vede se minto em vossa presença.

29 Voltai atrás, pois, não haja iniquidade; sim, voltai atrás, que ainda a minha justiça aparecerá nisso.

30

porventura iniquidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar discernir coisas perniciosas?

Capítulo 7

Jó pergunta: Porventura não é a vida do homem uma luta sobre a terra? Que é o homem, para que o engrandeças? Por que não perdoas a minha transgressão?

1

Porventura não é a vida do homem uma luta sobre a terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro?

2 Como o servo que anseia pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,

3 Assim, me deram por herança meses de vaidade, e me designaram noites de sofrimento.

4 Deitando-me para dormir, então digo: Quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até a alva.

5 A minha carne está vestida de vermes e de crostas de pó; a minha pele está gretada, e se fez abominável.

6 Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e pereceram sem esperança.

7 Lembra-te de que a minha vida é como o vento; os meus olhos não tornarão a ver o bem.

8 Os olhos dos que agora me veem não me verão mais; os teus olhos estarão sobre mim, porém já não existirei.

9 Como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir.

10

Nunca mais retornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá.

11 Por isso não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma.

12 Sou eu porventura o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?

13 Dizendo eu, consolar-me-á a minha cama; meu leito aliviará a minha queixa;

14 Então me espantas com sonhos, e com visões me assombras;

15 Pelo que a minha alma escolheria antes a estrangulação, e antes a morte do que a vida.

16 A minha vida abomino, pois não viveria para sempre; retira-te de mim, pois vaidade são os meus dias.

17 Que é o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas sobre ele o teu coração,

18 E cada manhã o visites, e cada momento o proves?

19 Até quando não me deixarás, nem me largarás, até que engula o meu cuspo?

20

Se pequei, que te farei, ó Guarda dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti por tropeço, para que a mim mesmo me seja pesado?

21 E por que não me perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniquidade? Porque agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não estarei lá.

Capítulo 8

Bildade pergunta: Porventura perverteria Deus o direito? — Bildade diz: Nossos dias sobre a terra são como a sombra, e Deus não rejeitará o homem reto.

1

Então respondeu Bildade, o suíta, e disse:

2 Até quando falarás tais coisas, e as razões da tua boca serão como um vento impetuoso?

3 Porventura perverteria Deus o direito? E perverteria o Todo-Poderoso a justiça?

4 Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os entregou ao poder da sua transgressão.

5 Mas, se tu cedo buscares a Deus, e ao Todo-Poderoso pedires misericórdia,

6 Se fores puro e reto, certamente logo despertará por ti, e restaurará a morada da tua justiça.

7 O teu princípio, na verdade, terá sido pequeno, porém o teu último estado crescerá em extremo.

8 Pois, eu te peço, pergunta às gerações passadas, e prepara-te para a inquirição de seus pais.

9 Porque nós somos de ontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra.

10

Porventura não te ensinarão eles, e não te falarão, e do seu coração não tirarão palavras?

11 Porventura cresce o papiro sem lodo? Ou cresce o junco sem água?

12 Estando ainda no seu verdor, ainda que não o cortem, todavia antes de qualquer outra erva se seca.

13 Assim são as veredas de todos quantos se esquecem de Deus; e a esperança do hipócrita perecerá,

14 Cuja esperança fica frustrada; e a sua confiança será como a teia da aranha.

15 Encostar-se-á à sua casa, mas não se manterá; apegar-se-á a ela, mas não ficará em pé.

16 Está viçoso antes que venha o sol, e os seus renovos saem sobre o seu jardim;

17 As suas raízes se entrelaçam junto à fonte, e atenta para o pedregal.

18 Arrancando-o ele do seu lugar, este negá-lo-á, dizendo: Nunca te vi.

19 Eis que este é a alegria do seu caminho, e outros brotarão do pó.

20

Eis que Deus não rejeita o homem reto, nem toma pela mão os malfeitores,

21 Até que de riso te encha a boca, e os teus lábios, de jubilação.

22 Os que te odeiam se vestirão de vergonha, e a tenda dos ímpios não existirá mais.

Capítulo 9

Jó reconhece a justiça e a grandiosidade de Deus, concluindo que o homem não pode contender com Ele.

1

Então Jó respondeu, e disse:

2 Na verdade sei que assim é, porque como se justificaria o homem para com Deus?

3 Se quiser contender com ele, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.

4 Ele é sábio de coração, e forte em poder; quem se endureceu contra ele, e teve paz?

5 Ele é o que transporta as montanhas, sem que o sintam, e o que as transtorna no seu furor.

6 O que remove a terra do seu lugar, e as suas colunas estremecem.

7 O que fala ao sol, e este não sai, e sela as estrelas.

8 O que sozinho estende os céus, e anda sobre os altos do mar.

9 O que faz a Ursa, o Órion, e o Sete-Estrelo, e as recâmaras do sul.

10

O que faz coisas grandes, que não se podem esquadrinhar, e maravilhas tais que não se podem contar.

11 Eis que passa por diante de mim, e não o vejo; e torna a passar perante mim, e não o sinto.

12 Eis que arrebata; quem lho fará restituir? Quem lhe dirá: Que é o que fazes?

13 Deus não revogará a sua ira; debaixo dele se encurvam os auxiliadores soberbos.

14 Quanto menos lhe responderia eu! Ou escolheria diante dele as minhas palavras!

15 A quem, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia; antes ao meu juiz pediria misericórdia.

16 Ainda que chamasse, e ele me respondesse, nem por isso creria que desse ouvidos à minha voz.

17 Porque me esmaga com uma tempestade, e multiplica as minhas chagas sem causa.

18 Nem me permite respirar, antes me farta de amarguras.

19 Se falamos de força, eis que ele é o forte; e se de juízo, quem me intimará?

20

Se eu me justificar, a minha boca me condenará; se me considero reto, então me declarará perverso.

21 Se me considero reto, não estimo a minha alma, deprezo a minha vida.

22 A coisa é esta; por isso eu digo que ele consome o reto e o ímpio.

23 Se o açoite matar de repente, então zomba da provação dos inocentes.

24 A terra está entregue na mão do ímpio; ele cobre o rosto dos seus juízes; se não é ele, quem é então?

25 E os meus dias são mais velozes do que um correio; fugiram, e nunca viram o bem.

26 Passam como navios veleiros; como águia que se lança à comida.

27 Se eu disser: Me esquecerei da minha queixa, e mudarei o meu semblante, e tomarei alento;

28 Receio todas as minhas dores, porque bem sei que não me terás por inocente.

29 E sendo eu ímpio, por que trabalharei em vão?

30

Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão,

31 Ainda me submergirás no fosso, e as minhas próprias roupas me abominarão.

32 Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, para irmos juntamente a juízo.

33 Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos.

34 Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror.

35 Então falarei, e não o temerei; porque não sou assim em mim mesmo.

Capítulo 10

Jó fica entediado da vida — Ele argumenta com Deus sobre suas aflições — Jó pergunta: Por que, pois, me tiraste da madre?

1

A minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma.

2 Direi a Deus: Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.

3 Parece-te bem que me oprimas? Que rejeites o trabalho das tuas mãos? E resplandeças sobre o conselho dos ímpios?

4 Tens tu porventura olhos de carne? Vês tu como vê o homem?

5 São os teus dias como os dias do homem? Ou são os teus anos como os anos de um homem,

6 Para te informares da minha iniquidade, e averiguares o meu pecado?

7 Bem sabes tu que eu não sou ímpio, todavia ninguém há que me livre da tua mão.

8 As tuas mãos me fizeram e me formaram completamente, contudo me consomes.

9 Peço-te que te lembres de que como barro me formaste e me farás tornar em pó.

10

Porventura não me derramaste como leite, e como queijo não me coalhaste?

11 De pele e carne me vestiste, e com ossos e tendões me ligaste.

12 Vida e benevolência me concedeste, e o teu cuidado guardou o meu espírito.

13 Porém estas coisas as ocultaste no teu coração; bem sei eu que isto esteve contigo.

14 Se eu pecar, tu me observas; e da minha iniquidade não me escusarás.

15 Se for ímpio, ai de mim! E se for justo, não levantarei a minha cabeça; farto estou de afronta; portanto, vê a minha miséria.

16 Porque vai crescendo; tu me caças como a um leão feroz, e tornas a fazer maravilhas contra mim.

17 Tu renovas contra mim as tuas testemunhas, e multiplicas contra mim a tua ira; revezes e guerra estão contra mim.

18 Por que, pois, me tiraste da madre? Ah! se eu tivesse morrido, e olho nenhum me visse!

19 Como se eu nunca tivesse existido, e desde o ventre tivesse sido levado à sepultura!

20

Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento,

21 Antes que vá para o lugar de onde nunca retornarei, à terra da escuridão e da sombra da morte,

22 Terra escuríssima, como a própria escuridão, terra da sombra da morte, e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão.

Capítulo 11

Zofar pergunta: Porventura alcançarás os caminhos de Deus? — Zofar diz que a esperança dos iníquos desvanecerá como se tivesse morrido.

1

Então respondeu Zofar, o naamatita, e disse:

2 Porventura não se dará resposta à multidão de palavras? E o homem falador será justificado?

3 Às tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe?

4 Pois tu disseste: A minha doutrina é pura, e limpo sou aos teus olhos.

5 Mas, na verdade, quem dera que Deus falasse e abrisse os seus lábios contra ti!

6 E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que ela é duplamente eficaz; sabe, pois, que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade.

7 Porventura alcançarás os caminhos de Deus? Ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?

8 Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda do que o inferno; que poderás tu saber?

9 Mais comprida é a sua medida do que a terra, e mais larga do que o mar.

10

Se ele destruir, e encerrar, ou se recolher, quem o fará tornar para trás?

11 Porque ele conhece os homens vãos, e vê a iniquidade; e não terá isso em consideração?

12 Mas o homem vão é falto de entendimento; sim, o homem nasce como a cria do jumento montês.

13 Se tu preparaste o teu coração, e estendeste as tuas mãos para ele,

14 Se iniquidade na tua mão, lança-a para longe de ti, e não deixes habitar a injustiça nas tuas tendas.

15 Porque então o teu rosto levantarás sem mácula, e estarás firme, e não temerás.

16 Porque te esquecerás do sofrimento, e te lembrarás dele como das águas que já passaram.

17 E a tua vida se levantará mais clara do que o meio-dia; ainda que seja trevas, será como a manhã.

18 E terás confiança, porque haverá esperança; e buscarás e repousarás seguro.

19 E deitar-te-ás, e ninguém te atemorizará; muitos suplicarão o teu favor.

20

Porém os olhos dos ímpios desfalecerão, e perecerá o seu refúgio, e a sua esperança será como o expirar da alma.

Capítulo 12

Jó diz que a alma de todas as coisas está nas mãos do Senhor, que com os idosos está a sabedoria e que o Senhor governa em todas as coisas.

1

Então Jó respondeu, e disse:

2 Certamente que vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria.

3 Também eu tenho um coração como vós, e não vos sou inferior; e quem não sabe tais coisas como essas?

4 Eu sou motivo de riso aos meus amigos, eu, que invoco a Deus, e ele me responde; o justo e o reto servem de motivo de riso.

5 Tocha desprezível é, na opinião do que está descansado, aquele que está pronto a tropeçar com os pés.

6 As tendas dos assoladores têm descanso, e os que provocam a Deus estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe tudo.

7 Mas pergunta agora aos animais do campo, e cada um deles to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber;

8 Ou fala com a terra, e ela to ensinará; até os peixes do mar to contarão.

9 Quem não entende, por todas essas coisas, que a mão do Senhor fez isso?

10

Em cuja mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana.

11 Porventura o ouvido não distinguirá as palavras, como o paladar prova as comidas?

12 Com os idosos está a sabedoria, e na longevidade, o entendimento.

13 Com ele está a sabedoria e a força, conselho e entendimento tem.

14 Eis que ele derruba, e não se reedificará; encerra o homem, e não se lhe abrirá.

15 Eis que ele retém as águas, e se secam; e as solta, e transtornam a terra.

16 Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que faz errar.

17 Aos conselheiros leva despojados, e aos juízes faz desvairar.

18 Solta o cinto dos reis, e ata um panoaos seus lombos.

19 Aos príncipes leva despojados, aos poderosos transtorna.

20

Dos acreditados tira a fala, e dos velhos toma o entendimento.

21 Derrama desprezo sobre os príncipes, e afrouxa o cinto dos violentos.

22 As profundezas das trevas manifesta, e a sombra da morte traz à luz.

23 Multiplica as nações, e as faz perecer; espalha as nações, e as guia.

24 Tira o coração aos chefes dos povos da terra, e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho.

25 Nas trevas andam às apalpadelas, sem terem luz, e os faz desatinar como ébrios.

Capítulo 13

Jó presta testemunho de sua confiança no Senhor e diz: Ainda que Ele me matasse, Nele esperarei, e também Ele será a minha salvação.

1

Eis que tudo isso viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam.

2 Como vós o sabeis, o sei eu também; não vos sou inferior.

3 Mas eu falarei ao Todo-Poderoso, e quero defender-me para com Deus.

4 Vós, porém, sois inventores de mentiras, e vós todos, médicos que não valem nada.

5 Quem dera que vos calásseis de todo! Pois isso seria a vossa sabedoria.

6 Ouvi agora a minha defesa, e escutai os argumentos dos meus lábios.

7 Porventura por Deus falareis perversidade? E por ele falareis engano?

8 Ou fareis acepção da sua pessoa? Ou contendereis por Deus?

9 Ser-vos-ia bom, se ele vos esquadrinhasse? Ou zombareis dele, como se zomba de algum homem?

10

Certamente vos repreenderá, se em oculto fizerdes acepção de pessoas.

11 Porventura não vos atemorizará a sua alteza? E não cairá sobre vós o seu temor?

12 As vossas memórias são como a cinza; os vossos baluartes, como baluartes de barro.

13 Calai-vos perante mim, e falarei eu, e que venha sobre mim o que vier.

14 Por que razão tomo eu a minha carne com os meus dentes, e ponho a minha vida na minha mão?

15 Ainda que ele me matasse, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele.

16 Também ele será a minha salvação, porque o hipócrita não virá perante o seu rosto.

17 Ouvi com atenção as minhas razões, e com os vossos ouvidos, a minha declaração.

18 Eis que já pus em ordem a minha causa, e sei que serei achado justo.

19 Quem é o que contenderá comigo? Se eu agora me calasse, entregaria o espírito.

20

Duas coisas somente não faças para comigo; então não me esconderei do teu rosto:

21 Desvia a tua mão para longe de sobre mim, e não me espante o teu terror.

22 Chama, pois, e eu responderei; ou eu falarei, e tu responde-me.

23 Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado.

24 Por que escondes o teu rosto, e me tens por teu inimigo?

25 Porventura quebrantarás a folha arrebatada pelo vento? E perseguirás o restolho seco?

26 Por que escreves contra mim amarguras e me fazes herdar as culpas da minha mocidade?

27 Também pões no cepo os meus pés, e observas todos os meus caminhos, e marcas as solas dos meus pés.

28 Envelhecendo-se ele como a podridão, e como a roupa que a traça rói.

Capítulo 14

Jó testifica que a vida é curta, que a morte é certa e que a ressurreição é garantida — Ele pergunta: Morrendo o homem, porventura tornará a viver? — Jó responde que esperará o chamado do Senhor para sair do sepulcro.

1

O homem nascido da mulher é curto de dias e farto de inquietação.

2 Sai como a flor, e logo murcha; foge também como a sombra, e não permanece.

3 E sobre este tal abres os teus olhos, e a mim me fazes entrar no juízo contigo.

4 Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.

5 Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus dias; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles.

6 Desvia-te dele, para que tenha repouso, até que, como o jornaleiro, tenha contentamento no seu dia.

7 Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos.

8 Ainda que envelheça na terra a sua raiz, e morra o seu tronco no pó,

9 Ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta.

10

Porém, morrendo o homem, está abatido; e expirando o homem, então onde está?

11 Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco,

12 Assim, o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordarão nem se erguerão de seu sono.

13 Quem dera que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se desviasse, e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!

14 Morrendo o homem, porventura tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria, até que viesse a minha mudança.

15 Chama-me, e eu te responderei; e afeiçoa-te à obra de tuas mãos.

16 Pois agora contas os meus passos; porventura não vigias sobre o meu pecado?

17 A minha transgressão está selada num saco, e amontoas as minhas iniquidades.

18 E na verdade, caindo a montanha, desfaz-se; e a rocha se remove do seu lugar.

19 As águas gastam as pedras, as cheias afogam o pó da terra; e tu fazes perecer a esperança do homem.

20

Tu para sempre prevaleces contra ele, e ele passa; tu, mudando o seu semblante, o despedes.

21 Os seus filhos estão em honra, sem que ele o saiba; ou ficam minguados, sem que ele o perceba.

22 Mas a sua carne nele tem dores; e a sua alma nele lamenta.

Capítulo 15

Elifaz descreve a inquietação dos iníquos — Eles não acreditam que voltarão das trevas nem que serão ressuscitados.

1

Então respondeu Elifaz, o temanita, e disse:

2 Porventura dará o sábio por resposta conhecimento de vento? E encherá o seu ventre de vento oriental?

3 Arguindo com palavras que de nada servem, e com razões de que nada aproveita?

4 E tu tens feito vão o temor, e diminuis os rogos diante de Deus.

5 Porque a tua boca declara a tua iniquidade, e tu escolheste a língua dos astutos.

6 A tua boca te condena, e não eu, e os teus lábios testificam contra ti.

7 És tu porventura o primeiro homem que nasceu? Ou foste gerado antes dos outeiros?

8 Ou ouviste o secreto conselho de Deus? E a ti limitaste a sabedoria?

9 Que sabes tu, que nós não saibamos? E que entendes, que não haja em nós?

10

Também há entre nós encanecidos e idosos, muito mais idosos do que teu pai.

11 Porventura as consolações de Deus te são pequenas? Ou alguma coisa se oculta em ti?

12 Por que te arrebata o teu coração? E por que piscam os teus olhos,

13 Para virares contra Deus o teu espírito, e deixares sair tais palavras da tua boca?

14 Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce da mulher, para que seja justo?

15 Eis que nos seus santos ele não confiaria, e nem os céus são puros aos seus olhos.

16 Quanto mais abominável e corrupto é o homem que bebe a iniquidade como a água?

17 Escuta-me, mostrar-to-ei, e o que vi te contarei

18 (O que os sábios anunciaram, ouvindo-o de seus pais, e não o ocultaram.

19 Somente aos quais se dera a terra, e nenhum estranho passou por entre eles).

20

Todos os dias o ímpio é atormentado, e se reserva para o tirano um certo número de anos.

21 O sonido dos horrores está nos seus ouvidos; até na paz lhe sobrevém o assolador.

22 Não crê que retornará das trevas, mas que o espera a espada.

23 Anda vagueando por pão, dizendo: Onde está? Bem sabe que o dia das trevas lhe está preparado, à mão.

24 Assombram-no a angústia e a tribulação; prevalecem contra ele, como o rei preparado para a peleja.

25 Porque estende a sua mão contra Deus, e contra o Todo-Poderoso se ensoberbece.

26 Arremete contra ele com a dura cerviz, com as saliências dos seus escudos.

27 Porquanto cobriu o seu rosto com a sua gordura, e criou carne gorda nos lombos.

28 E habitou em cidades assoladas, em casas em que ninguém morava, que estavam a ponto de tornar-se montões de ruínas.

29 Não se enriquecerá, nem subsistirão os seus bens, nem se estenderão pela terra as suas possessões.

30

Não escapará das trevas; a chama do fogo secará os seus renovos, e ao sopro da sua boca desaparecerá.

31 Não confie, pois, na vaidade, enganando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa.

32 Antes do seu dia ela se consumará; e o seu ramo não reverdecerá.

33 Sacudirá as suas uvas verdes, como as da vide, e deixará cair a sua flor, como a da oliveira.

34 Porque a congregação dos hipócritas se fará estéril, e o fogo consumirá as tendas do suborno.

35 Concebem a maldade, e dão à luz a iniquidade, e o seu ventre prepara enganos.

Capítulo 16

Jó fala contra os iníquos que se opõem a ele — Embora até seus amigos zombem dele, ele testifica que sua testemunha está no céu e que seu testemunho está nas alturas.

1

Então respondeu Jó, e disse:

2 Tenho ouvido muitas coisas como essas; todos vós sois consoladores molestos.

3 Porventura não terão fim essas palavras de vento? Ou o que te irrita, para assim responderes?

4 Falaria eu também como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma? Ou amontoaria palavras contra vós, e menearia contra vós a minha cabeça?

5 Antes vos fortaleceria com a minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria a dor.

6 Se eu falar, a minha dor não cessa, e calando-me eu, qual é o meu alívio?

7 Na verdade, agora me fatigou; tu assolaste toda a minha companhia.

8 Testemunha disso é que já me fizeste enrugado, e a minha magreza se levanta contra mim, e no meu rosto testifica contra mim.

9 Na sua ira me despedaçou, e ele me perseguiu; rangeu os seus dentes contra mim; o meu adversário aguça os seus olhos contra mim.

10

Escancararam a sua boca contra mim; com desprezo me feriram no queixo, e contra mim se ajuntam todos.

11 Entrega-me Deus ao perverso, e nas mãos dos ímpios me faz cair.

12 Descansado estava eu, porém ele me quebrantou; e pegou-me pela cerviz, e me despedaçou; também me pôs por seu alvo.

13 Cercam-me os seus flecheiros; atravessa-me os rins, e não me poupa, e o meu fel derrama em terra.

14 Fere-me com ferimento sobre ferimento; arremete contra mim como um valente.

15 Cosi pano de saco sobre a minha pele, e revolvi a minha cabeça no pó.

16 O meu rosto todo está descorado de chorar, e sobre as minhas pálpebras está a sombra da morte;

17 Não havendo, porém, violência nas minhas mãos, e sendo pura a minha oração.

18 Ah, terra, não cubras o meu sangue, e não haja lugar para o meu clamor!

19 Eis que também agora está a minha testemunha no céu, e o meu testemunho, nas alturas.

20

Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus.

21 Ah, se alguém pudesse contender com Deus pelo homem, como o filho do homem pelo seu amigo!

22 Porque se passarão poucos anos, e eu seguirei o caminho por onde não retornarei.

Capítulo 17

Jó fala da tristeza da morte e da sepultura no dia em que o corpo retornar ao pó.

1

O meu espírito se vai corrompendo, os meus dias se vão apagando, e tenho perante mim as sepulturas.

2 Porventura não estão zombadores comigo? E os meus olhos não passam a noite chorando pelas suas provocações?

3 Promete agora, e dá-me um fiador para contigo; quem há que me dê a mão?

4 Porque aos seus corações encobriste o entendimento, pelo que não os exaltarás.

5 O que lisonjeando fala aos amigos, também os olhos de seus filhos desfalecerão.

6 Porém a mim me pôs por provérbio dos povos, de modo que sou uma abominação perante o rosto de cada um.

7 Pelo que se escureceram de mágoa os meus olhos, e todos os meus membros são como a sombra.

8 Os retos pasmarão com isso, e o inocente se levantará contra o hipócrita.

9 E o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá crescendo em força.

10

Mas, na verdade, retornai todos vós, e vinde, porque sábio nenhum acho entre vós.

11 Os meus dias passaram, malograram os meus propósitos, os anseios do meu coração.

12 Trocaram a noite em dia; a luz está perto do fim, por causa das trevas.

13 Se eu esperar, a sepultura será a minha casa; nas trevas estenderei a minha cama.

14 À corrupção clamo: Tu és meu pai; e aos vermes: Vós sois minha mãe e minha irmã.

15 Onde, pois, estaria agora a minha esperança? Quanto à minha esperança, quem a poderá ver?

16 Às barras da sepultura descerão, quando juntamente no pó haverá descanso.

Capítulo 18

Bildade explica o estado de condenação dos iníquos que não conhecem a Deus.

1

Então respondeu Bildade, o suíta, e disse:

2 Quando poreis fim às palavras? Considerai bem, e então falaremos.

3 Por que somos considerados como animais, e imundos aos vossos olhos?

4 Oh! Tu que despedaças a tua alma na tua ira, será a terra abandonada por tua causa? E remover-se-ão as rochas do seu lugar?

5 Na verdade, a luz dos ímpios se apagará, e a faísca do seu fogo não resplandecerá.

6 A luz se escurecerá na sua tenda, e a sua lâmpada sobre ele se apagará.

7 Os passos do seu poder se estreitarão, e o seu conselho o derrubará.

8 Porque por seus próprios pés é lançado na rede, e andará nos fios enredados.

9 O laço o apanhará pelo calcanhar, e prevalecerá contra ele o salteador.

10

Está escondida debaixo da terra uma corda, e uma armadilha, na vereda.

11 Os assombros o atemorizarão por todos os lados, e o farão correr de uma parte para a outra, por onde quer que apresse os passos.

12 Será faminto o seu vigor, e a destruição está pronta ao seu lado.

13 O primogênito da morte consumirá as costelas da sua pele; consumirá, digo, os seus membros.

14 A sua confiança será arrancada da sua tenda, e isso o fará caminhar para o rei dos terrores.

15 Morará na sua mesma tenda, não lhe ficando nada; espalhar-se-á enxofre sobre a sua habitação.

16 Por debaixo se secarão as suas raízes, e por cima serão cortados os seus ramos.

17 A sua memória perecerá da terra, e pelas praças não terá nome.

18 Da luz o lançarão nas trevas, e afugentá-lo-ão do mundo.

19 Não terá filho nem neto entre o seu povo, e remanescente nenhum dele ficará nas suas moradas.

20

Do seu dia se espantarão os que estão por vir, e os que vieram antes foram sobressaltados de horror.

21 Tais são, na verdade, as moradas do perverso, e este é o lugar do que não conhece a Deus.

Capítulo 19

Jó explica os males que se acometeram sobre ele e testifica: Eu sei que vive meu Redentor — Jó profetiza que ressuscitará e que em sua carne verá Deus.

1

Então respondeu Jó, e disse:

2 Até quando entristecereis a minha alma, e me quebrantareis com palavras?

3 Já dez vezes me humilhastes; vergonha não tendes; contra mim vos endureceis.

4 Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro.

5 Se deveras vos levantais contra mim, e me arguis pelo meu opróbrio,

6 Sabei agora que Deus é o que me transtornou, e com a sua rede me cercou.

7 Eis que clamo: Violência! Porém não sou ouvido. Grito: Socorro! Porém não há justiça.

8 O meu caminho entrincheirou, e não posso passar, e nas minhas veredas pôs trevas.

9 Da minha honra me despojou; e tirou-me a coroa da minha cabeça.

10

Derrubou-me ele por todos os lados, e eu me vou; e arrancou a minha esperança, como a uma árvore.

11 E fez inflamar contra mim a sua ira, e me reputou para consigo como a seus inimigos.

12 Juntas vieram as suas tropas, e prepararam contra mim o seu caminho, e acamparam ao redor da minha tenda.

13 Pôs meus irmãos longe de mim, e os que me conhecem deveras me estranharam.

14 Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim.

15 Os meus domésticos e as minhas servas me reputaram como um estranho, e vim a ser um estrangeiro aos seus olhos.

16 Chamei meu criado, e ele não me respondeu, suplicando-lhe eu por minha própria boca.

17 O meu hálito se fez estranho à minha mulher, e eu lhe suplico pelos filhos do meu corpo.

18 Até os pequeninos me desprezam, e levantando-me eu, falam contra mim.

19 Todos os homens do meu secreto conselho me abominam, e até os que eu amava se voltaram contra mim.

20

Os meus ossos se apegaram à minha pele e à minha carne, e escapei com a pele dos meus dentes.

21 Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou.

22 Por que me perseguis assim como Deus, e da minha carne não vos fartais?

23 Quem me dera agora que as minhas palavras se escrevessem! Quem me dera que se gravassem num livro!

24 E que, com pena de ferro, e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha!

25 Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.

26 E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus,

27 A quem eu verei por mim mesmo, e os meus olhos o verão, e não outro; e por isso as minhas entranhas se consomem dentro de mim.

28 Na verdade, devíeis dizer: Por que o perseguimos? Pois a raiz da questão se acha em mim.

29 Temei vós mesmos a espada; porque o furor traz os castigos da espada, para saberdes que haverá um juízo.

Capítulo 20

Zofar mostra a condição dos iníquos — Ele diz: O júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas, como de um momento.

1

Então respondeu Zofar, o naamatita, e disse:

2 Por isso é que os meus pensamentos me fazem responder, e, portanto, me apresso.

3 Eu ouvi a repreensão, que me envergonha, mas o espírito do meu entendimento responderá por mim.

4 Porventura não sabes isto, que foi desde a antiguidade, desde que o homem foi posto sobre a terra,

5 A saber, que o júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas, como de um momento?

6 Ainda que a sua altivez subisse até o céu, e a sua cabeça chegasse até as nuvens,

7 Contudo como o seu próprio esterco perecerá para sempre; e os que o viam dirão: Onde está?

8 Como um sonho ele voa, e não será achado, e será afugentado como uma visão da noite.

9 O olho que o viu não mais o verá, nem olhará mais para ele o seu lugar.

10

Os seus filhos procurarão agradar aos pobres, e as suas mãos restaurarão os seus bens.

11 Os seus ossos estão cheios do vigor da mocidade, e se deitarão com ele no pó.

12 Ainda que o mal lhe seja doce na boca, e ele o esconda debaixo da sua língua,

13 E o guarde, e não o deixe, antes o retenha no seu paladar,

14 Contudo a sua comida se transformará nas suas entranhas; fel de áspides será interiormente.

15 Engoliu riquezas, porém vomitá-las-á; do seu ventre Deus as lançará.

16 Veneno de áspides sorverá; língua de víbora o matará.

17 Não verá as correntes, os rios e os ribeiros de mel e manteiga.

18 Restituirá o seu trabalho, e não o engolirá; e não terá regozijo conforme o poder de sua riqueza.

19 Porquanto oprimiu, desamparou os pobres, e roubou a casa que não edificou.

20

Porquanto não sentiu sossego no seu ventre; da sua tão desejada riqueza coisa nenhuma reterá.

21 Nada lhe sobejará do que coma; pelo que a sua riqueza não durará.

22 Na plenitude da sua abastança, estará angustiado; toda mão dos miseráveis virá sobre ele.

23 Ainda que possa encher o seu ventre, Deus mandará sobre ele o ardor da sua ira, e a fará chover sobre ele quando estiver comendo.

24 Ainda que fuja das armas de ferro, o arco de bronze o atravessará.

25 Desembainhada a espada sairá do seu corpo, e resplandecendo virá do seu fel; e haverá sobre ele assombros.

26 Toda a escuridão se ocultará nos seus esconderijos; um fogo não assoprado o consumirá; e irá mal com o que ficar na sua tenda.

27 Os céus manifestarão a sua iniquidade, e a terra se levantará contra ele.

28 O produto de sua casa será levado; no dia da sua ira todo se dissipará.

29 Esta, da parte de Deus, é a porção do homem ímpio; e da parte de Deus, a herança por ele decretada.

Capítulo 21

Jó admite que os iníquos às vezes prosperam nesta vida — Em seguida, ele testifica que o julgamento deles será depois desta vida, no dia da ira e da destruição.

1

Porém Jó respondeu, e disse:

2 Ouvi atentamente as minhas razões, e isto vos sirva de consolação.

3 Tolerai-me, e eu falarei; e havendo eu falado, zombai.

4 Porventura eu me queixo a algum homem? Porém, ainda que assim fosse, por que não se angustiaria o meu espírito?

5 Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a boca.

6 Porque, quando me lembro disso, me perturbo, e a minha carne é sobressaltada de horror.

7 Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se fortalecem em poder?

8 A sua semente se estabelece com eles perante a sua face; e os seus renovos perante os seus olhos.

9 As suas casas têm paz, sem temor; e a vara de Deus não está sobre eles.

10

O seu touro gera, e não falha; a sua vaca dá cria, e não aborta.

11 Fazem sair as suas crianças, como um rebanho, e seus filhos andam saltando.

12 Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e alegram-se ao som da flauta.

13 Na prosperidade gastam os seus dias, e num momento descem à sepultura.

14 E, todavia, dizem a Deus: Retira-te de nós, porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.

15 Quem é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações?

16 Vede, porém, que o seu bem não está na mão deles; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!

17 Quantas vezes sucede que se apaga a candeia dos ímpios, e lhes sobrevém a sua destruição? E Deus na sua ira lhes reparte dores!

18 Porque são como a palha diante do vento, e como a pragana, que o redemoinho arrebata.

19 Deus guarda a sua violência para seus filhos; e lhe dá o pago, para que o sinta.

20

Seus olhos verão a sua ruína, e ele beberá do furor do Todo-Poderoso.

21 Porque, que prazer teria na sua casa, depois de si, cortando-se-lhe o número dos seus meses?

22 Porventura a Deus se ensinaria conhecimento, a ele que julga os excelsos?

23 Este morre na força da sua plenitude, estando todo quieto e sossegado.

24 Os seus baldes estão cheios de leite, e os seus ossos estão regados de tutano.

25 E outro morre, ao contrário, na amargura do seu coração, não havendo comido do bem.

26 Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.

27 Eis que conheço bem os vossos pensamentos, e os maus intentos com que injustamente me fazeis violência.

28 Porque direis: Onde está a casa do príncipe? E onde está a tenda das moradas dos ímpios?

29 Porventura não o perguntastes aos que passam pelo caminho? E não conheceis os seus sinais?

30

Que o mau é preservado para o dia da destruição; e são levados no dia do furor?

31 Quem acusará diante dele o seu caminho? E quem lhe dará o pago do que faz?

32 Finalmente é levado às sepulturas, e vigia no túmulo.

33 Os torrões do vale lhe são doces, e atrai a si todo homem; e diante de si houve inúmeros.

34 Como, pois, me consolais com vaidade? Pois nas vossas respostas ainda resta falsidade.

Capítulo 22

Elifaz acusa Jó de vários pecados e o exorta a arrepender-se.

1

Então respondeu Elifaz, o temanita, e disse:

2 Porventura o homem será de algum proveito a Deus? Antes a si mesmo o prudente será proveitoso.

3 Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo? Ou lucro algum que tu faças perfeitos os teus caminhos?

4 Ou te repreende pelo temor que tem de ti? Ou entra contigo em juízo?

5 Porventura não é grande a tua maldade? E infinitas as tuas iniquidades?

6 Porque penhoraste teus irmãos sem causa alguma, e aos nus despiste as roupas.

7 Não deste de beber água ao cansado, e ao faminto retiveste o pão.

8 Mas para o homem forte era a terra, e o homem tido em respeito habitava nela.

9 As viúvas despediste de mãos vazias, e a força dos órfãos foi esmagada.

10

Por isso é que estás cercado de laços, e te perturbou um pavor repentino,

11 Ou as trevas que não vês, e a abundância de água que te cobre.

12 Porventura Deus não está na altura dos céus? Olha, pois, para o cume das estrelas, quão elevadas estão.

13 E dizes que sabe Deus disso? Porventura julgará por entre a escuridão?

14 As nuvens são esconderijo para ele, para que não veja; e passeia pelo circuito dos céus.

15 Porventura vais seguir a vereda antiga, que pisaram os homens iníquos?

16 Estes foram arrebatados antes do seu tempo, sobre cujo fundamento um dilúvio se derramou.

17 Diziam a Deus: Retira-te de nós. E que foi que o Todo-Poderoso lhes fez?

18 Sendo ele o que enchera de bens as suas casas; mas o conselho dos ímpios esteja longe de mim.

19 Os justos o viram, e se alegraram, e o inocente escarneceu deles.

20

Porquanto o nosso adversário não foi destruído, mas o fogo consumiu o que restou deles.

21 Reconcilia-te, pois, com ele, e tem paz, e assim te sobrevirá o bem.

22 Aceita, peço-te, a lei da sua boca, e põe as suas palavras no teu coração.

23 Se te converteres ao Todo-Poderoso, serás edificado; afasta a iniquidade da tua tenda.

24 Então amontoarás ouro como pó, e o ouro de Ofir, como pedras dos ribeiros.

25 E até o Todo-Poderoso te será por ouro, e a tua prata, preciosa.

26 Porque então te deleitarás no Todo-Poderoso, e levantarás o teu rosto para Deus.

27 Deveras orarás a ele, e ele te ouvirá, e pagarás os teus votos.

28 Determinando tu alguma coisa, ser-te-á estabelecida, e a luz brilhará em teus caminhos.

29 Quando eles se abaterem, então tu dirás: Haverá enaltecimento; e Deus salvará o humilde.

30

E livrará até o que não é inocente, porque será libertado pela pureza de tuas mãos.

Capítulo 23

Jó busca o Senhor e afirma sua própria retidão — Ele diz: Pondo-me à prova o Senhor, sairei como o ouro.

1

Porém Jó respondeu, e disse:

2 Ainda hoje a minha queixa é uma revolta; a minha mão pesa sobre meu gemido.

3 Ah, se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal.

4 Exporia ante ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos.

5 Saberia as palavras com que ele me responderia, e entenderia o que me dissesse.

6 Porventura segundo a grandeza de seu poder contenderia comigo? Não; antes ele atentaria em mim.

7 Ali o reto pleitearia com ele, e eu me livraria para sempre do meu juiz.

8 Eis que se me adianto, ali não está; se volto para trás, não o percebo.

9 Se opera à esquerda, não o vejo; se ele se encobre à direita, não o diviso.

10

Porém ele sabe o meu caminho; pondo-me ele à prova, sairei como o ouro.

11 Nas suas pisadas os meus pés se afirmaram; guardei o seu caminho, e não me desviei dele.

12 Do preceito de seus lábios nunca me apartei, e as palavras da sua boca guardei mais do que a minha porção.

13 Mas se ele decidiu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará.

14 Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito, e muitas coisas como estas ainda tem consigo.

15 Por isso me perturbo perante ele; quando considero, tenho medo dele.

16 Porque Deus fez desfalecer o meu coração, e o Todo-Poderoso me perturbou.

17 Porquanto não fui desarraigado por causa das trevas, e nem encobriu com a escuridão o meu rosto.

Capítulo 24

Os assassinos, os adúlteros, os opressores dos pobres, e as pessoas iníquas em geral, muitas vezes, ficam por um breve tempo sem punição.

1

Visto que do Todo-Poderoso não se encobriram os tempos, por que os que o conhecem não veem os seus dias?

2 Há os que removem os limites, roubam os rebanhos, e os apascentam.

3 Levam do órfão o jumento; tomam em penhor o boi da viúva.

4 Desviam do caminho os necessitados; e os miseráveis da terra juntos se escondem deles.

5 Eis que, como jumentos monteses no deserto, saem à sua obra, madrugando para a presa; a campina mantimento a eles e aos seus filhos.

6 No campo ceifam o seu pasto, e vindimam a vinha do ímpio.

7 Ao nu fazem passar a noite sem roupa, não tendo ele coberta contra o frio.

8 Das chuvas das montanhas são molhados, e não tendo refúgio, abraçam-se com as rochas.

9 Ao orfãozinho arrancam do peito, e penhoram o que há sobre o pobre.

10

Fazem com que os nus andem sem roupa, e aos famintos tiram as espigas.

11 Entre os seus muros espremem o azeite, pisam os lagares, e ainda têm sede.

12 Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e contudo Deus não lho imputa como loucura.

13 Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem os seus caminhos, e não permanecem nas suas veredas.

14 De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, e de noite é como o ladrão.

15 Assim como o olho do adúltero aguarda o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum; e oculta o rosto.

16 Nas trevas minam as casas que de dia se assinalaram; não conhecem a luz.

17 Porque a manhã para todos eles é como a sombra de morte, porque, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte.

18 É ligeiro sobre a face das águas; maldita é a sua parte sobre a terra; não volta pelo caminho das vinhas.

19 A secura e o calor desfazem as águas da neve; assim desfará a sepultura aos que pecaram.

20

A madre se esquecerá dele, os vermes o comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança dele; e a iniquidade se quebrará como árvore.

21 Aflige a estéril que não dá à luz, e à viúva não faz bem.

22 Até os poderosos arrasta com a sua força; se ele se levanta, não há vida segura.

23 Se Deus lhes dá descanso, estribam-se nisso; seus olhos porém estão nos caminhos deles.

24 Por um pouco se enaltecem, e logo desaparecem; são abatidos, encerrados como todos, e cortados como as cabeças das espigas.

25 Se agora não é assim, quem me desmentirá e desfará as minhas razões?

Capítulo 25

Bildade lamenta o estado decaído do homem e o classifica como um verme.

1

Então respondeu Bildade, o suíta, e disse:

2 Com ele estão domínio e temor; ele faz paz nas suas alturas.

3 Porventura têm número as suas tropas? E sobre quem não surge a sua luz?

4 Como, pois, seria justo o homem para com Deus? E como seria puro aquele que nasce da mulher?

5 Eis que até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos.

6 E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho.

Capítulo 26

Jó repreende a falta de empatia de Bildade — Jó ressalta o poder, a grandiosidade e a força do Senhor.

1

Porém Jó respondeu, e disse:

2 Como ajudaste aquele que não tinha força? E sustentaste o braço que não tinha vigor?

3 Como aconselhaste aquele que não tinha sabedoria, e plenamente lhe fizeste saber a causa, assim como era?

4 A quem proferiste palavras? E de quem é o espírito que saiu de ti?

5 Os mortos tremem debaixo das águas, com os seus moradores.

6 O inferno está nu perante ele, e não há coberta para a perdição.

7 Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.

8 Prende as águas nas suas nuvens, todavia a nuvem não se rasga debaixo delas.

9 Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.

10

Assinalou limite sobre a superfície das águas ao redor delas, até que se acabem a luz e as trevas.

11 As colunas do céu tremem, e se espantam da sua repreensão.

12 Com a sua força fende o mar, e com o seu entendimento abate a soberba.

13 Pelo seu Espírito ornou os céus; a sua mão formou a serpente fugidia.

14 Eis que isso são só as bordas dos seus caminhos, e quão pouco é o que ouvimos dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder?

Capítulo 27

Jó afirma sua retidão — Quando os iníquos são sepultados na morte, o terror se apodera deles.

1

E prosseguiu Jó em proferir o seu discurso, e disse:

2 Vive Deus, que tirou o meu direito, e o Todo-Poderoso, que amargurou a minha alma,

3 Que, enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus nas minhas narinas,

4 Não falarão os meus lábios iniquidade, nem a minha língua pronunciará engano.

5 Longe de mim que eu vos justifique; até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha integridade.

6 À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me repreenderá o meu coração em toda a minha vida.

7 Seja como o ímpio o meu inimigo, e o que se levantar contra mim, como o perverso.

8 Porque qual será a esperança do hipócrita, havendo sido avaro, quando Deus lhe arrancar a sua alma?

9 Porventura Deus ouvirá o seu clamor, sobrevindo-lhe a tribulação?

10

Ou deleitar-se-á no Todo-Poderoso? Ou invocará a Deus todo o tempo?

11 Ensinar-vos-ei acerca da mão de Deus, e não vos encobrirei o que está com o Todo-Poderoso.

12 Eis que todos vós já o vistes; por que, pois, vos desvaneceis na vossa vaidade?

13 Esta, pois, é a porção do homem ímpio para com Deus, e a herança que os tiranos receberão do Todo-Poderoso.

14 Se os seus filhos se multiplicarem, será para a espada, e os seus renovos não se fartarão de pão.

15 Os que ficarem dele, na morte serão enterrados, e as suas viúvas não chorarão.

16 Se amontoar prata como pó, e preparar roupas como lodo,

17 Ele as preparará, porém o justo as vestirá, e o inocente repartirá a prata.

18 E edificará a sua casa como a traça, e como o guarda que faz a cabana.

19 Rico se deita, e não será recolhido; seus olhos abre, e nada será.

20

Pavores se apoderam dele como águas; de noite o arrebatará a tempestade.

21 O vento oriental o levará, e ir-se-á, e como tempestade o arrebatará do seu lugar.

22 E Deus lançará isso sobre ele, e não lhe poupará; irá fugindo da sua mão.

23 Cada um baterá contra ele as palmas das mãos, e do seu lugar o tirará com assobios.

Capítulo 28

A riqueza procede da terra — A sabedoria não pode ser comprada — O temor do Senhor é sabedoria, e o apartar-se do mal, inteligência.

1

Na verdade, há veio de onde se tira a prata, e para o ouro, lugar em que o derretem.

2 O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o cobre.

3 Ele põe fim às trevas, e toda extremidade ele esquadrinha, a pedra da escuridão e da sombra da morte.

4 Transborda o ribeiro junto ao que habita ali, de maneira que não se possa passar a pé; então se esgota, e as águas se vão para longe do homem.

5 Da terra procede o pão, e por baixo é revolvida como por fogo.

6 As suas pedras são o lugar da safira, e tem pó de ouro.

7 Essa vereda a ave de rapina ignora, e os olhos da gralha não viram.

8 Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.

9 Estende a sua mão contra o rochedo, e transtorna os montes desde as suas raízes.

10

Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho vê tudo o que há de precioso.

11 Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e traz à luz o que estava escondido.

12 Porém onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?

13 O homem não sabe o seu valor, e não se acha na terra dos viventes.

14 O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.

15 Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela.

16 Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.

17 Com ela não se pode comparar o ouro nem o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.

18 Não se fará menção de coral nem de pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis.

19 Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro.

20

Donde, pois, vem a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?

21 Porque está encoberta aos olhos de todo vivente, e oculta às aves do céu.

22 A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.

23 Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.

24 Porque ele vê as extremidades da terra, e vê tudo o que há debaixo dos céus,

25 Dando peso ao vento, e tomando a medida das águas.

26 Prescrevendo lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões.

27 Então a viu, e relatou, a preparou, e também a esquadrinhou.

28 Porém disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal, a inteligência.

Capítulo 29

Jó relembra sua antiga prosperidade e grandeza — Ele era abençoado por causa de sua retidão, de sua caridade e de suas boas obras.

1

E prosseguiu Jó em proferir o seu discurso, e disse:

2 Ah, quem me dera ser como eu fui nos meses passados! Como nos dias em que Deus me guardava!

3 Quando fazia resplandecer a sua candeia sobre a minha cabeça, e quando eu pela sua luz caminhava pelas trevas;

4 Como era nos dias da minha mocidade, quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;

5 Quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus filhos em redor de mim;

6 Quando lavava os meus passos na manteiga, e da rocha me corriam ribeiros de azeite;

7 Quando saía à porta pela cidade, e na praça fazia preparar a minha cadeira,

8 Os moços me viam, e se escondiam, e até os idosos se levantavam e se punham em pé;

9 Os príncipes continham as suas palavras, e punham a mão sobre a sua boca;

10

A voz dos chefes se calava, e a sua língua se pegava ao seu palato;

11 Ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim;

12 Porque eu livrava o miserável que clamava, como também o órfão que não tinha quem o socorresse.

13 A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que jubilasse o coração da viúva.

14 Vestia-me da justiça, e ela me servia de roupa; como manto e diadema era o meu juízo.

15 Eu fui o olho do cego, como também os pés do coxo.

16 Dos necessitados era pai, e as causas de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligência;

17 E quebrava o queixo do perverso, e dos seus dentes tirava a presa.

18 E dizia: No meu ninho expirarei, e multiplicarei os meus dias como a areia.

19 A minha raiz se estendia junto às águas, e o orvalho fazia assento sobre os meus ramos;

20

A minha honra se renovava em mim, e o meu arco se reforçava na minha mão.

21 Ouvindo-me, esperavam, e em silêncio atendiam ao meu conselho.

22 Depois das minhas palavras, não replicavam, e minhas razões destilavam sobre eles;

23 Porque me esperavam, como a chuva; e abriam a sua boca, como para a chuva tardia.

24 Se eu ria para eles, não o criam, e não faziam abater a luz do meu rosto;

25 Eu escolhia o seu caminho, assentava-me como chefe, e habitava como rei entre as tropas, como aquele que consola os que pranteiam.

Capítulo 30

Os filhos de homens vis e iníquos riem-se de Jó — Em seu estado de aflição, ele clama ao Senhor — Jó diz que chorou pelos que estavam aflitos.

1

Porém agora se riem de mim os de menos idade do que eu, cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.

2 De que também me serviria a força das suas mãos, cujo vigor já se tinha esgotado?

3 De míngua e fome andavam debilitados, e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados, e desertos.

4 Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram as raízes dos zimbros.

5 Do meio dos homens foram expulsos, e gritavam contra eles, como contra o ladrão,

6 Para habitarem nos barrancos dos vales, e nas cavernas da terra e das rochas.

7 Bramavam entre os arbustos, e ajuntavam-se debaixo das urtigas.

8 Eram filhos de doidos, e filhos de gente sem nome, e da terra foram expulsos.

9 Porém agora sou a sua canção, e lhes sirvo de provérbio.

10

Abominam-me, e fogem para longe de mim, e no meu rosto não se privam de cuspir.

11 Porque Deus desatou o meu cordão, e me oprimiu, pelo que sacudiram de si o freio perante o meu rosto.

12 À direita se levantam os moços; empurram os meus pés, e preparam contra mim os seus caminhos de destruição.

13 Desbaratam-me o meu caminho; promovem a minha miséria; não têm ajudador.

14 Vêm contra mim como por uma grande brecha, e revolvem-se entre a assolação.

15 Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha honra, e como nuvem passou a minha felicidade.

16 E agora derrama-se em mim a minha alma; os dias da aflição se apoderaram de mim.

17 De noite se me transpassam os meus ossos, e as dores que me roem não descansam.

18 Pela grandeza da força das dores se desfigurou a minha veste, que como a gola da minha túnica me cinge.

19 Lançou-me na lama, e fiquei semelhante ao pó e à cinza.

20

Clamo a ti, porém tu não me respondes; estou em pé, porém para mim não atentas.

21 Tornaste a ser cruel contra mim; com a força da tua mão resistes violentamente.

22 Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre ele, e dissolves-me na tempestade.

23 Porque eu sei que me levarás à morte e à casa determinada a todos os viventes.

24 Porém não estenderá a mão quem está num montão de ruínas, ou clamará por socorro na sua desventura?

25 Porventura não chorei sobre aquele que estava aflito? Ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?

26 Todavia aguardando eu o bem, então me veio o mal, e esperando eu a luz, veio a escuridão.

27 As minhas entranhas ferveram e não se aquietam; os dias da aflição me surpreenderam.

28 Denegrido ando, porém não do sol, e levantando-me na congregação, clamo por socorro.

29 Irmão me fiz dos chacais, e companheiro dos avestruzes.

30

Enegreceu-se a minha pele sobre mim, e os meus ossos estão queimados do calor.

31 Pelo que se trocou a minha harpa em lamentação, e a minha flauta, em voz dos que choram.

Capítulo 31

Jó pede um julgamento para que Deus reconheça sua integridade — Se agiu mal, Jó aceita de boa vontade o castigo por tê-lo feito.

1

Fiz convênio com os meus olhos; como, pois, atentaria numa virgem?

2 Porque qual seria a parte de Deus, de cima? Ou a herança do Todo-Poderoso para mim desde as alturas?

3 Porventura não é a perdição para o perverso, o desastre para os que praticam iniquidade?

4 Ou não vê ele os meus caminhos, e não conta todos os meus passos?

5 Se andei com vaidade, e se o meu pé se apressou para o engano

6 (Pese-me em balanças fiéis, e saberá Deus da minha integridade),

7 Se os meus passos se desviaram do caminho, e se o meu coração segue os meus olhos, e se às minhas mãos se apegou coisa alguma,

8 Então semeie eu e outro coma, e seja a minha descendência arrancada até a raiz.

9 Se o meu coração se deixou seduzir por uma mulher, ou se eu armei traições à porta do meu próximo,

10

Então que minha mulher moa para outro, e outros se encurvem sobre ela.

11 Porque seria uma infâmia, e é delito da alçada dos juízes.

12 Porque é fogo que consome até a destruição, e desarraigaria toda a minha renda.

13 Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando eles contendiam comigo,

14 Então que faria eu quando Deus se levantasse? E inquirindo ele, o que lhe responderia?

15 Aquele que me fez no ventre não o fez também a ele? Ou não nos formou do mesmo modo na madre?

16 Se retive o que os pobres desejavam, ou fiz desfalecer os olhos da viúva,

17 Ou sozinho comi o meu bocado, e o órfão não comeu dele

18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como com seu pai, e fui o guia da viúva desde o ventre de minha mãe),

19 Se vi alguém perecer por falta de roupa, e o necessitado por não ter coberta,

20

Se os seus lombos não me abençoaram, se ele não se aquentava com as peles dos meus cordeiros,

21 Se eu levantei a minha mão contra o órfão, porquanto na porta eu via a minha ajuda,

22 Então caia do ombro a minha espádua, e quebre-se o meu braço do osso.

23 Porque o castigo de Deus era para mim um assombro, e eu não podia suportar a sua majestade.

24 Se no ouro pus a minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és a minha confiança;

25 Se me alegrei de que era muita a minha riqueza, e de que a minha mão tinha alcançado muito;

26 Se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa,

27 E o meu coração se deixou seduzir em oculto, e a minha mão atirou-lhes beijos da minha boca,

28 Também isso seria delito da alçada do juiz, pois assim negaria a Deus que está em cima.

29 Se me alegrei da desgraça do que me tem ódio, e se eu exultei quando o mal o achou

30

(Também não deixei pecar a minha boca, desejando a sua morte com maldição),

31 Se a gente da minha tenda não disse: Quem há que não se tenha saciado com carne provida por ele?

32 O estrangeiro não passava a noite na rua; as minhas portas abria ao viajante.

33 Se encobri as minhas transgressões como Adão, ocultando o meu delito no meu seio,

34 Porque eu temia a grande multidão, e o desprezo das famílias me apavorava, e eu me calei, e não saí da porta.

35 Ah, quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu intento é que o Todo-Poderoso me responda, e que o meu adversário escreva um livro.

36 Por certo que o levaria sobre o meu ombro, sobre mim o ataria como coroa.

37 O número dos meus passos lhe mostraria; como príncipe me chegaria a ele.

38 Se a minha terra clamar contra mim, e se os seus sulcos juntamente chorarem,

39 Se comi os seus frutos sem dinheiro, e fiz expirar a alma dos seus donos,

40

Por trigo me produza cardos, e por cevada, joio. Acabaram-se as palavras de Jó.

Capítulo 32

Eliú, irado, responde a Jó e a seus três amigos — Eliú diz: Há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso os faz entender — Ele também diz que os grandes homens nem sempre são sábios.

1

Então aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque ele era justo aos seus próprios olhos.

2 E acendeu-se a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus.

3 Também a sua ira se acendeu contra os seus três amigos, porque, não achando o que responder, todavia condenavam Jó.

4 Eliú, porém, esperou que Jó falasse, porquanto tinham mais idade do que ele.

5 Vendo, pois, Eliú que não havia resposta na boca daqueles três homens, a sua ira se acendeu.

6 E respondeu Eliú, filho de Baraquel, o buzita, e disse: Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; receei e temi vos declarar a minha opinião.

7 Dizia eu: Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.

8 Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso os faz entender.

9 Os grandes não são os sábios, nem os velhos entendem o que é justo.

10

Pelo que digo: Dai-me ouvidos, e também eu declararei a minha opinião.

11 Eis que aguardei as vossas palavras, e dei ouvidos às vossas considerações, até que buscásseis razões.

12 Atentando, pois, para vós, eis que nenhum de vós há que possa convencer Jó, nem que responda às suas razões;

13 Para que não digais: Achamos a sabedoria; Deus o derrubou, e não homem algum.

14 Ora, ele não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei com as vossas palavras.

15 Estão pasmados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras.

16 Esperei, pois, porém não falam, porque já pararam, e não respondem mais.

17 Também eu responderei pela minha parte; também eu declararei a minha opinião.

18 Porque estou cheio de palavras, e constrange-me o espírito dentro de mim.

19 Eis que o meu ventre é como o mosto, sem respiradouro, e virá a arrebentar, como odres novos.

20

Falarei, e respirarei; abrirei os meus lábios, e responderei.

21 Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de lisonjas com o homem!

22 Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu Criador.

Capítulo 33

Eliú diz: Maior é Deus do que o homem, Ele fala ao homem em sonhos e visões, resgata os que foram lançados na cova, salva-lhes a alma e dá-lhes vida.

1

Assim, na verdade, ó Jó, ouve as minhas razões, e dá ouvidos a todas as minhas palavras.

2 Eis que já abri a minha boca; falou a minha língua dentro da minha boca.

3 As minhas razões sairão da sinceridade do meu coração, e o puro conhecimento, dos meus lábios.

4 O Espírito de Deus me fez, e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.

5 Se podes, responde-me, põe em ordem diante de mim as tuas razões, e levanta-te.

6 Eis que sou de Deus, como tu; do barro também eu fui formado.

7 Eis que não te perturbará o meu terror, nem será pesada sobre ti a minha mão.

8 Na verdade tu falaste aos meus ouvidos, e eu ouvi o som das tuas palavras, dizendo:

9 Limpo estou, sem transgressão; puro sou, e não tenho culpa.

10

Eis que procura pretextos contra mim, e me considera como seu inimigo.

11 Põe no cepo os meus pés, e observa todas as minhas veredas.

12 Eis que nisto não foste justo; eu te respondo, porque maior é Deus do que o homem.

13 Por que razão contendeste com ele? Porque ele não presta contas acerca de nenhum dos seus feitos.

14 Antes Deus fala uma e duas vezes, porém ninguém atenta para isso.

15 Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama,

16 Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a sua instrução,

17 Para apartar o homem daquilo que faz, e esconder do homem a soberba.

18 Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.

19 Também na sua cama é com dores castigado; como também a multidão de seus ossos, com fortes dores.

20

De modo que a sua vida abomina até o pão, e a sua alma, a comida apetecível.

21 Desaparece a sua carne à vista dos olhos, e os seus ossos, que não se viam, agora aparecem.

22 E a sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida, ao que traz morte.

23 Se com ele, pois, houver um mensageiro, um intérprete, um entre milhares, para declarar ao homem a sua retidão,

24 Então terá misericórdia dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; achei resgate.

25 Sua carne se rejuvenescerá mais do que era na mocidade, e tornará aos dias da sua juventude.

26 Deveras orará a Deus, o qual se agradará dele, e verá a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.

27 Olhará para os homens, e dirá: Pequei, e perverti o que era direito, o que de nada me aproveitou.

28 Porém Deus livrou a minha alma de ir para a cova; e a minha vida verá a luz.

29 Eis que tudo isso faz Deus duas e três vezes para com o homem,

30

Para desviar a sua alma da perdição, e o alumiar com a luz dos viventes.

31 Escuta, pois, ó Jó, ouve-me; cala-te, e eu falarei.

32 Se tens alguma coisa a dizer, responde-me; fala, porque desejo justificar-te.

33 Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria.

Capítulo 34

Eliú ensina que Deus não pode ser injusto nem cometer iniquidade nem perverter o juízo nem fazer acepção de pessoas — O homem deve suportar a repreensão e não cometer mais iniquidade.

1

Respondeu mais Eliú, e disse:

2 Ouvi, vós, sábios, as minhas razões, e vós, que tendes conhecimento, inclinai os ouvidos para mim.

3 Porque o ouvido prova as palavras, como o paladar prova a comida.

4 O que é direito escolhamos para nós, e conheçamos entre nós o que é bom.

5 Porque Jó disse: Sou justo; e Deus tirou o meu direito.

6 Apesar do meu direito sou considerado mentiroso; incurável é a minha ferida, embora eu esteja sem transgressão.

7 Que homem como Jó, que bebe a zombaria como água?

8 E caminha em companhia dos que praticam a iniquidade, e anda com homens ímpios?

9 Porque disse: De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.

10

Pelo que vós, homens de entendimento, escutai-me: Deus esteja longe da impiedade, e o Todo-Poderoso, da perversidade!

11 Porque, segundo a obra do homem, ele lho paga; e a cada homem faz achar segundo o seu caminho.

12 Também, na verdade, Deus não age impiamente, nem o Todo-Poderoso perverte o juízo.

13 Quem o encarregou do governo da terra? E quem dispôs o mundo todo?

14 Se pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego,

15 Toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.

16 Se, pois, há em ti entendimento, ouve isto; inclina os ouvidos à voz do meu discurso.

17 Porventura o que odeia o direito governaria? E tu condenarias aquele que é justo e poderoso?

18 Ou dir-se-á a um rei: Oh, Belial? Aos príncipes: Oh, ímpios?

19 Quanto menos àquele que não faz acepção das pessoas de príncipes, nem estima o rico mais do que o pobre, porque todos são obras de suas mãos.

20

Eles num momento morrem; e até a meia-noite os povos são perturbados, e passam; e o poderoso será tomado não por mão humana.

21 Porque os seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e ele vê todos os seus passos.

22 Não trevas nem sombra de morte onde se escondam os que praticam a iniquidade.

23 Porque não se faz tanto caso do homem que contra Deus possa entrar em juízo.

24 Quebranta os fortes, sem que se possa inquirir, e põe outros em seu lugar.

25 Ele conhece, pois, as suas obras, de noite os transtorna, e ficam esmagados.

26 Ele os fere como ímpios que são, à vista dos espectadores,

27 Porquanto deixaram de segui-lo, e não compreenderam nenhum de seus caminhos.

28 Para fazer que o clamor do pobre subisse até ele, e que ouvisse o clamor dos aflitos.

29 Se ele se aquietar, quem então o condenará? Se encobrir o rosto, quem então o poderá contemplar, seja para com um povo, seja para com um homem só?

30

Para que o homem hipócrita nunca mais reine, e não haja laços do povo.

31 Quando alguém a Deus disser: Suportei castigo, não mais pecarei;

32 O que não vejo, ensina-mo tu; se fiz alguma maldade, nunca mais a hei de fazer.

33 Virá de ti como o recompensará, sendo que tu o rejeitas? Faze tu, pois, e não eu, a escolha. Que é, pois, o que sabes? Fala.

34 Os homens de entendimento dir-me-ão, e o homem sábio me ouvirá:

35 Jó falou sem conhecimento, e às suas palavras falta prudência.

36 Pai meu! Seja Jó posto à prova até o fim, pelas suas respostas como de homens malignos.

37 Porque ao seu pecado acrescentaria a transgressão; entre nós bateria palmas, e multiplicaria contra Deus as suas razões.

Capítulo 35

Eliú contrasta a fraqueza do homem com o poder de Deus — Nossa iniquidade prejudica outros homens, e nossa retidão os ajuda — O homem deve confiar no Senhor.

1

Respondeu mais Eliú, e disse:

2 Tens por direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?

3 Porque disseste: De que te serviria? Ou de que mais me aproveitarei do que do meu pecado?

4 Eu te darei resposta, a ti e aos teus amigos contigo.

5 Atenta para os céus, e vê; e contempla as mais altas nuvens, que são mais altas do que tu.

6 Se pecares, que efetuarás contra ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás?

7 Se fores justo, que lhe darás? Ou o que receberá da tua mão?

8 A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça daria proveito ao filho do homem.

9 Por causa da grandeza da opressão fazem os oprimidos clamar; clamam por socorro por causa do braço dos grandes.

10

Porém ninguém diz: Onde está Deus que me fez, que dá salmos na noite,

11 Que nos faz mais doutos do que os animais da terra, e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?

12 Ali clamam, porém ele não responde, por causa da arrogância dos maus.

13 Certo é que Deus não ouvirá a vaidade, nem atentará para ela o Todo-Poderoso.

14 E quanto ao que disseste, que não o verás, juízo perante ele; por isso espera nele.

15 Mas agora, porque a ninguém a sua ira visitou, nem advertiu com rigor os pecadores,

16 Logo Jó em vão abriu a sua boca, e sem conhecimento multiplicou palavras.

Capítulo 36

Eliú diz: Os justos se tornam prósperos — Os iníquos perecem e morrem sem conhecimento — Eliú louva a grandiosidade de Deus.

1

Prosseguiu ainda Eliú, e disse:

2 Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda há razões a favor de Deus.

3 Desde longe trarei o meu conhecimento, e ao meu Criador atribuirei a justiça.

4 Porque na verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está um que tem perfeito conhecimento.

5 Eis que Deus é muito grande, contudo a ninguém despreza; grande é em força de coração.

6 Não deixa viver o ímpio, e faz justiça aos aflitos.

7 Do justo não tira os seus olhos, antes estão com os reis no trono; ali os assenta para sempre, e assim são exaltados.

8 E se estão presos em grilhões, amarrados com cordas de aflição,

9 Então lhes faz saber a obra deles, e as suas transgressões, porquanto prevaleceram nelas.

10

E abre-lhes os seus ouvidos, para seu ensino, e diz-lhes que se convertam da maldade.

11 Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias em prosperidade, e os seus anos em delícias.

12 Porém se não o ouvirem, serão atravessados pela espada, e expirarão sem conhecimento.

13 E os hipócritas de coração amontoam para si a ira; e amarrando-os ele, não clamam por socorro.

14 A sua alma morre na mocidade, e a sua vida, entre os prostitutos cultuais.

15 Livra o aflito da sua aflição, e na opressão lhe abre os seus ouvidos.

16 Assim também te desviará da boca da angústia para um lugar espaçoso, em que não haja aperto, e as iguarias da tua mesa serão cheias de gordura.

17 E estarás satisfeito com o juízo do ímpio; o juízo e a justiça te sustentarão.

18 Porquanto há furor, guarda-te de que porventura não te leve a escarnecer, nem te desvie a grandeza do resgate.

19 Estimaria ele tanto tuas riquezas? Não, nem ouro, nem todas as forças do poder.

20

Não suspires pela noite, em que os povos são tomados do seu lugar.

21 Guarda-te, e não declines para a iniquidade, porquanto nisto a escolheste, por causa da tua miséria.

22 Eis que Deus exalta com a sua força; quem ensina como ele?

23 Quem lhe pedirá conta do seu caminho? Ou quem lhe disse: Tu cometeste maldade?

24 Lembra-te de que engrandeças a sua obra que os homens contemplam.

25 Todos os homens a veem, e o homem a enxerga de longe.

26 Eis que Deus é grande, e nós não o compreendemos, e o número dos seus anos não se pode esquadrinhar.

27 Porque faz miúdas as gotas das águas que, do seu vapor, derramam a chuva,

28 A qual as nuvens destilam e gotejam sobre o homem abundantemente.

29 Porventura também se poderão entender as extensões das nuvens, e o estrondo do seu pavilhão?

30

Eis que estende sobre elas a sua luz, e encobre as profundezas do mar.

31 Porque por estas coisas julga os povos e lhes dá mantimento em abundância.

32 Com as mãos encobre a luz, e dá-lhe ordem para que fira o alvo.

33 O que anuncia o seu pensamento, como também aos gados, acerca do temporal que sobe.

Capítulo 37

Eliú conclui, dizendo: O Senhor controla as leis da natureza — Deus reina em tremenda majestade.

1

Sobre isso também treme o meu coração, e salta do seu lugar.

2 Atentamente dai ouvidos à indignação da sua voz, e ao sonido que sai da sua boca.

3 Ele o envia por debaixo de todos os céus, e a sua luz até os confins da terra.

4 Depois disso brama com grande voz, troveja com a sua alta voz; e ouvida a sua voz, não tarda com essas coisas.

5 Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, e nós não as compreendemos.

6 Porque à neve diz: Cai sobre a terra; como também à garoa e à sua forte chuva.

7 Ele sela as mãos de todo homem, para que conheçam todos os homens a sua obra.

8 E as feras entram nos seus esconderijos e ficam nas suas cavernas.

9 Da câmara sai a tempestade, e dos ventos do norte, o frio.

10

Pelo sopro de Deus se dá a geada, e as largas águas se endurecem.

11 Também com a umidade carrega as grossas nuvens, e esparge as nuvens com a sua luz.

12 Então elas, segundo o seu desígnio, se revolvem ao redor, para que façam tudo quanto lhes ordena sobre a superfície do mundo habitável,

13 Seja que por açoite, ou para a sua terra, ou por benevolência as faça vir.

14 A isso, ó Jó, inclina os teus ouvidos; detém-te, e considera as maravilhas de Deus.

15 Porventura sabes tu como Deus as dispõe, e faz resplandecer a luz da sua nuvem?

16 Sabes tu do equilíbrio das grossas nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito em conhecimento,

17 Ou de como as tuas vestes aquecem, quando há calma sobre a terra por causa do vento sul?

18 Ou estendeste com ele os céus, que estão firmes como espelho fundido?

19 Ensina-nos o que lhe diremos, porque nós nada poderemos pôr em boa ordem, por causa das trevas.

20

Ou ser-lhe-ia contado, quando eu assim falasse? Dir-lhe-á alguém isso? Pois será devorado.

21 E agora não se pode olhar para o sol, quando resplandece nas nuvens, passando e limpando-as o vento.

22 O áureo esplendor vem do norte, pois em Deus há uma tremenda majestade.

23 Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; grande é em poder, porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça.

24 Por isso o temem os homens; ele não leva em consideração os sábios de coração.

Capítulo 38

Deus pergunta a Jó onde ele estava quando foram estabelecidos os fundamentos da Terra, quando as estrelas da manhã cantavam juntas e quando todos os filhos de Deus bradavam de alegria — Os fenômenos da natureza mostram a grandiosidade de Deus e a fraqueza do homem.

1

Depois disso o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, e disse:

2 Quem é este que obscurece o conselho com palavras sem conhecimento?

3 Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me farás saber.

4 Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens entendimento.

5 Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? ou quem estendeu sobre ela o cordel?

6 Sobre o que estão fundadas as suas bases? ou quem assentou a sua pedra de esquina,

7 Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?

8 Ou quem encerrou o mar com portas, quando transbordou e saiu da madre;

9 Quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa?

10

Quando passei sobre ele o meu decreto, e lhe pus portas e ferrolhos;

11 E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas?

12 Ou desde os teus dias deste ordem à madrugada? ou mostraste à alva o seu lugar,

13 Para que pegasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos dela,

14 E se transformasse como o barro, sob o selo, e se pusessem como uma veste,

15 E dos ímpios se desvie a sua luz, e o braço altivo se quebrante,

16 Ou entraste tu até as origens do mar? ou passeaste no mais profundo do abismo?

17 Ou descobriram-se-te as portas da morte? ou viste as portas da sombra da morte?

18 Ou com o teu entendimento chegaste às larguras da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isso.

19 Onde está o caminho para onde mora a luz? e quanto às trevas, onde está o seu lugar,

20

Para que as leves aos seus limites, e para que saibas as veredas da sua casa?

21 Acaso tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias?

22 Ou entraste tu até os tesouros da neve? E viste os tesouros da saraiva,

23 Que eu retenho até o tempo da angústia, até o dia da peleja e da guerra?

24 Onde está o caminho em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?

25 Quem abriu para a inundação um leito, e um caminho para os relâmpagos dos trovões,

26 Para chover sobre a terra, onde não há ninguém, e no deserto, em que não há gente,

27 Para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer brotar a tenra relva?

28 A chuva porventura tem pai? ou quem gerou as gotas do orvalho?

29 De que ventre procede o gelo? e quem gerou a geada do céu?

30

Como pedra as águas se endurecem, e a superfície do abismo se coalha.

31 Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-Estrelo, ou soltar os cordéis do Órion?

32 Ou produzir as constelações a seu tempo? e guiar a Ursa com seus filhotes?

33 Sabes tu as ordenanças dos céus? ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra?

34 Ou podes levantar a tua voz até as nuvens, para que a abundância das águas te cubra?

35 Ou enviarás os raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui?

36 Quem pôs a sabedoria nas entranhas? ou quem deu aos sentidos o entendimento?

37 Quem enumerará as nuvens pela sabedoria? ou os odres dos céus, quem os abaixará,

38 Quando o pó se endurece, e os torrões de terra grudam uns nos outros?

39 Porventura caçarás tu presa para a leoa? ou fartarás a fome dos filhotes dos leões,

40

Quando se agacham nos covis, e estão à espreita nas covas?

41 Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus pintainhos gritam a Deus e andam vagueando, por não terem o que comer?

Capítulo 39

A fraqueza e a ignorância do homem são comparadas com as grandiosas obras de Deus — Acaso sabe o homem como funcionam as leis da natureza?

1

Sabes tu o tempo em que as cabras monteses têm filhos? ou observaste as cervas quando dão cria?

2 Contarás os meses que cumprem? ou sabes o tempo do seu parto?

3 Quando se encurvam, produzem seus filhotes, e lançam de si as suas dores.

4 Seus filhos enrijam, crescem com o trigo; saem, e nunca mais retornam a elas.

5 Quem despediu livre o jumento montês? e quem soltou as cadeias do jumento bravo,

6 Ao qual dei o ermo por casa, e a terra salgada por suas moradas?

7 Ri-se do tumulto da cidade; não ouve os gritos do condutor.

8 O que encontra nos montes é o seu pasto, e anda buscando tudo o que está verde.

9 Ou querer-te-á servir o touro selvagem? ou ficará no teu estábulo?

10

Ou amarrarás o touro selvagem com a sua corda no sulco? ou destorroará após ti os vales?

11 Ou confiarás nele, por ser grande a sua força? ou deixarás a seu cargo o teu trabalho?

12 Ou confiarás nele que te traga de volta o que semeaste e o recolha na tua eira?

13 Vêm de ti as alegres asas do avestruz, que tem penas de cegonha e de águia?

14 A qual deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó.

15 E se esquece de que algum pé os pode pisar, ou que os animais do campo os podem calcar.

16 Endurece-se para com seus filhotes, como se não fossem seus; em vão é seu trabalho, porquanto está sem temor.

17 Porque Deus a privou de sabedoria, e não lhe concedeu entendimento.

18 A seu tempo se levanta ao alto; ri-se do cavalo, e do que vai montado nele.

19 Ou dás tu força ao cavalo? ou vestes o seu pescoço com crinas tremulantes?

20

Ou espantá-lo-ás, como ao gafanhoto? Terrível é o fogoso respirar das suas ventas.

21 Escarva a terra, e regozija-se na sua força, e sai ao encontro dos armados.

22 Ri-se do temor, e não se espanta, e não volta atrás por causa da espada.

23 Contra ele rangem a aljava, o ferro flamante da lança e do dardo.

24 Sacudindo-se, e enfurecendo-se, escarva a terra, e não faz caso do som da buzina.

25 Na fúria do som das buzinas diz: Eia! E de longe cheira a guerra, e o trovão dos príncipes, e o alarido.

26 Ou voa o gavião pela tua inteligência, e estende as suas asas para o sul?

27 Ou se remonta a águia ao teu mandado, e põe no alto o seu ninho?

28 Nas penhas mora e habita, no cume das penhas, e nos lugares seguros.

29 Desde ali descobre a presa; seus olhos a avistam desde longe.

30

E seus filhotes chupam o sangue, e onde há mortos, aí está.

Capítulo 40

O Senhor desafia Jó, e este responde com humildade — O Senhor fala a Jó sobre Seu poder — Ele pergunta: Tens braço como Deus? — Ele dá mostra de Seu poder no beemote.

1

Respondeu mais o Senhor a Jó, e disse:

2 Porventura o contender contra o Todo-Poderoso é ensinar? Quem quer repreender a Deus, responda a estas coisas.

3 Então Jó respondeu ao Senhor, e disse:

4 Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho na minha boca.

5 uma vez falei, e não responderei mais; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.

6 Então o Senhor respondeu a Jó desde a tempestade, e disse:

7 Ora, pois, cinge os teus lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me responderás.

8 Porventura também farás tu vão o meu juízo? ou tu me condenarás, para te justificares?

9 Ou tens braço como Deus? ou podes trovejar com voz como a sua?

10

Orna-te, pois, com excelência e alteza, e veste-te de majestade e de glória.

11 Derrama os furores da tua ira, e atenta para todo soberbo, e abate-o.

12 Olha para todo soberbo, e humilha-o, e atropela os ímpios no seu lugar.

13 Esconde-os juntamente no pó; ata-lhes os rostos em oculto.

14 Então também eu a ti confessarei que a tua mão direita te haverá livrado.

15 Vês aqui o beemote, que eu fiz assim como a ti; ele come a erva como o boi.

16 Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder, no umbigo do seu ventre.

17 Quando quer, move a sua cauda como cedro; os tendões das suas coxas estão entretecidos.

18 Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada, como barras de ferro.

19 Ele é o primeiro dos caminhos de Deus; o que o fez lhe aproximou a sua espada.

20

Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animais do campo folgam.

21 Deita-se debaixo das árvores sombrosas, no esconderijo das canas e da lama.

22 As árvores sombrosas o cobrem com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam.

23 Eis que um rio transborda, e ele não se apressa, confiando que o Jordão possa entrar na sua boca.

24 Podê-lo-iam porventura caçar à vista de seus olhos? Ou com laços lhe furar as narinas?

Capítulo 41

O Senhor dá mostra de Seu poder no leviatã — Todas as coisas debaixo de todo o céu são do Senhor.

1

Poderás tirar com anzol o leviatã? ou ligarás a sua língua com a corda?

2 Podes pôr um junco no seu nariz? ou com um espinho furarás a sua queixada?

3 Porventura multiplicará as súplicas para contigo? ou brandamente falará?

4 Fará ele aliança contigo? ou o tomarás tu por escravo para sempre?

5 Brincarás com ele, como com um passarinho? ou o atarás para tuas meninas?

6 Os teus companheiros farão dele um banquete? ou o repartirão entre os negociantes?

7 Encherás a sua pele de ganchos? ou a sua cabeça com arpéus de pescadores?

8 Põe a tua mão sobre ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.

9 Eis que a sua esperança falhará; porventura também à sua vista será derrubado?

10

Ninguém há tão atrevido, que se atreva a despertá-lo; quem, pois, é aquele que ousa pôr-se em pé diante de mim?

11 Quem me preveniu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu.

12 Não me calarei a respeito dos seus membros, nem das suas forças, nem da graça da sua forma.

13 Quem descobriria a superfície da sua roupa? quem penetrará em sua couraça dupla?

14 Quem abriria as portas do seu rosto? Pois em redor dos seus dentes está o terror.

15 As suas fortes escamas são excelentíssimas, cada uma fechada como com selo apertado.

16 Uma se chega tão perto à outra, que nem um sopro passa por entre elas.

17 Umas às outras se apegam; tanto se travam entre si, que não se podem separar.

18 Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pestanas da alva.

19 Da sua boca saem tochas, faíscas de fogo arrebentam dela.

20

Das suas narinas procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de juncos ardentes.

21 O seu hálito faria inflamar os carvões, e da sua boca sai chama.

22 No seu pescoço reside a força; perante ele até a tristeza salta de prazer.

23 Os músculos da sua carne estão pegados entre si; cada um está firme nele, e nenhum se move.

24 O seu coração é firme como uma pedra, e firme como parte da de baixo.

25 Levantando-se ele, tremem os valentes; em razão dos seus abalos se purificam.

26 Se alguém lhe tocar com a espada, essa não poderá penetrar, nem lança, dardo ou arpão.

27 Ele reputa o ferro por palha, e o bronze, por madeira podre.

28 A seta não o fará fugir; as pedras das fundas se lhe tornam em restolho.

29 Considera a clava como palha, e ri-se do brandir da lança.

30

Debaixo de si tem cacos pontiagudos; estende-se sobre coisas pontiagudas como na lama.

31 As profundezas faz ferver como uma panela; torna o mar como uma caldeira de unguento.

32 Após ele alumia o caminho; parece o abismo tornado em brancura de cãs.

33 Na terra não há coisa que se lhe possa comparar, pois foi feito para estar sem pavor.

34 Todo o alto vê; é rei sobre todos os filhos de animais altivos.

Capítulo 42

Jó se arrepende no pó e na cinza — Ele vê o Senhor com seus olhos — O Senhor repreende os amigos de Jó, aceita Jó, abençoa-o e faz com que seus últimos dias sejam melhores do que os primeiros.

1

Então Jó respondeu ao Senhor, e disse:

2 Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido.

3 Quem é aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia, coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e eu não as entendia.

4 Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.

5 Com o ouvir dos meus ouvidos te ouvi, mas agora te vê o meu olho.

6 Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.

7 E sucedeu que, acabando o Senhor de falar a Jó aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falaste de mim o que era reto, como o meu servo Jó.

8 Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós, porque deveras a ele aceitarei, para que não vos trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto, como o meu servo Jó.

9 Então foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o Senhor lhes dissera; e o Senhor aceitou Jó.

10

E o Senhor mudou a sorte de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro de tudo quanto dantes possuía.

11 Então foram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram acerca de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro e um pendente de ouro.

12 E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro, porque teve quatorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas.

13 Também teve sete filhos e três filhas.

14 E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da outra Quezia, e o nome da terceira Quéren-Hapuque.

15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos.

16 E depois disso viveu Jó cento e quarenta anos; e viu seus filhos, e os filhos de seus filhos, até a quarta geração.

17 Então morreu Jó, velho e farto de dias.

O Livro dos
Salmos

Salmo 1

Bem-aventurados são os justos — Os ímpios perecerão.

1

Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, nem está no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.

2 Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.

3 Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, que dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.

4 Não são assim os ímpios, mas são como a palha que o vento dispersa.

5 Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.

6 Porque o Senhor conhece o caminho dos justos, porém o caminho dos ímpios perecerá.

Salmo 2

Salmo messiânico — Os pagãos se amotinarão contra o ungido do Senhor — O Senhor fala de Seu Filho, que Ele gerou.

1

Por que se amotinam as nações, e os povos imaginam coisas vãs?

2 Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo:

3 Rompamos as suas cadeias, e sacudamos de nós as suas cordas.

4 Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.

5 Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará.

6 Eu, porém, ungi o meu rei sobre o meu santo monte Sião.

7 Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.

8 Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os confins da terra, por tua possessão.

9 Tu as esmigalharás com uma vara de ferro; tu as despedaçarás como um vaso de oleiro.

10

Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra.

11 Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor.

12 Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.

Salmo 3

Davi clama ao Senhor e é ouvido — A salvação vem do Senhor.

Salmo de Davi, quando fugiu de diante da face de Absalão, seu filho.

1

Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim.

2 Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. (Selá.)

3 Porém tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça.

4 Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o seu santo monte. (Selá.)

5 Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou.

6 Não temerei os milhares do povo que se puseram contra mim e me cercam.

7 Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois feriste todos os meus inimigos no queixo; quebraste os dentes dos ímpios.

8 A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção. (Selá.)

Salmo 4

Davi implora misericórdia — Ele aconselha: Confiai no Senhor.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Neginote.

1

Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia me deste alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração.

2 Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira? (Selá.)

3 Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que lhe é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele.

4 Tremei e não pequeis; meditai em vosso coração sobre a vossa cama, e calai-vos. (Selá.)

5 Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor.

6 Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, levanta sobre nós a luz do teu rosto.

7 Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram o seu trigo e o seu vinho.

8 Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.

Salmo 5

Davi pede ao Senhor que atenda à sua voz — O Senhor odeia os que praticam a maldade — Ele abençoa e protege os justos.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Neilote.

1

Dá ouvidos às minhas palavras, ó Senhor, atenta para a minha meditação.

2 Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei.

3 Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã me apresentarei a ti, e vigiarei.

4 Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal.

5 Os tolos não se susterão diante da tua vista; odeias todos os que praticam a maldade.

6 Destruirás aqueles que falam a mentira; o Senhor abominará o homem sanguinário e fraudulento.

7 Porém eu entrarei em tua casa pela grandeza de tua benignidade; e em teu temor me prostrarei voltado para o teu santo templo.

8 Senhor, guia-me na tua justiça, por causa dos meus inimigos; endireita diante de mim o teu caminho.

9 Porque não fidelidade na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades; a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua.

10

Declara-os culpados, ó Deus; caiam por seus próprios conselhos; lança-os fora por causa da multidão de suas transgressões, pois se rebelaram contra ti.

11 Porém alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome.

12 Pois tu, Senhor, abençoarás o justo; cercá-lo-ás com a tua benevolência, como com um escudo.

Salmo 6

Davi clama misericórdia ao Senhor — Ele pede que seja curado e salvo.

Salmo de Davi para o músico-mor em Neginote, sobre Seminite.

1

Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor.

2 Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados.

3 Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando?

4 Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua benignidade.

5 Porque na morte não lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará?

6 estou cansado do meu gemido, toda noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas.

7 os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos.

8 Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor já ouviu a voz do meu pranto.

9 O Senhor já ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração.

10

Envergonhem-se e perturbem-se todos os meus inimigos; tornem atrás e envergonhem-se subitamente.

Salmo 7

Davi confia no Senhor, que julgará o povo — Deus se ira com os iníquos.

Sigaiom de Davi que cantou ao Senhor, sobre as palavras de Cuxe, benjamita.

1

Senhor meu Deus, em ti confio; salva-me de todos os que me perseguem, e livra-me;

2 Para que não arrebate a minha alma, como leão, despedaçando-a, sem que haja quem a livre.

3 Senhor meu Deus, se eu fiz isto, se há perversidade nas minha mãos,

4 Se paguei com o mal àquele que estava em paz comigo (antes, livrei o que me oprimia sem causa),

5 Persiga o inimigo a minha alma e alcance-a, calque aos pés a minha vida sobre a terra, e reduza a pó a minha glória. (Selá.)

6 Levanta-te, Senhor, na tua ira; exalta-te por causa do furor dos meus opressores, e desperta por mim para o juízo que ordenaste.

7 Assim, te rodeará a congregação de povos; por causa deles, pois, volta-te para as alturas.

8 O Senhor julgará os povos; julga-me, Senhor, conforme a minha justiça e conforme a integridade que há em mim.

9 Tenha já fim a maldade dos ímpios, mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo Deus, pões à prova o coração e a mente.

10

O meu escudo é de Deus, que salva os retos de coração.

11 Deus é um juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias.

12 Se o homem não se converter, ele afiará a sua espada; já tem armado o seu arco, e está aparelhado.

13 E já para ele preparou armas mortais; e porá em ação as suas setas inflamadas contra os perseguidores.

14 Eis que ele está com dores de perversidade; concebeu maldade, e dará à luz mentiras.

15 Cavou um poço e o fez fundo, e caiu na cova que fez.

16 A sua maldade cairá sobre a sua cabeça, e a sua violência descerá sobre o alto da cabeça.

17 Eu louvarei ao Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo.

Salmo 8

Salmo messiânico de Davi — Ele diz que os bebês e as crianças louvam ao Senhor — Ele pergunta: Que é o homem mortal para que te lembres dele?

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Gitite.

1

Ó Senhor, nosso Senhor, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!

2 Tu suscitaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar o inimigo e o vingador.

3 Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que firmaste,

4 Que é o homem mortal, para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?

5 Pois pouco o fizeste menor do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.

6 Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:

7 Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo,

8 As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.

9 Ó Senhor, nosso Senhor, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!

Salmo 9

Salmo messiânico de Davi — Ele louva ao Senhor por repreender as nações — O Senhor julgará o mundo em retidão — Ele habitará em Sião — Os iníquos serão lançados no inferno.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Mute-Láben.

1

Eu te louvarei, Senhor, com todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.

2 Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo.

3 Porquanto os meus inimigos voltaram para trás, caíram e pereceram diante da tua face.

4 Pois tu sustentaste o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no trono, julgando justamente.

5 Repreendeste as nações, destruíste os ímpios; apagaste o seu nome para sempre e eternamente.

6 Oh, inimigo! Acabaram-se para sempre as assolações, e tu arrasaste as cidades, e a sua memória pereceu com elas.

7 Mas o Senhor está assentado perpetuamente; preparou o seu trono para julgar.

8 Ele mesmo julgará o mundo com justiça; fará juízo aos povos com retidão.

9 O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido, um alto refúgio em tempos de angústia.

10

E os que conhecem o teu nome em ti confiarão, porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam.

11 Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião; anunciai entre os povos os seus feitos.

12 Pois quando inquire do derramamento de sangue, lembra-se deles; não se esquece do clamor dos aflitos.

13 Tem misericórdia de mim, Senhor, olha para a minha aflição, causada por aqueles que me odeiam, tu que me levantas das portas da morte,

14 Para que eu conte todos os teus louvores nas portas da filha de Sião, e me alegre na tua salvação.

15 As nações enterraram-se na cova que fizeram; na rede que ocultaram ficou preso o seu pé.

16 O Senhor é conhecido pelo juízo que fez; enlaçado foi o ímpio nas obras de suas próprias mãos. (Higaiom; Selá.)

17 Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.

18 Porque o necessitado não será esquecido para sempre, nem a esperança dos pobres perecerá perpetuamente.

19 Levanta-te, Senhor; não prevaleça o homem; sejam julgadas as nações diante da tua face.

20

Incute-lhes temor, Senhor, para que saibam as nações que não são mais do que homens. (Selá.)

Salmo 10

Davi fala de vários atos dos iníquos — Deus não está nos pensamentos deles — Mas o Senhor é Rei de eternidade em eternidade — Ele fará justiça ao órfão e ao oprimido.

1

Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia?

2 Os ímpios na sua arrogância perseguem furiosamente o pobre; sejam eles apanhados nas ciladas que maquinaram.

3 Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma, bendiz o avarento, e blasfema do Senhor.

4 Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas cogitações são que não Deus.

5 Os seus caminhos são sempre tortuosos; os teus juízos estão longe da vista dele em grande altura, e despreza os seus inimigos.

6 Diz em seu coração: Não serei comovido, porque nunca me verei na adversidade.

7 A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de astúcia; debaixo da sua língua maldade e iniquidade.

8 Põe-se nas emboscadas das aldeias; nos lugares ocultos mata o inocente; os seus olhos estão ocultamente fitos contra o pobre.

9 Arma ciladas no esconderijo, como o leão no seu covil; arma ciladas para roubar o pobre; rouba o pobre, arrastando-o na sua rede.

10

Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam em suas fortes garras.

11 Diz em seu coração: Deus esqueceu-se, cobriu o seu rosto, e nunca o verá.

12 Levanta-te, Senhor; Ó Deus, levanta a tua mão; não te esqueças dos aflitos.

13 Por que blasfema o ímpio de Deus? Diz no seu coração: Tu não o inquirirás.

14 Tu o viste, porque atentas para o sofrimento e enfado, para o tomar em tuas mãos; a ti o pobre se encomenda, tu és o auxílio do órfão.

15 Quebra o braço do ímpio e malvado; persegue a sua impiedade, até que nenhuma encontres.

16 O Senhor é Rei de eternidade em eternidade; da sua terra perecerão as nações.

17 Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás os seus corações; os teus ouvidos estarão abertos para eles,

18 Para fazer justiça ao órfão e ao oprimido, a fim de que o homem da terra não prossiga mais em usar da violência.

Salmo 11

Davi se regozija pelo fato de o Senhor estar em Seu santo templo — O Senhor testa os justos e odeia os iníquos.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

No Senhor confio; como dizeis à minha alma: Fugi para a vossa montanha como um pássaro?

2 Pois eis que os ímpios armam o arco, põem as flechas na corda, para com elas atirarem ocultamente aos retos de coração.

3 Se os fundamentos forem destruídos, o que pode fazer o justo?

4 O Senhor está no seu santo templo; o trono do Senhor está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras põem à prova os filhos dos homens.

5 O Senhor põe à prova o justo; porém a sua alma odeia o ímpio e o que ama a violência.

6 Sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre, e vento tempestuoso; isso será a porção do seu copo.

7 Porque o Senhor é justo, e ama a justiça; o seu rosto olha para os retos.

Salmo 12

Davi censura os lábios lisonjeiros e a língua que fala com soberba — Ele diz: As palavras do Senhor são palavras puras.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Seminite.

1

Salva-nos, Senhor, porque faltam os homens bons; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos homens.

2 Cada um fala a falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e coração dobre.

3 O Senhor cortará todos os lábios lisonjeiros e a língua que fala soberbamente.

4 Pois dizem: Com a nossa língua prevaleceremos; são nossos os lábios; quem é senhor sobre nós?

5 Pela opressão dos pobres, pelo gemido dos necessitados me levantarei agora, diz o Senhor; porei a salvo quem por isso suspira.

6 As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.

7 Tu os guardarás, Senhor; desta geração os livrarás para sempre.

8 Os ímpios andam por toda parte, enquanto os mais vis dos filhos dos homens são exaltados.

Salmo 13

Davi confia na misericórdia do Senhor e se regozija em Sua salvação.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?

2 Até quando consultarei a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?

3 Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; alumia os meus olhos para que eu não adormeça na morte;

4 Para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.

5 Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração.

6 Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.

Salmo 14

Davi proclama: Disse o néscio no seu coração: Não há Deus — Israel se regozijará no dia da restauração.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

O néscio disse no seu coração: Não Deus. Corrompem-se, fazem-se abomináveis em suas obras, não ninguém que faça o bem.

2 O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não ninguém que faça o bem, não um sequer.

4 Não terão conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais devoram o meu povo, como se comessem pão, e não invocam ao Senhor?

5 Ali se acharam em grande pavor, porque Deus está na geração dos justos.

6 Vós envergonhais o conselho dos pobres, porquanto o Senhor é o seu refúgio.

7 Oh, se de Sião tivesse já vindo a redenção de Israel! Quando o Senhor fizer voltar os cativos do seu povo, Jacó se regozijará e Israel se alegrará.

Salmo 15

Davi pergunta: Quem morará no santo monte do Senhor? — Ele responde: Os justos, os retos, os íntegros.

Salmo de Davi.

1

Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?

2 Aquele que anda com integridade, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração.

3 Aquele que não murmura com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo,

4 Em cujos olhos o réprobo é desprezado, mas honra os que temem ao Senhor. Aquele que jura com dano seu, e contudo não muda.

5 Aquele que não dá o seu dinheiro à usura, nem recebe suborno contra o inocente. Quem faz isso nunca será abalado.

Salmo 16

Salmo messiânico de Davi — Ele se regozija nos santos que estão na Terra, em sua própria redenção futura do inferno, no fato de que Deus não permitirá que Seu Santo (o Messias) veja corrupção, e na plenitude da alegria que é encontrada na presença do Senhor.

Salmo excelentíssimo de Davi.

1

Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio.

2 A minha alma disse ao Senhor: Tu és o meu Senhor, a minha bondade não chega à tua presença,

3 Mas aos santos que estão na terra, e aos ilustres em quem está todo o meu prazer.

4 As dores se multiplicarão àqueles que fazem oferendas a outro deus; eu não oferecerei as suas libações de sangue, nem tomarei os seus nomes nos meus lábios.

5 O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice; tu sustentas a minha sorte.

6 As divisas caem-me em lugares deleitosos; sim, coube-me uma formosa herança.

7 Louvarei ao Senhor que me aconselhou; até de noite o meu coração me ensina.

8 Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por ele estar à minha mão direita, nunca vacilarei.

9 Portanto, está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura.

10

Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.

11 Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença fartura de alegrias; à tua mão direita delícias perpetuamente.

Salmo 17

Davi suplica ao Senhor que ouça a sua voz e que o proteja dos homens do mundo — Davi tem esperança de ver a face de Deus em retidão.

Oração de Davi.

1

Ouve, Senhor, a justiça, atende ao meu clamor; dá ouvidos à minha oração, que não é feita com lábios enganosos.

2 Venha o meu juízo de diante do teu rosto; os teus olhos vejam a retidão.

3 Puseste à prova o meu coração; visitaste-me de noite; examinaste-me, e nada achaste; propus que a minha boca não transgredirá.

4 Quanto ao trato dos homens, pela palavra dos teus lábios me guardei das veredas do destruidor.

5 Dirige os meus passos nos teus caminhos, para que os meus pés não vacilem.

6 Eu te invoquei, ó Deus, pois me queres ouvir; inclina para mim os teus ouvidos, e escuta as minhas palavras.

7 Faze maravilhosas as tuas benevolências, ó tu que livras aqueles que em ti confiam dos que se levantam contra a tua mão direita.

8 Guarda-me como à menina do olho, esconde-me debaixo da sombra das tuas asas,

9 Dos ímpios que me oprimem, dos meus inimigos mortais que me cercam.

10

Na sua gordura se encerram, com a boca falam soberbamente.

11 Eles nos têm cercado agora nossos passos, e abaixaram os seus olhos para a terra;

12 Parecem-se com o leão que deseja arrebatar a sua presa, e com o leãozinho que se põe em esconderijos.

13 Levanta-te, Senhor, detém-no, derruba-o, livra a minha alma do ímpio com a tua espada,

14 Dos homens com a tua mão, Senhor, dos homens do mundo, cuja porção está nesta vida, e cujo ventre enches do teu tesouro oculto; estão fartos de filhos e dão os seus sobejos às suas crianças.

15 Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; satisfazer-me-ei da tua semelhança quando acordar.

Salmo 18

Davi louva ao Senhor por sua grandiosidade e cuidado protetor — O caminho do Senhor é perfeito — O Senhor concedeu bênçãos maravilhosas — Davi testifica: O Senhor vive, e bendito seja o meu Rochedo.

Para o músico-mor. Salmo do servo do Senhor, Davi, o qual falou as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul, e disse:

1

Eu te amarei com todo o coração, ó Senhor, fortaleza minha.

2 O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio, o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.

3 Invocarei o nome do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.

4 Tristezas de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombraram.

5 Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam.

6 Na angústia invoquei ao Senhor, e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz, aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face.

7 Então a terra se abalou e tremeu; e os fundamentos dos montes também se moveram e se abalaram, porquanto ele se indignou.

8 Das suas narinas subiu fumaça, e da sua boca saiu fogo que consumia; carvões se acenderam dele.

9 Abaixou os céus, e desceu, e a escuridão estava debaixo de seus pés.

10

E montou num querubim, e voou; sim, voou sobre as asas do vento.

11 Fez das trevas o seu lugar oculto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das águas e as nuvens dos céus.

12 Ao resplendor da sua presença as nuvens se espalharam; a saraiva e as brasas de fogo.

13 E o Senhor trovejou nos céus, o Altíssimo levantou a sua voz; a saraiva e as brasas de fogo.

14 Enviou as suas setas, e os espalhou; multiplicou raios, e os perturbou.

15 Então foram vistas as profundezas das águas, e foram descobertos os fundamentos do mundo, pela tua repreensão, Senhor, ao sopro do vento das tuas narinas.

16 Estendeu a mão desde o alto, e me tomou; tirou-me das muitas águas.

17 Livrou-me do meu inimigo forte e dos que me odiavam, pois eram mais poderosos do que eu.

18 Surpreenderam-me no dia da minha calamidade, mas o Senhor foi o meu amparo.

19 Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim.

20

Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça, retribuiu-me conforme a pureza das minhas mãos.

21 Porque guardei os caminhos do Senhor, e não me apartei impiamente do meu Deus.

22 Porque todos os seus juízos estavam diante de mim, e não rejeitei os seus estatutos.

23 Também fui íntegro perante ele, e me guardei da minha iniquidade.

24 Portanto, retribuiu-me o Senhor conforme a minha justiça, conforme a pureza de minhas mãos perante os seus olhos.

25 Com o benigno te mostrarás benigno, e com o homem íntegro te mostrarás íntegro;

26 Com o puro te mostrarás puro, e com o perverso te mostrarás indomável.

27 Porque tu livrarás o povo aflito, e abaterás os olhos altivos.

28 Porque tu acenderás a minha candeia; o Senhor meu Deus alumiará as minhas trevas.

29 Porque contigo entrei pelo meio de um esquadrão, com o meu Deus saltei uma muralha.

30

O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam.

31 Porque quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo senão o nosso Deus?

32 Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho.

33 Faz os meus pés como os das cervas e põe-me nas minhas alturas.

34 Ensina as minhas mãos para a guerra, de sorte que os meus braços quebraram um arco de bronze.

35 Também me deste o escudo da tua salvação; a tua mão direita me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu.

36 Alargaste os meus passos debaixo de mim, de maneira que os meus artelhos não vacilaram.

37 Persegui os meus inimigos, e os alcancei; não voltei senão depois de ter acabado com eles.

38 Atravessei-os, de sorte que não se puderam levantar; caíram debaixo dos meus pés.

39 Pois me cingiste de força para a peleja; fizeste abater debaixo de mim aqueles que contra mim se levantaram.

40

Deste-me também o pescoço dos meus inimigos, para que eu pudesse destruir os que me odeiam.

41 Clamaram, mas não houve quem os livrasse; até ao Senhor, mas ele não lhes respondeu.

42 Então os esmiucei como o pó diante do vento; deitei-os fora como a lama das ruas.

43 Livraste-me das contendas do povo, e me fizeste cabeça das nações; um povo que não conheci me servirá.

44 Ouvindo a minha voz, me obedecerão; os estranhos se submeterão a mim.

45 Os estranhos decairão, e terão medo nos seus esconderijos.

46 O Senhor vive, e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação.

47 É Deus que me vinga inteiramente, e sujeita os povos debaixo de mim,

48 O que me livra de meus inimigos; sim, tu me exaltas sobre os que se levantam contra mim, tu me livras do homem violento.

49 Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e cantarei louvores ao teu nome,

50

Pois engrandece a salvação do seu rei, e usa de benignidade com o seu ungido, com Davi, e com a sua semente para sempre.

Salmo 19

Davi testifica: Os céus proclamam a glória de Deus, a lei do Senhor é perfeita, e os julgamentos do Senhor são todos verdadeiros e justos.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

2 Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.

3 Não linguagem nem fala onde não se ouçam as suas vozes.

4 A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras, até o fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol,

5 O qual é como um noivo que sai dos seus aposentos, e se alegra como um herói, a correr o seu caminho.

6 A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até as outras extremidades deles, e nada se esconde ao seu calor.

7 A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.

8 Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos.

9 O temor do Senhor é limpo, e permanence eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos.

10

Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino, e mais doces do que o mel e o destilar dos favos.

11 Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar grande recompensa.

12 Quem pode entender os seus erros? Purifica-me tu dos que me são ocultos.

13 Também da soberba guarda o teu servo, para que não se assenhoreiem de mim; então serei íntegro, e ficarei limpo de grande transgressão.

14 Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!

Salmo 20

Davi ora pedindo que o Senhor ouça nos momentos de provação — O Senhor salva Seu ungido.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

O Senhor te ouça no dia da angústia; o nome do Deus de Jacó te proteja.

2 Envie-te socorro desde o seu santuário, e te sustenha desde Sião.

3 Lembre-se de todas as tuas ofertas, e aceite os teus holocaustos. (Selá.)

4 Conceda-te conforme o teu coração, e cumpra todo o teu conselho.

5 Nós nos alegraremos pela tua salvação, e em nome do nosso Deus levantaremos pendões; cumpra o Senhor todas as tuas petições.

6 Agora sei que o Senhor salva o seu ungido; ele o ouvirá desde o seu santo céu, com a força salvadora da sua mão direita.

7 Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.

8 Uns encurvam-se e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé.

9 Salva-nos, Senhor, ouça-nos o Rei quando clamarmos.

Salmo 21

Salmo messiânico de Davi — Ele descreve a glória do grande Rei — O Rei triunfará sobre todos os Seus inimigos — Os desígnios malignos deles fracassarão.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

O rei se alegra em tua força, ó Senhor, e na tua salvação grandemente se regozija!

2 Cumpriste-lhe o desejo do seu coração, e não negaste as súplicas dos seus lábios. (Selá.)

3 Pois vais ao seu encontro com bênçãos de bondade; pões na sua cabeça uma coroa de ouro fino.

4 Vida te pediu, e lha deste, sim, longos dias para sempre e eternamente.

5 Grande é a sua glória pela tua salvação; glória e majestade puseste sobre ele.

6 Pois o abençoaste para sempre; tu o enches de alegria com a tua face.

7 Porque o rei confia no Senhor, e pela misericórdia do Altíssimo nunca vacilará.

8 A tua mão alcançará todos os teus inimigos, a tua mão direita alcançará aqueles que te odeiam.

9 Tu os farás como uma fornalha de fogo ardente no tempo da tua ira; o Senhor os devorará na sua indignação, e o fogo os consumirá.

10

Seu fruto destruirás da terra, e a sua semente, dentre os filhos dos homens.

11 Porque intentaram o mal contra ti; maquinaram um ardil, mas não prevalecerão.

12 Portanto, tu lhes farás voltar as costas, e com tuas flechas postas nas cordas lhes apontarás ao rosto.

13 Exalta-te, Senhor, na tua força; então cantaremos e louvaremos o teu poder.

Salmo 22

Salmo messiânico de Davi — Ele prediz acontecimentos da vida do Messias — O Messias diz: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? — Eles transpassarão Suas mãos e pés — Ele ainda há de governar entre todas as nações.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Aijelete Hashahar.

1

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te afastas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?

2 Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.

3 Porém tu és Santo, tu que habitas entre os louvores de Israel.

4 Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste.

5 A ti clamaram, e escaparam; em ti confiaram, e não foram envergonhados.

6 Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo.

7 Todos os que veem zombam de mim, arreganham os lábios e meneiam a cabeça, dizendo:

8 Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer.

9 Mas tu és o que me tiraste do ventre; fizeste-me confiar, estando aos seios de minha mãe.

10

Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.

11 Não te afastes de mim, pois a angústia está perto, e não quem ajude.

12 Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam.

13 Abriram contra mim a sua boca, como um leão que despedaça e que ruge.

14 Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.

15 A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao palato, e me puseste no pó da morte.

16 Pois me rodearam cães; a congregação de malfeitores me cercou; transpassaram-me as mãos e os pés.

17 Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam.

18 Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha túnica.

19 Mas tu, Senhor, não te afastes de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.

20

Livra a minha alma da espada, e a minha vida, da força do cão.

21 Salva-me da boca do leão, sim, ouviste-me, desde os chifres dos touros selvagens.

22 Então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.

23 Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, semente de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, semente de Israel.

24 Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.

25 O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.

26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.

27 Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor, e todas as gerações das nações adorarão perante a tua face.

28 Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações.

29 Todos os que na terra são prósperos comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, e ninguém poderá reter viva a sua alma.

30

Uma semente o servirá; será contada ao Senhor de geração em geração.

31 Chegarão e anunciarão a sua justiça ao povo que nascer, porquanto ele o fez.

Salmo 23

Davi proclama: O Senhor é o meu pastor.

Salmo de Davi.

1

O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.

2 Deitar-me faz em verdes pastos; guia-me mansamente a águas tranquilas.

3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por causa do seu nome.

4 Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda.

6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para sempre.

Salmo 24

Davi testifica: Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o que é limpo de mãos e puro de coração subirá ao monte do Senhor, e o Senhor dos Exércitos é o Rei da Glória.

Salmo de Davi.

1

Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.

2 Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios.

3 Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?

4 Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.

5 Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.

6 Esta é a geração daqueles que buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó. (Selá.)

7 Levantai, ó portas, a vossa cabeça; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

8 Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra.

9 Levantai, ó portas, a vossa cabeça, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

10

Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)

Salmo 25

Davi roga pedindo a verdade e suplica perdão — A misericórdia e a verdade são para os que guardam os mandamentos.

Salmo de Davi.

1

A ti, Senhor, elevo a minha alma.

2 Deus meu, em ti confio, não seja eu envergonhado, nem exultem sobre mim os meus inimigos.

3 Como, na verdade, não serão envergonhados os que esperam em ti; envergonhados serão os que procedem traiçoeiramente sem causa.

4 Faz-me saber os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas.

5 Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; em ti espero todo o dia.

6 Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias e das tuas benignidades, porque são desde a eternidade.

7 Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões, mas segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua bondade, ó Senhor.

8 Bom e reto é o Senhor, pelo que ensinará o caminho aos pecadores.

9 Guiará os mansos em justiça, e aos mansos ensinará o seu caminho.

10

Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para aqueles que guardam o seu convênio e os seus testemunhos.

11 Por causa do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, pois é grande.

12 Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher.

13 A sua alma repousará no bem, e a sua semente herdará a terra.

14 O segredo do Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes mostrará o seu convênio.

15 Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede.

16 Olha para mim, e tem piedade de mim, porque estou solitário e aflito.

17 As angústias do meu coração se multiplicaram; tira-me dos meus apertos.

18 Olha para a minha aflição e para a minha dor, e perdoa todos os meus pecados.

19 Olha para os meus inimigos, pois se vão multiplicando e me odeiam com ódio cruel.

20

Guarda a minha alma, e livra-me; não seja eu envergonhado, porquanto confio em ti.

21 Guardem-me a integridade e a retidão, porquanto espero em ti.

22 Redime Israel, ó Deus, de todas as suas angústias.

Salmo 26

Davi diz que se conduziu com integridade e obediência — Ele ama a casa do Senhor.

Salmo de Davi.

1

Julga-me, Senhor, pois tenho andado em minha integridade; tenho confiado também no Senhor; não vacilarei.

2 Examina-me, Senhor, e põe-me à prova; esquadrinha a minha mente e o meu coração.

3 Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos; e tenho andado na tua verdade.

4 Não me tenho assentado com homens vãos, nem converso com os homens dissimulados.

5 Odeio a congregação de malfeitores, e não me ajunto com os ímpios.

6 Lavo as minhas mãos na inocência, e assim andarei, Senhor, ao redor do teu altar,

7 Para publicar com voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas.

8 Senhor, eu amo a habitação da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória.

9 Não apanhes a minha alma com os pecadores, nem a minha vida com os homens sanguinários,

10

Em cujas mãos malefício, e cuja mão direita está cheia de subornos.

11 Mas eu ando na minha integridade; resgata-me e tem piedade de mim.

12 O meu pé está posto em caminho plano; nas congregações louvarei ao Senhor.

Salmo 27

Davi declara: O Senhor é a minha luz e a minha salvação — Ele deseja morar na casa do Senhor para sempre — Ele aconselha: Espera no Senhor e sê corajoso.

Salmo de Davi.

1

O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?

2 Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos, se chegaram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram.

3 Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisso confiarei.

4 Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.

5 Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha.

6 Também agora a minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão em redor de mim; portanto, oferecerei sacrifício de júbilo no seu tabernáculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor.

7 Ouve, Senhor, a minha voz quando clamo; tem também piedade de mim, e responde-me.

8 Quando tu disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.

9 Não escondas de mim a tua face, não rejeites o teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

10

Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e guia-me pela vereda reta, por causa dos meus inimigos.

12 Não me entregues à vontade dos meus adversários; pois se levantaram contra mim falsas testemunhas, e os que respiram crueldade.

13 Pereceria eu, sem dúvida, se não cresse que veria a bondade do Senhor na terra dos viventes.

14 Espera no Senhor, sê corajoso, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no Senhor.

Salmo 28

Davi roga ao Senhor que ouça sua voz e atenda a sua súplica — Davi ora, dizendo: Salva o Teu povo e abençoa a Tua herança.

Salmo de Davi.

1

A ti clamarei, ó Senhor, Rocha minha; não emudeças para comigo; não seja que, se te calares para comigo, fique eu semelhante aos que descem ao abismo.

2 Ouve a voz das minhas súplicas, quando a ti clamar, quando levantar as minhas mãos para o teu santo oráculo.

3 Não me arremesses com os ímpios e com os que praticam a iniquidade, que falam de paz ao seu próximo, mas têm o mal no seu coração.

4 Dá-lhes segundo as suas obras e segundo a maldade dos seus atos; dá-lhes conforme a obra das suas mãos; retribui-lhes a sua recompensa.

5 Porquanto não atentam para as obras do Senhor, nem para a obra das suas mãos, pelo que ele os derrubará e não os reedificará.

6 Bendito seja o Senhor, porque ouviu a voz das minhas súplicas.

7 O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido, pelo que o meu coração salta de prazer, e com o meu canto o louvarei.

8 O Senhor é a força do seu povo; também é a força salvadora do seu ungido.

9 Salva o teu povo, e abençoa a tua herança; e apascenta-os, e exalta-os para sempre.

Salmo 29

Davi aconselha: Adorai ao Senhor na beleza da santidade — Davi descreve a majestade e o poder da voz do Senhor.

Salmo de Davi.

1

Dai ao Senhor, ó filhos dos poderosos, dai ao Senhor glória e força.

2 Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai ao Senhor na beleza da santidade.

3 A voz do Senhor se ouve sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas.

4 A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade.

5 A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Líbano.

6 Ele os faz saltar como um bezerro; o Líbano e o Siriom, como filhotes de touros selvagens.

7 A voz do Senhor separa as labaredas do fogo.

8 A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de Cades.

9 A voz do Senhor faz parir as corças, e desnuda os bosques; e no seu templo tudo exclama: Glória!

10

O Senhor se assentou sobre o dilúvio; o Senhor se assenta como Rei, perpetuamente.

11 O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz.

Salmo 30

Davi canta louvores e agradece ao Senhor — Davi implora misericórdia.

Salmo e canção de dedicação da casa de Davi.

1

Exaltar-te-ei, ó Senhor, porque tu me exaltaste, e não fizeste com que meus inimigos se alegrassem sobre mim.

2 Senhor, meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste.

3 Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo.

4 Cantai ao Senhor, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade.

5 Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida; o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

6 Eu dizia na minha prosperidade: Não vacilarei jamais.

7 Tu, Senhor, pelo teu favor fizeste forte a minha montanha; tu encobriste o teu rosto, e fiquei perturbado.

8 A ti, Senhor, clamei, e ao Senhor supliquei.

9 Que proveito no meu sangue, quando desço à cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?

10

Ouve, Senhor, e tem piedade de mim; Senhor, sê o meu auxílio.

11 Tornaste o meu pranto em dança; tiraste o meu pano de saco, e me cingiste de alegria,

12 Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale; Senhor, Deus meu, eu te louvarei para sempre.

Salmo 31

Davi confia no Senhor e regozija-se com Sua misericórdia — Falando como o Messias, ele diz: Nas Tuas mãos encomendo o meu espírito — Ele aconselha: Amai ao Senhor, vós todos que sois Seus santos, porque o Senhor guarda os fiéis.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Em ti, Senhor, confio; nunca me deixes envergonhado; livra-me pela tua justiça.

2 Inclina para mim os teus ouvidos; livra-me depressa; sê a minha firme rocha, uma casa fortíssima que me salve.

3 Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; pelo que, por causa do teu nome, guia-me e encaminha-me.

4 Tira-me da rede que para mim esconderam, pois tu és a minha força.

5 Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da verdade.

6 Odeio aqueles que se entregam a vaidades enganosas; eu, porém, confio no Senhor.

7 Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois consideraste a minha aflição; conheceste a minha alma nas angústias.

8 E não me entregaste nas mãos do inimigo; puseste os meus pés num lugar espaçoso.

9 Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado; consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma, e o meu ventre.

10

Porque a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos, de suspiros; a minha força descai por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem.

11 Fui opróbrio entre todos os meus inimigos, até entre os meus vizinhos, e horror para os meus conhecidos; os que me viam na rua fugiam de mim.

12 Estou esquecido no coração deles, como um morto; sou como um vaso quebrado.

13 Pois ouvi a murmuração de muitos, temor havia ao redor; enquanto conspiravam contra mim, intentaram tirar-me a vida.

14 Mas eu confiei em ti, Senhor, e disse: Tu és o meu Deus.

15 Os meus tempos estão nas tuas mãos; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos que me perseguem.

16 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tuas misericórdias.

17 Não me deixes envergonhado, Senhor, porque te invoquei; deixa envergonhados os ímpios, e emudeçam na sepultura.

18 Emudeçam os lábios mentirosos que falam coisas más com soberba e desprezo contra o justo.

19 Oh, quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual reservaste para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!

20

Tu os esconderás, no recôndito da tua presença, dos desaforos dos homens; encobri-los-ás da contenda das línguas em um pavilhão.

21 Bendito seja o Senhor, pois fez maravilhosa a sua misericórdia para comigo em cidade segura.

22 Pois eu dizia na minha pressa: Estou cortado de diante dos teus olhos; não obstante, tu ouviste a voz das minhas súplicas, quando eu a ti clamei.

23 Amai ao Senhor, vós todos que sois seus santos, porque o Senhor guarda os fiéis e retribui abundantemente ao que usa de soberba.

24 Sede corajosos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.

Salmo 32

Davi declara: Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade — Davi reconhece seu pecado — Ele recomenda que os justos se alegrem no Senhor e se regozijem.

Masquil de Davi.

1

Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.

2 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não engano.

3 Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia.

4 Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. (Selá.)

5 Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.)

6 Portanto, todo aquele que é santo orará a ti, em tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não chegarão até ele.

7 Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. (Selá.)

8 Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos.

9 Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, para que não se cheguem a ti.

10

O ímpio tem muitas dores, mas aquele que confia no Senhor, a misericórdia o cercará.

11 Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração.

Salmo 33

Regozijai-vos no Senhor — Cantai-Lhe um cântico novo — Ele ama a justiça e o juízo — Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor.

1

Regozijai-vos no Senhor, vós, justos, pois aos retos convém o louvor.

2 Louvai ao Senhor com harpa, cantai a ele com saltério de dez cordas.

3 Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem, e com júbilo.

4 Porque a palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis.

5 Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do Senhor.

6 Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles, pelo sopro da sua boca.

7 Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em reservatórios.

8 Toda a terra tema ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo.

9 Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu.

10

O Senhor desfaz o conselho das nações, quebranta os intentos dos povos.

11 O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração, de geração em geração.

12 Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança.

13 O Senhor olha desde os céus, e vê todos os filhos dos homens.

14 Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra,

15 Aquele que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.

16 Não há rei que se salve com a grandeza de um exército, nem o homem valente se livra pela muita força.

17 O cavalo é falaz para a segurança; não livra ninguém com a sua grande força.

18 Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia,

19 Para lhes livrar a alma da morte, e para os conservar vivos na fome.

20

A nossa alma espera no Senhor; ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.

21 Pois nele se alegra o nosso coração, porquanto confiamos no seu santo nome.

22 Seja a tua misericórdia, Senhor, sobre nós, como em ti esperamos.

Salmo 34

Davi louva ao Senhor em todo o tempo — Ele aconselha: Guarda a tua língua do mal; faze o bem e procura a paz — Ele diz que nenhum dos ossos do Messias será quebrado.

Salmo de Davi, quando mudou a sua conduta perante Abimeleque, e este o expulsou, e ele se foi.

1

Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.

2 A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.

3 Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome.

4 Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.

5 Olharam para ele, e foram iluminados; e o seu rosto não ficou envergonhado.

6 Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.

7 O anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem, e os livra.

8 Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.

9 Temei ao Senhor, vós, os seus santos, pois nada falta aos que o temem.

10

Os filhos dos leões passam necessidade e sofrem fome, mas aqueles que temem ao Senhor não têm falta de coisa alguma.

11 Vinde, filhos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.

12 Quem é o homem que deseja a vida, que quer muitos dias para ver o bem?

13 Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem enganosamente.

14 Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a.

15 Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor.

16 A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.

17 Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas angústias.

18 Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.

19 Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.

20

Ele lhe preserva todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.

21 A maldade matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão desolados.

22 O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que nele confiam será desolado.

Salmo 35

Davi se queixa de seus inimigos e de seus maus-tratos — Ele pede ao Senhor que o julgue de acordo com sua retidão.

Salmo de Davi.

1

Contende, Senhor, com aqueles que contendem comigo; peleja contra os que pelejam contra mim.

2 Pega do escudo e do broquel, e levanta-te em minha ajuda.

3 Empunha a lança e obstrui o caminho aos que me perseguem; dize à minha alma: Eu sou a tua salvação.

4 Sejam envergonhados e humilhados os que buscam a minha vida; voltem atrás e envergonhem-se os que contra mim intentam o mal.

5 Sejam como palha perante o vento, e o anjo do Senhor os faça fugir.

6 Seja o seu caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do Senhor os persiga.

7 Porque sem causa encobriram de mim a sua rede numa cova, a qual sem razão cavaram para a minha alma.

8 Sobrevenha-lhe destruição sem o saber, e prenda-o a rede que ocultou; caia ele nessa mesma destruição.

9 E a minha alma se alegrará no Senhor, alegrar-se-á na sua salvação.

10

Todos os meus ossos dirão: Senhor, quem é como tu, que livras o pobre daquele que é mais forte do que ele, sim, o pobre e o necessitado daquele que o rouba?

11 Falsas testemunhas se levantaram; depuseram contra mim coisas que eu não sabia.

12 Retribuíram-me o mal pelo bem, despojando a minha alma.

13 Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, a minha roupa era de pano de saco; humilhava a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para o meu seio.

14 Portava-me como se ele fora meu irmão ou amigo; eu andava lamentando e muito encurvado, como quem chora por sua mãe.

15 Mas eles com a minha adversidade se alegravam, e se congregavam; os abjetos se congregavam contra mim, e eu não o sabia; dilaceravam-me, e não cessavam.

16 Como hipócritas zombadores nas festas, rangiam os dentes contra mim.

17 Senhor, até quando verás isso? Resgata a minha alma das suas assolações, e a minha vida dos leões.

18 Louvar-te-ei na grande congregação; entre muitíssimo povo te celebrarei.

19 Não se alegrem de mim sem razão os meus inimigos, nem pisquem os olhos aqueles que me odeiam sem causa.

20

Pois não falam de paz, antes intentam enganar os pacíficos da terra.

21 Escancaram a boca contra mim, e dizem: Ah! Ah! Os nossos olhos o viram.

22 Tu, Senhor, o viste, não te cales; Senhor, não te afastes de mim;

23 Desperta e acorda para o meu julgamento, para a minha causa, Deus meu, e Senhor meu.

24 Julga-me segundo a tua justiça, Senhor Deus meu, e não deixes que se alegrem de mim.

25 Não digam em seu coração: Ah, o desejo da nossa alma! não digam: Nós o devoramos.

26 Envergonhem-se e sejam humilhados juntamente os que se alegram com o meu mal; vistam-se de vergonha e de desonra os que se engrandecem contra mim.

27 Cantem e alegrem-se os que amam a minha justiça, e digam continuamente: O Senhor seja engrandecido, o qual ama a prosperidade do seu servo.

28 E assim a minha língua falará da tua justiça e do teu louvor todo o dia.

Salmo 36

Davi louva ao Senhor por Sua misericórdia, Sua retidão e Sua benignidade — O manancial da vida está no Senhor.

Salmo de Davi, servo do Senhor; para o músico-mor.

1

A transgressão do ímpio diz no íntimo do seu coração: Não há temor de Deus perante os seus olhos.

2 Porque a seus olhos se lisonjeia, até que se descubra ser detestável a sua iniquidade.

3 As palavras da sua boca são maldade e engano; deixou de entender e de fazer o bem.

4 Intenta a maldade na sua cama; põe-se no caminho que não é bom; não odeia o mal.

5 A tua misericórdia, Senhor, está nos céus, e a tua fidelidade chega até as mais excelsas nuvens.

6 A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo; Senhor, tu preservas os homens e os animais.

7 Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas.

8 Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias,

9 Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.

10

Estende a tua benignidade sobre os que te conhecem, e a tua justiça sobre os retos de coração.

11 Não venha sobre mim o pé dos soberbos, e não me mova a mão dos ímpios.

12 Ali caem os que praticam a iniquidade; cairão, e não se poderão levantar.

Salmo 37

Davi aconselha: Confia no Senhor e faze o bem — Descansa no Senhor e espera Nele — Deixa a ira e abandona o furor — Os mansos herdarão a Terra — O Senhor ama a justiça e não desampara os Seus santos.

Salmo de Davi.

1

Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.

2 Porque cedo serão ceifados como a relva, e murcharão como a erva verde.

3 Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado.

4 Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração.

5 Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.

6 E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo, como o meio-dia.

7 Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos.

8 Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes, porque isso só leva ao mal.

9 Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra.

10

Mais um pouco, e o ímpio já não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá.

11 Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.

12 O ímpio maquina contra o justo, e contra ele range os dentes.

13 O Senhor se rirá dele, pois vê que vem chegando o seu dia.

14 Os ímpios puxaram da espada e entesaram o arco, para derrubarem o pobre e necessitado, e para matarem os de reta conduta.

15 Porém a sua espada lhes entrará no coração, e os seus arcos se quebrarão.

16 Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios.

17 Pois os braços dos ímpios se quebrarão; mas o Senhor sustém os justos.

18 O Senhor conhece os dias dos retos, e a herança deles permanecerá para sempre.

19 Não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão.

20

Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros; desaparecerão, e em fumaça se desfarão.

21 O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece, e dá.

22 Porque aqueles que ele abençoa herdarão a terra, e aqueles que forem por ele amaldiçoados serão desarraigados.

23 Os passos de um homem bom são firmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho.

24 Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.

25 Fui moço, e agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão.

26 Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada.

27 Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre.

28 Porque o Senhor ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre, mas a semente dos ímpios será desarraigada.

29 Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre.

30

A boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala justiça.

31 A lei do seu Deus está em seu coração; os seus passos não resvalarão.

32 O ímpio espreita o justo, e procura matá-lo.

33 O Senhor não o deixará em suas mãos, nem o condenará quando for julgado.

34 Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e ele te exaltará para herdares a terra; tu o verás quando os ímpios forem desarraigados.

35 Vi o ímpio com grande poder espalhar-se como a árvore verde na terra natal.

36 Mas passou e já não aparece; procurei-o, mas não se pôde encontrar.

37 Nota o homem íntegro, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz.

38 Quanto aos transgressores, serão juntamente destruídos, e o futuro dos ímpios será destruído.

39 Mas a salvação dos justos vem do Senhor; ele é a sua fortaleza no tempo da angústia.

40

E o Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto confiam nele.

Salmo 38

Davi se entristece por seus pecados — Eles jazem como uma enfermidade sobre ele — Ele pede ao Senhor que seja compassivo.

Salmo de Davi para lembrança.

1

Ah, Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor!

2 Porque as tuas flechas se cravaram em mim, e a tua mão sobre mim desceu.

3 Não parte sã na minha carne, por causa da tua cólera, nem há paz em meus ossos, por causa do meu pecado.

4 Pois as minhas iniquidades sobrepassam a minha cabeça; como carga pesada são demais para as minhas forças.

5 As minhas chagas cheiram mal e estão corruptas, por causa da minha loucura.

6 Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando todo o dia.

7 Porque os meus lombos estão cheios de ardor, e não parte sã na minha carne.

8 Estou fraco e muito quebrantado; tenho rugido pela inquietação do meu coração.

9 Senhor, diante de ti está todo o meu desejo, e o meu gemido não te é oculto.

10

O meu coração dá voltas, a minha força me falta; quanto à luz dos meus olhos, ela me deixou.

11 Os meus amados e os meus amigos ficam longe da minha chaga, e os meus parentes se põem à distância.

12 Também os que buscam a minha vida me armam laços, e os que procuram o meu mal falam coisas malignas, e imaginam astúcias todo o dia.

13 Mas eu, como surdo, não ouvia, e era como mudo que não abre a boca.

14 Assim, eu sou como homem que não ouve, e em cuja boca não reprovação.

15 Porque em ti, Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, me ouvirás.

16 Porque dizia eu: Ouve-me, para que não se alegrem de mim; quando escorrega o meu pé, eles se engrandecem contra mim.

17 Porque estou prestes a tropeçar; a minha dor está constantemente perante mim.

18 Porque eu declararei a minha iniquidade; afligir-me-ei por causa do meu pecado.

19 Mas os meus inimigos estão vivos e são fortes, e os que sem causa me odeiam se multiplicam.

20

Os que retribuem o mal pelo bem são meus adversários, porquanto eu sigo o que é bom.

21 Não me desampares, Senhor meu Deus, não te afastes de mim.

22 Apressa-te em meu auxílio, Senhor, minha salvação.

Salmo 39

Davi procura controlar sua língua — O homem não passa de vaidade — Ele é um estrangeiro e peregrino na Terra.

Salmo de Davi para o músico-mor, para Jedutum.

1

Disse: Guardarei os meus caminhos para não delinquir com a minha língua; guardarei a boca com um freio, enquanto o ímpio estiver diante de mim.

2 Emudeci em silêncio; calei-me mesmo acerca do bem, e a minha dor se agravou.

3 Esquentou-se-me o coração dentro de mim; enquanto eu meditava se acendeu um fogo; então falei com a minha língua.

4 Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim, e qual é a medida dos meus dias, para que eu sinta quanto sou frágil.

5 Eis que fizeste os meus dias como alguns palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade. (Selá.)

6 Na verdade, todo homem anda como uma sombra; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará.

7 Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti.

8 Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio dos tolos.

9 Emudeci; não abro a minha boca, porquanto tu o fizeste.

10

Tira de sobre mim o teu flagelo; estou desfalecido pelo golpe da tua mão.

11 Quando castigas o homem, por causa da iniquidade, com repreensões, fazes com que a sua beleza se consuma como a traça; na verdade, todo o homem é vaidade. (Selá.)

12 Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou estranho para ti e peregrino como todos os meus pais.

13 Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e deixe de existir.

Salmo 40

Salmo messiânico de Davi — O Messias virá e pregará retidão — Ele declarará salvação — Os justos dirão: Magnificado seja o Senhor.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Esperei pacientemente no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.

2 Tirou-me de um lago horrível, de um charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos,

3 E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor.

4 Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e o que não se volta para os soberbos nem para os que se desviam para a mentira.

5 Muitas são, Senhor meu Deus, as maravilhas que tens operado, e os teus pensamentos para conosco; ninguém se iguala a ti; se eu os quisesse anunciar, e deles falar, são mais do que se podem contar.

6 Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste.

7 Então disse: Eis aqui estou; no rolo do livro está escrito a meu respeito.

8 Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.

9 Preguei a justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios, Senhor, tu o sabes.

10

Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade.

11 Não retires de mim, Senhor, as tuas misericórdias; guardem-me continuamente a tua benignidade e a tua verdade.

12 Porque males sem número me têm rodeado; as minhas iniquidades me prenderam de modo que não posso olhar para cima; são mais numerosas do que os cabelos da minha cabeça; assim, desfalece o meu coração.

13 Digna-te, Senhor, livrar-me; Senhor, apressa-te em meu auxílio.

14 Sejam juntamente envergonhados e humilhados os que buscam a minha vida para destruí-la; tornem atrás e sejam humilhados os que me querem mal.

15 Desolados sejam em pago da sua afronta os que me dizem: Ah! Ah!

16 Regozijem-se e alegrem-se em ti os que te buscam; digam constantemente os que amam a tua salvação: Magnificado seja o Senhor.

17 Mas eu sou pobre e necessitado; contudo o Senhor cuida de mim; tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus.

Salmo 41

Salmo messiânico de Davi — Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre — Predita a traição de Judas.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal.

2 O Senhor o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos.

3 O Senhor o sustentará no leito da doença; tu o restaurarás de sua cama de enfermidade.

4 Dizia eu: Senhor, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.

5 Os meus inimigos falam mal de mim, dizendo: Quando morrerá ele, e perecerá o seu nome?

6 E se algum deles vem ver-me, fala coisas vãs; no seu coração amontoa a maldade; saindo para fora, é disso que fala.

7 Todos os que me odeiam murmuram juntamente contra mim; contra mim imaginam o mal, dizendo:

8 Uma doença má se lhe apegou; e agora que está deitado, não se levantará mais.

9 Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.

10

Porém tu, Senhor, tem piedade de mim, e levanta-me, para que eu lhes dê o pago.

11 Por isto conheço eu que tu me favoreces: que o meu inimigo não triunfa sobre mim.

12 Quanto a mim, tu me sustentas na minha integridade, e me puseste diante da tua face para sempre.

13 Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade em eternidade. Amém e Amém.

Salmo 42

A alma dos justos tem sede de Deus — Os iníquos dizem: Onde está o teu Deus?

Masquil para o músico-mor, entre os filhos de Coré.

1

Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim brama a minha alma por ti, ó Deus!

2 A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me apresentarei ante a face de Deus?

3 As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?

4 Quando me lembro disso, dentro de mim derramo a minha alma, pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.

5 Por que estás abatida, ó alma minha, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.

6 Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida, portanto, lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte.

7 Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram sobre mim.

8 Contudo o Senhor mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, e a oração ao Deus da minha vida.

9 Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?

10

Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo o dia me dizem: Onde está o teu Deus?

11 Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o Deus meu.

Salmo 43

Os justos louvam a Deus e clamam: Envia a Tua luz e a Tua verdade.

1

Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra uma nação ímpia; livra-me do homem fraudulento e injusto.

2 Pois tu és o Deus da minha fortaleza; por que me rejeitas? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?

3 Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos.

4 Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.

5 Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e Deus meu.

Salmo 44

Os santos louvam ao Senhor e se gloriam em Seu nome para sempre — Eles são perseguidos, difamados e considerados como ovelhas para o matadouro.

Masquil para o músico-mor, entre os filhos de Coré.

1

Ó Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, e nossos pais nos contaram a obra que fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade.

2 Como expulsaste as nações com a tua mão e os plantaste, como afligiste os povos e os derrubaste.

3 Pois não conquistaram a terra pela sua espada, nem o seu braço os salvou, mas a tua destra e o teu braço, e a luz da tua face, porquanto te agradaste deles.

4 Tu és o meu Rei, ó Deus; ordena salvação para Jacó.

5 Por ti derrubaremos os nossos inimigos; pelo teu nome pisaremos os que se levantam contra nós,

6 Pois eu não confiarei no meu arco, nem a minha espada me salvará.

7 Mas tu nos salvaste dos nossos inimigos, e envergonhaste os que nos odiavam.

8 Em Deus nos gloriamos todo o dia, e louvamos o teu nome eternamente. (Selá.)

9 Mas agora tu nos rejeitaste e nos humilhaste, e não sais com os nossos exércitos.

10

Tu nos fazes retirar-nos do inimigo, e aqueles que nos odeiam nos saqueiam para si.

11 Tu nos entregaste como ovelhas para comer, e nos espalhaste entre as nações.

12 Tu vendes por nada o teu povo, e não aumentas a tua riqueza com o seu preço.

13 Tu nos pões por opróbrio aos nossos vizinhos, por escárnio e zombaria daqueles que estão ao nosso redor.

14 Tu nos pões por provérbio entre as nações, por meneio de cabeça entre os povos.

15 A minha desonra está constantemente diante de mim, e a vergonha do meu rosto me cobre,

16 À voz daquele que afronta e blasfema, por causa do inimigo e do vingador.

17 Tudo isso nos sobreveio, contudo não nos esquecemos de ti, nem procedemos falsamente contra o teu convênio.

18 O nosso coração não voltou atrás, nem os nossos passos se desviaram das tuas veredas,

19 Ainda que nos esmagaste num lugar de chacais, e nos cobriste com a sombra da morte.

20

Se nós esquecemos o nome do nosso Deus, e estendemos as nossas mãos para um deus estranho,

21 Porventura não perceberá Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração.

22 Sim, por causa de ti, somos mortos todo o dia, somos considerados como ovelhas para o matadouro.

23 Desperta, por que dormes, Senhor? Acorda, não nos rejeites para sempre.

24 Por que escondes a tua face, e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão?

25 Pois a nossa alma está abatida até o pó; o nosso ventre se apega à terra.

26 Levanta-te em nosso auxílio, e resgata-nos por causa das tuas misericórdias.

Salmo 45

Salmo messiânico — O Messias é mais formoso do que os filhos dos homens — Ele é ungido com óleo de alegria mais do que Seus companheiros — Seu nome será lembrado de geração em geração.

Masquil, cântico de amor, para o músico-mor, entre os filhos de Coré, sobre Shoshanim.

1

O meu coração ferve com palavras boas, falo do que tenho feito no tocante ao Rei; a minha língua é a pena de um destro escritor.

2 Tu és mais formoso do que os filhos dos homens; a graça se derramou em teus lábios; portanto, Deus te abençoou para sempre.

3 Cinge a tua espada à coxa, ó valente, com a tua glória e a tua majestade.

4 E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis.

5 As tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei, e por elas os povos caíram debaixo de ti.

6 O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade.

7 Tu amas a justiça e odeias a impiedade, portanto, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.

8 Todas as tuas vestes cheiram a mirra, e aloés e cássia, desde os palácios de marfim de onde te alegram.

9 As filhas dos reis estavam entre as tuas ilustres donzelas; à tua direita estava a rainha ornada de finíssimo ouro de Ofir.

