Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias, Volume 4, Ecoado em Cada Ouvido, 1955–2020

Volume 4

Santos

A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias

Ecoado em Cada Ouvido

1955–2020

Publicado por

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Salt Lake City, Utah

santos.ChurchofJesusChrist.org

Arte da capa: Greg Newbold

Design da capa e layout da parte interna: Patric Gerber

Dados da publicação na catalogação da Biblioteca do Congresso

Nomes: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, entidade emitente.

Título: Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias. Volume 4, Ecoado em Cada Ouvido, 1955–2020.

Outros títulos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias

Descrição: Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2024. | Inclui referências bibliográficas e índice. | Sinopse: “O quarto volume de uma série de quatro volumes que relatam a história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” — Fornecida pela editora.

Identificadores: ISBN 9781629726502 (capa mole) | ISBN 9781629738130 (e-book)

Assuntos: LCSH: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — História — século 19 | Igreja Mórmon — História — século 19 | A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — História — século 20 | Igreja Mórmon — História — século 20 | A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — História — século 21 | Igreja Mórmon — História — século 21.

Classificação: LCC BX8611 .S235 2024 | DDC 289.309/034—dc23

Impresso no Brasil

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

Sumário

Colaboradores

Santos
A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias

Historiador e registrador da Igreja
Diretor executivo, Departamento de História da Igreja

Élder Kyle S. McKay

Diretor executivo assistente, Departamento de História da Igreja

Élder Hugo E. Martinez

Diretor administrativo, Departamento de História da Igreja

Matthew J. Grow

Diretor, Divisão de Publicações

Matthew S. McBride

Historiador administrativo

Jed Woodworth

Gerente editorial

Nathan N. Waite

Gerente de produto

Benjamin Wood

Gerente de projetos

Petra Javadi-Evans

Artista

Greg Newbold

Volume 4
Ecoado em Cada Ouvido
1955–2020

Editores gerais

Scott A. Hales

James Perry

Lisa Olsen Tait

Jed Woodworth

Escritores

Scott A. Hales

David Bolingbroke

Lisa Christensen

Angela Hallstrom

Dallin Morrow

David Nielsen

James Perry

Tesia Tsai

Jed Woodworth

Editores

Petra Javadi-Evans

Alison Kitchen Gainer

Leslie Sherman Edgington

R. Eric Smith

Nathan N. Waite

Parte 1

Aos poucos

1955–1966

“O conhecimento da verdade não veio a mim repentinamente, mas veio aos poucos, de maneira tão gentil e natural que nem percebi que já brilhava sobre mim.”

Hélio da Rocha Camargo

mapa da América do Sul

Capítulo 1

Onde e quando

a mão de um homem saindo da janela de um ônibus para segurar a mão de uma mulher

“Diga a ele que envie novamente a Igreja.”

A voz calma e urgente surpreendeu e confundiu Nora Siu Yuen Koot, de 16 anos. “O quê?”, disse ela.

“Diga a ele que envie novamente a Igreja.”

Nora ouviu de novo a mensagem com clareza. Era como se alguém tivesse sussurrado em seu ouvido direito. Mas não havia ninguém por perto. Ela estava sozinha do lado de fora de um hotel em Hong Kong, em setembro de 1954. Alguns visitantes dos Estados Unidos haviam acabado de embarcar em um ônibus para o aeroporto e ela estava se despedindo deles.

Os visitantes eram líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que viajavam pelo Leste Asiático. Mais de 1 bilhão de pessoas residiam naquela parte do mundo, mas apenas aproximadamente mil delas tinham aceitado o evangelho restaurado de Jesus Cristo. A Igreja não tinha uma presença oficial em Hong Kong havia vários anos, desde que a agitação social na China e uma guerra na vizinha Coreia levaram os líderes da Igreja a fechar a missão em 1951. Mas o conflito já havia terminado, e os visitantes tinham ido para se reunir com Nora e os outros 18 santos que moravam na cidade.

Liderando o grupo estava o élder Harold B. Lee, membro sênior do Quórum dos Doze Apóstolos da Igreja. Nora percebeu que ele era importante, mas não sabia o suficiente sobre a administração da Igreja para entender o motivo. Ainda assim, ela sabia que a mensagem sussurrada era para ele.

Sem pensar duas vezes, ela estendeu a mão em direção ao ônibus, esperando que ele não fosse embora. “Apóstolo Lee”, disse ela.

O élder Lee estendeu a mão para fora de uma janela aberta e Nora a segurou. “Por favor, envie novamente a Igreja”, gritou ela. “Nós, santos sem a Igreja, somos como pessoas sem comida. Precisamos ser alimentados espiritualmente.”

Os olhos do apóstolo encheram-se de lágrimas. “Não cabe a mim decidir”, disse ele, “mas vou relatar à liderança”. Ele disse a Nora que orasse e mantivesse sua fé, assegurando-lhe que, enquanto houvesse santos fiéis como ela, a Igreja estaria presente em Hong Kong.

O ônibus então engatou a marcha e partiu devagar.

Mês após mês se passou, e Nora não ouviu nada da Igreja. Às vezes ela se perguntava se algum dia a veria. Os missionários santos dos últimos dias sempre tiveram dificuldades em Hong Kong. Os élderes pregaram lá pela primeira vez na década de 1850, mas doenças, diferenças religiosas e culturais, pobreza e a barreira do idioma os levaram a abandonar a missão depois de apenas alguns meses, sem nenhum batismo. O grupo seguinte de missionários chegou em 1949, mas essa missão durou apenas dois anos.

Naquela época, Nora e suas duas irmãs mais novas tornaram-se os primeiros chineses a filiar-se à Igreja em Hong Kong. A família delas estava entre as centenas de milhares de refugiados que tinham ido para a colônia britânica a fim de escapar da agitação na China continental. A sede da missão ficava na rua onde elas moravam, e a madrasta de Nora as mandava para lá todas as manhãs, esperando que aprendessem inglês e tudo o mais que os missionários estivessem ensinando.

Nora ainda se lembrava das lições bíblicas que recebia da irmã Sai Lang Aki, uma missionária havaiana descendente de chineses que a ajudou a aprender inglês. Nora recebeu um testemunho do evangelho restaurado naquela época. Seu testemunho a ajudou a permanecer firme após o fechamento da missão, quando parecia que a luz havia se apagado em Hong Kong. Mesmo na ausência de ordenanças do sacerdócio, reuniões sacramentais, capelas e literatura da Igreja em chinês, ela se apegou com firmeza à sua fé em Jesus Cristo.

Em agosto de 1955, quase um ano depois da visita do élder Lee, um jovem alto e loiro abordou Nora no cinema onde ela trabalhava. De repente, ela reconheceu Grant Heaton, que havia servido como missionário em Hong Kong antes do fechamento da missão. Ele e sua esposa, Luana, tinham acabado de chegar a Hong Kong para inaugurar a recém-criada Missão Extremo Oriente Sul.

Nora ficou extremamente feliz. Conforme ela esperava, o élder Lee havia falado com os líderes da Igreja sobre os santos de Hong Kong. Na verdade, logo após retornar aos Estados Unidos, ele recomendou a reabertura da missão e até contou a história de Nora na conferência geral da Igreja. O presidente da Igreja, David O. McKay, chamou Grant para liderar a nova missão, que abrangia Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Guam e outros lugares da região.

“O sol está raiando”, pensou Nora. “A luz voltou para os santos de Hong Kong!”


Em 22 de setembro de 1955, quase dois meses após o início da Missão Extremo Oriente Sul, o presidente David O. McKay voltou a Salt Lake City após uma visita de cinco semanas aos santos da Europa. Embora ele e sua esposa, Emma Ray, tivessem passado o dia inteiro confinados em um avião, cumprimentaram alegremente os líderes da Igreja, familiares e amigos que foram ao aeroporto para recebê-los de volta ao lar.

Parando na pista para conversar com repórteres e fotógrafos, o presidente McKay falou prontamente sobre o ponto alto de sua viagem: a dedicação do templo próximo de Berna, na Suíça. Na época, aquele era um dos sete templos em funcionamento no mundo e o primeiro a ser construído na Europa. Sua dedicação ocorreu em dez sessões em sete idiomas. E centenas de santos europeus já haviam nele recebido sua investidura.

Os cidadãos de Berna ficaram encantados com o edifício sagrado. “Eles o chamam de ‘nosso templo’”, disse o presidente McKay a um repórter, “e agora os membros da Igreja ali estão sendo considerados cristãos”.

O Templo da Suíça era um símbolo do compromisso da Igreja em estabelecer congregações fortes em todo o mundo depois de passar décadas incentivando os santos a se reunirem em Utah. Na época, com templos em construção na Inglaterra e na Nova Zelândia, a Igreja procurava aproximar os templos de seus membros distantes e expandir a disponibilidade das ordenanças do templo.

O presidente McKay sabia que esses templos eram apenas o começo. Conforme Joseph Smith havia profetizado, a verdade de Deus varreria todos os países e soaria em todos os ouvidos.

Esse dia ainda não havia chegado, mas a Igreja estava progredindo. Embora a maior parte da população mundial nunca tivesse ouvido falar do evangelho restaurado de Jesus Cristo, o respeito pela Igreja vinha crescendo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Havia pouco mais de um milhão de santos dos últimos dias no mundo, e muitas pessoas admiravam sua vida íntegra, seus valores cristãos, sua preocupação com os pobres e sua mensagem de alegria. O Coro do Tabernáculo da Igreja também havia se tornado muito popular, apresentando-se em programas de rádio no mundo inteiro. No início do ano, quando a Igreja comemorou seu 125º aniversário, o New York Times, um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos, só tinha elogios para os santos.

Ao refletir sobre o destino da Igreja, o presidente McKay e seus conselheiros, Stephen L. Richards e J. Reuben Clark, perceberam que havia obstáculos no caminho para um crescimento ainda maior.

Um obstáculo era o de prover boas capelas e outras edificações para os santos. Na década de 1920, a Igreja criou um sistema para suprir as congregações com plantas arquitetônicas padronizadas e fundos significativos para ajudar os santos locais a construir prédios com eletricidade, encanamento interno e, mais recentemente, ar condicionado. Mas, em lugares onde a Igreja estava menos estabelecida, muitos ramos não tinham meios ou experiência para realizar projetos de grande escala. Consequentemente, muitas vezes eles tinham que se reunir em salões alugados.

Os problemas eram mais sérios em muitas partes do mundo. Alguns ramos enfrentavam dificuldades por terem poucos membros, líderes locais inexperientes, contato pouco frequente com a sede da Igreja e pouca literatura da Igreja nos idiomas locais. Alguns lugares ficavam muito distantes das estacas ou dos distritos da Igreja para manter congregações fortes.

Além disso, como mais de 90 por cento dos santos dos últimos dias moravam nos Estados Unidos, a Igreja era frequentemente associada à América do Norte. Essa percepção criou problemas em nações comunistas como a União Soviética, que desconfiavam profundamente dos Estados Unidos e da religião em geral. Na década anterior, muitas dessas nações tinham promulgado políticas que dificultaram — ou até impossibilitaram — a operação da Igreja dentro de suas fronteiras.

A abertura da Missão Extremo Oriente Sul demonstrou que a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos estavam ansiosos para expandir o trabalho missionário para novas regiões, especialmente na Ásia e na América do Sul. A África, porém, apresentava um obstáculo especial. Desde o início da década de 1850, a Igreja havia impedido que os descendentes de negros africanos possuíssem o sacerdócio ou recebessem a investidura e as ordenanças de selamento do templo, de modo que a Igreja havia realizado pouco trabalho missionário no continente. Ainda assim, de tempos em tempos, os líderes da Igreja recebiam cartas de pessoas da África Ocidental expressando interesse no evangelho restaurado.

O presidente McKay tinha esses problemas e sucessos em mente seis meses depois, quando viajou para a Califórnia a fim de dedicar o Templo de Los Angeles. Os planos para a construção haviam começado sob a direção do presidente Heber J. Grant, mas a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial atrasaram a conclusão por quase 20 anos. Era o maior templo que a Igreja já havia construído, e sua visitação pública altamente divulgada deu a 700 mil pessoas a chance de entrar nele e aprender a respeito de seu propósito sagrado.

Na cerimônia de dedicação, o presidente McKay agradeceu ao Senhor ao contemplar a congregação presente na sala de reuniões do templo.

“Sentimos Tua presença e, em tempos de dúvida e perplexidade, ouvimos Tua voz”, declarou ele em sua oração dedicatória. “Aqui em Tua casa sagrada, com humildade e profunda gratidão, reconhecemos Tua orientação divina, Tua proteção e inspiração.”


Por volta dessa época, em São Paulo, Brasil, um aspirante a pastor metodista chamado Hélio da Rocha Camargo estava começando seu terceiro ano em uma faculdade de teologia. Certo dia, um conhecido de sua congregação disse-lhe que havia se encontrado com missionários santos dos últimos dias, e ele convidou Hélio para estar presente na visita seguinte que lhe fariam.

Hélio ficou curioso sobre os santos e seus ensinamentos, então aceitou o convite. A Igreja estava no Brasil há quase 30 anos, mas havia apenas cerca de 300 membros no país, e Hélio nunca havia conhecido nenhum. Infelizmente, no dia marcado, os missionários não compareceram.

Pouco tempo depois, durante uma discussão em classe sobre a natureza de Deus, Hélio perguntou ao professor se os santos dos últimos dias acreditavam na Trindade, ou na visão de que Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo eram um só ser.

“Não tenho nenhuma informação”, disse o professor. Ele nem sabia se os santos dos últimos dias eram cristãos.

“Ora”, disse Hélio, “acho que eles se consideram cristãos porque o nome oficial da igreja é a Igreja de Jesus Cristo”.

“Veja se é possível encontrar um em São Paulo”, disse o professor. Ele então sugeriu que Hélio convidasse um santo dos últimos dias para falar ao corpo discente em seu fórum semanal.

Hélio foi até a sede da Igreja na cidade e convidou Asael Sorensen, presidente da Missão Brasileira, para falar no fórum. O presidente Sorensen queria aceitar o convite, mas, como tinha um compromisso anterior a cumprir, ofereceu-se para enviar dois jovens missionários em seu lugar.

“Garanto que esses jovens estão bem preparados”, disse ele a Hélio.

No dia do fórum, dois missionários dos Estados Unidos — os élderes David Richardson e Roger Call — chegaram à faculdade. Hélio deu as boas-vindas aos jovens e os apresentou a uma sala com cerca de 50 alunos e uma dezena de professores. O élder Richardson, que tinha mais experiência em falar português, foi até o púlpito e começou a falar sobre a Igreja. O élder Call, enquanto isso, anotava pontos importantes em um quadro-negro.

Hélio ficou impressionado com a coragem e a tranquilidade do élder Richardson. O jovem falou primeiro sobre a Trindade, testificando que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram três seres separados. Logo os membros da plateia começaram a interrompê-lo, fazendo uma pergunta após outra. “Deixem-me terminar”, disse o élder Richardson, por fim, “e então vocês podem fazer perguntas depois”.

A plateia se aquietou e o missionário continuou sua mensagem. Ele usava a Bíblia com frequência e, toda vez que citava um versículo, os professores e alunos abriam as escrituras para verificar se ele estava correto. Hélio podia sentir que seus colegas não concordavam com tudo o que os missionários ensinavam, mas passaram a ouvir com mais respeito.

Então o élder Richardson levantou o assunto da autoridade do sacerdócio e do batismo. “Se pudermos provar a vocês que temos autoridade para batizar”, disse ele, “quantos de vocês concordariam em ser batizados?”

Um aluno gritou: “Sim!”, e o diretor da faculdade fez uma careta para ele com desgosto.

Quando o élder Richardson concluiu sua apresentação, ele convidou o público a fazer perguntas. Imediatamente, alguns dos alunos perguntaram sobre o Massacre de Mountain Meadows e outras controvérsias. Parecia que poucos alunos queriam demonstrar interesse na Igreja.

Após a apresentação, Hélio e outros três alunos foram almoçar com os missionários. Fizeram mais perguntas aos élderes, mostrando interesse sincero em sua mensagem. Hélio queria aprender mais sobre a Igreja, mas seu tempo era precioso. Ele e sua esposa, Nair, tinham quatro filhos pequenos, com outro a caminho. Estava muito ocupado com a escola e a família.

Em pouco tempo, deixou de lado seu interesse pelos santos e perdeu contato com os missionários.


Certo dia, em maio de 1956, Mosese Muti e seu amigo e membro da Igreja ʻAtonio ʻAmasio estavam viajando por uma estrada nos arredores da cidade de Nukuʻalofa, Tonga, nas ilhas do Pacífico. Enquanto conversavam, um carro passou por eles e parou abruptamente. Ambos sabiam que o carro pertencia a Fred Stone, o presidente da Missão Tonganesa. O presidente Stone tinha cerca de 50 anos — apenas alguns anos mais velho que Mosese. Ele e sua esposa, Sylvia, serviam no país havia cerca de seis meses.

Mosese e ʻAtonio correram até o carro, e o presidente Stone os cumprimentou. “Você conhece alguém que gostaria de servir missão?”, perguntou ele. Em todo o Pacífico Sul, a Igreja estava chamando dezenas de “missionários de construção” para acelerar o ritmo de construção de capelas na área. O presidente McKay havia aprovado recentemente a construção de 21 novas capelas em Tonga, e o presidente Stone foi autorizado a chamar os santos locais para realizar o trabalho.

Mosese olhou para ʻAtonio, e seu amigo encolheu os ombros. Havia mais de 4 mil membros da Igreja em Tonga, mas nenhum missionário em potencial veio-lhe à mente. As missões de construção forneciam aos santos um valioso treinamento prático como pedreiros, eletricistas, encanadores e carpinteiros, o que poderia ajudá-los a conseguir um emprego após a missão. Mas o trabalho podia ser bem estafante.

“Você deve conhecer alguém”, insistiu o presidente Stone. “Que tal você, Muti?”

“Se for um chamado do Senhor, irei com prazer”, disse Mosese. Ele e sua esposa, Salavia, eram membros da Igreja há mais de 20 anos. Já haviam servido em várias missões, inclusive em uma para ajudar a construir a Liahona College, a nova escola secundária da Igreja em Tonga. Mas Mosese trabalhava então como gerente de materiais de construção para o governo tonganês e tinha uma família numerosa para sustentar. Ele não queria desorganizar toda a sua vida simplesmente porque o presidente precisava de um missionário que estivesse disposto a servir.

“O Senhor quer você”, assegurou-lhe o presidente Stone. “Você tem algum dinheiro, alguma poupança?”

“É por isso que dei a você a resposta que dei”, disse Mosese. “Ele sabe como somos pobres e com o que Ele teria de nos abençoar para que conseguíssemos servir como missionários.”

“Por que não conversa sobre isso com Salavia?”, sugeriu o presidente Stone. “Deixe-me saber o que ela acha de servir nessa missão.”

“Tudo o que quero saber é onde e quando”, disse Mosese.

O presidente disse-lhe que ele serviria em Niue, uma pequena nação insular quase 650 quilômetros a nordeste de Tonga. Quatro missionários já estavam pregando o evangelho e se preparando para construir uma capela ali, mas o progresso era lento.

“Minha esposa e família ficarão felizes em ir”, disse Mosese. Ele contou ao presidente Stone um sonho que tivera recentemente em que ele e Salavia estavam caminhando juntos em outra ilha. “Era um lugar onde todas as aldeias estavam localizadas ao redor da ilha ao longo da costa”, disse Mosese. “Eu nunca tinha visto uma ilha assim antes. Deve ser Niue!”

“Ótimo”, disse o presidente. “Você tem duas semanas e meia para se preparar antes que o barco chegue.”

Salavia se alegrou quando Mosese lhe contou sobre o chamado para a missão, e juntos agradeceram ao Senhor por isso. Desde o casamento deles em 1933, ela nunca o vira recusar uma oportunidade de servir na Igreja. E ela compartilhava a dedicação dele ao trabalho missionário, confiando que Deus os abençoaria pelos sacrifícios que fizessem em Seu nome.

Mais do que tudo, o casal Muti ansiava por receber as bênçãos do templo. O templo mais próximo ficava no Havaí, a 5 mil quilômetros de distância, e o custo sempre os impedia de fazer a viagem. Assim que o templo na Nova Zelândia fosse concluído, a jornada para atingir essa meta seria bem mais curta. Porém, mesmo assim, o custo seria maior do que aquele com o qual eles poderiam arcar, especialmente naquele momento, quando estavam indo para outra missão.

Ainda assim, eles tinham motivos para esperar que um dia entrariam no templo. Em 1938, enquanto Mosese servia como missionário, o apóstolo George Albert Smith visitou Tonga e lhe conferiu o sacerdócio de Melquisedeque. “Se você continuar seu trabalho missionário”, prometeu o apóstolo, “você passará pelo templo sem gastar um centavo de seu bolso”.

Em 29 de maio de 1956, Mosese e Salavia embarcaram em um navio para Niue com seus quatro filhos mais novos. A família tinha dinheiro apenas para a passagem. Como se sustentariam no campo missionário, porém, estava nas mãos do Senhor. À medida que Tonga sumia de vista, substituída por grandes ondas e um horizonte infinito, a família Muti estava cheia de fé nas promessas de Deus.


Poucos meses depois que a família Muti partiu para Niue, Hélio da Rocha Camargo se viu cheio de dúvidas sobre o batismo de bebês, prática comum entre os metodistas e outras denominações cristãs. A princípio, ele simplesmente queria clareza. Por que essas igrejas batizam criancinhas? Como o batismo beneficiava o bebê? A Bíblia parecia não dizer nada sobre a prática, então ele fez essas perguntas a seus professores e colegas da faculdade de teologia. Ninguém sabia respondê-las de modo satisfatório.

“Como costume histórico, deve ser preservado”, sugeriu uma pessoa.

Hélio não conseguiu ver a lógica. “Qual é o benefício?”, perguntou ele. “As tradições históricas são necessariamente verdadeiras?”

Quanto mais ele pensava sobre o batismo de bebês, mais isso o perturbava. Sua esposa, Nair, acabara de dar à luz seu quinto filho, um menino chamado Josué. Por que uma criança como Josué precisaria ser batizada? Que pecado ele tinha cometido?

Outros alunos da faculdade se juntaram a Hélio para questionar a prática. Alarmados, os diretores da escola convocaram um conselho de professores e entrevistaram Hélio e os outros alunos. Hélio foi honesto com os professores. “Não encontro justificativa suficiente para o batismo de bebês”, disse a eles. “É uma prática que não é apoiada pela doutrina que posso entender ou encontrar no Novo Testamento.” Como pastor, disse ele, não poderia, em sã consciência, batizar um bebê.

Após a entrevista, Hélio e três de seus amigos foram suspensos por um período a fim de buscar respostas para suas perguntas. Quando Hélio deu a notícia a Nair, ela ficou chateada. Ela compartilhava da devoção de Hélio a Jesus Cristo e ao estudo da Bíblia, e não gostava de como a faculdade o estava tratando. Se os estudos de Hélio não o levassem a concordar com seus pontos de vista, o conselho da faculdade simplesmente encerraria seu vínculo com a faculdade, ou até mesmo sua carreira no ministério.

Hélio tentou mais uma vez entender o batismo infantil. Pediu a alguns de seus amigos e professores que o ajudassem a encontrar respostas. Eles se recusaram. “Qual bem isso faria?”, disseram. “Você nunca vai mudar de ideia.”

“Mas quero mudar de ideia”, insistiu Hélio. “Quero encontrar um bom motivo para mudar de ideia.”

Um professor finalmente concordou em examinar o assunto com ele. Estudaram todas as passagens sobre o batismo no Novo Testamento, às vezes consultando comentários e o texto grego original para obter mais informações. “Você está certo”, disse o professor depois de algumas semanas. “Não há base bíblica para a doutrina.”

Ao final da suspensão, Hélio voltou a se reunir com o conselho da faculdade e informou que sua posição sobre o batismo infantil não havia mudado. Percebendo que não havia mais nada que pudessem realizar para fazê-lo mudar de ideia, o conselho encerrou seu vínculo com a faculdade.

Hélio começou a trabalhar em um banco, mas continuou lendo sobre o batismo, procurando saber o que as outras igrejas ensinavam. Nair apoiou sua busca por mais verdade, mas seus parentes acharam estranho e um pouco imaturo da parte dele deixar a faculdade. Hélio não lhes deu atenção. Ele orava frequentemente pedindo orientação, não apenas para seu próprio bem, mas também para o bem de Nair e de sua família. Como pai, ele sentia a obrigação de levar seus filhos à luz e à verdade.

Um dia, Hélio lembrou-se dos missionários santos dos últimos dias que foram à sua escola. Na época, ele havia comprado um livro sobre a igreja deles chamado Uma Obra Maravilhosa e um Assombro, mas não o havia lido muito. Ele encontrou o livro em uma prateleira e o abriu. O autor, LeGrand Richards, era um apóstolo santo dos últimos dias que servira duas vezes como presidente de missão. Cada capítulo delineava um princípio do evangelho restaurado, ponto por ponto, baseando-se fortemente na Bíblia para apoiar cada afirmação.

Hélio logo perdeu o interesse por outras igrejas. O livro Uma Obra Maravilhosa e um Assombro havia captado completamente sua atenção. “Este livro”, pensou ele, “tem respostas que nenhum outro tem”.

Ele sabia que tinha de procurar a Igreja. Havia mais a aprender sobre os santos.

Capítulo 2

Ensinai-me, ajudai-me

litoral de ilha tropical

À medida que seu barco se aproximava de Niue, Mosese e Salavia Muti viram um litoral acidentado pontilhado aqui e ali de cavernas e enseadas isoladas. Fiel ao sonho de Mosese, as 13 aldeias da ilha se situavam à beira do mar. Alofi, o maior vilarejo de Niue, ficava na costa oeste e servia de centro para um punhado de estradas que cortavam as florestas tropicais e os afloramentos de corais que cobriam o interior da ilha. Era um lugar isolado, onde moravam menos de 5 mil pessoas.

Os missionários chegaram a Niue pela primeira vez em 1952. Então, quatro anos depois, havia cerca de 300 santos na ilha. O presidente do distrito era um missionário americano de 23 anos chamado Chuck Woodworth. Quando ele e os outros missionários não estavam compartilhando o evangelho ou cuidando dos seis ramos da ilha, estavam trabalhando na construção de uma nova capela e um escritório da missão em Alofi. Não havia supervisor de construção em Niue, por isso os élderes ainda não haviam começado a cavar fundações ou erguer paredes. Em vez disso, passavam horas triturando rocha de coral duro da ilha em cascalho a fim de fazer concreto para o projeto.

Chuck estava se sentindo frustrado e sobrecarregado quando a família Muti chegou. Ele era um missionário sincero e trabalhador, porém muitas vezes ficava desanimado quando os santos de Niue não ajudavam os missionários ou não viviam sua religião como ele achava que deveriam. Salavia e Mosese eram mais pacientes e empáticos. O casal entendeu que cada membro da ilha era novo na fé e ainda estava aprendendo e crescendo.

Não se preocupe, dizia Mosese a Chuck. Tudo vai ficar bem no final.

Mosese rapidamente conquistou a amizade e a confiança dos santos de Niue com seu amor pelo evangelho e seu conhecimento da cultura local. Ele assumiu o comando do programa de escoteiros da Igreja, deu aulas do evangelho e triturou corais com outros missionários. Salavia, por sua vez, cuidava do bem-estar dos missionários e membros da Igreja. Cozinhava, lavava e consertava roupas, ouvia e dava conselhos quando alguém precisava conversar. Também dava aulas na Primária e na Escola Dominical e fazia discursos.

Em setembro de 1956, Chuck organizou a primeira Sociedade de Socorro de Niue e chamou Salavia para ser a professora. A princípio, algumas mulheres da Sociedade de Socorro não pareciam respeitá-la ou não demonstravam muito interesse em assistir às reuniões. A experiência de Salavia em trabalhar com mulheres na Igreja a ensinou a ser sensível às necessidades delas. Sabendo que muitas pessoas de Niue não tinham utensílios de cozinha modernos, ela perguntou a Langi Fakahoa, presidente da Sociedade de Socorro, se poderia realizar uma atividade para ensinar às mulheres uma maneira simples de cozinhar um pudim tonganês sem fogão.

Antes da reunião, Salavia pediu aos membros da Sociedade de Socorro que trouxessem ingredientes para que pudessem fazer seu próprio pudim. Das 15 mulheres que compareceram, porém, apenas 3 trouxeram os ingredientes. Outras simplesmente olhavam com ceticismo.

Sem se deixar abater, Salavia mostrou como preparar o pudim e cozinhá-lo em água em uma fogueira ao ar livre. As mulheres que trouxeram suprimentos seguiram todas as suas instruções, passo a passo, até que seus pudins estivessem cozinhando também. Salavia então trouxe um pudim que ela havia feito antes da reunião e ofereceu a todas algumas fatias.

Quando as mulheres mordiscaram a sobremesa, seus olhos se arregalaram. “Uau”, disseram. Ninguém nunca tinha provado nada parecido. Após a reunião, as três mulheres que trouxeram os ingredientes dividiram seus pudins com as outras, que foram para casa determinadas a vir mais bem preparadas na próxima atividade da Sociedade de Socorro.

A notícia do pudim se espalhou, e o respeito por Salavia mudou. As mulheres que não demonstravam interesse pela Sociedade de Socorro começaram a frequentar as reuniões. Várias delas convidaram suas amigas e parentes para a próxima atividade culinária, e Salavia começou a chamar as noites da Sociedade de Socorro de Po Fiafia — a Noite da Diversão.

Salavia estava descobrindo que ensinar culinária e outras habilidades era uma excelente ferramenta missionária. Quando as mulheres se reuniam em grupo, contavam histórias, contavam piadas e cantavam canções. As reuniões aproximavam as mulheres, criando amizades e fortalecendo o ânimo. A frequência à Igreja melhorou e as famílias pareciam mais felizes e unidas por causa das habilidades que as mulheres estavam aprendendo na Sociedade de Socorro.


No final de 1956, as irmãs da Sociedade de Socorro de todo o mundo aguardavam a dedicação de um novo prédio para sua organização em Salt Lake City. A Sociedade de Socorro tinha então cerca de 110 mil integrantes, e a presidente geral Belle Spafford queria que todas, não importava onde morassem, sentissem que eram parte de uma irmandade unida.

Ela mesma nem sempre fora uma entusiástica integrante da Sociedade de Socorro. Na época, as mulheres da Igreja não eram automaticamente inscritas na Sociedade de Socorro depois que atingiam a idade adulta, de modo que ela estava com 30 anos quando começou a frequentar regularmente as reuniões da Sociedade de Socorro. Quando seu bispo a chamou para servir como conselheira na presidência da Sociedade de Socorro de sua ala, ela recusou. “Essa organização é para minha mãe”, disse-lhe Belle, “não para mim”.

Trinta anos depois, ela estava no décimo primeiro ano de sua presidência, sendo uma de suas principais metas estabelecer uma sede permanente para a Sociedade de Socorro. Ela queria que a nova sede fosse um belo edifício onde as mulheres da Igreja pudessem entrar e se sentir em casa.

Quando a Sociedade de Socorro foi organizada pela primeira vez em 1842, as irmãs se reuniam no andar superior da loja de Joseph Smith, em Nauvoo. Mais tarde, no oeste dos Estados Unidos, as Sociedades de Socorro de ala construíam salões próprios onde podiam se reunir, tratar de negócios, ministrar aos necessitados e compartilhar suas ideias, suas experiências e seus testemunhos. Por volta da virada do século, as presidências gerais da Sociedade de Socorro, da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças e da Primária arrecadaram uma quantia considerável de dinheiro para construir a sede de suas organizações. Para sua decepção, no entanto, o plano não se concretizou. A Primeira Presidência determinou que fosse construído um prédio de escritórios compartilhado pelas três organizações e várias outras, incluindo o Bispado Presidente.

A Sociedade de Socorro passou então a funcionar no segundo andar desse prédio. Era um espaço apertado e barulhento com escritórios, uma sala de reuniões e uma área para costurar as roupas do templo. Logo após receber seu chamado em 1945, a presidente Spafford propôs a construção de uma nova sede para a organização. A Primeira Presidência concordou com o plano e pediu à Sociedade de Socorro que arrecadasse 500 mil dólares, metade do custo do prédio.

A presidente Spafford e suas conselheiras, Marianne Sharp e Velma Simonsen, planejaram uma arrecadação de fundos, convidando cada irmã da Sociedade de Socorro a contribuir com até 5 dólares para a construção do prédio — uma quantia considerável na época em que um pão custava 12 centavos nos Estados Unidos. Depois de alguns meses arrecadando fundos, a presidente Spafford ficou feliz ao saber que as mulheres da Igreja já haviam doado 20 mil dólares. Ela imediatamente pegou o telefone e ligou para J. Reuben Clark, segundo conselheiro na Primeira Presidência, para contar-lhe as boas novas.

“Não desanime”, disse ele, evidentemente deixando de perceber o entusiasmo dela. “Sei que 20 mil dólares não é muito quando você precisa arrecadar meio milhão.”

A presidente Spafford não desanimou, e as irmãs não a desapontaram. Por décadas, a Sociedade de Socorro tinha financiado suas organizações locais coletando anuidades e realizando campanhas regulares de arrecadação de fundos. Para fazer suas contribuições, as irmãs realizavam jantares festivos, costuravam e vendiam colchas e davam bailes. Em um ano, o prédio foi totalmente financiado.

A Sociedade de Socorro adquiriu um terreno do outro lado da rua do Templo de Salt Lake, e a presidente Spafford e suas conselheiras trabalharam em conjunto com o arquiteto para projetar o edifício. Havia um escritório para a presidência geral da Sociedade de Socorro, a junta geral e a equipe de apoio aos muitos projetos da organização, incluindo a Relief Society Magazine, os serviços sociais e de bem-estar, e a fabricação e venda de roupas do templo.

Como a presidente Spafford queria que o prédio parecesse um lar em vez de um escritório, ele tinha uma sala de visitas confortável na qual as mulheres podiam encontrar amigas, escrever uma carta ou desfrutar do ambiente agradável do lugar. No terceiro andar, havia um grande salão social com palco e cozinha, que as Sociedades de Socorro da estaca poderiam reservar para eventos especiais.

Havia doações feitas por irmãs da Sociedade de Socorro de todo o mundo, como uma luminária decorativa da Austrália e uma mesa entalhada de Samoa, adornando as salas e os corredores do prédio. Em Viena, Áustria, a presidente da Sociedade de Socorro, Hermine Cziep, e outros santos juntaram dinheiro para comprar um vaso de porcelana colorido e enviá-lo para Salt Lake City. Quando souberam que o vaso havia sido feito em 1830, ano em que a Igreja foi organizada, sentiram que tinham sido guiadas até ele pelo Senhor.

“Só de pensar”, disse uma irmã da Missão Suíço-Austríaca, “que fazemos parte de um edifício tão maravilhoso, mesmo que talvez jamais o vejamos, sabemos que ajudará a fazer muitas mulheres felizes”.

O Edifício da Sociedade de Socorro, como era chamada a nova sede, estava pronto para ser dedicado em outubro de 1956. Seu projeto era um eco moderno da arquitetura clássica, complementando o estilo do vizinho Edifício Administrativo da Igreja, que foi concluído em 1917 para abrigar os escritórios da Primeira Presidência e de outras autoridades gerais. Para honrar a longa história de armazenamento de grãos da Sociedade de Socorro, hastes ornamentais de trigo dourado adornavam o exterior do novo prédio.

Em 3 de outubro, a presidente Spafford estava no púlpito do Tabernáculo de Salt Lake, olhando para um público que representava uma fração das muitas mulheres que se sacrificaram para concluir o Edifício da Sociedade de Socorro. Ela acreditava que os esforços de financiamento e construção serviram como uma força unificadora dentro da organização.

“Esse esforço consolidou a irmandade da Sociedade de Socorro”, disse ela. “Oramos para que todas as que forem em frente a partir de nosso lar na Sociedade de Socorro enriqueçam a vida das filhas de nosso Pai Celestial e as conduzam ao bem-estar eterno.”


Após iniciar o estudo de Uma Obra Maravilhosa e um Assombro, Hélio da Rocha Camargo começou a frequentar um ramo próximo de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Logo sua esposa, Nair, também mostrou interesse no evangelho restaurado. “Não quero mais frequentar a igreja metodista”, disse ela em um domingo. Em vez disso, ela quis ir à igreja com ele.

Hélio passou a estudar o Livro de Mórmon, lendo-o de capa a capa em três dias. Em seguida, leu Doutrina e Convênios, a Pérola de Grande Valor e todas as outras publicações que encontrou sobre os santos. Ele se reunia frequentemente com os missionários, pagava o dízimo em seu ramo local e continuava a encontrar respostas para suas perguntas sobre Deus e Seu plano.

Também frequentou as reuniões da Igreja o suficiente para saber que os santos precisariam de sua ajuda. Asael Sorensen, o presidente da missão, estava ansioso para que a Igreja se expandisse no Brasil e acreditava que fortes líderes do sacerdócio se tornariam uma parte fundamental desse crescimento. O Brasil tinha então cerca de 2 mil membros, porém menos de 70 deles tinham o Sacerdócio de Melquisedeque.

Hélio não queria se filiar à Igreja, muito menos assumir as responsabilidades do sacerdócio, até que conhecesse a vontade de Deus para ele. O presidente Sorensen desenvolveu uma série de sete lições missionárias sobre tópicos como “A necessidade de um profeta vivo”, “A Palavra de Sabedoria” e “O propósito da mortalidade”. Hélio praticamente devorou cada uma dessas lições, mas ainda tinha mais perguntas para os missionários.

Ele e Nair ficaram particularmente chocados ao tomar conhecimento da antiga prática do casamento plural dos santos. Hélio também questionava por que a Igreja proibia homens descendentes de africanos de serem portadores do sacerdócio. Assim como os Estados Unidos, o Brasil há muito tempo proibira a prática de escravizar africanos e seus descendentes. Ao contrário dos Estados Unidos, no entanto, o Brasil não sancionara leis que segregassem negros e brancos, por isso havia menos divisão racial entre os brasileiros.

Hélio, cujos próprios ancestrais eram europeus, nunca havia encontrado uma restrição racial em sua antiga igreja, e a prática o incomodava. Mas não eram suas dúvidas que o estavam impedindo de se filiar à Igreja. Ao estudar com os missionários, ele ansiava por ter uma experiência como a de Paulo no Novo Testamento — uma conversão milagrosa, tão poderosa e repentina quanto um raio.

Decidiu orar mais e reler o Livro de Mórmon, esperando o tempo todo receber a confirmação que buscava. Nada de extraordinário aconteceu, e os missionários pareciam impacientes com ele. “Você sabe que a Igreja é verdadeira”, disse um deles a Hélio, “e agora é hora de você tomar uma decisão”.

O missionário tinha razão, sabia Hélio. O evangelho restaurado fazia todo o sentido. Mas saber disso ainda não era suficiente para ele.


No início de 1957, em Salt Lake City, Naomi Randall, de 48 anos, e as integrantes da junta geral da Primária estavam trabalhando arduamente em um programa para líderes da Primária do mundo inteiro. O comitê havia escolhido “A súplica de uma criança” como tema do programa. Acreditavam que muitos pais e pessoas que trabalhavam na Primária não compreendiam a importância de seu papel no ensino das crianças da Igreja. O tema era para ser um lembrete de seu chamado sagrado.

A presidente geral da Primária, LaVern W. Parmley, queria apresentar o programa na conferência anual da organização em abril, por isso Naomi e seu comitê tinham apenas alguns meses para concluí-lo. Jejuaram e oraram sobre o programa e acreditaram que o teriam pronto a tempo. Então a presidente Parmley chamou Naomi ao escritório dela.

“Precisamos de um novo hino para acompanhar o programa”, disse ela.

“Onde conseguimos um novo hino?”, perguntou Naomi.

“Você pode escrever um”, respondeu a presidente, lembrando que Naomi já era uma poetisa conhecida na Igreja. Ela lhe deu o número do telefone de Mildred Pettit, uma talentosa musicista e compositora que havia servido na junta geral da Primária. “Entre em contato com ela”, disse a presidente Parmley. “Vocês duas podem criar um novo hino.”

Naomi se sentia agitada em seus pensamentos quando saiu da reunião. Ela queria que as pessoas adultas do programa se lembrassem do tema e reconhecessem que as criancinhas precisavam de sua ajuda para voltar à presença de Deus. Mas como ela poderia transmitir essa mensagem em um hino?

Ao chegar em casa, conversou com Mildred por telefone. “Escreva todas as palavras, frases ou mensagens que você tiver em mente”, Mildred a aconselhou. “É importante ter a mensagem antes que a música seja composta.”

Naquela noite, Naomi pediu ao Pai Celestial que a inspirasse com a letra certa para o hino. Foi se deitar então e dormiu pacificamente por algum tempo.

Às 2 horas da madrugada, ela acordou. Seu quarto estava quieto. “Sou uma filha de Deus”, ela pensou, “e Ele me enviou aqui”. As palavras eram os versos iniciais de um hino. Ela pensou em mais versos e logo tinha a primeira e a segunda estrofes. “Não está mal”, pensou ela. “Acho que está bom.”

Em pouco tempo, ela tinha três estrofes e um refrão, cada qual expressando a voz de uma criança implorando por orientação espiritual de um pai, uma mãe ou uma professora. Naomi se levantou da cama e escreveu a letra, surpresa com a rapidez com que as palavras lhe vinham à mente. Geralmente ela se esforçava muito em cada letra que escrevia. Caindo de joelhos, agradeceu ao Pai Celestial.

Pela manhã, ligou para Arta Hale, conselheira na presidência geral da Primária. “Tenho uma letra”, disse ela. “Veja se vale a pena.”