10

Ouve, filha, e olha, e inclina os teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa do teu pai.

11 Então o rei se afeiçoará da tua formosura, pois ele é teu senhor; inclina-te perante ele.

12 E a filha de Tiro estará ali com presentes; os ricos do povo suplicarão o teu favor.

13 A filha do rei é toda gloriosa dentro do palácio; o seu vestido é entretecido de ouro.

14 Levá-la-ão ao rei com vestidos bordados; as virgens que a acompanham a trarão a ti.

15 Com alegria e regozijo as trarão; elas entrarão no palácio do rei.

16 Em lugar de teus pais serão teus filhos; deles farás príncipes sobre toda a terra.

17 Farei lembrado o teu nome de geração em geração, pelo que os povos te louvarão eternamente.

Salmo 46

Deus é nosso refúgio e fortaleza — Ele habita em Sua cidade, realiza coisas maravilhosas e diz: Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus.

Cântico sobre Alamote, para o músico-mor entre os filhos de Coré.

1

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.

2 Pelo que não temeremos, ainda que se mude a terra, e ainda que se transportem os montes para o meio dos mares.

3 Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.)

4 um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.

5 Deus está no meio dela, não se abalará; Deus a ajudará ao romper da manhã.

6 As nações se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu.

7 O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Selá.)

8 Vinde, contemplai as obras do Senhor, que desolações tem feito na terra!

9 Ele faz cessar as guerras até o fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo.

10

Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre as nações; serei exaltado sobre a terra.

11 O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Selá.)

Salmo 47

O Senhor é Rei sobre toda a Terra — Cantai louvores a Seu nome, porque Ele reina sobre todos.

Salmo para o músico-mor, entre os filhos de Coré.

1

Aplaudi com as mãos, todos os povos; cantai a Deus com voz de triunfo.

2 Porque o Senhor Altíssimo é temível, e grande Rei sobre toda a terra.

3 Ele nos subjugará os povos e as nações debaixo dos nossos pés.

4 Escolherá para nós a nossa herança, a glória de Jacó, a quem amou. (Selá.)

5 Deus subiu com júbilo, o Senhor subiu ao som de trombeta.

6 Cantai louvores a Deus, cantai louvores; cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores.

7 Pois Deus é o Rei de toda a terra; cantai louvores com entendimento.

8 Deus reina sobre as nações; Deus se assenta sobre o trono da sua santidade.

9 Os príncipes do povo se ajuntam, o povo do Deus de Abraão; porque os escudos da terra são de Deus; ele é sumamente exaltado!

Salmo 48

Sião, a cidade de Deus, a alegria de toda a Terra, será estabelecida para sempre.

Cântico e salmo para os filhos de Coré.

1

Grande é o Senhor e muito digno de louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo.

2 Formosa elevação, e alegria de toda a terra é o monte Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei.

3 Deus é conhecido nos seus palácios como um alto refúgio.

4 Porque eis que os reis se ajuntaram; eles passaram juntos.

5 Viram-no, e ficaram maravilhados; ficaram assombrados e se apressaram em fugir.

6 Tremor ali os tomou, e dores como de mulher de parto.

7 Tu quebras as naus de Társis com um vento oriental.

8 Como o ouvimos, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus a firmará para sempre. (Selá.)

9 Lembramo-nos, ó Deus, da tua benignidade no meio do teu templo.

10

Segundo é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor, até os confins da terra; a tua mão direita está cheia de justiça.

11 Alegre-se o monte Sião; alegrem-se as filhas de Judá por causa dos teus juízos.

12 Rodeai Sião, e cercai-a; contai as suas torres.

13 Marcai bem os seus antemuros, considerai os seus palácios, para que o conteis à geração seguinte.

14 Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até a morte.

Salmo 49

Os homens não podem ser resgatados nem redimidos pela riqueza — Somente Deus pode redimir uma alma do sepulcro — A glória de um homem rico cessa quando ele morre.

Salmo para o músico-mor, entre os filhos de Coré.

1

Ouvi isto, vós todos os povos; inclinai os ouvidos, todos os moradores do mundo,

2 Tanto baixos como altos, tanto ricos como pobres.

3 A minha boca falará de sabedoria, e a meditação do meu coração será de entendimento.

4 Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola; declararei o meu enigma na harpa.

5 Por que temerei eu nos dias maus, quando me cercar a iniquidade dos que me armam ciladas?

6 Aqueles que confiam nos seus bens, e se gloriam na multidão das suas riquezas,

7 Nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele

8 (Pois a redenção da sua alma é caríssima, e cessará para sempre);

9 Para que viva para sempre, e não veja corrupção.

10

Porque ele vê que os sábios morrem, perecem igualmente tanto o tolo como o estúpido, e deixam a outros os seus bens.

11 O seu pensamento interior é que as suas casas serão perpétuas e as suas habitações de geração em geração; dão às suas terras os seus próprios nomes.

12 Todavia o homem que está em honra não permanece; antes é como os animais, que perecem.

13 Esse caminho deles é a sua loucura; contudo a sua posteridade aprova as suas palavras. (Selá.)

14 Como ovelhas são postos na sepultura; a morte se alimentará deles; e os retos terão domínio sobre eles na manhã, e a sua formosura se consumirá na sepultura, a sua morada.

15 Mas Deus redimirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá. (Selá.)

16 Não temas quando alguém se enriquece, quando a glória da sua casa se engrandece.

17 Porque, quando morrer, nada levará consigo, nem a sua glória o acompanhará.

18 Ainda que na sua vida ele tenha abençoado a sua alma, e os homens te louvem, quando fazes bem a ti mesmo,

19 Ele irá para a geração de seus pais; eles nunca verão a luz.

20

O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem.

Salmo 50

Asafe fala da Segunda Vinda — O Senhor aceita os sacrifícios dos justos e os libertará — Aqueles cuja conduta é justa verão a salvação de Deus.

Salmo de Asafe.

1

O Deus poderoso, o Senhor, falou e chamou a terra desde o nascimento do sol até o seu ocaso.

2 Desde Sião, a perfeição da formosura, resplandeceu Deus.

3 Virá o nosso Deus, e não se calará; um fogo se irá consumindo diante dele, e haverá grande tormenta ao redor dele.

4 Chamará os céus lá do alto, e a terra, para julgar o seu povo.

5 Ajuntai-me os meus santos, aqueles que fizeram comigo um convênio com sacrifício.

6 E os céus anunciarão a sua justiça, pois Deus mesmo é o Juiz. (Selá.)

7 Ouve, povo meu, e eu falarei; ó Israel, e eu testemunharei contra ti: Eu sou Deus, o teu Deus.

8 Não te repreenderei pelos teus sacrifícios, ou holocaustos, que estão continuamente perante mim.

9 Da tua casa não tirarei bezerro, nem bodes dos teus currais.

10

Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas.

11 Conheço todas as aves dos montes, e minhas são todas as feras do campo.

12 Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude.

13 Comerei eu carne de touros? Ou beberei sangue de bodes?

14 Oferece a Deus sacrifício de louvor, e paga ao Altíssimo os teus votos.

15 E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.

16 Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar o meu convênio na tua boca?

17 Visto que odeias a correção, e lanças as minhas palavras para detrás de ti.

18 Quando vês o ladrão, consentes com ele, e tens a tua parte com adúlteros.

19 Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua trama o engano.

20

Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe.

21 Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que eu era tal como tu; mas eu te arguirei, e as porei em ordem diante dos teus olhos.

22 Ouvi, pois, isso, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos faça em pedaços, sem haver quem vos livre.

23 Aquele que oferece o sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.

Salmo 51

Davi pede perdão depois de ter-se achegado a Bate-Seba — Ele roga: Cria em mim um coração puro e renova em mim um espírito reto.

Salmo de Davi para o músico-mor, quando o profeta Natã foi a ele, depois de Davi achegar-se a Bate-Seba.

1

Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.

2 Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.

3 Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.

4 Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mau à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.

5 Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.

6 Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria.

7 Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.

8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que tu quebraste.

9 Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades.

10

Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.

11 Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.

12 Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com o teu Espírito generoso.

13 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão.

14 Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça.

15 Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor.

16 Pois não queres os sacrifícios que eu daria; tu não te deleitas em holocaustos.

17 Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um quebrantado e contrito coração não desprezarás, ó Deus.

18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém.

19 Então te agradarás dos sacrifícios da justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.

Salmo 52

Davi diz que a língua iníqua intenta o mal e que os iníquos confiam nas riquezas — Os santos confiam na misericórdia de Deus para sempre.

Masquil de Davi para o músico-mor, quando Doegue, o edomita, o anunciou a Saul, e lhe disse: Davi foi à casa de Abimeleque.

1

Por que te glorias na maldade, ó homem poderoso? Pois a bondade de Deus permanece continuamente.

2 A tua língua intenta o mal, como uma navalha amolada, traçando enganos.

3 Tu amas mais o mal do que o bem; e a mentira, mais do que o falar a retidão. (Selá.)

4 Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta.

5 Também Deus te destruirá para sempre, arrebatar-te-á e arrancar-te-á da tua habitação, e desarraigar-te-á da terra dos viventes. (Selá.)

6 E os justos o verão, e temerão, e se rirão dele:

7 Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua força; antes confiou na abundância das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade.

8 Mas eu sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente.

9 Para sempre te louvarei, porque tu o fizeste, e esperarei no teu nome, porque é bom diante de teus santos.

Salmo 53

Davi afirma: O néscio diz que não há Deus — Ninguém há que faça o bem — O Israel coligado se regozijará.

Masquil de Davi para o músico-mor sobre Maalate.

1

Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Corromperam-se, e cometeram abominável iniquidade; não há ninguém que faça o bem.

2 Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não quem faça o bem, não, nem sequer um.

4 Acaso não têm conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocaram a Deus.

5 Ali se acharam em grande temor, onde não havia temor, pois Deus espalhou os ossos daquele que te cercava; tu os envergonhaste, porque Deus os rejeitou.

6 Ah, se de Sião viesse a salvação de Israel! Quando Deus fizer voltar os cativos do seu povo, então se regozijará Jacó e se alegrará Israel.

Salmo 54

Davi roga salvação e promete servir a Deus.

Masquil de Davi para o músico-mor sobre Neginote, quando os zifeus foram e disseram a Saul: Porventura não está Davi escondido entre nós?

1

Salva-me, ó Deus, pelo teu nome, e faze-me justiça pelo teu poder.

2 Ó Deus, ouve a minha oração, inclina os teus ouvidos às palavras da minha boca.

3 Porque os estranhos se levantam contra mim, e tiranos procuram a minha vida; não têm posto Deus perante os seus olhos. (Selá.)

4 Eis que Deus é o que me ajuda; o Senhor está com aqueles que sustêm a minha alma.

5 Ele recompensará com o mal os meus inimigos; destrói-os na tua verdade.

6 Eu te oferecerei sacrifícios voluntariamente; louvarei o teu nome, ó Senhor, porque é bom.

7 Pois me livrou de toda a angústia, e os meus olhos viram o meu desejo sobre os meus inimigos.

Salmo 55

Davi ora pela manhã, ao meio-dia e à noite — Ele busca proteção e ajuda contra seus inimigos.

Masquil de Davi para o músico-mor, sobre Neginote.

1

Inclina, ó Deus, os teus ouvidos à minha oração, e não te escondas da minha súplica.

2 Atende-me, e ouve-me; lamento na minha queixa, e faço ruído,

3 Por causa do clamor do inimigo e por causa da opressão do ímpio, pois lançam sobre mim a iniquidade, e com furor me odeiam.

4 O meu coração está dolorido dentro de mim, e terrores da morte caíram sobre mim.

5 Temor e tremor vieram sobre mim, e o horror me cobriu.

6 Pelo que disse: Ah, quem me dera ter asas como de pomba! Porque então voaria, e estaria em descanso.

7 Eis que fugiria para longe, e pernoitaria no deserto. (Selá.)

8 Apressar-me-ia a escapar da fúria do vento e da tempestade.

9 Despedaça, Senhor, e divide as suas línguas, pois tenho visto violência e contenda na cidade.

10

De dia e de noite a cercam sobre os seus muros; iniquidade e sofrimento estão no meio dela.

11 Maldade dentro dela; astúcia e engano não se apartam das suas ruas.

12 Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado; nem era o que me odiava que se engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido.

13 Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo.

14 Consultávamos juntos suavemente, e andávamos em companhia na casa de Deus.

15 A morte os assalte, e vivos desçam ao inferno, porque maldade nas suas habitações e no meio deles.

16 Porém eu invocarei a Deus, e o Senhor me salvará.

17 De tarde e de manhã e ao meio dia orarei, e clamarei, e ele ouvirá a minha voz.

18 Livrou em paz a minha alma da peleja que havia contra mim, pois havia muitos comigo.

19 Deus ouvirá, e os afligirá, aquele que preside desde a antiguidade (Selá), porque não há neles nenhuma mudança, e, portanto, não temem a Deus.

20

Ele pôs as suas mãos contra aqueles que estão em paz com ele; quebrou a sua aliança.

21 As palavras da sua boca eram mais macias do que a manteiga, mas havia guerra no seu coração; as suas palavras eram mais brandas do que o azeite, contudo eram espadas desembainhadas.

22 Lança a tua carga sobre o Senhor, e ele te susterá; não permitirá nunca que o justo seja abalado.

23 Mas tu, ó Deus, os farás descer ao poço da perdição; homens de sangue e de fraude não viverão metade dos seus dias, mas eu em ti confiarei.

Salmo 56

Davi busca misericórdia, confia no Senhor e O louva, agradecendo a Ele pela libertação.

Para o músico-mor, sobre Jonate-Elém-Recoquim. Mictão de Davi, quando os filisteus o prenderam em Gate.

1

Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque o homem procura devorar-me; pelejando todo dia, me oprime.

2 Os meus inimigos procuram devorar-me todo o dia, pois são muitos os que pelejam contra mim, ó Altíssimo.

3 Em qualquer tempo que eu temer, confiarei em ti.

4 Em Deus louvarei a sua palavra, em Deus pus a minha confiança; não temerei o que me possa fazer a carne.

5 Todos os dias torcem as minhas palavras; todos os seus pensamentos são contra mim para o mal.

6 Ajuntam-se, escondem-se, marcam os meus passos, como aguardando a minha alma.

7 Porventura escaparão eles por meio da sua iniquidade? Ó Deus, derruba os povos na tua ira!

8 Tu contas as minhas vagueações; põe as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas no teu livro?

9 Quando eu a ti clamar, então voltarão para trás os meus inimigos; isto sei eu, porque Deus é por mim.

10

Em Deus louvarei a sua palavra; no Senhor louvarei a sua palavra.

11 Em Deus pus a minha confiança; não temerei o que me possa fazer o homem.

12 Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu te renderei ações de graças,

13 Pois tu livraste a minha alma da morte; não livrarás os meus pés da queda, para andar diante de Deus na luz dos viventes?

Salmo 57

Davi roga misericórdia e louva a glória e a exaltação de Deus.

Para o músico-mor Al-Tachete. Mictão de Davi, quando fugia de diante de Saul na caverna.

1

Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti, e na sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.

2 Clamarei ao Deus Altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa.

3 Ele enviará desde os céus, e me salvará do desprezo daquele que procurava devorar-me. (Selá.) Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade.

4 A minha alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e a sua língua, espada afiada.

5 Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; seja a tua glória sobre toda a terra.

6 Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida; cavaram uma cova diante de mim, porém eles mesmos caíram no meio dela. (Selá.)

7 Preparado está o meu coração, ó Deus, preparado está o meu coração; cantarei, e direi salmos.

8 Desperta, glória minha, despertai, alaúde e harpa; eu mesmo despertarei ao romper da alva.

9 Louvar-te-ei, Senhor, entre os povos; eu te cantarei entre as nações.

10

Pois a tua misericórdia é grande até os céus, e a tua verdade, até as nuvens.

11 Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus, e seja a tua glória sobre toda a terra.

Salmo 58

Davi repreende os juízes iníquos — Eles se perdem e dizem mentiras.

Mictão de Davi para o músico-mor, Al-Tachete.

1

Acaso falais vós deveras a justiça, ó congregação? Julgais retamente, ó filhos dos homens?

2 Antes no coração tramais perversidades; sobre a terra fazeis pesar a violência das vossas mãos.

3 Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errantes desde que nasceram, falando mentiras.

4 O seu veneno é semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda que tapa os ouvidos,

5 Para não ouvir a voz dos encantadores, do encantador hábil em encantamentos.

6 Ó Deus, quebra-lhes os dentes nas suas bocas; arranca, Senhor, os molares dos filhotes dos leões.

7 Escorram como águas que correm constantemente; quando eles armarem as suas flechas, fiquem feitas em pedaços.

8 Como a lesma se derrete, assim se vá cada um deles, como o aborto de uma mulher, que nunca viu o sol.

9 Antes que as vossas panelas sintam o calor dos espinhos, verdes ou em brasa, ele os arrebatará como com um redemoinho.

10

O justo se alegrará quando vir a vingança; lavará os seus pés no sangue do ímpio.

11 Então dirá o homem: Deveras uma recompensa para o justo; deveras há um Deus que julga na terra.

Salmo 59

Davi ora pedindo que seja libertado de seus inimigos — Deus governa em Jacó até os confins da Terra.

Mictão de Davi para o músico-mor, Al-Tachete, quando Saul lhes mandou que vigiassem a sua casa para o matarem.

1

Livra-me, meu Deus, dos meus inimigos, defende-me daqueles que se levantam contra mim.

2 Livra-me dos que praticam a iniquidade, e salva-me dos homens sanguinários.

3 Pois eis que põem ciladas à minha alma; os fortes se ajuntam contra mim, não por transgressão minha ou por pecado meu, ó Senhor.

4 Eles correm, e se preparam, sem culpa minha; desperta para me ajudares, e olha.

5 Tu, pois, ó Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel, desperta para castigares todos os gentios; não tenhas misericórdia de nenhum dos pérfidos que praticam a iniquidade. (Selá.)

6 Voltam à tarde, dão ganidos como cães, e rodeiam a cidade.

7 Eis que eles dão gritos com a sua boca; espadas estão nos seus lábios, porque dizem eles: Quem ouve?

8 Mas tu, Senhor, te rirás deles; zombarás de todos os gentios.

9 Por causa da sua força eu te aguardarei, pois Deus é a minha alta defesa.

10

O Deus da minha misericórdia virá ao meu encontro; Deus me fará ver o meu desejo sobre os meus inimigos.

11 Não os mates, para que o meu povo não se esqueça; espalha-os pelo teu poder, e abate-os, ó Senhor, nosso escudo.

12 Pelo pecado da sua boca e pelas palavras dos seus lábios fiquem presos na sua soberba, e pelas maldições e pelas mentiras que falam.

13 Consome-os na tua indignação, consome-os, para que não existam, e para que saibam que Deus reina em Jacó até os confins da terra. (Selá.)

14 E tornem a vir à tarde, e deem ganidos como cães, e cerquem a cidade.

15 Vagueiem para cima e para baixo por mantimento, e passem a noite sem se saciarem.

16 Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia, porquanto tu foste o meu alto refúgio, e proteção no dia da minha angústia.

17 A ti, ó fortaleza minha, cantarei salmos, porque Deus é o meu alto refúgio e o Deus da minha misericórdia.

Salmo 60

Davi diz que o Senhor dispersou Seu povo — O Senhor coloca Efraim à testa e faz de Judá Seu legislador.

Para o músico-mor, sobre Susã-Edute. Mictão de Davi, de doutrina, quando pelejou com os sírios de Mesopotâmia, e com os sírios de Zoba, e quando Joabe, ao retornar, matou no Vale do Sal doze mil dos edomitas.

1

Ó Deus, tu nos rejeitaste, tu nos espalhaste, tu te indignaste; oh, volta-te para nós.

2 Abalaste a terra, e a fendeste; sara as suas fendas, pois ela treme.

3 Fizeste o teu povo ver coisas árduas; fizeste-nos beber o vinho da perturbação.

4 Deste um estandarte aos que te temem, para levantarem no alto, por causa da verdade. (Selá.)

5 Para que os teus amados sejam livres, salva-nos com a tua destra, e ouve-nos.

6 Deus falou na sua santidade: Eu me regozijarei, repartirei Siquém e medirei o vale de Sucote.

7 Meu é Gileade, e meu é Manassés; Efraim é a força da minha cabeça; Judá é o meu legislador.

8 Moabe é o meu vaso de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato; alegra-te, ó Filístia, por minha causa.

9 Quem me conduzirá à cidade forte? Quem me guiará até Edom?

10

Não serás tu, ó Deus, que nos tinhas rejeitado? Tu, ó Deus, que não saíste com os nossos exércitos?

11 Dá-nos auxílio na angústia, porque vão é o socorro do homem.

12 Em Deus faremos proezas, porque ele é que pisará os nossos inimigos.

Salmo 61

Davi encontra abrigo no Senhor, habita na presença do Senhor e cumpre seus próprios votos.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Neginote.

1

Ouve, ó Deus, o meu clamor; atende à minha oração.

2 Desde o fim da terra clamarei a ti, quando o meu coração estiver abatido; leva-me para a rocha que é mais alta do que eu.

3 Pois tens sido um refúgio para mim, e uma torre forte contra o inimigo.

4 Habitarei no teu tabernáculo para sempre; abrigar-me-ei no recôndito das tuas asas. (Selá.)

5 Pois tu, ó Deus, ouviste os meus votos; deste-me a herança dos que temem o teu nome.

6 Prolongarás os dias do rei, e os seus anos serão como muitas gerações.

7 Ele permanecerá diante de Deus para sempre; prepara-lhe misericórdia e verdade que o preservem.

8 Assim, cantarei salmos ao teu nome perpetuamente, para pagar os meus votos de dia em dia.

Salmo 62

Davi exalta Deus como sua defesa, sua rocha e sua salvação — O Senhor julga os homens de acordo com suas obras.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Jedutum.

1

A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

2 Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei grandemente abalado.

3 Até quando maquinareis o mal contra um homem? Sereis mortos todos vós, sereis como uma parede encurvada e um muro prestes a cair.

4 Eles somente consultam como o hão de derrubar da sua excelência; deleitam-se em mentiras; com a boca bendizem, mas nas suas entranhas maldizem. (Selá.)

5 Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança.

6 Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado.

7 Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha força, e o meu refúgio estão em Deus.

8 Confiai nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. (Selá.)

9 Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade.

10

Não confieis na opressão, nem vos ensoberbeçais na rapina; se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração.

11 Deus falou uma vez; duas vezes tenho ouvido isto: que o poder pertence a Deus.

12 A ti também, Senhor, pertence a misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra.

Salmo 63

A alma de Davi tem sede de Deus, a quem ele louva com lábios alegres.

Salmo de Davi quando estava no deserto de Judá.

1

Ó Deus, tu és o meu Deus, cedo te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água,

2 Para ver a tua força e a tua glória, como te vi no santuário.

3 Porque a tua benignidade é melhor do que a vida; os meus lábios te louvarão.

4 Assim, eu te bendirei enquanto viver; em teu nome levantarei as minhas mãos.

5 A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca te louvará com alegres lábios,

6 Quando me lembrar de ti na minha cama, e meditar em ti nas vigílias da noite.

7 Porque tu tens sido o meu auxílio, portanto, na sombra das tuas asas me regozijarei.

8 A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta.

9 Mas aqueles que procuram a minha alma, para a destruir, irão para as profundezas da terra.

10

Cairão à espada, serão uma ração para as raposas.

11 Mas o rei se regozijará em Deus; qualquer que por ele jurar se gloriará, porque se tapará a boca dos que falam a mentira.

Salmo 64

Davi ora pedindo proteção — O justo se alegrará no coração.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Ouve, ó Deus, a minha voz na minha oração; guarda a minha vida do temor do inimigo.

2 Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que praticam a iniquidade;

3 Que afiaram a sua língua como espada, e armaram, como suas flechas, palavras amargas,

4 A fim de atirarem de lugar oculto ao que é reto; disparam sobre ele repentinamente, e não temem.

5 Firmam-se em mau intento; falam de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá?

6 Andam procurando maldades, procuram tudo o que se pode procurar, e o íntimo pensamento e o coração de cada um deles são profundos.

7 Mas Deus atirará sobre eles uma seta, e de repente ficarão feridos.

8 Assim, eles farão com que a sua própria língua tropece contra si mesmos; todos aqueles que os virem fugirão.

9 E todos os homens temerão, e anunciarão a obra de Deus, e considerarão prudentemente os feitos dele.

10

O justo se alegrará no Senhor, e confiará nele, e todos os retos de coração se gloriarão.

Salmo 65

Davi fala do estado bem-aventurado dos escolhidos de Deus — O Senhor envia chuva e coisas boas sobre a Terra.

Salmo e cântico de Davi para o músico-mor.

1

A ti, ó Deus, em silêncio espera o louvor em Sião, e a ti se pagará o voto,

2 Ó tu que ouves as orações, a ti virá toda a carne.

3 Prevalecem as iniquidades contra mim, porém tu expias as nossas transgressões.

4 Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos fartos da bondade da tua casa e do teu santo templo.

5 Com coisas tremendas, em justiça nos responderás, ó Deus da nossa salvação; tu és a esperança de todas as extremidades da terra, e daqueles que estão longe sobre o mar;

6 O que pela sua força consolida os montes, cingido de poder;

7 O que aplaca o ruído dos mares, o ruído das suas ondas, e o tumulto dos povos.

8 E os que habitam nos confins da terra temem os teus sinais; tu fazes exultar de júbilo as saídas da manhã e da tarde.

9 Tu visitas a terra, e a regas; tu a enriqueces grandemente com o rio de Deus, que está cheio de água; tu lhe preparas o trigo, quando assim a tens preparada.

10

Enches de água os seus regos, fazendo-a descer em suas margens; tu a amoleces com a muita chuva; abençoas a sua produção.

11 Coroas o ano com a tua bondade, e as tuas veredas destilam gordura.

12 Destilam sobre os pastos do deserto, e os outeiros cingem-se de alegria.

13 Os campos se vestem de rebanhos, e os vales se cobrem de trigo; eles se regozijam e cantam.

Salmo 66

Louvai e adorai ao Senhor — Ele testa e põe os homens à prova — Os sacrifícios devem ser oferecidos em Sua casa.

Cântico e salmo para o músico-mor.

1

Aclamai a Deus com alegria, todas as terras.

2 Cantai a glória do seu nome; dai glória ao seu louvor.

3 Dizei a Deus: Quão tremendo és tu nas tuas obras! Pela grandeza do teu poder se submeterão a ti os teus inimigos.

4 Toda a terra te adorará e te cantará louvores; eles cantarão o teu nome. (Selá.)

5 Vinde, e vede as obras de Deus; é tremendo nos seus feitos para com os filhos dos homens.

6 Converteu o mar em terra seca; passaram o rio a pé; ali nos alegramos nele.

7 Ele domina eternamente pelo seu poder; os seus olhos estão sobre as nações; não se exaltem os rebeldes. (Selá.)

8 Bendizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a voz do seu louvor,

9 Ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam abalados os nossos pés.

10

Pois tu, ó Deus, nos puseste à prova; tu nos refinaste como se refina a prata.

11 Tu nos fizeste cair na rede; afligiste os nossos lombos.

12 Fizeste com que os homens cavalgassem sobre a nossa cabeça; passamos pelo fogo e pela água, mas nos trouxeste a um lugar copioso.

13 Entrarei em tua casa com holocaustos; pagar-te-ei os meus votos,

14 Os quais pronunciaram os meus lábios, e falou a minha boca, quando estava na angústia.

15 Oferecer-te-ei holocaustos gordurosos com incenso de carneiros; oferecerei novilhos com cabritos. (Selá.)

16 Vinde, e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que ele tem feito à minha alma.

17 A ele clamei com a minha boca, e ele foi exaltado pela minha língua.

18 Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;

19 Mas, na verdade, Deus me ouviu; atendeu à voz da minha oração.

20

Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem desviou de mim a sua misericórdia.

Salmo 67

Salmo messiânico — O Senhor fará resplandecer o Seu rosto sobre os homens — Ele julgará e governará em retidão.

Salmo e cântico para o músico-mor sobre Neginote.

1

Deus tenha misericórdia de nós, e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós. (Selá.)

2 Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação.

3 Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

4 Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos com equidade, e governarás as nações sobre a terra. (Selá.)

5 Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

6 Então a terra dará o seu fruto, e Deus, o nosso Deus, nos abençoará.

7 Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão.

Salmo 68

Salmo messiânico de Davi — Ele exalta ao Senhor — O Senhor dá a palavra — Ele leva cativo o cativeiro — Ele nos livra da morte — Cantai louvores ao Senhor.

Salmo e cântico de Davi para o músico-mor.

1

Levante-se Deus, e sejam dissipados os seus inimigos; fugirão de diante dele os que o odeiam.

2 Como se impele a fumaça assim tu os impeles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus.

3 Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e se encham de júbilo.

4 Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai montado sobre os céus, pois o seu nome é Senhor, e exultai diante dele.

5 Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo.

6 Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões, mas os rebeldes habitam em terra seca.

7 Ó Deus, quando saías diante do teu povo, quando caminhavas pelo deserto, (Selá)

8 A terra se abalava, e os céus destilavam perante a face de Deus; até o próprio Sinai foi comovido na presença de Deus, do Deus de Israel.

9 Tu, ó Deus, mandaste a chuva em abundância, confortaste a tua herança, quando estava cansada.

10

Nela habitava o teu rebanho; tu, ó Deus, proveste na tua bondade para o pobre.

11 O Senhor deu a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas novas.

12 Reis de exércitos fugiram às pressas, e aquela que ficava em casa repartia os despojos.

13 Ainda que vos tenhais deitado entre panelas, contudo sereis como as asas de uma pomba, cobertas de prata, e as suas penas, de ouro amarelo.

14 Quando o Onipotente ali espalhou os reis, ela ficou alva como a neve em Salmom.

15 O monte de Deus é como o monte de Basã, um monte elevado como o monte de Basã.

16 Por que saltais, ó montes elevados? Este é o monte que Deus desejou para a sua habitação, e o Senhor habitará nele eternamente.

17 Os carros de Deus são vinte milhares, milhares de milhares. O Senhor está entre eles, como em Sinai, no santuário.

18 Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dávidas para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles.

19 Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos cumula de benefícios, o Deus que é a nossa salvação. (Selá.)

20

Aquele que é o nosso Deus é o Deus da salvação; e a Deus, o Senhor, pertencem os livramentos da morte.

21 Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus inimigos, e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas.

22 Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basã, farei voltar o meu povo das profundezas do mar.

23 Para que o teu pé mergulhe no sangue de teus inimigos, e no mesmo, a língua dos teus cães.

24 Ó Deus, eles viram os teus caminhos, os caminhos do meu Deus, meu Rei, no santuário.

25 Os cantores iam adiante; os tocadores de instrumentos, atrás; entre eles, as donzelas tocando tamborins.

26 Celebrai a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte de Israel.

27 Ali está o pequeno Benjamim, que domina sobre eles, os príncipes de Judá com o seu cortejo, os príncipes de Zebulom e os príncipes de Naftali.

28 O teu Deus ordenou a tua força; fortalece, ó Deus, o que fizeste para nós.

29 Por causa do teu templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes.

30

Repreende asperamente as feras dos canaviais, a multidão dos touros, com os novilhos dos povos, até que cada um se submeta com peças de prata; dissipa os povos que desejam a guerra.

31 Embaixadores reais virão do Egito; a Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos.

32 Reinos da terra, cantai a Deus, cantai louvores ao Senhor, (Selá)

33 Àquele que vai montado sobre os céus dos céus, que existiam desde a antiguidade; eis que envia a sua voz, um brado veemente.

34 Atribuí a Deus força; a sua excelência está sobre Israel, e a sua força, nas mais altas nuvens.

35 Ó Deus, tu és temível desde os teus santuários; o Deus de Israel é o que dá força e poder ao seu povo. Bendito seja Deus!

Salmo 69

Salmo messiânico de Davi — O zelo da casa do Senhor O consumiu — Afrontas quebrantaram-Lhe o coração — Dão-Lhe de beber fel e vinagre — Ele é perseguido — Ele salvará Sião.

Salmo de Davi para o músico-mor, sobre Shoshanim.

1

Livra-me, ó Deus, pois as águas entraram até a minha alma.

2 Atolei-me em profundo lamaçal, onde não se pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva.

3 Estou cansado de clamar; a minha garganta secou; os meus olhos desfalecem esperando o meu Deus.

4 Aqueles que me odeiam sem causa são mais do que os cabelos da minha cabeça; aqueles que procuram destruir-me, sendo injustamente meus inimigos, são poderosos; então restituí o que não furtei.

5 Tu, ó Deus, bem conheces a minha insensatez, e os meus pecados não te são encobertos.

6 Não sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Deus dos Exércitos; não sejam humilhados por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel.

7 Porque por causa de ti tenho suportado afrontas; a vergonha cobriu o meu rosto.

8 Tornei-me um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha mãe.

9 Pois o zelo da tua casa me consumiu, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.

10

Quando chorei, e castiguei com jejum a minha alma, isso se me tornou em afrontas.

11 Pus por veste um pano de saco, e me fiz um provérbio para eles.

12 Aqueles que se assentam à porta falam contra mim, e fui o cântico dos bebedores de bebida forte.

13 Eu, porém, faço a minha oração a ti, Senhor, num tempo aceitável; ó Deus, ouve-me segundo a grandeza da tua misericórdia, segundo a verdade da tua salvação.

14 Tira-me do lamaçal, e não me deixes atolar; seja eu livre dos que me odeiam, e das profundezas das águas.

15 Não me leve a corrente das águas, e não me trague o abismo, nem o poço feche a sua boca sobre mim.

16 Ouve-me, Senhor, pois boa é a tua benignidade; olha para mim segundo a tua grande misericórdia.

17 E não escondas o teu rosto do teu servo, porque estou angustiado; ouve-me depressa.

18 Aproxima-te da minha alma, e resgata-a; livra-me por causa dos meus inimigos.

19 Bem tens conhecido a minha afronta, e a minha vergonha, e a minha desonra; diante de ti estão todos os meus adversários.

20

Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo; esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei.

21 Deram-me fel por alimento, e na minha sede me deram a beber vinagre.

22 Torne-se-lhes a sua mesa diante deles em laço, e o que seria para sua recompensa, em armadilha.

23 Escureçam-se-lhes os seus olhos, para que não vejam, e faze com que os seus lombos tremam constantemente.

24 Derrama sobre eles a tua indignação, e prenda-os o ardor da tua ira.

25 Fique desolado o seu palácio, e não haja quem habite nas suas tendas.

26 Pois perseguem aquele a quem feriste, e conversam sobre a dor daqueles a quem chagaste.

27 Acrescenta iniquidade à iniquidade deles, e não entrem na tua justiça.

28 Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam escritos com os justos.

29 Eu, porém, sou pobre, e estou triste; ponha-me a tua salvação, ó Deus, num alto retiro.

30

Louvarei o nome de Deus com um cântico, e engrandecê-lo-ei com ação de graças.

31 Isso será mais agradável ao Senhor do que o boi ou bezerro que tem chifres e cascos.

32 Os mansos verão isso, e se agradarão; o vosso coração viverá, pois que buscais a Deus.

33 Porque o Senhor ouve os necessitados, e não despreza os seus cativos.

34 Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo quanto neles se move.

35 Porque Deus salvará Sião, e edificará as cidades de Judá, para que habitem nela e as possuam.

36 E herdá-la-á a semente de seus servos, e os que amam o seu nome habitarão nela.

Salmo 70

Davi proclama: Engrandecido seja Deus.

Salmo de Davi para o músico-mor, para lembrança.

1

Apressa-te, ó Deus, em me livrar; Senhor, apressa-te em ajudar-me.

2 Sejam envergonhados e humilhados os que procuram a minha alma; voltem para trás e sejam humilhados os que me desejam mal.

3 Virem as costas por causa da recompensa da sua vergonha os que dizem: Ha! ha!

4 Regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te buscam; e aqueles que amam a tua salvação digam continuamente: Engrandecido seja Deus.

5 Eu, porém, estou aflito e necessitado; apressa-te a mim, ó Deus; tu és o meu auxílio e o meu libertador; Senhor, não te detenhas.

Salmo 71

Davi louva a Deus com ação de graças — Quem é semelhante ao Senhor?

1

Em ti, Senhor, confio; nunca seja eu envergonhado.

2 Livra-me na tua justiça, e faze-me escapar; inclina os teus ouvidos para mim, e salva-me.

3 Sê tu a minha habitação forte, à qual possa recorrer continuamente; deste um mandamento que me salva, pois tu és a minha rocha e a minha fortaleza.

4 Livra-me, meu Deus, das mãos do ímpio, das mãos do homem injusto e cruel.

5 Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a minha confiança desde a minha mocidade.

6 Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe; o meu louvor será para ti constantemente.

7 Sou como um prodígio para muitos, mas tu és o meu refúgio forte.

8 Encha-se a minha boca do teu louvor, da tua glória todo o dia.

9 Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares quando se for acabando a minha força.

10

Porque os meus inimigos falam contra mim, e os que espreitam a minha alma consultam juntos,

11 Dizendo: Deus o desamparou; persegui-o e tomai-o, pois não quem o livre.

12 Ó Deus, não te afastes de mim; meu Deus, apressa-te em ajudar-me.

13 Sejam envergonhados e consumidos os que são adversários da minha alma; cubram-se de opróbrio e desonra aqueles que procuram o meu mal.

14 Mas eu esperarei continuamente, e te louvarei cada vez mais.

15 A minha boca manifestará a tua justiça e a tua salvação todo o dia, pois não conheço o número delas.

16 Sairei na força do Senhor Deus; farei menção da tua justiça, e só dela.

17 Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade, e até aqui tenho anunciado as tuas maravilhas.

18 Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder, a todos os vindouros.

19 Também a tua justiça, ó Deus, é muito alta, pois fizeste grandes coisas; ó Deus, quem é semelhante a ti?

20

Tu, que me tens feito ver muitos males e angústias, me darás a vida ainda, e me tirarás dos abismos da terra.

21 Aumentarás a minha grandeza, e de novo me consolarás.

22 Também eu te louvarei com o saltério, bem como à tua verdade, ó meu Deus; cantarei com a harpa a ti, ó Santo de Israel.

23 Os meus lábios exultarão quando eu cantar a ti, assim como a minha alma, que tu remiste.

24 A minha língua falará da tua justiça todo o dia, pois estão envergonhados e humilhados aqueles que procuram o meu mal.

Salmo 72

Davi fala de Salomão, que se torna um símbolo do Messias — Ele terá domínio — Seu nome permanecerá eternamente — Todas as nações o chamarão bem-aventurado — Toda a Terra se encherá com a glória do Senhor.

Salmo para Salomão.

1

Ó Deus, dá ao rei os teus juízos, e a tua justiça, ao filho do rei.

2 Ele julgará o teu povo com justiça, e os teus pobres, com juízo.

3 Os montes trarão paz ao povo, e também os outeiros, com justiça.

4 Julgará os aflitos do povo, salvará os filhos do necessitado, e esmagará o opressor.

5 Temer-te-ão enquanto durar o sol e a lua, de geração em geração.

6 Ele descerá como a chuva sobre a erva ceifada, como os aguaceiros que umedecem a terra.

7 Nos seus dias florescerá o justo, e haverá abundância de paz, enquanto durar a lua.

8 Dominará de mar a mar, e desde o rio até as extremidades da terra.

9 Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó.

10

Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sabá e de Seba oferecerão dádivas.

11 E todos os reis se prostrarão perante ele; todas as nações o servirão.

12 Porque ele livrará o necessitado quando clamar, como também o aflito e o que não tem quem o ajude.

13 Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará a alma dos necessitados.

14 Libertará a alma deles do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos olhos dele.

15 E viverá, e se lhe dará do ouro de Sabá; e continuamente se fará por ele oração; e todos os dias o bendirão.

16 Haverá um punhado de trigo em terra sobre os cumes dos montes; o seu fruto se abalará como o Líbano, e os da cidade florescerão como a erva da terra.

17 O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos enquanto o sol durar, e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão bem-aventurado.

18 Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, que só ele faz maravilhas.

19 E bendito seja para sempre o seu nome glorioso, e encha-se toda a terra da sua glória. Amém e Amém.

20

Aqui acabam as orações de Davi, filho de Jessé.

Salmo 73

Deus é bom para Israel — Os iníquos e os ímpios prosperam neste mundo — Eles serão consumidos de terrores na vida futura — Aqueles que confiam no Senhor serão recebidos em glória.

Salmo de Asafe.

1

Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.

2 Quanto a mim, os meus pés quase se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.

3 Pois eu tinha inveja dos tolos, quando via a prosperidade dos ímpios.

4 Porque não apertos na sua morte, mas firme está a sua força.

5 Não se acham em trabalhos como outra gente, nem são afligidos como outros homens.

6 Pelo que a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno.

7 Os olhos deles estão inchados de gordura; eles têm mais do que o coração podia desejar.

8 Zombam e falam maldosamente de opressão; falam arrogantemente.

9 Põem a sua boca contra os céus, e a sua língua anda pela terra.

10

Pelo que o seu povo volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem.

11 E dizem: Como o sabe Deus? Ou: Há conhecimento no Altíssimo?

12 Eis que estes são ímpios, e prosperam no mundo, aumentam em riquezas.

13 Na verdade, em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência.

14 Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã.

15 Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos.

16 Quando pensava em entender isso, foi para mim muito doloroso,

17 Até que entrei no santuário de Deus, então entendi eu o fim deles.

18 Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.

19 Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.

20

Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.

21 Assim, o meu coração se amargou, e sinto pontadas nas minhas entranhas.

22 Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti.

23 Todavia estou continuamente contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita.

24 Guiar-me-ás com teu conselho, e depois me receberás em glória.

25 Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.

26 A minha carne e o meu coração desfalecem, mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.

27 Pois eis que os que se afastam de ti perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti.

28 Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.

Salmo 74

Ó Deus, lembra-Te da tua congregação escolhida — Os iníquos destroem o santuário e queimam sinagogas — Ó Deus, lembra-Te deles por suas obras e salva Teu povo.

Masquil de Asafe.

1

Ó Deus, por que nos rejeitaste para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto?

2 Lembra-te da tua congregação, que compraste desde a antiguidade, da vara da tua herança, que remiste, este monte Sião, em que habitaste.

3 Levanta os teus pés para as perpétuas assolações, para tudo o que o inimigo tem feito de mal no santuário.

4 Os teus inimigos bramam no meio das tuas sinagogas; põem nelas as suas insígnias por sinais.

5 Cada qual se fez afamado, conforme levantara o machado contra o espesso arvoredo.

6 Mas agora toda obra entalhada quebram de uma vez com machados e martelos.

7 Lançaram fogo no teu santuário; profanaram a morada do teu nome, derrubando-a até o chão.

8 Disseram no seu coração: Despojemo-los de uma vez. Queimaram todas as sinagogas de Deus na terra.

9 Já não vemos os nossos sinais, já não profeta, nem entre nós alguém que saiba até quando isto durará.

10

Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Blasfemará o inimigo o teu nome para sempre?

11 Por que retiras a tua mão, a saber, a tua destra? Tira-a de dentro do teu seio, e consome-os.

12 Todavia Deus é o meu Rei desde a antiguidade, operando a salvação no meio da terra.

13 Tu dividiste o mar pela tua força; esmagaste a cabeça dos monstros marinhos.

14 Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto.

15 Fendeste a fonte e o ribeiro; secaste os rios impetuosos.

16 Teu é o dia e tua é a noite; preparaste a luz e o sol.

17 Estabeleceste todos os limites da terra; verão e inverno, tu os formaste.

18 Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao Senhor, e que um povo tolo blasfemou o teu nome.

19 Não entregues às feras a alma da tua pombinha; não te esqueças para sempre da vida dos teus aflitos.

20

Atenta ao teu convênio, pois os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de crueldade.

21 Oh, não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o necessitado.

22 Levanta-te, ó Deus, pleiteia a tua própria causa; lembra-te da afronta que o louco te faz cada dia.

23 Não te esqueças dos gritos dos teus inimigos; o tumulto daqueles que se levantam contra ti aumenta continuamente.

Salmo 75

Os justos louvam e dão graças ao Deus de Jacó — Eles serão exaltados — Deus é o juiz, e os iníquos serão condenados.

Para o músico-mor, Al-Tachete. Salmo e cântico de Asafe.

1

A ti, ó Deus, glorificamos, a ti damos louvor, pois o teu nome está perto, as tuas maravilhas o declaram.

2 Quando eu ocupar o lugar determinado, julgarei retamente.

3 A terra e todos os seus moradores estão dissolvidos, mas eu fortaleci as suas colunas. (Selá.)

4 Disse eu aos tolos: Não enlouqueçais; e aos ímpios: Não levanteis a fronte;

5 Não levanteis a vossa fronte altiva, nem faleis com cerviz dura,

6 Porque nem do oriente, nem do ocidente, nem do deserto vem o enaltecimento.

7 Mas Deus é o Juiz; a um abate, e a outro exalta.

8 Porque na mão do Senhor há um cálice, cujo vinho espuma; está cheio de mistura; e dá a beber dele; mas a borra dele, todos os ímpios da terra a sorverão e beberão.

9 E eu o declararei para sempre; cantarei louvores ao Deus de Jacó.

10

E quebrarei todas as forças dos ímpios, mas as forças dos justos serão exaltadas.

Salmo 76

Deus é conhecido em Judá e habita em Sião — Ele livrará os mansos da Terra.

Salmo e cântico de Asafe, para o músico-mor, sobre Neginote.

1

Conhecido é Deus em Judá; grande é o seu nome em Israel.

2 E em Salém está o seu tabernáculo, e a sua morada, em Sião.

3 Ali quebrou as flechas do arco, o escudo, e a espada, e as armas de guerra. (Selá.)

4 Tu és mais ilustre, ó glorioso, do que os montes de caça.

5 Os que são ousados de coração são despojados; dormiram o seu sono; e nenhum dos homens de força achou as próprias mãos.

6 À tua repreensão, ó Deus de Jacó, carros e cavalos são lançados num sono profundo.

7 Tu, sim, tu és temível; e quem subsistirá à tua vista, uma vez que te irares?

8 Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; a terra tremeu e se aquietou,

9 Quando Deus se levantou para fazer juízo, para livrar todos os mansos da terra. (Selá.)

10

Porque a cólera do homem redundará em teu louvor; o restante da cólera tu o restringirás.

11 Fazei votos, e pagai ao Senhor, vosso Deus; tragam presentes, os que estão em redor dele, àquele que é temível.

12 Ele ceifará o espírito dos príncipes; é terrível para com os reis da terra.

Salmo 77

Os justos clamam ao Senhor — Eles se lembram das maravilhas do passado e de como Ele redimiu os filhos de Jacó e guiou Israel como a um rebanho.

Salmo de Asafe, para o músico-mor, por Jedutum.

1

Clamei a Deus com a minha voz; a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos.

2 No dia da minha angústia busquei ao Senhor; a minha mão se estendeu de noite, e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.

3 Lembrava-me de Deus, e me perturbava; queixava-me, e o meu espírito desfalecia. (Selá.)

4 Sustentaste os meus olhos acordados; estou tão perturbado que não posso falar.

5 Considerava os dias da antiguidade, os anos dos tempos antigos.

6 De noite chamei à lembrança o meu cântico; meditei em meu coração, e o meu espírito esquadrinhou.

7 Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável?

8 Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se a promessa de geração em geração?

9 Esqueceu-se Deus de ter misericórdia? Ou encerrou ele as suas misericórdias na sua ira? (Selá.)

10

E eu disse: A minha enfermidade é esta; mas eu me lembrei dos anos da destra do Altíssimo.

11 Eu me lembrarei das obras do Senhor; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.

12 Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.

13 O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?

14 Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.

15 Com o teu braço redimiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Selá.)

16 As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.

17 As nuvens lançaram água, os céus retumbaram; as tuas flechas correram de uma para outra parte.

18 A voz do teu trovão estava no céu; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.

19 O teu caminho é no mar, e as tuas veredas, nas grandes águas, e os teus passos não são conhecidos.

20

Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Aarão.

Salmo 78

Os israelitas devem ensinar a lei do Senhor para seus filhos — O Israel desobediente provocou o Senhor no deserto — Recapitulam-se as pragas do Egito — O Senhor escolhe e abençoa Judá e Davi.

Masquil de Asafe.

1

Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os vossos ouvidos às palavras da minha boca.

2 Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade,

3 Os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais nô-los têm contado.

4 Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez.

5 Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos,

6 Para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos.

7 Para que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos.

8 E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus.

9 Os filhos de Efraim, armados e trazendo arcos, viraram as costas no dia da peleja.

10

Não guardaram o convênio de Deus, e recusaram andar na sua lei.

11 E esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver.

12 Maravilhas que ele fez à vista de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã.

13 Dividiu o mar, e os fez passar por ele; fez com que as águas parassem como num montão.

14 De dia os guiou por uma nuvem, e toda a noite por uma luz de fogo.

15 Fendeu as penhas no deserto, e deu-lhes de beber como de grandes abismos.

16 Fez sair fontes da rocha, e fez correr as águas como rios.

17 E ainda prosseguiram em pecar contra ele, provocando o Altíssimo no deserto.

18 E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo carne para o seu apetite.

19 E falaram contra Deus, e disseram: Acaso pode Deus preparar-nos uma mesa no deserto?

20

Eis que feriu a penha, e águas correram dela; rebentaram ribeiros em abundância; poderá também dar-nos pão, ou preparar carne para o seu povo?

21 Pelo que o Senhor os ouviu, e se indignou, e acendeu um fogo contra Jacó, e furor também subiu contra Israel;

22 Porquanto não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação,

23 Ainda que tenha dado ordem às altas nuvens, e tenha aberto as portas dos céus,

24 E tenha feito chover sobre eles o maná para comerem, e lhes tenha dado do trigo do céu.

25 O homem comeu o pão dos anjos; ele lhes mandou comida a fartar.

26 Fez ventar o vento do oriente nos céus, e o trouxe do sul com a sua força.

27 E fez chover sobre eles carne como pó, e aves de asas como a areia do mar.

28 E as fez cair no meio do seu acampamento, ao redor de suas habitações.

29 Então comeram e se fartaram bem, pois lhes satisfez o seu desejo.

30

Não refrearam o seu apetite. Ainda lhes estava a comida na boca,

31 Quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais gordos deles, e feriu os escolhidos de Israel.

32 Com tudo isso ainda pecaram, e não deram crédito às suas maravilhas.

33 Pelo que consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos na angústia.

34 Quando os matava, então o procuravam; e voltavam, e cedo buscavam a Deus.

35 E se lembravam de que Deus era a sua rocha, e o Deus Altíssimo, o seu Redentor.

36 Todavia lisonjeavam-no com a boca, e com a língua lhe mentiam.

37 Porque o seu coração não era reto para com ele, nem foram fiéis no seu convênio.

38 Porém ele, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade, e não os destruiu; antes, muitas vezes desviou deles o seu furor, e não despertou toda a sua ira.

39 Porque se lembrou de que eram de carne, vento que vai e não retorna.

40

Quantas vezes o provocaram no deserto, e o molestaram no ermo!

41 Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e limitaram o Santo de Israel.

42 Não se lembraram da sua mão, nem do dia em que os livrou do adversário;

43 Como operou os seus sinais no Egito, e as suas maravilhas no campo de Zoã;

44 E converteu os seus rios em sangue, e as suas correntes, para que não pudessem beber.

45 Enviou entre eles enxames de moscas que os consumiram, e rãs que os destruíram.

46 Deu também ao pulgão a sua produção; e o seu trabalho, aos gafanhotos.

47 Destruiu as suas vinhas com saraiva; e os seus sicômoros, com geada.

48 Também entregou o seu gado à saraiva; e os seus rebanhos, às brasas ardentes.

49 Lançou sobre eles o ardor da sua ira, furor, indignação, e angústia, mandando maus anjos contra eles.

50

Preparou caminho à sua ira; não retirou as suas almas da morte, mas entregou à pestilência as suas vidas.

51 E feriu todo primogênito no Egito, primícias da sua força nas tendas de Cão.

52 Mas fez com que o seu povo saísse como ovelhas, e os guiou pelo deserto como um rebanho.

53 E os guiou com segurança, de modo que não temeram, mas o mar cobriu os seus inimigos.

54 E os trouxe até o termo do seu santuário, até este monte que a sua destra adquiriu.

55 E expulsou as nações de diante deles, e as repartiu em herança por linha, e fez habitar em suas tendas as tribos de Israel.

56 Contudo, tentaram e provocaram o Deus Altíssimo, e não guardaram os seus testemunhos.

57 Mas retiraram-se para trás, e portaram-se infielmente como seus pais; viraram-se como um arco enganoso.

58 Pois o provocaram à ira com os seus altos, e incitaram o seu zelo com as suas imagens de escultura.

59 Deus ouviu isso e se indignou; e repudiou sobremaneira Israel.

60

Pelo que desamparou o tabernáculo em Siló, a tenda que estabeleceu entre os homens.

61 E deu a sua força ao cativeiro; e a sua glória, à mão do inimigo.

62 E entregou o seu povo à espada; e se enfureceu contra a sua herança.

63 O fogo consumiu os seus moços, e as suas virgens não foram dadas em casamento.

64 Os seus sacerdotes caíram à espada, e as suas viúvas não fizeram lamentação.

65 Então o Senhor despertou, como quem acaba de dormir, como um valente que se alegra com o vinho.

66 E feriu os seus adversários por detrás, e pô-los em perpétuo desprezo.

67 Além disso, recusou o tabernáculo de José, e não elegeu a tribo de Efraim.

68 Antes elegeu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava.

69 E edificou o seu santuário como altos palácios, como a terra que fundou para sempre.

70

Também elegeu Davi seu servo, e o tirou dos apriscos das ovelhas,

71 E o tirou do cuidado das que se acharam prenhes, para apascentar Jacó, seu povo, e Israel, sua herança.

72 Assim os apascentou, segundo a integridade do seu coração, e os guiou pela perícia de suas mãos.

Salmo 79

As nações dos gentios destroem Jerusalém e profanam o templo — Israel roga perdão e libertação.

Salmo de Asafe.

1

Ó Deus, os gentios vieram à tua herança; contaminaram o teu santo templo; reduziram Jerusalém a montões de pedras.

2 Deram os corpos mortos dos teus servos por comida às aves dos céus, e a carne dos teus santos, às feras da terra.

3 Derramaram o sangue deles como água ao redor de Jerusalém, e não houve quem os enterrasse.

4 Somos feitos opróbrio para nossos vizinhos, escárnio e zombaria para os que estão ao nosso redor.

5 Até quando, Senhor? Acaso te indignarás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo?

6 Derrama o teu furor sobre os gentios que não te conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome.

7 Porque devoraram Jacó, e assolaram as suas moradas.

8 Não te lembres das nossas iniquidades passadas; venham depressa a nós as tuas misericórdias, pois estamos muito abatidos.

9 Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome, e livra-nos, e expia os nossos pecados por causa do teu nome.

10

Porque diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Seja ele conhecido entre os gentios, à nossa vista, pela vingança do sangue dos teus servos, que foi derramado.

11 Venha perante a tua face o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço preserva aqueles que estão sentenciados à morte.

12 E retribui aos nossos vizinhos, no seu regaço, sete vezes tanto da sua injúria com a qual te injuriaram, Senhor.

13 Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus louvores.

Salmo 80

Israel roga ao Pastor de Israel pedindo que os liberte, que os salve e que faça resplandecer o Seu rosto sobre eles.

Para o músico-mor. Sobre Shoshanim-Edute. Salmo de Asafe.

1

Tu, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias José como a um rebanho, tu, que te assentas entre os querubins, resplandece.

2 Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos.

3 Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.

4 Ó Senhor Deus dos Exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo?

5 Tu os sustentas com pão de lágrimas, e lhes dás a beber lágrimas, com abundância.

6 Tu nos pões em contendas com os nossos vizinhos, e os nossos inimigos zombam de nós entre si.

7 Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos, e faze resplandecer o teu rosto; e seremos salvos.

8 Trouxeste uma vinha do Egito, lançaste fora as nações, e a plantaste.

9 Preparaste-lhe lugar, e fizeste com que ela deitasse raízes; e encheu a terra.

10

Os montes foram cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros.

11 Ela estendeu a sua ramagem até o mar, e os seus ramos, até o rio.

12 Por que quebraste então as suas cercas, de modo que todos os que passam por ela a vindimam?

13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.

14 Oh, Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, atenta dos céus, e vê, e visita esta vide,

15 E a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti.

16 Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face.

17 Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti.

18 Assim, nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome.

19 Faze-nos voltar, Senhor Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.

Salmo 81

Ordena-se a Israel que cante louvores a Deus — Se os israelitas tivessem seguido o caminho do Senhor, teriam triunfado sobre seus inimigos.

Salmo de Asafe para o músico-mor, sobre Gitite.

1

Exultai a Deus, nossa fortaleza; jubilai ao Deus de Jacó.

2 Tomai o saltério, e trazei o tamborim, a harpa suave, e o alaúde.

3 Tocai a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade.

4 Porque isso era um estatuto para Israel, e uma lei do Deus de Jacó.

5 Ordenou-o em José por testemunho, quando saíra pela terra do Egito, onde ouvi uma língua que não entendia.

6 Tirei de seus ombros a carga; as suas mãos ficaram livres dos cestos.

7 Clamaste na angústia, e te livrei; respondi-te no lugar oculto dos trovões; provei-te nas águas de Meribá. (Selá.)

8 Ouve-me, povo meu, e eu te atestarei: Ah, Israel, se me ouvisses!

9 Não haverá entre ti deus alheio nem te prostrarás ante um deus estranho.

10

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito; abre bem a tua boca, e ta encherei.

11 Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz, e Israel não me quis.

12 Pelo que eu os entreguei aos desejos do seu próprio coração, e andaram nos seus próprios conselhos.

13 Oh, se o meu povo me tivesse ouvido! Se Israel andasse nos meus caminhos!

14 Em breve eu abateria os seus inimigos, e voltaria a minha mão contra os seus adversários.

15 Os que odeiam ao Senhor ter-se-lhe-iam sujeitado; e o seu tempo seria eterno.

16 E ele o sustentaria com o trigo mais fino; e eu te fartaria com o mel saído da pedra.

Salmo 82

Assim diz o Senhor: Vós sois deuses e filhos do Altíssimo.

Salmo de Asafe.

1

Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses.

2 Até quando julgareis injustamente, e aceitareis as pessoas dos ímpios? (Selá.)

3 Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e necessitado.

4 Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.

5 Eles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos da terra vacilam.

6 Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós sois filhos do Altíssimo.

7 Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes.

8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois tu possuis todas as nações.

Salmo 83

Pede-se a Deus que confunda os inimigos de Seu povo — Jeová é o Altíssimo sobre toda a Terra.

Cântico e salmo de Asafe.

1

Ó Deus, não estejas em silêncio; não te cales, nem te aquietes, ó Deus.

2 Porque eis que teus inimigos fazem tumulto, e os que te odeiam levantaram a cabeça.

3 Tomaram astuto conselho contra o teu povo, e consultavam contra os teus escondidos.

4 Disseram: Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de Israel.

5 Porque consultaram juntos e unânimes; eles se aliam contra ti:

6 As tendas de Edom, e dos ismaelitas, de Moabe, e dos agarenos,

7 De Gebal, e de Amom, e de Amaleque, da Filístia, com os moradores de Tiro.

8 Também a Assíria se ajuntou com eles; foram ajudar os filhos de Ló. (Selá.)

9 Faze-lhes como aos midianitas; como a Sísera, como a Jabim, na ribeira de Quisom,

10

Os quais pereceram em Endor; tornaram-se como estrume para a terra.

11 Faze aos seus nobres como a Orebe, e como a Zeebe e a todos os seus príncipes, como a Zebá e como a Zalmuna,

12 Que disseram: Tomemos para nós as casas de Deus em possessão.

13 Deus meu, faze-os como um tufão, como a palha diante do vento.

14 Como o fogo que queima um bosque, e como a chama que incendeia as florestas,

15 Assim, persegue-os com a tua tempestade, e assombra-os com o teu torvelinho.

16 Encha-se de vergonha a sua face, para que busquem o teu nome, Senhor.

17 Envergonhem-se e assombrem-se perpetuamente; sejam humilhados, e pereçam.

18 Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome de Jeová, és o Altíssimo sobre toda a terra.

Salmo 84

Os justos clamam ao Deus vivo — É melhor estar à porta da casa do Senhor do que habitar nas tendas dos ímpios — Nenhuma coisa boa é retida daqueles que andam em retidão.

Para o músico-mor, sobre Gitite. Salmo para os filhos de Coré.

1

Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos.

2 A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.

3 Até o pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.

4 Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente. (Selá.)

5 Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados,

6 Que, passando pelo vale das amoreiras, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.

7 Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.

8 Senhor Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; inclina os ouvidos, ó Deus de Jacó! (Selá.)

9 Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.

10

Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios.

11 Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum dos que andam na retidão.

12 Senhor dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança.

Salmo 85

O Senhor fala de paz a Seu povo — A verdade brotará da Terra (o Livro de Mórmon), e a retidão olhará desde o céu.

Salmo para o músico-mor, entre os filhos de Coré.

1

Abençoaste, Senhor, a tua terra; fizeste voltar o cativeiro de Jacó.

2 Perdoaste a iniquidade do teu povo; cobriste todos os seus pecados. (Selá.)

3 Fizeste cessar toda a tua indignação; desviaste-te do ardor da tua ira.

4 Faze-nos voltar, ó Deus da nossa salvação, e faze cessar a tua ira de sobre nós.

5 Acaso estarás sempre irado contra nós? Ou estenderás a tua ira a todas as gerações?

6 Não tornarás a reviver-nos, para que o teu povo se alegre em ti?

7 Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia, e concede-nos a tua salvação.

8 Escutarei o que Deus, o Senhor, falar, porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que não voltem à loucura.

9 Certamente a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra.

10

A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.

11 A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.

12 Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra dará o seu fruto.

13 A justiça irá adiante dele, e a porá no caminho dos seus passos.

Salmo 86

Davi implora misericórdia a Deus e é salvo do inferno mais profundo — O Senhor é bom e abundante em misericórdia — Todas as nações se prostrarão diante Dele.

Oração de Davi.

1

Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e ouve-me, porque estou necessitado e aflito.

2 Guarda a minha alma, pois sou santo; ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia.

3 Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia.

4 Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a minha alma.

5 Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.

6 Dá ouvidos, Senhor, à minha oração, e atende à voz das minhas súplicas.

7 No dia da minha angústia clamo a ti, porquanto me respondes.

8 Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas.

9 Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome.

10

Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe o meu coração para só temer o teu nome.

12 Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre.

13 Pois grande é a tua misericórdia para comigo, e livraste a minha alma do inferno mais profundo.

14 Ó Deus, os soberbos se levantaram contra mim, e as assembleias dos tiranos procuraram a minha alma, e não te puseram perante os seus olhos.

15 Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, longânimo, e grande em benignidade e em verdade.

16 Volta-te para mim, e tem misericórdia de mim; dá a tua fortaleza ao teu servo, e salva o filho da tua serva.

17 Mostra-me um sinal de bondade, para que o vejam aqueles que me odeiam, e sejam envergonhados; porque tu, Senhor, me ajudaste e me consolaste.

Salmo 87

O Senhor ama as portas de Sião, e Ele próprio estabelecerá Sião.

Salmo e canto para os filhos de Coré.

1

O seu fundamento está nos montes santos.

2 O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as habitações de Jacó.

3 Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. (Selá.)

4 Farei menção de Raabe e de Babilônia àqueles que me conhecem; eis que da Filístia, e de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este homem nasceu ali.

5 E de Sião se dirá: Este e aquele nasceram ali; e o próprio Altíssimo a estabelecerá.

6 O Senhor contará na descrição dos povos que este homem nasceu ali. (Selá.)

7 Assim como os cantores e tocadores de instrumentos estarão lá, todas as minhas fontes estão dentro de ti.

Salmo 88

Oração de alguém que se sente abandonado e pergunta se a benignidade do Senhor será anunciada na sepultura.

Cântico e salmo para os filhos de Coré e para o músico-mor, sobre Maalate-Leanote, Masquil de Hemã, ezraíta.

1

Senhor Deus da minha salvação, diante de ti tenho clamado de dia e de noite.

2 Chegue a minha oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao meu clamor,

3 Porque a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida se aproxima da sepultura.

4 Estou contado com aqueles que descem ao abismo, estou como homem sem forças,

5 Apartado entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais não te lembras mais, e estão cortados de tua mão.

6 Puseste-me no abismo mais profundo, em trevas e nas profundezas.

7 Sobre mim pesa o teu furor; tu me afligiste com todas as tuas ondas. (Selá.)

8 Afastaste de mim os meus conhecidos, puseste-me em extrema abominação para com eles; estou fechado, e não posso sair.

9 A minha vista desfalece por causa da aflição; Senhor, tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos.

10

Mostrarás tu maravilhas aos mortos? Os mortos se levantarão e te louvarão? (Selá.)

11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição?

12 Saber-se-ão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?

13 Eu, porém, Senhor, tenho clamado a ti, e de madrugada chega a ti a minha oração.

14 Senhor, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face?

15 Estou aflito, e tenho estado prestes a morrer desde a minha mocidade; enquanto sofro os teus terrores, estou conturbado.

16 A tua ardente indignação sobre mim vai passando; os teus terrores me têm retalhado.

17 Eles me rodeiam todo o dia como água; eles juntos me sitiam.

18 Desviaste para longe de mim amigos e companheiros, e os meus conhecidos estão em trevas.

Salmo 89

Salmo messiânico — Cântico que narra a misericórdia, a grandeza, a justiça e a retidão do Santo de Israel — O Senhor estabelecerá a semente e o trono de Davi para sempre — Deus fará com que Seu Primogênito seja maior que os reis da Terra.

Masquil de Etã, o ezraíta.

1

As benignidades do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de geração em geração.

2 Pois disse eu: A tua benignidade será edificada para sempre; tu confirmarás a tua fidelidade até nos céus, dizendo:

3 Fiz um convênio com o meu escolhido; jurei ao meu servo Davi, dizendo:

4 A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá.)

5 E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade também na congregação dos santos.

6 Pois quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem entre os filhos dos poderosos pode ser semelhante ao Senhor?

7 Deus é sobremodo temível na assembleia dos santos, e para ser reverenciado por todos os que o cercam.

8 Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é forte como tu, Senhor, com a tua fidelidade em redor de ti?

9 Tu dominas o ímpeto do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar.

10

Tu quebraste Raabe como se fora ferida de morte; espalhaste os teus inimigos com o teu braço forte.

11 Teus são os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.

12 O norte e o sul, tu os criaste; Tabor e Hermom jubilam em teu nome.

13 Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e alta está a tua destra.

14 Justiça e juízo são o assento do teu trono; misericórdia e verdade irão adiante do teu rosto.

15 Bem-aventurado o povo que conhece o som alegre; andará, ó Senhor, na luz da tua face.

16 Em teu nome se alegrará todo o dia, e na tua justiça se exaltará.

17 Pois tu és a glória da sua força; e no teu favor será exaltado o nosso poder.

18 Porque o Senhor é a nossa defesa, e o Santo de Israel, o nosso Rei.

19 Então falaste em visão ao teu santo, e disseste: Pus o socorro sobre um que é poderoso; exaltei um eleito do povo.

20

Achei Davi, meu servo; com santo óleo o ungi;

21 Com o qual a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá.

22 O inimigo não o apertará, nem o filho da perversidade o afligirá.

23 E eu derrubarei os seus inimigos perante a sua face, e ferirei os que o odeiam.

24 E a minha fidelidade e a minha benignidade estarão com ele; e em meu nome será exaltado o seu poder.

25 Porei também a sua mão no mar; e a sua direita, nos rios.

26 Ele me chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação.

27 Também o farei meu primogênito, mais elevado do que os reis da terra.

28 A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e o meu convênio lhe será firme.

29 E conservarei para sempre a sua semente; e o seu trono, como os dias do céu.

30

Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nos meus juízos,

31 Se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,

32 Então castigarei a sua transgressão com a vara; e a sua iniquidade, com açoites.

33 Porém não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade.

34 Não quebrarei o meu convênio, não alterarei o que saiu dos meus lábios.

35 Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi.

36 A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim,

37 Será estabelecido para sempre como a lua, e como uma testemunha fiel no céu. (Selá.)

38 Porém tu rejeitaste e repudiaste; tu te indignaste contra o teu ungido.

39 Abominaste o convênio do teu servo; profanaste a sua coroa, lançando-a por terra.

40

Derrubaste todos os seus muros; arruinaste as suas fortificações.

41 Todos os que passam pelo caminho o despojam; é um opróbrio para os seus vizinhos.

42 Exaltaste a destra dos seus adversários; fizeste com que todos os seus inimigos se regozijassem.

43 Também embotaste os fios da sua espada, e não o sustentaste na peleja.

44 Fizeste cessar a sua glória, e deitaste por terra o seu trono.

45 Abreviaste os dias da sua mocidade; cobriste-o de vergonha. (Selá.)

46 Até quando, Senhor? Acaso te esconderás para sempre? Arderá a tua ira como fogo?

47 Lembra-te de quão breves são os meus dias. Por que criaste em vão todos os filhos dos homens?

48 Que homem há que viva e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura? (Selá.)

49 Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades, que juraste a Davi pela tua verdade?

50

Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos, como eu trago no meu peito o opróbrio de todos os povos poderosos,

51 Com o qual, Senhor, os teus inimigos têm difamado, com o qual têm difamado os passos do teu ungido.

52 Bendito seja o Senhor para sempre. Amém, e Amém.

Salmo 90

Oração de Moisés, homem de Deus — Deus é de eternidade em eternidade — Os dias do homem não duram mais que setenta anos — Moisés implora ao Senhor que conceda misericórdia e bênçãos a Seu povo.

Oração de Moisés, homem de Deus.

1

Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.

2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade em eternidade, tu és Deus.

3 Tu reduzes o homem à destruição, e dizes: Voltai, filhos dos homens.

4 Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.

5 Tu os levas como com uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce.

6 De madrugada, floresce e cresce; à tarde, murcha e seca.

7 Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados.

8 Diante de ti puseste as nossas iniquidades; os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.

9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um suspiro.

10

Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns pela sua robustez chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois logo passa e vamos embora voando.

11 Quem conhece o poder da tua ira? Tal como és temível, assim é o teu furor.

12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que obtenhamos um coração sábio.

13 Volta-te para nós, Senhor! Até quando? E tem compaixão para com os teus servos.

14 Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias.

15 Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal.

16 Apareça a tua obra aos teus servos; e a tua glória, sobre seus filhos.

17 E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.

Salmo 91

Salmo messiânico — O Senhor libertará o Messias do terror, da peste e da guerra — O Senhor dará ordem aos Seus anjos de protegerem o Messias e O libertará e honrará.

1

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.

2 Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.

3 Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.

4 Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.

5 Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,

6 Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.

8 Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.

9 Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.

10

Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.

11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito para te guardarem em todos os teus caminhos.

12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.

13 Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.

14 Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.

15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.

16 Fartá-lo-ei com longos dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

Salmo 92

Salmo ou cântico para o dia do Sábado — Dai graças ao Senhor — Seus inimigos perecerão — O justo florescerá — Não há injustiça no Senhor.

Salmo e cântico para o dia do sábado.

1

Bom é louvar ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo,

2 Para de manhã anunciar a tua benignidade, e todas as noites, a tua fidelidade,

3 Sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o saltério, sobre a harpa com som solene.

4 Pois tu, Senhor, me alegraste pelos teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.

5 Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! Muito profundos são os teus pensamentos.

6 O homem estúpido não conhece, nem o tolo entende isso.

7 Quando o ímpio crescer como a erva, e quando florescerem todos os que praticam a iniquidade, é que serão destruídos perpetuamente.

8 Mas tu, Senhor, és o Altíssimo para sempre.

9 Pois eis que os teus inimigos, Senhor, eis que os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os que praticam a iniquidade,

10

Porém tu exaltarás o meu poder, como o do touro selvagem; serei ungido com óleo fresco.

11 Os meus olhos verão o meu desejo sobre os meus inimigos, e os meus ouvidos ouvirão o meu desejo acerca dos malfeitores que se levantam contra mim.

12 O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano.

13 Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus.

14 Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes,

15 Para anunciar que o Senhor é reto; ele é a minha rocha, e nele não injustiça.

Salmo 93

O Senhor reina — Ele é desde a eternidade — A santidade adorna a casa do Senhor para sempre.

1

O Senhor reina; está vestido de majestade; o Senhor está vestido, cingiu-se de fortaleza; o mundo também está firmado, e não pode ser abalado.

2 O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade.

3 Os rios levantam, ó Senhor, os rios levantam o seu ruído, os rios levantam as suas ondas.

4 Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o ruído das grandes águas e do que as grandes ondas do mar.

5 Muito fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre.

Salmo 94

O Senhor julgará a Terra e todos os homens — Bem-aventurado é aquele que o Senhor ensina e castiga — O Senhor não rejeitará o Seu povo, mas destruirá os iníquos.

1

Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente.

2 Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá a paga aos soberbos.

3 Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios saltarão de prazer?

4 Até quando proferirão e falarão coisas duras, e se gloriarão todos os que praticam a iniquidade?

5 Reduzem a pedaços o teu povo, ó Senhor, e afligem a tua herança.

6 Matam a viúva e o estrangeiro, e ao órfão tiram a vida.

7 Contudo dizem: O Senhor não o verá, nem para isso atentará o Deus de Jacó.

8 Atendei, ó brutais dentre o povo; e vós, tolos, quando sereis sábios?

9 Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho não verá?

10

Aquele que argui as nações não castigará? E o que ensina ao homem o conhecimento não saberá?

11 O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.

12 Bem-aventurado é o homem a quem tu castigas, ó Senhor, e a quem ensinas a tua lei,

13 Para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio.

14 Pois o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança.

15 Mas o juízo voltará à retidão, e segui-lo-ão todos os retos de coração.

16 Quem será por mim contra os malfeitores? Quem se porá por mim contra os que praticam a iniquidade?

17 Se o Senhor não tivesse sido o meu auxílio, a minha alma quase teria ficado no silêncio.

18 Quando eu disse: O meu pé vacila; a tua benignidade, Senhor, me susteve.

19 Na multidão dos meus pensamentos dentro de mim, as tuas consolações recrearam a minha alma.

20

Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal por uma lei?

21 Eles se ajuntam contra a alma do justo, e condenam o sangue inocente.

22 Mas o Senhor é a minha defesa; e o meu Deus é a rocha do meu refúgio.

23 E trará sobre eles a sua própria iniquidade, e os destruirá na sua própria maldade; o Senhor nosso Deus os destruirá.

Salmo 95

Cantemos ao Senhor — Adoremos e prostremo-nos diante Dele — Israel provocou o Senhor e não entrou no Seu repouso.

1

Vinde, cantemos ao Senhor; jubilemos à rocha da nossa salvação.

2 Apresentemo-nos ante a sua face com louvores, e celebremo-lo com salmos.

3 Porque o Senhor é Deus grande, e Rei grande sobre todos os deuses.

4 Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas.

5 Seu é o mar, e ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca.

6 Ó vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.

7 Porque ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto, e ovelhas da sua mão. Se hoje ouvirdes a sua voz,

8 Não endureçais o vosso coração, assim como na provocação e como no dia da tentação no deserto;

9 Quando vossos pais me tentaram, me puseram à prova, e viram a minha obra.

10

Quarenta anos estive desgostado com essa geração, e disse: É um povo que erra de coração, e não conhece os meus caminhos,

11 A quem jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.

Salmo 96

Cantai louvores ao Senhor — Anunciai Seu nome entre as nações — Adorai ao Senhor na beleza da santidade — Ele vem julgar Seu povo e o mundo.

1

Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor toda a terra.

2 Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome; anunciai a sua salvação de dia em dia.

3 Anunciai entre as nações a sua glória; entre todos os povos, as suas maravilhas.

4 Porque grande é o Senhor, e digno de louvor, mais temível do que todos os deuses.

5 Porque todos os deuses dos povos são ídolos, mas o Senhor fez os céus.

6 Glória e majestade estão ante a sua face; força e formosura, no seu santuário.

7 Dai ao Senhor, ó famílias dos povos, dai ao Senhor glória e força.

8 Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferenda, e entrai nos seus átrios.

9 Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra.

10

Dizei entre as nações que o Senhor reina; o mundo também se firmará para que não se abale; julgará os povos com retidão.

11 Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; brame o mar e a sua plenitude.

12 Alegre-se o campo com tudo o que nele, então se regozijarão todas as árvores do bosque

13 Ante a face do Senhor, porque vem, porque vem para julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua verdade.

Salmo 97

O Senhor reina em glória milenar — Os montes derretem em Sua presença — Aqueles que amam ao Senhor odeiam o mal.

1

O Senhor reina; regozije-se a terra; alegrem-se as muitas ilhas.

2 Nuvens e obscuridade estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do seu trono.

3 Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus inimigos em redor.

4 Os seus relâmpagos alumiam o mundo; a terra viu e tremeu.

5 Os montes se derretem como cera na presença do Senhor, na presença do Senhor de toda a terra.

6 Os céus anunciam a sua justiça, e todos os povos veem a sua glória.

7 Envergonhados sejam todos os que servem imagens de escultura, que se gloriam de ídolos; prostrai-vos diante dele, todos os deuses.

8 Sião ouviu e se alegrou; e as filhas de Judá se alegraram por causa da tua justiça, ó Senhor.

9 Pois tu, Senhor, és o mais alto sobre toda a terra; tu és muito mais exaltado do que todos os deuses.

10

Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal; ele guarda a alma dos seus santos, ele os livra das mãos dos ímpios.

11 Semeia-se a luz para o justo, e a alegria, para os retos de coração.

12 Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e dai louvores à memória da sua santidade.

Salmo 98

Cantai ao Senhor — Todas as extremidades da Terra verão Sua salvação — Ele vem para julgar todos os homens com equidade e retidão.

Salmo.

1

Cantai ao Senhor um cântico novo, porque fez maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a salvação.

2 O Senhor fez notória a sua salvação, manifestou a sua justiça perante os olhos das nações.

3 Lembrou-se da sua benignidade e da sua verdade para com a casa de Israel; todas as extremidades da terra viram a salvação do nosso Deus.

4 Exultai no Senhor, toda a terra; exclamai e alegrai-vos de prazer, e cantai louvores.

5 Cantai louvores ao Senhor com a harpa, com a harpa e a voz do canto.

6 Com trombetas e som de cornetas, exultai perante a face do Senhor, o Rei.

7 Brame o mar e a sua plenitude, o mundo, e os que nele habitam.

8 Os rios batam palmas; regozijem-se também as montanhas,

9 Perante a face do Senhor, porque vem para julgar a terra; com justiça julgará o mundo; e o povo, com equidade.

Salmo 99

O Senhor é grande em Sião — Exaltai ao Senhor e adorai-o diante de Seu escabelo, pois Ele é santo.

1

O Senhor reina; tremam as nações; está assentado entre os querubins; comova-se a terra.

2 O Senhor é grande em Sião, e mais alto do que todas as nações.

3 Louvem o teu nome, grande e temível, pois é santo.

4 Também o poder do Rei ama o juízo; tu firmas a equidade, fazes juízo e justiça em Jacó.

5 Exaltai ao Senhor nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés, pois é santo.

6 Moisés e Aarão, entre os seus sacerdotes, e Samuel entre os que invocam o seu nome, clamavam ao Senhor, e Ele os ouvia.

7 Na coluna de nuvem lhes falava; eles guardavam os seus testemunhos, e os estatutos que lhes dera.

8 Tu os escutaste, Senhor nosso Deus; tu foste um Deus que lhes perdoaste, ainda que tomaste vingança dos seus feitos.

9 Exaltai ao Senhor nosso Deus, e adorai-o no seu monte santo, pois o Senhor nosso Deus é santo.

Salmo 100

Salmo de louvor — Servi ao Senhor com alegria, todos vós, Seu povo — Dai-Lhe graças e bendizei o Seu nome.

Salmo de louvor.

1

Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras.

2 Servi ao Senhor com alegria, e entrai diante dele com canto.

3 Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto.

4 Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios com hino; dai-lhe graças, e bendizei o seu nome.

5 Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração.

Salmo 101

Davi canta a misericórdia e a justiça — Ele rejeitará a companhia dos que praticam a iniquidade.

Salmo de Davi.

1

Cantarei a misericórdia e o juízo; a ti, Senhor, cantarei.

2 Portar-me-ei com sabedoria no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração íntegro.

3 Não porei coisa má diante dos meus olhos; odeio a obra daqueles que se desviam; não se apegará a mim.

4 Um coração perverso se apartará de mim; não conhecerei o homem mau.

5 Aquele que calunia o seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo, e coração soberbo, não suportarei.

6 Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.

7 O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não permanecerá ante os meus olhos.

8 Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do Senhor todos os que praticam a iniquidade.

Salmo 102

O salmista profere a oração de um aflito — Sião será edificada quando o Senhor aparecer em Sua glória — Ainda que o céu e a Terra pereçam, o Senhor que os criou permanecerá para sempre.

Oração do aflito, vendo-se desfalecido, e derramando a sua queixa perante a face do Senhor.

1

Senhor, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor.

2 Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa.

3 Porque os meus dias se consomem como a fumaça, e os meus ossos ardem como lenha.

4 O meu coração está ferido e seco como a erva, pelo que me esqueço de comer o meu pão.

5 Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam à minha pele.

6 Sou semelhante ao pelicano no deserto; sou como um mocho nos lugares assolados.

7 Vigio, sou como o pardal solitário no telhado.

8 Os meus inimigos me afrontam todo o dia; os que se enfurecem contra mim juraram contra mim.

9 Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida,

10

Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremessaste.

11 Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando.

12 Mas tu, Senhor, permanecerás para sempre, e a tua memória, de geração em geração.

13 Tu te levantarás e terás piedade de Sião, pois o tempo de te compadeceres dela, o tempo determinado, já chegou.

14 Porque os teus servos têm prazer nas suas pedras, e se compadecem do seu pó.

15 Então as nações temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra, a tua glória.

16 Quando o Senhor edificar Sião, aparecerá na sua glória.

17 Ele atenderá à oração do desamparado, e não desprezará a sua oração.

18 Isso se escreverá para a geração futura, e o povo que se criar louvará ao Senhor.

19 Pois olhou desde o alto do seu santuário, desde os céus o Senhor contemplou a terra,

20

Para ouvir o gemido dos presos, para soltar os sentenciados à morte,

21 Para anunciarem o nome do Senhor em Sião, e o seu louvor, em Jerusalém,

22 Quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor.

23 Abateu a minha força no caminho; abreviou os meus dias.

24 Dizia eu: Meu Deus, não me leves no meio dos meus dias, os teus anos são por todas as gerações.

25 Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos.

26 Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles envelhecerão como uma veste; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.

27 Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.

28 Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti.

Salmo 103

Davi exorta os santos a bendizer ao Senhor por Sua misericórdia — O Senhor é misericordioso com aqueles que guardam Seus mandamentos.

Salmo de Davi.

1

Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.

2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios,

3 O que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades,

4 Que redime a tua vida da perdição, que te coroa de benignidade e de misericórdia,

5 Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renove como a da águia.

6 O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos.

7 Fez conhecidos os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos, aos filhos de Israel.

8 Misericordioso e piedoso é o Senhor, longânimo e grande em benignidade.

9 Não reprovará perpetuamente, nem para sempre manterá a sua ira.

10

Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades.

11 Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.

12 Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

13 Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.

14 Pois ele conhece a nossa estrutura, lembra-se de que somos pó.

15 Quanto ao homem, os seus dias são como a erva; como a flor do campo, assim floresce.

16 Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.

17 Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos,

18 Sobre aqueles que guardam o seu convênio, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprirem.

19 O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.

20

Bendizei ao Senhor, vós os seus anjos, que excedeis em força, que guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra.

21 Bendizei ao Senhor, vós, todos os seus exércitos, ministros seus, que executais o seu beneplácito.

22 Bendizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio; bendize, ó minha alma, ao Senhor.

Salmo 104

O Senhor está vestido de glória e de majestade — Ele faz dos Seus anjos espíritos e dos Seus ministros, um fogo abrasador — Ele provê sustento a todas as formas de vida — Sua glória perdura para sempre.

1

Bendize, ó minha alma, ao Senhor; Senhor Deus meu, tu és magnificentíssimo, estás vestido de glória e de majestade.

2 Ele se cobre de luz como de uma veste; estende os céus como uma cortina.

3 Põe nas águas as vigas das suas câmaras; faz das nuvens o seu carro; anda sobre as asas do vento.

4 Faz dos seus anjos espíritos; dos seus ministros, um fogo abrasador.

5 Lançou os fundamentos da terra, para que não se abale em tempo algum.

6 Tu a cobres com o abismo, como com uma veste; as águas estavam sobre os montes.

7 À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão se apressaram.

8 Sobem aos montes, descem aos vales, até o lugar que para elas fundaste.

9 Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra.

10

Tu, que fazes sair as fontes nos vales, as quais correm entre os montes.

11 Dão de beber a todo animal do campo; os jumentos monteses matam a sua sede.

12 Junto delas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os ramos.

13 Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra se farta do fruto das suas obras.

14 Faz crescer a erva para os animais, e a verdura, para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão,

15 E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.

16 As árvores do Senhor fartam-se de seiva, os cedros do Líbano que ele plantou,

17 Onde as aves se aninham; quanto à cegonha, a sua casa é nas faias.

18 Os altos montes são um refúgio para as cabras monteses, e as rochas, para os coelhos.

19 Designou a lua para as estações; o sol conhece o seu ocaso.

20

Dispões a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animais da selva.

21 Os leõezinhos bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento.

22 Nasce o sol, e logo se acolhem, e se deitam nos seus covis.

23 Então sai o homem à sua obra e ao seu trabalho, até a tarde.

24 Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.

25 Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde seres sem número, animais pequenos e grandes.

26 Ali andam os navios, e o leviatã que formaste para nele folgar.

27 Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno.

28 Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e eles se enchem de bens.

29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó.

30

Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.

31 A glória do Senhor durará para sempre; o Senhor se alegrará nas suas obras.

32 Olhando ele para a terra, ela treme; tocando nos montes, logo fumegam.

33 Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência.

34 A minha meditação acerca dele será agradável; eu me alegrarei no Senhor.

35 Desapareçam da terra os pecadores, e os ímpios não subsistam. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor.

Salmo 105

Fazei conhecidos os feitos do Senhor entre todos os homens — Mostrai o convênio que Ele fez com Abraão e como agiu em relação a Israel — Não toqueis os Seus ungidos e não maltrateis os Seus profetas — Israel deve observar Seus estatutos e guardar Suas leis.

1

Louvai ao Senhor, e invocai o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos.

2 Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; falai de todas as suas maravilhas.

3 Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor.

4 Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente.

5 Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca;

6 Vós, semente de Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos.

7 Ele é o Senhor, nosso Deus; os seus juízos estão em toda a terra.

8 Lembrou-se do seu convênio para sempre, da palavra que ordenou a milhares de gerações.

9 Convênio esse que fez com Abraão; e o seu juramento, a Isaque.

10

E confirmou o mesmo a Jacó por estatuto, e a Israel, por convênio eterno,

11 Dizendo: A ti darei a terra de Canaã, a sorte da vossa herança;

12 Quando eram poucos homens em número, sim, muito poucos, e estrangeiros nela.

13 Quando andavam de nação em nação, e de um reino para outro povo,

14 Não permitiu a ninguém que os oprimisse, e por causa deles repreendeu reis, dizendo:

15 Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.

16 Chamou a fome sobre a terra; quebrantou todo o sustento do pão.

17 Mandou perante eles um homem, José, que foi vendido como escravo,

18 Cujos pés apertaram com grilhões; foi posto em ferros,

19 Até o tempo em que chegou a sua palavra; a palavra do Senhor o provou.

20

O rei mandou soltá-lo; o governador dos povos o soltou.

21 Fê-lo senhor da sua casa, e governador de todos os seus bens,

22 Para sujeitar os seus príncipes a seu gosto, e instruir os seus anciãos.

23 Então Israel entrou no Egito, e Jacó peregrinou na terra de Cão.

24 E aumentou sobremaneira o seu povo, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos.

25 Mudou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente os seus servos.

26 Enviou Moisés, seu servo, e Aarão, a quem escolhera.

27 Mostraram entre eles os seus sinais e prodígios, na terra de Cão.

28 Mandou trevas, e a fez escurecer; e não foram rebeldes à sua palavra.

29 Converteu as suas águas em sangue, e matou os seus peixes.

30

A sua terra produziu rãs em abundância, até nas câmaras dos seus reis.

31 Falou ele, e vieram enxames de moscas e piolhos em todo o seu termo.

32 Deu-lhes saraiva por chuva, e fogo abrasador na sua terra.

33 Feriu as suas vinhas e os seus figueirais, e quebrou as árvores dos seus termos.

34 Falou ele, e vieram gafanhotos e pulgão sem número.

35 E comeram toda a erva da sua terra, e devoraram o fruto dos seus campos.

36 Feriu também todos os primogênitos da sua terra, as primícias de todas as suas forças.

37 E os tirou para fora com prata e ouro, e entre as suas tribos não houve um só fraco.

38 O Egito se alegrou quando eles saíram, porque o seu temor caíra sobre eles.

39 Estendeu uma nuvem por coberta; e um fogo, para alumiar de noite.

40

Oraram, e ele fez vir codornizes, e os fartou de pão do céu.

41 Abriu a penha, e dela correram águas; correram pelos lugares secos como um rio.

42 Porque se lembrou da sua santa palavra, e de Abraão, seu servo.

43 E tirou dali o seu povo com alegria, e os seus escolhidos, com regozijo.

44 E deu-lhes as terras das nações, e herdaram o trabalho dos povos;

45 Para que guardassem os seus estatutos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor.

Salmo 106

Louvai ao Senhor por Sua misericórdia e obras poderosas — Israel rebelou-se e cometeu iniquidade — Moisés intercedeu por Israel perante o Senhor — Israel foi dispersa e morta por adorar deuses falsos.

1

Louvai ao Senhor. Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.

2 Quem pode contar as obras poderosas do Senhor? Quem anunciará os seus louvores?

3 Bem-aventurados os que guardam o juízo, e o que pratica justiça em todo tempo.

4 Lembra-te de mim, Senhor, segundo a tua boa vontade para com o teu povo; visita-me com a tua salvação;

5 Para que eu veja o bem de teus escolhidos, para que eu me alegre com a alegria do teu povo, para que me glorie com a tua herança.

6 Nós pecamos com os nossos pais, cometemos iniquidade, agimos perversamente.

7 Nossos pais não entenderam as tuas maravilhas no Egito; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias, antes o provocaram no mar, sim, no Mar Vermelho.

8 Não obstante, ele os salvou por causa do seu nome, para fazer conhecido o seu poder.

9 Repreendeu o Mar Vermelho, e este secou, e os fez caminhar pelos abismos como pelo deserto.

10

E os livrou da mão daquele que os odiava, e os remiu da mão do inimigo.

11 E as águas cobriram os seus adversários; nem um deles ficou.

12 Então creram nas suas palavras, e cantaram os seus louvores.

13 Porém cedo se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho.

14 Mas deixaram-se levar pela cobiça no deserto, e tentaram a Deus no ermo.

15 E ele lhes concedeu o seu pedido, mas enviou magreza às suas almas.

16 E invejaram Moisés no campo, e Aarão, o santo do Senhor.

17 Abriu-se a terra, e engoliu Datã, e cobriu o grupo de Abirão.

18 E um fogo se acendeu no seu grupo; a chama consumiu os ímpios.

19 Fizeram um bezerro em Horebe, e adoraram a imagem fundida.

20

E converteram a sua glória na figura de um boi que come erva.

21 Esqueceram-se de Deus, seu salvador, que fizera grandes prodígios no Egito,

22 Maravilhas na terra de Cão, coisas tremendas no Mar Vermelho.

23 Pelo que disse que os destruiria, se Moisés, seu escolhido, não se pusesse perante ele na abertura, para impedir que a sua ira os destruísse.

24 Também desprezaram a terra aprazível; não creram na sua palavra.

25 Antes murmuraram nas suas tendas, e não deram ouvidos à voz do Senhor.

26 Pelo que levantou a sua mão contra eles, para os derrubar no deserto;

27 Para derrubar também a sua semente entre as nações, e espalhá-los pelas terras.

28 Também se juntaram com Baal-Peor, e comeram os sacrifícios dos mortos.

29 Assim, o provocaram à ira com os seus feitos; e a peste rebentou entre eles.

30

Então se levantou Fineias, e executou juízo, e cessou aquela peste.

31 E isso lhe foi contado como justiça, de geração em geração, para sempre.

32 Indignaram-no também junto às águas da contenda, de sorte que sucedeu mal a Moisés, por causa deles;

33 Porque irritaram o seu espírito, de modo que falou imprudentemente com seus lábios.

34 Não destruíram os povos, como o Senhor lhes dissera.

35 Antes, se misturaram com as nações, e aprenderam as suas obras.

36 E serviram aos seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço.

37 Ademais, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios.

38 E derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi manchada com sangue.

39 Assim, se contaminaram com as suas obras, e se prostituíram com os seus feitos.

40

Pelo que se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, de modo que abominou a sua herança.

41 E os entregou nas mãos das nações, e aqueles que os odiavam se assenhorearam deles.

42 E os seus inimigos os oprimiram, e foram humilhados debaixo das suas mãos.

43 Muitas vezes os livrou, mas o provocaram com o seu conselho, e foram abatidos pela sua iniquidade.

44 Contudo, atentou para a sua aflição, ouvindo o seu clamor.

45 E se lembrou do seu convênio, e se arrependeu segundo a multidão das suas misericórdias.

46 Pelo que fez com que deles tivessem misericórdia os que os levaram cativos.

47 Salva-nos, Senhor, nosso Deus, e congrega-nos dentre as nações, para que louvemos o teu nome santo, e nos gloriemos no teu louvor.

48 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade, e todo o povo diga: Amém. Louvai ao Senhor.

Salmo 107

O povo de Israel deve louvar e dar graças ao Senhor quando for coligado e redimido — Louvem ao Senhor todos os homens — As bênçãos do Senhor são abundantes na vida dos homens.

1

Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

2 Digam-no os remidos do Senhor, os que redimiu da mão do inimigo,

3 E os que congregou das terras do oriente e do ocidente, do norte e do sul.

4 Andaram desgarrados pelo deserto, por caminhos solitários; não acharam cidade para habitar.

5 Famintos e sedentos, a sua alma neles desfalecia.

6 E clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas dificuldades.

7 E os levou por caminho direito, para irem a uma cidade em que habitassem.

8 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

9 Pois fartou a alma sedenta, e encheu de bondade a alma faminta.

10

Tal como a que se assenta nas trevas e na sombra da morte, presa em aflição e em ferro;

11 Porquanto se rebelaram contra as palavras de Deus, e desprezaram o conselho do Altíssimo.

12 Portanto, lhes abateu o coração com trabalho; tropeçaram, e não houve quem os ajudasse.

13 Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas dificuldades.

14 Tirou-os das trevas e da sombra da morte, e quebrou as suas cadeias.

15 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

16 Pois quebrou as portas de bronze, e despedaçou os ferrolhos de ferro.

17 Os tolos, por causa da sua transgressão, e por causa das suas iniquidades, são afligidos.

18 A sua alma abominou toda comida, e chegaram às portas da morte.

19 Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas dificuldades.

20

Enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da sua destruição.

21 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

22 E ofereçam os sacrifícios de louvor, e relatem as suas obras com regozijo.

23 Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes águas,

24 Esses veem as obras do Senhor, e as suas maravilhas nas profundezas.

25 Pois ele manda, e se levanta o vento tempestuoso, que eleva as suas ondas.

26 Sobem aos céus, descem aos abismos, e a sua alma se derrete em angústias.

27 Eles andam e cambaleiam como ébrios, e perderam todo o tino.

28 Então clamam ao Senhor na sua angústia, e ele os livra das suas dificuldades.

29 Faz cessar a tormenta, e calam-se as suas ondas.

30

Então se alegram, porque elas se aquietaram; assim, os leva ao seu porto desejado.

31 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

32 Exaltem-no na congregação do povo, e glorifiquem-no na assembleia dos anciãos.

33 Ele converte os rios em um deserto, e as fontes, em terra sedenta,

34 A terra frutífera em estéril, pela maldade dos que nela habitam.

35 Converte o deserto em lagoa, e a terra seca, em fontes.

36 E faz habitar ali os famintos, para que edifiquem cidade para habitação;

37 E semeiam os campos e plantam vinhas, que produzem fruto abundante.

38 Também os abençoa, de modo que se multiplicam muito; e o seu gado não diminui.

39 Depois se diminuem e se abatem, pela opressão, aflição e tristeza.

40

Derrama o desprezo sobre os príncipes, e os faz andar desgarrados pelo deserto, onde não há caminho.

41 Porém livra o necessitado da opressão, pondo-o em um lugar alto, e multiplica as famílias como rebanhos.

42 Os retos o verão, e se alegrarão, e toda a iniquidade tapará a boca.

43 Quem é sábio observará essas coisas, e eles compreenderão as benignidades do Senhor.

Salmo 108

Davi louva e exalta a Deus — Judá é o legislador do Senhor.

Cântico e salmo de Davi.

1

Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e entoarei salmos até com a minha glória.

2 Despertai, saltério e harpa; eu mesmo despertarei ao romper da alva.

3 Louvar-te-ei entre os povos, Senhor, e a ti cantarei salmos entre as nações.

4 Porque a tua benignidade se estende até os céus, e a tua verdade chega até as mais altas nuvens.

5 Exalta-te sobre os céus, ó Deus, e a tua glória, sobre toda a terra,

6 Para que os teus amados sejam livres; salva-nos com a tua destra, e ouve-nos.

7 Deus falou na sua santidade: Eu me regozijarei; repartirei Siquém, e medirei o vale de Sucote.

8 Meu é Gileade, meu é Manassés; e Efraim, a força da minha cabeça; Judá, o meu legislador.

9 Moabe, o meu vaso de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato; sobre a Filístia jubilarei.

10

Quem me levará à cidade forte? Quem me guiará até Edom?

11 Porventura não serás tu, ó Deus, que nos rejeitaste? E não sairás, ó Deus, com os nossos exércitos?

12 Dá-nos auxílio para sair da angústia, porque vão é o socorro da parte do homem.

13 Em Deus faremos proezas, pois ele calcará aos pés os nossos inimigos.

Salmo 109

Davi fala das maldições que os iníquos e enganadores merecem — Ele ora pedindo que seus adversários sejam envergonhados.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Ó Deus do meu louvor, não te cales,

2 Pois a boca do ímpio e a boca do enganador estão abertas contra mim; têm falado contra mim com uma língua mentirosa.

3 Eles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem causa.

4 Em recompensa do meu amor são meus adversários, mas eu faço oração.

5 E me deram mal pelo bem, e ódio pelo meu amor.

6 Põe sobre ele um ímpio, e Satanás esteja à sua direita.

7 Quando for julgado, saia condenado; e a sua oração se lhe torne em pecado.

8 Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício.

9 Sejam órfãos os seus filhos, e viúva sua mulher.

10

Sejam vagabundos e pedintes os seus filhos, e busquem o pão longe dos seus lugares desolados.

11 De tudo quanto tenha lance mão o credor, e despojem os estranhos o seu trabalho.

12 Não haja ninguém que se compadeça dele, nem haja quem favoreça os seus órfãos.

13 Desapareça a sua posteridade, o seu nome seja apagado na geração seguinte.

14 Esteja na memória do Senhor a iniquidade de seus pais, e não se apague o pecado de sua mãe.

15 Antes estejam sempre perante o Senhor, para que faça desaparecer a sua memória da terra.

16 Porquanto não se lembrou de fazer misericórdia, antes perseguiu o homem aflito e o necessitado, para que pudesse até matar o quebrantado de coração.

17 Visto que amou a maldição, ela lhe sobrevenha, e assim como não desejou a bênção, ela se afaste dele.

18 Assim como se vestiu de maldição, como de uma veste, assim penetre ela nas suas entranhas como água, e em seus ossos como azeite.

19 Seja para ele como a veste que o cobre, e como cinto que o cinja sempre.

20

Seja esse o galardão dos meus adversários, da parte do Senhor, e dos que falam mal contra a minha alma.

21 Mas tu, Deus Senhor, trata comigo por causa do teu nome, porque a tua misericórdia é boa; livra-me,

22 Pois estou aflito e necessitado, e o meu coração está ferido dentro de mim.

23 Vou-me como a sombra que declina; sou sacudido como o gafanhoto.

24 De jejuar estão enfraquecidos os meus joelhos, e a minha carne emagrece.

25 E ainda lhes sou opróbrio; quando me contemplam, meneiam a cabeça.

26 Ajuda-me, Senhor Deus meu, salva-me segundo a tua misericórdia,

27 Para que saibam que esta é a tua mão, e que tu, Senhor, o fizeste.

28 Amaldiçoem eles, mas abençoa tu; quando se levantarem, fiquem envergonhados; e alegre-se o teu servo.

29 Vistam-se os meus adversários de humilhação, e cubram-se com a sua própria vergonha como com uma capa.

30

Louvarei grandemente ao Senhor com a minha boca; louvá-lo-ei entre a multidão.

31 Pois se porá à mão direita do pobre, para o livrar dos que condenam a sua alma.

Salmo 110

Salmo messiânico de Davi — Cristo se sentará à direita do Senhor — Ele será sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.

Salmo de Davi.

1

Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.

2 O Senhor enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.

3 O teu povo se oferecerá voluntariamente no dia do teu poder, com ornamentos de santidade, desde a madre da alva; tu tens o orvalho da tua mocidade.

4 Jurou o Senhor, e não se arrependerá; tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.

5 O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira.

6 Julgará entre as nações; tudo encherá de corpos mortos; ferirá os cabeças de grandes terras.

7 Beberá do ribeiro no caminho, pelo que levantará a cabeça.

Salmo 111

O Senhor é piedoso e misericordioso — Santo e tremendo é o Seu nome — O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.

1

Louvai ao Senhor. Louvarei ao Senhor de todo o meu coração, na assembleia dos justos e na congregação.

2 Grandes são as obras do Senhor, procuradas por todos os que nelas têm prazer.

3 A sua obra tem glória e majestade, e a sua justiça permanece para sempre.

4 Fez com que as suas maravilhas fossem lembradas; piedoso e misericordioso é o Senhor.

5 Deu mantimento aos que o temem; lembrar-se-á sempre do seu convênio.

6 Anunciou ao seu povo o poder das suas obras, para lhe dar a herança das nações.

7 As obras das suas mãos são verdade e juízo; seguros, todos os seus mandamentos.

8 Permanecem firmes para sempre e sempre, e são feitos em verdade e retidão.

9 Redenção enviou ao seu povo; ordenou o seu convênio para sempre; santo e tremendo é o seu nome.

10

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos; o seu louvor permanece para sempre.

Salmo 112

Bem-aventurado é o homem que teme ao Senhor — O justo será lembrado para sempre.

1

Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer.

2 A sua semente será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada.

3 Prosperidade e riquezas haverá na sua casa, e a sua justiça permanece para sempre.

4 Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo.

5 O homem bom se compadece, e empresta; disporá as suas coisas com juízo.

6 Na verdade, nunca será abalado; o justo estará em memória eterna.

7 Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor.

8 O seu coração está seguro, ele não temerá, até que veja o seu desejo sobre os seus inimigos.

9 Ele distribuiu, deu aos necessitados; a sua justiça permanece para sempre, e a sua força se exaltará em glória.

10

O ímpio o verá, e se entristecerá; rangerá os dentes, e se consumirá; o desejo dos ímpios perecerá.

Salmo 113

Bendito seja o nome do Senhor — Quem é como o Senhor nosso Deus?

1

Louvai ao Senhor. Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor.

2 Seja bendito o nome do Senhor, desde agora para sempre.

3 Desde o nascimento do sol até o ocaso, seja louvado o nome do Senhor.

4 Exaltado está o Senhor acima de todas as nações, e a sua glória sobre os céus.

5 Quem é como o Senhor nosso Deus, que habita nas alturas?

6 O qual se abaixa, para ver o que está nos céus e na terra!

7 Levanta o pobre do pó, e do monturo ergue o necessitado,

8 Para o fazer assentar com os príncipes, mesmo com os príncipes do seu povo.

9 Faz com que a mulher estéril habite na casa, e seja alegre mãe de filhos. Louvai ao Senhor.

Salmo 114

O Senhor governa o mar e a terra para bênção de Seu povo.

1

Quando Israel saiu do Egito, e a casa de Jacó, de um povo bárbaro,

2 Judá ficou seu santuário, e Israel seu domínio.

3 O mar o viu, e fugiu; o Jordão voltou para trás.

4 Os montes saltaram como carneiros, e os outeiros, como cordeiros.

5 Que tiveste tu, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que voltaste para trás?

6 Montes, que saltastes como carneiros, e outeiros, como cordeiros?

7 Treme, ó terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacó,

8 O qual converteu o rochedo em lago de águas, e o seixo, em fonte de água.

Salmo 115

Nosso Deus está nos céus — Os ídolos são deuses falsos — Confia no Senhor.

1

Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por causa da tua benignidade e da tua verdade.

2 Porque dirão as nações: Onde está o seu Deus?

3 Porém o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe aprouve.

4 Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens.

5 Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não veem;

6 Têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram;

7 Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta.

8 A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.

9 Israel, confia no Senhor; ele é o seu auxílio e o seu escudo.

10

Casa de Aarão, confia no Senhor; ele é o seu auxílio e o seu escudo.

11 Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é o seu auxílio e o seu escudo.

12 O Senhor se lembrou de nós; ele nos abençoará; abençoará a casa de Israel; abençoará a casa de Aarão.

13 Abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes.

14 O Senhor vos aumentará cada vez mais, a vós e a vossos filhos.

15 Sois benditos do Senhor que fez os céus e a terra.

16 Os céus são os céus do Senhor, mas a terra a deu aos filhos dos homens.

17 Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio.

18 Mas nós bendiremos ao Senhor, desde agora e para sempre. Louvai ao Senhor.

Salmo 116

Piedoso é o Senhor, e justo — Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.

1

Amo ao Senhor, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica.

2 Porque inclinou a mim os seus ouvidos, portanto, o invocarei enquanto viver.

3 Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza.

4 Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha alma.

5 Piedoso é o Senhor, e justo; o nosso Deus tem misericórdia.

6 O Senhor protege os simples; fui abatido, mas ele me livrou.

7 Volta, minha alma, para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem.

8 Porque tu, Senhor, livraste a minha alma da morte; os meus olhos, das lágrimas; e os meus pés, da queda.

9 Andarei perante a face do Senhor na terra dos viventes.

10

Acreditei, por isso falei; estive muito aflito.

11 Dizia na minha pressa: Todos os homens são mentirosos.

12 Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?

13 Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor.

14 Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo.

15 Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos.

16 Ó Senhor, deveras sou teu servo; sou teu servo, filho da tua serva; soltaste as minhas cadeias.

17 Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do Senhor.

18 Pagarei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o meu povo,

19 Nos átrios da casa do Senhor, no meio de ti, ó Jerusalém. Louvai ao Senhor.

Salmo 117

Louvai ao Senhor por Sua misericórdia e verdade.

1

Louvai ao Senhor todas as nações, louvai-o todos os povos.

2 Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvai ao Senhor.

Salmo 118

Salmo messiânico — Diga todo o Israel sobre o Senhor: Sua benignidade dura para sempre — A Pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina — Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

1

Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

2 Diga agora Israel que a sua benignidade dura para sempre.

3 Diga agora a casa de Aarão que a sua benignidade dura para sempre.

4 Digam agora os que temem ao Senhor que a sua benignidade dura para sempre.

5 Invoquei o Senhor na angústia; o Senhor me ouviu, e me tirou para um lugar largo.

6 O Senhor está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem.

7 O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam; pelo que verei cumprido o meu desejo sobre os que me odeiam.

8 É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem.

9 É melhor confiar no Senhor do que confiar nos príncipes.

10

Todas as nações me cercaram, mas no nome do Senhor as despedaçarei.

11 Cercaram-me, e tornaram a cercar-me, mas no nome do Senhor eu as despedaçarei.

12 Cercaram-me como abelhas, porém apagaram-se como o fogo de espinhos, pois no nome do Senhor os despedaçarei.

13 Com força me impeliste para me fazeres cair, porém o Senhor me ajudou.

14 O Senhor é a minha força e o meu cântico, e se fez a minha salvação.

15 Nas tendas dos justos voz de júbilo e de salvação; a destra do Senhor faz proezas.

16 A destra do Senhor se exalta; a destra do Senhor faz proezas.

17 Não morrerei, mas viverei, e contarei as obras do Senhor.

18 O Senhor me castigou muito, mas não me entregou à morte.

19 Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas, e louvarei ao Senhor.

20

Esta é a porta do Senhor, pela qual os justos entrarão.

21 Louvar-te-ei, pois me escutaste, e te fizeste a minha salvação.

22 A pedra que os edificadores rejeitaram se tornou a cabeça da esquina.

23 Da parte do Senhor se fez isso; maravilhoso é aos nossos olhos.

24 Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele.

25 Salva-nos, agora, te pedimos, ó Senhor; ó Senhor, te pedimos, prospera-nos.

26 Bendito aquele que vem em nome do Senhor; nós vos bendizemos desde a casa do Senhor.

27 Deus é o Senhor que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com cordas, até os chifres do altar.

28 Tu és o meu Deus, e eu te louvarei; tu és o meu Deus, e eu te exaltarei.

29 Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre.

Salmo 119

א Álef.

Bem-aventurados os que guardam os mandamentos.

1 Bem-aventurados os retos em seus caminhos, que andam na lei do Senhor.

2 Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração,

3 E não praticam iniquidade; andam nos seus caminhos.

4 Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos.

5 Quem dera que os meus caminhos fossem dirigidos a observar os teus estatutos!

6 Então não serei envergonhado, quando atentar a todos os teus mandamentos.

7 Louvar-te-ei com retidão de coração, quando tiver aprendido os teus justos juízos.

8 Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente.

ב Bet.

Pondera os preceitos e caminhos do Senhor.

9 Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.

10 Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos.

11 A tua palavra escondi no meu coração, para não pecar contra ti.

12 Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.

13 Com os meus lábios declarei todos os juízos da tua boca.

14 Regozijei-me tanto no caminho dos teus testemunhos como em todas as riquezas.

15 Meditarei nos teus preceitos, e atentarei aos teus caminhos.

16 Deleitar-me-ei nos teus estatutos; não me esquecerei da tua palavra.

ג Guímel.

Ó Senhor, abre os nossos olhos, para que vejamos as maravilhas da Tua lei.

17 Faze bem ao teu servo, para que viva e observe a tua palavra.

18 Abre tu os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da tua lei.

19 Sou peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos.

20 A minha alma está quebrantada de desejar os teus juízos em todo o tempo.

21 Tu repreendeste asperamente os soberbos que são amaldiçoados, que se desviam dos teus mandamentos.

22 Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos.

23 Príncipes também se assentaram, e falaram contra mim, mas o teu servo meditou nos teus estatutos.

24 Também os teus testemunhos são o meu prazer e os meus conselheiros.

ד Dálet.

Ó Senhor, concede-nos a Tua lei e faz-nos entender os Teus preceitos.

25 A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra.

26 Eu te contei os meus caminhos, e tu me ouviste; ensina-me os teus estatutos.

27 Faze-me entender os caminhos dos teus preceitos, assim falarei das tuas maravilhas.

28 A minha alma se derrete de tristeza; fortalece-me segundo a tua palavra.

29 Desvia de mim o caminho da falsidade, e concede-me piedosamente a tua lei.

30 Escolhi o caminho da verdade; os teus juízos pus diante de mim.

31 Apeguei-me aos teus testemunhos; ó Senhor, não me envergonhes.

32 Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando dilatares o meu coração.

ה He.

Ó Senhor, ensina-nos os Teus estatutos, a Tua lei e os Teus mandamentos.

33 Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos teus estatutos, e guardá-lo-ei até o fim.

34 Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei, e observá-la-ei de todo o meu coração.

35 Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos, porque nela tenho prazer.

36 Inclina o meu coração aos teus testemunhos, e não à cobiça.

37 Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho.

38 Confirma a tua palavra ao teu servo, que é dedicado ao teu temor.

39 Desvia de mim o opróbrio que temo, pois os teus juízos são bons.

40 Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça.

ו Vav.

Ó Senhor, concede-nos misericórdia, verdade e salvação.

41 Venham sobre mim também as tuas misericórdias, ó Senhor, e a tua salvação segundo a tua palavra.

42 Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra.

43 E não tires totalmente a palavra de verdade da minha boca, pois tenho esperado nos teus juízos.

44 Assim, observarei continuamente a tua lei para sempre e eternamente.

45 E andarei em liberdade, pois busco os teus preceitos.

46 Também falarei dos teus testemunhos perante os reis, e não me envergonharei.

47 E deleitar-me-ei em teus mandamentos, que tenho amado.

48 Também levantarei as minhas mãos para os teus mandamentos, que amo, e meditarei nos teus estatutos.

ז Záin.

Os estatutos e juízos do Senhor nos consolam em nossa peregrinação.

49 Lembra-te da palavra dada ao teu servo, na qual me fizeste esperar.

50 Esta é a minha consolação na minha aflição, porque a tua palavra me vivificou.

51 Os soberbos zombaram grandemente de mim, contudo não me desviei da tua lei.

52 Lembrei-me dos teus juízos de outrora, ó Senhor, e assim me consolei.

53 Grande indignação se apoderou de mim por causa dos ímpios que abandonam a tua lei.

54 Os teus estatutos têm sido os meus cânticos, na casa da minha peregrinação.

55 Lembrei-me do teu nome, ó Senhor, de noite, e observei a tua lei.

56 Isso fiz eu, porque guardei os teus mandamentos.

ח Het.

Façamos dos fiéis os nossos companheiros.

57 O Senhor é a minha porção; eu disse que observaria as tuas palavras.

58 Roguei deveras o teu favor com todo o meu coração; tem piedade de mim, segundo a tua palavra.

59 Considerei os meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos.

60 Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos.

61 Bandos de ímpios me despojaram, mas eu não me esqueci da tua lei.

62 À meia-noite me levantarei para te louvar, pelos teus justos juízos.

63 Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos.

64 A terra, ó Senhor, está cheia da tua benignidade; ensina-me os teus estatutos.

ט Tet.

Ó Senhor, ensina-nos Teus estatutos.

65 Fizeste bem ao teu servo, Senhor, segundo a tua palavra.

66 Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois acreditei nos teus mandamentos.

67 Antes de ser afligido andava errado, mas agora tenho guardado a tua palavra.

68 Tu és bom e fazes o bem; ensina-me os teus estatutos.

69 Os soberbos forjaram mentiras contra mim, mas eu com todo o meu coração guardarei os teus preceitos.

70 Engrossa-se-lhes o coração como gordura, mas eu me deleito na tua lei.

71 Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.

72 Melhor é para mim a lei da tua boca do que milhares de ouro ou prata.

י Iod.

Ó Senhor, que as Tuas ternas misericórdias venham sobre nós.

73 As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me inteligência para entender os teus mandamentos.

74 Os que te temem alegraram-se quando me viram, porque tenho esperado na tua palavra.

75 Bem sei eu, ó Senhor, que os teus juízos são justos, e que segundo a tua fidelidade me afligiste.

76 Sirva, pois, a tua benignidade para me consolar, segundo a palavra que deste ao teu servo.

77 Venham sobre mim as tuas misericórdias, para que eu viva, pois a tua lei é o meu deleite.

78 Envergonhem-se os soberbos, pois me trataram de uma maneira perversa, sem causa; mas eu meditarei nos teus preceitos.

79 Voltem-se para mim os que te temem, e aqueles que conhecem os teus testemunhos.

80 Seja reto o meu coração nos teus estatutos, para que eu não seja envergonhado.

כ Caf.

Todos os mandamentos do Senhor são fidedignos.

81 Desfalece a minha alma pela tua salvação, mas espero na tua palavra.

82 Os meus olhos desfalecem pela tua palavra, dizendo eu: Quando me consolarás tu?

83 Pois estou como odre na fumaça; contudo não me esqueço dos teus estatutos.

84 Quantos serão os dias do teu servo? Quando me farás justiça contra os que me perseguem?

85 Os soberbos me cavaram covas, o que não é conforme a tua lei.

86 Todos os teus mandamentos são fidedignos; com mentiras me perseguem; ajuda-me.

87 Quase que me consumiram sobre a terra, mas eu não deixei os teus preceitos.

88 Vivifica-me segundo a tua benignidade, assim, guardarei o testemunho da tua boca.

ל Lámed.

Ó Senhor, salva-nos, pois temos buscado os Teus preceitos.

89 Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu.

90 A tua fidelidade dura de geração em geração; tu firmaste a terra, e ela permanece firme.

91 Eles continuam até o dia de hoje, segundo os teus juízos; porque todos são teus servos.

92 Se a tua lei não fosse todo o meu deleite, há muito eu teria perecido na minha aflição.

93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos, pois por eles me tens vivificado.

94 Sou teu, salva-me, pois tenho buscado os teus preceitos.

95 Os ímpios me esperam para me destruírem, mas eu considerarei os teus testemunhos.

96 Vi um fim a toda perfeição, mas o teu mandamento é amplíssimo.

מ Mem.

A lei do Senhor e os Seus testemunhos devem ser a nossa meditação todo o dia.

97 Oh, quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia.

98 Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos, pois estão sempre comigo.

99 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação.

100 Entendo mais do que os antigos, porque guardo os teus preceitos.

101 Desviei os meus pés de todo caminho mau, para guardar a tua palavra.

102 Não me apartei dos teus juízos, pois tu me ensinaste.

103 Oh, quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca!

104 Pelos teus mandamentos alcancei entendimento, pelo que abomino todo falso caminho.

נ Nun.

A palavra do Senhor é uma lâmpada para os nossos pés.

105 A tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho.

106 Jurei, e o cumprirei, que guardarei os teus justos juízos.

107 Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.

108 Aceita, eu te rogo, as oferendas voluntárias da minha boca, ó Senhor; ensina-me os teus juízos.

109 A minha alma está continuamente nas minhas mãos, todavia não me esqueço da tua lei.

110 Os ímpios me armaram laço, contudo não me desviei dos teus preceitos.

111 Os teus testemunhos tomei por herança para sempre, pois são o regozijo do meu coração.

112 Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até o fim.

ס Sámech.

Apartai-vos dos malfeitores e guardai os mandamentos de Deus.

113 Odeio a duplicidade, mas amo a tua lei.

114 Tu és o meu refúgio e o meu escudo; espero na tua palavra.

115 Apartai-vos de mim, malfeitores, pois guardarei os mandamentos do meu Deus.

116 Sustenta-me conforme a tua palavra, para que eu viva, e não me deixes envergonhado da minha esperança.

117 Sustenta-me, e serei salvo, e continuamente atentarei aos teus estatutos.

118 Tu desprezas todos os que se desviam dos teus estatutos, pois o engano deles é falsidade.

119 Tu tiraste da terra todos os ímpios, como a escória, pelo que amo os teus testemunhos.

120 O meu corpo se arrepiou com temor de ti, e temi os teus juízos.

ע Áin.

Ó Senhor, somos Teus servos; dá-nos entendimento.

121 Fiz juízo e justiça; não me entregues aos meus opressores.

122 Fica por fiador do teu servo para o bem; não deixes que os soberbos me oprimam.

123 Os meus olhos desfaleceram pela tua salvação e pela promessa da tua justiça.

124 Faz com o teu servo segundo a tua benignidade, e ensina-me os teus estatutos.

125 Sou teu servo; dá-me inteligência, para entender os teus testemunhos.

126 Já é tempo de agires ó Senhor, pois eles violaram a tua lei.

127 Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino.

128 Por isso estimo todos os teus preceitos acerca de tudo, como retos, e odeio toda falsa vereda.

פ Pe.

Os testemunhos do Senhor são maravilhosos.

129 Maravilhosos são os teus testemunhos, portanto, a minha alma os guarda.

130 A exposição das tuas palavras dá luz, dá entendimento aos simples.

131 Abri a minha boca, e aspirei, pois que desejei os teus mandamentos.

132 Olha para mim, e tem piedade de mim, conforme fazes com os que amam o teu nome.

133 Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim iniquidade alguma.

134 Livra-me da opressão do homem, assim, guardarei os teus preceitos.

135 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo, e ensina-me os teus estatutos.

136 Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei.

צ Tsádi.

A lei do Senhor é a verdade.

137 Justo és, ó Senhor, e retos são os teus juízos.

138 Os teus testemunhos que ordenaste são retos e muito fiéis.

139 O meu zelo me consumiu, porque os meus inimigos se esqueceram da tua palavra.

140 A tua palavra é muito pura, portanto, o teu servo a ama.

141 Pequeno sou e desprezado, porém não me esqueço dos teus mandamentos.

142 A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade.

143 Aperto e angústia se apoderam de mim, contudo os teus mandamentos são o meu prazer.

144 A justiça dos teus testemunhos é eterna; dá-me inteligência, e viverei.

ק Cof.

Ó Senhor, ouve a voz dos Teus servos segundo a Tua benignidade.

145 Clamei de todo o meu coração; escuta-me, Senhor, e guardarei os teus estatutos.

146 A ti invoquei; salva-me, e guardarei os teus testemunhos.

147 Antecipei-me à alva da manhã e clamei; esperei na tua palavra.

148 Os meus olhos anteciparam-se às vigílias da noite, para meditar na tua palavra.

149 Ouve a minha voz, segundo a tua benignidade; vivifica-me, ó Senhor, segundo o teu juízo.

150 Aproximam-se os que seguem a maldade; afastam-se da tua lei.

151 Tu estás perto, ó Senhor, e todos os teus mandamentos são a verdade.

152 Acerca dos teus testemunhos eu soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para sempre.

ר Résh.

Muitas são as Tuas ternas misericórdias, ó Senhor.

153 Olha para a minha aflição, e livra-me, pois não me esqueci da tua lei.

154 Pleiteia a minha causa, e livra-me; vivifica-me segundo a tua palavra.

155 A salvação está longe dos ímpios, pois não buscam os teus estatutos.

156 Muitas são, ó Senhor, as tuas misericórdias; vivifica-me segundo os teus juízos.

157 Muitos são os meus perseguidores e os meus inimigos, porém não me desvio dos teus testemunhos.

158 Vi os transgressores, e me afligi, porque não observam a tua palavra.

159 Considera como eu amo os teus preceitos; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua benignidade.

160 A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.

ש Shin.

Aqueles que amam a lei do Senhor têm paz.

161 Príncipes me perseguiram sem causa, mas o meu coração temeu a tua palavra.

162 Regozijo-me com a tua palavra, como aquele que acha um grande despojo.

163 Odeio e abomino a falsidade, porém amo a tua lei.

164 Sete vezes no dia te louvo pelos juízos da tua justiça.

165 Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não tropeço.

166 Senhor, tenho esperado na tua salvação, e tenho cumprido os teus mandamentos.

167 A minha alma tem observado os teus testemunhos; amo-os extremamente.

168 Tenho observado os teus preceitos e os teus testemunhos, porque todos os meus caminhos estão diante de ti.

ת Tau.

Todos os mandamentos do Senhor são retidão.

169 Chegue a ti o meu clamor, ó Senhor; dá-me entendimento conforme a tua palavra.

170 Chegue a minha súplica perante a tua face; livra-me segundo a tua palavra.

171 Os meus lábios proferiram o louvor, quando me ensinaste os teus estatutos.

172 A minha língua falará da tua palavra, pois todos os teus mandamentos são justiça.

173 Venha a tua mão socorrer-me, pois elegi os teus preceitos.

174 Tenho desejado a tua salvação, ó Senhor, a tua lei é todo o meu prazer.

175 Viva a minha alma, e louvar-te-á; ajudem-me os teus juízos.

176 Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos.

Salmo 120

Clamai ao Senhor quando estiverdes em angústia.

Cântico das subidas.

1

Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me ouviu.

2 Senhor, livra a minha alma dos lábios mentirosos e da língua enganadora.

3 Que te será dado, ou que te será acrescentado, língua enganadora?

4 Flechas agudas do valente, com brasas vivas de zimbro.

5 Ai de mim, que peregrino em Meseque, e habito nas tendas de Quedar.

6 A minha alma bastante tempo habitou com os que detestam a paz.

7 Pacífico sou, porém quando eu falo eles procuram guerra.

Salmo 121

O socorro vem do Senhor — Ele é o guardião de Israel.

Cântico das subidas.

1

Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem a minha salvação.

2 O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.

3 Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.

4 Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.

5 O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.

6 O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.

7 O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua alma.

8 O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.

Salmo 122

Davi declara: Ide à casa do Senhor — Dai graças a Ele.

Cântico das subidas, de Davi.

1

Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor.

2 Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém.

3 Jerusalém está edificada como uma cidade que é compacta,

4 Onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, como testemunho para Israel, para darem graças ao nome do Senhor.

5 Pois ali estão os tronos do juízo, os tronos da casa de Davi.

6 Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam.

7 Haja paz dentro de teus muros; e prosperidade, dentro dos teus palácios.

8 Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Haja paz em ti.

9 Por causa da casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o teu bem.

Salmo 123

Levantai os vossos olhos ao Senhor e implorai-Lhe misericórdia.

Cântico das subidas.

1

A ti levanto os meus olhos, ó tu que habitas nos céus.

2 Assim como os olhos dos servos atentam para as mãos dos seus senhores, e os olhos da serva para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o Senhor nosso Deus, até que tenha piedade de nós.

3 Tem piedade de nós, ó Senhor, tem piedade de nós, pois estamos assaz fartos de desprezo.

4 A nossa alma está extremamente farta da zombaria daqueles que estão à vontade, e com o desprezo dos soberbos.

Salmo 124

Davi declara: O socorro de Israel está no nome do Senhor.

Cântico das subidas, de Davi.

1

Se não fosse o Senhor, que esteve ao nosso lado, ora, diga Israel;

2 Se não fosse o Senhor, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós,

3 Eles então nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendesse contra nós.

4 Então as águas teriam transbordado sobre nós, e a corrente teria passado sobre a nossa alma;

5 Então as águas altivas teriam passado sobre a nossa alma.

6 Bendito seja o Senhor, que não nos deu por presa aos seus dentes.

7 A nossa alma escapou, como um pássaro do laço dos passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós escapamos.

8 O nosso socorro está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra.

Salmo 125

Bem-aventurados os que confiam no Senhor — Paz haverá sobre Israel.

Cântico das subidas.

1

Os que confiam no Senhor serão como o monte Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.

2 Assim como estão os montes em redor de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu povo desde agora e para sempre.

3 Porque o cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda as suas mãos para a iniquidade.

4 Faze o bem, ó Senhor, aos bons e aos que são retos de coração.

5 Quanto àqueles que se desviam para os seus caminhos tortuosos, levá-los-á o Senhor com os que praticam a maldade; paz haverá sobre Israel.

Salmo 126

O Senhor fez grandes coisas por Seu povo, Israel.

Cântico das subidas.

1

Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, éramos como os que sonham.

2 Então a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de cântico; então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor a estes.

3 Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres.

4 Traze-nos outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes das águas no sul.

5 Os que semeiam em lágrimas ceifarão com alegria.

6 Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus feixes.

Salmo 127

Os filhos são herança do Senhor.

Cântico das subidas, de Salomão.

1

Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.

2 Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.

3 Eis que os filhos são herança do Senhor; e o fruto do ventre, o seu galardão.

4 Como flechas na mão de um homem valente, assim são os filhos da mocidade.

5 Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão envergonhados, mas falarão com os seus inimigos à porta.

Salmo 128

Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos Seus caminhos.

Cântico das subidas.

1

Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.

2 Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem.

3 A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira em redor da tua mesa.

4 Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.

5 O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida.

6 E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel.

Salmo 129

O Senhor é justo — Sejam envergonhados todos os que odeiam Sião.

Cântico das subidas.

1

Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, diga agora Israel;

2 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, todavia não prevaleceram contra mim.

3 Os lavradores araram sobre as minhas costas; compridos fizeram os seus sulcos.

4 O Senhor é justo; cortou as cordas dos ímpios.

5 Sejam envergonhados e repelidos todos os que odeiam Sião.

6 Sejam como a erva dos telhados, que seca antes que a arranquem,

7 Com a qual o ceifador não enche a sua mão, nem o que ata os feixes enche o seu braço.

8 Nem tampouco os que passam digam: A bênção do Senhor seja sobre vós; nós vos abençoamos em nome do Senhor.

Salmo 130

Ó Senhor, ouve nossas orações, perdoa as iniquidades e redime Israel.

Cântico das subidas.

1

Das profundezas a ti clamo, ó Senhor.

2 Senhor, escuta a minha voz; sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas.

3 Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?

4 Porém contigo está o perdão, para que sejas temido.

5 Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.

6 A minha alma aguarda ao Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que vigiam pela manhã.

7 Espere Israel no Senhor, porque no Senhor misericórdia, e nele abundante redenção.

8 E ele remirá Israel de todas as suas iniquidades.

Salmo 131

Davi declara: Que Israel espere no Senhor para sempre.

Cântico das subidas, de Davi.

1

Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me envolvo em grandes assuntos, nem em coisas muito elevadas para mim.

2 Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.

3 Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.

Salmo 132

Salmo messiânico — Do fruto dos lombos de Davi o Senhor porá Um sobre Seu trono — O Senhor abençoará Sião, e seus santos bradarão de alegria.

Cântico das subidas.

1

Lembra-te, Senhor, de Davi, e de todas as suas aflições.

2 Como jurou ao Senhor, e fez votos ao poderoso de Jacó, dizendo:

3 Certamente que não entrarei na tenda de minha casa, nem subirei ao leito da minha cama,

4 Não darei sono aos meus olhos, nem adormecimento às minhas pestanas,

5 Enquanto não achar lugar para o Senhor, uma morada para o Poderoso de Jacó.

6 Eis que ouvimos falar dela em Efrata, e a achamos no campo do bosque.

7 Entraremos nos seus tabernáculos; prostrar-nos-emos ante o escabelo de seus pés.

8 Levanta-te, Senhor, e entra no teu repouso, tu e a arca da tua força.

9 Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e exultem os teus santos.

10

Por causa de Davi, teu servo, não faças virar o rosto do teu ungido.

11 O Senhor jurou na verdade a Davi, e não se apartará disso: Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono.

12 Se os teus filhos guardarem o meu convênio, e os meus testemunhos, que eu lhes hei de ensinar, também os seus filhos se assentarão perpetuamente no teu trono.

13 Porque o Senhor elegeu Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo:

14 Este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei.

15 Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados.

16 Vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus santos bradarão de alegria.

17 Ali farei brotar a força de Davi; preparei uma lâmpada para o meu ungido.

18 Vestirei os seus inimigos de vergonha, mas sobre ele florescerá a sua coroa.

Salmo 133

Davi diz: Quão agradável é que os irmãos habitem em união!

Cântico das subidas, de Davi.

1

Oh, quão bom e quão agradável é que os irmãos habitem em união!

2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e que desce à orla das suas vestes,

3 Como o orvalho de Hermom e como o orvalho que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e vida para sempre.

Salmo 134

Bendizei ao Senhor, e Ele vos abençoará.

Cântico das subidas.

1

Eis aqui, bendizei ao Senhor todos vós, servos do Senhor, que assistis na casa do Senhor todas as noites.

2 Levantai as vossas mãos no santuário, e bendizei ao Senhor.

3 O Senhor, que fez o céu e a terra, te abençoe desde Sião.

Salmo 135

Louvai e bendizei ao Senhor — Nosso Senhor está acima de todos os deuses; os ídolos não veem, não ouvem nem falam.

1

Louvai ao Senhor. Louvai o nome do Senhor; louvai-o, servos do Senhor.

2 Vós que assistis na casa do Senhor, nos átrios da casa do nosso Deus,

3 Louvai ao Senhor, porque o Senhor é bom; cantai louvores ao seu nome, porque é agradável.

4 Porque o Senhor escolheu Jacó para si; e Israel, para seu próprio tesouro.

5 Porque eu sei que o Senhor é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses.

6 Tudo o que o Senhor quis, ele o fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.

7 Faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva; faz sair os ventos dos seus reservatórios.

8 O que feriu os primogênitos do Egito, desde os homens até os animais.

9 O que enviou sinais e prodígios no meio de ti, ó Egito, contra Faraó e contra os seus servos.

10

O que feriu muitas nações, e matou poderosos reis:

11 Siom, rei dos amorreus, e Ogue, rei de Basã, e todos os reinos de Canaã.

12 E deu a sua terra em herança, em herança a Israel, seu povo.

13 O teu nome, ó Senhor, dura perpetuamente, e a tua memória, ó Senhor, de geração em geração.

14 Pois o Senhor julgará o seu povo, e se arrependerá com respeito aos seus servos.

15 Os ídolos das nações são prata e ouro, obra das mãos dos homens.

16 Têm boca, mas não falam; têm olhos, e não veem;

17 Têm ouvidos, mas não ouvem, nem há fôlego algum nas suas bocas.

18 Semelhantes a eles se tornem os que os fazem, e todos os que confiam neles.

19 Casa de Israel, bendizei ao Senhor; casa de Aarão, bendizei ao Senhor.

20

Casa de Levi, bendizei ao Senhor; vós, os que temeis ao Senhor, louvai ao Senhor.

21 Bendito seja o Senhor desde Sião, que habita em Jerusalém. Louvai ao Senhor.

Salmo 136

Louvai a Deus por todas as coisas, porque a Sua benignidade dura para sempre.

1

Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

2 Louvai ao Deus dos deuses, porque a sua benignidade dura para sempre.

3 Louvai ao Senhor dos senhores, porque a sua benignidade dura para sempre.

4 Aquele que só faz maravilhas, porque a sua benignidade dura para sempre.

5 Aquele que por entendimento fez os céus, porque a sua benignidade dura para sempre.

6 Aquele que estendeu a terra sobre as águas, porque a sua benignidade dura para sempre.

7 Aquele que fez os grandes luminares, porque a sua benignidade dura para sempre.

8 O sol para governar de dia, porque a sua benignidade dura para sempre.

9 A lua e as estrelas para presidirem à noite, porque a sua benignidade dura para sempre.

10

O que feriu o Egito nos seus primogênitos, porque a sua benignidade dura para sempre.

11 E tirou Israel do meio deles, porque a sua benignidade dura para sempre.

12 Com mão forte, e com braço estendido, porque a sua benignidade dura para sempre.

13 Aquele que dividiu o Mar Vermelho em duas partes, porque a sua benignidade dura para sempre.

14 E fez passar Israel pelo meio dele, porque a sua benignidade dura para sempre.

15 Mas derrubou Faraó com o seu exército no Mar Vermelho, porque a sua benignidade dura para sempre.

16 Aquele que guiou o seu povo pelo deserto, porque a sua benignidade dura para sempre.

17 Aquele que feriu os grandes reis, porque a sua benignidade dura para sempre.

18 E matou reis famosos, porque a sua benignidade dura para sempre.

19 Siom, rei dos amorreus, porque a sua benignidade dura para sempre.

20

E Ogue, rei de Basã, porque a sua benignidade dura para sempre.

21 E deu a terra deles em herança, porque a sua benignidade dura para sempre.

22 E mesmo em herança a Israel, seu servo, porque a sua benignidade dura para sempre.

23 Que se lembrou do nosso abatimento, porque a sua benignidade dura para sempre.

24 E nos remiu dos nossos inimigos, porque a sua benignidade dura para sempre.

25 O que dá mantimento a toda a carne, porque a sua benignidade dura para sempre.

26 Louvai ao Deus dos céus, porque a sua benignidade dura para sempre.

Salmo 137

Quando estavam no cativeiro, os judeus choraram junto aos rios da Babilônia — Devido à tristeza, não conseguiam cantar os hinos de Sião.