“Pelos céus, menina, ela me dá arrepios”, disse Arta depois que Naomi leu a letra para ela. “Mande para cá!”

Em menos de uma semana, Naomi recebeu uma carta de Mildred. Em anexo, ela encontrou a música para o hino e algumas mudanças no refrão. Desde que enviara a letra para Mildred, Naomi tentou imaginar como seria a música. Quando ela finalmente ouviu a melodia, ficou emocionada. Ficara perfeito.

Em 4 de abril de 1957, solistas e um coro de crianças da Primária cantaram “Sou um Filho de Deus” na conferência anual da Primária. Além da ajuda de Mildred com a letra do refrão, a música estava exatamente como Naomi a havia escrito no meio da noite. As líderes da Primária presentes na conferência aprenderam o hino para que, por sua vez, pudessem ensiná-lo às crianças em suas próprias alas e ramos.

Algum tempo depois, a convite do apóstolo Harold B. Lee, a junta geral da Primária discursou em um jantar para autoridades gerais realizado no Edifício da Sociedade de Socorro. A apresentação delas contou com um coro de crianças de diferentes nações e raças vestidas com roupas tradicionais — um lembrete da crescente diversidade da Igreja. Enquanto as crianças cantavam o refrão de “Sou um Filho de Deus”, sua mensagem universal tocou o coração dos ouvintes:

Ensinai-me, ajudai-me

As leis de Deus guardar.

Para que um dia eu vá

Com ele habitar.

Ao terminarem o hino, o presidente David O. McKay se aproximou das crianças. “Vamos atender ao seu pedido”, prometeu ele. “Vamos ajudá-las.” Ele então se voltou para as autoridades gerais e disse: “Devemos aceitar o desafio de ensinar essas crianças”.

O élder Lee também ficou comovido. “Naomi”, disse ele após o jantar, “esse é um hino que vai perdurar por toda a eternidade”.


Em maio de 1957, Hélio da Rocha Camargo estava cansado de estudar os ensinamentos da Igreja sem fim ou propósito. Apesar de todo o seu aprendizado, ele carecia de um testemunho divino de sua veracidade. Sem esse testemunho, ele não progredia.

Por fim, pediu ajuda ao presidente Asael Sorensen e sua esposa, Ida. O casal fora um grande apoio para ele e Nair depois que eles deixaram a igreja metodista. A irmã Sorensen tinha um interesse especial por Nair e se encontrava com ela com frequência para certificar-se de que ela estava aprendendo e compreendendo o evangelho. Ela também percebeu as dificuldades de Hélio e quis oferecer todos os conselhos que pudesse.

“Hélio”, disse ela certa tarde, “acho que você não adquiriu um testemunho porque está procurando contradições na doutrina”.

Sentindo a veracidade de suas palavras, Hélio decidiu lançar um olhar objetivo sobre suas crenças religiosas. Pesou cuidadosamente tudo o que havia aprendido sobre o evangelho restaurado e viu que a doutrina era coerente e condizente com a Bíblia. Ainda tinha dúvidas sobre o casamento plural e a restrição do sacerdócio, mas se dispôs a aceitar os limites de seu entendimento. Tinha fé que Deus guiaria a Igreja por revelação.

Hélio também percebeu que não precisava de um raio para confirmar a veracidade do que havia aprendido. Viu que havia gradualmente adquirido um testemunho ao longo dos últimos meses — tão suave e naturalmente que nem tinha percebido que a luz da verdade eterna já o envolvia. Assim que ele entendeu isso, caiu de joelhos e agradeceu a Deus por lhe revelar a verdade.

Pouco tempo depois, Hélio pediu aos missionários que fossem à sua casa na noite da segunda-feira. “O que preciso fazer agora para ser batizado?”, perguntou ele.

O élder Harold Hillam descreveu os passos. “Você terá que ser entrevistado e, em seguida, a papelada do batismo precisa ser assinada pelo presidente da missão”, disse ele. “O batismo será no sábado.”

O élder Hillam o entrevistou imediatamente e constatou — sem que isso fosse uma surpresa — que Hélio estava guardando os mandamentos e tinha uma compreensão sólida do evangelho.

No dia do batismo, 1º de junho de 1957, Hélio foi à casa da missão, o único lugar de São Paulo onde os santos tinham uma pia batismal. Ele e Nair haviam conversado anteriormente sobre o desejo dela de ser batizada, mas ela queria estudar um pouco mais antes de se filiar à Igreja. Hélio pôde entender aquele desejo.

A pia batismal ficava no quintal da casa da missão. Era um dia frio e, quando Hélio entrou na pia batismal, a água gelada o assustou. Mas, quando ele saiu da água, recém-batizado, um calor reconfortante o envolveu. Uma grande alegria inundou seu ser e permaneceu com ele pelo restante do dia.

Capítulo 3

Uma boa luta

boxeador Chuck Woodworth lutando contra o Torpedo de Tonga

Todas as manhãs, às 7 horas, de segunda a sábado, Mosese Muti e seus companheiros missionários se reuniam no canteiro de obras da capela de Niue. O élder Archie Cottle, supervisor de construção de Ogden, Utah, foi para a ilha em março de 1957 com sua família e mais dois missionários tonganeses para iniciar a construção da nova capela e da casa da missão. Na ocasião, a primeira capela permanente dos santos dos últimos dias em Niue estava finalmente tomando forma, à sombra de um conjunto disperso de palmeiras.

Mosese gostava de seu trabalho na ilha. Ele e outro missionário tonganês estavam erguendo as paredes externas de alvenaria da capela. Os missionários descobriram que era um desafio conseguir homens locais para ajudar no projeto, especialmente porque os homens tinham outros trabalhos pesados para realizar na ilha. Mas um grupo dedicado de mulheres idosas se oferecia regularmente para ajudar a transportar areia ou auxiliar em outras tarefas no canteiro de obras.

O presidente do distrito, Chuck Woodworth, estava descontente por não conseguir fazer com que houvesse um progresso mais rápido na capela. E Mosese não podia culpá-lo. Chuck não havia sido chamado como missionário de construção, mas a falta de trabalhadores voluntários em Niue fazia com que ele tivesse que dedicar mais tempo à construção e menos tempo ao bem-estar espiritual dos santos do distrito.

Mosese sempre pedia a Chuck que fosse paciente. “Essas são pessoas boas”, lembrou ele certa vez ao jovem. “Eles são filhos do Senhor. Não vejo nenhuma falha neles. Vamos procurar seus pontos fortes e nos concentrar neles.”

Além disso, a construção de uma capela não era tarefa fácil para trabalhadores não qualificados. Os homens tinham que triturar corais, cavar fundações, despejar concreto e preparar a argamassa — tudo manualmente. Isso geralmente causava bolhas, cortes e outros ferimentos. E às vezes as pessoas simplesmente precisavam de tempo para captar o espírito do serviço.

Para ilustrar esse ponto, Mosese contou a Chuck sua experiência na construção da Liahona College como missionário de construção. “Cinco de nós iniciamos a Liahona e trabalhamos por mais de um ano antes que alguém nos ajudasse”, disse ele. “Quando a construímos, nós o fizemos tendo em vista as gerações futuras.”

Mosese também foi paciente com Chuck. Ele e Salavia passaram muitas noites conversando e aconselhando-se com o missionário, e ele se tornou como um filho para eles. Chuck até começou a chamá-los de “papá” e “mamá”. Seu próprio pai abandonara a família, deixando a mãe de Chuck para criar seis filhos sozinha. O jovem guardava muita raiva e dor, e estava grato por ter Mosese em sua vida naquele momento.

“Ele realmente conhece o significado da fé e do serviço”, escreveu Chuck. “Ele me ensinou coisas que eu levaria anos para aprender sem sua ajuda.”

Ainda assim, de tempos em tempos, Chuck ansiava por servir em outro lugar. Certo dia, ele soube que a Liahona College estava montando uma equipe de boxe e viu uma oportunidade de mudança. Ele havia sido boxeador profissional antes da missão. Quem sabe se ele pedisse ao presidente da missão que o transferisse para Tonga a fim de terminar sua missão como professor e treinador de boxe na escola? A escola, afinal de contas, ocasionalmente era administrada por missionários.

Mosese foi contra a ideia. Tendo passado mais de um ano trabalhando e ensinando ao lado de Chuck, ele acreditava que Deus havia enviado o jovem a Niue por um motivo. Sempre que uma tarefa era particularmente difícil, Chuck dobrava seus esforços e assumia mais do que sua parcela da carga de trabalho. E, quando Chuck soube que Mosese e Salavia haviam ficado sem comer poder para alimentar os missionários e outros trabalhadores, ele passou discretamente a comer o mínimo possível a fim de que sobrasse o suficiente para o casal.

Em junho de 1957, durante uma de suas conversas com Chuck, Mosese e Salavia mencionaram o quanto desejavam ir ao templo. Eles sabiam que o templo na Nova Zelândia estava quase pronto, mas a viagem para lá ainda era mais cara do que eles podiam pagar.

As palavras deles comoveram Chuck, e o desejo dele de terminar sua missão na Liahona College deixou de parecer tão importante. E se, após o término de sua missão, ele fosse para a Nova Zelândia e desafiasse um campeão de boxe para uma luta de boxe — um evento grande o suficiente para render o dinheiro que a família Muti precisava para ir ao novo templo? Era o mínimo que ele podia fazer depois de tudo o que fizeram por ele.

Quatro dias depois, ele escreveu a Johnny Peterson, seu empresário nos Estados Unidos, pedindo-lhe que enviasse equipamentos de boxe para Niue.


Naquela época, a Missão Extremo Oriente Sul precisava urgentemente de uma nova missionária. Uma das quatro irmãs que serviam em Hong Kong acabara de retornar aos Estados Unidos por motivos de saúde, deixando uma vaga inesperada na missão. O presidente Grant Heaton sabia que as irmãs remanescentes precisavam imediatamente de ajuda, por isso chamou Nora Koot como missionária local de tempo integral.

Durante os dois anos anteriores, Nora se tornara indispensável para a missão. Quando o casal Heaton chegou a Hong Kong, eles a designaram a entrar em contato com todos os santos da região, e a sede da missão se tornou a segunda casa dela. Às vezes ela tomava conta dos filhos do casal Heaton. Em outras ocasiões, ela ensinava aos missionários os idiomas cantonês e mandarim. Com Luana Heaton, ela dava aulas de histórias da Bíblia em uma classe da Escola Dominical para crianças da cidade.

Nora prontamente aceitou o chamado para a missão. Outro santo local, um élder chamado Lee Nai Ken, havia servido uma missão de curto prazo em Hong Kong, e o presidente Heaton estava entusiasmado em chamar mais santos locais como missionários. Os missionários norte-americanos frequentemente tinham muita dificuldade para aprender a língua chinesa e a cultura local. Muitas pessoas da cidade desconfiavam dos estrangeiros e às vezes confundiam os élderes com agentes do governo dos Estados Unidos.

Nora e outros santos chineses, entretanto, já entendiam a cultura local e não precisavam se preocupar com a barreira do idioma. Além disso, eles geralmente se relacionavam melhor com as pessoas a quem ensinavam. Como refugiada da China continental, Nora sabia como era recomeçar a vida em uma cidade populosa, onde moradia e emprego eram escassos.

Muitos membros da Igreja e santos em perspectiva de Hong Kong eram refugiados, e o presidente Heaton procurava maneiras de prover seu bem-estar espiritual. Em 1952, a Igreja introduziu sete lições, ou aulas, para ajudar os conversos em potencial a se prepararem para se tornarem membros da Igreja. Adaptando-se às necessidades locais, o presidente Heaton e seus missionários desenvolveram 17 lições do evangelho para atrair muitas pessoas em Hong Kong que não eram cristãs ou que tinham apenas uma compreensão básica das crenças cristãs. Essas lições abordavam tópicos como a Trindade, a Expiação de Jesus Cristo, os primeiros princípios e ordenanças do evangelho e a Restauração. Depois de batizados, os conversos recebiam 20 lições adicionais para membros novos.

Na noite anterior à sua designação como missionária, Nora teve um sonho bem vívido. Ela estava em uma rua movimentada, rodeada por confusão e agitação, quando notou um belo prédio. Entrou nele e imediatamente sentiu paz e tranquilidade. As pessoas dentro do prédio estavam vestidas de branco, e Nora reconheceu algumas delas como os missionários que serviam na época em Hong Kong.

Quando Nora se apresentou na casa da missão no dia seguinte, ela contou o sonho aos élderes. Eles ficaram surpresos. Como é que ela sabia como era um templo? Ela nunca visitara um deles antes.


Os equipamentos de boxe de Chuck Woodworth chegaram a Niue em outubro de 1957, e toda a família Muti apoiou seu treinamento. Salavia fez para ele um saco de pancadas com sacos de batata, e Mosese ajudava a consertá-lo quando necessário. Com tantas responsabilidades da missão na ilha, porém, nem Chuck, nem a família tinham muito tempo para treinar. Em algumas manhãs, Chuck acordava às 5 horas da madrugada para correr. Como estava escuro fora de casa, o filho de 16 anos da família Muti, Paula, andava de moto atrás dele, iluminando a estrada com o farol.

Felizmente, Chuck estava em boa forma para o boxe. O esforço de triturar corais no ano anterior o manteve fisicamente forte. Ele também realizou algumas exibições de boxe na ilha a fim de arrecadar dinheiro para a capela. Mas será que um treinamento ocasional seria suficiente?

Antes da missão, Chuck passava horas e horas na academia, treinando para participar de lutas de boxe no oeste dos Estados Unidos e no Canadá. Na maioria das lutas, ele confrontava outros boxeadores profissionais pouco conhecidos, mas também lutou contra boxeadores de renome mundial como Ezzard Charles e Rex Layne.

A luta contra Rex, um famoso peso-pesado santo dos últimos dias, foi a mais difícil da carreira de Chuck. Rex já havia passado de seu auge como boxeador, mas pesava cerca de 10 quilos a mais do que Chuck, e seus ataques selvagens e implacáveis mantiveram Chuck nas cordas por dez rounds brutais. Chuck não foi derrubado, mas os juízes deram a vitória para Rex.

“Woodworth”, noticiou o jornal local, “não era forte o suficiente”.

Em dezembro, chegou a Niue a notícia de que uma associação de boxe da Nova Zelândia havia colocado Chuck para lutar contra Kitione Lave, o “Torpedo Tonganês”. Tal como Rex Layne, Kitione era um lutador semelhante a um touro que usava seu tamanho e sua força para derrubar os oponentes. Numa luta contra um dos maiores boxeadores peso-pesado do mundo, Kitione vencera no segundo round por nocaute.

Chuck foi desobrigado de sua missão no início de janeiro de 1958, logo depois que ele e os outros élderes tinham instalado o telhado da nova capela. Salavia escreveu-lhe uma carta de despedida, assegurando-lhe o amor e o apoio inabalável de sua família. “Meu filho, tente dar o melhor de si”, disse-lhe ela. “Não desanime e você triunfará. Quando sua força é acompanhada de nossas orações, não há nada que atrapalhe. Contamos com a ajuda de Deus.”

A luta foi marcada para 27 de fevereiro de 1958. Durante todo aquele dia, Mosese, Salavia e seus filhos jejuaram e oraram por Chuck. Ao anoitecer, eles se reuniram na capela com dezenas de membros e amigos da Igreja para sintonizar a luta pelo rádio. Como a transmissão era em inglês, Mosese a traduziu para o niueano.

Uma multidão recorde de quase 15 mil pessoas compareceu ao Carlaw Park em Auckland, Nova Zelândia, para testemunhar o evento. As probabilidades estavam contra Chuck quando ele entrou no ringue. Kitione tinha 10 quilos de vantagem sobre ele e, nos dias que antecederam a luta, Chuck ouviu que Kitione o havia chamado de “pardal” que não duraria um único round contra ele.

Assim que o gongo soou, Kitione correu na direção de Chuck. “Vai ser um massacre”, lastimou alguém na multidão.

Chuck se esquivou do ataque e golpeou Kitione sem efeito. Kitione revidou com os punhos em rápida sucessão, atingindo a cabeça e o torso de Chuck. Então Kitione partiu para o nocaute. Ele se preparou e desferiu um poderoso gancho de esquerda. Chuck deu um passo para trás e a luva de Kitione acertou seu queixo. A força do golpe jogou Chuck nas cordas. E, por um momento, tudo ao seu redor pareceu desaparecer.

Agindo por instinto, Chuck agarrou Kitione e o segurou enquanto o mundo ao seu redor girava. O árbitro tentou separá-los, mas o gongo soou. Aquele round da luta havia terminado.

A cabeça de Chuck clareou enquanto ele esperava em seu canto. Quando começou o round seguinte, ele se moveu para o centro do ringue com novo ímpeto. Kitione o recebeu com os punhos em riste atacando rapidamente, pronto para desferir um golpe final, mas Chuck se movia com leveza e agilidade. Ele circulou seu oponente, mantendo-se longe dos cantos, e o acertou rapidamente, soco após soco. O Torpedo não conseguiu acompanhar. A cada novo round, Chuck se sentia mais forte. Podia ouvir a multidão torcendo por ele enquanto ele acumulava pontos.

A partida terminou após 12 rounds, e os juízes deram a vitória a Chuck. Kitione aceitou bem a derrota. “Gostei da luta”, disse ele. “Esse Woodworth é um boxeador bom e rápido — e um sujeito muito legal.”

Mosese enviou um telegrama a Chuck no dia seguinte. “Muito obrigado pela boa luta — e por se sair vitorioso”, dizia. Chuck respondeu enviando dinheiro suficiente para alimentar a família pelo resto de sua missão e pagar a viagem do casal para o Templo da Nova Zelândia.


Alguns meses depois, no outro lado do mundo, a polícia da República Democrática Alemã prendeu Henry Burkhardt, de 27 anos. Ele estava voltando para o setor oriental de Berlim, controlado pelos comunistas, depois de se encontrar com Burtis Robbins, o presidente da missão da Igreja no norte da Alemanha, no setor ocidental da cidade. Embora não fosse ilegal viajar para Berlim Ocidental — uma área sob a autoridade do Reino Unido, da França e dos Estados Unidos —, fazê-lo com tanta frequência quanto Henry fazia levantara suspeitas.

Fazia quase uma década desde que a Alemanha se dividira na República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, e na República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental. Ambos os países continuavam a ser atores-chave na Guerra Fria entre os Estados Unidos, a União Soviética e seus respectivos aliados. Situada bem no interior do território da RDA, Berlim Ocidental se tornou um símbolo da resistência ao comunismo. A RDA, enquanto isso, emergia como um dos vários países de influência soviética na Europa Central e Oriental.

Enquanto essas potências rivais competiam pelo domínio global, elas corriam para desenvolver armas mais fortes e tecnologias mais sofisticadas. Havia bem pouca confiança entre as nações oponentes. Qualquer um poderia estar escondendo segredos para o inimigo.

Henry não ofereceu resistência quando a polícia o levou para uma delegacia localizada em Königs Wusterhausen, uma cidade nos arredores de Berlim Oriental. A Stasi, a polícia secreta da RDA, vinha monitorando ele e sua família já há algum tempo. Seu chamado como primeiro conselheiro na presidência da missão o colocava em contato regular com o presidente Robbins e outros líderes americanos da Igreja. E isso, com suas frequentes visitas a Berlim Ocidental, fez dele suspeito de ser inimigo do estado.

Ele não era nada disso. Depois de ser selado no Templo da Suíça em novembro de 1955, Henry e sua esposa, Inge, retornaram à RDA e se submeteram às muitas restrições do governo às pessoas religiosas. Não havia missionários ou líderes estrangeiros no país, e Henry não podia se comunicar diretamente com as autoridades da Igreja em Salt Lake City. Ele e os santos também tinham que enviar seus discursos da reunião sacramental a funcionários do governo para serem examinados antes que pudessem proferi-los.

O fato de ser o líder da Igreja de mais alto escalão na RDA consumia a vida de Henry. Ele só via Inge e a filha recém-nascida, Heike, durante breves visitas à sua casa. No restante do tempo, ele ficava viajando por toda a missão, atendendo aos 5 mil santos espalhados em 45 ramos de todo o país.

Sempre que um membro da Igreja denunciava o governo, encorajava alguém a emigrar para os Estados Unidos ou deixava de pagar uma dívida, Henry era implicado. Dois anos antes, quando a polícia tentou impedir que os missionários locais visitassem outro membro da Igreja, ele apresentou uma queixa formal ao governo, reivindicando os direitos dos missionários e pedindo “melhor cooperação” da polícia. Ele era deliberadamente educado e diplomático com os funcionários do governo, e isso geralmente funcionava a seu favor.

Na delegacia de Königs Wusterhausen, Henry passou a noite sob interrogatório. Em seu carro, havia alguns presentes do presidente Robbins e materiais para o escritório da Igreja na Alemanha Oriental. Quando a polícia viu esses itens, acusou Henry de violar a proibição da RDA de que seus cidadãos recebessem doações de organizações estrangeiras. Ele havia cometido, nas palavras deles, uma “violação dos regulamentos econômicos”.

Henry nunca tinha ouvido falar daquela proibição. Ele disse aos interrogadores que viajava para Berlim Ocidental todos os meses. “O único propósito de minha reunião com o sr. Robbins”, explicou ele, “foi discutir atividades religiosas com ele, bem como as questões financeiras relacionadas”.

Os presentes do presidente da missão também não eram incomuns. “Recebi presentes assim, ou na forma de remédios, em cada uma de nossas reuniões mensais”, relatou Henry. “Também recebemos pacotes pelo correio enviados para nosso escritório em Dresden e do exterior.”

A polícia confiscou os presentes, vasculhou as pastas de Henry e examinou alguns dos relatórios da missão que ele levava consigo. Não encontrando nada suspeito, ordenaram que Henry lesse, aprovasse e assinasse um relatório oficial de seu encontro com o presidente Robbins. A essa altura, já passava das 4 horas da madrugada. Finalmente o libertaram mais tarde naquele dia.

A prisão de Henry poderia ter sido muito pior. Quando a polícia prendeu um missionário da Alemanha Oriental com um exemplar da Der Stern, a revista da Igreja em língua alemã, ele ficou preso por nove meses. Henry e outros tentaram ajudar o élder a manter sua coragem, mas havia pouco que pudessem fazer. Ele havia confessado a posse da revista, e os funcionários do governo — ao menos naquele caso — foram inflexíveis.

Esses desentendimentos com a polícia estavam mudando Henry. Ele não tinha mais medo de lidar com as autoridades, especialmente quando ele ou os santos não tinham feito nada de errado. Todo dia ele tinha que correr riscos pelo evangelho, e isso estava se tornando normal.

Ele se acostumou a sentir que já estivesse com um pé na cadeia.


Na manhã de 12 de abril de 1958, Mosese e Salavia Muti viram pela primeira vez o Templo da Nova Zelândia. Ficava no topo de uma colina gramada com vista para o extenso vale de um rio, 120 quilômetros ao sul de Auckland. Seu design era simples e moderno, como o Templo da Suíça. Tinha paredes de concreto armado pintadas de branco e uma única torre que se erguia a mais de 45 metros de altura.

O casal Muti chegou à Nova Zelândia bem a tempo de participar da visitação pública. Milhares e milhares de pessoas de toda a Nova Zelândia, Austrália e ilhas do Pacífico estavam ansiosas para ver o templo, então Mosese e Salavia tiveram que esperar uma hora e meia antes de poderem fazer a visita.

Uma vez lá dentro, puderam admirar a beleza do templo e apreciar o tremendo sacrifício dos santos locais. Assim como a capela de Niue e um número cada vez maior de prédios da Igreja em toda a Oceania, o templo foi construído em grande parte por missionários. Esses trabalhadores se mudaram para lá com suas respectivas famílias a fim de construir não apenas o templo, mas também o campus adjacente ao Church College da Nova Zelândia, uma nova escola de Ensino Médio administrada pela Igreja.

No dia seguinte à visita ao templo, Mosese foi convidado a falar em uma reunião sacramental dos santos tonganeses da região. Ao se aproximar do púlpito, ele pensou na promessa que George Albert Smith lhe fizera 20 anos antes, quando disse que Mosese iria ao templo sem custo algum. Mosese não havia contado a Chuck Woodworth sobre essa promessa. Quando o jovem pagou a viagem da família Muti ao templo, ele cumpriu a profecia sem saber.

“Sou uma pessoa que testifica das palavras ditas pelo profeta moderno”, disse Mosese à congregação. “Sei que George Albert Smith é um verdadeiro profeta de Deus, pois minha esposa e eu nos tornamos testemunhas de suas palavras.” Falou então do sacrifício de Chuck pela família Muti. “Estamos aqui esta noite por causa do amor eterno de um homem”, testificou ele. “Jamais o esqueceremos em nossa vida, aconteça o que acontecer.”

Uma semana depois, o presidente David O. McKay visitou a Nova Zelândia e dedicou o templo. O prédio cumpriu uma profecia que ele havia feito quase 40 anos antes, quando visitou a Nova Zelândia em sua primeira missão apostólica ao redor do mundo. Naquela época, ele disse a um grupo de santos māori que um dia eles teriam um templo. Seu intérprete durante o discurso foi Stuart Meha, que acabara de traduzir a investidura para o māori.

Ao fazer a oração dedicatória do templo, o presidente McKay prestou homenagem aos missionários e a outros santos que haviam consagrado tudo para construir o templo e outros edifícios da Igreja. “Que cada colaborador seja consolado em espírito e prospere muitas vezes”, orou ele. “Que tenham a certeza de que contam com a gratidão de milhares, talvez milhões, do outro lado, para quem as portas da prisão podem agora ser abertas e a libertação proclamada.”

Mosese e Salavia receberam a investidura e foram selados para o tempo e a eternidade alguns dias depois. Enquanto estava no templo, Mosese sentiu a gloriosa presença de Deus. “Como posso deixar de amar meu Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, com tudo o que tenho, quando sei que Eles estiveram ao meu lado no templo?”, ele disse depois. A experiência deu a ele uma nova perspectiva sobre o plano eterno de Deus.

“Todas as coisas que fiz e faço na Igreja apontam para o templo”, percebeu ele. “É o único lugar sagrado em que uma organização familiar pode ser unida e permanecer intacta para sempre.”

Capítulo 4

A missão da Igreja

estátua do Salvador sobre o Corcovado no Rio de Janeiro

Na manhã de 2 de setembro de 1958, voando a 5.800 metros de altura, o presidente David O. McKay olhou para a terra. Quatro meses se passaram desde que ele havia dedicado o Templo da Nova Zelândia, e ele já estava em outro avião, voando para o Reino Unido a fim de dedicar o Templo em Londres. Embora não fosse novidade para o profeta voar entre as nuvens — desde que passara a liderar a Igreja, ele já havia voado mais de 400 mil quilômetros —, ele ainda se impressionava com a facilidade e a velocidade das viagens aéreas. Nenhum presidente da Igreja antes dele havia viajado até tão longe ou tão rápido.

A vista de dentro do avião o levou a refletir sobre o mundo em rápida mudança. No ano anterior, a União Soviética e os Estados Unidos tinham lançado satélites em órbita ao redor da Terra, e o mundo inteiro parecia ter ficado cativado com a ideia de viagens espaciais. No entanto, o presidente McKay acreditava que mudanças ainda mais extraordinárias aconteceriam nas décadas seguintes, especialmente para a Igreja.

“Seu grande crescimento nos últimos 25 anos pode se tornar ainda maior e bom para o mundo”, dissera ele aos santos que voavam com ele, “se estivermos realmente bem qualificados para as oportunidades que o Senhor está abrindo”.

O presidente McKay estava especialmente otimista em relação à Missão Britânica. O apóstolo Heber C. Kimball abrira a missão em 1837. Desde essa época, cerca de 150 mil pessoas tinham se filiado à Igreja nas Ilhas Britânicas. Mais da metade delas, inclusive os pais do presidente McKay, haviam emigrado para Utah. O próprio presidente McKay havia servido duas missões ali — primeiro como jovem missionário no final da década de 1890 e depois como presidente da Missão Europeia no início da década de 1920.

Mas a emigração contínua, duas guerras mundiais, a depressão econômica e persistentes percepções públicas equivocadas há muito impediam que a Igreja crescesse significativamente na Grã-Bretanha, e apenas cerca de 11 mil santos residiam ali na época. Ainda assim, o novo templo despertara recentemente um imenso interesse local pela Igreja.

O presidente McKay chegou a Londres em 4 de setembro e, três dias depois, muitos santos das Ilhas Britânicas e de outros lugares da Europa se reuniram para a dedicação. O templo estava situado no terreno de uma antiga mansão inglesa na zona rural ao sul de Londres. O terreno de quase 13 hectares tinha gramados espaçosos, carvalhos antigos e uma variedade de arbustos e flores. Um espelho d’água próximo refletia a simples construção de pedra do templo e a torre de cobre.

O presidente McKay chorou ao ver o prédio. “Não imaginei que viveria o suficiente para construir um templo na Inglaterra”, disse ele.

Antes de fazer a oração dedicatória, o profeta falou com emoção sobre a Igreja na Grã-Bretanha. “Este é o início de uma nova era”, disse ele, “e esperamos e oramos por uma nova era de melhor compreensão por parte das pessoas sinceras em todos os lugares”.

“Mais espírito de caridade, mais espírito de amor, menos contendas e conflitos”, declarou. “Essa é a missão da Igreja.”


No início de 1959, a irmã Nora Koot e sua companheira de missão, Elaine Thurman, embarcaram em um trem com um grupo de jovens santos dos últimos dias de Tai Po, um distrito rural no nordeste de Hong Kong. Haveria um baile da Igreja naquela noite em um salão alugado na cidade, e os jovens estavam ansiosos por participar. Eram todos membros novos da Igreja, e nenhum deles havia passado muito tempo na cidade. Não sabiam o que esperar.

O mesmo se dava com Nora. Aquele seria o primeiro Baile Auriverde da Igreja em Hong Kong. O Baile Auriverde, que recebeu o nome das cores oficiais das Associações de Melhoramentos Mútuos da Igreja, era um evento anual popular para os jovens santos dos últimos dias desde a década de 1920, especialmente em áreas nas quais as AMMs de Rapazes e Moças estavam bem estabelecidas. Os bailes eram uma boa oportunidade para os jovens conhecerem outros membros da Igreja, e os missionários americanos queriam dar início àquela tradição entre os santos chineses. Afinal, no ano anterior, a Igreja em Hong Kong tivera um crescimento de mais de 900 pessoas.

A viagem de trem até a cidade levava cerca de uma hora. Quando Nora, Elaine e os jovens de Tai Po chegaram ao baile, descobriram que o conselho da AMM da missão — composto inteiramente por missionários americanos — havia feito todo o possível para torná-lo semelhante a um Baile Auriverde dos Estados Unidos. Serpentinas douradas e verdes desciam do teto, e 500 balões pendiam bem acima da pista de dança, prontos para serem soltos ao ser puxada uma corda no final da noite. Estavam sendo servidos biscoitos e ponche.

Mas, assim que o baile começou, algo parecia errado. Havia um alto-falante ligado a um toca-discos, e os missionários tocavam música popular americana para dançar. Os organizadores colocaram apenas algumas cadeiras na sala, esperando que a falta de assentos atraísse os jovens para a pista de dança. Mas a estratégia não estava funcionando. Quase ninguém estava dançando.

Depois de algum tempo, alguns santos de Hong Kong começaram a tocar o tipo de música de que gostavam e tudo mudou. Os missionários, ao que parecia, não haviam levado em consideração os gostos locais. Eles estavam tocando músicas instrumentais, mas o que os santos chineses queriam eram músicas cantadas. Os santos também preferiam dançar valsas lentas, chá-chá-chás e mambos, que os missionários não estavam tocando. Assim que a música mudou, todos na sala se amontoaram na pista e dançaram.

Apesar do início difícil, o Baile Auriverde foi um sucesso. Pouco antes de o baile terminar, porém, alguém soltou os balões que estavam pendurados no alto, fazendo-os cair sobre a multidão abaixo. Pensando que o baile havia acabado, os santos chineses se dirigiram rapidamente para a porta. Os missionários tentaram chamá-los de volta para que pudessem pelo menos fazer uma oração de encerramento, mas era tarde demais. A maioria já tinha ido embora.

Durante toda a noite, Nora gostou de ver os santos de Tai Po se misturando com os outros jovens da região. O trabalho em Tai Po tinha sido um dos pontos altos de sua missão até então, e o tempo que ela passou lá fortaleceu seu testemunho.

Mas, alguns meses depois do Baile Auriverde, ela descobriu que era hora de seguir em frente. O presidente Heaton a estava enviando para Taiwan, uma ilha a 650 quilômetros a leste.


Naquele mesmo ano, o élder Spencer W. Kimball, do Quórum dos Doze Apóstolos, ficou encantado com sua primeira visão do Rio de Janeiro, Brasil. Suas imponentes montanhas verdejantes e os arranha-céus à beira-mar estavam envoltos em uma névoa matinal. Mas, do convés de seu transatlântico, o élder Kimball e sua esposa, Camilla, podiam facilmente avistar a atração mais famosa da cidade: o Cristo Redentor, uma resplandecente estátua do Salvador, com 36 metros de altura e vista para o porto.

O Rio de Janeiro foi a primeira parada do casal Kimball em uma viagem de dois meses pelas missões da Igreja na América do Sul. Cerca de 8 mil santos residiam na América do Sul, e os ramos de todo o continente cresciam constantemente. Ansiosos para apoiar essas congregações, o presidente McKay e seus conselheiros tinham aprovado recentemente a expansão do programa de construção da Igreja na América do Sul, autorizando a construção de 25 capelas naquele continente.

Ao conversar com os santos sul-americanos, o élder Kimball quis conhecer suas necessidades e identificar maneiras pelas quais a Igreja poderia ajudá-los a realizar a obra do Senhor. Tanto ele quanto a irmã Kimball tinham passado a infância entre os povos indígenas que moravam na fronteira entre os Estados Unidos e o México. E, alguns anos depois de ser chamado para os Doze, o élder Kimball recebeu uma designação especial do presidente George Albert Smith para ministrar aos povos indígenas do mundo inteiro. Desde essa época, ele participara de conferências e programas para esses santos na América do Norte e esperava fazer um trabalho semelhante na América do Sul.

Talvez, mais do que tudo, porém, o élder Kimball ansiava por conversar com os muitos santos que encontraria em sua viagem. Um ano e meio antes, os médicos haviam removido cordas vocais cancerígenas de sua garganta. Por um tempo, ele se preocupara com a possibilidade de nunca mais conseguir falar. Mas, depois de muitas orações e bênçãos do sacerdócio, ele aprendeu a se comunicar em um sussurro rouco. Ele ficou grato ao Pai Celestial pelo milagre.

Depois de passar um breve período no Brasil, o élder e a irmã Kimball visitaram a Argentina, onde a Igreja tinha 25 ramos e cerca de 2.700 membros. Desde a chegada dos missionários na Argentina na década de 1920, os ramos da Igreja se espalharam para outros países de língua espanhola da região. Na década de 1940, os missionários entraram no Uruguai, na Guatemala, na Costa Rica e em El Salvador. Mais recentemente, na década de 1950, o evangelho restaurado começou a ser pregado no Chile, em Honduras, no Paraguai, no Panamá e no Peru.

Depois de vários dias na Argentina, o casal Kimball seguiu para o Oeste, até o Chile, onde a Igreja tinha sete ramos e cerca de 300 membros. O Chile fazia parte da Missão Argentina desde 1955, e muitos missionários acreditavam que o país era a área mais receptiva da missão.

Da Missão Argentina, o casal Kimball viajou para o Uruguai a fim de se reunir com os santos de Montevidéu e outras cidades e vilas. Então retornaram ao Brasil para uma inspeção mais detalhada da missão. Viajando pelo sul do Brasil, pararam na cidade de Joinville, onde a Igreja havia se estabelecido pela primeira vez no país. Lá, o élder Kimball conheceu um membro da Igreja que não podia receber o sacerdócio porque era descendente de africanos. O homem estava desanimado, certo de que a restrição do sacerdócio o impedia de servir em qualquer chamado da Igreja.

“Não posso nem ser recepcionista, posso?”, perguntou.

O élder Kimball sentiu uma enorme tristeza no coração. “Você pode servir em qualquer cargo em que o sacerdócio não seja um requisito”, disse ele, esperando que essa garantia desse algum conforto ao homem.

Em outras reuniões no Brasil, o élder Kimball não viu muitos santos negros, levando-o a pensar que a restrição do sacerdócio talvez não fosse um obstáculo imediato para a Igreja naquele país. Mas reconheceu que quase 40 por cento da população do Brasil era descendente de africanos, e isso levantava questões sobre o futuro crescimento da Igreja no país, particularmente nos estados do Norte, que tinham uma população maior de negros.

A visita do casal Kimball acabou levando-os a São Paulo, onde conheceram Hélio da Rocha Camargo e sua esposa, Nair, que se filiara à Igreja pouco tempo depois do marido. O casal levou o filho de um ano, Milton, ao élder Kimball para receber uma bênção do sacerdócio. Milton nascera saudável, mas há algum tempo seus membros haviam perdido a força e a coordenação. Os médicos temiam que ele pudesse ter poliomielite, uma doença que causava paralisia e afligia muitas crianças e adultos em todo o mundo. O élder Kimball abençoou o menino e, no dia seguinte, o casal Camargo ficou radiante quando Milton agarrou as grades de seu berço e se levantou pela primeira vez.

O élder Kimball recebeu muitos outros pedidos de bênçãos do sacerdócio na América do Sul e ficou feliz em servir as pessoas dessa maneira. Mas ficou surpreso ao descobrir que, ao contrário da prática da Igreja, muitos rapazes e homens elegíveis não estavam sendo regularmente avançados no sacerdócio. Hélio, por exemplo, tinha levado seu filho ao élder Kimball para uma bênção porque não tinha o Sacerdócio de Melquisedeque, embora fosse um membro ativo da Igreja por quase dois anos.

Além disso, o élder Kimball ficou sabendo que os missionários muitas vezes relutavam em delegar as responsabilidades do ramo e do distrito aos santos locais. Consequentemente, poucos membros da Igreja na América do Sul tinham alguma experiência em liderar e dar aulas na Igreja. E os missionários estavam tão ocupados fazendo o trabalho que os santos locais deveriam fazer que tinham pouco tempo para pregar o evangelho.

No final de sua viagem, o élder Kimball acreditava que algumas mudanças seriam necessárias. Muitos santos fora da América do Norte frequentavam ramos supervisionados por líderes de distrito e missão, que frequentemente eram dos Estados Unidos. O estabelecimento de estacas nessas áreas daria a mais santos a liberdade de administrar a Igreja localmente.

Em maio de 1958, um mês após a dedicação do Templo da Nova Zelândia, a Igreja organizou uma estaca em Auckland. Essa foi a primeira estaca organizada fora da América do Norte e do Havaí. O élder Kimball acreditava que alguns lugares na Argentina e no Brasil logo estariam prontos para uma estaca também e incentivou os líderes da missão a trabalhar para atingir esse objetivo. Também concluiu que a Igreja estava pronta para organizar uma nova missão no Chile e no Peru e uma segunda missão no Brasil.

“Estamos apenas ‘arranhando a superfície’ em nosso trabalho nesta terra”, informou ele à Primeira Presidência logo após sua viagem. “Certamente o momento é propício para fazer um proselitismo vigoroso nos países sul-americanos.”


Nora Koot chegou a Taiwan no final de julho de 1959, cerca de três anos depois que o presidente Heaton enviara o primeiro grupo de missionários santos dos últimos dias para a ilha. Com menos de 300 membros, a Igreja em Taiwan não era tão grande nem tão organizada quanto a Igreja em Hong Kong. Ainda assim, os missionários estavam encontrando pessoas para ensinar entre a grande população de refugiados chineses da ilha, que falava principalmente mandarim, que Nora também falava.

Depois de se estabelecer em sua nova área, Nora e sua companheira, Dezzie Clegg, visitaram a Madame Pi Yi-shu, membro do principal corpo legislativo de Taiwan. A Madame Pi frequentara a escola com a madrasta de Nora, que deu a Nora uma carta de apresentação para sua velha amiga. Nora estava ansiosa para ajudar a Madame Pi a ver as bênçãos que a Igreja tinha a oferecer ao povo de Taiwan.

No encontro, Nora e Dezzie mostraram a Madame Pi a carta de apresentação, e ela as convidou a se sentarem. Um mordomo trouxe um lindo jogo de chá, e a Madame Pi ofereceu um pouco de chá Earl Grey para suas convidadas.

Embora beber esse tipo de chá fosse contra a Palavra de Sabedoria, Nora sabia que era ofensivo em sua cultura recusar abertamente o chá oferecido pelo anfitrião. Mas, ao longo dos anos, os missionários e membros criaram maneiras educadas de não beber chá quando era oferecido. Por exemplo, Konyil Chan, um santo chinês de Hong Kong que era bem versado em etiqueta social, recomendou que os missionários simplesmente aceitassem o chá e depois o deixassem discretamente de lado. “Os chineses nunca obrigarão seus amigos a tomar chá”, assegurou-lhes ele.

Nora e Dezzie gentilmente deixaram o chá de lado e explicaram à Madame Pi que tinham ido a Taiwan para ensinar as pessoas a serem obedientes e bons membros de sua comunidade. A Madame Pi, porém, continuou insistindo para que elas tomassem o chá.

“Desculpe, madame”, finalmente disse Nora, “não tomamos chá”.

Madame Pi pareceu chocada. “Por que não?”, indagou ela.

“A Igreja nos ensina a seguir um princípio chamado Palavra de Sabedoria para manter nosso corpo saudável e nossa mente clara”, respondeu Nora. Ela então explicou que os membros da Igreja não bebiam café, chá preto ou álcool e não usavam tabaco ou drogas como ópio. Os líderes da Igreja e as publicações da época também advertiam contra qualquer outra bebida que contivesse substâncias viciantes.

A Madame Pi ponderou por um momento. “Bem, o que vocês podem beber?”, perguntou.

“Muitas coisas”, disse Nora. “Leite, água, suco de laranja, 7 Up, refrigerante.”

A Madame Pi pediu ao mordomo que retirasse o jogo de chá e trouxesse um pouco de leite frio para as missionárias. Ela então lhes deu sua bênção para que ensinassem o povo de Taiwan. “Quero que as pessoas de nosso povo sejam melhores cidadãos comunitários, mais saudáveis e mais obedientes”, disse ela.

Nos dias e semanas que se seguiram, Nora compartilhou o evangelho restaurado com muitas pessoas. Os cristãos chineses mostraram o maior interesse pela Igreja, mas alguns budistas e taoístas também foram atraídos por ela. Algumas pessoas de Taiwan eram ateias e mostraram pouco interesse pelo cristianismo ou pela Igreja. Para outros, não ter o Livro de Mórmon ou outra literatura da Igreja em chinês era um obstáculo.

O crescimento foi lento em Taiwan, mas as pessoas que se filiaram à Igreja compreendiam firmemente a importância dos convênios que fizeram no batismo. Antes de se tornarem santos dos últimos dias, elas precisavam receber todas as lições missionárias, frequentar regularmente a Escola Dominical e as reuniões sacramentais, obedecer à Palavra de Sabedoria e à lei do dízimo por pelo menos dois meses e se comprometer a guardar outros mandamentos. Quando marcavam a data do batismo, muitas pessoas que se reuniam com os missionários em Taiwan já estavam participando ativamente de seus ramos.

Uma das principais responsabilidades de Nora na ilha era fortalecer a Sociedade de Socorro. Até recentemente, os élderes americanos lideravam todas as Sociedades de Socorro de Taiwan. Isso mudou no início de 1959, quando o presidente Heaton enviou uma missionária chamada Betty Johnson para estabelecer Sociedades de Socorro e treinar líderes femininas em Taipei e outras cidades da ilha. Então Nora e suas companheiras missionárias continuaram o trabalho de Betty, viajando de ramo em ramo para dar à Sociedade de Socorro todo o apoio necessário.

A missão de Nora terminou em 1º de outubro de 1959. Durante seu serviço, ela adquiriu um maior entendimento do evangelho e sentiu sua fé aumentar. Para ela, o crescimento da Igreja em Hong Kong e Taiwan foi a realização do sonho do profeta Daniel.

A Igreja era de fato como uma pedra cortada sem mãos de uma montanha, rolando para encher toda a Terra.


Na época em que Nora Koot estava terminando sua missão, LaMar Williams, de 47 anos, trabalhava no escritório do Departamento Missionário da Igreja, em Salt Lake City. Quando os líderes da estaca ou da missão precisavam de literatura da Igreja ou algum tipo de recurso visual, como uma fotografia, ele os enviava. Se alguém solicitasse informações gerais sobre a Igreja, seu escritório enviava algo para ler, com instruções sobre como entrar em contato com os missionários mais próximos.

LaMar não atendia a todos os pedidos pessoalmente, mas pedia a sua secretária que o avisasse sempre que algo viesse de um lugar incomum.

Foi assim que ele ficou sabendo sobre a Nigéria. Um dia, sua secretária entregou-lhe levou um pedido de um reverendo chamado Honesty John Ekong, de Abak, Nigéria. Honesty John havia recebido um panfleto sobre a história de Joseph Smith de um ministro protestante e preenchera um formulário pedindo mais informações sobre a Igreja, uma visita dos missionários e a localização da capela SUD mais próxima.

LaMar não sabia exatamente onde ficava a Nigéria, então ele e sua secretária a encontraram em um mapa de seu escritório. Como era na África Ocidental, perceberam logo que o pedido seria difícil de atender. As únicas congregações localizadas na África ficavam a milhares de quilômetros de distância, no extremo sul do continente, então ele não podia enviar missionários ou fornecer o endereço de uma capela. Ele também sabia que, se Honesty John fosse negro, ele seria elegível para o batismo, mas não para o sacerdócio.

“Teremos que agir com cuidado”, pensou LaMar. Ele encaixotou alguns panfletos e livros da Igreja, inclusive seis exemplares do Livro de Mórmon, e os despachou para o endereço de Honesty John.

O reverendo respondeu pouco tempo depois. “Tenho que agradecer pelos presentes generosos que você me enviou”, escreveu ele. Pela carta, LaMar pôde inferir que Honesty John fazia parte de uma congregação de pessoas que acreditavam no evangelho restaurado.

Nos meses seguintes, várias cartas entre LaMar e Honesty John cruzaram o oceano Atlântico. Honesty John convidou LaMar para visitar a Nigéria e ensinar sua congregação. LaMar queria aceitar a oferta, mas sabia que levaria tempo para a Primeira Presidência aprovar o envio de alguém para a Nigéria. Porém, ele manteve os líderes da Igreja cientes da avidez dos nigerianos por mais informações e continuou se correspondendo com Honesty John e outros que o contataram.

Em fevereiro de 1960, LaMar escreveu a Honesty John para perguntar se ele tinha acesso a um gravador. Mesmo que a Igreja não estivesse chamando missionários para a Nigéria, ele poderia pelo menos enviar gravações de aulas do evangelho ao reverendo e sua congregação. Infelizmente, Honesty John não tinha um toca-fitas ou dinheiro para comprar um. Mas ele enviou a LaMar uma fotografia sua. A imagem mostrava um jovem negro sentado entre seus dois filhos pequenos. Ele usava terno e gravata e tinha uma expressão séria no rosto.

Honesty John também informou a LaMar que sua congregação havia começado a se autodenominar A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Eles ansiavam por conhecer LaMar e ser membros da Igreja. “Se as pessoas tivessem asas”, Honesty John disse a LaMar, “todas gostariam de voar para Salt Lake City para ouvi-lo e vê-lo pessoalmente”.

“Sinto-me honrado por vocês desejarem que eu vá para a Nigéria”, respondeu LaMar, “mas eu teria que ser designado pela presidência desta Igreja para tal responsabilidade”.

“Agradeço a confiança que vocês têm em mim e seu grande desejo de servir ao seu povo”, continuou ele. “Farei tudo o que puder por correspondência.”

Capítulo 5

Nenhum poder na Terra

homem consertando um carro antigo

Ao longo da década de 1960, Henry Burkhardt lutou para impedir que a Igreja se desfizesse na República Democrática Alemã. A RDA proibiu todos os missionários estrangeiros de servir dentro de suas fronteiras, de modo que os santos da Alemanha Oriental assumiram total responsabilidade pelo proselitismo em seu país. Visto que os missionários não podiam ir de porta em porta, porém, era limitado o que conseguiam fazer. Em outubro, o governo proibiu os missionários de tempo integral de servir em cidades nas quais a Igreja ainda não tivesse congregações de tamanho considerável. Também pôs fim a quase todas as atividades da Sociedade de Socorro, AMM e Primária, argumentando que o governo era o único responsável por proporcionar recreação aos cidadãos.

Um oficial disse aos santos que o governo não gostava deles por esse motivo. “Vocês têm tudo de que precisam na Igreja.”

Em pouco tempo, a Igreja na RDA se tornou bem menor do que já tinha sido. Em vez de ter de suportar essas condições, muitos santos da Alemanha Oriental fugiram do país em busca de maior liberdade religiosa e oportunidades econômicas na Alemanha Ocidental. E os santos não foram os únicos. Muitas pessoas estavam deixando a RDA, geralmente cruzando a fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental.

Essa migração em massa foi um embaraço para o governo da Alemanha Oriental e seus aliados soviéticos. Muitos, incluindo Henry, acreditavam que era apenas uma questão de tempo até que o governo fechasse todo o acesso a Berlim Ocidental. Como a sede da missão ficava no lado ocidental da cidade, Henry temia que uma medida tão drástica separasse os santos da Alemanha Oriental do restante da Igreja.

Em 18 de dezembro, Alvin R. Dyer, presidente da Missão Europeia e assistente do Quórum dos Doze Apóstolos, foi à RDA para falar com Henry e outros líderes locais da Igreja sobre o bem-estar dos santos sob seus cuidados.

Os líderes da Alemanha Oriental apresentaram um quadro sombrio. O governo impôs severas restrições à importação de livros publicados recentemente ou outros materiais impressos. Essas restrições tornaram praticamente impossível para os santos receber novas revistas, manuais de aulas ou hinários da Igreja sem contrabandeá-los do Ocidente. A frequência nos ramos estava em declínio. As capelas funcionavam, mas algumas estavam em mau estado de conservação. E, como as reuniões de jovens haviam sido interrompidas, os programas patrocinados pelo estado estavam afastando muitos jovens da religião. Henry explicou que os ramos às vezes realizavam atividades juvenis em segredo, mas todos os presentes nessas reuniões concordavam que isso era perigoso.

O valor da moeda da Alemanha Oriental também estava caindo, e os programas de bem-estar do governo eram lamentavelmente inadequados. Muitos santos eram pobres demais para comprar comida e combustível, então eles usavam os fundos da conta de bem-estar da Igreja para comprar carvão e batatas ou simplesmente ficavam sem esses itens.

Após a reunião, o presidente Dyer conversou em particular com Henry para expressar sua preocupação sobre a situação do trabalho missionário na RDA. Não era apenas porque o governo da Alemanha Oriental havia restringido muito onde e como os missionários poderiam servir. O governo esperava que todos os homens aptos tivessem empregos remunerados, e o serviço missionário de tempo integral poderia ser visto como prejudicial à economia da Alemanha Oriental. O fato de que a maioria dos missionários dependia do apoio financeiro dos ramos locais ou dos santos da Alemanha Ocidental também era um problema. Para o presidente Dyer, aquilo se parecia muito com um ministério remunerado. Por essas razões, ele pediu a Henry que desobrigasse todos os missionários de tempo integral que serviam na RDA.

A princípio, Henry relutou em atender a esse pedido. Os missionários não estavam mais pregando o evangelho de porta em porta, então a Igreja não estava causando nenhum problema para o governo. E alguns ramos da Igreja ainda dependiam de missionários para a liderança do sacerdócio. Se os missionários fossem desobrigados, os ramos poderiam ficar impossibilitados de funcionar. No entanto, Henry respeitava o presidente Dyer e seguiu o conselho apesar de suas objeções.

Alguns meses depois, os jovens santos da Alemanha Ocidental e Oriental se reuniram em Berlim Ocidental para uma conferência da AMM. Todos sabiam que a fronteira poderia ser fechada a qualquer momento e havia ansiedade entre eles. No entanto, repetidas vezes, os jovens santos expressaram um tema comum ao prestar testemunho: não sabiam o que o futuro reservava, porém, mesmo que não tivessem a oportunidade de se reunir novamente, sabiam que o evangelho seria verdadeiro em ambos os lados da divisão política.

E permaneceriam firmes em sua fé.


A proliferação de governos autoritários por toda a Europa Central e Oriental e em outras partes do mundo alarmou muito o presidente McKay. Por mais de uma década, ele observou esses governos ganharem poder, promoverem o ateísmo e minarem a crença religiosa em lugares como o leste da Alemanha e a Tchecoslováquia, onde a Igreja já havia prosperado.

No entanto, a fervorosa devoção dos santos dava-lhe esperança. Os Estados Unidos e a Europa Ocidental estavam tendo grande prosperidade, e algumas pessoas temiam que a sociedade estivesse se preocupando mais com a riqueza e com o status do que com Deus. O presidente McKay achava que isso não acontecia com os membros da Igreja. Ao se reunir com os santos do mundo todo, ele admirou sua abnegação. “Duvido que já tenha havido uma época em que os membros da Igreja tivessem maior espiritualidade — mais disposição para doar e servir”, disse ele a um repórter em janeiro de 1961.

Ele ficou particularmente comovido com a generosidade dos santos em pagar dízimos e ofertas. Nas gerações anteriores, sempre tinha sido um desafio para a Igreja financiar a obra do Senhor. As contribuições dos santos, combinadas com o fato de poder contar com o serviço voluntário e a renda de vários investimentos comerciais, permitiram que a Igreja continuasse a financiar seus muitos empreendimentos, incluindo programas educacionais, de bem-estar, missionários e de construção.

Embora o programa de construção fosse especialmente caro, o presidente McKay acreditava que a despesa era vital para o crescimento da Igreja. “O propósito desses edifícios”, declarou ele, “não é alcançado quando as paredes são construídas, o telhado está bem colocado, a torre concluída e a oração dedicatória oferecida. Eles são construídos para a edificação da alma”.

As novas capelas construídas no mundo inteiro serviam como importantes locais de reunião onde os santos podiam adorar a Deus e ter comunhão uns com os outros. Em Denton, Texas, uma pequena cidade no sul dos Estados Unidos, uns 20 e poucos membros da Igreja começaram a se reunir em 1959 na casa de John e Margaret Porter. Quando o grupo se tornou grande demais para a casa do casal Porter, eles passaram a se reunir em um prédio desocupado de dois andares com um vazamento no telhado. Em 1961, o grupo havia se tornado um ramo com membros ativos suficientes para solicitar permissão ao Comitê de Construção da Igreja para construir uma capela.

Na época, esperava-se que os membros da Igreja que residiam nas missões doassem 30 por cento do custo das novas capelas. Nas estacas, a expectativa era de 50 por cento. Para incentivar os santos de Denton a contribuir para a capela, o presidente da estaca, Ervin Atkerson, doou os primeiros mil dólares ao fundo de seu próprio dinheiro. Com a aprovação da Igreja, John Porter comprou pessoalmente um terreno de 1,02 hectares, vendeu 0,4 hectares a um restaurante e doou os outros 0,8 hectares para a construção do prédio.

As congregações que construíam capelas no início da década de 1960 tinham vários projetos arquitetônicos aprovados pela Igreja para escolher. Alguns planos permitiam que as capelas fossem construídas ao longo do tempo, em duas ou três fases, dependendo do tamanho e crescimento da ala ou do ramo. A primeira fase de um edifício consistia em salas de aula e um grande salão polivalente que poderia ser utilizado como salão sacramental. A segunda fase acrescentava um grande salão sacramental e uma sala da Primária, e a terceira fase incluía um salão cultural, cozinha e mais salas. Como seu ramo crescia rapidamente, os santos de Denton optaram por construir uma capela com base em um plano que combinasse as duas primeiras fases. Um supervisor de construção empregado pela Igreja gerenciava o projeto, e os santos de Denton forneciam a maior parte da mão de obra.

Um membro do ramo, Riley Swanson, era marceneiro e fez belos trabalhos em madeira para a capela. Riley era um converso local que havia parado de fumar para se filiar à Igreja. Quando a construção começou, ele começou a trabalhar à noite para poder passar os dias trabalhando na capela como voluntário em tempo integral.

Com capelas sendo construídas em todo o mundo, a Igreja também planejava construir um grande prédio de escritórios em Salt Lake City a fim de prover espaço de trabalho para os líderes gerais e funcionários da Igreja. E havia planos para um novo centro de visitantes na Praça do Templo, um cofre para armazenar registros genealógicos nas montanhas próximas de Salt Lake City e um novo templo em Oakland, Califórnia.

O presidente McKay também encontrava esperança nos jovens da Igreja e em seu desejo de compartilhar o evangelho. Em 1959, ele convidou todos os membros da Igreja a encontrar, ensinar e integrar os membros novos e conversos em potencial. Desde essa época, o trabalho missionário se acelerou, especialmente na Grã-Bretanha, onde o novo templo de fato trouxe uma “nova era” para a Igreja. Os batismos de conversos na Missão Britânica começaram a aumentar drasticamente, principalmente entre os jovens, levando a Igreja a criar a Missão Britânica do Norte e a Estaca Manchester em 16 de março de 1960. Um ano depois, o presidente McKay voltou mais uma vez à Inglaterra para organizar a Estaca Londres e inaugurar uma bela capela nova perto de Hyde Park, no centro de Londres.

Enquanto esteve na Grã-Bretanha, o presidente McKay reiterou seu convite para que todos os membros participassem do trabalho missionário. “Se cada membro assumir essa responsabilidade”, lembrou ele aos missionários da Missão Britânica do Norte, “nenhum poder na Terra poderá impedir o crescimento desta Igreja”.

Alguns meses depois que o presidente McKay voltou da Grã-Bretanha, a Primeira Presidência recebeu um memorando de LaMar Williams sobre as dezenas de cartas que ele havia recebido de pessoas da Nigéria. “Se o evangelho deve ser pregado a esse vasto número de pessoas, que certamente são filhos de Deus”, escreveu LaMar, “parece-me que este é um momento oportuno para investigar o início da obra”.

O presidente McKay já estava ciente do interesse dos nigerianos pelo evangelho restaurado. No ano anterior, ele havia pedido a Glen Fisher, um presidente de missão que voltava da África do Sul, que visitasse a Nigéria. Glen havia feito um relatório favorável sobre a prontidão do país para o trabalho missionário, dando ao presidente McKay muito a considerar quando o memorando de LaMar chegou.

Em 1º de julho de 1961, o presidente McKay tratou do assunto em uma reunião da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos. Sabendo que a restrição do sacerdócio da Igreja representaria sérios desafios para o trabalho missionário na Nigéria, ele comparou a situação ao dilema enfrentado pelos antigos apóstolos quando surgiram dúvidas sobre a pregação do evangelho aos gentios. Aqueles apóstolos não agiram até depois que Pedro recebeu uma revelação de Deus.

O presidente McKay buscou orientação do Senhor sobre a restrição do sacerdócio, mas não recebeu uma resposta clara. Por enquanto, ele não pretendia abrir uma missão na Nigéria até que também conhecesse a vontade do Senhor.

Ainda assim, ele acreditava que LaMar estava certo. A Igreja precisava de mais informações, e ele propôs enviar representantes da Igreja à Nigéria para observar a fé dos nigerianos. Depois de discutir o assunto, os apóstolos deram seu apoio à proposta do profeta.


Nessa época, Suzie Towse, de 16 anos, tinha uma rotina. Todos os dias, quando terminava a entrega de jornais depois da escola, ela ia para casa e pedia permissão ao pai a fim de se tornar membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ela estava interessada na Igreja havia cerca de um ano. Uma amiga a convidara para uma atividade dos jovens do ramo local, em Beverley, Inglaterra, e Suzie logo passara a amar o evangelho restaurado. Mas seus pais, um católico e o outro metodista, achavam que o desejo dela de se filiar à Igreja era apenas uma fase e se recusaram a consentir com seu batismo.

Ainda assim, Suzie estava determinada a se tornar membro da Igreja. Ela estava entre as milhares de pessoas que residiam nas Ilhas Britânicas que foram atraídas para a Igreja naquela época. Tal como Suzie, muitas delas ficaram conhecendo a Igreja por meio de um novo programa de referência para missões, que incentivava os santos a convidar amigos e familiares para as reuniões da Igreja e colocá-los em contato com os missionários. Na verdade, na época em que a amiga de Suzie a apresentou à Igreja, mais de 85 por cento dos batismos recentes na Missão Britânica provinham de referências.

Desde que conhecera a Igreja, Suzie enfrentara muita oposição. Depois de receber um exemplar do Livro de Mórmon, ela o levou ao padre católico a fim de obter permissão para lê-lo. Ele normalmente era um homem gentil, mas, quando ela lhe mostrou o livro, todo o seu comportamento mudou. Ele disse que o Livro de Mórmon era do diabo e a acusou de contaminar sua casa com heresia. Então, arrancou o livro da mão dela e o jogou na lareira. O livro não caiu nas chamas e Suzie conseguiu recuperá-lo antes que o padre a obrigasse a sair da casa dele.

“Ora, não há como voltar atrás agora”, disse ela depois.

Logo, ela se tornou uma presença assídua nas reuniões do Ramo de Beverley. Depois de frequentar por anos uma capela católica ornamentada, no início Suzie achou estranho adorar com um pequeno grupo de pessoas em um salão de hotel com piso de tábuas sem revestimento e cadeiras duras de madeira. Mas, depois de assistir à sua primeira reunião sacramental, ela sentiu uma calorosa confirmação de que as palavras que ouvira ali eram verdadeiras. O Espírito prestou profundo testemunho de que ela deveria retornar.

Ela sentiu um espírito semelhante nas reuniões da AMM, que eram bem mais lotadas. Alguns dos jovens, tal como Suzie, foram referência de amigos à Igreja. Outros eram rapazes que conheceram a Igreja jogando beisebol com os missionários. Por décadas, os missionários usavam os esportes para conhecer os jovens e apresentá-los e a seus pais à Igreja. Naquela época, o beisebol se tornara especialmente popular nas missões britânicas, e muitos rapazes se filiaram à Igreja para poderem jogar em times liderados por missionários. Visto que os líderes da missão da época muitas vezes reconheciam e recompensavam os missionários que batizavam mais do que outros, alguns missionários concentraram seus esforços nos jovens, que geralmente estavam bem mais dispostos a ser batizados do que os adultos.

Embora esses jovens conversos geralmente recebessem algumas lições do evangelho antes do batismo, muitas vezes estavam mais interessados em fazer parte de um time esportivo do que em frequentar a Igreja. Na maioria dos casos, o batismo deles não levava outros membros da família a se filiarem à Igreja, de modo que o Ramo de Beverley e a maioria dos outros ramos das Ilhas Britânicas tinham dezenas de jovens que eram membros da Igreja apenas nominalmente.

Semana após semana, porém, Suzie assistia às reuniões da Igreja e conversava com os pais sobre o batismo. Um dia, depois de chegar em casa vindo da entrega de jornais, ela encontrou o pai embaixo de um carro que ele estava consertando. “Papai”, disse ela, “posso ser batizada?”

“Sim, você pode, moça”, disse ele, ainda sob o carro. “Se isso significa tanto para você, você pode.”

Suzie ficou atordoada. “Você realmente quis dizer isso, pai?”, perguntou ela. “Você pode repetir o que disse?”

Sim, repetiu ele. Se ela quisesse, poderia ser batizada.

“Obrigada”, exclamou ela. “Obrigada!” Ela imediatamente foi de bicicleta até o apartamento dos missionários e deu-lhes as boas novas. Nenhum deles ficou chocado com o fato de o pai dela ter mudado de ideia.

“Por que vocês não estão surpresos?”, perguntou ela. “Eu fiquei.”

“Sabíamos que ele faria isso”, explicaram. “Temos jejuado por você.”


Nas primeiras horas da manhã de 13 de agosto de 1961, a República Democrática Alemã montou barricadas em torno do perímetro de Berlim Ocidental. Tanques se posicionaram pesadamente nas passagens de fronteira e soldados instalaram metralhadoras nas janelas dos prédios próximos. No Portão de Brandemburgo, um monumento histórico localizado no centro da cidade, grandes multidões se reuniram com raiva e confusão. No dia seguinte, os trabalhadores abriram buracos com britadeira nas ruas em frente ao monumento e começaram a construir um longo muro improvisado de blocos de concreto e arame farpado atrás de uma fileira de guardas armados.

Após meses de rumores, o governo da Alemanha Oriental finalmente fechou a fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental.

A rápida ascensão do muro perturbou Henry Burkhardt. Como ele temia, as fronteiras fechadas cortaram a comunicação com o Ocidente. Ele não podia fazer um telefonema, enviar um telegrama ou enviar uma carta ao escritório da missão. Se ele tentasse cruzar a fronteira, como estava livre para fazer no dia anterior, os guardas o impediriam — talvez até o matassem.

“Como o trabalho pode continuar?”, perguntou-se ele. Embora os distritos e ramos da RDA já funcionassem sob a direção de líderes locais e os membros missionários tivessem tomado o lugar dos missionários de tempo integral, Henry sempre dependeu de pelo menos algum contato com a sede da Missão Berlim, em Berlim Ocidental. O que aconteceria agora que o muro criara uma barreira muito real entre eles?

Henry teve sua resposta no final de agosto. Embora a RDA tivesse proibido seus cidadãos de viajar para fora do país, permitia que residentes da Alemanha Ocidental com autorizações especiais viajassem dentro de suas fronteiras. Em 27 de agosto, o presidente da Missão Berlim, Percy K. Fetzer, e um de seus conselheiros, David Owens, reuniram-se com Henry e outros santos em Berlim Oriental. Antes de entrar no país, os dois homens retiraram do carro e dos bolsos quaisquer itens desnecessários. Encontraram uma fileira de policiais e soldados no posto de controle, retendo uma multidão de milhares de pessoas. Assim que os soldados abriram um caminho em meio à multidão, o presidente Fetzer avançou lentamente, passando por um labirinto de obstruções até chegar à entrada da cidade.

Henry e os santos ficaram muito felizes em ver o presidente da missão. A visita foi breve, mas o presidente Fetzer e outros líderes da Igreja fizeram visitas semelhantes nos meses seguintes. Agiram com cautela, cientes de que sua presença em Berlim Oriental poderia colocar eles e os santos em perigo. Felizmente, as novas restrições não pareceram abalar a determinação dos santos da Alemanha Oriental. A frequência à reunião sacramental aumentou, e muitas pessoas prestaram testemunho firme de que o evangelho era verdadeiro.

Em uma conferência de líderes locais, Henry reconheceu que as circunstâncias não eram ideais para os santos da RDA. “A obra do Senhor não deve sofrer como resultado das condições impostas pelo homem”, lembrou ele aos líderes. “Vai depender mais ou menos de nós e de como cumpriremos nosso chamado se a obra de Deus continuará a avançar com sucesso neste país.”


Algumas semanas antes da Conferência Geral de Outubro de 1961, o presidente David O. McKay convidou o élder Harold B. Lee a seu escritório em Salt Lake City. O profeta havia acordado às 6 horas e 30 minutos daquela manhã com a clara impressão de que a sessão seguinte do sacerdócio deveria apresentar um novo programa destinado a unificar o currículo da Igreja.

Desde o final do século 19, cada uma das organizações da Igreja — Escola Dominical, Primária, AMM dos Rapazes e das Moças, Sociedade de Socorro e quóruns do sacerdócio — redigia suas próprias aulas semanais, independentes umas das outras. A partir do início da década de 1900, os líderes da Igreja procuraram maneiras de correlacionar as aulas e atividades semanais das organizações e dos quóruns da Igreja, enfatizando a doutrina essencial e eliminando quaisquer aulas repetitivas ou que cobrissem o mesmo assunto. Mas esses esforços foram esporádicos e de curta duração.

O presidente McKay, que havia participado de alguns dos primeiros esforços de correlação, acreditava que era hora de tentar novamente. Mais de um terço da Igreja se tornara membro nos últimos dez anos, e o currículo daquela época nem sempre atendia às necessidades dos novos santos. O profeta estava especialmente preocupado com as lições que apresentavam ideias incorretas ou se afastavam muito dos ensinamentos básicos do evangelho. Ele queria um currículo uniforme com base nos princípios fundamentais do evangelho.

“O único programa que é válido em nosso pensamento”, declarou ele, “é aquele que se destina a salvar almas”.

O élder Lee vinha estudando o assunto com um pequeno comitê por mais de um ano. Ele também queria que o ensino na Igreja colocasse mais ênfase na doutrina de salvação. E pouco tempo antes ele ficara preocupado ao saber que os materiais de treinamento publicados pela Igreja haviam sido distribuídos às congregações locais antes que os apóstolos os tivessem visto. Ele queria que o novo programa garantisse que as lições e os manuais fossem revisados adequadamente antes de chegarem aos santos. Acreditava que uma melhor coordenação entre as organizações da Igreja eliminaria a confusão.

Trabalhando em conjunto, o comitê propôs que o currículo da Igreja fosse redigido sob um novo princípio de organização. Em vez de cada organização geral escrever seu próprio material de aula independentemente, o currículo seria supervisionado por três comitês: um para crianças, outro para jovens e outro para adultos.

Representantes de várias organizações da Igreja, tanto mulheres quanto homens, ajudariam a desenvolver um currículo centrado em alguns princípios essenciais de salvação. O Quórum dos Doze Apóstolos supervisionaria o trabalho desses representantes, e um Conselho de Coordenação de toda a Igreja, liderado por quatro apóstolos, supervisionaria as atividades dos três comitês.

Ao organizar o currículo de acordo com a faixa etária, os comitês poderiam evitar a duplicação desnecessária de aulas. E o desenvolvimento das lições com as autoridades gerais permitia que o currículo se beneficiasse de sua experiência ao visitar os membros nas congregações de todo o mundo.

Depois que o comitê elaborou sua proposta, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze a analisaram e aprovaram, bem a tempo de o élder Lee apresentar o novo programa aos santos na sessão do sacerdócio da conferência geral de outubro.

“Ao adotar esse programa”, declarou o élder Lee, “possivelmente esperamos consolidar e simplificar o currículo da Igreja, as publicações da Igreja, os edifícios da Igreja, as reuniões da Igreja e muitos outros aspectos importantes da obra do Senhor”.

O élder Lee tinha certeza de que a decisão do presidente McKay de começar a correlacionar o currículo da Igreja fora inspirada. “Se apenas ficarmos de olho no presidente desta Igreja”, testificou ele, “veremos que ele age para realizar as coisas que serão para a salvação dos filhos dos homens da maneira mais eficaz possível”.


Pouco depois da conferência geral, LaMar Williams embarcou em um voo para a Nigéria. Em sua bagagem, LaMar levava uma câmera e um gravador para mais tarde compartilhar com a Primeira Presidência os rostos e as vozes das pessoas que conheceria. Seu companheiro de viagem era um missionário de 20 anos chamado Marvin Jones, que estava a caminho da Missão Sul-Africana.

O destino deles era Port Harcourt, uma cidade na costa nigeriana, onde uma multidão — quase todas as pessoas que haviam trocado cartas com LaMar — esperava-os. Porém, Honesty John Ekong, cujas cartas haviam sido as primeiras a chamar a atenção de LaMar para a África, não estava presente na multidão.

Ao cumprimentar seus amigos, LaMar ficou surpreso ao saber que nem todos se conheciam. Ele achava que eles estavam trabalhando juntos. Em meio ao grupo, estava um homem chamado Matthew Udo-Ete, que havia escrito o maior número de cartas para LaMar. Ele levou LaMar e Marvin para sua pequena casa, onde uma multidão de pessoas se reuniu a fim de ouvi-los falar. O ar estava mais quente e úmido do que LaMar estava acostumado, mas, nas duas horas, seguintes ele ensinou as pessoas e respondeu a suas perguntas sobre a Igreja.

Em seu primeiro domingo na Nigéria, LaMar se dirigiu a outra grande multidão na capela de Matthew. As pessoas haviam percorrido muitos quilômetros para ouvi-lo falar. Ele as ensinou sobre a Trindade, a Apostasia e a Restauração do evangelho por intermédio de Joseph Smith. Explicou a restrição do sacerdócio e disse que tinha ido à Nigéria para saber se seus amigos ainda estariam interessados na Igreja mesmo que não pudessem ter o sacerdócio.

Quando ele terminou de falar, passou o tempo para Matthew a fim de que encerrasse a reunião. De repente, as pessoas na congregação começaram a falar em um idioma que LaMar não conseguia entender. LaMar olhou para Matthew em busca de uma tradução.

“Temos pessoas aqui que querem prestar seu testemunho”, disse Matthew.

LaMar ficou surpreso. Ele esperava que as pessoas estivessem cansadas e talvez com fome. Em vez disso, nas três horas seguintes, as pessoas compartilharam seu testemunho.

Entre elas estava um homem idoso de cabelos grisalhos, camisa branca e um pano cor de rosa enrolado nas pernas. Seus pés estavam descalços. “Tenho 65 anos de idade”, disse ele, “e estou doente. Caminhei 26 quilômetros para estar aqui esta manhã”.

“Não vi o presidente McKay e não vi Deus”, continuou ele. “Mas vi você e vou considerá-lo pessoalmente responsável por voltar ao presidente McKay e dizer a ele que somos sinceros.”

Uma mulher da congregação simplesmente perguntou a LaMar: “Você permitirá que esse amor que temos pela Igreja seja em vão?”

Pouco mais de uma semana depois, na cidade de Uyo, LaMar finalmente conheceu Honesty John Ekong. Ele soube que seu amigo havia viajado mais de 160 quilômetros para encontrá-lo no aeroporto, mas de alguma forma não o encontrou. Honesty John mostrou a LaMar as paredes de sua casa. Elas estavam decoradas com artigos e fotografias de autoridades gerais das revistas da Igreja.

Repetidas vezes, LaMar ficou impressionado com a fé dos nigerianos. Ele soube que cerca de 5 mil pessoas em quase 100 congregações queriam se filiar à Igreja. No entanto, ele não via nenhum caminho a seguir na Nigéria enquanto as restrições do sacerdócio e do templo estivessem em vigor. Ele queria poder dizer a seus novos amigos que o futuro da obra missionária estava garantido em seu país, mas sabia que não estava autorizado a fazê-lo.

“Eles insistem que, se eu fizer minha parte ao me reportar à Primeira Presidência, a Igreja virá para a Nigéria”, escreveu ele em seu diário. “Eles não percebem o quão insignificante sou na análise final de tal decisão.”

Mas ele tinha esperança. “Graças a Deus, todas as coisas são possíveis com a ajuda do Senhor”, escreveu ele.

Capítulo 6

Bênçãos em toda parte

primeira página de um jornal nigeriano

Na primavera de 1962, Ruth Funk, membro da junta das Moças estava muito atarefada com o trabalho. A conferência anual da AMM estava próxima de acontecer e ela estava coproduzindo um musical para o evento. A conferência, que acontecia desde a década de 1890, reuniu cerca de 25 mil líderes de jovens na cidade de Salt Lake para receber conselhos e treinamento dos líderes gerais da Igreja. Ruth e os membros de seu comitê queriam apresentar um lindo show para a conferência, e estavam aprendendo à medida que o programa se desenvolvia.

Quando a primeira apresentação estava próxima de acontecer, Ruth foi convidada a participar de uma reunião sobre o foco da Igreja. Ela não sabia por que recebera esse convite e não estava muito disposta a ir. Com a correria do momento, ela mal tinha tempo para ver o marido Marcus e seus quatro filhos.

Mesmo assim, no dia do compromisso, Ruth foi apressadamente para a reunião. Ela encontrou uma sala lotada de pessoas, inclusive alguns líderes gerais da Igreja, debatendo sobre os objetivos básicos da Igreja. Reed Bradford, um professor de sociologia da Universidade Brigham Young, conduzia a reunião.

Inicialmente, Ruth não se manifestou, mas quando a reunião estava próxima de acabar, Reed disse: “Irmã Funk, você ainda não expressou sua opinião”.

“Bem, tenho alguns sentimentos fortes”, ela respondeu. Como muitas pessoas nos Estados Unidos e em outros lugares, os membros da Igreja estavam cada vez mais preocupados com temas como o divórcio, a delinquência juvenil e outras dificuldades sociais. “Sinto que todos os esforços devem ser feitos para enfatizar a força da família”, disse ela.

A reunião terminou e Ruth voltou para suas outras responsabilidades. Depois que a conferência da AMM terminou e o musical tinha sido um sucesso, ela recebeu uma ligação do apóstolo Marion G. Romney. “Ruth”, disse ele: “Você está sendo chamada para servir no Comitê de Correlação”.

O coração de Ruth disparou. “O que significa correlação?”, perguntou ela.

Ela logo ficou sabendo o que era em uma reunião de orientação com o élder Harold B. Lee. O comitê era o principal responsável por alinhar todo o currículo da Igreja com os princípios básicos do evangelho. Mas, com a Igreja se espalhando rapidamente por todo o mundo, o programa também colocaria nova ênfase no sacerdócio, no lar e na família como pontos centrais do evangelho restaurado de Jesus Cristo.

O élder Lee descreveu os comitês que supervisionariam os programas para os adultos, os jovens e as crianças. Para sua surpresa, Ruth foi chamada para trabalhar com o comitê para os adultos, apesar de ter muitos anos de experiência trabalhando com os jovens. Ela e os outros membros do comitê — três mulheres e cinco homens — tinham que equilibrar as demandas de uma carreira e as responsabilidades de uma família. O membro mais jovem do comitê, Thomas S. Monson, com 34 anos, terminara recentemente seu serviço como presidente da Missão Canadá, com sua esposa Frances.

À medida que os meses se passaram e o comitê começou a pesquisar os planos anteriores das aulas da Igreja, todos eram incentivados a expressar suas opiniões livremente quando debatiam o futuro do currículo da Igreja. O comitê tinha muitos anos de estudo e trabalho pela frente, mas Ruth estava ansiosa para fazer tudo o que pudesse para ajudar a Igreja a progredir.


Em outra parte da sede da Igreja, Henry D. Moyle — um apóstolo, empresário e ex-diretor do Programa de Bem-Estar da Igreja — servia como primeiro conselheiro recém-chamado do presidente McKay.

O profeta o havia chamado originalmente para servir na presidência junto com o primeiro conselheiro J. Reuben Clark, após a morte de Stephen L. Richards, em maio de 1959. Dois anos mais tarde, a saúde do presidente Clark começou a declinar, então, o presidente McKay designou o apóstolo Hugh B. Brown para se juntar a eles como um terceiro conselheiro na presidência. Quando o presidente Clark faleceu, em outubro de 1961, o presidente McKay designou o presidente Moyle e o presidente Brown como seus primeiro e segundo conselheiros, respectivamente.

Como primeiro conselheiro na Primeira Presidência, o presidente Moyle era responsável por todos os aspectos do programa missionário da Igreja, um dever que ele apreciava. Ao redor do mundo, muitas pessoas estavam demonstrando grande interesse no cristianismo, e o presidente Moyle era responsável por garantir que cada missão encontrasse essas pessoas eficazmente. Sob sua supervisão, os batismos cresceram mundialmente acima de 300 por cento e os missionários trabalhavam uma média mensal de 221 horas — 44 por cento a mais do que em 1960.

Com sua experiência em negócios, o presidente Moyle apreciava números fortes e porcentagens sólidas. Contudo, no trabalho missionário, os números em si não tinham muito significado se as conversões eram de curto prazo. O presidente Moyle queria garantir que as pessoas fizessem mudanças duradouras na vida.

Ele e o presidente McKay acreditavam na mesma abordagem para compartilhar o evangelho: “Cada membro é um missionário”. Mas ele se preocupava com os problemas que estavam surgindo porque muitos jovens se filiavam à Igreja apenas para jogar nos times de beisebol dos missionários, e ele ficava desapontado quando as missões davam mais ênfase a números de batismo do que à conversão verdadeira. Ao se reunir com os missionários, ele os aconselhava a ensinar famílias e ajudar os conversos a se sentirem bem-vindos na Igreja. Reafirmava que os jovens precisavam da permissão dos pais para ser batizados.

Pouco tempo depois que o Comitê de Correlação foi organizado, o presidente Moyle participou de uma reunião na qual o élder Harold B. Lee propôs que o programa de correlação fosse ampliado a fim de incluir a obra missionária. A ideia preocupou o presidente Moyle. Ele servira por muitos anos com o élder Lee no Programa de Bem-Estar da Igreja e no Quórum dos Doze Apóstolos e o considerava um amigo próximo. Embora aprovasse os outros aspectos da correlação, ele não concordava com o élder Lee sobre este ponto.

Desde o início da Igreja, a obra missionária estivera sob a direção da Primeira Presidência. A presidência fazia os chamados missionários, designava os presidentes de missão e se correspondia diretamente com os escritórios de missão. Pela proposta do élder Lee, no entanto, um membro do Quórum dos Doze Apóstolos, e não um conselheiro na Primeira Presidência, lideraria o comitê missionário da Igreja. A presidência receberia os relatórios escritos dos apóstolos que visitavam as missões e os relatos verbais dos presidentes de missão retornados, mas ficariam livres do gerenciamento direto das missões.

Em 18 de setembro, o presidente Moyle conversou com o presidente McKay sobre o plano de correlação expandido do élder Lee. O sistema atual estava funcionando bem, ele ponderou. “Se este novo plano for adotado”, ele disse, “a obra missionária ficará completamente fora das mãos da Primeira Presidência”.

“Ela tem estado em nossas mãos desde que a Igreja foi organizada”, reconheceu o presidente McKay, mas com o crescimento rápido da Igreja, em breve a Primeira Presidência teria que delegar muitas de suas responsabilidades. Havia 64 missões e mais de dez mil missionários que precisavam ser cuidados — e esses números só cresceriam. O presidente Moyle e dois assistentes já dispendiam muitas horas na semana apenas com os chamados missionários. Além disso, cuidavam da aparentemente interminável correspondência com os presidentes de missão para resolver questões administrativas, como a compra de terrenos para capelas.

O presidente McKay queria que a Primeira Presidência continuasse a chamar os novos presidentes de missão, como sempre o fizeram, mas estava aberto para as mudanças propostas pelo élder Lee e desejava saber mais sobre elas.


Alguns meses mais tarde, em 11 de janeiro de 1963, o Deseret News publicou uma notícia inesperada: “A Igreja vai abrir a obra missionária na Nigéria”.

O anúncio foi feito apenas alguns dias depois que o apóstolo N. Eldon Tanner, e sua esposa, retornaram da África Ocidental. Durante a viagem de duas semanas, o élder Tanner conversara com várias autoridades nigerianas, reunira-se com centenas de santos em perspectiva e dedicara o país para a pregação do evangelho restaurado. Após o retorno do casal Tanner a Utah, o presidente McKay chamou LaMar Williams e alguns outros missionários para servir na Nigéria, tão logo obtivessem vistos de viagem.