1

Junto dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião.

2 Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas.

3 Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção, e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião.

4 Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?

5 Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha direita da sua destreza.

6 Se não me lembrar de ti, apegue-se-me a língua ao meu paladar, se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria.

7 Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom no dia de Jerusalém, que diziam: Descobri-a, descobri-a até os seus alicerces.

8 Ah, filha de Babilônia, que vais ser assolada, feliz aquele que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós!

9 Feliz aquele que pegar teus filhos e despedaçá-los contra as pedras.

Salmo 138

Davi louva ao Senhor por Sua benignidade e verdade — Ele adora voltado para o santo templo.

Salmo de Davi.

1

Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; na presença dos deuses a ti cantarei louvores.

2 Inclinar-me-ei para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e pela tua verdade, pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.

3 No dia em que eu clamei, me escutaste, e alentaste com força a minha alma.

4 Todos os reis da terra te louvarão, ó Senhor, quando ouvirem as palavras da tua boca;

5 E cantarão os caminhos do Senhor, pois grande é a glória do Senhor.

6 Ainda que o Senhor seja excelso, atenta todavia para o humilde, mas ao soberbo conhece-o de longe.

7 Andando eu no meio da angústia, tu me reviverás; estenderás a tua mão contra a ira dos meus inimigos, e a tua destra me salvará.

8 O Senhor aperfeiçoará o que me concerne; a tua benignidade, ó Senhor, dura para sempre; não desampares as obras das tuas mãos.

Salmo 139

Davi diz que o Senhor conhece todos os pensamentos e feitos do homem — Ele pergunta: Para onde irá o homem para fugir do Espírito e da presença do Senhor? — O homem foi feito de modo assombroso e maravilhoso.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Senhor, tu me sondaste, e me conheces.

2 Tu sabes o meu assentar e o meu levantar, de longe entendes o meu pensamento.

3 Cercas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.

4 Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que já, ó Senhor, tudo conheces.

5 Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.

6 Tal conhecimento é para mim maravilhosíssimo, tão alto que não o posso atingir.

7 Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?

8 Se eu subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.

9 Se eu tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,

10

Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

11 Se eu disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz em redor de mim.

12 Nem ainda as trevas me encobrem de ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.

13 Pois criaste as minhas entranhas; formaste-me no ventre de minha mãe.

14 Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.

16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas essas coisas foram escritas, as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.

17 E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles!

18 Se as contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo.

19 Ó Deus, tu matarás decerto o ímpio; apartai-vos, portanto, de mim, homens de sangue.

20

Pois falam malvadamente contra ti, e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.

21 Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?

22 Odeio-os com ódio consumado; tenho-os por inimigos.

23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; põe-me à prova, e conhece os meus pensamentos,

24 E vê se em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.

Salmo 140

Davi ora pedindo que seja livrado de seus inimigos — O Senhor sustenta a causa do oprimido e do necessitado.

Salmo de Davi para o músico-mor.

1

Livra-me, ó Senhor, do homem mau; guarda-me do homem violento,

2 Que pensa o mal no coração; continuamente se ajuntam para a guerra.

3 Aguçaram a língua como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios. (Selá.)

4 Guarda-me, ó Senhor, das mãos do ímpio, guarda-me do homem violento, os quais se propuseram a transtornar os meus passos.

5 Os soberbos armaram-me laços e cordas; estenderam a rede ao lado do caminho; armaram-me laços corrediços. (Selá.)

6 Eu disse ao Senhor: Tu és o meu Deus; ouve a voz das minhas súplicas, ó Senhor.

7 Deus Senhor, fortaleza da minha salvação, tu cobriste a minha cabeça no dia da batalha.

8 Não concedas, ó Senhor, ao ímpio os seus desejos; não promovas o seu mau propósito, para que não se exalte. (Selá.)

9 Quanto à cabeça dos que me cercam, cubra-os a maldade dos seus lábios.

10

Caiam sobre eles brasas vivas, sejam lançados no fogo, em covas profundas para que não se tornem a levantar.

11 Não terá firmeza na terra o homem de língua; o mal perseguirá o homem violento até que seja desterrado.

12 Sei que o Senhor sustentará a causa do oprimido, e o direito do necessitado.

13 Assim, os justos louvarão o teu nome; os retos habitarão na tua presença.

Salmo 141

Davi implora ao Senhor que ouça suas orações — A repreensão do justo é uma benignidade.

Salmo de Davi.

1

Senhor, a ti clamo, escuta-me; inclina os teus ouvidos à minha voz, quando a ti clamar.

2 Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde.

3 Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca, guarda a porta dos meus lábios.

4 Não inclines o meu coração a coisas más, a praticar obras más, com aqueles que praticam a iniquidade, e não coma eu das suas delícias.

5 Fira-me o justo, será uma benignidade; e repreenda-me, será um excelente óleo, que não me quebrará a cabeça; porque orarei nas suas próprias calamidades.

6 Quando os seus juízes forem derrubados pelos lados da rocha, eles ouvirão as minhas palavras, pois são agradáveis.

7 Os nossos ossos são espalhados à boca da sepultura, como quando se lavra e sulca a terra.

8 Mas os meus olhos te contemplam, ó Deus, Senhor; em ti confio; não desnudes a minha alma.

9 Guarda-me dos laços que me armaram, e dos laços corrediços dos que praticam a iniquidade.

10

Caiam os ímpios nas suas próprias redes, até que eu tenha escapado inteiramente.

Salmo 142

Davi ora para que seja protegido de seus perseguidores.

Masquil de Davi; oração que fez quando estava na caverna.

1

Com a minha voz clamei ao Senhor, com a minha voz supliquei ao Senhor.

2 Derramei a minha queixa perante a sua face; expus-lhe a minha angústia.

3 Quando o meu espírito estava angustiado em mim, então conheceste a minha vereda; no caminho em que eu andava, esconderam-me um laço.

4 Olhei para a minha direita, e vi, mas não havia quem me conhecesse; refúgio me faltou, ninguém cuidou da minha alma.

5 A ti, ó Senhor, clamei; eu disse: Tu és o meu refúgio, e a minha porção na terra dos viventes.

6 Atende ao meu clamor, porque estou muito abatido; livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu.

7 Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, pois me fizeste o bem.

Salmo 143

Davi ora pedindo que seja favorecido em juízo — Ele medita sobre as obras do Senhor e confia Nele.

Salmo de Davi.

1

Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos às minhas súplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça,

2 E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente.

3 Pois o inimigo perseguiu a minha alma; atropelou-me até o chão; fez-me habitar na escuridão, como aqueles que morreram há muito.

4 Pelo que o meu espírito se angustia em mim; e o meu coração em mim está desolado.

5 Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na obra das tuas mãos.

6 Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem sede de ti, como terra sedenta. (Selá.)

7 Ouve-me depressa, ó Senhor; o meu espírito desmaia; não escondas de mim a tua face, para que não seja semelhante aos que descem à cova.

8 Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma.

9 Livra-me, ó Senhor, dos meus inimigos; fujo para ti, para me esconder.

10

Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus; o teu Espírito é bom; guia-me por terra plana.

11 Vivifica-me, ó Senhor, por causa do teu nome; por causa da tua justiça, tira a minha alma da angústia.

12 E por tua misericórdia desarraiga os meus inimigos, e destrói todos os que angustiam a minha alma, pois sou teu servo.

Salmo 144

Davi bendiz o Senhor pela libertação e prosperidade temporal — Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor.

Salmo de Davi.

1

Bendito seja o Senhor, minha rocha, que ensina as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra;

2 Benignidade minha e fortaleza minha; alto retiro meu e meu libertador és tu; escudo meu, em quem eu confio, e que sujeita o meu povo a mim.

3 Senhor, que é o homem, para que o conheças, e o filho do homem, para que o estimes?

4 O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.

5 Abaixa, ó Senhor, os teus céus, e desce; toca os montes, e fumegarão.

6 Vibra os teus raios, e dissipa-os; envia as tuas flechas, e desbarata-os.

7 Estende as tuas mãos desde o alto; livra-me, e arrebata-me das muitas águas e das mãos dos filhos estrangeiros,

8 Cuja boca fala vaidade, e a sua mão direita é direita de falsidade.

9 A ti, ó Deus, cantarei um cântico novo, com o saltério e instrumento de dez cordas te cantarei louvores.

10

A ti, que dás a salvação aos reis, e que livras Davi, teu servo, da espada maligna.

11 Livra-me, e tira-me das mãos dos filhos estrangeiros, cuja boca fala vaidade, e a sua mão direita é direita de iniquidade;

12 Para que nossos filhos sejam como plantas crescidas na sua mocidade; para que as nossas filhas sejam como pedras de esquina lavradas à moda de palácio;

13 Para que as nossas despensas se encham de todo provimento; para que os nossos gados produzam a milhares e a dezenas de milhares nas nossas ruas;

14 Para que os nossos bois sejam fortes para o trabalho; para que não haja nem assaltos, nem saídas, nem gritos nas nossas ruas.

15 Bem-aventurado o povo, ao qual assim acontece; bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor.

Salmo 145

Davi exalta a grandeza e a majestade de Deus — O Senhor é bom para todos — Seu reino é um reino eterno — Ele está perto de todos os que O invocam e guarda aqueles que O amam.

Cântico de Davi.

1

Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu, e bendirei o teu nome pelos séculos dos séculos e para sempre.

2 Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos e para sempre.

3 Grande é o Senhor, e muito digno de louvor; e a sua grandeza, inescrutável.

4 Uma geração louvará as tuas obras à outra geração, e anunciarão as tuas proezas.

5 Falarei da magnificência gloriosa da tua majestade e das tuas obras maravilhosas.

6 E se falará da força dos teus feitos terríveis; e contarei a tua grandeza.

7 Proferirão abundantemente a memória da tua grande bondade, e cantarão a tua justiça.

8 Piedoso e benigno é o Senhor, longânimo e de grande misericórdia.

9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas obras.

10

Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus santos te bendirão.

11 Falarão da glória do teu reino, e relatarão o teu poder,

12 Para fazer saber aos filhos dos homens as tuas proezas e a glória da magnificência do teu reino.

13 O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as gerações.

14 O Senhor sustenta todos os que caem, e levanta todos os abatidos.

15 Os olhos de todos esperam em ti, e lhes dás o seu mantimento a seu tempo.

16 Abres a tua mão, e satisfazes os desejos de todos os viventes.

17 Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo, em todas as suas obras.

18 Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade.

19 Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará.

20

O Senhor guarda todos os que o amam, porém todos os ímpios serão destruídos.

21 A minha boca falará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu santo nome pelos séculos dos séculos e para sempre.

Salmo 146

Bem-aventurado aquele cuja esperança está no Senhor — O Senhor solta os encarcerados, ama os justos e reina para sempre.

1

Louvai ao Senhor. Ó minha alma, louva ao Senhor.

2 Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu for vivo.

3 Não confieis em príncipes, nem no filho do homem, em quem não salvação.

4 Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.

5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está posta no Senhor seu Deus.

6 O que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto há neles, e o que guarda a verdade para sempre;

7 O que faz justiça aos oprimidos, o que dá pão aos famintos. O Senhor solta os encarcerados.

8 O Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos; o Senhor ama os justos.

9 O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.

10

O Senhor reinará para sempre; o teu Deus, ó Sião, é de geração em geração. Louvai ao Senhor.

Salmo 147

Louvai ao Senhor por Seu poder — Seu entendimento é infinito — Ele envia Seus mandamentos, Sua palavra, Seus estatutos e Seus juízos a Israel.

1

Louvai ao Senhor, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus, porque é agradável; decoroso é o louvor.

2 O Senhor edifica Jerusalém, congrega os dispersos de Israel.

3 Sara os quebrantados de coração, e lhes ata as suas feridas.

4 Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes.

5 Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento é infinito.

6 O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até a terra.

7 Cantai ao Senhor em ação de graça; cantai louvores ao nosso Deus sobre a harpa.

8 Ele é o que cobre o céu de nuvens, o que prepara a chuva para a terra, e o que faz produzir erva sobre os montes.

9 O que dá aos animais o seu sustento, e aos filhos dos corvos, quando clamam.

10

Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz nas pernas do homem.

11 O Senhor se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia.

12 Louva, ó Jerusalém, ao Senhor; louva, ó Sião, ao teu Deus.

13 Porque fortaleceu os ferrolhos das tuas portas; abençoou os teus filhos dentro de ti.

14 Ele é o que põe em paz os teus termos, e da flor da farinha te farta.

15 O que envia o seu mandamento à terra; a sua palavra corre velozmente.

16 O que dá a neve como lã, esparge a geada como cinza.

17 O que lança o seu gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio?

18 Manda a sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm as águas.

19 Mostra a sua palavra a Jacó; os seus estatutos e os seus juízos, a Israel.

20

Não fez assim a nenhuma outra nação; e quanto aos seus juízos, não os conhecem. Louvai ao Senhor.

Salmo 148

Que todas as coisas louvem ao Senhor: homens e anjos, os corpos celestes, os elementos da Terra e todas as coisas que nela existem.

1

Louvai ao Senhor. Louvai ao Senhor desde os céus, louvai-o nas alturas.

2 Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos.

3 Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes.

4 Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus.

5 Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e foram criados.

6 E os confirmou para sempre, e lhes deu uma lei que não ultrapassarão.

7 Louvai ao Senhor desde a terra, vós, baleias, e todos os abismos,

8 Fogo e saraiva, neve e vapores, e vento tempestuoso que executa a sua palavra,

9 Montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros,

10

As feras e todos os gados, répteis e aves voadoras,

11 Reis da terra e todos os povos, príncipes e todos os juízes da terra,

12 Rapazes e donzelas, velhos e crianças,

13 Louvem o nome do Senhor, pois só o seu nome é exaltado; a sua glória está sobre a terra e o céu.

14 Ele também exalta o poder do seu povo, o louvor de todos os seus santos, dos filhos de Israel, um povo que lhe é chegado. Louvai ao Senhor.

Salmo 149

Louvai ao Senhor na congregação dos santos — Ele ornará os mansos com salvação.

1

Louvai ao Senhor. Cantai ao Senhor um cântico novo; e o seu louvor, na congregação dos santos.

2 Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei.

3 Louvem o seu nome com dança; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa.

4 Porque o Senhor se agrada do seu povo; ornará os mansos com a salvação.

5 Exultem os santos na glória, alegrem-se nas suas camas.

6 Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus; e espada de dois fios, nas suas mãos;

7 Para tomarem vingança das nações, e darem repreensões aos povos;

8 Para aprisionarem os seus reis com cadeias; e os seus nobres, com grilhões de ferro;

9 Para executarem contra eles o juízo escrito; esta será a glória de todos os santos. Louvai ao Senhor.

Salmo 150

Louvai a Deus no Seu santuário — Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor.

1

Louvai ao Senhor. Louvai a Deus no seu santuário, louvai-o no firmamento do seu poder.

2 Louvai-o pelos seus atos poderosos, louvai-o conforme a excelência da sua grandeza.

3 Louvai-o com o som de trombeta, louvai-o com o saltério e a harpa.

4 Louvai-o com tamborim e dança, louvai-o com instrumento de cordas e com flautas.

5 Louvai-o com os címbalos sonoros, louvai-o com címbalos altissonantes.

6 Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor.

Os Provérbios

Capítulo 1

O temor do Senhor é o princípio do conhecimento — Se os pecadores te atraírem com afagos, não consintas — Aquele que der ouvidos à sabedoria habitará em segurança.

1

Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel;

2 Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se discernir as palavras do entendimento;

3 Para se receber a instrução da prudência, a justiça, o juízo, e a equidade;

4 Para dar aos simples sagacidade; e aos moços, conhecimento e bom siso;

5 Para o sábio ouvir e crescer em conhecimento, e o que tem discernimento adquirir sábios conselhos;

6 Para entender provérbios, e a sua interpretação, como também as palavras dos sábios, e os seus enigmas.

7 O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os tolos desprezam a sabedoria e a instrução.

8 Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes a doutrina de tua mãe.

9 Porque diadema de graça serão para a tua cabeça; e colares, para o teu pescoço.

10

Filho meu, se os pecadores te atraírem com afagos, não consintas.

11 Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos o inocente sem razão;

12 Traguemo-los vivos, como a sepultura; inteiros, como os que descem à cova;

13 Acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos as nossas casas de despojos;

14 Lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.

15 Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; desvia o pé das suas veredas,

16 Porque os seus pés correm para o mal, e se apressam a derramar sangue.

17 Na verdade em vão se estende a rede perante os olhos de toda sorte de aves.

18 E estes armam ciladas contra o seu próprio sangue, e a sua própria vida espreitam.

19 Assim são as veredas de todo aquele que usa de avareza; ela prenderá a alma de seus amos.

20

A sabedoria clama nas ruas; nas praças levanta a sua voz.

21 Nas encruzilhadas, em que há tumultos, clama; às entradas das portas, na cidade profere as suas palavras.

22 Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, tolos, odiareis o conhecimento?

23 Atentai à minha repreensão; eis que abundantemente derramarei meu espírito sobre vós, e vos farei saber as minhas palavras.

24 Porquanto clamei, e vós recusastes; estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção;

25 Mas rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão.

26 Também eu me rirei na vossa perdição, e zombarei, vindo o vosso temor,

27 Vindo como a assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia.

28 Então a mim clamarão, porém eu não responderei; cedo me buscarão, porém não me acharão.

29 Porquanto odiaram o conhecimento, e não elegeram o temor do Senhor;

30

Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha repreensão.

31 Assim, comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos.

32 Porque o desvio dos simples os matará, e a prosperidade dos tolos os destruirá.

33 Porém o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará descansado do temor do mal.

Capítulo 2

O Senhor concede sabedoria, conhecimento e entendimento — Andai pelo caminho dos bons.

1

Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos,

2 Para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e inclinares o teu coração ao entendimento,

3 E se clamares por entendimento, e por inteligência alçares a tua voz,

4 Se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a esquadrinhares,

5 Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus.

6 Porque o Senhor é o que dá a sabedoria; da sua boca é que sai o conhecimento e o entendimento.

7 Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; escudo é para os que caminham na integridade.

8 Para que guardem as veredas do juízo; e ele o caminho dos seus santos conservará.

9 Então entenderás justiça, e juízo, e equidade, e todas as boas veredas,

10

Quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma.

11 O bom siso te guardará, e a inteligência te conservará,

12 Para te fazer escapar do mau caminho, e do homem que fala coisas perversas,

13 Dos que deixam as veredas da retidão, para andarem pelos caminhos das trevas,

14 Que se alegram de fazer o mal, e deleitam-se com as perversidades dos maus,

15 Cujas veredas são tortuosas e que se desviam nas suas sendas,

16 Para te fazer escapar da mulher estranha, e da estrangeira que lisonjeia com suas palavras,

17 Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece do convênio do seu Deus.

18 Porque a sua casa se inclina para a morte; e as suas veredas, para os defuntos.

19 Todos os que forem a ela não retornarão, e não atinarão com as veredas da vida,

20

Para andares pelo caminho dos bons, e guardares as veredas dos justos.

21 Porque os retos habitarão a terra, e os íntegros permanecerão nela.

22 Mas os ímpios serão arrancados da terra, e os traiçoeiros serão dela exterminados.

Capítulo 3

Escreve a benignidade e a fidelidade na tábua do teu coração — Confia no Senhor — Honra-O com os teus bens — O Senhor repreende aquele a quem ama — Bem-aventurado o homem que acha sabedoria.

1

Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos.

2 Porque eles te prolongarão os dias, e te acrescentarão anos de vida e paz.

3 Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração,

4 E acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens.

5 Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.

6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

7 Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.

8 Isso será saúde para o teu umbigo, e medula para os teus ossos.

9 Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda;

10

E se encherão os teus celeiros de fartura, e transbordarão de vinho novo os teus lagares.

11 Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enfades da sua repreensão,

12 Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem.

13 Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento.

14 Porque melhor é a sua mercadoria do que a mercadoria de prata, e a sua renda do que o ouro mais fino.

15 Mais preciosa é ela do que os rubis, e tudo o que mais podes desejar não se pode comparar a ela.

16 Longos dias na sua mão direita; na sua esquerda, riquezas e honra.

17 Os caminhos dela são caminhos de deleites, e todas as suas veredas são de paz.

18 É árvore da vida para os que dela tomam, e bem-aventurados são todos os que a retêm.

19 O Senhor com sabedoria fundou a terra; preparou os céus com entendimento.

20

Pelo seu conhecimento se fenderam os abismos, e as nuvens destilam o orvalho.

21 Filho meu, não se apartem estes dos teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso;

22 Porque serão vida para a tua alma, e graça para o teu pescoço.

23 Então andarás com confiança pelo teu caminho, e não tropeçará o teu pé.

24 Quando te deitares, não temerás, mas te deitarás e o teu sono será suave.

25 Não temas o pavor repentino, nem a assolação dos ímpios quando vier.

26 Porque o Senhor será a tua esperança, e guardará os teus pés de serem presos.

27 Não deixes de fazer o bem a quem merece, tendo na tua mão o poder de fazê-lo.

28 Não digas ao teu próximo: Vai, e retorna amanhã, que to darei; tendo-o tu contigo.

29 Não maquines o mal contra o teu próximo, pois habita contigo confiadamente.

30

Não contendas com alguém sem razão, se não te fez mal nenhum.

31 Não tenhas inveja do homem violento, nem elejas algum de seus caminhos.

32 Porque o perverso é abominação ao Senhor, mas com os retos está o seu segredo.

33 A maldição do Senhor habita na casa do ímpio, mas abençoa a habitação dos justos.

34 Certamente ele escarnecerá dos escarnecedores, mas dará graça aos mansos.

35 Os sábios herdarão honra, porém os tolos tomam sobre si vergonha.

Capítulo 4

Guarda os mandamentos e vive — Com tudo o que possuis, adquire o entendimento — Não andes pelo caminho dos maus.

1

Ouvi, filhos, a correção do pai, e estai atentos para conhecerdes o entendimento.

2 Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a minha lei.

3 Porque eu era filho de meu pai, tenro e único em estima diante de minha mãe.

4 E ele ensinava-me, e dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu coração; guarda os meus mandamentos, e vive.

5 Adquire a sabedoria, adquire a inteligência, e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca.

6 Não a desampares, e ela te guardará; ama-a, e ela te conservará.

7 O principal é a sabedoria; adquire, pois, a sabedoria, e com tudo o que possuis adquire o entendimento.

8 Exalta-a, e ela te exaltará; e abraçando-a tu, ela te honrará.

9 Dará à tua cabeça um diadema de graça, e uma coroa de glória te entregará.

10

Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se te multiplicarão os anos de vida.

11 No caminho da sabedoria te ensinei, e pelas veredas da retidão te fiz andar.

12 Por elas andando, não se estreitarão os teus passos; e se correres, não tropeçarás.

13 Apega-te à correção e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida.

14 Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus.

15 Rejeita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo.

16 Pois não dormem, se não fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar.

17 Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência.

18 Porém a vereda dos justos é como a luz resplandecente, que brilha mais e mais até o dia perfeito.

19 O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçarão.

20

Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões, inclina o teu ouvido.

21 Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no meio do teu coração.

22 Porque são vida para os que as acham, e saúde para todo o seu corpo.

23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.

24 Desvia de ti a falsidade da boca, e afasta de ti a perversidade dos lábios.

25 Os teus olhos olhem para a frente, e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti.

26 Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados!

27 Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.

Capítulo 5

Quem se envolver com mulheres imorais descerá ao inferno — Alegra-te com a mulher da tua mocidade.

1

Filho meu, atende à minha sabedoria; à minha inteligência inclina o teu ouvido;

2 Para que conserves a discrição, e os teus lábios guardem o conhecimento.

3 Porque os lábios da estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais suave do que o azeite.

4 Porém o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes.

5 Os seus pés descem à morte; os seus passos conduzem ao inferno.

6 Ela não faz plana a vereda da vida, são instáveis os seus caminhos, e ela não o sabe.

7 Agora, pois, filhos, dai-me ouvidos, e não vos desvieis das palavras da minha boca.

8 Afasta dela o teu caminho, e não chegues à porta da sua casa;

9 Para que não dês a outros a tua honra, nem os teus anos, a cruéis.

10

Para que não se fartem os estranhos da tua força, e todos os teus afadigados trabalhos não entrem na casa do estrangeiro,

11 E gemas no teu fim, consumindo-se a tua carne e o teu corpo.

12 E digas: Como odiei a correção, e desprezou o meu coração a repreensão!

13 E não escutei a voz dos que me ensinavam, nem a meus mestres inclinei o meu ouvido!

14 Quase que em todo mal me achei no meio da assembleia e da congregação.

15 Bebe água da tua cisterna, e das águas correntes do teu poço.

16 Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e pelas ruas, os ribeiros de águas?

17 Sejam para ti só, e não para os estranhos contigo.

18 Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade.

19 Como serva amorosa, e gazela graciosa, os seus peitos te saciarão em todo o tempo, e pelo seu amor sejas atraído perpetuamente.

20

E por que, filho meu, andarias atraído pela estranha, e abraçarias o seio da estrangeira?

21 Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e ele pesa todas as suas veredas.

22 Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido.

23 Ele morrerá, porque sem correção andou, e pelo excesso da sua loucura se perderá.

Capítulo 6

Citam-se seis coisas que o Senhor odeia — Aqueles que cometem adultério destroem a própria alma.

1

Filho meu, se ficaste por fiador do teu próximo, se deste a tua mão ao estranho,

2 Enredaste-te com as palavras da tua boca, prendeste-te com as palavras da tua boca.

3 Faze, pois, isto agora, filho meu, e livra-te, pois já caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te, e importuna o teu companheiro.

4 Não dês sono aos teus olhos, nem adormecimento às tuas pálpebras.

5 Livra-te como a gazela da mão do caçador, e como a ave, da mão do passarinheiro.

6 Vai-te à formiga, ó preguiçoso, olha para os seus caminhos, e sê sábio;

7 A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador,

8 Prepara no verão o seu pão, na ceifa ajunta o seu mantimento.

9 Ó, preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?

10

Um pouco de sono, um pouco tosquenejando; um pouco cruzando as mãos para dormir;

11 Assim te sobrevirá a tua pobreza como o caminhante; e a tua necessidade, como um homem armado.

12 O homem de Belial, o homem vicioso, anda em perversidade de boca.

13 Acena com os olhos, fala com os pés, ensina com os dedos.

14 Perversidade há no seu coração, todo o tempo maquina o mal, anda semeando contendas.

15 Pelo que a sua destruição virá repentinamente; subitamente será arrasado, sem que haja cura.

16 Estas seis coisas o Senhor odeia; sim, sete a sua alma abomina:

17 Olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente,

18 O coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal,

19 A testemunha falsa que respira mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.

20

Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei de tua mãe;

21 Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço.

22 Quando caminhares, te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, ela falará contigo.

23 Porque o mandamento é uma lâmpada; e a lei, uma luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida,

24 Para te guardarem da má mulher, e das lisonjas da língua da estranha.

25 Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te deixes prender pelos seus olhos.

26 Porque o preço da prostituta é apenas um bocado de pão; mas a adúltera anda à caça da preciosa alma.

27 Porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que as suas vestes se queimem?

28 Ou andará alguém sobre as brasas, sem que se queimem os seus pés?

29 Assim será o que se deitar com a mulher do seu próximo; não ficará inocente todo aquele que a tocar.

30

Não injuriam o ladrão, quando furta para saciar a sua alma, tendo fome;

31 Mas, se for achado, pagará sete vezes tanto; dará todos os bens de sua casa.

32 Porém o que adultera com uma mulher é falto de entendimento; destrói a sua alma o que tal faz.

33 Achará castigo e vilipêndio, e o seu opróbrio nunca se apagará.

34 Porque ciúmes são furores do marido, e de maneira nenhuma perdoará no dia da vingança.

35 Nenhum resgate aceitará, nem consentirá, ainda que aumentes os presentes.

Capítulo 7

A mulher imoral conduz o homem à destruição como o boi que vai para o matadouro — A casa da mulher adúltera é o caminho para o inferno.

1

Filho meu, guarda as minhas palavras, e entesoura dentro de ti os meus mandamentos.

2 Guarda os meus mandamentos, e vive; e a minha lei, como as meninas dos teus olhos.

3 Ata-os aos teus dedos, escreve-os na tábua do teu coração.

4 Dize à sabedoria: Tu és minha irmã; e à prudência chama de tua parenta.

5 Para te guardarem da mulher alheia, da estrangeira, que lisonjeia com as suas palavras.

6 Porque da janela da minha casa, por minhas grades olhando eu,

7 Vi entre os simples, descobri entre os moços, um rapaz falto de juízo,

8 Que passava pela rua junto à esquina dela, e seguia o caminho da casa dela,

9 No crepúsculo, à tarde do dia, na tenebrosa noite e na escuridão;

10

E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro, com enfeites de prostituta, e astuta de coração.

11 Esta era alvoroçadora, e contenciosa; não paravam em sua casa os seus pés;

12 Ora na rua, depois pelas praças, e espreitando por todos os cantos;

13 E o pegou, e o beijou; e descaradamente, disse-lhe:

14 Sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei os meus votos.

15 Por isso saí ao teu encontro, a buscar diligentemente a tua face, e te achei.

16 Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, com obras lavradas com linho fino do Egito.

17 Já perfumei o meu leito com mirra, aloés, e canela.

18 Vem, saciemo-nos de amores até pela manhã; alegremo-nos com amores.

19 Porque o marido não está em sua casa, foi fazer uma jornada ao longe;

20

Um saquitel de dinheiro levou na sua mão; só no dia da lua cheia voltará para a sua casa.

21 Seduziu-o com a multidão das suas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o persuadiu.

22 E ele logo a segue, como boi que vai ao matadouro, e como o tolo ao castigo das prisões;

23 Até que a flecha lhe atravesse o fígado, como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que está armado contra a sua vida.

24 Agora, pois, filhos, dai-me ouvidos, e estai atentos às palavras da minha boca.

25 Não se desvie para os caminhos dela o teu coração, e não andes perdido nas suas veredas.

26 Porque a muitos feridos derrubou, e são muitíssimos os que por ela foram mortos.

27 A sua casa é caminho do inferno, que desce às câmaras da morte.

Capítulo 8

A sabedoria é algo extremamente desejável — O Senhor e os filhos dos homens tinham sabedoria na vida pré-mortal.

1

Não clama porventura a sabedoria, e a inteligência não dá a sua voz?

2 No cume das alturas, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas se põe.

3 Do lado das portas da cidade, à entrada da cidade, e à entrada das portas está gritando.

4 A vós, ó homens, clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens.

5 Entendei, ó simples, a prudência; e vós, tolos, entendei no coração.

6 Ouvi, porque falarei coisas excelentes; os meus lábios proferirão coisas retas.

7 Porque a minha boca proferirá a verdade, e os meus lábios abominam a impiedade.

8 Em justiça estão todas as palavras da minha boca; não nelas nenhuma coisa tortuosa nem perversa.

9 Todas elas são retas para o que as entende; e justas, para os que acham o conhecimento.

10

Aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido.

11 Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.

12 Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos.

13 O temor do Senhor é odiar o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau caminho, e a boca perversa odeio.

14 Meu é o conselho e verdadeira sabedoria; eu sou o entendimento, minha é a fortaleza.

15 Por mim reinam os reis, e os príncipes decretam justiça.

16 Por mim governam os príncipes e nobres, todos os juízes da terra.

17 Eu amo os que me amam, e os que cedo me buscam me acharão.

18 Riquezas e honra estão comigo, sim, riqueza durável e justiça.

19 Melhor é o meu fruto do que o fino ouro e do que o ouro refinado; e os meus ganhos, do que a prata escolhida.

20

Ando pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo.

21 Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha os seus tesouros.

22 O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, desde então, e antes de suas obras.

23 Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra.

24 Quando ainda não havia abismos, fui gerada, quando ainda não havia fontes carregadas de águas.

25 Antes que os montes se houvessem assentado, antes dos outeiros, eu fui gerada.

26 Ainda ele não tinha feito a terra, nem os campos, nem o princípio do pó do mundo.

27 Quando ele preparava os céus, aí estava eu, quando traçava o horizonte sobre a face do abismo,

28 Quando firmava as nuvens de cima, quando fortificava as fontes do abismo,

29 Quando fixava ao mar o seu termo, para que as águas não trespassassem o seu mando, quando compunha os fundamentos da terra.

30

Então eu estava com ele como arquiteto; e eu era cada dia o seu deleite, alegrando-me perante ele em todo o tempo;

31 Regozijando-me no seu mundo habitável, e achando o meu deleite com os filhos dos homens.

32 Agora, pois, filhos, ouvi-me, porque bem-aventurados serão os que guardarem os meus caminhos.

33 Ouvi a correção, e sede sábios, e não a rejeiteis.

34 Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos, velando às minhas portas cada dia, esperando às ombreiras das minhas entradas.

35 Porque o que me achar achará a vida, e alcançará favor do Senhor.

36 Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte.

Capítulo 9

Repreende o sábio, e ele te amará — O temor do Senhor é o princípio da sabedoria — Os convidados da mulher imoral estão nas profundezas do inferno.

1

A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas.

2 Já abateu os seus animais, misturou o seu vinho, e já preparou a sua mesa.

3 Já mandou as suas criadas, já anda convidando desde as alturas da cidade, dizendo:

4 Quem é simples, volte-se para cá. Aos faltos de entendimento diz:

5 Vinde, comei do meu pão, e bebei do vinho que misturei.

6 Deixai a insensatez, e vivei; e andai pelo caminho do entendimento.

7 O que repreende o escarnecedor, afronta toma para si; e o que redargue ao ímpio, pega-se-lhe a sua mancha.

8 Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará.

9 Dá ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo, e aumentará em saber.

10

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; e o conhecimento do Santo, o entendimento.

11 Porque por mim se multiplicam os teus dias, e anos de vida se te aumentarão.

12 Se fores sábio, para ti sábio serás; e se fores escarnecedor, só tu o suportarás.

13 A mulher louca é alvoroçadora, é simples, e não sabe coisa nenhuma.

14 E assenta-se à porta da sua casa sobre uma cadeira, nas alturas da cidade,

15 Para chamar os que passam pelo caminho, e seguem direito as suas veredas, dizendo:

16 Quem é simples, volte-se para cá. E aos faltos de entendimento diz:

17 As águas roubadas são doces, e o pão tomado às escondidas é agradável.

18 Porém eles não sabem que ali estão os mortos; os seus convidados estão nas profundezas do inferno.

Capítulo 10

O filho sábio alegra seu pai — A boca do justo é fonte de vida — Aquele que divulga má fama é insensato — O desejo dos justos será concedido.

1

Provérbios de Salomão. O filho sábio alegra seu pai, mas o filho tolo é a tristeza de sua mãe.

2 Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, porém a justiça livra da morte.

3 O Senhor não deixa ter fome a alma do justo, mas a aspiração dos ímpios rechaça.

4 O que trabalha com mão displicente empobrece, mas a mão dos diligentes enriquece.

5 O que ajunta no verão é filho sábio, mas o que dorme na ceifa é filho que faz envergonhar.

6 Bênçãos sobre a cabeça do justo, mas a violência cobre a boca dos ímpios.

7 A memória do justo é abençoada, mas o nome dos ímpios apodrecerá.

8 O sábio de coração aceita os mandamentos, mas o tolo de lábios cairá.

9 Quem anda em integridade, anda seguro, mas o que perverte os seus caminhos será conhecido.

10

O que acena com os olhos causa dores, e o tolo de lábios cairá.

11 A boca do justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos ímpios.

12 O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.

13 Nos lábios do que tem discernimento se acha a sabedoria, mas a vara é para as costas do falto de entendimento.

14 Os sábios entesouram a sabedoria, mas a boca do tolo está perto da ruína.

15 Os bens do rico são a sua cidade forte; a pobreza dos pobres é a sua ruína.

16 A obra do justo conduz à vida; os ganhos do ímpio, ao pecado.

17 O caminho para a vida é daquele que guarda a correção, mas o que deixa a repreensão erra.

18 O que encobre o ódio tem lábios falsos, e o que divulga má fama é um insensato.

19 Na multidão de palavras não há falta de transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente.

20

Prata escolhida é a língua do justo; o coração dos ímpios é de nenhum valor.

21 Os lábios do justo apascentam muitos, mas os tolos, por falta de entendimento, morrem.

22 A bênção do Senhor é a que enriquece, e ele não lhe acrescenta dores.

23 Como brincadeira é para o tolo fazer abominação, mas a sabedoria é deleite para o homem de entendimento.

24 O temor do ímpio virá sobre ele, mas o desejo dos justos será concedido.

25 Como passa a tempestade, assim o ímpio desaparece, mas o justo tem perpétuo fundamento.

26 Como vinagre para os dentes, como a fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam.

27 O temor do Senhor aumenta os dias, mas os anos dos ímpios serão abreviados.

28 A esperança dos justos é alegria, mas a expectação dos ímpios perecerá.

29 O caminho do Senhor é fortaleza para os retos, mas ruína será para os que praticam iniquidade.

30

O justo jamais será abalado, mas os ímpios não habitarão a terra.

31 A boca do justo em abundância produz sabedoria, mas a língua da perversidade será desarraigada.

32 Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos ímpios anda cheia de perversidades.

Capítulo 11

Contrastam-se as condições e as recompensas dos justos com as dos iníquos — Morrendo o homem perverso perece sua esperança — O que ganha almas é sábio.

1

Balança enganosa é abominação ao Senhor, mas o peso justo é o seu prazer.

2 Vinda a soberba, virá também a afronta, mas com os humildes está a sabedoria.

3 A integridade dos retos os encaminhará, mas a perversidade dos traiçoeiros os destruirá.

4 De nada aproveitam as riquezas no dia da ira, mas a justiça livra da morte.

5 A justiça do íntegro endireitará o seu caminho, mas o ímpio pela sua impiedade cairá.

6 A justiça dos virtuosos os livrará, mas na sua perversidade serão apanhados os iníquos.

7 Morrendo o homem ímpio perece a sua esperança, e a expectação de riquezas se perde.

8 O justo é libertado da angústia, e o ímpio vem em seu lugar.

9 O hipócrita com a boca destrói o seu próximo, mas os justos são libertados pelo conhecimento.

10

No bem dos justos exulta a cidade, e perecendo os ímpios, há júbilo.

11 Pela bênção dos retos se exalta a cidade, mas pela boca dos ímpios se derruba.

12 O que carece de entendimento despreza o seu próximo, mas o homem de entendimento cala-se.

13 O mexeriqueiro revela o segredo, mas o fiel de espírito encobre o assunto.

14 Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselheiros há segurança.

15 Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que abomina a fiança estará seguro.

16 A mulher graciosa guarda a honra, como os violentos guardam as riquezas.

17 O homem benigno faz bem à sua própria alma, mas o cruel perturba a sua própria carne.

18 O ímpio faz obra falsa, mas para o que semeia justiça haverá galardão fiel.

19 Como a justiça encaminha para a vida, assim o que segue o mal vai para a sua morte.

20

Abominação são ao Senhor os perversos de coração, mas os retos em seu caminho são o seu deleite.

21 Mão a mão, o mau não ficará impune, mas a semente dos justos escapará.

22 Como joia de ouro no focinho da porca, assim é a mulher formosa que se aparta da razão.

23 O desejo dos justos é tão somente o bem, mas a esperança dos ímpios é a ira.

24 Alguns há que distribuem, e ainda se lhes acrescenta mais, e outros que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda.

25 A alma generosa prosperará, e o que regar, ele também será regado.

26 Ao que retém o trigo, o povo amaldiçoa, mas bênção haverá sobre a cabeça do que o vende.

27 O que cedo busca o bem busca favor, porém o que procura o mal a esse lhe sobrevirá.

28 Aquele que confia nas suas riquezas cairá, mas os justos reverdecerão como a folhagem.

29 O que perturba a sua casa herdará o vento, e o tolo será servo do sábio de coração.

30

O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas sábio é.

31 Eis que o justo é recompensado na terra; quanto mais o serão o ímpio e o pecador.

Capítulo 12

A mulher virtuosa é a coroa do seu marido — O caminho do tolo é reto aos seus próprios olhos — Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor.

1

O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que odeia a repreensão é estúpido.

2 O homem de bem alcançará o favor do Senhor, mas ao homem de perversas imaginações ele condenará.

3 O homem não se estabelecerá pela impiedade, mas a raiz dos justos não será removida.

4 A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que faz vergonha é como apodrecimento nos seus ossos.

5 Os pensamentos dos justos são juízo, mas os conselhos dos ímpios, engano.

6 As palavras dos ímpios são ciladas para derramar sangue, mas a boca dos retos os fará escapar.

7 Derrubados serão os ímpios, e deixarão de existir, mas a casa dos justos permanecerá.

8 Segundo o seu entendimento, cada qual será louvado, mas o perverso de coração será desprezado.

9 Melhor é o que é menosprezado e tem servos, do que o que se honra a si mesmo e tem falta de pão.

10

O justo atenta para vida dos seus animais, mas as misericórdias dos ímpios são cruéis.

11 O que lavra a sua terra se fartará de pão, mas o que segue os ociosos está falto de juízo.

12 O ímpio deseja a rede dos maus, mas a raiz dos justos produz o seu fruto.

13 Na transgressão dos lábios se enlaça o ímpio, mas o justo sairá da angústia.

14 Pelo fruto da sua boca cada um se fartará de coisas boas, e a recompensa da mão do homem a ele retornará.

15 O caminho do tolo é reto aos seus próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.

16 A ira do tolo se conhece no mesmo dia, mas o prudente encobre a afronta.

17 O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a falsa testemunha, o engano.

18 alguns que falam palavras como estocadas de espada, mas a língua dos sábios é saúde.

19 O lábio da verdade ficará para sempre, mas a língua da falsidade dura por um momento.

20

Engano no coração dos que maquinam o mal, mas alegria têm os que aconselham a paz.

21 Nenhum agravo sobrevirá ao justo, mas os ímpios ficam cheios de males.

22 Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu deleite.

23 O homem prudente encobre o conhecimento, mas o coração dos tolos proclama a estultícia.

24 A mão dos diligentes dominará, mas os enganadores serão tributários.

25 A ansiedade no coração do homem o deprime, mas uma boa palavra o alegra.

26 O justo é um guia para o seu próximo, mas o caminho dos ímpios os faz errar.

27 O preguiçoso não assará a sua caça, mas o precioso bem do homem é ser diligente.

28 Na vereda da justiça está a vida, e no caminho da sua jornada não morte.

Capítulo 13

O caminho do transgressor é árduo — O mal persegue os pecadores — Aquele que não disciplina seus filhos os odeia.

1

O filho sábio ouve a correção do pai, mas o escarnecedor não ouve a repreensão.

2 Do fruto da boca cada um comerá o bem, mas a alma dos transgressores comerá a violência.

3 O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que abre muito os seus lábios se arruína.

4 A alma do preguiçoso deseja, e coisa nenhuma alcança, mas a alma dos diligentes prospera.

5 O justo odeia a palavra de mentira, mas o ímpio se faz abominável, e se desonra.

6 A justiça guarda o que anda em integridade, mas a impiedade transtornará o pecador.

7 alguns que se fazem ricos, e não têm coisa nenhuma, e outros que se fazem pobres e têm muitos bens.

8 O resgate da vida de cada um são as suas riquezas, mas o pobre não ouve ameaças.

9 A luz dos justos alegra, mas a candeia dos ímpios se apagará.

10

Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.

11 A riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com trabalho a aumentará.

12 A esperança adiada enfraquece o coração, mas o desejo realizado é árvore de vida.

13 O que despreza a palavra perecerá, mas o que teme o mandamento será galardoado.

14 A doutrina do sábio é uma fonte de vida para se desviar dos laços da morte.

15 O bom entendimento favorece, mas o caminho dos transgressores é áspero.

16 Todo prudente age com conhecimento, mas o tolo espraia a sua loucura.

17 O ímpio mensageiro cai no mal, mas o embaixador fiel é saúde.

18 Pobreza e afronta virão ao que rejeita a correção, mas o que guarda a repreensão será honrado.

19 O desejo que se cumpre deleita a alma, mas apartar-se do mal é abominável para os tolos.

20

O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos sofrerá severamente.

21 O mal perseguirá os pecadores, mas os justos serão galardoados com o bem.

22 O homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus filhos, mas a riqueza do pecador se deposita para o justo.

23 A lavoura dos pobres abundância de mantimento, mas alguns há que se consomem por falta de juízo.

24 O que poupa a sua vara odeia seu filho, mas o que o ama prontamente o castiga.

25 O justo come até fartar a sua alma, mas o ventre dos ímpios passará necessidade.

Capítulo 14

Afasta-te da presença do homem insensato — A testemunha verdadeira livra almas — A retidão exalta a nação.

1

Toda mulher sábia edifica a sua casa, mas a tola a derruba com as suas mãos.

2 O que anda na retidão teme ao Senhor, mas o que se desvia de seus caminhos o despreza.

3 Na boca do tolo está a vara da soberba, mas os lábios dos sábios os protegem.

4 Não havendo bois, a manjedoura está limpa, mas pela força do boi abundância de colheitas.

5 A testemunha verdadeira não mentirá, mas a testemunha falsa se desboca em mentiras.

6 O escarnecedor busca sabedoria, e nenhuma acha, mas para o prudente o conhecimento é fácil.

7 Afasta-te da presença do homem insensato, porque nele não divisarás os lábios do conhecimento.

8 A sabedoria do prudente é entender o seu caminho, mas a estultícia dos tolos é engano.

9 Os tolos zombam do pecado, mas entre os retos benevolência.

10

O coração conhece a sua própria amargura, e o estranho não participará da sua alegria.

11 A casa dos ímpios se desfará, mas a tenda dos retos florescerá.

12 Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.

13 Até no riso terá dor o coração, e o fim da alegria é tristeza.

14 Dos seus caminhos se fartará o que se desvia no coração, mas o homem bom se satisfará consigo mesmo.

15 O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos.

16 O sábio teme, e desvia-se do mal, mas o tolo se encoleriza, e dá-se por seguro.

17 O que presto se indigna fará doidices, e o homem de más intenções será odiado.

18 Os simples herdarão a estultícia, mas os prudentes se coroarão de conhecimento.

19 Os maus se inclinam diante dos bons; e os ímpios, diante das portas do justo.

20

O pobre é odiado até pelo seu próximo, porém os amigos dos ricos são muitos.

21 O que despreza o seu próximo peca, mas o que se compadece dos humildes é bem-aventurado.

22 Porventura não erram os que praticam o mal? Mas benevolência e fidelidade haverá para os que praticam o bem.

23 Em todo trabalho proveito há, mas a palavra dos lábios só encaminha à pobreza.

24 A coroa dos sábios é a sua riqueza, a estultícia dos tolos é só estultícia.

25 A testemunha verdadeira livra almas, mas o que profere mentiras é enganador.

26 No temor do Senhor firme confiança, e ele será um refúgio para seus filhos.

27 O temor do Senhor é uma fonte de vida, para se desviarem dos laços da morte.

28 Na multidão do povo está a glória do rei, mas na falta de povo, a ruína do príncipe.

29 O longânimo é grande em entendimento, mas o que é de espírito impaciente assinala a sua loucura.

30

O coração sereno é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos.

31 O que oprime o pobre insulta aquele que o criou, mas o que o honra se compadece do necessitado.

32 Pela sua maldade será lançado fora o ímpio, mas o justo até na sua morte se mantém confiante.

33 No coração do prudente repousa a sabedoria, mas o que há no interior dos tolos se conhece.

34 A justiça exalta o povo, mas o pecado é o opróbrio das nações.

35 O rei tem seu contentamento no servo prudente, mas sobre o que o envergonha cairá o seu furor.

Capítulo 15

A resposta branda desvia o furor — O filho sábio alegra seu pai — Abomináveis ao Senhor são os pensamentos do mau — Adiante da honra vai a humildade.

1

A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.

2 A língua dos sábios adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos derrama a estultícia.

3 Os olhos do Senhor estão em todo o lugar, contemplando os maus e os bons.

4 A língua benigna é árvore de vida, mas a perversidade nela quebranta o espírito.

5 O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá.

6 Na casa do justo há um grande tesouro, mas nos frutos do ímpio perturbação.

7 Os lábios dos sábios derramarão o conhecimento, mas o coração dos tolos não fará assim.

8 O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é o seu contentamento.

9 O caminho do ímpio é abominável ao Senhor, mas ele ama o que segue a justiça.

10

Correção severa há para o que deixa a vereda, e o que odeia a repreensão morrerá.

11 O inferno e a perdição estão perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos homens?

12 O escarnecedor não ama aquele que o repreende, nem se chegará aos sábios.

13 O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.

14 O coração do que tem discernimento buscará o conhecimento, mas a boca dos tolos se apascentará de estultícia.

15 Todos os dias do oprimido são maus, mas o coração alegre tem um banquete contínuo.

16 Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação.

17 Melhor é a comida de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio.

18 O homem irascível suscita contendas, mas o longânimo apaziguará a luta.

19 O caminho do preguiçoso é como a sebe de espinhos, mas a vereda dos retos está bem aplanada.

20

O filho sábio alegra seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe.

21 A estultícia é alegria para o que carece de discernimento, mas o homem de entendimento anda retamente.

22 Os planos se desfazem quando não há conselho, mas com a multidão de conselheiros se confirmarão.

23 O homem se alegra na resposta da sua boca, e a palavra dita a seu tempo quão boa é!

24 Para o sábio, o caminho da vida vai para cima, para que se desvie do inferno abaixo.

25 O Senhor arrancará a casa dos soberbos, mas estabelecerá o termo da viúva.

26 Abomináveis são ao Senhor os pensamentos do mau, mas as palavras dos limpos são aprazíveis.

27 O que exercita avareza perturba a sua casa, mas o que odeia suborno viverá.

28 O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos ímpios derrama em abundância coisas más.

29 O Senhor longe está dos ímpios, mas escutará a oração dos justos.

30

A luz dos olhos alegra o coração; a boa notícia fortalece os ossos.

31 Os ouvidos que escutam a repreensão da vida farão a sua morada no meio dos sábios.

32 O que rejeita a correção menospreza a sua alma, mas o que escuta a repreensão adquire entendimento.

33 O temor do Senhor é a correção da sabedoria, e adiante da honra vai a humildade.

Capítulo 16

Melhor é adquirir sabedoria do que ouro — A soberba precede a ruína — Os cabelos brancos do justo são uma coroa de honra.

1

Do homem são as preparações do coração, mas é do Senhor a resposta da boca.

2 Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos.

3 Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.

4 O Senhor fez todas as coisas para si, para os seus próprios fins, e até o ímpio para o dia do mal.

5 Abominação é ao Senhor todo o altivo de coração; mão a mão, não será inocente.

6 Pela misericórdia e pela fidelidade se expia a iniquidade, e pelo temor do Senhor os homens se desviam do mal.

7 Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele.

8 Melhor é o pouco com justiça do que a abundância de colheita com injustiça.

9 O coração do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos.

10

A sentença divina se acha nos lábios do rei; em juízo não transgredirá a sua boca.

11 O peso e a balança justos são do Senhor; obra sua são todos os pesos da bolsa.

12 Abominação é para os reis praticarem impiedade, porque com justiça se estabelece o trono.

13 Os lábios de justiça são o contentamento dos reis, e eles amarão o que fala coisas retas.

14 O furor do rei é como mensageiro da morte, mas o homem sábio o apaziguará.

15 Na luz do rosto do rei está a vida, e a sua benevolência é como a nuvem da chuva serôdia.

16 Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente adquirir a prudência do que a prata!

17 A senda dos retos é desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma.

18 A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.

19 Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.

20

O que atenta prudentemente para o assunto achará o bem, e o que confia no Senhor será bem-aventurado.

21 O sábio de coração será chamado prudente, e a doçura dos lábios aumentará o saber.

22 O entendimento, para aqueles que o possuem, é uma fonte de vida, mas a instrução dos tolos é a sua estultícia.

23 O coração do sábio instrui a sua boca, e nos seus lábios aumentará a persuasão.

24 Favo de mel são as palavras suaves, doces para a alma, e saúde para os ossos.

25 Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte.

26 O trabalhador trabalha para si mesmo, porque a sua boca o incita a isso.

27 O homem de Belial cava o mal, e nos seus lábios como que um fogo ardente.

28 O homem perverso levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos.

29 O homem violento persuade o seu próximo, e o guia por caminho que não é bom.

30

Fecha os olhos para imaginar perversidades; mordendo os lábios, efetua o mal.

31 Coroa de honra são as cãs, achando-se elas no caminho da justiça.

32 Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade.

33 A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição.

Capítulo 17

O que se alegra com a calamidade será punido — O amigo ama em todo o tempo — Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio.

1

Melhor é um bocado seco, e com ele a tranquilidade, do que a casa cheia de carne, com contenda.

2 O servo prudente dominará sobre o filho que causa vergonha, e entre os irmãos repartirá a herança.

3 O crisol é para a prata, e o forno para o ouro, mas o Senhor põe à prova os corações.

4 O malvado atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos à língua maligna.

5 O que escarnece do pobre insulta o que o criou; o que se alegra da calamidade não ficará impune.

6 Coroa dos velhos são os filhos dos filhos, e a glória dos filhos são seus pais.

7 Não convém ao tolo o lábio excelente, quanto menos ao príncipe o lábio mentiroso.

8 Pedra preciosa é o presente aos olhos dos que o recebem; para onde quer que se volte, servirá de proveito.

9 O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que reitera a questão separa os maiores amigos.

10

Mais profundamente entra a repreensão no prudente do que cem açoites no tolo.

11 Na verdade o rebelde não busca senão o mal, mas mensageiro cruel será enviado contra ele.

12 Encontre-se com o homem a ursa roubada dos filhotes, mas não o tolo na sua estultícia.

13 Quanto àquele que paga o bem com o mal, não se apartará o mal da sua casa.

14 Como o soltar das águas é o princípio da contenda, pelo que, antes que sejas envolto, deixa a porfia.

15 O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, ambos são abomináveis ao Senhor, tanto um como o outro.

16 De que serviria o dinheiro na mão do tolo para comprar a sabedoria, visto que não tem entendimento?

17 O amigo ama em todo o tempo, e para a angústia nasce o irmão.

18 O homem falto de entendimento dá a mão, ficando por fiador diante do seu próximo.

19 O que ama a contenda ama a transgressão; o que alça a sua porta busca a ruína.

20

O perverso de coração nunca achará o bem, e o que tem a língua dobre virá a cair no mal.

21 O que gera um tolo, para a sua tristeza o faz; e o pai do insensato não se alegrará.

22 O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos.

23 O ímpio tomará o suborno secretamente, para perverter as veredas da justiça.

24 No rosto do que tem entendimento se vê a sabedoria, porém os olhos do tolo vagueiam pelas extremidades da terra.

25 O filho insensato é tristeza para seu pai, e amargura, para aquela que o deu à luz.

26 Também não é bom punir o justo, nem ferir os príncipes por sua equidade.

27 Retém as suas palavras o que possui o conhecimento, e o homem de entendimento é de precioso espírito.

28 Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio, e o que fecha os seus lábios é tido como alguém que tem discernimento.

Capítulo 18

A boca do tolo é a sua própria destruição — Aquele que encontra uma esposa, encontra o bem — O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável.

1

Busca seu próprio desejo aquele que se isola, e se insurge contra toda a sabedoria.

2 Não tem prazer o tolo no entendimento, mas só em externar o que há no seu coração.

3 Vindo o ímpio, vem também o desprezo, e com a ignomínia vem a vergonha.

4 Águas profundas são as palavras da boca do homem, e ribeiro transbordante é a fonte da sabedoria.

5 Não é bom ter respeito à pessoa do ímpio para derrubar o justo em juízo.

6 Os lábios do tolo entram na contenda, e a sua boca por açoites brada.

7 A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios são um laço para a sua alma.

8 As palavras do mexeriqueiro são como doces bocados, e elas descem ao íntimo do ventre.

9 Também o negligente na sua obra é irmão do desperdiçador.

10

Torre forte é o nome do Senhor; a ele correrá o justo, e estará em alto refúgio.

11 Os bens do rico são a sua cidade forte, e como um muro alto na sua imaginação.

12 Antes de ser quebrantado eleva-se o coração do homem, e adiante da honra vai a humildade.

13 O que responde antes de ouvir, estultícia é para ele, e vergonha.

14 O espírito do homem suportará a sua enfermidade, mas ao espírito abatido quem levantará?

15 O coração do que tem discernimento adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios busca o conhecimento.

16 O presente do homem lhe alarga o caminho e o leva diante dos grandes.

17 O que primeiro começa a sua causa parece justo, porém vem o seu próximo, e o examina.

18 O lançar da sorte faz cessar as contendas, e faz separação entre os poderosos.

19 O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte, e as contendas são como os ferrolhos de um castelo.

20

Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre, dos renovos dos seus lábios se fartará.

21 A morte e a vida estão no poder da língua, e aquele que a ama comerá do seu fruto.

22 O que encontra uma esposa encontra o bem, e alcança a benevolência do Senhor.

23 O pobre fala com rogos, mas o rico responde com dureza.

24 O homem que tem amigos deve agir amigavelmente, e há amigo mais chegado do que um irmão.

Capítulo 19

A esposa prudente vem do Senhor — Quem empresta ao pobre empresta ao Senhor — É melhor ser pobre do que mentiroso.

1

Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o perverso de lábios e tolo.

2 Também não é bom ficar a alma sem conhecimento, e o que se apressa com os pés comete pecado.

3 A estultícia do homem perverte o seu caminho, e o seu coração se ira contra o Senhor.

4 As riquezas granjeiam muitos amigos, mas ao pobre o seu próprio amigo o deixa.

5 A falsa testemunha não ficará impune, e o que profere mentiras não escapará.

6 Muitos suplicam favores do príncipe, e todos são amigos daquele que dá suborno.

7 Todos os irmãos do pobre o odeiam, quanto mais se afastarão dele os seus amigos! Corre após eles com palavras, que não servem de nada.

8 O que adquire entendimento ama a sua alma; o que conserva a inteligência achará o bem.

9 A falsa testemunha não ficará impune, e o que profere mentiras perecerá.

10

Ao tolo não convém o deleite, quanto menos ao servo dominar os príncipes!

11 A prudência do homem faz reter a sua ira, e a sua glória é passar por cima da ofensa.

12 Como o bramido do leão jovem é a indignação do rei, mas como o orvalho sobre a erva é a sua benevolência.

13 Grande miséria é para o pai o filho insensato; e as contendas da mulher, um gotejar contínuo.

14 A casa e os bens são a herança dos pais, porém do Senhor vem a esposa prudente.

15 A preguiça faz cair em profundo sono, e a alma indolente padecerá fome.

16 O que guardar o mandamento guardará a sua alma, porém o que desprezar os seus caminhos morrerá.

17 Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e ele lhe retribuirá o seu benefício.

18 Castiga teu filho enquanto há esperança, porém não exaltes o teu ânimo a ponto de matá-lo.

19 O homem de grande ira deve sofrer o castigo, porque se tu o livrares, ainda terás de tornar a fazê-lo.

20

Ouve o conselho, e recebe a correção, para que sejas sábio nos teus últimos dias.

21 Muitos propósitos no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá.

22 O desejo do homem é a sua benevolência; e o pobre é melhor do que o mentiroso.

23 O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum.

24 O preguiçoso mete a sua mão no prato, mas enfada-se de levá-la à sua boca.

25 Fere o escarnecedor, e o simples ficará avisado; repreende o que tem discernimento, e ganhará conhecimento.

26 O que aflige seu pai, ou afugenta sua mãe, filho é que traz vergonha e desonra.

27 Cessa, filho meu, ouvindo a instrução, de te desviares das palavras do conhecimento.

28 A testemunha vil escarnece do juízo, e a boca dos ímpios engole a iniquidade.

29 Preparados estão os juízos para os escarnecedores, e açoites, para as costas dos tolos.

Capítulo 20

O vinho é escarnecedor, e a bebida forte é alvoroçadora — Volta-te ao Senhor, e Ele te salvará.

1

O vinho é escarnecedor, a bebida forte é alvoroçadora, e todo aquele que neles errar nunca será sábio.

2 Como o bramido do leão é o terror do rei; o que o provoca a ira peca contra a sua própria alma.

3 Honra é para o homem desviar-se da contenda, mas todo tolo se entremete nela.

4 O preguiçoso não lavrará por causa do inverno, pelo que mendigará na ceifa, porém nada receberá.

5 Como as águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de entendimento o traz à tona.

6 Cada um da multidão dos homens apregoa a sua benevolência, porém o homem fiel, quem o achará?

7 O justo anda na sua integridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele.

8 Assentando-se o rei no trono do juízo, com os seus olhos dissipa todo o mal.

9 Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?

10

Dois pesos e duas medidas são abominação ao Senhor, tanto um como outro.

11 Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra é pura e reta.

12 O ouvido que ouve, e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos.

13 Não ames o sono, para que não empobreças; abre os teus olhos, e te fartarás de pão.

14 Nada vale, nada vale, dirá o comprador, mas, indo-se, então se gabará.

15 Há ouro e abundância de rubis, mas os lábios do conhecimento são joia preciosa.

16 Quando alguém fica por fiador do estranho, toma-lhe a sua roupa, e o penhora pela estranha.

17 Suave é ao homem o pão ganho com mentiras, mas depois a sua boca se encherá de pedrinhas de areia.

18 Os planos se confirmam com conselho, e com conselhos prudentes faze a guerra.

19 O mexeriqueiro revela o segredo, pelo que não te entremetas com o que lisonjeia com seus lábios.

20

O que a seu pai ou a sua mãe amaldiçoar, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada em trevas negras.

21 Adquirindo-se apressadamente a herança no princípio, o seu fim não será bendito.

22 Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera no Senhor, e ele te livrará.

23 Pesos desiguais são abomináveis ao Senhor, e balanças enganosas não são boas.

24 Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; o homem, pois, como entenderá o seu caminho?

25 Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo! E feitos os votos, então inquirir.

26 O rei sábio dispersa os ímpios e faz passar sobre eles a roda.

27 A alma do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o mais íntimo do ventre.

28 Benignidade e verdade guardam o rei, e com benignidade sustém ele o seu trono.

29 O ornato dos jovens é a sua força; e a beleza dos velhos, as cãs.

30

Os vergões das feridas são a purificação dos maus, como também as pancadas que penetram até o mais íntimo do ventre.

Capítulo 21

Pratica a retidão e a justiça — Segue a retidão e a benevolência — Do Senhor vem a vitória.

1

Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina.

2 Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor pondera os corações.

3 Praticar justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que lhe oferecer sacrifício.

4 A altivez dos olhos, e o coração orgulhoso, e a lavoura dos ímpios são pecado.

5 Os pensamentos do diligente tendem só à abundância, porém os de todo apressado, tão somente à pobreza.

6 Trabalhar para ajuntar tesouro com língua falsa é uma vaidade fugaz daqueles que buscam a morte.

7 As rapinas dos ímpios os virão a destruir, porquanto recusam praticar a justiça.

8 O caminho do homem é todo perverso e estranho, porém a obra do puro é reta.

9 Melhor é morar num canto do terraço do que na companhia de uma mulher contenciosa em casa.

10

A alma do ímpio deseja o mal; o seu próximo não agrada aos seus olhos.

11 Castigado o escarnecedor, o simples se torna sábio; e ensinado o sábio, ele recebe o conhecimento.

12 O Justo considera a casa do ímpio, e transtorna os ímpios para a ruína.

13 O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele também clamará e não será ouvido.

14 O presente que se dá em segredo abate a ira, e a dádiva em sigilo aplaca a grande indignação.

15 O fazer justiça é alegria para o justo, mas terror para os que praticam a iniquidade.

16 O homem que se desvia do caminho do entendimento, na congregação dos mortos repousará.

17 Necessidade padecerá o que ama os prazeres; o que ama o vinho e o azeite nunca enriquecerá.

18 O resgate do justo é o ímpio; o do reto, o iníquo.

19 Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher contenciosa e irascível.

20

Tesouro desejável e azeite na casa do sábio, mas o homem insensato os devora.

21 O que segue a justiça e a benevolência achará a vida, a justiça e a honra.

22 À cidade dos fortes sobe o sábio, e derruba a força da sua confiança.

23 O que guarda a sua boca e a sua língua, guarda das angústias a sua alma.

24 O soberbo e presumido, zombador é seu nome; age com indignação e soberba.

25 O desejo do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam trabalhar.

26 Todo o dia ele deseja coisas de cobiçar, mas o justo dá, e nada retém.

27 O sacrifício dos ímpios é abominação, quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!

28 A testemunha mentirosa perecerá, porém o homem que ouve, com constância falará.

29 O homem ímpio endurece o seu rosto, mas o reto considera o seu caminho.

30

Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor.

31 Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do Senhor vem a vitória.

Capítulo 22

Um bom nome é melhor do que riquezas — Instrui a criança no caminho em que deve andar.

1

Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro.

2 O rico e o pobre se encontram; a todos os fez o Senhor.

3 O prudente vê o mal, e esconde-se, mas os simples passam, e pagam a pena.

4 O galardão da humildade, com o temor do Senhor, são riquezas, a honra e a vida.

5 Espinhos e laços no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe deles.

6 Instrui a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.

7 O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado servo é do que empresta.

8 O que semear a perversidade ceifará males, e a vara da sua indignação se acabará.

9 O que vê com bons olhos será abençoado, porque deu do seu pão ao pobre.

10

Lança fora o escarnecedor, e se irá a contenda, e cessarão a demanda e a vergonha.

11 O que ama a pureza do coração, e tem graça nos seus lábios, o rei será seu amigo.

12 Os olhos do Senhor conservam o conhecimento, mas as palavras do iníquo ele transtornará.

13 Diz o preguiçoso: Um leão está fora; serei morto no meio das ruas.

14 Cova profunda é a boca das mulheres estranhas; aquele contra quem o Senhor se irar cairá nela.

15 A estultícia está ligada ao coração do menino, mas a vara da correção a afugentará dele.

16 O que oprime o pobre para se engrandecer a si mesmo, ou o que dá ao rico, certamente empobrecerá.

17 Inclina o teu ouvido, e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração ao meu conhecimento.

18 Porque é coisa agradável, se as guardares no teu íntimo, se aplicares todas elas aos teus lábios.

19 Para que a tua confiança esteja no Senhor, a ti as faço saber hoje, a ti mesmo.

20

Porventura não te escrevi excelentes coisas, acerca de todo conselho e conhecimento,

21 Para fazer-te saber a certeza das palavras de verdade, para que possas responder palavras de verdade aos que te enviarem?

22 Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem atropeles na porta o aflito.

23 Porque o Senhor pleiteará a causa deles em juízo, e aos que os roubam lhes roubará a alma.

24 Não acompanhes o irascível, nem andes com o homem colérico,

25 Para que não aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma.

26 Não estejas entre os que dão a mão, e entre os que ficam por fiadores de dívidas.

27 Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama de debaixo de ti?

28 Não removas os limites antigos que puseram teus pais.

29 Viste um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante homens obscuros.

Capítulo 23

Não te fatigues para enriquecer — Como o homem imagina no seu coração, assim ele é — Não retires a disciplina da criança — Não estejas entre os beberrões.

1

Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti,

2 E põe uma faca à tua garganta, se és homem de grande apetite.

3 Não cobices os seus manjares gostosos, porque são comida enganadora.

4 Não te fatigues para enriquecer; renuncia à tua prudência.

5 Porventura fitarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente a riqueza criará asas e voará ao céu como a águia.

6 Não comas o pão daquele que tem o olho maligno, nem cobices os seus manjares gostosos,

7 Porque, como imagina no seu coração, assim ele é. Come e bebe; te diz ele, porém o seu coração não está contigo.

8 Vomitarias o bocado que comeste, e perderias as tuas suaves palavras.

9 Não fales aos ouvidos do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.

10

Não removas os limites antigos, nem entres nas herdades dos órfãos,

11 Porque o seu redentor é forte, ele pleiteará a sua causa contra ti.

12 Aplica à disciplina o teu coração; e os teus ouvidos, às palavras do conhecimento.

13 Não retires a disciplina da criança; quando a fustigares com a vara, nem por isso morrerá.

14 Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.

15 Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio,

16 E exultarão as minhas entranhas, quando os teus lábios falarem coisas retas.

17 O teu coração não inveje os pecadores, antes permanece no temor do Senhor todo o dia.

18 Porque deveras há um porvir, e não será frustrada a tua esperança.

19 Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coração.

20

Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.

21 Porque o beberrão e o comilão empobrecerão; e a sonolência veste o homem de trapos.

22 Ouve teu pai, que te gerou, e não desprezes tua mãe, quando ela vier a envelhecer.

23 Compra a verdade, e não a vendas; também a sabedoria, e a disciplina, e o entendimento.

24 Grandemente se regozijará o pai do justo, e o que gerar um sábio se alegrará nele.

25 Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se a que te gerou.

26 Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.

27 Porque cova profunda é a prostituta, e poço estreito, a estranha.

28 Também ela, como um salteador, se põe a espreitar, e multiplica entre os homens os iníquos.

29 Para quem são os ais? para quem os pesares? para quem as pelejas? para quem as queixas? para quem as feridas sem causa? e para quem os olhos vermelhos?

30

Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada.

31 Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente.

32 No seu fim morderá como a cobra, e como o basilisco picará.

33 Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades.

34 E serás como o que dorme no meio do mar, e como o que dorme no topo do mastro.

35 E dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? ainda tornarei a buscar mais.

Capítulo 24

Há segurança na multidão de conselheiros — Não te indignes por causa dos malfeitores — Não é bom ser parcial no julgamento.

1

Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles,

2 Porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam o mal.

3 Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se estabelece;

4 E pelo conhecimento se encherão as câmaras de todo tipo de riquezas preciosas e deleitáveis.

5 O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força.

6 Porque com conselhos prudentes tu farás a guerra, e na multidão de conselheiros há segurança.

7 É demasiadamente alta para o tolo a sabedoria; na porta não abrirá a sua boca.

8 Àquele que cuida em fazer o mal, mestre de maus intentos o chamarão.

9 O pensamento do tolo é pecado, e é abominável aos homens o escarnecedor.

10

Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena.

11 Livra os que estão sendo levados para a morte, e os que cambaleiam para a matança, se os puderes retirar.

12 Se disseres: Eis que não o sabemos; porventura aquele que pondera os corações não o entenderá? e aquele que atenta para a tua alma não o saberá? Porque pagará ao homem conforme a sua obra.

13 Come mel, meu filho, porque é bom, e o favo de mel é doce ao teu paladar.

14 Tal será o conhecimento da sabedoria para a tua alma; se a achares, haverá para ti galardão, e não será frustrada a tua esperança.

15 Não espreites a habitação do justo, ó ímpio, nem assoles a sua câmara.

16 Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará, mas os ímpios tropeçarão no mal.

17 Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando ele tropeçar se regozije o teu coração,

18 Para que o Senhor não o veja, e seja mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira.

19 Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos ímpios,

20

Porque o maligno não terá galardão, e a lâmpada dos ímpios se apagará.

21 Teme ao Senhor, filho meu, e ao rei, e não te entremetas com os que buscam mudança,

22 Porque de repente se levantará a sua perdição; e a ruína de ambos, quem a sabe?

23 Também estes são provérbios dos sábios: Não é bom fazer acepção de pessoas no julgamento.

24 O que disser ao ímpio: Tu és justo; os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão.

25 Mas para os que o repreenderem haverá delícias, e sobre eles virá a bênção do bem.

26 Beijados serão os lábios do que responde com palavras retas.

27 Prepara lá fora a tua obra, e apronta-a para ti no campo, e então edifica a tua casa.

28 Não sejas testemunha sem causa contra o teu próximo; por que enganarias com os teus lábios?

29 Não digas: Como ele me fez a mim, assim o farei eu a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra.

30

Passei pelo campo do preguiçoso, e junto à vinha do homem falto de entendimento,

31 E eis que estava toda cheia de cardos, e a sua superfície, coberta de urtigas, e a sua parede de pedra estava derrubada.

32 O que tendo eu visto, o tomei no coração, e vendo-o, recebi instrução.

33 Um pouco de sono, adormecendo um pouco, cruzando as mãos outro pouco, para repousar,

34 Assim, te sobrevirá a tua pobreza como um caminhante, e a tua necessidade, como um homem armado.

Capítulo 25

Não te gabes de falsas dádivas — Dá a teu inimigo pão para comer e água para beber.

1

Também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá.

2 A glória de Deus é encobrir um assunto; mas a glória dos reis é esquadrinhar um assunto.

3 Para a altura dos céus, e para a profundeza da terra, e para o coração dos reis, não investigação.

4 Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor.

5 Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça.

6 Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes;

7 Porque melhor é que te digam: Sobe aqui; do que seres humilhado diante do príncipe que os teus olhos viram.

8 Não saias depressa a litigar, para que depois, ao fim, não saibas o que fazer, podendo o teu próximo te envergonhar.

9 Pleiteia a tua causa com o teu próximo, e não reveles o segredo de outro,

10

Para que não te desonre o que o ouvir, e a tua infâmia não se aparte de ti.

11 Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.

12 Como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido que ouve.

13 Como frieza de neve no tempo da ceifa, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam; porque restaura a alma de seu senhor.

14 Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba falsamente de dádivas que não deu.

15 Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda quebra os ossos.

16 Achaste mel? Come o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar.

17 Retira o teu pé da casa do teu próximo, para que não se enfade de ti, e te odeie.

18 Malho, e espada, e flecha aguda é o homem que diz falso testemunho contra o seu próximo.

19 Como dente quebrado, e pé desconjuntado, é a confiança no desleal, no tempo da angústia.

20

O que canta canções ao coração aflito é como aquele que despe a roupa num dia de frio, e como vinagre sobre salitre.

21 Se o que te odeia tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se tiver sede, dá-lhe água para beber;

22 Porque assim brasas lhe amontoarás sobre a cabeça, e o Senhor to pagará.

23 O vento norte traz a chuva, e a língua fingida, a face irada.

24 Melhor é morar num canto do terraço do que com a mulher contenciosa em casa compartilhada.

25 Como água fria à alma cansada, tais são as boas novas de terra remota.

26 Como fonte turva, e manancial poluído, assim é o justo que cai diante do ímpio.

27 Comer muito mel não é bom, nem a busca da própria glória é glória.

28 Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.

Capítulo 26

A honra não convém ao tolo — Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia — Não havendo difamador, cessará a contenda.

1

Como a neve no verão, e como a chuva na ceifa, assim a honra não convém ao tolo.

2 Como o pássaro a vaguear, como a andorinha a voar, assim a maldição sem causa não virá.

3 O açoite para o cavalo, o freio para o jumento, e a vara para as costas dos tolos.

4 Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te faças semelhante a ele.

5 Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que ele não seja sábio aos seus próprios olhos.

6 Os pés corta e sofre violência quem manda mensagens pela mão de um tolo.

7 Como as pernas do coxo, que pendem frouxas, assim é o provérbio na boca dos tolos.

8 Como o que ata a pedra preciosa na funda, assim é aquele que dá honra ao tolo.

9 Como o espinho que entra na mão do bêbado, assim é o provérbio na boca dos tolos.

10

Os grandes molestam a todos, e alugam os tolos e os transgressores.

11 Como o cão que retorna ao seu vômito, assim é o tolo que reitera a sua estultícia.

12 Viste um homem que é sábio a seus próprios olhos? Mais se pode esperar do tolo do que dele.

13 Diz o preguiçoso: Um leão está no caminho, um leão está nas ruas.

14 Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim o preguiçoso, na sua cama.

15 O preguiçoso mete a sua mão no prato; enfada-se de levá-la à sua boca.

16 Mais sábio é o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que respondem bem.

17 O que, passando, se entremete em contenda alheia é como aquele que toma um cão pelas orelhas.

18 Como o louco que lança de si faíscas, flechas, e mortandade,

19 Assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Não o fiz eu por brincadeira?

20

Sem lenha, o fogo se apagará, e não havendo difamador, cessará a contenda.

21 Como o carvão é para as brasas, e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.

22 As palavras do mexeriqueiro são como doces bocados, e elas descem ao íntimo do ventre.

23 Como o caco coberto de escórias de prata, assim são os lábios ardentes com o coração maligno.

24 Aquele que odeia dissimula com seus lábios, mas no seu íntimo encobre o engano.

25 Quando te suplicar com a sua voz, não te fies nele, porque sete abominações no seu coração.

26 Cujo ódio se encobre com engano; a sua maldade será exposta na congregação.

27 O que cava uma cova nela cairá, e o que revolve a pedra, esta sobre ele voltará.

28 A língua falsa odeia os que ela aflige, e a boca lisonjeira provoca a ruína.

Capítulo 27

Que o estranho te louve — O homem prudente prevê o mal — O inferno e a perdição nunca se fartam.

1

Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que ele trará à luz.

2 Que o estranho te louve, e não a tua própria boca; o estrangeiro, e não os teus próprios lábios.

3 Pesada é a pedra, e a areia é um fardo, porém a ira do insensato é mais pesada do que ambas.

4 Cruel é o furor, e impetuosa, a ira, mas quem subsistirá perante a inveja?

5 Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto.

6 Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que odeia são enganosos.

7 A alma farta pisa o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce.

8 Qual a ave que vagueia do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando do seu lugar.

9 O óleo e o perfume alegram o coração, assim como é doce o conselho cordial do amigo.

10

Não deixes teu amigo, nem o amigo de teu pai, nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade; melhor é o vizinho perto do que o irmão longe.

11 Sê sábio, filho meu, e alegra o meu coração, para que eu tenha alguma coisa que responder àquele que me desprezar.

12 O prudente vê o mal, e esconde-se, mas os simples passam e pagam a pena.

13 Quando alguém fica por fiador do estranho, toma-lhe a sua roupa, e o penhora pela estranha.

14 O que bendiz ao seu amigo em alta voz, madrugando pela manhã, por maldição se lhe contará.

15 O gotejar contínuo no dia de grande chuva, e a mulher contenciosa, uma e outra são semelhantes.

16 Contê-la seria conter o vento, seria pegar o óleo com a mão direita.

17 Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem aguça o rosto do seu amigo.

18 O que guarda a figueira comerá do seu fruto; e o que atenta para seu senhor será honrado.

19 Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem, ao homem.

20

Como o inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se fartam.

21 Como o crisol é para a prata, e o forno para o ouro, assim se põe à prova o homem pelos louvores.

22 Ainda quando pisares o tolo no pilão entre grãos pilados, não se irá dele a sua estultícia.

23 Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos.

24 Porque o tesouro não dura para sempre, ou durará a coroa de geração em geração?

25 Quando brotar a erva, e aparecerem os renovos, então ajunta as ervas dos montes.

26 Os cordeiros serão para te vestires, e os bodes, para o preço do campo,

27 E a abastança do leite das cabras, para o teu sustento, para sustento da tua casa, e para sustento das tuas criadas.

Capítulo 28

Os ímpios fogem sem que ninguém os persiga — O que anda com integridade será salvo — O homem fiel terá abundância de bênçãos.

1

Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga, mas qualquer justo está confiante como o filho do leão.

2 Pela transgressão da terra são muitos os seus príncipes, mas por um homem prudente e conhecedor a continuação dela será prolongada.

3 O homem pobre que oprime os pobres é como chuva impetuosa que causa falta de pão.

4 Os que deixam a lei louvam o ímpio, porém os que guardam a lei pelejam contra eles.

5 Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam ao Senhor entendem tudo.

6 Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o de caminhos perversos, ainda que seja rico.

7 O que guarda a lei é filho prudente, mas o companheiro dos comilões envergonha seu pai.

8 O que aumenta os seus bens com juros e usura o ajunta para o que se compadece do pobre.

9 O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.

10

O que faz com que os retos errem num mau caminho, ele mesmo cairá na sua cova, mas os bons herdarão o bem.

11 O homem rico é sábio aos seus próprios olhos, mas o pobre que tem entendimento o esquadrinha.

12 Quando os justos exultam, grande é a glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem.

13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e as deixa alcançará misericórdia.

14 Bem-aventurado o homem que continuamente teme, mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal.

15 Como leão bramante, e urso faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre.

16 O príncipe falto de inteligência também multiplica as opressões, mas o que odeia a avareza prolongará os seus dias.

17 O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até a cova; ninguém o retenha.

18 O que anda com integridade salvar-se-á, mas o perverso em seus caminhos cairá logo.

19 O que lavrar a sua terra virá a fartar-se de pão, mas o que segue a ociosos se fartará de pobreza.

20

O homem fiel terá abundância de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não será considerado inocente.

21 Não é bom fazer acepção de pessoas, porque até por um bocado de pão transgredirá o homem.

22 O que se apressa a enriquecer é homem de olho maligno, porém não sabe que há de vir sobre ele a pobreza.

23 O que repreende o homem depois achará mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua.

24 O que rouba a seu pai, ou a sua mãe, e diz: Não transgressão; companheiro é do homem dissipador.

25 O orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no Senhor prosperará.

26 O que confia no seu coração é insensato, mas o que anda em sabedoria será salvo.

27 O que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições.

28 Quando os ímpios se elevam, os homens se escondem, mas quando perecem, os justos se multiplicam.

Capítulo 29

Quando o ímpio domina, o povo geme — O justo se informa da causa dos pobres — O tolo dá vazão a toda a sua ira — Não havendo visão, o povo fica dissoluto.

1

O homem que ao ser muitas vezes repreendido endurece a cerviz será destruído de repente, sem que haja cura.

2 Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.

3 O homem que ama a sabedoria alegra seu pai, mas o companheiro de prostitutas desperdiça os bens.

4 O rei com juízo sustém a terra, mas o amigo de subornos a destrói.

5 O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.

6 Na transgressão do homem mau há laço, mas o justo jubila e se alegra.

7 Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o ímpio não toma conhecimento disso.

8 Os homens escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira.

9 O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se turbe quer se ria, não terá descanso.

10

Os homens sanguinários odeiam o íntegro, mas os retos procuram o seu bem.

11 O tolo dá vazão a toda a sua ira, mas o sábio a encobre e reprime.

12 O governante que dá atenção às palavras mentirosas achará que todos os seus servos são ímpios.

13 O pobre e o usurário se encontram, e o Senhor alumia os olhos de ambos.

14 O rei que julga os pobres conforme a verdade firmará o seu trono para sempre.

15 A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe.

16 Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões, mas os justos verão a queda deles.

17 Corrige teu filho, e te dará descanso, e dará deleite à tua alma.

18 Não havendo visão, o povo fica desenfreado; porém o que guarda a lei, esse é bem-aventurado.

19 O servo não se emendará com palavras, porque ainda que te entenda, todavia não responderá.

20

Viste um homem precipitado nas suas palavras? Mais se espera de um tolo do que dele.

21 Quando alguém cria delicadamente o seu servo desde a mocidade, este por derradeiro quererá ser seu filho.

22 O homem irascível levanta contendas, e o furioso multiplica as transgressões.

23 A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito receberá honra.

24 O que tem parte com o ladrão odeia a sua própria alma; ouve maldições, e não o denuncia.

25 O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto em alto retiro.

26 Muitos buscam o favor do príncipe, mas o juízo de cada um vem do Senhor.

27 O homem iníquo é abominação para os justos, mas o de retos caminhos é abominação para o ímpio.

Capítulo 30

Toda palavra de Deus é pura — Não me dês nem a pobreza nem a riqueza.

1

Palavras de Agur, filho de Jaque, a profecia; disse este homem a Itiel; a Itiel e a Ucal:

2 Na verdade, eu sou mais estúpido do que ninguém, não tenho o entendimento do homem.

3 Nem aprendi a sabedoria, nem conheci o conhecimento dos santos.

4 Quem subiu ao céu e desceu? quem encerrou os ventos nos seus punhos? quem amarrou as águas num pano? quem estabeleceu todas as extremidades da terra? qual é o seu nome? e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?

5 Toda a palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele.

6 Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.

7 Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que eu morra:

8 Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza, mantém-me do pão da minha porção costumeira.

9 Para que porventura estando farto não te negue, e diga: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão.

10

Não calunies o servo diante de seu senhor, para que não te amaldiçoe e fiques culpado.

11 Há uma geração que amaldiçoa seu pai, e que não bendiz sua mãe.

12 Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, e que nunca foi lavada da sua imundície.

13 Há uma geração cujos olhos são altivos, e as suas pálpebras levantadas para cima.

14 Há uma geração cujos dentes são espadas, e cujos queixais são facas, para consumirem da terra os aflitos, e os necessitados dentre os homens.

15 A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Três coisas nunca se fartam; sim, quatro nunca dizem: Basta.

16 A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo que nunca diz: Basta.

17 Os olhos que zombam do pai, ou desprezam a obediência à mãe, corvos do ribeiro os arrancarão e os filhotes da águia os comerão.

18 Estas três coisas me maravilham; e quatro há que não conheço:

19 O caminho da águia no céu; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar; e o caminho do homem com uma virgem.

20

Tal é o caminho da mulher adúltera: ela come, e limpa a sua boca, e diz: Não cometi maldade.

21 Por três coisas se alvoroça a terra, e por quatro, que não pode suportar:

22 Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando anda farto de pão;

23 Pela mulher odiada, quando se casa; e pela serva, quando ficar herdeira da sua senhora.

24 Estas quatro coisas são das menores da terra, porém sábias, bem providas de sabedoria:

25 As formigas são um povo sem força, todavia no verão preparam a sua comida;

26 Os coelhos são um povo débil, e contudo põem a sua casa na penha;

27 Os gafanhotos não têm rei, e contudo todos saem, e em bandos se repartem;

28 A lagartixa se apanha com as mãos, e está nos paços dos reis.

29 Estas três têm um bom andar, e quatro que passeiam airosamente:

30

O leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás;

31 O cavalo de guerra; e o bode; e o rei a quem não se pode resistir.

32 Se agiste loucamente, elevando-te, e se imaginaste o mal, põe a mão na boca.

33 Porque o espremer do leite produz manteiga, e o espremer do nariz produz sangue, e o espremer da ira produz contenda.

Capítulo 31

Condenam-se o vinho e as bebidas fortes — Faze justiça aos pobres e aos necessitados — Uma mulher virtuosa é mais valiosa que rubis.

1

Palavras do rei Lemuel, a profecia com que lhe ensinou a sua mãe.

2 Como, filho meu? e como, ó filho do meu ventre? e como, ó filho das minhas promessas?

3 Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos, às que destroem os reis.

4 Não é dos reis, ó Lemuel, não é dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte.

5 Para que não bebam, e se esqueçam do estatuto, e pervertam o juízo de todos os aflitos.

6 Dai bebida forte aos que perecem, e o vinho aos amargosos de espírito,

7 Para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e da sua miséria não se lembrem mais.

8 Abre a tua boca a favor do mudo, pelo direito de todos que vão perecendo.

9 Abre a tua boca, julga retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados.

10

Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis.

11 O coração do seu marido está nela tão confiante que despojo não lhe faltará.

12 Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.

13 Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.

14 É como o navio de mercador, de longe traz o seu pão.

15 Ainda até de noite se levanta, e dá mantimento à sua casa, e tarefa às suas servas.

16 Examina uma herdade, e adquire-a; planta uma vinha do fruto de suas mãos.

17 Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços.

18 Prova e vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.

19 Estende as suas mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam na roca.

20

Abre a sua mão ao aflito, e ao necessitado estende as suas mãos.

21 Não temerá, por causa da neve, por sua casa, porque toda a sua família anda vestida de escarlate.

22 Faz para si tapeçaria; de linho fino e púrpura é o seu vestido.

23 O seu marido é conhecido nas portas, quando se assenta com os anciãos da terra.

24 Faz panos de linho fino, e vende-os, e entrega cintas aos mercadores.

25 A força e a glória são os seus vestidos, e alegra-se com o dia futuro.

26 Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da benevolência está na sua língua.

27 Atenta ao andamento de sua casa, e não come o pão da preguiça.

28 Levantam-se seus filhos, chamam-na bem-aventurada; como também seu marido, que a louva, dizendo:

29 Muitas filhas procederam virtuosamente, porém tu a todas sobrepujas.

30

Enganosa é a graça, e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.

31 Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.

Eclesiastes
ou, o Pregador

Capítulo 1

Tudo o que se faz debaixo do sol é vaidade e aflição de espírito — Aquele que aumenta em conhecimento aumenta em sofrimento.

1

Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém:

2 Vaidade de vaidades! diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade.

3 Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, em que ele trabalha debaixo do sol?

4 Uma geração vai, e outra geração vem, porém a terra para sempre permanece.

5 E nasce o sol, e põe-se o sol, e apressa-se a voltar ao seu lugar de onde nasceu.

6 O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando, e volta o vento sobre os seus giros.

7 Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os ribeiros vão, para ali tornam eles a ir.

8 Todas as coisas cansam tanto, que ninguém o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir.

9 O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada de novo debaixo do sol.

10

Há alguma coisa de que se possa dizer: Vês isto, é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.

11 não lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.

12 Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.

13 E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação Deus deu aos filhos dos homens, para nela os exercitar.

14 Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.

15 Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode contar.

16 Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que foram antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento.

17 E apliquei o meu coração a entender a sabedoria e o conhecimento, os desvarios e as doidices, e vim a saber que também isso era aflição de espírito.

18 Porque na muita sabedoria muito desgosto; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em sofrimento.

Capítulo 2

Todas as riquezas e bens do rei são vaidade e aflição de espírito — Melhor é a sabedoria do que a estultícia — Deus dá sabedoria, conhecimento e alegria ao homem.

1

Disse eu no meu coração: Ora, vem, eu te porei à prova com alegria; experimenta, pois, as coisas boas; porém eis que também isso era vaidade.

2 Ao riso disse: Estás doido; e à alegria: De que serve esta?

3 Busquei saber no meu coração como dar-me ao vinho (regendo, porém, o meu coração com sabedoria), e como entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu, durante o número dos dias de sua vida.

4 Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.

5 Fiz para mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda espécie de fruta.

6 Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.

7 Adquiri servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de vacas e ovelhas, mais do que todos os que foram antes de mim em Jerusalém.

8 Amontoei também para mim prata e ouro, e as joias de reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, de instrumentos de música, e de toda sorte de instrumentos.

9 E engrandeci, e aumentei mais do que todos os que foram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.

10

E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou de todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.

11 E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.

12 Então passei a contemplar a sabedoria, e os desvarios, e a doidice; pois que fará o homem que vier depois do rei? O que outros já fizeram.

13 Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.

14 Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o tolo anda em trevas; também então entendi eu que o mesmo lhes sucede a todos.

15 Pelo que eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que, pois, busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isso era vaidade.

16 Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo quanto agora há, nos dias futuros total esquecimento haverá. E como morre o sábio? Assim como o tolo.

17 Pelo que odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me parece penosa; porque tudo é vaidade e aflição de espírito.

18 Também eu odiei todo o meu trabalho, em que eu trabalhei debaixo do sol, visto que eu havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.

19 Porque quem sabe se será sábio ou tolo? Todavia se assenhoreará de todo o meu trabalho em que trabalhei, e em que procedi sabiamente debaixo do sol; também isso é vaidade.

20

Pelo que eu me apliquei a fazer que o meu coração perdesse a esperança de todo o trabalho, em que trabalhei debaixo do sol.

21 Porque há homem que trabalha com sabedoria, e conhecimento, e destreza; todavia deixará o seu trabalho, como porção sua, a um homem que não trabalhou nele; também isso é vaidade e um grande mal.

22 Porque, que obtém o homem de todo o seu trabalho, e fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?

23 Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isso é vaidade.

24 Não é bom, pois, para o homem que coma e beba, e que faça alegrar-se a sua alma do bem do seu trabalho? Também eu vi que isso vem da mão de Deus.

25 (Porque quem pode comer, ou quem pode alegrar-se melhor do que eu?)

26 Porque ao homem que é bom diante dele, Deus dá sabedoria e conhecimento e alegria, porém ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e amontoe, para o dar ao que é bom perante a face de Deus. Também isso é vaidade e aflição de espírito.

Capítulo 3

Tudo tem o seu tempo determinado — Tudo o que Deus faz durará eternamente — Deus julgará o justo e o ímpio.

1

Tudo tem o seu tempo determinado, e todo propósito debaixo do céu tem o seu tempo:

2 tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

3 Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;

4 Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;

5 Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;

6 Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;

7 Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de calar, e tempo de falar;

8 Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.

9 Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?

10

Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para que se ocupem com ele.

11 Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs a eternidade no coração deles, sem que o homem possa compreender a obra que Deus fez desde o princípio até o fim.

12 Eu sei que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer o bem na sua vida;

13 Como também que todo o homem coma e beba, e desfrute o bem de todo o seu trabalho; isso é um dom de Deus.

14 Sei eu que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada dele se deve diminuir; e isso faz Deus para que haja temor diante dele.

15 O que houve dantes ainda o há agora, e o que há de ser, já foi; e Deus pede conta do que passou.

16 Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e que no lugar da justiça havia iniquidade.

17 Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque ali será o tempo para julgar todo intento e toda obra.

18 Disse eu no meu coração acerca do estado dos filhos dos homens, que Deus lhes declararia; e eles veriam que eles mesmos são como animais.

19 Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e o mesmo sucede a ambos: como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais, porque tudo é vaidade.

20

Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.

21 Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens sobe para cima, e se o espírito dos animais desce para baixo da terra?

22 Assim que tenho visto que não coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; porque quem o levará para ver o que será depois dele?

Capítulo 4

A opressão e as más ações são vaidade — A força de dois é melhor do que a de um — Melhor é o menino pobre e sábio do que o rei velho e insensato.

1

Depois me voltei, e atentei a todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lágrimas dos que foram oprimidos e dos que não têm consolador; e a força estava do lado dos seus opressores, porém eles não tinham consolador.

2 Pelo que eu louvei os mortos que já morreram, mais do que os vivos que vivem ainda.

3 E melhor que uns e outros é aquele que ainda não é, que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.

4 Também vi eu que todo trabalho, e toda destreza em obras, atraem ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade e aflição de espírito.

5 O tolo cruza as suas mãos, e come a sua própria carne.

6 Melhor é a mão cheia com descanso do que ambos os punhos cheios com trabalho, e aflição de espírito.

7 Outra vez me tornei a virar, e vi vaidade debaixo do sol.

8 Há um que é só, e não tem ninguém, nem tampouco filho nem irmão, e de todo o seu trabalho não fim, nem o seu olho se farta de riquezas, nem diz: Para quem trabalho eu, e privo a minha alma do bem? Também isso é vaidade e enfadonha ocupação.

9 Melhores são dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.

10

Porque se vierem a cair, um levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante.

11 Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um como se aquentará?

12 E se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.

13 Melhor é o menino pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.

14 Porque ele sai do cárcere para reinar, ainda que tenha nascido pobre no seu reino.

15 Vi todos os viventes andarem debaixo do sol com o menino, o sucessor, que estará no seu lugar.

16 Não tem fim todo o povo, todo o que houve antes dele; tampouco os descendentes se alegrarão nele. Na verdade, também isso é vaidade e aflição de espírito.

Capítulo 5

Deus está no céu — A voz do tolo é conhecida pela multidão de palavras — Cumpre os teus votos — As riquezas e os bens são um dom de Deus.

1

Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.

2 Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus, porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; pelo que sejam poucas as tuas palavras.

3 Porque da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo vem da multidão das palavras.

4 Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo, porque não se agrada de tolos; o que prometeres, cumpre-o.

5 Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.

6 Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante do anjo que foi erro; por que se iraria Deus contra a tua voz e destruiria a obra das tuas mãos?

7 Porque, como na multidão dos sonhos vaidades, assim o nas muitas palavras; mas tu, teme a Deus.

8 Se vires em alguma província opressão de pobres, e violação do juízo e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso, porque o que mais alto é do que os altos nisso atenta; e há mais altos do que eles.

9 O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo.

10

O que amar o dinheiro nunca se fartará do dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isso é vaidade.

11 Onde os bens se multiplicam, ali se multiplicam também os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que verem-nos com os seus olhos?

12 Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; porém a fartura do rico não o deixa dormir.

13 Há um grave mal que vi debaixo do sol: as riquezas que os seus donos guardam para o seu próprio mal.

14 Porque as mesmas riquezas se perdem com enfadonhas ocupações, e gerando algum filho nada lhe fica na sua mão.

15 Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu retornará, indo-se como veio; e nada tomará do seu trabalho que possa levar na sua mão.

16 Assim também isso é um grave mal que, infalivelmente como veio, assim se vai; e que proveito lhe vem de trabalhar para o vento,

17 E de haver comido todos os seus dias nas trevas, e de padecer muito enfado, e enfermidade, e cruel furor?

18 Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer e beber, e desfrutar do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, durante o número dos dias da sua vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção.

19 E a todo homem, a quem Deus deu riquezas e bens, e lhe deu poder para comer deles, e tomar a sua porção, e desfrutar do seu trabalho, isso é dom de Deus.

20

Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe responde com alegria do seu coração.

Capítulo 6

A menos que a alma de um homem esteja repleta de coisas boas, sua riqueza, bens, honra e posteridade são vaidade.

1

Há um mal que tenho visto debaixo do sol, e que é muito frequente entre os homens:

2 Um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, e Deus não lhe dá poder para disso comer, antes o estranho o come; também isso é vaidade e uma grave enfermidade.

3 Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos, porém a sua alma não se fartar do bem, e também não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele.

4 Porquanto veio só por um momento, e às trevas se vai, e de trevas se encobre o seu nome.

5 E ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanso tem do que o outro.

6 E ainda que vivesse duas vezes mil anos e não visse o bem, porventura não vão todos para o mesmo lugar?

7 Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e contudo nunca se satisfaz a sua alma.

8 Porque, que mais tem o sábio do que o tolo? e que mais tem o pobre que sabe andar perante os vivos?

9 Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isso é vaidade e aflição de espírito.

10

Seja qualquer o que for, já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem, e que não pode contender com o que é mais forte do que ele.

11 Na verdade, há muitas coisas que multiplicam a vaidade; que vantagem tem o homem com elas?

12 Porque quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, durante o número dos dias da sua vida vã, os quais gasta como sombra? Porque quem declarará ao homem o que acontecerá depois dele debaixo do sol?

Capítulo 7

A sabedoria dá vida ao seu possuidor — Todos os homens são pecadores — Deus fez o homem reto.

1

Melhor é a boa fama do que o melhor unguento; e o dia da morte, do que o dia do nascimento de alguém.

2 Melhor é ir à casa do luto do que ir à casa do banquete, porque esse é o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.

3 Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.

4 O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos, na casa da alegria.

5 Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção do tolo.

6 Porque qual o ruído dos espinhos debaixo de uma panela, tal é o riso do tolo; também isso é vaidade.

7 Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio, e o suborno corrompe o coração.

8 Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o longânimo do que o altivo.

9 Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no seio dos tolos.

10

Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntarias.

11 Tão boa é a sabedoria como a herança, e dela os que veem o sol tiram proveito.

12 Porque a sabedoria serve de proteção, como de proteção serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.

13 Atenta para a obra de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele fez torto?

14 No dia da prosperidade, desfruta do bem, mas no dia da adversidade, pondera, porque também Deus fez este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que haverá depois dele.

15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há um justo que perece na sua justiça, e há um ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.

16 Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?

17 Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas demasiadamente tolo; por que morrerias antes de teu tempo?

18 Bom é que retenhas isso, e também disso não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso.

19 A sabedoria fortalece o sábio, mais do que dez governadores que haja na cidade.

20

Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque.

21 Tampouco apliques o teu coração a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir que o teu servo te amaldiçoa.

22 Porque o teu coração também confessou muitas vezes que também tu amaldiçoaste outros.

23 Tudo isso inquiri com sabedoria; e disse: Sabedoria adquirirei; mas ela ainda estava longe de mim.

24 O que longe está, e profundíssimo, quem o achará?

25 Eu apliquei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e a razão, e para saber a impiedade da estultícia e a doidice dos desvarios.

26 E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são redes e laços, e as suas mãos são grilhões; quem for bom diante de Deus escapará dela, mas o pecador virá a ser preso por ela.

27 Vedes aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a outra para assim achar a razão delas;

28 A qual ainda a minha alma busca, porém ainda não a achei; um homem entre mil achei eu, mas uma mulher entre todas estas não achei.

29 Vedes aqui, que isto tão somente achei: que Deus fez o homem reto, porém eles buscaram muitas artimanhas.

Capítulo 8

Ninguém tem poder para evitar a morte — O ímpio não se dará bem; ele se volta ao prazer e não pode encontrar sabedoria.

1

Quem é tal como o sábio? e quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem alumia o seu rosto, e muda-se a dureza do seu rosto.

2 Eu digo: Observa o mandamento do rei, porém segundo a palavra do juramento que fizeste a Deus.

3 Não te apresses a sair da presença dele, nem persistas em alguma coisa má, porque ele faz tudo o que quer.

4 Onde a palavra do rei, aí está o poder; e quem lhe dirá: Que fazes?

5 Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio saberá o tempo e o modo.

6 Porque para todo propósito há seu tempo e seu modo, porquanto a miséria do homem pesa sobre ele.

7 Porque não sabe o que há de suceder; e quando há de ser, quem lho dará a entender?

8 Nenhum homem que tenha domínio sobre o espírito, para reter o espírito; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte, como também nem armas nesta peleja; nem tampouco a impiedade livrará os ímpios.

9 Tudo isso vi quando apliquei o meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.

10

Assim também vi os ímpios sepultados, e os que vinham, e saíam do lugar santo foram esquecidos na cidade em que fizeram o bem; também isso é vaidade.

11 Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.

12 Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, contudo bem sei eu que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temerem diante dele.

13 Porém o ímpio não irá bem, e ele não prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que ele não teme diante de Deus.

14 Aindaoutra vaidade que se faz sobre a terra: que há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isso é vaidade.

15 Assim que louvei eu a alegria, porquanto o homem coisa nenhuma melhor tem debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no seu trabalho, nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol.

16 Aplicando eu o meu coração para entender a sabedoria, e para ver o trabalho que há sobre a terra (que nem de dia nem de noite vê o homem sono nos seus olhos),

17 Então vi toda a obra de Deus, que o homem não pode alcançar a obra que se faz debaixo do sol, pela qual trabalha o homem para a buscar, porém não a achará; e ainda que diga o sábio que a virá a conhecer, nem por isso a poderá alcançar.

Capítulo 9

A providência de Deus tudo governa — Todos os homens estão sujeitos ao tempo e ao acaso — A sabedoria é melhor do que a força — Um só pecador destrói muitas coisas boas.

1

Deveras considerei todas essas coisas no meu coração, para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras estão nas mãos de Deus, como também que não conhece o homem nem o amor nem o ódio, por tudo o que passa perante a sua face.

2 Tudo sucede a uns, como a todos os outros; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio; ao bom e ao puro, como ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; tanto ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.

3 Este mal entre tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos sucede o mesmo, e que também o coração dos filhos dos homens esteja cheio de maldade, e que haja desvarios no seu coração, na sua vida, e depois se vão aos mortos.

4 Porque para o que está na companhia dos vivos há esperança, porque melhor é o cão vivo do que o leão morto.

5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles jamais recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.

6 Até o seu amor, até o seu ódio, e até a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.

7 Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.

8 Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.

9 Desfruta a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade, porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, em que tu trabalhaste debaixo do sol.

10

Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.

11 Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos que têm discernimento o favor, mas que o tempo e o acaso lhes sucedem a todos.

12 Que também o homem não sabe o seu tempo; assim como os peixes que se pescam com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando cai de repente sobre eles.

13 Também vi esta sabedoria debaixo do sol, que foi grande para mim:

14 Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens, e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes baluartes;

15 E se achou nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria, e ninguém se lembrava daquele pobre homem.

16 Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e as suas palavras não foram ouvidas.

17 As palavras dos sábios se devem ouvir em silêncio, mais do que o clamor do que domina sobre os tolos.

18 Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um pecador destrói muitas coisas boas.

Capítulo 10

Um pouco de estultícia destrói a reputação dos sábios e honrados — As palavras da boca do sábio agradam — O tolo multiplica as palavras.

1

Assim como a mosca morta faz exalar mau cheiro e evaporar o unguento do perfumista, assim o faz um pouco de estultícia ao famoso em sabedoria e em honra.

2 O coração do sábio está à sua destra, mas o coração do tolo está à sua esquerda.

3 E até quando o tolo cai pelo caminho, falta-lhe o seu entendimento e diz a todos que é tolo.

4 Levantando-se contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar, porque isso é um remédio que aquieta grandes ofensas.

5 Aindaum mal que vi debaixo do sol, como um erro que procede de diante do governador:

6 Ao tolo assentam em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo.

7 Vi os servos a cavalo, e os príncipes que andavam a pé como servos sobre a terra.

8 Quem cavar uma cova, cairá nela, e quem romper um muro, uma cobra o morderá.

9 Quem arrancar pedras será maltratado por elas, e o que rachar lenha correrá perigo com ela.

10

Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria é excelente para se ter êxito.

11 Se a cobra morder, antes de estar encantada, não há vantagem no encantador.

12 As palavras da boca do sábio agradam, porém os lábios do tolo o devoram.

13 O princípio das palavras da sua boca é a estultícia, e o fim da sua boca um desvario péssimo.

14 O tolo multiplica as palavras; o homem não sabe o que há de ser; e quem lhe fará saber o que será depois dele?

15 O trabalho dos tolos a cada um deles fatiga, porque não sabem ir à cidade.

16 Ai de ti, ó terra, cujo rei é criança, e cujos príncipes comem de manhã.

17 Bem-aventurada tu, ó terra, cujo rei é filho dos nobres, e cujos príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice.

18 Pela muita preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos goteja a casa.

19 Para rir se fazem convites, e o vinho alegra a vida, e por tudo o dinheiro responde.

20

Nem ainda no teu pensamento amaldiçoes o rei, nem tampouco no mais interior da tua recâmara amaldiçoes o rico, porque as aves dos céus levariam a voz, e os que têm asas dariam notícia da palavra.

Capítulo 11

Faz o bem e reparte com os necessitados — Deus levará todos os homens a julgamento.

1

Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.

2 Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra.

3 Estando as nuvens cheias, vazam a chuva sobre a terra, e caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará.

4 Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca ceifará.

5 Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim tu não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.

6 Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se isto, se aquilo, ou se ambas as coisas igualmente serão boas.

7 Deveras suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.

8 Porém se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos, e tudo quanto sucedeu é vaidade.

9 Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.

10

Afasta, pois, a ira do teu coração, e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade.

Capítulo 12

Na morte, o espírito volta a Deus que o deu — As palavras dos sábios são como aguilhões — O dever de todo homem é temer a Deus e guardar os Seus mandamentos.

1

Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;

2 Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;

3 No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os fortes homens, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas;

4 E as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e alguém se levantar à voz das aves, e todas as filhas do cântico se encurvarem;

5 Como também quando temerem os lugares altos, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o desejo; porque o homem se vai à sua eterna casa, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;

6 Antes que se quebre o cordão de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço;

7 E o pó voltar à terra, como o era, e o espírito voltar a Deus, que o deu.

8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.

9 E quanto mais o pregador foi sábio, tanto mais sabedoria ao povo ensinou, e atentou, e esquadrinhou, e compôs muitos provérbios.

10

Procurou o pregador achar palavras agradáveis; e o escrito é a retidão, palavras de verdade.

11 As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos, bem afixados pelos mestres das congregações, que nos foram dados pelo único Pastor.

12 E além disso, filho meu, atenta: não limite para fazer livros, e o muito estudar enfado é da carne.

13 De tudo o que se tem ouvido, o fim da coisa é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isso é o dever de todo homem.

14 Porque Deus há de trazer toda obra a juízo, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau.

Os
Cantares de Salomão

Capítulo 1

O poeta canta sobre o amor e a devoção.

1

Cântico dos cânticos, que é de Salomão.

2 Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.

3 Suave é o aroma dos teus unguentos, como o unguento derramado o teu nome é; por isso as virgens te amam.

4 Leva-me tu, correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras; em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; com razão te amam.

5 Morena sou, porém formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.

6 Não olheis para o eu ser morena, porque o sol resplandeceu sobre mim; os filhos de minha mãe se indignaram contra mim, puseram-me por guarda de vinhas; a minha vinha, que me pertence, não guardei.

7 Dize-me, ó tu, a quem a minha alma ama: Onde apascentas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio-dia, pois por que razão seria eu como a que anda errante ao pé dos rebanhos de teus companheiros?

8 Se tu não o sabes, ó mais formosa entre as mulheres, vai-te pelas pisadas das ovelhas, e apascenta as tuas cabras junto às moradas dos pastores.

9 Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó amada minha.

10

Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço, com os colares.

11 Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata.

12 Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume.

13 O meu amado é para mim um ramalhete de mirra, passará a noite entre os meus seios.

14 Um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi é para mim o meu amado.

15 Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas.

16 Eis que és formoso e amável, ó amado meu; o nosso leito é viçoso.

17 As traves da nossa casa são de cedro, as nossas varandas, de cipreste.

Capítulo 2

Os bem-amados são louvados e descritos.

1

Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.

2 Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas.

3 Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento, e o seu fruto é doce ao meu paladar.

4 Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor.

5 Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor.

6 A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace.

7 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas corças e cervas do campo, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que ele o queira.

8 Esta é a voz do meu amado! Ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros.

9 O meu amado é semelhante ao corço, ou ao filhote do cervo; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades.

10

O meu amado responde e me diz: Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.

11 Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi;

12 As flores se mostram na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da pombinha se ouve em nossa terra;

13 A figueira brotou os seus figuinhos, e as vides em flor exalam o seu perfume; levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.

14 Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face, formosa.

15 Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor.

16 O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.

17 Antes que rompa o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao corço ou ao filhote do cervo sobre os montes de Beter.

Capítulo 3

Apresenta-se uma canção de amor a respeito de Salomão.

1

De noite busquei em minha cama a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei.

2 Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei.

3 Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes a quem ama a minha alma?

4 Apartando-me eu um pouco deles, logo achei a quem ama a minha alma; agarrei-me a ele, e não o larguei, até que o introduzi em casa de minha mãe, na câmara daquela que me gerou.

5 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas corças e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o meu amor, até que ele o queira.

6 Quem é esta que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso, e de toda a sorte de pós aromáticos do mercador?

7 Eis que é a liteira de Salomão; sessenta valentes estão ao redor dela, dos valentes de Israel.

8 Todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada à coxa por causa dos temores noturnos.

9 O rei Salomão fez para si um liteira de madeira do Líbano.

10

Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de púrpura, o interior coberto com o amor pelas filhas de Jerusalém.

11 Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa com que o coroou sua mãe no dia do seu casamento e no dia do júbilo do seu coração.

Capítulo 4

Canção que descreve a beleza da bem-amada do poeta.

1

Eis que és formosa, amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas por detrás do teu véu; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gileade.

2 Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e todas elas produzem gêmeos, e nenhuma há estéril entre elas.

3 Os teus lábios são como um fio de escarlata, e o teu falar é doce; a fonte da tua cabeça é como um pedaço de romã por detrás do teu véu.

4 O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para pendurar armas; mil escudos pendem dela, todos broquéis de valorosos.

5 Os teus dois seios são como dois filhotes gêmeos da corça, que se apascentam entre os lírios.

6 Antes que rompa o dia, e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso.

7 Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha.

8 Vem comigo do Líbano, ó esposa, comigo do Líbano vem; olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde as moradas dos leões, desde os montes dos leopardos.

9 Arrebataste-me o coração, minha irmã, ó esposa; arrebataste-me o coração com um dos teus olhos, com um colar do teu pescoço.

10

Que belos são os teus amores, minha irmã! Ó, esposa minha, quão melhores são os teus amores do que o vinho! e o aroma dos teus unguentos, do que o de todas as especiarias!

11 Favos de mel estão manando dos teus lábios, ó esposa! mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.

12 Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada.

13 Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes, a hena com o nardo,

14 O nardo, e o açafrão, o cálamo, e a canela, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e aloés, com todas as principais especiarias.

15 És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!

16 Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que destilem os seus aromas. Ah, se viesse o meu amado para o seu jardim, e comesse os seus frutos excelentes!

Capítulo 5

Continuação da canção de amor e afeto.

1

Já vim para o meu jardim, minha irmã, ó esposa; colhi a minha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite; comei, amigos, bebei, ó amados, e embriagai-vos.

2 Eu estava dormindo, mas o meu coração vigiava; eis a voz do meu amado que estava batendo: Abre-me, minha irmã, minha amiga, minha pomba, minha perfeita, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, e os meus cabelos, das gotas da noite.

3 despi os meus vestidos; como os tornarei a vestir? lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?

4 O meu amado pôs a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por causa dele.

5 Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura.

6 Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, e se tinha ido; a minha alma se derreteu quando ele falou; busquei-o e não o achei, chamei-o, e não me respondeu.

7 Acharam-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o meu véu os guardas dos muros.

8 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que, se achardes o meu amado, lhe digais que estou enferma de amor.

9 Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, que tanto nos conjuraste?

10

O meu amado é alvo e rubro, o mais distinto entre dez mil.

11 A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos crespos, pretos como o corvo.

12 Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste.

13 As suas faces são como um canteiro de especiaria, como caixas aromáticas; os seus lábios são como lírios que gotejam mirra destilante.

14 As suas mãos, como anéis de ouro que têm engastadas as turquesas; o seu ventre, como alvo marfim, coberto de safiras.

15 As suas pernas, como colunas de mármore, fundadas sobre bases de ouro puro; o seu aspecto, como o Líbano, excelente como os cedros.

16 O seu falar é muitíssimo suave, e todo ele totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.

Capítulo 6

Continuação da canção de amor.

1

Para onde foi o teu amado, ó mais formosa entre as mulheres? Que rumo tomou o teu amado, para que o busquemos contigo?

2 O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros da especiaria, para se apascentar nos jardins e para colher os lírios.

3 Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se apascenta entre os lírios.

4 Formosa és, amada minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, formidável como um exército com bandeiras.

5 Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo é como o rebanho das cabras que pastam em Gileade.

6 Os teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e todas produzem gêmeos, e não há estéril entre elas.

7 Como um pedaço de romã, assim são as tuas faces por detrás do teu véu.

8 Sessenta são as rainhas, e oitenta, as concubinas, e as virgens, sem número.

9 Porém uma é a minha pomba, a minha perfeita, a única de sua mãe, e a mais querida daquela que a deu à luz; vendo-a, as filhas a chamarão bem-aventurada, as rainhas e as concubinas a louvarão.

10

Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras?

11 Desci ao jardim das nogueiras, para ver os novos frutos do vale, para ver se floresciam as vides e brotavam as romãzeiras.

12 Antes de eu o sentir, me pôs a minha alma nos carros do meu nobre povo.

13 Volta, volta, ó sulamita, volta, volta, para que nós te vejamos. Por que olhas para a sulamita como para as fileiras de dois exércitos?

Capítulo 7

Continuação da canção de amor.

1

Que formosos são os teus pés nos sapatos, ó filha do príncipe! Os contornos de tuas coxas são como joias, segundo a obra de mãos de artífice.

2 O teu umbigo, como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre, como montão de trigo, sitiado de lírios.

3 Os teus dois seios, como dois filhos gêmeos da corça.

4 O teu pescoço, como a torre de marfim; os teus olhos, como os viveiros de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim; o teu nariz, como torre do Líbano, que olha para Damasco.

5 A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça, como a púrpura; o rei está preso às tuas tranças.

6 Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor, em delícias!

7 Esta tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios são semelhantes aos cachos de uvas.

8 Dizia eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; e então os teus seios serão como os cachos na vide, e o aroma das tuas narinas, como o das maçãs.

9 E o teu paladar, como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e faz com que falem os lábios dos que dormem.

10

Eu sou do meu amado, e ele me tem afeição.

11 Vem, ó amado meu, saiamos nós ao campo, passemos as noites nas aldeias.

12 Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se a flor se abre, se já brotam as romãzeiras; ali te darei o meu grande amor.

13 As mandrágoras exalam o seu cheiro, e às nossas portas há toda a sorte de excelentes frutos, novos e velhos; ó amado meu, eu os guardei para ti.

Capítulo 8

As muitas águas não podem apagar o amor.

1

Ah! Quem me dera que me foras como irmão, que mamou nos peitos de minha mãe! Quando te achasse na rua, te beijaria, e não me desprezariam!

2 Te levaria e introduziria na casa de minha mãe, e tu me ensinarias; e te daria de beber vinho aromático e do mosto das minhas romãs.

3 A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abrace.

4 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que ele o queira.

5 Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo de uma macieira te despertei, ali te gerou tua mãe com dores; ali te gerou com dores aquela que te deu à luz.

6 Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, labaredas intensas.

7 As muitas águas não poderiam apagar esse amor, nem os rios afogá-lo; ainda que desse alguém todos os bens de sua casa por esse amor, certamente os desprezariam.

8 Temos uma irmã pequena, que ainda não tem seios; que faremos a esta nossa irmã, no dia em que dela se falar?

9 Se ela for um muro, edificaremos sobre ela um palácio de prata; e se ela for uma porta, a cercaremos com tábuas de cedro.

10

Eu sou um muro, e os meus seios são como torres; então eu era aos seus olhos como aquela que encontrou a paz.

11 Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; entregou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe trazia, pelo seu fruto, mil peças de prata.

12 A minha vinha, que tenho, está diante de mim; as mil peças de prata são para ti, ó Salomão; e duzentas, para os guardas do seu fruto.

13 Ó tu, a que habitas nos jardins, para a tua voz os companheiros atentam; faze-ma, pois, também ouvir.

14 Vem depressa, amado meu, e faz-te semelhante ao corço ou ao filhote do cervo sobre os montes aromáticos.

O Livro do Profeta
Isaías

Capítulo 1

O povo de Israel é apóstata, rebelde e corrupto; só uns poucos permanecem fiéis — Os sacrifícios e as festas do povo são rejeitados — Eles são chamados ao arrependimento e exortados a praticar a retidão — Sião será redimida no dia da restauração.

1

Visão de Isaías, filho de Amós, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá.

2 Ouvi, ó céus, e dá ouvido, tu, ó terra, porque fala o Senhor: Criei filhos, e os fiz crescer, mas eles se rebelaram contra mim.

3 O boi conhece o seu possuidor; e o jumento, a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.

4 Ai da nação pecadora, do povo carregado de iniquidade, da semente de malignos, dos filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.

5 Por que ainda mais seríeis castigados? Ainda tanto mais vos rebelaríeis; toda a cabeça está enferma e todo o coração, fraco.

6 Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa inteira, senão feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, nem vendadas, nem nenhuma delas amolecida com óleo.

7 A vossa terra é uma assolação, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra, os estranhos a devoram em vossa presença, e é uma assolação, como a subversão por estranhos.

8 E a filha de Sião ficou como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como a cidade sitiada.

9 Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra.

10

Ouvi a palavra do Senhor, vós príncipes de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, vós, ó povo de Gomorra.

11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado com o sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.

12 Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isso de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios?

13 Não me tragais mais ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.

14 As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; me são pesadas, estou cansado de as sofrer.

15 Pelo que, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e até quando multiplicais as orações, não ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.

16 Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal;

17 Aprendei a fazer o bem; procurai o juízo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; defendei a causa das viúvas.

18 Vinde agora, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.

19 Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.

20

Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada, porque a boca do Senhor o disse.

21 Como se fez prostituta a cidade fiel, ela que estava cheia de justiça! A retidão habitava nela, mas agora, homicidas.

22 A tua prata se tornou em escórias, o teu vinho se misturou com água;

23 Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros dos ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de recompensas; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas.

24 Porquanto diz o Senhor Deus dos Exércitos, o Forte de Israel: Ah! consolar-me-ei acerca dos meus adversários, e vingar-me-ei dos meus inimigos;

25 E voltarei a minha mão contra ti, e purificarei inteiramente as tuas escórias; e tirar-te-ei todo o teu estanho.

26 E te restituirei os teus juízes, como foram dantes, e os teus conselheiros, como antigamente; e então te chamarão cidade de justiça, cidade fiel.

27 Sião será remida com juízo, e os que voltam para ela, com justiça.

28 Mas os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos.

29 Porque vos envergonhareis pelos carvalhos que cobiçastes, e sereis envergonhados pelos jardins que escolhestes.

30

Porque sereis como o carvalho, ao qual caem as folhas, e como a floresta que não tem água.

31 E o forte se tornará em estopa, e a sua obra, em faísca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague.

Capítulo 2

Isaías vê o templo dos últimos dias, a coligação de Israel e o julgamento e a paz milenares — Os orgulhosos e os iníquos serão humilhados na Segunda Vinda — Comparar com 2 Néfi 12.

1

Visão que viu Isaías, filho de Amós, no tocante a Judá e a Jerusalém:

2 E acontecerá nos últimos dias que o monte da casa do Senhor se firmará no cume dos montes, e se exalçará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações.

3 E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine acerca dos seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor.

4 E julgará entre as nações, e repreenderá muitos povos; e converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; não alçará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerrear.

5 Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.

6 Porém tu desamparaste o teu povo, a casa de Jacó, porque se encheram de impiedade mais do que os do oriente e são agoureiros como os filisteus; e mostram o seu contentamento nos filhos dos estranhos.

7 E a sua terra está cheia de prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros; também está cheia a sua terra de cavalos, e os seus carros não têm fim.

8 Também está cheia a sua terra de ídolos; inclinaram-se perante a obra das suas mãos, perante o que fabricaram os seus dedos.

9 Ali o povo se abate, e os nobres se humilham, portanto, não lhes perdoarás.

10

Vai, entra nas rochas, e esconde-te no pó, da presença temível do Senhor e da glória da sua majestade.

11 Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a altivez dos homens será humilhada, e só o Senhor será exaltado naquele dia.

12 Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;

13 E contra todos os cedros do Líbano, altos e elevados, e contra todos os carvalhos de Basã;

14 E contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados;

15 E contra toda torre alta, e contra todo muro fortificado;

16 E contra todos os navios de Társis, e contra todas as pinturas desejáveis.

17 E a arrogância do homem será humilhada, e a altivez dos homens se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia.

18 E todos os ídolos totalmente perecerão.

19 Então meter-se-ão pelas cavernas das rochas, e pelas concavidades da terra, por causa da presença temível do Senhor, e por causa da glória da sua majestade, quando ele se levantar para estremecer a terra.

20

Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para si para se prostrarem diante deles.

21 E meter-se-ão pelas fendas das rochas, e pelas cavernas das penhas, por causa da presença temível do Senhor, e por causa da glória da sua majestade, quando ele se levantar para estremecer a terra.

22 Pelo que afastai-vos do homem cujo fôlego está no seu nariz, porque em que se deve ele estimar?

Capítulo 3

Judá e Jerusalém serão punidas por sua desobediência — O Senhor pleiteia por Seu povo e o julga — As filhas de Sião são amaldiçoadas e atormentadas por seus costumes mundanos — Comparar com 2 Néfi 13.

1

Porque, eis que o Senhor Deus dos Exércitos tirará de Jerusalém e de Judá o bordão e o cajado, todo sustento de pão, e todo sustento de água;

2 O valente, e o soldado, o juiz, e o profeta, e o adivinho, e o ancião,

3 O capitão de cinquenta, e o respeitável, e o conselheiro, e o hábil entre os artífices, e o eloquente.

4 E dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças dominarão sobre eles.

5 E o povo será oprimido; um será contra o outro, e cada um contra o seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião; e o vil, contra o nobre.

6 Quando alguém agarrar seu irmão da casa de seu pai, dizendo: Capa tens, sê nosso príncipe, e toma sob a tua mão esta ruína;

7 Então levantará a sua voz naquele dia, dizendo: Eu não posso ser médico, nem tampouco em minha casa pão, nem roupa alguma; não me ponhais por príncipe do povo.

8 Porque tropeçou Jerusalém, e Judá caiu, porquanto a sua língua e as suas obras são contra o Senhor, para desafiarem os olhos da sua glória.

9 A aparência da sua face testifica contra eles, e publicam os seus pecados como Sodoma, não os dissimulam. Ai da sua alma! porque fazem mal a si mesmos.

10

Dizei ao justo que bem lhe irá, porque comerá do fruto das suas obras.

11 Ai do ímpio! Mal lhe irá, porque o galardão das suas mãos se lhe dará.

12 Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele. Ah, povo meu! os que te guiam te enganam, e devoram o caminho das tuas veredas.

13 O Senhor se apresenta para pleitear, e se põe a julgar os povos.

14 O Senhor vem em juízo contra os anciãos do seu povo, e contra os seus príncipes, porque vós consumistes esta vinha, o despojo do aflito está em vossas casas.

15 Que tendes vós, que atropelais o meu povo e moeis a face dos aflitos? diz o Senhor, o Deus dos Exércitos.

16 Diz ainda mais o Senhor: Porquanto as filhas de Sião se exalçam, e andam com o pescoço emproado, lançando olhares impudentes, e quando andam, vão como que dançando, fazendo um tilintar com os seus pés;

17 Portanto, o Senhor ferirá com sarna o alto da cabeça das filhas de Sião, e o Senhor descobrirá as suas vergonhas.

18 Naquele dia tirará o Senhor os ornamentos dos pés, e as toucas, e os adornos em forma de lua,

19 Os pendentes, e os braceletes, e os véus,

20

Os diademas, e os enfeites dos braços, e as cintas, e as caixinhas de perfume, e os amuletos,

21 Os anéis, e as joias pendentes do nariz,

22 Os vestidos de festa, e os mantos, e os xales, e as bolsas,

23 Os espelhos, e o linho finíssimo, e as toucas, e os véus.

24 E acontecerá que em lugar de cheiro suave haverá fedor; e por cinto, uma corda; e em lugar de encrespadura de cabelos, calvície; e em lugar de veste larga, cingimento de saco; e queimadura em lugar de formosura.

25 Teus homens cairão à espada, e teus valentes, na peleja.

26 E as suas portas gemerão e prantearão; e ela, ficando desolada, se assentará no chão.

Capítulo 4

Sião e suas filhas serão redimidas e purificadas no dia milenar — Comparar com 2 Néfi 14.

1

E sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos de nossos vestidos; tão somente permite que sejamos chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.

2 Naquele dia o Renovo do Senhor será de beleza e de glória, e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel.

3 E acontecerá que aquele que restar em Sião, e o que ficar em Jerusalém, será chamado santo, todo aquele que em Jerusalém estiver escrito para vida;

4 Quando o Senhor lavar a imundície das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém do meio dela, com o espírito de juízo, e com o espírito de ardor,

5 E criará o Senhor sobre toda habitação do monte Sião, e sobre as suas congregações, uma nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção.

6 E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia, e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e contra a chuva.

Capítulo 5

A vinha do Senhor (Israel) se tornará desolada, e seu povo será disperso — Sobrevir-lhes-ão calamidades em seu estado apóstata e disperso — O Senhor levantará um estandarte e reunirá Israel — Comparar com 2 Néfi 15.

1

Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil.

2 E a cercou, e a limpou das pedras, e a plantou de excelentes vides, e edificou no meio dela uma torre, e também fundou nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.

3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.

4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu não lhe tenha feito? Como, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?

5 Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua cerca, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada;

6 E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não chovam chuva sobre ela.

7 Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dos seus deleites; e esperou que exercessem juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.

8 Ai dos que juntam casa a casa, achegam herdade a herdade, até que não haja mais lugar, e fiqueis só vós como moradores no meio da terra!

9 Nos meus ouvidos estão estas coisas, disse o Senhor dos Exércitos: Em verdade, muitas casas ficarão desertas, as grandes e excelentes, sem moradores.

10

E dez jeiras de vinha não darão mais do que um bato, e um ômer de semente não dará mais do que um efa.

11 Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice, e se detêm ali até a noite, até que o vinho os esquente!

12 E harpas e alaúdes, tamboris e flautas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos.

13 Portanto, o meu povo será levado cativo, porque não tem entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede.

14 Portanto, a sepultura grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e a ela descerão a glória deles, e a sua multidão, com o seu ruído, e com os que se alegram.

15 Então o plebeu se abaterá, e o nobre se humilhará; e os olhos dos altivos se humilharão.

16 Porém o Senhor dos Exércitos será exaltado com juízo; e Deus, o Santo, será santificado com justiça.

17 Então os cordeiros pastarão como de costume, e os estrangeiros comerão dos lugares assolados dos gordos.

18 Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade; e o pecado, como com cordame de carros!

19 E dizem: Apresse-se ele já com isso, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e achegue-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o venhamos a saber.

20

Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!

21 Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!

22 Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens fortes para misturar bebida forte;

23 Dos que justificam ao ímpio por suborno, e da justiça dos justos se desviam!

24 Pelo que como a língua do fogo consome a estopa, e a palha se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó, porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel.

25 Pelo que se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu, de modo que as montanhas tremeram, e os seus cadáveres foram como imundície pelo meio das ruas; com tudo isso não tornou atrás a sua ira, antes ainda está alçada a sua mão.

26 Porque levantará o estandarte entre as nações de longe, e lhes assobiará para que venham desde a extremidade da terra; e eis que virão apressada e ligeiramente.

27 Não haverá entre eles cansado, nem tropeçante; ninguém tosquenejará nem dormirá; nem se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe quebrará a correia dos seus sapatos.

28 As suas flechas serão agudas, e todos os seus arcos, entesados; os cascos dos seus cavalos serão tidos como pederneira, e as rodas dos seus carros, como redemoinho de vento.

29 O seu bramido será como o do leão; bramarão como filhos de leão, e rugirão, e arrebatarão a presa, e a levarão, e não haverá quem a livre.

30

E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; então olharão para a terra, e eis aqui trevas e angústia, e a luz se escurecerá em densas nuvens.

Capítulo 6

Isaías vê o Senhor — Seus pecados são perdoados — Ele é chamado para profetizar — Ele profetiza a rejeição dos ensinamentos de Cristo pelos judeus — Um remanescente retornará — Comparar com 2 Néfi 16.

1

No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e as orlas do seu manto enchiam o templo.

2 Serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam o seu rosto, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.

3 E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.

4 E os umbrais das portas se moveram com a voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.

5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido, porquanto sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; porque os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.

6 Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tomara do altar com uma tenaz;

7 E com ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; assim, se tirou de ti a tua culpa, e está expiado o teu pecado.

8 Depois disso ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.

9 Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvi, de fato, e não entendais; e vede, em verdade, mas não percebais.

10

Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta, e ele o venha a sarar.

11 Então disse eu: Até quando, Senhor? E respondeu: Até que se assolem as cidades, e não fique morador algum, nem homem algum nas casas, e a terra seja assolada de todo,

12 E o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.

13 Porém ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como no carvalho, e como na azinheira, que depois de se desfolharem ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela.

Capítulo 7

Efraim e Síria travam guerra contra Judá — Cristo nascerá de uma virgem — Comparar com 2 Néfi 17.

1

Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejar contra ela, porém, pelejando, nada puderam contra ela.

2 E deram aviso à casa de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim. Então se agitou o seu coração, e o coração do seu povo, como se agitam as árvores do bosque com o vento.

3 Então disse o Senhor a Isaías: Agora tu e teu filho Sear-Jasube saí ao encontro de Acaz, ao fim do canal do tanque superior, ao caminho do campo do lavandeiro.

4 E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te, não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois tocos de tições fumegantes, por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias.

5 Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias, dizendo:

6 Vamos subir contra Judá, e aterrorizemo-lo, e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no meio dele como rei o filho de Tabeal.

7 Assim diz o Senhor Deus: Isso não subsistirá, nem tampouco acontecerá.

8 Porém a cabeça da Síria será Damasco, e o cabeça de Damasco será Rezim, e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo.

9 Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e o cabeça de Samaria será o filho de Remalias; se não o crerdes, certamente não havereis de permanecer.

10

E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo:

11 Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o, seja embaixo nas profundezas ou em cima nas alturas.

12 Porém disse Acaz: Não o pedirei, nem tentarei ao Senhor.

13 Então disse: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que ainda afadigareis também ao meu Deus?

14 Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.

15 Manteiga e mel comerá, até que ele saiba rejeitar o mal e escolher o bem.

16 Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra que abominas será desamparada dos seus dois reis.

17 Porém o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se desviou de Judá, pelo rei da Assíria.

18 Porque de acontecer que naquele dia assobiará o Senhor às moscas, que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria;

19 E virão, e pousarão todas nos vales desertos e nas fendas das penhas, e em todos os espinheiros e em todas as florestas.

20

Naquele dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do rio, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés, e até a barba totalmente tirará.

21 E sucederá naquele dia que alguém criará uma novilha e duas ovelhas;

22 E acontecerá que por causa da abundância do leite que lhe derem comerá manteiga; e manteiga e mel comerá todo aquele que restar no meio da terra.

23 Sucederá também naquele dia que todo lugar em que houver mil vides, do valor de mil moedas de prata, será para as sarças e para os espinheiros.

24 Com arco e flechas se entrará nele, porque toda a terra será sarças e espinheiros.

25 E também todos os montes, que costumam cavar com enxadas, não se irá a eles por causa do temor das sarças e dos espinheiros, porém servirão para enviarem ali bois e para serem pisados pelo gado miúdo.

Capítulo 8

Cristo será como pedra de escândalo e penha de tropeço — Consultai ao Senhor, e não adivinhos que murmuram — Voltai-vos à lei e ao testemunho para receber orientação — Comparar com 2 Néfi 18.

1

Disse-me também o Senhor: Toma uma ardósia grande, e escreve nela com cinzel de homem: Apressando-se ao despojo, apressou-se à presa.

2 Então tomei comigo fiéis testemunhas, Urias, o sacerdote, e Zacarias, filho de Jeberequias,

3 E cheguei-me à profetiza, a qual concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Chama o seu nome Maer-Salal-Has-Baz.

4 Porque antes que o menino saiba chamar meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.

5 E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:

6 Porquanto este povo desprezou as águas de Siloé que correm brandamente, e com Rezim e com o filho de Remalias se alegrou,

7 Portanto, eis que o Senhor fará subir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, o rei da Assíria, com toda a sua glória, e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras.

8 E ele passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.

9 Juntai-vos em companhia, ó povos, e sede feitos em pedaços; e dai ouvidos, todos os que sois de longínquas terras, cingi-vos e sede feitos em pedaços, cingi-vos e sede feitos em pedaços.

10

Tomai juntamente conselho, e será dissipado; dizei uma palavra, porém não subsistirá, porque Deus é conosco.

11 Porque assim me disse o Senhor com mão forte, e me ensinou que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo:

12 Não chameis conjuração a tudo quanto este povo chama conjuração, e não temais o que ele teme, nem tampouco vos aterrorizeis.

13 Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai, e seja ele o vosso temor, e seja ele o vosso assombro.

14 Então ele vos será por santuário, mas como pedra de escândalo, e como penha de tropeço, às duas casas de Israel, como laço e rede aos moradores de Jerusalém.

15 E muitos tropeçarão entre eles, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.

16 Ata o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos.

17 E esperarei no Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.

18 Eis-me aqui e os filhos que me deu o Senhor, para sinais e para maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte Sião.

19 Quando, pois, vos disserem: Consultai os adivinhos e os encantadores que, chilreando entre dentes, murmuram: Porventura não perguntará o povo a seu Deus? Ou perguntar-se-á pelos vivos aos mortos?

20

À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.

21 E eles passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e acontecerá que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus, olhando para cima.

22 E olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e serão entenebrecidos com dura aflição, e empurrados para a escuridão.

Capítulo 9

Isaías fala a respeito do Messias — O povo que andava em trevas verá uma grande Luz — Um menino nos nasceu — Ele será o Príncipe da Paz e reinará no trono de Davi — Comparar com 2 Néfi 19.

1

Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; ele envileceu, nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, de além do Jordão, na Galileia dos gentios.