Charles Agu, o líder de um grupo de santos em perspectiva em Aba, Nigéria, alegrou-se com as notícias. Sua congregação tinha mais de 150 pessoas e estava crescendo rápido. Quando LaMar visitou o país em 1961, Charles se tornou seu amigo e juntos fizeram algumas visitas. Charles e sua congregação compreendiam bem o evangelho e tinham uma fé inabalável na Restauração. Antes de LaMar voltar para os Estados Unidos, Charles gravou uma mensagem para o presidente McKay. “Cremos que esta Igreja tem todas as revelações e profecias exigidas por Deus para guiar Seu povo corretamente”, ele testificou. “Portanto, não rejeitaremos esta Igreja porque o sacerdócio nos é negado.”

Depois disso, Charles e LaMar trocaram muitas cartas e Charles mal podia esperar a volta de LaMar para estabelecer oficialmente a Igreja na África Ocidental. “Para todos nós aqui, este é um momento de grande expectativa”, ele escreveu a LaMar, em fevereiro de 1963.

Por não ter a autorização de portar o sacerdócio, Charles entendia que não poderia servir como presidente de ramo depois que a Igreja fosse estabelecida na Nigéria. No entanto, durante a visita do élder Tanner, o apóstolo explicou que Charles e outros líderes nigerianos continuariam a guiar suas congregações como líderes não-ordenados de distrito ou grupo. Os santos nigerianos também preencheriam todos os chamados que não exigissem a realização das ordenanças do sacerdócio.

Conforme as semanas se passavam, Charles esperava ouvir que LaMar estava a caminho da Nigéria, mas em quase todas as cartas LaMar explicava que estava aguardando a aprovação do governo nigeriano para seu visto de viagem. Ninguém conseguia explicar a demora.

Em março, Charles viu um artigo a respeito da Igreja em um jornal chamado Nigerian Outlook, trazendo o relato de um estudante universitário nigeriano que estivera em uma reunião dos santos dos últimos dias na Califórnia. O rapaz ficara em choque durante a reunião ao saber da restrição ao sacerdócio e das justificativas usadas para explicá-la.

“Não acredito em um Deus cujos seguidores pregam a superioridade de uma raça sobre a outra”, escreveu o estudante em seu artigo. Ele acreditava que a reputação da Nigéria ficaria prejudicada se permitisse que a Igreja fosse estabelecida no país.

Apenas alguns anos haviam se passado desde que a Nigéria ganhara sua independência da Grã-Bretanha e o artigo refletia uma desconfiança generalizada de influências externas no país. Acreditando que o atraso do visto tinha a ver com o artigo, Charles o enviou para LaMar. Ele achava que a presença de um representante oficial da sede da Igreja poderia ajudar a combater o estrago feito pelo artigo.

LaMar não pensava da mesma maneira. Os líderes da Igreja tinham proposto uma missão na Nigéria porque milhares de nigerianos haviam buscado paciente e persistentemente o evangelho restaurado. Se alguém precisava falar em defesa da Igreja na Nigéria, um converso nigeriano deveria fazê-lo, acreditava LaMar. “Tenho certeza de que por meio de suas orações e sua inspiração, vocês podem fazer e dizer as coisas que convencerão os líderes governamentais a respeito de nossa integridade”, ele escreveu.

Charles se reuniu com Dick Obot, outro santo nigeriano em perspectiva e juntos publicaram um artigo sobre a Igreja no Nigerian Outlook, testificando da Restauração do evangelho de Jesus Cristo por meio do profeta Joseph Smith, do papel da revelação atual para o estabelecimento da doutrina e da preocupação da Igreja com o bem-estar espiritual e material de todas as pessoas.

Charles esperava que o artigo ajudasse a mudar a mente e o coração das pessoas sobre os santos. Antes de conhecer a Igreja, ele fumava, bebia e vivia uma vida sem disciplina. Agora, ele era diferente.

“Encontrei alegria na vida, progresso em meu trabalho e bênçãos em toda parte”, ele contou a LaMar.


Em março de 1963, quatro meses depois de ser batizada, Delia Rochon, de 13 anos, desejava pagar o dízimo. Ela era membro de um ramo com cerca de 20 pessoas em Colonia Suiza, uma cidade no sul do Uruguai. Ela sabia que o dízimo era um mandamento, e estava disposta a fazer tudo o que o Senhor lhe pedisse. O único problema é que não tinha uma renda.

Delia pediu o conselho da mãe, que não era membro da Igreja, e a mãe sugeriu que ela encontrasse um meio de ganhar dinheiro.

Um vizinho idoso concordou em pagar para Delia lhe trazer água potável. Todos os dias, Delia levava um balde a uma fonte perto de sua casa, enchia-o com cerca de quatro litros de água, e o carregava até a casa do vizinho. Depois de algumas semanas economizando seus ganhos, ela levou uma moeda de $1 peso para Victor Solari, seu presidente do ramo, como pagamento do dízimo.

“Quanto você ganhou?”, perguntou o presidente.

“Três pesos”, Delia respondeu.

“Bem”, disse o presidente Solari, “o dízimo é 10 por cento”. Um peso — que era mais de 30 por cento do que ela ganhara — era muito.

“Mas eu quero dar o dinheiro”, Delia disse.

O presidente Solari pensou e disse: “Bem, então faça uma oferta de jejum”. Ele explicou o que era a oferta de jejum e ajudou Delia a preencher seu primeiro recibo de doação.

Pouco tempo depois, o presidente Solari a convidou para uma entrevista. Ela nunca tinha ido ao escritório dele, então, estava ansiosa. A sala era pequena, com uma mesa de metal e algumas prateleiras cheias de manuais da Igreja. Quando se sentou em uma cadeira na frente da mesa dele, seu pé não encostava no chão.

O presidente Solari foi direto ao ponto. A presidente da Primária tinha acabado de se mudar do ramo para outra área para trabalhar como professora e ele queria que Delia a substituísse no chamado.

No passado, geralmente os missionários ocupavam os cargos de liderança de ramo, mas Thomas Fyans, o presidente da Missão Uruguaia, acreditava firmemente em liberar os missionários norte-americanos dessas responsabilidades e chamar os santos locais para fazer o trabalho. Isso havia se tornado uma prioridade para as missões sul-americanas desde a viagem do élder Kimball ao continente em 1959. Dar mais oportunidades aos santos locais — mesmo aos santos que tinham apenas 13 anos — era considerado um passo vital para o estabelecimento das estacas na América do Sul.

Delia nunca participara da Primária quando criança. Ela nem sabia ao certo o que fazia uma presidente da Primária. Mesmo assim, ela aceitou o chamado e se sentiu bem,

mas ficou preocupada com a reação de seus pais quando soubessem. Eles eram divorciados e nenhum dos dois era membro da Igreja. A família do pai era de protestantes devotos e desaprovavam a condição dela como membro da Igreja. A mãe católica aceitava melhor suas crenças, mas ficaria preocupada com uma possível interferência do chamado em suas responsabilidades em casa e na escola.

“Vou conversar com sua mãe”, disse o presidente Solari.

Demorou um pouco para convencê-la, mas o presidente do ramo e Delia chegaram a um acordo com a mãe: Delia faria suas obrigações de casa aos sábados pela manhã e depois estaria livre para cumprir as tarefas de seu chamado na Igreja.

Depois de ser designada, Delia começou a trabalhar em seu novo chamado. Por ser um ramo muito pequeno, ela era responsável sozinha pela liderança e o ensino das crianças da Primária. Como treinamento, o presidente Solari lhe entregou um manual grosso da Primária e duas folhas de instruções datilografadas.

“Se tiver dúvidas”, ele disse, “ore!”

Antes de preparar a primeira aula, Delia leu as instruções. Depois, abriu o manual da Primária, colocou as mãos sobre as páginas e inclinou a cabeça.

“Pai Celestial”, ela disse, “Preciso ensinar esta lição para as crianças e não sei como fazê-lo. Por favor, ajuda-me”.


Na mesma época, Suzie Towse, de 18 anos, embarcou em um trem com destino a Londres. Fazia quase dois anos que ela se batizara no Ramo Beverley, e agora estava a caminho para servir missão como secretária no escritório do Departamento de Construção da Igreja no Reino Unido.

Seus pais não estavam contentes por ela estar saindo de casa. Na verdade, sua mãe, que se filiara à Igreja não muito tempo depois de Suzie, ficou ressentida com a Igreja depois que um missionário a ofendeu, mas isso não deteve Suzie. Servir missão era sua meta desde que se filiara à Igreja.

Geoff Dunning, um rapaz de seu ramo, foi se despedir dela na estação. Ele se filiara à Igreja cerca de um ano antes e os dois se tornaram amigos servindo juntos no comitê de integração do ramo. O forte testemunho de Geoff e sua ética no trabalho chamaram a atenção dos líderes locais da Igreja e ele havia servido em vários chamados.

Enquanto viajava para o sul, Suzie estava ansiosa para servir no Departamento de Construção. Em julho de 1960, a Igreja iniciara o programa missionário de construção na Europa. Logo, os presidentes de missão começaram a chamar centenas de santos locais, inclusive alguns rapazes que permaneceram ativos depois de se filiar à Igreja por meio dos times de beisebol da missão, para servir como “missionários de construção”. Agora, os santos britânicos poderiam aguardar com grande expectativa para se reunir em novas e espaçosas capelas, em vez de salões alugados apertados. Na verdade, Suzie e Geoff já haviam passado muitas noites e sábados ajudando os missionários de construção que trabalhavam em uma capela em Beverley.

Suzie recebeu o chamado para servir do presidente da recém-organizada Missão Britânica Nordeste, Grant Thorn. A idade mínima para as moças servirem missão de proselitismo era 21 anos, mas os missionários de construção poderiam ser mais jovens. Como Suzie trabalhava como secretária em uma empresa de contabilidade, ela sabia como realizar várias tarefas em um escritório. Quando o Departamento de Construção a entrevistou para conhecer sua experiência como secretária, ela foi imediatamente considerada preparada para o chamado.

Em Londres, Suzie foi morar em um apartamento com outras duas missionárias. Todas as manhãs no escritório, os missionários começavam o dia com uma oração, um hino e uma escritura. O restante do tempo era gasto datilografando cartas, anotando as atas das reuniões, transcrevendo anotações, acompanhando e mantendo os registros de dedicação das capelas.

Entre as capelas em construção estava a de Merthyr Tydfil, País de Gales, o lugar de nascimento da mãe do presidente McKay. A abertura de terra aconteceu em março de 1961, e o projeto ganhou força em janeiro de 1963, quando o profeta decidiu dedicar o edifício pessoalmente. Nos próximos oito meses, os missionários e os santos consagraram mais de 30 mil horas para construir a capela, concluindo-a em 23 de agosto.

Dois dias depois, Suzie e outras mil e trezentas pessoas compareceram à dedicação da nova capela. Assim que ela viu o presidente McKay, um sentimento de amor e paz tomaram seu coração. Ela soube na mesma hora que estava na presença de um profeta de Deus.

Poucos meses depois da dedicação, Suzie recebeu uma carta dramática de sua mãe. “Se você não voltar para casa imediatamente”, a mãe escreveu, “não precisa mais voltar”.

Suzie não queria aborrecer os pais, mas também não queria deixar a missão. “É muito difícil, às vezes, saber o que fazer quando os pais aconselham uma coisa e a Igreja ensina outra”, ela confidenciou a Geoff em uma carta. “Estou me sentindo muito confusa e preocupada.”

Ela contou ao presidente Thorn sobre seu dilema. “Fique e termine sua missão”, ele aconselhou. “O Senhor vai preparar um caminho.”

Suzie seguiu seu conselho à risca. “Um dia meus pais entenderão”, disse a Geoff. “Sei que não estaria longe de casa se essa não fosse a obra do Senhor.”


No início de 1963, quando o élder Harold B. Lee e seu comitê apresentaram o plano final de correlação do sacerdócio à Primeira Presidência e ao Quórum dos Doze Apóstolos, o presidente McKay o aprovou prontamente. “Está tudo glorioso”, ele disse.

O plano abrangia todo o programa da Igreja, uma expansão significativa das responsabilidades originais do comitê para correlacionar o currículo. As organizações da Igreja não mais publicariam lições nem emitiriam normas sem a orientação das autoridades gerais. O novo sistema dividia a governança da Igreja em quatro áreas: bem-estar, genealogia e templo, ensino familiar e o trabalho missionário. Cada área seria supervisionada por um comitê de cerca de 25 membros, liderado por um apóstolo ou um membro do bispado presidente.

Quando o élder Lee falou sobre o programa de correlação na conferência geral de abril, ele explicou que o lar era o alicerce de uma vida de retidão e que as organizações da Igreja existiam sob a autoridade do sacerdócio para ajudar e apoiar o lar. “É sobre esses fundamentos”, disse ele, “que fomos guiados em nossos estudos de correlação dos currículos e das atividades de todo o sacerdócio e das organizações auxiliares”.

O presidente Moyle e o presidente Brown tinham fé no chamado do presidente McKay como profeta de Deus. No entanto, apesar de ele ter aprovado o programa, eles tinham reservas sobre algumas de suas características. Após se aconselhar com o élder Lee, o presidente Brown deixou de lado suas preocupações e o presidente Moyle aceitou a maior parte do plano. Mas continuou a questionar se eles deveriam passar a supervisão das missões da Primeira Presidência para o Quórum dos Doze Apóstolos.

O élder Lee e o presidente Moyle eram amigos próximos há muitos anos. Quando o presidente Moyle foi chamado para a Primeira Presidência, o élder Lee não conseguiu conter sua alegria. “Parecia muito bom para ser verdade”, escreveu ele em seu diário. Mais tarde, quando a esposa do élder Lee, Fern, faleceu, o presidente Moyle o consolou e discursou no funeral dela. Agora, o élder Lee ansiava pelo apoio sincero de seu amigo para a correlação.

Enquanto a Igreja se preparava para lançar o novo programa, o élder Lee começou a cortejar Joan Jensen, uma professora que tinha mais ou menos a idade dele e nunca havia se casado. Depois que decidiram se casar, eles perguntaram ao presidente McKay se ele poderia realizar a cerimônia, e o profeta alegremente aceitou o convite.

Um dia antes do casamento, o élder Lee convidou Marion G. Romney, que era também um amigo próximo, para ser uma das testemunhas. Enquanto os dois homens conversavam, o presidente Moyle chegou perto e perguntou se poderia ir à cerimônia também. Em pouco tempo, a distância entre os dois homens se desvaneceu e suas diferenças sobre a correlação não tinham mais importância.

“Você gostaria de ser uma das testemunhas?”, perguntou o élder Lee.

O presidente Moyle ficou emocionado. “Você me permitiria?”

“Se o presidente McKay realizar nosso casamento e vocês dois forem as testemunhas”, o élder Lee disse, “seria perfeito”.

Na manhã seguinte, o presidente McKay selou Harold e Joan como marido e esposa no Templo de Salt Lake. O élder Romney e o presidente Moyle serviram como testemunhas desta sagrada ordenança.

Alguns meses depois, em setembro, o presidente Moyle voou para a Flórida, no sudeste dos Estados Unidos, para inspecionar uma fazenda de gado de aproximadamente 122 mil hectares que a Igreja possuía e administrava para ajudar a financiar o programa de assistência aos pobres.

Enquanto isso, o élder Lee estava presidindo uma conferência de estaca no Havaí. Certa manhã, uma ligação de Utah o acordou. Era o presidente Brown ligando para informá-lo que o presidente Moyle falecera enquanto dormia na fazenda, na Flórida. Em choque, naquela mesma manhã, o élder Lee embarcou em um avião de volta para casa.

Três dias depois, no funeral do presidente Moyle, o élder Lee subiu ao púlpito do Tabernáculo de Salt Lake e falou sobre a amizade que ele e Marion G. Romney compartilhavam com Henry D. Moyle.

“Éramos três homens obstinados e teimosos”, ele disse. “Mas acho que três homens nunca tiveram maior respeito mútuo do que o que existia entre nós.”

Capítulo 7

Filhos do mesmo Deus

coro de mulheres em frente a uma réplica do Templo de Salt Lake

No início de outubro de 1963, a seção local de Salt Lake City da National Association for the Advancement of Colored People [Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor] (NAACP) se preparou para realizar um protesto pacífico do lado de fora da Praça do Templo durante a conferência geral. Como o protesto que estava próximo de acontecer ganhou as manchetes nos Estados Unidos, os organizadores esperavam que a manifestação persuadisse os líderes da Igreja a esclarecer a posição deles sobre os direitos civis.

Embora o jornal Deseret News, de propriedade da Igreja, tivesse apoiado em 1956 o fim gradual da segregação racial, Utah ainda estava atrás de outros estados vizinhos na aprovação de leis a favor dos direitos civis. A NAACP esperava que uma forte declaração da Igreja influenciasse os legisladores a garantir proteções e oportunidades iguais para todas as pessoas no estado.

O protesto seria um de uma série de outros protestos naquela época nos Estados Unidos. No início do ano, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, propusera uma lei de direitos civis para proteger os afro-americanos e pessoas de outras etnias contra a discriminação. Alguns meses depois, a NAACP ajudou a organizar uma grande marcha em Washington, DC, para protestar contra a desigualdade social e econômica nos Estados Unidos. A marcha terminou com um discurso emocionante do Dr. Martin Luther King Jr., um proeminente líder dos direitos civis, que inspirou muitas pessoas a se posicionarem contra a injustiça racial. 

Depois de saber sobre o protesto planejado na Praça do Templo, Sterling McMurrin, professor de filosofia da Universidade de Utah, conseguiu que os líderes da NAACP de Salt Lake City se reunissem com Hugh B. Brown, da Primeira Presidência.

Na noite de 3 de outubro, o presidente Brown deu as boas-vindas ao presidente da seção local da NAACP, Albert Fritz, e a outros organizadores do protesto no Edifício de Administração da Igreja. N. Eldon Tanner, que havia sido chamado mais cedo naquele dia para substituir Henry D. Moyle na Primeira Presidência, também se juntou a eles.

Na reunião, os organizadores perguntaram se a Igreja pretendia se manifestar em apoio aos direitos civis.

“Como vocês sabem”, disse o presidente Brown, “a Igreja não se envolve na política”. Há muitos anos a Igreja mantinha uma posição de neutralidade política.

Os organizadores, então, destacaram que a Igreja frequentemente se manifestava sobre questões morais. E os direitos civis, eles argumentaram, eram uma questão moral.

O presidente Brown concordou, mas nem ele nem o presidente Tanner achavam que um protesto público seria necessário. Eles prometeram falar com o presidente McKay sobre a Igreja fazer uma declaração a respeito dos direitos civis.

Após a reunião, o presidente Brown e o presidente Tanner pediram a Sterling McMurrin que os ajudassem a preparar uma declaração para aprovação do presidente McKay. Albert Fritz, enquanto isso, incentivou os membros da NAACP a adiar a manifestação e dar tempo à Igreja para emitir a declaração. Alguns dos manifestantes já haviam feito cartazes de protesto, mas concordaram em esperar pelo menos mais uma semana.

No sábado, 5 de outubro, o presidente Brown notificou a NAACP de que o presidente McKay havia aprovado uma declaração, que seria lida pelo presidente Brown na conferência geral na manhã seguinte.

“Não há nesta Igreja nenhuma doutrina, crença ou prática que pretenda negar o usufruto de plenos direitos civis a qualquer pessoa, independentemente de raça, cor ou credo”, declarou. “Cremos que todos os homens são filhos do mesmo Deus, e que é um flagelo moral que qualquer pessoa ou grupo de pessoas neguem a qualquer ser humano o direito a um emprego remunerado, à plena oportunidade educacional e a todos os privilégios de cidadania.

Pedimos a todos os homens em todos os lugares, dentro e fora da Igreja, que se comprometam com o estabelecimento da plena igualdade civil para todos os filhos de Deus”, continuou. “Qualquer coisa menos do que isso derrota nosso alto ideal de fraternidade entre os homens.”

A declaração foi notícia de primeira página em Salt Lake City e em outros lugares. A pedido de Albert Fritz, a NAACP não realizou manifestações durante a conferência. Ele tinha esperança de que sua organização e a Igreja pudessem ser aliadas.

“Se trabalharmos em harmonia”, disse ele, “teremos um estado melhor”.


Ao longo de 1963, Hélio da Rocha Camargo esteve em frequentes viagens pelo Brasil. Ele recebera o Sacerdócio de Melquisedeque pouco depois da viagem do élder Spencer W. Kimball à América do Sul em 1959 e agora servia como conselheiro na presidência da Missão Brasileira. Com a Igreja crescendo rapidamente em muitas partes do país, seu chamado exigia que ele se reunisse com santos em cidades distantes como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília, a recém-construída capital do Brasil.

Nos últimos quatro anos, mais de 35 mil pessoas haviam se filiado à Igreja na América Latina. Em 1961, a primeira estaca da Igreja no idioma espanhol foi organizada na Cidade do México. Ao mesmo tempo, o número de missões na América do Sul tinha mais do que dobrado. Havia agora duas missões no Brasil, duas na Argentina, uma no Uruguai, uma no Chile e uma que englobava o Peru e a Bolívia.

Em cada uma dessas missões, o objetivo era divulgar amplamente o evangelho, ajudar os santos a viver fielmente e estabelecer as primeiras estacas na América do Sul. Organizar essas estacas daria aos membros maior autoridade para liderar e servir na Igreja, eliminando a necessidade de líderes que viessem de fora de sua área.

Wayne Beck, o presidente da Missão Brasileira, e seu predecessor, Grant Bangerter, acreditavam que a melhor maneira de preparar os santos para a responsabilidade das estacas era edificar e treinar líderes locais da Igreja. A experiência de Hélio como ministro metodista fez dele um candidato ideal para a liderança da Igreja, e o presidente Bangerter rapidamente o chamou para cargos de responsabilidade.

Um de seus primeiros chamados de liderança foi servir como conselheiro na presidência do distrito com dois outros santos brasileiros. A princípio, suas novas funções não lhe eram familiares e, depois de muito esforço para entender o propósito delas, ele conversou com o presidente Bangerter. “Não estou fazendo algo de valor aqui”, ele disse.

“O que você gostaria de fazer?”, perguntou o presidente.

“Gostaria de voltar para o meu ramo e ser um professor”, Hélio respondeu. “Eu poderia ser um bom professor.”

O presidente Bangerter então explicou que os santos locais eram fundamentais para o desenvolvimento da Igreja em seu país. Como membro da presidência do distrito, Hélio desempenhava um papel-chave no chamado e no treinamento de líderes e professores locais da Igreja.

“Agora é a hora em que o Senhor está levantando Seus servos para o estabelecimento de Sua obra com poder na América do Sul”, disse o presidente. “Alguns devem ser chamados para carregar o fardo, e isso recaiu sobre você.”

De repente, Hélio viu a liderança da Igreja sob uma nova perspectiva. Em algumas semanas, ele e os outros membros da presidência do distrito estavam trabalhando com mais eficiência.

Depois disso, Hélio treinou muitos líderes locais — uma responsabilidade que continuou depois que foi chamado para a presidência da missão. Como conselheiro do presidente Bangerter e do presidente Beck, ele ajudou os santos a melhorar a qualidade das reuniões sacramentais, incentivou a participação em projetos de construção da Igreja e trabalhou para fortalecer os ramos. Agora, onde quer que a Igreja estivesse bem estabelecida na missão, os ramos e os distritos funcionavam essencialmente como alas e estacas. Se fosse necessário um batismo ou uma confirmação, um portador do sacerdócio brasileiro realizaria a ordenança.

A esposa de Hélio, Nair, servia como conselheira na organização da Primária da missão e sua tarefa era preparar os santos para liderar as estacas. Seguindo um padrão existente em todas as estacas da Igreja, a presidência realizava uma conferência todos os anos para as líderes e as professoras da Primária. Nas aulas para as mulheres, Nair dava sugestões de como ensinar as criancinhas, aumentar a frequência na Primária e usar o currículo e os auxílios visuais disponíveis.

“Pedimos a Deus que abençoe todo o trabalho que vocês têm feito pelas crianças”, ela disse às líderes da Primária na conferência de 1963, “e que Ele aumente nossa fé e nosso desejo de viver de acordo com os princípios do evangelho, dedicando-nos com entusiasmo e sinceridade ao trabalho que Ele nos confiou”.

Em seu trabalho na presidência da missão, Hélio magnificava seu chamado com o mesmo fervor de quando era um ministro metodista. Certa vez, ele disse ao presidente Bangerter que o verdadeiro discipulado exigia total devoção e dedicação à causa de Cristo.

“Todo bom metodista sabe disso”, afirmou Hélio. E ele acreditava que os santos dos últimos dias deveriam entender isso também.


Perto do final de 1963, Walt Macey, de 44 anos, estava inquieto. Como sócio de três mercearias em Salt Lake City, não tinha certeza se deveria manter suas lojas abertas aos domingos. Ele crescera aprendendo que o Dia do Senhor era um dia sagrado de descanso. Mas, recentemente, havia notado que muitos santos dos últimos dias faziam compras no Dia do Senhor, assim como outras pessoas.

Em todos os lugares, ele via restaurantes, postos de gasolina e lojas abertas no domingo. E seu parceiro de negócios de longa data, Dale Jones, achava que as mercearias deles também deveriam permanecer abertas. As vendas aos domingos eram boas e Walt aceitou o argumento de que ficar aberto ajudava as famílias que precisavam fazer compras nos fins de semana. Poucas famílias tinham dois carros e, como os maridos costumavam levar o carro para o trabalho durante a semana, o domingo era um importante dia de compras.

Walt nunca se sentiu totalmente confortável abrindo as lojas no Dia do Senhor. Ficava aflito ao pensar que estava impedindo os jovens que ele empregava de frequentar as reuniões dominicais. Alguns anos antes, ele dissera a Dale que o negócio deles seria abençoado se fechassem aos domingos, mas Dale não concordava. “Não estamos falindo”, disse ele, encerrando o assunto.

Recentemente, porém, uma conversa com Joseph Fielding Smith, presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, deixara Walt preocupado. O presidente Smith e sua esposa, Jessie, eram clientes regulares de sua loja na parte oeste de Salt Lake City. Certo dia, o presidente Smith chegou junto ao balcão de carnes onde Walt estava trabalhando.

“Irmão Macey”, ele disse, “Quero que você remova aquele cartaz da janela”. Havia muitos cartazes na janela, então Walt perguntou a qual deles o presidente se referia.

“O cartaz que diz ‘Aberto aos domingos’”, disse o presidente Smith. Ele disse a Walt que preferia comprar nas lojas que honravam o Dia do Senhor fechando aos domingos, virou-se e foi embora. Depois disso, Walt não o viu mais na loja.

O presidente Smith foi apóstolo por mais de meio século. Durante esse tempo, ele viu o respeito pelo Dia do Senhor diminuir entre os cristãos de todo o mundo. Embora reconhecesse que havia razões compreensíveis para se trabalhar no Dia do Senhor, ele e outros líderes da Igreja temiam que o domingo se tornasse simplesmente mais um dia de recreação e comércio. Por muitas vezes, eles ergueram a voz contra o uso do domingo para eventos esportivos, cinema, compras e outras atividades que poderiam ser feitas em outros dias. Mais do que qualquer outro apóstolo de sua época, Joseph Fielding Smith implorou aos santos que santificassem o dia do Senhor.

“Precisamos parar de violar o Dia do Senhor”, ele declarou na Conferência Geral de Abril de 1957. “Aos que estão abrindo suas lojas aos domingos, prometo-lhes que se observarem o Dia do Senhor e as fecharem e cuidarem dos deveres que o Senhor lhes deu, e guardarem Seus mandamentos, vocês prosperarão.”

Dois anos depois, a Primeira Presidência ensinou o mesmo princípio, exortando os santos a parar de fazer compras aos domingos.

Depois da conversa com o presidente Smith, Walt decidiu que precisava fazer algo diferente, pois teve um sentimento de que estava vivendo muito abaixo do que sabia ser o certo.

Novamente conversou com Dale sobre fecharem as lojas aos domingos, mas Dale se recusou a pensar no assunto. “Bem”, Walt disse, “como isso é muito importante para mim, ou você compra minha parte do negócio ou eu compro a sua”.

Um mês depois, Dale concordou em desfazer a sociedade. Ele ficaria com duas lojas e Walt com a outra. Walt decidiu reinaugurar sua loja com um novo nome: Macey’s.

Não muito tempo depois, o Deseret News anunciou que a Macey’s fecharia aos domingos. Naquela noite, às 23h15, Walt recebeu uma ligação em sua casa. Era a irmã Smith. “O presidente gostaria de falar com você”, disse ela.

O presidente Smith, então, pegou o telefone. “Irmão Macey”, ele disse, “Estou vendo no jornal de hoje que você fechou sua loja no Dia do Senhor. Voltarei a ser seu cliente”.

Pouco depois, Walt viu o presidente Smith fazendo compras na loja.


No início de 1964, Belle Spafford estava em seu décimo nono ano como presidente geral da Sociedade de Socorro. A organização tinha 262 mil membros em todo o mundo, com mulheres da Sociedade de Socorro se reunindo regularmente em mais de seis mil alas e ramos para aprender umas com as outras e prestar serviço compassivo. A Sociedade de Socorro levantava seus próprios fundos e os administrava para executar muitos programas, atividades e iniciativas, inclusive a revista Relief Society Magazine, que logo comemoraria 50 anos de existência.

A presidente Spafford estava imensamente orgulhosa de suas irmãs da Sociedade de Socorro. “Em uma época em que as mulheres se ocupam em muitas atividades e um grande número delas está empregada, é encorajador ver que a frequência média às reuniões regulares da sociedade tenha aumentado”, ela observara recentemente na conferência anual da organização. “Somos gratas por sua devoção à Sociedade de Socorro e pela retidão de sua vida.”

Com o início do novo ano, a presidente Spafford e suas conselheiras, Marianne Sharp e Louise Madsen, tinham vários meses de viagens pela frente.

Sob o novo programa de correlação, a presidência e a junta geral da Sociedade de Socorro visitariam as conferências de estaca durante o primeiro semestre do ano para treinar as líderes locais da Sociedade de Socorro e falar com as presidências de estaca, os sumos conselhos, os bispados e outros líderes de estaca e ala. Participar dessas conferências deu a elas novas oportunidades de instruir os líderes do sacerdócio sobre o trabalho da Sociedade de Socorro.

À medida que a Igreja organizava cada vez mais estacas fora dos Estados Unidos, a presidência também começou a viajar internacionalmente com mais frequência. Elas haviam treinado recentemente estacas na Austrália, Nova Zelândia e Samoa e visitado os santos da Europa na primavera.

Ao participar de conferências de estaca em todo o mundo, a presidente Spafford e os membros da junta apresentavam o filme estático O Despertar [The Awakening], que destacava a importância da Sociedade de Socorro. Os filmes estáticos estavam se tornando uma ferramenta educacional popular dentro e fora da Igreja, principalmente porque eram acessíveis e simples de usar. Por meio de uma série de imagens projetadas em uma tela, O Despertar contava a história fictícia de Mary Smith, uma mulher da Igreja cuja fé enfraquecida foi reavivada por meio da Sociedade de Socorro e de visitas pessoais dos membros da ala. Nas imagens finais do filme, Mary e sua família haviam retornado à Igreja e se preparavam para o selamento no templo.

Por muitos anos, a presidente Spafford e suas conselheiras geralmente aprovavam os materiais de instrução da Sociedade de Socorro. O Despertar, por exemplo, fora escrito e produzido por membros da Sociedade de Socorro da Estaca Butler de Salt Lake antes de ser adotado pela presidência geral da Sociedade de Socorro como parte de suas apresentações às estacas.

Recentemente, porém, a responsabilidade de desenvolver o currículo para as organizações da Igreja fora dada ao élder Harold B. Lee e ao recém-criado Conselho de Coordenação de Toda a Igreja. Embora a Sociedade de Socorro ainda não estivesse usando os planos de aula da correlação, o comitê já estava solicitando que todas as organizações da Igreja enviassem os esboços das aulas e outros materiais em uso para aprovação. A presidente Spafford apoiou essa mudança e, como membro do conselho coordenador, participou do processo de correlação das lições da Igreja.

Em 24 de junho de 1964, a presidente Spafford viajou ao leste dos Estados Unidos para participar do “Dia da Sociedade de Socorro”, na Feira Mundial de Nova York. Assim como na Exposição Colombiana de 1893, a Igreja considerava a feira uma boa oportunidade de compartilhar sua mensagem em um cenário global. Um enorme estande de exposições projetado para se parecer com o Templo de Salt Lake foi construído e várias apresentações foram feitas sobre o Salvador e Seu evangelho, inclusive a apresentação de um filme muito conhecido de 15 minutos chamado O Homem em Busca da Felicidade, que ensinava o plano de salvação aos visitantes.

O Dia da Sociedade de Socorro foi organizado para mostrar as realizações das mulheres santos dos últimos dias. O destaque do dia foram as várias apresentações de um coro de “mães cantoras” formado por irmãs da Sociedade de Socorro das estacas de Nova York e de outras cidades. Essas apresentações atraíram multidões de bom tamanho, e a presidente Spafford achou que cada apresentação era ainda melhor do que a anterior. A feira era um lugar barulhento, mas quando as mulheres juntavam suas vozes em hinos e outras músicas sagradas, toda a agitação parecia desaparecer. Para a presidente Spafford, era como se anjos estivessem cantando junto com elas.

Mais tarde um repórter perguntou-lhe por que não havia um coro formado por “pais cantores”?

“Bem,” ela respondeu, “nós somos uma organização de mulheres”.


Nessa época, Giuseppa Oliva se sentou em uma capela parcialmente terminada em Quilmes, Argentina. Era a primeira capela do país construída por missionários do programa de construção da Igreja, e os santos que compareceram à conferência do distrito naquela manhã tinham grande expectativa por sua conclusão. Como tantas capelas ao redor do mundo, representava anos de serviço dedicado e sacrifício dos santos que ali se reuniam.

Giuseppa e o marido, Renato, eram da ilha italiana da Sicília. Como muitos italianos, eles tinham se mudado com a família para a Argentina em busca de melhores oportunidades de trabalho. Embora tenha sido difícil se adaptar a um novo país, uma nova cultura e um novo idioma, eles fizeram da Argentina, na América do Sul, um lar para seus cinco filhos. Sete anos depois de deixar a Sicília, Giuseppa conheceu os missionários santos dos últimos dias, e ela e as duas filhas logo aceitaram a mensagem que eles lhes trouxeram. Depois disso, as duas filhas se casaram com rapazes da Igreja.

No entanto, Giuseppa estava preocupada enquanto participava da conferência. Uma crise econômica estava assolando a nação. O custo de vida na Argentina crescia 20 por cento ao ano, e muitas pessoas estavam perdendo o emprego enquanto as empresas lutavam para pagar os funcionários. Em face a tantas incertezas econômicas, Renato, um fabricante de cestas, retornara para a Sicília e queria que sua família se juntasse a ele.

Entretanto, Giuseppa estava relutante em ir. Nos cinco anos após a visita do élder Spencer W. Kimball à Argentina, o número de membros da Igreja naquele país crescera acima de oito mil. Os ramos eram fortes, e o dízimo dos santos fiéis fizeram com que a Missão Argentina fosse financeiramente autossuficiente pela primeira vez em sua história. O número de batismos de conversos estava aumentando, fortalecendo as congregações como a que Giuseppa frequentava.

A Itália, por outro lado, não tinha um único ramo da Igreja. Se Giuseppa decidisse se juntar a Renato, teria que abrir mão das bênçãos da frequência regular à Igreja, e como Renato não era membro da Igreja, não poderia administrar o sacramento, nem realizar outras ordenanças do sacerdócio para ela.

Quando a sessão da manhã da conferência de distrito terminou, Giuseppa abordou Arthur Strong, o presidente da Missão Argentina, e contou-lhe sobre seu dilema. Ela disse que queria ficar com as filhas na Argentina, mas também sentia que precisava ficar com o marido na Europa.

O presidente Strong a ouviu e então recomendou que voltasse para a Itália. “Lá é o lugar ao qual você pertence”, disse ele.

“O que devo fazer a respeito da Igreja?”, Giuseppa perguntou.

“A Igreja crescerá em sua cidade”, ele prometeu. “Você não terá que se preocupar com isso.”

Giuseppa estava descrente. Poderia isso ser possível? Mas decidiu confiar no Senhor e voltar para a Itália, afinal, sua fé ainda não a desencaminhara.


Em junho de 1964, Darius Gray, de 18 anos, viu que uma nova família havia se mudado para sua vizinhança. Ao passar pela casa deles, notou um grupo de crianças brincando do lado de fora.

“Somos a família Felix”, um deles anunciou. “Somos mórmons!”

Darius, um afro-americano, crescera frequentando diversas igrejas com os pais, inclusive algumas frequentadas predominantemente por negros. Seu interesse em religião o levara a estudar o catolicismo, o judaísmo, o islamismo e a fé baha’i. E embora vivesse no Colorado, um estado vizinho a Utah, ele sabia pouco sobre os santos dos últimos dias e tinha certeza de que nunca conhecera um.

Nos meses seguintes, ele conheceu a nova família. John Felix era operador de rádio amador e ensinou código Morse a Darius. Barbara, a esposa de John, estava mais interessada em compartilhar sua religião. Ela e os filhos lhe ofereceram um exemplar do Livro de Mórmon. Ele ficou hesitante em aceitá-lo, mas como gostava de livros, eventualmente começou a lê-lo.

As palavras do Livro de Mórmon falaram com sua alma e ele convidou os missionários para ir visitá-lo. O pai de Darius falecera há alguns anos, portanto, somente ele e a mãe, Elsie, moravam em casa. Ela era cristã convicta e sempre estava aberta para falar com pessoas de outras religiões. Darius achou que ela não se importaria de receber os missionários.

Durante a visita ela permaneceu em seu quarto e quando os rapazes saíram, chamou Darius para uma conversa.

“Não quero que esses dois rapazes voltem aqui”, ela disse.

“Por que não?”, perguntou Darius.

“Esta é a minha casa”, ela respondeu, “e não quero eles aqui”.

Darius sabia que não deveria questioná-la, mas era difícil esquecer o assunto. Quando finalmente lhe perguntou novamente por que se opunha aos missionários, ela explicou que certa vez dois missionários santos dos últimos dias estiveram em sua casa. Eles tinham acabado de entrar quando um dos missionários perguntou se ela era negra.

“Sim, obviamente que sou”, ela respondeu.

Os dois missionários então saíram sem dar explicações, e desde aquele dia ela tinha um sentimento negativo em relação à Igreja.

A história incomodou Darius. Ele acreditava na mãe, mas também se perguntava se aquela experiência negativa era de alguma maneira única.

Darius continuou a estudar com os missionários e logo decidiu se filiar à Igreja. Entretanto, um dia antes do batismo, perguntou aos missionários sobre os ensinamentos da Igreja a respeito das raças. Darius queria saber como esses ensinamentos se aplicavam a ele.

Por uns instantes, ninguém falou. Então, um dos missionários ficou de pé e caminhou lentamente até o canto da sala, de costas para Darius. O outro missionário disse: “Bem, irmão Gray, a principal implicação é que você não poderá receber o sacerdócio”.

Darius de repente se sentiu um tolo. “Mamãe estava certa”, ele pensou. Como poderia se filiar à Igreja agora? Ele sabia como era ser tratado de maneira diferente por ser negro e se recusava a ver a si mesmo como alguém com menor valor do que qualquer outra pessoa.

Naquela noite, Darius foi para a cama e se enrolou no cobertor. Ele acreditava em Deus e na salvação por intermédio de Jesus Cristo e, até aquele dia, ele acreditara em tudo o que os missionários haviam ensinado. Agora, não sabia o que fazer. Como poderia reconciliar sua fé com o que aprendera sobre a restrição ao sacerdócio da Igreja?

Abrindo uma janela próxima, ele encostou a cabeça no parapeito. O ar da noite encheu seus pulmões e ele fez uma oração. Quando terminou, fechou a janela e procurou dormir, mas ficou inquieto até que finalmente sentiu que deveria orar mais uma vez. Abriu a janela novamente e começou a orar.

Desta vez, uma voz clara e audível falou a ele. “Este é o evangelho restaurado”, dizia, “e você deve se batizar”.

De repente, Darius soube o que tinha que fazer. No dia seguinte, entrou nas águas do batismo e se tornou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Capítulo 8

Uma questão de salvar almas

caixinha cheia de moedas uruguaias

Como nova presidente da Primária em Colonia Suiza, Uruguai, Delia Rochon se apoiava muito em seu manual de lições. A Igreja produzira o manual especificamente para as professoras e as líderes da Primária que viviam nas missões, e Delia orava com frequência sobre a melhor maneira de usá-lo. O manual tinha sido escrito antes que o Comitê de Correlação da Igreja começasse a revisar e simplificar todos os materiais da Igreja e continha 300 páginas. Ainda assim, Delia sentia gratidão pelas muitas ideias de atividades e de artesanato que ele fornecia. Embora as crianças da Primária, às vezes, fossem agitadas durante as aulas, Delia era paciente. Se elas se comportassem mal, ela sabia que podia pedir ajuda aos pais.

Ao preparar as aulas da Primária, Delia sentia o dever de seguir à risca os materiais oficiais da Igreja. Um dia, ela recebeu instrução para realizar uma campanha anual de arrecadação de fundos para o Hospital Infantil da Primária em Salt Lake City. A campanha, que acontecia todos os anos desde 1922, incentivava todas as crianças da Primária a doar alguns centavos de dólares para ajudar crianças necessitadas. Delia nunca tinha visto um centavo de dólar antes e sabia muito pouco sobre o hospital. Também não precisava procurar crianças carentes — havia muitas em sua classe da Primária, mas ela e o presidente do ramo, Victor Solari, sentiram que deveriam fazer a campanha de doação para o hospital.

Em vez de centavos de dólares, Delia pediu às crianças que doassem vintenes, a moeda de menor valor do Uruguai. Um dos pais fez uma caixinha de madeira para a coleta, que Delia pendurou em uma parede da capela. Ela disse à Primária que o dinheiro ajudaria crianças doentes, mas tomou cuidado para não pressionar a classe. Não queria que doassem vintenes que não podiam doar.

Nos meses seguintes, Delia não olhou dentro da caixinha, nem comentou quem estava doando e quem não estava. Às vezes, as crianças traziam vintenes e, outras vezes, um dos pais doava algumas moedas para apoiar a Primária. Ocasionalmente, ela ouvia o tilintar de uma moeda caindo lá dentro, e as crianças batiam palmas quando ouviam o som.

Quando os líderes da missão visitaram o Ramo Colônia Suiza, Delia decidiu abrir a caixinha. Estava muito mais cheia do que esperava. Quando contou as moedas, as crianças tinham doado quase dois dólares americanos. Nas mãos de Delia, as moedas pareciam uma fortuna.

Mais do que isso, ela percebeu que os vintenes representavam a fé e o sacrifício das crianças da Primária — e suas famílias. Cada moeda representava a moeda da viúva, dada com amor ao próximo e ao Salvador.


Dois dias antes do Natal de 1964, Suzie Towse estava sentada no trem sentindo grande ansiedade. Sua missão no Escritório da Área Britânica do Departamento de Construção da Igreja terminara. Agora, estava voltando para Beverley. Seus pais estavam felizes por ela finalmente voltar para casa, mas ainda estavam chateados por ter escolhido terminar a missão contra a vontade deles. Ela mal ouvira uma palavra deles em nove meses.

Suzie não estava arrependida de sua escolha. Servir no Departamento de Construção aproximara ela e centenas de outros jovens do Pai Celestial. Eles estavam voltando para casa com a fé fortalecida e uma valiosa experiência de trabalho. Os esforços desses missionários contribuíram para a conclusão de quase 30 projetos de construção nas Ilhas Britânicas, incluindo uma bela capela em Beverley, e mais de 40 outros projetos ainda estavam em andamento. Enquanto Suzie refletia sobre o trabalho que haviam realizado, um lema missionário da construção vinha a sua mente: “Ao construir igrejas, construímos pessoas”.

Agora, com sua missão concluída, Suzie poderia seguir para um novo capítulo de sua vida. Há um ano, os líderes da missão permitiram que ela e outros missionários de construção voltassem para casa para passar o Natal. Em um baile de véspera de Ano Novo, seu amigo e membro do ramo, Geoff Dunning, aproximou-se e a convidou para dançar uma valsa. Sabendo que ele era membro do comitê de integração do ramo, ela o provocou. “Geoff”, disse ela, “você não precisa levar a integração tão a sério”.

Depois disso, eles começaram a se corresponder como namorados e ficaram noivos em poucos meses. Geoff até lhe enviou um anel de diamante de noivado pelo correio, e o carteiro se ajoelhou quando o entregou. Eles planejavam ser selados no Templo de Londres após a missão de Suzie. Mas como a lei exigia que se casassem no civil, teriam antes uma cerimônia de casamento na capela de Beverley.

A pedido de Suzie, Geoff visitara os pais dela várias vezes, esperando amenizar os sentimentos deles em relação a ela e à Igreja. A princípio, a mãe de Suzie estava resistente aos esforços de Geoff, mas logo se afeiçoou a ele.

Quando Suzie chegou a Beverley, seus pais a receberam em casa, mas lhe disseram que não iriam ao casamento porque aconteceria na capela do ramo. Decepcionados, Suzie e Geoff oraram para que os pais mudassem de ideia.

Ao se adaptar à vida após a missão, Suzie descobriu que seu ramo havia mudado em sua ausência — e não apenas por causa da nova capela. Em toda a Grã-Bretanha, os missionários estavam gastando mais tempo instruindo futuros conversos e ensinando famílias inteiras sempre que possível. Batismos rápidos, jogos de beisebol e as metas agressivas que moviam os missionários não estavam mais em vigor. O presidente McKay continuou a se opor a essas práticas e orientou os líderes locais a ajudar os jovens afetados por elas, fazendo todo o possível para incentivar esses conversos a permanecer na Igreja.

“Eles são membros e devemos mantê-los”, declarou. “É uma questão de salvar almas e não de estatísticas. Devemos trabalhar com esses rapazes e essas moças.”

Dez dias antes do casamento, as orações de Suzie e Geoff foram atendidas. Os pais de Suzie decidiram comparecer à cerimônia. Seu pai queria conduzi-la até o altar e sua mãe concordou em organizar a recepção do casamento na capela.

Em 6 de março de 1965, muitos dos amigos de Suzie do Departamento de Construção da Igreja vieram a Beverley para o casamento. Uma semana depois, Suzie e Geoff viajaram para o Templo de Londres para serem selados. Enquanto estavam no templo, a mãe de Suzie limpou a pequena casa que o casal havia comprado em Beverley.

Pensando nos desafios que havia superado, Suzie se lembrou do que seu presidente de missão lhe dissera naqueles dias difíceis — “O Senhor preparará um caminho” — e agora ela sabia que Ele havia feito isso.


No mês seguinte, em Salt Lake City, Ruth Funk e o comitê que supervisionava o currículo para adultos reuniram quase duas dúzias de líderes de várias organizações da Igreja para propor um plano de ensino para as classes da Sociedade de Socorro, do sacerdócio e da Escola Dominical. A proposta era o resultado do estudo de três anos do comitê sobre os planos de aula anteriores da Igreja. O presidente do comitê, Thomas S. Monson, que havia sido chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos um ano e meio antes, conduziu a reunião.

O Conselho de Coordenação de Toda a Igreja que supervisionava o novo programa de correlação já havia apresentado várias mudanças importantes na Igreja. Entre elas estava a criação de comitês executivos do sacerdócio e conselhos de ala para ajudar os líderes locais a servir juntos com mais eficiência. Em resposta às preocupações com a estabilidade do lar e da família, o conselho de coordenação também enfatizou dois programas, o ensino familiar e a reunião familiar, para fortalecer o aprendizado do evangelho.

Esses programas tinham raízes profundas na Igreja. Desde a época do profeta Joseph Smith, os professores da ala ou do ramo visitavam regularmente os lares dos santos para cuidar de seu bem-estar espiritual e material. O programa de ensino familiar modificou essa prática, pedindo aos portadores do sacerdócio que visitassem os lares de outros santos todos os meses para prestar serviço cristão e transmitir uma mensagem correlacionada da Igreja.

Da mesma maneira, os santos realizavam reuniões familiares desde 1915, quando o presidente Joseph F. Smith e seus conselheiros os incentivaram a reservar pelo menos uma noite por mês para aulas do evangelho e atividades no lar. Agora, os santos deveriam realizar a reunião familiar semanalmente e usar um manual que a Igreja publicara recentemente.

No entanto, o currículo correlacionado da Igreja continuou a enfrentar atrasos. Inicialmente, o élder Harold B. Lee pensou que os vários comitês de correlação poderiam produzir planos de aula para todas as faixas etárias até 1963, mas eles adiaram o prazo para 1966 a fim de escrever as lições para o programa de reunião familiar.

Ao apresentar a proposta de currículo aos líderes reunidos, o élder Monson reconheceu o desafio de produzir as novas lições, especialmente porque as organizações geralmente escreviam seu próprio currículo no passado.

“Não será fácil chegar a um acordo”, disse. “Devemos seguir as instruções das escrituras em 3 Néfi, em que o Senhor disse: ‘E não haverá disputas entre vós’.”

Durante a reunião, Ruth apresentou os planos do comitê para o currículo das mulheres. Ao redigir sua proposta, o comitê consultara mulheres em diversas circunstâncias — casadas, solteiras, divorciadas e viúvas. A proposta apontava as muitas pressões que as mulheres enfrentavam no mundo moderno e enfatizava o propósito delas no plano eterno de Deus.

Como descreveu Ruth, o novo currículo para as mulheres, assim como o currículo para os homens na Igreja, enfatizaria a importância do sacerdócio e o papel do lar como o centro de aprendizado do evangelho. Os principais objetivos eram inspirar as mulheres a viver e ensinar o evangelho, prestar serviço compassivo a outras pessoas, obter conhecimento prático sobre tarefas domésticas e desenvolver um senso de bem-estar por meio dos ensinamentos de Cristo.

Nos meses seguintes à apresentação, Ruth ficou impressionada com Belle Spafford e as outras líderes da Sociedade de Socorro que cooperaram com o comitê, mas nem todas estavam entusiasmadas com as mudanças que estavam por vir. Quando Ruth e outros membros do comitê sugeriram ajustes no currículo, alguns membros da junta da Sociedade de Socorro resistiram a essas mudanças.

A crença de Ruth na necessidade de correlação a ajudou a persistir apesar desses problemas. Ela podia ver como a correlação fortaleceria a Igreja e seus membros. O desafio era encontrar uma maneira de ajudar os céticos do programa a obterem a mesma visão.


Na mesma época, LaMar Williams ainda estava procurando obter um visto permanente para a Nigéria. Ele ansiava por cumprir seus deveres como élder presidente do país, mas como poderia fazê-lo se o governo se recusava a deixá-lo entrar?

Desde sua primeira viagem à Nigéria em 1961, ele conseguira apenas mais um visto de curta duração, permitindo-lhe retornar ao país por duas semanas em fevereiro de 1964. Naquela época, ele e seus amigos Charles Agu e Dick Obot tentaram fazer uma petição ao governo para permitir missionários na Nigéria, mas o oficial responsável por decidir o caso se recusou a se encontrar com eles.

LaMar voltou para Utah profundamente frustrado por não ter sido bem-sucedido, mas se recusou a desistir de seus amigos da África Ocidental. Com sua ajuda, um fundo para bolsas de estudos foi criado para que vários estudantes nigerianos pudessem frequentar a Universidade Brigham Young. Os estudantes chegaram no início de 1965, e dois deles, Oscar Udo e Atim Ekpenyong, filiaram-se à Igreja.

Enquanto isso, na Nigéria, Dick Obot soube que seu grupo de adoração — conhecido localmente como “a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” — havia recebido reconhecimento do governo, sugerindo que alguns corações na Nigéria estavam se abrandando. Os esforços de LaMar para oferecer oportunidades educacionais a estudantes nigerianos, junto com a contínua pressão de seus amigos na Nigéria (em prol da Igreja), não passaram despercebidos. Embora o governo nigeriano ainda se recusasse a lhe conceder um visto permanente, ele recebeu outro visto de viagem de curta duração em agosto de 1965. Com a bênção do presidente McKay, LaMar voltou à Nigéria em outubro.

Depois de chegar a Lagos, LaMar se encontrou com um advogado que estava otimista em obter um visto permanente e o reconhecimento da Igreja. Dois dias depois, LaMar falou com cerca de uma dúzia de oficiais de comunicação sobre a Igreja. Ele então voou para Enugu, capital da região leste da Nigéria, e passou um tempo com o ministro de estado, que se recusou a beber café, chá ou álcool na presença de LaMar por respeito às suas crenças.

Onde quer que LaMar fosse, estranhos lhe perguntavam se poderiam se tornar membros da Igreja. LaMar assegurava-lhes que, se a Igreja fosse estabelecida em seu país, eles poderiam ser batizados. Em um domingo, mais de 400 pessoas se reuniram para ouvi-lo falar.

Em 6 de novembro, uma visita ao gabinete do primeiro-ministro em Enugu resultou em uma extensão de 90 dias do visto de LaMar, e um funcionário do governo iniciou a papelada necessária para registrar a Igreja na Nigéria. LaMar voltou para seu quarto de hotel com bons motivos para estar animado. Depois de anos de obstáculos e respostas evasivas, a permissão de que precisava para começar o trabalho poderia finalmente ser concedida.

Então, ouviu uma batida na porta. O secretário particular do ministro de estado tinha um telegrama para ele da sede da Igreja.

“Interrompa as negociações na Nigéria”, dizia. “Volte para casa imediatamente.” Estava assinado pela Primeira Presidência, sem maiores explicações anexadas.


Na época em que LaMar Williams deixou a Nigéria, Giuseppa Oliva morava em Palermo, Itália, confiando na promessa de que um dia a Igreja chegaria à cidade. Um século antes, os missionários haviam procurado estabelecer a Igreja na Itália, mas seus esforços duraram pouco. Muitos dos conversos eram protestantes valdenses do noroeste da Itália que emigraram para Utah antes que os missionários se retirassem do país na década de 1860. Mas Giuseppa não era do tipo que ficaria parada esperando o retorno dos missionários. Logo após chegar da Argentina, ela começou a compartilhar o evangelho com seus parentes, vizinhos e amigos.

Algumas pessoas ficavam incomodadas com seu entusiasmo e fechavam as portas na cara dela ou exigiam que ela saísse da casa. Mas um dia, um de seus irmãos, Antonino Giurintano, perguntou por que ela não ia à missa católica. Quando ela lhe contou sobre a Igreja, Joseph Smith e o Livro de Mórmon, ele ficou intrigado. Ele passara muitos anos visitando diferentes igrejas, mas não se sentia satisfeito com elas.

Depois disso, Giuseppa falava com ele sobre o evangelho restaurado quase todos os dias. Para sua alegria, ele logo pediu para ser batizado, mas sem missionários na Sicília, não havia quem pudesse realizar a ordenança.

Na época, a Missão Suíça supervisionava a Itália e vários países vizinhos, e a força missionária estava dispersa. Embora houvesse algumas pequenas congregações em bases militares americanas na Itália, a Igreja só recebera aprovação para a pregação do evangelho no país há pouco tempo. Os 30 ou 40 missionários que serviam na Itália estavam principalmente no norte, longe da ilha de Giuseppa e Antonino. Ainda assim, Antonino escreveu para a sede da missão e, em resposta, o presidente da missão, Rendell Mabey, enviou-lhe algumas publicações da Igreja e um exemplar do Livro de Mórmon.

Então, na noite de 22 de novembro de 1965, Giuseppa foi surpreendida por uma visita inesperada de seu irmão. Antonino disse-lhe que finalmente dois homens da Igreja tinham chegado. Giuseppa foi buscar o marido e o filho e eles seguiram Antonino à casa dele.

Giuseppa descobriu que um dos visitantes era o presidente Mabey. Ele era um americano alto e alegre que não falava italiano. O outro visitante era Vincenzo di Francesca, um italiano idoso santo dos últimos dias que por acaso morava na ilha, a cerca de quatro horas de distância. Em 1910, Vincenzo encontrara uma cópia sem capa do Livro de Mórmon enquanto era treinado para se tornar um ministro protestante na cidade de Nova York. Ele o leu avidamente e aceitou a mensagem do livro sobre Jesus Cristo. Às vezes, ele até pregava usando os ensinamentos do livro e, ao voltar para a Itália, soube mais a respeito da Igreja e entrou em contato. Depois de anos esperando que alguém com a autoridade do sacerdócio viesse para a Sicília, ele finalmente foi batizado em 1951.

Giuseppa e sua família conversaram com Vincenzo e com o presidente Mabey por horas. Então, o presidente da missão concluiu que Antonino estava pronto para o batismo.

Bem cedo, na manhã seguinte, Giuseppa, Antonino, o presidente Mabey e Vincenzo compraram algumas roupas brancas e pegaram um táxi para uma baía tranquila na costa, onde poderiam realizar o serviço religioso. Uma pequena enseada serviu de vestiário, e as rochas ao longo da costa proporcionaram um lugar para Vincenzo se sentar e servir de testemunha do batismo.

O presidente Mabey e Antonino caminhavam, de mãos dadas, com dificuldade sobre as pequenas pedras pontiagudas da praia. Enfrentando as ondas frias e agitadas, o presidente Mabey fez a oração batismal e baixou Antonino na água. Os homens então voltaram para a praia e vestiram roupas secas, e Vincenzo confirmou Antonino como membro da Igreja.

Alegria e amor encheram o coração de Giuseppa enquanto assistia à reunião batismal. Posteriormente, ela enviou uma carta emocionada para sua filha Maria, que ainda morava na Argentina. Antonino havia se filiado à Igreja, exclamou ela. Ele foi a primeira pessoa a ser batizada desde que ela voltara a Palermo.

Capítulo 9

Este dia maravilhoso

élder Spencer W. Kimball conduzindo uma conferência de estaca em São Paulo

No final de 1965, Hélio da Rocha Camargo atendeu o telefone em seu escritório em São Paulo, Brasil. Wayne Beck, presidente da Missão Brasileira, estava do outro lado da linha. Ele queria saber se Hélio poderia sair mais cedo do trabalho e ir ao escritório da missão. Victor L. Brown, conselheiro no Bispado Presidente da Igreja, estava visitando São Paulo e queria falar com Hélio antes de voltar para Utah.

Hélio, que agora trabalhava para uma empresa do ramo automobilístico, foi imediatamente para o escritório da missão. Ele e o presidente Beck haviam conversado há pouco tempo sobre vários assuntos relacionados à missão com o bispo Brown, inclusive sobre a situação das publicações da Igreja no Brasil, e Hélio presumiu que o bispo queria continuar a conversa.

Quando Hélio chegou ao escritório da missão, o bispo Brown disse-lhe que uma grande mudança aconteceria na Igreja no Brasil. Já havia mais de 23 mil santos no país, dez vezes mais do que quando Hélio fora batizado, oito anos antes. Para acomodar esse crescimento, a Primeira Presidência queria estabelecer o escritório de um centro editorial para administrar as publicações da Igreja no Brasil.

Recentemente, a Primeira Presidência abrira um escritório semelhante na Cidade do México para supervisionar as publicações da Igreja nos países de língua espanhola. Visto que a Igreja estava produzindo vários novos manuais e guias correlacionados, fazia sentido canalizar esse trabalho para um escritório central, em vez de esperar que as missões cuidassem sozinhas da enorme tarefa de publicação. O novo escritório no Brasil traduziria todas as publicações da Igreja para o português e depois as imprimiria e distribuiria entre os santos.

“Quero convidá-lo a se encarregar do trabalho, tornando-o um funcionário em tempo integral da Igreja”, disse o bispo Brown a Hélio.

“A única resposta possível é sim”, respondeu Hélio.

Logo após aceitar o novo cargo, Hélio e Nair venderam o carro para que pudessem viajar aos Estados Unidos e ir ao Templo de Salt Lake. Durante o mês em que estiveram em Utah, reuniram-se frequentemente com os santos, maravilhando-se com o tamanho e a força de suas alas e suas estacas. Pelo que Hélio pôde perceber, as classes da Sociedade de Socorro, da Primária, da Escola Dominical e do quórum do sacerdócio estavam repletas de membros da Igreja firmes na fé. Ele sabia que a Igreja no Brasil ainda estava crescendo e levaria um tempo para funcionar tão bem quanto em Utah. Mas acreditava que os santos brasileiros estavam quase prontos para uma estaca.

“Com a liderança que temos agora”, pensou ele, “em breve estaremos nos igualando aos nossos irmãos dos Estados Unidos, porque nosso povo também é bom e, quando quer fazer algo, o faz”.

Antes de deixar Utah, Hélio e Nair receberam a investidura e foram selados no Templo de Salt Lake e receberam a bênção patriarcal de Eldred G. Smith, o patriarca da Igreja. Amigos dos Estados Unidos, incluindo os ex-presidentes de missão Asael Sorensen e Grant Bangerter, compareceram ao selamento. O élder Spencer W. Kimball, que ocupava um lugar especial no coração do casal Camargo depois de abençoar o filho doente deles, realizou a cerimônia.

Hélio e Nair retornaram ao Brasil em meados de dezembro de 1965, e Hélio imediatamente começou a organizar o escritório do centro editorial, enquanto continuava em seu chamado na presidência da missão. Ao participar de conferências por toda a missão, ele procurava inspirar os santos com uma visão do que seria a Igreja no Brasil quando as estacas fossem organizadas nesta parte do mundo.

Em uma conferência de distrito nos arredores de São Paulo, ele lamentou que eles tivessem tão pouco tempo para se reunir e aprender juntos como santos. “Devemos viver fielmente, o máximo possível, a tudo o que aprendemos”, disse. Ele exortou os membros a ajudar seus presidentes de ramo e a ser obedientes aos princípios do evangelho. Um ramo era como um carro de corrida, explicou. “A AMM, a Primária, a Sociedade de Socorro e a Escola Dominical são os quatro pneus”, disse ele. “O sacerdócio é o motor, e o motorista é o presidente do ramo.” Cada parte tinha um papel a desempenhar para fazer o carro funcionar.

Entusiasticamente, ele os aconselhou a guardar os mandamentos de Deus. “Devemos ser obedientes”, declarou ele, “se quisermos ser uma estaca”.


No início de 1966, LaMar Williams ainda não entendia por que a Primeira Presidência o havia chamado de volta da Nigéria. Poucas horas depois de receber o telegrama, ele pegou um voo para sair do país. Seus contatos no governo nigeriano não queriam que ele saísse no meio das negociações.

LaMar esperava obter mais esclarecimentos assim que chegasse a Salt Lake City. Pouco depois de seu retorno, ele se reuniu com a Primeira Presidência e expressou sua confusão por causa de seu súbito retorno para casa. Ele lhes contou sobre as reuniões promissoras com funcionários do governo e os milhares de nigerianos entusiasmados que desejavam se filiar à Igreja.

Mas a Primeira Presidência já havia expressado dúvidas sobre o futuro da missão. Enquanto LaMar estava na Nigéria, o presidente McKay chamara dois conselheiros adicionais: o apóstolo Joseph Fielding Smith e Thorpe B. Isaacson, para servir na Primeira Presidência. O presidente Isaacson, que era assistente dos Doze antes de seu chamado como apóstolo, parecia particularmente preocupado com a reação dos santos nigerianos à restrição do sacerdócio.

Além disso, alguns dos apóstolos temiam que o proselitismo entre as populações negras na Nigéria levasse grupos de direitos civis nos Estados Unidos a pressionar a Igreja a retirar a restrição. Outros temiam que a pregação do evangelho na Nigéria ofendesse os oficiais segregacionistas do apartheid na África do Sul e possivelmente os levasse a restringir o trabalho missionário naquele país.

LaMar fez o possível para aliviar as preocupações da presidência. “Talvez seja uma boa ideia uma ou mais autoridades gerais irem à Nigéria e examinarem a situação antes que a decisão final seja tomada”, sugeriu. A Primeira Presidência, entretanto, não achava que tal caminho fosse o certo a seguir.

LaMar saiu da reunião desanimado. Ele acreditava que o Senhor queria que ele estabelecesse a Igreja na Nigéria. As escrituras ensinavam que a mensagem do evangelho era para todas as pessoas e que o Senhor não negava a ninguém que viesse a Ele — “negro e branco, escravo e livre, homem e mulher”. Se isso fosse verdade, por que a Primeira Presidência o chamou de volta para os Estados Unidos?

Em 15 de janeiro de 1966, dois meses após o retorno de LaMar a Utah, oficiais do exército nigeriano organizaram um golpe militar, orquestrando o assassinato do primeiro-ministro e de outros funcionários do governo. As forças legalistas rapidamente reprimiram a revolta, mas o golpe agravou as tensões regionais e desestabilizou o país.

As notícias do conflito perturbaram LaMar. Mesmo que tivesse conseguido estabelecer uma missão na Nigéria, o golpe teria posto fim ao seu trabalho. Ele agora acreditava que não era o momento certo para estabelecer a Igreja lá.

No entanto, ele se preocupava com seus muitos amigos na Nigéria. “Lamento que a Primeira Presidência tenha me chamado para casa inesperadamente”, disse a Charles Agu em uma carta logo após o golpe. “Por favor, diga-me se posso ser útil ou incentivá-lo em seu desejo de servir ao Senhor e às pessoas ao seu redor.

Charles, meu coração ficará partido se você perder a fé e a coragem de continuar o excelente trabalho que iniciou”, escreveu ele. “Nunca duvidei de que a obra do Senhor acabará se estabelecendo em seu país. Sinto isso em meu coração e tenho certeza de que assim o Espírito testifica. Quanto tempo vai demorar, eu não sei.”


Por volta dessa época, em Colonia Suiza, Uruguai, Delia Rochon estava lendo o Livro de Mórmon em casa quando recebeu uma impressão espiritual: “Você precisa sair de casa”.

Foi a inspiração mais poderosa que já sentira. Ela tinha apenas 16 anos, e sair de casa interromperia a vida que ela conhecia, mas também sabia que ficar onde estava a impediria de crescer e se desenvolver como seguidora de Cristo.

Desde o batismo de Delia, sua mãe a apoiava e, às vezes, até participava das atividades da Igreja, mas a família passava por dificuldades financeiras e havia tensão entre o padrasto e a mãe. Seu pai, por sua vez, morava longe e achava que a Igreja a estava afastando de sua família. Quando ficava com ele, Delia não podia cuidar da Primária nem assistir às reuniões.

Felizmente, Delia podia sair de casa várias vezes por ano para participar das conferências de distrito e de atividades missionárias em Montevidéu e outras cidades. Delia adorava participar dessas reuniões distantes, especialmente das conferências da AMM, nas quais podia fazer amizade com outros jovens santos dos últimos dias — uma oportunidade que não tinha em seu pequeno ramo. A reunião de testemunho no final de cada conferência ajudava a fortalecer sua fé ainda mais.

Pouco depois de receber essa impressão, Delia conversou com o presidente do ramo. O presidente Solari conhecia a família de Delia e não procurou convencê-la a ficar. Ele mencionou um casal na cidade, os Pellegrini. Eles não eram membros da Igreja, mas a filha deles, Miryam, era.

“Vamos ver se a família dela pode acolhê-la”, disse o presidente Solari.

O casal Pellegrini estava sempre disposto a ajudar alguém em necessidade e convidou Delia para morar com eles. Delia aceitou a gentil oferta e concordou em ajudar na limpeza da casa e trabalhar algumas horas por dia na loja do outro lado da rua. Embora mudar de casa fosse difícil, Delia progrediu naquele novo ambiente. Com a família Pellegrini, ela encontrou apoio e estabilidade.

Ainda assim, sua vida não era totalmente livre de conflitos. O Uruguai era um dos países mais prósperos da América do Sul, mas a economia estava em crise. Algumas pessoas desconfiavam profundamente dos Estados Unidos e viam o comunismo como uma resposta aos problemas financeiros de seu país. À medida que outros países da América do Sul experimentavam reveses econômicos semelhantes, o antiamericanismo se espalhava pelo continente. Como a sede da Igreja ficava nos Estados Unidos, os santos sul-americanos, às vezes, encontravam desconfiança e hostilidade.

Muitos dos colegas de classe de Delia apoiavam o comunismo e falavam sobre isso. Para evitar controvérsias, Delia revelou sua condição de membro da Igreja e suas crenças apenas para alguns colegas de classe. Se falasse muito abertamente, correria o risco de ser ridicularizada.

Certa noite, os missionários foram à casa de Delia. Ela estava saindo para a reunião da AMM, então, os missionários decidiram acompanhá-la. Estava agradável do lado de fora, mas quando se aproximaram da praça da cidade, Delia sabia o que estava por vir. Muitos de seus colegas gostavam de se reunir na praça. Se a vissem com os missionários norte-americanos, descobririam que ela era membro da Igreja.

Delia olhou para os missionários e decidiu que não devia se envergonhar deles. “Sei que sou mórmon”, disse para si mesma, “mas até que ponto sou mórmon?”

Reunindo coragem, atravessou a praça ao lado dos missionários. Ela sabia que enfrentaria o isolamento na escola, mas não podia abandonar suas crenças. Seu testemunho do evangelho restaurado era forte demais.

Como Joseph Smith, ela sabia que era verdade. E não podia negá-lo.


Em fevereiro de 1966, o presidente da Missão Brasileira, Wayne Beck, apresentou uma proposta aos líderes da Igreja em Salt Lake City recomendando a organização de uma estaca em São Paulo.

A cidade tinha 3 distritos em funcionamento, 20 ramos e aproximadamente 5.500 santos, e o presidente Beck e outros líderes locais pensaram em solicitar mais de uma estaca. Porém, não havia outras estacas na América do Sul e eles concordaram que seria melhor organizar primeiro uma estaca central composta pelas unidades mais fortes de cada um dos distritos de São Paulo. A Igreja poderia então criar estacas adicionais em São Paulo e em outras cidades brasileiras nos anos seguintes.

“Acho que temos uma liderança tão boa e pessoas voltadas para o futuro nesta área quanto em qualquer lugar do mundo”, afirmou o presidente Beck em sua proposta. “Elas estão preparadas, acredito, para aceitar as responsabilidades e fazer a parte delas.”

No mês seguinte, o élder Spencer W. Kimball, o apóstolo que supervisionava as sete missões sul-americanas da Igreja, apresentou a proposta ao Quórum dos Doze. Muitos dos apóstolos ficaram entusiasmados com a ideia. Eles viajavam por toda a Igreja e sabiam o quanto os santos se beneficiavam com as responsabilidades de uma estaca. Sob a direção do profeta, vários apóstolos já haviam criado estacas fora da América do Norte e testificaram que sentiam o Espírito enquanto faziam esse trabalho.

Depois de estudar a proposta do presidente Beck, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos aprovaram a criação da estaca. Uma semana depois, o presidente McKay e seus conselheiros enviaram uma carta ao presidente Beck para lhe dar a notícia.

“Foi o sentimento unânime do conselho que uma estaca seja criada no Brasil com sede em São Paulo”, informaram. “Estamos orando para que o Senhor continue a abençoá-lo em seu trabalho.”


Em Palermo, Itália, Giuseppa Oliva continuava a compartilhar o evangelho com amigos e vizinhos. Entre as pessoas a quem ensinou havia um jovem de 18 anos chamado Salvatore Ferrante. Ele trabalhava na mesma fábrica que o irmão dela, Antonino, e estava fascinado com os ensinamentos do Livro de Mórmon.

Depois de dar a Salvatore um exemplar do livro, Giuseppa escreveu ao presidente Mabey pedindo mais materiais. Ele concordou em enviar outro Livro de Mórmon, bem como um exemplar de Doutrina e Convênios, que havia sido recentemente traduzido para o italiano. O presidente Mabey também mencionou que recebera uma carta de Salvatore expressando interesse em ser batizado.

“Ele será batizado”, prometeu o presidente Mabey a Giuseppa. “Até lá, por favor, continue a ensiná-lo e a prepará-lo para o batismo.”

Alguns meses depois, Giuseppa se reuniu com o presidente Mabey, Antonino e Salvatore na casa de Antonino para avaliar se Salvatore estava pronto para o batismo. Eles conversaram sobre a Palavra de Sabedoria, o dízimo e outros princípios do evangelho, usando Doutrina e Convênios como referência. Foi uma boa conversa, apesar da barreira do idioma, mas como Salvatore morava com os pais, o presidente Mabey disse que precisaria da permissão deles para o batismo.

O grupo pegou um ônibus até a casa de Salvatore, que ficava em uma rua estreita com varais pendurados entre os prédios. Em pouco tempo, eles viram o pai de Salvatore, Girolamo, virando a esquina da rua. O presidente Mabey se aproximou dele e o cumprimentou em alemão, o único idioma que conhecia além do inglês. Girolamo respondeu em alemão, explicando que passara dois anos como prisioneiro de guerra em Viena durante a Segunda Guerra Mundial.

No momento em que Girolamo soube que o presidente Mabey estava ali para batizar seu filho, ele começou a falar rápido em italiano; seu descontentamento ficou evidente no tom de sua voz e nos gestos de suas mãos. Giuseppa e o irmão também estavam falando alto e suas vozes sobrepostas ecoavam pela rua.

“Quero que saiba”, interveio o presidente Mabey em alemão, “que o que seu filho deseja fazer é certo e justo”.

Com essas palavras, a tensão se dissolveu. Girolamo convidou o grupo para entrar em casa, onde Giuseppa o pressionou a dar permissão para o batismo. Ela prestou seu testemunho e implorou a ele que honrasse o desejo justo de seu filho.

“Bem, se você quer batizá-lo e se ele quer ser batizado”, finalmente disse, “ele tem minha permissão com uma condição: que eu possa assistir”.

Salvatore foi batizado mais tarde naquele dia, na mesma praia onde o batismo de Antonino havia ocorrido seis meses antes.

Logo após a confirmação de Salvatore, os santos se reuniram na casa de Antonino. O presidente Mabey, com a ajuda de Girolamo como tradutor, ensinou sobre a autoridade do sacerdócio e conferiu o Sacerdócio Aarônico a Antonino e Salvatore. Ele então organizou formalmente o Ramo de Palermo, com Antonino como seu líder. Após a reunião, o pai de Salvatore disse: “Este é um dia que nunca esquecerei”.

Na semana seguinte, o ramo se reuniu na casa de Giuseppa e partilhou do sacramento. Pouco tempo depois, ela recebeu a notícia do presidente Mabey de que a Igreja estava organizando a Missão Italiana. Em breve, os missionários chegariam à Sicília.

“Tenho a mesma certeza”, escreveu ele, “de que seu sonho de um ramo em Palermo tão grande quanto o da Argentina vai se tornar realidade”.


No dia em que Hélio da Rocha Camargo e sua equipe inauguraram oficialmente o escritório do centro editorial da Igreja no Brasil, eles se ajoelharam em oração. Ninguém ali parecia saber exatamente o que fazer, mas isso não deixava Hélio assustado. O que o assustava era que todos ali pareciam achar que ele sabia o que fazer.

Depois de voltar de Salt Lake City, ele fez um inventário detalhado de todas as publicações da Igreja no escritório da Missão Brasileira e da Missão Brasileira Sul, alugou um escritório em São Paulo, montou uma sede e contratou uma pequena equipe para organizar e traduzir as publicações. Entre as pessoas que contratou estava Walter Guedes de Queiroz, que havia saído com ele do seminário metodista e se filiado à Igreja.

No final de abril de 1966, após o primeiro mês em operação, o escritório cuidava da distribuição de todas as publicações da Igreja no Brasil. Os membros e os líderes da Igreja no país agora encomendavam materiais diretamente do escritório, e não mais da missão. Hélio também transferiu a produção da revista da Igreja em português para os santos brasileiros, A Liahona, da missão para o centro editorial.

Na tarde de terça-feira, 26 de abril, o élder Spencer W. Kimball chegou a São Paulo para organizar uma estaca. Como tinha uma presidência de estaca para chamar, além de um sumo conselho e vários bispados para preencher, ele mal dormiu nos dias seguintes enquanto entrevistava candidatos em potencial na cidade. Como não falava português, então o presidente Beck geralmente servia como seu tradutor.

Na maioria das entrevistas, o élder Kimball perguntava: “Você é feliz na Igreja?” Os homens respondiam com tanta sinceridade que o deixavam emocionado. “É a minha vida”, disseram alguns. “Eu não conseguiria sobreviver sem a Igreja.” Outros testificaram: “É a melhor coisa do mundo” e “Minha vida começou depois que me filiei à Igreja”. Alguns homens contaram ao élder Kimball como o evangelho mudara a vida deles, ajudando-os a vencer o álcool, o fumo ou a imoralidade sexual.

Hélio foi uma das primeiras pessoas entrevistadas pelo élder Kimball, e muitas pessoas acreditavam que ele seria um bom presidente de estaca. Na verdade, entrevista após entrevista, o élder Kimball ouviu as pessoas elogiarem a liderança de Hélio e o recomendarem para o cargo. Mas depois de entrevistar Hélio mais uma vez, o élder Kimball sentiu que o Senhor tinha outro trabalho para ele.

No domingo, 1º de maio, Hélio e Nair, seus filhos e mais de 1.500 santos lotaram uma grande capela em São Paulo para testemunhar a organização da estaca. Para dar espaço a mais pessoas, foram abertas as cortinas que separavam a capela do salão cultural, e depois que cada assento foi ocupado, algumas pessoas colocaram cadeiras nos corredores enquanto outras se sentaram do lado de fora, ouvindo a conferência por meio de um sistema de alto-falantes.

O presidente Beck estava muito emocionado ao iniciar a reunião. Depois de dar as boas-vindas aos santos, ele passou o tempo para o élder Kimball, que disse: “É com grande alegria que estou aqui, em uma designação da Primeira Presidência da Igreja, neste dia maravilhoso, para criar a primeira estaca da América do Sul na grande cidade de São Paulo”.

Ele falou brevemente sobre o início da Igreja na América do Sul. O élder Melvin J. Ballard, que dedicou a América do Sul para a pregação do evangelho restaurado em 1925, profetizara que a Igreja na América do Sul cresceria lentamente, como uma pequena castanha se tornando um poderoso carvalho e que, por fim, seria uma das regiões mais fortes da Igreja.

“Vemos como está crescendo em toda a América do Sul”, disse o élder Kimball, “na Argentina, no Uruguai, no Chile, no Peru, no Paraguai e no grandioso Brasil, com seu povo gentil e doce, que aceitou o chamado de Cristo e tem dedicado o melhor de sua vida ao crescimento de Sua Igreja”.

Lendo uma declaração preparada em português, ele então criou a Estaca São Paulo com sete novas alas e um ramo, e chamou Walter Spät, um fabricante de móveis, como presidente da estaca. Walter filiara-se à Igreja em 1950 e fora presidente de ramo e distrito antes de servir como assistente na presidência da missão.

Depois que o élder Kimball organizou a presidência da estaca e chamou outros líderes da estaca, todos santos locais, ele anunciou os novos bispados e a presidência do ramo. Entre eles estava Hélio, que foi chamado para servir como bispo da Ala São Paulo 2.

O peso do chamado caiu sobre Hélio. Embora tivesse muita experiência em liderança na Igreja, nunca havia sido presidente de ramo ou distrito, e a responsabilidade de servir uma grande congregação parecia enorme. Ainda assim, ele sabia que o Senhor abençoava Seus servos e os ajudava a ter sucesso.

“Isaías achava que não poderia ser um profeta, mas aceitou o chamado e seguiu em frente”, dissera ele recentemente a um grupo de líderes do sacerdócio. “Quando somos chamados a realizar um trabalho, nossa reação é de que não somos capazes. Se pensarmos assim, nunca seremos capazes. Devemos nos lembrar de que é o Senhor quem está nos chamando, e não devemos negar o chamado.”

Após a conferência, o élder Kimball cumprimentou os santos. Hélio ficou por perto, sorrindo e apertando as mãos das pessoas que o cumprimentavam pelo chamado. No dia seguinte, ele voltou ao trabalho no escritório do centro editorial e, à noite, realizou uma reunião do bispado, possivelmente a primeira desse tipo no continente.

A criação da estaca e das alas foi um momento decisivo de mudança para Hélio.

Parte 2

Esperarei pelo Senhor

1966–1978

“Esperarei pelo Senhor. Se levar 20 anos, esperarei pelo Senhor.”

Joseph William Billy Johnson

mapa da África

Capítulo 10

O tempo é fundamental

papiro egípcio antigo com escritos e desenhos

Na primavera de 1966, o Dr. Aziz Atiya seguiu um atendente até um depósito de documentos no Museu Metropolitano de Arte de Nova York. Pesquisando os documentos no depósito, ele encontrou um arquivo e o abriu. O que viu o deixou impressionado.

Dentro havia pedaços de papiro egípcio antigo. O papiro estava muito danificado, mas Aziz pôde distinguir facilmente a imagem de dois homens, um deles deitado em um divã em forma de leão e o outro de pé ao lado dele. A parte do papiro representando os braços e o torso do homem no divã e a cabeça da figura em pé estavam faltando. Em um esforço grosseiro para preservar o documento, alguém colou o papiro em um pedaço de papel e fez um desenho rudimentar nas partes perdidas.

Aziz não era membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas, como professor de história e idiomas na Universidade de Utah, ele vivera entre os santos por tempo suficiente para reconhecer que estava olhando para uma imagem do Livro de Abraão na Pérola de Grande Valor.

Nove outros fragmentos de papiro estavam armazenados com esta imagem. Ao estudá-los, Aziz encontrou um certificado afirmando que eles haviam pertencido ao profeta Joseph Smith. O certificado era datado de 1856 e assinado por Joseph Smith III, Emma Smith e o segundo marido de Emma, Lewis Bidamon.

Os fragmentos faziam parte de um conjunto de pergaminhos de papiro que o profeta Joseph e outros santos obtiveram quando compraram quatro múmias de um expositor de antiguidades em 1835. Sete anos depois, ele publicou imagens do papiro junto com uma tradução chamada Livro de Abraão. Anos após a morte de Joseph, Emma vendeu as múmias e os papiros, e o novo proprietário os dividiu e vendeu alguns deles para um museu na vizinhança. Por décadas, os pergaminhos foram considerados perdidos em um incêndio, mas de alguma maneira, uma coleção de fragmentos foi enviada para o leste, ao Museu Metropolitano.

“Esses documentos não pertencem a este lugar”, disse Aziz. Ele sabia o quanto os fragmentos eram importantes para a Igreja e resolveu ajudar a retorná-los para os santos.


Naquele mesmo ano, Isabel Santana, de 14 anos, estava impressionada com os arredores de onde estava morando agora. Ela acabara de sair de casa em Ciudad Obregón, uma cidade no norte do México, para frequentar o Centro Escolar Benemérito de las Américas, uma escola que pertencia à Igreja na Cidade do México. A capital era uma grande metrópole com sete milhões de habitantes, e todos pareciam se vestir e falar de maneira diferente das pessoas que ela conhecia em sua cidade.

A maneira como falavam “por favor”, “obrigado” e “com licença” era muito formal. As pessoas no norte não falavam assim.

O evangelho restaurado criara raízes no México no século 19 e o país agora tinha duas estacas fortes. Nas últimas duas décadas, o número de santos dos últimos dias no México crescera de cerca de 5 mil para mais de 36 mil.