2 O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na terra da sombra da morte resplandeceu uma luz.

3 Tu multiplicaste este povo, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos.

4 Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão dos seus ombros, e a vara do opressor, como no dia dos midianitas,

5 Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha e todo manto revolvido em sangue serão queimados, servindo de combustível ao fogo.

6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome se chamará Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

7 Da grandeza desse principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.

8 O Senhor enviou palavra a Jacó, e ela caiu em Israel.

9 E todo este povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, em soberba e altivez de coração, dizendo:

10

Os tijolos caíram, mas com pedras de cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se as figueiras bravas, mas em cedros as mudaremos.

11 Porque o Senhor suscitará os adversários de Rezim contra ele, e juntará os seus inimigos.

12 Porque adiante virão os sírios, e por detrás os filisteus, e devorarão Israel à boca aberta; e nem com tudo isso se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

13 Porque este povo não se volta para quem o fere, nem busca ao Senhor dos Exércitos.

14 Pelo que o Senhor cortará a cabeça e a cauda, o ramo e o junco de Israel, num mesmo dia.

15 (O ancião e o homem de respeito é a cabeça, e o profeta que ensina a falsidade é a cauda.)

16 Porque os guias deste povo são enganadores, e os guiados por eles serão devorados.

17 Pelo que o Senhor não terá contentamento nos seus jovens, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda boca fala doidices; e nem com tudo isso se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

18 Porque a impiedade se acende como um fogo, e até as sarças e os espinheiros devorará; e acenderá os emaranhados da floresta, e subirão em espessas nuvens de fumaça.

19 Pelo furor do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo; ninguém poupará o seu irmão.

20

Se cortar do lado direito, ainda terá fome, e se comer do lado esquerdo, ainda não se fartará; cada um comerá a carne de seu braço.

21 Manassés a Efraim, e Efraim a Manassés, e ambos serão contra Judá, e nem com tudo isso se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

Capítulo 10

A destruição da Assíria é um símbolo da destruição dos iníquos na Segunda Vinda — Poucas pessoas restarão depois que o Senhor voltar — O remanescente de Jacó retornará naquele dia — Comparar com 2 Néfi 20.

1

Ai dos que decretam leis injustas, e dos que prescrevem decretos opressores,

2 Para privarem da justiça os pobres, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo, para despojarem as viúvas e para roubarem os órfãos!

3 Mas que fareis vós outros no dia da visitação, e da assolação, que há de vir de longe? A quem vos refugiareis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória,

4 Sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre os mortos? Com tudo isso a sua ira não se apartou, mas ainda está estendida a sua mão.

5 Ai da Assíria, a vara da minha ira! Porque a minha indignação é o bordão nas suas mãos.

6 Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube o roubo, e lhe despoje o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas;

7 Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o imagine; antes no seu coração intentará destruir e desarraigar não poucas nações.

8 Porque diz: Porventura todos os meus príncipes não são eles reis?

9 Não é Calno como Carquêmis? não é Hamate como Arfade? e Samaria como Damasco?

10

Como a minha mão achou os reinos dos ídolos, ainda que as suas imagens de escultura fossem melhores do que as de Jerusalém e do que as de Samaria,

11 Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não faria eu também assim a Jerusalém e aos seus ídolos?

12 Porque acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigarei o fruto da arrogante grandeza do coração do rei da Assíria e a pompa da altivez dos seus olhos.

13 Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou prudente, e removi os limites dos povos, e roubei a sua provisão, e como valente abati os moradores.

14 E a minha mão achou as riquezas dos povos como a um ninho, e como se juntam os ovos abandonados, assim eu juntei toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou chilreasse.

15 Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele? ou engrandecer-se-á a serra contra o que a maneja? como se o bordão movesse os que o levantam, ou a vara se levantasse como não sendo pau?

16 Pelo que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, enviará magreza entre os seus gordos, e debaixo da sua glória acenderá um incêndio, como incêndio de fogo.

17 Porque a Luz de Israel virá a ser como fogo, e o seu Santo, como labareda, que abrase e consuma os seus espinheiros e as suas sarças num dia.

18 Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até a carne, e será como quando o doente definha.

19 E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco em número que um menino as poderá enumerar.

20

E acontecerá naquele dia que os remanescentes de Israel e os que tiverem escapado da casa de Jacó nunca mais se estribarão naquele que os feriu, antes se estribarão verdadeiramente no Senhor, o Santo de Israel.

21 Os remanescentes se converterão ao Deus forte, sim, os remanescentes de Jacó.

22 Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, todavia só um remanescente dele se converterá; a destruição está determinada, transbordando em justiça.

23 Porque determinada já a destruição, o Senhor Deus dos Exércitos a executará no meio de toda esta terra.

24 Pelo que assim diz o Senhor Deus dos Exércitos: Não temas, povo meu, que habitas em Sião, a Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão ao modo dos egípcios,

25 Porque daqui a bem pouco se cumprirão a minha indignação e a minha ira, para os consumir.

26 Porque o Senhor dos Exércitos levantará um açoite contra ele, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe, e como a sua vara sobre o mar, que levantará como no caso dos egípcios.

27 E acontecerá, no mesmo dia, que tirará a sua carga do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço, e o jugo será despedaçado por causa da unção.

28 vem chegando a Aiate, vai passando por Migrom, e em Micmás lança a sua bagagem.

29 vão passando o vau, se alojam em Geba; Ramá treme, e Gibeá de Saul vai fugindo.

30

Grita altamente com a tua voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Ó tu, pobre Anatote!

31 Madmena se foi; os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.

32 Ainda um dia parará em Nobe; sacudirá o punho contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.

33 Porém eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, podará os ramos com violência, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão abatidos.

34 E cortará com o ferro a espessura da floresta, e o Líbano cairá pela mão de um poderoso.

Capítulo 11

A vara de Jessé (Cristo) julgará em retidão — O conhecimento de Deus cobrirá a Terra no Milênio — O Senhor erguerá um estandarte e reunirá Israel — Comparar com 2 Néfi 21.

1

Porque sairá uma vara do tronco de Jessé, e um Renovo crescerá das suas raízes.

2 E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

3 E o seu deleite será no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos,

4 Mas julgará com justiça os pobres, e repreenderá com equidade os mansos da terra, porém ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio.

5 Porque a justiça será o cinto dos seus lombos, e a verdade, o cinto dos seus rins.

6 E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará.

7 A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi.

8 E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a sua mão na cova do basilisco.

9 Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.

10

Porque acontecerá naquele dia que a raiz de Jessé será posta por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações; e o seu repouso será glorioso.

11 Porque há de acontecer naquele dia que o Senhor tornará a estender a sua mão pela segunda vez para adquirir os remanescentes do seu povo, que restarem da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elão, e de Sinear, e de Hamate, e das ilhas do mar.

12 E levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra.

13 E a inveja de Efraim se desviará, e os adversários de Judá serão desarraigados; Efraim não invejará Judá, e Judá não oprimirá Efraim.

14 Antes voarão sobre os ombros dos filisteus ao ocidente, juntos despojarão os do oriente; em Edom e Moabe porão as suas mãos, e os filhos de Amom lhes obedecerão.

15 E o Senhor destruirá totalmente o braço do mar do Egito, e moverá a sua mão contra o rio com a força do seu vento, e o ferirá nas sete correntes, e fará que se passe por ele com sapatos.

16 E haverá caminho plano para os remanescentes do seu povo, que restarem da Assíria, como sucedeu a Israel no dia em que subiu da terra do Egito.

Capítulo 12

No dia milenar, todos os homens louvarão ao Senhor — Ele habitará entre eles — Comparar com 2 Néfi 22.

1

E dirás naquele dia: Graças te dou, ó Senhor, porque, ainda que te iraste contra mim, contudo a tua ira se retirou, e tu me consolas.

2 Eis que Deus é a minha salvação; nele confiarei, e não temerei; porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico, e ele foi a minha salvação.

3 E vós tirareis águas com alegria das fontes da salvação.

4 E direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, manifestai os seus feitos entre os povos, contai quão excelso é o seu nome.

5 Entoai salmos ao Senhor, porque fez coisas grandiosas; saiba-se isso em toda a terra.

6 Exulta e jubila, ó moradora de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de ti.

Capítulo 13

A destruição da Babilônia é um símbolo da destruição que ocorrerá na Segunda Vinda — Será um dia de ira e vingança — A Babilônia (o mundo) cairá para sempre — Comparar com 2 Néfi 23.

1

Peso de Babilônia, que viu Isaías, filho de Amós.

2 Alçai uma bandeira sobre um alto monte, levantai a voz a eles, acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos príncipes.

3 Eu dei ordens aos meus santificados; também chamei os meus valentes para executar a minha ira, os quais exultam na minha majestade.

4 Já se ouve a voz de ruído sobre os montes, como a de muito povo, a voz do rebuliço de reinos e de nações congregadas. O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra.

5 vêm da terra de longe, desde a extremidade do céu, o Senhor e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquela terra.

6 Uivai, pois, porque o dia do Senhor já está perto; vem como assolação do Todo-Poderoso.

7 Pelo que todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens se desanimará.

8 E assombrar-se-ão, e apoderar-se-ão deles dores e ais, e se angustiarão, como a mulher com dores de parto; cada um se espantará do seu próximo; o seu rosto será rosto flamejante.

9 Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores.

10

Porque as estrelas dos céus e os seus astros não luzirão com a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz.

11 Porque castigarei o mundo por causa da sua maldade, e os ímpios, por causa da sua iniquidade, e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos.

12 Farei que um homem seja mais precioso do que o ouro puro; e um homem, mais do que o ouro fino de Ofir.

13 Pelo que farei estremecer os céus, e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira.

14 E cada um será como a corça que foge, e como a ovelha que ninguém recolhe; cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua terra.

15 Qualquer que for achado será transpassado; e qualquer que com ele se juntar cairá à espada.

16 E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres violadas.

17 Eis que eu incitarei contra eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão ouro.

18 E os seus arcos despedaçarão os jovens, e não se compadecerão do fruto do ventre; o seu olho não poupará os filhos.

19 Assim será Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, como Sodoma e Gomorra, quando Deus as destruiu.

20

Nunca mais haverá habitação nela, nem se habitará de geração em geração, nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.

21 Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais, e ali habitarão as avestruzes, e os sátiros pularão ali.

22 E as feras uivarão umas às outras nas suas casas desoladas, como também os chacais nos seus palácios de prazer; pois bem perto vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.

Capítulo 14

Israel será reunida e desfrutará o descanso milenar — Lúcifer foi expulso do céu por rebelião — Israel triunfará sobre a Babilônia (o mundo) — Comparar com 2 Néfi 24.

1

Porque o Senhor se compadecerá de Jacó, e ainda escolherá Israel e os porá na sua própria terra; e juntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se achegarão à casa de Jacó.

2 E os povos os receberão, e os levarão aos seus lugares, e a casa de Israel os possuirá como servos e como servas, na terra do Senhor; e reduzirão ao cativeiro aqueles que os haviam feito cativos, e dominarão sobre os seus opressores.

3 E acontecerá que no dia em que o Senhor vier a dar-te descanso do teu trabalho, e do teu temor, e da dura servidão com que te fizeram servir,

4 Então levantarás este provérbio contra o rei de Babilônia, e dirás: Como cessou o opressor! Como cessou a cidade dourada!

5 quebrantou o Senhor o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores.

6 Aquele que feria os povos com furor, com golpes incessantes, o que com ira dominava sobre as nações agora é perseguido, sem que alguém o possa impedir.

7 descansa, está sossegada toda a terra; exclamam com júbilo.

8 Até as faias se alegram sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caíste ninguém sobe contra nós que nos possa cortar.

9 O inferno desde as profundezas se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; ele desperta por ti os mortos, e todos os príncipes da terra, e faz levantar dos seus tronos todos os reis das nações.

10

Estes todos responderão, e te dirão: Tu também adoeceste como nós, e te tornaste semelhante a nós.

11 foi derrubada no inferno a tua soberba com o som dos teus alaúdes; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão.

12 Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

13 E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

14 Subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.

15 E contudo derrubado serás no inferno, nas profundezas do abismo.

16 Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos?

17 Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? que a seus presos não deixava ir soltos para suas casas?

18 Todos os reis das nações, todos eles, jazem com honra, cada um na sua casa.

19 Porém tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, como a veste dos que foram mortos atravessados à espada, como os que descem às pedras da cova, como corpo morto e atropelado.

20

Com eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a semente dos malignos não será jamais mencionada.

21 Preparai a matança para os seus filhos pela maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o mundo de cidades.

22 Porque me levantarei contra eles, diz o Senhor dos Exércitos, e desarraigarei de Babilônia o nome, e os remanescentes, e o filho, e o neto, diz o Senhor.

23 E pô-la-ei por possessão das corujas e lagoas de águas, e varrê-la-ei com vassoura de destruição, diz o Senhor dos Exércitos.

24 O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.

25 Quebrantarei a Assíria na minha terra, e nas minhas montanhas a atropelarei, para que o seu jugo se aparte deles e a sua carga se desvie dos seus ombros.

26 Este é o propósito que se determinou sobre toda esta terra, e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações.

27 Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem pois o invalidará? E a sua mão estendida está; quem, pois, a fará voltar atrás?

28 No ano em que morreu o rei Acaz, aconteceu este peso.

29 Não te alegres, ó tu, toda a Filístia, por estar quebrada a vara que te feria, porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente ardente, voadora.

30

E os primogênitos dos pobres serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; porém farei morrer de fome a tua raiz, e ele matará os teus remanescentes.

31 Dá uivos, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda apavorada; porque do norte vem uma fumaça, e nenhum solitário haverá nas suas congregações.

32 Que se responderá, pois, aos mensageiros do povo? Que o Senhor fundou Sião, para que os oprimidos do seu povo nela tenham refúgio.

Capítulo 15

Moabe ficará desolada, e seu povo uivará e chorará.

1

Peso de Moabe. Certamente de noite foi assolada Ar de Moabe, e foi destruída; certamente de noite foi assolada Quir de Moabe, e foi destruída.

2 Vai subindo a Bajite, e a Dibom, aos lugares altos, para chorar; Moabe uivará por Nebo e por Medeba; sobre todas as suas cabeças haverá calva, e toda barba será rapada.

3 Cingiram-se de panos de saco nas suas ruas; nos seus terraços e nas suas praças todos andam uivando, e vêm descendo e chorando.

4 Assim, Hesbom como Eleale andam gritando, ouve-se a sua voz até Jaaz; pelo que os armados de Moabe fazem grande grita, a sua alma treme dentro deles.

5 O meu coração dá gritos por Moabe; fugiram os seus fugitivos até Zoar, como a novilha de três anos; porque vai subindo com choro pela subida de Luíte, porque no caminho de Horonaim levantam um lastimoso pranto.

6 Porque as águas de Ninrim serão uma pura assolação, porque secou o feno, pereceu a erva, e não há verdura alguma.

7 Pelo que a abundância que ajuntaram, e o demais que guardaram, ao ribeiro dos salgueiros o levarão.

8 Porque o pranto rodeará os limites de Moabe; até Eglaim chegará o seu uivo, e ainda até Beer-Elim chegará o seu uivo.

9 Porquanto as águas de Dimom estão cheias de sangue, porque ainda acrescentarei mais a Dimom, a saber, leões contra aqueles que escaparem de Moabe, como também contra os remanescentes da terra.

Capítulo 16

Moabe é condenada, e seu povo sofrerá tristezas — O Messias se assentará no trono de Davi, buscando a justiça e apressando a retidão.

1

Enviai o cordeiro ao que domina a terra desde Sela, no deserto, até o monte da filha de Sião.

2 De outro modo sucederá que serão as filhas de Moabe, junto aos vaus de Arnom, como pássaro fugitivo, lançado do ninho.

3 Dá conselho, faze juízo, põe a tua sombra como a noite no pino do meio-dia; esconde os desterrados, e não descubras os fugitivos.

4 Habitem entre ti os meus desterrados, ó Moabe; serve-lhes de refúgio perante a face do destruidor, porque o opressor tem fim, a destruição é desfeita, e os atropeladores são consumidos sobre a terra.

5 Porque o trono se confirmará em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi em verdade se assentará um que julgue, e busque o juízo, e se apresse à justiça.

6 ouvimos a soberba de Moabe, que é soberbíssimo, a sua altivez, e a sua soberba, e o seu furor; as suas jactâncias são vãs.

7 Portanto, Moabe uivará por Moabe; todos uivarão; gemereis pelos fundamentos de Quir-Haresete, pois já estão quebrados.

8 Porque os campos de Hesbom enfraqueceram, como também a vide de Sibma; os senhores das nações atropelaram as suas melhores plantas; vão chegando a Jazer; andam vagueando pelo deserto; os seus renovos se estenderam e já passaram além do mar.

9 Pelo que prantearei, com o pranto de Jazer, a vide de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale, porque o júbilo dos teus frutos de verão e da tua ceifa caiu.

10

Assim que se tirou a alegria e o regozijo do fértil campo, e nas vinhas não se canta, nem júbilo algum se faz; o pisador não pisará as uvas nos lagares; fiz cessar o júbilo.

11 Pelo que minhas entranhas vibram por Moabe como harpa, e o meu interior por Quir-Heres.

12 E acontecerá que, quando virem que Moabe está cansado nos altos, então entrará no seu santuário para orar, porém nada alcançará.

13 Esta é a palavra que falou o Senhor desde então contra Moabe.

14 Porém agora falou o Senhor, dizendo: Dentro de três anos (tais quais os anos de jornaleiros), então se virá a envilecer a glória de Moabe, com toda a sua grande multidão; e o remanescente será pouco, pequeno e impotente.

Capítulo 17

Israel foi dispersa por esquecer-se de Deus — Contudo, as nações que a saquearem serão destruídas.

1

Peso de Damasco. Eis que Damasco será removida, e não mais será cidade, antes será um montão de ruínas.

2 As cidades de Aroer serão desamparadas; hão de ser para os rebanhos que se deitarão sem que alguém os espante.

3 E a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o remanescente da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o Senhor dos Exércitos.

4 E acontecerá naquele dia que ficará atenuada a glória de Jacó, e a gordura da sua carne emagrecerá.

5 Porque será como o ceifador que colhe a seara e com o seu braço ceifa as espigas; e será também como o que colhe espigas no vale de Refaim.

6 Porém ainda ficarão nele alguns respigos, como no sacudir da oliveira, em que só duas ou três azeitonas ficam na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco em seus ramos frutíferos, diz o Senhor Deus de Israel.

7 Naquele dia atentará o homem para o seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel.

8 E não atentará para os altares, obra das suas mãos, nem tampouco olhará para o que fizeram seus dedos, nem para os postes-ídolos, nem para as imagens do sol.

9 Naquele dia serão as suas cidades fortificadas como plantas desamparadas, e como os mais altos ramos, os quais vieram a deixar por causa dos filhos de Israel, e haverá assolação.

10

Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te lembraste da rocha da tua fortaleza, pelo que bem plantarás plantas formosas, e as cercarás de sarmentos estranhos.

11 E no dia em que as plantares as farás crescer, e pela manhã farás que a tua semente brote, porém somente será um montão de galhos no dia da enfermidade e das dores insuportáveis.

12 Ai da multidão dos grandes povos que bramam como bramam os mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas águas.

13 Bem rugirão as nações, como rugem as muitas águas, porém Deus as repreenderá e fugirão para longe; e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento, e como o que rola diante do tufão.

14 Ao anoitecer eis que pavor, mas antes que amanheça não existe; esse é o quinhão daqueles que nos despojam, e a sorte daqueles que nos saqueiam.

Capítulo 18

O Senhor erguerá o estandarte do evangelho, enviará mensageiros para Seu povo disperso e os reunirá no Monte Sião.

1

Ai da terra que ensombreia com as suas asas, que está além dos rios da Cuxe,

2 Que envia embaixadores por mar, e em navios de junco sobre as águas, dizendo: Ide, mensageiros ligeiros, à nação espalhada e despida, a um povo terrível desde o seu princípio e daí em diante; a uma nação medida e atropelada, cuja terra os rios despojam.

3 Vós, todos os habitantes do mundo, e vós os moradores da terra, quando se levantar a bandeira nos montes, o vereis; e quando se tocar a trombeta, o ouvireis.

4 Porque assim me disse o Senhor: Estarei quieto, olhando desde a minha morada, como o ardor resplandecente depois da chuva, como a nuvem do orvalho no ardor da ceifa.

5 Porque antes da ceifa, quando o gomo está perfeito, e as uvas verdes amadurecem depois de brotarem, então podará os sarmentos com a podadeira e, cortando os ramos, os tirará dali.

6 Juntamente serão deixados às aves dos montes e aos animais da terra, e sobre eles passarão o verão as aves de rapina, e todos os animais da terra invernarão sobre eles.

7 Naquele tempo trará um presente ao Senhor dos Exércitos o povo espalhado e despido, e o povo terrível desde o seu princípio e daí em diante; uma nação medida e atropelada, cuja terra os rios despojam, ao lugar do nome do Senhor dos Exércitos, ao monte Sião.

Capítulo 19

O Senhor ferirá e destruirá o Egito — Por fim, Ele o curará, e o Egito e a Assíria serão abençoados com Israel.

1

Peso do Egito. Eis que o Senhor vem cavalgando numa nuvem ligeira, e virá ao Egito; e os ídolos do Egito serão movidos perante a sua face, e o coração dos egípcios se derreterá no meio deles.

2 Porque farei com que os egípcios se levantem contra os egípcios, e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu próximo, cidade contra cidade, reino contra reino.

3 E o espírito dos egípcios se esvaecerá no seu interior, e destruirei o seu conselho; então consultarão os seus ídolos, e encantadores, e adivinhos, e mágicos.

4 E entregarei os egípcios nas mãos de um senhor duro, e um rei rigoroso dominará sobre eles, diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos.

5 E farão perecer as águas do mar, e o rio se esgotará e secará.

6 Também aos rios farão apodrecer e os esgotarão e farão secar as correntes das valas; as canas e os juncos murcharão.

7 A relva junto ao rio, junto às ribanceiras dos rios, e tudo o que for semeado junto ao rio secará, ao longe se lançará, e não mais subsistirá.

8 E os pescadores gemerão, e suspirarão todos os que lançam anzol ao rio, e os que estendem rede sobre as águas desfalecerão.

9 E envergonhar-se-ão os que trabalham em linho fino, e os que tecem pano branco.

10

E os seus fundamentos serão despedaçados, e todos os que trabalham por salário ficarão com a alma entristecida.

11 Na verdade, tolos são os príncipes de Zoã; o conselho dos sábios conselheiros de Faraó se embruteceu; como, pois, a Faraó direis: Sou filho dos sábios, filho dos antigos reis?

12 Onde estão agora os teus sábios? Notifiquem-te agora, ou informem-se sobre o que o Senhor dos Exércitos determinou contra o Egito.

13 Tolos se tornaram os príncipes de Zoã, enganados estão os príncipes de Mênfis; eles farão errar o Egito, aqueles que são a pedra de esquina das suas tribos.

14 o Senhor derramou no meio dele um perverso espírito, e fizeram errar o Egito em toda a sua obra, como o bêbado quando se revolve no seu vômito.

15 E não aproveitará ao Egito obra nenhuma que possa fazer a cabeça, a cauda, o ramo, ou o junco.

16 Naquele tempo os egípcios serão como mulheres, e tremerão e temerão por causa do movimento da mão do Senhor dos Exércitos, que há de mover contra eles.

17 E a terra de Judá será um espanto para os egípcios, e a quem disso se fizer menção se assombrará, por causa do conselho do Senhor dos Exércitos, que determinou contra eles.

18 Naquele tempo haverá cinco cidades na terra do Egito que falarão a língua de Canaã e farão juramento ao Senhor dos Exércitos, e uma se chamará Cidade de Destruição.

19 Naquele tempo o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e um pilar ao Senhor, erigido junto do seu termo.

20

E servirá de sinal e de testemunho ao Senhor dos Exércitos na terra do Egito, porque ao Senhor clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um Redentor e um Protetor, que os livrará.

21 E o Senhor se fará conhecer aos egípcios, e os egípcios conhecerão ao Senhor naquele dia, e servirão com sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e os cumprirão.

22 E ferirá o Senhor aos egípcios, e os curará; e converter-se-ão ao Senhor, e mover-se-á às suas orações, e os curará.

23 Naquele dia haverá estrada do Egito até a Assíria, e os assírios irão ao Egito, e os egípcios à Assíria; e os egípcios servirão com os assírios ao Senhor.

24 Naquele dia Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra.

25 Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o meu povo do Egito, e Assíria, a obra de minhas mãos, e Israel, a minha herança.

Capítulo 20

A Assíria invadirá e envergonhará o Egito.

1

No ano em que foi Tartã a Asdode, enviando-o Sargom, rei da Assíria, e guerreou contra Asdode, e a tomou,

2 No mesmo tempo falou o Senhor pelo ministério de Isaías, filho de Amós, dizendo: Vai, solta de teus lombos o pano de saco, e descalça os teus sapatos dos teus pés. E assim o fez, indo nu e descalço.

3 Então disse o Senhor: Assim como andou o meu servo Isaías, nu e descalço por três anos, como sinal e prodígio sobre o Egito e sobre a Etiópia,

4 Assim o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito, e os cativos da Etiópia, assim moços como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para vergonha dos egípcios.

5 E assombrar-se-ão, e envergonhar-se-ão, por causa dos etíopes, sua esperança, como também dos egípcios, sua glória.

6 Então dirão os moradores dessa região naquele dia: Vede, que tal foi a nossa esperança, a quem fugimos por socorro, para nos livrarmos da face do rei da Assíria! Como, pois, escaparemos nós?

Capítulo 21

Caiu, caiu Babilônia! — Outras nações também são destruídas.

1

Peso do deserto do lado do mar. Como os tufões de vento passam por meio da terra do sul, assim do deserto virá, da terra horrível.

2 Dura visão me foi anunciada: o pérfido trata perfidamente, e o destruidor anda destruindo. Sobe, ó Elão, sitia, ó Média, que já fiz cessar todo o seu gemido.

3 Pelo que os meus lombos estão cheios de grande enfermidade; angústias se apoderaram de mim como as angústias da que dá à luz; me encurvo ao ouvir, e estou perturbado ao ver.

4 O meu coração anda errante, apavora-me o horror; e o crepúsculo, que eu desejava, se me tornou em tremores.

5 Põe-se a mesa, vigia-se na atalaia, come-se, bebe-se; levantai-vos, príncipes, e untai o escudo.

6 Porque assim me disse o Senhor: Vai, põe uma sentinela, e que diga o que vir.

7 E viu um carro com um par de cavaleiros, um carro de jumentos, e um carro de camelos, e atentou atentamente com grande atenção.

8 E clamou: Um leão, meu Senhor! Sobre a atalaia de vigia estou em pé continuamente de dia, e sobre a minha guarda me ponho noites inteiras.

9 E eis agora vem um carro de homens, e cavaleiros aos pares. Então respondeu e disse: Caiu, caiu Babilônia! E todas as imagens de escultura dos seus deuses ele despedaçou no chão.

10

Ah, malhada minha, e trigo da minha eira! O que ouvi do Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, isso vos notifiquei.

11 Peso de Dumá. Gritam-me de Seir: Guarda, que houve de noite? Guarda, que houve de noite?

12 E disse o guarda: Vem a manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, e vinde.

13 Peso contra a Arábia. Nos bosques da Arábia passareis a noite, ó viandantes de Dedanim.

14 Saí com água ao encontro dos sedentos; os moradores da terra de Tema com o seu pão foram ao encontro dos que fugiam.

15 Porque fogem de diante das espadas, de diante da espada nua, e de diante do arco armado, e de diante do peso da guerra.

16 Porque assim me disse o Senhor: Ainda dentro de um ano, como os anos de jornaleiro, será arruinada toda a glória de Quedar.

17 E os restantes do número dos flecheiros, os valentes dos filhos de Quedar, serão diminuídos, porque assim o disse o Senhor Deus de Israel.

Capítulo 22

Jerusalém será atacada e assolada — O povo será levado cativo — O Messias terá a chave da casa de Davi, herdará a glória e será fixado como um prego em lugar firme.

1

Peso do vale da visão. Que tens agora, que com todos os teus subiste aos telhados?

2 Tu, cheia de ruídos, cidade turbulenta, cidade que salta de alegria, os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra.

3 Todos os teus príncipes juntamente fugiram, os flecheiros os amarraram; todos os que em ti se acharam foram amarrados juntamente, e fugiram para longe.

4 Portanto, digo: Desviai de mim a vista, e chorarei amargamente; não vos canseis mais em consolar-me pela destruição da filha do meu povo.

5 Porque é um dia de alvoroço, e de atropelamento, e de confusão da parte do Senhor Deus dos Exércitos, no vale da visão; dia de derrubar o muro e de gritar aos montes.

6 Porque Elão tomou a aljava, com carros de homens, e cavaleiros, e Quir descobriu os escudos.

7 E acontecerá que os teus mais formosos vales se encherão de carros, e os cavaleiros se porão em ordem às portas.

8 E descobrirá a coberta de Judá, e naquele dia olharás para as armas da casa do bosque.

9 E vereis as brechas da cidade de Davi, porquanto são muitas, e ajuntareis as águas do tanque de baixo.

10

Também contareis as casas de Jerusalém, e derrubareis as casas, para fortalecer os muros.

11 Fizestes também um reservatório entre ambos os muros para as águas do tanque velho, porém não olhastes acima para o que fez isto, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade.

12 E o Senhor Deus dos Exércitos chamará naquele dia ao choro, e ao pranto, e ao rapar da cabeça, e ao cingir-se de pano de saco.

13 Porém eis aqui regozijo e alegria, matando-se vacas, e degolando-se ovelhas, comendo-se carne, e bebendo-se vinho, e dizendo-se: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.

14 Mas o Senhor dos Exércitos se manifestou nos meus ouvidos, dizendo: Vivo eu, que esta maldade não vos será perdoada até que morrais, diz o Senhor Deus dos Exércitos.

15 Assim diz o Senhor Deus dos Exércitos: Anda e vai ter com esse tesoureiro, com Sebna, o mordomo, e dize-lhe:

16 Que é o que tens aqui? ou a quem tens tu aqui, para que te lavrasses aqui sepultura, como o que lavra em lugar alto a sua sepultura e lapida na penha uma morada para si mesmo?

17 Eis que o Senhor te arrojará violentamente como um homem forte, e de todo te envolverá.

18 Certamente te fará rodar, como se faz rodar a bola em terra larga e espaçosa; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória, ó opróbrio da casa do teu senhor.

19 E rejeitar-te-ei do teu estado, e te derrubarei do teu posto.

20

E acontecerá naquele dia que chamarei meu servo Eliaquim, filho de Hilquias.

21 E vesti-lo-ei da tua túnica, e cingi-lo-ei com o teu cinto, e entregarei nas suas mãos o teu domínio, e será como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá.

22 E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro; e abrirá, e ninguém fechará; e fechará, e ninguém abrirá.

23 E pregá-lo-ei como um prego num lugar firme, e será como um trono de honra para a casa de seu pai.

24 E nele pendurarão toda a honra da casa de seu pai, os renovos e os descendentes, como também todos os utensílios menores, desde as taças até todos os odres.

25 Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, o prego pregado em lugar firme será tirado, e será cortado, e cairá; e a carga que nele está será destruída, porque o Senhor o disse.

Capítulo 23

Tiro será derrubada.

1

Peso de Tiro. Uivai, navios de Társis, porque assolada está, até nela casa nenhuma ficar, e nela ninguém mais entrar; desde a terra de Quitim lhes foi isso revelado.

2 Calai-vos, moradores da ilha, vós a quem encheram os mercadores de Sidom, navegando pelo mar.

3 E a sua provisão era a semente de Sior, que vinha com as muitas águas da ceifa do rio, e era a feira das nações.

4 Envergonha-te, ó Sidom, porque o mar, a fortaleza do mar fala, dizendo: Eu não tive dores de parto, nem dei à luz, nem ainda criei rapazes, nem eduquei donzelas.

5 Como com as novas do Egito, assim haverá dores quando se ouvirem as de Tiro.

6 Passai a Társis; uivai, moradores da ilha.

7 É esta porventura a vossa cidade que andava pulando de alegria, cuja origem é dos dias antigos? Pois levá-la-ão os seus próprios pés para longe, para peregrinar.

8 Quem formou este desígnio contra Tiro, a coroadora, cujos mercadores são príncipes e cujos negociantes, os mais nobres da terra?

9 O Senhor dos Exércitos formou este desígnio para denegrir a soberba de toda glória, e envilecer os mais nobres da terra.

10

Passa como rio pela tua terra, ó filha de Társis, pois já não há o que te restrinja.

11 Ele estendeu a sua mão sobre o mar, e turbou os reinos; o Senhor deu mandado contra Canaã, para que se destruíssem as suas fortalezas.

12 E disse: Nunca mais pularás de alegria, ó oprimida donzela, filha de Sidom; levanta-te, passa a Quitim, e ainda ali não terás descanso.

13 Vede a terra dos caldeus, este povo não era povo; a Assíria o destinou para os que moravam no deserto; levantaram as suas torres de cerco, e despojaram os seus paços; e a arruinou de todo.

14 Uivai, navios de Társis, porque é destruída a vossa força.

15 E acontecerá naquele dia que Tiro será posta em esquecimento por setenta anos, como os dias de um rei, porém no fim de setenta anos haverá em Tiro cantigas, como a cantiga de uma prostituta.

16 Toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta entregue ao esquecimento; toca bem, canta e repete a ária, para que haja memória de ti.

17 Porque acontecerá no fim de setenta anos que o Senhor castigará Tiro, e ela voltará à sua ganância de prostituta, e se prostituirá com todos os reinos da terra que há sobre a face da terra.

18 E o seu comércio e a sua ganância de prostituta serão consagrados ao Senhor; não se entesourará, nem se fechará; mas o seu comércio será para os que habitam perante o Senhor, para que comam até se saciarem, e tenham vestimenta durável.

Capítulo 24

Os homens transgredirão a lei e quebrarão o convênio eterno — Na Segunda Vinda, eles serão queimados, a Terra cambaleará, e o sol se envergonhará — Então, o Senhor reinará em Sião e em Jerusalém.

1

Eis que o Senhor esvazia a terra, e a desola, e transtorna a sua face, e espalha os seus moradores.

2 E assim como for o povo, assim será o sacerdote; como o servo, assim o seu senhor; como a serva, assim a sua senhora; como o comprador, assim o vendedor; como o que empresta, assim o que toma emprestado; como o que dá usura, assim o que toma usura.

3 De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra.

4 A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.

5 Porque a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto trespassam as leis, mudam os estatutos, e quebram o convênio eterno.

6 Por isso a maldição consome a terra, e os que habitam nela serão desolados; por isso serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão.

7 Pranteia o mosto, enfraquece a vide, e suspiram todos os alegres de coração.

8 cessou o som alegre dos tamboris, acabou o ruído dos que pulam de prazer, e descansou a alegria da harpa.

9 Com cantares não beberão vinho; a bebida forte será amarga para os que a beberem.

10

Demolida está a cidade vazia, todas as casas fecharam, ninguém pode entrar.

11 Um lastimoso clamor por causa do vinho se ouve nas ruas; toda a alegria se escureceu, se desterrou a alegria da terra.

12 Só restou desolação na cidade, e a porta ficou reduzida a ruínas.

13 Porque assim será no interior da terra, e no meio destes povos, como o sacudir da oliveira, e como o respigar, quando está acabada a vindima.

14 Estes alçarão a sua voz, e cantarão com alegria; e por causa da glória do Senhor exultarão desde o mar.

15 Por isso glorificai ao Senhor nos vales, e nas ilhas do mar, o nome do Senhor Deus de Israel.

16 Dos confins da terra ouvimos salmos para glória do Justo; porém agora digo eu: Definho, definho, ai de mim! Os pérfidos tratam perfidamente, e com perfídia tratam os pérfidos perfidamente.

17 O temor, e a cova, e o laço vêm sobre ti, ó morador da terra.

18 E acontecerá que aquele que fugir da voz do temor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá, porque as janelas do alto se abrem, e os fundamentos da terra tremerão.

19 De todo será arrasada a terra, de todo se romperá a terra, e de todo se moverá a terra.

20

De todo cambaleará a terra como o bêbado, e balançará como a choça; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá, e nunca mais se levantará.

21 E acontecerá que naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra.

22 E juntamente serão amontoados como presos numa masmorra, e serão encarcerados num cárcere, e outra vez serão visitados depois de muitos dias.

23 E a lua será humilhada, e o sol se envergonhará quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião, e em Jerusalém, e perante os seus anciãos em glória.

Capítulo 25

O Senhor preparará um banquete do evangelho com manjares deliciosos no Monte Sião — Ele tragará a morte na vitória — Dir-se-á: Eis que este é o nosso Deus.

1

Ó Senhor, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei, e louvarei o teu nome, porque fizeste maravilhas; os teus conselhos antigos são verdade e firmeza.

2 Porque da cidade fizeste um montão de pedras, e da cidade fortificada, uma ruína, e do paço dos estranhos, que não seja mais cidade, e jamais se torne a edificar.

3 Pelo que te glorificará um poderoso povo, e a cidade das nações impiedosas te temerá.

4 Porque foste a fortaleza do pobre, e a fortaleza do necessitado, na sua angústia, refúgio contra a tempestade, e sombra contra o calor; porque o sopro dos tiranos é como a tempestade contra o muro.

5 Como o calor em lugar seco, assim abaterás o ímpeto dos estranhos; como se aplaca o calor pela sombra da espessa nuvem, assim o cântico dos tiranos será humilhado.

6 E o Senhor dos Exércitos fará neste monte a todos os povos um banquete de cevados, banquete de vinhos puros, de tutanos gordos, e de vinhos puros, bem purificados.

7 E destruirá neste monte a máscara do rosto, com que todos os povos andam cobertos, e o véu com que todas as nações se cobrem.

8 Tragará a morte na vitória, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra, porque o Senhor o disse.

9 E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na sua salvação nos regozijaremos e nos alegraremos.

10

Porque a mão do Senhor descansará neste monte, mas Moabe será trilhado debaixo dele, como se trilha a palha no monturo.

11 E estenderá as suas mãos por entre eles, como as estende o nadador para nadar, e abaterá a sua altivez juntamente com as ciladas das suas mãos.

12 E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, as abaterá e as derrubará em terra até o pó.

Capítulo 26

Confiai no Senhor perpetuamente — Jeová morrerá e será ressuscitado — Todos os homens se levantarão na Ressurreição.

1

Naquele dia se cantará este cântico na terra de Judá: Uma forte cidade temos, Deus lhe pôs a salvação por muros e antemuros.

2 Abri vós as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade.

3 Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque confiará em ti.

4 Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.

5 Porque ele abate os que habitam em lugares altos, como também humilhará até o chão a cidade exalçada, e a derrubará até o pó.

6 O pé a pisará, os pés dos aflitos, e os passos dos pobres.

7 O caminho do justo é todo plano; tu que és reto aplainas a vereda do justo.

8 Até no caminho dos teus juízos, Senhor, te esperamos; no teu nome e na tua lembrança está o desejo da nossa alma.

9 Na minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, cedo te buscarei; porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.

10

Ainda que se faça favor ao ímpio, nem por isso ele aprende a justiça; até na terra da retidão pratica a iniquidade, e não olha para a majestade do Senhor.

11 Ó Senhor, ainda que esteja exaltada a tua mão, nem por isso a veem; vê-la-ão, porém, e envergonhar-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo consumirá teus adversários.

12 Ó Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.

13 Ó Senhor Deus nosso, já outros senhores têm tido domínio sobre nós, porém, por ti só, nos lembramos do teu nome.

14 Morrendo eles, não tornarão a viver; falecendo, não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória.

15 Tu, Senhor, aumentaste esta nação, tu aumentaste esta nação, fizeste-te glorioso; mas longe os lançaste, a todos os confins da terra.

16 Ó Senhor, no aperto te buscaram; vindo sobre eles a tua correção, derramaram a sua oração secreta.

17 Como a mulher grávida, quando está para dar à luz, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós por causa da tua face, ó Senhor!

18 Concebemos nós, e tivemos dores de parto, porém demos à luz vento; livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo.

19 Os teus mortos viverão, como também o meu corpo morto, e assim ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho de hortaliças, e a terra lançará de si os mortos.

20

Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te por um só momento, até que passe a ira.

21 Porque eis que o Senhor sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos à espada.

Capítulo 27

O povo de Israel florescerá, brotará e encherá a Terra de fruto — Eles serão reunidos um a um e adorarão ao Senhor.

1

Naquele dia o Senhor castigará com a sua espada dura, grande e forte o leviatã, aquela serpente fugidia, e o leviatã, aquela serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar.

2 Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai a seu respeito.

3 Eu o Senhor a guardo, e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei.

4 não há ira em mim. Quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.

5 Ou se apodere da minha força, e faça paz comigo; paz fará comigo.

6 Dias virão em que Jacó lançará raízes, e Israel florescerá e brotará, e encherão de fruto a face do mundo.

7 Porventura feriu-o ele como feriu os que o feriram? Ou matou-o ele assim como matou os que foram mortos por ele?

8 Com medida contendeste com ela, quando a rejeitaste, quando a tirou com o seu vento forte, no tempo do vento leste.

9 Por isso se expiará a iniquidade de Jacó, e este será todo o fruto de se ter tirado o seu pecado: quando fizer todas as pedras do altar como pedras de cal feitas em pedaços, então os postes-ídolos e as imagens do sol não poderão ficar em pé.

10

Porque a cidade fortificada ficará solitária, e a morada será rejeitada e desamparada como um deserto; ali pastarão os bezerros, e ali se deitarão, e devorarão os seus ramos.

11 Quando os seus ramos se secarem, serão quebrados, e vindo as mulheres, atearão fogo neles, porque este povo não é povo de entendimento, pelo que aquele que o fez não se compadecerá dele, nem aquele que o formou lhe fará favor algum.

12 E acontecerá naquele dia que o Senhor o padejará como se padeja o trigo, desde as correntes do rio, até o rio do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um.

13 E acontecerá naquele dia que se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito tornarão a vir, e adorarão ao Senhor no monte santo em Jerusalém.

Capítulo 28

Ai dos bêbados de Efraim! — A revelação vem linha sobre linha, preceito sobre preceito — É prometida a vinda de Cristo, o alicerce seguro.

1

Ai da coroa de soberba dos bêbados de Efraim, cujo glorioso ornamento é como a flor que cai, que está sobre a cabeça do fértil vale dos aturdidos pelo vinho!

2 Eis que o Senhor tem um valente e poderoso que como tempestade de saraiva, tormenta de destruição, e como tempestade de impetuosas águas que transbordam, com a mão derrubará por terra.

3 A coroa de soberba dos bêbados de Efraim será pisada aos pés.

4 E a flor caída do seu glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale, será como o fruto temporão antes do verão que, vendo-o alguém, e tendo-o ainda na mão, o engole.

5 Naquele dia o Senhor dos Exércitos será por coroa gloriosa, e por grinalda formosa, para os remanescentes de seu povo;

6 E por espírito de juízo, para o que se assenta a julgar, e por fortaleza para os que fazem recuar a peleja até a porta.

7 Mas também esses erram com o vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são tragados pelo vinho; se desencaminham com a bebida forte, andam errados na visão, e tropeçam no juízo.

8 Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e sujidade, até não haver mais lugar limpo.

9 A quem, pois, se ensinaria o conhecimento, e a quem se daria a entender o que se ouviu? Ao desmamado do leite, e ao arrancado do peito.

10

Porque é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito, linha sobre linha, linha sobre linha, um pouco aqui, um pouco ali.

11 Pelo que por lábios de gago, e por outra língua, falará a este povo.

12 Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado, e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir.

13 Assim, pois, a palavra do Senhor lhes será preceito sobre preceito, preceito sobre preceito, linha sobre linha, linha sobre linha, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem, e se enlacem, e sejam presos.

14 Pelo que dai ouvidos à palavra do Senhor, homens escarnecedores, que dominam este povo que está em Jerusalém.

15 Porquanto dizeis: Fizemos pacto com a morte, e com o inferno fizemos aliança; quando passar o dilúvio do açoite, não chegará a nós, porque pusemos a mentira por nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos.

16 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra já posta à prova, preciosa pedra de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse.

17 E regrarei o juízo por cordel, e a justiça, pelo prumo; e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas cobrirão o esconderijo.

18 E o vosso pacto com a morte se anulará, e a vossa aliança com o inferno não subsistirá; e quando o dilúvio do açoite passar, então sereis por ele pisados.

19 Desde que começa a passar, vos arrebatará, porque todas as manhãs passará, de dia e de noite; e acontecerá que somente o ouvir a notícia causará grande turbação.

20

Porque a cama será tão curta que ninguém se poderá estender nela, e o cobertor tão estreito que não se possa cobrir com ele.

21 Porque o Senhor se levantará como no monte Perazim, e se irará, como no vale de Gibeom, para fazer a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato.

22 Agora, pois, não mais escarneçais, para que vossas cadeias não se façam mais fortes, porque já do Senhor Deus dos Exércitos ouvi falar de uma destruição, e essa já está determinada sobre toda a terra.

23 Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz; atentai bem, e ouvi o meu discurso.

24 Porventura lavra todo o dia o lavrador, para semear? ou abre e destorroa todo o dia a sua terra?

25 Porventura não é assim? Quando aplanou a sua superfície, então esparge nela endro, e derrama cominho; ou lança nela do melhor trigo, ou cevada escolhida, ou centeio, cada qual no seu lugar.

26 O seu Deus o ensina, e o instrui acerca do que há de fazer.

27 Porque o endro não se trilha com trilho, nem sobre o cominho passa roda de carro, mas com uma vara se sacode o endro, e o cominho com um pau.

28 O trigo é esmiuçado, mas não se trilha continuamente, nem se esmiuça com as rodas do seu carro, nem se esmaga com os seus cavalos.

29 Até isso procede do Senhor dos Exércitos, porque é maravilhoso em conselho e grande em obra.

Capítulo 29

Um povo (os nefitas) falará como uma voz que fala desde o pó — Predizem-se a Apostasia, a restauração do evangelho e o surgimento de um livro selado (o Livro de Mórmon) — Comparar com 2 Néfi 27.

1

Ai de Ariel, Ariel, a cidade em que Davi assentou o seu acampamento! Acrescentai ano a ano, e completem as festas o seu ciclo.

2 Contudo, porei Ariel em aperto, e haverá pranto e tristeza; e ela me será como Ariel.

3 Porque te cercarei com o meu acampamento, e te sitiarei com baluartes, e levantarei fortalezas contra ti.

4 Então serás abatida, falarás desde debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca, e será a tua voz desde debaixo da terra como a de um espírito familiar, e a tua fala sussurrará desde o pó.

5 E a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos tiranos será como a pragana que passa, e num momento repentino isso sucederá.

6 Do Senhor dos Exércitos serás visitada com trovões, e com terremotos, e grande ruído, com tufão de vento e tempestade, e labareda de fogo consumidor.

7 E como o sonho de visão da noite, assim será a multidão de todas as nações que pelejarão contra Ariel, como também todos os que pelejarão contra ela e contra os seus muros, e a porão em aperto.

8 Será também como o faminto que sonha, e eis que lhe parece que come, porém, acordando, se acha a sua alma vazia, ou como o sedento que sonha, e eis que lhe parece que bebe, porém, acordando, eis que ainda desfalecido se acha, e a sua alma, com sede; assim será toda a multidão das nações que pelejarem contra o monte Sião.

9 Detende-vos e maravilhai-vos, cegai-vos e ficai cegos; bêbados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte.

10

Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos; vendou os profetas, e os vossos cabeças, e os videntes.

11 Pelo que toda a visão vos é como as palavras de um livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora, lê isto; e ele dirá: Não posso, porque está selado.

12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora, lê isto; e ele dirá: Não sei ler.

13 Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim com a sua boca, e com os seus lábios me honra, porém o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, em que foi instruído;

14 Portanto, eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e um assombro, porque a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus prudentes se esconderá.

15 Ai dos que querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? e quem nos conhece?

16 Vossa perversidade é como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse ao seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe.

17 Porventura não se converterá o Líbano, num breve momento, em campo fértil? e o campo fértil não se reputará por um bosque?

18 E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas as verão os olhos dos cegos.

19 E os mansos terão cada vez mais regozijo no Senhor; e os necessitados entre os homens se alegrarão no Santo de Israel.

20

Porque o tirano fenece, e se consome o escarnecedor, e todos os que se dão à iniquidade são extirpados;

21 Os que fazem culpado ao homem por uma palavra, e armam laços ao que os repreende na porta, e os que põem de lado o justo por um nada.

22 Portanto, assim diz o Senhor, que remiu Abraão, acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora mais envergonhado, nem agora se descorará mais a sua face.

23 Mas vendo ele seus filhos, a obra das minhas mãos, no meio dele, então santificarão o meu nome, e santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel.

24 E os que erram em espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão doutrina.

Capítulo 30

Israel é dispersa por rejeitar seus videntes e profetas — O povo de Israel será reunido e abençoado temporal e espiritualmente — O Senhor virá num dia de apostasia para julgar e destruir os iníquos.

1

Ai dos filhos que se rebelam, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; e que se cobrem com uma cobertura, mas não que venha do meu espírito; para assim acrescentarem pecado sobre pecado,

2 Que vão descer ao Egito, e não perguntam à minha boca, para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito!

3 Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito, em confusão.

4 Havendo estado os seus príncipes em Zoã, e havendo chegado os seus embaixadores a Hanes,

5 Então todos se envergonharão de um povo que de nada lhes servirá, nem de ajuda, nem de proveito, antes de vergonha, e até de opróbrio.

6 Peso dos animais do sul. Para a terra de aflição e de angústia (donde vem a leoa e o leão, o basilisco, e a áspide ardente voadora) levarão às costas de jumentinhos os seus bens, e sobre as corcovas de camelos os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará.

7 Porque o Egito os ajudará em vão, e inutilmente, pelo que clamei acerca disso: A sua força é estar quietos.

8 Vai, pois, agora, escreve isso numa tábua perante eles, e aponta-o num livro, para que fique firme até o dia último, para sempre e perpetuamente.

9 Porque este é um povo rebelde, são filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor,

10

Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e profetizai ilusões.

11 Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel deixe de estar perante nós.

12 Pelo que assim diz o Santo de Israel: Porquanto rejeitais esta palavra, e confiais na opressão e perversidade, e sobre isso vos estribais,

13 Por isso esta maldade vos será como a parede fendida, que vai caindo e já forma barriga desde o mais alto muro, cuja queda virá subitamente num momento.

14 E os quebrará como quebram o vaso do oleiro; e quebrando-os, não se compadecerá deles, nem ainda um caco se achará entre os seus pedaços para tirar fogo da lareira, ou tirar água da poça.

15 Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Retornando e descansando, ficaríeis livres, e no sossego e na confiança estaria a vossa força, porém não quisestes.

16 E dizeis: Não, antes sobre cavalos fugiremos; mas por isso mesmo fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; por isso os vossos perseguidores também serão ligeiros.

17 Mil homens fugirão ao grito de um, e ao grito de cinco todos vós fugireis, até que sejais deixados como o mastro no cume do monte, e como a bandeira no outeiro.

18 Por isso, pois, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso será exalçado, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam.

19 Porque o povo em Sião habitará, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e ouvindo-a, te responderá.

20

Bem vos dará o Senhor pão de angústia e água de aperto, mas os teus mestres nunca mais se esconderão; antes, os teus olhos verão todos os teus mestres.

21 E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.

22 E terás por contaminadas as coberturas das tuas esculturas de prata, e a coberta das tuas esculturas fundidas de ouro; e as lançarás fora como um pano imundo, e dirás a cada uma delas: Fora daqui.

23 Então te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra, como também pão do fruto da terra, e esta será fértil e cheia; naquele dia também o teu gado pastará em largos pastos.

24 E os bois e os jumentinhos que lavram a terra comerão grão puro, que for padejado com a pá, e cirandado com a ciranda.

25 E haverá em todo monte alto, e em todo outeiro elevado, ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres.

26 E será a luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor soldar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.

27 Eis que o nome do Senhor vem de longe, a sua ira está ardendo, e a carga é pesada; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua, como um fogo consumidor.

28 E o seu sopro, como o ribeiro transbordando, que chega até o pescoço, para cirandar as nações com a ciranda da vaidade, e como um freio nas queixadas dos povos, para fazê-los errar.

29 Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se santifica a festa; e alegria de coração, como aquele que anda com flauta, para vir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel.

30

E o Senhor fará ouvir a glória da sua voz, e fará ver o abaixamento do seu braço, com indignação de ira, e labareda de fogo consumidor, raios, e dilúvio, e pedra de saraiva.

31 Porque com a voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, que feriu com a vara.

32 E acontecerá que, a cada golpe do bordão designado que o Senhor lhe der, ali estarão com tamboris e harpas, porque com combates de agitação combaterá contra eles.

33 Porque Tofete está preparada desde ontem, e está preparada para o rei, já a aprofundou e alargou; a sua pira é de fogo, e tem muita lenha; o sopro do Senhor como a torrente de enxofre a acenderá.

Capítulo 31

Israel é repreendida por buscar ajuda no Egito — Quando o Senhor vier, Ele defenderá e preservará Seu povo.

1

Ai dos que descem ao Egito para buscar socorro, e se estribam em cavalos; e têm confiança em carros, porque são muitos, e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos, e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao Senhor!

2 Todavia também ele é sábio, e faz vir o mal, e não retirou as suas palavras; e se levantará contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que praticam a iniquidade.

3 Porque os egípcios são homens, e não Deus; e os seus cavalos, carne, e não espírito; e o Senhor estenderá a sua mão, e tropeçará o auxiliador, e cairá o ajudado, e todos juntamente serão consumidos.

4 Porque assim me disse o Senhor: Como o leão, e o filhote do leão, rugem sobre a sua presa, ainda que se convoquem contra eles uma multidão de pastores, não se atemorizam com suas vozes, nem se abatem pela sua multidão; assim, o Senhor dos Exércitos descerá, para pelejar pelo monte Sião, e pelo seu outeiro.

5 Como as aves voam, assim o Senhor dos Exércitos amparará Jerusalém; e amparando, a livrará, e passando, a salvará.

6 Convertei-vos, pois, àquele contra quem os filhos de Israel se rebelaram tão profundamente.

7 Porque naquele dia cada um lançará fora os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que vos fabricaram as vossas mãos para pecardes.

8 E a Assíria cairá pela espada, não de homem; e a espada, não de homem, a consumirá; e fugirá perante a espada, e os seus jovens serão submetidos a trabalho forçado.

9 E de medo passará à sua rocha, e os seus príncipes terão pavor da bandeira, diz o Senhor, cujo fogo está em Sião, e a sua fornalha, em Jerusalém.

Capítulo 32

Um rei (o Messias) reinará em retidão — A terra de Israel será um deserto até o dia da restauração e coligação.

1

Eis que reinará um Rei em justiça, e os príncipes governarão segundo o juízo.

2 E será aquele Homem como um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta.

3 E os olhos dos que veem não olharão para trás, e os ouvidos dos que ouvem estarão atentos.

4 E o coração dos imprudentes entenderá a sabedoria, e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente.

5 Ao tolo nunca mais se chamará nobre, e do avarento nunca mais se dirá que é generoso.

6 Porque o tolo fala tolices, e o seu coração pratica a iniquidade, para usar de hipocrisia, e para proferir erros contra o Senhor, para deixar vazia a alma do faminto, e fazer com que o sedento venha a ter falta de bebida.

7 Também todos os instrumentos do avarento são maus; ele maquina invenções malignas, para destruir os aflitos com palavras falsas, mesmo quando o pobre fala o que é justo.

8 Mas o nobre projeta nobreza, e pela nobreza está em pé.

9 Levantai-vos, mulheres que estais sossegadas, e ouvi a minha voz; e vós, filhas, que estais tão seguras, inclinai os ouvidos às minhas palavras.

10

Dentro de um ano e alguns dias vireis a ser turbadas, ó filhas que estais tão seguras, porque a vindima se acabará, e a colheita não virá.

11 Tremei vós que estais sossegadas, e turbai-vos vós, filhas, que estais tão seguras; despi-vos, e ponde-vos nuas, e cingi com pano de saco os vossos lombos.

12 Lamentar-se-ão sobre os peitos, sobre os campos desejáveis, e sobre as vides frutuosas.

13 Sobre a terra do meu povo virão espinheiros e sarças, como também sobre todas as casas de alegria, na cidade jubilosa.

14 Porque o palácio será abandonado, o ruído da cidade cessará; e Ofel e as torres da guarda servirão de cavernas eternamente, para alegria dos jumentos monteses, e para pasto dos gados,

15 Até que se derrame sobre nós o espírito do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado por um bosque.

16 E o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil.

17 E o efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça será repouso e segurança para sempre.

18 E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.

19 Mas, descendo ao bosque, saraivará; e a cidade se abaterá inteiramente.

20

Bem-aventurados vós os que semeais junto a todas as águas, e deixais livres os pés do boi e do jumento.

Capítulo 33

Apostasia e iniquidade precederão a Segunda Vinda — O Senhor virá com fogo devorador — Sião e suas estacas serão aperfeiçoadas — O Senhor é nosso Juiz, Legislador e Rei.

1

Ai de ti despojador, que não foste despojado, e que ages perfidamente contra os que não agiram perfidamente contra ti! Acabando tu de despojar, serás despojado; e acabando tu de agir perfidamente, eles agirão perfidamente contra ti.

2 Senhor, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o braço deles nas madrugadas, como também a nossa salvação no tempo da tribulação.

3 À voz do ruído fugirão os povos; quando tu te ergueres as nações serão dispersas.

4 Então ajuntar-se-á o vosso despojo como se apanha a lagarta; como os gafanhotos saltam, ali saltará.

5 O Senhor está exalçado, pois habita nas alturas; encheu Sião de juízo e justiça.

6 E acontecerá que a firmeza dos teus tempos, e a força da tua salvação, serão a sabedoria e o conhecimento; e o temor do Senhor será o seu tesouro.

7 Eis que os seus valentes estão clamando de fora; e os mensageiros de paz estão chorando amargamente.

8 As estradas estão desoladas, cessam os que passam pelas veredas; ele desfaz o convênio, despreza as cidades, e a homem nenhum estima.

9 A terra geme e pranteia; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo foram sacudidos.

10

Agora, pois, me levantarei, diz o Senhor, agora serei exaltado, agora serei posto em alto.

11 Concebestes palha, dareis à luz pragana, e o vosso espírito vos devorará como fogo.

12 E os povos serão como as queimas de cal, como espinhos cortados arderão no fogo.

13 Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais vizinhos, conhecei o meu poder.

14 Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com as eternas labaredas?

15 O que anda em justiça, e o que fala o que é reto; o que arremessa para longe de si o ganho de opressões; o que sacode das suas mãos todo presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir acerca de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal,

16 Este habitará nas alturas, as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio; o seu pão se lhe dá, as suas águas são certas.

17 Os teus olhos verão o Rei na sua formosura, e verão a terra que está longe.

18 O teu coração considerará o assombro, dizendo: Onde está o escrivão? Onde está o pagador? Onde está o que conta as torres?

19 Não verás mais aquele povo insolente, povo de fala tão obscura, que não se pode perceber, e de língua tão estranha que não se pode entender.

20

Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades; os teus olhos verão Jerusalém, quieta habitação, tenda que não será derrubada, cujas estacas nunca serão arrancadas, e de cujas cordas nenhuma se quebrará.

21 Mas o Senhor ali nos será grandioso, lugar de rios e correntes largas será; barco nenhum de remo passará por eles, nem navio grande navegará por eles.

22 Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei, ele nos salvará.

23 As tuas cordas se afrouxaram; não puderam ter firme o seu mastro, e vela não estenderam; então a presa de abundantes despojos se repartirá; e até os coxos roubarão a presa.

24 E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será perdoado de iniquidade.

Capítulo 34

A Segunda Vinda será um dia de vingança e juízo — A indignação do Senhor estará sobre todas as nações — Sua espada descerá sobre o mundo.

1

Chegai-vos, nações, para ouvir, e vós, povos, escutai; ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo, e tudo quanto produz.

2 Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o seu exército; ele as destruiu totalmente, entregou-as à matança.

3 E os seus mortos serão arremessados, e dos seus corpos subirá o seu fedor, e os montes se derreterão com o seu sangue.

4 E todo o exército dos céus se desfará, e os céus se enrolarão como um livro; e todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide, e como cai o figo da figueira.

5 Porque a minha espada se embriagou nos céus; eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anátema, para juízo.

6 A espada do Senhor está cheia de sangue, está engordurada da gordura de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, e grande matança na terra de Edom.

7 E os touros selvagens descerão com eles, e os bezerros, com os touros; e a sua terra beberá sangue até se fartar, e o seu pó engrossará de gordura.

8 Porque será o dia da vingança do Senhor, ano de retribuições pela porfia de Sião.

9 E os seus ribeiros se tornarão em piche, e o seu pó, em enxofre, e a sua terra, em piche ardente.

10

Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; de eternidade em eternidade ninguém passará por ela.

11 Mas o pelicano e a coruja a possuirão, e o corujão e o corvo habitarão nela; porque estenderá sobre ela cordel de confusão e prumo de vaidade.

12 Os seus nobres (que nela já não há) ao reino chamarão, porém todos os seus príncipes não serão coisa nenhuma.

13 E nos seus palácios crescerão espinhos, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de chacais, e sala para os filhos do avestruz.

14 E as feras do deserto se encontrarão com as hienas; e o bode selvagem clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si.

15 Ali se aninhará a coruja e porá os seus ovos, e os chocará, e recolherá os filhotes debaixo da sua sombra; também ali os abutres se juntarão uns com os outros.

16 Buscai no livro do Senhor, e lede; nenhuma dessas coisas falhará, nem uma nem outra faltará, porque a minha própria boca o ordenou, e o seu espírito mesmo as juntará.

17 Porque ele mesmo lançou as sortes por eles, e a sua mão lha repartiu com o cordel; para sempre a possuirão, de geração em geração habitarão nela.

Capítulo 35

No dia da restauração, o deserto florescerá, o Senhor virá, Israel será coligada e Sião será edificada.

1

O deserto e os lugares secos se alegrarão disso, e o ermo exultará e florescerá como a rosa.

2 Abundantemente florescerá, e também se rejubilará de alegria e exultará; a glória do Líbano se lhe deu, o esplendor do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus.

3 Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos que vacilam.

4 Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.

5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão.

6 Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará, porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros, no ermo.

7 E a terra seca se tornará em tanques, e a terra sedenta, em mananciais de águas; nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.

8 E ali haverá estrada e caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para estes; os caminhantes, até mesmo os tolos, não errarão.

9 Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele, porém os remidos andarão por ele.

10

E os resgatados do Senhor retornarão, e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre a sua cabeça; regozijo e alegria alcançarão, e deles fugirão a tristeza e o gemido.

Capítulo 36

Os assírios guerreiam contra Judá e blasfemam contra o Senhor.

1

E aconteceu no ano décimo quarto do rei Ezequias que Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou.

2 Então o rei da Assíria enviou Rabsaqué, desde Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias com um grande exército, e parou junto ao aqueduto do tanque superior, junto ao caminho do campo do lavandeiro.

3 Então saíram ao encontro dele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista.

4 E Rabsaqué lhes disse: Ora, dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa em que confias?

5 Bem poderia eu dizer que são palavras vãs o teu conselho e poder para a guerra; em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas?

6 Eis que confias naquele bordão de cana quebrada, a saber, no Egito, o qual, se alguém se encostar nele lhe entrará pela mão, e lha furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.

7 Porém se me disseres: No Senhor nosso Deus confiamos; porventura não é este aquele cujos altos e cujos altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar vos inclinareis?

8 Ora, pois, faz agora um acordo com o meu senhor, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles.

9 Como, pois, poderias repelir um só príncipe dos menores servos do meu senhor? Porém tu confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros.

10

Agora, pois, subi eu porventura sem o Senhor contra esta terra, para destruí-la? O Senhor mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a.

11 Então disseram Eliaquim, e Sebna, e Joá, a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em siríaco, porque bem o entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está em cima do muro.

12 Porém Rabsaqué disse: Porventura mandou-me o meu senhor ao teu senhor e a ti, para falar estas palavras? e não antes aos homens que estão assentados em cima do muro, para que comam convosco o seu esterco, e bebam a sua urina?

13 Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assíria.

14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias, porque não vos poderá livrar.

15 Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria.

16 Não deis ouvidos a Ezequias, porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as pazes comigo, e saí ao meu encontro, e comei vós cada um da sua vide, e da sua figueira, e bebei cada um da água da sua cisterna;

17 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.

18 Não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?

19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Porventura livraram Samaria da minha mão?

20

Quais são eles, dentre todos os deuses dessas terras, os que livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor livrasse Jerusalém das minhas mãos?

21 Porém eles se calaram, e palavra nenhuma lhe responderam; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondereis.

22 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, foram a Ezequias, com as vestes rasgadas, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaqué.

Capítulo 37

Ezequias busca o conselho de Isaías para salvar Jerusalém — Isaías profetiza a derrota dos assírios e a morte de Senaqueribe — Ezequias ora pedindo que seja salvo da destruição — Senaqueribe envia uma carta blasfema — Isaías profetiza que os assírios serão destruídos e que um remanescente de Judá florescerá — Um anjo mata 185.000 assírios — Senaqueribe é morto por seus próprios filhos.

1

E aconteceu que, tendo-o ouvido o rei Ezequias, rasgou as suas vestes, e se cobriu de pano de saco, e entrou na casa do Senhor.

2 Então enviou Eliaquim, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de pano de saco, a Isaías, filho de Amós, o profeta.

3 E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angústia e de repreensão, e de blasfêmias, porque chegados são os filhos ao parto, e força não para dar à luz.

4 Porventura o Senhor teu Deus ouvirá as palavras de Rabsaqué, a quem enviou o seu senhor, o rei da Assíria, para afrontar o Deus vivo, e para repreendê-lo com as palavras que o Senhor teu Deus ouviu; faze oração pelos remanescentes que ainda restam.

5 E os servos do rei Ezequias foram a Isaías.

6 E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não temas à vista das palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram.

7 Eis que porei nele um espírito, e ele ouvirá um rumor, e voltará para a sua terra; e fá-lo-ei cair morto à espada na sua terra.

8 Voltou, pois, Rabsaqué, e achou o rei da Assíria pelejando contra Libna, porque ouvira que se havia retirado de Laquis.

9 E ouvindo ele dizer que Tiraca, rei da Etiópia, tinha saído para lhe fazer guerra, assim que o ouviu, tornou a enviar mensageiros a Ezequias, dizendo:

10

Assim falareis a Ezequias, rei de Judá, dizendo: Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria.

11 Eis que ouviste o que fizeram os reis da Assíria a todas as terras, destruindo-as totalmente; e escaparias tu?

12 Porventura as livraram os deuses das nações às quais meus pais destruíram, como Gozã, e Harã, e Rezefe, e os filhos de Éden, que estavam em Telassar?

13 Onde está o rei de Hamate, e o rei de Arpade, e o rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva?

14 Recebendo, pois, Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu à casa do Senhor, e Ezequias as estendeu perante o Senhor.

15 E orou Ezequias ao Senhor, dizendo:

16 Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins; tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra.

17 Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e olha; e ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo.

18 É verdade, Senhor, que os reis da Assíria assolaram todas as nações e as suas terras,

19 E lançaram no fogo os seus deuses, porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.

20

Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão, e assim saberão todos os reinos da terra que só tu és o Senhor.

21 Então Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Quanto ao que me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria,

22 Esta é a palavra que o Senhor falou dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.

23 A quem afrontaste e blasfemaste? e contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel.

24 Por meio de teus servos afrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão dos meus carros subi eu aos cumes dos montes, aos lados do Líbano; e cortarei os seus altos cedros e as suas faias escolhidas, e entrarei na altura do seu cume, ao bosque do seu campo fértil.

25 Eu cavei, e bebi as águas; e com as plantas de meus pés sequei todos os rios do Egito.

26 Porventura não ouviste que há muito tempo eu fiz isso, e desde os dias antigos o formei? Agora, porém, o fiz vir, para que tu fosses o que destruísse as cidades fortificadas, e as reduzisse a montões de ruínas.

27 Por isso os seus moradores, com as mãos caídas, andaram atemorizados e envergonhados; eram como a erva do campo, e a relva verde, e o capim dos telhados, e o trigo queimado antes da seara.

28 Porém eu conheço o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, e o teu furor contra mim.

29 Por causa do teu furor contra mim, e porque o teu tumulto subiu até os meus ouvidos, portanto, porei o meu anzol no teu nariz e o meu freio na tua boca, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

30

E isto te seja por sinal, que este ano se comerá o que por si mesmo nascer, e no segundo ano o que daí proceder; porém no terceiro ano semeai e ceifai, e plantai vinhas, e comei os frutos delas.

31 Porque o que escapou da casa de Judá, e restou, tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima.

32 Porque de Jerusalém sairá o remanescente, e do monte Sião o que escapou; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.

33 Pelo que assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, nem levantará contra ela rampa alguma.

34 Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; porém nesta cidade não entrará, diz o Senhor.

35 Porque eu ampararei esta cidade, para a livrar, por minha causa e por causa do meu servo Davi.

36 Então saiu o anjo do Senhor, e feriu no acampamento dos assírios cento e oitenta e cinco mil deles; e levantando-se eles pela manhã cedo, eis que tudo eram corpos mortos.

37 Assim, Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e ficou em Nínive.

38 E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o mataram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.

Capítulo 38

A vida de Ezequias é prolongada em quinze anos — O sol volta dez graus como sinal — Ezequias louva e agradece ao Senhor.

1

Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; e veio a ele Isaías, o profeta, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás.

2 Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor.

3 E disse: Ah! Senhor, lembra-te, peço-te, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.

4 Então veio a palavra do Senhor a Isaías, dizendo:

5 Vai, e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescento sobre os teus dias quinze anos.

6 E livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade, e ampararei esta cidade.

7 E isto te será por sinal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá essa palavra que falou:

8 Eis que farei retroceder dez graus a sombra dos graus, que declinou com o sol pelos graus do relógio de Acaz. Assim, retrocedeu o sol dez graus, pelos graus que já tinha descido.

9 Escrituras de Ezequias, rei de Judá, de quando adoeceu e sarou de sua enfermidade:

10

Eu disse no cessar de meus dias: Ir-me-ei às portas da sepultura; estou privado do resto de meus anos.

11 Disse também: Já não verei mais o Senhor, o Senhor na terra dos viventes; jamais verei homem algum com os moradores do mundo.

12 o tempo da minha vida se foi, e foi arrebatado de mim, como tenda de pastor; cortei a minha vida, como o tecelão; desde o tear me cortará; do dia para a noite tu darás cabo de mim.

13 Isto me propunha até a madrugada, que, como um leão, ele quebraria todos os meus ossos; do dia para a noite tu darás cabo de mim.

14 Como o grou, ou a andorinha, assim eu chilreava, e gemia como a pomba; alçava os meus olhos ao alto; ó Senhor, ando oprimido, fica por meu fiador.

15 Que direi? Como mo prometeu, assim o fez; assim passarei mansamente por todos os meus anos, por causa da amargura da minha alma.

16 Senhor, por essas coisas se vive, e em todas elas está a vida do meu espírito; portanto, cura-me e faze-me viver.

17 Eis que até na paz a amargura me foi amarga; tu, porém, tão amorosamente abraçaste a minha alma, que não caiu na cova da corrupção, porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.

18 Porque não te louvará a sepultura, nem a morte te glorificará, nem tampouco esperarão em tua verdade os que descem à cova.

19 O vivente, o vivente, esse te louvará como eu hoje o faço; o pai aos filhos fará notória a tua verdade.

20

O Senhor veio salvar-me; pelo que, tangendo meus instrumentos, lhe cantaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor.

21 E dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos, e a ponham como emplastro sobre a chaga; e sarará.

22 Também dissera Ezequias: Qual será o sinal de que hei de subir à casa do Senhor?

Capítulo 39

Ezequias revela sua riqueza a Babilônia — Isaías profetiza o cativeiro babilônico.

1

Naquele tempo enviou Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei de Babilônia, cartas e um presente a Ezequias, porque tinha ouvido dizer que havia estado doente e que tinha convalescido.

2 E Ezequias se alegrou deles, e lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse.

3 Então o profeta Isaías veio ao rei Ezequias, e lhe disse: Que é o que aqueles homens disseram, e donde vieram a ti? E disse Ezequias: De uma terra remota vieram a mim, de Babilônia.

4 E disse ele: Que é o que viram em tua casa? E disse Ezequias: Viram tudo quanto em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu deixasse de lhes mostrar.

5 Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exércitos:

6 Eis que vêm dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado para Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor.

7 E ainda até de teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia.

8 Então disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: Pois haja paz e verdade em meus dias.

Capítulo 40

Isaías fala a respeito do Messias — Preparai o caminho do Senhor — Ele apascentará o Seu rebanho como um pastor — O Deus de Israel é incomparavelmente grande.

1

Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.

2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que a sua luta está acabada, que a sua iniquidade está expiada e que recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados.

3 Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.

4 Todo vale será exaltado, e todo monte e todo outeiro serão abatidos, e o tortuoso se endireitará, e o áspero se aplainará.

5 E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente verá que a boca do Senhor o disse.

6 Voz que diz: Clama; e disse ele: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua benignidade como as flores do campo.

7 Seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o Espírito do Senhor. Na verdade, o povo é erva.

8 Seca-se a erva, e caem as flores, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.

9 Ah! Sião, anunciadora de boas novas, sobe tu a um monte alto. Ah! Jerusalém, anunciadora de boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis o vosso Deus.

10

Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão vem com ele, e a sua recompensa diante da sua face.

11 Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará suavemente.

12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu em uma medida o pó da terra, e pesou os montes com peso e os outeiros em balanças?

13 Quem guiou o Espírito do Senhor? e que conselheiro o ensinou?

14 Com quem tomou conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe fizesse notório o caminho do entendimento?

15 Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que levanta as ilhas como pó miúdo.

16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para holocaustos.

17 Todas as nações são como nada perante ele; e as reputa por menos que nada e como uma coisa vã.

18 A quem, pois, fareis semelhante a Deus? ou com que o comparareis?

19 O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e lhe forja cadeias de prata.

20

O empobrecido, que não tem o que oferecer, escolhe madeira que não se corrompe; artífice perito busca para si, para preparar uma imagem que não se possa mover.

21 Porventura não sabeis? porventura não ouvis? ou desde o princípio se vos não notificou? ou não compreendestes a fundação da terra?

22 Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para habitar neles;

23 O que torna em nada os príncipes, e faz como coisa vã os juízes da terra.

24 E nem se plantam, nem se semeiam, nem se arraiga na terra o seu tronco cortado, e soprando neles, se secarão, e um tufão como pragana os levará.

25 A quem, pois, me fareis semelhante, que eu lhe seja semelhante? diz o Santo.

26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou essas coisas, quem faz sair por número o exército delas, quem a todas chama pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas vem a faltar.

27 Por que, pois, dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa de largo pelo meu Deus?

28 Porventura não sabes, porventura não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, nem se cansa nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento.

29 Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.

30

Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão.

31 Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não desfalecerão.

Capítulo 41

O Senhor diz a Israel: Sois meus servos, Eu vos preservarei — Os ídolos nada são — Serão anunciadas boas novas a Jerusalém.

1

Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as forças; cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juízo.

2 Quem suscitou do oriente o justo e o chamou para o seu pé? quem deu as nações à sua face e o fez dominar sobre reis? Ele os entregou à sua espada como o pó, e ao seu arco, como pragana arrebatada pelo vento.

3 Perseguiu-os, e passou em paz, por uma vereda por onde com os seus pés nunca tinha caminhado.

4 Quem operou e fez isso, chamando as gerações desde o princípio? Eu, o Senhor, o primeiro, e com os últimos, eu mesmo.

5 As ilhas o viram, e temeram; os confins da terra tremeram; aproximaram-se, e vieram.

6 Um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Sê forte.

7 E o artífice animou o ourives, e o que aplaina com o martelo, ao que bate na bigorna, dizendo da soldadura: Boa é. Então com pregos a firma, para que não venha a mover-se.

8 Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi, e tu semente de Abraão, meu amigo,

9 Tu a quem tomei desde os confins da terra, e te chamei dentre os seus mais excelentes, e te disse: Tu és o meu servo, a ti te escolhi e nunca te rejeitei.

10

Não temas, porque eu estou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.

11 Eis que envergonhados e humilhados serão todos os que se indignaram contra ti; tornar-se-ão em nada, e os que contenderem contigo perecerão.

12 Buscá-los-ás, porém não os acharás; porém os que pelejarem contigo tornar-se-ão em nada, e em coisa de nenhum valor, os que guerrearem contigo.

13 Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita, e te digo: Não temas, eu te ajudo.

14 Não temas, ó verme Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu Redentor é o Santo de Israel.

15 Eis que te pus por trilho novo, que tem dentes agudos; os montes trilharás e moerás; e os outeiros tornarás como palha.

16 Tu os padejarás e o vento os levará, e o tufão os espalhará, porém tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Santo de Israel.

17 Os aflitos e necessitados buscam água, mas nenhuma há, e a sua língua se seca de sede; eu, o Senhor, os ouvirei; eu, o Deus de Israel, não os desampararei.

18 Abrirei rios em lugares altos, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em tanques de águas, e a terra seca, em mananciais de águas.

19 Plantarei no deserto o cedro, a acácia, e a murta, e a oliveira; juntamente porei no ermo a faia, o olmeiro e o álamo;

20

Para que todos vejam, e saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou.

21 Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor; trazei os vossos fortes argumentos, diz o Rei de Jacó.

22 Tragam e anunciem-nos as coisas que hão de acontecer; anunciai-nos quais foram as coisas passadas, para que atentemos para elas, e saibamos o fim delas; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras.

23 Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; ou fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o veremos.

24 Eis que sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada; abominação é quem vos escolhe.

25 Suscito um do norte, que há de vir do nascimento do sol, e invocará o meu nome; e virá sobre os magistrados, como sobre o lodo, e como o oleiro pisa o barro, os pisará.

26 Quem anunciou isso desde o princípio, para que o possamos saber, ou desde antes, para que digamos: Justo é? Porém não há quem anuncie, nem tampouco quem manifeste, nem tampouco quem ouça as vossas palavras.

27 Eu, o primeiro, sou o que digo a Sião: Eis que ali estão; e a Jerusalém darei um anunciador de boas novas.

28 Porque olhei, porém ninguém havia; nem mesmo entre estes, conselheiro algum havia a quem perguntasse ou que me respondesse palavra.

29 Eis que todos são vaidade; as suas obras não são nada; as suas imagens de fundição são vento e nada.

Capítulo 42

Isaías fala a respeito do Messias — O Senhor trará Sua lei e Sua justiça, será uma luz para os gentios e libertará os cativos — Louvai ao Senhor.

1

Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre ele; juízo trará aos gentios.

2 Não clamará, nem alçará a sua voz, nem fará ouvir a sua voz na praça.

3 A cana trilhada ele não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará o juízo;

4 Não desanimará, nem será quebrantado, até que ponha na terra o juízo; e as ilhas aguardarão a sua doutrina.

5 Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo que habita nela, e espírito aos que andam nela.

6 Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por convênio do povo, e para luz dos gentios;

7 Para abrir os olhos cegos, para tirar os cativos da prisão, e da casa do cárcere os que jazem em trevas.

8 Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.

9 Eis que as primeiras coisas se cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e antes que venham à luz, vô-las faço ouvir.

10

Cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor desde o fim da terra, como também vós os que navegais pelo mar, e tudo quanto nele há; vós, ilhas, e seus habitantes.

11 Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Quedar habita; exultem os que habitam nas rochas, e clamem do cume dos montes.

12 Deem glória ao Senhor, e anunciem o seu louvor nas ilhas.

13 O Senhor como valente sairá, como homem de guerra despertará o zelo; exultará, e fará grande ruído, e sujeitará os seus inimigos.

14 Já há muito me calei; estive em silêncio, e me retive; darei gritos como a que está de parto, e a todos os assolarei e juntamente devorarei.

15 Os montes e outeiros tornarei em deserto, e toda a sua erva farei secar, e tornarei os rios em ilhas, e as lagoas secarei.

16 E guiarei os cegos pelo caminho que nunca conheceram, os farei caminhar pelas veredas que não conheceram; tornarei as trevas em luz perante eles, e as coisas tortas farei direitas. Estas coisas lhes farei, e nunca os desampararei.

17 Mas serão tornados atrás cobertos de vergonha os que confiam em imagens de escultura, e dizem às imagens de fundição: Vós sois nossos deuses.

18 Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver.

19 Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? E quem é cego como o que é perfeito, e cego como o servo do Senhor?

20

Bem vedes vós muitas coisas, porém vós não as guardais; ainda que abra ele os ouvidos, contudo nada ouve.

21 O Senhor se agradava dele por causa da sua justiça; engrandeceu a lei, e a fez gloriosa.

22 Porém este é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas, e escondidos em cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui.

23 Quem há entre vós que ouça isto? que atenda e ouça o que há de ser depois?

24 Quem entregou Jacó por despojo, e Israel aos roubadores? Porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e nos caminhos do qual não queriam andar, e não davam ouvidos à sua lei?

25 Pelo que derramou sobre eles a indignação da sua ira, e a força da guerra, e lhes pôs labaredas em redor, porém nisso não atentaram; e os queimou, porém não puseram nisso o coração.

Capítulo 43

O Senhor diz a Israel: Eu sou teu Deus; reunirei os teus descendentes; além de mim não há Salvador; sois as minhas testemunhas.

1

Porém agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te redimi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.

2 Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.

3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, Etiópia e Seba em teu lugar.

4 Enquanto foste precioso aos meus olhos, também foste glorificado, e eu te amei, pelo que dei os homens por ti, e os povos, pela tua alma.

5 Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua semente desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente.

6 Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei os meus filhos de longe, e as minhas filhas, das extremidades da terra.

7 Todos os chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória, os formei, e também os fiz.

8 Trazei o povo cego, que tem olhos; e os surdos, que têm ouvidos.

9 Todas as nações se congreguem juntamente, e os povos se reúnam; quem dentre eles pode anunciar isso, e fazer-nos ouvir as coisas antigas? Apresentem as suas testemunhas, para que se justifiquem, e se ouça, e se diga: Verdade é.

10

Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e creiais em mim, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.

11 Eu, eu sou o Senhor, e além de mim não há Salvador.

12 Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus.

13 Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém que possa fazer escapar das minhas mãos; fazendo eu, quem o fará reverter?

14 Assim diz o Senhor, teu Redentor, o Santo de Israel: Por causa de vós enviei inimigos a Babilônia, e a todos os fiz descer como fugitivos, a saber, os caldeus, nos navios em que exultavam.

15 Eu sou o Senhor, vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei.

16 Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas, uma vereda,

17 O que trouxe o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitaram, e nunca se levantarão; estão apagados; como um pavio se apagaram.

18 Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.

19 Eis que farei uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a sabereis? porque porei um caminho no deserto, e rios no ermo.

20

Os animais do campo me servirão, os chacais, e os filhos do avestruz; porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu eleito.

21 Esse povo formei para mim; o meu louvor relatarão.

22 Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel.

23 Não me trouxeste o gado miúdo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te fiz servir com presentes, nem te fatiguei com incenso.

24 Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste, mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas maldades.

25 Eu, eu sou o que apago as tuas transgressões por causa de mim, e dos teus pecados não me lembro.

26 Faze-me lembrar; entremos em juízo juntamente; aponta tu as tuas razões, para que te possa justificar.

27 Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes transgrediram contra mim.

28 Pelo que profanarei os maiorais do santuário, e farei de Jacó um anátema, e de Israel um opróbrio.

Capítulo 44

O Espírito do Senhor se derramará sobre os descendentes de Israel — Os ídolos de madeira são como lenha para a fogueira — O Senhor reunirá, abençoará e redimirá Israel e reconstruirá Jerusalém.

1

Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, e tu ó Israel, a quem escolhi.

2 Assim diz o Senhor que te criou e te formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó Jacó, servo meu, e tu, Jesurum, a quem escolhi.

3 Porque derramarei água sobre o sedento, e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua semente, e a minha bênção, sobre os teus descendentes.

4 E brotarão entre a erva, como salgueiros junto aos ribeiros das águas.

5 Este dirá: Eu sou do Senhor; e aquele se chamará pelo nome de Jacó; e aquele outro escreverá com a sua mão: Eu sou do Senhor; e por sobrenome tomará o nome de Israel.

6 Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não Deus.

7 E quem chamará como eu, e anunciará isso, e o porá em ordem perante mim, desde que estabeleci um povo eterno? E anunciem-lhes as coisas futuras, e as que ainda hão de vir.

8 Não vos assombreis, nem temais; porventura desde então não to fiz ouvir, e não anunciei? Porque vós sois as minhas testemunhas. Porventura há outro Deus fora de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça.

9 Todos os artífices de imagens de escultura são vaidade, e as suas coisas mais desejáveis são de nenhum préstimo; e elas mesmas são as suas testemunhas; nada veem nem entendem, pelo que serão envergonhados.

10

Quem forma um deus, e funde uma imagem de escultura, que é de nenhum préstimo?

11 Eis que todos os seus companheiros ficarão envergonhados, pois os mesmos artífices não passam de homens; ajuntem-se todos, e levantem-se; assombrar-se-ão, e serão juntamente envergonhados.

12 O ferreiro faz o machado, e trabalha nas brasas, e o forma com martelos, e o lavra à força do seu braço; ele tem fome, e a sua força enfraquece, e não bebe água, e desfalece.

13 O carpinteiro estende a régua, desenha-o com o lápis, aplaina-o com o cepilho, e desenha-o com o compasso, e o faz à semelhança de um homem, segundo a forma de um homem, para ficar em casa.

14 Quando corta para si cedros, então toma um cipreste, ou um carvalho, que escolhe dentre as árvores do bosque; planta um olmeiro, e a chuva o faz crescer.

15 Então servirá ao homem para queimar, e toma deles, e se aquenta, e os acende, e coze o pão; também faz um deus, e se prostra diante dele; também fabrica dele uma imagem de escultura, e se ajoelha diante dela.

16 Metade dele queima no fogo, com a outra metade come carne; assa-a, e farta-se dela; também se aquenta, e diz: Ora, me aquentei, já vi o fogo.

17 Então do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, e se inclina, e ora-lhe, e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu deus.

18 Nada sabem, nem entendem, porque tapou-lhes os olhos, para que não vejam, e os seus corações, para que não entendam.

19 E nenhum deles considera isso no coração, e já não têm conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, e cozi pão sobre as suas brasas, assei sobre elas carne, e a comi. E faria eu do resto uma abominação? Ajoelhar-me-ia eu ao que saiu de uma árvore?

20

Apascenta-se de cinza; o seu coração enganado o desviou; de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Porventura não há uma mentira na minha mão direita?

21 Lembra-te dessas coisas, ó Jacó e Israel, porquanto és meu servo; eu mesmo te formei, meu servo és, ó Israel; não me esquecerei de ti.

22 Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.

23 Cantai alegres, ó vós, céus, porque o Senhor o fez; exultai vós, as partes mais baixas da terra; vós, montes, retumbai com júbilo; também vós, bosques, e todas as árvores que estão neles; porque o Senhor redimiu Jacó, e glorificou-se em Israel.

24 Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo;

25 Que desfaço os sinais dos inventores de mentiras, e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios, e torno em loucura o conhecimento deles;

26 Que confirmo a palavra do seu servo, e cumpro o conselho dos seus mensageiros; que digo a Jerusalém: Tu serás habitada; e às cidades de Judá: Sereis reedificadas, e eu levantarei as suas ruínas;

27 Que digo à profundeza: Seca-te, e eu secarei os teus rios;

28 Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Sejam lançados os teus alicerces.

Capítulo 45

Ciro libertará da Babilônia os cativos de Israel — Vinde a Jeová (Cristo) e sede salvos — A Ele todo joelho se dobrará e toda língua fará um juramento.

1

Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face, e eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão.

2 Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.

3 E te darei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou o Senhor, que te chama pelo teu nome, a saber, o Deus de Israel.

4 Por causa de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu a ti te chamei pelo teu nome, pus em ti o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses.

5 Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças,

6 Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que além de mim não outro; eu sou o Senhor, e não outro.

7 Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas essas coisas.

8 Destilai vós, céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça, abra-se a terra, e produza-se toda sorte de salvação, e a justiça frutifique juntamente; eu, o Senhor, as criei.

9 Ai daquele que contende com o que o formou; o caco contenda com os cacos de barro; porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?

10

Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? e à mulher: Que é o que dás à luz?

11 Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos.

12 Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens.

13 Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e soltará os meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos Exércitos.

14 Assim diz o Senhor: O trabalho do Egito, e o comércio dos etíopes, e dos sabeus, homens de alta estatura, se passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti, passarão em grilhões, e a ti se prostrarão; far-te-ão as suas súplicas diante de ti, dizendo: Deveras Deus está em ti, e nenhum outro deus há.

15 Verdadeiramente tu és o Deus que se encobre, o Deus de Israel, o Salvador.

16 Envergonhar-se-ão, e também se humilharão todos; cairão juntamente na ignomínia os que fabricam imagens.

17 Porém Israel é salvo pelo Senhor, por uma eterna salvação; pelo que não sereis envergonhados nem humilhados em todas as eternidades.

18 Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não outro.

19 Não falei em oculto, nem em lugar algum escuro da terra; não disse à semente de Jacó: Buscai-me em vão; eu sou o Senhor, que fala a justiça, e anuncio coisas retas.

20

Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que trazem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.

21 Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez ouvir isso desde a antiguidade? quem desde então o anunciou? porventura não sou eu, o Senhor? E não outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não fora de mim.

22 Voltai-vos para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra, porque eu sou Deus, e não outro.

23 Por mim mesmo jurei, e já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás: que diante de mim se dobrará todo joelho, e por mim jurará toda língua.

24 De mim se dirá: Deveras no Senhor justiça e força; até ele chegarão, mas serão envergonhados todos os que se indignarem contra ele.

25 Porém no Senhor será justificada, e se gloriará toda a semente de Israel.

Capítulo 46

Os ídolos não se comparam ao Senhor — Somente Ele é Deus e salvará Israel.

1

Já Bel abatido está, Nebo se encurvou, os seus ídolos são postos sobre os animais e sobre os animais de carga; as cargas dos vossos fardos são canseira para os animais já cansados.

2 Eles juntamente se encurvaram e se abateram; não puderam escapar da carga, mas a sua alma entrou em cativeiro.

3 Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o remanescente da casa de Israel; vós a quem carrego desde o ventre, e levo nos braços desde a madre.

4 E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos carregarei; eu o fiz, e eu vos levarei, e eu vos carregarei, e vos livrarei.

5 A quem me fareis semelhante, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que sejamos semelhantes?

6 Gastam o ouro da bolsa, e pesam a prata com as balanças; contratam o ourives, e ele daquilo faz um deus, e diante dele se prostram e adoram.

7 Sobre os ombros o tomam, o levam, e o põem no seu lugar; ali está em pé, do seu lugar não se move; e se alguém clama a ele, resposta nenhuma dá, nem o livra da sua tribulação.

8 Lembrai-vos disso, e tende ânimo; reconduzi-o ao coração, ó transgressores.

9 Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade, que eu sou Deus, e não outro Deus, não outro semelhante a mim;

10

Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade;

11 Que chamo a ave de rapina desde o oriente, e o homem do meu conselho, desde terras remotas; porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei.

12 Ouvi-me, ó duros de coração, os que estais longe da justiça.

13 Faço chegar a minha justiça, e não estará ao longe, e a minha salvação não tardará, mas estabelecerei em Sião a salvação, e em Israel, a minha glória.

Capítulo 47

Babilônia e Caldeia serão destruídas por suas iniquidades — Ninguém as salvará.

1

Desce, e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão; não trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás chamada a tenra nem a delicada.

2 Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu, descalça os pés, descobre as pernas e passa os rios.

3 A tua nudez se descobrirá, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e eu não pouparei homem algum.

4 O nome do nosso Redentor é o Senhor dos Exércitos, o Santo de Israel.

5 Assenta-te calada, e entra nas trevas, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás chamada senhora de reinos.

6 Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança, e os entreguei na tua mão, porém não usaste com eles de misericórdia, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo.

7 E dizias: Eu serei senhora para sempre; até agora não tomaste essas coisas em teu coração, nem te lembraste do fim delas.

8 Agora, pois, ouve isto, tu que és dada a prazeres, que habitas tão segura, que dizes no teu coração: Eu o sou, e além de mim não outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos.

9 Porém ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia: perda de filhos e viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti, por causa da multidão das tuas feitiçarias, por causa da abundância dos teus muitos encantamentos.

10

Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguém me pode ver; a tua sabedoria e o teu conhecimento, isso te fez desviar, e disseste no teu coração: Eu o sou, e além de mim não há outra.

11 Pelo que sobre ti virá mal de que não saberás a origem, e tal destruição cairá sobre ti, que não poderás evitar; porque virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação, que não poderias imaginar.

12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias, em que trabalhaste desde a tua mocidade, para ver se podes tirar proveito, ou se porventura podes prevalecer.

13 Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se, pois, agora os agoureiros dos céus, os que contemplavam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir sobre ti.

14 Eis que serão como a pragana, o fogo os queimará; não poderão livrar a sua vida do poder da labareda; não haverá brasas, para se aquentar com elas, nem fogo para se assentar junto a ele.

15 Assim te serão aqueles com quem trabalhaste, os teus negociantes desde a tua mocidade, cada qual irá vagueando pelo seu caminho; ninguém te salvará.

Capítulo 48

O Senhor revela Seus propósitos a Israel — Israel foi escolhida na fornalha da aflição e há de sair da Babilônia — Comparar com 1 Néfi 20.

1

Ouvi isto, casa de Jacó, que sois chamados pelo nome de Israel, e saístes das águas de Judá, que jurais pelo nome do Senhor, e fazeis menção do Deus de Israel, porém não em verdade nem em justiça.

2 E até da santa cidade tomam o nome, e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos Exércitos é o seu nome.

3 As coisas passadas já desde a antiguidade anunciei, e procederam da minha boca, e eu as fiz ouvir; apressuradamente as fiz, e aconteceram.

4 Porque eu sabia que tu eras duro, e a tua cerviz, um nervo de ferro, e a tua testa, de bronze.

5 Por isso to anunciei desde a antiguidade, e to fiz ouvir antes que acontecesse, para que porventura não dissesses: O meu ídolo fez estas coisas, ou a minha imagem de escultura, ou a minha imagem de fundição as ordenou.

6 o ouviste; olha bem para tudo isto; porventura assim vós não o anunciareis? Desde agora te faço ouvir coisas novas e ocultas, e que nunca conheceste.

7 Agora foram criadas, e não desde a antiguidade, e antes deste dia não as ouviste, para que porventura não digas: Eis que eu já as sabia.

8 Nem tu as ouviste, nem tu as conheceste, nem tampouco desde a atiguidade foi aberto o teu ouvido, porque eu sabia que agirias muito perfidamente, e que foste chamado transgressor desde o ventre.

9 Por causa do meu nome retardarei a minha ira, e por causa do meu louvor me refrearei para contigo, para que não te venha a exterminar.

10

Eis que te purifiquei, porém não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.

11 Por causa de mim, por causa de mim o farei, porque como seria profanado o meu nome? E a minha honra não a darei a outrem.

12 Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, eu sou o primeiro, eu sou também o último.

13 Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra mediu os céus a palmos; eu os chamarei, e aparecerão juntos.

14 Juntai-vos todos vós, e ouvi: Quem há, dentre eles, que anunciasse essas coisas? O Senhor o amou, e ele executará a sua vontade contra Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus.

15 Eu, eu o disse; também já o chamei, e o farei vir, e farei próspero o seu caminho.

16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em oculto desde o princípio, mas desde o tempo em que aquilo se fez eu estava ali, e agora o Senhor Deus me enviou, e o seu Espírito.

17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar.

18 Ah, se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então seria a tua paz como o rio, e a tua justiça, como as ondas do mar.

19 Também a tua semente seria como a areia, e os que procedem das tuas entranhas, como os grãos dela, cujo nome nunca seria cortado nem destruído da minha face.

20

Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo; fazei ouvir isso, e levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu seu servo Jacó.

21 E não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendendo ele as rochas, as águas manavam delas.

22 Porém os ímpios não têm paz, disse o Senhor.

Capítulo 49

O Messias será uma luz para os gentios e libertará os cativos — Israel será reunida com poder nos últimos dias — Reis serão os aios de Israel — Comparar com 1 Néfi 21.

1

Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome.

2 E fez a minha boca como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu, e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava.

3 E me disse: Tu és meu servo, Israel, aquele por quem hei de ser glorificado.

4 Porém eu disse: Em vão tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão, perante o meu Deus.

5 E agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo, que lhe tornasse a trazer Jacó a ele; porém Israel não se deixou juntar; contudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu Deus será a minha força.

6 Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra.

7 Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel, o seu Santo, à alma desprezada, ao que a nação abomina, ao servo dos que dominam: Os reis o verão, e se levantarão, também os príncipes, e diante de ti se inclinarão, por causa do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu.

8 Assim diz o Senhor: No tempo favorável te ouvi e no dia da salvação te ajudei, e te guardarei, e te darei por convênio do povo, para restaurares a terra, para fazer possuir as herdades assoladas,

9 Para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei. Pastarão nos caminhos, e em todos os lugares altos haverá o seu pasto.

10

Nunca terão fome nem sede, nem o calor nem o sol os afligirá, porque o que se compadece deles os guiará, e os levará mansamente aos mananciais das águas.

11 E tornarei todos os meus montes em caminho, e as minhas veredas serão levantadas.

12 Eis que estes virão de longe, e eis que aqueles, do norte, e do ocidente, e aqueles outros, da terra de Sinim.

13 Exultai, ó céus, e alegra-te tu, terra, e vós, montes, prorrompei em cânticos, porque o Senhor consolou o seu povo, e se compadecerá dos seus aflitos.

14 Porém Sião diz: O Senhor me desamparou, e o meu Senhor se esqueceu de mim.

15 Porventura pode uma mulher esquecer-se de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti.

16 Eis que em ambas as palmas das minhas mãos te tenho gravado; os teus muros estão continuamente perante mim.

17 Os teus filhos apressuradamente virão, porém os teus destruidores e os teus assoladores sairão para fora de ti.

18 Levanta os teus olhos ao redor, e olha; todos estes que se juntam vêm a ti; vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, como de um ornamento, e te cingirás deles como noiva.

19 Porque nos teus desertos, e nos teus lugares solitários, e na tua terra destruída, agora te verás apertada de moradores, e os que te devoravam se apartarão para longe de ti.

20

E ainda até os filhos que te foram tirados dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim este lugar; dá-me espaço, para que possa habitar nele.

21 E dirás no teu coração: Quem me gerou estes? Pois eu estava desfilhada e solitária; entrara em cativeiro, e me retirara; quem, pois, me criou estes? Eis que eu fui deixada sozinha. E estes onde estavam?

22 Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a minha mão para as nações, e aos povos levantarei a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros.

23 E os reis serão os teus aios, e as suas princesas, as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra, e lamberão o pó dos teus pés, e saberás que eu sou o Senhor, que os que esperam em mim não serão envergonhados.

24 Porventura se tiraria a presa ao valente, ou os presos de um tirano escapariam?

25 Porém assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao valente, e a presa do tirano escapará; porque eu contenderei com os teus contendedores, e os teus filhos eu remirei.

26 E sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor, o Forte de Jacó.

Capítulo 50

Isaías fala como se fosse o Messias — O Messias terá uma língua erudita — Ele oferecerá as costas aos que O ferem — Ele não será confundido — Comparar com 2 Néfi 7.

1

Assim diz o Senhor: Onde está esse libelo de divórcio de vossa mãe, pelo qual eu a repudiei? Ou quem é o meu credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por vossas maldades fostes vendidos, e por vossas transgressões vossa mãe foi repudiada.

2 Por que razão vim eu, e ninguém apareceu? chamei, e ninguém respondeu? porventura tanto se encolheu a minha mão, que não possa remir? ou não há mais força em mim para livrar? Eis que com a minha repreensão faço secar o mar, torno os rios em deserto, até que cheirem mal os seus peixes, porquanto não têm água e morrem de sede.

3 Eu visto os céus de negridão, e pôr-lhes-ei um pano de saco para a sua cobertura.

4 O Senhor Deus deu-me uma língua erudita, para que saiba falar a seu tempo uma boa palavra ao cansado; desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem.

5 O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde; não me retirei para trás.

6 As minhas costas dou aos que me ferem, e a minha face aos que me arrancam os cabelos; não escondo a minha face de opróbrios e de escarros.

7 Porque o Senhor Deus me ajuda, pelo que não serei humilhado, por isso pus o meu rosto como um seixo, porque sei que não serei envergonhado.

8 Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? Compareçamos juntamente; quem tem alguma causa contra mim? Chegue-se a mim.

9 Eis que o Senhor Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles como roupas envelhecerão, e a traça os comerá.

10

Quem entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se em seu Deus.

11 Eis que todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, e entre as faíscas que acendestes. Isso vos vem da minha mão, e em tormentos jazereis.

Capítulo 51

Nos últimos dias, o Senhor consolará Sião e reunirá Israel — Os resgatados irão a Sião em meio a grande alegria — Comparar com 2 Néfi 8.

1

Ouvi-me vós, os que seguis a justiça, os que buscais ao Senhor; olhai para a rocha de onde fostes cortados, e para a caverna do poço de onde fostes cavados.

2 Olhai para Abraão, vosso Pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, o chamei, e o abençoei e multipliquei.

3 Porque o Senhor consolará Sião; consolará todos os seus lugares desertos, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ação de graças, e voz de melodia.

4 Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim, porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para luz dos povos.

5 Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão.

6 Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra embaixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra envelhecerá como uma veste, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será abolida.

7 Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.

8 Porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã, mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação, de geração em geração.

9 Desperta-te, desperta-te, veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta-te como nos dias passados, como nas gerações antigas; porventura não és tu aquele que cortou em pedaços Raabe, o que feriu o dragão?

10

Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? o que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos?

11 Assim, retornarão os resgatados do Senhor, e virão a Sião com júbilo, e perpétua alegria haverá sobre a sua cabeça; regozijo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.

12 Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que temas o homem, que é mortal? ou o filho do homem, que se tornará em feno?

13 E te esqueces do Senhor que te fez, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do angustiador, quando se prepara para destruir; pois onde está o furor do que te atribulava?

14 O exilado cativo depressa será solto, e não morrerá na caverna, e o seu pão não lhe faltará.

15 Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.

16 E ponho as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão, para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.

17 Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do Senhor o cálice do seu furor; bebeste e sorveste os sedimentos do cálice do atordoamento.

18 De todos os filhos que deu à luz nenhum que a guie mansamente, e de todos os filhos que criou, nenhum que a tome pela mão.

19 Essas duas coisas te aconteceram; quem tem compaixão de ti? A assolação, e a destruição, e a fome, e a espada! Por quem te consolarei?

20

Os teus filhos desmaiaram, jazem nas entradas de todos os caminhos, como o boi montês na rede; cheios estão do furor do Senhor e da repreensão do teu Deus.

21 Pelo que agora ouve isto, ó oprimida, e embriagada, mas não de vinho.

22 Assim diz o teu Senhor, o Senhor, e teu Deus, que pleiteará a causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o cálice do atordoamento, os sedimentos do cálice do meu furor; nunca mais o beberás;

23 Porém pô-lo-ei nas mãos dos que te entristeceram, que dizem à tua alma: Abaixa-te, e passaremos sobre ti; e tu puseste as tuas costas como chão, e como caminho, aos viandantes.

Capítulo 52

Nos últimos dias, Sião retornará, e Israel será redimida — O Messias procederá com prudência e será exaltado.

1

Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas vestes formosas, ó Jerusalém, cidade santa, porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.

2 Sacode-te do pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.

3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados.

4 Porque assim diz o Senhor Deus: O meu povo em tempos passados desceu ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu.

5 E agora, que tenho eu que fazer aqui? diz o Senhor; pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão, e os que dominam sobre ele o fazem uivar, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente todo o dia.

6 Portanto, o meu povo saberá o meu nome, por esta causa, naquele dia; porque eu mesmo sou o que digo: Eis-me aqui.

7 Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!

8 Uma voz dos teus atalaias se ouve, alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão, quando o Senhor tornar a trazer Sião.

9 Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém, porque o Senhor consolou o seu povo, remiu Jerusalém.

10

O Senhor desnudou o seu santo braço perante os olhos de todas as nações, e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.

11 Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.

12 Porque não saireis apressadamente, nem vos ireis fugindo, porque o Senhor irá adiante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.

13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e muito sublime.

14 Como pasmaram muitos à vista de ti, pois o seu aspecto estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens,

15 Assim, borrifará muitas nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão.

Capítulo 53

Isaías fala acerca do Messias — Descrevem-se a humilhação e os sofrimentos do Messias — Ele põe Sua alma como oferta pelo pecado e intercede pelos transgressores — Comparar com Mosias 14.

1

Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?

2 Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha forma nem formosura; e olhando nós para ele, nada víamos em sua aparência, para que o desejássemos.

3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado em padecimentos; e como um de quem os homens escondiam o rosto era desprezado, e não fizemos caso algum dele.

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

5 Porém ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

6 Todos nós como ovelhas andávamos desgarrados; cada um se desviava pelo seu caminho, porém o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.

7 Ele foi oprimido, e ele foi afligido, porém não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim não abriu a sua boca.

8 Da opressão e do julgamento foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porque foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi ferido.

9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico estava na sua morte; ainda que nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca.

10

Porém ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por oferta pelo pecado, verá a sua semente e prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.

11 O fruto do penoso trabalho da sua alma ele verá, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.

12 Pelo que lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porque derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; e levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.

Capítulo 54

Nos últimos dias, Sião e suas estacas serão estabelecidas, e Israel será recolhida com misericórdia e compaixão — Israel triunfará — Comparar com 3 Néfi 22.

1

Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exclama de prazer com alegre canto, e exulta, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da solitária, do que os filhos da casada, diz o Senhor.

2 Alarga o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças; alonga as tuas cordas, e afixa bem as tuas estacas;

3 Porque brotarás à mão direita e à esquerda; e a tua semente possuirá as nações e fará habitar as cidades assoladas.

4 Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque não serás humilhada; antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opróbrio da tua viuvez.

5 Porque o teu Criador é o teu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; será chamado o Deus de toda a terra.

6 Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada, e triste de espírito, contudo tu és a mulher da mocidade, ainda que foste desprezada, diz o teu Deus.

7 Por um pequeno momento te deixei, porém com grandes misericórdias te recolherei;

8 Num ímpeto de ira escondi a minha face de ti por um momento, porém com benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.

9 Porque isto será para mim como as águas de Noé, quando jurei que as águas de Noé não passariam mais sobre a terra; assim, jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei.

10

Porque os montes se moverão, e os outeiros tremerão, porém a minha benignidade não se desviará de ti, e o convênio da minha paz não mudará, diz o Senhor, que se compadece de ti.

11 Tu, oprimida, arrojada com a tormenta e desconsolada, eis que eu assentarei as tuas pedras com todo ornamento, e te fundarei sobre as safiras.

12 E as tuas janelas farei cristalinas, e as tuas portas, de rubis, e todos os teus termos, de pedras aprazíveis.

13 E todos os teus filhos serão ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será abundante.

14 Com justiça serás estabelecida; estarás longe da opressão, porque não temerás, como também do terror, porque não chegará a ti.

15 Eis que certamente se juntarão contra ti, porém não de minha parte; quem se juntar contra ti cairá por causa de ti.

16 Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo, e que produz a ferramenta para a sua obra; também eu criei o assolador, para destruir.

17 Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; essa é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça vem de mim, diz o Senhor.

Capítulo 55

Vinde e bebei; a salvação é gratuita — O Senhor fará um convênio eterno com Israel — Buscai ao Senhor enquanto Ele está perto.

1

Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.

2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura.

3 Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um convênio eterno, dando-vos as firmes benevolências de Davi.

4 Eis que eu o dei por testemunha aos povos, por príncipe e governador dos povos.

5 Eis que chamarás uma nação que nunca conheceste, e uma nação que nunca te conheceu correrá para ti, por causa do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel, porque ele te glorificou.

6 Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.

7 O ímpio deixe o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; como também ao nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.

8 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.

9 Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.

10

Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não retornam, porém regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,

11 Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não retornará a mim vazia; antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para o que a enviei.

12 Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos perante a vossa face, e todas as árvores do campo baterão palmas.

13 Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; isso será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.

Capítulo 56

Todos os que guardam os mandamentos serão exaltados — Outros povos se unirão a Israel — O Senhor reunirá outros na casa de Israel.

1

Assim diz o Senhor: Guardai o juízo, e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, a se manifestar.

2 Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se guarda de profanar o sábado, e guarda a sua mão de perpetrar algum mal.

3 E não fale o filho do estrangeiro, que se houver chegado ao Senhor, dizendo: De todo me apartou o Senhor do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca.

4 Porque assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem aquilo em que eu me agrado, e abraçam o meu convênio:

5 Também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.

6 E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu convênio,

7 Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada a casa de oração para todos os povos.

8 Assim diz o Senhor Deus, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda outros lhe ajuntarei com os que já se lhe ajuntaram.

9 Vós, todos os animais do campo, todos os animais dos bosques, vinde comer.

10

Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; andam adormecidos, estão deitados, e amam o tosquenejar.

11 E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se voltam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.

12 Vinde, dizem, trarei vinho, e beberemos bebida forte; e o dia de amanhã será como este, e muito mais abundante.

Capítulo 57

Quando os justos morrem, eles entram na paz — Promete-se misericórdia ao penitente — Não há paz para os ímpios.

1

Perece o justo, e não quem considere isso em seu coração, e os homens compassivos são recolhidos, sem que alguém considere que o justo é recolhido antes do mal.

2 Entrará na paz; descansarão nas suas camas os que houverem andado na sua retidão.

3 Porém chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, semente de adultério, e de prostituição.

4 De quem fazeis o vosso passatempo? Contra quem alargais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não sois filhos da transgressão, semente da falsidade,

5 Que vos inflamais com os deuses debaixo de toda árvore verde, e sacrificais os filhos nos ribeiros, debaixo dos cantos dos penhascos?

6 Nas pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas são a tua sorte; a estas também derramas a tua libação, e lhes ofereces ofertas. Contentar-me-ia eu com essas coisas?

7 Sobre os montes altos e elevados pões a tua cama, e lá sobes para oferecer sacrifícios.

8 E detrás das portas e dos umbrais puseste o teu memorial; porque, desviando-te de mim, a outros te descobriste, e subiste, alargaste a tua cama, e fizeste convênio com alguns deles; amaste a sua cama, onde quer que a viste.

9 E vais ao rei com óleo, e multiplicas os teus perfumes; e envias os teus embaixadores para longe, e te abates até o inferno.

10

Na tua comprida viagem te cansaste; porém não dizes: É coisa desesperada; achaste novo vigor na tua mão, por isso não adoeces.

11 Mas de que tiveste receio, ou a quem temeste, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem no teu coração me pusesses? Não é porventura porque eu me calo, e isso já desde muito tempo, e não me temes?

12 Eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão.

13 Quando vieres a clamar, livre-te a tua coleção de ídolos; porém o vento a todos levará, e a vaidade os arrebatará; mas o que confia em mim possuirá a terra, e herdará o meu santo monte.

14 E ele dirá: Aplainai, aplainai a estrada, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.

15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Na altura e no lugar santo habito, como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

16 Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei, porque o espírito perante a minha face desfaleceria, bem como as almas que eu fiz.

17 Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e os feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebeldes, seguiram o caminho do seu coração.

18 Eu vejo os seus caminhos, e os sararei, e os guiarei, e lhes tornarei a dar consolações, a saber, aos seus pranteadores.

19 Eu crio os frutos dos lábios; paz, paz, para os que estão longe, e para os que estão perto, diz o Senhor; e eu os sararei.

20

Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo.

21 Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz.

Capítulo 58

Estabelece-se a verdadeira lei do jejum, com seus propósitos e as bênçãos que a acompanham — Dá-se o mandamento de guardar o Sábado.

1

Clama em alta voz, não te retenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó, os seus pecados.

2 Ainda assim me buscam cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que pratica a justiça, e não deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus,

3 Dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso contentamento, e estritamente requereis todo o vosso trabalho.

4 Eis que para contendas e debates jejuais, e para dardes punhadas impiamente; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto.

5 Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem por um dia aflija a sua alma? que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor?

6 Porventura não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as cordas do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e despedaces todo o jugo?

7 Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados, e vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?

8 Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.

9 Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui; se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar vaidade,

10

E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.

11 E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial de águas, cujas águas nunca faltam.

12 E os que de ti procederem edificarão os lugares antigamente assolados; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar.

13 Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras,

14 Então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o falou.

Capítulo 59

O povo de Israel é separado de seu Deus por suas iniquidades — Seus pecados testificam contra eles — O Messias intercederá, virá a Sião e redimirá os que se arrependerem.

1

Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, surdo, para não poder ouvir.

2 Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não ouça.

3 Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniquidade; os vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia perversidade.

4 Ninguém que clame pela justiça, nem ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam na vaidade, e andam falando mentiras; concebem o mal, e dão à luz a iniquidade.

5 Ovos de basilisco chocam, e tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles morrerá; e apertando-os, sai deles uma víbora.

6 As suas teias não prestam para roupas, nem se poderão cobrir com as suas obras; as suas obras são obras de iniquidade, e atos de violência nas suas mãos.

7 Os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramar sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniquidade; destruição e desolação nas suas estradas.

8 O caminho da paz não conhecem, nem juízo nos seus passos; fazem para si veredas tortuosas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz.

9 Pelo que o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que trevas nos vêm; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.

10

Apalpamos as paredes como cegos, e como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros, como mortos.

11 Todos nós bramamos como ursos, e continuamente gememos como pombas; esperamos pelo juízo, e não há; pela salvação, e está longe de nós.

12 Porque as nossas transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos pecados testificam contra nós; porque as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as nossas iniquidades,

13 Como transgredir, e mentir contra o Senhor, e deixar de seguir o nosso Deus, falar de opressão e rebelião, conceber e inventar palavras de falsidade do coração.

14 Pelo que o juízo retrocedeu, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.

15 Sim, a verdade desfalece, e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; e o Senhor o viu, e pareceu mau aos seus olhos, por não haver juízo.

16 E vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse algum intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve;

17 Porque se vestiu de justiça, como de uma couraça, e pôs o elmo da salvação na sua cabeça, e por vestidura pôs sobre si vestes de vingança, e cobriu-se de zelo, como de um manto.

18 Conforme as obras deles, assim dará a recompensa, furor aos seus adversários, e recompensa aos seus inimigos; às ilhas dará a retribuição.

19 Então temerão o nome do Senhor desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor levantará a bandeira contra ele.

20

E um Redentor virá a Sião e aos que se convertem da transgressão em Jacó, diz o Senhor.

21 Quanto a mim, este é o meu convênio com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus em tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua semente, nem da boca da semente da tua semente, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre.

Capítulo 60

Nos últimos dias, Israel se levantará novamente como nação poderosa — Os povos gentios se unirão a Israel e o servirão — Sião será estabelecida — Por fim, Israel habitará em esplendor celestial.

1

Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti.

2 Porque eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão, os povos; porém sobre ti o Senhor virá nascendo, e a sua glória se verá sobre ti.

3 E as nações caminharão à tua luz, e os reis, ao resplendor da tua aurora.

4 Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntaram, e vêm a ti; teus filhos virão de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado.

5 Então verás, e ficarás radiante, e o teu coração se espantará e alargará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações virão a ti.

6 A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos virão de Sabá; ouro e incenso trarão, e publicarão os louvores do Senhor.

7 Todas as ovelhas de Quedar se congregarão a ti, os carneiros de Nebaiote te servirão; com agrado subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da minha glória.

8 Quem são estes que vêm voando como nuvens, e como pombas, às suas janelas?

9 Certamente as ilhas me aguardarão, e primeiro os navios de Társis, para trazer teus filhos de longe, a sua prata e o seu ouro com eles, para o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto te glorificou.

10

E os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te feri, porém na minha benignidade tive misericórdia de ti.

11 E as tuas portas estarão abertas continuamente, nem de dia nem de noite se fecharão, para que tragam a ti as riquezas das nações, e conduzidos com elas, os seus reis.

12 Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão, e as tais nações de todo serão assoladas.

13 A glória do Líbano virá a ti; a faia, o pinheiro, e o buxo juntamente, para ornarem o lugar do meu santuário, e glorificarei o lugar dos meus pés.

14 Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão às plantas dos teus pés todos os que te desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do Senhor, a Sião do Santo de Israel.

15 Em lugar de seres abandonada, e odiada, de modo que ninguém passava por ti, far-te-ei uma excelência perpétua, um regozijo de geração em geração.

16 E mamarás o leite das nações, e alimentar-te-ás ao peitos dos reis; e saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.

17 Por cobre trarei ouro, e por ferro trarei prata, e por madeira, bronze, e por pedras, ferro; e farei pacíficos os teus inspetores, e justos, os teus exatores.

18 Nunca mais se ouvirá violência na tua terra, desolação nem destruição, nos teus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor.

19 Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará, mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória.

20

Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará, porque o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto se virão a acabar.

21 E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.

22 O menor virá a ser mil, e o mínimo um povo grandíssimo; eu, o Senhor, ao seu tempo o farei prontamente.

Capítulo 61

Isaías fala acerca do Messias — O Messias terá o Espírito, pregará o evangelho e proclamará liberdade — Nos últimos dias, o Senhor chamará Seus ministros e fará um convênio eterno com o povo.

1

O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a apregoar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;

2 A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus, a consolar todos os tristes;

3 A ordenar aos tristes de Sião que se lhes dê grinalda por cinza, óleo de alegria por tristeza, veste de louvor por espírito angustiado; para que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor, para que ele seja glorificado.

4 E edificarão os lugares antigamente assolados, e restaurarão os anteriormente destruídos, e renovarão as cidades assoladas, destruídas de geração em geração.

5 E haverá estrangeiros, e apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos serão os vossos lavradores e os vossos vinheiros.

6 Porém vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis as riquezas das nações, e na sua glória vos gloriareis.

7 Em lugar de vossa vergonha, tereis o dobro, e da afronta, exultarão sobre a sua parte; pelo que na sua terra possuirão o dobro, e terão perpétua alegria.

8 Porque eu, o Senhor, amo o juízo, odeio a rapina no holocausto; e farei que a sua obra seja em verdade; e farei um convênio eterno com eles.

9 E a sua semente será conhecida entre as nações, e os seus descendentes, no meio dos povos; todos quantos os virem os conhecerão, que são a semente bendita do Senhor.

10

Regozijo-me muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, me cobriu com o manto de justiça, como quando o noivo se adorna com barrete sacerdotal, e como a noiva se enfeita com as suas joias.

11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que nele se semeia, assim, o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações.

Capítulo 62

Nos últimos dias, Israel será coligada — Sião será estabelecida — Seus atalaias ensinarão a respeito do Senhor — O estandarte do evangelho será erguido — O povo será chamado santo, os redimidos do Senhor.

1

Por causa de Sião não me calarei, e por causa de Jerusalém não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação, como uma tocha acesa.

2 E as nações verão a tua justiça, e todos os reis, a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor nomeará.

3 E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real, na mão do teu Deus.

4 Nunca mais te chamarão: Desamparada; nem a tua terra nunca mais nomearão: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela; e a tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.

5 Porque, como o jovem se casa com a virgem, assim teus filhos se casarão contigo; e como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.

6 Ó Jerusalém, sobre os teus muros pus guardas, que todo o dia e toda a noite de contínuo não se calarão; ó vós, os que fazeis menção do Senhor, não haja silêncio em vós,

7 Nem deis a ele descanso, até que estabeleça e até que ponha Jerusalém por louvor na terra.

8 Jurou o Senhor pela sua mão direita, e pelo braço da sua força: Nunca mais darei o teu trigo por comida aos teus inimigos, nem os estranhos beberão o teu mosto, em que trabalhaste.

9 Porém os que o juntarem o comerão, e louvarão ao Senhor; e os que o colherem beberão nos átrios do meu santuário.

10

Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplainai, aplainai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos.

11 Eis que o Senhor fez ouvir até as extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que a tua salvação vem; eis que vem com ele o seu galardão, e a sua obra, diante dele.

12 E chamá-los-ão: Povo santo, remidos do Senhor; e tu serás chamada: Buscada, a cidade não desamparada.

Capítulo 63

A Segunda Vinda será um dia de vingança e também o ano dos redimidos do Senhor — Então, os santos louvarão ao Senhor e O reconhecerão como seu pai.

1

Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes tingidas? este glorioso com a sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar.

2 Por que estás vermelho na tua vestidura, e as tuas vestes como aquele que pisa no lagar?

3 Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém se achava comigo; e os pisei na minha ira, e os atropelei no meu furor; e o seu sangue foi aspergido sobre as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura.

4 Porque o dia da vingança estava no meu coração; e o ano dos meus remidos é chegado.

5 E olhei, e não havia quem me ajudasse; e espantei-me de que não houvesse quem me sustivesse, pelo que o meu braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve.

6 E atropelei os povos na minha ira, e os embebedei no meu furor, e a sua força derrubei por terra.

7 Das benignidades do Senhor farei menção, e dos muitos louvores do Senhor, conforme tudo quanto o Senhor nos fez; e da grande bondade para com a casa de Israel, que usou com eles segundo as suas misericórdias, e segundo a multidão das suas benignidades.

8 Porque dizia: Contudo meu povo são, filhos que não mentirão; assim, ele se fez seu Salvador.

9 Em toda a angústia deles ele foi angustiado, e o anjo da sua face os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão ele os redimiu; e os tomou, e os levou sobre si todos os dias da antiguidade.

10

Porém eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo; pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles.

11 Todavia se lembrou dos dias da antiguidade, de Moisés, e do seu povo. Porém onde está agora o que os fez subir do mar com os pastores do seu rebanho? onde está o que punha no meio deles o seu Espírito Santo?

12 O que fez o braço da sua glória andar à mão direita de Moisés? o que fendeu as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno?

13 O que os guiou pelos abismos, como o cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram?

14 Como o animal que desce aos vales, o Espírito do Senhor lhes deu descanso; assim guiaste o teu povo, para te fazeres um nome glorioso.

15 Atenta desde os céus, e olha desde a tua santa e gloriosa habitação. Onde estão o teu zelo e as tuas forças? O ruído das tuas entranhas e das tuas misericórdias detêm-se para comigo!

16 Porém tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome.

17 Por que, ó Senhor, nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que não te temamos? Faz voltar, por causa dos teus servos, as tribos da tua herança.

18 por um pouco de tempo a possuiu o teu santo povo; nossos adversários pisaram o teu santuário.

19 Somos feitos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome.

Capítulo 64

O povo do Senhor ora pela Segunda Vinda e pela salvação que terá então.

1

Oh! se fendesses os céus, e descesses, se os montes se escoassem de diante da tua face,

2 Como o fogo inflama os gravetos, e o fogo faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, e assim as nações tremessem diante da tua presença!

3 Como quando fazias coisas terríveis, que nunca esperávamos, quando descias, e os montes se escoavam de diante da tua face.

4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem olho viu um Deus, além de ti, que opera em favor daquele que nele espera.

5 Saíste ao encontro daquele que se alegrava e praticava justiça e dos que se lembram de ti nos teus caminhos; eis que te enfureceste, porque pecamos; neles há eternidade, para que sejamos salvos.

6 Porém todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundície; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento nos arrebatam.

7 E já ninguém que invoque o teu nome, que se desperte, e se apegue a ti, porque escondeste de nós o teu rosto, e nos consumiste, por causa das nossas iniquidades.

8 Porém agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós, o barro, e tu, o nosso oleiro, e todos nós, a obra das tuas mãos.

9 Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniquidade; olha, pois, peço-te, todos nós somos o teu povo.

10

As tuas santas cidades estão feitas um deserto; Sião está feita um deserto; Jerusalém está assolada.

11 A nossa santa e gloriosa casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e todas as nossas preciosas coisas se tornaram em assolação.

12 Conter-te-ias tu ainda sobre estas coisas, ó Senhor? ficarias calado, e nos oprimirias tanto?

Capítulo 65

A antiga Israel foi rejeitada por rejeitar ao Senhor — O povo do Senhor se regozijará e triunfará no Milênio.

1

Fui buscado pelos que não perguntavam por mim, fui achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se chamava pelo meu nome eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.

2 Estendi as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde, que caminha por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos;

3 Povo que me irrita diante da minha face continuamente, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre tijolos;

4 Assentando-se junto às sepulturas, e passando as noites junto aos lugares secretos, comendo carne de porco, e tendo caldo de coisas abomináveis nos seus vasos.

5 E dizem: Fica-te lá, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são uma fumaça no meu nariz, um fogo que arde todo o dia.

6 Eis que está escrito diante de mim: Não me calarei; porém eu pagarei, e pagarei no seu seio,

7 As vossas iniquidades, e juntamente as iniquidades de vossos pais, diz o Senhor, que queimaram incenso nos montes, e me afrontaram nos outeiros; pelo que lhes tornarei a medir o galardão das suas obras antigas no seu seio.

8 Assim diz o Senhor: Como quando se acha mosto num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois bênção nele; assim eu o farei por causa de meus servos, de modo que não os destrua a todos.

9 E produzirei semente de Jacó, e de Judá, um herdeiro, que possua os meus montes; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão ali.

10

E Sarom servirá de curral de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso de gados, para o meu povo, que me buscou.

11 Mas a vós, os que vos apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que pondes a mesa para Gade, e os que misturais a bebida para Meni,

12 Também eu vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não ouvistes, mas fizestes o mal aos meus olhos, e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer.

13 Pelo que assim diz o Senhor Deus: Eis que os meus servos comerão, porém vós padecereis fome; eis que os meus servos beberão, porém vós tereis sede; eis que os meus servos se alegrarão, porém vós vos envergonhareis;

14 Eis que os meus servos exultarão pela alegria de coração, porém vós gritareis pela tristeza de coração; e uivareis pelo quebrantamento de espírito.

15 E deixareis o vosso nome aos meus eleitos por maldição; e o Senhor Deus vos matará; e a seus servos chamará por outro nome.

16 Assim que aquele que se bendisser na terra, se bendirá no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e porque estão encobertas de diante dos meus olhos.

17 Porque, eis que eu crio céus novos e terra nova; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais subirão ao coração.

18 Porém vos alegrareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém uma alegria, e para o seu povo, um regozijo.

19 E me alegrarei em Jerusalém, e exultarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor.

20

Não haverá mais nela criança de poucos dias nem velho que não cumpra os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos, porém o pecador de cem anos será amaldiçoado.

21 E edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o seu fruto.

22 Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus eleitos desfrutarão das obras das suas mãos até a velhice.

23 Não trabalharão em vão, nem terão filhos para a calamidade, porque são a semente dos benditos do Senhor, e os seus descendentes com eles.

24 E acontecerá que antes que clamem eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei.

25 O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi, e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.

Capítulo 66

Na Segunda Vinda, Israel, como nação, nascerá em um dia; os iníquos serão destruídos; e os gentios ouvirão o evangelho.

1

Assim diz o Senhor: Os céus são o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; qual seria a casa que vós me edificaríeis? e qual seria o lugar do meu descanso?

2 Porque a minha mão fez todas essas coisas, e assim todas essas coisas foram feitas, diz o Senhor; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme diante da minha palavra.

3 Quem mata um boi é como o que fere um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação é como o que oferece sangue de porco; quem oferece incenso memorativo é como o que bendiz um ídolo; também estes escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações;

4 Também eu escolherei seus escárnios, farei vir sobre eles os seus temores; porquanto clamei, e ninguém respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que parece mal aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.

5 Ouvi a palavra do Senhor, vós, os que tremeis diante da sua palavra. Vossos irmãos, que vos odeiam e para longe de si vos lançam por causa do meu nome, dizem: Seja glorificado o Senhor; porém ele aparecerá para a vossa alegria, e eles serão envergonhados.

6 Uma voz de grande rumor virá da cidade, uma voz do templo, a voz do Senhor, que dá o pago aos seus inimigos.

7 Antes que ela estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um menino.

8 Quem jamais ouviu tal coisa? quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num dia? nasceria uma nação de uma vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos.

9 Abriria eu a madre, e não faria nascer? diz o Senhor; eu, que faço nascer, fecharia a madre? diz o teu Deus.

10

Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos com ela, vós todos os que a amais; exultai de alegria com ela, todos os que pranteastes por ela;

11 Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com o resplendor da sua glória.

12 Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações, como um ribeiro que transborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.

13 Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.

14 E o vereis, e alegrar-se-á o vosso coração, e os vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão do Senhor será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos.

15 Porque eis que o Senhor virá com fogo, e os seus carros, como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão, em chamas de fogo.

16 Porque com fogo e com a sua espada o Senhor entrará em juízo com toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados.

17 Os que se santificam, e se purificam nos jardins uns após os outros, no meio deles, os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato, juntamente serão consumidos, diz o Senhor.

18 Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos. Tempo virá em que juntarei todas as nações e línguas; e virão, e verão a minha glória.

19 E porei entre eles um sinal, e os que deles escaparem enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, flecheiros a Tubal e Javã, até às ilhas mais distantes, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha glória; e anunciarão a minha glória entre as nações.

20

E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, como oferta ao Senhor, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor; como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor.

21 E também deles tomarei alguns para sacerdotes e para levitas, diz o Senhor.

22 Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim também hão de estar a vossa semente e o vosso nome.

23 E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne para adorar perante mim, diz o Senhor.

24 E sairão, e verão os corpos mortos dos homens que transgrediram contra mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror para toda a carne.

O Livro do Profeta
Jeremias

Capítulo 1

Jeremias foi preordenado para ser um profeta para as nações — Ele é chamado como mortal para declarar a palavra do Senhor.

1

Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim,

2 Ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado.

3 Assim lhe veio também nos dias de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês.

4 Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Antes que te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei, e às nações te dei por profeta.

6 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque ainda sou um menino.

7 Porém disse-me o Senhor: Não digas que és um menino; porque aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás.

8 Não temas diante deles, porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor.

9 E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.

10

Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares, e para plantares.

11 Veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que vês tu, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira.

12 E disse-me o Senhor: Bem viste, porque velo pela minha palavra para cumpri-la.

13 E veio a mim a palavra do Senhor pela segunda vez, dizendo: Que vês tu? E eu disse: Vejo uma panela fervente, cuja face está para o lado do norte.

14 E disse-me o Senhor: Do norte se derramará o mal sobre todos os habitantes da terra.

15 Porque eis que eu convoco todas as famílias dos reinos do norte, diz o Senhor; e virão, e cada um porá o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus muros em redor, e contra todas as cidades de Judá.

16 E eu pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa de toda a sua maldade, pois me deixaram, e queimaram incenso a deuses estranhos, e se encurvaram diante das obras das suas mãos.

17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não temas diante deles, para que eu não te faça temer diante deles.

18 Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra; contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra.

19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti, porque eu estou contigo, diz o Senhor, para te livrar.

Capítulo 2

O povo de Judá deixou o Senhor, o manancial de águas vivas — Eles adoraram ídolos e rejeitaram os profetas.

1

Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da benevolência da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando andavas após mim no deserto, numa terra não semeada.

3 Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias da sua colheita; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor.

4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel:

5 Assim diz o Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e se tornando levianos?

6 E não disseram: Onde está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito? que nos guiou pelo deserto, por uma terra de ermos, e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra pela qual ninguém passava, e na qual homem nenhum morava?

7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e o seu bem; mas quando entrastes nela contaminastes a minha terra, e da minha herança fizestes uma abominação.

8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheciam, e os pastores transgrediram contra mim, e os profetas profetizavam por Baal, e andavam após o que de nada aproveita.

9 Portanto, ainda contenderei convosco, diz o Senhor, e até com os filhos de vossos filhos contenderei.

10

Porque, passai às ilhas de Quitim, e vede; e enviai alguém a Quedar, e atentai bem, e vede se sucedeu coisa semelhante.

11 Houve alguma nação que tenha trocado os seus deuses, ainda que não sejam deuses? Todavia o meu povo trocou a sua glória pelo que de nada aproveita.

12 Espantai-vos disso, ó céus! E horrorizai-vos; e ficai grandemente desolados, diz o Senhor.

13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas fendidas, que não retêm águas.

14 Acaso é Israel um servo, ou escravo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa?

15 Os filhos de leão bramaram sobre ele, levantaram a sua voz, e puseram a sua terra em assolação; as suas cidades se queimaram, e ninguém habita nelas.

16 Até os filhos de Mênfis e de Tafnes te quebraram o alto da cabeça.

17 Porventura tu não fazes isso a ti mesmo? Pois deixas ao Senhor teu Deus, no tempo em que ele te guia pelo caminho.

18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito, para beberes as águas de Sior? e que te importa a ti o caminho da Assíria, para beberes as águas do rio?

19 A tua maldade te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê quão mau e amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não teres o meu temor contigo, diz o Senhor Deus dos Exércitos.

20

Quando eu há muito quebrava o teu jugo, e rompia as tuas cadeias, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore verde te andas encurvando e te prostituindo.

21 Eu mesmo te plantei por vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada de vide estranha?

22 Pelo que ainda que te laves com salitre, e amontoes sabão, contudo a mancha da tua iniquidade continua diante de mim, diz o Senhor Deus.

23 Como podes dizer: Não estou contaminado nem andei após os baalins? Vê o teu caminho no vale, reconhece o que fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos;

24 Jumenta montês, acostumada ao deserto, que, conforme o desejo da sua alma, sorve o vento, quem a deteria no seu cio? Todos os que a buscarem não se cansarão; no mês dela a acharão.

25 Evita que o teu pé ande descalço, e a tua garganta tenha sede; porém tu dizes: Não há esperança; não, porque amo os estranhos, e após eles andarei.

26 Como fica envergonhado o ladrão quando o apanham, assim se envergonham os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, e os seus sacerdotes, e os seus profetas,

27 Que dizem à madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste; porque me viraram as costas, e não o rosto; porém no tempo da sua angústia dirão: Levanta-te, e livra-nos.

28 Onde, pois, estão os teus deuses, que fizeste para ti? Que se levantem, se te podem livrar no tempo da tua angústia, porque os teus deuses, ó Judá, são tantos em número como as tuas cidades.

29 Por que contendeis comigo? Todos vós transgredistes contra mim, diz o Senhor.

30

Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram o castigo; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão destruidor.

31 Ó geração! Considerai vós a palavra do Senhor: Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra da mais espessa escuridão? Por que, pois, diz o meu povo: Temos determinado nunca mais vir a ti?

32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a noiva, dos seus adornos? Todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias.

33 Por que enfeitas o teu caminho, para buscares o amor? Pois até às malvadas ensinaste os teus caminhos.

34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue da alma dos inocentes e necessitados, não surpreendidos no ato de roubar. Apesar de todas essas coisas,

35 Ainda dizes: Estou inocente; certamente a sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei.

36 Por que te desvias tanto, mudando o teu caminho? Também do Egito serás envergonhada, como foste envergonhada da Assíria.

37 Também daquele sairás com as mãos sobre a tua cabeça, porque o Senhor rejeitou aqueles em quem confias, e não prosperarás com eles.

Capítulo 3

Israel e Judá profanaram e poluíram a terra com sua iniquidade — Nos últimos dias, o Senhor reunirá o povo de Israel, tomando um de uma cidade e dois de uma família, e os levará a Sião.

1

Dizem: Se um homem repudiar sua mulher, e ela o deixar, e se ajuntar a outro homem, porventura voltará outra vez a ela? porventura não se profanaria de todo aquela terra? Ora, pois, tu te prostituíste com tantos amantes; ainda assim, volta para mim, diz o Senhor.

2 Levanta os teus olhos aos altos, e vê; onde não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim profanaste a terra com as tuas prostituições e com a tua maldade.

3 Pelo que foram retiradas as chuvas, chuva tardia não houve; porém tu tens a testa de uma prostituta, e não queres ter vergonha.

4 Acaso agora mesmo não me chamaste, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade?

5 Porventura conservará ele para sempre a ira? Ou a guardará continuamente? Eis que falas, e fazes quantas maldades podes.

6 Disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou prostituindo-se.

7 E eu disse, depois que fez tudo isso: Volta para mim; porém não voltou; e viu isso a sua traiçoeira irmã Judá.

8 E vi, quando por causa de tudo isso em que cometera adultério a rebelde Israel, a repudiei, e lhe dei o seu libelo de divórcio, que a traiçoeira Judá, sua irmã, não temeu; porém foi e também ela mesma se prostituiu.

9 E sucedeu, pela fama da sua prostituição, que contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com a madeira.

10

E, contudo, nem por tudo isso voltou para mim a sua traiçoeira irmã Judá de todo o seu coração, mas falsamente, diz o Senhor.

11 E o Senhor me disse: a rebelde Israel justificou a sua alma mais do que a traiçoeira Judá.

12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para o lado do norte, e dize: Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vós; porque benigno sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira.

13 Mas contudo reconhece a tua iniquidade, porque contra o Senhor teu Deus transgrediste; e espalhaste os teus favores aos estranhos, debaixo de toda árvore verde; e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.

14 Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; pois eu vos desposei comigo; e vos tomarei, um de uma cidade, e dois de uma família; e vos levarei a Sião.

15 E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência.

16 E sucederá que, quando vos multiplicardes e frutificardes na terra naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais dirão: A arca da aliança do Senhor! Nem lhes subirá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão; nem isso se fará mais.

17 Naquele tempo chamarão Jerusalém o trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela, à causa do nome do Senhor em Jerusalém, e nunca mais andarão segundo a obstinação do seu coração maligno.

18 Naqueles dias irá a casa de Judá para a casa de Israel, e virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos pais.

19 Bem dizia eu: Como te porei entre os filhos, e te darei a terra desejável, a excelente herança dos exércitos das nações? Porém eu disse: Tu me chamarás Pai meu, e não deixarás de seguir-me.

20

Deveras, como a mulher se aparta traiçoeiramente do seu companheiro, assim traiçoeiramente tu procedeste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor.

21 Nos lugares altos se ouviu uma voz, pranto e súplicas dos filhos de Israel, porquanto perverteram o seu caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus.

22 Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti, porque tu és o Senhor nosso Deus.

23 Deveras em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no Senhor nosso Deus está a salvação de Israel.

24 Porque a vergonha devorou o trabalho de nossos pais desde a nossa mocidade, as suas ovelhas e as suas vacas, os seus filhos e as suas filhas.

25 Jazemos na nossa vergonha, e estamos cobertos da nossa ignomínia, porque pecamos contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o dia de hoje, e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.

Capítulo 4

Israel e Judá são chamadas ao arrependimento — Jeremias lamenta os sofrimentos de Judá.

1

Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, volta para mim; e se tirares as tuas abominações de diante de mim, não andarás mais vagueando,

2 E jurarás: Vive o Senhor na verdade, no juízo, e na justiça; e nele se bendirão as nações, e nele se gloriarão.

3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusalém: Lavrai para vós o campo de lavoura, e não semeeis entre espinhos.

4 Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai o prepúcio do vosso coração, ó homens de Judá e habitantes de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair como fogo, e arda, e não haja quem a apague, por causa da maldade das vossas obras.

5 Anunciai em Judá, e fazei ouvir em Jerusalém, e dizei, e tocai a trombeta na terra, gritai em alta voz, e dizei: Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortificadas.

6 Arvorai a bandeira para Sião, retirai-vos em tropas, não estejais parados, porque eu trago um mal do norte, e uma grande destruição.

7 um leão subiu da sua ramada, e um destruidor das nações; ele já partiu, e saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma desolação; as tuas cidades serão destruídas, e ninguém habitará nelas.

8 Por isso cingi-vos de panos de saco, lamentai, e uivai, porque o ardor da ira do Senhor não se desviou de nós.

9 E sucederá naquele tempo, diz o Senhor, que desfalecerão o coração do rei e o coração dos príncipes; e os sacerdotes pasmarão, e os profetas se maravilharão.

10

Então disse eu: Ah, Senhor Deus! verdadeiramente enganaste grandemente este povo e Jerusalém, dizendo: Tereis paz; e chegas-lhes a espada até a alma.

11 Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento seco das alturas do deserto veio ao caminho da filha do meu povo, não para padejar, nem para limpar,

12 Mas um vento me virá a mim, que lhes será mais veemente; agora também eu pronunciarei juízos contra eles.

13 Eis que virá subindo como nuvens e os seus carros, como a tormenta; os seus cavalos serão mais ligeiros do que as águias; ai de nós, que somos assolados!

14 Lava o teu coração da maldade, ó Jerusalém, para que sejas salva; até quando permanecerão no meio de ti os pensamentos da tua vaidade?

15 Porque uma voz anuncia desde Dã, e faz ouvir a calamidade desde o monte de Efraim.

16 Disto fazei menção às nações, fazei-o ouvir contra Jerusalém: Vigias vêm de uma terra remota, e levantarão a sua voz contra as cidades de Judá.

17 Como os guardas de um campo, estão contra ela ao redor, porquanto ela se rebelou contra mim, diz o Senhor.

18 O teu caminho e as tuas obras te fizeram essas coisas; esta é a tua maldade, que tão amargosa é que te chega até o coração.

19 Ah, entranhas minhas, entranhas minhas! Estou com dores no meu coração! Agita-se em mim o meu coração, não me posso calar, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra.

20

Destruição sobre destruição se apregoa, porque toda a terra está destruída; de repente foram destruídas as minhas tendas, e as minhas cortinas, num momento.

21 Até quando verei a bandeira, e ouvirei a voz da trombeta?

22 Deveras o meu povo é tolo, não me conhecem; são filhos néscios, e sem entendimento; sábios são para fazer o mal, mas para fazer o bem nada sabem.

23 Vi a terra, e eis que estava assolada e vazia; e os céus, e não tinham a sua luz.

24 Vi os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam.

25 Olhei, e eis que homem nenhum havia; e todas as aves do céu tinham fugido.

26 Olhei, e eis que a terra fértil era um deserto; e todas as suas cidades estavam derrubadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira.

27 Porque assim diz o Senhor: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a consumirei.

28 Por isso lamentará a terra, e os céus acima se enegrecerão, porquanto assim o disse, assim o propus, e não me arrependi nem me desviarei disso.

29 Do clamor dos cavaleiros e dos flecheiros fugiram todas as cidades; entraram pelas matas, e subiram pelos penhascos; todas as cidades ficaram desamparadas, e ninguém habita nelas.

30

Agora, pois, que farás, ó assolada? Ainda que te vistas de carmesim, ainda que te adornes de enfeites de ouro, ainda que te pintes em volta dos teus olhos, em vão te enfeitarias; os amantes te desprezam, e a vida te procurarão tirar.

31 Porquanto ouço uma voz, como de uma que está de parto, uma angústia como da que está com dores de parto do primeiro filho; a voz da filha de Sião, ofegante, que estende as suas mãos, dizendo: Oh! Ai de mim agora, porque a minha alma desfalece por causa dos matadores!

Capítulo 5

Serão derramados julgamentos sobre o povo de Judá por causa de seus pecados — Suas iniquidades fazem com que as bênçãos lhes sejam retidas.

1

Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas suas praças, para ver se achais alguém, ou se há algum que faça juízo ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei.

2 E ainda que digam: Vive o Senhor; contudo falsamente juram.

3 Ah! Senhor, porventura os teus olhos não atentam para a verdade? Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a correção; endureceram a sua face mais do que uma rocha; não quiseram voltar.

4 Eu, porém, disse: Deveras pobres são estes; são insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus.

5 Irei aos grandes, e falarei com eles, porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; porém estes juntamente quebraram o jugo, e romperam as cadeias.

6 Por isso um leão do bosque os feriu, um lobo dos desertos os assolará; um leopardo vigia as suas cidades; qualquer que sair delas será despedaçado; porque as suas transgressões se multiplicaram, multiplicaram-se as suas apostasias.

7 Como, vendo isso, te perdoaria? Teus filhos me deixam e juram pelos que não são deuses; quando os saciei, então adulteraram, e em casa de meretriz se ajuntaram em tropas.

8 Como cavalos bem fartos, levantam-se pela manhã, rinchando cada um à mulher do seu próximo.

9 Não castigaria eu por estas coisas, diz o Senhor, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?

10

Subi aos seus muros, e destruí-os (porém não façais uma destruição final); tirai os seus ramos, porque não são do Senhor.

11 Porque muito traiçoeiramente se houveram contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor.

12 Negam ao Senhor, e dizem: Não é ele; e: Nem nos sobrevirá mal, nem veremos espada nem fome.

13 E até os profetas serão como vento, porque a palavra não está com eles; assim lhes sucederá a eles mesmos.

14 Portanto, assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos: Porquanto falaste tal palavra, eis que converterei as minhas palavras na tua boca em fogo, e este povo, em lenha, e os consumirá.

15 Eis que trarei sobre vós uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor; é uma nação robusta, é uma nação antiquíssima, uma nação cuja língua ignorarás, e não entenderás o que ela falar.

16 A sua aljava é como uma sepultura aberta; todos eles são valentes.

17 E comerão a tua colheita e o teu pão, que haviam de comer teus filhos e tuas filhas; comerão as tuas ovelhas e as tuas vacas; comerão a tua vide e a tua figueira; as tuas cidades fortificadas, em que confiavas, empobrecerão à espada.

18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei de vós uma destruição final.

19 E sucederá que, quando disserdes: Por que nos fez o Senhor nosso Deus todas essas coisas? Então lhes dirás: Como vós me deixastes, e servistes a deuses estranhos na vossa terra, assim servireis a estrangeiros, em terra que não é vossa.

20

Anunciai isto na casa de Jacó, e fazei-o ouvir em Judá, dizendo:

21 Ouvi agora isto, ó povo tolo, e sem coração, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis:

22 Porventura não me temereis? diz o Senhor; não temereis diante de mim, que pus a areia por limite ao mar, por estatuto eterno, o qual não transpassará? Ainda que se levantem as suas ondas, contudo não prevalecerão; ainda que bramem, contudo não a transpassarão.

23 Porém este povo é de coração rebelde e obstinado; se rebelaram e se retiram.

24 E não dizem no seu coração: Temamos agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, a temporã e a tardia, ao seu tempo; e as semanas determinadas da ceifa nos conserva.

25 As vossas iniquidades desviam essas coisas, e os vossos pecados apartam de vós o bem.

26 Porque ímpios se acham entre o meu povo; cada um anda espreitando, como se acaçapam os passarinheiros; armam laços perniciosos, com que prendem os homens.

27 Como a gaiola está cheia de pássaros, assim estão cheias de engano as suas casas; por isso se engrandeceram, e enriqueceram.

28 Engordam, ficam lustrosos, e sobrepujam até os feitos dos malignos; não julgam a causa do órfão, todavia prosperam; nem julgam o direito dos necessitados.

29 Não castigaria eu por essas coisas? diz o Senhor; não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?

30

Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra.

31 Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disso?

Capítulo 6

Jerusalém será destruída por causa de sua iniquidade — Ela será derrotada por uma nação grande e cruel.

1

Fugi em tropas, filhos de Benjamim, do meio de Jerusalém; e tocai a buzina em Tecoa, e levantai o facho sobre Bete-Haquerém, porque do lado do norte aparece um mal e uma grande destruição.

2 A uma mulher formosa e delicada assemelhei a filha de Sião.

3 Mas a ela virão pastores com os seus rebanhos; levantarão contra ela tendas em redor, e cada um apascentará no seu lugar.

4 Preparai a guerra contra ela, levantai-vos, e subamos ao pino do meio-dia. Ai de nós! que já declinou o dia, que se vão estendendo as sombras da tarde.

5 Levantai-vos, e subamos de noite, e destruamos os seus palácios.

6 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Cortai árvores, e levantai rampas contra Jerusalém; esta é a cidade que há de ser castigada, só opressão há no meio dela.

7 Como a fonte produz as suas águas, assim ela produz a sua maldade; violência e estrago se ouvem nela; enfermidade e feridas diante de mim continuamente.

8 Corrige-te, ó Jerusalém, para que a minha alma não se aparte de ti, para que eu não te torne em assolação e terra não habitada.

9 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Diligentemente respigarão os resíduos de Israel como uma vinha; retorna a tua mão, como o vindimador, aos cestos.

10

A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, e não podem escutar; eis que a palavra do Senhor lhes é coisa vergonhosa, e já não gostam dela.

11 Pelo que estou cheio do furor do Senhor, e cansado de o conter; derramá-lo-ei sobre os meninos pelas ruas, e sobre a congregação de todos os jovens; porque até o marido com a mulher serão presos, e o velho, com o que está cheio de dias.

12 E as suas casas passarão a outros, herdades e mulheres juntamente, porque estenderei a minha mão contra os habitantes desta terra, diz o Senhor.

13 Porque desde o menor deles até o maior deles, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até o sacerdote, cada um usa de falsidade.

14 E curam a ferida da filha do meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; e não paz.

15 Porventura envergonham-se de fazerem abominação? Antes de maneira nenhuma são envergonhados, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se; portanto, cairão entre os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o Senhor.

16 Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele, e achareis descanso para a vossa alma; mas dizem: Não andaremos por ele.

17 Também pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai atentos à voz da buzina; mas dizem: Não escutaremos.

18 Portanto, ouvi, vós, nações; e informa-te tu, ó congregação, do que se faz entre eles!

19 Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal sobre este povo, a saber, o fruto dos seus pensamentos, porque não estão atentos às minhas palavras, e rejeitam a minha lei.

20

Para que, pois, me virá o incenso de Sabá e a melhor cana aromática de terras remotas? Vossos holocaustos não me agradam, nem me são suaves os vossos sacrifícios.

21 Portanto, assim diz o Senhor: Eis que armarei a este povo tropeços; e tropeçarão neles pais e filhos juntamente, o vizinho e o seu companheiro, e perecerão.

22 Assim diz o Senhor: Eis que um povo vem da terra do norte, e uma grande nação se levantará dos lados da terra.

23 Arco e lança trarão, cruéis são, e não usarão de misericórdia; a sua voz rugirá como o mar, e em cavalos virão montados, dispostos como homens de guerra contra ti, ó filha de Sião.

24 ouvimos a sua fama, afrouxaram-se as nossas mãos; a angústia nos tomou, e dores como da mulher que está de parto.

25 Não saias ao campo, nem andes pelo caminho, porque espada do inimigo e terror ao redor.

26 Ó filha do meu povo, cinge-te de panos de saco, e revolve-te na cinza, pranteia como por um filho único, pranto de amarguras, porque de repente virá o destruidor sobre nós.

27 Por torre de guarda te pus entre o meu povo, por fortaleza, para que soubesses e examinasses o seu caminho.

28 Todos eles são os mais rebeldes, que andam murmurando; são duros como bronze e ferro; todos eles são corruptores.

29 o fole se queimou, o chumbo se consumiu com o fogo; em vão fundiu o fundidor tão diligentemente, pois os maus não são arrancados.

30

Prata rejeitada lhes chamarão, porque o Senhor os rejeitou.

Capítulo 7

Se o povo de Judá se arrepender, ele será preservado — O templo se tornou um covil de ladrões — O Senhor rejeita aquela geração do povo de Judá por suas idolatrias — Eles oferecem os filhos em sacrifício.

1

A palavra que do Senhor veio a Jeremias, dizendo:

2 Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, ó todo Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor.

3 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar.

4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor são estes.

5 Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras fizerdes juízo entre um homem e o seu próximo,

6 Se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar nem andardes após os deuses alheios para vosso mal,

7 Eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, de eternidade em eternidade.

8 Eis que vós confiais nas palavras falsas, que não aproveitam para nada.

9 Porventura furtareis, e matareis, e adulterareis, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após os deuses alheios, a quem não conheceis?

10

E então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas essas abominações?

11 É, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, um covil de ladrões aos vossos olhos? Eis que também eu o vi, diz o Senhor.

12 Porque ide agora ao meu lugar, que estava em Siló, onde fiz habitar o meu nome ao princípio, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel.

13 Agora, pois, porquanto fazeis todas essas obras, diz o Senhor, e eu vos falei, madrugando, e falando, e não ouvistes, e chamei-vos, e não respondestes,

14 Farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome, em que confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos pais, como fiz a Siló.

15 E vos lançarei de diante da minha face, como lancei todos os vossos irmãos, toda a geração de Efraim.

16 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração, nem me importunes, porque eu não te ouvirei.

17 Porventura tu não vês o que andam fazendo nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém?

18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a massa, para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a deuses alheios, para me provocarem à ira.

19 Acaso eles a mim me provocam à ira? diz o Senhor, e não antes a si mesmos, para vergonha do seu próprio rosto?

20

Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, e sobre as árvores do campo, e sobre os frutos da terra; e acender-se-á, e não se apagará.

21 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei carne.

22 Porque nunca falei a vossos pais, no dia em que vos tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.

23 Porém esta coisa lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andai em todo caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.

24 Porém não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos, na obstinação do seu coração malvado; e tornaram-se para trás, e não para diante.

25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até o dia de hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, cada dia madrugando e enviando-os;

26 Porém não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz, e fizeram pior do que seus pais.

27 Falar-lhes-ás, pois, todas estas palavras, mas não te darão ouvidos; chamá-los-ás, mas não te responderão.

28 E lhes dirás: Esta é a nação que não dá ouvidos à voz do Senhor seu Deus e não aceita a correção; pereceu a verdade, e se arrancou da sua boca.

29 Corta o cabelo da tua cabeça, e lança-o fora, e levanta o teu pranto sobre as alturas, porque o Senhor rejeitou e desamparou a geração do seu furor;

30

Porque os filhos de Judá fizeram o que parece mau aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para contaminá-la.

31 E edificaram os altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem me subiu ao coração.

32 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca se chamará mais Tofete, nem vale do filho de Hinom, mas o vale da matança; e enterrarão em Tofete, por não haver outro lugar.

33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos animais da terra, e ninguém os espantará.

34 E farei cessar das cidades de Judá, e das ruas de Jerusalém, a voz de regozijo, e a voz de alegria, a voz de esposo e a voz de esposa, porque a terra se tornará em desolação.

Capítulo 8

Sobrevirão calamidades sobre os habitantes de Jerusalém — Para eles, já se passou a ceifa, já se acabou o verão, e eles não estão salvos.

1

Naquele tempo, diz o Senhor, tirarão para fora das suas sepulturas os ossos dos reis de Judá, e os ossos dos seus príncipes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos profetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalém;

2 E expô-los-ão ao sol, e à lua, e a todo o exército do céu, a quem tinham amado, e a quem tinham servido, e após quem tinham ido, e a quem tinham buscado e diante de quem se tinham prostrado; não serão recolhidos nem sepultados; serão por esterco sobre a face da terra.

3 E escolherá antes a morte do que a vida todo o restante dos que restarem desta raça maligna, os que restam em todos os lugares onde os lancei, diz o Senhor dos Exércitos.

4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: Porventura cairão e não se tornarão a levantar? Desviar-se-ão, e não voltarão?

5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia tão contínua? Persiste no engano, não quer voltar.

6 Bem escutei e ouvi; não falam o que é reto, ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se volta para a sua carreira, como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha.

7 Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o grou e a andorinha atentam para o tempo da sua migração; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor.

8 Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Eis que deveras em vão trabalha a falsa pena dos escribas.

9 Os sábios foram envergonhados, foram espantados e presos; eis que rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria, pois, teriam?

10

Portanto, darei suas mulheres a outros, e as suas herdades a quem as possua, porque desde o menor até o maior cada um deles se dá à avareza; desde o profeta até o sacerdote, cada um deles usa de falsidade.

11 E curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; e não paz.

12 Porventura envergonham-se de fazerem abominação? Antes de maneira nenhuma se envergonham, nem sabem que coisa é envergonhar-se; portanto, cairão entre os que caem e tropeçarão quando eu os castigar, diz o Senhor.

13 Certamente os apanharei, diz o Senhor; não uvas na vide, nem figos na figueira, e até a folha caiu; e o que lhes dei passará deles.

14 Por que nos assentamos aqui? Juntai-vos e entremos nas cidades fortificadas, e ali nos calemos; pois o Senhor nosso Deus nos fez calar e nos deu a beber água de fel; porquanto pecamos contra o Senhor.

15 Espera-se a paz, mas não bem; o tempo da cura, e eis o terror.

16 desde Dã se ouve o resfolegar dos seus cavalos; toda a terra está tremendo à voz dos rinchos dos seus fortes; e vêm, e devoram a terra, e a abundância nela, a cidade e os que habitam nela.

17 Porque eis que envio entre vós serpentes e basiliscos, contra os quais não encantamento, e vos morderão, diz o Senhor.

18 Não há refrigério para a minha tristeza; o meu coração desfalece em mim.

19 Eis que a voz do clamor da filha do meu povo já se ouve da terra muito remota; porventura não está o Senhor em Sião? ou não está o seu rei nela? Por que me provocaram à ira com as suas imagens de escultura, com as vaidades dos alheios?

20

se passou a ceifa, se acabou o verão, e nós não estamos salvos.

21 estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de preto; o espanto se apoderou de mim.

22 Porventura não bálsamo em Gileade? ou não há lá médico? Por que, pois, não teve lugar a cura da filha do meu povo?

Capítulo 9

Jeremias lamenta profundamente os pecados do povo — Eles serão dispersos entre as nações e punidos.

1

Quem dera que a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos, numa fonte de lágrimas! Então choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo.

2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então deixaria o meu povo, e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, e um bando de traiçoeiros.

3 E retesam a sua língua como o seu arco, para mentira; fortalecem-se na terra, porém não para verdade; porque avançam de maldade em maldade, e não me conhecem, diz o Senhor.

4 Guardai-vos cada um do seu amigo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que enganar, e todo amigo anda caluniando.

5 E zombará cada um do seu amigo, e não falam a verdade; ensinam a sua língua a falar a mentira, andam se cansando em agir perversamente.

6 A tua habitação está no meio do engano; com engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor.

7 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que eu os refinarei com fogo e os porei à prova; porque, de que outra maneira procederia eu com a filha do meu povo?

8 Uma flecha mortífera é a sua língua; fala engano; com a sua boca fala de paz com o seu próximo, mas no seu interior arma-lhe ciladas.

9 Porventura por essas coisas não os castigaria? diz o Senhor; ou não se vingaria a minha alma de gente tal como esta?

10

Sobre os montes levantarei choro e pranto, e sobre as pastagens do deserto, lamentação; porque estão queimadas, e ninguém há que passe por ali, nem ouça o mugido de gado; desde as aves dos céus, até os animais, andaram vagueando, e fugiram.

11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de Judá farei uma assolação, de sorte que não haja habitante.

12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem falou a boca do Senhor, que o possa anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se queimou como deserto, sem que ninguém passe por ela?

13 E disse o Senhor: Porquanto deixaram a minha lei, que dei perante a sua face, e não deram ouvidos à minha voz, nem andaram conforme ela,

14 Antes andaram após a obstinação do seu coração, e após os baalins, o que lhes ensinaram os seus pais,

15 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de comer absinto a este povo, e lhe darei de beber água de fel.

16 E os espalharei entre nações, que não conheceram, nem eles nem seus pais, e mandarei a espada após eles, até que venha a consumi-los.

17 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai, e chamai carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que venham.

18 E se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós; e desfaçam-se os nossos olhos em lágrimas, e as nossas pálpebras destilem águas.

19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos destruídos! Estamos muito envergonhados, porque deixamos a terra, porquanto derrubaram as nossas moradas.

20

Ouvi, pois, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e os vossos ouvidos recebam a palavra da sua boca; e ensinai o pranto a vossas filhas, e cada uma à sua vizinha, a lamentação.

21 Porque a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar as crianças das ruas, e os jovens, das praças.

22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens jazerão como esterco sobre a face do campo, e como feixe detrás do ceifador, e não há quem o recolha.

23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o valente na sua valentia; não se glorie o rico nas suas riquezas.

24 Mas o que se gloriar glorie-se nisto, em que me entende e me conhece, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque dessas coisas me agrado, diz o Senhor.

25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei todo circuncidado com o incircunciso:

26 O Egito, e Judá, e Edom, e os filhos de Amom, e Moabe, e todos os que moram nos últimos cantos da terra, que habitam no deserto; porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.

Capítulo 10

Não aprendais o caminho de outras nações — Seus deuses são ídolos e imagens de fundição — O Senhor é o Deus verdadeiro e vivo.

1

Ouvi a palavra que o Senhor vos fala a vós, ó casa de Israel.

2 Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho das nações, nem vos espanteis dos sinais dos céus; porque com eles se atemorizam as nações.

3 Porque os estatutos dos povos são vaidade; pois corta-se do bosque um madeiro, obra das mãos do artífice, com machado;

4 Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam, para que não se mova.

5 São como espantalho no pepinal, e não podem falar; necessitam de ser levados aos ombros, porquanto não podem andar; não tenhais temor deles, pois não podem fazer o mal, nem tampouco têm poder de fazer o bem.

6 Pois ninguém semelhante a ti, ó Senhor; tu és grande, e grande o teu nome em poder.

7 Quem não temeria a ti, ó Rei das nações? Pois isso te compete a ti; porquanto entre todos os sábios das nações, e em todo o seu reino, não semelhante a ti.

8 Pois juntamente todos se embruteceram e vieram a enlouquecer; ensino de vaidades é o madeiro.

9 Trazem prata batida de Társis e ouro de Ufaz, para obra do artífice, e das mãos do fundidor; fazem suas roupas de azul celeste e púrpura; obra de peritos são todos eles.

10

Porém o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; ao seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação.

11 Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os céus e a terra perecerão da terra e de debaixo deste céu.

12 Ele é aquele que fez a terra com o seu poder, que estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e com a sua inteligência estendeu os céus.

13 Fazendo ele soar a sua voz, logo há ruído de águas no céu, e faz subir os vapores da extremidade da terra; faz os relâmpagos juntamente com a chuva, e faz sair o vento dos seus tesouros.

14 Todo homem se embruteceu, e não tem conhecimento; envergonha-se todo fundidor da imagem de escultura; porque sua imagem fundida mentira é, e não espírito nelas.

15 Vaidade são, obra de enganos; no tempo do seu castigo virão a perecer.

16 Não é semelhante a esses a porção de Jacó; porque ele é o que tudo formou, e Israel é a vara da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome.

17 Ajunta da terra a tua mercadoria, ó moradora do lugar sitiado.

18 Porque assim diz o Senhor: Eis que desta vez lançarei como com uma funda os moradores da terra, e os angustiarei, para que venham a achá-lo, dizendo:

19 Ai de mim por causa do meu quebrantamento! A minha chaga me causa grande dor; e eu disse: Certamente enfermidade é esta, e devo suportar.

20

a minha tenda está destruída, e todas as minhas cordas se romperam; os meus filhos saíram de mim, e não existem; ninguém há mais que estenda a minha tenda, nem que levante as minhas cortinas.

21 Porque os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se espalharam.

22 Eis que vem uma voz de rumor, grande tremor da terra do norte, para fazer das cidades de Judá uma assolação, uma morada de chacais.

23 Bem sei eu, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho, nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.

24 Castiga-me, ó Senhor, porém com justa medida, não na tua ira, para que não me reduzas a nada.

25 Derrama a tua indignação sobre as nações que não te conhecem, e sobre as gerações que não invocam o teu nome; porque devoraram Jacó, e o devoraram, e o consumiram, e assolaram a sua morada.

Capítulo 11

O povo de Judá é amaldiçoado por quebrar o convênio de obediência — O Senhor não ouvirá suas orações.

1

A palavra que veio a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:

2 Ouvi as palavras deste convênio, e falai aos homens de Judá, e aos habitantes de Jerusalém.

3 Dize-lhes, pois: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Maldito o homem que não der ouvidos às palavras deste convênio,

4 Que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e fazei conforme tudo quanto eu vos mando; e vós me sereis por povo, e eu vos serei por Deus.

5 Para que confirme o juramento que jurei a vossos pais de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel, como é neste dia. Então eu respondi, e disse: Amém, ó Senhor.

6 E disse-me o Senhor: Apregoa todas estas palavras nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, dizendo: Ouvi as palavras deste convênio, e cumpri-as.

7 Porque deveras testifiquei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, até o dia de hoje, madrugando, e testificando, e dizendo: Dai ouvidos à minha voz.

8 Porém não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes, andaram cada um conforme a obstinação do seu coração malvado; pelo que trouxe sobre eles todas as palavras deste convênio, que lhes mandei que cumprissem, porém não as cumpriram.

9 Disse-me mais o Senhor: Uma conjuração se achou entre os homens de Judá, entre os habitantes de Jerusalém.

10

Voltaram às iniquidades de seus primeiros pais, que não quiseram ouvir as minhas palavras; e eles andaram após deuses alheios para os servir; a casa de Israel e a casa de Judá quebraram o meu convênio, que tinha feito com seus pais.

11 Portanto, assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre eles, de que não poderão escapar, e clamarão a mim e eu não os ouvirei.

12 Então irão as cidades de Judá e os habitantes de Jerusalém e clamarão aos deuses a quem eles queimaram incenso, porém estes de nenhuma sorte os livrarão no tempo do seu mal.

13 Porque, segundo o número das tuas cidades, foram os teus deuses, ó Judá! E segundo o número das ruas de Jerusalém, pusestes altares à impudência, altares para queimares incenso a Baal.

14 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a mim, por causa do seu mal.

15 Que tem a minha amada na minha casa que fazer? Pois muitos fazem nela grande abominação e as carnes santificadas se desviaram de ti; quando tu fazes mal, então andas saltando de prazer.

16 Chamou o Senhor o teu nome oliveira verde, formosa por seus belos frutos, porém agora à voz de um grande tumulto acendeu fogo ao redor dela, e se quebraram os seus ramos.

17 Porque o Senhor dos Exércitos, que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade da casa de Israel e da casa de Judá, que fizeram para si mesmas, para me provocarem à ira, queimando incenso a Baal.

18 E o Senhor mo fez saber, e assim o soube; então me fizeste ver as suas ações.

19 E eu era como um cordeiro, como um boi que levam à matança; porque não sabia que tramavam planos contra mim, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome.

20

Mas, ó Senhor dos Exércitos, justo Juiz, que pões à prova a mente e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles, pois a ti revelei a minha causa.

21 Portanto, assim diz o Senhor acerca dos homens de Anatote, que procuram a tua morte, dizendo: Não profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos.

22 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que eu os castigarei; os jovens morrerão à espada, os seus filhos e as suas filhas morrerão de fome.

23 E eles não terão um remanescente, porque farei vir o mal sobre os homens de Anatote, no ano do seu castigo.

Capítulo 12

Jeremias reclama da prosperidade dos iníquos — Se outras nações aprenderem os caminhos de Israel, elas serão contadas com Israel.

1

Justo serias, ó Senhor, ainda que eu contendesse contra ti; contudo falarei contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que procedem traiçoeiramente?

2 Plantaste-os, arraigaram-se; crescem, dão fruto; chegado estás à sua boca, porém longe do seu coração.

3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e pões à prova o meu coração para contigo; arranca-os como ovelhas para o matadouro, e dedica-os ao dia da matança.

4 Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Pela maldade dos que habitam nela, perecem os animais e as aves; porquanto dizem: Ele não verá o nosso fim.

5 Se corres com os homens a pé, e eles fazem-te cansar, como, pois, competirás com os cavalos? Se tão somente na terra de paz te confias, como farás na enchente do Jordão?

6 Porque até os teus irmãos, e a casa de teu pai, eles também agem deslealmente contra ti; até os mesmos clamam após ti em altas vozes. Não te fies neles, quando te falarem coisas boas.

7 desamparei a minha casa, abandonei a minha herança; entreguei a amada da minha alma na mão de seus inimigos.

8 Tornou-se-me a minha herança como leão na floresta; levantou a sua voz contra mim, por isso eu a odiei.

9 A minha herança me é ave de várias cores; andam as aves contra ela em redor; vinde, pois, ajuntai-vos todos os animais do campo, vinde devorá-la.

10

Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu campo; tornaram em deserto de assolação o meu campo desejado.

11 Em assolação o tornaram, e assolado clama a mim; toda a terra está assolada, porquanto não há nenhum que tome isso a peito.

12 Sobre todos os lugares altos do deserto vieram destruidores; porque a espada do Senhor devora desde um extremo da terra até o outro extremo da terra; não há paz para nenhuma carne.

13 Semearam trigo, e ceifaram espinhos; cansaram-se, mas de nada se aproveitaram; envergonhai-vos, pois, em razão de vossas colheitas, e por causa do ardor da ira do Senhor.

14 Assim diz o Senhor, acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a minha herança, a qual dei por herança ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles.

15 E acontecerá que, depois de os haver arrancado, retornarei, e me compadecerei deles, e os farei voltar, cada um à sua herança, e cada um à sua terra.

16 E acontecerá que, se diligentemente aprenderem os caminhos do meu povo, jurando pelo meu nome, dizendo: Vive o Senhor; como ensinaram meu povo a jurar por Baal, edificar-se-ão no meio do meu povo.

17 Porém, se não quiserem ouvir, totalmente arrancarei a tal nação, e a farei perecer, diz o Senhor.

Capítulo 13

Israel e Judá serão como um cinto apodrecido e deteriorado — Ordena-se ao povo que se arrependa — Judá será levada cativa e dispersa como restolho.

1

Assim me disse o Senhor: Vai, e compra um cinto de linho, e põe-no sobre os teus lombos, porém não o coloques na água.

2 E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o pus sobre os meus lombos.

3 Então veio a palavra do Senhor a mim pela segunda vez, dizendo:

4 Toma o cinto que compraste, e que trazes sobre os teus lombos, e levanta-te; vai ao Eufrates, e esconde-o ali na fenda de uma rocha.

5 E fui, e escondi-o junto ao Eufrates, como o Senhor mo havia ordenado.

6 Sucedeu, pois, ao cabo de muitos dias, que me disse o Senhor: Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto que te ordenei que escondesses ali.

7 E fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o cinto do lugar onde o havia escondido; e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.

8 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

9 Assim diz o Senhor: Assim farei apodrecer a soberba de Judá, como também a muita soberba de Jerusalém.

10

Este mesmo povo maligno, que se recusa a ouvir as minhas palavras, que caminha segundo a obstinação do seu coração, e anda após deuses alheios, para servi-los, e inclinar-se diante deles, será tal como este cinto, que para nada presta.

11 Porque, como o cinto está apegado aos lombos do homem, assim eu fiz apegar-se a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judá, diz o Senhor, para me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória; porém não deram ouvidos.

12 Pelo que dize-lhes esta palavra: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Todo o odre se encherá de vinho; e dir-te-ão: Porventura não sabemos muito bem que todo odre se encherá de vinho?

13 Porém tu dize-lhes: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de embriaguez todos os habitantes desta terra, e os reis da estirpe de Davi, que estão assentados sobre o seu trono, e os sacerdotes, e os profetas, e todos os habitantes de Jerusalém.

14 E fá-los-ei em pedaços um contra o outro, e juntamente os pais com os filhos, diz o Senhor; não perdoarei, nem pouparei, nem me apiedarei, para que não os destrua.

15 Escutai, e inclinai os ouvidos; não vos ensoberbeçais; porque o Senhor o disse.

16 Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que se faça vir a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; e espereis a luz, e ele a mude em sombra de morte, e a reduza a escuridão.

17 E se isso não ouvirdes, a minha alma chorará em lugares ocultos, por causa da vossa soberba; e amargamente lacrimejará o meu olho, e se desfará em lágrimas, porquanto o rebanho do Senhor foi levado cativo.

18 Dize ao rei e à rainha: Humilhai-vos, e assentai-vos no chão; porque caiu todo o ornato de vossa cabeça, a coroa de vossa glória.

19 As cidades do sul estão fechadas, e ninguém que as abra; todo o Judá foi levado cativo, todo inteiramente foi levado cativo.

20

Levantai os vossos olhos, e vede os que vêm do norte; onde está o rebanho que se te deu, e as ovelhas da tua glória?

21 Que dirás, quando ele te castigar, pois tu os ensinaste a serem príncipes, e cabeça sobre ti? Porventura não te tomarão as dores, como à mulher que está de parto?

22 Quando, pois, disseres no teu coração: Por que me sobrevieram estas coisas? Pela multidão das tuas maldades se descobriram as orlas dos teus mantos, e tem-se feito violência aos teus calcanhares.

23 Porventura mudará o etíope a sua pele, ou o leopardo, as suas manchas? Assim, podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.

24 Pelo que os espalharei como o restolho, restolho que passa com o vento do deserto.

25 Esta será a tua sorte, a porção das tuas medidas que terás de mim, diz o Senhor; pois te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras.

26 Assim, também eu descobrirei as orlas dos teus mantos até sobre o teu rosto, e aparecerá a tua ignomínia.

27 vi as tuas abominações, e os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição sobre os outeiros no campo. Ai de ti, Jerusalém! Não te purificarás? Quanto ainda depois disso esperarás?

Capítulo 14

Jeremias ora por causa da seca e da fome — O Senhor não ouvirá por causa da iniquidade de Seu povo.

1

A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, acerca da grande seca.

2 Anda chorando Judá, e as suas portas estão enfraquecidas; andam de luto até o chão, e o clamor de Jerusalém vai subindo.

3 E os seus mais ilustres enviam os seus pequenos a buscar água; vão às cavas, e não acham água; voltam com os seus vasos vazios; envergonham-se e são humilhados, e cobrem a sua cabeça.

4 Por causa da terra que se fendeu, porque não há chuva sobre a terra, os lavradores se envergonham e cobrem a sua cabeça.

5 Porque até as cervas no campo têm as suas crias, e abandonam seus filhos, porquanto não há erva.

6 E os jumentos monteses se põem nos lugares altos, sorvem o vento como os chacais, desfalecem os seus olhos, porquanto não erva.

7 Ainda que as nossas maldades testifiquem contra nós, ó Senhor, age por causa do teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti pecamos.

8 Ah! esperança de Israel, e Redentor seu no tempo da angústia! Por que serias como um estrangeiro na terra? E como o viandante que se retira para passar a noite?

9 Por que serias como homem surpreendido, como valoroso que não pode livrar? tu estás no meio de nós, ó Senhor, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.

10

Assim diz o Senhor, acerca deste povo: Pois que tanto amaram mover-se, e não retiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da maldade deles, e punirá os seus pecados.

11 Disse-me mais o Senhor: Não rogues por este povo para o bem dele.

12 Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei deles; antes, eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.

13 Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar.

14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração eles vos profetizam.

15 Portanto, assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam no meu nome, sem que eu os tenha mandado, e contudo dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas.

16 E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os enterre, tanto ele, como suas mulheres, e seus filhos e suas filhas; assim derramarei sobre eles a sua maldade.

17 Portanto, lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem, filha do meu povo, está quebrada de grande quebra, de chaga muito dolorosa.

18 Se eu saio ao campo, eis aqui os mortos à espada, e se entro na cidade, eis aqui os enfermos de fome; e até os profetas e os sacerdotes correram em roda na terra, e não sabem nada.

19 Porventura já de todo rejeitaste Judá? ou a tua alma repugna Sião? Por que nos feriste de tal modo que não cura para nós? Aguarda-se pela paz, e nada de bem; e pelo tempo da cura, e eis aqui turbação.

20

Ah, Senhor! Conhecemos a nossa impiedade e a maldade de nossos pais, porque pecamos contra ti.

21 Não nos rejeites por causa do teu nome; não abatas o trono da tua glória; lembra-te, e não anules o teu convênio conosco.

22 Porventura há, entre as vaidades dos gentios, quem faça chover? ou podem os céus dar chuvas? não és tu aquele, ó Senhor nosso Deus? Portanto, em ti esperaremos, pois tu fazes todas essas coisas.

Capítulo 15

O povo de Judá padecerá a morte, a espada, a fome e o cativeiro — Eles serão dispersos por todos os reinos da Terra — Jerusalém será destruída.

1

Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não seria a minha alma com este povo; lança-os de diante da minha face, e saiam.

2 E acontecerá que, quando te disserem: Para onde sairemos? Dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: O que para a morte, para a morte; e o que para a espada, para a espada; e o que para a fome, para a fome; e o que para o cativeiro, para o cativeiro.

3 Porque visitá-los-ei com quatro gêneros de males, diz o Senhor: com espada para matar, e com cães, para os arrastarem, e com as aves dos céus, e com os animais da terra, para os devorarem e destruírem.

4 Entregá-los-ei ao desterro em todos os reinos da terra; por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, pelo que fez em Jerusalém.

5 Porque quem se compadeceria de ti, ó Jerusalém? ou quem se entristeceria por ti? ou quem se desviaria a perguntar pela tua paz?

6 Tu me deixaste, diz o Senhor, e tornaste-te para trás; por isso estenderei a minha mão contra ti,e te destruirei; estou cansado de ter compaixão.

7 E padejá-los-ei com a pá nas portas da terra; desfilhei, e destruí o meu povo; não retornaram dos seus caminhos.

8 As suas viúvas mais se me multiplicaram do que as areias dos mares; trouxe no meio-dia um destruidor sobre a mãe dos jovens; fiz que caísse de repente sobre ela, e enchesse a cidade de terrores.

9 A que dava à luz sete se enfraqueceu; expirou a sua alma; pôs-se o seu sol sendo ainda de dia, envergonhou-se e foi humilhado; e os que ficarem dela entregarei à espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor.

10

Ai de mim, minha mãe, por que me deste à luz homem de rixa e homem de contendas para toda a terra? Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim com usura, todavia cada um deles me amaldiçoa.

11 Disse o Senhor: Decerto que os teus remanescentes serão para o bem, que intercederei por ti, no tempo da calamidade e no tempo da angústia, com o inimigo.

12 Porventura quebrará alguém o ferro, o ferro do norte, ou o bronze?

13 A tua riqueza e os teus tesouros darei sem preço ao saque; e isso por todos os teus pecados, como também em todos os teus limites.

14 E levar-te-ei com os teus inimigos para a terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em minha ira, e sobre vós arderá.

15 Tu, ó Senhor, o sabes; lembra-te de mim, e visita-me, e vinga-me dos meus perseguidores; não me arrebates enquanto adias o teu furor; sabe que por causa de ti tenho sofrido afronta.

16 Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o regozijo e a alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó Senhor, Deus dos Exércitos.

17 Nunca me assentei na roda dos zombadores, nem me regozijei; por causa da tua mão me assentei solitário; porque me encheste de indignação.

18 Por que dura a minha dor continuamente, e a minha ferida me dói, e já não admite cura? Porventura ser-me-ias tu como um mentiroso e como águas inconstantes?

19 Portanto, assim diz o Senhor: Se tu retornares, então te farei voltar, e estarás diante da minha face; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; retornem eles para ti, porém tu não retornes para eles.

20

Portanto, te pus contra este povo como um muro forte de bronze; e pelejarão contra ti, porém não prevalecerão contra ti; porque eu estou contigo para te guardar, para te arrebatar deles, diz o Senhor.

21 E arrebatar-te-ei da mão dos malignos, e livrar-te-ei da palma dos fortes.

Capítulo 16

Prevê-se a ruína total de Judá — Israel é rejeitada e dispersa por servir deuses falsos — Pescadores e caçadores reunirão Israel novamente, e o povo servirá ao Senhor — O evangelho será restaurado.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Não tomarás para ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar.

3 Porque assim diz o Senhor, acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca de suas mães, que os derem à luz, e de seus pais que os gerarem nesta terra:

4 Morrerão de enfermidades dolorosas, e não serão pranteados nem sepultados; servirão de esterco sobre a terra; e pela espada e pela fome serão consumidos, e os seus cadáveres servirão de mantimento para as aves do céu e para os animais da terra.

5 Porque assim diz o Senhor: Não entres na casa do luto, nem vás a lamentar, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, tirei a minha paz, benignidade e misericórdia.

6 E morrerão grandes e pequenos nesta terra, e não serão sepultados, e não os prantearão nem se farão por eles incisões, nem por eles se raparão os cabelos.

7 E não se lhes partirá pão por luto, para consolá-los por causa de morte; nem lhes darão de beber do copo de consolação, nem por pai de alguém, nem por mãe de alguém.

8 Nem entres na casa do banquete, para te assentares com eles a comer e a beber.

9 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que farei cessar deste lugar perante os vossos olhos, e em vossos dias, a voz de regozijo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva.

10

E acontecerá que, quando anunciares a este povo todas essas palavras, e eles te disserem: Por que fala o Senhor sobre nós todo este grande mal? e qual é a nossa iniquidade, e qual é o nosso pecado que pecamos contra o Senhor nosso Deus?

11 Então lhes dirás: Porquanto vossos pais me deixaram, diz o Senhor, e se foram após deuses alheios, e os serviram, e se inclinaram diante deles, e a mim me deixaram, e a minha lei não a guardaram.

12 E vós fizestes pior do que vossos pais; porque, eis que cada um de vós anda após a obstinação do seu malvado coração, para não dar ouvidos a mim.

13 E lançar-vos-ei fora desta terra, para uma terra que não conhecestes, nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses alheios de dia e de noite, porque não usarei de misericórdia convosco.

14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que nunca mais se dirá: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito.

15 Mas: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque fá-los-ei voltar à sua terra, a qual dei a seus pais.

16 Eis que mandarei muitos pescadores, diz o Senhor, os quais os pescarão, e depois enviarei muitos caçadores, os quais os caçarão de sobre todo monte, e de sobre todo outeiro, e até das fendas das rochas.

17 Porque os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; não se escondem perante a minha face, nem a sua maldade se encobre de diante dos meus olhos.

18 E primeiramente pagarei em dobro a sua maldade e o seu pecado, porque profanaram a minha terra com os cadáveres das suas coisas detestáveis, e das suas abominações encheram a minha herança.

19 Ó Senhor, fortaleza minha, e força minha, e refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações desde os confins da terra, e dirão: Nossos pais herdaram só mentiras, e vaidade, em que não havia proveito.

20

Porventura fará um homem deuses para si, quando eles não são deuses?

21 Portanto, eis que os farei conhecer; desta vez os farei conhecer a minha mão e o meu poder; e saberão que o meu nome é o Senhor.

Capítulo 17

O cativeiro de Judá é consequência do pecado e de seu abandono do Senhor — Santificai o dia do Sábado; isso salvará o povo, caso contrário serão destruídos.

1

O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nos chifres dos vossos altares.

2 Como também seus filhos se lembram dos seus altares, e dos seus postes-ídolos junto às árvores verdes, sobre os altos outeiros,

3 Ó minha montanha no campo aberto. A tua riqueza e todos os teus tesouros darei por presa pelo pecado dos teus altos, em todos os teus termos.

4 Assim, por ti mesmo te privarás da tua herança que te dei, e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces; porque o fogo que acendeste na minha ira arderá para sempre.

5 Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e põe a carne por seu braço, e cujo coração se aparta do Senhor!

6 Porque será como o arbusto no deserto, que não sente quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.

7 Porém, bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor.

8 Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, e a sua folha fica verde, e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.

9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?

10

Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e ponho à prova a mente, e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.

11 Como a perdiz que ajunta ovos que não choca, assim é o que ajunta riquezas, mas não com direito; no meio de seus dias as deixará, e no seu fim se fará um insensato.

12 Um trono de glória, enaltecido desde o princípio, é o lugar do nosso santuário.

13 Ó Senhor, esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados e os que se apartam de mim serão escritos sobre a terra; porque deixam ao Senhor, a fonte das águas vivas.

14 Sara-me, Senhor, e sararei; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor.

15 Eis que eles me dizem: Onde está a palavra do Senhor? Venha agora.

16 Porém eu não me apressei em ser o pastor após ti; nem tampouco desejei o dia fatal, tu o sabes; o que saiu dos meus lábios está diante de tua face.

17 Não me sejas motivo de pavor; meu refúgio és tu no dia do mal.

18 Envergonhem-se os que me perseguem, e não me envergonhe eu; assombrem-se eles, e não me assombre eu; traze sobre eles o dia do mal, e destrói-os com dobrada destruição.

19 Assim me disse o Senhor: Vai, e põe-te à porta dos filhos do povo, pela qual entram os reis de Judá, e pela qual saem; como também a todas as portas de Jerusalém.

20

E dize-lhes: Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá, e todos os moradores de Jerusalém, que entrais por essas portas.

21 Assim diz o Senhor: Guardai a vossa alma, e não tragais cargas no dia do sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém;

22 Nem tireis cargas de vossas casas no dia do sábado, nem façais obra alguma; antes santificai o dia do sábado, como eu dei ordem a vossos pais.

23 Porém não obedeceram, nem inclinaram os seus ouvidos; mas endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem correção.

24 Acontecerá, pois, que, se diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia do sábado, e santificardes o dia do sábado, não fazendo nele obra alguma,

25 Então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, assentados sobre o trono de Davi, andando em carros e montados em cavalos, tanto eles como os seus príncipes, os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será para sempre habitada.

26 E virão das cidades de Judá, e dos contornos de Jerusalém, e da terra de Benjamim, e das planícies, e das montanhas, e do sul, trazendo holocaustos, e sacrifícios, e ofertas de manjares, e incenso, como também trazendo sacrifícios de louvores à casa do Senhor.

27 Porém, se não me derdes ouvidos, para santificardes o dia do sábado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia do sábado, então acenderei fogo nas suas portas, que consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará.

Capítulo 18

Israel é como o barro do oleiro nas mãos do Senhor — Se as nações se arrependerem, o Senhor reterá o mal que decretou contra elas — O povo de Judá será disperso.

1

A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, dizendo:

2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.

3 E desci à casa do oleiro, e eis que estava fazendo a sua obra sobre as rodas.

4 E o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro; então tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.

5 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

6 Porventura não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Diz o Senhor: Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.

7 No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir,

8 Se a tal nação, porém, contra a qual eu falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que lhe cuidava fazer.

9 No momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar e para plantar,

10

Se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha dito que lhe faria.

11 Ora, pois, fala agora aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que estou forjando mal contra vós, e projeto um plano contra vós; convertei-vos, pois, agora cada um do seu mau caminho, e melhorai os vossos caminhos e as vossas ações.

12 Porém eles dizem: Não há esperança, porque após as nossas imaginações andaremos, e cada um fará conforme a obstinação do seu malvado coração.

13 Portanto, assim diz o Senhor: Perguntai agora entre os gentios: Quem ouviu tal coisa? Coisa muito horrenda fez a virgem de Israel.

14 Porventura a neve do Líbano deixará a rocha do campo? Ou esgotar-se-ão as águas que vêm de longe, frias e correntes?

15 Contudo o meu povo se esqueceu de mim, queimando incenso à vaidade; porque os fizeram tropeçar nos seus caminhos, e nas veredas antigas, para que andassem por veredas afastadas, não aplainadas;

16 Para fazerem da sua terra objeto de espanto e de perpétuos assobios; todo aquele que passa por ela se espantará, e meneará a sua cabeça.

17 Como com vento oriental os espalharei diante da face do inimigo; mostrar-lhes-ei as costas e não o rosto, no dia da sua perdição.

18 Então disseram: Vinde, e maquinemos um plano contra Jeremias; porque não perecerá a lei do sacerdote, nem o conselho do sábio, nem a palavra do profeta; vinde, e firamo-lo com a língua, e não escutemos nenhuma das suas palavras.

19 Olha para mim, Senhor, e ouve a voz dos que contendem comigo.

20

Porventura pagar-se-á mal por bem? Porque cavaram uma cova para a minha alma. Lembra-te de que eu me apresentei na tua presença, para falar pelo bem deles, para desviar deles a tua indignação.

21 Portanto, entrega seus filhos à fome, e entrega-os ao poder da espada, e sejam suas mulheres roubadas dos filhos, e fiquem viúvas; e seus maridos sejam mortos, e os seus jovens sejam feridos à espada na peleja.

22 Ouça-se o clamor de suas casas, quando trouxeres uma tropa sobre eles de repente. Porquanto cavaram uma cova para prender-me e armaram laços aos meus pés.

23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim para matar-me; não perdoes a sua maldade, nem apagues o seu pecado de diante da tua face, mas tropecem perante a tua face; assim procede com eles no tempo da tua ira.

Capítulo 19

O Senhor trará o mal sobre Judá — Eles sacrificam os filhos a Baal — Durante o cerco, eles comerão a carne dos próprios filhos.

1

Assim diz o Senhor: Vai, e compra uma botija de oleiro, e toma contigo dos anciãos do povo e dos anciãos dos sacerdotes;

2 E sai ao vale do filho de Hinom, que está à entrada da porta do sol, e apregoa ali as palavras que eu te disser.

3 E dize: Ouvi a palavra do Senhor, ó reis de Judá, e moradores de Jerusalém; assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei um mal sobre este lugar, e quem quer que ouvir, retinir-lhe-ão as orelhas;

4 Porquanto me deixaram e alienaram este lugar, e nele queimaram incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de inocentes.

5 Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem subiu ao meu coração.

6 Por isso eis que dias vêm, diz o Senhor, em que este lugar não se chamará mais Tofete, nem o vale do filho de Hinom, mas o vale da matança.

7 Porque dissiparei o conselho de Judá e de Jerusalém neste lugar, e os farei cair à espada diante de seus inimigos, e pela mão dos que buscam a vida deles; e darei os seus cadáveres para pasto às aves dos céus e aos animais da terra.

8 E farei desta cidade objeto de espanto e de assobio; todo aquele que passar por ela se espantará, e assobiará sobre todas as suas pragas.

9 E os farei comer a carne de seus filhos, e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu próximo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida deles.

10

Então quebrarás a botija aos olhos dos homens que forem contigo.

11 E dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Assim quebrarei eu este povo, e esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se, e os enterrarão em Tofete, porque não haverá mais lugar para os enterrar.

12 Assim farei a este lugar, diz o Senhor, e aos seus moradores; e isso para tornar esta cidade como Tofete.

13 E as casas de Jerusalém e as casas dos reis de Judá serão imundas como o lugar de Tofete; como também todas as casas, sobre cujos terraços queimaram incenso a todo o exército dos céus, e ofereceram libações a deuses estranhos.

14 Vindo, pois, Jeremias de Tofete, aonde o tinha enviado o Senhor para profetizar, se pôs em pé no átrio da casa do Senhor, e disse a todo o povo:

15 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas cidades, todo o mal que falei contra ela, porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.

Capítulo 20

Jeremias é ferido e colocado no cepo — Ele profetiza que todos de Judá serão levados cativos para Babilônia.

1

E Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que havia sido nomeado presidente na casa do Senhor, ouviu a Jeremias, que profetizava estas palavras.

2 E Pasur feriu o profeta Jeremias, e o pôs no cepo que está na porta superior de Benjamim, a qual está na casa do Senhor.

3 E sucedeu que no dia seguinte Pasur tirou Jeremias do cepo. Então disse-lhe Jeremias: O Senhor não chama o teu nome Pasur, mas Magor-Missabibe.

4 Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti um terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos, e cairão à espada de seus inimigos, e teus olhos o verão; todo o Judá entregarei na mão do rei de Babilônia, e levá-los-á presos a Babilônia, e matá-los-á à espada.

5 Também darei toda a riqueza desta cidade, e todo o seu trabalho, e todas as suas coisas preciosas, e todos os tesouros dos reis de Judá entregarei na mão de seus inimigos, e saqueá-los-ão, e tomá-los-ão, e levá-los-ão a Babilônia.

6 E tu, Pasur, e todos os moradores da tua casa ireis para o cativeiro; e irás a Babilônia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos os teus amigos, aos quais profetizaste falsamente.

7 Persuadiste-me, ó Senhor, e persuadido fiquei; mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio todo o dia, cada um deles zomba de mim.

8 Porque desde que falo, grito; clamo violência e destruição; porque se tornou a palavra do Senhor em opróbrio e em ludíbrio todo o dia.

9 Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no seu nome; mas foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e fiquei fatigado de contê-lo, e não posso mais.

10

Porque ouvi a murmuração de muitos acerca de Magor-Missabibe, que diziam: Denunciai, e o denunciaremos; todos os meus amigos aguardam o meu manquejar, dizendo: Bem pode ser que se deixará persuadir; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.

11 Porém o Senhor está comigo como um valente terrível; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão; ficarão muito envergonhados; porque não se houveram prudentemente, terão um opróbrio perpétuo que nunca se esquecerá.

12 Tu, pois, ó Senhor dos Exércitos, que esquadrinhas o justo, e vês a mente e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois te revelei a minha causa.

13 Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.

14 Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que minha mãe me deu à luz.

15 Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho homem; alegrando-o grandemente.

16 E seja esse homem como as cidades que o Senhor destruiu e não se arrependeu; e ouça clamor pela manhã, e ao tempo do meio-dia, um alarido.

17 Por que não me matou desde a madre? ou por que minha mãe não foi minha sepultura? ou por que não ficou a sua madre grávida perpetuamente?

18 Por que saí da madre, para ver trabalho e tristeza? para que se consumam os meus dias na vergonha?

Capítulo 21

Jeremias prediz o cerco, o cativeiro e a destruição de Jerusalém — Zedequias será levado cativo por Nabucodonosor.

1

A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, quando o rei Zedequias lhe enviou Pasur, filho de Malquias, e Zefanias filho de Maaseia, o sacerdote, dizendo:

2 Pergunta agora por nós ao Senhor, porque Nabucodonosor, rei de Babilônia, guerreia contra nós; bem pode ser que o Senhor faça conosco segundo todas as suas maravilhas, e o faça retirar-se de nós.

3 Então Jeremias lhes disse: Assim direis a Zedequias:

4 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Eis que virarei contra vós as armas de guerra, que estão nas vossas mãos, com que vós pelejais contra o rei de Babilônia, e contra os caldeus, que vos cercaram de fora do muro, e ajuntá-los-ei no meio desta cidade.

5 E eu pelejarei contra vós com mão estendida, e com braço forte, e com ira, e com indignação, e com grande furor.

6 E ferirei os habitantes desta cidade, tanto os homens como os animais; de grande pestilência morrerão.

7 E depois disso, diz o Senhor, entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e os que desta cidade restarem da pestilência, e da espada, e da fome, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão de seus inimigos, e na mão dos que buscam a sua vida; e feri-los-á ao fio da espada; não os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericórdia.

8 E a este povo dirás: Assim diz o Senhor: Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.

9 O que ficar nesta cidade há de morrer à espada, ou de fome, ou da pestilência; porém o que sair, e se render aos caldeus, que vos cercaram, viverá, e terá a sua vida por despojo.

10

Porque pus o meu rosto contra esta cidade para mal, e não para bem, diz o Senhor; na mão do rei de Babilônia se entregará, e queimá-la-á a fogo.

11 E à casa do rei de Judá dirás: Ouvi a palavra do Senhor:

12 Ó casa de Davi, assim diz o Senhor: Julgai pela manhã justamente, e livrai o roubado da mão do opressor; para que não saia o meu furor como fogo, e se acenda, sem que haja quem o apague, por causa da maldade de vossas ações.

13 Eis que eu sou contra ti, ó moradora do vale, ó rocha da campina, diz o Senhor; os que dizeis: Quem descerá contra nós? ou, Quem entrará nas nossas moradas?

14 Porém castigar-vos-ei segundo o fruto das vossas ações, diz o Senhor; e acenderei o fogo no seu bosque, que consumirá tudo o que está em redor dele.

Capítulo 22

O trono de Davi permanece ou cai de acordo com a obediência dos reis — Os juízos do Senhor estão sobre os reis de Judá.

1

Assim diz o Senhor: Desce à casa do rei de Judá, e fala ali esta palavra,

2 E dize: Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judá, que te assentas no trono de Davi; tu, e os teus servos, e o teu povo, que entrais por estas portas.

3 Assim diz o Senhor: Fazei juízo e justiça, e livrai o roubado da mão do opressor; e não oprimais o estrangeiro, nem o órfão, nem a viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar.

4 Porque, se deveras cumprirdes essa palavra, entrarão pelas portas desta casa os reis que se assentam no lugar de Davi sobre o seu trono, em carros e montados em cavalos, eles, e os seus servos, e o seu povo.

5 Porém, se não derdes ouvidos a essas palavras, por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que esta casa se tornará em assolação.

6 Porque assim diz o Senhor acerca da casa do rei de Judá: Tu és para mim Gileade, e o cume do Líbano; por certo que farei de ti um deserto e cidades desabitadas.

7 Porque prepararei contra ti destruidores, cada um com as suas armas; e cortarão os teus cedros escolhidos, e lançá-los-ão no fogo.

8 E muitas nações passarão por esta cidade, e dirá cada um ao seu próximo: Por que procedeu o Senhor assim com esta grande cidade?

9 E dirão: Porque deixaram o convênio do Senhor seu Deus, e se inclinaram diante de deuses alheios, e os serviram.

10

Não choreis o morto, nem o lastimeis; chorai abundantemente aquele que sai, porque nunca mais tornará, nem verá a terra onde nasceu.

11 Porque assim diz o Senhor acerca de Salum, filho de Josias, rei de Judá, que reinava em lugar de Josias, seu pai, que saiu deste lugar: Nunca mais ali retornará.

12 Mas no lugar para onde o levaram cativo ali morrerá, e nunca mais verá esta terra.

13 Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem paga, e não lhe dá o salário do seu trabalho;

14 Que diz: Edificar-me-ei uma casa espaçosa, e aposentos largos; e lhe abre janelas, e está forrada de cedro, e pintada de vermelhão.

15 Porventura reinarás, porque te encerras em cedro? acaso teu pai não comeu e bebeu, e não usou de juízo e justiça? E então lhe sucedeu bem.

16 Julgou a causa do aflito e necessitado; então lhe sucedeu bem; porventura não é isto conhecer-me? diz o Senhor.

17 Porém os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua avareza, e para o sangue inocente, para derramá-lo; e para a opressão, e para a violência, para as levar a efeito.

18 Portanto, assim diz o Senhor acerca de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não lamentarão por ele, dizendo: Ai, meu irmão; ou: Ai, minha irmã! nem lamentarão por ele, dizendo: Ai, senhor; ou: Ai, sua majestade!

19 Em sepultura de jumento será sepultado, arrastando-o e lançando-o para bem longe, fora das portas de Jerusalém.

20

Sobe ao Líbano, e clama, e levanta a tua voz em Basã, e clama pelas passagens, que estão destruídos os teus amantes.

21 Falei contigo na tua prosperidade, porém tu disseste: Não ouvirei. Este é o teu caminho, desde a tua mocidade, que nunca deste ouvidos à minha voz.

22 O vento apascentará todos os teus pastores, e os teus amantes irão para o cativeiro; certamente então te envergonharás e serás humilhada, por causa de toda a tua maldade.

23 Ó tu, que habitas no Líbano e fazes o teu ninho nos cedros, quão lastimada serás quando te vierem as dores e os ais como da que está de parto!

24 Vivo eu, diz o Senhor, que ainda que Conias, filho de Joaquim, rei de Judá, fosse o anel do selo na minha mão direita, eu dali te arrancaria.

25 E te entregarei na mão dos que buscam a tua vida, e na mão daqueles diante de quem tu temes, a saber, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão dos caldeus.

26 E lançar-te-ei, a ti e à tua mãe que te deu à luz, a uma terra estranha, em que não nasceste, e ali morrereis.

27 E à terra, para a qual eles com toda a sua alma desejam retornar, a ela não retornarão.

28 É, pois, este homem Conias um vil ídolo quebrado? ou um vaso de que ninguém se agrada? Por que razão foram arremessados fora, ele e a sua geração, e arrojados para uma terra que não conhecem?

29 Ó terra, terra, terra! ouve a palavra do Senhor.

30

Assim diz o Senhor: Escrevei que este homem está privado de filhos, homem que não prosperará nos seus dias; porque não prosperará ninguém da sua geração, que se assentar no trono de Davi, e que reinar ainda em Judá.

Capítulo 23

Os remanescentes de Israel serão reunidos nos últimos dias — O Renovo, que é o Rei (o Messias), reinará em retidão — Os falsos profetas que ensinam mentiras serão amaldiçoados.

1

Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.

2 Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não cuidastes delas; eis que vos castigarei pela maldade das vossas ações, diz o Senhor.

3 E eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus currais; e frutificarão, e se multiplicarão.

4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nenhuma delas faltará, diz o Senhor.

5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e sendo Rei, reinará, e procederá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra.

6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com que o nomearão: O Senhor Justiça Nossa.

7 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;

8 Mas: Vive o Senhor, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua terra.

9 Quanto aos profetas, o meu coração está quebrantado dentro de mim mesmo, todos os meus ossos tremem; sou como um homem bêbado, e como um homem vencido pelo vinho, por causa do Senhor, e por causa das palavras da sua santidade.

10

Porque a terra está cheia de adúlteros, e a terra chora por causa da maldição; os pastos do deserto se secam; porque a sua carreira é má, e a sua força não é reta.

11 Porque o profeta, assim como o sacerdote, são profanos; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor.

12 Portanto, o seu caminho lhes será como lugares escorregadios na escuridão; serão empurrados, e cairão nele; porque trarei sobre eles mal no ano do seu castigo, diz o Senhor.

13 Nos profetas de Samaria bem vi eu loucura; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel.

14 Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores, como Gomorra.

15 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer absinto, e os farei beber águas de fel; porque dos profetas de Jerusalém saiu a profanação sobre toda a terra.

16 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que vos profetizam; fazem-vos desvanecer; falam a visão do seu coração, não da boca do Senhor.

17 Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a obstinação do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.

18 Porque, quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? quem esteve atento à sua palavra, e ouviu?

19 Eis que saiu com indignação a tempestade do Senhor; e uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.

20

Não se desviará a ira do Senhor, até que execute e cumpra os pensamentos do seu coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.

21 Não mandei os profetas, contudo eles foram correndo; não falei a eles, contudo eles profetizaram.

22 Porém, se estivessem no meu conselho, então fariam o meu povo ouvir as minhas palavras, e os fariam voltar do seu mau caminho, e da maldade das suas ações.

23 Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe?

24 Esconder-se-ia alguém em esconderijos, que eu não o veja? diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor.

25 Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.

26 Até quando será isso? há, pois, ainda sonho no coração dos profetas que profetizam mentiras? são, porém, profetas do engano do seu coração;

27 Que cuidam fazer que o meu povo se esqueça do meu nome, pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.

28 O profeta que tem um sonho, conte o sonho; e aquele em quem está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.

29 Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiuça a penha?

30

Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um do seu próximo.

31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua língua, e dizem: Ele disse.

32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos falsos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; e eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o Senhor.

33 Quando, pois, te perguntar este povo, ou qualquer profeta, ou sacerdote, dizendo: Qual é o peso do Senhor? Então lhe dirás: Que peso? Que vos deixarei, diz o Senhor.

34 E quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao povo que disser: Peso do Senhor; eu castigarei o tal homem e a sua casa.

35 Assim direis, cada um ao seu próximo, e cada um ao seu irmão: Que respondeu o Senhor? e que falou o Senhor?

36 Mas nunca mais vos lembrareis do peso do Senhor; porque a cada um lhe servirá de peso a sua própria palavra; pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus.

37 Assim dirás ao profeta: Que te respondeu o Senhor, e que falou o Senhor?

38 Mas, porquanto dizeis: Peso do Senhor; portanto, assim o diz o Senhor: Porquanto dizeis esta palavra: Peso do Senhor, havendo-vos ordenado, dizendo: Não direis: Peso do Senhor;

39 Por isso, eis que também eu me esquecerei totalmente de vós, e a vós, e à cidade que vos dei a vós e a vossos pais, arrancarei de diante da minha face.

40

E porei sobre vós perpétuo opróbrio, e eterna vergonha, que não será esquecida.

Capítulo 24

Zedequias e o povo de Judá serão amaldiçoados e dispersos — Alguns serão reunidos de volta da Caldeia para servir ao Senhor.

1

Fez-me o Senhor ver, e eis aqui dois cestos de figos, postos diante do templo do Senhor, depois que Nabucodonosor, rei de Babilônia, levou em cativeiro Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá, e os carpinteiros, e os ferreiros de Jerusalém, e os levou a Babilônia.

2 Um cesto tinha figos muito bons, como os figos temporãos; porém o outro cesto tinha figos muito ruins, que não se podiam comer, de tão ruins que eram.

3 E disse-me o Senhor: Que vês tu, Jeremias? E eu disse: Figos; os figos bons, muito bons, e os ruins, muito ruins, que não se podem comer, de tão ruins que são.

4 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como estes bons figos, assim também conhecerei os de Judá, levados em cativeiro; os quais enviei deste lugar para a terra dos caldeus, para o seu bem.

6 Porei os meus olhos sobre eles, para o seu bem, e os farei voltar a esta terra, e edificá-los-ei, e não os destruirei; e plantá-los-ei, e não os arrancarei.

7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o Senhor; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração.

8 E como os figos ruins, que não se podem comer, de tão ruins que são (porque assim diz o Senhor), assim farei com Zedequias, rei de Judá, e com os seus príncipes, e com o restante de Jerusalém, que ficou nesta terra, e com os que habitam na terra do Egito.

9 E entregá-los-ei para que sejam objeto de terror, para mal a todos os reinos da terra, para opróbrio e por provérbio, e para escárnio, e por maldição em todos os lugares para onde os arrojar.

10

E enviarei entre eles a espada, a fome, e a peste, até que se consumam de sobre a terra que lhes dei a eles e a seus pais.

Capítulo 25

A Judá cativa servirá Babilônia por setenta anos — Várias nações serão derrubadas — Nos últimos dias, todos os habitantes da Terra estarão em guerra.

1

A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá no ano quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá (que é o primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilônia),

2 A qual falou o profeta Jeremias a todo o povo de Judá, e a todos os habitantes de Jerusalém, dizendo:

3 Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até este dia (que é o ano vinte e três), veio a mim a palavra do Senhor, e vo-la falei a vós, madrugando e falando; porém não escutastes.

4 Também vos enviou o Senhor todos os seus servos, os profetas, madrugando e enviando-os (porém não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir),

5 Dizendo: Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e habitai na terra que vos deu o Senhor, e a vossos pais, de eternidade em eternidade;

6 E não andeis após deuses alheios para os servirdes, e para vos inclinardes diante deles, nem me provoqueis à ira com a obra de vossas mãos, para que eu não vos faça mal.

7 Porém não me destes ouvidos, diz o Senhor, para me provocardes à ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.

8 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: Porquanto não escutastes as minhas palavras,

9 Eis que eu mandarei buscar todas as famílias do norte, diz o Senhor, como também Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e os farei objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações.

10

E farei perecer dentre eles a voz de regozijo, e a voz de alegria, a voz do esposo, e a voz da esposa, como também o som das mós, e a luz do candelabro.

11 E toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos.

12 Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, então castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, pela sua iniquidade, e a terra dos caldeus; farei deles desolações perpétuas.

13 E trarei sobre esta terra todas as minhas palavras, que falei contra ela, a saber, tudo quanto está escrito neste livro, que profetizou Jeremias contra todas estas nações.

14 Porque também deles se servirão muitas nações e grandes reis; assim, lhes pagarei segundo os seus feitos, e segundo as obras das suas mãos.

15 Porque assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: Toma da minha mão este cálice do vinho do furor, e darás de beber dele a todas as nações, às quais eu te enviarei.

16 Para que bebam e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada que eu enviarei entre eles.

17 E tomei o cálice da mão do Senhor, e dei de beber a todas as nações, às quais o Senhor me tinha enviado:

18 A Jerusalém, e às cidades de Judá, e aos seus reis, e aos seus príncipes, para fazer deles uma desolação, um espanto, um assobio, e uma maldição, como hoje se vê;

19 Como também a Faraó, rei do Egito, e a seus servos, e a seus príncipes, e a todo o seu povo;

20

E a toda a mistura de gente, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da terra dos filisteus, e a Ascalom, e a Gaza, e a Ecrom, e ao restante de Asdode,

21 E a Edom, e a Moabe, e aos filhos de Amom;

22 E a todos os reis de Tiro, e a todos os reis de Sidom; e aos reis das ilhas que estão além do mar;

23 A Dedã, e a Tema, e a Buz, e a todos os que habitam nos últimos cantos da terra;

24 E a todos os reis da Arábia, e todos os reis da mistura de gente que habita no deserto;

25 E a todos os reis de Zinri, e a todos os reis de Elão, e a todos os reis da Média;

26 E a todos os reis do norte, os de perto, e os de longe, um com o outro, e a todos os reinos da terra, que estão sobre a face da terra; e o rei de Sesaque beberá depois deles.

27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebei, e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar-vos, por causa da espada que eu enviarei entre vós.

28 E acontecerá que, se não quiserem tomar o cálice da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Certamente bebereis.

29 Porque, eis que na cidade que se chama pelo meu nome começo a castigar; e sereis vós totalmente inocentes? Não sereis inocentes; porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos Exércitos.

30

Tu, pois, lhes profetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o alto bramará, e dará a sua voz desde a morada da sua santidade; terrivelmente bramará contra a sua habitação, e com grito de alegria, como dos que pisam as uvas, contra todos os moradores da terra.

31 Chegará o estrondo até a extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo com toda a carne; os ímpios entregará à espada, diz o Senhor.

32 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que o mal sai de nação a nação, e grande tormenta se levantará das extremidades da terra.

33 E serão os mortos do Senhor, naquele dia, desde uma extremidade da terra até a outra extremidade da terra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão como esterco sobre a face da terra.

34 Uivai, pastores, e clamai, e revolvei-vos na cinza, honrados do rebanho, porque se cumpriram os vossos dias para a matança, e a vossa dispersão, e vós então caireis como um vaso precioso.

35 E não haverá refúgio para os pastores, nem salvamento para os honrados do rebanho.

36 Voz de grito dos pastores, e uivo dos honrados do rebanho; porque o Senhor destruiu o pasto deles.

37 Porque as suas habitações pacíficas serão desarraigadas, por causa do furor da ira do Senhor.

38 Deixou o seu abrigo, como o filho de leão; porque a sua terra foi posta em assolação, por causa do furor do opressor, e por causa do furor da sua ira.

Capítulo 26

Jeremias profetiza a destruição do povo — Por causa disso, ele é acusado e julgado e posteriormente inocentado.

1

No princípio do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, veio esta palavra do Senhor, dizendo:

2 Assim diz o Senhor: Põe-te no átrio da casa do Senhor e fala a todas as cidades de Judá, que vêm adorar na casa do Senhor, todas as palavras que te mandei que lhes falasses; palavra nenhuma deixes;

3 Bem pode ser que ouçam, e se convertam cada um do seu mau caminho, e eu me arrependa do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade das suas ações.

4 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor: Se não me derdes ouvidos para andardes na minha lei, a qual tenho posto diante de vós,

5 Para que ouvísseis as palavras dos meus servos, os profetas, que eu vos envio, madrugando e enviando, mas não ouvistes;

6 Então farei que esta casa seja como Siló, e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da terra.

7 E os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo ouviram Jeremias falando estas palavras na casa do Senhor.

8 E sucedeu que, acabando Jeremias de dizer tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram-no os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, dizendo: Certamente morrerás,

9 Porque profetizaste no nome do Senhor, dizendo: Como Siló será esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que não haja morador nela. E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor.

10

E ouvindo os príncipes de Judá essas palavras, subiram da casa do rei à casa do Senhor, e se assentaram à entrada da porta nova do Senhor.

11 Então falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo o povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como o ouvistes com os vossos ouvidos.

12 E falou Jeremias a todos os príncipes e a todo o povo, dizendo: O Senhor me enviou para profetizar contra esta casa, e contra esta cidade, todas as palavras que ouvistes.

13 Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações, e ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós.

14 Eu, porém, eis que estou nas vossas mãos, fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos.

15 Porém sabei por certo que, se me matardes, trareis sangue inocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes; porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós, para falar aos vossos ouvidos todas essas palavras.

16 Então disseram os príncipes, e todo o povo, aos sacerdotes e aos profetas: Não é este homem réu de morte, porque em nome do Senhor, nosso Deus, nos falou.

17 Também se levantaram alguns homens dentre os anciãos da terra, e falaram a toda a congregação do povo, dizendo:

18 Miqueias, o morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a todo o povo de Judá, dizendo: Assim disse o Senhor dos Exércitos: Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém será montões de pedras, e o monte desta casa, altos de mato.

19 Porventura o mataram, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Porventura não temeu ao Senhor, e não suplicou à face do Senhor? E o Senhor se arrependeu do mal que falara contra eles; e nós fazemos um grande mal contra a nossa alma.

20

Também houve um homem que profetizava em nome do Senhor, a saber, Urias, filho de Semaías, de Quiriate-Jearim, o qual profetizou contra esta cidade, e contra esta terra, conforme todas as palavras de Jeremias.

21 E ouvindo o rei Joaquim, e todos os seus valentes, e todos os príncipes, as suas palavras, procurou o rei matá-lo; o que ouvindo Urias, temeu, e fugiu, e foi para o Egito;

22 Porém o rei Joaquim enviou uns homens ao Egito, a saber, Elnatã, filho de Acbor, e outros homens com ele ao Egito,

23 Os quais tiraram Urias do Egito, e o trouxeram ao rei Joaquim, que o matou à espada, e lançou o seu cadáver nas sepulturas dos filhos do povo.

24 A mão, pois, de Aicão, filho de Safã, foi com Jeremias, para que não o entregassem na mão do povo, para o matar.

Capítulo 27

O Senhor anuncia a muitas nações que elas hão de servir a Babilônia — Os utensílios da casa do Senhor serão levados para a Babilônia.

1

No princípio do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, veio esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo:

2 Assim me disse o Senhor: Faze cadeias e jugos, e põe-nos sobre o teu pescoço,

3 E envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moabe, e ao rei dos filhos de Amom, e ao rei de Tiro, e ao rei de Sidom, pela mão dos mensageiros que vêm a Jerusalém ter com Zedequias, rei de Judá.

4 E lhes darás ordens, que digam aos seus senhores: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Assim direis a vossos senhores:

5 Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face da terra, pelo meu grande poder, e com o meu braço estendido, e a dou àquele que agrada aos meus olhos.

6 E agora eu dei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam.

7 E todas as nações servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que também venha o tempo da sua própria terra; então muitas nações e grandes reis o subjugarão.

8 E acontecerá que a nação e o reino que não o servirem, a saber, a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e que não puserem o seu pescoço debaixo do jugo do rei de Babilônia, com espada, e com fome, e com peste castigarei essa nação, diz o Senhor, até que a consuma pela mão dele.

9 E vós não deis ouvidos aos vossos profetas, e aos vossos adivinhos, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos falam, dizendo: Não servireis ao rei de Babilônia.

10

Porque mentiras vos profetizam, para vos mandarem para longe da vossa terra, e para que eu vos lance dela, e vós pereçais.

11 Porém a nação que puser o seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, e o servir, eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor, e lavrá-la-á e habitará nela.

12 E falei com Zedequias, rei de Judá, conforme todas estas palavras, dizendo: Ponde o vosso pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, e servi-o, a ele e ao seu povo, e vivereis.

13 Por que morreriam tu e o teu povo, à espada, e à fome, e de peste, como o Senhor disse da nação que não servir ao rei de Babilônia?

14 E não deis ouvidos às palavras dos profetas, que vos falam, dizendo: Não servireis ao rei de Babilônia; porque vos profetizam mentiras.

15 Porque não os enviei, diz o Senhor, e profetizam no meu nome falsamente, para que eu vos lance fora, e pereçais, vós e os profetas que vos profetizam.

16 Também falei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Não deis ouvidos às palavras dos vossos profetas, que vos profetizam, dizendo: Eis que os utensílios da casa do Senhor agora cedo voltarão de Babilônia, porque vos profetizam mentiras.

17 Não lhes deis ouvidos, servi ao rei de Babilônia, e vivereis; por que se tornaria esta cidade em deserto?

18 Porém, se são profetas, e se há palavras do Senhor com eles, orem agora ao Senhor dos Exércitos, para que os utensílios que restaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém não sejam levados a Babilônia.

19 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos acerca das colunas, e do mar, e das bases, e do restante dos utensílios que restaram na cidade,

20

Que Nabucodonosor, rei de Babilônia, não tomou, quando transportou de Jerusalém para Babilônia Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, como também todos os nobres de Jerusalém;

21 Assim, pois, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca dos utensílios que restaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém:

22 A Babilônia serão levados, e ali ficarão até o dia em que os visitarei, diz o Senhor; então os farei subir, e os tornarei a trazer a este lugar.

Capítulo 28

Hananias profetiza falsamente que o jugo babilônico será quebrado.

1

E sucedeu no mesmo ano, no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, no ano quarto, no mês quinto, que me falou Hananias, filho de Azur, o profeta que era de Gibeom, na casa do Senhor, perante os olhos dos sacerdotes e de todo o povo, dizendo:

2 Assim fala o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Eu quebrei o jugo do rei de Babilônia.

3 Depois de passados dois anos completos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da casa do Senhor, que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei de Babilônia, e os levou a Babilônia.

4 Também Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, e todos os do cativeiro de Judá, que entraram em Babilônia, eu tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor; porque quebrarei o jugo do rei de Babilônia.

5 Então falou Jeremias, o profeta, a Hananias, o profeta, aos olhos dos sacerdotes, e aos olhos de todo o povo que estava na casa do Senhor.

6 Disse, pois, Jeremias, o profeta: Amém! Assim faça o Senhor; o Senhor confirme as tuas palavras, com que profetizaste, que torne a trazer os utensílios da casa do Senhor, e todos os do cativeiro de Babilônia a este lugar.

7 Porém ouve agora esta palavra, que eu falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:

8 Os profetas que existiram antes de mim e antes de ti, desde a antiguidade, eles profetizaram contra muitas terras, e contra grandes reinos, acerca de guerra, e de mal, e de peste.

9 O profeta que profetizar de paz, cumprindo-se a palavra daquele profeta, esse profeta será conhecido como aquele a quem o Senhor na verdade enviou.

10

Então Hananias, o profeta, tomou o jugo do pescoço do profeta Jeremias, e o quebrou.

11 E falou Hananias aos olhos de todo o povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Assim quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, depois de passados dois anos completos, de sobre o pescoço de todas as nações. E foi-se Jeremias, o profeta, pelo seu caminho.

12 Mas veio a palavra do Senhor a Jeremias, depois que Hananias, o profeta, quebrou o jugo de sobre o pescoço de Jeremias, o profeta, dizendo:

13 Vai, e fala a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste, mas em vez deles farás jugos de ferro.

14 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Jugo de ferro pus sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e servi-lo-ão, e até os animais do campo lhe dei.

15 E disse Jeremias, o profeta, a Hananias, o profeta: Ouve agora, Hananias: Não te enviou o Senhor, porém tu fizeste este povo confiar em mentiras.

16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano morrerás, porque falaste rebelião contra o Senhor.

17 E morreu Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês.

Capítulo 29

Jeremias diz aos judeus que estão na Babilônia que se preparem para setenta anos de cativeiro — Os que permaneceram em Jerusalém serão dispersos — Semaías profetiza falsamente e é amaldiçoado.

1

E estas são as palavras da carta que Jeremias, o profeta, enviou de Jerusalém, ao restante dos anciãos no cativeiro, como também aos sacerdotes, e aos profetas, e a todo o povo que Nabucodonosor havia transportado de Jerusalém a Babilônia;

2 Depois que saíram o rei Jeconias, e a rainha, e os eunucos, e os príncipes de Judá e Jerusalém, e os carpinteiros e ferreiros de Jerusalém,

3 Pela mão de Elasa, filho de Safã, e de Gemarias, filho de Hilquias, os quais enviou Zedequias, rei de Judá, a Babilônia, a Nabucodonosor, rei de Babilônia, dizendo:

4 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os que foram transportados, os quais fiz transportar de Jerusalém para Babilônia:

5 Edificai casas e habitai nelas; e plantai jardins, e comei o seu fruto.

6 Tomai mulheres e gerai filhos e filhas, e tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, e darão à luz filhos e filhas; e multiplicai-vos ali, e não vos diminuais.

7 E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.

8 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhais;

9 Porque eles vos profetizam falsamente no meu nome; não os enviei, diz o Senhor.

10

Porque assim diz o Senhor: Certamente que em se cumprindo setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.

11 Porque eu bem sei os pensamentos que eu penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.

12 Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.

13 E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.

14 E serei achado por vós, diz o Senhor, e farei retornar os vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.

15 Porque dizeis: O Senhor nos levantou profetas em Babilônia.

16 Porque assim diz o Senhor acerca do rei que se assenta no trono de Davi; e acerca de todo o povo que habita nesta cidade, a saber, de vossos irmãos, que não saíram convosco para o cativeiro;

17 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que enviarei entre eles a espada, a fome e a peste, e fá-los-ei como a figos podres, que não se podem comer, de tão ruins que são.

18 E persegui-los-ei com a espada, com a fome, e com a peste; dá-los-ei para servirem de comoção a todos os reinos da terra, como também por maldição, e por espanto, e por assobio, e por opróbrio entre todas as nações para onde os lançar;

19 Porquanto não deram ouvidos às minhas palavras, diz o Senhor, enviando-lhes eu os meus servos, os profetas, madrugando e enviando; porém vós não escutastes, diz o Senhor.

20

Vós, pois, ouvi a palavra do Senhor, todos os do cativeiro que enviei de Jerusalém a Babilônia.

21 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaseias, que vos profetizam falsamente no meu nome: Eis que os entregarei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele os ferirá diante dos vossos olhos.

22 E tomarão deles uma maldição todos os transportados de Judá, que estão em Babilônia, dizendo: O Senhor te faça como Zedequias, e como Acabe, os quais o rei de Babilônia assou no fogo;

23 Porquanto fizeram loucura em Israel, e cometeram adultério com a mulher de seu próximo, e falaram uma palavra em meu nome falsamente, que não lhes mandei, e eu o sei e sou testemunha disso, diz o Senhor.

24 E a Semaías, o neelamita, falarás, dizendo:

25 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Porquanto tu enviaste no teu nome cartas a todo o povo que está em Jerusalém, como também a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, e a todos os sacerdotes, dizendo:

26 O Senhor te pôs por sacerdote em lugar de Joiada, o sacerdote, para que haja encarregados da casa do Senhor sobre todo homem insano, e que profetiza, para o lançares na prisão e no cepo.

27 Agora, pois, por que não repreendeste Jeremias, o anatotita, que vos profetiza?

28 Porque por isso nos mandou a Babilônia, dizendo: Ainda o cativeiro muito há de durar; edificai casas, e habitai nelas; e plantai jardins, e comei o seu fruto.

29 E lera Sofonias, o sacerdote, esta carta aos ouvidos de Jeremias, o profeta.

30

E veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

31 Manda dizer a todos os do cativeiro: Assim diz o Senhor acerca de Semaías, o neelamita: Porquanto Semaías vos profetizou, e eu não o enviei, e vos fez confiar em mentiras,

32 Portanto, assim diz o Senhor: Eis que castigarei Semaías, o neelamita, e a sua semente; ele não terá ninguém que habite entre este povo, e não verá o bem que hei de fazer ao meu povo, diz o Senhor, porquanto falou rebelião contra o Senhor.

Capítulo 30

Nos últimos dias, Judá e Israel serão coligados nas suas próprias terras — Davi, seu rei (o Messias), reinará sobre eles.

1

A palavra que do Senhor veio a Jeremias, dizendo:

2 Assim fala o Senhor, Deus de Israel, dizendo: Escreve num livro todas as palavras que te falei.

3 Porque eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei retornar do cativeiro o meu povo Israel e Judá, diz o Senhor; e torná-los-ei a trazer à terra que dei a seus pais, e a possuirão.

4 E estas são as palavras que falou o Senhor, acerca de Israel e de Judá.

5 Porque assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor; temor, e não paz.

6 Perguntai, pois, e olhai, se o homem dá à luz. Por que, pois, vejo cada homem com as mãos sobre os lombos, como a que está dando à luz? e por que se tornaram pálidos todos os rostos?

7 Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! E é tempo de angústia para Jacó; porém será livrado dela.

8 Porque acontecerá naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, que eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço, e quebrarei as tuas cadeias; e nunca mais se servirão dele os estrangeiros.

9 Mas servirão ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhes levantarei.

10

Não temas, pois, tu, meu servo Jacó, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei de terras de longe, como também à tua semente, da terra do seu cativeiro; e Jacó retornará, e descansará, e ficará em sossego, e não haverá quem o atemorize.

11 Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar; porquanto darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei; porém a ti não darei fim, mas castigar-te-ei com justa medida, e de todo não te terei por inocente.

12 Porque assim diz o Senhor: Tua ferida é mortal; a tua chaga é dolorosa.

13 Não há quem julgue a tua causa, para saná-la; não tens remédios que possam curar.

14 Todos os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam por ti; porque te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, pela grandeza da tua maldade e multidão de teus pecados.

15 Por que gritas por causa da tua ferida? Tua dor é mortal. Pela grandeza de tua maldade, e multidão de teus pecados, eu fiz essas coisas.

16 Pelo que todos os que te devoram serão devorados; e todos os teus adversários, todos irão em cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque.

17 Porque te restaurarei a saúde, e te sararei das tuas chagas, diz o Senhor; porquanto te chamam a enjeitada. É Sião, dizem, já não há quem pergunte por ela.

18 Assim diz o Senhor: Eis que tornarei a trazer do cativeiro as tendas de Jacó, e apiedar-me-ei das suas moradas; e a cidade será reedificada sobre o seu montão, e a cidadela permanecerá no seu devido lugar.

19 E sairão deles o louvor e a voz de júbilo; e multiplicá-los-ei, e não serão diminuídos, e glorificá-los-ei, e não serão insignificantes.

20

E seus filhos serão como na antiguidade, e a sua congregação será confirmada perante o meu rosto; e castigarei todos os seus opressores.

21 E o seu príncipe será deles; e o seu governador sairá do meio deles, e o farei aproximar-se, e ele se achegará a mim; porque quem será aquele que empenhe o seu coração para se achegar a mim? diz o Senhor.

22 E ser-me-eis por povo, e eu vos serei por Deus.

23 Eis que a tormenta do Senhor, a sua indignação, saiu, uma tormenta varredora; cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.

24 Não voltará atrás o furor da ira do Senhor, até que tenha executado, e até que tenha cumprido os desígnios do seu coração; nos últimos dias entendereis isso.

Capítulo 31

Nos últimos dias, Israel será coligada — O Senhor declara que Efraim tem o direito de primogenitura — O Senhor fará com Israel um novo convênio, que será escrito no coração deles — Então, todo o Israel conhecerá o Senhor.

1

Naquele tempo, diz o Senhor, serei por Deus a todas as gerações de Israel, e elas me serão por povo.

2 Assim diz o Senhor: O povo dos que escaparam da espada encontrou graça no deserto, a saber, Israel, quando fui levá-lo para descansar.

3 Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benevolência te atraí.

4 Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus tamborins, e sairás na dança dos que se alegram.

5 Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; os plantadores as plantarão e desfrutarão dos frutos.

6 Porque haverá um dia em que gritarão os vigias sobre o monte de Efraim: Levantai-vos, e subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus.

7 Porque assim diz o Senhor: Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa do cabeça das nações; fazei-o ouvir, cantai louvores, e dizei: Salva, Senhor, o teu povo, o remanescente de Israel.

8 Eis que os trarei da terra do norte, e os congregarei das extremidades da terra; entre os quais haverá cegos e aleijados, grávidas e as de parto juntamente; com grande congregação voltarão para aqui.

9 Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito, no qual não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito.

10

Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquele que espalhou Israel o congregará e o guardará, como o pastor, o seu rebanho.

11 Porque o Senhor resgatou Jacó, e o livrou da mão do mais forte do que ele.

12 Assim que virão, e exultarão no alto de Sião, e correrão aos bens do Senhor, ao trigo, e ao mosto, e ao azeite, e aos cordeiros e bezerros; e a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais andarão tristes.

13 Então a virgem se alegrará na dança, como também os jovens e os velhos juntamente; e tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e os alegrarei na tristeza.

14 E saciarei a alma dos sacerdotes com gordura, e o meu povo se fartará com a minha bondade, diz o Senhor.

15 Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos; não quer ser consolada quanto a seus filhos, porque não existem.

16 Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois voltarão da terra do inimigo.

17 E há esperança no teu futuro para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos.

18 Bem ouvi eu que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me e fui castigado, como novilho ainda não domado; converte-me, e converter-me-ei, porque tu és o Senhor meu Deus.

19 Na verdade, depois que me converti, tive arrependimento; e depois que me dei conta, bati na coxa; envergonhei-me e também fui humilhado; porque levei o opróbrio da minha mocidade.

20

Não é Efraim para mim um filho precioso, criança do meu deleite? Porque depois que falei contra ele, ainda me lembrei dele cuidadosamente; por isso se comoveram por ele as minhas entranhas; deveras me compadecerei dele, diz o Senhor.

21 Levanta para ti sinais, põe para ti marcos, aplica o teu coração à vereda, ao caminho por onde andaste; volta, pois, ó virgem de Israel, volta a estas tuas cidades.

22 Até quando andarás errante, ó filha rebelde? Porque o Senhor criou uma nova coisa sobre a terra: uma mulher cercará um homem.

23 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ainda dirão esta palavra na terra de Judá, e nas suas cidades, quando eu fizer retornar os seus cativos: O Senhor te abençoe, ó morada de justiça, ó monte de santidade!

24 E nela habitarão Judá, e todas as suas cidades juntamente; como também os lavradores e os que estão com o rebanho.

25 Porque satisfiz a alma cansada, e toda alma entristecida saciei.

26 Nisto despertei, e olhei, e o meu sono foi doce para mim.

27 Eis que dias vêm, diz o Senhor, quando semearei a casa de Israel, e a casa de Judá, com a semente de homens, e com a semente de animais.

28 E acontecerá que, como velei sobre eles para arrancar, e para derrubar, e para transtornar, e para destruir, e para afligir, assim velarei sobre eles para edificar e para plantar, diz o Senhor.

29 Naqueles dias nunca mais dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram.

30

Mas cada um morrerá pela sua iniquidade; de todo homem que comer as uvas verdes os dentes se embotarão.

31 Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um novo convênio com a casa de Israel e com a casa de Judá.

32 Não conforme o convênio que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram o meu convênio, ainda que me tenha desposado com eles, diz o Senhor.

33 Mas este é o convênio que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e lhes serei por Deus, e eles me serão por povo.

34 E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.

35 Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e os cursos estabelecidos da lua e das estrelas para luz da noite, que fende o mar, e faz as suas ondas bramarem; o Senhor dos Exércitos é o seu nome.

36 Se falharem esses cursos estabelecidos de diante de mim, diz o Senhor, cessará também a semente de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.

37 Assim disse o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondarem-se os fundamentos da terra cá embaixo, também eu rejeitarei toda a semente de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor.

38 Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que esta cidade será reedificada para o Senhor, desde a torre de Hananeel até a porta da esquina.

39 E o cordel de medir sairá também adiante, defronte dele, até o outeiro de Garebe, e virar-se-á para Goa.

40

E todo o vale dos cadáveres e da cinza, e todos os campos até o ribeiro de Cedrom, até a esquina da porta dos cavalos para o oriente, serão consagrados ao Senhor; não se arrancará nem se derrubará mais eternamente.

Capítulo 32

Jeremias é aprisionado por Zedequias — O profeta compra terras para simbolizar o retorno de Israel à sua terra — O Senhor reunirá Israel e fará um convênio eterno com eles.

1

A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, no ano décimo de Zedequias, rei de Judá; este ano foi o ano dezoito de Nabucodonosor.

2 E naquele tempo, o exército do rei de Babilônia cercava Jerusalém; e Jeremias, o profeta, estava encerrado no pátio da guarda que estava na casa do rei de Judá;

3 Porque Zedequias, rei de Judá, o tinha encerrado, dizendo: Por que profetizas tu, dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que entrego esta cidade na mão do rei de Babilônia, e ele a tomará;

4 E Zedequias, rei de Judá, não escapará das mãos dos caldeus; mas certamente será entregue na mão do rei de Babilônia, e com ele falará boca a boca, e os seus olhos verão os dele;

5 E levará Zedequias para Babilônia, e ali estará, até que eu o visite, diz o Senhor, e ainda que pelejeis contra os caldeus, não ganhareis?

6 Disse, pois, Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

7 Eis que Hanameel, filho de Salum, teu tio, virá a ti, dizendo: Compra para ti a minha herdade que está em Anatote, pois tens o direito de resgate para comprá-la.

8 Veio, pois, a mim Hanameel, filho de meu tio, segundo a palavra do Senhor, ao pátio da guarda, e me disse: Compra agora a minha herdade que está em Anatote, que está na terra de Benjamim; porque tens o direito hereditário, e tens o resgate; compra-a para ti. Então entendi que isso era a palavra do Senhor.

9 Comprei, pois, a herdade de Hanameel, filho de meu tio, a qual está em Anatote; e pesei-lhe o dinheiro, dezessete siclos de prata.

10

E assinei a escritura, e selei-a, e o fiz testificar por testemunhas; e pesei-lhe o dinheiro numa balança.

11 E tomei a escritura da compra, tanto a selada, conforme o mandado e os estatutos, como a aberta.

12 E dei a escritura da compra a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaseias, perante os olhos de Hanameel, filho de meu tio, e perante os olhos das testemunhas, que assinaram a escritura da compra, e perante os olhos de todos os judeus que se assentavam no pátio da guarda.

13 E dei ordem a Baruque, perante os olhos deles, dizendo:

14 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Toma estas escrituras, esta escritura de compra, tanto a selada, como a aberta, e põe-nas num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias,

15 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas nesta terra.

16 E depois que dei a escritura da compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor, dizendo:

17 Ah, Senhor Deus! Eis que tu fizeste os céus e a terra com o teu grande poder, e com o teu braço estendido; coisa alguma te é demasiadamente maravilhosa;

18 Tu que usas de benignidade com milhares, e retribuis a maldade dos pais no seio dos filhos depois deles; o grande, o poderoso Deus cujo nome é o Senhor dos Exércitos;

19 Grande em conselho, e magnífico em feitos; porque os teus olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas obras;

20

Que puseste sinais e maravilhas na terra do Egito até o dia de hoje, tanto em Israel, como entre os outros homens, e te fizeste um nome, tal qual tu tens neste dia.

21 E tiraste o teu povo Israel da terra do Egito, com sinais e com maravilhas, e com mão forte, e com braço estendido, e com grande terror,

22 E lhes deste esta terra, que juraste a seus pais que lhes havias de dar; terra que mana leite e mel.

23 E entraram nela, e a possuíram, porém não obedeceram à tua voz, nem andaram na tua lei; tudo o que lhes mandaste que fizessem, eles não o fizeram; pelo que fizeste que lhes sucedesse todo este mal.

24 Eis aqui as rampas! vieram contra a cidade para tomá-la, e a cidade está dada na mão dos caldeus, que pelejam contra ela, por causa da espada, e da fome, e da pestilência; e o que falaste se fez, e eis aqui o estás presenciando.

25 Contudo tu me disseste, Senhor Deus: Compra para ti o campo por dinheiro, e faze que o testifiquem testemunhas, posto que a cidade esteja dada na mão dos caldeus.

26 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

27 Eis que eu sou o Senhor Deus de toda a carne; porventura ser-me-ia coisa alguma demasiadamente maravilhosa?

28 Portanto, assim diz o Senhor: Eis que eu entrego esta cidade na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele tomá-la-á.

29 E os caldeus, que pelejam contra esta cidade, entrarão nela, porão fogo nesta cidade, e queimarão juntamente as casas, sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal, e ofereceram libações a outros deuses, para me provocarem à ira.

30

Porque os filhos de Israel e os filhos de Judá não fizeram senão mal aos meus olhos, desde a sua mocidade; porque os filhos de Israel somente me provocaram à ira com as obras das suas mãos, diz o Senhor.

31 Porque para a minha ira e para o meu furor me foi esta cidade, desde o dia em que a edificaram, e até o dia de hoje, para que a tirasse de diante da minha face;

32 Por toda a maldade dos filhos de Israel, e dos filhos de Judá, que fizeram, para me provocarem à ira, tanto eles como os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes, e os seus profetas, como também os homens de Judá e os moradores de Jerusalém.

33 E me viraram as costas, e não o rosto; ainda que eu os tivesse ensinado, madrugando e ensinando-os, contudo eles não ouviram, para receberem o ensino.

34 Antes puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a profanarem.

35 E edificaram os altos de Baal, que estão no vale do filho de Hinom, para fazerem que seus filhos e suas filhas passassem pelo fogo a Moloque; o que nunca lhes ordenei, nem subiu ao meu coração, que fizessem tal abominação, para fazerem pecar Judá.

36 E por isso agora assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca desta cidade, da qual vós dizeis: está dada na mão do rei de Babilônia, à espada, e à fome, e à pestilência;

37 Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os houver lançado na minha ira, e no meu furor, e na minha grande indignação; e os tornarei a trazer a este lugar, e farei que habitem nele seguramente.

38 E me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.

39 E lhes darei um mesmo coração, e um mesmo caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem, e de seus filhos, depois deles.

40

E farei com eles um eterno convênio, que não deixarei de segui-los, para fazer-lhes bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.

41 E alegrar-me-ei deles, fazendo-lhes bem; e certamente os plantarei nesta terra, com todo o meu coração e com toda a minha alma.

42 Porque assim diz o Senhor: Como eu trouxe sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre ele todo o bem que eu falo a respeito dele.

43 E comprar-se-ão campos nesta terra, da qual vós dizeis: está tão deserta, que não há nela nem homem nem animal; está dada na mão dos caldeus.

44 Comprarão campos por dinheiro, e assinarão as escrituras, e as selarão, e farão que testifiquem testemunhas na terra de Benjamim, e nos contornos de Jerusalém, e nas cidades de Judá, e nas cidades das montanhas, e nas cidades das planícies, e nas cidades do sul; porque os farei voltar do seu cativeiro, diz o Senhor.

Capítulo 33

Judá e Israel serão coligados — É prometido o Renovo de Retidão (o Messias) — A Semente de Davi (o Messias) reinará para sempre.

1

E veio a palavra do Senhor a Jeremias, uma segunda vez, estando ele ainda encerrado no pátio da guarda, dizendo:

2 Assim diz o Senhor que o faz, o Senhor que forma isto, para o estabelecer; o Senhor é o seu nome.

3 Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e inacessíveis que não sabes.

4 Porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel, das casas desta cidade, e das casas dos reis de Judá, que foram derrubadas com as rampas e à espada:

5 Bem entraram a pelejar contra os caldeus, mas isso é para os encher de cadáveres de homens, que feri na minha ira e no meu furor; porquanto escondi o meu rosto desta cidade, por causa de toda a sua maldade.

6 Eis que eu farei subir sobre ela saúde e cura, e os sararei; e lhes manifestarei abundância de paz e de verdade.

7 E farei retornar os cativos de Judá e os cativos de Israel, e os edificarei como ao princípio.

8 E os purificarei de toda a sua maldade com que pecaram contra mim; e perdoarei todas as suas maldades, com que pecaram contra mim, e com que transgrediram contra mim.

9 E servir-me-á de nome de alegria, de louvor, e de ornamento, entre todas as nações da terra, que ouvirem todo o bem que eu lhes faço; e espantar-se-ão e perturbar-se-ão por causa de todo o bem, e por causa de toda a paz que eu lhes dou.

10

Assim diz o Senhor: Neste lugar (de que vós dizeis que está deserto, e não há nele nem homem nem animal), nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, que tão assoladas estão, que não há nelas nem homem, nem morador, nem animal, ainda se ouvirá

11 A voz de regozijo, e a voz de alegria, a voz de esposo e a voz de esposa, e a voz dos que dizem: Louvai ao Senhor dos Exércitos, porque bom é o Senhor, porque a sua benignidade dura perpetuamente; como também dos que trazem louvor à casa do Senhor; porque farei retornar os cativos da terra como ao princípio, diz o Senhor.

12 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda neste lugar, que está tão deserto, que não há nele nem homem, nem ainda animal, e em todas as suas cidades, haverá uma morada de pastores, que façam repousar o gado.

13 Nas cidades das montanhas, nas cidades das planícies, e nas cidades do sul, e na terra de Benjamim, e nos contornos de Jerusalém, e nas cidades de Judá, ainda passará o gado pelas mãos de quem os conte, diz o Senhor.

14 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que cumprirei a palavra boa que falei à casa de Israel e sobre a casa de Judá.

15 Naqueles dias e naquele tempo farei brotar a Davi um Renovo de justiça, e fará juízo e justiça na terra.

16 Naqueles dias Judá será salvo, e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome que lhe chamarão a ele, o Senhor, Justiça Nossa.

17 Porque assim diz o Senhor: Nunca faltará a Davi homem que se assente sobre o trono da casa de Israel;

18 Nem aos sacerdotes levíticos faltará homem de diante de mim, que ofereça holocausto, e queime oferta de manjares, e faça sacrifício todos os dias.

19 E veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

20

Assim diz o Senhor: Se puderdes invalidar o meu convênio do dia, e o meu convênio da noite, de tal modo que não haja dia e noite a seu tempo,

21 Também se poderá invalidar o meu convênio com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas sacerdotes, meus ministros.

22 Como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim multiplicarei a semente de Davi, meu servo, e os levitas que ministram diante de mim.

23 E veio ainda a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

24 Porventura não tens visto o que este povo fala, dizendo: As duas famílias, as quais o Senhor elegeu, agora as rejeitou? Assim, desprezam o meu povo, como se não fora mais um povo diante deles.

25 Assim diz o Senhor: Se o meu convênio do dia e da noite não existir, e eu não determinar os cursos estabelecidos dos céus e da terra,

26 Também rejeitarei a semente de Jacó, e de Davi, meu servo, para que eu não tome da sua semente os que dominem sobre a semente de Abraão, Isaque, e Jacó; porque farei retornar os seus cativos, e apiedar-me-ei deles.

Capítulo 34

Jeremias profetiza o cativeiro de Zedequias — O povo de Judá será motivo de horror para todos os reinos da Terra.

1

A palavra que do Senhor veio a Jeremias, quando Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército, e todos os reinos da terra, que estavam sob o domínio da sua mão, e todos os povos pelejavam contra Jerusalém, e contra todas as suas cidades, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Vai, e fala a Zedequias, rei de Judá, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: Eis que eu dou esta cidade na mão do rei de Babilônia, e queimá-la-á a fogo.

3 E tu não escaparás da sua mão; antes, decerto serás preso, e serás entregue na sua mão; e teus olhos verão os olhos do rei de Babilônia, e ele te falará boca a boca, e entrarás em Babilônia.

4 Todavia, ouve a palavra do Senhor, ó Zedequias, rei de Judá; assim diz o Senhor de ti: Não morrerás à espada.

5 Em paz morrerás, e conforme queimaram perfumes para teus pais, os reis precedentes, que foram antes de ti, assim os queimarão para ti, e prantear-te-ão, dizendo: Ah, senhor! porque eu disse a palavra, diz o Senhor.

6 E falou Jeremias, o profeta, a Zedequias, rei de Judá, todas estas palavras, em Jerusalém,

7 Quando o exército do rei de Babilônia pelejava contra Jerusalém, e contra todas as cidades de Judá, que restaram, contra Laquis e contra Azeca; porque estas cidades fortificadas restaram, dentre as cidades de Judá.

8 A palavra que do Senhor veio a Jeremias, depois que o rei Zedequias fez convênio com todo o povo que havia em Jerusalém, para lhes apregoar a liberdade;

9 Que cada um despedisse livre o seu servo, e cada um a sua serva, hebreu ou hebreia; de maneira que ninguém os escravizasse, sendo judeus, seus irmãos.

10

E ouviram todos os príncipes, e todo o povo que entrou no convênio, que cada um despedisse livre o seu servo, e cada um a sua serva, de maneira que não mais os escravizassem; ouviram, pois, e os soltaram.

11 Porém depois se arrependeram, e fizeram voltar os servos e as servas que haviam deixado ir livres, e os sujeitaram por servos e por servas.

12 Veio, pois, a palavra do Senhor a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:

13 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu fiz convênio com vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, da casa da servidão, dizendo:

14 Ao fim de sete anos deixareis ir cada um a seu irmão hebreu, que te for vendido e te houver servido seis anos, e despedi-lo-ás livre de ti; porém vossos pais não me ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos.

15 E vos havíeis hoje convertido, e tínheis feito o que é reto aos meus olhos, apregoando liberdade cada um ao seu próximo; e tínheis feito diante de mim um convênio, na casa que se chama pelo meu nome;

16 Porém mudastes, e profanastes o meu nome, e fizestes voltar cada um o seu servo, e cada um a sua serva, os quais tínheis despedido livres conforme a sua vontade; e os sujeitastes, para que se vos fizessem servos e servas.

17 Portanto, assim diz o Senhor: Vós não me ouvistes, para apregoardes a liberdade, cada um ao seu irmão, e cada um ao seu próximo; pois eis que eu vos apregoo a liberdade, diz o Senhor, para a espada, para a pestilência, e para a fome; e farei de vós motivo de horror a todos os reinos da terra.

18 E entregarei os homens que transgrediram o meu convênio, que não cumpriram as palavras do convênio que fizeram diante de mim, com o bezerro que fenderam em duas partes, e passaram pelo meio das suas porções;

19 A saber, os príncipes de Judá, e os príncipes de Jerusalém, os eunucos, e os sacerdotes, e todo o povo da terra que passou por meio das porções do bezerro;

20

Entregá-los-ei, digo, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte, e os cadáveres deles serão para mantimento às aves dos céus e aos animais da terra.

21 E até o rei Zedequias, rei de Judá, e seus príncipes entregarei na mão de seus inimigos e na mão dos que procuram a sua morte, a saber, na mão do exército do rei de Babilônia, que se retirou de vós.

22 Eis que eu darei ordem, diz o Senhor, e os farei retornar a esta cidade, e pelejarão contra ela, e a tomarão, e a queimarão a fogo; e as cidades de Judá porei em assolação, que ninguém habite nelas.

Capítulo 35

Os recabitas são elogiados e abençoados por sua obediência.

1

A palavra que do Senhor veio a Jeremias, nos dias de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:

2 Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, e leva-os à casa do Senhor, a uma das câmaras e dá-lhes vinho para beber.

3 Então tomei Jazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, e seus irmãos, e todos os seus filhos, e toda a casa dos recabitas;

4 E os levei à casa do Senhor, à câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto à câmara dos príncipes, que está sobre a câmara de Maaseias, filho de Salum, guarda do vestíbulo;

5 E pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho, e copos, e disse-lhes: Bebei vinho.

6 Porém eles disseram: Não beberemos vinho; porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: Não bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos perpetuamente;

7 Nem edificareis casa, nem semeareis semente, nem plantareis vinha, nem a possuireis; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a face da terra, em que vós andais peregrinando.

8 Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas;

9 Nem edificamos casas para nossa habitação, nem temos vinha, nem campo, nem semente.

10

E habitamos em tendas, e assim ouvimos e fizemos conforme tudo quanto nos mandou Jonadabe, nosso pai.

11 Sucedeu, porém, que, subindo Nabucodonosor, rei de Babilônia, a esta terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalém, por causa do exército dos caldeus, e por causa do exército dos sírios; e assim ficamos em Jerusalém.

12 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

13 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Vai, e dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Porventura nunca aceitareis ensino, para ouvirdes as minhas palavras? diz o Senhor.

14 As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não beberam até este dia; antes, ouviram o mandamento de seu pai, e eu vos falei, madrugando e falando, porém vós não me ouvistes.

15 E vos enviei todos os meus servos, os profetas, madrugando, e enviando, e dizendo: Convertei-vos agora, cada um do seu mau caminho, e fazei boas as vossas ações, e não sigais outros deuses para servi-los; e assim ficareis na terra que dei a vós e a vossos pais; porém não inclinastes o vosso ouvido, nem me obedecestes.

16 Porquanto os filhos de Jonadabe, filho de Recabe, guardaram o mandamento de seu pai, que lhes ordenou; e este povo não me obedeceu;

17 Por isso assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre Judá, e sobre todos os moradores de Jerusalém, todo o mal que falei contra eles; porquanto lhes falei, e não obedeceram; e clamei a eles, e não responderam.

18 E à casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Porquanto obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes conforme tudo quanto vos ordenou;

19 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Nunca faltará homem a Jonadabe, filho de Recabe, que esteja perante a minha face todos os dias.

Capítulo 36

Baruque escreve as profecias de Jeremias e as lê na casa do Senhor — Joaquim, o rei, queima o livro, e lhe sobrevém o juízo do Senhor — Jeremias dita novamente as profecias e acrescenta muitas outras.

1

Sucedeu, pois, no ano quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, que veio esta palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

2 Toma o rolo de um livro, e escreve nele todas as palavras que te tenho falado de Israel, e de Judá, e de todas as nações, desde o dia em que eu falei a ti, desde os dias de Josias até o dia de hoje.

3 Porventura ouvirão os da casa de Judá todo o mal que eu lhes intento fazer, para que cada qual se converta do seu mau caminho, e eu perdoe a sua maldade e o seu pecado.

4 Então Jeremias chamou Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque da boca de Jeremias todas as palavras do Senhor, que lhe tinha falado, no rolo de um livro.

5 E Jeremias deu ordem a Baruque, dizendo: Eu estou preso; não posso entrar na casa do Senhor.

6 Entra, pois, tu, e lê do rolo, que escreveste da minha boca, as palavras do Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum; e também aos ouvidos de todo o Judá que vem das suas cidades as lerás.

7 Porventura cairá a sua súplica diante do Senhor, e se converterá cada um do seu mau caminho; porque grande é a ira e o furor que o Senhor pronunciou contra este povo.

8 E fez Baruque, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado Jeremias, o profeta, lendo naquele livro as palavras do Senhor, na casa do Senhor.

9 Porque aconteceu, no ano quinto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, no mês nono, que apregoaram jejum diante do Senhor a todo o povo em Jerusalém, como também a todo o povo que vinha das cidades de Judá a Jerusalém.

10

Leu, pois, Baruque naquele livro as palavras de Jeremias na casa do Senhor, na câmara de Gemarias, filho de Safã, o escriba, no átrio superior, à entrada da porta nova da casa do Senhor, aos ouvidos de todo o povo.

11 E ouvindo Micaías, filho de Gemarias, filho de Safã, todas as palavras do Senhor, naquele livro,

12 Desceu à casa do rei, à câmara do escriba. E eis que todos os príncipes estavam ali assentados, a saber: Elisama, o escriba, e Delaías, filho de Semaías, e Elnatã, filho de Acbor, e Gemarias, filho de Safã, e Zedequias, filho de Hananias, como também todos os príncipes.

13 E Micaías anunciou-lhes todas as palavras que ouvira, lendo-as Baruque do livro, aos ouvidos do povo.

14 Então todos os príncipes enviaram Jeudi, filho de Netanias, filho de Selemias, filho de Cusi, a Baruque para lhe dizer: O rolo que leste aos ouvidos do povo toma-o na tua mão, e vem. E Baruque, filho de Nerias, tomou o rolo na sua mão, e foi para eles.

15 E disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos nossos ouvidos. E leu Baruque aos ouvidos deles.

16 E sucedeu que, ouvindo eles todas aquelas palavras, voltaram-se espantados uns para os outros, e disseram a Baruque: Sem dúvida nenhuma anunciaremos ao rei todas estas palavras.

17 E perguntaram a Baruque, dizendo: Declara-nos agora como escreveste da sua boca todas estas palavras.

18 E disse-lhes Baruque: Da sua boca ditava-me todas estas palavras, e eu as escrevia no livro com tinta.

19 Então disseram os príncipes a Baruque: Vai, esconde-te, tu e Jeremias, e ninguém saiba onde estais.

20

E foram ter com o rei no átrio; porém depositaram o rolo na câmara de Elisama, o escriba, e denunciaram aos ouvidos do rei todas aquelas palavras.

21 Então o rei enviou Jeudi, para que tomasse o rolo; e tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e leu-o Jeudi aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei;

22 (Estava então o rei assentado na casa de inverno, pelo nono mês; e estava diante dele um braseiro aceso).

23 E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.

24 E não temeram, nem rasgaram as suas vestes, o rei e todos os seus servos que ouviram todas essas palavras.

25 Ainda que Elnatã, e Delaías, e Gemarias rogassem ao rei que não queimasse o rolo, porém não lhes deu ouvidos.

26 Antes, deu ordem o rei a Jerameel, filho de Hameleque, e a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem Baruque, o escrivão, e Jeremias, o profeta; mas o Senhor os tinha escondido.

27 Então veio a Jeremias a palavra do Senhor, depois que o rei queimara o rolo e as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, dizendo:

28 Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, o qual queimou Joaquim, rei de Judá.

29 E a Joaquim, rei de Judá, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste este rolo, dizendo: Por que escreveste nele, dizendo: Certamente virá o rei de Babilônia, e destruirá esta terra e fará cessar nela homens e animais?

30

Portanto, assim diz o Senhor, acerca de Joaquim, rei de Judá: Não terá quem se assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor do dia, e à geada da noite.

31 E castigarei a ele, e à sua semente, e aos seus servos, pela sua iniquidade; e trarei sobre ele e sobre os moradores de Jerusalém, e sobre os homens de Judá, todo aquele mal que lhes falei, e não ouviram.

32 Tomou, pois, Jeremias outro rolo, e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele da boca de Jeremias todas as palavras do livro que Joaquim, rei de Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se acrescentaram a elas muitas palavras semelhantes.

Capítulo 37

Jeremias profetiza que o Egito não salvará Judá de Babilônia — Ele é colocado no calabouço — Zedequias o transfere para o átrio da guarda.

1

E o rei Zedequias, filho de Josias, a quem Nabucodonosor, rei de Babilônia, constituiu rei na terra de Judá, reinou em lugar de Conias, filho de Joaquim.

2 Porém nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra deram ouvidos às palavras do Senhor, que falou pelo ministério de Jeremias, o profeta.

3 Contudo o rei Zedequias mandou Jucal, filho de Selemias, e Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, a Jeremias, o profeta, dizendo: Roga agora por nós ao Senhor nosso Deus.

4 E entrava e saía Jeremias entre o povo, porque não o tinham posto na casa do cárcere.

5 E o exército de Faraó saiu do Egito; e ouvindo os caldeus que sitiavam Jerusalém essas novas, retiraram-se de Jerusalém.

6 Então veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor, dizendo:

7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou a mim para perguntar-me: Eis que o exército de Faraó, que saiu para socorro vosso, voltará para a sua terra no Egito.

8 E voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão a fogo.

9 Assim diz o Senhor: Não enganeis a vossa alma, dizendo: Sem dúvida se irão os caldeus de nós; porque não se irão.

10

Porque ainda que derrotásseis todo o exército dos caldeus, que peleja contra vós, e restassem deles apenas homens feridos, cada um levantar-se-ia na sua tenda, e queimaria a fogo esta cidade.

11 E sucedeu que, subindo de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do exército de Faraó,

12 Saiu Jeremias de Jerusalém, para ir à terra de Benjamim, para ali receber a sua parte no meio do povo.

13 Porém, estando ele à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da guarda, cujo nome era Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias, o qual prendeu Jeremias, o profeta, dizendo: Tu foges para os caldeus.

14 E Jeremias disse: Isso é falso, não fujo para os caldeus. Porém não lhe deu ouvidos; antes Jerias prendeu Jeremias, e o levou aos príncipes.

15 E os príncipes se iraram muito contra Jeremias, e o feriram; e o puseram na casa da prisão, na casa de Jônatas, o escrivão; porque tinham feito dela a casa do cárcere.

16 Entrando, pois, Jeremias na casa do calabouço, e nas suas celas, ficou ali Jeremias muitos dias.

17 E o rei Zedequias mandou soltá-lo; e o rei perguntou-lhe em sua casa, em segredo, e disse: Há porventura alguma palavra do Senhor? E disse Jeremias: Há. E ele disse: Na mão do rei de Babilônia serás entregue.

18 Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em que tenho pecado contra ti, e contra os teus servos, e contra este povo, para que me pusésseis na casa do cárcere?

19 Onde estão agora os vossos profetas, que vos profetizavam, dizendo: O rei de Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra?

20

Ora, pois, ouve agora, ó rei, meu senhor: Caia agora a minha súplica diante de ti, e não me deixes retornar à casa de Jônatas, o escriba, para que eu não venha a morrer ali.

21 Então deu ordem o rei Zedequias que pusessem Jeremias no átrio da guarda; e deram-lhe um pão a cada dia, da rua dos padeiros, até que se acabou todo o pão da cidade; assim ficou Jeremias no átrio da guarda.

Capítulo 38

Os governantes lançam Jeremias em uma cisterna lamacenta — Ele é libertado por Ebede-Meleque, um etíope, e colocado no átrio da guarda — Jeremias aconselha Zedequias a respeito da guerra.

1

Ouviram, pois, Sefatias, filho de Matã, e Gedalias, filho de Pasur, e Jucal, filho de Selemias, e Pasur, filho de Malquias, as palavras que falava Jeremias a todo o povo, dizendo:

2 Assim diz o Senhor: O que ficar nesta cidade morrerá à espada, de fome e de pestilência; mas o que sair aos caldeus viverá; porque a sua alma lhe será por despojo, e viverá.

3 Assim diz o Senhor: Esta cidade infalivelmente se entregará na mão do exército do rei de Babilônia, e ele tomá-la-á.

4 E disseram os príncipes ao rei: Morra este homem, visto que ele assim enfraquece as mãos dos homens de guerra que restaram nesta cidade, e as mãos de todo o povo, falando-lhes tais palavras; porque este homem não busca a paz para este povo, senão o mal.

5 E disse o rei Zedequias: Eis que ele está na vossa mão; porque o rei não pode fazer coisa alguma contra vós.

6 Então tomaram Jeremias, e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; e desceram Jeremias com cordas; porém na cisterna não havia água, senão lama; e atolou-se Jeremias na lama.

7 E ouvindo Ebede-Meleque, o etíope, um eunuco que então estava na casa do rei, que puseram Jeremias na cisterna (estava, porém, o rei assentado à porta de Benjamin),

8 Logo Ebede-Meleque saiu da casa do rei, e falou ao rei, dizendo:

9 Ó rei, senhor meu, mal fizeram estes homens em tudo quanto fizeram a Jeremias, o profeta, lançando-o na cisterna; sendo que morrerá de fome no lugar onde se acha, pois não mais pão na cidade.

10

Então deu ordem o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma contigo daqui trinta homens, e tira Jeremias, o profeta, da cisterna, antes que morra.

11 E tomou Ebede-Meleque os homens consigo, e foi à casa do rei, por debaixo da tesouraria, e tomou dali uns trapos velhos e rotos, e trapos velhos apodrecidos, e desceu-os a Jeremias na cisterna com cordas.

12 E disse Ebede-Meleque, o etíope, a Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e rotos, apodrecidos, debaixo das axilas de teus braços, por debaixo das cordas. E Jeremias o fez assim.

13 E tiraram Jeremias com as cordas, e o subiram da cisterna; e ficou Jeremias no átrio da guarda.

14 Então o rei Zedequias mandou trazer à sua presença Jeremias, o profeta, à terceira entrada, que estava na casa do Senhor; e disse o rei a Jeremias: Pergunto-te uma coisa, não me encubras nada.

15 E disse Jeremias a Zedequias: Se eu te declarar, porventura não me matarás certamente? E aconselhando-te eu, não me darás ouvido.

16 Então jurou o rei Zedequias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o Senhor, que nos fez esta alma, que não te matarei nem te entregarei na mão desses homens que procuram a tua morte.

17 Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel: Se voluntariamente saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então viverá a tua alma, e esta cidade não se queimará a fogo, e vivereis, tu e a tua casa.

18 Porém, se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta cidade na mão dos caldeus, e queimá-la-ão a fogo, e tu não escaparás da mão deles.

19 E disse o rei Zedequias a Jeremias: Receio-me dos judeus, que se passaram para os caldeus; que porventura me entreguem na mão deles, e me maltratem.

20

E disse Jeremias: Não te entregarão; dá ouvidos, peço-te, à voz do Senhor, conforme a qual eu te falo; e bem te irá, e viverá a tua alma.

21 Porém, se tu não quiseres sair, esta é a palavra que me mostrou o Senhor:

22 Eis que todas as mulheres que restaram na casa do rei de Judá serão levadas para fora aos príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Teus amigos te enganaram e prevaleceram contra ti, atolaram-se os teus pés na lama, voltaram para trás.

23 Assim que todas as tuas mulheres e teus filhos levarão para fora aos caldeus, e nem tu escaparás da sua mão, antes pela mão do rei de Babilônia serás preso, e esta cidade queimará a fogo.

24 Então disse Zedequias a Jeremias: Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás.

25 E quando os príncipes, ouvindo que falei contigo, vierem a ti, e te disserem: Declara-nos agora o que disseste ao rei, não no-lo encubras, e não te mataremos; e que te falou o rei?

26 Então lhes dirás: Lancei eu a minha súplica diante do rei, que não me fizesse retornar à casa de Jônatas, para morrer ali.

27 Vindo, pois, todos os príncipes a Jeremias, e perguntando-lhe, declarou-lhes conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado; e o deixaram, porque não se ouviu o assunto.

28 E ficou Jeremias no átrio da guarda, até o dia em que foi tomada Jerusalém, e ainda ali estava quando foi tomada Jerusalém.

Capítulo 39

Jerusalém é tomada, e o povo é levado cativo — Jeremias e Ebede-Meleque, o etíope, são preservados.

1

No ano nono de Zedequias, rei de Judá, no mês décimo, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército, contra Jerusalém, e a cercaram.

2 No ano undécimo de Zedequias, no quarto mês, aos nove do mês, se fez uma brecha na cidade.

3 E entraram nela todos os príncipes do rei de Babilônia, e pararam na porta do meio, a saber: Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Rabe-Saris, Nergal-Sarezer, Rabe-Mague, e todo o restante dos príncipes do rei de Babilônia.

4 E sucedeu que, vendo-os Zedequias, rei de Judá, e todos os homens de guerra, fugiram, e saíram de noite da cidade, pelo caminho do jardim do rei, pela porta dentre os dois muros; e saiu pelo caminho da campina.

5 Porém o exército dos caldeus os perseguiu; e alcançaram Zedequias nas campinas de Jericó, e o prenderam, e o fizeram subir a Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Ribla, na terra de Hamate, e ele o sentenciou.

6 E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias em Ribla, diante dos seus olhos; também matou o rei de Babilônia todos os nobres de Judá.

7 E cegou os olhos de Zedequias, e o atou com duas cadeias de bronze, para levá-lo a Babilônia.

8 E os caldeus queimaram a fogo a casa do rei e as casas do povo, e derrubaram os muros de Jerusalém.

9 E o restante do povo, que ficou na cidade, e os rebeldes que se tinham passado para ele, e o restante do povo que ficou, levou Nebuzaradã, capitão da guarda, a Babilônia.

10

Porém dos pobres de entre o povo, que não tinham nada, deixou Nebuzaradã, capitão da guarda, alguns na terra de Judá; e deu-lhes vinhas e campos naquele dia.

11 Mas Nabucodonosor, rei de Babilônia, havia dado ordem acerca de Jeremias, na mão de Nebuzaradã, capitão da guarda, dizendo:

12 Toma-o, e põe sobre ele os teus olhos, e não lhe faças nenhum mal; antes, como ele te disser, assim procederás com ele.

13 Enviou, pois, Nebuzaradã, capitão da guarda, e Nebusazbã, Rabe-Saris, Nergal-Sarezer, Rabe-Mague, e todos os príncipes do rei de Babilônia;

14 Mandaram, pois, tirar Jeremias do átrio da guarda, e o entregaram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, para que o levasse à casa; e habitou entre o povo.

15 Também a Jeremias veio a palavra do Senhor, estando ele ainda encerrado no átrio da guarda, dizendo:

16 Vai, e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e serão cumpridas diante de ti naquele dia.

17 Porém te farei escapar naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão dos homens perante cuja face tu temes.

18 Porque certamente te livrarei, e não cairás à espada, mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.

Capítulo 40

O rei de Babilônia nomeia Gedalias governador dos remanescentes que ficaram em Judá — Jeremias é libertado e mora entre eles.

1

A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, depois que Nebuzaradã, capitão da guarda, o deixara ir de Ramá, quando o tomou, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que foram levados cativos para Babilônia;

2 Porque o capitão da guarda tomou Jeremias, e lhe disse: O Senhor teu Deus falou este mal contra este lugar;

3 E o Senhor o trouxe, e fez como havia falado; porque pecastes contra o Senhor, e não obedecestes à sua voz; pelo que vos sucedeu isto.

4 Agora, pois, eis que te soltei hoje das cadeias que estavam sobre as tuas mãos; se for bem aos teus olhos vir comigo para Babilônia, vem, e porei sobre ti os meus olhos; porém, se for mal aos teus olhos vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha, toda a terra está diante de ti; para onde quer que for bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai.

5 Mas, porquanto ele ainda não tinha voltado, disse-lhe: Volta a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, a quem o rei de Babilônia pôs sobre as cidades de Judá, e habita com ele no meio do povo; ou para qualquer parte aonde quer que for reto aos teus olhos que vás, para ali vai. E deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho, e um presente, e o deixou ir.

6 Assim, foi Jeremias a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá; e habitou com ele no meio do povo que havia ficado na terra.

7 Ouvindo, pois, todos os príncipes dos exércitos, que estavam no campo, eles e os seus homens, que o rei de Babilônia tinha posto sobre a terra Gedalias, filho de Aicão, e que lhe havia encarregado os homens, e as mulheres, e as crianças, e os mais pobres da terra, os quais não foram levados cativos a Babilônia,

8 Foram a Gedalias, a Mizpá, a saber: Ismael, filho de Netanias, e Joanã e Jônatas, filhos de Careá, e Seraías, filho de Tanumete, e os filhos de Efai, o netofatita, e Jezanias, filho de um maacatita, eles e os seus homens.

9 E jurou Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, a eles e aos seus homens, dizendo: Não temais servir aos caldeus; ficai na terra, e servi o rei de Babilônia, e bem vos irá.

10

Eu, porém, eis que habito em Mizpá, para estar às ordens dos caldeus que vierem a nós; e vós recolhei o vinho, e as frutas de verão, e o azeite, e colocai-os nos vossos vasos, e habitai nas vossas cidades, que tomastes.

11 Como também todos os judeus que estavam em Moabe, e entre os filhos de Amom, e em Edom, e os que havia em todas aquelas terras, ouviram que o rei de Babilônia havia deixado um remanescente em Judá, e que havia posto sobre eles Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã.

12 E retornaram todos os judeus de todos os lugares, para onde foram lançados, e foram à terra de Judá, a Gedalias, a Mizpá; e recolheram vinho e frutas do verão muito abundantes.

13 Joanã, filho de Careá, e todos os príncipes dos exércitos, que estavam no campo, foram a Gedalias, a Mizpá.

14 E disseram-lhe: Bem sabes que Baalis, rei dos filhos de Amom, enviou Ismael, filho de Netanias, para te tirar a vida. Porém não lhes deu crédito Gedalias, filho de Aicão.

15 Todavia, Joanã, filho de Careá, falou a Gedalias em segredo, em Mizpá, dizendo: Irei agora, e ferirei Ismael, filho de Netanias, sem que ninguém o saiba; por que razão te tiraria ele a vida, e todo o Judá que se tem congregado a ti seria disperso, e pereceria o remanescente de Judá?

16 Porém disse Gedalias, filho de Aicão, a Joanã, filho de Careá: Não faças tal coisa, porque falas falsamente contra Ismael.

Capítulo 41

Ismael mata Gedalias e leva cativo o povo de Mizpá — Eles são resgatados por Joanã.

1

Sucedeu, porém, no mês sétimo, que veio Ismael, filho de Netanias, filho de Elisama, de sangue real, e os capitães do rei, a saber, dez homens com ele, a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá; e comeram ali pão juntamente em Mizpá.

2 E levantou-se Ismael, filho de Netanias, com os dez homens que estavam com ele, e feriram Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, à espada, e matou aquele que o rei de Babilônia havia posto sobre a terra.

3 Também matou Ismael todos os judeus que havia com ele, com Gedalias, em Mizpá, como também os caldeus, homens de guerra, que se achavam ali.

4 Sucedeu, pois, no dia seguinte, depois que matara Gedalias, e sem ninguém o saber,

5 Que vieram homens de Siquém, de Siló, e de Samaria; oitenta homens, com a barba rapada, e as vestes rasgadas, e retalhando-se; e traziam nas suas mãos ofertas de manjares e incenso, para levarem à casa do Senhor.

6 E saindo-lhes ao encontro Ismael, filho de Netanias, desde Mizpá, ia chorando; e sucedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde a Gedalias, filho de Aicão.

7 Sucedeu, porém, que, entrando eles até o meio da cidade, matou-os Ismael, filho de Netanias, e os lançou no meio de um poço, ele e os homens que estavam com ele.

8 Mas acharam-se entre eles dez homens que disseram a Ismael: Não nos mates, porque temos no campo tesouros escondidos, trigo e cevada, e azeite e mel. E os deixou, e não os matou entre seus irmãos.

9 E o poço em que Ismael lançou todos os cadáveres dos homens que matou por causa de Gedalias é o mesmo que fez o rei Asa, por causa de Baasa, rei de Israel; a este encheu de mortos Ismael, filho de Netanias.

10

E Ismael levou cativo todo o restante do povo que estava em Mizpá; as filhas do rei, e todo o povo que restou em Mizpá, que Nebuzaradã, capitão da guarda, havia encarregado a Gedalias, filho de Aicão; e levou-os cativos Ismael, filho de Netanias, e foi-se para passar aos filhos de Amom.

11 Ouvindo, pois, Joanã, filho de Careá, e todos os príncipes dos exércitos que havia com ele, todo o mal que havia feito Ismael, filho de Netanias,

12 Tomaram todos os seus homens, e foram pelejar contra Ismael, filho de Netanias; e acharam-no ao pé das muitas águas que há em Gibeom.

13 E aconteceu que, quando todo o povo que estava com Ismael viu Joanã, filho de Careá, e todos os príncipes dos exércitos, que vinham com ele, se alegrou.

14 E todo o povo que Ismael levara cativo de Mizpá virou as costas, e voltou, e foi para Joanã, filho de Careá.

15 Porém Ismael, filho de Netanias, escapou com oito homens de diante de Joanã, e se foi para os filhos de Amom.

16 Então Joanã, filho de Careá, e todos os príncipes dos exércitos que havia com ele tomaram todo o restante do povo que ele havia recobrado de Ismael, filho de Netanias, desde Mizpá, depois de haver matado Gedalias, filho de Aicão, os homens valentes de guerra, e as mulheres, e as crianças, e os eunucos que havia recobrado de Gibeom,

17 E foram, e moraram na habitação de Gerute-Quimã, que está perto de Belém, para irem e entrarem no Egito,

18 Por causa dos caldeus; porque os temiam, por haver Ismael, filho de Netanias, matado Gedalias, filho de Aicão, a quem o rei de Babilônia tinha posto sobre a terra.