À medida que o número de membros aumentava, os líderes da Igreja desejavam garantir que a nova geração de santos mexicanos recebesse todas as oportunidades de escolaridade e treinamento profissional. Em 1957, a Primeira Presidência nomeou um comitê para conhecer de perto a educação no México e fazer recomendações para que a Igreja pudesse estabelecer escolas em todo o país. Ao constatar que as áreas urbanas não tinham escolas suficientes para acomodar a crescente população do México, o comitê propôs a abertura de pelo menos uma dúzia de escolas primárias em todo o país, bem como uma escola secundária, uma faculdade técnica e uma escola de formação de professores na Cidade do México.

Na época, a Igreja tinha escolas na Nova Zelândia, Samoa Ocidental, Samoa Americana, Tonga, Taiti e Fiji. Quando abriu duas escolas primárias no Chile, alguns anos depois, a Igreja também tinha iniciativas educacionais em andamento no México. Quando Isabel chegou a Benemérito, cerca de 3.800 alunos estavam matriculados nas 25 escolas primárias e duas secundárias da Igreja no México.

Benemérito era uma escola secundária de três anos. Foi inaugurada em 1964 em uma fazenda de aproximadamente 115 hectares ao norte da Cidade do México. Isabel soube da escola quando frequentava uma escola primária administrada pela Igreja em Obregón. Embora não gostasse de morar a mais de mil quilômetros de sua casa e família, ela estava ansiosa para assistir às aulas e aprender coisas novas.

A escola era composta inteiramente por professores santos dos últimos dias do México. Os alunos tinham aulas obrigatórias de espanhol, inglês, matemática, geografia, história mundial, história mexicana, biologia, química e física. Eles também podiam se inscrever em aulas de arte, educação física e tecnologia. O programa do seminário, que funcionava separadamente da escola, fornecia aos alunos educação religiosa.

O pai de Isabel, que não era membro da Igreja, apoiou seu desejo de frequentar a Benemérito e concordou em permitir que ela e sua irmã Hilda se matriculassem juntas. Hilda era um ano mais nova, mas ela e Isabel estudavam na mesma série desde o primário porque Isabel não queria ir sozinha para a escola.

Isabel e Hilda viajaram para Benemérito com a mãe. A escola ainda estava parcialmente em construção quando elas chegaram, com chão de terra batida, poucos prédios escolares e quinze pequenas casas serviam de moradia para os alunos. Mesmo assim, Isabel ficou impressionada com o tamanho do campus.

Ela e seu grupo foram direcionados para a casa número dois. Ali, foram recebidas calorosamente pela supervisora da casa, que lhes mostrou as máquinas de lavar, os armários para guardar seus pertences e os quartos, cada um com dois beliches. A casa de quatro quartos também tinha uma sala de jantar, cozinha e sala de estar.

Isabel passava grande parte do tempo observando os outros alunos e procurando se adaptar a uma cultura desconhecida. Benemérito tinha cerca de 500 alunos, a maioria do sul do México. As experiências de vida deles eram diferentes das de Isabel, e ela descobriu que a alimentação deles também era mais diversificada. Ela se surpreendeu com os sabores mais picantes e a escolha dos ingredientes.

Esperava-se que todos os alunos do Benemérito seguissem as mesmas regras, quaisquer que fossem as diferenças culturais. Eles seguiam uma rotina rígida de acordar cedo, fazer tarefas e assistir às aulas. Também eram incentivados a desenvolver fortes hábitos espirituais, como ir à igreja e orar. Tendo crescido em uma família de fé mista, Isabel e sua irmã nunca haviam feito essas coisas regularmente até chegarem a Benemérito.

Poucos dias depois de sua chegada, Isabel notou que alguns alunos estavam ficando com saudades de casa e indo embora, mas apesar das novas pessoas, da comida e dos novos costumes, ela estava decidida a ficar e ser bem-sucedida.


“Não parece possível que eu esteja chegando ao meu nonagésimo quarto ano”, o presidente David O. McKay registrou em seu diário em 1º de janeiro de 1967. Ele havia passado o dia tranquilamente em casa, refletindo sobre suas muitas experiências. “Tem sido uma vida feliz e interessante!”, pensou. “Que tempo longo, mas com que rapidez passou.”

Mesmo aguardando com grandes expectativas o novo ano, o profeta também estava preocupado. “O velho mundo está repleto de problemas”, escreveu ele. Todos os dias, os jornais e a televisão transmitiam relatos de guerras, distúrbios raciais e políticos e desastres naturais. As tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética permaneciam altas. E muitas pessoas na Ásia, África e América Central e do Sul estavam sendo afetadas por violentos conflitos regionais que ameaçavam derrubar governos e dividir comunidades.

O presidente McKay estava especialmente preocupado com a guerra civil, agora com mais de uma década, no Vietnã, nação do sudeste asiático. Em um esforço para impedir que o comunismo se instalasse no país, os Estados Unidos tinham enviado recentemente 450 mil soldados para o Vietnã do Sul. Agora, a guerra em forma de guerrilha estava crescendo rapidamente, e incontáveis soldados e civis de ambos os lados do conflito haviam sido mortos.

Em Saigon, capital do Vietnã do Sul, a Igreja tinha vários ramos onde cerca de 300 santos locais se reuniam com alguns dos 4 mil membros da Igreja que serviam nas forças armadas americanas. O élder Gordon B. Hinckley, do Quórum dos Doze Apóstolos, e o élder Marion D. Hanks, do primeiro conselho dos setenta, tinham visitado recentemente o país devastado pela guerra. Durante uma conferência de distrito com os santos, o élder Hinckley dedicou a terra para a pregação do evangelho e orou para que a paz voltasse ao país. “Apresse o dia”, implorou ele, “em que o barulho da batalha possa cessar”. Mais tarde naquela noite, os líderes da Igreja prestaram seus testemunhos enquanto o fogo de artilharia explodia à distância.

O presidente McKay esperava ver menos caos e conflitos em 1967, mas isso não aconteceu. Em junho, uma guerra estourou entre Israel e seus vizinhos, desestabilizando a região. No mês seguinte, a contínua instabilidade política da Nigéria explodiu em uma guerra civil. Enquanto isso, o aumento das baixas e a impopularidade da guerra no Vietnã ajudavam a desencadear protestos antiguerra frequentes e, às vezes, violentos nos Estados Unidos. As tensões raciais também atingiram um ponto de ruptura em todo o país, e uma onda de violência abalou muitas das principais cidades.

O profeta se preocupava com o efeito dessa inquietação na juventude. Alguns jovens, desanimados com os acontecimentos mundiais, questionavam os valores e a cultura de seus pais e avós. Muitos jovens experimentavam drogas nocivas, envolviam-se em promiscuidade sexual e usavam linguagem grosseira.

O presidente McKay amava os jovens da Igreja e não queria que eles se tornassem vítimas dessas tendências. Ele incentivou os jovens santos dos últimos dias a frequentar algum tipo de instrução religiosa durante a semana — seminário ou instituto — no qual pudessem desenvolver um caráter cristão ao mesmo tempo que se cercavam de pessoas que compartilhavam os mesmos valores e padrões. Recentemente, a Igreja também produzira um panfleto chamado Para o Vigor da Juventude para ajudar os rapazes e as moças a conhecer, entender e viver os padrões da Igreja de uma vida limpa, namoro, dança, vestuário e boas maneiras. Mas ele acreditava que os pais e os líderes da Igreja também tinham o dever de ensinar e demonstrar aos jovens que uma vida moral podia trazer felicidade.

Na Conferência Geral de Outubro de 1967, os problemas de saúde do presidente McKay o impediram de fazer seus discursos pessoalmente, então ele pediu a seu filho Robert que os lesse para os santos em seu lugar.

“Ao pensar no futuro desta Igreja”, declarou o profeta na sessão de abertura da conferência, “sinto-me inspirado a dizer que não há mensagem mais importante a proclamar do que: ‘sejam um’ e deixem de lado as coisas que provoquem divisões entre os membros”.

Nos últimos anos, os esforços de correlação da Igreja buscaram unificar os santos coordenando programas e enfatizando o papel do sacerdócio, do lar e da família. Naquele ano, a correlação da Igreja havia padronizado o conteúdo de suas revistas internacionais e apresentado um currículo uniforme. Em resposta ao crescimento mundial, o presidente McKay também chamou 69 “representantes regionais dos Doze” para ajudar no treinamento das presidências de estaca, ajudando assim a Igreja a operar de modo eficiente e consistente em todo o mundo.

À medida que os santos enfrentavam a agitação social e a mudança de valores na sociedade, o presidente McKay e outros líderes gerais da Igreja esperavam que programas correlacionados fornecessem uma mensagem unificada e um alicerce estável para as pessoas em todo o mundo.

“O desafio está diante de nós”, disse o presidente McKay aos santos. “A unidade de propósito, com todos trabalhando em harmonia dentro da estrutura organizacional da Igreja conforme revelada pelo Senhor, deve ser nosso objetivo.”


Naquele mesmo ano, Hwang Keun Ok cuidava de cerca de 80 meninas no Orfanato Songjuk em Seul, Coreia do Sul. Quando o orfanato só para meninas a contratou como superintendente em 1964, ela não disse aos patrocinadores protestantes que era santo dos últimos dias. A Igreja não era bem compreendida na Coreia do Sul. Na verdade, quando Keun Ok foi batizada em 1962, a escola cristã na qual ela lecionava a despediu.

Havia naquela época cerca de 3.300 santos sul-coreanos. Kim Ho Jik, a primeira coreana a se tornar santo dos últimos dias, filiara-se à Igreja em 1951 enquanto estudava nos Estados Unidos. Antes de sua morte em 1959, Ho Jik voltou para a Coreia do Sul, tornou-se professora universitária e administradora, e apresentou o evangelho restaurado a alguns de seus alunos. Esses alunos, junto com militares americanos, ajudaram no crescimento da Igreja no país. Uma tradução coreana do Livro de Mórmon foi publicada em 1967.

Apesar de não contar a seus patrocinadores sobre sua religião, Keun Ok não tinha vergonha de ser membro da Igreja. Ela servia como presidente da Sociedade de Socorro do ramo e ensinava uma classe da Escola Dominical Júnior. Também recebia visitas de membros da Igreja que desejavam ajudar no orfanato. Um dia, um militar americano chamado Stanley Bronson ligou para Keun Ok. Ele era membro da Igreja, estava servindo ao exército em Seul e queria visitar o orfanato para cantar algumas canções que alegrassem as crianças.

Stan veio alguns dias depois. Ele tinha quase um metro e oitenta de altura e era mais alto do que todos. As meninas estavam animadas para ouvi-lo cantar. Ele tinha gravado um álbum de músicas folclóricas antes de ser convocado para o exército e esperava gravar outro álbum enquanto estivesse na Coreia do Sul.

“Antes de você tocar seu violão”, Keun Ok disse a Stan depois que todos se reuniram, “as crianças prepararam algo para você”.

Geralmente as meninas cantavam para os convidados e elas eram bem treinadas. Enquanto cantavam algumas músicas para Stan, ele ficou admirado. Suas vozes se fundiam em perfeita harmonia.

Stan começou a visitar o orfanato regularmente para cantar com as meninas. Em pouco tempo, ele sugeriu que gravassem um álbum juntos, com o resultado das vendas sendo revertido para o orfanato.

Keun Ok amou a ideia. Quando jovem, ela prometera se dedicar para fazer do mundo um lugar melhor. Refugiada de guerra da Coreia do Norte, ela havia perdido o pai ainda jovem e sabia como era difícil para meninas serem bem-sucedidas na Coreia sem um forte apoio da família e da comunidade. Muitas pessoas no país menosprezavam as meninas órfãs e não lhes davam muito valor. Para obter sua educação, Keun Ok lutou contra a pobreza e a perda de um dos pais e de um lar. Ao se apresentarem com Stan, ela esperava que as meninas sob seus cuidados percebessem o quanto eram valiosas — e que os coreanos também percebessem isso.

Stan encontrou um estúdio de gravação e, nos meses seguintes, Keun Ok ajudou ele e as meninas a ensaiar e gravar as músicas. Quando o exército deu a Stan uma licença de 30 dias, ele voltou para casa nos Estados Unidos e fez as gravações em discos de vinil. Ele então voltou para a Coreia e combinou de se apresentar com as garotas em um especial popular da televisão americana que estava sendo filmado lá.

O álbum, Daddy Big Boots: Stan Bronson and the Song Jook Won Girls [As Botas Grandes do Papai: Stan Bronson e as Meninas Cantoras de Jook Won], chegou a Seul nos primeiros meses de 1968. Keun Ok queria fazer do lançamento do álbum um grande evento na Coreia, então, ela convidou o presidente sul-coreano, o embaixador dos Estados Unidos e o comandante das forças das Nações Unidas na Coreia para participar de uma festa de lançamento em uma escola secundária feminina local. Embora apenas o embaixador pudesse comparecer, os outros dignitários enviaram representantes em seu lugar, e o lançamento foi um sucesso.

Em pouco tempo, as cantoras do Orfanato Songjuk estavam em alta demanda.


Enquanto isso, nos Estados Unidos, Truman Madsen, professor de filosofia da Universidade Brigham Young, recebeu um memorando de seu colega Richard Bushman, professor do departamento de história. Richard estava preocupado com um artigo acadêmico que acabara de ler. Seu autor, Wesley Walters, era um ministro presbiteriano do centro-oeste dos Estados Unidos, que alegava ter desmentido a Primeira Visão de Joseph Smith.

Ao longo dos anos, os críticos com frequência procuravam lançar dúvidas sobre a história sagrada da Igreja, muitas vezes, usando como argumento as mesmas afirmações sem fundamento. Mas esse artigo era diferente. “É uma peça bem escrita e bem pesquisada”, informou Richard a Truman. Na verdade, outro colega acreditava que isso representava uma séria ameaça à fé dos santos.

Richard enviou a Truman uma cópia do artigo. Wesley Walters reconhecia que não conseguiria desmentir diretamente que Joseph Smith tinha visto o Pai e o Filho na primavera de 1820, então ele investigou as afirmações do profeta sobre o cenário histórico da Primeira Visão.

Por muitos anos, os santos dos últimos dias souberam de apenas dois relatos que o profeta Joseph havia escrito sobre a visão. O relato mais conhecido, iniciado em 1838, pode ser encontrado na Pérola de Grande Valor. O outro relato havia sido publicado no Times and Seasons, um jornal da Igreja, no início da década de 1840. Recentemente, porém, um aluno de pós-graduação da Universidade Brigham Young e um arquivista da Igreja haviam descoberto dois relatos anteriores da Primeira Visão na coleção da Igreja dos documentos de Joseph Smith.

Wesley examinou os quatro relatos cuidadosamente para expor quaisquer possíveis inconsistências históricas neles. E quando investigou a afirmação do profeta de que um avivamento religioso local o havia levado a buscar o Senhor em oração, Wesley não encontrou nenhuma evidência de um reavivamento perto da casa da família Smith até quase cinco anos após a ocorrência da Primeira Visão. Para Wesley, isso significava que Joseph Smith forjou sua história.

Truman tinha certeza de que as descobertas de Wesley estavam erradas. Mas como pouca pesquisa histórica havia sido feita sobre a Primeira Visão e os primeiros dias da Igreja, ele não tinha como provar isso. Como ex-presidente de missão, ele sabia que muitas pessoas haviam aceitado o evangelho restaurado por causa do vigoroso testemunho do profeta da visão do Pai e do Filho. Um ataque à Primeira Visão parecia um ataque ao próprio alicerce da Restauração.

Depois de ler o artigo, Truman reuniu um pequeno grupo de historiadores em Salt Lake City. Todos eram estudiosos respeitados e membros fiéis da Igreja. Ao debaterem o artigo de Wesley, perceberam que poderiam usar o treinamento acadêmico que possuíam para ajudar a Igreja. Eles e outros com a mesma convicção precisariam empreender um novo estudo da história da Igreja, começando por suas raízes. Enquanto não o fizessem, as alegações de Wesley Walters sobre a Primeira Visão não seriam contestadas.

Com Truman à frente, o grupo se organizou em um comitê para incentivar os pesquisadores santos dos últimos dias a estudar o início da história da Igreja. Para responder ao artigo de Wesley, o comitê propôs enviar cinco historiadores ao leste dos Estados Unidos para pesquisar os reavivamentos religiosos e a Primeira Visão. Infelizmente, eles não tinham fundos para tal empreitada.

Primeiramente, o comitê procurou arrecadar dinheiro para a pesquisa com doadores privados. Quando isso provou ser apenas parcialmente bem-sucedido, Truman procurou a Primeira Presidência. O presidente McKay e seus conselheiros haviam apoiado outros esforços para estudar e preservar a história da Igreja. No início da década, por exemplo, eles contribuíram com fundos para a compra e preservação de propriedades históricas em Nauvoo, Illinois, a sede da Igreja de 1839 a 1846.

A Primeira Presidência também se interessara pelos fragmentos dos papiros de Joseph Smith. Trabalhando de perto com Aziz Atiya e o Museu Metropolitano de Arte, o presidente N. Eldon Tanner conseguira que os papiros fossem devolvidos como um presente para a Igreja. Jornais em todo os Estados Unidos noticiaram a aquisição, a Igreja fez uma coletiva de imprensa e publicou as imagens dos fragmentos no Improvement Era. A pedido da Primeira Presidência, os fragmentos foram, então, emprestados a Hugh Nibley, professor da Universidade Brigham Young, para estudo posterior. Hugh, o principal estudioso da Igreja sobre o mundo antigo, havia encontrado fortes evidências históricas que apoiavam a autenticidade do Livro de Mórmon e certamente faria o mesmo com o Livro de Abraão.

Em sua carta para a Primeira Presidência na primavera de 1968, Truman solicitou US$ 7 mil dólares para financiar as viagens de pesquisa. “A Primeira Visão está sob severo ataque histórico”, ele os informou. “O tempo é fundamental.”

Inicialmente, a Primeira Presidência decidiu não financiar o projeto. Nos anos anteriores, a Igreja contraíra dívidas construindo muitas capelas em todo o mundo e, depois disso, os líderes da Igreja estavam sendo mais cautelosos quanto aos gastos.

Mas Truman era persistente. Ele havia conhecido Wesley Walters há pouco tempo em uma conferência sobre a história da Igreja e sentiu a determinação do ministro em desacreditar Joseph Smith.

“Ele fará qualquer coisa para chegar às fontes primeiro”, disse Truman à Primeira Presidência. “Sentimos que não é sábio adiar essa questão.” Dessa vez, ele pediu US$ 5 mil dólares.

O presidente McKay e seus conselheiros reconsideraram o pedido e concordaram em financiar os pesquisadores.


Em uma tarde quente de setembro daquele ano, Maeta Holiday, de 14 anos, estava sentada sozinha em um ônibus que se aproximava de Fullerton, um subúrbio de Los Angeles, Califórnia. Ela olhava pela janela para os laranjais que se estendiam dos dois lados da rodovia, uma paisagem muito diferente de sua casa no deserto vazio na fronteira de Utah e Arizona.

Maeta era Diné, uma cidadã da Nação Navajo. Ela crescera em uma reserva nativa americana entre as quatro montanhas sagradas que marcam as fronteiras tradicionais do lar ancestral de seu povo. No século 19, o governo dos Estados Unidos criara a reserva e outras semelhantes a partir de terras que tomaram de grupos nativos americanos como os navajos para abrir espaço para colonos brancos, incluindo os santos dos últimos dias. Forçadas a viver nas terras geralmente inferiores da reserva, muitas famílias passavam por dificuldades.

A reserva navajo em que Maeta crescera era vasta e as pessoas moravam distantes umas das outras, dificultando o transporte das crianças para a escola. Por outro lado, as escolas financiadas pelo governo, muitas vezes, estavam superlotadas e tinham poucos recursos. Nessas condições, muitos pais nativos americanos buscavam melhorar a vida de seus filhos enviando-os para escolas fora da reserva.

Maeta foi para a Califórnia como parte do Programa de Colocação de Estudantes Nativos Americanos da Igreja e estava indo morar com uma família branca que ela não conhecia. As irmãs mais velhas de Maeta haviam participado do programa e ela desejava fazer o mesmo. Mas embora tivera se inscrito com entusiasmo, sentia-se ansiosa a respeito de sua nova família adotiva.

O programa de colocação tinha sido fundado em 1954 sob a orientação do élder Spencer W. Kimball. Como muitos santos dos últimos dias da época, ele considerava os nativos americanos descendentes diretos dos povos do Livro de Mórmon e acreditava que os membros da Igreja tinham a responsabilidade de ajudar seus irmãos e irmãs lamanitas a ter acesso a oportunidades educacionais e a cumprir seu destino divino como povo do convênio.

No programa de colocação, as crianças nativas americanas deixavam suas casas nas reservas para morar com famílias de santos dos últimos dias durante o período letivo. O programa visava dar aos alunos acesso a escolas melhores e vivenciar lares centrados no evangelho. Em 1968, cerca de três mil estudantes de mais de 63 tribos haviam sido colocados em lares no Canadá e em sete estados dos Estados Unidos. Embora todos os alunos fossem santos dos últimos dias, alguns deles haviam participado pouco da Igreja antes de entrar no programa.

Glen Van Wagenen, que liderava o programa no sul da Califórnia, ouvira falar de Maeta enquanto ela morava com uma família em Kanab, Utah. Maeta adorava morar com a família e se dava bem com a filha deles. Quando Glen convidou Maeta para ingressar no programa de colocação na Califórnia no início de seu nono ano, ela aceitou prontamente a oferta.

Maeta era a caçula de seis filhas de Calvin Holiday e Evelyn Crank. Os pais dela se filiaram à Igreja no início do casamento, mas depois perderam o interesse. Apesar de Maeta ter sido batizada aos 8 anos, ela não frequentava a igreja regularmente nem compreendia o significado de seu batismo. Querendo melhorar a educação de Maeta, seus pais a colocaram em internatos nativos americanos no Arizona assim que ela teve idade suficiente, então ela se mudara muitas vezes.

Maeta conhecia famílias na reserva em que os pais se amavam e os filhos eram felizes. Mas sua família não era uma delas. Depois que seus pais se divorciaram, sua mãe se casara novamente duas vezes. A mãe de Maeta teve mais seis filhos desses casamentos, e suas longas ausências forçavam Maeta a cuidar dos irmãos mais novos. Mais de uma vez, Maeta e seus irmãos foram deixados sozinhos por dias com pouca comida e pouca água. Ela fazia o possível para alimentar as crianças, às vezes com carne de carneiro estragado e comida enlatada.

Certa vez, enquanto Maeta fazia pão frito na fogueira do quintal, sua mãe olhou para ela e disse: “A única coisa para a qual você vai servir é fazer bebês”. Maeta sentiu um aperto no coração. Naquele momento, ela jurou silenciosamente: “Vou ser alguém na vida”.

Chegando ao ponto de ônibus no sul da Califórnia, Maeta ficou aliviada por estar longe da mãe. Mas estava ansiosa quando viu um casal de meia-idade passar pela porta. “Eles serão meus novos pais”, pensou.

Seu pai adotivo, Spencer Black, era quieto e reservado. Maeta o cumprimentou com alguma cautela, marcada pelos homens abusivos que ela conhecera na vida. Sua mãe adotiva, Venna, no entanto, tinha um espírito reconfortante.

Eles levaram Maeta para casa, onde ela conheceu os filhos do casal: Lucy, de 15 anos, e Larry, de 13. A família Black tinha outros três filhos mais velhos que não moravam mais em casa. Maeta conheceu sua nova casa, com uma lareira espaçosa e um jardim cheio de flores. Tendo compartilhado quartos com os irmãos durante toda a vida, ela ficou especialmente emocionada por ter seu próprio quarto.

Mas Maeta ainda não estava totalmente confortável. A cidade era muito agitada e abafada pela poluição. E embora seus pais adotivos fossem gentis, Maeta se perguntava se eles estariam usando a gentileza para manipulá-la, como fazia sua mãe, para que ela fizesse as tarefas de casa.

Ela não estava arrependida de ter vindo para a Califórnia, mas sentiu falta do silêncio da reserva naquela noite enquanto estava deitada na cama, perturbada pelo tráfego barulhento da rodovia.

Capítulo 11

Em qualquer outro país

Stan Bronson e os órfãos Songjuk atuando na televisão

No início de outubro de 1968, Isabel Santana estava em seu segundo ano na Benemérito de las Américas. A escola da Igreja agora tinha 1.200 alunos — mais do que o dobro do que quando Isabel lá chegara — e um campus em expansão com um novo auditório, um ginásio, uma pequena mercearia, dois prédios comerciais, um centro de recepção e mais 35 chalés residenciais. Quando o presidente N. Eldon Tanner visitou a Cidade do México no início do ano para dedicar os novos edifícios, o Coro do Tabernáculo também esteve presente para se apresentar na dedicação.

Isabel e sua irmã mais nova, Hilda, adaptaram-se rapidamente à vida na escola. Isabel era naturalmente tímida, mas se recusou a permitir que sua timidez atrapalhasse sua educação. Ela fez amizades, aprendeu a lidar com as diferenças culturais que encontrou e se esforçou para conversar com as pessoas que não conhecia.

Ela também se tornou uma aluna diligente. Buscava regularmente o conselho dos professores e dos administradores da escola. Um desses mentores, Efraín Villalobos, frequentara escolas da Igreja no México quando jovem, antes de estudar agronomia na Universidade Brigham Young. Ele tinha um bom senso de humor, e Isabel e outros alunos da Benemérito o consideravam muito amigável. Estando longe de casa, eles o consideravam um tutor, um orientador e uma figura paterna.

Outra professora que a inspirou foi Leonor Esther Garmendia, que ensinava física e matemática na escola. Durante o primeiro ano de Isabel, Leonor pediu aos alunos que levantassem a mão caso apreciassem matemática. Muitas mãos se levantaram. Ela perguntou quem não gostava da matéria. Isabel ergueu a mão.

“Por que você não gosta?”, perguntou Leonor.

“Porque eu não entendo”, disse Isabel.

“Você vai entender aqui.”

As atividades nas aulas de Leonor não eram fáceis. Mas, às vezes, ela dava uma tarefa à turma e depois chamava cada aluno para ir até sua mesa a fim de resolver os problemas de matemática com ela. Em pouco tempo, Isabel se tornou capaz de solucionar problemas matemáticos de cabeça — uma habilidade que ela nunca pensou que teria.

Como muitos de seus colegas de classe, Isabel equilibrava as atividades da escola com as responsabilidades do trabalho. A Igreja cobria a maior parte dos custos educacionais para manter as mensalidades baixas. Para pagar o restante, alguns alunos faziam a limpeza nos edifícios ou trabalhavam na fazenda de laticínios da escola. Isabel havia conseguido um emprego como telefonista da escola. Ela ficava sentada em uma cabine telefônica estreita por muitas horas e conectava as chamadas no campus usando uma central telefônica com pinos e números. O trabalho era simples, e muitas vezes ela levava um livro para ajudar a passar as horas.

Na época, estudantes universitários de todo o mundo protestavam contra seu governo. Na Cidade do México, muitos estudantes saíam às ruas para protestar, pedindo mais justiça econômica e política. Eles também se ressentiam da influência dos Estados Unidos sobre os líderes mexicanos. Os alunos acreditavam que a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética era uma oportunidade para que as nações poderosas pudessem dominar seus vizinhos menores e mais vulneráveis.

Para complicar as coisas, a Cidade do México estava se preparando para sediar as Olimpíadas de Verão — as primeiras Olimpíadas realizadas em um país latino-americano. As tensões atingiram o auge em 2 de outubro de 1968, dez dias antes das Olimpíadas, quando as forças armadas mexicanas atiraram em manifestantes na Praça Tlatelolco, na Cidade do México, matando quase 50 pessoas. Nas semanas que se seguiram, as autoridades prenderam líderes do movimento estudantil enquanto o governo e a mídia procuravam minimizar a brutalidade do massacre de Tlatelolco.

A Benemérito ficava perto do local onde se deu o derramamento de sangue, e Isabel sentiu uma grande tristeza quando soube das mortes. Mas ela se sentia segura na escola, onde a maioria dos alunos e professores não se engajava em protestos políticos.

Uma tarde, porém, um homem ligou e ameaçou roubar os ônibus da escola. Isabel ficou assustada, mas não entrou em pânico. “Quem está falando?”, perguntou ela.

A pessoa desligou a chamada.

Sem saber o que fazer, ela inseriu um pino na central telefônica e ligou para Kenyon Wagner, o diretor da escola.

“Isabel”, disse ele, “vamos cuidar disso”.

A chamada acabou sendo uma ameaça vazia, e Isabel ficou aliviada por nada de mau ter acontecido. A Benemérito havia se tornado seu oásis, um lugar pacífico onde ela podia estudar o evangelho e obter educação.

Enquanto estivesse lá, sabia que estaria protegida.


Na manhã de 10 de novembro de 1968, Henry Burkhardt se reuniu com cerca de 230 santos para uma conferência de distrito em Görlitz, uma cidade na fronteira leste da República Democrática Alemã. O prédio de três andares onde se reuniam estava arruinado. Era possível ver tijolos expostos ao redor das janelas onde a fachada havia ruído.

De repente, a alegria percorreu a capela. O apóstolo Thomas S. Monson apareceu na conferência, surpreendendo os santos. Nos sete anos desde que o Muro de Berlim havia sido erguido, eles tiveram poucas oportunidades de se encontrar com uma autoridade geral.

O élder Monson havia sido recentemente designado para supervisionar as missões que falavam alemão, e Henry, como líder da Igreja na RDA, estava ansioso para trabalhar a seu lado. Aos 41 anos, o élder Monson era apenas alguns anos mais velho que Henry. Mas ele era um apóstolo — e, aos olhos de Henry, isso realmente o diferenciava. Como ele seria? Eles se dariam bem?

Essas perguntas desapareceram no momento em que o élder Monson entrou na capela. Ele era prático e envolvente. Não falava alemão, e Henry não falava inglês, mas os dois se tornaram amigos.

A conferência começou às 10 horas. Os santos na congregação estavam sorrindo, claramente gratos pela presença do élder Monson. Alguns deles certamente eram informantes — membros da Igreja que reportavam ao governo as palavras e ações de seus companheiros santos. Henry acreditava saber quem era a maioria deles, mas não os barrava. Ele preferia muito mais que o governo recebesse relatórios de informantes santos dos últimos dias, que contavam a verdade sobre a Igreja, do que de fontes menos simpatizantes.

No entanto, ele se ressentia das muitas restrições impostas a ele e a outros alemães orientais. Liderar a Igreja nessas condições continuava a mantê-lo longe de sua família seis dias por semana, e agora ele e Inge tinham um segundo filho, um menino chamado Tobias. Toda vez que precisava lidar com funcionários do governo — o que era algo frequente — eles tentavam convencê-lo dos benefícios do comunismo. Ele não conseguia enxergá-los. Quando pensava nas condições do país e em um sistema que seduzia os santos a reportar outros santos, perguntava a si mesmo: “Como algo assim é possível?”

O élder Monson também ficou visivelmente comovido com as condições na RDA. Quando ele se levantou para se dirigir aos santos na conferência, lágrimas encheram seus olhos. Ele tentou falar, mas sua voz vacilou, embargada pela emoção. Por fim, ele disse: “Se vocês permanecerem fiéis aos mandamentos de Deus, todas as bênçãos que os membros da Igreja desfrutam em outros países serão suas também”.

Para Henry e os outros santos da congregação, o élder Monson acabara de prometer tudo o que desejavam como membros da Igreja. Mas muita coisa teria que mudar na RDA para que aquelas palavras se tornassem realidade. Quando os líderes da Igreja propuseram a criação de uma estaca na RDA, Henry rejeitou a ideia, temendo que atraísse atenção indesejada do governo. E, desde que a RDA tinha reforçado suas fronteiras, as bênçãos do templo estavam fora de alcance. Toda vez que os santos pediam permissão para ir ao templo suíço, o governo negava seu pedido.

Ainda assim, um espírito maravilhoso preencheu toda a sala. O élder Monson abençoou os santos e eles encerraram a reunião com um hino fervoroso:

Deus vos guarde bem no seu amor,

Consolados e contentes,

Na verdade diligentes;

Deus vos guarde bem no seu amor!


Por volta dessa época, na nação de Gana, África Ocidental, Joseph William Billy Johnson tinha certeza de que havia encontrado o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Quatro anos antes, seu amigo Frank Mensah havia lhe dado um Livro de Mórmon e outros livros e panfletos dos santos dos últimos dias. Assim como a nação vizinha Nigéria, Gana não tinha congregação da Igreja. Frank queria mudar isso.

“Sinto que você é o homem com quem eu deveria trabalhar”, ele havia dito a Billy.

Depois disso, eles organizaram quatro congregações não oficiais de santos dos últimos dias em Acra, capital de Gana, e seus arredores. Eles haviam entrado em contato com a sede da Igreja e sabiam da relutância da Igreja em enviar missionários para a África Ocidental. Mas LaMar Williams e outros os incentivaram a estudar o evangelho e se reunir com fiéis que pensavam da mesma maneira. Quando souberam que Virginia Cutler, professora da Universidade Brigham Young, estava em Acra para dar início a um programa de economia doméstica na Universidade de Gana, eles organizaram uma escola dominical semanal com ela.

Billy amava compartilhar o evangelho. Ele trabalhava no setor de importação e exportação, mas queria deixar seu emprego e dedicar mais tempo ao trabalho missionário. Sua esposa não compartilhava de sua fé. “Esta igreja é tão nova”, disse ela. “Não quero que você deixe seu emprego.”

Mas Billy estava ansioso para pregar mais. “Há algo ardendo em mim que não consigo conter”, disse-lhe.

Há muito tempo a religião era importante para Billy. Sua mãe, Matilda, era uma metodista devota, e ela o havia criado para ter fé em Deus e amar Sua palavra. Na escola, Billy costumava encontrar um lugar reservado para cantar hinos e orar enquanto os outros alunos brincavam. Um de seus professores notou isso e lhe disse que um dia ele se tornaria um sacerdote.

À medida que Billy crescia, sua fé era confirmada por sonhos e visões extraordinários. Pouco depois de Frank Mensah apresentá-lo ao evangelho restaurado, Billy estava orando quando viu os céus se abrirem e uma hoste de anjos aparecer, tocando trombetas e cantando louvores a Deus. “Johnson, Johnson, Johnson”, uma voz o chamou. “Se você se dedicar à Minha obra como Eu lhe ordenarei, Eu o abençoarei e abençoarei sua terra.”

No entanto, nem todos aceitavam Billy e Frank nem suas crenças. Algumas pessoas diziam que eles estavam seguindo uma igreja falsa. Outros os acusavam de não acreditar em Jesus Cristo. As palavras dessas pessoas magoavam Billy. Preocupado se havia sido enganado, ele começou a jejuar. Depois de três dias, foi para um quarto em sua casa onde havia pendurado o retrato dos presidentes da Igreja na parede. Ele se ajoelhou e orou a Deus pedindo por ajuda.

“Eu gostaria de ver esses profetas”, disse ele. “Quero que me deem instruções.”

Naquela noite, enquanto dormia, Billy sonhou que Joseph Smith apareceu para ele e disse: “Muito em breve os missionários virão. O profeta McKay está pensando em você”.

Outro homem também se aproximou dele e se apresentou como Brigham Young. “Johnson, estamos com você”, disse ele. “Não se desanime.” Antes que a noite acabasse, Billy viu todos os profetas dos últimos dias até George Albert Smith.

O desejo de Billy de dedicar mais tempo a compartilhar o evangelho logo o levou a deixar seu emprego e se mudar para Cape Coast, uma cidade a sudoeste de Acra, onde planejava cultivar uma fazenda e começar uma nova congregação. Sua esposa não apoiava essa decisão, então, em vez de se mudar com a família, ela se divorciou de Billy, deixando os quatro filhos pequenos aos cuidados dele.

Billy ficou arrasado, mas encontrou apoio em sua mãe, Matilda. Ela mesma tinha suas próprias dúvidas sobre Billy deixar seu emprego e se mudar com a família para Cape Coast, imaginando se ele poderia ter sucesso em uma cidade que já tinha muitas igrejas. Mas Billy era seu único filho vivo, e ela dependia dele para seu próprio bem-estar, então foi com ele.

Matilda agora compartilhava a mesma fé que o filho. Quando Billy contou a ela pela primeira vez sobre suas novas crenças, ela não as levou a sério. Mas, depois de ver como essas crenças haviam mudado a ele e as pessoas a quem ele ensinava, ela percebeu que seu filho havia encontrado algo especial. Sabia que ela e muitas outras pessoas seriam abençoadas quando a Igreja viesse a Gana, e esse conhecimento lhe deu coragem.

Assim que a família se estabeleceu em Cape Coast, Matilda cuidava dos filhos de Billy enquanto ele estabelecia sua nova congregação. Ela também lhe ofereceu apoio moral e incentivo, ajudando quando podia para fortalecer a congregação.

“Não importa as circunstâncias, não importa o futuro”, afirmou ela, “estou preparada para travar uma batalha honesta pela Igreja”.


Depois de lançar seu álbum com Stan Bronson, as cantoras do Orfanato Songjuk logo estavam se apresentando regularmente em bases militares e em programas de televisão americanos e coreanos. Todos, inclusive o presidente da Coreia do Sul e o embaixador dos Estados Unidos, pareciam amar o coro de meninas.

Hwang Keun Ok gostava de trabalhar com Stan e as cantoras. O grupo tinha um efeito positivo nas meninas. Por exemplo, para participar, elas precisavam manter em dia a lição de casa. Mais do que isso, Keun Ok ficou satisfeita ao ver as meninas ganharem um senso de valor próprio com o coro. À medida que a fama do grupo aumentava, ela e Stan continuavam a incentivá-las, orientando as cantoras com cuidado em cada ensaio, apresentação e gravação.

Eles queriam ajudar as meninas do orfanato no presente e no futuro. Quando estivera de licença no ano anterior, Stan conversou com as pessoas em sua cidade natal a respeito de comprarem um novo casaco ou uma boneca para cada menina no Natal. Então, ele pediu a um amigo que falava coreano que se vestisse de Papai Noel para entregar os presentes. Posteriormente, ele e Keun Ok pensaram em pedir às pessoas nos Estados Unidos que fornecessem apoio financeiro mensal para as meninas.

Assim que Stan foi dispensado do exército, ele estabeleceu uma organização sem fins lucrativos em Utah. Ele também falou em reuniões da Igreja, fez shows e vendeu álbuns para aumentar a conscientização a respeito das meninas e suas necessidades financeiras. No entanto, antes que a organização pudesse operar na Coreia do Sul, ela precisava de uma licença do governo. O governo sul-coreano havia restringido organizações estrangeiras de fazer trabalho social dentro do país. Felizmente, Keun Ok conseguiu usar a popularidade do grupo de cantoras e suas conexões no governo para garantir uma licença para a organização de Stan.

Durante a criação da organização sem fins lucrativos, Stan leu um livro inspirador intitulado Tender Apples, sobre uma mulher que era membro da Igreja e ajudou crianças em risco. Ele e Keun Ok gostaram do título, então, ele entrou em contato com o autor, que concordou em deixá-los chamar sua organização de Tender Apples Foundation. Keun Ok transformou um quarto em sua casa de dois andares em Seul no escritório coreano da organização sem fins lucrativos, e Stan trabalhou lá pelo tempo que passou na Coreia. Em pouco tempo, o grupo de cantoras também assumiu o nome de Tender Apples.

Certo dia, algumas garotas estavam rindo quando levaram um dicionário para Stan. Tendo cantado nas reuniões dos santos dos últimos dias em uma base militar americana, elas sabiam que Stan era membro da Igreja. Mas, como a maioria dos coreanos, elas ainda não sabiam muito sobre a Igreja ou o que ela ensinava. Quando procuraram “mórmon” no dicionário, a definição era “pessoas com comportamento estranho”.

“Bem”, Stan perguntou às meninas, “vocês acham que sou estranho?”

“Ah, não”, elas disseram.

“Vocês acham que a Srta. Hwang é estranha?”

As meninas ficaram surpresas. Nenhuma delas sabia que sua superintendente também era “mórmon”.

Stan contou a Keun Ok o que havia acontecido. Ela sabia que era apenas uma questão de tempo até que os patrocinadores protestantes do orfanato soubessem sobre sua filiação à Igreja, e se preparou para dar uma resposta a eles.

Ela não precisou esperar muito. Assim que os patrocinadores descobriram que Keun Ok era membro da Igreja — e que algumas das meninas do orfanato se interessavam pela Igreja — eles lhes deram uma escolha. Ela poderia deixar a Igreja ou renunciar ao seu cargo. Para Keun Ok, isso não era uma escolha.

Ela juntou suas coisas e saiu do orfanato. Várias das meninas mais velhas que passaram a amar Keun Ok logo a seguiram, carregando suas poucas posses consigo. Quando apareceram na porta de Keun Ok, ela sabia que teria que encontrar uma maneira de cuidar daquelas meninas.


Em Utah, Truman Madsen tinha apenas boas notícias para seu comitê que pesquisava as origens da Igreja. Ao longo do verão de 1968, os historiadores lhe enviaram atualizações das viagens de pesquisa que faziam no leste dos Estados Unidos. Graças ao financiamento da Primeira Presidência, eles puderam vasculhar bibliotecas e arquivos, localizar documentos históricos e confirmar datas e fatos importantes.

“Tem sido um ótimo verão!”, declarou Truman. Ele estava confiante de que os historiadores santos dos últimos dias estavam agora mais bem preparados para responder às afirmações de Wesley Walters sobre a Primeira Visão.