Capítulo 42

Jeremias promete paz e segurança a Joanã e aos remanescentes de Judá, se eles permanecerem em Judá, mas espada, fome e pestilência se forem para o Egito.

1

Então chegaram todos os príncipes dos exércitos, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o povo, desde o menor até o maior,

2 E disseram a Jeremias, o profeta: Caia agora a nossa súplica diante de ti, e roga por nós ao Senhor teu Deus, por todo este remanescente; porque de muitos restamos uns poucos, como nos veem os teus olhos;

3 Para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer.

4 E disse-lhes Jeremias, o profeta: Eu vos ouvi. Eis que orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras; e acontecerá que toda a palavra que o Senhor vos responder eu vo-la declararei; não vos encobrirei palavra alguma.

5 Então eles disseram a Jeremias: Seja o Senhor entre nós testemunha da verdade e fidelidade, se não fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor teu Deus.

6 Ora, seja em bem, ou seja em mal, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos, obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus.

7 E sucedeu que ao fim de dez dias veio a palavra do Senhor a Jeremias.

8 Então ele chamou Joanã, filho de Careá, e todos os príncipes dos exércitos, que havia com ele, e todo o povo, desde o menor até o maior,

9 E disse-lhes: Assim diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes, para lançar a vossa súplica diante dele:

10

Se de bom grado ficardes nesta terra, então vos edificarei, e não vos derrubarei; e vos plantarei, e não vos arrancarei; porque estou arrependido do mal que vos fiz.

11 Não temais o rei de Babilônia, a quem vós temeis; não o temais, diz o Senhor, porque eu sou convosco, para vos salvar e para vos fazer livrar da sua mão.

12 E vos farei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça voltar à vossa terra.

13 Porém se vós disserdes: Não ficaremos nesta terra, não obedecendo à voz do Senhor vosso Deus,

14 Dizendo: Não, antes iremos à terra do Egito, onde não veremos guerra, nem ouviremos estrondo de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali ficaremos.

15 Portanto, ouvi agora, pois, a palavra do Senhor, ó remanescente de Judá; assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Se vós absolutamente vos propuserdes a entrar no Egito, e entrardes para lá peregrinar,

16 Acontecerá que a espada que vós temeis vos alcançará ali na terra do Egito, e a fome que vós receais vos seguirá de perto ali no Egito, e ali morrereis.

17 Assim serão todos os homens que se propuserem a entrar no Egito, para lá peregrinar: morrerão à espada, de fome, e de peste; e deles não haverá quem reste e escape do mal que eu farei vir sobre eles.

18 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito; e servireis de maldição, e de espanto, e de execração, e de opróbrio, e não vereis mais este lugar.

19 Falou o Senhor acerca de vós, ó remanescente de Judá: Não entreis no Egito; por certo sabei que testifiquei contra vós hoje.

20

Porque enganastes a vossa alma, pois vós me enviastes ao Senhor vosso Deus, dizendo: Ora por nós ao Senhor nosso Deus; e conforme tudo o que disser o Senhor Deus nosso, declara-no-lo assim, e o faremos.

21 E vo-lo declarei hoje; porém não destes ouvidos à voz do Senhor vosso Deus, nem a coisa alguma pela qual me enviou a vós.

22 Agora, pois, sabei por certo que à espada, de fome e de peste morrereis no mesmo lugar onde desejastes entrar, para lá peregrinardes.

Capítulo 43

Joanã leva Jeremias e os remanescentes de Judá para o Egito — Jeremias profetiza que Babilônia conquistará o Egito.

1

E sucedeu que, acabando Jeremias de falar a todo o povo todas as palavras do Senhor seu Deus, com as quais o Senhor seu Deus lho havia enviado, para que lhes dissesse todas essas palavras,

2 Então disse Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu dizes mentiras; o Senhor nosso Deus não te enviou para dizer: Não entreis no Egito, para lá peregrinar;

3 Antes Baruque, filho de Nerias, te incita contra nós, para entregar-nos na mão dos caldeus, para nos matarem, ou para nos transportarem para Babilônia.

4 Não obedeceu, pois, Joanã, filho de Careá, nem nenhum de todos os príncipes dos exércitos, nem todo o povo, à voz do Senhor, para ficarem na terra de Judá.

5 Antes Joanã, filho de Careá, e todos os príncipes dos exércitos tomaram todo o remanescente de Judá, que havia voltado dentre todas as nações, para onde haviam sido lançados, para peregrinarem na terra de Judá;

6 Os homens, e as mulheres, e as crianças, e as filhas do rei, e toda alma que deixara Nebuzaradã, capitão da guarda, com Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã; como também Jeremias, o profeta, e Baruque, filho de Nerias;

7 E entraram na terra do Egito, porque não obedeceram à voz do Senhor; e foram até Tafnes.

8 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, em Tafnes, dizendo:

9 Toma na tua mão pedras grandes, e esconde-as entre o barro no forno que está à porta da casa de Faraó em Tafnes, perante os olhos de homens judeus.

10

E dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu mandarei vir Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e porei o seu trono sobre estas pedras que escondi; e estenderá a sua tenda real sobre elas.

11 E virá, e ferirá a terra do Egito: quem para a morte, para a morte; e quem para o cativeiro, para o cativeiro; e quem para a espada, para a espada.

12 E porei fogo às casas dos deuses do Egito, e ele queimá-los-á, e levá-los-á cativos; e vestir-se-á da terra do Egito, como se veste o pastor da sua roupa, e sairá dali em paz.

13 E quebrará as estátuas de Bete-Semes, que está na terra do Egito; e as casas dos deuses do Egito queimará a fogo.

Capítulo 44

Jeremias profetiza que os judeus que estão no Egito, com exceção de um pequeno remanescente, serão destruídos por adorarem deuses falsos.

1

A palavra que veio a Jeremias, acerca de todos os judeus, habitantes da terra do Egito, que habitavam em Migdol, e em Tafnes, e em Mênfis, e na terra de Patros, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Vós vistes todo o mal que fiz vir sobre Jerusalém, e sobre todas as cidades de Judá; e eis que elas são hoje um deserto, e ninguém habita nelas,

3 Por causa da sua maldade que fizeram, para me irarem, indo queimar incenso para servir a deuses alheios, que nunca conheceram, nem eles, nem vós, nem vossos pais.

4 E eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, madrugando e enviando a dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio.

5 Porém não obedeceram, nem inclinaram o seu ouvido, para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a deuses alheios.

6 Derramou-se, pois, a minha indignação e a minha ira, e acendeu-se nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, e tornaram-se em deserto e em assolação, como hoje se vê.

7 Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel: Por que fazeis vós tão grande mal contra as vossas almas, para vos desarraigardes a vós, ao homem e à mulher, à criança e ao que mama, do meio de Judá, para não vos deixardes remanescente algum;

8 Irando-me com as obras de vossas mãos, queimando incenso a deuses alheios na terra do Egito, aonde vós entrastes para lá peregrinardes; para que vos desarraigueis a vós mesmos, e para que sirvais de maldição, de opróbrio entre todas as nações da terra?

9 Porventura já vos esquecestes das maldades de vossos pais, e das maldades dos reis de Judá, e das maldades de suas mulheres, e de vossas maldades, e das maldades de vossas mulheres, que fizeram na terra de Judá, e nas ruas de Jerusalém?

10

Não estão contritos até o dia de hoje; nem temeram, nem andaram na minha lei, nem nos meus estatutos, que pus diante de vós e diante de vossos pais.

11 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu volto o meu rosto contra vós para mal, e para desarraigar todo o Judá.

12 E tomarei o remanescente de Judá, que se propôs a entrar na terra do Egito, para lá peregrinar, e será todo consumido na terra do Egito; cairá à espada, e de fome morrerá; consumir-se-ão, desde o menor até o maior; à espada e de fome morrerão; e servirão de execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio.

13 Porque castigarei os que habitam na terra do Egito, como castiguei Jerusalém, com a espada, com a fome e com a peste.

14 De maneira que não haverá quem escape, e que reste de Judá, que entrou na terra do Egito, para lá peregrinar; para tornar à terra de Judá, à qual eles anseiam voltar, para habitarem lá; porém não retornarão senão os que escaparem.

15 Então responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulheres queimavam incenso a deuses alheios, e todas as mulheres que estavam em pé em grande multidão, como também todo o povo que habitava na terra do Egito, em Patros, dizendo:

16 Quanto à palavra que falaste a nós em nome do Senhor, não te obedeceremos;

17 Antes certamente cumpriremos toda palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso à rainha dos céus, e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes o temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e tivemos então fartura de pão, e andávamos alegres, e não vimos mal algum.

18 Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus, e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome.

19 E quando nós queimávamos incenso à rainha dos céus, e lhe oferecíamos libações, acaso fazíamos-lhe bolos lavrados, para assim a retratar, e lhe oferecíamos libações sem nossos maridos?

20

Então disse Jeremias a todo o povo, aos homens e às mulheres, e a todo o povo que lhe havia dado esta resposta, dizendo:

21 Porventura não se lembrou o Senhor, e não lhe subiu ao coração o incenso que queimastes nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, vós e vossos pais, vossos reis e vossos príncipes, como também o povo da terra?

22 De maneira que o Senhor não mais o podia suportar, por causa da maldade das vossas ações, por causa das abominações que fizestes; pelo que se tornou a vossa terra em deserto, e em espanto, e em maldição, sem habitantes, como hoje se vê.

23 Porque queimastes incenso, e porque pecastes contra o Senhor, e não obedecestes à voz do Senhor, e na sua lei, e nos seus testemunhos não andastes, por isso vos sucedeu este mal, como se vê neste dia.

24 Disse mais Jeremias a todo o povo e a todas as mulheres: Ouvi a palavra do Senhor, todo o Judá que estais na terra do Egito.

25 Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, dizendo: Vós e vossas mulheres não somente falastes por vossa boca, senão também o cumpristes por vossas mãos, dizendo: Certamente cumpriremos os nossos votos que fizemos de queimar incenso à rainha dos céus e de lhe oferecer libações; perfeitamente confirmastes os vossos votos, e perfeitamente cumpristes os vossos votos.

26 Portanto, ouvi a palavra do Senhor, todo o Judá, que habitais na terra do Egito: Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o Senhor, que nunca mais será invocado o meu nome pela boca de nenhum homem de Judá em toda a terra do Egito, dizendo: Vive o Senhor Deus!

27 Eis que velarei sobre eles para mal, e não para bem; e serão consumidos todos os homens de Judá, que estão na terra do Egito, pela espada e pela fome, até que se acabem de todo.

28 E os que escaparem da espada retornarão da terra do Egito à terra de Judá, poucos em número; e saberá todo o remanescente de Judá, que entrou na terra do Egito, para peregrinar ali, qual palavra subsistirá, a minha ou a sua.

29 E isto vos servirá de sinal, diz o Senhor, que eu vos castigarei neste mesmo lugar; para que saibais que certamente subsistirão as minhas palavras contra vós para mal.

30

Assim diz o Senhor: Eis que eu darei Faraó Hofra, rei do Egito, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte; como dei Zedequias, rei de Judá, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, seu inimigo, e que procurava a sua morte.

Capítulo 45

Jeremias promete a Baruque que a vida deste será preservada.

1

A palavra que falou Jeremias, o profeta, a Baruque, filho de Nerias, escrevendo ele aquelas palavras num livro da boca de Jeremias, no ano quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel, acerca de ti, ó Baruque:

3 Disseste: Ai de mim agora! porque me acrescentou o Senhor tristeza sobre minha dor; estou cansado do meu gemido, e não acho descanso.

4 Pelo que assim lhe dirás: Assim diz o Senhor: Eis que o que edifiquei eu derrubo, e o que plantei eu arranco, e isso em toda esta terra.

5 E tu buscarias grandezas para ti? Não as busques; porque eis que trago mal sobre toda a carne, diz o Senhor; porém te darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores.

Capítulo 46

Jeremias profetiza que Babilônia conquistará o Egito — Jacó será salvo e retornará à sua própria terra.

1

A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, contra as nações;

2 Acerca do Egito, contra o exército de Faraó Neco, rei do Egito, que estava junto ao rio Eufrates em Carquemis; ao qual Nabucodonosor, rei de Babilônia, derrotou no ano quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá.

3 Preparai o escudo e o pavês, e chegai-vos para a peleja.

4 Selai os cavalos, e montai, cavaleiros, e apresentai-vos com elmos; limpai as lanças, vesti-vos de couraças.

5 Por que razão vejo os medrosos voltando as costas? E os seus valentes são abatidos, e vão fugindo, sem olharem para trás; terror ao redor, diz o Senhor.

6 Não fuja o ligeiro, e não escape o valente; para o lado do norte, junto à borda do rio Eufrates tropeçaram e caíram.

7 Quem é este que vem subindo como o Nilo, cujas águas se movem como os rios?

8 O Egito vem subindo como o Nilo, e as suas águas se movem como os rios; e disse: Subirei, cobrirei a terra, destruirei a cidade, e os que habitam nela.

9 Subi, ó cavalos, e estrondeai, ó carros, e saiam os valentes; como também os etíopes, e os líbios, que tomam o escudo, e os lídios, que manejam e entesam o arco.

10

Porém este dia é do Senhor Deus dos Exércitos, dia de vingança para se vingar dos seus adversários, e a espada devorará, e fartar-se-á, e embriagar-se-á com o sangue deles, porque o Senhor Deus dos Exércitos tem um sacrifício na terra do norte, junto ao rio Eufrates.

11 Sobe a Gileade, e toma bálsamo, ó virgem filha do Egito; em vão multiplicas remédios, pois já não cura para ti.

12 As nações ouviram a tua vergonha, e a terra está cheia do teu clamor; porque o valente tropeçou contra o valente e caíram ambos juntamente.

13 A palavra que falou o Senhor a Jeremias, o profeta, acerca da vinda de Nabucodonosor, rei de Babilônia, para ferir a terra do Egito.

14 Anunciai no Egito, e fazei ouvir isto em Migdol; fazei também ouvi-lo em Mênfis, e em Tafnes; dizei: Apresenta-te, e prepara-te; porque a espada devorou o que está ao redor de ti.

15 Por que foram derrubados os teus valentes? Não se puderam ter em pé, porque o Senhor os abateu.

16 Multiplicou os que tropeçavam; também caíram uns sobre os outros, e disseram: Levanta-te, e voltemos ao nosso povo, e à terra do nosso nascimento, por causa da espada que oprime.

17 Clamaram ali: Faraó rei do Egito não é mais que um ruído; deixou passar o tempo assinalado.

18 Vivo eu, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos Exércitos, que assim como está Tabor entre os montes, e como o Carmelo junto ao mar, certamente assim ele virá.

19 Prepara para ti bagagem para o exílio, ó moradora, filha do Egito; porque Mênfis será tornada em desolação, e será devastada, até que ninguém mais aí more.

20

Bezerra muito formosa é o Egito; mas já vem a destruição, ela vem do norte.

21 Até os seus mercenários no meio dela são como bezerros cevados; porém também eles viraram as costas, fugiram juntos; não estiveram firmes; porque veio sobre eles o dia da sua ruína e o tempo do seu castigo.

22 A sua voz irá como a da serpente; porque irão com poder do exército, e virão a ela com machados, como cortadores de lenha.

23 Cortaram o seu bosque, diz o Senhor, ainda que impenetrável; porque se multiplicaram mais do que os gafanhotos, não se podem numerar.

24 A filha do Egito está envergonhada; foi entregue na mão do povo do norte.

25 Diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que eu castigarei Amom de Tebas, e Faraó, e o Egito, e os seus deuses, e os seus reis, e até o próprio Faraó, e os que confiam nele.

26 E os entregarei na mão dos que procuram a sua morte, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão dos seus servos; porém depois será habitada, como nos dias antigos, diz o Senhor.

27 Não temas, pois, tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei de terras de longe, como também a tua semente da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e descansará, e sossegará, e não haverá quem o atemorize.

28 Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o Senhor, porque estou contigo; porque darei fim a todas as nações entre as quais te lancei; porém a ti não darei fim, mas castigar-te-ei com justa medida, e não te terei de todo por inocente.

Capítulo 47

Jeremias prediz desolação e destruição sobre os filisteus.

1

A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, contra os filisteus, antes que Faraó ferisse Gaza.

2 Assim diz o Senhor: Eis que se levantam as águas do norte, e tornar-se-ão em torrente transbordante, e alagarão a terra e sua plenitude, a cidade, e os que moram nela; e os homens clamarão, e todos os moradores da terra uivarão;

3 Por causa do som do estrépito dos cascos dos seus fortes cavalos, por causa do ruído de seus carros e do estrondo das suas rodas; os pais não atendem os filhos, por causa da fraqueza das mãos;

4 Por causa do dia que vem, para destruir todos os filisteus, para cortar de Tiro e de Sidom todo o restante que os socorra; porque o Senhor destruirá os filisteus, o restante da ilha de Caftor.

5 A calvície veio sobre Gaza; foi desarraigada Ascalom, com o restante do seu vale; até quando te retalharás?

6 Ah, espada do Senhor! até quando deixarás de repousar? Volta para a tua bainha, descansa, e aquieta-te.

7 Mas como te aquietarias? Pois o Senhor deu-lhe mandado contra Ascalom, e contra as bordas do mar, para onde ele a enviou.

Capítulo 48

Sobrevirão juízo e destruição sobre os moabitas por desprezarem a Deus.

1

Contra Moabe assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Ai de Nebo, porque foi destruída! envergonhada está Quiriataim, está tomada; Misgabe está envergonhada e espantada.

2 não mais louvor de Moabe; acerca de Hesbom, pensaram mal contra ela, dizendo: Vinde, e desarraiguemo-la, para que não seja mais povo; também tu, ó Madmém, serás desarraigada; a espada te irá seguindo.

3 Voz de grito de Horonaim; ruína e grande destruição.

4 está destruída Moabe; seus filhinhos fizeram-se ouvir com gritos.

5 Porque na subida de Luíte subirá choro sobre choro; porque na descida de Horonaim os adversários de Moabe ouviram um lastimoso clamor.

6 Fugi, salvai a vossa vida, e sereis como o arbusto no deserto.

7 Porque, por causa da tua confiança nas tuas obras, e nos teus tesouros, também tu serás tomada; e Quemós sairá para o cativeiro, os seus sacerdotes e os seus príncipes, juntos.

8 Porque virá o destruidor sobre cada uma das cidades, e nenhuma escapará, e perecerá o vale, e destruir-se-á a campina; porque o Senhor o disse.

9 Dai asas a Moabe; porque voando sairá, e as suas cidades se tornarão em assolação, e ninguém morará nelas.

10

Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente; e maldito aquele que retém do sangue a sua espada.

11 Moabe esteve descansado desde a sua mocidade, e repousou na sua borra, e não foi mudado de vaso em vaso, nem foi para o cativeiro; por isso permaneceu o seu sabor nele, e o seu cheiro não mudou.

12 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que lhe enviarei derramadores, que o farão andar a grandes passos; e despejarão os seus vasos, e romperão os seus odres.

13 E Moabe terá vergonha de Quemós, como se envergonhou a casa de Israel de Betel, sua confiança.

14 Como direis, pois: Valentes somos e homens fortes para a guerra?

15 Já está destruído Moabe, e subiu das suas cidades, e os seus jovens escolhidos desceram à matança, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos Exércitos.

16 é chegada a vinda da perdição de Moabe; e apressa-se muito o seu mal.

17 Condoei-vos dele todos os que estais em redor dele, e todos os que sabeis o seu nome; dizei: Como se quebrou a vara forte, o cajado formoso?

18 Desce da tua glória, e assenta-te em terra seca, ó moradora, filha de Dibom; porque o destruidor de Moabe subiu contra ti, e desfez as tuas fortalezas.

19 Põe-te no caminho, e espia, ó moradora de Aroer; pergunta ao que vai fugindo; e à que escapou dize: Que sucedeu?

20

Moabe está envergonhado, porque foi quebrantado; uivai e gritai; anunciai em Arnom que Moabe está destruído.

21 Também o juízo veio sobre a terra da campina; sobre Holom, e sobre Jaza, e sobre Mefaate,

22 E sobre Dibom, e sobre Nebo, e sobre Bete-Diblataim,

23 E sobre Quiriataim, e sobre Bete-Gamul, e sobre Bete-Meom,

24 E sobre Queriote, e sobre Bozra; e até sobre todas as cidades da terra de Moabe, as de longe e as de perto.

25 está cortado o poder de Moabe, e está quebrado o seu braço, diz o Senhor.

26 Embriagai-o, porque contra o Senhor se engrandeceu; e Moabe se revolverá no seu vômito, e ele também será objeto de escárnio.

27 Pois, não te foi também Israel objeto de escárnio? Porventura foi achado entre ladrões, porque desde que falas dele te ris?

28 Deixai as cidades, e habitai no rochedo, ó moradores de Moabe; e sede como a pomba que se aninha nas extremidades da boca da caverna.

29 ouvimos a soberba de Moabe, que é soberbíssimo, como também a sua arrogância, e a sua soberba, e sua altivez e o orgulho do seu coração.

30

Eu conheço, diz o Senhor, a sua indignação, porém assim não será; as suas mentiras não o farão assim.

31 Por isso uivarei por Moabe, e gritarei por todo o Moabe; pelos homens de Quir-Heres gemerei.

32 Com o choro de Jazer chorar-te-ei, ó vide de Sibma; os teus ramos passaram o mar, e chegaram até o mar de Jazer; porém o destruidor caiu sobre os teus frutos do verão, e sobre a tua vindima.

33 Tirou-se, pois, o regozijo e a alegria do campo fértil e da terra de Moabe; porque fiz cessar o vinho dos lagares; não pisarão uvas com júbilo; o júbilo não será júbilo.

34 Por causa do grito de Hesbom até Eleale e até Jaaz, fizeram soar a sua voz desde Zoar, até Horonaim, como bezerra de três anos; porque até as águas do Ninrim se tornarão em assolações.

35 E farei cessar em Moabe, diz o Senhor, quem sacrifique nos altos, e queime incenso aos seus deuses.

36 Por isso ressoará o meu coração por Moabe como flautas; também ressoará o meu coração pelos homens de Quir-Heres como flautas; porquanto a abundância que ele ajuntou se perdeu.

37 Porque toda cabeça será calva, e toda barba será diminuída; sobre todas as mãos há incisões, e sobre os lombos, pano de saco.

38 Sobre todos os telhados de Moabe e nas suas ruas haverá um pranto geral; porque quebrei Moabe, como a um vaso que não agrada, diz o Senhor.

39 Como foi quebrantado! uivam; como virou Moabe as costas e se envergonhou! Assim, será Moabe objeto de escárnio e de espanto a todos os que estão em redor dele.

40

Porque assim diz o Senhor: Eis que voará como a águia, e estenderá as suas asas sobre Moabe.

41 são tomadas as cidades, e ocupadas as fortalezas; e será o coração dos valentes de Moabe naquele dia como o coração da mulher que está com dores de parto.

42 E Moabe será destruído, para que não seja povo; porque se engrandeceu contra o Senhor.

43 Temor, e cova, e laço vêm sobre ti, ó morador de Moabe, diz o Senhor.

44 O que fugir do temor cairá na cova, e o que subir da cova ficará preso no laço; porque trarei sobre ele, sobre Moabe, o ano do seu castigo, diz o Senhor.

45 Os que fugiam da força pararam à sombra de Hesbom; porém fogo saiu de Hesbom, e a labareda, do meio de Siom, e devorou o canto de Moabe e o alto da cabeça dos filhos do tumulto.

46 Ai de ti, Moabe; pereceu o povo de Quemós; porque teus filhos foram levados cativos, como também tuas filhas, em cativeiro.

47 Porém farei voltar os cativos de Moabe nos últimos dias, diz o Senhor. Até aqui o juízo de Moabe.

Capítulo 49

Sobrevirão juízo e destruição sobre o povo de Amom, de Edom, de Quedar, de Hazor e de Elão.

1

Contra os filhos de Amom. Assim diz o Senhor: Acaso não tem filhos Israel, nem tem herdeiro? Por que, pois, Malcã herdou Gade e o seu povo habitou nas suas cidades?

2 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei ouvir em Rabá dos filhos de Amom o alarido de guerra, e tornar-se-á num montão de ruínas, e as suas vilas serão queimadas a fogo; e Israel herdará os que o herdaram, diz o Senhor.

3 Uiva, ó Hesbom, porque está destruída Ai; clamai, ó filhas de Rabá, cingi-vos de pano de saco, lamentai, e rodeai pelos muros; porque Malcã irá em cativeiro, os seus sacerdotes e os seus príncipes juntamente.

4 Por que te glorias dos vales, o teu vale luxuriante, ó filha rebelde que confias nos teus tesouros, dizendo: Quem virá contra mim?

5 Eis que eu trarei temor sobre ti, diz o Senhor Deus dos Exércitos, de todos os que estão ao redor de ti; e sereis lançados fora cada um diante de si, e ninguém recolherá o desgarrado.

6 Mas depois disso farei voltar os cativos dos filhos de Amom, diz o Senhor.

7 Contra Edom. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Acaso não mais sabedoria em Temã? pereceu o conselho dos prudentes? corrompeu-se a sua sabedoria?

8 Fugi, voltai, buscai profundezas para habitar, ó moradores de Dedã, porque eu trouxe sobre ele a ruína de Esaú, no tempo em que o castiguei.

9 Se vindimadores viessem a ti, não deixariam respigos? Se ladrões de noite viessem, não te danificariam quanto lhes bastasse?

10

Mas eu despi Esaú, descobri os seus esconderijos, e não se poderá esconder; está destruída a sua semente, como também seus irmãos e seus vizinhos, e ele não existe.

11 Deixa os teus órfãos; eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas confiem em mim.

12 Porque assim diz o Senhor: Eis que os que não estavam condenados a beberem o cálice totalmente o beberão; e tu mesmo totalmente serias absolvido? Não serás absolvido, mas totalmente o beberás.

13 Porque por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que Bozra servirá de espanto, de opróbrio, de assolação, e de execração; e todas as suas cidades se tornarão em assolações perpétuas.

14 Ouvi novas vindas do Senhor, que um embaixador foi enviado às nações, para lhes dizer: Ajuntai-vos, e vinde contra ela, e levantai-vos para a guerra.

15 Porque eis que te fiz pequeno entre as nações, desprezado entre os homens.

16 A tua terribilidade te enganou, e a arrogância do teu coração, tu que habitas nas cavernas das rochas, que ocupas as alturas dos outeiros; ainda que alces o teu ninho como a águia, de lá te derrubarei, diz o Senhor.

17 Assim, Edom será objeto de espanto; todo aquele que passar por ela se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas.

18 Será como a destruição de Sodoma e Gomorra, e dos seus vizinhos, diz o Senhor; não habitará ninguém ali, nem morará nela filho de homem.

19 Eis que como leão subirá da enchente do Jordão contra a morada do forte; porque num momento o farei correr dali; e quem é o escolhido que porei sobre ela? porque quem é semelhante a mim? e quem me fixaria um prazo? e quem é o pastor que subsistiria perante mim?

20

Portanto, ouvi o conselho do Senhor, que decretou contra Edom, e os seus desígnios que intentou entre os moradores de Temã; certamente os menores do rebanho os arrastarão; certamente assolará as suas moradas com eles.

21 A terra estremeceu com o estrondo da sua queda; e do seu grito, até ao Mar Vermelho se ouviu o sonido.

22 Eis que como águia subirá, e voará, e estenderá as suas asas sobre Bozra; e será o coração dos valentes de Edom naquele dia como o coração da mulher que está com dores de parto.

23 Contra Damasco. Envergonharam-se Hamate e Arpade, porquanto ouviram más novas, esmoreceram; no mar angústia, não se pode sossegar.

24 Enfraquecida está Damasco; virou as costas para fugir, e tremor a tomou; angústia e dores a tomaram como da que está de parto.

25 Como está abandonada a afamada cidade, a cidade da minha alegria!

26 Portanto, cairão os seus jovens nas suas ruas; e todos os homens de guerra serão consumidos naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos.

27 E acenderei fogo no muro de Damasco, e consumirá os palácios de Ben-Hadade.

28 Contra Quedar, e contra os reinos de Hazor, que Nabucodonosor, rei de Babilônia, feriu. Assim diz o Senhor: Levantai-vos, subi contra Quedar, e destruí os filhos do oriente.

29 Tomarão as suas tendas, e os seus gados, as suas cortinas e todos os seus utensílios, e os seus camelos levarão para si; e lhes clamarão: medo por todos os lados.

30

Fugi, desviai-vos para muito longe, buscai profundezas para habitar, ó moradores de Hazor, diz o Senhor; porque Nabucodonosor, rei de Babilônia, tomou conselho contra vós, e intentou um desígnio contra vós.

31 Levantai-vos, subi contra uma nação em repouso, que habita confiadamente, diz o Senhor, que não tem portas, nem ferrolho; habitam sós.

32 E os seus camelos serão para presa, e a multidão dos seus gados para despojo; e os espalharei a todo vento, àqueles que moram nos últimos cantos da terra, e de todos os seus lados lhes trarei a sua ruína, diz o Senhor.

33 E Hazor se tornará em morada de chacais, em assolação para sempre; ninguém habitará ali, nem morará nela filho de homem.

34 A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, contra Elão, no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, dizendo:

35 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que eu quebrarei o arco de Elão, o principal do seu poder.

36 E trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, e os espalharei por todos estes ventos; e não haverá nação aonde não cheguem os fugitivos de Elão.

37 E atemorizarei Elão diante de seus inimigos e diante dos que procuram a sua morte; e farei vir sobre eles o mal, o furor da minha ira, diz o Senhor; e enviarei após eles a espada, até que venha a consumi-los.

38 E porei o meu trono em Elão; e destruirei dali o rei e os príncipes, diz o Senhor.

39 Acontecerá, porém, nos últimos dias, que farei voltar os cativos de Elão, diz o Senhor.

Capítulo 50

Babilônia será destruída e nunca mais voltará a se levantar — O povo disperso de Israel será trazido de volta às terras de sua herança.

1

A palavra que falou o Senhor contra Babilônia, contra a terra dos caldeus, por mão de Jeremias, o profeta.

2 Anunciai entre as nações; e fazei ouvir, e levantai bandeira, fazei ouvir, não encubrais; dizei: tomada está Babilônia, envergonhado está Bel, quebrado está Merodaque, envergonhados estão os seus ídolos, e quebrados estão os seus deuses.

3 Porque subiu contra ela uma nação do norte, que fará da sua terra uma solidão, e não haverá quem habite nela; desde os homens até os animais fugiram, e se foram.

4 Naqueles dias, e naquele tempo, diz o Senhor, os filhos de Israel virão, eles e os filhos de Judá juntamente; andando e chorando virão, e buscarão ao Senhor seu Deus.

5 Pelo caminho de Sião perguntarão, para ali voltarão o seu rosto; virão, e se ajuntarão ao Senhor, num convênio eterno que nunca será esquecido.

6 Ovelhas perdidas foram o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, pelos montes as desviaram; de monte a outeiro andavam, esqueceram-se do lugar do seu repouso.

7 Todos os que as achavam as devoravam; e os seus adversários diziam: Culpa nenhuma teremos; porque pecaram contra o Senhor na morada da justiça, contra o Senhor, a esperança de seus pais.

8 Fugi do meio de Babilônia, e saí da terra dos caldeus; e sede como os bodes diante do rebanho.

9 Porque eis que eu suscitarei e farei subir contra Babilônia uma congregação de grandes nações da terra do norte, e se prepararão contra ela, e dali será tomada; as suas flechas serão como de valente herói; nenhuma retornará sem efeito.

10

E Caldeia servirá de presa; todos os que a saqueiam serão fartos, diz o Senhor.

11 Porquanto vos alegrastes, porquanto saltastes de prazer, ó saqueadores da minha herança, porquanto vos inchastes como bezerra gorda, e rinchastes como cavalos vigorosos,

12 Será muito envergonhada a vossa mãe, será humilhada a que vos deu à luz; eis que ela será a última das nações, um deserto, uma terra seca e uma solidão.

13 Por causa do furor do Senhor não será habitada, antes se tornará em total assolação; qualquer que passar por Babilônia se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas.

14 Preparai-vos contra Babilônia em redor, todos os que armais arcos; atirai-lhe, não poupeis as flechas, porque pecou contra o Senhor.

15 Gritai contra ela em redor, porque já se submeteu, caíram os seus fundamentos, são derrubados os seus muros; porque esta é a vingança do Senhor; tomai vingança sobre ela; como ela fez, fazei-lhe a ela.

16 Arrancai de Babilônia o que semeia, e o que leva a foice no tempo da ceifa; por causa da espada do opressor virar-se-á cada um para o seu povo, e fugirá cada um para a sua terra.

17 Cordeiro desgarrado é Israel; os leões o afugentaram; o primeiro que o devorou foi o rei da Assíria; e este, o último, Nabucodonosor, rei de Babilônia, lhe quebrou os ossos.

18 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que castigarei o rei de Babilônia, e a sua terra, como castiguei o rei da Assíria.

19 E farei retornar Israel para a sua morada, e pastará no Carmelo e em Basã; e fartar-se-á a sua alma no monte de Efraim e em Gileade.

20

Naqueles dias, e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a maldade de Israel, porém não se achará; como também os pecados de Judá, porém não se acharão; porque perdoarei aos que eu deixar como remanescentes.

21 Contra a terra de Merataim. Sobe contra ela, e contra os moradores de Pecode; assola e destrói tudo após eles, diz o Senhor, e faze conforme tudo o que te mandei.

22 Estrondo de guerra na terra, e grande destruição.

23 Como foi cortado e quebrado o martelo de toda a terra! Como se tornou Babilônia objeto de espanto entre as nações!

24 Laços te armei, e também foste presa, ó Babilônia, e tu não o soubeste; foste achada, e também apanhada; porque contra o Senhor te entremeteste.

25 O Senhor abriu o seu tesouro, e tirou os instrumentos da sua indignação; porque esta obra é do Senhor Deus dos Exércitos, na terra dos caldeus.

26 Vinde contra ela dos confins da terra, abri os seus celeiros, trilhai-a como feixes, e destruí-a de todo; nada lhe reste.

27 Matai à espada todos os seus novilhos, desçam ao matadouro; ai deles! porque veio o seu dia, o tempo do seu castigo.

28 Voz dos que fugiram e escaparam da terra de Babilônia, para anunciar em Sião a vingança do Senhor nosso Deus, a vingança do seu templo.

29 Convocai contra Babilônia os flecheiros, a todos os que armam arcos; acampai-vos contra ela em redor, ninguém escape dela; pagai-lhe conforme a sua obra, conforme tudo o que fez, fazei-lhe; porque se houve arrogantemente contra o Senhor, contra o Santo de Israel.

30

Portanto, cairão os seus jovens nas suas ruas; e todos os seus homens de guerra serão desarraigados naquele dia, diz o Senhor.

31 Eis que eu sou contra ti, ó soberbo, diz o Senhor Deus dos Exércitos; porque veio o teu dia, o tempo em que te hei de castigar.

32 Então tropeçará o soberbo, e cairá e ninguém haverá que o levante; e porei fogo às suas cidades, que consumirá todos os seus contornos.

33 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Os filhos de Israel e os filhos de Judá foram oprimidos juntamente; e todos os que os tomaram cativos os retiveram, não os quiseram soltar.

34 Porém o seu Redentor é forte, o Senhor dos Exércitos é o seu nome; certamente pleiteará a causa deles, para dar descanso à terra, e inquietar os moradores de Babilônia.

35 A espada virá sobre os caldeus, diz o Senhor, como também sobre os moradores de Babilônia, e sobre os seus príncipes, e sobre os seus sábios.

36 A espada virá sobre os mentirosos, e ficarão insensatos; a espada virá sobre os seus valentes, e ficarão aterrorizados.

37 A espada virá sobre os seus cavalos, e sobre os seus carros, e sobre toda a mistura de povos, que está no meio dela; e tornar-se-ão como mulheres; a espada virá sobre os seus tesouros, e serão saqueados.

38 Cairá a seca sobre as suas águas, e secarão; porque é terra de esculturas, e pelos horríveis ídolos andam enfurecidos.

39 Por isso habitarão nela as feras do deserto, com os animais bravos das ilhas; também habitarão nela as avestruzes; e não mais será povoada para sempre, nem será habitada de geração em geração.

40

Como Deus destruiu Sodoma e Gomorra, e os seus vizinhos, diz o Senhor, assim ninguém habitará ali, nem morará nela filho do homem.

41 Eis que um povo vem do norte, e uma grande nação; e reis poderosos se levantarão dos lados da terra.

42 Arco e lança tomarão; eles são cruéis, e não serão compassivos; a sua voz bramará como o mar, e sobre cavalos cavalgarão, como um homem preparado para a batalha, contra ti, ó filha de Babilônia.

43 O rei de Babilônia ouviu a sua fama, e desfaleceram as suas mãos; tomaram-no a angústia e a dor, como da que está de parto.

44 Eis que ele como leão subirá da enchente do Jordão, contra a morada do forte, porque num momento o farei correr dali; e quem é o escolhido, a este porei contra ela; porque quem é semelhante a mim? e quem me citaria em juízo? e quem é aquele pastor que subsistiria perante mim?

45 Portanto, ouvi o conselho do Senhor, que decretou contra Babilônia, e os seus desígnios que intentou contra a terra dos caldeus: Certamente os menores do rebanho os arrastarão; certamente assolará a morada sobre eles.

46 Do estrondo da tomada de Babilônia estremeceu a terra; e o grito se ouviu entre as nações.

Capítulo 51

Sobrevirão juízos, destruição e desolação sobre Babilônia por seus pecados — Ordena-se a Israel: Fugi de Babilônia — Israel é a vara do Senhor para destruir todos os reinos.

1

Assim diz o Senhor: Eis que levantarei contra Babilônia, e contra os que habitam no coração dos que se levantam contra mim, um vento destruidor.

2 E enviarei padejadores contra Babilônia, que a padejarão, e esvaziarão a sua terra; porque virão contra ela em redor no dia da calamidade.

3 O flecheiro arme o seu arco contra o que arma o seu arco, e contra o que se exalta na sua couraça; e não perdoeis seus jovens; destruí todo o seu exército.

4 E os mortos caiam na terra dos caldeus, e os atravessados pela espada, nas ruas.

5 Porque Israel e Judá não enviuvaram do seu Deus, do Senhor dos Exércitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas perante o Santo de Israel.

6 Fugi do meio de Babilônia, e livrai cada um a sua alma, e não vos destruais na sua maldade; porque este é o tempo da vingança do Senhor, que lhe paga retribuição.

7 Era Babilônia um cálice de ouro na mão do Senhor, que embriagava toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso as nações enlouqueceram.

8 Num momento caiu Babilônia, e ficou arruinada; uivai por ela, tomai bálsamo para a sua dor, porventura sarará.

9 Queríamos sarar Babilônia, porém ela não sarou; deixai-a, e vamo-nos cada um para a sua terra; porque o seu juízo chegou até o céu, e se elevou até as mais altas nuvens.

10

O Senhor trouxe a nossa justiça à luz; vinde e contemos em Sião a obra do Senhor, nosso Deus.

11 Limpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos; o Senhor despertou o espírito dos reis da Média; porque o seu intento contra Babilônia é para a destruir; porque esta é a vingança do Senhor, a vingança do seu templo.

12 Arvorai bandeira sobre os muros de Babilônia, reforçai a guarda, colocai guardas, preparai as ciladas; porque como o Senhor intentou, assim fez o que tinha falado acerca dos moradores de Babilônia.

13 Tu que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros, veio o teu fim, a medida da tua avareza.

14 Jurou o Senhor dos Exércitos por si mesmo, dizendo: Ainda que te enchi de homens, como de pulgão, contudo cantarão com júbilo sobre ti.

15 Ele fez a terra com o seu poder, e ordenou o mundo com a sua sabedoria, e estendeu os céus com o seu entendimento.

16 Fazendo ele soar a sua voz, grande estrondo de águas nos céus, e faz subir os vapores desde os confins da terra; faz os relâmpagos com a chuva, e tira o vento dos seus tesouros.

17 Embruteceu-se todo homem, e não tem conhecimento; envergonhou-se todo ourives de imagem de escultura; porque a sua imagem de fundição mentira é, e não espírito nelas.

18 Vaidade são, obra de enganos; no tempo do seu castigo perecerão.

19 Não é semelhante a estes a porção de Jacó; porque ele é o que formou tudo; e Israel é a tribo da sua herança; o Senhor dos Exércitos é o seu nome.

20

Tu me és martelo e armas de guerra, e por meio de ti despedaçarei nações, e por meio de ti destruirei os reinos;

21 E por ti despedaçarei o cavalo e o seu cavaleiro; e por ti despedaçarei o carro e o que vai nele;

22 E por ti despedaçarei o homem e a mulher, e por ti despedaçarei o velho e o moço; e por ti despedaçarei o jovem e a virgem;

23 E por ti despedaçarei o pastor e o seu rebanho; e por ti despedaçarei o lavrador e a sua junta de bois; e por ti despedaçarei os capitães e os magistrados.

24 Mas pagarei a Babilônia, e a todos os moradores da Caldeia, toda a sua maldade, que fizeram em Sião, aos vossos olhos, diz o Senhor.

25 Eis-me aqui contra ti, ó monte destruidor, diz o Senhor, que destróis toda a terra; e estenderei a minha mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte de queima.

26 E não tomarão de ti pedra para esquina, nem pedra para fundamentos, porque te tornarás em assolações perpétuas, diz o Senhor.

27 Arvorai bandeira na terra, tocai a buzina entre as nações, santificai as nações contra ela, convocai contra ela os reinos de Ararate, Mini, e Asquenaz; ordenai contra ela um capitão, fazei subir cavalos, como pulgão arrepiado.

28 Santificai contra ela as nações, os reis da Média, os seus capitães, e todos os seus magistrados, como também toda a terra do seu domínio.

29 Então tremerá a terra, e doer-se-á, porque cada um dos desígnios do Senhor está firme contra Babilônia, para fazer da terra de Babilônia uma assolação, de sorte que não haja nela habitante.

30

Os valentes de Babilônia cessaram de pelejar, ficaram nas fortalezas, desfaleceu a sua força, tornaram-se como mulheres; incendiaram as suas moradas, quebrados foram os seus ferrolhos.

31 Um correio correrá ao encontro de outro correio, e um mensageiro ao encontro de outro mensageiro, para anunciar ao rei de Babilônia que a sua cidade está tomada desde um cabo até o outro;

32 E os vaus estão tomados, e os canaviais queimados a fogo; e os homens de guerra ficaram assombrados.

33 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: A filha de Babilônia é como uma eira, já é tempo de se debulhar; ainda um pouco, e o tempo da ceifa lhe virá.

34 Nabucodonosor, rei de Babilônia, me devorou, atropelou-me, fez de mim um vaso vazio, como chacal me tragou, encheu o seu ventre das minhas delicadezas; lançou-me fora.

35 A violência que se fez a mim e à minha carne venha sobre Babilônia, diga a moradora de Sião; e o meu sangue sobre os moradores da Caldeia, diga Jerusalém.

36 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que pleitearei a tua causa, e te vingarei da vingança que se tomou de ti; e secarei o seu mar, e farei que se esgote o seu manancial.

37 E Babilônia virá a ser uns montões, morada de chacais, espanto e assobio, sem que haja quem habite nela.

38 Juntamente rugirão como leões novos; bramarão como filhotes de leões.

39 Estando eles esquentados, lhes darei a sua bebida, e os embriagarei, para que andem saltando; porém dormirão um perpétuo sono, e não acordarão, diz o Senhor.

40

Fá-los-ei descer como cordeiros ao matadouro, como carneiros com os bodes.

41 Como foi presa Sesaque, e tomada a glória de toda a terra! Como se tornou Babilônia objeto de espanto entre as nações!

42 O mar subiu sobre Babilônia; com a multidão das suas ondas se cobriu.

43 Tornaram-se as suas cidades em assolação, terra seca e deserta, terra em que ninguém habite, nem passe por ela filho de homem.

44 E castigarei Bel em Babilônia, e tirarei da sua boca o que tragou, e nunca mais concorrerão a ele as nações; também o muro de Babilônia caiu.

45 Saí do meio dela, ó povo meu, e livrai cada um a sua alma, por causa do ardor da ira do Senhor.

46 E para que porventura não desfaleça o vosso coração, e não temais pelo rumor que se ouvir na terra; porque virá num ano um rumor, e depois noutro ano, um rumor; e haverá violência na terra, dominador contra dominador.

47 Portanto, eis que vêm dias em que castigarei as imagens de escultura de Babilônia, e toda a sua terra será envergonhada, e todos os seus mortos cairão no meio dela.

48 E os céus e a terra, com tudo quanto neles há, jubilarão sobre Babilônia; porque do norte lhe virão os destruidores, diz o Senhor.

49 Como Babilônia serviu de queda aos mortos de Israel, assim em Babilônia cairão os mortos de toda a terra.

50

Vós, que escapastes da espada, ide-vos, não pareis; de longe lembrai-vos do Senhor, e Jerusalém suba à vossa mente.

51 Direis porém: Envergonhados estamos, porque ouvimos opróbrio; vergonha cobriu o nosso rosto, porquanto entraram estrangeiros nos santuários da casa do Senhor.

52 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei as suas imagens de escultura; e gemerá o ferido em toda a sua terra.

53 Ainda que Babilônia subisse aos céus, e ainda que fortificasse a altura da sua fortaleza, todavia de mim virão destruidores sobre ela, diz o Senhor.

54 Voz de gritos se ouve de Babilônia, e grande destruição, da terra dos caldeus;

55 Porque o Senhor destrói Babilônia, e fará perecer dela a sua grande voz; porque as suas ondas bramarão como muitas águas; ouvir-se-á o estrondo da sua voz.

56 Porque o destruidor vem sobre ela, sobre Babilônia, e os seus valentes serão presos, estão quebrados os seus arcos; porque o Senhor, Deus das recompensas, certamente lho pagará.

57 E embriagarei os seus príncipes, e os seus sábios, e os seus capitães, e os seus magistrados, e os seus valentes; e dormirão um sono perpétuo, e não acordarão, diz o Rei cujo nome é o Senhor dos Exércitos.

58 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Os largos muros de Babilônia totalmente serão derrubados, e as suas portas excelsas serão abrasadas pelo fogo; e trabalharão os povos em vão, e as nações, no fogo, e cansar-se-ão.

59 A palavra que mandou Jeremias, o profeta, a Seraías, filho de Nerias, filho de Maaseias, indo ele com Zedequias, rei de Judá, a Babilônia, no ano quarto do seu reinado; e Seraías era um camareiro-mor.

60

Escreveu, pois, Jeremias num livro todo o mal que havia de vir sobre Babilônia; todas essas palavras que estavam escritas contra Babilônia.

61 E disse Jeremias a Seraías: Quando chegares a Babilônia, verás e lerás todas essas palavras.

62 E dirás: Senhor! tu falaste sobre este lugar, que o havias de desarraigar, até não ficar nele morador algum, desde o homem até o animal, mas que se tornaria em perpétuas assolações.

63 E acontecerá que, acabando tu de ler este livro, o atarás a uma pedra e o lançarás no meio do Eufrates.

64 E dirás: Assim será afundada Babilônia, e não se levantará, por causa do mal que eu hei de trazer sobre ela, e se cansarão. Até aqui são as palavras de Jeremias.

Capítulo 52

Jerusalém é cercada e tomada pelos caldeus — Muitas pessoas e os utensílios da casa do Senhor são levados para Babilônia.

1

Era Zedequias da idade de vinte e um anos quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém; e o nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.

2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Joaquim.

3 Porque sucedeu, por causa da ira do Senhor contra Jerusalém e Judá, até que ele os lançou de diante dele, que se rebelou Zedequias contra o rei de Babilônia.

4 E aconteceu, no ano nono do seu reinado, no mês décimo, no décimo dia do mês, que veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra Jerusalém, ele e todo o seu exército, e se acamparam contra ela, e levantaram contra ela baluartes ao redor.

5 Assim, esteve cercada a cidade, até o ano undécimo do rei Zedequias.

6 No mês quarto, aos nove do mês, quando a fome prevalecia na cidade, e o povo da terra não tinha pão,

7 Então a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram, e saíram da cidade de noite, pelo caminho da porta, entre os dois muros que estavam junto ao jardim do rei (porque os caldeus estavam contra a cidade ao redor), e foram-se pelo caminho da campina.

8 Porém o exército dos caldeus seguiu o rei, e alcançaram Zedequias nas campinas de Jericó, e todo o seu exército se espalhou de junto dele.

9 E prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla, na terra de Hamate, o qual pronunciou juízos contra ele.

10

E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias diante dos seus olhos, e também matou todos os príncipes de Judá em Ribla.

11 E cegou os olhos de Zedequias, e o atou com duas cadeias de bronze; e o rei de Babilônia o levou a Babilônia, e o pôs na casa do cárcere até o dia da sua morte.

12 E no quinto mês, no décimo dia do mês (este era o décimo nono ano do rei Nabucodonosor, rei de Babilônia), Nebuzaradã, capitão da guarda, que assistia na presença do rei de Babilônia, veio a Jerusalém.

13 E queimou a casa do Senhor, e a casa do rei; e também todas as casas de Jerusalém, e todas as casas dos grandes queimou a fogo.

14 E todo o exército dos caldeus, que estava com o capitão da guarda, derrubou todos os muros de Jerusalém ao redor.

15 E dos mais pobres do povo, e o restante do povo, que deixaram ficar na cidade, e os rebeldes que se haviam passado ao rei de Babilônia, e o restante da multidão, Nebuzaradã, capitão da guarda, levou presos.

16 Mas dos mais pobres da terra deixou Nebuzaradã, capitão da guarda, ficar alguns, para serem vinhateiros e lavradores.

17 Quebraram mais os caldeus as colunas de bronze, que estavam na casa do Senhor, e as bases, e o mar de bronze, que estavam na casa do Senhor, e levaram todo o bronze para Babilônia.

18 Também tomaram os caldeirões, e as pás, e as pinças, e as bacias, e os perfumadores, e todos os utensílios de bronze, com que se ministrava.

19 E tomou o capitão da guarda os cálices, e os incensários, e as bacias, e os caldeirões e os candelabros, e os perfumadores, e as galhetas; tanto o que era de puro ouro, como o que era de prata maciça.

20

As duas colunas, o único mar, e os doze bois de bronze, que estavam no lugar das bases, que fizera o rei Salomão para a casa do Senhor; o bronze deles, de todos esses utensílios, era imensurável.

21 Quanto às colunas, a altura de uma coluna era de dezoito côvados, e um fio de doze côvados a cercava; e era a sua grossura de quatro dedos, e era oca.

22 E havia sobre ela um capitel de bronze, e a altura do capitel era de cinco côvados, e a rede e as romãs em roda do capitel, tudo era de bronze; e semelhante a esta era o da outra coluna, com as romãs.

23 E havia noventa e seis romãs em cada lado; as romãs todas eram um cento, ao redor da rede.

24 O capitão da guarda tomou também Seraías, o sacerdote primeiro, e Sofonias, o sacerdote segundo, e os três guardas do umbral da porta.

25 E da cidade tomou um eunuco que tinha a seu cargo os homens de guerra, e sete homens dos que viam a face do rei, que se achavam na cidade, como também o escrivão-mor do exército, que registrava o povo da terra para a guerra, e sessenta homens do povo da terra, que se achavam no meio da cidade.

26 Tomando-os, pois, Nebuzaradã, capitão da guarda, os levou ao rei de Babilônia, a Ribla.

27 E o rei de Babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamate; assim, Judá foi levado da sua terra em cativeiro.

28 Este é o povo que Nabucodonosor levou cativo no sétimo ano: três mil e vinte e três judeus.

29 No ano décimo oitavo de Nabucodonosor levou ele em cativeiro de Jerusalém oitocentas e trinta e duas almas.

30

No ano vinte e três de Nabucodonosor, levou Nebuzaradã, capitão da guarda, em cativeiro dos judeus, setecentas e quarenta e cinco almas; todas as almas são quatro mil e seiscentas.

31 Sucedeu, pois, no ano trigésimo sétimo do cativeiro de Jeoaquim, rei de Judá, no mês duodécimo, aos vinte e cinco do mês, que Evil-Merodaque, rei de Babilônia, no ano primeiro do seu reinado, exalçou a cabeça de Jeoaquim, rei de Judá, e o tirou da casa da prisão;

32 E falou com ele benignamente, e pôs o seu trono acima dos tronos dos reis que estavam com ele em Babilônia;

33 E lhe mudou as vestes da sua prisão; e ele comeu pão sempre na sua presença, todos os dias da sua vida.

34 E quanto à sua subsistência, foi-lhe dada subsistência contínua pelo rei de Babilônia, porção quotidiana, até o dia da sua morte, todos os dias da sua vida.

As
Lamentações
de Jeremias

Capítulo 1

Jeremias lamenta a situação deplorável de Jerusalém — A própria Jerusalém se queixa de sua profunda dor.

1

Quão solitária está assentada aquela cidade, dantes tão populosa! Tornou-se como viúva; a que foi grande entre as nações, como a princesa entre as províncias, tornou-se tributária!

2 Chora amargamente de noite, e as suas lágrimas estão correndo pelas suas faces; entre todos os seus amantes ela não tem quem a console; todos os seus amigos se houveram traiçoeiramente com ela, se lhe tornaram inimigos.

3 Judá foi ao cativeiro por causa da aflição, e por causa da grandeza da sua servidão; ela habita entre as nações, não acha descanso; todos os seus perseguidores a alcançam no meio das suas angústias.

4 Os caminhos de Sião pranteiam, porque não há quem venha à solenidade; todas as suas portas estão assoladas; os seus sacerdotes suspiram; as suas virgens estão tristes, e ela mesma tem amargura.

5 Os seus adversários fizeram-se cabeça dela, os seus inimigos prosperam; porque o Senhor a entristeceu, por causa da multidão das suas transgressões; os seus filhinhos vão em cativeiro adiante do adversário.

6 E da filha de Sião foi-se toda a sua glória; os seus príncipes ficaram sendo como cervos que não acham pasto e caminham sem força adiante do perseguidor.

7 Nos dias da sua aflição, e das suas rebeliões, lembrou-se Jerusalém de todas as suas mais queridas coisas, que tivera dos tempos antigos; quando caía o seu povo na mão do adversário, e ela não tinha quem a socorresse, os adversários a viram, e fizeram escárnio dos seus sábados.

8 Jerusalém gravemente pecou, por isso se fez instável; todos os que a honravam, a desprezaram, porque viram a sua nudez; ela também suspirou e se voltou para trás.

9 A sua imundície está nas orlas dos seus mantos, nunca se lembrou do seu fim; por isso foi pasmosamente abatida, não tem consolador; vê, Senhor, a minha aflição, porque o inimigo se engrandece.

10

Estendeu o adversário a sua mão a todas as coisas mais preciosas dela; pois ela viu entrar no seu santuário as nações acerca das quais mandaste que não entrassem na tua congregação.

11 Todo o seu povo anda suspirando, buscando o pão, deram as suas coisas mais preciosas a troco de mantimento para restaurarem as forças; vê, Senhor, e contempla, que sou desprezível.

12 Porventura não vos toca a todos os que passais pelo caminho? Atentai, e vede, se há dor como a minha dor, que se fez a mim, com que me afligiu o Senhor, no dia do furor da sua ira.

13 Desde o alto enviou um fogo em meus ossos, o qual se assenhoreou deles; estendeu uma rede aos meus pés, fez-me voltar para trás, fez-me assolada e enferma todo o dia.

14 Já o jugo das minhas transgressões está atado pela sua mão, elas estão entretecidas, subiram sobre o meu pescoço, ele prostrou a minha força; entregou-me o Senhor nas mãos dos inimigos, não posso levantar-me.

15 O Senhor atropelou todos os meus valentes no meio de mim; convocou contra mim uma assembleia, para quebrantar os meus jovens; o Senhor pisou como num lagar a virgem filha de Judá.

16 Por essas coisas eu ando chorando, e os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar a minha alma; os meus filhos estão desolados, porque prevaleceu o inimigo.

17 Estende Sião as suas mãos, não há quem a console; mandou o Senhor acerca de Jacó que lhe fossem inimigos os que estão em redor dele; Jerusalém é como uma mulher imunda.

18 Justo é o Senhor, pois me rebelei contra a sua boca; ouvi, pois, todos os povos, e vede a minha dor; as minhas virgens e os meus jovens se foram para o cativeiro.

19 Chamei os meus amantes, porém eles me enganaram; os meus sacerdotes e os meus anciãos expiraram na cidade; quando buscavam para si mantimento, para restaurarem as suas forças.

20

Olha, Senhor, porque estou angustiada; turbadas estão as minhas entranhas, o meu coração está transtornado dentro de mim, porque gravemente me rebelei; fora me desfilhou a espada; em casa está a morte.

21 Bem ouvem que eu suspiro, porém não tenho quem me console; todos os meus inimigos que ouviram o meu mal regozijam-se, porque tu o fizeste; mas, trazendo tu o dia que apregoaste, então serão como eu.

22 Venha todo o seu mal diante de ti, e faze-lhes como fizeste a mim por causa de todas as minhas transgressões; porque os meus suspiros são muitos, e o meu coração está desfalecido.

Capítulo 2

Prevalecem a miséria, o sofrimento e a desolação em Jerusalém.

1

Como cobriu o Senhor de nuvens na sua ira a filha de Sião! Derrubou do céu à terra a glória de Israel, e não se lembrou do escabelo de seus pés, no dia da sua ira.

2 Devorou o Senhor todas as moradas de Jacó, e não se apiedou; derrubou no seu furor as fortalezas da filha de Judá, e as lançou por terra; profanou o reino e os seus príncipes.

3 Cortou no furor da sua ira toda a força de Israel; retirou para trás a sua destra de diante do inimigo; e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo que consome em redor.

4 Armou o seu arco como inimigo; firmou a sua destra como adversário, e matou tudo o que era formoso à vista; derramou a sua indignação como fogo na tenda da filha de Sião.

5 Tornou-se o Senhor como inimigo; devorou Israel, devorou todos os seus palácios, destruiu as suas fortalezas; e multiplicou na filha de Judá a lamentação e tristeza.

6 E arrancou a sua cabana com violência, como a de uma horta; e destruiu o lugar de sua congregação; o Senhor em Sião pôs em esquecimento a solenidade e o sábado; e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote.

7 Rejeitou o Senhor o seu altar, detestou o seu santuário; entregou na mão do inimigo os muros dos seus palácios; deram gritos na casa do Senhor, como em dia de solenidade.

8 Intentou o Senhor destruir o muro da filha de Sião; estendeu o cordel sobre ele, não retirou a sua mão de devorar; fez gemer o antemuro e o muro juntamente, estão enfraquecidos.

9 caíram por terra as suas portas, destruiu e quebrou os seus ferrolhos; estão entre as nações o seu rei e os seus príncipes; não lei, nem os seus profetas acham visão alguma do Senhor.

10

Estão assentados na terra, estão calados os anciãos da filha de Sião; lançam pó sobre a sua cabeça, cingiram-se de panos de saco; as virgens de Jerusalém abaixam a sua cabeça até a terra.

11 Já se consumiram os meus olhos com lágrimas, turbadas estão as minhas entranhas, o meu fígado se derramou pela terra por causa da destruição da filha do meu povo; porquanto desfalecem o menino e a criança de peito pelas ruas da cidade.

12 Às suas mães dizem: Onde há trigo e vinho? quando desfalecem como o ferido pelas ruas da cidade, derramando-se a sua alma no regaço de suas mães.

13 Que testemunho te trarei? a quem te compararei, ó filha de Jerusalém? a quem te assemelharei, para te consolar, ó virgem filha de Sião? porque grande é como o mar a tua ruína; quem te sarará?

14 Os teus profetas viram para ti vaidade e loucura, e não manifestaram a tua maldade, para desviarem o teu cativeiro; antes, viram para ti profecias vãs e enganosas.

15 Todos os que passam pelo caminho batem palmas sobre ti, assobiam e meneiam a sua cabeça sobre a filha de Jerusalém, dizendo: É esta a cidade de que se dizia: Perfeita é em formosura, a alegria de toda a terra?

16 Todos os teus inimigos abrem a sua boca sobre ti, assobiam, e rangem os dentes; dizem: a devoramos; pois este é o dia que esperávamos; o achamos, o vimos.

17 Fez o Senhor o que intentou; cumpriu a sua palavra, que mandara desde os dias da antiguidade; derrubou, e não se apiedou; e alegrou o inimigo sobre ti, exaltou o poder dos teus adversários.

18 O coração deles clamou ao Senhor: Ó muralha da filha de Sião, derrama lágrimas como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês descanso, nem cessem as meninas de teus olhos.

19 Levanta-te, clama de noite no princípio das vigílias; derrama o teu coração como águas diante da face do Senhor; levanta a ele as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas.

20

Vê, ó Senhor, e considera a quem fizeste assim; porventura comerão as mulheres o fruto das suas entranhas, as crianças que trazem nos braços? Ou matar-se-á no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta?

21 Jazem em terra pelas ruas o moço e o velho, as minhas virgens e os meus jovens vieram a cair à espada; tu os mataste no dia da tua ira; trucidaste e não te apiedaste.

22 Convocaste os meus temores em redor como num dia de solenidade; nem houve alguém no dia da ira do Senhor que escapasse, nem quem ficasse; os que trouxe nas mãos e sustentei, o meu inimigo os consumiu.

Capítulo 3

Jeremias, falando em nome de Judá, lamenta a calamidade, mas confia no Senhor e ora pedindo libertação.

1

Eu sou aquele homem que viu a aflição pela vara do seu furor.

2 Ele guiou-me e levou-me às trevas e não à luz.

3 Deveras se voltou contra mim e voltou a sua mão contra mim todo o dia.

4 Fez envelhecer a minha carne e a minha pele, quebrantou os meus ossos.

5 Edificou contra mim, e me cercou de fel e aflição.

6 Assentou-me em lugares tenebrosos, como os que estavam mortos há muito.

7 Cercou-me de sebe, e não posso sair; agravou os meus grilhões.

8 Ainda quando clamo e grito, ele exclui a minha oração.

9 Cercou de sebe os meus caminhos com pedras lavradas, fez tortuosas as minhas veredas.

10

Fez-se-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos.

11 Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me assolado.

12 Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.

13 Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava.

14 Fui feito um objeto de escárnio a todo o meu povo, de canção sua, todo o dia.

15 Fartou-me de amarguras, embriagou-me de absinto.

16 Quebrou com cascalho os meus dentes; abaixou-me na cinza.

17 E afastaste da paz a minha alma; esqueci-me do bem.

18 Então disse eu: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor.

19 Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do fel.

20

Minha alma certamente disso se lembra, e se abate em mim.

21 Disso me recordarei no meu coração; por isso esperarei.

22 As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim.

23 Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.

24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.

25 Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.

26 Bom é esperar, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.

27 Bom é para o homem levar o jugo na sua mocidade.

28 Assentar-se-á solitário, e ficará em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.

29 Porá a sua boca no pó, dizendo: Porventura haverá esperança.

30

Dará a sua face ao que o fere; fartar-se-á de afronta.

31 Porque o Senhor não rejeitará para sempre.

32 Antes, se entristeceu alguém, compadecer-se-á dele, segundo a grandeza das suas misericórdias.

33 Porque de bom grado não aflige nem entristece os filhos dos homens.

34 Esmagar debaixo dos seus pés todos os presos da terra,

35 Perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo,

36 Subverter o homem na sua causa, não são do agrado do Senhor.

37 Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor não o mande?

38 Porventura da boca do Altíssimo não saem o mal e o bem?

39 De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.

40

Esquadrinhemos os nossos caminhos, e investiguemo-los, e voltemos para o Senhor.

41 Levantemos o nosso coração com as mãos para Deus nos céus, dizendo:

42 Nós transgredimos, e fomos rebeldes; por isso tu não perdoaste.

43 Cobriste-nos da tua ira, e nos perseguiste; mataste, não perdoaste.

44 Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração.

45 Por escória e refugo nos puseste no meio dos povos.

46 Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca.

47 Temor e cova vieram sobre nós, assolação e destruição.

48 Torrentes de águas derramaram os meus olhos pela destruição da filha do meu povo.

49 Os meus olhos choram, e não cessam, porquanto não há descanso,

50

Até que o Senhor atente e veja desde os céus.

51 Os meus olhos entristecem a minha alma, por causa de todas as filhas da minha cidade.

52 Como ave me caçaram os que, sem causa, são meus inimigos.

53 Arrancaram a minha vida na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.

54 Derramaram-se as águas sobre a minha cabeça; eu disse: Estou perdido.

55 Invoquei o teu nome, Senhor, desde a mais profunda cova.

56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor.

57 Tu te achegaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.

58 Pleiteaste, Senhor, as causas da minha alma, remiste a minha vida.

59 Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa.

60

Viste toda a sua vingança, todos os seus pensamentos contra mim.

61 Ouviste a sua afronta, Senhor, todos os seus pensamentos contra mim,

62 Os lábios dos que se levantam contra mim e as suas imaginações contra mim todo o dia.

63 Observa-os ao assentarem-se e ao levantarem-se; eu sou a sua canção.

64 Dá-lhes recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.

65 Dá-lhes dureza de coração, maldição tua sobre eles.

66 Na tua ira persegue-os, e destrói-os de debaixo dos céus do Senhor.

Capítulo 4

A situação de Sião é lastimável por causa do pecado e da iniquidade.

1

Como se escureceu o ouro! como se mudou o ouro fino e bom! como estão espalhadas as pedras do santuário pelas esquinas de todas as ruas!

2 Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!

3 Até os chacais dão o peito, dão de mamar aos seus filhos; porém a filha do meu povo fez-se cruel como as avestruzes no deserto.

4 A língua do que mama fica pegada pela sede ao seu paladar; as crianças pedem pão, e não há quem lho reparta.

5 Os que comiam delicadezas agora desfalecem nas ruas; os que se criaram em carmesim abraçam o esterco.

6 E maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, a qual se subverteu como num momento, sem que trabalhassem nela mãos algumas.

7 Os seus nazireus eram mais alvos do que a neve, eram mais brancos do que o leite, eram mais roxos de corpo do que os rubis, e mais lisos do que a safira.

8 Mas agora escureceu-se o seu aspecto mais do que o negrume, não são conhecidos nas ruas; a sua pele se lhes pegou aos ossos, secou-se, tornou-se como um pau.

9 Os mortos à espada mais ditosos são do que os mortos à fome; porque estes se esvaem como transpassados, por falta dos frutos dos campos.

10

As mãos das mulheres compassivas cozeram seus filhos; eles lhes serviram de comida na destruição da filha do meu povo.

11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor; derramou o ardor da sua ira, e acendeu fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos.

12 Não creram os reis da terra, nem todos os moradores do mundo, que entrassem o adversário e o inimigo pelas portas de Jerusalém.

13 Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela,

14 Vagueavam como cegos nas ruas, andavam contaminados de sangue; de modo que ninguém podia tocar nas suas roupas.

15 Clamavam-lhes: Desviai-vos, é imundo; desviai-vos, desviai-vos, não toqueis; quando fugiram, e também andaram errantes, dizia-se entre as nações: Nunca mais morarão aqui.

16 A face do Senhor os dispersou, nunca mais tornará a olhar para eles; não reverenciaram a face dos sacerdotes, nem se compadeceram dos velhos.

17 Enquanto subsistíamos, ainda desfaleciam os nossos olhos, esperando o nosso vão socorro; olhávamos atentamente para uma nação que não nos podia livrar.

18 Espreitaram os nossos passos, de maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas; aproxima-se o nosso fim, estão cumpridos os nossos dias, porque chegou o nosso fim.

19 Os nossos perseguidores foram mais ligeiros do que as águias dos céus; sobre os montes nos perseguiram, no deserto nos armaram ciladas.

20

O fôlego das nossas narinas, o ungido do Senhor, foi preso nas suas covas; do qual dizíamos: Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.

21 Regozija-te, e alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz; porém ainda até a ti passará o copo; embebedar-te-ás, e te desnudarás.

22 se cumpriu a tua maldade, ó filha de Sião; ele nunca mais te levará em cativeiro; castigará a tua maldade, ó filha de Edom, descobrirá os teus pecados.

Capítulo 5

Jeremias recita em oração a situação aflitiva de Sião.

1

Lembra-te, Senhor, do que nos sucedeu; considera, e olha o nosso opróbrio.

2 A nossa herdade passou a estranhos, e as nossas casas, a forasteiros.

3 Órfãos somos sem pai, nossas mães são como viúvas.

4 A nossa água por dinheiro a bebemos, por preço vem a nossa lenha.

5 Padecemos perseguição sobre o nosso pescoço; estamos cansados, e não temos descanso.

6 Aos egípcios estendemos as mãos, e aos assírios, para nos fartarem de pão.

7 Nossos pais pecaram, e não existem; nós levamos as suas maldades.

8 Servos dominam sobre nós; ninguém que nos livre da sua mão.

9 Com perigo de nossa vida trazemos o nosso pão, por causa da espada do deserto.

10

Nossa pele se enegreceu como um forno, por causa do ardor da fome.

11 Forçaram as mulheres em Sião; as virgens, nas cidades de Judá.

12 Os príncipes foram enforcados pelas mãos deles; as faces dos velhos não foram reverenciadas.

13 Aos jovens obrigaram a moer, e os moços tropeçaram debaixo da lenha.

14 Os velhos cessaram de se assentarem à porta, os jovens, de sua canção.

15 Cessou o regozijo de nosso coração, converteu-se em lamentação a nossa dança.

16 caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós! porque pecamos.

17 Portanto, desfaleceu o nosso coração, por isso se escureceram os nossos olhos.

18 Pelo monte de Sião, que está assolado, as raposas andam por ele.

19 Tu, Senhor, permaneces eternamente, e o teu trono, de geração em geração.

20

Por que te esquecerias de nós para sempre? Por que nos desampararias por tanto tempo?

21 Converte-nos, Senhor, a ti, e nos converteremos; renova os nossos dias como dantes.

22 Se é que não nos tens rejeitado totalmente, e estás sobremaneira irado contra nós.

O Livro do Profeta
Ezequiel

Capítulo 1

Ezequiel tem uma visão de quatro seres viventes, quatro rodas e a glória de Deus em Seu trono.

1

E aconteceu que no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu vi visões de Deus.

2 No quinto dia do mês (que foi no quinto ano do cativeiro do rei Jeoaquim),

3 Veio expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, o sacerdote, filho de Buzi, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar, e ali esteve sobre ele a mão do Senhor.

4 Então vi, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, e um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor dela, e no meio dela havia uma coisa como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo.

5 E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes; e esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homens.

6 E cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles, quatro asas.

7 E as suas pernas eram retas; e a planta dos seus pés, como a planta do pé de uma bezerra, e luziam como a cor de bronze polido.

8 E tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e assim todos os quatro tinham seus rostos e suas asas.

9 Uniam-se as suas asas uma à outra; não se viravam quando iam, e cada qual andava para a sua frente.

10

E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e à direita todos os quatro tinham rosto de leão, e à esquerda todos os quatro tinham rosto de boi; e também rosto de águia, todos os quatro.

11 E os seus rostos e as suas asas se abriam para cima; cada qual tinha duas asas juntas uma à outra, e duas cobriam o corpo deles.

12 E cada qual andava para a sua frente; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam.

13 E quanto à semelhança dos seres viventes, o seu aspecto era como de brasas de fogo ardentes, como uma aparência de lâmpadas; o fogo corria por entre os seres viventes, e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos;

14 E os seres viventes corriam, e retornavam, à semelhança dos relâmpagos.

15 E vi os seres viventes; e eis que havia uma roda na terra junto aos seres viventes, para cada um dos seus quatro rostos.

16 O aspecto das rodas, e a feitura delas, era como cor de turquesa; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e o seu aspecto, e a sua feitura, era como se estivesse uma roda no meio de outra roda.

17 Andando elas, andavam pelos quatro lados deles; não se viravam quando andavam.

18 E os seus aros eram tão altos, que metiam medo; e estas quatro tinham os seus aros cheios de olhos ao redor.

19 E andando os seres viventes, andavam as rodas ao pé deles; e elevando-se os seres viventes da terra, elevavam-se também as rodas.

20

Para onde o espírito havia de ir, iam; para lá o espírito havia de ir; e as rodas se elevavam defronte deles, porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.

21 Andando eles, andavam elas, e parando eles, paravam elas, e elevando-se eles da terra, elevavam-se também as rodas defronte deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.

22 E havia uma semelhança de firmamento sobre as cabeças dos seres viventes, como um aspecto de cristal terrível, estendido por cima, sobre as suas cabeças.

23 E debaixo do firmamento estavam as suas asas estendidas, uma voltada para a outra; cada um tinha duas, que lhe cobriam o corpo de um lado; e cada um tinha outras duas, que os cobriam do outro lado.

24 E andando eles, ouvi o ruído das suas asas, como o ruído de muitas águas, como a voz do Onipotente, a voz de um estrondo, como o estrépito de um exército; parando eles, abaixavam as suas asas.

25 E ouviu-se uma voz por cima do firmamento, que ficava por cima das suas cabeças; parando eles, abaixavam as suas asas.

26 E por cima do firmamento, que ficava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança de trono, como de uma safira; e sobre a semelhança do trono, uma semelhança com aspecto de um homem, que estava por cima, sobre ele.

27 E vi como a cor de âmbar, como o aspecto do fogo pelo interior dele, desde o aspecto dos seus lombos, e daí para cima; e desde o aspecto dos seus lombos e daí para baixo, vi como a semelhança do fogo, e um resplendor ao redor dele.

28 Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor; esse era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e vendo-a eu, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem falava.

Capítulo 2

Ezequiel é chamado para levar a palavra do Senhor a Israel — Ele vê um livro em que estão escritos lamentos e lamúrias.

1

E disse-me: Filho do homem, põe-te sobre os teus pés, e falarei contigo.

2 Então entrou em mim o Espírito, falando ele comigo, que me pôs sobre os meus pés, e ouvi o que me falava.

3 E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais transgrediram contra mim, até este mesmo dia.

4 E são filhos de semblante duro, e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus.

5 E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), saberão, contudo, que esteve no meio deles um profeta.

6 E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras; ainda que sejam sarças e espinhos para contigo, e tu habites com escorpiões, não temas as suas palavras, nem te assustes com o rosto deles, porque casa rebelde são eles.

7 Porém tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir; porquanto eles são rebeldes.

8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o que eu te falo, não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a tua boca, e come o que eu te dou.

9 Então vi, e eis que uma mão se estendia para mim, e eis que nela havia um rolo de livro.

10

E estendeu-o diante de mim, e ele estava escrito por dentro e por fora; e nele estavam escritas lamentações, e suspiros, e ais.

Capítulo 3

Ezequiel é nomeado atalaia da casa de Israel — O sangue de Israel será requerido de sua mão, a menos que ele erga a voz de advertência.

1

Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel.

2 Então abri a minha boca, e ele me deu o rolo para comer.

3 E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel.

4 E disse-me: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras.

5 Porque tu não és enviado a um povo de estranha fala, nem de língua difícil, senão à casa de Israel;

6 Nem a muitos povos de estranha fala, e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviasse, porventura não te dariam ouvidos?

7 Porém a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem dar ouvidos a mim; porque toda a casa de Israel é obstinada de testa e dura de coração.

8 Eis que fiz duro o teu rosto contra o rosto deles, e forte a tua testa, contra a testa deles.

9 Fiz como diamante a tua testa, mais forte do que a pederneira; não os temas, pois, nem te assombres com o rosto deles, porque casa rebelde são.

10

Disse-me mais: Filho do homem, põe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.

11 Anda, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e lhes falarás, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus; quer ouçam quer deixem de ouvir.

12 E levantou-me o Espírito, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar.

13 E ouvi o sonido das asas dos seres viventes, que tocavam umas nas outras, e o sonido das rodas defronte deles, e o sonido de um grande estrondo.

14 Então o Espírito me levantou, e me levou; e eu me fui muito triste, no ardor do meu espírito; porém a mão do Senhor era forte sobre mim.

15 E fui a Tel-Abibe, aos do cativeiro, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morei onde eles moravam; e morei ali sete dias, pasmado no meio deles.

16 E sucedeu que, ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:

17 Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte.

18 Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para o conservar em vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

19 Porém, se avisares o ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu caminho ímpio, ele morrerá na sua maldade, e tu livraste a tua alma.

20

Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça, e fizer maldade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá; porque tu não o avisaste, no seu pecado morrerá, e suas justiças que fizera não virão em memória, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

21 Porém, avisando tu o justo, para que o justo não peque, e ele não pecar, certamente viverá; porque foi avisado; e tu livraste a tua alma.

22 E a mão do Senhor estava sobre mim ali, e me disse: Levanta-te, e sai ao vale, e ali falarei contigo.

23 E levantei-me, e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto.

24 Então entrou em mim o Espírito, e me pôs sobre os meus pés, e falou comigo, e me disse: Entra, encerra-te dentro da tua casa.

25 Porque tu, ó filho do homem, eis que porão cordas sobre ti, e te ligarão com elas; não sairás, pois, ao meio deles.

26 E eu farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, e ficarás mudo, e não lhes servirás de homem que repreenda; porque casa rebelde são eles.

27 Mas quando eu falar contigo, abrirei a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. Quem ouvir, ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; porque casa rebelde são eles.

Capítulo 4

Ezequiel ilustra simbolicamente o cerco e a fome que sobrevirão sobre Jerusalém.

1

Tu, pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pô-lo-ás diante de ti, e grava nele a cidade de Jerusalém.

2 E põe contra ela um cerco, e edifica contra ela uma fortificação, e levanta contra ela uma rampa, e põe contra ela acampamentos, e põe-lhe aríetes em redor.

3 E tu, toma uma assadeira de ferro, e põe-na por muro de ferro entre ti e entre a cidade; e dirige para ela o teu rosto, e assim será cercada, e a cercarás; isto servirá de sinal à casa de Israel.

4 Tu também deita-te sobre o teu lado esquerdo, e põe a maldade da casa de Israel sobre ele; conforme o número dos dias que te deitares sobre ele, levarás as suas maldades.

5 Porque eu te dei os anos da sua maldade, conforme o número dos dias, trezentos e noventa dias; e levarás a maldade da casa de Israel.

6 E quando cumprires estes, tornar-te-ás a deitar sobre o teu lado direito, e levarás a maldade da casa de Judá quarenta dias; um dia te dei para cada ano.

7 Dirigirás, pois, o teu rosto para o cerco de Jerusalém, e o teu braço estará descoberto, e profetizarás contra ela.

8 E eis que porei sobre ti cordas; assim, tu não te voltarás de um lado para o outro, até que cumpras os dias do teu cerco.

9 E tu, toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e milho, e aveia, e põe-nos num vaso, e faze deles pão; conforme o número dos dias que tu te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás disso.

10

E a tua comida, que hás de comer, será do peso de vinte siclos a cada dia; de tempo em tempo a comerás.

11 Também beberás a água por medida, a saber, a sexta parte de um him; de tempo em tempo beberás.

12 E o comerás como bolos de cevada, e o cozerás sobre o excremento que sai do homem, diante dos olhos deles.

13 E disse o Senhor: Assim comerão os filhos de Israel o seu pão imundo, entre as nações às quais os lançarei.

14 Então disse eu: Ah! Senhor Deus! eis que a minha alma não foi contaminada, porque nunca comi coisa morta, nem despedaçada, desde a minha mocidade até agora; nem carne abominável entrou na minha boca.

15 E ele disse-me: Vê, dei-te esterco de vacas, em lugar de excremento de homem; e com ele prepararás o teu pão.

16 Então me disse: Filho do homem, eis que eu quebrarei o sustento de pão em Jerusalém, e comerão o pão por peso, e com desgosto; e a água beberão por medida, e com espanto;

17 Para que o pão e a água lhes faltem, e se espantem uns com os outros, e se consumam nas suas maldades.

Capítulo 5

O julgamento de Jerusalém incluirá fome, pestilência, guerra e a dispersão de seus habitantes.

1

E tu, ó filho do homem, toma uma faca afiada, uma navalha de barbeiro, e tomá-la-ás, e a farás passar por cima da tua cabeça e da tua barba; então tomarás uma balança, e repartirás os cabelos.

2 A terça parte queimarás no fogo, no meio da cidade, quando se cumprirem os dias do cerco; então tomarás outra terça parte, e feri-la-ás com uma espada ao redor dela; e a outra terça parte espalharás ao vento; porque desembainharei a espada atrás deles.

3 Também tomarás deles um pequeno número, e atá-los-ás nas bordas do teu manto.

4 E ainda destes tomarás alguns, e os lançarás no meio do fogo e os queimarás a fogo; e dali sairá um fogo contra toda a casa de Israel.

5 Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém, eu a pus no meio das nações, e das terras que estão ao redor dela.

6 Porém ela mudou em impiedade os meus juízos, mais do que as nações, e os meus estatutos mais do que as terras que estão ao redor dela; porque rejeitaram os meus juízos, e não andaram nos meus preceitos.

7 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto multiplicastes as vossas maldades mais do que as nações que estão ao redor de vós; nos meus estatutos não andastes, nem guardastes os meus juízos, nem ainda fizestes conforme os juízos das nações que estão ao redor de vós;

8 Por isso assim diz o Senhor Deus: Eis que eu, sim eu, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti aos olhos das nações.

9 E farei em ti o que nunca fiz, e o que jamais farei, por causa de todas as tuas abominações.

10

Portanto, os pais comerão seus filhos no meio de ti, e os filhos comerão seus pais; e executarei em ti juízos, espalharei tudo o que restar de ti a todos os ventos.

11 Portanto, vivo eu, diz o Senhor Deus (porquanto profanaste o meu santuário com todas as tuas coisas detestáveis, e com todas as tuas abominações), também eu te diminuirei, e o meu olho não te perdoará, nem também me apiedarei.

12 Uma terça parte de ti morrerá de peste, e se consumirá à fome no meio de ti; e outra terça parte cairá à espada em redor de ti; e a outra terça parte espalharei a todos os ventos, e a espada desembainharei atrás deles.

13 Assim se cumprirá a minha ira, e farei descansar neles o meu furor, e me consolarei; e saberão que eu, o Senhor, falei no meu zelo, quando cumprir neles o meu furor.

14 E te porei em assolação, e para opróbrio entre as nações que estão em redor de ti, aos olhos de todos os que passarem.

15 E o opróbrio e a infâmia servirão de instrução e terror às nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juízos com ira, e com furor, e com furiosos castigos. Eu, o Senhor, falei.

16 Quando eu enviar as flechas malignas da fome contra eles, que servirão para destruição, as quais eu mandarei para vos destruir, então aumentarei a fome sobre vós, e vos quebrarei o sustento do pão.

17 E enviarei sobre vós a fome, e as feras selvagens que te desfilharão; e a peste e o sangue passarão por ti; e trarei a espada sobre ti. Eu, o Senhor, falei.

Capítulo 6

O povo de Israel será destruído por sua idolatria — Somente alguns remanescentes serão salvos e dispersos.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dirige o teu rosto para os montes de Israel, e profetiza contra eles.

3 E dirás: Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor Deus: Assim diz o Senhor Deus aos montes, aos outeiros, aos ribeiros e aos vales: Eis que eu, sim eu, trarei a espada sobre vós, e destruirei os vossos altos.

4 E serão assolados os vossos altares, e quebradas as vossas imagens do sol, e derrubarei os vossos mortos, diante dos vossos ídolos.

5 E porei os cadáveres dos filhos de Israel diante dos seus ídolos; e espalharei os vossos ossos em redor dos vossos altares.

6 Em todas as vossas habitações as cidades serão destruídas, e os altos, assolados; para que os vossos altares sejam destruídos e assolados, e os vossos ídolos se quebrem e cessem, e as vossas imagens do sol sejam cortadas, e desfeitas, as vossas obras.

7 E os mortos cairão no meio de vós; para que saibais que eu sou o Senhor.

8 Porém deixarei um remanescente, para que tenhais alguns que escapem da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelas terras.

9 Então se lembrarão de mim os que escaparem de vós entre as nações para onde foram levados em cativeiro; porquanto me quebrantei por causa do seu coração prostituído, que se desviou de mim, e por causa dos seus olhos, que andaram se prostituindo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações.

10

E saberão que eu sou o Senhor, e que não disse em vão que lhes faria este mal.

11 Assim diz o Senhor Deus: Bate com a mão, e bate com o teu pé, e dize: Ah! por todas as abominações das maldades da casa de Israel, porque cairão à espada, e de fome, e de peste.

12 O que estiver longe morrerá de peste, e o que está perto cairá à espada; e o que restar e ficar cercado morrerá de fome; e cumprirei o meu furor contra eles.

13 Então sabereis que eu sou o Senhor, quando estiverem os seus mortos no meio dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em todo outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e debaixo de todo carvalho espesso, no lugar onde ofereciam perfume de cheiro suave a todos os seus ídolos.

14 E estenderei a minha mão sobre eles, e farei a terra assolada, e mais assolada do que o deserto do lado de Dibla, em todas as suas habitações; e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 7

Desolação, guerra, pestilência e destruição varrerão a terra de Israel — É predita a desolação de seu povo.

1

Depois veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:

2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.

3 Agora vem o fim sobre ti, porque enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus caminhos, e trarei sobre ti todas as tuas abominações.

4 E não te poupará o meu olho, nem me apiedarei de ti, mas porei sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti; e sabereis que eu sou o Senhor.

5 Assim diz o Senhor Deus: Um mal, eis que um só mal vem.

6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.

7 Vem a manhã a ti, ó habitante da terra. Vem o tempo; chegado é o dia da turbação, e não eco nos montes.

8 Agora depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha ira contra ti, e te julgarei conforme os teus caminhos, e porei sobre ti todas as tuas abominações.

9 E não te poupará o meu olho, nem me apiedarei de ti; porei sobre ti conforme os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti; e sabereis que sou eu o Senhor que firo.

10

Eis aqui o dia, eis que vem; saiu a manhã, já floresceu a vara, reverdeceu a soberba.

11 A violência se levantou em vara de impiedade; nada restará deles, nem da sua multidão, nem do seu ruído, nem haverá lamentação por eles.

12 Vem o tempo, é chegado o dia; o que compra não se alegre, e o que vende não se entristeça; porque a ira ardente está sobre toda a multidão deles.

13 Porque o que vende não tornará a possuir o que vendeu, ainda que permaneçam entre os viventes; porque a visão não tornará para trás sobre toda a sua multidão; nem ninguém fortalecerá a sua vida com a sua iniquidade.

14 tocaram a trombeta, e tudo prepararam, porém não quem vá à peleja, porque sobre toda a sua multidão está a minha ardente ira.

15 Fora a espada, e dentro a peste e a fome; o que estiver no campo morrerá à espada, e o que estiver na cidade, a fome e a peste o consumirão.

16 E escaparão os que escaparem deles, porém estarão pelos montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua maldade.

17 Todas as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos se desfarão em águas.

18 E se cingirão de panos de saco, e os cobrirá o terror; e sobre todo rosto haverá vergonha, e sobre a cabeça de todos eles, calva.

19 A sua prata lançarão pelas ruas, e o seu ouro será como imundícia; nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor; não fartarão eles a sua alma, nem lhes encherão as entranhas, porque isso foi o tropeço da sua maldade.

20

E a glória do seu ornamento, ele a pôs em magnificência, porém fizeram nela imagens das suas abominações e coisas detestáveis; por isso eu a tornei coisa imunda para eles.

21 E a entregarei na mão dos estrangeiros por presa, e aos ímpios da terra, por despojo; e a profanarão.

22 E desviarei deles o meu rosto, e profanarão o meu lugar oculto; porque entrarão nele saqueadores, e o profanarão.

23 Faze uma cadeia, porque a terra está cheia de juízo de sangue, e a cidade está cheia de violência.

24 E farei vir os piores de entre as nações, e possuirão as suas casas; e farei cessar a arrogância dos valentes, e os seus santuários serão profanados.

25 Vem a destruição, e buscarão a paz, porém não haverá nenhuma.

26 Miséria sobre miséria virá, e se levantará rumor sobre rumor; então buscarão do profeta uma visão, porém do sacerdote perecerá a lei, como também dos anciãos, o conselho.

27 O rei lamentará, e o príncipe se vestirá de assolação, e as mãos do povo da terra se conturbarão; conforme o seu caminho lhes farei, e com os seus juízos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 8

Ezequiel tem uma visão das iniquidades e abominações do povo de Judá em Jerusalém — Ele vê a idolatria ser praticada no próprio templo.

1

Sucedeu, pois, no sexto ano, no mês sexto, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor Deus caiu sobre mim.

2 E olhei, e eis uma semelhança como aspecto de fogo; desde o aspecto dos seus lombos, e daí para baixo, era fogo; e dos seus lombos, e daí para cima, como aspecto de um resplendor como de cor de âmbar;

3 E estendeu a forma de uma mão, e me tomou pelos cabelos da minha cabeça; e o Espírito me levantou entre a terra e o céu, e me levou a Jerusalém em visões de Deus, até a entrada da porta do pátio de dentro, que dá para o norte, onde estava o assento da imagem dos ciúmes, que provoca ciúmes.

4 E eis que a glória do Deus de Israel estava ali, conforme o aspecto que eu tinha visto no vale.

5 E disse-me: Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o caminho do norte. E levantei os meus olhos para o caminho do norte, e eis que do lado do norte, à porta do altar, estava essa imagem de ciúmes na entrada.

6 E disse-me: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? as grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Porém ainda tornarás a ver maiores abominações.

7 E levou-me à porta do átrio; então olhei, e eis que havia um buraco na parede.

8 E disse-me: Filho do homem, cava agora naquela parede. E cavei na parede, e eis que havia uma porta.

9 Então me disse: Entra, e vê as malignas abominações que eles fazem aqui.

10

E entrei, e olhei, e eis que toda forma de répteis, e de animais abomináveis, e de todos os ídolos da casa de Israel estavam pintados na parede em todo o redor.

11 E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jaazanias, filho de Safã, que estava no meio deles, estavam em pé diante deles, e cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso.

12 Então me disse: Viste, porventura, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Porque dizem: O Senhor não nos vê; desamparou o Senhor a terra.

13 E disse-me: Ainda tornarás a ver maiores abominações que estes fazem.

14 E levou-me à entrada da porta da casa do Senhor, que está do lado do norte, e eis ali estavam mulheres assentadas chorando a Tamuz.

15 E disse-me: Viste porventura isso, filho do homem? Ainda tornarás a ver abominações maiores do que estas.

16 E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, quase vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor, e com o rosto para o oriente; e eles adoravam o sol virados para o oriente.

17 Então me disse: Viste isto, filho do homem? Há porventura coisa mais leviana para a casa de Judá do que fazer tais abominações que fazem aqui? Havendo enchido a terra de violência, tornam a irritar-me; porque eis que eles chegam o ramo ao nariz.

18 Pelo que também eu usarei com eles de furor; o meu olho não poupará, nem me apiedarei; e ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei.

Capítulo 9

Ezequiel vê a identificação dos justos e a matança de todos os outros, começando pelo santuário do Senhor.

1

Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Fazei chegar os encarregados da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão.

2 E eis que vinham seis homens do caminho da porta alta, que dá para o norte, e cada um com as suas armas destruidoras na mão, e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cintura; e entraram, e se puseram junto ao altar de bronze.

3 E a glória do Deus de Israel se levantou de sobre o querubim sobre o qual estava, até o umbral da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua cintura.

4 E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.

5 E aos outros disse a meus ouvidos: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.

6 Matai velhos, jovens, e virgens, e crianças, e mulheres, até exterminá-los; porém a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.

7 E disse-lhes: Contaminai a casa e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade.

8 E sucedeu que, havendo-os ferido, e restando eu, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor Deus! Destruirás todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?

9 Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra se encheu de sangue, e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: O Senhor deixou a terra, e o Senhor não vê.

10

Pois também, quanto a mim, não poupará o meu olho, nem me compadecerei; sobre a cabeça deles farei recair o seu caminho.

11 E eis que o homem que estava vestido de linho, em cuja cinta estava o tinteiro, retornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.

Capítulo 10

Ele vê em uma visão, como anteriormente, as rodas, os querubins, o trono e a glória de Deus.

1

Depois olhei, e eis que no firmamento, que estava por cima da cabeça dos querubins, apareceu sobre eles como uma pedra de safira, como o aspecto da semelhança de um trono.

2 E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas, até debaixo do querubim, e enche as mãos de brasas acesas dentre os querubins, e espalha-as sobre a cidade. E ele entrou à minha vista.

3 E os querubins estavam ao lado direito da casa, quando entrou aquele homem; e uma nuvem encheu o átrio interior.

4 Então se levantou a glória do Senhor de sobre o querubim para o umbral da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do Senhor.

5 E o estrondo das asas dos querubins se ouviu até o átrio exterior, como a voz do Deus Todo-Poderoso, quando fala.

6 E sucedeu que, dando ele ordem ao homem vestido de linho, dizendo: Toma fogo dentre as rodas, dentre os querubins; entrou ele, e se pôs junto às rodas.

7 Então estendeu um querubim a sua mão de entre os querubins, para o fogo que estava entre os querubins; e o tomou, e o pôs nas mãos do que estava vestido de linho, o qual o tomou, e saiu.

8 E apareceu nos querubins uma semelhança de mão de homem debaixo das suas asas.

9 Então olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins, uma roda junto a um querubim, e outra roda junto a outro querubim; e o aspecto das rodas era como cor de pedra de turquesa.

10

E quanto ao seu aspecto, as quatro tinham uma mesma semelhança; como se estivesse uma roda no meio de outra roda.

11 Andando estes, andavam estas outras pelos quatro lados deles; não se viravam quando andavam, mas para o lugar para onde olhava a cabeça para esse andavam; não se viravam quando andavam.

12 E todo o seu corpo, e as suas costas, e as suas mãos, e as suas asas, e as rodas, as rodas que os quatro tinham, estavam cheias de olhos em redor.

13 E quanto às rodas, a elas se lhes chamou Galgal a meus ouvidos.

14 E cada um tinha quatro rostos: o rosto do primeiro era rosto de querubim, e o rosto do segundo, rosto de homem, e do terceiro era rosto de leão, e do quarto, rosto de águia.

15 E os querubins se elevaram ao alto; estes são os mesmos seres viventes que vi junto ao rio de Quebar.

16 E andando os querubins, andavam as rodas juntamente com eles; e levantando os querubins as suas asas, para se elevarem de sobre a terra, também as rodas não se separavam deles.

17 Parando eles, paravam elas; e elevando-se eles, elevavam-se elas, porque o espírito do ser vivente estava nelas.

18 Então saiu a glória do Senhor de sobre o umbral da casa, e parou sobre os querubins.

19 E os querubins alçaram as suas asas, e se elevaram da terra aos meus olhos, quando saíram; e as rodas os acompanhavam; e cada um parou à entrada da porta oriental da casa do Senhor; e a glória do Deus de Israel estava em cima sobre eles.

20

Estes são os seres viventes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar, e fiquei sabendo que eram querubins.

21 Cada um tinha quatro rostos e cada um quatro asas, e a semelhança de mãos de homem debaixo das suas asas.

22 E a semelhança dos seus rostos era a dos rostos que eu tinha visto junto ao rio Quebar, o aspecto deles e eles mesmos; cada um andava para a sua frente.

Capítulo 11

Ele vê em uma visão a destruição de Jerusalém e o cativeiro dos judeus — Ele profetiza a coligação de Israel nos últimos dias.

1

Então me levantou o Espírito, e me levou à porta oriental da casa do Senhor, que dá para o oriente; e eis que estavam à entrada da porta vinte e cinco homens; e no meio deles vi Jaazanias, filho de Azur, e Pelatias, filho de Benaia, príncipes do povo.

2 E disse-me: Filho do homem, estes são os homens que pensam na perversidade, e dão mau conselho nesta cidade.

3 Que dizem: Não está próximo o tempo de edificar casas; esta cidade é a caldeira, e nós a carne.

4 Portanto, profetiza contra eles; profetiza, ó filho do homem.

5 Caiu, pois, sobre mim o Espírito do Senhor, e disse-me: Dize: Assim diz o Senhor: Assim vós dizeis, ó casa de Israel, porque, quanto às coisas que vos sobem ao espírito, eu as conheço.

6 Multiplicastes os vossos mortos nesta cidade, e enchestes as suas ruas de mortos.

7 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vossos mortos, que deitastes no meio dela, esses são a carne, e ela é a caldeira; a vós, porém, vos tirarei do meio dela.

8 Temestes a espada, e a espada trarei sobre vós, diz o Senhor Deus.

9 E vos farei sair do meio dela, e vos entregarei na mão de estrangeiros, e exercerei os meus juízos entre vós.

10

Caireis à espada, e nos confins de Israel vos julgarei; e sabereis que eu sou o Senhor.

11 Esta cidade não vos servirá de caldeira, nem vós servireis de carne no meio dela; nos confins de Israel vos julgarei.

12 E sabereis que eu sou o Senhor, porque nos meus estatutos não andastes, nem exercestes os meus juízos; antes fizestes conforme os juízos das nações que estão em redor de vós.

13 E aconteceu que, profetizando eu, morreu Pelatias, filho de Benaia; então caí sobre o meu rosto, e clamei com grande voz, e disse: Ah! Senhor Deus! porventura darás fim ao remanescente de Israel?

14 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

15 Filho do homem, teus irmãos, sim, teus irmãos, os homens de teu parentesco, e toda a casa de Israel, todos eles, são aqueles a quem os habitantes de Jerusalém disseram: Apartai-vos para longe do Senhor; esta terra se nos deu em possessão.

16 Portanto, dize: Assim diz o Senhor Deus: Ainda que os lancei para longe entre as nações, e ainda que os espalhei pelas terras, todavia lhes servirei de santuário, por um pouco de tempo, nas terras para onde foram.

17 Portanto, dize: Assim diz o Senhor Deus: Hei de ajuntar-vos dentre os povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra de Israel.

18 E voltarão ali, e tirarão dela todas as suas coisas detestáveis e todas as suas abominações.

19 E lhes darei um só coração, e novo espírito porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne;

20

Para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.

21 Quanto àqueles cujo coração andar conforme o coração das suas coisas detestáveis, e das suas abominações, farei recair na sua cabeça o seu caminho, diz o Senhor Deus.

22 Então os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava em cima, sobre eles.

23 E a glória do Senhor se alçou desde o meio da cidade; e se pôs sobre o monte que está defronte do oriente da cidade.

24 Depois o Espírito me levantou, e me levou à Caldeia, para os do cativeiro, em visão, pelo Espírito de Deus; e subiu de sobre mim a visão que eu tinha visto.

25 E falei aos do cativeiro todas as coisas que o Senhor me tinha mostrado.

Capítulo 12

Ezequiel faz de si mesmo um símbolo da dispersão do povo de Judá a partir de Jerusalém — Ele então profetiza a dispersão deles entre todas as nações.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque casa rebelde é.

3 Tu, pois, ó filho do homem, prepara bagagem de exílio, e de dia muda de lugar aos olhos deles; e do teu lugar mudarás a outro lugar aos olhos deles; bem pode ser que reparem nisso, ainda que eles sejam casa rebelde.

4 Aos olhos deles tirarás para fora, pois, de dia, a tua bagagem, como bagagem de exílio; então tu sairás de tarde aos olhos deles, como quem sai para o exílio.

5 Escava para ti, à vista deles, a parede, e tira para fora por ela a bagagem.

6 Aos olhos deles, aos ombros a levarás, às escuras a tirarás, e cobrirás o teu rosto, para que não vejas a terra; porque te dei por sinal à casa de Israel.

7 E fiz assim, como se me deu ordem: a minha bagagem tirei para fora de dia, como bagagem de exílio; então ao anoitecer escavei na parede com a mão; às escuras a tirei para fora, e aos ombros a levei, aos olhos deles.

8 E veio a mim a palavra do Senhor, pela manhã, dizendo:

9 Filho do homem, porventura não te disse a casa de Israel, aquela casa rebelde: Que fazes tu?

10

Dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Este peso é contra o príncipe em Jerusalém, e contra toda a casa de Israel, que está no meio dela.

11 Dize: Eu sou o vosso sinal; assim como eu fiz, assim se lhes fará a eles; para o exílio irão em cativeiro;

12 E o príncipe que está no meio deles, aos ombros levará às escuras a bagagem, e sairá; a parede escavarão para a tirarem por ela; o seu rosto cobrirá, para que ele com os olhos não veja a terra.

13 Também estenderei a minha rede sobre ele, e será apanhado no meu laço; e o levarei a Babilônia, à terra dos caldeus, e contudo não a verá, ainda que ali morrerá.

14 E a todos os que estiverem ao redor dele para ajudá-lo, e a todas as suas tropas, espalharei a todos os ventos; e desembainharei a espada atrás deles.

15 Assim saberão que eu sou o Senhor, quando eu os dispersar entre as nações e os espalhar pelas terras.

16 Porém deles deixarei restar alguns poucos salvos da espada, da fome, e da peste, para que contem todas as suas abominações entre as nações para onde forem; e saberão que eu sou o Senhor.

17 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, o teu pão comerás com tremor, e a tua água beberás com estremecimento e com receio.

19 E dirás ao povo da terra: Assim diz o Senhor Deus acerca dos habitantes de Jerusalém, na terra de Israel: O seu pão comerão com receio, e a sua água beberão com espanto, porquanto a sua terra será despojada de sua abundância, por causa da violência de todos os que habitam nela.

20

E as cidades habitadas serão desoladas, e a terra se tornará em assolação; e sabereis que eu sou o Senhor.

21 E veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:

22 Filho do homem, que provérbio é este que vós tendes na terra de Israel, dizendo: Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a visão?

23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Farei cessar este provérbio, e não se servirão mais deste provérbio em Israel; porém dize-lhes: chegaram os dias e o cumprimento de toda a visão.

24 Porque não haverá mais nenhuma visão vã, nem adivinhação lisonjeira, no meio da casa de Israel.

25 Porque eu, o Senhor, falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá; não tardará mais; porque em vossos dias, ó casa rebelde, falarei uma palavra e a cumprirei, diz o Senhor Deus.

26 E veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:

27 Filho do homem, eis que os da casa de Israel dizem: A visão que este vê é para muitos dias, e ele profetiza de tempos que estão longe.

28 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Não será mais adiada nenhuma das minhas palavras; e a palavra que falei se fará, diz o Senhor Deus.

Capítulo 13

Ezequiel reprova os falsos profetas, tanto homens quanto mulheres, que contam mentiras e com quem Deus não falou.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam, e dize aos que profetizam de seu próprio coração: Ouvi vós a palavra do Senhor:

3 Assim diz o Senhor Deus: Ai dos profetas tolos, que seguem o seu próprio espírito e o que não viram!

4 Os teus profetas, ó Israel, são como raposas nos desertos.

5 Não subistes às brechas, nem tapastes o muro quebrado para a casa de Israel, para estardes na peleja no dia do Senhor.

6 Veem vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; e o Senhor não os enviou; e fazem que se espere o cumprimento da palavra.

7 Porventura não vedes visão de vaidade, e não falais adivinhação mentirosa, quando dizeis: O Senhor diz; sendo que eu tal não falei?

8 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto falais vaidade, e vedes a mentira, portanto, eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Deus.

9 E a minha mão será contra os profetas que veem vaidade e que adivinham mentira; na congregação do meu povo não estarão, nem serão inscritos nos registros da casa de Israel, nem entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o Senhor Deus.

10

Porquanto, sim, porquanto andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz; e um edifica a parede, e eis que outros a rebocam com argamassa não temperada;

11 Dize aos que a rebocam com argamassa não temperada, que cairá; haverá uma grande pancada de chuva, e vós, ó pedras grandes de saraiva, caireis, e um vento tempestuoso a fenderá.

12 Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: Então onde está o reboco com que a rebocastes?

13 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Um vento tempestuoso farei irromper no meu furor, e uma grande pancada de chuva haverá na minha ira, e grandes pedras de saraiva, na minha indignação, para consumir.

14 E derrubarei a parede que rebocastes com argamassa não temperada, e darei com ela por terra, e o seu fundamento se descobrirá; assim cairá, e perecereis no meio dela, e sabereis que eu sou o Senhor.

15 Assim cumprirei o meu furor contra a parede, e contra os que a rebocaram com argamassa não temperada; e vos direi: não parede, nem existem os que a rebocaram;

16 A saber, os profetas de Israel, que profetizam a respeito de Jerusalém, e veem para ela visão de paz, não havendo paz, diz o Senhor Deus.

17 E tu, ó filho do homem, dirige o teu rosto contra as filhas do teu povo, que profetizam de seu próprio coração, e profetiza contra elas.

18 E dize: Assim diz o Senhor Deus: Ai das que cosem faixas para todas as juntas, e que fazem véus para a cabeça de pessoas de toda estatura, para caçarem as almas! porventura caçareis as almas do meu povo? e as almas preservareis em vida para vós?

19 E me profanareis entre o meu povo, por punhados de cevada, e por pedaços de pão, para matardes as almas que não haviam de morrer, e para preservardes em vida as almas que não haviam de viver, mentindo assim ao meu povo que escuta a mentira?

20

Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis aí vou eu contra as vossas faixas, com que vós ali caçais as almas nos jardins, e as arrancarei de vossos braços, e soltarei as almas que vós caçais, as almas nos jardins.

21 E rasgarei os vossos véus, e livrarei o meu povo das vossas mãos, e nunca mais estarão em vossas mãos para vossa caça; e sabereis que eu sou o Senhor.

22 Porquanto entristecestes o coração do justo com falsidade, não o havendo eu entristecido; e porquanto fortalecestes as mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu mau caminho, para preservá-lo em vida;

23 Portanto, não vereis mais a vaidade, nem fareis adivinhação; mas livrarei o meu povo das vossas mãos, e sabereis que eu sou o Senhor.

Capítulo 14

O Senhor não responderá aos que adoram falsos deuses e cometem iniquidade — Ezequiel prega arrependimento — O povo não seria salvo mesmo que Noé, Daniel e Jó ministrassem entre eles.

1

E vieram a mim alguns homens dos anciãos de Israel, e se assentaram diante de mim.

2 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

3 Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos no seu coração, e o tropeço da sua maldade puseram diante da sua face; hei de alguma maneira ser consultado por eles?

4 Portanto, fala com eles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Qualquer homem da casa de Israel, que levantar os seus ídolos no seu coração, e o tropeço da sua maldade puser diante da sua face, e for ao profeta, eu, o Senhor, indo ele, lhe responderei conforme a multidão dos seus ídolos;

5 Para eu apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos.

6 Portanto, dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Convertei-vos, e desviai-vos dos vossos ídolos; e desviai o vosso rosto de todas as vossas abominações.

7 Porque qualquer homem da casa de Israel, e dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim, e levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e for ao profeta, para me consultar por meio dele, eu, o Senhor, lhe responderei por mim mesmo.

8 E porei o meu rosto contra o tal homem, e o assolarei para que sirva de sinal e de provérbio, e arrancá-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o Senhor.

9 E quando o profeta se deixar enganar, e falar alguma coisa, eu, o Senhor, enganei esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel.

10

E levarão a sua maldade; como for a maldade do que pergunta, assim será a maldade do profeta;

11 Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem se contamine mais com todas as suas transgressões; então eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus, diz o Senhor Deus.

12 Veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:

13 Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, gravemente se rebelando, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e arrancarei dela homens e animais.

14 Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam somente a sua alma, diz o Senhor Deus.

15 Se eu fizer passar pela terra feras selvagens, e elas a despojarem de filhos, que ela seja assolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras;

16 E esses três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a filhos nem a filhas livrariam; só eles ficariam livres, e a terra seria assolada.

17 Ou, se eu trouxer a espada sobre a tal terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu arrancar dela homens e animais,

18 Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a filhos nem a filhas livrariam, mas só eles ficariam livres.

19 Ou se eu enviar a peste sobre a tal terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para arrancar dela homens e animais,

20

Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a um filho nem a uma filha livrariam a sua alma, mas só eles livrarão as suas próprias almas pela sua justiça.

21 Porque assim diz o Senhor Deus: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro severos juízos, a espada, e a fome, e as feras selvagens, e a peste, contra Jerusalém, para arrancar dela homens e animais?

22 Porém eis que alguns dos que escaparem restarão nela, que serão tirados para fora, tanto filhos como filhas; eis que eles sairão ao vosso encontro, e vereis o seu caminho e os seus feitos; e ficareis consolados do mal que eu trouxe sobre Jerusalém, e de tudo o que trouxe sobre ela.

23 E vos consolarão, quando virdes o seu caminho e os seus feitos; e sabereis que não fiz sem razão tudo quanto fiz nela, diz o Senhor Deus.

Capítulo 15

Jerusalém será queimada como uma vinha inútil.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, que mais é a madeira da videira do que toda outra madeira? ou o sarmento, entre as árvores do bosque?

3 Toma-se porventura dele madeira para fazer alguma obra? ou toma-se dele alguma estaca, para que se lhe pendure algum objeto?

4 Eis que o entregam ao fogo, para que seja consumido; ambas as suas extremidades consome o fogo, e o meio dele fica queimado; serviria porventura para alguma obra?

5 Eis que, estando inteiro, não se fazia dele obra, quanto menos sendo consumido pelo fogo? e sendo queimado, se faria ainda obra dele?

6 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Como é a madeira da videira entre as árvores do bosque, que entrego ao fogo para que seja consumida, assim entregarei os habitantes de Jerusalém.

7 Porque porei a minha face contra eles; saindo eles de um fogo, outro fogo os consumirá; e sabereis que eu sou o Senhor, quando tiver posto a minha face contra eles.

8 E tornarei a terra em assolação, porquanto grandemente transgrediram, diz o Senhor Deus.

Capítulo 16

Jerusalém se tornou uma prostituta, deleitando-se em seus ídolos e adorando falsos deuses — Ela partilhou de todos os pecados do Egito e das nações a seu redor, e foi rejeitada — No entanto, nos últimos dias o Senhor estabelecerá novamente Seu convênio com ela.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor Deus a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus; teu pai era amorreu, e a tua mãe, heteia.

4 E quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com a água, para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas.

5 Não se compadeceu de ti olho algum, para te fazer algumas dessas coisas, compadecido de ti; antes foste lançada na face do campo, pelo nojo da tua alma, no dia em que nasceste.

6 E passando eu por ti, vi-te revolvendo-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive.

7 Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e chegaste a grande formosura; avultaram os peitos, e cresceu o teu cabelo; porém estavas nua e descoberta.

8 E passando eu por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em convênio contigo, diz o Senhor Deus, e tu ficaste sendo minha.

9 Então te lavei na água, e te limpei do teu sangue, e te ungi com óleo.

10

E te vesti de bordadura, e te calcei de pelo de texugo, e te cingi de linho fino, e te cobri de seda.

11 E te ornei com ornamentos, e te pus braceletes nas mãos e um colar, em redor do teu pescoço.

12 E te pus uma joia pendente na testa, e pendentes nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça.

13 E assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e bordadura; nutriste-te de flor de farinha, e mel e óleo; e foste formosa em extremo, e foste próspera, até chegares a ser rainha.

14 E saiu de ti a fama entre as nações, por causa da tua formosura, porque perfeita era, por causa da minha glória que eu tinha posto sobre ti, diz o Senhor Deus.

15 Porém confiaste na tua formosura, e te prostituíste por causa da tua fama; derramaste as tuas prostituições a todo o que passava, para seres sua.

16 E tomaste dos teus vestidos, e fizeste lugares altos enfeitados, de diversas cores, e te prostituíste sobre eles; tais coisas nunca sucederam, nem hão de suceder.

17 E tomaste as tuas joias de enfeite, que eu te dei do meu ouro e da minha prata, e fizeste imagens de homens, e te prostituíste com elas.

18 E tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e o meu óleo e o meu perfume puseste diante delas.

19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o óleo e o mel com que eu te sustentava também puseste diante delas em cheiro suave; e assim foi, diz o Senhor Deus.

20

Além disso, tomaste teus filhos e tuas filhas, que me tinhas gerado, e os sacrificaste a elas, para serem consumidos; acaso é pequena a tua prostituição?

21 E mataste meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo.

22 E em todas as tuas abominações, e tuas prostituições, não te lembraste dos dias da tua mocidade, quando tu estavas nua e descoberta, e revolvendo-te no teu sangue.

23 E sucedeu, depois de toda a tua maldade (ai! ai de ti! diz o Senhor Deus),

24 Que edificaste uma abóbada, e fizeste lugares altos por todas as ruas.

25 A cada canto do caminho edificaste o teu lugar alto, e fizeste abominável a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava; e assim multiplicaste as tuas prostituições.

26 Também te prostituíste com os filhos do Egito, teus vizinhos grandes de carne, e multiplicaste a tua prostituição para me provocares à ira.

27 E eis que estendi a minha mão sobre ti, e diminuí a tua porção; e te entreguei à vontade das que te odeiam, a saber, das filhas dos filisteus, as quais se envergonhavam do teu caminho depravado.

28 Também te prostituíste com os filhos da Assíria, porquanto eras insaciável; e prostituindo-te com eles, nem assim ficaste farta;

29 Antes multiplicaste as tuas prostituições na terra de Canaã até a Caldeia, e nem ainda com isso te fartaste.

30

Quão fraco está o teu coração, diz o Senhor Deus, fazendo tu todas estas coisas, obras de uma mulher meretriz e imperiosa!

31 Edificando tu a tua abóbada ao canto de cada caminho, e fazendo o teu lugar alto em cada rua! Nem foste como a meretriz, desprezando a paga;

32 Antes, como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos.

33 A todas as meretrizes se dá a paga, mas tu dás os teus presentes a todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que venham a ti de todas as partes, por tuas prostituições.

34 Assim que contigo sucede o contrário das mulheres nas tuas prostituições, pois, após ti não andam para se prostituírem; porque, dando tu a paga, e a ti não sendo dada a paga, fazes o contrário.

35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor.

36 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto se derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes, como também com todos os ídolos das tuas abominações, e no sangue de teus filhos que lhes deste;

37 Portanto, eis que ajuntarei todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também todos os que amaste, com todos os que odiaste, e ajuntá-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez.

38 E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao sangue de furor e de ciúme.

39 E entregar-te-ei nas suas mãos, e derrubarão a tua abóbada, e derrubarão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas joias de enfeite, e te deixarão nua e descoberta.

40

Então farão subir contra ti uma multidão, e te apedrejarão com pedra, e te transpassarão com as suas espadas.

41 E queimarão as tuas casas a fogo, e executarão juízos contra ti aos olhos de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga não darás mais.

42 Assim, farei descansar em ti o meu furor, e os meus ciúmes se desviarão de ti, e me aquietarei, e nunca mais me indignarei.

43 Porquanto não te lembraste dos dias da tua mocidade, e me provocaste à ira com tudo isso; pelo que, eis que também eu farei recair o teu caminho sobre a tua cabeça, diz o Senhor Deus, e não mais farás tal perversidade sobre todas as tuas abominações.

44 Eis que todo o que usa de provérbios usará contra ti este provérbio, dizendo: Tal mãe, tal filha.

45 Tu és a filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és a irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de seus filhos; vossa mãe foi heteia, e vosso pai, amorreu.

46 E tua irmã maior é Samaria, ela e suas filhas, a qual habita à tua esquerda, e tua irmã menor que tu, que habita à tua direita, é Sodoma e suas filhas.

47 Todavia não andaste nos caminhos delas, nem fizeste conforme as suas abominações, como se isso muito pouco fora; porém te corrompeste mais do que elas, em todos os teus caminhos.

48 Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não fez Sodoma, tua irmã, nem ela, nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas.

49 Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade tiveram ela e suas filhas, porém nunca fortaleceram a mão do pobre e do necessitado.

50

E se ensoberbeceram, e fizeram abominação diante de mim; pelo que as tirei dali, vendo eu isso.

51 Também Samaria não cometeu a metade de teus pecados; e multiplicaste as tuas abominações mais do que elas, e justificaste a tuas irmãs, com todas as tuas abominações que fizeste.

52 Tu também, que julgaste tuas irmãs, leva a tua vergonha pelos teus pecados, que fizeste mais abomináveis do que elas; mais justas são do que tu; envergonha-te logo também, e leva a tua vergonha, pois justificaste tuas irmãs.

53 Eu, pois, farei voltar os cativos delas; os cativos de Sodoma e suas filhas, e os cativos de Samaria e suas filhas, e os cativos do teu cativeiro entre elas;

54 Para que leves a tua vergonha, e sejas envergonhada por tudo o que fizeste, dando-lhes tu consolação.

55 Quando tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, retornarem ao seu primeiro estado, e também Samaria e suas filhas retornarem ao seu primeiro estado, também tu e tuas filhas retornareis ao vosso primeiro estado.

56 Nem mesmo Sodoma, tua irmã, foi mencionada pela tua boca, no dia da tua soberba,

57 Antes que se descobrisse a tua maldade, como no tempo do desprezo das filhas da Síria, e de todos os que estavam ao redor dela, as filhas dos filisteus, que te desprezavam em redor.

58 A tua perversidade e as tuas abominações tu levarás, diz o Senhor.

59 Porque assim diz o Senhor Deus: Também te farei como fizeste, que desprezaste o juramento, quebrando o convênio.

60

Contudo eu me lembrarei do meu convênio contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo um convênio eterno.

61 Então te lembrarás dos teus caminhos, e te envergonharás, quando receberes tuas irmãs maiores do que tu, com as menores do que tu, porque as darei a ti por filhas, porém não pelo teu convênio.

62 Porque eu estabelecerei o meu convênio contigo, e saberás que eu sou o Senhor;

63 Para que te lembres disso, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca por causa da tua vergonha, quando me reconciliar contigo de tudo quanto fizeste, diz o Senhor Deus.

Capítulo 17

Ezequiel mostra em uma parábola como Israel, embora submissa à Babilônia, erroneamente pede ajuda ao Egito — No entanto, o Senhor fará crescer nos últimos dias uma excelente árvore dos cedros do Líbano.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, propõe uma parábola, e usa de uma comparação para com a casa de Israel.

3 E disse: Assim diz o Senhor Deus: Uma grande águia, de grandes asas, de plumagem comprida, e cheia de penas de várias cores, veio ao Líbano e levou o mais alto ramo de um cedro.

4 E arrancou a ponta mais alta dos seus ramos, e a trouxe à terra de comércio; na cidade de mercadores a pôs.

5 Tomou da semente da terra, e a lançou num campo de semente; tomando-a, a pôs junto às grandes águas como um salgueiro.

6 E brotou, e tornou-se numa videira muito larga, de pouca altura, virando-se para ela os seus ramos, porque as suas raízes estavam debaixo dela; e tornou-se numa videira, e produzia sarmentos, e brotava renovos.

7 E houve mais uma grande águia, de grandes asas, e cheia de penas; e eis que essa videira lançou para ela as suas raízes, e estendeu para ela os seus ramos, para que a regasse pelos canteiros do seu plantio.

8 Numa boa terra, à borda de muitas águas, estava ela plantada, para produzir ramos, e para dar fruto, para que fosse videira excelente.

9 Dize: Assim diz o Senhor Deus: Porventura prosperará? ou não lhe arrancará as suas raízes, e não cortará o seu fruto, e secar-se-á? Em todas as folhas de seus renovos se secará, e isso não com braço forte, nem com muita gente, para a arrancar pelas suas raízes.

10

Mas eis que porventura, estando plantada, prosperará? porventura, tocando-lhe vento oriental, de todo não se secará? Nos canteiros do seu plantio se secará.

11 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

12 Dize agora à casa rebelde: Porventura não sabeis o que querem dizer essas coisas? Dize: Eis que veio o rei de Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e os seus príncipes, e os levou consigo para Babilônia;

13 E tomou um da semente real, e fez aliança com ele, e o trouxe para fazer juramento; e tomou os poderosos da terra consigo,

14 Para que o reino ficasse humilhado, e não se levantasse; para que, guardando a sua aliança, pudesse subsistir.

15 Porém se rebelou contra ele, enviando os seus mensageiros ao Egito, para que se lhe mandassem cavalos e muita gente. Porventura prosperará ou escapará aquele que faz tais coisas? ou quebrará a aliança, e ainda escapará?

16 Vivo eu, diz o Senhor Deus, que morrerá em lugar do rei que o fez reinar, cujo juramento desprezou, e cuja aliança quebrou; com ele no meio de Babilônia morrerá.

17 E Faraó, nem com grande exército, nem com uma companhia numerosa o ajudará em guerra, levantando rampas e edificando baluartes, para destruir muitas vidas.

18 Porque desprezou o juramento, quebrando a aliança, e eis que deu a sua mão em juramento; havendo, pois, feito todas essas coisas, não escapará.

19 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vivo eu, que o meu juramento, que desprezou, e o meu convênio, que quebrou, isto farei recair sobre a sua cabeça.

20

E estenderei sobre ele a minha rede, e ficará preso no meu laço; e o levarei a Babilônia, e ali entrarei em juízo com ele pela rebeldia com que se rebelou contra mim.

21 E todos os seus fugitivos, com todas as suas tropas, cairão à espada, e os que restarem serão espalhados a todo vento; e sabereis que eu, o Senhor, o falei.

22 Assim diz o Senhor Deus: Também eu tomarei do topo do cedro alto, e o plantarei; do principal dos seus renovos cortarei o mais tenro, e o plantarei sobre um monte alto e sublime.

23 No monte alto de Israel o plantarei, e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente; e habitarão debaixo dele todas as aves de todo tipo de asas, e à sombra dos seus ramos habitarão.

24 Assim, saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, abaixei a árvore alta, alcei a árvore baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o falei, e o farei.

Capítulo 18

Os homens serão punidos por seus próprios pecados — Os pecadores morrerão, e os justos certamente viverão — O homem justo que peca será condenado, e o pecador que se arrepende será salvo.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Que pensais vós, vós que dizeis esta parábola da terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?

3 Vivo eu, diz o Senhor Deus, que nunca mais direis essa parábola em Israel.

4 Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.

5 Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça,

6 Se não comer sobre os montes, nem levantar os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminar a mulher do seu próximo, nem se chegar à mulher na sua menstruação,

7 E se não oprimir ninguém, retornando ao devedor o seu penhor, e se não cometer roubo, se der o seu pão ao faminto, e cobrir o nu com roupa,

8 Se não der o seu dinheiro à usura, e não receber demais, se desviar a sua mão da injustiça, e fizer verdadeiro juízo entre homem e homem,

9 Se andar nos meus estatutos, e guardar os meus juízos, para proceder segundo a verdade, o tal justo certamente viverá, diz o Senhor Deus.

10

E se ele gerar um filho ladrão, derramador de sangue, que fizer a seu irmão qualquer dessas coisas;

11 E que não fizer todas as demais coisas, mas antes comer sobre os montes, e contaminar a mulher de seu próximo,

12 Oprimir o aflito e necessitado, cometer roubos, não retornar o penhor, e levantar os seus olhos para os ídolos, e fizer abominação,

13 Der o seu dinheiro à usura, e receber demais, porventura viverá? Não viverá; todas estas abominações ele fez, certamente morrerá; o seu sangue será sobre ele.

14 E eis que, se também ele gerar filho que vir todos os pecados que seu pai fez, e vendo-os, não cometer coisas semelhantes,

15 Não comer sobre os montes, e não levantar os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, e não contaminar a mulher de seu próximo,

16 E não oprimir ninguém, e não retiver o penhor, e não cometer roubo, der o seu pão ao faminto, e cobrir o nu com roupa,

17 Apartar da iniquidade a sua mão, não receber usura nem juros, executar os meus juízos, e andar nos meus estatutos, o tal não morrerá pela maldade de seu pai; certamente viverá.

18 Seu pai, porquanto fez opressão, roubou os bens do irmão, e fez o que não era bom no meio de seu povo, eis que ele morrerá pela sua maldade.

19 Porém dizeis: Por que não levará o filho a maldade do pai? Porque o filho praticou juízo e justiça, e guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá.

20

A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do ímpio será sobre ele.

21 Mas se o ímpio se desviar de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e praticar juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.

22 De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou viverá.

23 Porventura de qualquer maneira desejaria eu a morte do ímpio? diz o Senhor Deus; porventura não desejo que se desvie dos seus caminhos e viva?

24 Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viveria? De todas as suas obras de justiça que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.

25 Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi agora, ó casa de Israel: Porventura não é o meu caminho direito? não são os vossos caminhos tortuosos?

26 Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu morrerá.

27 Porém, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu, e praticando o juízo e a justiça, conservará este a sua alma em vida.

28 Porquanto considera, e se converte de todas as suas transgressões que cometeu; certamente viverá, não morrerá.

29 Contudo, diz a casa de Israel: O caminho do Senhor não é direito. Porventura os meus caminhos não serão direitos, ó casa de Israel? porventura não são os vossos caminhos tortuosos?

30

Portanto, eu vos julgarei, cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus; arrependei-vos, e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço.

31 Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e fazei-vos um coração novo e um espírito novo; pois, por que razão morreríeis, ó casa de Israel?

32 Porque não tenho prazer na morte do que morre, diz o Senhor Deus; convertei-vos, pois, e vivei.

Capítulo 19

Ezequiel lamenta-se de Israel ter sido levada cativa por outras nações, tornando-se como uma vinha plantada em uma terra seca e sedenta.

1

E tu levanta uma lamentação sobre os príncipes de Israel,

2 E dize: Quem foi tua mãe? Uma leoa entre leões deitada criou os seus filhotes no meio dos leõezinhos.

3 E fez crescer um dos seus filhotes, e veio a ser leãozinho, e aprendeu a apanhar a presa; e devorou os homens,

4 E ouvindo falar dele as nações, foi apanhado na cova delas, e o levaram com ganchos à terra do Egito.

5 Vendo, pois, ela que havia esperado muito, e que a sua esperança era perdida, tomou outro dos seus filhotes, e fez dele um leãozinho.

6 Este, pois, andando continuamente no meio dos leões, veio a ser leãozinho, e aprendeu a apanhar a presa, e devorou homens.

7 E conheceu os seus palácios, e destruiu as suas cidades; e assolou-se a terra, e a sua plenitude, ao ouvir o seu rugido.

8 Então se ajuntaram contra ele as pessoas das províncias em redor, e estenderam sobre ele a rede, e foi apanhado na cova delas.

9 E puseram-no em cárcere com ganchos, e o levaram ao rei de Babilônia; fizeram-no entrar nos lugares fortes, para que não se ouvisse mais a sua voz nos montes de Israel.

10

Tua mãe era como uma videira na tua quietude, plantada à borda das águas, frutificando, e foi cheia de ramos, por causa das muitas águas.

11 E tinha varas fortes para cetros de dominadores, e elevou-se a sua estatura entre os espessos ramos; e foi vista na sua altura com a multidão dos seus ramos.

12 Porém foi arrancada com furor, foi abatida até a terra, e o vento oriental secou o seu fruto; quebraram-se e secaram-se as suas fortes varas, o fogo as consumiu,

13 E agora está plantada no deserto, numa terra seca e sedenta.

14 E de uma vara dos seus ramos saiu fogo que consumiu o seu fruto, de maneira que nela não há mais vara forte, cetro para dominar. Esta é a lamentação, e servirá de lamentação.

Capítulo 20

Desde sua libertação do Egito até os dias de Ezequiel, o povo de Israel rebelou-se e deixou de guardar os mandamentos — Nos últimos dias, o Senhor reunirá Israel e restaurará Seu convênio do evangelho.

1

E aconteceu, no sétimo ano, no mês quinto, aos dez do mês, que vieram alguns dos anciãos de Israel, para consultarem o Senhor; e assentaram-se diante de mim.

2 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

3 Filho do homem, fala aos anciãos de Israel, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Vindes vós consultar-me? Vivo eu, que vós não me consultareis, diz o Senhor Deus.

4 Porventura tu os julgarias, julgarias tu, ó filho do homem? Notifica-lhes as abominações de seus pais;

5 E dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: No dia em que escolhi Israel, levantei a minha mão em juramento para a semente da casa de Jacó, e me dei a conhecer a eles na terra do Egito, e levantei a minha mão em juramento para eles, dizendo: Eu sou o Senhor vosso Deus;

6 Naquele dia levantei a minha mão em juramento para eles, que os tiraria da terra do Egito, para uma terra que tinha explorado para eles, que mana leite e mel, que é a glória de todas as terras.

7 Então lhes disse: Cada um lance de si as abominações dos seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor vosso Deus.

8 Porém rebelaram-se contra mim, e não me quiseram ouvir; ninguém lançava de si as abominações dos seus olhos, nem deixava os ídolos do Egito; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir a minha ira contra eles no meio da terra do Egito.

9 Porém agi por causa do meu nome, para que não fosse profanado diante dos olhos das nações, no meio das quais estavam, a cujos olhos eu me dei a conhecer a eles, para os tirar para fora da terra do Egito.

10

E os tirei para fora da terra do Egito, e os levei ao deserto.

11 E dei-lhes os meus estatutos, e lhes mostrei os meus juízos, os quais, se os cumprir o homem, viverá por eles.

12 E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.

13 Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos, e rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os, o homem viverá por eles; e profanaram grandemente os meus sábados; e eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir.

14 Porém agi por causa do meu nome, para que não fosse profanado diante dos olhos das nações perante cujos olhos os fiz sair.

15 E contudo, eu levantei a minha mão em juramento para eles no deserto, que não os faria entrar na terra que lhes tinha dado, que mana leite e mel, que é a glória de todas as terras,

16 Porque rejeitaram os meus juízos, e não andaram nos meus estatutos, e profanaram os meus sábados; porque o seu coração andava após os seus ídolos.

17 Porém o meu olho lhes perdoou, para não os destruir nem os consumir no deserto.

18 Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não andeis nos estatutos de vossos pais, nem guardeis os seus juízos, nem vos contamineis com os seus ídolos.

19 Eu sou o Senhor vosso Deus; andai nos meus estatutos, e guardai os meus juízos, e cumpri-os.

20

E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus.

21 Mas também os filhos se rebelaram contra mim, e não andaram nos meus estatutos, nem guardaram os meus juízos para os cumprir, os quais, cumprindo-os, o homem viverá por eles; também profanaram os meus sábados; e eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir contra eles a minha ira no deserto.

22 Porém retirei a minha mão, e agi por causa do meu nome, para que não fosse profanado perante os olhos das nações, perante cujos olhos os fiz sair.

23 Também eu levantei a minha mão em juramento para eles no deserto, que os espalharia entre as nações, e os dispersaria pelas terras;

24 Porque não cumpriram os meus juízos, e rejeitaram os meus estatutos, e profanaram os meus sábados, e os seus olhos iam após os ídolos de seus pais,

25 Pelo que também eu lhes dei estatutos que não eram bons, como também juízos pelos quais não haviam de viver;

26 E os contaminei nos seus dons, porquanto faziam passar pelo fogo tudo o que abre a madre, para os assolar, para que soubessem que eu sou o Senhor.

27 Portanto, fala à casa de Israel, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Ainda até nisto me blasfemaram vossos pais, que com uma transgressão transgrediram contra mim.

28 Porque, havendo-os eu introduzido na terra sobre a qual eu levantara a minha mão em juramento que lha havia de dar, então olharam para todo outeiro alto, e para toda árvore espessa, e ofereceram ali os seus sacrifícios, e apresentaram ali a provocação das suas ofertas, puseram ali os seus cheiros suaves, e ali derramaram as suas libações.

29 E eu lhes disse: Que alto é este, aonde vós ides? E seu nome foi chamado Bamá até o dia de hoje.

30

Portanto, dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Estais vós contaminados no caminho de vossos pais? e vos prostituís após as suas abominações?

31 E quando ofereceis as vossas dádivas, e fazeis passar os vossos filhos pelo fogo, então vós estais contaminados com todos os vossos ídolos, até este dia? e vós me consultaríeis, ó casa de Israel? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que vós não me consultareis.

32 E o que subiu à vossa mente de maneira alguma sucederá, quando dizeis: Seremos como as nações, como as demais famílias da terra, servindo ao madeiro e à pedra.

33 Vivo eu, diz o Senhor Deus, que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós,

34 E vos tirarei dentre os povos, e vos congregarei das terras nas quais andais espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada.

35 E vos levarei ao deserto dos povos; e ali entrarei em juízo convosco face a face.

36 Como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o Senhor Deus.

37 E vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vínculo do convênio.

38 E separarei dentre vós os rebeldes, e os que transgridem contra mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, mas à terra de Israel não voltarão; e sabereis que eu sou o Senhor.

39 E quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor Deus: Ide, servi cada um os seus ídolos, pois que a mim não me quereis ouvir; não profaneis mais o meu santo nome com as vossas dádivas e com os vossos ídolos.

40

Porque no meu santo monte, no monte alto de Israel, diz o Senhor Deus, ali me servirá toda a casa de Israel, toda ela naquela terra; ali me deleitarei neles, e ali demandarei as vossas ofertas alçadas, e as primícias das vossas dádivas, com todas as vossas coisas santas.

41 Com cheiro suave me deleitarei em vós, quando eu vos tirar dentre os povos e vos congregar das terras em que andais espalhados; e serei santificado em vós perante os olhos das nações.

42 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu vos tiver tornado a trazer à terra de Israel, à terra pela qual levantei a minha mão em juramento para dá-la a vossos pais.

43 E ali vos lembrareis de vossos caminhos, e de todos os vossos atos com que vos contaminastes, e tereis nojo de vós mesmos, por todas as vossas maldades que tendes cometido.

44 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu agir convosco por causa do meu nome; não conforme os vossos maus caminhos, nem conforme os vossos atos corruptos, ó casa de Israel, disse o Senhor Deus.

45 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

46 Filho do homem, dirige o teu rosto para o caminho do sul, e derrama as tuas palavras contra o sul, e profetiza contra o bosque do campo do sul.

47 E dize ao bosque do sul: Ouve a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que acenderei em ti um fogo que em ti consumirá toda árvore verde e toda árvore seca; não se apagará a chama flamejante, antes com ela se queimarão todos os rostos, desde o sul até o norte.

48 E verá toda a carne que eu, o Senhor, o acendi; não se apagará.

49 Então disse eu: Ah! Senhor Deus! Eles dizem de mim: Porventura não fala este por parábolas?

Capítulo 21

Tanto os justos quanto os iníquos de Jerusalém serão mortos — Babilônia empunhará uma espada afiada e reluzente contra Israel e prevalecerá.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra os santuários, e profetiza contra a terra de Israel.

3 E dize à terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis-me aqui contra ti, e tirarei a minha espada da sua bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o ímpio.

4 E porquanto hei de exterminar do meio de ti o justo e o ímpio, por isso sairá a minha espada da sua bainha contra toda carne, desde o sul até o norte.

5 E saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da sua bainha; nunca mais voltará a ela.

6 Tu, porém, ó filho do homem, suspira; suspira aos olhos deles, com quebrantamento dos lombos e com amargura.

7 E acontecerá que, quando eles te disserem: Por que suspiras tu? dirás: Pela notícia, porque vem; e todo coração esmorecerá, e todas as mãos se enfraquecerão, e todo espírito se angustiará, e todos os joelhos se desfarão em águas; eis que vem, e se cumprirá, diz o Senhor Deus.

8 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

9 Filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor: dize: A espada, a espada está afiada, e também polida.

10

Para matar com grande matança está afiada, para reluzir está polida; alegrar-nos-emos, pois? O cetro de meu filho é que despreza todo madeiro.

11 E a deu para polir, para ser manejada; esta espada está afiada, e está polida, para a pôr na mão do matador.

12 Grita e uiva, ó filho do homem, porque esta será contra o meu povo, será contra todos os príncipes de Israel; terror terá o meu povo por causa da espada; portanto, bate na coxa.

13 Quando se fez a prova, que havia então? porventura também não haveria vara desprezadora? diz o Senhor Deus.

14 Tu, pois, ó filho do homem, profetiza, e bate com as mãos uma na outra; porque a espada até a terceira vez se dobrará, a espada dos mortos, ela é a espada da grande matança, que os transpassará até nas recâmaras.

15 Para que se apavore o coração, e se multipliquem as pedras de tropeço, contra todas as suas portas pus a ponta da espada, a que foi feita para reluzir, e está reservada para matar!

16 Ó espada, une-te, vira-te para a direita; prepara-te, vira-te para a esquerda, para onde quer que o teu rosto se dirigir.

17 E também eu baterei com as minhas mãos uma na outra, e farei descansar a minha indignação; eu, o Senhor, o falei.

18 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

19 Tu, pois, ó filho do homem, propõe dois caminhos, por onde venha a espada do rei de Babilônia; ambos procederão de uma mesma terra, e escolhe um lugar; no cimo do caminho da cidade o escolhe.

20

Um caminho proporás, por onde virá a espada contra Rabá dos filhos de Amom, e contra Judá, em Jerusalém, a fortificada.

21 Porque o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para usar de adivinhações; aguçará as suas flechas, consultará os terafins, atentará para o fígado.

22 À sua direita estará a adivinhação sobre Jerusalém, para ordenar os aríetes, para abrir a boca à matança, para levantar a voz com júbilo, para pôr os aríetes contra as portas, para levantar uma rampa, para edificar um baluarte.

23 Isto será aos olhos deles como adivinhação vã, porquanto lhes fizeram juramentos; porém ele se lembrará da maldade, para que sejam apanhados.

24 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto me fazeis lembrar da vossa maldade, descobrindo-se as vossas transgressões, aparecendo os vossos pecados em todos os vossos atos, porquanto viestes à memória, sereis apanhados com a mão.

25 E tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia virá no tempo do castigo final,

26 Assim diz o Senhor Deus: Tira para fora o diadema, e levanta de ti a coroa; esta não será a mesma; exalta o humilde, e humilha o soberbo.

27 Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa, e ela não mais existirá, até que venha aquele a quem pertence de direito, e a ele a darei.

28 E tu, ó filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor Deus acerca dos filhos de Amom, e acerca do seu desprezo; dize, pois: A espada, a espada está desembainhada, polida para a matança, para consumir, para reluzir;

29 Enquanto te veem vaidade, enquanto te adivinham mentira, para te porem ao pescoço dos mortos, dos ímpios, cujo dia virá no tempo da extrema maldade.

30

Retorna a tua espada à sua bainha; no lugar em que foste criado, na terra do teu nascimento, te julgarei.

31 E derramarei sobre ti a minha indignação, assoprarei contra ti o fogo do meu furor, entregar-te-ei nas mãos dos homens brutais, inventores de destruição.

32 Para o fogo servirás de pasto; o teu sangue estará no meio da terra; não virás à memória; porque eu, o Senhor, o falei.

Capítulo 22

Ezequiel enumera os pecados do povo de Judá em Jerusalém — Eles serão dispersos e destruídos por causa de suas iniquidades.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Tu, pois, ó filho do homem, porventura julgarás, julgarás a cidade sanguinária? Faze-lhe conhecer, pois, todas as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor Deus: Ai da cidade que derrama sangue no meio dela, para que venha o seu tempo! Que faz ídolos contra si mesma, para se contaminar!

4 Pelo teu sangue que derramaste te fizeste culpada, e pelos teus ídolos que fabricaste te contaminaste, e fizeste chegar os teus dias, e chegaste aos teus anos; por isso eu te fiz o opróbrio das nações e o escárnio de todas as terras.

5 As que estão perto e as que estão longe de ti escarnecerão de ti, infamada, cheia de inquietação.

6 Eis que os príncipes de Israel, cada um conforme o seu poder, estiveram em ti, para derramarem sangue.

7 Ao pai e à mãe desprezaram em ti; para com o estrangeiro usaram de opressão no meio de ti; ao órfão e à viúva oprimiram em ti.

8 As minhas coisas sagradas desprezaste, e os meus sábados profanaste.

9 Homens caluniadores se acharam em ti, para derramarem sangue; e em ti sobre os montes comeram; perversidade cometeram no meio de ti.

10

A vergonha do pai descobriram em ti; a que estava imunda, na sua menstruação, humilharam no meio de ti.

11 Também um fez abominação com a mulher do seu próximo, e outro contaminou abominavelmente a sua nora, e outro humilhou no meio de ti a sua irmã, filha de seu pai.

12 Presentes receberam no meio de ti para derramarem sangue; usura e juro extorsivo tomaste, e usaste de avareza com o teu próximo, oprimindo-o; porém de mim te esqueceste, diz o Senhor Deus.

13 E eis que bati as mãos contra a tua avareza de que usaste, e por causa de teu sangue, que houve no meio de ti.

14 Porventura estará firme o teu coração? porventura estarão fortes as tuas mãos, nos dias em que eu tratarei contigo? Eu, o Senhor, o falei, e o farei.

15 E espalhar-te-ei entre as nações, e espalhar-te-ei pelas terras, e consumirei a tua imundície.

16 Assim, serás profanada em ti aos olhos das nações, e saberás que eu sou o Senhor.

17 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, a casa de Israel se tornou para mim em escórias; todos eles são bronze, e estanho, e ferro, e chumbo no meio do forno; em escórias de prata se tornaram.

19 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto todos vós vos tornastes em escórias, por isso eis que eu vos ajuntarei no meio de Jerusalém.

20

Como se ajuntam a prata, e o bronze, e o ferro, e o chumbo, e o estanho no meio do forno, para assoprar o fogo sobre eles, para fundir, assim vos ajuntarei na minha ira e no meu furor, e ali vos deixarei e fundirei.

21 E congregar-vos-ei, e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor; e sereis fundidos no meio dela.

22 Como se funde a prata no meio do forno, assim sereis fundidos no meio dela; e sabereis que eu, o Senhor, derramei o meu furor sobre vós.

23 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

24 Filho do homem, dize-lhe: Tu és uma terra que não está purificada, e que não tem chuva no dia da indignação.

25 Conspiração dos seus profetas no meio dela, como um leão que dá bramido, que arrebata a presa; eles devoram as almas; tesouros e coisas preciosas tomam, multiplicam as suas viúvas no meio dela.

26 Os seus sacerdotes violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas sagradas; entre o santo e o profano não fazem diferença, nem discernem o impuro do puro; e de meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles.

27 Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem sangue, para destruírem as almas, para ganharem lucro desonesto.

28 E os seus profetas os rebocam de argamassa não temperada, vendo vaidade, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado.

29 Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazem violência ao aflito e necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão.

30

E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém ninguém achei.

31 Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho recaísse sobre a cabeça deles, diz o Senhor Deus.

Capítulo 23

Duas irmãs, Samaria e Jerusalém, cometeram prostituição ao adorar ídolos — Ambas são destruídas por causa de sua lascívia.

1

E veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, houve duas mulheres, filhas de uma mãe.

3 Estas se prostituíram no Egito; na sua mocidade se prostituíram; ali foram apertados os seus peitos, e ali foram apalpados os seios da sua virgindade.

4 E os seus nomes eram: Oolá, a mais velha, e Oolibá, sua irmã; e foram minhas, e deram à luz filhos e filhas; e quanto aos seus nomes, Samaria é Oolá, e Jerusalém é Oolibá.

5 E prostituiu-se Oolá, sendo minha; e enamorou-se dos seus amantes, dos assírios, seus vizinhos,

6 Vestidos de azul, governadores e magistrados, todos jovens cobiçáveis, cavaleiros montados a cavalo.

7 Assim cometeu ela as suas prostituições com eles, os quais todos eram a flor dos filhos da Assíria, e com todos os de quem se enamorava; com todos os seus ídolos se contaminou.

8 E as suas prostituições, que trouxe do Egito, não as deixou; porque com ela se deitaram na sua mocidade, e eles apalparam os seios da sua virgindade, e derramaram sobre ela a sua prostituição.

9 Portanto, a entreguei na mão dos seus amantes, na mão dos filhos da Assíria, de quem se enamorara.

10

Estes descobriram a sua nudez, levaram seus filhos e suas filhas, mas a ela mataram à espada; e ficou falada entre as mulheres, e sobre ela executaram juízos.

11 O que vendo sua irmã Oolibá, corrompeu o seu imoderado amor mais do que ela, e as suas prostituições mais do que as prostituições de sua irmã.

12 Enamorou-se dos filhos da Assíria, dos governadores e dos magistrados, seus vizinhos, vestidos com primor, cavaleiros que andam montados em cavalos, todos jovens cobiçáveis.

13 E vi que se tinha contaminado; que o caminho de ambas era o mesmo.

14 E aumentou as suas prostituições, porque viu homens pintados na parede, imagens dos caldeus, pintadas de vermelho;

15 Cingidos de cinto nos seus lombos, e turbantes largos e tingidos na sua cabeça, todos com aparência de capitães, à semelhança dos filhos de Babilônia, na Caldeia, terra do seu nascimento.

16 E se enamorou deles, vendo-os com os seus olhos; e lhes mandou mensageiros à Caldeia.

17 Então vieram a ela os filhos de Babilônia para o leito dos amores, e a contaminaram com as suas prostituições; e ela se contaminou com eles; então a sua alma apartou-se deles.

18 Assim, descobriu as suas prostituições, e descobriu a sua nudez; então a minha alma se apartou dela, como já se tinha apartado a minha alma de sua irmã.

19 Porém multiplicou as suas prostituições, lembrando-se dos dias da sua mocidade, em que se prostituíra na terra do Egito.

20

E enamorou-se dos seus amantes, cuja carne é como carne de jumentos, e cujo fluxo é como o fluxo de cavalos.

21 Assim trouxeste à memória a perversidade da tua mocidade, quando os do Egito apalpavam os teus seios, por causa dos peitos da tua mocidade.

22 Por isso, ó Oolibá, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu suscitarei contra ti os teus amantes, dos quais se tinha apartado a tua alma, e os trarei contra ti de toda parte em redor;

23 Os filhos de Babilônia, e todos os caldeus de Pecode, e de Soa, e de Coa, e todos os filhos da Assíria com eles, jovens cobiçáveis, governadores e magistrados todos eles, capitães e homens afamados, todos eles montados a cavalo.

24 E virão contra ti com carros, carretas e rodas, e com uma multidão de povos; e se porão contra ti em redor com broquéis, e escudos, e capacetes; e porei diante deles o juízo, e julgar-te-ão segundo os seus juízos.

25 E porei contra ti o meu zelo, e usarão de indignação contigo; o nariz e as orelhas te tirarão, e o que te restar cairá à espada; eles te tomarão teus filhos e tuas filhas, e o que ficar por último em ti será consumido pelo fogo.

26 Também te despirão as tuas vestes, e te tomarão as tuas joias de enfeite.

27 Assim, farei cessar em ti a tua perversidade e a tua prostituição da terra do Egito; e não levantarás os teus olhos para eles, nem te lembrarás mais do Egito.

28 Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu te entregarei na mão dos que odeias, na mão daqueles de quem se tinha apartado a tua alma.

29 E te tratarão com ódio, e levarão todo o fruto do teu trabalho, e te deixarão nua e despida; e descobrir-se-á a nudez da tua prostituição, e a tua perversidade, e as tuas prostituições.

30

Estas coisas se te farão, porquanto tu te prostituíste após os gentios, e porquanto te contaminaste com os seus ídolos.

31 No caminho de tua irmã andaste; por isso te darei o seu cálice na tua mão.

32 Assim diz o Senhor Deus: Beberás o cálice de tua irmã, fundo e largo; servirás de riso e escárnio; nele cabe muito.

33 De embriaguez e de dor te encherás; o cálice de tua irmã Samaria é cálice de espanto e de assolação.

34 Bebê-lo-ás, pois, e esgotá-lo-ás, e os seus cacos roerás, e os teus peitos arrancarás; porque eu o falei, diz o Senhor Deus.

35 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto te esqueceste de mim, e me lançaste para trás das tuas costas, leva tu, pois, também a tua lascívia e as tuas prostituições.

36 E disse-me o Senhor: Filho do homem, porventura julgarias Oolá e Oolibá? Mostra-lhes, pois, as suas abominações.

37 Porque cometeram adultério, e sangue se acha nas suas mãos, e com os seus ídolos cometeram adultério, e até os seus filhos, que elas me geraram, fizeram passar pelo fogo, para os consumir.

38 E ainda isto me fizeram: contaminaram o meu santuário no mesmo dia, e profanaram os meus sábados.

39 Porque, havendo sacrificado seus filhos aos seus ídolos, vinham ao meu santuário no mesmo dia para o profanarem; e eis que assim fizeram no meio da minha casa.

40

E ainda mais, mandaram vir uns homens de longe, aos quais fora enviado um mensageiro, e eis que vieram, por causa dos quais te lavaste, pintaste os teus olhos, e te adornaste de enfeites,

41 E te assentaste sobre um leito de honra, diante do qual estava uma mesa preparada; e puseste sobre ela o meu incenso e o meu óleo.

42 Havia com ela a voz de uma multidão satisfeita, e com homens da classe baixa foram trazidos beberrões do deserto; e puseram braceletes nas suas mãos, e coroas de esplendor, na sua cabeça.

43 Então disse à envelhecida em adultérios: Agora deveras cometerão as suas prostituições, como também ela.

44 E achegaram-se a ela, como quem se achega a uma prostituta; assim achegaram-se a Oolá e a Oolibá, mulheres infames.

45 De maneira que homens justos as julgarão conforme se julgam as adúlteras, e conforme se julgam as que derramam sangue; porque adúlteras são, e sangue há nas suas mãos.

46 Porque assim diz o Senhor Deus: Farei subir contra elas uma multidão, e as entregarei ao desterro e ao saque.

47 E a multidão as apedrejará com pedras, e as golpearão com as suas espadas; a seus filhos e a suas filhas matarão, e as suas casas queimarão a fogo.

48 Assim, farei cessar a perversidade da terra, para que se repreendam todas as mulheres, e não façam conforme a vossa perversidade.

49 E a vossa perversidade farão recair sobre vós, e levareis os pecados dos vossos ídolos; e sabereis que eu sou o Senhor Deus.

Capítulo 24

Prediz-se o juízo irrevogável de Jerusalém — Como sinal para os judeus, Ezequiel não chora a morte de sua mulher.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, no nono ano, no décimo mês, aos dez do mês, dizendo:

2 Filho do homem, escreve o nome deste dia, deste mesmo dia; porque o rei de Babilônia se pôs contra Jerusalém neste mesmo dia.

3 E usa de uma parábola para com a casa rebelde, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Põe a panela ao fogo, põe-na, e deita-lhe também água dentro.

4 Ajunta nela os seus pedaços, todos os bons pedaços, as coxas e as espáduas; enche-a de ossos escolhidos.

5 Pega do melhor do rebanho, e queima também os ossos debaixo dela; faze-a ferver bem, e cozam-se dentro dela os seus ossos.

6 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Ai da cidade sanguinária, da panela cuja escuma está nela, e cuja escuma não saiu dela! Tira dela pedaço por pedaço; não caia sorte sobre ela;

7 Porque o seu sangue está no meio dela, sobre uma penha descalvada o pôs; não o derramou sobre a terra, para o cobrir com pó.

8 Para que eu faça subir a indignação, para tomar vingança, também eu pus o seu sangue numa penha descalvada, para que não se encubra.

9 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Ai da cidade sanguinária! também eu farei uma grande fogueira.

10

Amontoa muita lenha, acende o fogo, consome a carne, e tempera-a com especiarias, e ardam os ossos.

11 Então a porás vazia sobre as suas brasas, para que ela aqueça, e se queime o seu cobre, e se funda a sua imundície no meio dela, e se consuma a sua escuma.

12 Com vaidades me cansou; e não saiu dela a sua muita escuma; ao fogo irá a sua escuma.

13 Na imundície perversidade, porquanto te purifiquei, e tu não te purificaste; nunca mais serás purificada da tua imundície, enquanto eu não fizer descansar sobre ti a minha indignação.

14 Eu, o Senhor, o falei; acontecerá, e o farei; não tornarei atrás, e não pouparei, nem me arrependerei; conforme os teus caminhos, e conforme os teus atos, te julgarão, diz o Senhor Deus.

15 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

16 Filho do homem, eis que tirarei de ti o desejo dos teus olhos de um golpe, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas.

17 Refreia-te de gemer, não farás luto por mortos, ata o teu turbante, e põe nos pés os teus sapatos; e não cubras os teus lábios, e o pão dos homens não comerás.

18 E falei ao povo pela manhã, e à tarde morreu minha mulher; e fiz pela manhã como se me deu ordem.

19 E o povo me disse: Porventura não nos farás saber o que nos significam estas coisas que tu estás fazendo?

20

E eu lhes disse: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu profanarei o meu santuário, a glória da vossa força, o desejo dos vossos olhos, e o regalo da vossa alma; e vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, cairão à espada.

22 E fareis como eu fiz: não cobrireis os lábios, e não comereis o pão dos homens.

23 E tereis na cabeça o vosso turbante, e os vossos sapatos, nos pés; não lamentareis, nem chorareis, mas definhar-vos-eis nas vossas maldades, e gemereis uns com os outros.

24 Assim, vos servirá Ezequiel de sinal; conforme tudo quanto fez, fareis; vendo isso, então sabereis que eu sou o Senhor Deus.

25 E tu, filho do homem, porventura não será no dia que eu lhes tirar a sua força, a alegria da sua glória, o desejo dos seus olhos, e a saudade da sua alma, seus filhos e suas filhas,

26 Aquele dia em que virá ter contigo algum que escapar, para to fazer ouvir com os ouvidos?

27 Naquele dia abrir-se-á a tua boca para com aquele que escapar, e falarás, e não mais ficarás mudo; assim lhes virás a ser um sinal, e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 25

A vingança do Senhor cairá sobre os amonitas, sobre os moabitas e os edomitas, e sobre os filisteus.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra os filhos de Amom, e profetiza contra eles.

3 E dize aos filhos de Amom: Ouvi a palavra do Senhor Deus: Assim diz o Senhor Deus: Porquanto tu disseste: Ha! ha! acerca do meu santuário, quando foi profanado; e acerca da terra de Israel, quando foi assolada; e acerca da casa de Judá, quando foram ao cativeiro;

4 Portanto, eis que te entregarei em possessão aos do oriente, e estabelecerão os seus acampamentos em ti, e porão em ti as suas moradas; eles comerão os teus frutos, e eles beberão o teu leite.

5 E farei de Rabá uma estrebaria de camelos; e dos filhos de Amom, um curral de ovelhas; e sabereis que eu sou o Senhor.

6 Porque assim diz o Senhor Deus: Porquanto bateste palmas, e bateste com os pés, e com todo o desprezo de teu coração te alegraste sobre a terra de Israel,

7 Portanto, eis que eu estenderei a minha mão contra ti, e te darei por despojo às nações, e te arrancarei dentre os povos, e te destruirei dentre as terras, e te acabarei de todo; e saberás que eu sou o Senhor.

8 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto dizem Moabe e Seir: Eis que a casa de Judá é como todas as nações;

9 Portanto, eis que eu abrirei o lado de Moabe desde as cidades, desde as suas cidades fora das fronteiras, a glória da terra, Bete-Jesimote, Baal-Meom, e até Quiriataim,

10

Para os do oriente, com a terra dos filhos de Amom, a qual entregarei em possessão, para que não haja memória dos filhos de Amom entre as nações.

11 Também executarei juízos em Moabe, e saberão que eu sou o Senhor.

12 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto Edom se houve vingativamente para com a casa de Judá, e se fizeram culpadíssimos, quando se vingaram deles;

13 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Também estenderei a minha mão contra Edom, e arrancarei dela homens e animais; e a tornarei em deserto, desde Temã até Dedã cairão à espada.

14 E executarei a minha vingança sobre Edom, pela mão do meu povo de Israel; e farão em Edom segundo a minha ira e segundo o meu furor; e conhecerão a minha vingança, diz o Senhor Deus.

15 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto os filisteus usaram de vingança, e executaram vingança com desprezo de coração, para destruírem com perpétua inimizade,

16 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estendo a minha mão contra os filisteus, e arrancarei os quereteus, e destruirei o restante do porto do mar.

17 E executarei neles grandes vinganças, com castigos de furor, e saberão que eu sou o Senhor, quando eu tiver exercido a minha vingança sobre eles.

Capítulo 26

Por ter-se regozijado com o sofrimento e queda de Jerusalém, Tiro será destruída.

1

E sucedeu no undécimo ano, ao primeiro do mês, que veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, porquanto Tiro disse no tocante a Jerusalém: Ha! ha! está quebrada a porta dos povos; se virou para mim; eu me encherei, agora que ela está assolada;

3 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra ti, ó Tiro, e farei subir contra ti muitas nações, como se o mar fizesse subir as suas ondas,

4 Que destruirão os muros de Tiro, e derrubarão as suas torres; e eu lhe varrerei o seu pó, e dela farei uma penha descalvada.

5 No meio do mar virá a ser um enxugadouro das redes; porque eu o falei, diz o Senhor Deus; e servirá de despojo para as nações.

6 E suas filhas, que estiverem no campo, serão mortas à espada; e saberão que eu sou o Senhor.

7 Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu trarei Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra Tiro, desde o norte, o rei dos reis, com cavalos, e com carros, e com cavaleiros, e companhias, e muito povo.

8 As tuas filhas no campo ele as matará à espada, e fará um baluarte contra ti, e edificará uma rampa contra ti, e levantará escudos contra ti.

9 E porá aríetes em frente de ti contra os teus muros, e derrubará as tuas torres com os seus machados.

10

Com a multidão de seus cavalos te cobrirá o seu pó; os teus muros tremerão com o estrondo dos cavaleiros, e das rodas, e dos carros, quando ele entrar pelas tuas portas, como se entra numa cidade em que se fez brecha.

11 Com os cascos dos seus cavalos pisará todas as tuas ruas; ao teu povo matará à espada, e as colunas da tua fortaleza derrubar-se-ão em terra.

12 E roubarão as tuas riquezas, e saquearão as tuas mercadorias, e derrubarão os teus muros, e arrasarão as tuas casas preciosas; e as tuas pedras, e as tuas madeiras, e o teu pó lançarão no meio das águas.

13 E farei cessar o ruído das tuas cantigas, e o som das tuas harpas não se ouvirá mais.

14 E farei de ti uma penha descalvada; virás a ser um enxugadouro das redes, nunca mais serás edificada; porque eu, o Senhor, o falei, diz o Senhor Deus.

15 Assim diz o Senhor Deus a Tiro: Porventura não tremerão as ilhas com o estrondo da tua queda, quando gemerem os feridos, quando se fizer uma espantosa matança no meio de ti?

16 E todos os príncipes do mar descerão dos seus tronos, e tirarão de si os seus mantos, e despirão as suas vestes bordadas; de tremores se vestirão, sobre a terra se assentarão, e estremecerão a cada momento; e por causa de ti pasmarão.

17 E levantarão uma lamentação sobre ti, e te dirão: Como pereceste do mar, ó bem povoada e afamada cidade, que foste forte no mar; ela e os seus moradores, que atemorizaram todos os moradores dela!

18 Agora estremecerão as ilhas no dia da tua queda, e as ilhas, que estão no mar, turbar-se-ão com a tua saída.

19 Porque assim diz o Senhor Deus: Quando eu te fizer uma cidade assolada, como as cidades que não se habitam, quando fizer sobre ti um abismo, e as muitas águas te cobrirem,

20

Então te farei descer com os que descem à cova, ao povo antigo, e te deitarei nas profundezas da terra, em lugares desertos antigos, com os que descem à cova, para que não sejas habitada; e estabelecerei a glória na terra dos viventes.

21 Mas farei de ti um terror, e não existirás mais; e quando te buscarem então nunca mais serás achada, para sempre, diz o Senhor Deus.

Capítulo 27

Ezequiel lamenta a queda de Tiro e a perda de suas riquezas e de seu comércio.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Tu, pois, ó filho do homem, levanta uma lamentação sobre Tiro.

3 E dize a Tiro, que habita nas entradas do mar, e negocia com os povos em muitas ilhas: Assim diz o Senhor Deus: Ó Tiro, tu dizes: Eu sou perfeita em formosura.

4 No coração dos mares estão os teus termos; os que te edificaram aperfeiçoaram a tua formosura.

5 Fabricaram todos os teus conveses de faias de Senir; trouxeram cedros do Líbano para te fazerem mastros.

6 Fizeram os teus remos de carvalhos de Basã; a companhia dos assírios fez os teus bancos de marfim das ilhas de Quitim.

7 Linho fino bordado do Egito era a tua cortina, para te servir de vela; azul e púrpura das ilhas de Elisá eram a tua cobertura.

8 Os moradores de Sidom e de Arvade foram os teus remeiros; os teus sábios, ó Tiro, que se achavam em ti, esses foram os teus pilotos.

9 Os anciãos de Gebal e seus sábios foram em ti os que consertavam as tuas fendas; todos os navios do mar e os marinheiros se achavam em ti, para negociar as tuas mercadorias.

10

Os da Pérsia, e os da Lídia, e os de Pute eram no teu exército os teus soldados; escudos e capacetes penduraram em ti; eles te deram o teu esplendor.

11 Os filhos de Arvade e o teu exército estavam sobre os teus muros em redor, e os gamaditas, sobre as tuas torres; penduravam os seus escudos nos teus muros em redor; eles aperfeiçoavam a tua formosura.

12 Társis era a que negociava contigo, por causa da abundância de toda casta de riquezas; com prata, ferro, estanho, e chumbo negociavam em tuas feiras.

13 Javã, Tubal e Meseque eram teus mercadores; trocavam almas de homens e objetos de bronze pelas tuas mercadorias.

14 Da casa de Togarma traziam às tuas feiras cavalos, e cavaleiros, e mulos.

15 Os filhos de Dedã eram os teus mercadores; muitas ilhas eram o comércio da tua mão; dentes de marfim e madeira de ébano tornavam a dar-te como presente.

16 A Síria negociava contigo por causa da multidão das tuas manufaturas; esmeralda, púrpura, e obra bordada, e linho fino, e corais e pedras preciosas traziam às tuas feiras.

17 Judá e a terra de Israel, eles eram os teus mercadores; trocavam trigo de Minite, e Panague, e mel, e azeite e bálsamo pelas tua mercadorias.

18 Damasco negociava contigo, por causa da multidão das tuas manufaturas, por causa da multidão de toda a sorte de riqueza, com vinho de Helbom e lã branca.

19 Também Dã, e Javã, o caminhante, negociavam nas tuas feiras; ferro polido, cássia, e cana aromática achavam-se entre as tuas mercadorias.

20

Dedã negociava contigo com panos preciosos para carros.

21 A Arábia, e todos os príncipes de Quedar, eram eles os mercadores de tua mão, com cordeiros, e carneiros e bodes; nestas coisas negociavam contigo.

22 Os mercadores de Sabá e Raamá eram eles os teus mercadores em todos os mais finos aromas, e em toda pedra preciosa e ouro negociavam nas tuas feiras.

23 Harã, e Cane e Éden, os mercadores de Sabá, Assur e Quilmade negociavam contigo.

24 Estes eram teus mercadores em toda sorte de mercadorias, em panos de azul, e bordado, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com cordas e feitos de cedro, em meio à tua mercadoria.

25 Os navios de Társis transportavam as tuas mercadorias; e te encheste, e te glorificaste muito no meio dos mares.

26 Os teus remeiros te conduziram sobre grandes águas; o vento oriental te quebrou no meio dos mares.

27 As tuas riquezas e os teus produtos, as tuas mercadorias, os teus marinheiros, e os teus pilotos, os que consertavam as tuas fendas, e os que faziam os teus negócios, e todos os teus soldados, que estão em ti, juntamente com toda a tua multidão, que está no meio de ti, cairão no meio dos mares no dia da tua queda.

28 Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arrabaldes.

29 E todos os que pegam no remo, os marinheiros, e todos os pilotos do mar descerão de seus navios, e pararão em terra.

30

E farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; e lançarão pó sobre a cabeça, e na cinza se revolverão.

31 E se farão inteiramente calvos por tua causa, e se cingirão de panos de saco, e chorarão sobre ti com amargura da alma, e amarga lamentação.

32 E levantarão uma lamentação sobre ti no seu pranto, e lamentarão sobre ti, dizendo: Quem foi como Tiro, como a destruída no meio do mar?

33 Quando as tuas mercadorias procediam dos mares, fartaste a muitos povos; com a multidão da tua riqueza e das tuas mercadorias, enriqueceste os reis da terra.

34 No tempo em que foste quebrada pelos mares, nas profundezas das águas caíram as tuas mercadorias e toda a tua multidão no meio de ti.

35 Todos os moradores das ilhas ficaram cheios de espanto a teu respeito; e os seus reis tremeram sobremaneira, e ficaram perturbados no seu rosto.

36 Os mercadores dentre os povos assobiaram sobre ti; tu te tornaste um terror, e não existirás mais, para sempre.

Capítulo 28

Tiro e Sidom cairão e serão destruídas — O Senhor reunirá o povo de Israel à sua própria terra — Então habitarão em segurança.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor Deus: Porquanto se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus, na cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem, e não Deus), e estimas o teu coração como se fosse o coração de Deus;

3 Eis que mais sábio és que Daniel; nada há de oculto que se possa esconder de ti.

4 Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste o teu poder, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.

5 Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste o teu poder; e eleva-se o teu coração por causa do teu poder;

6 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto estimas o teu coração, como se fosse o coração de Deus,

7 Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terríveis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas contra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.

8 À cova te farão descer, e morrerás da morte dos transpassados no meio dos mares.

9 Porventura, ainda dirás diante daquele que te matar: Eu sou Deus; sendo tu homem, e não Deus, na mão do que te transpassa?

10

Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão dos estrangeiros; porque eu o falei, diz o Senhor Deus.

11 Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

12 Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu és o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

13 Estavas no Éden, jardim de Deus, toda pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados.

14 Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras de fogo andavas.

15 Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.

16 Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, do monte de Deus, e te farei perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras de fogo.

17 Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.

18 Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu, e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te veem.

19 Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; um terror te tornaste, e não existirás mais, para sempre.

20

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Sidom, e profetiza contra ela,

22 E dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis-me contra ti, ó Sidom, e serei glorificado no meio de ti; e saberão que eu sou o Senhor, quando nela executar juízos e nela me santificar.

23 Porque enviarei contra ela a peste, e o sangue nas suas ruas, e os transpassados cairão no meio dela, à espada, estando em redor contra ela; e saberão que eu sou o Senhor.

24 E a casa de Israel nunca mais terá espinho que a pique, nem espinho que cause dor, de todos os que ao redor deles os desprezam; e saberão que eu sou o Senhor Deus.

25 Assim diz o Senhor Deus: Quando eu congregar a casa de Israel dentre os povos entre os quais estão espalhados, e eu me santificar entre eles, perante os olhos das nações, então habitarão na sua terra que dei a meu servo, a Jacó.

26 E habitarão nela seguros, e edificarão casas, e plantarão vinhas, e habitarão seguros, quando eu executar juízos contra todos os que os desprezam ao seu redor; e saberão que eu sou o Senhor seu Deus.

Capítulo 29

O Egito será derrotado pela Babilônia — Quando o Egito se levantar novamente, será o mais humilde dos reinos.

1

No décimo ano, no décimo mês, no dia doze do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Faraó, rei do Egito, e profetiza contra ele e contra todo o Egito.

3 Fala, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, o grande dragão, que pousa no meio dos seus rios, e que diz: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim.

4 Porém eu porei anzóis em teus queixos, e prenderei o peixe dos teus rios às tuas escamas; e tirar-te-ei do meio dos teus rios; e todo peixe dos teus rios se pegará às tuas escamas.

5 E te abandonarei no deserto, a ti e a todo peixe dos teus rios; sobre a face do campo cairás; não serás recolhido nem ajuntado; aos animais da terra e às aves do céu te dei por mantimento.

6 E saberão todos os moradores do Egito que eu sou o Senhor, porquanto ele se fizera um bordão de cana para a casa de Israel.

7 Tomando-te eles pela tua mão, te quebraste, e lhes rasgaste todo o ombro; e apoiando-se eles em ti, te quebraste, e lhes fizeste estar imóveis todos os lombos.

8 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu trarei sobre ti a espada, e destruirei de ti homem e animal.

9 E a terra do Egito se tornará em assolação e deserto; e saberão que eu sou o Senhor, porquanto disse: O rio é meu, e eu o fiz.

10

Portanto, eis que eu estou contra ti e contra os teus rios; e tornarei a terra do Egito em desertas e assoladas solidões, desde a torre de Sevene até os confins da Etiópia.

11 Não passará por ela pé de homem, nem pé de animal passará por ela, nem será habitada por quarenta anos.

12 Porque tornarei a terra do Egito em assolação no meio das terras assoladas; e as suas cidades no meio das cidades desertas se tornarão em assolação por quarenta anos; e espalharei os egípcios entre as nações, e os dispersarei pelas terras.

13 Porém assim diz o Senhor Deus: Ao cabo de quarenta anos ajuntarei os egípcios dentre os povos entre os quais foram espalhados.

14 E tornarei a trazer do cativeiro os egípcios, e os tornarei à terra de Patros, à terra de sua origem; e serão ali um reino humilde.

15 Mais humilde se fará do que os outros reinos, e nunca mais se exalçará sobre as nações; porque os diminuirei, para que não dominem sobre as nações.

16 E não servirá mais à casa de Israel de confiança, para lhe trazer à lembrança a sua iniquidade, quando olharem para trás deles; antes saberão que eu sou o Senhor Deus.

17 E sucedeu que, no ano vinte e sete, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, Nabucodonosor, rei de Babilônia fez com que o seu exército prestasse um grande serviço contra Tiro; toda cabeça se tornou calva, e todo ombro se pelou; e não houve paga de Tiro para ele, nem para o seu exército, pelo serviço que prestou contra ela.

19 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu darei a Nabucodonosor, rei de Babilônia, a terra do Egito; e levará a sua multidão, e tomará o seu despojo, e roubará a sua presa, e isso será a paga para o seu exército.

20

Por paga do seu trabalho, com que serviu contra ela, lhe dei a terra do Egito; porquanto trabalharam por mim, diz o Senhor Deus.

21 Naquele dia farei brotar o poder na casa de Israel, e te concederei que abras a boca no meio deles; e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 30

O Egito e seus aliados serão assolados por Babilônia.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Uivai: Ah! aquele dia!

3 Porque já está perto o dia, já está perto, digo, o dia do Senhor, dia nublado; o tempo dos gentios será.

4 E espada virá sobre o Egito, e haverá grande dor na Etiópia, quando caírem os transpassados no Egito; e tomarão a sua multidão, e quebrar-se-ão os seus fundamentos.

5 Etiópia, e Pute, e Lude, e toda a mistura de gente, e Cube, e os filhos da terra da aliança, com eles cairão à espada.

6 Assim diz o Senhor: Também cairão os que sustêm o Egito, e descerá a soberba de seu poder; desde a torre de Sevene nele cairão à espada, diz o Senhor Deus.

7 E serão assolados no meio das terras assoladas; e as suas cidades estarão no meio das cidades desertas.

8 E saberão que eu sou o Senhor, quando eu puser fogo no Egito, e forem quebrados todos os que lhe davam auxílio.

9 Naquele dia sairão mensageiros de diante de mim em navios, para atemorizarem a Etiópia descuidada; e haverá neles grandes dores, como no dia do Egito; porque, eis que vem.

10

Assim diz o Senhor Deus: Eu, pois, farei cessar a multidão do Egito, por mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia.

11 Ele e o seu povo com ele, os mais formidáveis das nações, serão levados para destruírem a terra; e desembainharão as suas espadas contra o Egito, e encherão a terra de transpassados.

12 E os rios farei secos, e venderei a terra à mão dos maus, e assolarei a terra e a sua plenitude pela mão dos estrangeiros; eu, o Senhor, o falei.

13 Assim diz o Senhor Deus: Também destruirei os ídolos, e farei cessar as imagens de Mênfis; e não haverá mais príncipe na terra do Egito; e porei o temor na terra do Egito.

14 E assolarei Patros, e porei fogo em Zoã, e executarei juízos em Nô.

15 E derramarei o meu furor sobre Sim, a força do Egito, e exterminarei a multidão de Nô.

16 E porei fogo no Egito; Sim terá grande dor, e Nô será fendida, e Mênfis terá angústias quotidianas.

17 Os jovens de Ávem e Pi-Besete cairão à espada, e elas irão em cativeiro.

18 E em Tafnes se escurecerá o dia, quando eu quebrar ali os jugos do Egito, e nela cessar a soberba da sua força; uma nuvem a cobrirá, e suas filhas irão em cativeiro.

19 Assim, executarei juízos no Egito, e saberão que eu sou o Senhor.

20

E sucedeu que, no ano undécimo, no mês primeiro, aos sete do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Filho do homem, eu quebrei o braço de Faraó, rei do Egito, e eis que não será atado com emplastros, nem lhe porão uma ligadura para o atar, para o fortalecer, para que pegue na espada.

22 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra Faraó, rei do Egito, e quebrarei os seus braços, tanto o forte como o quebrado, e farei cair da sua mão a espada.

23 E espalharei os egípcios entre as nações, e os espalharei pelas terras.

24 E fortalecerei os braços do rei de Babilônia, e darei a minha espada na sua mão; porém quebrarei os braços de Faraó, e diante dele gemerá como geme o transpassado.

25 Fortalecerei os braços do rei de Babilônia, mas os braços de Faraó cairão; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu puser a minha espada na mão do rei de Babilônia, e ele a estender sobre a terra do Egito.

26 E espalharei os egípcios entre as nações, e os espalharei pelas terras; assim saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 31

A glória e a queda do Faraó são comparadas às dos assírios.

1

E sucedeu, no ano undécimo, no terceiro mês, ao primeiro do mês, que veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dize a Faraó, rei do Egito, e à sua multidão: A quem és semelhante na tua grandeza?

3 Eis que a Assíria era um cedro no Líbano, de ramos formosos, sombrio de ramagem e de alta estatura, e entre os ramos espessos estava a sua copa.

4 As águas o fizeram crescer, o abismo o exalçou; as suas correntes corriam em torno do seu plantio, e enviavam os seus regatos a todas as árvores do campo.

5 Por isso se elevou a sua estatura sobre todas as árvores do campo, e se multiplicaram os seus ramos, e se alongaram as suas varas, por causa das muitas águas, quando brotava.

6 Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, e todos os animais do campo geravam debaixo dos seus ramos, e todos os grandes povos se assentavam à sua sombra.

7 Assim era ele formoso na sua grandeza, na extensão dos seus ramos, porque a sua raiz estava junto às muitas águas.

8 Os cedros não o escureciam no jardim de Deus; as faias não igualavam os seus ramos, e os castanheiros não eram como os seus renovos; nenhuma árvore no jardim de Deus se assemelhou a ele na sua formosura.

9 Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos; e todas as árvores do Éden, que estavam no jardim de Deus, tiveram inveja dele.

10

Portanto, assim diz o Senhor Deus: Porquanto te elevaste na tua estatura, e se levantou a sua copa no meio dos espessos ramos, e o seu coração se exalçou na sua altura,

11 Portanto, o entreguei na mão da mais poderosa das nações, para que lhe desse o tratamento merecido; pela sua impiedade o lancei fora.

12 E uns estrangeiros o exterminaram, os mais terríveis das nações, e o deixaram; caíram os seus ramos sobre os montes e por todos os vales, e os seus renovos foram quebrados por todas as correntes da terra; e todos os povos da terra se retiraram da sua sombra, e o deixaram.

13 Todas as aves do céu habitavam sobre a sua ruína, e todos os animais do campo se acolheram sob os seus renovos;

14 Para que todas as árvores das águas não se elevem na sua estatura, nem levantem a sua copa no meio dos ramos espessos, nem todas as que bebem as águas venham a confiar em si, por causa da sua altura; porque todos estão entregues à morte, até as profundezas da terra, no meio dos filhos dos homens, com os que descem à cova.

15 Assim diz o Senhor Deus: No dia em que ele desceu ao inferno, fiz eu que houvesse luto; fiz cobrir o abismo, por sua causa, e retive as suas correntes, e se detiveram; e cobri o Líbano de preto por causa dele, e todas as árvores do campo por causa dele desfaleceram.

16 Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao inferno com os que descem à cova; e todas as árvores do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as árvores que bebem águas se consolavam nas profundezas da terra.

17 Também estes com eles descerão ao inferno, aos que foram transpassados à espada, e os que foram seu braço, e que estavam assentados à sua sombra no meio das nações.

18 A quem, pois, és assim semelhante em glória e em grandeza entre as árvores do Éden? Antes serás derrubado com as árvores do Éden às profundezas da terra; no meio dos incircuncisos jazerás com os que foram transpassados à espada; este é Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor Deus.

Capítulo 32

Ezequiel lamenta a terrível queda do Faraó e do Egito.

1

E sucedeu que, no ano duodécimo, no mês duodécimo, ao primeiro do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, levanta uma lamentação sobre Faraó, rei do Egito, e dize-lhe: Semelhante eras a um filho de leão entre as nações, e tu foste como um dragão nos mares, e transbordavas os teus rios, e turbavas as águas com os teus pés, e enlameavas os seus rios.

3 Assim diz o Senhor Deus: Portanto, estenderei sobre ti a minha rede com uma multidão de muitos povos, e te farão subir na minha rede.

4 Então te deixarei em terra; sobre a face do campo te lançarei, e farei morar sobre ti todas as aves do céu, e fartarei de ti os animais de toda a terra.

5 E porei as tuas carnes sobre os montes, e encherei os vales da tua altura.

6 E a terra onde nadas regarei com o teu sangue até os montes; e as correntes se encherão de ti.

7 E quando eu te extinguir, cobrirei os céus, e enegrecerei as suas estrelas; ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não deixará resplandecer a sua luz.

8 Todas as brilhantes luzes do céu enegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Deus.

9 E afligirei o coração de muitos povos, quando eu levar a tua destruição entre as nações, às terras que não conheceste.

10

E farei com que muitos povos fiquem pasmados de ti, e os seus reis tremam sobremaneira, quando eu brandir a minha espada ante o seu rosto; e estremecerão a cada momento, cada um pela sua vida, no dia da tua queda.

11 Porque assim diz o Senhor Deus: A espada do rei de Babilônia virá sobre ti.

12 Farei cair a tua multidão com as espadas dos valentes, que são todos os mais terríveis das nações; e destruirão a soberba do Egito, e toda a sua multidão será perdida.

13 E destruirei todos os seus animais de sobre as muitas águas; nem as turbará mais pé de homem, nem as turbarão cascos de animais.

14 Então farei aprofundar as suas águas, e farei correr os seus rios como o azeite, diz o Senhor Deus.

15 Quando eu tornar a terra do Egito em assolação, e a terra for assolada em sua plenitude, e quando ferir todos os que habitam nela, então saberão que eu sou o Senhor.

16 Esta é a lamentação, segundo a qual lamentarão; as filhas das nações assim lamentarão; sobre o Egito e sobre toda a sua multidão assim lamentarão, diz o Senhor Deus.

17 E sucedeu que, no ano duodécimo, aos quinze do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, pranteia sobre a multidão do Egito, e faze-a descer, a ela e às filhas das nações magníficas, às profundezas da terra, aos que descem à cova.

19 A quem sobrepujas tu em formosura? Desce, e deita-te com os incircuncisos.

20

No meio daqueles que foram transpassados à espada cairão; à espada está entregue; arrastai-a e a toda a sua multidão.

21 Os mais poderosos dos valentes lhe falarão desde o meio do inferno, com os que a socorrem; desceram, e ali jazem os incircuncisos transpassados à espada.

22 Ali está Assur com toda a sua multidão; em redor dele estão os seus sepulcros; todos eles foram transpassados e caíram à espada.

23 Cujos sepulcros foram postos nos lados da cova, e a sua multidão está em redor do seu sepulcro; todos foram transpassados, e caíram à espada, os quais tinham causado terror na terra dos viventes.

24 Ali está Elão com toda a sua multidão em redor do seu sepulcro; todos eles foram transpassados, e caíram à espada, os quais desceram incircuncisos às profundezas da terra, os quais causaram terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram à cova.

25 No meio dos transpassados lhe puseram uma cama entre toda a sua multidão; ao redor dele estão os seus sepulcros; todos eles são incircuncisos, transpassados à espada; porque causaram terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram à cova; no meio dos transpassados foi posto.

26 Ali estão Meseque e Tubal com toda a sua multidão; ao redor deles estão os seus sepulcros; todos eles são incircuncisos, e transpassados à espada, porquanto causaram terror na terra dos viventes.

27 Porém não jazem com os valentes que caíram dos incircuncisos, os quais desceram ao inferno com as suas armas de guerra e puseram as suas espadas debaixo da sua cabeça; e a sua iniquidade está sobre os seus ossos, porquanto eram o terror dos valentes na terra dos viventes.

28 Também tu serás quebrado no meio dos incircuncisos, e jazerás com os que foram transpassados à espada.

29 Ali está Edom, os seus reis e todos os seus príncipes, que com o seu poder foram postos com os que foram transpassados à espada; eles jazem com os incircuncisos e com os que desceram à cova.

30

Ali estão os príncipes do norte, todos eles, e todos os sidônios, que desceram com os transpassados, envergonhados com o terror causado pelo seu poder; e jazem incircuncisos com os que foram transpassados à espada, e levam a sua vergonha com os que desceram à cova.

31 Faraó os verá, e se consolará por toda a sua multidão, os transpassados à espada, Faraó, e todo o seu exército, diz o Senhor Deus.

32 Porque também eu pus o meu terror na terra dos viventes; pelo que jazerá no meio dos incircuncisos, com os transpassados à espada, Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor Deus.

Capítulo 33

Os atalaias que erguem a voz de advertência salvam a sua própria alma — Os pecadores arrependidos são salvos — Os justos que se voltam para o pecado são condenados — Os judeus de Jerusalém são destruídos por causa de seus pecados.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, fala aos filhos do teu povo, e dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o povo da terra tomar um homem dos seus termos, e o constituir por seu atalaia,

3 E ele vir que a espada vem sobre a terra, e tocar a trombeta, e avisar o povo,

4 E aquele que ouvir o som da trombeta, não se der por avisado, e vier a espada, e o tomar, o seu sangue será sobre a sua cabeça.

5 Ele ouviu o som da trombeta, e não se deu por avisado, o seu sangue será sobre ele; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida.

6 Porém, quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue demandarei da mão do atalaia.

7 A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca, e lha anunciarás da minha parte.

8 Dizendo eu, pois, ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não lhe falares, para dissuadir o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, porém o seu sangue eu o demandarei da tua mão.

9 Mas, quando tu tiveres dissuadido o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele não se converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniquidade; porém tu livraste a tua alma.

10

Tu, pois, filho do homem, dize à casa de Israel: Assim falais vós, dizendo: Visto que as nossas transgressões e os nossos pecados estão sobre nós, e nós desfalecemos neles, como viveremos então?

11 Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho, e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?

12 Tu, pois, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: A justiça do justo não o fará escapar no dia da sua transgressão; e quanto à impiedade do ímpio, não cairá por ela, no dia em que se converter da sua impiedade; nem o justo por ela poderá viver no dia em que pecar.

13 Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele confiar na sua justiça, e cometer iniquidade, não virão em memória todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que cometeu, nela morrerá.

14 Quando eu também disser ao ímpio: Certamente morrerás; e ele se converter do seu pecado, e praticar juízo e justiça,

15 Restituindo esse ímpio o penhor, devolvendo o que furtou, andando nos estatutos da vida, e não cometendo iniquidade, certamente viverá, não morrerá.

16 De todos os seus pecados com que pecou não se fará memória contra ele; juízo e justiça praticou, certamente viverá.

17 Ainda dizem os filhos do teu povo: Não é reto o caminho do Senhor; mas o próprio caminho deles é que não é reto.

18 Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo iniquidade, morrerá nela.

19 E convertendo-se o ímpio da sua impiedade, e praticando juízo e justiça, ele viverá por eles.

20

Ainda dizeis: Não é reto o caminho do Senhor; julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel.

21 E sucedeu que, no ano duodécimo, no décimo mês, aos cinco do mês do nosso cativeiro, veio a mim um que tinha escapado de Jerusalém, dizendo: tomada foi a cidade.

22 Ora, a mão do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que viesse o que tinha escapado, e abriu a minha boca, até que ele chegou a mim pela manhã; e abriu-se a minha boca, e não fiquei mais em silêncio.

23 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

24 Filho do homem, os moradores destes lugares desertos da terra de Israel, falando, dizem: Abraão era um só, e possuiu esta terra; porém nós somos muitos, esta terra a nós foi dada em possessão.

25 Dize-lhes, portanto: Assim diz o Senhor Deus: A carne com o sangue comeis, e levantais os vossos olhos para os vossos ídolos, e derramais sangue! e possuireis esta terra?

26 Estribais-vos sobre a vossa espada, cometeis abominação, e contaminais cada um a mulher do seu próximo! e possuireis a terra?

27 Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor Deus: Vivo eu, que os que estiverem em lugares desertos cairão à espada, e o que estiver sobre a face do campo o entregarei às feras, para que o devorem, e os que estiverem em lugares fortes e em cavernas morrerão de pestilência.

28 Porque tornarei a terra em grande assolação, e cessará a soberba da sua força; e os montes de Israel serão tão assolados que não haverá quem passe por eles.

29 Então saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em grande assolação, por todas as suas abominações que fizeram.

30

Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor.

31 E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como o meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; antes eles lisonjeiam com a sua boca, porém o seu coração segue a sua avareza.

32 E eis que tu lhes és como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.

33 Porém, quando vier isso (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta.

Capítulo 34

O Senhor repreende os pastores que não apascentam o rebanho — Nos últimos dias, o Senhor reunirá as ovelhas perdidas de Israel — O Messias será seu Pastor — O Senhor fará Seu convênio do evangelho com elas.

1

E a palavra do Senhor veio a mim, dizendo:

2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Porventura não deveriam os pastores apascentar as ovelhas?

3 Comeis a gordura, e vos vestis de lã; matais o cevado; porém não apascentais as ovelhas.

4 As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; porém dominais sobre elas com rigor e dureza.

5 Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam.

6 As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; e as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, sem haver quem as busque.

7 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:

8 Vivo eu, diz o Senhor Deus, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, e os pastores se apascentam a si mesmos, e não apascentam as minhas ovelhas;

9 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:

10

Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores, e demandarei as minhas ovelhas da sua mão, e os farei cessar de apascentar as ovelhas, e os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto.

11 Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas, e as buscarei.

12 Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e as farei escapar de todos os lugares por onde andam espalhadas, no dia da nuvem e da escuridão.

13 E as tirarei dos povos, e as congregarei das terras, e as trarei à sua terra, e as apascentarei nos montes de Israel, junto às correntes, e em todas as habitações da terra.

14 Em bons pastos as apascentarei, e nos altos montes de Israel será o seu redil; ali se deitarão num bom redil, e pastarão em pastos férteis nos montes de Israel.

15 Eu apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o Senhor Deus.

16 A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada atarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com justiça.

17 E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.

18 Acaso não vos basta que pasteis o bom pasto, senão que piseis o resto de vossos pastos com vossos pés? e que bebais as águas claras, senão que enlameeis o resto com os vossos pés?

19 E as minhas ovelhas pastarão o que foi pisado com os vossos pés, e beberão o que foi turvado com os vossos pés.

20

Por isso o Senhor Deus assim lhes diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra.

21 Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões, e com os vossos chifres escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora,

22 Portanto, livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de presa, e julgarei entre ovelhas e ovelhas.

23 E levantarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; meu servo Davi, este as apascentará, e este lhes servirá de pastor.

24 E eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio deles; eu, o Senhor, o falei.

25 E farei com eles um convênio de paz, e farei cessar as feras selvagens da terra, e habitarão no deserto seguramente, e dormirão nos bosques.

26 E a eles, e aos lugares ao redor do meu outeiro, os porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênção serão.

27 E as árvores do campo darão o seu fruto, e a terra dará o seu produto, e estarão seguros na sua terra; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu quebrar as varas do seu jugo e os livrar da mão dos que os escravizavam.

28 E não servirão mais de presa aos gentios, e as feras da terra nunca mais os devorarão; e habitarão seguramente, e ninguém haverá que os espante.

29 E lhes levantarei uma plantação de renome, e nunca mais serão consumidos pela fome na terra, nem mais levarão sobre si o opróbrio dos gentios.

30

Saberão, porém, que eu, o Senhor seu Deus, estou com eles, e que eles são o meu povo, a casa de Israel, diz o Senhor Deus.

31 Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto, homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Deus.

Capítulo 35

Descerá juízo sobre o monte Seir e sobre todo o Edom por causa de seu ódio a Israel.

1

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra o monte Seir, e profetiza contra ele.

3 E dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra ti, ó monte Seir, e estenderei a minha mão contra ti, e te porei em grande assolação.

4 As tuas cidades porei em solidão, e tu te tornarás em assolação; e saberás que eu sou o Senhor.

5 Porquanto guardas inimizade perpétua, e entregaste os filhos de Israel à violência da espada no tempo da extrema iniquidade,

6 Por isso vivo eu, diz o Senhor Deus, que te preparei para sangue, e o sangue te perseguirá; visto que não odiaste o sangue, o sangue te perseguirá.

7 E farei do monte Seir uma extrema assolação, e exterminarei dele o que por ele passar, e o que por ele retornar.

8 E encherei os seus montes dos seus mortos; nos teus outeiros, e nos teus vales, e em todas as tuas correntes cairão os transpassados à espada.

9 Em assolações perpétuas te porei, e as tuas cidades nunca mais serão habitadas; assim sabereis que eu sou o Senhor.

10

Porquanto dizes: Os dois povos e as duas terras serão minhas, e as possuiremos, sendo que o Senhor se achava ali;

11 Portanto, vivo eu, diz o Senhor Deus, que farei conforme a tua ira, e conforme a tua inveja, de que usaste, no teu ódio, contra eles; e me darei a conhecer a eles, quando te julgar.

12 E saberás que eu, o Senhor, ouvi todas as tuas blasfêmias, que disseste contra os montes de Israel, dizendo: estão assolados, a nós nos são entregues por pasto.

13 Assim vos engrandecestes contra mim com a vossa boca, e multiplicastes as vossas palavras contra mim; eu o ouvi.

14 Assim diz o Senhor Deus: Quando se alegrar toda a terra te porei em assolação.

15 Como te alegraste da herança da casa de Israel, porque está assolada, assim farei a ti; em assolação serás tomado, ó monte Seir, e todo o Edom, sim, todo; e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 36

Nos últimos dias, toda a casa de Israel será reunida em suas próprias terras — O Senhor lhes dará um novo coração e um novo espírito — Eles terão Sua lei do evangelho.

1

E tu, ó filho do homem, profetiza aos montes de Israel, e dize: Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor.

2 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto diz o inimigo sobre vós: Ah! ah! até as eternas alturas são nossa herança;

3 Portanto, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Porquanto vos assolaram e devoraram de todos os lados, para que vós ficásseis feitos herança do restante das nações, e tendes andado em lábios de tagarelas, e na infâmia do povo,

4 Portanto, ouvi, ó montes de Israel, a palavra do Senhor Deus: Assim diz o Senhor Deus aos montes e aos outeiros, às correntes e aos vales, aos lugares assolados e solitários, e às cidades desamparadas, que se tornaram em presa e em escárnio ao restante das nações que lhes estão em redor;

5 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Certamente no fogo do meu zelo falei contra o restante das nações, e contra todo o Edom, que se apropriaram da minha terra, com alegria de todo o coração, e com menosprezo da alma, para ser lançada fora à rapina.

6 Portanto, profetiza sobre a terra de Israel, e dize aos montes e aos outeiros, às correntes e aos vales: Assim diz o Senhor Deus: Eis que falei no meu zelo e no meu furor, porquanto levastes sobre vós o opróbrio dos gentios.

7 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eu levantei a minha mão em juramento, para que os gentios que vos estão em redor levem o seu opróbrio sobre si mesmos.

8 Porém vós, ó montes de Israel, ainda produzireis o vosso ramo, e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel; porque estão para vir.

9 Porque eis que eu estou convosco; e eu me voltarei para vós, e sereis lavrados e semeados.

10

E multiplicarei os homens sobre vós, a toda a casa de Israel, a toda ela; e as cidades serão habitadas, e os lugares devastados serão edificados.

11 E multiplicarei homens e animais sobre vós; e se multiplicarão, e frutificarão; e vos farei habitar como dantes, e vos tratarei melhor que nos vossos princípios; e sabereis que eu sou o Senhor.

12 E sobre vós farei andar homens, o meu povo de Israel; eles te possuirão, e serás a sua herança, e nunca mais os desfilharás.

13 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto vos dizem: Tu és uma terra que devora os homens, e és uma terra que desfilha os seus povos;

14 Por isso tu não devorarás mais os homens, nem desfilharás mais os teus povos, diz o Senhor Deus.

15 E farei que nunca mais se ouça em ti a afronta dos gentios; nem levarás mais sobre ti o opróbrio das nações, nem mais desfilharás a tua nação, diz o Senhor Deus.

16 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

17 Filho do homem, quando a casa de Israel habitava na sua terra, então a contaminaram com os seus caminhos e com as suas ações; como a imundície de uma mulher na sua menstruação, era o seu caminho perante o meu rosto.

18 Derramei, pois, o meu furor sobre eles, por causa do sangue que derramaram sobre a terra, e dos seus ídolos, com que a contaminaram.

19 E os espalhei entre as nações, e foram espalhados pelas terras; conforme os seus caminhos, e conforme os seus feitos, os julguei.

20

E chegando às nações para onde se foram, profanaram o meu santo nome; porquanto se dizia deles: Estes são o povo do Senhor, e saíram da sua terra.

21 Porém os poupei por causa do meu santo nome, o qual a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi.

22 Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Não é por vossa causa que eu o faço, ó casa de Israel, porém pelo meu santo nome, que profanaste entre as nações para onde vós fostes.

23 E eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; e as nações saberão que eu sou o Senhor, diz o Senhor Deus, quando eu for santificado aos seus olhos.

24 E vos tomarei dentre as nações, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra.

25 Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei.

26 E um novo coração vos darei, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne.

27 E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.

28 E habitareis na terra que eu dei a vossos pais, e vós me sereis por povo, e eu vos serei por Deus.

29 E vos livrarei de todas as vossas imundícies; e chamarei o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós.

30

E multiplicarei o fruto das árvores, e o produto do campo, para que nunca mais recebais o opróbrio da fome entre as nações.

31 Então vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos, que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas maldades e das vossas abominações.

32 Não é por causa de vós que eu faço isso, diz o Senhor Deus; notório vos seja; envergonhai-vos, e ficai desalentados sobre os vossos caminhos, ó casa de Israel.

33 Assim diz o Senhor Deus: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas maldades, então farei com que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares devastados.

34 E a terra assolada se lavrará, em lugar de ser assolada aos olhos de todos os que passavam.

35 E dirão: Esta terra assolada ficou como jardim do Éden; e as cidades solitárias, e assoladas, e destruídas estão fortalecidas e habitadas.

36 Então saberão as nações, que restarem em redor de vós, que eu, o Senhor, reedifico as cidades destruídas, e planto o assolado; eu, o Senhor, o falei, e farei.

37 Assim diz o Senhor Deus: Ainda por isso serei solicitado pela casa de Israel, que lho faça; multiplicá-los-ei de homens, como a um rebanho.

38 Como o rebanho santificado, como o rebanho de Jerusalém nas suas solenidades, assim as cidades desertas serão cheias de rebanhos de homens; e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 37

O vale de ossos secos é mostrado a Ezequiel — Israel herdará a terra na Ressurreição — A vara de Judá (a Bíblia) e a vara de José (o Livro de Mórmon) se tornarão uma na mão do Senhor — Os filhos de Israel serão reunidos e purificados — Davi (o Messias) reinará sobre eles — Eles receberão o convênio eterno do evangelho.

1

Veio sobre mim a mão do Senhor, e me levou para fora no Espírito do Senhor, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.

2 E me fez passar em volta deles; e eis que eram muito numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.

3 E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor Deus, tu o sabes.

4 Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.

5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.

6 E porei tendões sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.

7 Então profetizei como se me deu ordem; e houve um ruído enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.

8 E olhei, e eis que vinham tendões sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele por sobre eles; porém não havia neles espírito.

9 E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, e viverão.

10

E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.

11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel; eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados.

12 Portanto, profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.

13 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir as vossas sepulturas, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu.

14 E porei em vós o meu espírito, e vivereis e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o Senhor, falei isto, e o fiz, diz o Senhor.

15 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

16 Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e aos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por José, a vara de Efraim, e de toda a casa de Israel, seus companheiros.

17 E ajunta um ao outro, para que sejam uma vara; e serão uma só na tua mão.

18 E quando te falarem os filhos do teu povo, dizendo: Porventura não nos declararás o que significam estas coisas?

19 Então lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na mão de Efraim, e das tribos de Israel, seus companheiros, e as ajuntarei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão.

20

E as varas, sobre as quais houveres escrito, estarão na tua mão, perante os olhos deles.

21 Dize-lhes, pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra.

22 E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e todos eles terão por seu rei um rei; e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.

23 E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões, e os livrarei de todos os seus lugares de habitação nos quais pecaram, e os purificarei; assim, eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.

24 E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um pastor; e andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão.

25 E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente.

26 E farei com eles um convênio de paz; será com eles um eterno convênio; e os porei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre.

27 E o meu tabernáculo estará com eles, e lhes serei por Deus, e eles me serão por povo.

28 E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.

Capítulo 38

A batalha de Gogue, da terra de Magogue, contra Israel precederá a Segunda Vinda — O Senhor virá em meio a guerra e pestilência, e todos os homens tremerão na Sua presença.

1

E a palavra do Senhor veio a mim, dizendo:

2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e Tubal, e profetiza contra ele,

3 E dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e Tubal;

4 E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos esplendidamente, grande multidão, com escudo e broquel, manejando todos a espada;

5 Os da Pérsia, os da Etiópia, e os de Pute com eles, todos eles com escudo e capacete;

6 Gomer e todas as suas tropas, a casa de Togarma, do lado do norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.

7 Prepara-te, e dispõe-te, tu e todas as tuas multidões que se ajuntaram ao pé de ti, e serve-lhes tu de guarda.

8 Depois de muitos dias serás visitado; nos últimos anos virás à terra que se retirou da espada, e que foi congregada dentre muitos povos aos montes de Israel, que sempre serviram de assolação; mas aquela terra foi tirada dentre os povos, e todos eles habitarão seguramente.

9 Então subirás, virás como uma tempestade, far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e todas as tuas tropas, e muitos povos contigo.

10

Assim diz o Senhor Deus: E acontecerá naquele dia que subirão pensamentos ao teu coração, e maquinarás um mau desígnio,

11 E dirás: Subirei contra a terra das aldeias, irei contra os que estão em repouso, que habitam seguros; todos eles habitam sem muro, e não têm ferrolho nem portas;

12 Para tomar o despojo, e para saquear a presa, para voltar a tua mão contra as terras desertas que agora se habitam, e contra o povo que se ajuntou dentre as nações, e tem gado e possessões, que habita no meio da terra.

13 Sabá, e Dedã, e os mercadores de Társis, e todos os seus leõezinhos te dirão: Porventura tu vens para tomar o despojo? ou ajuntaste a tua multidão para saquear a presa? para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e possessões, para tomar o grande despojo?

14 Portanto, profetiza, ó filho do homem, e dize a Gogue: Assim diz o Senhor Deus: Porventura não o saberás naquele dia, quando o meu povo Israel habitar com segurança?

15 Virás, pois, do teu lugar, dos lados do norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande multidão, e exército numeroso,

16 E subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra; nos últimos dias sucederá; então te trarei contra a minha terra, para que as nações me conheçam, quando eu me houver santificado por meio de ti aos seus olhos, ó Gogue.

17 Assim diz o Senhor Deus: Porventura não és tu aquele de quem eu disse nos dias antigos, pelo ministério de meus servos, os profetas de Israel, que naqueles dias profetizaram, durante anos, que eu te traria contra eles?

18 Sucederá, porém, naquele dia, no dia em que vier Gogue contra a terra de Israel, diz o Senhor Deus, que a minha indignação subirá à minha face.

19 Porque falei no meu zelo, no fogo do meu furor, que naquele dia haverá grande tremor sobre a terra de Israel;

20

De tal maneira que tremerão diante da minha face os peixes do mar, e as aves do céu, e os animais do campo, e todos os répteis que se arrastam sobre a terra, e todos os homens que estão sobre a face da terra; e os montes serão deitados abaixo, e os precipícios cairão, e todos os muros cairão à terra.

21 Porque chamarei sobre ele a espada por todos os meus montes, diz o Senhor Deus; a espada de cada um se voltará contra seu irmão.

22 E contenderei com ele por meio da peste e do sangue; e uma chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre farei chover sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com ele.

23 Assim eu me engrandecerei e me santificarei, e me farei conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o Senhor.

Capítulo 39

Gogue e a terra de Magogue serão destruídas — Por sete anos, nas cidades de Israel, o povo queimará as armas de guerra — Por sete meses, enterrarão os mortos — Então virá a ceia do grande Deus e a continuação da coligação de Israel.

1

Tu, pois, ó filho do homem, profetiza ainda contra Gogue, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e Tubal.

2 E te farei voltar, e te conduzirei, e te farei subir dos lados do norte, e te trarei aos montes de Israel.

3 E tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas flechas da tua mão direita.

4 Nos montes de Israel cairás, tu e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; e às aves de rapina, e a toda espécie de aves, e aos animais do campo te dei por pasto.

5 Sobre a face do campo cairás, porque eu o falei, diz o Senhor Deus.

6 E enviarei um fogo a Magogue, e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor.

7 E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e as nações saberão que eu sou o Senhor, o Santo em Israel.

8 Eis que vem, e se cumprirá, diz o Senhor Deus; este é o dia de que falei.

9 E os habitantes das cidades de Israel sairão, e acenderão fogo, e queimarão as armas, e os escudos e os broquéis, com os arcos, e com as flechas, e com os bastões de mão, e com as lanças; e acenderão fogo com elas por sete anos.

10

E não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; e roubarão os que os roubaram, e despojarão os que os despojaram, diz o Senhor Deus.

11 E sucederá que, naquele dia, darei ali a Gogue um lugar de sepultura em Israel, o vale dos que passam ao oriente do mar; e fará parar os que por ele passarem; e ali sepultarão Gogue, e toda a sua multidão, e lhe chamarão o vale da multidão de Gogue.

12 E a casa de Israel os enterrará por sete meses, para purificar a terra.

13 Pois todo o povo da terra os enterrará, e lhes será memorável o dia em que eu for glorificado, diz o Senhor Deus.

14 E separarão homens que incessantemente passarão pela terra, para que eles, juntamente com os que passam, sepultem os que tiverem ficado sobre a face da terra, para a purificarem; ao cabo de sete meses farão esta busca.

15 E os que passam pela terra a atravessarão, e vendo o osso de um homem, lhe levantarão ao lado um sinal, até que os enterradores o tenham enterrado no vale da multidão de Gogue.

16 E também o nome da cidade será Hamona; assim purificarão a terra.

17 Tu, pois, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus, dize às aves de toda espécie, e a todos os animais do campo: Ajuntai-vos e vinde, congregai-vos de toda parte para o meu sacrifício que ofereço por vós, grande sacrifício nos montes de Israel, e comei carne e bebei sangue.

18 Comereis a carne dos poderosos e bebereis o sangue dos príncipes da terra, dos carneiros, dos cordeiros, e dos bodes, e dos bezerros, todos cevados de Basã.

19 E comereis a gordura até vos fartardes, e bebereis o sangue até vos embebedardes, do meu sacrifício, que ofereci por vós.

20

E vos fartareis à minha mesa, de cavalos, e de carros, de valentes, e de todos os homens de guerra, diz o Senhor Deus.

21 E eu porei a minha glória entre as nações, e todas as nações verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre elas tiver descarregado.

22 E saberão os da casa de Israel que eu sou o Senhor seu Deus, desde aquele dia em diante.

23 E as nações saberão que os da casa de Israel, por causa da sua iniquidade, foram levados em cativeiro, porque se rebelaram contra mim, e eu escondi deles a minha face, e os entreguei nas mãos de seus adversários, e todos caíram à espada.

24 Conforme a sua imundície e conforme as suas transgressões me houve com eles, e escondi deles a minha face.

25 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Agora restaurarei a sorte de Jacó, e me compadecerei de toda a casa de Israel; zelarei pelo meu santo nome;

26 Quando houverem levado sobre si a sua vergonha, e toda a sua rebeldia, com que se rebelaram contra mim, habitando eles seguros na sua terra, sem haver quem os atemorize.

27 Quando eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver ajuntado das terras de seus inimigos, e eu for santificado neles aos olhos de muitas nações,

28 Então saberão que eu sou o Senhor seu Deus, vendo que eu os fiz levar em cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para a sua terra, e não mais deixei nenhum deles lá.

29 Nem esconderei mais a minha face deles, quando eu houver derramado o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Deus.

Capítulo 40

Um mensageiro celeste mostra a Ezequiel em visão uma cidade onde está o templo — São mostrados a Ezequiel a forma e o tamanho do templo e seus átrios.

1

No ano vinte e cinco do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia do mês, quatorze anos depois que a cidade foi conquistada, naquele mesmo dia veio sobre mim a mão do Senhor, e me levou para lá.

2 Em visões de Deus me levou à terra de Israel, e me pôs sobre um monte muito alto, e havia sobre ele como que um edifício de cidade para o lado do sul.

3 E havendo-me levado ali, eis que um homem, cuja aparência era como a do bronze, tinha um cordel de linho na sua mão e uma cana de medir; e ele estava em pé na porta.

4 E disse-me o homem: Filho do homem, vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, e põe no teu coração tudo quanto eu te fizer ver; porque a fim de to mostrar foste tu aqui trazido; anuncia, pois, à casa de Israel tudo quanto tu vires.

5 E eis um muro fora da casa em redor, e na mão do homem uma cana de medir, de seis côvados, cada côvado de um côvado e um palmo, e mediu a largura do edifício, de uma cana, e a altura, de uma cana.

6 Então veio à porta que dava para o caminho do oriente, e subiu pelos seus degraus; mediu o umbral da porta, uma cana de largura, e o outro umbral, de uma cana de largura.

7 E cada câmara era de uma cana de comprimento, e outra cana de largura, e entre as câmaras havia cinco côvados; e o umbral da porta, ao pé do vestíbulo da porta, era de uma cana, por dentro.

8 Também mediu o vestíbulo da porta por dentro, uma cana.

9 Então mediu o outro alpendre da porta, de oito côvados, e os seus pilares, de dois côvados, e o vestíbulo da porta ficava por dentro.

10

E as câmaras da porta do caminho para o oriente eram três deste lado e três do outro lado, as três de uma mesma medida; também os pilares deste e do outro lado tinham a mesma medida.

11 Mediu mais a largura da entrada da porta, de dez côvados; e o comprimento da porta, treze côvados.

12 E o espaço de diante das câmaras era de um côvado, e de um côvado o espaço do outro lado; e cada câmara tinha seis côvados de um lado e seis côvados do outro lado.

13 Então mediu a porta desde o telhado de uma câmara até o telhado da outra, vinte e cinco côvados de largura, porta contra porta.

14 Também fez pilares de sessenta côvados, a saber, para o pilar do átrio, em redor da porta.

15 E desde a dianteira da porta da entrada até a dianteira do vestíbulo da porta interior havia cinquenta côvados.

16 Fez também janelas de fechar nas câmaras, e nos seus pilares, dentro da porta ao redor, e da mesma sorte nos vestíbulos; e as janelas estavam ao redor pela parte de dentro, e nos pilares havia palmeiras.

17 E ele me levou ao átrio exterior; e eis que havia nele câmaras, e um pavimento que estava feito no átrio em redor; trinta câmaras havia naquele pavimento.

18 E o pavimento ao lado das portas correspondia ao comprimento das portas; era o pavimento inferior.

19 E mediu a largura da dianteira do átrio interior, por fora, cem côvados, do lado do oriente e do norte.

20

E quanto à porta que dava para o caminho do norte, no átrio exterior, ele mediu o seu comprimento e a sua largura.

21 E as suas câmaras, três de um lado, e três do outro, e os seus pilares e os seus vestíbulos eram da medida da primeira porta; cinquenta côvados era o seu comprimento, e a largura, vinte e cinco côvados.

22 E as suas janelas, e os seus vestíbulos, e as suas palmeiras eram da medida da porta que dava para o caminho do oriente; e subiam a ela por sete degraus, e os seus vestíbulos estavam diante delas.

23 E estava a porta do átrio interior defronte da porta do norte e do oriente; e mediu de porta a porta cem côvados.

24 Então ele me levou ao caminho do sul, e eis uma porta que dava para o caminho do sul, e mediu os seus pilares e os seus vestíbulos conforme essas medidas.

25 E havia também janelas em redor dos seus vestíbulos, como estas janelas; cinquenta côvados o comprimento, e a largura, vinte e cinco côvados.

26 E de sete degraus eram as suas subidas, e os seus vestíbulos estavam diante delas; e havia palmeiras, uma de um lado e outra do outro lado, nos seus pilares.

27 Também havia uma porta no átrio interior para o caminho do sul; e mediu de porta a porta, para o caminho do sul, cem côvados.

28 Então me levou ao átrio interior pela porta do sul; e mediu a porta do sul, conforme essas medidas.

29 E as suas câmaras, e os seus pilares, e os seus vestíbulos eram conforme essas medidas; e havia também janelas ao redor dos seus vestíbulos; o comprimento era de cinquenta côvados, e a largura, de vinte e cinco côvados.

30

E havia vestíbulos em redor; o comprimento era de vinte e cinco côvados, e a largura, de cinco côvados.

31 E os seus vestíbulos estavam no átrio exterior, e havia palmeiras nos seus pilares; e de oito degraus eram as suas subidas.

32 Depois me levou ao átrio interior, para o caminho do oriente, e mediu a porta conforme essas medidas;

33 Como também as suas câmaras, e os seus pilares, e os seus vestíbulos, conforme essas medidas; e havia também janelas em redor dos seus vestíbulos; o comprimento de cinquenta côvados, e a largura, de vinte e cinco côvados.

34 E os seus vestíbulos estavam no átrio de fora; também havia palmeiras nos seus pilares de um e de outro lado; e eram de oito degraus as suas subidas.

35 Então me levou à porta do norte, e mediu conforme essas medidas;

36 As suas câmaras, os seus pilares, e os seus vestíbulos; também havia janelas em redor; o comprimento era de cinquenta côvados, e a largura, de vinte e cinco côvados.

37 E os seus pilares estavam no átrio exterior; também havia palmeiras nos seus pilares de um e de outro lado; e eram de oito degraus as suas subidas.

38 E a sua câmara e a sua porta estavam junto aos pilares das portas onde lavavam o holocausto.

39 E no vestíbulo da porta havia duas mesas de um lado, e duas mesas do outro, para nelas matar o holocausto e a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa.

40

Também do lado de fora da subida para a entrada da porta do norte havia duas mesas; e do outro lado, que estava no vestíbulo da porta, havia duas mesas.

41 Quatro mesas de um lado, e quatro mesas do outro lado; aos lados da porta oito mesas, sobre as quais imolavam.

42 E as quatro mesas para o holocausto eram de pedras lavradas; o comprimento era de um côvado e meio, e a largura, de um côvado e meio, e a altura, de um côvado; e sobre elas se punham os instrumentos com que imolavam o holocausto e o sacrifício.

43 E os ganchos de um palmo estavam fixos por dentro em redor, e sobre as mesas estava a carne da oferta.

44 E fora da porta interior estavam as câmaras dos cantores, no átrio de dentro, que estava do lado da porta do norte e dava para o caminho do sul; uma estava do lado da porta do oriente, a qual dava para o caminho do norte.

45 E ele me disse: Esta câmara que dá para o caminho do sul é para os sacerdotes que têm o encargo do serviço do templo.

46 Mas a câmara que dá para o caminho do norte é para os sacerdotes que têm o encargo do serviço do altar; esses são os filhos de Zadoque, que se chegam ao Senhor, dentre os filhos de Levi, para o servir.

47 E mediu o átrio: o comprimento, de cem côvados, e a largura, de cem côvados, quadrado; e o altar estava diante do templo.

48 Então me levou ao vestíbulo do templo, e mediu cada pilar do vestíbulo, cinco côvados de um lado, e cinco côvados do outro; e a largura da porta, três côvados de um lado, e três côvados do outro.

49 O comprimento do vestíbulo era de vinte côvados, e a largura, de onze côvados, e com degraus, pelos quais se subia; e havia colunas junto aos pilares, uma de um lado e outra do outro.

Capítulo 41

Ezequiel vê o interior do templo e o Santo dos Santos, e sua forma e tamanho são mostrados a ele.

1

Então me levou ao templo, e mediu os pilares, seis côvados de largura de um lado, e seis côvados de largura do outro, que era a largura do tabernáculo.

2 E a largura da entrada, dez côvados; e os lados da entrada, cinco côvados de um lado e cinco côvados do outro; também mediu o seu comprimento, de quarenta côvados, e a largura, de vinte côvados.

3 E entrou dentro, e mediu o pilar da entrada, dois côvados, e a entrada, seis côvados, e a largura da entrada, sete côvados.

4 Também mediu o seu comprimento, vinte côvados, e a largura, vinte côvados, diante do templo, e me disse: Este é o lugar santíssimo.

5 E mediu a parede do templo, seis côvados, e a largura das câmaras laterais, quatro côvados, por todo o redor do templo.

6 E as câmaras laterais, câmara sobre câmara, eram trinta e três por ordem, e entravam na parede que tocava no templo pelas câmaras laterais em redor, para se prenderem nelas, porque não se prendiam na parede do templo.

7 E havia maior largura e um caracol nas câmaras laterais para cima, porque o caracol do templo subia muito alto por todo o redor do templo, por isso que o templo tinha mais largura para cima; e assim da câmara baixa se subia à mais alta pelo meio.

8 E olhei para a altura do templo em redor; e eram os fundamentos das câmaras laterais da medida de uma cana inteira, seis côvados, o côvado tomado até o cotovelo.

9 A grossura da parede das câmaras laterais de fora era de cinco côvados; e o que foi deixado vazio era o lugar das câmaras laterais, que estavam junto ao templo.

10

E entre as câmaras havia a largura de vinte côvados por todo o redor do templo.

11 E as entradas das câmaras laterais estavam voltadas para o lugar vazio; uma entrada para o caminho do norte, e outra entrada para o do sul; e a largura do lugar vazio era de cinco côvados em redor.

12 Era também o edifício que estava diante do lugar separado, à esquina do caminho do ocidente, da largura de setenta côvados; e a parede do edifício, de cinco côvados de largura em redor; e o seu comprimento era de noventa côvados.

13 E mediu o templo, do comprimento de cem côvados, como também o lugar separado, e o edifício, e as suas paredes, cem côvados de comprimento.

14 E a largura da dianteira do templo, e do lugar separado para o oriente, de uma e de outra parte, de cem côvados.

15 Também mediu o comprimento do edifício, diante do lugar separado, que lhe estava por detrás, e as suas galerias de uma e de outra parte, de cem côvados, com o templo interior e os vestíbulos do átrio.

16 Os umbrais e as janelas estreitas, e as galerias em redor dos três, defronte do umbral, estavam cobertas de madeira em redor; e isto desde o chão até as janelas; e as janelas estavam cobertas.

17 Até o que havia em cima da porta, e até o templo interior e exterior, e até toda a parede em redor, por dentro e por fora, tudo por medida.

18 E foi feito com querubins e palmeiras, de maneira que cada palmeira estava entre querubim e querubim, e cada querubim tinha dois rostos,

19 A saber: um rosto de homem olhava para a palmeira de um lado, e um rosto de leãozinho, para a palmeira do outro lado; assim foi feito por toda a casa em redor.

20

Desde o chão até por cima da entrada estavam feitos os querubins e as palmeiras, como também pela parede do templo.

21 As ombreiras do templo eram quadradas e, no tocante à dianteira do santuário, a feição de uma era como a aparência da outra.

22 O altar de madeira era de três côvados de altura, e o seu comprimento, de dois côvados, e tinha os seus cantos; e o seu comprimento e as suas paredes eram de madeira; e me disse: Esta é a mesa que está perante a face do Senhor.

23 E o templo e o santuário ambos tinham duas portas.

24 E havia dois batentes para as portas, dois batentes que viravam; dois para uma porta, e dois batentes para a outra.

25 E foram feitos nelas, nas portas do templo, querubins e palmeiras, como estavam feitos nas paredes, e havia uma trave grossa de madeira na dianteira do vestíbulo por fora.

26 E havia janelas estreitas, e palmeiras, de um e de outro lado, pelos lados do vestíbulo, como também nas câmaras do templo e nas grossas traves.

Capítulo 42

Ezequiel vê no templo as câmaras dos sacerdotes.

1

Depois disso fez-me sair para fora, ao átrio exterior, para o lado do caminho do norte; e me levou às câmaras que estavam defronte do lugar separado, e que estavam defronte do edifício, do lado do norte.

2 Defronte do comprimento de cem côvados era a entrada do norte; e a largura era de cinquenta côvados.

3 Defronte dos vinte côvados, que tinha o átrio interior, e defronte do pavimento que tinha o átrio exterior, havia galeria contra galeria em três andares.

4 E diante das câmaras havia um passeio de dez côvados de largura, do lado de dentro, e um caminho de um côvado, e as suas entradas, do lado do norte.

5 E as câmaras de cima eram mais estreitas; porquanto as galerias eram mais altas do que aquelas, a saber, as de baixo e as do meio do edifício.

6 Porque elas eram de três andares, porém não tinham colunas como as colunas dos átrios; por isso desde o chão se iam estreitando, mais do que as de baixo e as do meio.

7 E o muro que estava de fora, defronte das câmaras, no caminho do átrio exterior, por diante das câmaras, tinha cinquenta côvados de comprimento.

8 Porque o comprimento das câmaras, que tinha o átrio exterior, era de cinquenta côvados; e eis que defronte do templo havia cem côvados.

9 E debaixo dessas câmaras estava a entrada do oriente, quando se entra nelas do átrio de fora.

10

Na largura do muro do átrio para o caminho do oriente, diante do lugar separado, e diante do edifício, havia também câmaras.

11 E o caminho de diante delas era da aparência das câmaras, e dava para o caminho do norte; conforme o seu comprimento, assim era a sua largura; e todas as suas saídas eram também conforme as suas formas, e conforme as suas entradas.

12 E conforme as entradas das câmaras, que davam para o caminho do sul, havia também uma entrada no topo do caminho, do caminho de diante do muro direito, para o caminho do oriente, quando se entra por elas.

13 Então me disse: As câmaras do norte, e as câmaras do sul, que estão diante do lugar separado, elas são câmaras santas, em que os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, comerão as coisas santíssimas; ali porão as coisas santíssimas, e a oferta de manjares, e a oferta pelo pecado, e a oferta pela culpa; porque o lugar é santo.

14 Quando os sacerdotes entrarem, não sairão do santuário para o átrio exterior, mas porão ali as suas vestiduras com que ministraram, porque elas são santas; e vestir-se-ão de outras vestiduras, e assim se aproximarão do que é para o povo.

15 E acabando ele de medir o templo interior, ele me fez sair pelo caminho da porta, cuja face dá para o caminho do oriente; e a mediu em redor.

16 Mediu o lado oriental com a cana de medir, quinhentas canas com a cana de medir, ao redor.

17 Mediu o lado do norte, quinhentas canas com a cana de medir, ao redor.

18 O lado do sul também mediu, quinhentas canas com a cana de medir.

19 Deu uma volta para o lado do ocidente, e mediu quinhentas canas com a cana de medir.

20

Pelos quatro lados a mediu, e tinha um muro em redor, quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer separação entre o santo e o profano.

Capítulo 43

A glória de Deus enche o templo — Seu trono está ali, e Ele promete habitar no meio de Israel para sempre — Ezequiel vê o altar e as ordenanças do altar.

1

Então me levou à porta, à porta que dá para o caminho do oriente.

2 E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.

3 E o aspecto da visão que vi era como o aspecto que eu tinha visto quando vim para destruir a cidade; e eram os aspectos da visão como o aspecto que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto.

4 E a glória do Senhor entrou no templo pelo caminho da porta, cuja face está voltada para o caminho do oriente.

5 E o Espírito me levantou, e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do Senhor encheu o templo.

6 E ouvi alguém que falava comigo de dentro do templo, e estava um homem em pé junto a mim.

7 E me disse: Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar da planta dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, pelas suas prostituições, e pelos cadáveres dos seus reis, nos seus altos.

8 Pondo o seu umbral ao pé do meu umbral, e a sua ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e eles; e contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que faziam; por isso eu os consumi na minha ira.

9 Agora lançarão para longe de mim a sua prostituição, e os cadáveres dos seus reis, e habitarei no meio deles para sempre.

10

Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel esta casa, para que se envergonhe das suas maldades e meça o modelo dela.

11 E envergonhando-se eles de tudo quanto fizeram, faze-lhes saber a forma desta casa, e a sua figura, e as suas saídas, e as suas entradas, e todas as suas formas, e todos os seus estatutos, todas as suas formas, e todas as suas leis; e escreve-as aos seus olhos, para que guardem toda a sua forma, e todos os seus estatutos, e os cumpram.

12 Esta é a lei da casa: Sobre o cume do monte todo o seu contorno em redor será santíssimo; eis que esta é a lei da casa.

13 E estas são as medidas do altar, em côvados; o côvado é um côvado e um palmo; e a base de um côvado de altura, e um côvado de largura, e o seu contorno da sua borda ao redor, de um palmo; e esta é a base do altar.

14 E da base desde a terra até a saliência de baixo, dois côvados, e de largura, um côvado; e desde a pequena saliência até a saliência grande, quatro côvados, e a largura, de um côvado.

15 E o altar, de quatro côvados; e desde o altar e para cima havia quatro chifres.

16 E o altar terá doze côvados de comprimento, e doze de largura, quadrado nos quatro lados.

17 E a saliência, quatorze côvados de comprimento, e quatorze de largura, nos seus quatro lados; e o contorno, ao redor dela, de meio côvado, e a base dela, de um côvado, ao redor; e os seus degraus davam para o oriente.

18 E me disse: Filho do homem, assim diz o Senhor Deus: Estes são os estatutos do altar, no dia em que o farão, para oferecer sobre ele holocausto e para aspergir sobre ele sangue.

19 E aos sacerdotes levitas, que são da semente de Zadoque, que se chegam a mim (diz o Senhor Deus) para me servirem, darás um bezerro, para oferta pelo pecado.

20

E tomarás do seu sangue, e o porás sobre os seus quatro chifres, e nos quatro cantos da saliência, e no contorno ao redor; assim o purificarás e o expiarás.

21 Então tomarás o bezerro da oferta pelo pecado, e ele o queimará no lugar da casa para isso destinado, fora do lugar santo.

22 E no segundo dia oferecerás um bode, sem mancha, para oferta pelo pecado; e purificarão o altar, como o purificaram com o bezerro.

23 E acabando tu de o purificar, oferecerás um bezerro, sem mancha, e um carneiro do rebanho, sem mancha.

24 E os oferecerás perante a face do Senhor; e os sacerdotes deitarão sal sobre eles, e os oferecerão em holocausto ao Senhor.

25 Por sete dias prepararás um bode como oferta pelo pecado a cada dia; também prepararão um bezerro, e um carneiro do rebanho, sem mancha.

26 Por sete dias expiarão o altar, e o purificarão, e assim se consagrarão.

27 E cumprindo eles estes dias, acontecerá que, ao oitavo dia, e dali em diante, prepararão os sacerdotes sobre o altar os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios pacíficos; e eu me deleitarei em vós, diz o Senhor Deus.

Capítulo 44

A glória do Senhor enche a casa do Senhor — Nenhum estrangeiro pode entrar no santuário — Explicam-se os serviços dos sacerdotes no templo.

1

Então me fez voltar para o caminho da porta do santuário exterior, que dá para o oriente, a qual estava fechada.

2 E disse-me o Senhor: Esta porta estará fechada, não se abrirá, nem ninguém entrará por ela; porquanto o Senhor Deus de Israel entrou por ela, por isso estará fechada.

3 O príncipe, o príncipe, ele se assentará nela, para comer o pão diante do Senhor; pelo caminho do vestíbulo da porta entrará, e pelo mesmo caminho sairá.

4 Depois me levou pelo caminho da porta do norte, diante da casa; e olhei, e eis que a glória do Senhor encheu a casa do Senhor; então caí sobre o meu rosto.

5 E disse-me o Senhor: Filho do homem, pondera no teu coração, e olha com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos tudo quanto eu falar contigo de todos os estatutos da casa do Senhor, e de todas as suas leis; e considera no teu coração quem entra na casa, e todos os que saem do santuário.

6 E dize ao rebelde, à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Bastem-vos todas as vossas abominações, ó casa de Israel!

7 Porque introduzistes estrangeiros, incircuncisos de coração e incircuncisos de carne, para estarem no meu santuário, para o profanarem em minha casa, quando ofereceis o meu pão, a gordura, e o sangue; e eles invalidaram o meu convênio, por causa de todas as vossas abominações.

8 E não guardastes a ordenança das minhas coisas sagradas; antes vos constituistes a vós mesmos guardas da minha ordenança no meu santuário.

9 Assim diz o Senhor Deus: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração nem incircunciso de carne, entrará no meu santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel.

10

Mas os levitas que se apartaram para longe de mim, quando Israel andava errante, os quais andavam errantes, desviados de mim, por irem atrás dos seus ídolos, bem levarão sobre si a sua iniquidade.

11 Contudo serão ministros no meu santuário, nos ofícios das portas da casa, e servirão à casa; eles matarão o holocausto, e o sacrifício para o povo, e eles estarão perante eles, para os servir.

12 Porque lhes ministraram diante dos seus ídolos, e serviram à casa de Israel de tropeço de maldade; por isso eu levantei a minha mão em juramento contra eles, diz o Senhor Deus, e eles levarão sobre si a sua iniquidade.

13 E não se chegarão a mim, para me servirem no sacerdócio, nem para se chegarem a alguma de todas as minhas coisas sagradas, ao lugar santíssimo, mas levarão sobre si a sua vergonha e as suas abominações que cometeram.

14 Contudo, os encarregarei da ordenança da casa, em todo o seu serviço, e em tudo o que nela se fizer.

15 Mas os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que guardaram a ordenança do meu santuário quando os filhos de Israel se desviaram de mim, eles se chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor Deus.

16 Eles entrarão no meu santuário, e eles se chegarão à minha mesa, para me servirem, e guardarão a minha ordenança.

17 E acontecerá que, quando entrarem pelas portas do átrio interior, se vestirão de vestiduras de linho; e não se porá lã sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, e dentro.

18 Barretes de linho estarão sobre a cabeça deles, e calções de linho estarão sobre os seus lombos; não se cingirão de modo que lhes venha suor.

19 E saindo eles ao átrio exterior, ao átrio exterior ao povo, despirão as suas vestiduras com que eles ministraram, e as porão nas santas câmaras, e se vestirão de outras vestes, para que não santifiquem o povo estando com as suas vestiduras.

20

E a sua cabeça não raparão, nem deixarão crescer o seu cabelo; antes, como convém, tosquiarão a sua cabeça.

21 E nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no átrio interior.

22 E eles não se casarão nem com viúva nem com repudiada, mas tomarão virgens da semente da casa de Israel, ou viúva que for viúva de sacerdote.

23 E a meu povo ensinarão a diferença entre o santo e o profano, e lhe farão saber a diferença entre o impuro e o puro.

24 E quando houver contenda, eles estarão presentes para a julgarem; pelos meus juízos a julgarão; e as minhas leis e os meus estatutos em todas as minhas solenidades guardarão, e os meus sábados santificarão.

25 E eles não se aproximarão de homem morto, para se contaminarem; mas por pai, ou por mãe, ou por filho, ou por filha, ou por irmão, ou por irmã que não tiver marido, se poderão contaminar.

26 E depois da sua purificação lhe contarão sete dias.

27 E no dia em que ele entrar no lugar santo, no átrio interior, para ministrar no lugar santo, oferecerá a sua oferta pelo pecado, diz o Senhor Deus.

28 E isto lhes será por herança: eu serei a sua herança; não lhes dareis, portanto, possessão em Israel; eu sou a sua possessão.

29 A oferta de manjares, e a oferta pelo pecado, e a oferta pela culpa eles comerão; e toda coisa consagrada em Israel será deles.

30

E as primícias de todos os primeiros frutos de tudo, e toda oferta de todas as vossas ofertas serão dos sacerdotes; também as primeiras das vossas massas dareis ao sacerdote; para que faça repousar a bênção sobre a tua casa.

31 Nenhuma coisa, que de si mesma haja morrido ou haja sido arrebatada de aves e de animais, comerão os sacerdotes.

Capítulo 45

Serão repartidas porções de terra para o santuário e para as moradias dos sacerdotes — O povo deve oferecer seus sacrifícios e oblações e guardar suas festas.

1

Quando, pois, repartirdes a terra por sortes em herança, oferecereis uma oferta ao Senhor, um lugar santo da terra; o comprimento será o comprimento de vinte e cinco mil canas de medir, e a largura, de dez mil; este será santo em todo o seu contorno ao redor.

2 Desse serão para o santuário quinhentas com mais quinhentas, em quadrado ao redor, e terá em redor uma área aberta de cinquenta côvados.

3 E desta medida medirás o comprimento de vinte e cinco mil côvados, e a largura, de dez mil; e ali estarão o santuário e o lugar santíssimo.

4 Este será o lugar santo da terra; ele será para os sacerdotes que administram o santuário e se aproximam para servir ao Senhor; e lhes servirá de lugar para casas, e de lugar santo, para o santuário.

5 E terão os levitas, ministros da casa, em possessão sua, vinte e cinco mil medidas de comprimento, para vinte câmaras.

6 E para possessão da cidade, de largura dareis cinco mil canas, e de comprimento, vinte e cinco mil, defronte da oferta santa; o que será para toda a casa de Israel.

7 O príncipe, porém, terá a sua parte deste e do outro lado da santa oferta, e da possessão da cidade, diante da santa oferta, e diante da possessão da cidade, da esquina ocidental para o ocidente, e da esquina oriental para o oriente; e será o comprimento, defronte de uma das partes, desde o termo ocidental até o termo oriental.

8 E esta terra será a sua possessão em Israel; e os meus príncipes nunca mais oprimirão o meu povo, antes deixarão a terra à casa de Israel, conforme as suas tribos.

9 Assim diz o Senhor Deus: vos baste, ó príncipes de Israel; afastai a violência e a assolação, e praticai juízo e justiça; tirai as vossas imposições do meu povo, diz o Senhor Deus.

10

Balanças justas, e efa justo, e bato justo tereis.

11 O efa e o bato serão de uma mesma medida, de maneira que o bato contenha a décima parte do ômer, e o efa, a décima parte do ômer; conforme o ômer será a sua medida.

12 E o siclo será de vinte geras; vinte siclos, vinte e cinco siclos, e quinze siclos vos servirão de um arrátel.

13 Esta será a oferta que haveis de oferecer: a sexta parte de um efa de cada ômer de trigo; também dareis a sexta parte de um efa de cada ômer de cevada.

14 Quanto ao estatuto do azeite, de cada bato de azeite oferecereis a décima parte de um bato tirado de um coro, que é um ômer de dez batos; porque dez batos fazem um ômer.

15 E um cordeiro do rebanho, de cada duzentos, da mais regada terra de Israel, para oferta de manjares, e para holocausto, e para sacrifício pacífico; para fazer expiação por eles, diz o Senhor Deus.

16 Todo o povo da terra contribuirá para esta oferta, pelo príncipe em Israel.

17 E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de manjares, e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sábados, em todas as festividades solenes da casa de Israel; ele preparará a oferta pelo pecado, e a oferta de manjares, e o holocausto, e as ofertas pacíficas, para fazer expiação pela casa de Israel.

18 Assim diz o Senhor Deus: No primeiro mês, no primeiro dia do mês, tomarás um bezerro sem mancha, e purificarás o santuário.

19 E o sacerdote tomará do sangue da oferta pelo pecado, e porá dele nas ombreiras da casa, e nos quatro cantos da saliência do altar, e nas ombreiras da porta do átrio interior.

20

Assim também farás no sétimo dia do mês, por causa dos que erram, e por causa dos simples; assim fareis expiação pela casa.

21 No primeiro mês, no dia quatorze do mês, tereis a páscoa, uma festa de sete dias; pão ázimo se comerá.

22 E o príncipe no mesmo dia, por si e por todo o povo da terra, preparará um bezerro como oferta pelo pecado.

23 E nos sete dias da festa preparará um holocausto ao Senhor, de sete bezerros e sete carneiros sem mancha, cada dia durante os sete dias; e a oferta pelo pecado de um bode a cada dia.

24 Também preparará uma oferta de manjares, a saber, um efa para cada bezerro, e um efa para cada carneiro, e um him de azeite para cada efa.

25 No sétimo mês, no dia quinze do mês, na festa, fará o mesmo todos os sete dias, tanto a oferta pelo pecado, como o holocausto, e como a oferta de manjares, e como o azeite.

Capítulo 46

Explicam-se as ordenanças de adoração e sacrifício.

1

Assim diz o Senhor Deus: A porta do átrio interior, que dá para o oriente, estará fechada durante os seis dias que são de trabalho; porém no dia do sábado ela se abrirá; também no dia da lua nova se abrirá.

2 E o príncipe entrará pelo caminho do vestíbulo da porta, por fora, e estará em pé na ombreira da porta; e os sacerdotes prepararão o seu holocausto, e os seus sacrifícios pacíficos, e ele se prostrará no umbral da porta, e sairá; porém a porta não se fechará até a tarde.

3 E o povo da terra se prostrará à entrada da mesma porta, nos sábados e nas luas novas, diante do Senhor.

4 E o holocausto, que o príncipe oferecerá ao Senhor, será, no dia do sábado, seis cordeiros sem mancha e um carneiro sem mancha.

5 E a oferta de manjares será um efa para cada carneiro; e para cada cordeiro, a oferta de manjares será o que puder dar a sua mão; e de azeite, um him para cada efa.

6 Mas no dia da lua nova será um bezerro, sem mancha; e seis cordeiros e um carneiro, eles serão sem mancha.

7 E preparará por oferta de manjares um efa para o bezerro e um efa para o carneiro, mas para os cordeiros, conforme o que puder dar a sua mão; e um him de azeite, para um efa.

8 E quando entrar o príncipe, entrará pelo caminho do vestíbulo da porta, e sairá pelo mesmo caminho.

9 Mas, quando vier o povo da terra perante a face do Senhor nas solenidades, aquele que entrar pelo caminho da porta do norte, para adorar, sairá pelo caminho da porta do sul; e aquele que entrar pelo caminho da porta do sul sairá pelo caminho da porta do norte; não retornará pelo caminho da porta por onde entrou, mas sairá pela outra que está oposta.

10

E o príncipe no meio deles entrará, quando eles entrarem, e saindo eles, sairão todos.

11 E nas festas e nas solenidades será a oferta de manjares um efa para o bezerro, e um efa para o carneiro, mas para os cordeiros o que puder dar a sua mão; e de azeite, um him para um efa.

12 E quando o príncipe fizer oferta voluntária de holocaustos, ou de ofertas pacíficas, por oferta voluntária ao Senhor, então lhe abrirão a porta que dá para o oriente, e fará o seu holocausto e as suas ofertas pacíficas, como houver feito no dia do sábado; e sairá, e se fechará a porta depois de ele sair.

13 E prepararás um cordeiro de um ano sem mancha, em holocausto ao Senhor, cada dia; todas as manhãs o prepararás.

14 E por oferta de manjares farás juntamente com ele, todas as manhãs, a sexta parte de um efa; e de azeite, a terça parte de um him, para sovar a flor de farinha; por oferta de manjares para o Senhor, em estatutos perpétuos e contínuos.

15 Assim prepararão o cordeiro, e a oferta de manjares, e o azeite, todas as manhãs, em holocausto contínuo.

16 Assim diz o Senhor Deus: Quando o príncipe der um presente da sua herança a algum de seus filhos, isto será para seus filhos; será possessão deles por herança.

17 Porém, dando ele um presente da sua herança a algum dos seus servos, será deste até o ano da liberdade; então retornará para o príncipe, porque herança dele é; seus filhos, eles a herdarão.

18 E o príncipe não tomará nada da herança do povo, para os defraudar da sua possessão; da sua possessão deixará herança a seus filhos, para que o meu povo não seja espalhado, cada um da sua possessão.

19 Depois disso me trouxe pela entrada que estava ao lado da porta, às câmaras santas dos sacerdotes, que davam para o norte; e eis que ali estava um lugar em ambos os lados, para o lado do ocidente.

20

E ele me disse: Este é o lugar onde os sacerdotes cozerão a oferta pela culpa, e a oferta pelo pecado, e onde cozerão a oferta de manjares, para que não a tragam ao átrio exterior para santificarem o povo.

21 Então me levou para fora, para o átrio exterior, e me fez passar pelos quatro cantos do átrio; e eis que em cada canto do átrio havia outro átrio.

22 Nos quatro cantos do átrio havia outros átrios de quarenta côvados de comprimento e de trinta de largura; estes quatro cantos tinham uma mesma medida.

23 E um muro havia ao redor deles, ao redor dos quatro; e havia cozinhas feitas por baixo dos muros ao redor.

24 E me disse: Estas são as casas dos cozinheiros, onde os ministros da casa cozerão o sacrifício do povo.

Capítulo 47

Brotam águas da casa do Senhor, as quais curam o Mar Morto — O Senhor mostra os limites da terra.

1

Depois disso me fez voltar à entrada da casa, e eis que brotavam águas por debaixo do umbral da casa para o oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas desciam de debaixo, desde o lado direito da casa, do lado do sul do altar.

2 E ele me tirou pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até a porta exterior, pelo caminho que dá para o oriente; e eis que manavam umas águas desde o lado direito.

3 E saindo aquele homem para o oriente, tinha na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.

4 E mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e mediu mais mil, e me fez passar por águas que me davam pelos lombos.

5 E mediu mais mil, e era um ribeiro que eu não podia passar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar.

6 E me disse: Porventura viste isso, ó filho do homem? Então me levou, e me tornou a trazer à borda do ribeiro.

7 E tornando eu, eis que à borda do ribeiro havia uma grande abundância de árvores, de um e de outro lado.

8 Então me disse: Estas águas brotam para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar; e sendo levadas ao mar, sararão as águas.

9 E acontecerá que toda a criatura vivente que nadar por onde quer que entrarem estes dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar este ribeiro.

10

Acontecerá também que os pescadores estarão em pé junto a ele, desde En-Gedi até En-Eglaim; haverá também lugares para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande, em multidão excessiva.

11 Porém os seus charcos e os seus pântanos não sararão; serão deixados para sal.

12 E junto ao ribeiro, à sua borda, de um e de outro lado, subirá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha, de remédio.

13 Assim diz o Senhor Deus: Este será o termo conforme o qual tomareis a terra em herança, segundo as doze tribos de Israel; José terá duas partes.

14 E vós a herdareis, tanto um como o outro; terra sobre a qual levantei a minha mão em juramento, para a dar a vossos pais; assim que esta mesma terra vos cairá a vós em herança.

15 E este será o termo da terra, do lado do norte, desde o mar grande, caminho de Hetlom, até a entrada de Zedade;

16 Hamate, Berota, Sibraim, que estão entre o termo de Damasco e entre o termo de Hamate; Hazer-Haticom, que está junto ao termo de Haurã.

17 E o termo será desde o mar Hazar-Enom, o termo de Damasco, e o norte, que dá para o norte, e o termo de Hamate; e este será o termo do norte.

18 E o termo do oriente, entre Haurã, e Damasco, e Gileade, e a terra de Israel será o Jordão; desde o termo do norte até o mar do oriente medireis; e este será o termo do oriente.

19 E o termo do sul, ao sul será desde Tamar, até as águas da contenda de Cades, junto ao ribeiro, até o mar grande; e este será o termo do sul ao sul.

20

E o termo do ocidente será o mar grande, desde o termo do sul até a entrada de Hamate; este será o termo do ocidente.

21 Repartireis, pois, esta terra entre vós, segundo as tribos de Israel.

22 Acontecerá, porém, que a sorteareis para vossa herança, e para a dos estrangeiros que peregrinam no meio de vós, que gerarão filhos no meio de vós; e vos serão como naturais entre os filhos de Israel; convosco entrarão em herança, no meio das tribos de Israel.

23 E acontecerá que na tribo em que peregrinar o estrangeiro, ali lhe dareis a sua herança, diz o Senhor Deus.

Capítulo 48

Mencionam-se as porções de terra correspondentes a cada tribo — As portas da cidade recebem o nome das tribos — O nome da cidade será: O Senhor está ali.

1

E estes são os nomes das tribos: desde o fim do norte, do lado do caminho de Hetlom, indo para Hamate, Hazar-Enom, o termo de Damasco para o norte, ao pé de Hamate; e ela terá o lado do oriente e do ocidente; Dã terá uma porção.

2 E junto ao termo de Dã, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Aser terá uma porção.

3 E junto ao termo de Aser, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Naftali, uma porção.

4 E junto ao termo de Naftali, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Manassés, uma porção.

5 E junto ao termo de Manassés, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Efraim, uma porção.

6 E junto ao termo de Efraim, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Rúben, uma porção.

7 E junto ao termo de Rúben, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Judá, uma porção.

8 E junto ao termo de Judá, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, será a oferta que haveis de oferecer, vinte e cinco mil canas de largura, e de comprimento como uma das demais partes, desde o lado do oriente até o lado do ocidente; e o santuário estará no meio dela.

9 A oferta que haveis de oferecer ao Senhor será do comprimento de vinte e cinco mil canas, e da largura de dez mil.

10

E ali será a oferta santa para os sacerdotes, para o norte, vinte e cinco mil canas de comprimento, e para o ocidente, dez mil de largura, e para o oriente, dez mil de largura, e para o sul, vinte e cinco mil de comprimento; e o santuário do Senhor estará no meio dela.

11 E será para os sacerdotes santificados dentre os filhos de Zadoque, que guardaram a minha ordenança, que não se desviaram, quando os filhos de Israel se desviaram, como se desviaram os outros levitas.

12 E a oferta, da oferta da terra, lhes será coisa santíssima, junto ao termo dos levitas.

13 E os levitas terão defronte do termo dos sacerdotes vinte e cinco mil canas de comprimento, e de largura, dez mil; todo o comprimento será vinte e cinco mil, e a largura, dez mil.

14 E não venderão nada disso, nem trocarão, nem transferirão as primícias da terra, porque é santidade ao Senhor.

15 Porém as cinco mil, as que ficaram da largura diante das vinte e cinco mil, ficarão para uso comum da cidade, para habitação e para arrabaldes; e a cidade estará no meio delas.

16 E estas serão as suas medidas: o lado do norte, de quatro mil e quinhentas canas, e o lado do sul, de quatro mil e quinhentas, e o lado do oriente, de quatro mil e quinhentas, e o lado do ocidente, de quatro mil e quinhentas.

17 E os arrabaldes da cidade serão para o norte, de duzentas e cinquenta canas, e para o sul, de duzentas e cinquenta, e para o oriente, de duzentas e cinquenta, e para o ocidente, de duzentas e cinquenta.

18 E quanto ao que restou do comprimento, defronte da santa oferta, será dez mil para o oriente, e dez mil, para o ocidente; e estará defronte da santa oferta; e o que produza será para sustento daqueles que servem a cidade.

19 E os que servem a cidade servi-la-ão dentre todas as tribos de Israel.

20

Toda a oferta será de vinte e cinco mil canas com mais vinte e cinco mil; em quadrado oferecereis a santa oferta, com a possessão da cidade.

21 E o que restou será para o príncipe; deste e do outro lado da santa oferta, e da possessão da cidade, diante das vinte e cinco mil canas da oferta, até o termo do oriente e do ocidente, diante das vinte e cinco mil, até o termo do ocidente, defronte das porções, será para o príncipe; e a oferta santa e o santuário da casa estarão no meio dela.

22 E desde a possessão dos levitas, e desde a possessão da cidade, no meio do que será para o príncipe, entre o termo de Judá e o termo de Benjamin, será para o príncipe.

23 E quanto ao restante das tribos, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Benjamim terá uma porção.

24 E junto ao termo de Benjamim, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Simeão, uma porção.

25 E junto ao termo de Simeão, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Issacar, uma porção.

26 E junto ao termo de Issacar, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Zebulom, uma porção.

27 E junto ao termo de Zebulom, desde o lado do oriente até o lado do ocidente, Gade, uma porção.

28 E junto ao termo de Gade, ao sul, do lado do sul, será o termo de Tamar até as águas da contenda de Cades, junto ao ribeiro até o mar grande.

29 Esta é a terra que sorteareis em herança às tribos de Israel; e estas são as suas porções, diz o Senhor Deus.

30

E estas são as saídas da cidade, desde o lado do norte: quatro mil e quinhentas medidas.

31 E as portas da cidade serão conforme os nomes das tribos de Israel: três portas para o norte; a porta de Rúben, uma; a porta de Judá, outra; a porta de Levi, outra.

32 E do lado do oriente, quatro mil e quinhentas medidas, e três portas, a saber: a porta de José, uma; a porta de Benjamim, outra; a porta de Dã, outra.

33 E do lado do sul, quatro mil e quinhentas medidas, e três portas: a porta de Simeão, uma; a porta de Issacar, outra; a porta de Zebulom, outra.

34 Do lado do ocidente, quatro mil e quinhentas medidas, e as suas três portas: a porta de Gade, uma; a porta de Aser, outra; a porta de Naftali, outra.

35 Dezoito mil medidas em redor; e o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor está ali.

O Livro de
Daniel

Capítulo 1

Daniel e certos hebreus são instruídos na corte de Nabucodonosor — Eles comem alimentos saudáveis e não bebem vinho — Deus lhes dá mais conhecimento e sabedoria que a todos os outros.

1

No ano terceiro do reinado de Joaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.

2 E o Senhor entregou Joaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus nas suas mãos, e ele os levou para a terra de Sinear, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.

3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes,

4 Jovens em quem não houvesse defeito algum, e de boa aparência, e instruídos em toda sabedoria, e sábios em ciência, e versados no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistir no palácio do rei, e que os ensinassem nas letras e na língua dos caldeus.

5 E o rei lhes ordenou a porção de cada dia das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim desses assistissem diante do rei.

6 E entre eles se achavam, dentre os filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias;

7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias, o de Abede-Nego.

8 E Daniel resolveu no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos para não se contaminar.

9 Ora, Deus concedeu a Daniel graça e misericórdia da parte do chefe dos eunucos.

10

E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que ordenou a vossa comida e a vossa bebida; pois, por que veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos jovens que são da vossa idade? Assim arriscareis a minha cabeça para com o rei.

11 Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

12 Experimenta, peço-te, os teus servos por dez dias, e que se nos deem legumes para comer, e água para beber.

13 Então se veja diante de ti a nossa aparência, e a aparência dos jovens que comem a porção das iguarias do rei, e conforme vires, age com os teus servos.

14 E lhes consentiu isso, e os experimentou por dez dias.

15 E ao fim dos dez dias, o semblante deles pareceu melhor, e eles estavam mais gordos de carne do que todos os jovens que comiam das iguarias do rei.

16 Então sucedeu que o despenseiro tirava a porção das iguarias deles, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava legumes.

17 Quanto a esses quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos.

18 E ao fim dos dias, em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor.

19 E o rei falou com eles; porém entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; e assistiam diante do rei.

20

E em toda matéria de sabedoria e de inteligência, que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino.

21 E Daniel permaneceu até o primeiro ano do rei Ciro.

Capítulo 2

O sonho de Nabucodonosor é revelado a Daniel — O rei viu uma grande imagem; uma pedra cortada da montanha, sem mãos, destruiu a imagem; a pedra cresceu e encheu toda a Terra — A pedra é o reino de Deus nos últimos dias.

1

E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, sonhou Nabucodonosor sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o seu sono.

2 E o rei mandou chamar os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; e eles vieram e se apresentaram diante do rei.

3 E o rei lhes disse: Sonhei um sonho; e para saber o sonho está perturbado o meu espírito.

4 E os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e declararemos a interpretação.

5 Respondeu o rei, e disse aos caldeus: O assunto me tem escapado; se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo;

6 Mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, e recompensas, e grande honra; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação.

7 Responderam uma segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e declararemos a sua interpretação.

8 Respondeu o rei, e disse: Conheço eu certamente que vós quereis ganhar tempo; porque vedes que o assunto me tem escapado.

9 De maneira que, se não me fizerdes saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferir na minha presença, até que se mude o tempo; portanto, dizei-me o sonho, para que eu entenda que me podeis declarar a sua interpretação.

10

Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, nobre ou governante, que requeresse coisa semelhante de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu.

11 Porque a coisa que o rei requer é difícil; e ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne.

12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem todos os sábios de Babilônia.

13 E saiu o mandado, e saíram para matar os sábios; e buscaram Daniel e os seus companheiros, para que fossem mortos.

14 Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia.

15 Respondeu, e disse a Arioque, capitão do rei: Por que se apressa tanto o mandado da parte do rei? Então Arioque fez saber o assunto a Daniel.

16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe desse tempo, para declarar a interpretação ao rei.

17 Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber o assunto a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros;

18 Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre esse segredo, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o restante dos sábios de Babilônia.

19 Então foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou ao Deus do céu.

20

Falou Daniel, e disse: Seja bendito o nome de Deus de eternidade em eternidade, porque dele são a sabedoria e a força;

21 E ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios, e conhecimento aos que sabem discernir.

22 Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.

23 Ó Deus de meus pais, te louvo e celebro eu, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber a questão do rei.

24 Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para matar os sábios de Babilônia; entrou, e disse-lhe assim: Não mates os sábios de Babilônia; introduze-me na presença do rei, e declararei ao rei a interpretação.

25 Então Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei, e disse-lhe assim: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual fará saber ao rei a interpretação.

26 Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome era Beltessazar): Podes tu fazer-me saber o sonho que vi e a sua interpretação?

27 Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O segredo que o rei requer nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos o podem declarar ao rei;

28 Mas há um Deus nos céus, o qual revela os segredos; ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias; o teu sonho e as visões da tua cabeça na tua cama são estas:

29 Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos, acerca do que há de ser depois disso. Aquele, pois, que revela os segredos te fez saber o que há de ser.

30

E a mim me foi revelado este segredo, não pela sabedoria que haja em mim mais do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesse os pensamentos do teu coração.

31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua era grande, e o seu esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.

32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços, de prata; o seu ventre e as suas coxas, de bronze;

33 As pernas, de ferro; os seus pés, em parte de ferro e em parte de barro.

34 Estavas vendo, até que uma pedra foi cortada, sem mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.

35 Então foram juntamente esmiuçados o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, e se fizeram como pragana das eiras do verão, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se fez um grande monte, e encheu toda a terra.

36 Este é o sonho; também a interpretação dele diremos na presença do rei.

37 Tu, ó rei, és rei de reis; pois o Deus do céu te deu o reino, o poder, e a força, e a majestade.

38 E onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo, e aves do céu, ele tos entregou na tua mão, e fez que dominasses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro.

39 E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e outro terceiro reino, de bronze, o qual dominará toda a terra.

40

E o quarto reino será forte como ferro; da maneira que o ferro esmiuça e enfraquece tudo, como o ferro, que quebra todas essas coisas, assim esmiuçará e quebrará.

41 E quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, porquanto viste o ferro misturado com barro de lodo.

42 E os dedos dos pés, em parte de ferro e em parte de barro, querem dizer: por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.

43 Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se apegarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.

44 Mas nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não será deixado a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo estará estabelecido para sempre.

45 Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o Deus grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso; e certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.

46 Então o rei Nabucodonosor caiu sobre o seu rosto, e adorou Daniel, e ordenou que lhe sacrificassem oferta de manjares e perfumes suaves.

47 Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certo é que o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos segredos, pois pudeste revelar esse segredo.

48 Então o rei engrandeceu Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também por chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia.

49 E pediu Daniel ao rei, e ele constituiu Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província de Babilônia; porém Daniel permaneceu na corte do rei.

Capítulo 3

Nabucodonosor cria uma imagem de ouro e ordena que todos os homens a adorem — Sadraque, Mesaque e Abede-Nego se recusam e são lançados na fornalha ardente — Eles são preservados e saem ilesos.

1

O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de sessenta côvados, e a sua largura, de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia.

2 E o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado.

3 Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para a consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estavam em pé diante da estátua que Nabucodonosor tinha levantado.

4 E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e línguas:

5 Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de fole, e de toda sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor levantou.

6 E qualquer que não se prostrar e não a adorar será na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente.

7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, e de toda sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.

8 Por isso, no mesmo instante se chegaram alguns homens caldeus, e acusaram os judeus.

9 E falaram, e disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!

10

Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da buzina, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, e da gaita de fole, e de toda sorte de música se prostrasse e adorasse a estátua de ouro;

11 E qualquer que não se prostrasse e adorasse fosse lançado dentro da fornalha de fogo ardente.

12 Há uns homens judeus, os quais constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que levantaste.

13 Então Nabucodonosor, com ira e furor, mandou trazer Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram estes homens perante o rei.

14 Falou Nabucodonosor, e lhes disse: Porventura de propósito, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei?

15 Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de fole, e de toda sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro da fornalha de fogo ardente; e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?

16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este assunto.

17 Se assim for, que o nosso Deus, a quem nós servimos, nos pode livrar da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei, ele há de nos livrar.

18 Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.

19 Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; respondeu, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer.

20

E ordenou aos homens mais fortes, que estavam no seu exército, que atassem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, para os lançar na fornalha de fogo ardente.

21 Então esses homens foram atados com as suas capas, seus calções, e seus chapéus, e suas vestes, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente.

22 E porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que levantaram Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.

23 E esses três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.

24 Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, e disse aos seus capitães: Porventura não lançamos três homens atados dentro do fogo? Responderam e disseram ao rei: Verdade é, ó rei.

25 Respondeu, e disse: Eis que eu vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhuma lesão; e o aspecto do quarto é semelhante ao filho dos deuses.

26 Então se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente; falou, e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.

27 E ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, e os presidentes, e os capitães do rei, contemplando esses homens, como o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se danificaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.

28 Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, e entregaram os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus.

29 Por mim, pois, se faz um decreto, que todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e a sua casa seja feita um monturo; porquanto, não há outro Deus que possa livrar como este.

30

Então o rei fez prosperar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, na província de Babilônia.

Capítulo 4

Daniel interpreta o sonho que Nabucodonosor teve de uma grande árvore, no qual se descrevem a queda e a loucura do rei — O rei aprende que o Altíssimo governa e põe o mais humilde dos homens sobre os reinos da Terra.

1

Nabucodonosor, o rei, a todos os povos, nações, e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.

2 Pareceu-me bem fazer notórios os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.

3 Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração.

4 Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e próspero, no meu palácio.

5 Tive um sonho que me atemorizou; e estando eu na minha cama, as imaginações e as visões da minha cabeça me turbaram.

6 Por mim, pois, se fez um decreto, para introduzir à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho.

7 Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus, e os adivinhos, e eu contei o sonho diante deles; mas não me fizeram saber a sua interpretação.

8 Porém, por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele.

9 Beltessazar, príncipe dos magos, pois eu sei que em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil, dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação.

10

Eis, pois, as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: Eu estava olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande;

11 Crescia essa árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até o céu; e era vista até os confins de toda a terra.

12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha dela.

13 Estava vendo nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu,

14 Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves, dos seus ramos.

15 Porém o tronco com as suas raízes deixai na terra, e com grilhões de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais na grama da terra;

16 Seja mudado o seu coração, que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.

17 Esta sentença é por decreto dos vigias, e este mandado, por ordem dos santos; a fim de que os viventes saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles.

18 Isso em sonho vi eu, rei Nabucodonosor. Tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação, porque todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a sua interpretação; mas tu podes, pois em ti o espírito dos deuses santos.

19 Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por quase uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei, e disse: Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, aos teus inimigos.

20

A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até o céu, e que foi vista por toda a terra,

21 E cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia mantimento, debaixo da qual moravam os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu;

22 Esta árvore és tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; e a tua grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu domínio, até os confins da terra.

23 E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e disse: Derrubai a árvore, e destruí-a, porém o tronco com as suas raízes deixai na terra, e com grilhões de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos;

24 Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor,

25 A saber: Lançar-te-ão de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que saibas que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e os dá a quem quer.

26 E quanto ao que foi ordenado, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino te ficará firme, depois que tiveres sabido que o céu reina.

27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e desfaze os teus pecados pela justiça, e as tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, se porventura houver prolongação da tua tranquilidade.

28 Todas essas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor.

29 Porque ao cabo de doze meses, quando andava passeando no palácio real de Babilônia,

30

Falou o rei, e disse: Porventura não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?

31 Ainda estava a palavra na boca do rei, quando desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino.

32 E te lançarão dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que saibas que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer.

33 Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi lançado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves.

34 Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.

35 E todos os moradores da terra são reputados como nada, e segundo a sua vontade faz com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa deter a sua mão, e lhe diga: Que fazes?

36 No mesmo tempo tornou-me a vir o meu entendimento, e para a honra do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e me buscaram os meus capitães e os meus nobres; e fui restabelecido no meu reino, e se me acrescentou uma glória ainda maior.

37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao rei do céu; porque todas as suas obras são verdade, e os seus caminhos, juízo, e aos que andam na soberba ele pode humilhar.

Capítulo 5

Belsazar e seus foliões bebem nos vasos do templo — Uma mão escreve na parede, predizendo a queda de Belsazar — Daniel interpreta as palavras e repreende o rei por seu orgulho e idolatria — Na mesma noite, Babilônia é conquistada.

1

O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus nobres, e bebeu vinho na presença dos mil.

2 Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, e os seus nobres, as suas mulheres e concubinas.

3 Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus nobres, as suas mulheres e concubinas.

4 Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.

5 Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.

6 Então mudou-se o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.

7 E clamou com força o rei que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e os adivinhos; e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler este escrito, e me declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, e trará uma corrente de ouro ao pescoço, e será, no reino, o terceiro no governo.

8 Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.

9 Então o rei Belsazar perturbou-se muito, e mudou-se nele o seu semblante; e os seus nobres estavam sobressaltados.

10

A rainha, pois, por causa das palavras do rei e dos seus nobres, entrou na casa do banquete; e falou a rainha, e disse: Ó rei, vive para sempre! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.

11 Há um homem no teu reino, no qual o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus, e dos adivinhos;

12 Porquanto se achou nesse Daniel um espírito excelente, e conhecimento e entendimento, interpretando sonhos, e declarando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora Daniel, e ele declarará a interpretação.

13 Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?

14 Porque tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que a luz, e o entendimento e a excelente sabedoria se acham em ti.

15 E agora foram introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem este escrito, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam declarar a interpretação destas palavras.

16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solver dúvidas; agora, se puderes ler este escrito, e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás corrente de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro no governo.

17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; contudo lerei ao rei o escrito, e lhe farei saber a interpretação.

18 Quanto a ti, ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a magnificência.

19 E por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia.

20

Mas quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derrubado do seu trono real, e passou dele a sua glória.

21 E foi lançado dentre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; fizeram-no comer a erva como os bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que soube que Deus, o Altíssimo, domina sobre os reinos dos homens, e a quem quer constitui sobre eles.

22 E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que soubesses tudo isso.

23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois trouxeram os vasos da casa dele perante ti, e tu, os teus nobres, as tuas mulheres e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que nem veem, nem ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.

24 Então dele foi enviada aquela mão, e escreveu-se este escrito.

25 Este, pois, é o escrito que se escreveu: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim.

26 Esta é a interpretação daquilo: Mene: Contou Deus o teu reino, e deu cabo dele.

27 Tequel: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.

28 Peres: Dividido foi o teu reino, e deu-se aos medos e aos persas.

29 Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e que lhe pusessem uma corrente de ouro ao pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro no governo do reino.

30

Mas na mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus.

31 E Dario, o medo, ocupou o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos.

Capítulo 6

Dario faz de Daniel o primeiro de seus presidentes — Daniel adora ao Senhor, contrariando um decreto de Dario — Ele é lançado na cova dos leões — Sua fé o salva, e Dario decreta que todas as pessoas devem reverenciar o Deus de Daniel.

1

E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte príncipes, que estivessem sobre todo o reino;

2 E sobre eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes príncipes dessem conta, para que o rei não sofresse dano.

3 Então o mesmo Daniel sobrepujou esses príncipes e presidentes; porque nele havia um espírito excelente; porquanto o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.

4 Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa.

5 Então aqueles homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra esse Daniel, se não a acharmos contra ele na lei do seu Deus.

6 Então aqueles príncipes e presidentes foram juntos ao rei, e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive para sempre!

7 Todos os presidentes do reino, os magistrados e príncipes, capitães e governadores tomaram conselho a fim de estabelecerem um édito real e fazerem uma firme proibição: qualquer que, no espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.

8 Agora, pois, ó rei, confirma o decreto, e assina o documento, para que não se mude, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.

9 Por essa causa o rei Dario assinou o documento e decreto.

10

Daniel, pois, quando soube que o documento estava assinado, entrou na sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas para o lado de Jerusalém), e três vezes ao dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como antes costumava fazer.

11 Então aqueles homens foram juntos, e acharam Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.

12 Então se chegaram, e disseram diante do rei: No tocante ao decreto real, porventura não assinaste o decreto, que todo homem que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, no espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, e disse: Essa palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.

13 Então responderam, e disseram diante do rei: Daniel, que é dos exilados de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do decreto que assinaste; antes, três vezes por dia faz a sua oração.

14 Ouvindo então o rei essas palavras, ficou muito penalizado, e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até o pôr-do-sol trabalhou para salvá-lo.

15 Então aqueles homens foram juntos ao rei, e disseram ao rei: Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum decreto ou estatuto que o rei determine se pode mudar.

16 Então o rei ordenou que trouxessem Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.

17 E foi trazida uma pedra, e foi posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com o seu anel e com o anel dos seus nobres, para que não se mudasse a sentença acerca de Daniel.

18 Então o rei foi para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.

19 Então o rei se levantou cedo pela manhã, e foi com pressa à cova dos leões.

20

E chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e falando o rei, disse a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?

21 Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre!

22 O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.

23 Então o rei muito se alegrou em si mesmo, e mandou tirar Daniel da cova. Assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus.

24 Então ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.

25 Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moravam em toda a terra: A paz vos seja multiplicada.

26 Da minha parte é feito um decreto, que em todo o domínio do meu reino tremam todos e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e permanece para sempre, e o seu reino não se pode destruir, e o seu domínio durará até o fim.

27 Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra, o qual livrou Daniel do poder dos leões.

28 Esse Daniel, pois, prosperava no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa.

Capítulo 7

Daniel vê quatro animais que representam os reinos dos homens — Ele vê o Ancião de Dias (Adão) a quem virá o Filho do Homem (Cristo) — O reino será dado aos santos para sempre.

1

No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel um sonho e visões da sua cabeça, estando na sua cama; escreveu logo o sonho, e relatou a suma das coisas.

2 Falou Daniel, e disse: Eu estava vendo na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande.

3 E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.

4 O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; eu estava olhando, até que lhe foram arrancadas as asas; e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.

5 E eis aqui outro animal, o segundo, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, e tinha na boca três costelas entre os seus dentes, e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.

6 Depois disso, eu estava olhando, e eis aqui outro, que era como leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também esse animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.

7 Depois disso, eu estava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro, devorava e fazia em pedaços, e pisava aos seus pés o que sobejava; e era diferente de todos os animais que foram antes dele, e tinha dez chifres.

8 Estando eu a observar os chifres, eis que outro chifre pequeno subia entre eles, e três dos primeiros chifres foram arrancados de diante dele; e eis que nesse chifre havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente.

9 Eu estava olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; as suas vestes eram brancas como a neve, e o cabelo da sua cabeça, como a limpa lã; o seu trono chamas de fogo, e as rodas dele, fogo ardente.

10

Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam em pé diante dele; assentou-se o tribunal, e abriram-se os livros.

11 Então eu estava olhando, por causa da voz das grandes palavras que falava o chifre; eu estava olhando até que mataram o animal, e o seu corpo foi desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo.

12 E quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia foi-lhes dada prolongação de vida até certo espaço de tempo.

13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que um como o Filho do Homem vinha nas nuvens do céu; e chegou até o Ancião de Dias, e o fizeram chegar perante ele.

14 E foram-lhe dados o domínio e a honra, e o reino, e que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino não será destruído.

15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito estava abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbavam.

16 Cheguei-me a um dos que estavam em pé, e perguntei-lhe a verdade acerca de tudo isso. E ele me disse, e fez-me saber a interpretação das coisas.

17 Esses grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.

18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e possuirão o reino para todo o sempre, e de eternidade em eternidade.

19 Então tive desejo de saber a verdade sobre o quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, e as suas unhas, de bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava;

20

Também dos dez chifres que tinha na cabeça, e do outro que subia, de diante do qual caíram três, daquele chifre, isto é, que tinha olhos, e boca que falava grandiosamente, e cuja aparência era maior do que a de seus companheiros.

21 Eu olhava, e eis que esse chifre fazia guerra contra os santos, e os vencia.

22 Até que veio o Ancião de Dias, e se deu o juízo aos santos do Altíssimo, e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino.

23 Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.

24 E quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá três reis.

25 E falará palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.

26 E o tribunal estará assentado, e tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até o fim.

27 E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão.

28 Aqui termina o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbavam, e mudou-se em mim o meu semblante; mas guardei o assunto no meu coração.

Capítulo 8

Daniel tem a visão de um carneiro (Média e Pérsia), um bode (Grécia), quatro outros reis e depois, nos últimos dias, um rei feroz que destruirá o povo santo — Esse rei será derrubado quando se levantar contra o Príncipe dos Príncipes.

1

No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.

2 E vi numa visão (e aconteceu, quando vi, que eu estava na cidadela de Susã, que está na província de Elão), vi pois, numa visão, que eu estava junto ao rio Ulai.

3 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos, porém um era mais alto do que o outro; e o que era mais alto subiu por último.

4 Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais podia resistir diante dele, nem havia quem livrasse da sua mão; e fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia.

5 E estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, e não tocava a terra; e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos;

6 E vinha ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto em pé diante do rio; e correu contra ele com todo o ímpeto da sua força.

7 E o vi chegar perto do carneiro, e se irritou contra ele, e feriu o carneiro, e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para resistir diante dele, e o lançou por terra, e o pisou aos pés; e não houve quem livrasse o carneiro da sua mão.

8 E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e subiram no seu lugar outros quatro notáveis, para os quatro ventos do céu.

9 E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa.

10

E se engrandeceu até contra o exército do céu; e a alguns do exército, e das estrelas, deitou por terra, e os pisou.

11 E se engrandeceu até contra o príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra.

12 E o exército lhe foi entregue com o sacrifício contínuo, por causa das transgressões; e lançou a verdade por terra, e o fez, e prosperou.

13 Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do contínuo sacrifício, e da transgressão assoladora, para que sejam entregues o santuário, e o exército, para serem pisados?

14 E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.

15 E aconteceu que, havendo eu, Daniel, visto a visão, busquei o entendimento, e eis que se apresentou diante de mim um com a aparência de homem.

16 E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.

17 E veio perto de onde eu estava; e vindo ele, me assombrei, e caí sobre o meu rosto; porém ele me disse: Entende, filho do homem, porque acontecerá esta visão no fim do tempo.

18 E estando ele falando comigo, caí adormecido sobre o meu rosto por terra; ele, pois, me tocou, e me fez estar em pé.

19 E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; porque no tempo determinado será o fim.

20

Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia,

21 Porém o bode peludo é o rei da Grécia; e o chifre grande que tinha entre os olhos é o primeiro rei;

22 E que, sendo quebrado ele, se levantassem quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dele.

23 Mas, no fim do seu reinado, quando os transgressores acabarem de transgredir, se levantará um rei, feroz de semblante, e será entendedor de enigmas.

24 E se fortalecerá a sua força, mas não pela força dele mesmo; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os fortes e o povo santo.

25 E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão; e no seu coração se engrandecerá, e em tempo de paz destruirá muitos; e se levantará contra o Príncipe dos príncipes, mas sem mão será quebrado.

26 E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdade; tu, porém, fecha a visão, porque é para daqui a muitos dias.

27 E eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias; então levantei-me e tratei dos negócios do rei; e espantei-me acerca da visão, e não havia quem a entendesse.

Capítulo 9

Daniel jejua, confessa e ora por todo o Israel — Gabriel revela o tempo da vinda do Messias, que fará a reconciliação pela iniquidade — O Messias será morto.

1

No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,

2 No ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, dos quais falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos.

3 E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e rogos, com jejum, e panos de saco e cinza.

4 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ah, Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o convênio e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos.

5 Pecamos, e cometemos iniquidade, e agimos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;

6 E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e aos nossos pais, como também a todo o povo da terra.

7 Tua, ó Senhor, é a justiça, mas a nós pertence a vergonha de rosto, como se vê neste dia, aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa da sua transgressão, com que transgrediram contra ti.

8 Ó Senhor, a nós pertence a vergonha de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e aos nossos pais, porque pecamos contra ti.

9 Ao Senhor nosso Deus, pertencem as misericórdias e os perdões; ainda que nos tenhamos rebelado contra ele,

10

E não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu pela mão de seus servos, os profetas.

11 E todo o Israel transgrediu a tua lei, apartando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele.

12 E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; que nunca foi feito debaixo de todo o céu como foi feito em Jerusalém.

13 Como está escrito na lei de Moisés, todo aquele mal nos sobreveio, contudo não suplicamos o favor do Senhor nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades, e para nos aplicarmos à tua verdade.

14 E o Senhor velou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras que fez, pois não obedecemos à sua voz.

15 Ora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como se vê neste dia, pecamos, agimos impiamente.

16 Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, pois, apartem-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque por causa dos nossos pecados, e por causa das iniquidades de nossos pais, vieram Jerusalém e o teu povo a servir de opróbrio a todos os que nos estão em redor.

17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por causa do Senhor.

18 Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade a qual é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face confiando em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.

19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age sem tardar; por causa de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.

20

Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,

21 Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto ao princípio, veio voando rapidamente, tocando-me, por volta da hora do sacrifício da tarde.

22 E me instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido.

23 No princípio das tuas súplicas, saiu a palavra, e eu vim, para to declarar, porque és muito amado; considera, pois, a palavra, e entende a visão.

24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para consumir a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e para trazer a justiça eterna, e para selar a visão e o profeta, e para ungir o Santo dos Santos.

25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, porém em tempos angustiados.

26 E depois das sessenta e duas semanas será morto o Messias, e não existirá mais; e o povo do príncipe, que virá, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim da guerra estão determinadas as assolações.

27 E confirmará convênio com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até a consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolado.

Capítulo 10

Daniel vê o Senhor e outros em uma gloriosa visão — Mostra-se a ele o que há de acontecer nos últimos dias.