Uma de suas descobertas mais significativas naquele verão foi uma forte evidência de um avivamento religioso perto da casa de Joseph Smith em 1820. Milton Backman, professor de história e religião na Universidade Brigham Young, observou que Joseph Smith descreveu o entusiasmo religioso em termos gerais, sem identificar um local específico. Isso levou Milton a acreditar que Wesley Walters havia focado sua pesquisa muito estritamente em Palmyra. Depois de passar semanas vasculhando os registros históricos no oeste de Nova York, Milton descobriu que um “ciclone” de fervor religioso havia realmente passado pela região ao redor de Palmyra em 1819 e 1820 — exatamente como o profeta Joseph descrevera em seu relato de 1838 da Primeira Visão.

Nos meses seguintes, Truman e outros historiadores trabalharam em artigos sobre suas descobertas. Ele queria publicar todas as pesquisas juntas em uma edição da BYU Studies, uma revista acadêmica publicada pela Universidade Brigham Young.

Ao mesmo tempo, Hugh Nibley continuava estudando os fragmentos de papiro do Museu Metropolitano de Arte. Quando a Igreja adquiriu os artefatos, muitas pessoas estavam ansiosas para descobrir o que eles revelavam sobre o Livro de Abraão e sua tradução. Afinal, por mais de um século, algumas pessoas lançaram dúvidas sobre a interpretação de Joseph Smith dos três “fac-símiles” publicados junto com o Livro de Abraão. Reproduzidos a partir de ilustrações encontradas nos papiros, esses fac-símiles eram quase idênticos às imagens nos pergaminhos funerários egípcios comuns que pareciam não ter nada a ver com Abraão ou sua época.

As primeiras análises e traduções dos fragmentos confirmaram que se tratavam de textos funerários de séculos após a época de Abraão, e nem a Igreja nem Hugh contestaram essa descoberta. No entanto, Hugh acreditava que um estudo mais aprofundado poderia trazer mais esclarecimento sobre o papiro e a tradução do profeta. Em mais de uma dúzia de artigos publicados em 1968 e 1969, ele usou seu conhecimento sobre culturas e línguas antigas como base para prosseguir com várias teorias sobre o Livro de Abraão e sua relação com a religião e a cultura no antigo Egito. Ele observou, por exemplo, que algumas das evidências mais fortes da autenticidade do Livro de Abraão eram sua semelhança com outros textos antigos do templo e tradições milenares sobre Abraão, a respeito das quais Joseph Smith provavelmente nada sabia. Os textos de Hugh também atestavam os poderosos ensinamentos do livro sobre o sacerdócio, as ordenanças do templo e o plano de salvação.

Na primavera de 1969, a pesquisa conduzida pelo comitê de Truman apareceu na BYU Studies. A edição apresentou as informações mais atualizadas sobre a Primeira Visão e forneceu um sólido suporte histórico para o testemunho de Joseph Smith. Leonard Arrington e James Allen, dois membros do comitê, resumiram os artigos e os livros existentes publicados no início da história da Igreja. Milton Backman escreveu um artigo sobre sua pesquisa a respeito das atividades religiosas nas proximidades de Palmyra. E Dean Jessee, arquivista do Escritório do Historiador da Igreja, preparou um artigo sobre os relatos da Primeira Visão de Joseph Smith. Outros artigos tratavam de temas semelhantes. Além de seu valor na defesa da fé, Truman acreditava que os textos mostravam o valor dos santos trabalhando juntos para obter uma compreensão mais completa da história da Restauração. Ele observou que muitos membros da Igreja tinham cartas, diários e outros documentos em sua posse que poderiam ser muito bem usados pelos historiadores.

“Há tarefas importantes de coleta, pesquisa e interpretação que são vastas demais para uma mente, ou cem mentes”, escreveu ele em seu prefácio à edição da BYU Studies. “Elas devem envolver todos nós.”


Enquanto isso, na República Democrática Alemã, Henry Burkhardt estava supervisionando várias mudanças para os santos sob seus cuidados. Após a visita do élder Monson a Görlitz, a Primeira Presidência criou uma missão em Dresden, uma grande cidade da RDA, e chamou Henry para ser o presidente. Pouco tempo depois, o élder Monson retornou ao país para organizar a missão, ordenar Henry ao ofício de sumo sacerdote e prepará-lo para seu novo chamado.

A esposa de Henry, Inge, foi chamada para servir ao lado dele. Desde que conhecera a família Burkhardt, o élder Monson ficou preocupado com o fato de que o casal se via apenas algumas horas por semana. “O que vocês estão fazendo não está certo”, ele havia dito a Henry. Agora, Inge, como líder da missão, viajava regularmente com o marido pelo país e, às vezes, cumpria tarefas no escritório da missão.

No entanto, quando achava que poderia encontrar problemas, Henry preferia viajar sozinho. O governo ainda estava monitorando as atividades dos santos, mas ficou menos desconfiado da Igreja depois que Henry, um cidadão da Alemanha Oriental, foi chamado como presidente da missão. Desde que os santos não realizassem reuniões não programadas, imprimissem ou mimeografassem qualquer material da Igreja, ou agissem sem cautela, as autoridades os deixariam em paz. Eles eram livres para realizar as reuniões sacramentais, ensinar em casa e se reunir para as reuniões da Sociedade de Socorro, da Escola Dominical, do sacerdócio e da Primária.

Henry procurava ser cauteloso. Muitos santos no país estavam preocupados em perder o contato com a Igreja no restante do mundo, e eles desejavam ter mais materiais impressos da Igreja. Às vezes, o governo permitia que os santos importassem um grande número de materiais impressos, como hinários e escrituras. Mas, geralmente, os membros da Igreja tinham que se contentar com o que tinham. Para acomodar as restrições contra a impressão e mimeografia de materiais da Igreja, Henry recrutou voluntários de confiança que faziam cópias dos manuais com máquinas de escrever e papel carbono.

Isso não infringia a lei, então Henry se sentia justificado em produzir e distribuir os manuais. Mas essa prática ainda o preocupava. As leis que restringiam a liberdade religiosa nem sempre eram escritas ou aplicadas uniformemente em todo o país. Henry sabia muito bem que os oficiais da Stasi não precisavam de um motivo para prendê-lo. Se o oficial errado o encontrasse com manuais estrangeiros da Igreja, Henry poderia facilmente ter sérios problemas.

Embora as condições no país não fossem ideais, a Igreja seguiu em frente. Quarenta e sete pessoas foram batizadas em 1968, algo notável. Na época em que o élder Monson organizou a Missão Dresden, havia 4.641 santos na Alemanha Oriental em 47 ramos e 7 distritos. Os santos frequentavam as reuniões, faziam reuniões familiares e realizavam atividades na Igreja quando possível. Eles até fizeram uma “Semana de genealogia” e enviaram 14 mil nomes para o trabalho do templo.

À medida que Henry refletia sobre seu novo chamado, ele e sua família se comprometiam com tudo o que era requerido. “Deveríamos trabalhar agora com todas as nossas forças para edificar a Igreja”, escreveu Henry em seu diário. “Ao lado de Inge, espero ser capaz de realizar todas as tarefas e superar minhas próprias fraquezas também.”

Capítulo 12

Um modo pleno de vida

caixas de alimentos e suprimentos ao lado do ônibus

“Estou muito preocupado com minha garganta”, escreveu o élder Spencer W. Kimball em seu diário em 8 de janeiro de 1970. “Minha voz parece estar lentamente se deteriorando.”

Nos 12 anos que se passaram desde que os médicos haviam removido uma corda vocal com câncer, sua voz era um pouco mais do que um sussurro rouco. No entanto, esse desafio quase nunca desacelerou seu serviço na Igreja. Desde o estabelecimento da estaca em São Paulo, em 1966, o élder Kimball organizou as primeiras estacas na Argentina e no Uruguai, dedicou a Colômbia ao trabalho missionário e ministrou aos santos no Equador. Ele também escreveu um livro influente, O Milagre do Perdão, e começou a servir como presidente do comitê de orçamento da Igreja e do comitê missionário.

Mas, com o agravamento da situação de sua voz, ele consultou um médico, preocupado com o retorno do câncer. O médico descobriu uma mancha vermelha no lado esquerdo da garganta do élder Kimball e realizou duas biópsias. Isso distendeu ainda mais a voz do apóstolo, obrigando-o a amplificar sua fala com um pequeno microfone usado em volta do pescoço.

O élder Kimball retornou ao hospital no dia 12 de janeiro para ouvir o prognóstico. Depois de estudar os resultados das biópsias e consultar outros especialistas, o médico acreditava que o câncer havia retornado e havia pouca esperança de que a voz do élder Kimball pudesse ser salva.

Ao considerar como seguir adiante com o tratamento, o élder Kimball se perguntou se deveria deixar o Quórum dos Doze Apóstolos para abrir espaço para um homem mais adequado.

No dia seguinte, o élder Kimball contou a N. Eldon Tanner o que o médico havia dito, e o presidente Tanner recomendou que as autoridades gerais fizessem um jejum especial em seu nome. Dois dias depois, as autoridades gerais se reuniram no templo, e Harold B. Lee ofereceu uma sincera oração. Quando terminou, o élder Kimball se sentou em uma cadeira no meio da sala e Gordon B. Hinckley ungiu sua cabeça com óleo. Os outros apóstolos na sala se reuniram em círculo ao redor do élder Kimball, e o presidente Tanner selou a unção e o abençoou.

Durante a bênção, o élder Kimball sentiu-se próximo ao Pai Celestial e aos membros do quórum. O fardo pesado que carregava parecia cair, e ele sabia que, se Deus quisesse que ele continuasse em seu ministério, então Ele lhe mostraria uma maneira de fazê-lo, com ou sem voz. Após a bênção, o élder Lee envolveu o élder Kimball em um abraço. Outros apóstolos no círculo disseram que se sentiam abençoados por participar de uma experiência espiritual tão poderosa e unificadora.

No domingo de manhã, três dias após a bênção, a vizinha do élder Kimball telefonou para ele inesperadamente. Ela ouvira falar que o presidente McKay havia falecido e queria saber se era verdade.

“Eu não sei de nada”, replicou o élder Kimball. Ele começou a fazer ligações e, em pouco tempo, soube que o profeta havia falecido naquela manhã.

O élder Kimball foi apressadamente para o edifício administrativo da Igreja. Tanto Joseph Fielding Smith, o apóstolo sênior, quanto Harold B. Lee estavam reunidos com a família McKay. O élder Kimball encontrou Joseph Anderson e Arthur Haycock, secretários da Primeira Presidência e dos Doze, e eles passaram várias horas ligando para as autoridades gerais para lhes dar a notícia.

A morte do presidente McKay trouxe grande tristeza para a Igreja. Seu amor pelos santos em todo o mundo era conhecido. Ele liderou a Igreja por quase 19 anos, e dois terços dos 3 milhões de membros haviam sido batizados enquanto ele era presidente. Quando ele sucedeu a George Albert Smith em abril de 1951, a Igreja tinha 184 estacas. Agora, em 1970, tinha 500 estacas, incluindo 14 na Austrália e na Nova Zelândia, 13 na Europa e as primeiras estacas na Argentina, Brasil, Guatemala, México, Tonga, Uruguai e Samoa Ocidental.

Quase 90 por cento das novas estacas durante a administração do presidente McKay foram estabelecidas nos Estados Unidos e no Canadá, onde o crescimento da Igreja permaneceu elevado. Na América do Norte, a reputação da Igreja se beneficiou com o apoio de santos dos últimos dias proeminentes como J. Willard Marriott, fundador de uma grande rede de hotéis, e George W. Romney, que foi diretor executivo da American Motors Corporation e governador do estado de Michigan.

O presidente McKay dedicou cinco templos em quatro países e supervisionou a tradução das ordenanças do templo para uma dúzia de idiomas. A conferência geral se tornou ainda mais disponível quando 200 estações de televisão e dezenas de estações de rádio nas Américas do Norte, Central e do Sul passaram a transmitir as sessões. Como defensor do trabalho missionário e da educação na Igreja, o presidente McKay expandiu muito os esforços da Igreja em ambas as áreas. E sua implementação do programa de correlação, que ele considerava seu trabalho mais importante como presidente da Igreja, tornou as verdades simples do evangelho restaurado mais acessíveis a um público mundial.

Milhares de santos compareceram ao funeral do presidente McKay a fim de lhe prestar homenagens. Pouco tempo depois, o Quórum dos Doze Apóstolos se reuniu para apoiar Joseph Fielding Smith como o novo presidente da Igreja. Aos 93 anos, o presidente Smith era o homem mais velho a liderar a Igreja. Ele chegou ao ofício com quase 60 anos de experiência como apóstolo, e os santos respeitavam seu considerável conhecimento da história da Igreja e das escrituras. Sendo filho do presidente Joseph F. Smith, ele também era neto de Hyrum Smith, irmão do profeta Joseph.

O presidente Smith chamou Harold B. Lee e N. Eldon Tanner como seus conselheiros na Primeira Presidência. Tendo em vista que os novos deveres do presidente Lee o impediam de servir como presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, o élder Kimball foi designado para servir como presidente em exercício do Quórum.

Contrariando o conselho de um amigo médico que o incentivou a procurar tratamento contra o câncer na Califórnia, o élder Kimball deixou de lado suas preocupações com a saúde após o falecimento do presidente McKay, optando por se concentrar em seus deveres apostólicos. Ele continuou sem saber ao certo a melhor maneira de tratar a doença e, como sua fala havia melhorado desde a bênção, não queria se submeter a uma cirurgia que colocasse sua voz em risco.

Quando o presidente Lee o designou por imposição de mãos para seu novo chamado, ele falou sobre as preocupações com a saúde do élder Kimball, oferecendo palavras de consolo e esperança.

“Abençoamos sua voz em particular”, disse ele, “suplicando ao Senhor que preserve sua capacidade de se comunicar por voz e por meio de instruções escritas, para que tenha uma vida tranquila e feliz na Terra até que o Senhor diga que é suficiente”.


Pouco depois de chegar à Califórnia, Maeta Holiday foi a um shopping com Venna Black, sua mãe adotiva no Programa de Integração para Alunos Indígenas. Maeta nunca havia ido ao shopping antes, então, prestou muita atenção em cada parte do caminho que Venna pegava com o carro.

No shopping, Maeta escolheu algumas roupas de que precisava, mas quando chegou a hora de ir embora, Venna não sabia ao certo como retornar para casa. “Não consigo me lembrar do caminho”, disse ela a Maeta.

“Bem, siga por aqui”, disse Maeta, direcionando Venna pela rua certa. Ela, então, levou Venna de volta para casa, rua após rua.

Venna ficou impressionada. “Como você sabe como chegar em casa?”, perguntou ela.

“Estou sempre observando”, respondeu Maeta. Memorizar pontos de referência era um hábito que ela tinha adquirido enquanto pastoreava ovelhas quando era criança na reserva Navajo. Se não prestasse atenção aos pontos de referência, talvez não chegasse em casa.

Maeta começou a frequentar a escola secundária local logo após essa experiência. Seus primeiros dias foram assustadores. A escola era muito maior do que qualquer outra que já frequentara. Os corredores lotados tinham fileiras de armários. Quase todos os alunos eram brancos e, até onde sabia, ela era a única aluna do programa de integração na escola. Ela não sentia preconceito racial da parte de seus colegas como alguns alunos do programa sentiam em outras escolas. Seus colegas de sala a receberam bem e ela rapidamente fez amigos.

Como outros jovens em sua ala, Maeta frequentava o seminário matutino. Ela e sua irmã adotiva, Lucy, acordavam todos os dias da semana às 5 horas para que pudessem chegar à capela a tempo da aula. Em seu primeiro dia de seminário, Maeta esperou em sua cadeira, sem realmente saber por que estava lá até o início da aula. Então ela descobriu. “Ah”, ela pensou, “aprendemos sobre a Igreja”.

Maeta não estava muito interessada no seminário. Ela ficou surpresa e confusa quando descobriu que receberia uma nota nas aulas. “Como alguém pode ser avaliado por suas crenças?”, ela se perguntou. Deus estaria dando a ela a nota? Ainda assim, ela e Lucy raramente perdiam uma aula.

Durante seu primeiro ano no Ensino Médio, Maeta se juntou ao coro da escola. No ano seguinte, ela jogou basquete, que havia aprendido quando frequentara um colégio interno no Arizona. Ela se destacou no esporte e se tornou a armadora de sua equipe. Ela gostava de fazer cesta e marcar na linha de lance livre. Mas também era boa em passar a bola para as outras jogadoras. No final da temporada, suas companheiras de equipe e os treinadores a elegeram a jogadora mais valiosa do time.

O programa de integração recomendava que, ao final de cada ano letivo, os alunos retornassem para ficar com a família biológica durante o verão. Maeta não gostava de voltar para casa ou de passar tempo com sua mãe, Evelyn, que enfrentava problemas. Mas Venna acreditava que era importante que Maeta permanecesse conectada às suas raízes e a incentivava a escrever para casa todos os meses. Sempre que o verão chegava, Maeta pegava o ônibus de volta para o Arizona.

Na primavera de 1970, quando Maeta estava terminando o segundo ano do Ensino Médio, ela soube que a casa de sua mãe havia sido incendiada. Ninguém se machucara e Maeta não ficou preocupada com sua família. Venna, no entanto, ajudou Maeta a comprar algumas coisas para substituir o que seus irmãos e irmãs mais novos tinham perdido no incêndio.

No dia em que Maeta partiu para o Arizona, Venna a deixou no ponto de ônibus com caixas de papelão cheias de comida, roupas e cobertores. “Isto é para sua família”, explicou ela. “São doações de nossa ala.”

Enquanto Maeta observava as caixas sendo carregadas no compartimento de bagagem do ônibus, ela ficou emocionada. Quando havia chegado à Califórnia, suspeitara da bondade da família Black, imaginando se eles a haviam levado apenas para fazer as tarefas domésticas. Depois, ela percebeu que eles se importavam com ela. Mas, até ver as caixas, não sabia o quanto sua família adotiva a amava.

E ela não sabia o quanto os amava.


Mais tarde naquele ano, Kazuhiko Yamashita, de 16 anos, estava procurando escapar do sol em uma manhã quente de julho em Osaka, Japão. Ele e seu irmão mais velho, Masahito, viajaram por horas para participar da Expo ’70, uma feira mundial com centenas de exposições e pavilhões inspiradores de nações e organizações do mundo inteiro. O tema da exposição era “Progresso e Harmonia para a Humanidade” e, para onde quer que os visitantes olhassem, podiam ver evidências da impressionante recuperação do Japão após a devastação da Segunda Guerra Mundial.

Kazuhiko e Masahito já haviam visitado algumas exposições juntos. No pavilhão dos Estados Unidos, eles viram uma das exposições mais populares da exposição: uma pedra da lua trazida do histórico pouso lunar do ano anterior.

Mas hoje os irmãos haviam se separado, enquanto Masahito procurava por exposições de engenharia, Kazuhiko vagava pela exposição com sua câmera. Kazuhiko queria entrar no pavilhão do Japão para ver que tipo de exposições seu próprio país estava exibindo ao mundo. Mas, quando chegou ao pavilhão, a fila se estendia muito além da entrada. Um membro da equipe lhe disse que a espera era de pelo menos duas horas.

Em vez de ficar tanto tempo sob o sol quente, Kazuhiko seguiu em frente, caminhando por cinco ou dez minutos antes de ver um pavilhão que parecia um belo edifício branco. Tinha dois níveis e uma torre alta com uma estátua dourada de um homem tocando uma longa trombeta. Kazuhiko não sabia o que era o pavilhão, mas não tinha fila, então, não teria que esperar para entrar.

Passando por um jardim no estilo japonês, ele entrou em um saguão onde um guia o uniu a outros convidados para um tour. Kazuhiko logo descobriu que o pavilhão fornecia informações sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e seus membros. A Igreja havia participado de exposições populares em outras exposições mundiais, mas essa era a primeira vez que trazia um pavilhão para um país onde o cristianismo não era a principal religião. O piso térreo do edifício tinha uma réplica de mármore de três metros e meio do Christus, uma estátua do escultor dinamarquês Bertel Thorvaldsen. Também havia uma exposição fotográfica mostrando as atividades diárias dos membros da Igreja em todo o Japão.

A família de Kazuhiko era budista e ele não sabia nada sobre Jesus Cristo ou um Pai Celestial. Mas, depois que ele e os outros convidados foram para o segundo andar do pavilhão, eles entraram em uma série de salas que os ensinavam sobre o ministério do Salvador e Seu papel na Criação do mundo. Eles aprenderam sobre o plano de felicidade de Deus e a Restauração do evangelho de Cristo por meio de um menino profeta chamado Joseph Smith.

O tour terminou em um pequeno auditório, com uma versão japonesa de O Homem em Busca da Felicidade, o curta-metragem que a Igreja estreou na Feira Mundial de Nova York em 1964. A pedido dos líderes da missão local, Ed e Chieko Okazaki, o filme japonês foi filmado localmente com atores japoneses populares, alguns dos quais Kazuhiko reconheceu. Mas as questões levantadas no filme — de onde ele veio? Por que estava aqui? Para onde iria depois desta vida? — tudo era novo para ele. Ele nunca havia pensado nessas coisas. E não tinha certeza se acreditava nas respostas que o pavilhão lhe dera.

Ao sair do auditório, Kazuhiko viu um homem parado no corredor.

“Você acredita nisso?”, Kazuhiko perguntou, referindo-se ao filme.

“Sim, acredito”, disse o homem sem hesitar.

“Tem certeza?”

“Tenho.”

Kazuhiko deixou o pavilhão e continuou explorando a exposição, mas não foi muito longe quando percebeu que havia esquecido sua câmera. Ele correu de volta para a exposição, onde um membro da equipe encontrou a câmera perdida.

Como demonstração de gratidão, Kazuhiko comprou uma cópia japonesa do Livro de Mórmon e deixou seu nome e endereço com o membro da equipe, embora não estivesse especialmente interessado em saber mais sobre a Igreja.

Três meses depois, dois missionários apareceram em sua casa, nos arredores de Tóquio. Ele não esperava que eles realmente fossem visitá-lo, mas estava feliz em vê-los — e disposto a ouvir o que tinham a dizer.


Em setembro de 1970, a presidente geral da Sociedade de Socorro, Belle Spafford, estava no Tabernáculo de Salt Lake diante de milhares de mulheres santos dos últimos dias na conferência anual da Sociedade de Socorro. O evento geralmente era um momento de alegria, pois mulheres do mundo todo se reuniam para compartilhar experiências e receber instruções de seus líderes. Essa conferência, no entanto, foi mais sóbria do que as outras.

“Estamos vivendo uma época marcada por muitas crises”, disse a presidente Spafford. Nos Estados Unidos, imagens de guerra e tumulto civil passavam pela tela da televisão todos os dias. Os conflitos raciais eram contínuos e o assassinato de políticos importantes e líderes de direitos civis chocavam a nação. Os jovens continuavam a protestar contra a Guerra do Vietnã. A paz e a tranquilidade pareciam algo efêmero.

A própria Sociedade de Socorro estava em um momento de transição à medida que a organização se adaptava à correlação da Igreja. No passado, as irmãs da Sociedade de Socorro arrecadavam fundos e criavam orçamentos que eram então aprovados pelos líderes do sacerdócio. Recentemente, porém, a Primeira Presidência anunciara que a Sociedade de Socorro seria financiada pelo orçamento das alas ou ramos.

Sob o novo sistema, os líderes locais do sacerdócio atribuíam um valor definido para cada organização gastar durante o ano. Cada Sociedade de Socorro poderia continuar a controlar como gastaria o dinheiro sem o ônus adicional de arrecadar fundos para sua organização. Mas, como as Sociedades de Socorro agora estavam restritas a um orçamento limitado, elas perderam parte da independência financeira de que haviam desfrutado ao longo dos anos. Eventos de arrecadação de fundos consagrados pelo tempo, como os bazares da Sociedade de Socorro, nos quais as mulheres exibiam e vendiam seus artesanatos, também haviam chegado ao fim.

Outras mudanças afetaram o que estava sob a responsabilidade dessa organização. Como parte de seu trabalho nos serviços sociais, a Sociedade de Socorro era responsável pelo Programa de Integração para Alunos Indígenas, pelos serviços de adoção e acolhimento da Igreja e por um programa de reabilitação para jovens que enfrentavam problemas. Mas esses programas estavam em grande parte confinados ao oeste dos Estados Unidos, e o desejo de estender os serviços sociais aos membros da Igreja em todo o mundo, sob uma única organização correlacionada, levou a uma reestruturação.

Em 1969, os líderes da Igreja criaram os Serviços Sociais Unificados, que reuniam todas essas iniciativas sob a liderança dos líderes do sacerdócio. A presidente Spafford continuava como consultora, mas deixou de liderar os programas.

À medida que a Sociedade de Socorro se adaptava às mudanças, a presidente Spafford e suas conselheiras foram sinceras sobre os possíveis problemas que viam. Quando souberam que o Comitê de Correlação de Adultos tinha a tarefa de escrever as lições da Sociedade de Socorro, a presidência se manifestou. No final, a Sociedade de Socorro escreveu suas próprias lições com a contribuição e as revisões do comitê.

A presidente Spafford reconhecia a necessidade de a Sociedade de Socorro se adaptar à medida que o evangelho restaurado se espalhava pelo mundo. A revista da Igreja para leitores internacionais estava agora sendo traduzida para 17 idiomas. No entanto, a Relief Society Magazine era publicada apenas em inglês e espanhol.

Para ajudar a alcançar o maior número possível de leitores com mensagens correlacionadas, os líderes haviam proposto recentemente mudanças nas publicações da Igreja. Em junho de 1970, eles anunciaram que a maioria das revistas da época, incluindo a Instructor, a Improvement Era e a Relief Society Magazine seriam descontinuadas. As antigas revistas das missões em inglês, como a Millennial Star, no Reino Unido, e a Cumorah’s Southern Messenger, na África do Sul, também não seriam mais publicadas. Em seu lugar, a Igreja publicaria três novas revistas, cada qual voltada para uma faixa etária específica: Ensign, para os adultos, New Era, para os jovens e Friend, para as crianças.

Diante de sua audiência no Tabernáculo, a presidente Spafford sabia que muitas mulheres estavam sentindo dificuldades com as mudanças recentes, assim como ela. Sua presidência havia recebido cartas de mulheres que estavam tristes com as notícias sobre o fim da revista. E a presidente Spafford entendia a tristeza delas. Quando a ideia havia sido proposta pela primeira vez, ela se opôs, sentindo que a revista servia a um propósito importante na Igreja e na vida das irmãs. O que ela poderia dizer agora para trazer cura e consolo?

Como base para o tema de sua mensagem, ela escolheu uma passagem do Livro de Mórmon: “Vivemos segundo o padrão da felicidade”. Quando se deparou com tempos difíceis, o povo de Néfi não reduziu seus esforços. Eles guardaram os mandamentos de Deus da melhor maneira que puderam. E eram industriosos, criando rebanhos e manadas, semeando e colhendo safras.

O mesmo poderia acontecer com a Sociedade de Socorro. As mudanças na organização não alteravam as coisas que levavam à felicidade: retidão, serviço compassivo, expressão criativa e engajamento na comunidade.

“A Sociedade de Socorro oferece oportunidades ilimitadas”, testificou a presidente Spafford, “para nutrir os elementos essenciais de uma vida feliz”.


Em fevereiro de 1971, seis anos após sua conversão, Darius Gray estava morando em Salt Lake City. Como membro da Igreja, ele desfrutava da comunhão de muitos santos que haviam feito amizade com ele e o ajudaram a se adaptar à sua nova fé. Ele também conheceu alguns membros da Igreja que o maltrataram porque era negro. Mas ele se agarrou às palavras poderosas que ouvira na noite anterior ao seu batismo: “Este é o evangelho restaurado, e você deve se batizar”.

Darius trabalhava como repórter para a KSL-TV, uma estação de notícias local. Antes de conseguir o emprego, ele nunca havia considerado seguir uma carreira na área de jornalismo. Então, ele conheceu Arch Madsen, o presidente da empresa de comunicações de propriedade da Igreja que supervisionava a KSL. Por achar Arch amigável e direto, Darius aceitara o emprego. Parecia que Deus estava traçando um caminho para ele.

Depois que Darius foi contratado, ele se formou em jornalismo na Universidade de Utah. Também participava ativamente em sua ala em Salt Lake City e lá serviu como superintendente da Escola Dominical. Por meio de Arch, ele conheceu Monroe Fleming, um santo dos últimos dias negro que trabalhava no Hotel Utah. A esposa de Monroe, Frances, era da quarta geração de membros de sua família e bisneta de Jane Manning James. O casal Fleming o convidou para jantar; eles conversaram abertamente sobre suas experiências na Igreja e o apresentaram a outros membros negros da comunidade de santos dos últimos dias em Salt Lake City.

Entre as pessoas que Darius conheceu estava Lucile Bankhead, a amada matriarca da comunidade. Assim como Frances Fleming, ela era descendente de pioneiros negros santos dos últimos dias e havia crescido na Igreja. Ele também conheceu Eugene Orr, que se unira à Igreja em 1968 e se casara com uma mulher que conheceu em Utah, Leitha Derricott. Eugene e Leitha organizavam piqueniques de verão para ajudar a integrar seus amigos negros na região.

Darius ficou particularmente impressionado com Ruffin Bridgeforth, um homem negro que havia se mudado para Utah em 1944 como funcionário das forças armadas dos Estados Unidos. Ruffin e sua esposa, Helena, se filiaram à Igreja em 1953 e criaram seus filhos com base na fé. Darius admirava a firmeza, a sabedoria silenciosa e os modos gentis de Ruffin. Ao longo dos anos, Ruffin se tornara amigo próximo do élder Thomas S. Monson e de outros líderes da Igreja. Ele frequentemente discursava nas alas, estacas e missões sobre os membros negros da Igreja.

Um dia, Darius recebeu um telefonema de Heber Wolsey, chefe de relações públicas da BYU. Ele conhecia o trabalho de Darius na KSL e ocasionalmente buscava sua ajuda quando a BYU enfrentava uma controvérsia relacionada a assuntos raciais.

Naqueles tempos, a universidade estava sob intenso escrutínio público a respeito da restrição do sacerdócio da Igreja e, às vezes, ativistas políticos realizavam manifestações e boicotavam os eventos esportivos da BYU. A controvérsia havia aumentado em outubro de 1969, quando 14 jogadores de futebol negros da Universidade de Wyoming pediram para usar braçadeiras pretas durante o jogo seguinte contra a BYU. Seu técnico os expulsou da equipe, chamando a atenção da mídia e provocando protestos.

Agora, os ativistas de Wyoming estavam convocando outro protesto, desta vez em um jogo de basquete contra a BYU. Quando Ernest L. Wilkinson, então presidente da BYU, soube do plano, emitiu uma declaração por escrito em defesa da universidade e pediu que Heber falasse com os organizadores. Mas os ativistas queriam conhecer um membro negro da Igreja, então, Heber estava ligando para perguntar se Darius poderia pegar um avião para Wyoming.

“Quando devo ir?”, Darius perguntou.

“Ah”, disse Heber, “nos próximos 30 minutos”.

Darius correu para o aeroporto e pegou o voo. Quando chegou à universidade, Heber o levou para um auditório lotado. Eles se sentaram à frente, diante dos principais ativistas. Darius manteve um sorriso amigável, mas, ao responder às perguntas, percebeu que alguns deles estavam infelizes por ele estar defendendo a Igreja. Ainda assim, ele se manteve fiel a si mesmo e a suas crenças.

Durante uma reunião naquele fim de semana, alguém acusou Darius de desonrar sua raça ao se filiar à Igreja. Darius respondeu: “Eu nasci negro. Sou negro agora. Morrerei negro. Tenho orgulho de minha herança negra e lutarei por causas negras com toda a minha força”.

Então, ele fez uma pausa. “Também sou mórmon”, acrescentou ele, orgulhoso. “A Igreja mórmon tem respostas para mim que não encontrei em nenhum outro lugar. Não há conflito entre a cor de minha pele e minha religião.”

Apesar dos esforços de Darius e Heber, os alunos do Wyoming realizaram um protesto antes e durante o jogo. Enquanto Darius os observava, ele simpatizou com o desejo deles de igualdade racial, mas não achava que eles entendiam completamente a Igreja ou seus ensinamentos.

“Se eles estivessem dispostos a protestar universalmente contra o preconceito e a desigualdade, onde quer que fosse, mas não contra os princípios da fé mórmon”, refletiu ele mais tarde, “eu estaria disposto a me unir a eles”.


Em 19 de janeiro de 1971, Anthony Obinna, um professor nigeriano de 42 anos de idade, pegou uma caneta e uma folha de papel azul para escrever uma carta ao presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. “Li vários livros em busca de salvação”, escreveu ele, “e finalmente encontrei a resposta”.

Nos últimos anos, Anthony, sua esposa, Fidelia, e seus filhos haviam permanecido em grande parte confinados em casa, cercados pela guerra civil nigeriana. Um dia, ao passar por longas horas de incerteza, Anthony abriu uma revista antiga e viu algo que não esperava: uma foto de um edifício alto e imponente de pedra com várias torres grandes.

Ele já tinha visto aquele edifício em um sonho que tivera antes do início da guerra civil. No sonho, o Salvador o havia guiado até o magnífico edifício. Estava repleto de pessoas, todas vestidas de branco.

“O que é isso?”, Anthony perguntou.

“São pessoas que frequentam o templo”, respondeu o Salvador.

“O que elas estão fazendo?”

“Estão orando. Elas sempre oram aqui.”

Quando acordou, Anthony ansiava por saber mais sobre as coisas que vira. Ele contou sobre seu sonho a Fidelia e seus amigos, perguntando o que eles achavam que poderia significar. Ninguém conseguiu ajudá-lo. Ele finalmente pediu orientação a um reverendo. O reverendo também não conseguiu interpretar o sonho, mas disse a Anthony que, se o sonho fosse de Deus, suas perguntas um dia seriam respondidas.

Assim que Anthony viu a imagem na revista, soube que havia encontrado sua resposta. Na parte superior da imagem, havia uma legenda identificando o edifício como o templo em Salt Lake City.

“Os mórmons — oficialmente os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — são diferentes”, dizia o artigo, que contava a história da Igreja e explicava algumas de suas doutrinas básicas. “É um modo pleno de vida”, o artigo continuava. “A centelha religiosa que acende essa comunidade repleta de esforços é a crença de que todos na Terra são filhos ou filhas espirituais de Deus.”

O artigo acelerou a mente de Anthony. Ele morava perto de seus irmãos, então imediatamente os reuniu e contou a eles sobre a foto e seu sonho.

“Você tem certeza sobre esse edifício?”, perguntou seu irmão Francis.

Anthony respondeu que sim.

Infelizmente, ele não conseguiu escrever para a sede da Igreja naquela época por causa de um bloqueio relacionado à guerra. Ele também não conhecia as congregações não oficiais de santos dos últimos dias da Nigéria. Muitas delas se dissolveram durante a guerra, fazendo com que os membros perdessem o contato uns com os outros e com a Igreja. Alguns fiéis, como Honesty John Ekong, nunca mais foram vistos. Mas agora que a guerra havia acabado, nada impedia Anthony de entrar em contato com a Igreja.

Ao continuar sua carta ao presidente da Igreja, Anthony expressou seu desejo de ter um ramo da Igreja em sua cidade. “O mormonismo é realmente único entre as religiões”, ele escreveu.

Poucas semanas depois, recebeu uma carta. “No momento, não temos representantes oficiais de Salt Lake City em seu país”, dizia o texto. “Se desejar, ficarei feliz em me corresponder com você a respeito dos ensinamentos religiosos de Jesus Cristo.”

A carta era assinada por LaMar Williams, do Departamento Missionário.

Capítulo 13

Um conhecimento eterno

Billy Johnson pregando com seu filho pequeno sentado em seus ombros

No início de maio de 1971, Darius Gray entrou na Biblioteca Marriott, na Universidade de Utah. Seu amigo Eugene Orr, que trabalhava no centro de cópias da biblioteca, havia convidado a ele e Ruffin Bridgeforth para encontrá-lo lá. Havia algum tempo, eles queriam conversar sobre os desafios dos santos dos últimos dias negros. Cada um deles estava jejuando e orando para saber o que fazer.

Quando Darius se encontrou com seus amigos, eles foram para uma sala de estudos vazia e começaram a conversar. Muitas de suas preocupações diziam respeito à restrição da Igreja, relacionada ao sacerdócio e ao templo. Por que alguns homens negros portaram o sacerdócio nos primórdios da Igreja? E quando os homens negros poderiam portar o sacerdócio novamente?

Enquanto debatiam sobre essas questões, mais perguntas surgiram. Eles sabiam que era difícil para os santos negros entender a restrição e permanecer ativos na Igreja. O que poderia ser feito para ajudá-los a participar de suas reuniões com mais frequência? A Igreja poderia organizar um ramo especificamente para seus membros negros?

E quanto à geração mais jovem de santos negros? Como pais, tanto Ruffin quanto Eugene queriam muito saber como responder às perguntas de seus filhos a respeito da restrição.

Depois de escrever suas perguntas, os amigos se ajoelharam e Ruffin fez uma oração, implorando pela orientação do Senhor. Quando terminaram, tiveram a poderosa impressão de levar suas perguntas pessoalmente ao presidente Joseph Fielding Smith e a outros líderes seniores da Igreja. Mas como poderiam marcar tal reunião?

Sabendo que Eugene era persuasivo e cheio de energia, Darius e Ruffin disseram a ele: “Por que você não entra em contato com eles?” Se havia alguém que poderia falar pelo grupo, essa pessoa era Eugene.

Alguns dias depois, Eugene se reuniu com Arthur Haycock, o secretário pessoal do presidente Smith, no edifício administrativo da Igreja. “Quaisquer que sejam as preocupações que você tenha”, Arthur disse a Eugene, “posso resolvê-las para você”.

“Está bem”, disse Eugene. “Minha maior preocupação agora é que gostaríamos de ver o profeta.” Ele mostrou a Arthur as perguntas que havia elaborado com Darius e Ruffin. “Os negros querem manter a cabeça erguida e ser importantes e ativos na Igreja”, disse ele. “Eles não querem apenas se sentar na fileira de trás.”

Arthur leu as perguntas e concordou que a lista era válida. Ele disse: “Vou levar isso aos irmãos e ver o que eles decidem”.

Eugene não recebeu confirmação da sede da Igreja depois disso, então, três semanas depois, ele retornou ao edifício administrativo da Igreja. Desta vez, Arthur disse a ele que o presidente Smith havia nomeado os apóstolos Gordon B. Hinckley, Thomas S. Monson e Boyd K. Packer para falar com eles. Uma reunião foi marcada para o dia 9 de junho.

Quando esse dia chegou, Darius, Eugene e Ruffin se reuniram com os três apóstolos no escritório do élder Hinckley. Os líderes da Igreja conheciam Ruffin há vários anos e conheciam Darius por seu trabalho na KSL. Nenhum dos apóstolos conhecia Eugene pessoalmente.

“Estamos muito preocupados com o problema em que nós, nossa família e nosso povo nos encontramos”, disseram Darius e seus amigos aos apóstolos. Ruffin contou que seus filhos tinham perdido o interesse pela Igreja depois que cresceram e não puderam portar o Sacerdócio Aarônico. Era doloroso para ele que seus filhos não frequentassem mais a Igreja.

Ao longo da reunião, Eugene fez a maioria das perguntas:

“O que devemos dizer aos nossos filhos quando perguntarem se vamos batizá-los, quando outras crianças na Primária dizem que o pai delas vai batizá-las?”

“Podemos participar da reunião do sacerdócio?”

“A obra missionária pode ser feita entre nosso povo?”

O élder Hinckley, o élder Monson e o élder Packer ouviram com empatia e concordaram em se reunir novamente com Ruffin, Darius e Eugene para conversar sobre essas e outras dúvidas. Ao final da reunião, eles reconheceram que a Igreja precisava fazer mais por seus membros negros.

“Temos fé e temos um testemunho”, disseram os três amigos aos apóstolos. “Queremos que as bênçãos do evangelho sejam estendidas de maneira mais ativa ao nosso povo, independentemente do sacerdócio.”


Enquanto isso, em Tóquio, no Japão, Kazuhiko Yamashita participava de jogos de basquete todos os fins de semana — e tinha pouco tempo para estudar com os missionários santos dos últimos dias. Os élderes começaram a visitá-lo pouco depois da feira mundial, e ele gostava de se reunir com eles. Eram americanos, e ele gostava de conversar com estrangeiros. Mas muitas vezes marcava reuniões com eles e acabava cancelando.

A religião simplesmente nunca tinha sido uma prioridade em sua vida. Sua mãe budista reverenciava seus antepassados ao visitar o túmulo deles, mas a família não orava, não meditava nem estudava os ensinamentos de sua religião. O budismo era uma tradição que Kazuhiko herdara, mas não era algo que influenciava muito seu modo de vida.

Os missionários, por outro lado, representavam uma Igreja que se reunia várias vezes por semana e incentivava seus membros a estudar as escrituras e guardar os mandamentos. Tornar-se um santo dos últimos dias não era apenas um importante compromisso de tempo, era uma grande mudança de vida.

No entanto, Kazuhiko ficou impressionado com a mensagem dos missionários. Quando soube da Primeira Visão de Joseph Smith, ficou surpreso. Ele não tinha dúvidas sobre isso. Acreditou imediatamente. Se ao menos tivesse mais tempo para a Igreja, talvez levasse a mensagem mais a sério.

Certo dia, Kazuhiko foi ao apartamento dos missionários e pediu desculpas por ter sido negligente com seus compromissos. “Irmão Yamashita, sinto muito”, disse um deles. “Vou voltar para casa.” Sua missão estava chegando ao fim.