1

No ano terceiro de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar; e a palavra é verdadeira, porém trata de uma guerra prolongada, e ele entendeu essa palavra, e teve entendimento da visão.

2 Naqueles dias eu, Daniel, pranteei por três semanas.

3 Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entrou na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas.

4 E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel;

5 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;

6 E o seu corpo era como turquesa, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos, como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés, como de cor de bronze polido; e a voz das suas palavras, como a voz de uma multidão.

7 E só eu, Daniel, vi aquela visão; mas os homens que estavam comigo não viram aquela visão; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.

8 Fiquei, pois, eu só, e vi esta grande visão, e não ficou força em mim; e mudou-se em mim o meu vigor em desmaio, sem reter força alguma.

9 E ouvi a voz das suas palavras; e ouvindo a voz das suas palavras, eu caí num profundo sono sobre o meu rosto, com o meu rosto em terra.

10

E eis que uma mão me tocou, e fez que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.

11 E me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às palavras que eu falarei contigo, e levanta-te sobre os teus pés; porque agora sou enviado a ti. E falando ele comigo essa palavra, eu me pus em pé tremendo.

12 Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração para entender e para humilhar-te perante o teu Deus são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.

13 Porém o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim por vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.

14 Agora vim para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos últimos dias; porque a visão é ainda para daqui a muitos dias.

15 E falando ele comigo essas palavras, abaixei o meu rosto em terra, e emudeci.

16 E eis que alguém, semelhante aos filhos dos homens, me tocou os lábios; então abri a minha boca, e falei, e disse àquele que estava diante de mim: Senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dores, e não me ficou força alguma.

17 Como, pois, pode o servo deste meu senhor falar com meu senhor? Porque, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e não ficou em mim fôlego.

18 E alguém, que tinha aparência de um homem, me tocou outra vez, e me fortaleceu.

19 E disse: Não temas, homem muito amado, paz seja contigo; sê forte, sim, sê forte. E falando ele comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala, meu senhor, porque me fortaleceste.

20

E disse: Sabes por que eu vim a ti? Agora, pois, tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.

21 Porém eu te declararei o que está escrito na escritura da verdade; e ninguém que me fortaleça contra aqueles, senão Miguel, vosso príncipe.

Capítulo 11

Daniel vê sucessivos reis e suas guerras, alianças e conflitos, que precederão a Segunda Vinda de Cristo.

1

Eu, pois, no primeiro ano de Dario, o medo, estive para o fortalecer e animar.

2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será enriquecido de grandes riquezas, mais do que todos; e tornando-se forte com as suas riquezas, suscitará todos contra o reino da Grécia.

3 Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver.

4 Mas estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu, porém não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e será para outros que não esses.

5 E se fortalecerá o rei do sul, um dentre os seus príncipes; mas outro se fortalecerá mais do que ele, e reinará, e grande será o seu domínio,

6 Mas ao cabo de alguns anos, um com o outro fará aliança; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado, mas ela não terá força de braço; nem ele persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos.

7 Mas do renovo das suas raízes um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e agirá contra eles, e prevalecerá.

8 E também os seus deuses com as suas imagens de fundição, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará cativos para o Egito; e por alguns anos ele persistirá contra o rei do norte.

9 Assim, entrará o rei do sul no reino, e retornará para a sua terra.

10

Porém seus filhos se levantarão, e ajuntarão grande número de exércitos, e um deles virá apressadamente, e inundará, e passará, e tornará a levantar-se, até chegar à sua fortaleza.

11 Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele, a saber, contra o rei do norte, que porá em campo grande multidão, mas aquela multidão será entregue na sua mão.

12 Quando for levada aquela multidão, o seu coração se elevará; ainda que derrubará muitos milhares, contudo não prevalecerá.

13 Porque o rei do norte retornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira, e ao cabo dos tempos, isto é, de anos, virá apressadamente com grande exército e com muitas provisões.

14 E naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os filhos dos opressores do teu povo se levantarão para confirmar a visão, e cairão.

15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes, e tomará a cidade forte; e os braços do sul não poderão subsistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para subsistir.

16 O que, pois, há de vir contra ele fará segundo a sua vontade, e não haverá quem possa subsistir diante dele; e estará na terra gloriosa, e haverá destruição na sua mão.

17 E resolverá vir com a potência de todo o seu reino, e com ele os retos, e o fará; e lhe dará uma filha das mulheres, para a destruir, mas ela não subsistirá, nem será por ele.

18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; e um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará tornar sobre ele o seu opróbrio.

19 Virará, pois, o seu rosto para as fortalezas da sua terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.

20

E em seu lugar se levantará quem fará passar o arrecadador em glória real; mas em poucos dias será destruído, e isso não em ira nem em batalha.

21 Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não darão a dignidade real; mas virá caladamente, e tomará o reino com falsidade,

22 E as forças inundantes serão arrasadas de diante dele; e serão destruídos, como também o príncipe da aliança.

23 E depois da aliança com ele, usará de falsidade; e subirá, e se tornará forte com pouca gente.

24 Virá também caladamente aos lugares férteis da província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa e os despojos, e a riqueza, e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, porém somente por certo tempo.

25 E suscitará a sua força e o seu coração contra o rei do sul com um grande exército; e o rei do sul se levantará com um grande e muito poderoso exército; mas não subsistirá, porque maquinarão projetos contra ele.

26 E os que comerem os seus alimentos o destruirão; e o exército dele será arrasado, e cairão muitos mortos.

27 Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal, e numa mesma mesa falarão mentiras, mas isso não prosperará, porque o fim ainda terá lugar no tempo determinado.

28 E retornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra o santo convênio; e agirá, e retornará para a sua terra.

29 Ao tempo determinado tornará a vir contra o sul; mas não será a última como a primeira vez.

30

Porque virão contra ele navios de Quitim, e ele se entristecerá; e retornará, e se indignará contra o santo convênio, e agirá, porque retornará e atenderá os que tiverem abandonado o santo convênio.

31 E sairão dele forças, e profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o contínuo sacrifício, e porão a abominação assoladora.

32 E aos violadores do convênio com lisonjas fará usar de hipocrisia, mas o povo que conhece ao seu Deus se fortalecerá e agirá.

33 E os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias.

34 E caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; e muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.

35 E alguns dos sábios cairão, para os pôr à prova, e purificar, e embranquecer, até o fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado.

36 E esse rei fará conforme a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira seja consumada; porque aquilo que está determinado será feito.

37 E não terá respeito algum ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a algum outro deus, porque sobre tudo se engrandecerá.

38 E ao deus das fortalezas honrará em seu lugar, a saber, ao deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas desejadas.

39 Com o auxílio de um deus estranho agirá contra os castelos fortes; aos que ele reconhecer, multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.

40

E no fim do tempo, o rei do sul lhe dará marradas, e o rei do norte o acometerá com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nas terras, e as arrasará, e passará.

41 E entrará na terra gloriosa, e muitas terras serão derrubadas, mas escaparão da sua mão estes: Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.

42 E estenderá a sua mão contra as terras, e a terra do Egito não escapará.

43 E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de todas as coisas desejadas do Egito; e os líbios e os etíopes o seguirão.

44 Mas os rumores do oriente e do norte o perturbarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar muitos.

45 E armará as tendas do seu palácio entre os mares, no monte santo e glorioso; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.

Capítulo 12

Nos últimos dias, Miguel salvará Israel de suas angústias — Daniel fala das duas ressurreições — Os sábios conhecerão os tempos e o significado de suas visões.

1

E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo; porém naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.

2 E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e para desprezo eterno.

3 E os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento, e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.

4 E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até o fim do tempo; então muitos passarão, lendo-o, e o conhecimento se multiplicará.

5 E eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do rio.

6 E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim dessas maravilhas?

7 E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, e levantou a sua mão direita e a sua mão esquerda ao céu, e jurou por aquele que vive eternamente que isso será por um tempo, tempos e a metade de um tempo, e quando acabar de espalhar o poder do povo santo, todas essas coisas serão cumpridas.

8 Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?

9 E disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até o tempo do fim.

10

Muitos serão purificados, e embranquecidos, e postos à prova; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.

11 E desde o tempo em que o contínuo sacrifício for tirado, e posta a abominação assoladora, serão mil duzentos e noventa dias.

12 Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.

13 Tu, porém, vai até o fim; porque repousarás, e te levantarás para receber a tua herança, no fim dos dias.

Oseias

Capítulo 1

Oseias e sua família são um sinal para Israel — No dia da coligação, os filhos de Israel se tornarão os filhos do Deus vivo.

1

Palavra do Senhor, que foi dita a Oseias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.

2 O princípio da palavra do Senhor por Oseias: Disse, pois, o Senhor a Oseias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de prostituições; porque a terra certamente se prostitui, desviando-se do Senhor.

3 E foi, e tomou Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu, e lhe deu um filho.

4 E disse-lhe o Senhor: Chama o seu nome Jezreel; porque daqui a pouco vingarei o sangue de Jezreel sobre a casa de Jeú, e farei cessar o reino da casa de Israel.

5 E acontecerá naquele dia que quebrarei o arco de Israel no vale de Jezreel.

6 E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha; e Deus lhe disse: Chama o seu nome Lo-Ruama; porque eu não tornarei mais a me compadecer da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei.

7 Mas me apiedarei da casa de Judá, e os salvarei pelo Senhor seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros.

8 E depois de haver desmamado Lo-Ruama, ela concebeu e deu à luz um filho.

9 E Deus disse: Chama o seu nome Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus.

10

Todavia o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não se pode medir nem contar; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo.

11 E os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão sobre si uma única cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jezreel.

Capítulo 2

A adoração de falsos deuses traz juízos severos sobre Israel — Nos últimos dias, Israel vai se reconciliar com Deus e tornar-se Seu povo.

1

Dizei a vossos irmãos: Ami, e a vossas irmãs: Ruama.

2 Contendei com vossa mãe, contendei, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido, e tire ela as suas prostituições da sua face e os seus adultérios de entre os seus peitos.

3 Para que eu não a deixe despida, e a ponha como no dia em que nasceu, e a faça como um deserto, e a ponha como uma terra seca, e a mate de sede,

4 E não me apiede de seus filhos, porque são filhos de prostituições.

5 Porque sua mãe se prostituiu; aquela que os concebeu houve-se torpemente, porque diz: Irei atrás de meus amantes, que me dão o meu pão e a minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas bebidas.

6 Portanto, eis que cercarei o teu caminho com espinhos; e levantarei uma parede de sebe, e ela não achará as suas veredas.

7 E irá atrás de seus amantes, mas não os alcançará; e buscá-los-á, mas não os achará; então dirá: Ir-me-ei, e retornarei a meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora.

8 Ela, pois, não reconhece que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o óleo, e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal.

9 Portanto, retornarei, e a seu tempo tirarei o meu grão e o meu mosto ao seu determinado tempo; e arrebatarei a minha lã e o meu linho, que tinha dado para cobrir a sua nudez.

10

E agora descobrirei a sua vileza diante dos olhos dos seus amantes, e ninguém a livrará da minha mão.

11 E farei cessar todo o seu regozijo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades.

12 E assolarei a sua vide e a sua figueira, de que ela diz: Estas são a minha paga que me deram os meus amantes; eu, pois, farei delas um bosque, e as feras do campo as devorarão.

13 E castigá-la-ei pelos dias de Baal, em que lhe queimou incenso, e se adornou dos seus pendentes e das suas joias, e andou atrás de seus amantes, mas de mim se esqueceu, diz o Senhor.

14 Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.

15 E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor, como porta de esperança; e ali cantará, como nos dias da sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito.

16 E acontecerá naquele dia, diz o Senhor, que me chamarás: Meu marido; e não me chamarás mais: Meu Baal.

17 E da sua boca tirarei os nomes dos baalins, e os seus nomes não virão mais em memória.

18 E naquele dia lhes farei aliança com as feras do campo, e com as aves do céu, e com os répteis da terra; e da terra quebrarei o arco, e a espada, e a guerra, e os farei deitar em segurança.

19 E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias.

20

E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor.

21 E acontecerá naquele dia que eu responderei, diz o Senhor, eu responderei aos céus, e estes responderão à terra.

22 E a terra responderá ao trigo, como também ao mosto, e ao óleo, e estes responderão a Jezreel.

23 E semeá-la-ei para mim na terra, e apiedar-me-ei de Lo-Ruama; e a Lo-Ami direi: Tu és meu povo; e ele dirá: Ó meu Deus!

Capítulo 3

Israel buscará ao Senhor, voltará para Ele e participará de Sua bondade nos últimos dias.

1

E o Senhor me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, contudo adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel; mas eles olham para outros deuses, e amam os bolos de passas.

2 E comprei-a para mim por quinze peças de prata e um ômer de cevada, e meio ômer de cevada;

3 E lhe disse: Tu ficarás comigo muitos dias (não te prostituirás, nem serás de outro homem), e também eu ficarei contigo.

4 Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode, e sem terafim.

5 Depois retornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao Senhor, e à sua bondade, nos últimos dias.

Capítulo 4

Israel perde toda a verdade, toda a misericórdia e todo o conhecimento de Deus e se prostitui após deuses falsos.

1

Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque não verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na terra.

2 Mas o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar prevalecem, e o derramamento de sangue leva ao derramamento de sangue.

3 Por isso a terra pranteará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar desaparecerão.

4 Porém ninguém contenda, nem repreenda a alguém, porque o teu povo é como os que contendem com o sacerdote.

5 Por isso cairás de dia, e o profeta contigo cairá de noite, e destruirei a tua mãe.

6 O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.

7 Assim como eles se multiplicaram, assim contra mim pecaram; eu mudarei a sua honra em vergonha.

8 Comem do pecado do meu povo, e da maldade dele têm desejo ardente.

9 Portanto, como o povo, assim será o sacerdote; e castigá-lo-ei segundo os seus caminhos, e lhe recompensarei as suas obras.

10

Comerão, mas não se fartarão; prostituir-se-ão, mas não se multiplicarão; porque deixaram de olhar para o Senhor.

11 A prostituição, e o vinho, e o mosto tiram o entendimento.

12 O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito de prostituições os engana, e se prostituem, apartando-se da sujeição do seu Deus.

13 Sacrificam sobre os cumes dos montes, e queimam incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, e do álamo, e do olmeiro, porque é boa a sua sombra; por isso vossas filhas se prostituem, e as vossas noras adulteram.

14 Não castigarei vossas filhas, que se prostituem, nem vossas noras, que adulteram, porque eles mesmos com as prostitutas se desviam, e com as meretrizes sacrificam; pois o povo que não tem entendimento cairá.

15 Se tu, ó Israel, queres te prostituir, ao menos não se faça culpado Judá; não venhais a Gilgal, e não subais a Bete-Áven, e não jureis, dizendo: Vive o Senhor.

16 Porque como uma novilha obstinada se rebelou Israel; agora o Senhor os apascentará como a um cordeiro num lugar espaçoso.

17 Efraim aliou-se a ídolos; deixa-o.

18 A sua bebida se foi; certamente se prostituíram; certamente os seus príncipes amaram a vergonha.

19 Um vento os envolveu nas suas asas, e envergonhar-se-ão por causa dos seus sacrifícios.

Capítulo 5

Os reinos de Judá e Israel cairão por causa de suas iniquidades.

1

Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutai, ó casa de Israel, e escutai, ó casa do rei, porque este juízo é contra vós, visto que fostes um laço para Mizpá, e rede estendida sobre Tabor.

2 E os revoltosos se aprofundaram na matança; mas eu castigarei todos eles.

3 Eu conheço Efraim, e Israel não se esconde de mim; porque agora te tens prostituído, ó Efraim, e se contaminou Israel.

4 As suas ações não lhes permitem voltar para o seu Deus, porque o espírito das prostituições está no meio deles, e não conhecem ao Senhor.

5 E a soberba de Israel testificará no seu rosto; e Israel e Efraim cairão pela sua injustiça, e Judá cairá juntamente com eles.

6 Então irão com as suas ovelhas, e com as suas vacas, para buscarem ao Senhor, mas não o acharão; ele se retirou deles.

7 Traiçoeiramente se houveram contra o Senhor, porque geraram filhos ilegítimos; agora a lua nova os consumirá com as suas porções.

8 Tocai a buzina em Gibeá, a trombeta em Ramá; gritai altamente em Bete-Áven; após ti, Benjamim.

9 Efraim será uma assolação no dia do castigo; entre as tribos de Israel manifestei o que certo está.

10

Os príncipes de Judá são como os que mudam os limites; derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água.

11 Efraim está oprimido e quebrantado no juízo, porque quis andar após a vaidade.

12 Portanto, para Efraim serei como a traça, e para a casa de Judá, como a podridão.

13 Vendo, pois, Efraim a sua enfermidade, e Judá a sua chaga, subiu Efraim à Assíria e recorreu ao rei Jarebe; mas ele não poderá sarar-vos, nem vos curará a chaga.

14 Porque para Efraim serei como um leão, e como um leãozinho, para a casa de Judá; eu, eu mesmo o despedaçarei, e ir-me-ei embora; eu levarei, e não haverá quem livre.

15 Andarei, e retornarei ao meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, de madrugada me buscarão.

Capítulo 6

Oseias conclama Israel a voltar e a servir ao Senhor — A misericórdia e o conhecimento de Deus são mais importantes que os sacrifícios ritualísticos.

1

Vinde, e retornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida.

2 Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele.

3 Então conheceremos, e prosseguiremos em conhecer ao Senhor; como a alva, é certa a sua vinda; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.

4 Que te farei, ó Efraim? que te farei, ó Judá? Visto que a vossa benevolência é como a nuvem da manhã, e como o orvalho da madrugada, que passa.

5 Por isso os abati por meio dos profetas; pelas palavras da minha boca os matei; e os teus juízos sairão como a luz.

6 Porque o que eu quero é a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.

7 Porém eles transgrediram o convênio, como Adão; ali se portaram traiçoeiramente contra mim.

8 Gileade é uma cidade dos que praticam iniquidade, manchada de sangue.

9 Como as tropas dos salteadores a alguns esperam, assim é a companhia dos sacerdotes; matam no caminho para Siquém, porque cometem abominações.

10

Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel; ali está a prostituição de Efraim; Israel está contaminado.

11 Também para ti, ó Judá, foi determinada uma ceifa; quando eu tornar a trazer os cativos do meu povo.

Capítulo 7

Israel é repreendido por seus muitos pecados — Efraim é disperso entre os povos.

1

Quando eu quis sarar Israel, se descobriu a iniquidade de Efraim, como também as maldades de Samaria, porque praticaram a falsidade; e o ladrão entra, e a tropa dos salteadores despoja por fora.

2 E não dizem no seu coração que eu me lembro de toda a sua maldade; agora, pois, os cercam as suas obras; diante da minha face estão.

3 Com a sua maldade alegram o rei, e com as suas mentiras, os príncipes.

4 Todos eles adulteram; semelhantes são ao forno aceso pelo padeiro, que o cessa de atiçar depois que amassou a massa, até que seja levedada.

5 E no dia do nosso rei os príncipes o fazem adoecer, pela excitação do vinho; ele estende a sua mão com os escarnecedores.

6 Porque, como um forno, prepararam o coração, emboscando-se; toda a noite dorme o seu padeiro, pela manhã arde como fogo de chama.

7 Todos juntos se esquentam como o forno, e consomem os seus juízes; todos os seus reis caem, ninguém entre eles que clame a mim.

8 Efraim com os povos se mistura; Efraim é um bolo que não foi virado.

9 Estrangeiros lhe devoraram a força, e não o sabe; também as cãs se espalharam sobre ele, e não o sabe.

10

E a soberba de Israel testificará no seu rosto; e não voltarão para o Senhor seu Deus, nem o buscarão em tudo isso.

11 Porque Efraim é como uma pomba ingênua, sem entendimento; invocam o Egito, vão para a Assíria.

12 Quando forem, sobre eles estenderei a minha rede, e como aves do céu os farei descer; castigá-los-ei, conforme o que eles ouviram na sua congregação.

13 Ai deles, porque fugiram de mim; destruição sobre eles, porque se rebelaram contra mim; eu os remiria, porém falam mentiras contra mim.

14 E não clamaram a mim do seu coração, quando davam uivos nas suas camas; para o trigo e para o vinho se ajuntam, mas contra mim se rebelam.

15 Eu os adestrei, e lhes fortaleci os braços, mas maquinam o mal contra mim.

16 Retornaram, mas não ao Altíssimo. Fizeram-se como um arco enganoso; caem à espada os seus príncipes, por causa da cólera da sua língua; esse será o seu escárnio na terra do Egito.

Capítulo 8

Tanto Israel quanto Judá abandonaram o Senhor — O Senhor escreveu as grandezas de Sua lei para Efraim.

1

Põe a buzina à tua boca; ele vem como a águia contra a casa do Senhor, porque transgrediram o meu convênio, e se rebelaram contra a minha lei.

2 Então a mim clamarão: Deus meu! Nós, Israel, te conhecemos.

3 Israel rejeitou o bem; o inimigo persegui-lo-á.

4 Eles fizeram reis, porém não de mim; constituíram príncipes, porém eu não o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para si, para serem destruídos.

5 O teu bezerro, ó Samaria, te rejeitou; a minha ira se acendeu contra eles; até quando serão eles incapazes de alcançar a purificação?

6 Porque também isso é de Israel, um artífice o fez, e não é Deus, mas em pedaços será desfeito o bezerro de Samaria.

7 Porque vento semearam, e ceifarão tormenta, seara não haverá, a erva não dará farinha; se a der, tragá-la-ão os estrangeiros.

8 Israel foi tragado; agora entre as nações será tido como um vaso em que ninguém tem prazer.

9 Porque subiram à Assíria, como um jumento montês, por si só; Efraim contratou amantes.

10

Ainda que eles contratem entre as nações, agora as congregarei; começaram a ser diminuídos por causa da carga do rei dos príncipes.

11 Porquanto Efraim multiplicou os altares para pecar; teve altares para pecar.

12 Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas são estimadas como coisa estranha.

13 Quanto aos sacrifícios das minhas ofertas, sacrificam carne, e a comem, mas o Senhor não se deleitou neles; agora se lembrará da sua injustiça, e castigará os seus pecados; eles voltarão para o Egito.

14 Porque Israel se esqueceu do seu Criador, e edificou templos, e Judá multiplicou cidades fortificadas; mas eu enviarei um fogo contra as suas cidades, que consumirá os seus palácios.

Capítulo 9

O povo de Israel é levado em cativeiro por seus pecados — Efraim será um errante entre as nações.

1

Não te alegres, ó Israel, não exultes, como os povos; porque pela prostituição abandonaste o teu Deus; amaste a paga de meretriz sobre todas as eiras de trigo.

2 A eira e o lagar não os alimentarão; e o mosto lhe faltará.

3 Na terra do Senhor não permanecerão; mas Efraim retornará ao Egito, e na Assíria comerão coisas imundas.

4 Não derramarão libações de vinho ao Senhor, nem lhe serão agradáveis; os seus sacrifícios lhes serão como pão de pranto; todos os que dele comerem serão imundos, porque o seu pão será para eles mesmos; não entrará na casa do Senhor.

5 Que fareis vós no dia da solenidade, e no dia da festa do Senhor?

6 Porque eis que eles se foram por causa da destruição; o Egito os recolherá, Mênfis os sepultará; o desejável da sua prata, as urtigas o possuirão por herança; espinhos haverá nas suas tendas.

7 chegaram os dias do castigo, chegaram os dias da retribuição; os de Israel o saberão; o profeta é tolo, o homem de espírito é louco; por causa da abundância da tua iniquidade também abundará o ódio.

8 Efraim era o vigia com o meu Deus, mas o profeta é como um laço de caçador de aves em todos os seus caminhos, ódio na casa do seu Deus.

9 Muito profundamente se corromperam, como nos dias de Gibeá; ele se lembrará das injustiças deles, castigará os seus pecados.

10

Achei Israel como uvas no deserto, vi vossos pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio; porém foram a Baal-Peor, e se apartaram para essa vergonha, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram.

11 Quanto a Efraim, a sua glória como ave voará desde o nascimento, e desde o ventre, e desde a concepção.

12 Ainda que venham a criar seus filhos, contudo os privarei deles dentre os homens; porque também ai deles, quando me apartar deles!

13 Efraim, assim como vi Tiro, plantada está num lugar deleitoso; mas Efraim tirará para fora seus filhos para o matador.

14 Dá-lhes, ó Senhor; que, pois, lhes darás? Dá-lhes uma madre que aborte e seios secos.

15 Toda a sua maldade se acha em Gilgal, porque ali os odiei pela maldade das suas obras; lançá-los-ei para fora de minha casa; não os amarei mais; todos os seus príncipes são rebeldes.

16 Efraim foi ferido, secou-se a sua raiz; não darão fruto; e ainda que gerem, todavia matarei os desejáveis do seu ventre.

17 O meu Deus os rejeitará, porque não o ouvem, e errantes andarão entre as nações.

Capítulo 10

Israel lavrou impiedade e ceifou perversidade — Oseias conclama Israel a buscar ao Senhor.

1

Israel é uma vide vazia; dá fruto para si mesmo; segundo a multidão do seu fruto, multiplicou os altares; segundo a bondade da sua terra, fizeram belas as estátuas.

2 Lisonjeia-os o seu coração, agora serão culpados; cortará os seus altares, e destruirá as suas estátuas.

3 Porque agora dirão: Não temos rei, porque não tememos ao Senhor; que, pois, nos faria o rei?

4 Falaram palavras, jurando falsamente, ao fazerem um convênio; e florescerá o juízo como erva peçonhenta nos sulcos dos campos.

5 Os moradores de Samaria serão atemorizados pelo bezerro de Bete-Áven, porque o seu povo lamentará por causa dele, como também os seus sacerdotes (que por causa dele se alegravam), por causa da sua glória, que se apartou dela.

6 Também a Assíria será levada como um presente ao rei Jarebe; Efraim ficará confuso, e Israel se envergonhará por causa do seu conselho.

7 O rei de Samaria será cortado como a espuma sobre a face da água.

8 E os altos de Áven, pecado de Israel, serão destruídos; espinhos e cardos crescerão sobre os seus altares; e dirão aos montes: Cobri-nos! E aos outeiros: Caí sobre nós!

9 Desde os dias de Gibeá pecaste, ó Israel; ali pararam; a peleja em Gibeá contra os filhos da perversidade não os acometerá.

10

Eu os castigarei na medida do meu desejo; e congregar-se-ão contra eles os povos, quando os atar nos seus dois sulcos.

11 Porque Efraim é uma bezerra domada, que gosta de trilhar; coloquei o jugo sobre a formosura do seu pescoço; farei cavalgar Efraim; Judá lavrará; Jacó lhe desfará os torrões.

12 Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a benevolência, e lavrai o campo de lavoura; porque o tempo é de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça sobre vós.

13 Lavrastes a impiedade, ceifastes a perversidade, e comestes o fruto da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos teus valentes.

14 Portanto, entre os seus povos se levantará um grande tumulto, e todas as tuas fortalezas serão destruídas, como Salmã destruiu Bete-Arbel no dia da guerra; a mãe ali foi despedaçada com os filhos.

15 Assim vos fará Betel, por causa da vossa imensa maldade; o rei de Israel de madrugada será totalmente destruído.

Capítulo 11

Israel, como uma criança, foi chamado para fora do Egito, à semelhança de como o nosso Senhor, quando criança, saiu do Egito — Efraim, porém, se afasta do Senhor.

1

Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei meu filho.

2 Quanto mais os chamavam, mais se afastavam da sua presença; sacrificavam a baalins, e queimavam incenso às imagens de escultura.

3 Eu, todavia, ensinei Efraim a andar; tomei-os pelos seus braços, mas não reconheceram que eu os curava.

4 Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor, e fui para eles como os que levantam o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei mantimento.

5 Não voltará para a terra do Egito, mas a Assíria será seu rei; porque recusam converter-se.

6 E ficará a espada sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos, e as devorará, por causa dos seus conselhos.

7 Porque o meu povo se inclina a desviar-se de mim; ainda que chamem ao Altíssimo, nenhum deles o exalta.

8 Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como Admá? Te poria como Zeboim? Virou-se em mim o meu coração, todos os meus pesares juntamente estão acendidos.

9 Não executarei o furor da minha ira; não retornarei para destruir Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti, e não entrarei na cidade.

10

Andarão após o Senhor, ele bramará como leão; bramando ele, os filhos do ocidente tremerão.

11 Tremendo, se achegarão como um passarinho os do Egito, e como uma pomba, os da terra da Assíria, e os farei habitar em suas casas, diz o Senhor.

12 Efraim me cercou com mentira, e a casa de Israel, com engano; mas Judá ainda anda com Deus, e com os santos está fiel.

Capítulo 12

O Senhor usa profetas, visões e símiles para guiar Seu povo, mas eles se tornam ricos e não esperam no Senhor — Efraim O provoca mais amargamente.

1

Efraim se apascenta de vento, e segue o vento leste; todo o dia multiplica a mentira e a destruição; e fazem aliança com a Assíria, e o azeite se leva ao Egito.

2 O Senhor também com Judá tem contenda, e castigará Jacó segundo os seus caminhos; segundo as suas obras lhe recompensará.

3 No ventre pegou no calcanhar de seu irmão, e pela sua força como príncipe lutou com Deus.

4 Como príncipe lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco,

5 A saber, o Senhor, o Deus dos Exércitos; o Senhor é o seu memorial.

6 Tu, pois, converte-te ao teu Deus; guarda a benevolência e o juízo, e em teu Deus espera sempre.

7 Na mão do mercador está uma balança enganosa; ele ama a opressão.

8 Ainda diz Efraim: Contudo eu estou enriquecido, e tenho adquirido para mim grandes bens; em todo o meu trabalho não acharão em mim iniquidade alguma que seja pecado.

9 Mas eu sou o Senhor teu Deus desde a terra do Egito; eu ainda te farei habitar em tendas, como nos dias da festa solene.

10

E falarei aos profetas, e multiplicarei a visão; e pelo ministério dos profetas proporei símiles.

11 Porventura não é Gileade iniquidade? Pura vaidade são; em Gilgal sacrificam bois; os seus altares são como montões de pedras nos sulcos dos campos.

12 Jacó fugiu para o campo da Síria, e Israel serviu por sua mulher, e por sua mulher guardou o gado.

13 Mas o Senhor por um profeta fez subir Israel do Egito, e por um profeta foi ele guardado.

14 Efraim, porém, muito amargamente o irou; portanto, deixará ficar sobre ele o seu sangue, e o seu Senhor lhe recompensará o seu opróbrio.

Capítulo 13

Os pecados de Efraim provocam ao Senhor — Não existe nenhum Salvador além do Senhor — Ele resgata da sepultura e redime da morte.

1

Quando Efraim falava, havia tremor; foi exalçado em Israel; mas quando se fez culpado em Baal, então morreu.

2 E agora acumularam pecados sobre pecados, e da sua prata fizeram uma imagem de fundição, ídolos segundo o seu entendimento, que todos são obra de artífices, dos quais dizem: Os homens que sacrificam beijem os bezerros.

3 Por isso serão como a nuvem de manhã, e como orvalho da madrugada, que passa; como palha que a tempestade lança da eira, e como a fumaça da chaminé.

4 Eu, pois, sou o Senhor teu Deus desde a terra do Egito; portanto, não reconhecerás outro deus além de mim, porque não Salvador senão eu.

5 Eu te conheci no deserto, na terra muito seca.

6 Depois eles se fartaram à proporção do seu pasto; estando, pois, fartos, ensoberbeceu-se o seu coração; por isso se esqueceram de mim.

7 Portanto, serei para eles como leão; como leopardo espreitarei no caminho.

8 Como a ursa que perdeu seus filhotes, os encontrarei, lhes romperei as teias do seu coração, e ali os devorarei como leão; as feras do campo os despedaçarão.

9 Isso foi a tua ruína, ó Israel, que te rebelaste contra mim, a saber, contra a tua ajuda.

10

Onde está agora o teu rei, para que te guarde em todas as tuas cidades? E os teus juízes, dos quais disseste: Dá-me rei e príncipes?

11 Dei-te um rei na minha ira, e to tirarei no meu furor.

12 A iniquidade de Efraim está atada, o seu pecado está oculto.

13 Dores de mulher de parto lhe virão; ele é um filho insensato porque não está no seu lugar no tempo em que se abre a madre.

14 Eu, pois, os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pestes? Onde está, ó inferno, a tua perdição? A compaixão será escondida de meus olhos.

15 Ainda que ele dê fruto entre os irmãos, virá o vento leste, vento do Senhor, subindo do deserto, e secar-se-á a sua nascente, e secar-se-á a sua fonte; ele saqueará o tesouro de todos os objetos desejáveis.

16 Samaria virá a ser deserta, porque se rebelou contra o seu Deus; cairão à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas grávidas serão fendidas pelo meio.

Capítulo 14

Nos últimos dias, Efraim vai se arrepender e voltar para o Senhor.

1

Converte-te, ó Israel, ao Senhor teu Deus; porque pelos teus pecados caíste.

2 Tomai convosco palavras, e conver-tei-vos ao Senhor; dizei-lhe: Tira toda a iniquidade, e recebe o bem; e ofereceremos os frutos dos nossos lábios.

3 Não nos salvará a Assíria, não iremos montados em cavalos, e à obra das nossas mãos não diremos mais: Vós sois os nossos deuses; porque por ti o órfão alcançará misericórdia.

4 Eu sararei a sua perversão, eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou deles.

5 Eu serei para Israel como orvalho, ele florescerá como o lírio, e espalhará as suas raízes como o Líbano.

6 Estender-se-ão os seus ramos, e a sua glória será como a da oliveira, e cheirará como o Líbano.

7 Voltarão os que se assentarem debaixo da sua sombra; serão vivificados como o trigo, e florescerão como a vide; a sua memória será como o vinho do Líbano.

8 Efraim então dirá: Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido, e olharei para ele; ser-lhe-ei como a faia verde; de mim procede o teu fruto.

9 Quem é sabio, para que entenda essas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores cairão neles.

Joel

Capítulo 1

Convocai uma assembleia solene e reuni-vos na casa do Senhor, porque o dia do Senhor está perto.

1

Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.

2 Ouvi isto, vós, anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Porventura isto aconteceu em vossos dias, ou também nos dias de vossos pais?

3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a seus filhos, e os filhos destes à outra geração.

4 O que ficou da lagarta o comeu o gafanhoto, e o que ficou do gafanhoto o comeu a locusta, e o que ficou da locusta o comeu o pulgão.

5 Despertai-vos, bêbados, e chorai e uivai, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, porque tirado é da vossa boca.

6 Porque uma nação subiu sobre a minha terra, poderosa e sem número; os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho.

7 Fez da minha vide uma assolação, e descascou a minha figueira; despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram.

8 Lamenta como uma virgem que está cingida de panos de saco, pelo marido da sua mocidade.

9 Cortou-se a oferta de manjares, e a libação da casa do Senhor; os sacerdotes, servos do Senhor, estão entristecidos.

10

O campo está assolado, e a terra, triste; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o óleo falta.

11 Os lavradores se envergonham, os vinhateiros uivam, sobre o trigo e sobre a cevada; porque a ceifa do campo pereceu.

12 A vide secou, a figueira murchou; a romãzeira, também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo secaram, e a alegria secou entre os filhos dos homens.

13 Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; uivai, ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de panos de saco, ministros do meu Deus; porque a oferta de manjares, e a libação estão afastadas da casa de vosso Deus.

14 Santificai um jejum, convocai uma assembleia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor.

15 Ah, aquele dia! Porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso.

16 Porventura o mantimento não está cortado de diante de nossos olhos, a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?

17 As sementes apodreceram debaixo dos seus torrões, os celeiros foram assolados, os armazéns derrubados, porque o trigo secou.

18 Como geme o gado! As manadas de vacas estão confusas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas estão destruídos.

19 A ti, ó Senhor, clamo, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo.

20

Também todos os animais do campo bramam a ti; porque os rios de água secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.

Capítulo 2

Guerra e desolação precederão a Segunda Vinda — O sol e a lua escurecerão — O Senhor vai derramar o Seu Espírito sobre toda a carne — Haverá sonhos e visões.

1

Tocai a buzina em Sião, e clamai em alta voz no monte da minha santidade; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o dia do Senhor vem, porque está perto;

2 Dia de trevas e de escuridão; dia de nuvens e densas trevas; como a alva espalhada sobre os montes; povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem haverá mais depois dele por anos, de geração em geração.

3 Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden, mas atrás dele, um deserto de assolação; nem tampouco haverá coisa que dela escape.

4 A sua aparência é como a aparência de cavalos; e correrão como cavaleiros.

5 Como o estrondo de carros, irão saltando sobre os cumes dos montes, como o sonido da chama de fogo que consome a pragana, como um povo poderoso, ordenado para o combate.

6 Diante dele temerão os povos; todos os rostos empalidecem.

7 Como valentes correrão, como homens de guerra subirão os muros; e irá cada um nos seus caminhos e não se desviarão da sua fileira.

8 Ninguém empurrará seu irmão; irá cada um pelo seu caminho; abrem caminho por entre as armas, e não serão feridos.

9 Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão às casas, pelas janelas entrarão como o ladrão.

10

Diante dele tremerá a terra, abalar-se-ão os céus; o sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor.

11 E o Senhor levanta a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimos são os seus acampamentos; porque poderoso é quem executa a sua palavra; porque o dia do Senhor é grande e muito terrível, e quem o poderá suportar?

12 Ora, pois, também fala o Senhor: Convertei-vos a mim com todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.

13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e é clemente, e tardio em irar-se, e grande em benevolência, e se arrepende do mal.

14 Quem sabe se ele se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de manjares e libação para o Senhor vosso Deus?

15 Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene.

16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento.

17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam mofa dele; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?

18 Então o Senhor terá zelo da sua terra, e se compadecerá do seu povo.

19 E o Senhor responderá, e dirá ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, e o mosto, e o óleo, e deles sereis fartos, e não vos entregarei mais ao opróbrio entre as nações.

20

E aquele que é do norte farei partir para longe de vós, e lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; a sua face para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental; e subirá o seu fedor, e subirá a sua podridão; porque fez grandes coisas.

21 Não temas, ó terra; regozija-te e alegra-te, porque o Senhor fez grandes coisas.

22 Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a vide e a figueira darão a sua força.

23 E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã, e vos fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês.

24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de óleo.

25 E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós.

26 E comereis abundantemente e até fartar-vos, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, o qual procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo não será envergonhado para sempre.

27 E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e ninguém mais; e o meu povo não será envergonhado para sempre.

28 E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos sonharão sonhos, os vossos jovens verão visões.

29 E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

30

E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça.

31 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.

32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor escapará; porque no monte de Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o Senhor disse, e entre os sobreviventes, os quais o Senhor chamará.

Capítulo 3

Todas as nações estarão em guerra — Multidões estarão no vale da decisão quando a Segunda Vinda se aproximar — O Senhor habitará em Sião.

1

Porque, eis que naqueles dias, e naquele tempo, em que farei retornar do cativeiro Judá e Jerusalém,

2 Então congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Josafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, e repartiram a minha terra.

3 E lançaram a sorte sobre o meu povo, e deram um menino por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem.

4 E também que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todos os termos da Filístia? É tal a paga que vós me dais? Pois se me pagais assim, bem depressa farei retornar a vossa paga sobre a vossa cabeça.

5 Porque levastes a minha prata e o meu ouro, e as minhas coisas desejáveis e formosas pusestes nos vossos templos.

6 E vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos, para os apartar para longe dos seus termos.

7 Eis que eu os suscitarei do lugar para onde os vendestes, e farei tornar a vossa paga sobre a vossa própria cabeça.

8 E venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos filhos de Judá, que os venderão aos sabeus, a uma nação remota, porque o Senhor o falou.

9 Proclamai isto entre as nações, preparai uma guerra; suscitai os valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra.

10

Forjai espadas das vossas enxadas, e lanças das vossas foices; diga o fraco: Eu sou forte.

11 Ajuntai-vos, e vinde, todos os povos em redor, e congregai-vos. Ó Senhor, faze descer ali os teus fortes;

12 Suscitem-se as nações, e subam ao vale de Josafá; pois ali me assentarei para julgar todas as nações em redor.

13 Lançai a foice, porque já está madura a ceifa; vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares transbordam, porque a sua maldade é grande.

14 Multidões, multidões no vale da decisão, porque o dia do Senhor perto está, no vale da decisão.

15 O sol e a lua enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor.

16 E o Senhor bramará de Sião, e fará ouvir a sua voz de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.

17 E vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o monte da minha santidade; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela.

18 E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; e sairá uma fonte da casa do Senhor, e regará o vale de Sitim.

19 O Egito se fará uma assolação, e Edom se fará um deserto de solidão, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente.

20

Mas Judá será habitada para sempre, e Jerusalém, de geração em geração.

21 E limparei o sangue dos que eu não limpei, e o Senhor habitará em Sião.

Amós

Capítulo 1

Amós mostra os juízos do Senhor sobre a Síria, sobre os filisteus, sobre Tiro, sobre Edom e sobre Amom.

1

As palavras de Amós, que estava entre os pastores de Tecoa, as quais viu sobre Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto.

2 E disse: O Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém dará a sua voz; as habitações dos pastores prantearão, e secar-se-á o cume do Carmelo.

3 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Damasco, e por quatro, não afastarei o castigo, porque trilharam Gileade com trilhos de ferro.

4 Por isso porei fogo à casa de Hazael, e consumirá os palácios de Ben-Hadade.

5 E quebrarei o ferrolho de Damasco, e exterminarei o morador de Biqueate-Áven, e ao que tem o cetro de Bete-Éden; e o povo da Síria será levado em cativeiro a Quir, diz o Senhor.

6 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Gaza, e por quatro, não afastarei o castigo, porque levaram em cativeiro todos os cativos para os entregarem a Edom.

7 Por isso porei fogo ao muro de Gaza, que consumirá os seus palácios.

8 E exterminarei o morador de Asdode, e o que tem o cetro de Ascalom, e tornarei a minha mão contra Ecrom; e o restante dos filisteus perecerá, diz o Senhor Deus.

9 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Tiro, e por quatro, não afastarei o castigo, porque entregaram todos os cativos a Edom, e não se lembraram da aliança dos irmãos.

10

Por isso porei fogo ao muro de Tiro, que consumirá os seus palácios.

11 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Edom, e por quatro, não afastarei o castigo, porque perseguiu seu irmão à espada, e corrompeu as suas misericórdias; e a sua ira despedaça eternamente, e retém a sua indignação para sempre.

12 Por isso porei fogo a Temã, que consumirá os palácios de Bozra.

13 Assim diz o Senhor: Por três transgressões dos filhos de Amom, e por quatro, não afastarei o castigo, porque fenderam as grávidas de Gileade, para dilatarem os seus termos.

14 Por isso porei fogo ao muro de Rabá, que consumirá os seus palácios, com alarido no dia da batalha, com tempestade no dia da tormenta.

15 E o seu rei irá para o cativeiro, ele e os seus príncipes juntamente, diz o Senhor.

Capítulo 2

O Senhor derramará juízos sobre Moabe, Judá e Israel por causa de sua iniquidade.

1

Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Moabe, e por quatro, não afastarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom, até os tornar em cal.

2 Por isso porei fogo a Moabe, e consumirá os palácios de Queriote; e Moabe morrerá com grande estrondo, com alarido, com sonido de buzina.

3 E exterminarei o juiz do meio dele, e todos os seus príncipes com ele matarei, diz o Senhor.

4 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Judá, e por quatro, não afastarei o castigo, porque rejeitaram a lei do Senhor, e não guardaram os seus estatutos, e as suas mentiras os enganaram, após as quais andaram seus pais.

5 Por isso porei fogo a Judá, e consumirá os palácios de Jerusalém.

6 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não afastarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado, por um par de sapatos,

7 Suspirando pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres, e pervertem o caminho dos mansos; e o homem e seu pai achegam-se a uma mesma moça, para profanarem o meu santo nome.

8 E se deitam junto a qualquer altar sobre as roupas empenhadas, e bebem o vinho dos que foram multados na casa de seus deuses.

9 Não obstante eu ter destruído diante deles o amorreu, cuja altura foi como a altura dos cedros, e foi forte como os carvalhos; mas destruí o seu fruto por cima, e as suas raízes por baixo.

10

Também vos fiz subir da terra do Egito, e quarenta anos vos guiei no deserto, para que possuísseis a terra do amorreu.

11 E alguns dentre vossos filhos suscitei para profetas, e alguns dentre os vossos jovens, para nazireus. E não é isso assim, filhos de Israel? diz o Senhor.

12 Mas vós aos nazireus destes vinho para beber, e aos profetas mandastes, dizendo: Não profetizareis.

13 Eis que eu vos apertarei no vosso lugar como se aperta um carro cheio de feixes.

14 Assim, perecerá a fuga ao ligeiro; nem o forte corroborará a sua força, nem o valente livrará a sua vida.

15 E não ficará em pé o que leva o arco, nem o ligeiro de pés se livrará, nem tampouco o que vai montado a cavalo livrará a sua alma.

16 E o mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia, diz o Senhor.

Capítulo 3

O Senhor revela Seus segredos aos Seus servos, os profetas — Por Israel rejeitar os profetas e seguir o mal, a nação é dominada por um adversário.

1

Ouvi esta palavra que o Senhor fala contra vós, filhos de Israel, a saber, contra toda a geração que fiz subir da terra do Egito, dizendo:

2 De todas as gerações da terra só a vós vos conheci; portanto, vos castigarei por todas as vossas injustiças.

3 Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?

4 Bramará o leão no bosque, sem que ele tenha presa? levantará o leãozinho a sua voz da sua cova, se nada tiver apanhado?

5 Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? levantar-se-á o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa?

6 Tocar-se-á a buzina na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, o qual o Senhor não tenha feito?

7 Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.

8 Bramou o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?

9 Fazei ouvir isso nos palácios de Asdode, e nos palácios da terra do Egito, e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria, e vede os grandes alvoroços no meio dela, e os oprimidos dentro dela.

10

Porque não sabem fazer o que é reto, diz o Senhor, entesourando nos seus palácios a violência e a destruição.

11 Portanto, o Senhor Deus diz assim: O inimigo virá, e cercará a terra, derrubará de ti a tua fortaleza, e os teus palácios serão saqueados.

12 Assim diz o Senhor: Assim como o pastor livra da boca do leão as duas pernas, ou um pedacinho da orelha, assim serão livrados os filhos de Israel que habitam em Samaria, no canto da cama, e em Damasco, num leito.

13 Ouvi, e protestai na casa de Jacó, diz o Senhor Deus, o Deus dos Exércitos;

14 Naquele dia, em que eu castigar Israel pelas suas transgressões, também castigarei os altares de Betel; e os chifres do altar serão cortados, e cairão em terra.

15 E ferirei a casa de inverno com a casa de verão; e as casas de marfim perecerão, e as grandes casas terão fim, diz o Senhor.

Capítulo 4

O Senhor retém a chuva, envia fome e peste, e destrói vinhas e pomares como juízo sobre o Seu povo, mas eles não retornam ao Senhor.

1

Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, vós, que estais no monte de Samaria, vós, que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, vós, que dizeis a seus senhores: Dai cá, para que bebamos.

2 Jurou o Senhor Deus, pela sua santidade, que eis que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis, e a vossos descendentes, com anzóis de pesca.

3 E saireis pelas brechas, uma após outra, e lançareis fora o que levastes para o palácio, disse o Senhor.

4 Vinde a Betel, e transgredi; em Gilgal aumentai as transgressões, e de manhã trazei os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos ao terceiro dia.

5 E queimai o sacrifício de louvores do pão levedado, e apregoai os sacrifícios voluntários, fazei-o ouvir; porque assim o quereis, ó filhos de Israel, disse o Senhor Deus.

6 Por isso também vos dei dentes limpos em todas as vossas cidades, e falta de pão em todos os vossos lugares; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

7 Além disso, retive de vós a chuva, faltando ainda três meses até a ceifa; e fiz chover sobre uma cidade, e sobre outra cidade não fiz chover; sobre um campo choveu, mas o outro, sobre o qual não choveu, secou.

8 E andaram errantes duas ou três cidades indo a outra cidade, para beberem água, mas não se saciaram; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

9 Feri-vos com queimadura, e com ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras a locusta comeu; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

10

Enviei a peste contra vós, à maneira do Egito; os vossos jovens matei à espada, e os vossos cavalos deixei levar presos, e o fedor dos vossos exércitos fiz subir às vossas narinas; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

11 Subverti alguns dentre vós, como Deus subverteu Sodoma e Gomorra, sendo vós como um tição arrebatado do incêndio; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

12 Portanto, assim te farei, ó Israel! Porquanto isto te farei, prepara-te, ó Israel, para encontrares o teu Deus.

13 Porque eis que aquele que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa os altos da terra, o Senhor Deus dos Exércitos é o seu nome.

Capítulo 5

Os filhos de Israel são exortados a buscar ao Senhor e a fazer o bem, para que possam viver — Seus sacrifícios aos deuses falsos são abomináveis.

1

Ouvi esta palavra, que levanto sobre vós como lamentação, ó casa de Israel.

2 A virgem de Israel caiu, nunca mais tornará a levantar-se; desamparada está na sua terra, não quem a levante.

3 Porque assim diz o Senhor Deus: A cidade da qual saem mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez à casa de Israel.

4 Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei.

5 Porém não busqueis Betel, nem venhais a Gilgal, nem passeis a Berseba, porque Gilgal certamente será levado cativo, e Betel será desfeito em nada.

6 Buscai ao Senhor, e vivei, para que não acometa a casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague.

7 Vós que perverteis o juízo em absinto, e deitais por terra a justiça,

8 Buscai o que faz o Sete-Estrelo, e o Órion, e torna a sombra da noite em manhã, e escurece o dia como a noite, que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra, o Senhor é o seu nome.

9 O que promove súbita destruição contra o forte, de modo que venha a assolação contra a fortaleza.

10

Na porta odeiam o que os repreende, e abominam o que fala sinceramente.

11 Portanto, visto que pisais o pobre, e dele tomais um tributo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.

12 Porque sei que são muitas as vossas transgressões, e graves, os vossos pecados; afligem o justo, tomam resgate, e rejeitam os necessitados na porta.

13 Portanto, o prudente naquele tempo se calará, porque o tempo será mau.

14 Buscai o bem, e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis.

15 Odiai o mal, e amai o bem, e estabelecei o juízo na porta; porventura o Senhor, o Deus dos Exércitos, terá piedade do remanescente de José.

16 Portanto, assim diz o Senhor Deus dos Exércitos, o Senhor: Em todas as ruas haverá pranto, e em todas as estradas dirão: Ai! ai! E o lavrador chamarão para o choro, e para o pranto os que souberem prantear.

17 E em todas as vinhas haverá pranto; porque passarei pelo meio de ti, diz o Senhor.

18 Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que, pois, vos será este dia do Senhor? Trevas será e não luz.

19 Como o que foge de diante do leão, e se encontra com ele o urso; ou como se entrasse numa casa, e a sua mão encostasse à parede, e fosse mordido por uma cobra.

20

Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz? E escuridão, sem que haja resplendor?

21 Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me darão bom cheiro.

22 Porque ainda que me ofereceis holocaustos, como também as vossas ofertas de manjares, não me agrado delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos.

23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.

24 Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça, como o ribeiro impetuoso.

25 Haveis-me porventura oferecido sacrifícios e ofertas no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?

26 Antes levastes a tenda de vosso Moloque, e a estátua das vossas imagens, a estrela do vosso deus, que fizestes para vós mesmos.

27 Portanto, vos levarei cativos, para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos Exércitos.

Capítulo 6

Ai dos que vivem sossegados em Sião — Israel será atormentada com desolação.

1

Ai dos sossegados em Sião, e dos seguros no monte de Samaria, que têm nome entre as primeiras das nações, e aos quais se foi a casa de Israel!

2 Passai a Calne, e vede; e dali ide à grande Hamate; e descei a Gate dos filisteus; são melhores que estes reinos? ou maior o seu termo do que o vosso termo?

3 Vós que afastais o dia mau, e fazeis chegar o assento de violência;

4 Os que dormem em camas de marfim, e se estendem sobre os seus leitos, e comem os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio da manada;

5 Que cantam ao som do alaúde, e inventam para si instrumentos musicais, assim como Davi;

6 Que bebem vinho em taças, e se ungem com o mais excelente óleo, mas não se afligem pela ruína de José;

7 Portanto, agora irão em cativeiro entre os primeiros dos que forem em cativeiro, e cessarão as orgias dos banqueteadores.

8 Jurou o Senhor Deus pela sua alma (diz o Senhor Deus dos Exércitos): Abomino a soberba de Jacó, e odeio os seus palácios; e entregarei a cidade e a sua plenitude.

9 E acontecerá que, restando dez homens numa casa, morrerão.

10

E o tio de alguém, aquele que o queima, o tomará para levar os ossos para fora da casa; e dirá ao que estiver nos cantos da casa: Está ainda alguém contigo? E ele dirá: Ninguém. E dirá este: Cala-te, porque não convém fazer menção do nome do Senhor.

11 Porque, eis que o Senhor dá ordem, e ferirá a casa grande de quebraduras, e a casa pequena, de fendas.

12 Porventura correrão cavalos na rocha? arar-se-á nela com bois? Porque vós tornastes o juízo em fel, e o fruto da justiça em absinto.

13 Vós que vos alegrais de nada, vós que dizeis: Não nos temos nós tornado poderosos por nossa força?

14 Porque, eis que eu levantarei sobre vós, ó casa de Israel, um povo, diz o Senhor Deus dos Exércitos, e oprimir-vos-ão, desde a entrada de Hamate até o ribeiro do deserto.

Capítulo 7

Amós relata como ele foi chamado por Deus para ser profeta — Ele profetiza o cativeiro de Israel.

1

O Senhor Deus assim me fez ver, e eis que formava gafanhotos no princípio do rebento da erva serôdia, e eis que havia a erva serôdia depois da ceifa do rei.

2 E aconteceu que, como eles de todo tivessem comido a erva da terra, eu disse: Senhor Deus, ora, perdoa; como se levantará Jacó? porque é pequeno.

3 Então o Senhor se arrependeu disso. Isso não acontecerá, disse o Senhor.

4 Assim me mostrou o Senhor Deus, e eis que o Senhor Deus chamava para contender por fogo; este consumiu o grande abismo, e também consumiu uma parte da terra.

5 Então eu disse: Senhor Deus, cessa agora; como se levantará Jacó? porque é pequeno.

6 E o Senhor se arrependeu disso. Nem isso acontecerá, disse o Senhor Deus.

7 Mostrou-me também assim; e eis que o Senhor estava sobre um muro, feito a prumo; e tinha um prumo na sua mão.

8 E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel, e daqui por diante nunca mais passarei por ele.

9 Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos, os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.

10

Então Amazias, o sacerdote em Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós conspirou contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá suportar todas as suas palavras.

11 Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora da sua terra em cativeiro.

12 Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza;

13 Mas em Betel daqui por diante não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e a casa do reino.

14 E respondeu Amós, e disse a Amazias: Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e colhia figos bravos.

15 Porém o Senhor me tomou de detrás do gado, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel.

16 Ora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizarás contra Israel, nem derramarás as tuas palavras contra a casa de Isaque.

17 Portanto, assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra.

Capítulo 8

Amós profetiza a queda de Israel — Haverá fome de ouvir a palavra do Senhor.

1

O Senhor Deus assim me mostrou; e eis aqui um cesto de frutos do verão.

2 E disse: Que vês, Amós? E eu disse: Um cesto de frutos do verão. Então o Senhor me disse: Chegou o fim sobre o meu povo Israel; daqui por diante nunca mais passarei por ele.

3 Mas os cânticos do templo serão ouvidos naquele dia, diz o Senhor Deus; multiplicar-se-ão os cadáveres; em todos os lugares, serão lançados fora. Silêncio!

4 Ouvi isto, vós que ansiais pelo abatimento do necessitado; e isso para destruirdes os miseráveis da terra,

5 Dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? e o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e falsificando as balanças enganosas;

6 Para comprarmos os pobres por dinheiro, e os necessitados, por um par de sapatos, e então vendermos as cascas do trigo?

7 Jurou o Senhor pela glória de Jacó: Eu não me esquecerei de todas as suas obras para sempre.

8 Por causa disso não se comoveria a terra, e não choraria todo aquele que habita nela? Certamente levantar-se-á toda como um rio, e transbordará, e baixará como o rio do Egito.

9 E sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se ponha ao meio dia, e a terra se entenebreça no dia claro.

10

E tornarei as vossas festas em luto, e todos os vossos cânticos, em lamentações; e farei pôr panos de saco sobre todos os lombos, e calva, sobre toda cabeça; e farei que isso seja como luto do filho único, e o seu fim, como dia de amarguras.

11 Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor.

12 E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até o oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.

13 Naquele dia as virgens formosas e os jovens desmaiarão de sede.

14 Os que juram pelo delito de Samaria, e dizem: Vive o teu deus, ó Dã; e: Vive o caminho de Berseba; esses mesmos cairão, e não se levantarão mais.

Capítulo 9

Israel será peneirada entre todas as nações — Nos últimos dias, o povo de Israel será reunido novamente em sua própria terra, e ela se tornará produtiva.

1

Vi o Senhor, que estava em pé sobre o altar, e me disse: Fere o capitel, e estremeçam os umbrais, e corta-lhes em pedaços a cabeça a todos eles; e eu matarei à espada até o último deles; o que fugir dentre eles não escapará, nem o que escapar dentre eles se salvará.

2 Ainda que cavem até o inferno, a minha mão os tirará dali, e se subirem ao céu, dali os farei descer.

3 E se eles se esconderem no cume do Carmelo, buscá-los-ei, e dali os tirarei; e se eles se ocultarem aos meus olhos no fundo do mar, ali darei ordem à serpente, e ela os morderá.

4 E se forem em cativeiro diante de seus inimigos, ali darei ordem à espada que os mate; e eu porei o meu olho sobre eles para o mal, e não para o bem.

5 Porque o Senhor Deus dos Exércitos é o que toca a terra, e ela se derreterá, e todos os que habitam nela chorarão; e ela subirá toda como um rio, e submergirá como o rio do Egito.

6 Ele é o que edifica as suas câmaras superiores no céu, e o seu firmamento fundou sobre a terra, e o que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra; o Senhor é o seu nome.

7 Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? diz o Senhor. Não fiz eu subir Israel da terra do Egito, e os filisteus, de Caftor, e os sírios, de Quir?

8 Eis que os olhos do Senhor Deus estão contra este reino pecador, e eu o destruirei de sobre a face da terra, exceto que não destruirei de todo a casa de Jacó, diz o Senhor.

9 Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode grão na peneira, sem que caia na terra um só grão.

10

Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os que dizem: Não se avizinhará nem nos encontrará o mal.

11 Naquele dia tornarei a levantar a caída tenda de Davi, e cercarei as suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e a edificarei como nos dias da antiguidade;

12 Para que possuam o restante de Edom, e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o Senhor, que faz isso.

13 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que o que lavra alcançará ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que semeia a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.

14 E farei retornar os cativos do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão jardins, e lhes comerão o fruto.

15 E os plantarei na sua terra, e não mais serão arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus.

Obadias

Capítulo 1

Obadias profetiza a queda de Edom — Haverá salvadores sobre o Monte Sião.

1

Visão de Obadias: Assim diz o Senhor Deus a Edom: Ouvimos a pregação do Senhor, e foi enviado entre as nações um embaixador; levantai-vos, e levantemo-nos contra ela para a guerra.

2 Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és muito desprezado.

3 A soberba do teu coração te enganou, como o que habita nas fendas das rochas, na sua alta morada, que diz no seu coração: Quem me derrubará em terra?

4 Se te elevares como águia, e puseres o teu ninho entre as estrelas, dali te derrubarei, diz o Senhor.

5 Se viessem a ti ladrões, ou roubadores de noite (como estás destruído!), porventura não furtariam o que lhes bastasse? se a ti viessem os vindimadores, porventura não deixariam respigo?

6 Como foram esquadrinhadas as coisas de Esaú! como foram investigados os seus esconderijos!

7 Todos os teus confederados te levaram para fora até os limites; os que gozam da tua paz te enganaram, prevaleceram contra ti; os que comem o teu pão puseram debaixo de ti uma armadilha; não nele entendimento.

8 Porventura não acontecerá naquele dia, diz o Senhor, que farei perecer os sábios de Edom, e o entendimento, da montanha de Esaú?

9 E os teus valentes, ó Temã, estarão atemorizados, para que da montanha de Esaú seja cada um exterminado pela matança.

10

Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a vergonha, e serás exterminado para sempre.

11 No dia em que o confrontaste, no dia em que os forasteiros levavam cativo o seu exército, e os estranhos entravam pelas suas portas, e lançavam sortes sobre Jerusalém, tu eras também como um deles.

12 Então tu não devias ver satisfeito o dia de teu irmão, no dia do seu desterro; nem alegrar-te sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem falar arrogantemente, no dia da angústia;

13 Nem entrar pela porta do meu povo, no dia da sua calamidade; nem tampouco devias ver satisfeito o seu mal, no dia da sua calamidade; nem pôr as mãos nos seus bens, no dia da sua calamidade;

14 Nem parar nas encruzilhadas, para lhe exterminares os que escapassem; nem entregar os que lhe restassem, no dia da angústia.

15 Porque o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa retornará sobre a tua cabeça.

16 Porque, como vós bebestes no monte da minha santidade, beberão também continuamente todas as nações; beberão, e engulirão, e serão como se nunca tivessem existido.

17 Porém no monte Sião haverá livramento; e ele será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.

18 E a casa de Jacó será fogo, e a casa de José chama, e a casa de Esaú, palha; e se acenderão contra eles, e os consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o Senhor o falou.

19 E os do sul possuirão a montanha de Esaú, e os das planícies, os filisteus; possuirão também os campos de Efraim, e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá Gileade.

20

E os cativos deste exército, dos filhos de Israel, possuirão o que era dos cananeus, até Sarepta; e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do sul.

21 E levantar-se-ão salvadores no monte Sião, para julgarem a montanha de Esaú; e o reino será do Senhor.

Jonas

Capítulo 1

Jonas é enviado a Nínive para chamar o povo ao arrependimento — Ele foge em um navio, é lançado ao mar e é engolido por um grande peixe.

1

E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo:

2 Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua maldade subiu até mim.

3 E Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor para Társis, e desceu a Jope, e achou um navio que ia para Társis, e pagou a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da face do Senhor.

4 Mas o Senhor lançou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava para quebrar-se.

5 Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, e lançavam no mar a carga que estava no navio, para o aliviarem do seu peso; porém Jonas desceu aos lados do porão, e se deitou, e dormia um profundo sono.

6 E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, ó tu que dormes? Levanta-te, clama ao teu Deus; porventura Deus se lembrará de nós para que não pereçamos.

7 E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.

8 Então lhe disseram: Declara-nos tu agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu?

9 E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.

10

Então esses homens tremeram com grande temor, e lhe disseram: Por que fizeste tu isso? Pois sabiam os homens que fugia de diante do Senhor, porque ele lho tinha declarado.

11 E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar se nos aquiete? Porque o mar se ia tornando cada vez mais tempestuoso.

12 E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa é que vos sobreveio esta grande tempestade.

13 Mas os homens remavam, para tornar a levar o navio para terra, mas não podiam; porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra eles.

14 Então clamaram ao Senhor, e disseram: Ah, Senhor! Não pereçamos por causa da alma deste homem, e não ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, Senhor, fizeste como quiseste.

15 E levantaram Jonas, e o lançaram ao mar, e cessou o mar da sua fúria.

16 Temeram, pois, estes homens ao Senhor com grande temor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeram votos.

17 Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que tragasse Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe.

Capítulo 2

Jonas ora ao Senhor, e o peixe o vomita em terra seca.

1

E orou Jonas ao Senhor seu Deus, das entranhas do peixe.

2 E disse: Da minha angústia clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.

3 Porque tu me lançaste nas profundezas, no coração dos mares, e a correnteza me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim.

4 E eu dizia: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia tornarei a ver o templo da tua santidade.

5 As águas me cercaram até a alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolavam à minha cabeça.

6 Eu desci até os fundamentos dos montes; os ferrolhos da terra me encerrariam para sempre; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor meu Deus.

7 Desfalecendo em mim a minha alma, me lembrei do Senhor; e chegou a ti a minha oração, no templo da tua santidade.

8 Os que observam vaidades enganosas abandonam a sua própria misericórdia.

9 Mas eu sacrificarei a ti com a voz do agradecimento; o que prometi pagarei; do Senhor vem a salvação.

10

Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitou Jonas na terra.

Capítulo 3

Jonas profetiza a queda de Nínive — O povo se arrepende, e a cidade é salva.

1

E veio a palavra do Senhor pela segunda vez a Jonas, dizendo:

2 Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e proclama contra ela a pregação que eu te digo.

3 E levantou-se Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor. Era, pois, Nínive uma grande cidade diante de Deus, de três dias de caminho.

4 E começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.

5 E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.

6 Porque essa palavra chegou ao rei de Nínive, e levantou-se do seu trono, e tirou de si a sua capa, e cobriu-se de panos de saco, e assentou-se sobre a cinza.

7 E fez apregoar, e falou-se em Nínive, pelo mandado do rei e dos seus nobres, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê pasto, nem bebam água.

8 Mas os homens e os animais estarão cobertos de panos de saco, e clamarão fortemente a Deus, e se converterão cada um do seu mau caminho, e da violência que nas suas mãos.

9 Quem sabe se Deus se voltará, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?

10

E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez.

Capítulo 4

Jonas fica descontente com o Senhor por Sua misericórdia para com o povo — O Senhor o repreende.

1

E desagradou-se Jonas extremamente disso, e ficou irado.

2 E orou ao Senhor, e disse: Ah, Senhor! Não foi essa a minha palavra, estando eu ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus piedoso, e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.

3 Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a minha vida, porque melhor me é morrer do que viver.

4 E disse o Senhor: Fazes bem que assim te ires?

5 Jonas, pois, saiu da cidade, e assentou-se ao oriente da cidade; e ali fez uma cabana, e se assentou debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade.

6 E preparou o Senhor Deus uma aboboreira, e a fez subir por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto; e Jonas se alegrou grandemente por causa da aboboreira.

7 Mas Deus enviou um bicho, no dia seguinte ao subir da alva, e feriu a aboboreira, e ela secou.

8 E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus ordenou um vento quente oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver.

9 Então disse Deus a Jonas: Fazes bem que assim te ires por causa da aboboreira? E ele disse: Faço bem em irar-me até a morte.

10

E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu;

11 E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e muitos animais?

Miqueias

Capítulo 1

Miqueias profetiza a queda de Samaria e de Jerusalém.

1

Palavra do Senhor, que veio a Miqueias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, a qual ele viu sobre Samaria e Jerusalém.

2 Ouvi, todos os povos, atenta tu, ó terra, e a plenitude dela, e seja o Senhor Deus testemunha contra vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade.

3 Porque eis que o Senhor está para sair do seu lugar, e descerá, e pisará as alturas da terra.

4 E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales se fenderão, como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo.

5 Tudo isso por causa da transgressão de Jacó, e dos pecados da casa de Israel. Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais são os altos de Judá? Não é Jerusalém?

6 Por isso farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas, e farei rolar as suas pedras no vale, e descobrirei os seus fundamentos.

7 E todas as suas imagens de escultura serão esmiuçadas, e todos os seus salários serão queimados pelo fogo, e de todos os seus ídolos eu farei uma assolação; porque da paga de prostitutas os ajuntou, e para a paga de prostitutas voltarão.

8 Por isso lamentarei, e uivarei, andarei despojado e nu; farei lamentação como de chacais, e pranto, como de avestruzes.

9 Porque a sua chaga é incurável, porque chegou até Judá; estendeu-se até a porta do meu povo, até Jerusalém.

10

Não o anuncieis em Gate, nem choreis muito; revolve-te no pó, na casa de Afra.

11 Passa, ó moradora de Safir, com nudez vergonhosa; a moradora de Zaanã não sai para fora; o pranto de Bete-Ezel tirará de vós a sua posição.

12 Porque a moradora de Marote ansiou intensamente pelo bem; porque desceu do Senhor o mal até a porta de Jerusalém.

13 Ata os animais ligeiros ao carro, ó moradora de Laquis (esta é o princípio do pecado para a filha de Sião), porque em ti se acharam as transgressões de Israel.

14 Por isso dá presentes a Moresete-Gate; as casas de Aczibe serão casas de mentira para os reis de Israel.

15 Ainda te trarei um herdeiro, ó moradora de Maressa; chegar-se-á até Adulão, para glória de Israel.

16 Faze-te calva, e tosquia-te, por causa dos filhos dos teus deleites; alarga a tua calva como a águia, porque de ti foram levados cativos.

Capítulo 2

Lamenta-se a destruição de Israel — O Senhor vai congregar o remanescente de Israel.

1

Ai daqueles que nas suas camas intentam a iniquidade, e planejam o mal; à luz da alva o põem em obra, porque está no poder da sua mão!

2 E cobiçam campos, e os arrebatam; e casas, e as tomam; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança.

3 Portanto, assim diz o Senhor: Eis que intento um mal contra esta família, de onde não tirareis o vosso pescoço, nem andareis tão altivos, porque o tempo será mau.

4 Naquele dia se levantará um provérbio sobre vós, e se pranteará pranto lastimoso, dizendo: Nós estamos inteiramente desolados! a porção do meu povo ele a troca! como ele me despoja! para nos tirar os nossos campos ele os reparte!

5 Portanto, não terás tu na congregação do Senhor quem lance o cordel pela sorte.

6 Não profetizeis, os que profetizam, não profetizem deste modo, porque não se apartará a vergonha.

7 Ó vós que sois chamados a casa de Jacó, porventura se tem restringido o Espírito do Senhor? são estas as suas obras? e não fazem bem as minhas palavras ao que anda retamente?

8 Mas assim como fora ontem, se levantou o meu povo por inimigo; de sobre a vestidura tirastes a capa daqueles que passavam seguros, como os que voltavam da guerra.

9 Lançais fora as mulheres do meu povo, do seu lar querido; das suas crianças tirastes o meu louvor para sempre.

10

Levantai-vos, pois, e andai, porque não será esta terra o descanso; porquanto está contaminada, vos corromperá, e isso com grande corrupção.

11 Se houver alguém que siga o seu espírito de falsidade, e minta, dizendo: Eu te profetizarei de vinho e de bebida forte; far-se-á, então, este tal o profeta deste povo.

12 Certamente te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente congregarei o restante de Israel; pô-lo-ei todo junto, como ovelhas de Bozra; como o rebanho no meio do seu curral, farão estrondo por causa da multidão dos homens.

13 Subirá diante deles o que romperá o caminho; eles romperão, e entrarão pela porta, e sairão por ela; e o rei irá adiante deles, e o Senhor à testa deles.

Capítulo 3

Os sacerdotes que ensinam por interesse e os profetas que adivinham por dinheiro trazem uma maldição sobre o povo.

1

Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel: Porventura não é a vós que pertence saber o direito?

2 A vós que odiais o bem, e amais o mal, que lhes arrancais a pele de cima deles, e a sua carne, de cima dos seus ossos,

3 E que comeis a carne do meu povo, e lhes esfolais a sua pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne no meio do caldeirão.

4 Então clamarão ao Senhor, mas não os ouvirá, antes esconderá deles a sua face naquele tempo, visto que eles fizeram o mal com as suas obras.

5 Assim diz o Senhor contra os profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca declaram guerra.

6 Portanto, se vos fará noite sem profecia, e vos serão trevas sem adivinhação, e se porá o sol sobre esses profetas, e o dia sobre eles se enegrecerá.

7 E os videntes se envergonharão, e os adivinhos serão humilhados; e todos juntos cobrirão os lábios, porque não haverá resposta de Deus.

8 Mas decerto eu estou cheio da força do Espírito do Senhor, e cheio de juízo e ânimo, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado.

9 Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito,

10

Edificando Sião com sangue, e Jerusalém, com injustiça.

11 Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Porventura não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.

12 Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, em altos de um bosque.

Capítulo 4

Nos últimos dias, o templo será construído, Israel se reunirá nele, terá início a era milenar e o Senhor reinará em Sião.

1

Mas nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e concorrerão a ele os povos.

2 E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e nós andemos pelas suas veredas; porque a lei sairá de Sião, e a palavra do Senhor, de Jerusalém.

3 E julgará entre muitos povos, e castigará nações poderosas e longínquas, e converterão as suas espadas em enxadas, e as suas lanças, em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.

4 Mas assentar-se-ão, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o falou.

5 Porque todos os povos andarão, cada um no nome do seu deus; mas nós andaremos no nome do Senhor nosso Deus, eternamente e para sempre.

6 Naquele dia, diz o Senhor, congregarei a que coxeava, e recolherei a que eu tinha expulsado, e a que eu tinha maltratado.

7 E da que coxeava farei um remanescente, e da que fora desterrada para longe, uma nação poderosa; e o Senhor reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e para sempre.

8 E tu, ó torre do rebanho, monte da filha de Sião, até a ti virá; certamente virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém.

9 Ora, por que farias tão grande pranto? não em ti rei? pereceu o teu conselheiro? apoderou-se de ti dor, como da que está de parto?

10

Sofre dores, e trabalhos, para dar à luz, ó filha de Sião, como a que está de parto, porque agora sairás da cidade, e morarás no campo, e irás até Babilônia; ali, porém, serás livrada; ali te remirá o Senhor da mão de teus inimigos.

11 Agora se congregaram muitas nações contra ti, que dizem: Seja profanada, e os nossos olhos verão seus desejos sobre Sião.

12 Mas não sabem os pensamentos do Senhor, nem entendem o seu conselho; porque as ajuntou como feixes à eira.

13 Levanta-te, e trilha, ó filha de Sião; porque eu farei de ferro o teu chifre, e de bronze, os teus cascos; e esmiuçarás muitos povos, e o seu ganho consagrarei ao Senhor, e os seus bens ao Senhor de toda a terra.

Capítulo 5

O Messias nascerá em Belém — Nos últimos dias, o remanescente de Jacó triunfará gloriosamente sobre os gentios.

1

Agora ajunta-te em tropas, ó filha de tropas; pôr-se-á cerco sobre nós; ferirão com a vara o queixo do juiz de Israel.

2 E tu, Belém Efrata, ainda que sejas pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que será governante em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.

3 Portanto, os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o restante de seus irmãos voltará com os filhos de Israel.

4 E ele estará em pé, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora será ele engrandecido até os confins da terra.

5 E este será a paz; quando a Assíria vier à nossa terra, e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ele sete pastores e oito príncipes dentre os homens.

6 Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim nos livrará da Assíria, quando vier à nossa terra, e quando pisar os nossos termos.

7 E estará o remanescente de Jacó no meio de muitos povos, como orvalho do Senhor, como uns chuviscos sobre a terra, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens.

8 E o remanescente de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leãozinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre.

9 A tua mão se exaltará sobre os seus adversários; e todos os teus inimigos serão exterminados.

10

E sucederá naquele dia, diz o Senhor, que eu exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei os teus carros;

11 E destruirei as cidades da tua terra, e derrubarei todas as tuas fortalezas;

12 E exterminarei as feitiçarias da tua mão; e não terás agoureiros;

13 E exterminarei do meio de ti as tuas imagens de escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos.

14 E arrancarei os teus postes-ídolos do meio de ti; e destruirei as tuas cidades.

15 E com ira e com furor farei vingança contra as nações que não ouvem.

Capítulo 6

Apesar de toda a Sua bondade para com eles, o povo não serviu ao Senhor em espírito e em verdade — Eles devem agir com retidão, amar a misericórdia e andar humildemente diante Dele.

1

Ouvi agora o que diz o Senhor: Levanta-te, contende com os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.

2 Ouvi montes, a contenda do Senhor, e vós, fortes fundamentos da terra; porque o Senhor tem uma contenda com o seu povo, e com Israel entrará em juízo.

3 Ó povo meu, que te tenho feito? e com que te enfadei? Testifica contra mim.

4 Certamente te fiz subir da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Aarão e Miriã.

5 Povo meu, lembra-te agora do que consultou Balaque, rei de Moabe, e o que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, desde Sitim até Gilgal; para que conheças as justiças do Senhor.

6 Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclinarei ao Deus altíssimo? apresentar-me-ei com holocaustos? com bezerros de um ano?

7 Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros? de dez mil ribeiros de azeite? darei o meu primogênito pela minha transgressão? o fruto do meu ventre, pelo pecado da minha alma?

8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benevolência, e andes humildemente com o teu Deus?

9 A voz do Senhor clama à cidade (porque o que é sábio temerá o teu nome). Ouvi a vara, e quem a ordenou.

10

Ainda há na casa do ímpio tesouros da impiedade, e efa pequeno, que é detestável?

11 Seria eu limpo com balanças falsas, e com uma bolsa de pesos enganosos?

12 Porque os seus ricos estão cheios de violência, e os seus habitantes falam mentiras; e a sua língua é enganosa na sua boca.

13 Assim, eu também te enfraquecerei, ferindo-te e assolando-te por causa dos teus pecados.

14 Tu comerás, mas não te fartarás; e a tua humilhação estará no meio de ti; e tu removerás, mas não livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada.

15 Tu semearás, mas não ceifarás; pisarás a azeitona, mas não te ungirás com azeite, e o mosto, mas não beberás vinho.

16 Porque se guardaram os estatutos de Onri, e toda a obra da casa de Acabe, e vós andais nos conselhos deles; para que eu te faça uma desolação, e dos seus habitantes, um assobio; assim trareis sobre vós o opróbrio do meu povo.

Capítulo 7

Embora o povo de Israel tenha se rebelado, nos últimos dias o Senhor terá misericórdia deles — Ele terá compaixão e perdoará as suas iniquidades.

1

Ai de mim! Porque estou feito como quando se tem colhido as frutas do verão, como os respigos da vindima; não cacho de uvas para comer; a minha alma desejou figos temporãos.

2 pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos armam ciladas para sangue; caça cada um seu irmão com rede,

3 Para com ambas as mãos fazerem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, e o juiz julga pela recompensa, e o grande fala da corrupção da sua alma, e todos tramam em conjunto.

4 O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que o espinhal; veio o dia dos teus vigias, veio o teu castigo; agora será a sua confusão.

5 Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio guarda as portas da tua boca.

6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa.

7 Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.

8 Ó inimiga minha, não te alegres de mim; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se eu morar nas trevas, o Senhor será a minha luz.

9 Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que pleiteie a minha causa, e execute o meu direito; ele tirar-me-á para a luz, verei satisfeito a sua justiça.

10

E a minha inimiga o verá, e cobri-la-á a vergonha; e aquela que me diz: Onde está o Senhor teu Deus? Os meus olhos a verão satisfeitos; agora será ela pisada como a lama das ruas.

11 No dia em que forem reedificados os teus muros, nesse dia longe estará ainda o estatuto.

12 Naquele dia virá até ti, desde a Assíria até as cidades fortificadas, e das fortalezas até o rio, e do mar até o mar, e da montanha até a montanha.

13 Porém esta terra será posta em desolação por causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas obras.

14 Apascenta o teu povo com a tua vara, o rebanho da tua herança, que mora solitário no bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias da antiguidade.

15 Eu lhes mostrarei maravilhas, como nos dias da tua subida da terra do Egito.

16 As nações o verão, e envergonhar-se-ão, por causa de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os seus ouvidos ficarão surdos.

17 Lamberão o pó como serpentes, como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos; com pavor virão ao Senhor nosso Deus, e terão medo de ti.

18 Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniquidade, e que passa por cima da transgressão do restante da sua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade.

19 Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniquidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar.

20

Darás a Jacó a fidelidade, e a Abraão, a benignidade, que juraste a nossos pais desde os dias antigos.

Naum

Capítulo 1

Naum fala da queima da Terra na Segunda Vinda e da misericórdia e do poder do Senhor.

1

Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita.

2 O Senhor é Deus zeloso e que toma vingança; o Senhor toma vingança e tem furor; o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos.

3 O Senhor é tardio em irar-se, porém grande em força, e ao culpado não tem por inocente; o Senhor, cujo caminho é na tormenta, e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.

4 Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e Carmelo, e a flor do Líbano murcha.

5 Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se agita na sua presença, e o mundo, e todos os que nele habitam.

6 Quem parará diante do seu furor? e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas.

7 O Senhor é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele.

8 E com uma inundação transbordante acabará de uma vez com o seu lugar; e as trevas perseguirão os seus inimigos.

9 Que pensais vós contra o Senhor? Ele mesmo vos consumirá de todo; não se levantará uma segunda vez a angústia.

10

Porque eles se entrelaçam como os espinhos, e se embebedam como bêbados; serão inteiramente consumidos como palha seca.

11 De ti saiu um que pensou mal contra o Senhor, um conselheiro ímpio.

12 Assim diz o Senhor: Por mais seguros que estejam, e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão tosquiados, e ele passará; eu te afligi, porém não te afligirei mais.

13 Mas agora quebrarei o seu jugo de sobre ti, e romperei os teus laços.

14 Porém contra ti o Senhor deu ordem, para que não haja mais semente do teu nome; da casa do teu deus exterminarei as imagens de escultura e de fundição; ali te farei o teu sepulcro, porque és vil.

15 Eis sobre os montes os pés do que traz as boas novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado.

Capítulo 2

Nínive será destruída, como símbolo do que acontecerá nos últimos dias.

1

O destruidor subiu contra ti; guarda tu a fortaleza, observa o caminho, fortifica os lombos, reforça muito o poder.

2 Porque o Senhor tornará a excelência de Jacó como a excelência de Israel; porque os despojadores os despojaram, e arruinaram os seus sarmentos.

3 Os escudos dos seus valentes serão tintos de vermelho, os homens valorosos andarão vestidos de escarlate, os carros correrão como fogo de tochas no dia do seu aparelhamento, e as lanças serão brandidas.

4 Os carros correrão furiosamente nas ruas, vaguearão pelas praças; a sua aparência é como a de tochas, correrão como relâmpagos.

5 Ele se lembrará dos seus valentes, eles porém tropeçarão na sua marcha; apressar-se-ão para o seu muro, quando a defesa for preparada.

6 As portas do rio se abrirão, e o palácio se derreterá.

7 Pois determinado está; ela será levada cativa, será levada para cima, e as suas servas a acompanharão, gemendo como pombas, batendo no peito.

8 Nínive desde que existe tem sido como um tanque de águas, porém elas agora fogem. Parai, parai, clamar-se-á; mas ninguém olhará para trás.

9 Saqueai a prata, saqueai o ouro, porque não têm fim as provisões, abastança há de todo gênero de objetos desejáveis.

10

Vazia, e despojada, e esgotada está, e desfaleceu o seu coração, e tremem os joelhos, e em todos os lombos há dor, e o rosto de todos eles empalidece.

11 Onde estão agora o covil dos leões e as pastagens dos leõezinhos, onde passeava o leão velho, e o filhote do leão, sem haver ninguém que os espantasse?

12 O leão arrebatava o que bastava para os seus filhotes, e estrangulava a presa para as suas leoas, e enchia de presas as suas cavernas, e de rapina, os seus covis.

13 Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leõezinhos, e arrancarei da terra a tua presa, e não se ouvirá mais a voz dos teus embaixadores.

Capítulo 3

A trágica queda de Nínive é predita.

1

Ai da cidade ensanguentada, que está toda cheia de mentiras e de rapina! Não se aparta dela o roubo.

2 Estrépito de açoite há, e o estrondo do ruído das rodas; e os cavalos atropelam, e carros vão saltando.

3 O cavaleiro levanta assim a espada flamejante, e a lança relampejante, e ali haverá uma multidão de mortos, e abundância de cadáveres, e não terão fim os defuntos; tropeçarão nos seus corpos;

4 Por causa da multidão das prostituições da meretriz muito graciosa, da mestra das feitiçarias, que vendeu os povos com as suas prostituições, e as famílias, com as suas feitiçarias.

5 Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos, e levantarei a tua saia sobre a tua face, e às nações mostrarei a tua nudez, e aos reinos, a tua vergonha.

6 E lançarei sobe ti coisas abomináveis, e te envergonharei, e por-te-ei como espetáculo.

7 E há de ser que todos os que te virem fugirão de ti, e dirão: Nínive está destruída, quem terá compaixão dela? donde te buscarei consoladores?

8 És tu melhor do que Nô-Amom, que está assentada nos rios, cercada de águas, que tinha por esplanada o mar, cuja muralha é o mar?

9 Etiópia e Egito eram a sua força, e ela não tinha fim; Pute e Líbia foram o teu socorro.

10

Todavia foi levada cativa para o desterro; também os seus filhos foram despedaçados no topo de todas as ruas, e sobre os seus honrados lançaram sortes, e todos os seus nobres foram presos com grilhões.

11 Tu também serás embriagada, e te esconderás; também buscarás força por causa do inimigo.

12 Todas as tuas fortalezas serão como figueiras com figos temporãos; se as sacodem, eles caem na boca do que os há de comer.

13 Eis que o teu povo no meio de ti será como mulheres; as portas da tua terra estarão de todo abertas aos teus inimigos; o fogo consumirá os teus ferrolhos.

14 Tira águas para o cerco, fortifica as tuas fortalezas, entra no lodo, e pisa o barro, pega a forma para tijolos.

15 O fogo ali te consumirá, a espada te exterminará, te consumirá, como a locusta; multiplica-te como a locusta, multiplica-te como os gafanhotos.

16 Multiplicaste os teus negociantes mais do que as estrelas do céu; a locusta se espalhará e voará.

17 Os teus príncipes são como os gafanhotos, e os teus chefes, como os gafanhotos grandes, que se acampam nas sebes nos dias de frio; ao sair o sol voam, de sorte que não se sabe mais o lugar onde estão.

18 Os teus pastores dormitarão, ó rei da Assíria; os teus ilustres deitar-se-ão; o teu povo se derramará pelos montes, sem que haja quem o ajunte.

19 Não cura para a tua ferida, a tua chaga é dolorosa; todos os que ouvirem a tua fama baterão palmas sobre ti; porque, sobre quem não passou continuamente a tua maldade?

Habacuque

Capítulo 1

Quando Habacuque fica sabendo que o Senhor suscitará os caldeus para invadir a terra de Israel, ele fica perturbado com o fato de que os ímpios possam ser empregados dessa forma.

1

O peso que viu o profeta Habacuque.

2 Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Até quando gritarei a ti: Violência! e não salvarás?

3 Por que razão me fazes ver a iniquidade, e contemplas a opressão? Porque a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio.

4 Por essa causa a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca o justo, e sai a sentença distorcida.

5 Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e ficai maravilhados; porque realizo uma obra em vossos dias que não crereis, quando se vos contar.

6 Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas que não são suas.

7 Horrível e terrível é; dela mesma sairá o seu juízo e a sua grandeza.

8 E os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, e mais perspicazes do que os lobos à tarde, e os seus cavaleiros se espalham; os seus cavaleiros virão de longe; voarão como águias que se apressam à comida.

9 Eles todos virão a fim de fazer violência; o rosto deles buscará o oriente, e congregarão os cativos como areia.

10

E escarnecerão dos reis, e dos príncipes farão zombaria; eles se rirão de todas as fortalezas, porque amontoarão terra, e as tomarão.

11 Então passará como o vento, e seguirá, e se fará culpada, atribuindo este seu poder ao seu deus.

12 Porventura não és tu desde sempre, ó Senhor meu Deus, meu Santo? Nós não morreremos. Ó Senhor, para juízo o puseste, e tu, ó Rocha, o fundaste para castigar.

13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que olhas para os que procedem traiçoeiramente? Por que te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?

14 E por que farias os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm quem os governe?

15 Ele a todos tira com o anzol, apanhá-los-á com a sua rede, e os ajunta na sua rede varredoura; por isso ele se alegra e se regozija.

16 Por isso sacrifica à sua rede, e queima incenso à sua varredoura; porque com elas se engordou a sua porção, e aumentou a sua comida.

17 Porventura por isso esvaziará a sua rede, e continuará a matar os povos sem os poupar?

Capítulo 2

O Senhor admoesta paciência e promete que o justo viverá pela fé — A Terra se encherá do conhecimento de Deus — Os ídolos não têm poder.

1

Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que ele me dirá, e o que eu responderei, quando eu for arguido.

2 Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão, e grava-a claramente em tábuas, para que nelas leia o que correndo passa.

3 Porque a visão é ainda para o tempo determinado, pois no fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.

4 Eis que sua alma se ensoberbece, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.

5 Quanto mais se é dado ao vinho mais desleal se é; aquele homem soberbo, que alarga como o sepulcro a sua alma, não permanecerá, e é como a morte que não se farta, e ajunta a si todas as nações, e congrega a si todos os povos.

6 Não levantariam, pois, todos estes contra ele uma parábola, e provérbio sarcástico contra ele? E se dirá: Ai daquele que multiplica o que não é seu! (Até quando?) e daquele que carrega sobre si dívida!

7 Porventura não se levantarão de repente os teus credores? e não despertarão os que te abalarão? e não lhes servirás tu de despojo?

8 Porquanto despojaste muitas nações, todos os demais povos te despojarão a ti, por causa do sangue dos homens, e da violência acerca da terra, da cidade, e de todos os que habitam nela.

9 Ai daquele que ajunta bens para a sua casa, por uma avareza criminosa, para que ponha o seu ninho no alto, a fim de se livrar da mão do mal!

10

Vergonha maquinaste para a tua casa; destruindo tu a muitos povos, pecaste contra a tua alma.

11 Porque a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento.

12 Ai daquele que edifica a cidade com sangue, e que funda a cidade com iniquidade!

13 Eis que porventura não vem do Senhor dos Exércitos que os povos trabalhem para o fogo e os homens se cansem em vão?

14 Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.

15 Ai daquele que dá de beber ao seu próximo! Tu, que lhe chegas o teu odre, e o embebedas, para ver a sua nudez!

16 Também tu serás farto de vergonha em lugar de honra; bebe tu também, e sê como um incircunciso; o cálice da mão direita do Senhor voltará a ti, e a desonra cairá sobre a tua glória.

17 Porque a violência cometida contra o Líbano te cobrirá, e a destruição dos animais os assombrará, por causa do sangue dos homens, e da violência acerca da terra, da cidade, e de todos os moradores.

18 Que aproveitará a imagem de escultura, depois que a esculpiu o seu artífice? ou a imagem de fundição, que ensina a mentira, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos?

19 Ai daquele que diz à madeira: Acorda! e à pedra muda: Desperta! Porventura ensinará? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas no meio dele não espírito algum.

20

Porém o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.

Capítulo 3

Em sua oração, Habacuque treme diante da majestade de Deus.

1

Oração do profeta Habacuque sobre Sigionote.

2 Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.

3 Deus veio de Temã, e o Santo do monte Parã. (Selá.) A sua glória cobriu os céus, e a terra encheu-se do seu louvor.

4 E o resplendor se fez como a luz, raios brilhantes lhe saíam da sua mão, e ali estava o esconderijo da sua força.

5 Diante dele ia a peste, e brasas ardentes passavam diante dos seus pés.

6 Parou, e mediu a terra; olhou, e fez sair as nações; e os montes perpétuos foram esmiuçados; os outeiros eternos se encurvaram, porque os seus caminhos são eternos.

7 Vi as tendas de Cusã em aflição; as cortinas da terra de Midiã tremiam.

8 Acaso é contra os rios, Senhor, que tu estás irado? contra os ribeiros foi a tua ira? contra o mar foi o teu furor quando andaste montado sobre os teus cavalos, os teus carros de salvação?

9 Desnudou-se inteiramente o teu arco, pelos juramentos feitos às tribos, pela tua palavra. (Selá.) Tu fendeste a terra com rios.

10

Os montes te viram, e tremeram; a inundação das águas passou; o abismo fez ouvir a sua voz, levantou as suas mãos ao alto.

11 O sol e a lua pararam nas suas moradas; andaram à luz das tuas flechas, ao resplendor do relâmpago da tua lança.

12 Com indignação marchaste pela terra, com ira trilhaste as nações.

13 Tu saíste para salvamento do teu povo, para salvamento do teu ungido; tu feriste a cabeça da casa do ímpio, descobrindo o alicerce até o pescoço. (Selá.)

14 Tu furaste com os teus cajados a cabeça das suas aldeias; eles me acometeram tempestuosos para me espalharem; alegravam-se, como se estivessem para devorar o pobre em segredo.

15 Tu com os teus cavalos marchaste pelo mar, pelo montão de grandes águas.

16 Ouvindo-o eu, o meu ventre se comoveu, à sua voz tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim; no dia da angústia descansarei, quando subir contra o povo que nos atacará.

17 Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira decepcione, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas;

18 Todavia eu me alegrarei no Senhor; regozijar-me-ei no Deus da minha salvação.

19 O Senhor Deus é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de música.

Sofonias

Capítulo 1

A destruição de Judá é simbólica da Segunda Vinda — É o dia do sacrifício do Senhor, um dia de indignação e de angústia.

1

Palavra do Senhor, que veio a Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá.

2 Eu indubitavelmente hei de arrebatar tudo de sobre a face da terra, diz o Senhor.

3 Arrebatarei os homens e os animais, arrebatarei as aves do céu, e os peixes do mar, e os tropeços com os ímpios; e exterminarei os homens de cima da terra, disse o Senhor.

4 E estenderei a minha mão contra Judá, e contra todos os habitantes de Jerusalém, e exterminarei deste lugar o resto de Baal, e o nome dos ministros idólatras com os sacerdotes;

5 E os que sobre os telhados se encurvam ao exército do céu; e os que se inclinam jurando pelo Senhor, e juram por Milcom;

6 E os que deixam de seguir ao Senhor, e os que não buscam ao Senhor, nem perguntam por ele.

7 Cala-te diante do Senhor Deus, porque o dia do Senhor está perto, porque o Senhor preparou o sacrifício, e santificou os seus convidados.

8 E há de ser que, no dia do sacrifício do Senhor, hei de castigar os príncipes, e os filhos do rei, e todos os que se vestem de trajes estrangeiros.

9 Também castigarei naquele dia todo aquele que salta sobre o umbral, que enche de violência e engano a casa dos seus senhores.

10

E naquele dia, diz o Senhor, haverá uma voz de clamor desde a porta do peixe, e um uivo desde a segunda parte, e grande quebrantamento desde os outeiros.

11 Uivai vós, moradores de Mactés, porque todo o povo mercador está arruinado, todos os carregados de dinheiro são destruídos.

12 E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que estão assentados como a borra do vinho, que dizem no seu coração: O Senhor não faz o bem nem faz o mal.

13 Por isso serão saqueados os seus bens, e assoladas as suas casas; e edificarão casas, mas não habitarão nelas, e plantarão vinhas, mas não lhes beberão o seu vinho.

14 O grande dia do Senhor está perto, perto está, e se apressa muito, sim, a voz do dia do Senhor; amargamente clamará ali o valente.

15 Aquele dia será um dia de indignação, dia de angústia e de aflição, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,

16 Dia de buzina e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas.

17 E angustiarei os homens, que andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne será como esterco.

18 Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor, mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque ele certamente fará de todos os moradores desta terra uma destruição total e apressada.

Capítulo 2

Buscai a justiça, buscai a mansidão — Juízo virá sobre os filisteus, os moabitas, os filhos de Amom, os etíopes e os assírios.

1

Congregai-vos, sim, congregai-vos, ó nação não desejável,

2 Antes que o decreto produza o seu efeito, antes que o dia passe como a pragana, antes que venha sobre vós a ira do Senhor, antes que venha sobre vós o dia da ira do Senhor.

3 Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor.

4 Porque Gaza será desamparada, e Ascalom será assolada; Asdode ao meio dia será expulsa, e Ecrom será desarraigada.

5 Ai dos habitantes da costa do mar, do povo dos quereteus! A palavra do Senhor será contra vós, ó Canaã, terra dos filisteus, e eu vos farei destruir, até que não haja morador.

6 E a costa do mar será de pastagens e cabanas para os pastores, e currais para os rebanhos.

7 E será a costa para o remanescente da casa de Judá, nela apascentarão; à tarde se assentarão nas casas de Ascalom, porque o Senhor seu Deus os visitará, e os fará retornar do seu cativeiro.

8 Eu ouvi o escárnio de Moabe, e as injúrias dos filhos de Amom, com que escarneceram do meu povo, e se engrandeceram contra o seu termo.

9 Portanto, vivo eu, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, certamente Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom, como Gomorra, campo de urtigas e poços de sal, e assolação perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá.

10

Isso terão em recompensa da sua soberba, porque escarneceram, e se engrandeceram contra o povo do Senhor dos Exércitos.

11 O Senhor será terrível contra eles, porque aniquilará todos os deuses da terra; e cada um se inclinará a ele desde o seu lugar, todas as ilhas das nações.

12 Também vós, ó etíopes, sereis mortos com a minha espada.

13 Estenderá também a sua mão contra o norte, e destruirá a Assíria; e fará de Nínive uma assolação, terra seca como o deserto.

14 E no meio dela repousarão os rebanhos, todos os animais dos povos; e alojar-se-ão nos seus capitéis tanto o pelicano como o ouriço; a voz do seu canto retinirá nas janelas, a assolação estará no umbral, quando tiver posto a descoberto a sua obra de cedro.

15 Esta é a cidade que salta de alegria, que habita segura, que diz no seu coração: Eu sou, e não outra além de mim; como se tornou em assolação, em pousada de animais! Qualquer que passar por ela assobiará, e meneará a sua mão.

Capítulo 3

Na Segunda Vinda, todas as nações se reunirão para combate — Os homens terão uma linguagem pura — O Senhor reinará em seu meio.

1

Ai da rebelde e da contaminada, da cidade opressora!

2 Não obedeceu à voz, não aceitou o castigo; não confiou no Senhor; nem se aproximou do seu Deus.

3 Os seus príncipes são leões bramantes no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que não deixam os ossos até a manhã.

4 Os seus profetas são levianos, homens traiçoeiros; os seus sacerdotes profanaram o santuário, e fizeram violência à lei.

5 O Senhor, o Justo, está no meio dela; ele não comete iniquidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falha; porém o perverso não conhece a vergonha.

6 Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas praças, até não ficar quem passe por elas; as suas cidades estão destruídas, até não ficar ninguém, até não haver quem as habite.

7 Eu dizia: Certamente me temerás, e aceitarás a correção, para que a sua morada não seja destruída, por tudo pelo que a castiguei, mas eles se levantaram de madrugada, corromperam todas as suas obras.

8 Portanto, esperai-me diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu juízo é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo.

9 Porque então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam ombro a ombro.

10

De além dos rios dos etíopes, meus zelosos adoradores, a saber, a filha de meus dispersos, me trarão sacrifício.

11 Naquele dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com as quais te rebelaste contra mim; porque então tirarei de teu meio os que exultam na tua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo.

12 Mas deixarei em teu meio um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor.

13 O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem falará mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.

14 Canta alegremente, ó filha de Sião; jubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém.

15 O Senhor afastou os teus juízos, exterminou o teu inimigo; o Senhor, o rei de Israel, está em teu meio; tu não verás mais mal algum.

16 Naquele dia se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos.

17 O Senhor teu Deus está em teu meio, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo.

18 Os entristecidos por causa da assembleia solene congregarei, para quem a afronta foi um peso.

19 Eis que naquele tempo desfarei todos os teus opressores, e salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e farei deles um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados.

20

Naquele tempo vos trarei para cá, a saber, no tempo em que vos recolher; certamente farei de vós um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando reconduzir os vossos cativos diante dos vossos olhos, diz o Senhor.

Ageu

Capítulo 1

Ageu exorta o povo a construir o templo.

1

No ano segundo do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor, pelo ministério do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Josadaque, o sumo sacerdote, dizendo:

2 Assim fala o Senhor dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não é vindo o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada.

3 Veio, pois, a palavra do Senhor, pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:

4 Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas apaineladas e esta casa há de ficar deserta?

5 Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.

6 Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe salário num saco furado.

7 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.

8 Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa, e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor.

9 Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.

10

Por isso se fecham os céus sobre vós, para não darem orvalho, e a terra retém os seus frutos.

11 Porque mandei a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo e sobre o mosto, e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz, como também sobre os homens, e sobre os animais, e sobre todo o trabalho das mãos.

12 Então ouviram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Josadaque, sumo sacerdote, e todo o restante do povo a voz do Senhor seu Deus, e as palavras do profeta Ageu, assim como o Senhor seu Deus o enviou; e temeu o povo diante do Senhor.

13 Então Ageu, o mensageiro do Senhor, falou ao povo segundo a mensagem do Senhor, dizendo: Eu sou convosco, diz o Senhor.

14 E o Senhor suscitou o espírito de Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e o espírito de Josué, filho de Josadaque, sumo sacerdote, e o espírito do restante de todo o povo, e foram, e fizeram a obra na casa do Senhor dos Exércitos, seu Deus.

15 Ao vigésimo quarto dia do sexto mês, no segundo ano do rei Dario.

Capítulo 2

Ageu fala sobre o Messias — Virá o Desejado de Todas as Nações — O Senhor dará paz no Seu templo.

1

No sétimo mês, ao vigésimo primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:

2 Fala agora a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Josadaque, sumo sacerdote, e ao restante do povo, dizendo:

3 Quem entre vós que resta, que viu esta casa na sua primeira glória, e como agora a vedes? não é esta como nada aos vossos olhos, comparada com aquela?

4 Ora, pois, sê forte, Zorobabel, diz o Senhor, e sê forte, Josué, filho de Josadaque, sumo sacerdote, e sê forte, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos,

5 Segundo a palavra do convênio que fiz convosco, quando saístes do Egito, e o meu Espírito ficou no meio de vós; não temais.

6 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca;

7 E farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de Todas as Nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos.

8 Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos.

9 A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos.

10

Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:

11 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:

12 Se alguém leva carne santa na aba das suas vestes, e com a sua aba toca no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, porventura isso será santificado? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Não.

13 E disse Ageu: Se alguém imundo, por causa de um corpo morto, tocar em alguma dessas coisas, porventura ela ficará imunda? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Ficará imunda.

14 Então respondeu Ageu, e disse: Assim é que este povo, e assim é que esta nação está diante do meu rosto, disse o Senhor; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.

15 Agora, pois, considerai isso, desde este dia em diante, antes de pordes pedra sobre pedra no templo do Senhor.

16 Depois que essas coisas sucederam, indo alguém ao montão de grãos, de vinte medidas, havia somente dez; indo para tirar cinquenta do lagar, havia somente vinte.

17 Eu vos feri com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos; e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.

18 Considerai isso, desde este dia em diante; desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, considerai isso.

19 Porventura ainda há semente no celeiro? Nem ainda a videira, nem a figueira, nem a romãzeira, nem a oliveira deram os seus frutos, mas desde este dia te abençoarei.

20

E veio a palavra do Senhor uma segunda vez a Ageu, aos vinte e quatro dias do mês, dizendo:

21 Fala a Zorobabel, príncipe de Judá, dizendo: Farei tremer os céus e a terra;

22 E derrubarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações; e derrubarei o carro e os que nele se assentam; e os cavalos e os que andam montados neles cairão cada um pela espada do seu irmão.

23 Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, te tomarei, ó Zorobabel, filho de Sealtiel, servo meu, diz o Senhor, e te farei como um anel de selar; porque te escolhi, diz o Senhor dos Exércitos.

Zacarias

Capítulo 1

Zacarias chama Judá ao arrependimento — É mostrado a ele em visão que as cidades de Judá e o templo serão reconstruídos.

1

No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:

2 O Senhor se irou em extremo contra vossos pais.

3 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Voltai-vos para mim, diz o Senhor dos Exércitos, e voltar-me-ei para vós, diz o Senhor dos Exércitos.

4 E não sejais como vossos pais, aos quais clamavam os primeiros profetas, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; porém não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor.

5 Vossos pais, onde estão? e os profetas, viverão eles para sempre?

6 Contudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu ordenei aos profetas, meus servos, não alcançaram vossos pais? E eles se arrependeram, e disseram: Assim como o Senhor dos Exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou.

7 Aos vinte e quatro dias do mês undécimo (que é o mês de Sebate), no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:

8 Vi de noite, e eis um homem montado num cavalo vermelho, e parava entre as murtas que estavam no vale profundo, e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.

9 E eu disse: Senhor meu, quem são estes? E disse-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei quem estes são.

10

Então respondeu o homem que estava entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor enviou para percorrerem a terra.

11 E eles responderam ao anjo do Senhor, que estava entre as murtas, e disseram: Nós percorremos a terra, e eis que toda a terra está tranquila e quieta.

12 Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?

13 E respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo palavras boas, palavras consoladoras.

14 E o anjo que falava comigo me disse: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião.

15 E com grandíssima ira estou irado contra as nações sossegadas; porque eu estava pouco irado, mas eles agravaram o mal.

16 Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me para Jerusalém com misericórdia, a minha casa nela será edificada, diz o Senhor dos Exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém.

17 Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: As minhas cidades ainda transbordarão de bens; porque o Senhor ainda consolará Sião e ainda escolherá Jerusalém.

18 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que vi quatro chifres.

19 E eu disse ao anjo que falava comigo: Que são estes? E ele me disse: Estes são os chifres que espalharam Judá, Israel e Jerusalém.

20

E o Senhor me mostrou quatro artesãos.

21 Então eu disse: Que vêm estes fazer? E ele falou, dizendo: Estes são os chifres que espalharam Jerusalém, de maneira que ninguém levantasse a sua cabeça; estes, pois, vieram para lhes meter medo, para derrubarem os chifres das nações que levantaram o seu chifre contra a terra de Judá, para a espalharem.

Capítulo 2

Nos últimos dias, Judá será coligada em Jerusalém — O povo virá da terra do norte — O Senhor habitará no meio deles.

1

Tornei a levantar os meus olhos, e vi, e eis aqui um homem em cuja mão estava um cordel de medir.

2 E eu disse: Para onde vais tu? E ele me disse: Vou medir Jerusalém, para ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento.

3 E eis que saiu o anjo que falava comigo, e outro anjo lhe saiu ao encontro.

4 E disse-lhe: Corre, fala a este jovem, dizendo: Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão dos homens e dos animais que estarão no meio dela.

5 E eu, diz o Senhor, serei para ela um muro de fogo em redor, e para glória estarei no meio dela.

6 Oh, oh! Fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, porque vos espalhei pelos quatro ventos do céu, diz o Senhor.

7 Ó, Sião! Livra-te tu, que habitas com a filha de Babilônia.

8 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho.

9 Porque eis que levantarei a minha mão sobre eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos Exércitos me enviou.

10

Exulta, e alegra-te, ó filha de Sião, porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.

11 E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e me serão por povo, e habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos Exércitos me enviou a ti.

12 Então o Senhor herdará Judá por sua porção na terra santa, e ainda escolherá Jerusalém.

13 Cale-se toda a carne diante do Senhor, porque ele se despertou da sua santa morada.

Capítulo 3

Zacarias fala sobre o Messias — O Renovo virá — Na Segunda Vinda, a iniquidade será removida em um dia.

1

E ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor.

2 Porém o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreenda, ó Satanás, sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um tição tirado do fogo?

3 Josué estava vestido de trajes sujos, e estava diante do anjo.

4 Então respondeu, e falou aos que estavam diante dele, dizendo: Tira-lhe estes trajes sujos. E a ele disse: Eis que fiz passar de ti a tua iniquidade, e te vestirei de trajes novos.

5 E disse eu: Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E puseram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e o vestiram de roupas; e o anjo do Senhor estava em pé.

6 E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:

7 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se observares a minha ordenança, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre os que estão aqui.

8 Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos, porque eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo.

9 Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estarão sete olhos; eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos Exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra em um dia.

10

Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará o seu próximo para debaixo da videira e para debaixo da figueira.

Capítulo 4

Zorobabel lançará os alicerces da casa do Senhor, o templo de Zorobabel, e terminará de construí-la.

1

E retornou o anjo que falava comigo, e me despertou, como a um homem que se desperta do seu sono.

2 E me disse: Que vês? E eu disse: Olho, e eis que vejo um candelabro todo de ouro, e um vaso de azeite em cima, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada que estava em cima tinha sete tubos.

3 E por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.

4 E respondi, e disse ao anjo que falava comigo, dizendo: Senhor meu, que é isto?

5 Então respondeu o anjo que falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que é isto? E eu disse: Não, senhor meu.

6 E respondeu, e me falou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.

7 Quem és tu, ó monte grande? Diante de Zorobabel serás feito uma campina; porque ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela.

8 E a palavra do Senhor veio novamente a mim, dizendo:

9 As mãos de Zorobabel fundaram esta casa, também as suas mãos a acabarão, para que saibais que o Senhor dos Exércitos me enviou a vós.

10

Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas? Pois eles se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel; esses sete são os olhos do Senhor, que percorrem toda a terra.

11 Respondi mais, e disse-lhe: Que são as duas oliveiras à direita do candelabro e à sua esquerda?

12 E respondendo-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois raminhos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si ouro?

13 E ele me falou, dizendo: Não sabes tu o que é isto? E eu disse: Não, senhor meu.

14 Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra.

Capítulo 5

Um anjo revela verdades a Zacarias usando simbolismos.

1

E outra vez levantei os meus olhos, e olhei, e eis que vi um rolo volante.

2 E me disse: Que vês? E eu disse: Vejo um rolo volante, que tem vinte côvados de comprimento e dez côvados de largura.

3 Então me disse: Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra; porque qualquer que furtar, conforme a mesma maldição, será desarraigado; como também qualquer que jurar falsamente, conforme a mesma maldição, será desarraigado.

4 Eu a farei sair, disse o Senhor dos Exércitos, e entrará na casa do ladrão, e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e pernoitará no meio da sua casa, e a consumirá com a sua madeira e com as suas pedras.

5 E saiu o anjo, que falava comigo, e me disse: Levanta agora os teus olhos, e vê o que é isto que sai.

6 E eu disse: Que é isto? E ele disse: Isto é um efa que sai. E disse mais: Este é o olho deles em toda a terra.

7 E eis que foi levantado um talento de chumbo, e havia uma mulher que estava assentada no meio do efa.

8 E ele disse: Esta é a iniquidade. E a lançou dentro do efa; e lançou na boca dele o peso de chumbo.

9 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis que duas mulheres saíram, e havia vento nas suas asas, e tinham asas como as asas da cegonha; e levantaram o efa entre a terra e o céu.

10

Então eu disse ao anjo que falava comigo: Para onde levam estas o efa?

11 E ele me disse: Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinear, e estando ela acabada, ele será posto ali sobre a sua base.

Capítulo 6

Zacarias coroa Josué, o sumo sacerdote, à semelhança de Cristo, o Renovo, que virá — Cristo será um sacerdote no Seu trono para sempre.

1

E outra vez levantei os meus olhos, e olhei, e eis que vi quatro carros que saíram dentre dois montes, e estes montes eram montes de bronze.

2 No primeiro carro estavam cavalos vermelhos, e no segundo carro, cavalos pretos,

3 E no terceiro carro, cavalos brancos, e no quarto carro, cavalos malhados, que eram fortes.

4 E respondi, e disse ao anjo que falava comigo: Que é isto, senhor meu?

5 E o anjo respondeu, e me disse: Estes são os quatro espíritos do céu, saindo de onde estavam perante o Senhor de toda a terra.

6 O carro em que estão os cavalos pretos, sai para a terra do norte, e os brancos saem atrás deles, e os malhados saem para a terra do sul.

7 E os cavalos fortes saíam, e procuravam ir avante, para percorrerem a terra. E ele disse: Ide, percorrei a terra. E percorriam a terra.

8 E me chamou, e me falou, dizendo: Eis que aqueles que saíram para a terra do norte fizeram repousar o meu Espírito na terra do norte.

9 E a palavra do Senhor veio a mim, dizendo:

10

Toma dos que foram levados cativos, de Heldai, de Tobias, e de Jedaías (e vem naquele mesmo dia, e entra na casa de Josias, filho de Sofonias), os quais vieram de Babilônia.

11 Toma, digo, prata e ouro, e faze coroas, e põe-nas na cabeça de Josué, filho de Josadaque, sumo sacerdote.

12 E fala-lhe, dizendo: Assim fala o Senhor dos Exércitos, dizendo: Eis aqui o homem cujo nome é o Renovo que brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor.

13 Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e levará ele a glória, e assentar-se-á, e dominará no seu trono, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos.

14 E essas coroas serão de Helém, e de Tobias, e de Jedaías, e de Hem, filho de Sofonias, por memorial no templo do Senhor.

15 E aqueles que estão longe virão, e edificarão no templo do Senhor, e vós sabereis que o Senhor dos Exércitos me enviou a vós; e isto acontecerá assim, se ouvirdes muito atentos a voz do Senhor vosso Deus.

Capítulo 7

O Senhor reprova a hipocrisia nos jejuns — Ele conclama o povo a mostrar misericórdia e compaixão e a viver em retidão.

1

Aconteceu, pois, no ano quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor veio a Zacarias, no dia quarto do nono mês, que é Quisleu;

2 Quando foram enviados à casa de Deus, Sarezer, e Régem-Meleque, e os homens dele, para suplicarem o favor do Senhor,

3 Dizendo aos sacerdotes, que estavam na casa do Senhor dos Exércitos, e aos profetas: Chorarei eu no quinto mês, separando-me, como o tenho feito por tantos anos?

4 Então a palavra do Senhor dos Exércitos veio a mim, dizendo:

5 Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, a saber, estes setenta anos, porventura realmente jejuastes para mim, para mim mesmo?

6 Ou quando comestes, e quando bebestes, não fostes vós os que comestes e vós os que bebestes?

7 Não são estas as palavras que o Senhor pregou pelo ministério dos primeiros profetas, quando Jerusalém estava habitada e quieta, com as suas cidades ao redor dela, e o sul e a campina eram habitados?

8 E a palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo:

9 Assim falou o Senhor dos Exércitos, dizendo: Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdias cada um para com seu irmão;

10

E não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada um contra o seu irmão no seu coração.

11 Porém não quiseram escutar, e me deram o ombro rebelde, e ensurdeceram os seus ouvidos, para que não ouvissem.

12 E fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviava pelo seu Espírito pelo ministério dos primeiros profetas; daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos.

13 E aconteceu que, como ele clamou, e eles não ouviram, assim também eles clamaram, mas eu não ouvi, diz o Senhor dos Exércitos.

14 E os espalhei com tempestade entre todas as nações, que eles não conheciam, e a terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem retornava, porque fizeram da terra desejável uma desolação.

Capítulo 8

Nos últimos dias, Jerusalém será restaurada, Judá será coligada, e o Senhor abençoará o Seu povo mais do que em qualquer outra época no passado.

1

Depois veio a mim a palavra do Senhor dos Exércitos, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Zelei por Sião com grande zelo, e com grande furor zelei por ela.

3 Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade, e o monte do Senhor dos Exércitos, monte santo.

4 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda nas praças de Jerusalém habitarão velhos e velhas; e cada um terá na sua mão o seu bordão, por causa da sua muita idade.

5 E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que brincarão nas ruas dela.

6 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Se isto será maravilhoso aos olhos do remanescente deste povo naqueles dias, será por isso também maravilhoso aos meus olhos? diz o Senhor dos Exércitos.

7 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que salvarei o meu povo da terra do oriente e da terra do pôr-do-sol;

8 E trá-los-ei, e habitarão no meio de Jerusalém; e me serão por povo, e eu lhes serei por Deus, em verdade e em justiça.

9 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Sejam fortes as vossas mãos, ó vós que nestes dias ouvistes estas palavras da boca dos profetas que estiveram no dia em que foi posto o fundamento da casa do Senhor dos Exércitos, para que o templo fosse edificado.

10

Porque antes destes dias não havia salário para homens, nem lhes davam ganho os animais; nem havia paz para o que entrava nem para o que saía, por causa do inimigo, porque eu incitei todos os homens, cada um contra o seu próximo.

11 Mas agora não serei eu para com o restante deste povo como nos primeiros dias, diz o Senhor dos Exércitos.

12 Porque a semente será próspera, a vide dará o seu fruto, e a terra dará o seu produto, e os céus darão o seu orvalho; e farei que o restante deste povo herde tudo isso.

13 E há de ser, ó casa de Judá, e ó casa de Israel, que, assim como fostes uma maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, sejam fortes as vossas mãos.

14 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Assim como pensei fazer-vos mal, quando vossos pais me provocaram à ira, diz o Senhor dos Exércitos, e não me arrependi,

15 Assim tornei a pensar em fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá, nestes dias; não temais.

16 Estas são as coisas que fareis: Falai a verdade cada um para com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas.

17 E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ameis o juramento falso; porque todas essas coisas são as que eu odeio, diz o Senhor.

18 E a palavra do Senhor dos Exércitos veio a mim, dizendo:

19 Assim diz o Senhor dos Exércitos: O jejum do quarto, e o jejum do quinto, e o jejum do sétimo, e o jejum do décimo mês se tornarão para a casa de Judá em regozijo, e em alegria, e em festividades solenes; amai, pois, a verdade e a paz.

20

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda sucederá que virão os povos e os habitantes de muitas cidades.

21 E os habitantes de uma irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do Senhor, e buscar ao Senhor dos Exércitos; eu também irei.

22 Assim, virão muitos povos e poderosas nações para buscar em Jerusalém ao Senhor dos Exércitos, e para suplicar o favor do Senhor.

23 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens de entre todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.

Capítulo 9

Zacarias fala como o Messias — O Messias virá, trazendo a salvação, humilde e montado sobre um jumento — Ele vai libertar os prisioneiros do abismo — Judá e Efraim são instrumentos do Senhor.

1

Peso da palavra do Senhor contra a terra de Hadraque, e Damasco será o seu repouso; porque os olhos do homem e de todas as tribos de Israel estão voltados para o Senhor.

2 E também Hamate que confina com ela, e Tiro e Sidom, ainda que sejam muito sábias.

3 E Tiro edificou para si fortalezas, e amontoou prata como o pó, e ouro fino, como a lama das ruas.

4 Eis que o Senhor a desapossará, e ferirá no mar a sua força, e ela será consumida pelo fogo.

5 Ascalom o verá e temerá, também Gaza, e terá grande dor; como também Ecrom; porque a sua esperança será envergonhada; e o rei de Gaza perecerá, e Ascalom não será habitada.

6 E um bastardo habitará em Asdode, e exterminarei a soberba dos filisteus.

7 E da sua boca tirarei o seu sangue, e dentre os seus dentes, as suas abominações; e ele também ficará como remanescente para o nosso Deus; e será como príncipe em Judá, e Ecrom como o jebuseu.

8 E me acamparei ao redor da minha casa, por causa do exército, por causa do que passa, e por causa do que volta, para que não passe mais sobre eles o opressor; porque agora já o vi com os meus olhos.

9 Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e trazendo a salvação, humilde, e montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.

10

E destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém; também o arco de guerra será destruído, e ele anunciará paz às nações; e o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o rio até as extremidades da terra.

11 Quanto a ti também, ó Sião, pelo sangue do teu convênio, soltei os teus presos da cova em que não havia água.

12 Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje vos anuncio que vos restaurarei em dobro.

13 Porque retesei Judá para mim como um arco, e enchi com Efraim o arco; suscitarei teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia! E pôr-te-ei como a espada de um valente.

14 E o Senhor será visto sobre eles, e as suas flechas sairão como o relâmpago; e o Senhor Deus tocará buzina, e irá com os redemoinhos do sul.

15 O Senhor dos Exércitos os amparará, e devorarão, depois que os tiverem sujeitado as pedras da funda; também beberão e farão alvoroço como de vinho; e encher-se-ão como a bacia, como os cantos do altar.

16 E o Senhor seu Deus os salvará naquele dia, como ao rebanho do seu povo; porque como as pedras da coroa serão levantados na sua terra, como bandeira.

17 Porque, quão grande é a sua bondade! e quão grande é a sua formosura! O trigo fará florescer os jovens e o mosto, as donzelas.

Capítulo 10

Judá e José serão dispersos entre os povos de países distantes — O Senhor lhes assobiará e os reunirá e redimirá.

1

Pedi ao Senhor chuva no tempo da serôdia; o Senhor que faz relâmpagos lhes dará chuvas abundantes, e erva no campo a cada um.

2 Porque os ídolos têm falado vaidade, e os adivinhos têm visto mentira, e contam sonhos falsos; consolam em vão, por isso se foram como ovelhas, estavam aflitos, porque não havia pastor.

3 Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes; mas o Senhor dos Exércitos visitará o seu rebanho, a casa de Judá, e os fará ser como o seu majestoso cavalo na peleja.

4 Dele a pedra de esquina, dele a estaca, dele o arco de guerra, dele juntamente sairão todos os opressores.

5 E serão como valentes que na peleja pisoteiam seus inimigos no lodo das ruas; e pelejarão, porque o Senhor estará com eles, e envergonharão os que andam montados em cavalos.

6 E fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de José, e os farei voltar, porque me apiedei deles; e serão como se os não tivesse rejeitado; porque eu sou o Senhor seu Deus, e os ouvirei.

7 E os de Efraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará como de vinho, e seus filhos o verão, e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor.

8 Eu lhes assobiarei, e os ajuntarei, porque eu os redimi; e multiplicar-se-ão, assim como antes se tinham multiplicado.

9 E eu os semearei por entre os povos, e lembrar-se-ão de mim em lugares remotos; e viverão com seus filhos, e voltarão.

10

Porque eu os farei voltar da terra do Egito, e os congregarei da Assíria; e trá-los-ei à terra de Gileade e do Líbano, e não se achará lugar para eles.

11 E ele passará pelo mar da angústia, e ferirá as ondas do mar, e todas as profundezas do Nilo se secarão; então será derrubada a soberba da Assíria, e o cetro do Egito se retirará.

12 E eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor.

Capítulo 11

Zacarias fala a respeito do Messias — O Messias será traído por trinta moedas de prata — Elas serão lançadas ao oleiro na casa do Senhor.

1

Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo consuma os cedros.

2 Uivai, ó faias, porque os teus cedros caíram, porque estas excelentes árvores foram destruídas; uivai, ó carvalhos de Basã, porque o bosque forte foi derrubado.

3 Voz de uivo dos pastores se ouviu, porque a sua glória foi destruída; voz de bramido dos filhos de leões, porque foi destruída a soberba do Jordão.

4 Assim diz o Senhor meu Deus: Apascenta as ovelhas da matança,

5 Cujos possuidores as matam, e não se têm por culpados; e cujos vendedores dizem: Louvado seja o Senhor, porque enriqueci; e os seus pastores não têm piedade delas.

6 Certamente não terei mais piedade dos moradores desta terra, diz o Senhor, mas eis que entregarei os homens cada um na mão do seu próximo e na mão do seu rei, e esmiuçarão a terra, e eu não os livrarei da sua mão.

7 E eu apascentei as ovelhas da matança, porquanto são pobres ovelhas; e tomei para mim duas varas, a uma das quais chamei Graça, e à outra chamei União, e apascentei as ovelhas.

8 E destruí os três pastores num mesmo mês, porque se impacientou com eles a minha alma, e também a sua alma teve fastio de mim.

9 E eu disse: Não vos apascentarei mais; a que morrer, morra, e a que for destruída, seja destruída, e as que restarem comam cada uma a carne da outra.

10

E tomei a minha vara Graça, e a quebrei, para desfazer o meu convênio, que tinha estabelecido com todos esses povos.

11 E foi desfeito naquele dia, e souberam assim os pobres do rebanho que me aguardavam que isso era palavra do Senhor.

12 Porque eu lhes tinha dito: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário, e se não, deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata.

13 O Senhor, pois, me disse: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei, na casa do Senhor, ao oleiro.

14 Então quebrei a minha segunda vara, União, para romper a irmandade entre Judá e Israel.

15 E o Senhor me disse: Toma ainda para ti o instrumento de um pastor insensato.

16 Porque eis que levantarei um pastor na terra, que não visitará as perdidas, não buscará a desgarrada, e não sarará a quebrada, nem apascentará a sã; mas comerá a carne da gorda, e lhe despedaçará as unhas.

17 Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho direito; o seu braço se secará completamente, e o seu olho direito se escurecerá completamente.

Capítulo 12

Na grande batalha final, todas as nações estarão em guerra em Jerusalém, mas o Senhor defenderá Seu povo — Então, os judeus vão olhar para o Senhor, a quem eles crucificaram, e haverá grande pranto.

1

Peso da palavra do Senhor sobre Israel: Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.

2 Eis que eu porei Jerusalém como um cálice de tremor para todos os povos em redor, e também para Judá, durante o cerco contra Jerusalém.

3 E acontecerá naquele dia que porei Jerusalém por pedra pesada a todos os povos; todos os que a carregarem certamente serão despedaçados, e ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra.

4 Naquele dia, diz o Senhor, ferirei de espanto todos os cavalos, e de loucura, os que montam neles; mas sobre a casa de Judá abrirei os meus olhos, e ferirei de cegueira todos os cavalos dos povos.

5 Então os chefes de Judá dirão no seu coração: A minha força são os habitantes de Jerusalém e o Senhor dos Exércitos, seu Deus.

6 Naquele dia porei os chefes de Judá como um braseiro de fogo debaixo da lenha, e como um tição de fogo entre feixes; e à direita e à esquerda consumirão todos os povos em redor, e Jerusalém será habitada outra vez no seu lugar, em Jerusalém.

7 E o Senhor primeiramente salvará as tendas de Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não se engrandeçam sobre Judá.

8 Naquele dia o Senhor protegerá os habitantes de Jerusalém; e o que tropeçar entre eles naquele dia será como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como o anjo do Senhor diante deles.

9 E acontecerá, naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém;

10

Porém sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem transpassaram; e prantearão por ele, como quem pranteia pelo unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.

11 Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido.

12 E a terra pranteará, cada família à parte; a família da casa de Davi, à parte, e suas mulheres, à parte; e a família da casa de Natã, à parte, e suas mulheres, à parte;

13 A família da casa de Levi, à parte, e suas mulheres, à parte; a família de Simei, à parte, e suas mulheres, à parte.

14 Todas as demais famílias, cada família, à parte, e suas mulheres, à parte.

Capítulo 13

Os judeus vão receber o perdão na Segunda Vinda — Eles vão perguntar ao Senhor: Que feridas são essas nas Tuas mãos? — Os remanescentes, postos à prova e refinados, serão o Seu povo.

1

Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, contra o pecado, e contra a imundície.

2 E acontecerá naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, que eliminarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não se fará mais memória; e também farei sair da terra os profetas e o espírito da imundície.

3 E acontecerá que, quando alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falaste mentira em nome do Senhor; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o transpassarão quando profetizar.

4 E acontecerá naquele dia que os profetas se envergonharão, cada um da sua visão, quando profetizar; nem eles se vestirão mais de manto de pelos, para mentirem.

5 E dirão: Não sou profeta, lavrador sou da terra; porque certo homem para isso me adquiriu desde a minha mocidade.

6 E se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos? Dirá ele: São feridas com que fui ferido na casa dos meus amigos.

7 Ó espada, desperta-te contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos. Fere o pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão para os pequenos.

8 E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.

9 E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a porei à prova, como se põe à prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: Meu povo é, e ela dirá: O Senhor é o meu Deus.

Capítulo 14

Em Sua Segunda Vinda, o Senhor vai lutar por Israel — Seus pés estarão sobre o Monte das Oliveiras — Ele será Rei sobre toda a Terra — Pragas destruirão os iníquos.

1

Eis que o dia do Senhor vem; repartir-se-ão no meio de ti os teus despojos.

2 Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade.

3 E o Senhor sairá, e pelejará contra essas nações, como no dia em que pelejou, sim, no dia da batalha.

4 E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, num vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele, para o sul.

5 E fugireis pelo vale dos meus montes (porque o vale dos montes chegará até Azel), e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo, ó Senhor.

6 E acontecerá que naquele dia não haverá preciosa luz nem espessa escuridão.

7 Mas será um dia o qual é conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; e acontecerá que no cair da tarde haverá luz.

8 Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas, até o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isso.

9 E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome.

10

Toda a terra ao redor se tornará em planície, desde Geba até Rimom, do lado do sul de Jerusalém, e será exalçada, e habitada no seu lugar, desde a porta de Benjamim até o lugar da primeira porta, até a porta da esquina, e desde a torre de Hananeel até os lagares do rei.

11 E habitarão nela, e não haverá mais maldição, porque Jerusalém habitará segura.

12 E esta será a praga com que o Senhor ferirá todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: fará consumir a carne, estando eles em pé, e lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua de cada um na sua boca.

13 Naquele dia também acontecerá que haverá uma grande perturbação da parte do Senhor entre eles; porque pegará cada um na mão do seu próximo, e alçar-se-á a mão de cada um contra a mão do seu próximo.

14 E também Judá pelejará em Jerusalém, e se ajuntarão em redor as riquezas de todas as nações, ouro e prata e vestes em grande abundância.

15 Assim também será a praga dos cavalos, dos mulos, dos camelos e dos jumentos, e de todos os animais que estiverem naqueles exércitos, como foi a praga deles.

16 E acontecerá que todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos, e celebrarem a festa dos tabernáculos.

17 E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não virá sobre eles a chuva.

18 E se a família dos egípcios, sobre os quais não vem a chuva, não subir, nem vier, virá sobre eles a praga com que o Senhor ferirá as nações que não subirem para celebrar a festa dos tabernáculos.

19 Este será o castigo do pecado dos egípcios e o castigo do pecado de todas as nações que não subirem para celebrar a festa dos tabernáculos.

20

Naquele dia será inscrito sobre as campainhas dos cavalos: Santidade ao Senhor; e as panelas na casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.

21 E todas as panelas em Jerusalém e Judá serão santas ao Senhor dos Exércitos, e todos os que sacrificarem virão, e delas tomarão, e nelas cozerão. E não haverá mais cananeu na casa do Senhor dos Exércitos naquele dia.

Malaquias

Capítulo 1

Os judeus desprezam o Senhor, oferecendo pão profano sobre o altar e sacrificando animais com defeitos — O nome do Senhor será grande entre os gentios.

1

Peso da palavra do Senhor contra Israel, pelo ministério de Malaquias.

2 Eu vos amei, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos amastes? Não foi Esaú irmão de Jacó? disse o Senhor; todavia amei Jacó,

3 E odiei Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto.

4 Ainda que Edom diga: Arruinados estamos, porém tornaremos a edificar os lugares desertos; assim diz o Senhor dos Exércitos: Eles edificarão, e eu destruirei; e lhes chamarão: termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.

5 E os vossos olhos o verão, e direis: O Senhor seja engrandecido para além dos termos de Israel.

6 O filho honrará a seu pai, e o servo, ao seu senhor; e se eu sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou o senhor, onde está o meu temor? diz o Senhor dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome; mas vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?

7 Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis: Em que te profanamos? Nisto que dizeis: A mesa do Senhor é desprezível.

8 Porque quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mau? e quando ofereceis animal coxo ou o enfermo, não é isso mau? Ora, apresenta-o ao teu príncipe; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos Exércitos.

9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, e ele terá piedade de nós; isto veio da vossa mão; aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos Exércitos.

10

Quem também entre vós que feche as portas por nada? e não acendeis por nada o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação.

11 Mas desde o nascente do sol até o poente será grande o meu nome entre as nações; e em todo lugar se oferecerá ao meu nome incenso e uma oblação pura; porque o meu nome será grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos.

12 Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é imunda; e quanto ao seu produto, sua comida é desprezível.

13 E dizeis: Eis aqui, que canseira! E o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos Exércitos; vós também ofereceis o roubado, e o coxo, e o enfermo, e fazeis a oferta; ser-me-á aceito isso de vossa mão? diz o Senhor.

14 Pois maldito seja o enganador que, tendo no seu rebanho um animal, promete e oferece ao Senhor o que é corrompido; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome será temível entre as nações.

Capítulo 2

Os sacerdotes são reprovados por não guardarem seus convênios e por não ensinarem o povo — Os judeus são condenados por lidarem de maneira desleal uns com os outros e com suas esposas.

1

Agora, pois, ó sacerdotes, este mandamento é para vós.

2 Se não o ouvirdes, e se não propuserdes no coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as amaldiçoei, porque vós não pondes isso no coração.

3 Eis que repreenderei a vossa semente, e espalharei esterco sobre os vossos rostos, o esterco das vossas festas; e com ele sereis levados.

4 Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu convênio seja com Levi, diz o Senhor dos Exércitos.

5 Meu convênio com ele foi a vida e a paz, e eu lhas dei para temor, e ele me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.

6 A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniquidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão, e converteu muitos da iniquidade.

7 Porque os lábios do sacerdote guardarão o conhecimento, e da sua boca buscarão a lei, porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.

8 Mas vós vos desviastes do caminho, a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o convênio de Levi, diz o Senhor dos Exércitos.

9 Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.

10

Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que seremos desleais cada um com seu irmão, profanando o convênio de nossos pais?

11 Judá foi desleal, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou a santidade do Senhor, a qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho.

12 O Senhor destruirá das tendas de Jacó o homem que fizer isso, o que vela, e o que responde, e o que apresenta oferta ao Senhor dos Exércitos.

13 Também fazeis esta segunda coisa: cobris o altar do Senhor de lágrimas, com choros e com gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.

14 E dizeis: Por quê? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, contra a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher do teu convênio.

15 E não fez ele somente um, sobejando-lhe espírito? e por que somente este um? Ele buscava uma semente de Deus. Portanto, guardai-vos em vosso espírito, e contra a mulher da vossa mocidade nenhum seja desleal.

16 Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com as suas vestes, diz o Senhor dos Exércitos; portanto, guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais.

17 Enfadais ao Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o enfadamos? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal é bom aos olhos do Senhor, e desses tais é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?

Capítulo 3

O mensageiro do Senhor preparará o caminho para a Segunda Vinda — O Senhor se assentará para julgar — O povo de Israel é ordenado a pagar dízimos e ofertas — Eles mantêm um livro de recordações.

1

Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o mensageiro do convênio, em quem vos deleitais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos.

2 Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros.

3 E assentar-se-á, refinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça.

4 E a oferta de Judá e de Jerusalém será suave ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.

5 E chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o jornaleiro em seu salário, e a viúva, e o órfão, que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos.

6 Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.

7 Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; retornai a mim, e eu retornarei a vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de retornar?

8 Roubará o homem a Deus? Porque vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.

9 Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, sim, toda a nação.

10

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, até que não haja mais lugar para a recolherdes.

11 E por causa de vós repreenderei o devorador, para que não vos destrua o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.

12 E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos.

13 As vossas palavras foram duras contra mim, diz o Senhor; mas vós dizeis: Que falamos contra ti?

14 Vós dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos guardado os seus preceitos, e andarmos pesarosos diante do Senhor dos Exércitos?

15 Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade se edificam; também tentam a Deus, e escapam.

16 Então aqueles que temem ao Senhor falam um com o outro; e o Senhor atenta e ouve; e há um livro de recordações escrito diante dele, para os que temem ao Senhor, e para os que se lembram do seu nome.

17 E eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei deles minha propriedade; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.

18 Então voltareis e vereis adiferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o que não o serve.

Capítulo 4

Na Segunda Vinda, os orgulhosos e os iníquos serão queimados como restolho — Elias, o profeta, voltará antes desse grande e terrível dia.

1

Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de modo que não lhes deixará nem raiz nem ramo.

2 Mas a vós, que temeis o meu nome, o sol da justiça nascerá, e trará cura debaixo das suas asas; e saireis, e crescereis como os bezerros do cevadouro.

3 E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, no dia em que eu fizer isso, diz o Senhor dos Exércitos.

4 Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe prescrevi em Horebe para todo o Israel, dos estatutos e juízos.

5 Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor;

6 E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.