A notícia deixou Kazuhiko surpreso e entristecido. Ele resolveu não desperdiçar mais o tempo dos élderes. “Vou estudar mais”, disse a si mesmo. “Vou ler o Livro de Mórmon.”

Ele começou a se reunir regularmente com os missionários, ir à igreja e a aprender mais sobre o evangelho restaurado. Ele gostava de participar das atividades da AMM nas noites de quinta-feira e fez amizade com os santos locais.

Era uma época emocionante para a Igreja no Japão. Nos 25 anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial, o número de membros no Japão havia crescido de algumas centenas para mais de 12 mil. Como o Brasil e outros países onde a Igreja estava crescendo rapidamente, o Japão tinha seu próprio escritório de tradução e distribuição da Igreja. As autoridades gerais visitavam o país regularmente, enquanto o ministério diário da Igreja era supervisionado pelos líderes locais. Naquela época havia quatro missões no Japão e uma estaca em Tóquio. Logo a Igreja também abriria um instituto de religião para estudantes universitários e matricularia santos mais jovens no programa do seminário de estudo no lar.

Muitas pessoas no Japão ainda não estavam familiarizadas com os santos dos últimos dias, mas o pavilhão da Igreja na Expo ’70 fez com que ela ganhasse mais reconhecimento no país. A exposição havia atraído dezenas de milhares de visitantes todos os dias, superando em muito a participação no pavilhão da Igreja na Feira Mundial de Nova York cinco anos antes. No final da exposição, mais de 650 mil pessoas haviam preenchido cartões de comentários no pavilhão, muitas solicitando a visita dos missionários. E cerca de 50 mil exemplares do Livro de Mórmon foram vendidos.

À medida que Kazuhiko estudava com os missionários, ele não entendia muito o que ensinavam. Mas a vida e o bom exemplo deles eram como uma mensagem de Deus, e ele desejava ser mais parecido com eles. Ao fazer sua primeira oração pessoal, seguindo as instruções fornecidas pelos missionários, ele se sentiu envolvido pela presença do Senhor. Quando os missionários o convidaram para ser batizado, ele aceitou.

Sua data de batismo era 17 de julho de 1971. O ramo não tinha uma fonte batismal, então os missionários improvisaram uma na cozinha da capela, com um pouco de madeira e uma grande placa de vinil. A fonte não era muito funda, mas havia água suficiente para imergi-lo.

Depois, enquanto um dos élderes confirmava uma mulher que também havia sido batizada naquele dia, ele parou no meio da bênção, com a voz embargada de emoção. Kazuhiko abriu os olhos para ver qual era o problema e viu lágrimas escorrendo pelo rosto do missionário.

Naquele momento, ele pôde sentir o amor do missionário — e o amor de Deus — por todos na sala.


Depois de se tornar presidente em exercício do Quórum dos Doze Apóstolos, Spencer W. Kimball estava mais ocupado do que nunca. Com frequência ele trabalhava desde o início da manhã até as 22h30 ou 23h e, às vezes, acordava no meio da noite para trabalhar. Ele procurou fazer pequenas mudanças em seus hábitos para tornar seus dias menos agitados, mas não sabia como fazer isso.

Em pouco tempo, começou a sentir dores agudas no lado esquerdo da garganta. No começo, a dor aparecia e sumia, mas, por fim, o pescoço e a garganta começaram a doer constantemente. Ele sentia dores frequentes no peito e até mesmo um leve esforço físico o deixava exausto. Fazer exercícios não melhorava sua saúde. Sua esposa, Camilla, percebeu que ele começou a ter dificuldades para respirar.

Em setembro de 1971, ele conversou em particular sobre seus sintomas com o Dr. Russell M. Nelson, recém-chamado superintendente geral da Escola Dominical e renomado cirurgião cardíaco. O Dr. Nelson ouviu atentamente e sugeriu que o élder Kimball consultasse um especialista imediatamente.

Não muito tempo depois, o élder Kimball consultou o Dr. Ernest Wilkinson, um especialista em cardiologia e filho do ex-presidente da Universidade Brigham Young. O Dr. Wilkinson analisou os relatórios do exame médico anterior do élder Kimball e realizou mais testes. Enquanto o médico estudava os resultados, o apóstolo percebeu sua preocupação. “Seja franco”, disse ele.

“Estenose aórtica”, replicou o Dr. Wilkinson. Ele explicou que a válvula da aorta do élder Kimball, que permitia que o sangue saísse do coração, havia se endurecido e estreitado. Seu coração estava se desgastando enquanto se esforçava para bombear sangue através da válvula doente.

O élder Kimball perguntou quanto tempo de vida ele teria. O médico disse que ele talvez tivesse mais um ou dois anos, mas também era possível que viesse a óbito sem aviso prévio a qualquer momento. Uma cirurgia poderia prolongar sua vida, mas, na idade do élder Kimball, ele teria apenas 50 por cento de chance de sobreviver.

A notícia foi devastadora. O élder Kimball sempre pensara na morte como algo vago e distante. Naquele momento, parecia que o fim do mundo — ou o começo do fim — havia chegado.

No dia seguinte, o élder Kimball caminhou até o Templo de Salt Lake para uma reunião com a Primeira Presidência e seus companheiros apóstolos. Ao longo da reunião, ele orou pedindo forças para servir bem, apesar da iminente possibilidade de morte.

Quando a reunião terminou e os homens começaram a deixar o templo, o élder Kimball notou que eles andavam em grupos de dois ou três; logo, um pensamento sombrio veio à sua mente — talvez esses mesmos homens em breve estariam andando em pares ou trios carregando seu caixão.

O élder Kimball sabia que o Senhor poderia curá-lo. “Mas por que Ele faria isso”, o apóstolo se perguntou, “quando Ele poderia chamar outros homens mais qualificados para servir no Quórum dos Doze?”

Ele pensou: “Minha partida causaria tanta agitação quanto soprar uma vela entre muitas outras”.


Um dia, por volta dessa época, Ruffin Bridgeforth, Darius Gray e Eugene Orr foram convidados para comparecer ao escritório de Gordon B. Hinckley.

Desde junho, os três homens haviam passado a se reunir com o élder Hinckley, o élder Monson e o élder Packer quase que semanalmente. Perguntas difíceis sobre o sacerdócio e a restrição do templo geralmente dominavam suas conversas, mas Ruffin sempre trazia um espírito de paz para a sala.

Na verdade, quanto mais os homens se aconselhavam mutuamente, mais eles aprendiam a amar e a respeitar uns aos outros. Darius ficou impressionado com o fato de o presidente Smith ter considerado suas preocupações importantes o suficiente para envolver três apóstolos. À medida que continuavam a se reunir, o Senhor estava com eles, e muitas vezes esses homens choraram juntos.

Um dia, o élder Hinckley começou a reunião com uma boa notícia. “Após oração e ponderação”, disse ele, “o presidente Smith e os irmãos do Quórum dos Doze sentiram que deveriam estabelecer um grupo de apoio para os membros negros da Igreja.”

Os líderes da Igreja falavam em organizar esse grupo desde que Darius, Eugene e Ruffin propuseram pela primeira vez, em sua lista de perguntas para o profeta, a organização de um ramo para os santos negros. O élder Hinckley explicou que o grupo funcionaria como parte da estaca de Liberty, em Salt Lake City. Os membros do grupo continuariam a frequentar a reunião sacramental e a Escola Dominical em suas respectivas alas. Mas o grupo teria sua própria Sociedade de Socorro, AMM e Primária. O objetivo era fornecer uma comunidade e ajuda para os santos negros, especialmente os jovens que não conseguiam encontrar um lugar na Igreja.

Os apóstolos já haviam chamado Ruffin para servir como presidente do grupo, e Ruffin havia recomendado Darius como seu primeiro conselheiro e Eugene como segundo. O élder Hinckley fez os chamados e eles aceitaram.

Pouco tempo depois, em 19 de outubro de 1971, Darius se sentou ao púlpito de uma capela em Salt Lake City. Era uma noite de terça-feira, mas a capela estava repleta de pessoas vestidas com roupas de domingo. Alguns dos rostos que Darius viu eram negros, mas a maioria das pessoas era branca.

Todos se reuniram para testemunhar o início do que Darius, Ruffin e Eugene decidiram chamar de Grupo Gênesis, a primeira organização oficial da Igreja para os santos dos últimos dias negros. O élder Hinckley, que dirigia a reunião, apresentou o grupo e seu propósito. Então, Ruffin Bridgeforth, como presidente do grupo, pediu um voto de apoio a seus líderes, incluindo Lucile Bankhead como presidente da Sociedade de Socorro. Quando terminou, ele prestou seu testemunho.

“Gênesis, como sabem, significa começo”, disse ele. “Este é um começo.” Ele falou de seu amor pelo evangelho restaurado e de sua gratidão pelos líderes da Igreja e por todos na congregação. “O Senhor está do nosso lado. Teremos sucesso”, testemunhou ele. “Vou me esforçar mais do que nunca para que sejamos bem-sucedidos.”

Quando o presidente Bridgeforth se sentou, o élder Hinckley convidou Darius para prestar seu testemunho, pegando-o desprevenido. Darius se aproximou do púlpito e disse: “Eu não ia dizer nada esta noite. Parece presunçoso de minha parte.”

Olhando para a congregação, ele viu membros da família Felix, que o haviam apresentado ao evangelho sete anos antes. “Eles poderiam facilmente ter me deixado de lado, mas não o fizeram”, disse ele à congregação. “Era importante que eu tivesse a oportunidade de ouvir o evangelho. Eles foram persistentes em apresentá-lo a mim.”

Ele fez uma longa pausa e depois disse: “Muitas vezes vi alguns homens se levantarem na reunião sacramental ou na reunião de jejum e testemunho, portadores do sacerdócio, e os ouvi testificar que o evangelho é verdadeiro”.

Naquele momento, ele também queria prestar seu testemunho. “Sei que o evangelho é verdadeiro”, declarou ele. “E esse é um conhecimento eterno.”


Depois de se formar no Ensino Médio como a melhor aluna de sua turma na Benemérito, Isabel Santana retornou à sua cidade natal, Ciudad Obregón, no norte do México. Ela não tinha certeza do que queria fazer em seguida. Poderia retornar à Benemérito e se matricular na escola preparatória de três anos, que se destinava a preparar os alunos para a universidade. Mas ela estava pensando seriamente em ficar em casa e frequentar a escola preparatória pública local.

O pai de Isabel estava satisfeito em deixá-la tomar sua própria decisão a respeito da escola. Sua mãe, no entanto, não estava entusiasmada com a ideia da filha frequentar a escola em Obregón, preocupada que ela pudesse se envolver em algum movimento estudantil radical na área.

“Se ficar aqui”, pensava a mãe, “ela se tornará uma revolucionária como todos os outros”.

Ainda com dúvidas, Isabel pediu conselhos a Agrícol Lozano, seu professor de educação cívica e diretor da escola preparatória da Benemérito. Ele a incentivou a voltar e fazer o exame de admissão.

“Venha imediatamente”, disse-lhe Agrícol. “Você tem um lugar aqui.”

Isabel retornou à Cidade do México, passou no exame e foi aceita. Mas ela não tinha certeza se havia feito a escolha certa, especialmente depois que um teste de aptidão revelou que ela era adequada para o trabalho social — uma carreira que ela não tinha interesse em seguir.

“Estou indo embora”, anunciou a Efraín Villalobos, seu mentor de confiança. “Não quero fazer a escola preparatória.”

“Não, não, não”, disse Efraín. “Seu lugar é aqui.” Ele a incentivou a frequentar a escola de treinamento de professores de Benemérito. Em vez de preparar os alunos apenas para a universidade, a escola de três anos também era projetada para prepará-los para ensinar nas escolas administradas pela Igreja no México. Isso significava que Isabel teria imediatamente um emprego quando concluísse seu curso.

As palavras de Efraín a persuadiram e ela mudou de escola.

Ela rapidamente gostou dos cursos e de seus professores. Durante os primeiros anos, ela teve aulas de educação geral, bem como cursos sobre técnicas de ensino, psicologia educacional e história da educação. Sua formação foi em Educação Infantil e, durante seu último ano na escola de treinamento de professores, ela passou uma semana ensinando em uma escola primária administrada pela Igreja em Monterrey, uma cidade no nordeste do México. Isabel nunca tivera um forte instinto de cuidado com outros e se preocupou com sua falta de paciência para trabalhar com crianças, mas a semana transcorreu bem.

Enquanto estava na escola de treinamento de professores, Isabel se tornou uma boa amiga de Juan Machuca, um rapaz da costa oeste do México que recentemente havia servido na Missão Norte do México. Alguns de seus colegas de classe os provocavam dizendo que eram um casal. Isabel ria e respondia que Juan era o último homem com quem ela se casaria. “Ele é meu amigo”, insistia ela. “Não vou me casar com meu amigo.”

Após a formatura, no entanto, ambos foram contratados para ensinar no seminário e instituto da Benemérito. Eles compartilhavam uma mesma sala e, em pouco tempo, começaram a ir ao cinema e a passar mais tempo juntos. No início de 1972, enquanto Isabel e Juan conversavam na sala de estar dela, Juan de repente perguntou: “Você gostaria de se casar comigo?”

“Sim”, respondeu ela, sem nenhum traço de hesitação em sua voz.

Eles formalizaram seu casamento civil em maio, durante as férias de verão. Algumas semanas depois, viajaram 2.200 quilômetros com outros membros da Igreja para o templo em Mesa, Arizona, para receber as bênçãos do templo. A viagem de ônibus de três dias foi sufocante, pois eles estavam sentados em assentos feitos de plástico e sem ar condicionado.

Mas o desconforto valeu a pena. Mesa foi o primeiro templo a oferecer ordenanças em espanhol e, naquela época, era o templo mais próximo dos membros da Igreja no México e na América Central. Para esses santos, a jornada era longa e exigia que fizessem grandes sacrifícios. Eles frequentemente viajavam para participar de uma conferência anual de membros latino-americanos da Igreja, organizada pelas estacas em Mesa. Essas conferências duravam vários dias e abençoavam os participantes com um senso de pertencimento e comunidade espiritual.

Assim que Isabel e Juan chegaram ao templo, receberam sua investidura e foram selados para o tempo e a eternidade. Ao adorarem lá, sentiram que o templo enriqueceu sua perspectiva de vida e aprofundou seu compromisso com o evangelho de Jesus Cristo.


No início de 1972, as congregações de Billy Johnson em Cape Coast, Gana, e seus arredores, haviam crescido e reuniam centenas de fiéis. Entre os mais devotos estava a mãe de Billy, Matilda. Jacob e Lily Andoh-Kesson e seus filhos, que se juntaram ao grupo logo após a chegada de Billy em Cape Coast, também eram membros comprometidos e amigos.

À medida que as congregações cresciam, Billy encontrou um prédio antigo que já havia sido usado para armazenar grãos de cacau. Agora, o espaço estava cheio de bancos, algumas pequenas cadeiras e mesas, um púlpito e um longo banco encostado em uma parede. Algumas pessoas ao redor de Cape Coast zombaram de Billy e seus seguidores por se reunirem em um prédio decadente, chamando-os de “igreja do barracão de cacau”. Mas o crescente número de seguidores não se importava de se reunir lá, mesmo quando a chuva se infiltrava pelos buracos no telhado e todos tinham que se agrupar ou usar guarda-chuvas para se manterem secos.

Billy fez o possível para tornar o humilde edifício acolhedor e confortável. Ele pendurou uma placa entre as duas entradas de portas duplas, que dizia “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons)”. Um mural de Cristo na cruz adornava uma parede, enquanto um mural em outra parede mostrava o Salvador com os braços erguidos e as palavras “Vinde a Mim” acima de Sua cabeça. Gravuras de Joseph Smith, do Coro do Tabernáculo e de outras cenas da Igreja pontilhavam as paredes, pintadas de azul claro.

Lily Andoh-Kesson mantinha o prédio limpo. Ela chegava lá no início da manhã para prepará-lo para as reuniões. Ela disse a sua filha Charlotte que tinha visto anjos lá, e queria que os anjos tivessem um lugar limpo para ficar.

A congregação de Billy se reunia de manhã e à noite três vezes por semana para os cultos de adoração, que eram repletos de hinos, danças, palmas, orações, gritos de louvor e sermões. Às vezes, Billy pregava com seu filho pequeno, Brigham, sentado em seus ombros.

Quando pregava, Billy ensinava os princípios que havia aprendido ao ler os materiais da Igreja, como as treze Regras de Fé, e compartilhava histórias de pioneiros santos dos últimos dias. Mas, acima de tudo, ele amava ensinar sobre o Livro de Mórmon.

Billy acreditava que os missionários viriam algum dia da sede da Igreja, mas temia que seus seguidores ficassem desanimados com a espera. Algumas pessoas até deixaram o grupo depois que críticos da Igreja lhes disseram que os santos dos últimos dias não gostavam de negros e nunca enviariam missionários.

Ocasionalmente, a pregação determinada de Billy o colocava em problemas com as autoridades locais. Ele foi acusado de espalhar falsidades porque testificou que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias era a única igreja verdadeira na Terra.

Certa vez, a polícia o prendeu, mas antes que pudessem levá-lo à delegacia, ele olhou em volta, na esperança de ver um rosto familiar — alguém que iria com ele e a polícia. A princípio, não viu ninguém. Mas então avistou um jovem espectador chamado James Ewudzie, um amigo da família.

James estava chorando quando se aproximou de Billy. Ele não era membro da congregação de Billy, mas colocou a mão em seu ombro e o chamou de “Sofo”, a palavra no idioma fante para sacerdote. “Não se preocupe”, disse ele a Billy. “Eu vou com você.”

Depois de ser levado à delegacia, Billy rapidamente envolveu James e a polícia em um debate religioso. Quatro dos policiais se sentiram inspirados com sua mensagem e acreditaram em suas palavras. O chefe da polícia também ficou amigo de Billy e, em pouco tempo, os policiais soltaram a ele e a James. Mais tarde, o chefe da polícia convidou Billy para ensinar as lições do evangelho aos policiais de Cape Coast todas as manhãs de sexta-feira.

Nesse meio tempo, James teve um sonho em que se encontrava com Billy na capela. No sonho, Billy pediu que ele se ajoelhasse e, em seguida, uma luz brilhou pelo telhado. James fechou os olhos, mas a luz ainda o iluminava. Em seguida, ouviu uma voz chamar seu nome lentamente.

“Quero trazer minha Igreja para Gana”, disse o Senhor. Ele pediu a James que se juntasse a Billy. “Se você o ajudar, eu o abençoarei e abençoarei Gana.”

James sabia que o que o Senhor havia lhe falado no sonho era verdade e obedeceu a Sua ordem.

Capítulo 14

Diferentes agora

dispositivo médico complexo sobre a mesa

Em fevereiro de 1972, o élder Spencer W. Kimball estava aflito. A radioterapia tinha removido o câncer da garganta, mas havia atingido sua voz já enfraquecida, e agora ele não conseguia falar mais alto do que um sussurro. Seu coração também enfraquecido continuava a ser uma fonte de ansiedade e fraqueza física. “Estou sendo definitivamente derrotado”, escreveu ele em seu diário.

Consciente da saúde em declínio do élder Kimball, a Primeira Presidência reduziu sua programação de viagens. Ele participou da dedicação dos templos de Ogden e Provo. Além disso, emitia os chamados dos futuros missionários e assessorava o recém-criado Departamento de História da Igreja e sua crescente equipe de profissionais. Ele estava grato por ainda ser capaz de servir ao Senhor dessa maneira, mas se preocupava cada vez mais em não ser um fardo para a Igreja.

Quando sua saúde teve uma piora, ele e Camilla se reuniram com os presidentes Harold B. Lee e N. Eldon Tanner. O Dr. Russell M. Nelson se juntou a eles para prestar seu conhecimento médico à conversa.

“Estou morrendo”, explicou o élder Kimball. “Posso sentir a vida deixando meu corpo. No ritmo atual de deterioração, acredito que tenho apenas mais dois meses de vida.”

Ele disse ao grupo que seria improvável se recuperar sem passar por uma cirurgia complexa. O Dr. Nelson, que estava familiarizado com o procedimento cirúrgico, explicou que seriam necessárias duas cirurgias distintas. Ele disse: “Primeiro, a válvula da aorta defeituosa teria que ser removida e substituída por uma prótese. Segundo, a artéria coronária descendente anterior esquerda teria que ser revascularizada com um enxerto do miocárdio”.

“Quais seriam os riscos desse procedimento?”, perguntou o presidente Lee.

Considerando a idade avançada do élder Kimball, o Dr. Nelson não sabia dizer. “Não temos experiência em fazer essas duas cirurgias em pacientes nessa faixa etária”, disse ele. “Tudo o que posso dizer é que isso implicaria um risco extremamente alto.”

“Estou velho e preparado para morrer”, disse o cansado élder Kimball. “O Senhor poderia me curar instantaneamente e pelo tempo que Ele me quisesse aqui. Mas por que Ele faria isso, sendo que estou velho e há outros que poderiam fazer ainda melhor o que estou fazendo?”

O presidente Lee se levantou. “Spencer”, disse ele, batendo a mão na mesa, “você foi chamado e não está morrendo. Faça tudo o que estiver a seu alcance para cuidar de sua saúde e continuar vivendo!”

“Tudo bem”, disse o élder Kimball, “então farei a cirurgia”.


Dois meses depois, do outro lado dos Estados Unidos, milhares de garotas recebiam aos gritos os irmãos Osmond — Alan, Wayne, Merrill, Jay e Donny — enquanto eles entravam no palco do coliseu em Hampton, Virgínia. Com idade entre 14 e 22 anos, os irmãos usavam macacões brancos com gola alta e strass cintilante. Quando eles começaram a cantar e dançar, as fãs continuaram gritando.

Nos bastidores, Olive Osmond achava bonitinho ver as meninas olhando fixamente para os filhos. Quando ela e o marido, George Osmond, se casaram no Templo de Salt Lake durante a Segunda Guerra Mundial, eles não imaginavam que os filhos se tornariam estrelas da música pop — e estariam entre alguns dos santos dos últimos dias mais famosos do mundo. Os dois filhos mais velhos, Virl e Tom, eram surdos, e um médico procurou convencer Olive e George a não ter mais filhos. Mas o casal teve outros sete, todos com audição perfeita.

Ainda muito jovens, Alan, Wayne, Merrill, Jay e Donny aprenderam a cantar em vozes e se tornaram artistas; eles se apresentavam regularmente em um programa de televisão transmitido nacionalmente. Quando ficaram mais velhos, porém, eles quiseram trocar o repertório de músicas ultrapassadas por outras mais modernas.

Muitos jovens gostavam da batida e das guitarras elétricas do rock. No entanto, alguns líderes da Igreja ficaram preocupados que isso fosse muito provocante. Olive e George tinham essas mesmas preocupações, mas eles e os filhos acreditavam que o rock também poderia promover a bondade. Olive achava que seus filhos poderiam ter uma influência positiva no mundo — bastava que sua música alcançasse o público certo.

“Vocês têm uma missão especial”, ela dizia aos meninos. “Deus lhes deu esse talento por um motivo.”

Em 1970, os irmãos gravaram uma música chamada “One Bad Apple”, com Merrill e Donny nos vocais. A gravação foi um sucesso, tornando os meninos em celebridades quase que da noite para o dia. Depois disso, Olive e George trabalharam arduamente para ajudar os filhos a guardar os mandamentos. Enquanto outras estrelas do rock bebiam e usavam drogas, os Osmonds obedeciam à Palavra de Sabedoria. Em vez de ir a festas loucas, os irmãos realizavam as noites no lar, frequentavam a Igreja e faziam devocionais durante as turnês.

Depois de se tornarem famosos, os irmãos se reuniram com o presidente Joseph Fielding Smith, que os lembrou do dever que tinham de compartilhar o evangelho sempre. Mais tarde, seu conselheiro, Harold B. Lee, lembrou-lhes de que o mundo os observava e poderia julgar a Igreja com base em suas ações. Ele os incentivou a evitar situações moralmente perigosas e a defender o que acreditavam.

“Sempre haverá duas escolhas”, ele lhes ensinou. “Escolham sempre a que os aproximará do reino celestial.” Então, ele citou as palavras do Salvador no Sermão da Montanha: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.

Em pouco tempo, muitas pessoas nos Estados Unidos passaram a associar a Igreja aos Osmonds. Ao falar com a imprensa, Olive quase sempre mencionava sua religião e sua influência no estilo de vida saudável e na música alegre da família. Em suas próprias interações com os repórteres, os meninos também falavam abertamente sobre sua fé, e os fãs frequentemente lhes enviavam mensagens com perguntas a respeito da Igreja. Como o crescimento da Igreja tinha sido especialmente rápido nos Estados Unidos, geralmente havia alas e ramos nas cidades onde os Osmonds se apresentavam, tornando fácil para que os fãs entrassem em contato com os missionários e conhecessem outros santos dos últimos dias.

Na verdade, naquela mesma época, o Church News tinha publicado trechos de cartas de pessoas que conheceram a Igreja por meio dos Osmonds. Um fã começou a pesquisar sobre os santos dos últimos dias depois de ver a felicidade e a proximidade da família Osmond. “Eu sabia que tinha algo a ver com sua religião”, escreviam eles.

Durante o show na Virgínia, o mais novo da família Osmond, Jimmy, de 8 anos, juntou-se aos irmãos no palco para cantar uma música. Olive permaneceu nos bastidores com a filha de 12 anos, Marie, respondendo a perguntas de um repórter local.

“Procuro manter um lar mesmo estando longe de casa”, explicou Olive. Ela sentia que a família estava mais próxima agora, estando juntos em turnê. Na verdade, os irmãos estavam elaborando um novo álbum ambicioso — algo mais profundo e pessoal do que tudo o que haviam feito até o momento.

“Eles estão fazendo o que Deus quer que façam”, disse ela. “Os jovens que eles atraem estão procurando alguma coisa.”


Um mês depois, na manhã do dia 12 de abril de 1972, o Dr. Russell M. Nelson se preparou para realizar uma cirurgia de peito aberto. Ele havia feito centenas de cirurgias na vida, mas nunca em um apóstolo do Senhor. E, embora tivesse orado antes do procedimento do élder Kimball e ponderado sobre a melhor maneira de realizar a cirurgia, não tinha certeza de que ele ou qualquer cirurgião pudesse ser bem-sucedido.

A seu próprio pedido, o Dr. Nelson havia recebido uma bênção do presidente Lee e do presidente Tanner no dia anterior. Colocando as mãos em sua cabeça, eles o abençoaram para que ele pudesse realizar a cirurgia sem erros. Disseram-lhe que não havia motivo para se sentir inadequado. O Senhor o havia escolhido para realizar aquela cirurgia.

O procedimento começou às 8 horas. Na sala de cirurgia, um anestesista sedou o élder Kimball, enquanto o assistente residente do Dr. Nelson aguardava de prontidão, com vários enfermeiros e outros membros da equipe cirúrgica. Uma máquina coração-pulmão estava próxima, pronta para oxigenar e bombear o sangue do élder Kimball.

Sob a orientação do Dr. Nelson, a equipe trabalhou habilmente para substituir a válvula danificada por uma prótese — uma pequena esfera plástica dentro de uma gaiola de metal. O dispositivo tinha cerca de metade da circunferência de seu polegar.

Depois de encaixar a válvula no lugar, o Dr. Nelson começou a suturar. Com uma sutura precisa após a outra, ele lentamente conectou o anel na base da válvula ao tecido circundante.

Em seguida, ele voltou sua atenção para contornar uma obstrução que bloqueava o fluxo sanguíneo até o coração. Ao localizar uma artéria sangrando no peito do élder Kimball, ele cortou sua extremidade inferior e colocou a artéria logo abaixo do vaso sanguíneo bloqueado. Mais uma vez, o médico costurou com suturas minúsculas e intrincadas até que a artéria saudável estivesse firmemente presa.

Conforme trabalhava, o Dr. Nelson ficou maravilhado com a fluidez da cirurgia. Ela demandava milhares de manobras complexas, cada qual exigindo uma técnica meticulosa. No entanto, nem um único erro ocorreu. Quando finalmente chegou a hora de desconectar o élder Kimball da máquina coração-pulmão, mais de quatro horas após o início da cirurgia, a equipe médica deu um choque elétrico em seu coração e ele imediatamente voltou à vida.

Após a cirurgia, o Dr. Nelson chamou o presidente Lee. A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze estavam reunidos no templo, jejuando e orando pelo élder Kimball. O Dr. Nelson descreveu o procedimento e disse ao presidente Lee que se sentiu como um arremessador de beisebol que acabara de fazer um lançamento perfeito. O Senhor tinha ampliado suas habilidades, permitindo que ele realizasse a operação exatamente como prometido na bênção do sacerdócio.

O presidente Lee ficou muito feliz. “O irmão Kimball está progredindo muito bem e não está usando a máquina do coração”, disse ele aos apóstolos. “O Senhor respondeu às nossas orações.”


Naquele mesmo mês, no Rio de Janeiro, Brasil, Helvécio Martins, de 41 anos, havia saído do trabalho e dirigia para casa quando um engarrafamento o forçou a parar. A fila de carros à sua frente parecia não ter fim, e não parecia que o trânsito fluiria tão cedo.

Helvécio tirou um momento para refletir sobre a insatisfação espiritual que vinha sentindo havia anos. Desde sua juventude, ele tinha se esforçado muito para sair da pobreza. Havia deixado a escola aos 11 anos e começara a trabalhar colhendo laranjas. Mais tarde, depois que sua família se mudou para o Rio, ele trabalhou como office boy. Seus empregadores confiavam nele e valorizavam sua diligência. Com o passar do tempo, ele conheceu Rudá Tourinho de Assis e eles se casaram. Ela o incentivou a frequentar a escola noturna.

Após anos de persistência, Helvécio obteve um diploma do Ensino Médio e se formou em contabilidade na universidade. Então, começou a trabalhar para uma empresa de petróleo e, com o tempo, tornou-se chefe de um departamento com mais de 200 funcionários.

Enquanto isso, ele e Rudá e seus dois filhos, Marcus e Marisa, desfrutavam de convites para eventos sociais com pessoas proeminentes. Era um estilo de vida muito melhor do que qualquer coisa que Helvécio poderia ter imaginado.

Mas, apesar de seu sucesso, Helvécio se sentia insatisfeito. Ele e Rudá procuraram várias religiões, participando de práticas espíritas e mais tarde, conheceram várias denominações cristãs. Não importava aonde fossem, sentiam que faltava algo.

Sentado em seu carro, no trânsito, a frustração de Helvécio cresceu. Ele abriu a porta do carro e saiu para a rua. “Meu Deus”, orou, “sei que estás aí em algum lugar, mas não sei onde. Será que conheces a confusão que minha família e eu sentimos? Será que estás vendo que procuramos por algo que nem sequer sabemos o que é? Poderia nos ajudar?”

Quando terminou de fazer seu apelo, o engarrafamento começou a se dissipar. Helvécio voltou ao carro e seguiu em frente, logo se esquecendo do que havia acontecido.

Duas semanas depois, a família Martins encontrou um cartão debaixo da porta. De um lado, havia uma foto do Salvador e, do outro, uma programação das reuniões de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

O cartão deixou Helvécio curioso, e ele o levou para o trabalho no dia seguinte.

“Chefe, não vá lá”, disse um dos seus funcionários. “Essa é uma igreja para norte-americanos. Se você não conhecer um membro, eu nem tentaria ir.”

Helvécio acreditou no funcionário e deixou de lado seu interesse pela Igreja. Mas, pouco tempo depois, dois missionários, Thomas McIntire e Steve Richards, apareceram à porta da família Martins. No momento em que entraram, Helvécio notou uma sensação de tranquilidade tomar conta da casa.

Os missionários se apresentaram. “Temos uma bênção para sua família, se quiserem”, disseram eles.

“Sim”, respondeu Helvécio. Mas primeiro ele queria fazer algumas perguntas.

Eles conversaram sobre algumas informações gerais sobre a Igreja e, em seguida, Helvécio levantou uma difícil questão — uma que ele considerava importante como descendente de escravos africanos. “Sendo que sua Igreja está sediada nos Estados Unidos”, disse ele, “como sua religião trata os negros? Eles têm permissão para entrar na Igreja?”

O élder McIntire parecia envergonhado. “O senhor realmente quer saber?”, perguntou ele.

“Sim”, respondeu Helvécio.

O élder McIntire explicou que os negros podiam ser batizados e participar como membros da Igreja, mas não tinham permissão para portar o sacerdócio nem frequentar o templo. Helvécio e Rudá aceitaram aquela resposta e fizeram mais perguntas a respeito do sacerdócio e do evangelho. Os missionários responderam todas as pergunta com calma e em detalhes.

Quando os missionários partiram, quatro horas e meia haviam se passado. Naquela noite, Helvécio e Rudá conversaram sobre o que os missionários lhes haviam ensinado. Eles ficaram impressionados com a lição dos missionários e sentiram que suas perguntas haviam sido totalmente respondidas.

Pouco tempo depois, a família Martins participou de sua primeira reunião sacramental. A reunião foi linda e a congregação os recebeu calorosamente. Não muito tempo depois, o presidente do ramo foi até a casa da família Martins e os apresentou a dois homens que seriam seus mestres familiares.

À medida que a família continuava a frequentar a igreja e a se reunir com os missionários, sua fé crescia. Certo dia, eles participaram de uma reunião especialmente poderosa no distrito do Rio de Janeiro e sabiam que precisavam se filiar à Igreja.

“Somos diferentes agora”, disse Marcus, de 13 anos, uma semana depois, enquanto a família voltava da Escola Dominical para casa. “O rosto de vocês brilha, e eu sei o que está causando isso — o evangelho de Jesus Cristo.”

Helvécio encostou o carro ao lado da calçada e todos se desfizeram em lágrimas. Quando a família Martins voltou à capela naquela noite para a reunião sacramental, eles disseram ao presidente do ramo que estavam prontos para ser batizados.


Certo dia, por volta dessa época, o empresário dos Osmonds, Ed Leffler, perguntou à família se eles queriam se apresentar na Inglaterra. A música dos irmãos “Down by the Lazy River” e a canção solo de Donny “Puppy Love” faziam sucesso nos Estados Unidos e no Canadá. Todos na América do Norte pareciam já conhecer os irmãos Osmond, e agora os adolescentes na Europa também os estavam descobrindo.

“Claro”, disse Olive, “mas com uma condição: que eu possa conhecer a rainha”.

Ela estava brincando, mas Ed levou seu comentário a sério. “Vou ver se isso pode ser providenciado”, disse ele.

Pouco tempo depois, Ed informou à família que havia acertado uma apresentação para a rainha Elizabeth II e seu marido, o príncipe Philip. E Olive realizaria seu desejo. Ela e George receberam um convite para se encontrarem com o casal real durante o intervalo do show.

Olive mal podia acreditar. Ela comprou um vestido de gala e luvas brancas para a ocasião. Comprou também um novo conjunto de escrituras e desafiou a si mesma a dá-lo de presente à rainha.

Os Osmonds chegaram a Londres em maio e passaram alguns dias ensaiando suas músicas. A apresentação ocorreu em 22 de maio de 1972 no London Palladium, um famoso teatro no West End da cidade. Foi um show de caridade televisionado com a apresentação de cantores, atores e comediantes do Reino Unido e dos Estados Unidos.

Olive e George se sentaram na plateia com Marie durante a primeira metade do show. No intervalo, Lew Grade, o homem que organizara o show, tocou George no braço. “Venha depressa”, disse ele.

Olive e George se levantaram e correram atrás de Lew. Antes de chegar ao final do corredor, no entanto, Olive percebeu que havia deixado seu presente para a rainha embaixo do assento. Por uma fração de segundo, ela pensou em deixar as escrituras lá. Mas ela passara grande parte da noite anterior marcando e anotando suas passagens favoritas para a rainha. Ela sabia que nunca mais teria aquela oportunidade. Virando-se, correu de volta para seu assento e pegou o livro.

Assim que Lew os conduziu à presença da rainha, Olive se aproximou do casal real, fez uma reverência, trocou algumas palavras com eles e seguiu em frente sem entregar o presente. Ela, então, olhou para trás e viu que George havia parado para falar com o príncipe Philip sobre seu interesse mútuo em caça e pesca.

Percebendo outro membro da família real próximo a ela, Olive se dirigiu a ele com sua cópia das obras-padrão. “Você se importaria de dar à rainha este pequeno presente depois que eu for embora?”, perguntou ela.

O homem olhou para Olive com um brilho no olhar. “Elizabeth!”, disse ele. “A sra. Osmond trouxe um presente para você.”

“Que adorável”, disse a rainha. “Venha aqui, por favor.”

Envergonhada, Olive obedeceu. “Eu queria trazer um presente para a senhora”, explicou ela, mal sabendo onde encontrara as palavras. “É difícil saber o que dar a uma rainha, então trouxe nosso bem mais valioso.”

“Você pode se desfazer disso?”, perguntou a rainha.

“Sim”, respondeu Olive, “tenho outro igual a este”.

A rainha olhou as escrituras. “Obrigada, sra. Osmond. Isto será de valor para mim”, disse ela. “Vou colocar sobre a minha lareira.”

Olive relaxou e conversou brevemente sobre sua família com a rainha. Eles então retornaram aos assentos para assistir ao show dos meninos.

Mais tarde, enquanto a família se preparava para voltar para casa, Ed Leffler aproximou-se de Olive. “O que você achou?”, ele perguntou.

“Foi um momento de grande emoção na minha vida”, disse Olive. “Pude até dar a ela um exemplar do Livro de Mórmon.”

“Você o quê?”, Disse Ed, visivelmente chateado. “Essa é a pior coisa que você poderia ter feito.” Ele explicou que, como chefe da Igreja da Inglaterra, a rainha não poderia aceitar os ensinamentos do Livro de Mórmon.

As palavras de Ed perturbaram Olive. Ela não pretendia magoar ninguém. Simplesmente acreditava que a rainha tinha o direito de ouvir o evangelho restaurado, tanto quanto qualquer outra pessoa. Ela realmente fizera algo errado?

Assim que a família embarcou no avião e todos estavam acomodados, Olive se sentou e começou a ler suas escrituras. As páginas se abriram e seus olhos pousaram em Doutrina e Convênios 1:23: “Para que a plenitude do meu evangelho seja proclamada pelos fracos e pelos simples aos confins da Terra e perante reis e governantes”.

As palavras confortaram Olive. Suas dúvidas desapareceram e ela sabia que havia feito a coisa certa.


Na noite de 15 de junho de 1972, Maeta Holiday, de 18 anos, sorria enquanto estava com mais de 500 alunos do Ensino Médio em um ginásio no sul da Califórnia. Em poucos minutos, ela e seus colegas receberiam o diploma do Ensino Médio e começariam a próxima etapa de sua vida. Eles usavam chapéus de formatura e togas que combinavam com a ocasião, as meninas em vermelho e os meninos em preto.

Para Maeta, a formatura significava que seu tempo no Programa de Integração para Alunos Indígenas estava chegando ao fim. Logo ela deixaria sua família adotiva para começar uma nova vida por conta própria. Como muitos graduandos do programa de integração, ela planejava frequentar a Universidade Brigham Young. Mais de 500 nativos americanos, sendo a maioria deles navajo como Maeta, frequentavam a BYU naquela época. A escola oferecia generosas bolsas de estudo a esses alunos, e os pais adotivos de Maeta, Venna e Spencer Black, a ajudaram a solicitar o auxílio.

Maeta sabia que a família Black continuaria a apoiá-la. Quando ela tinha ido morar com eles, havia quatro anos, eles imediatamente a trataram como filha. Eles lhe deram um lar estável e a ajudaram a sentir, pela primeira vez na vida, que fazia parte de uma família amorosa. E, embora tivesse se filiado à Igreja muito antes de ir morar com eles, ali ela aprendera como uma família centrada nos ensinamentos de Jesus Cristo poderia ser.

Nem todos os alunos do programa de integração tiveram experiências tão boas com a família adotiva. Alguns alunos não se sentiam bem-vindos em seu lar adotivo ou não se davam bem com os pais ou os irmãos adotivos. Outros resistiam aos esforços da família adotiva para apresentá-los à cultura não nativa. Por outro lado, alguns alunos encontraram maneiras de valorizar tanto sua herança cultural como a experiência no programa de integração. Eles retornavam às reservas, fortaleciam sua comunidade e viviam de modo gratificante como santos dos últimos dias.

De sua parte, Maeta ainda tinha medo das experiências difíceis que tivera quando criança. Ela não queria o tipo de vida que seus pais ou avós viviam. Venna, no entanto, incentivou-a a valorizar sua herança Navajo. “Você deveria se orgulhar de quem é”, Venna disse a ela certo dia. “Deus sabe que você é especial porque o Livro de Mórmon é sobre seu povo.” Como muitos santos na época, Venna entendia que as promessas do Livro de Mórmon se aplicavam aos nativos americanos. Quando ela olhou para Maeta, viu uma descendente de Leí e Saria, com direito às bênçãos do convênio.

“Quero isso para você, Maeta”, disse Venna. “Quero que você se case no templo um dia. Quero que continue indo à igreja e quero que saiba que você é uma pessoa especial e nós a amamos.”

Enquanto Maeta recebia seu diploma, ela ainda não entendia ou aceitava tudo o que Venna havia lhe ensinado. E, por mais que admirasse sua família adotiva, não sabia se conseguiria ter um casamento ou uma família bem-sucedidos. Depois de testemunhar o divórcio de seus pais e as dificuldades de sua mãe para cuidar de seus próprios filhos, ela não tinha interesse em se casar ou criar uma família.

Após a formatura, Maeta soube que sua candidatura na BYU havia sido aceita. Ao subir no ônibus para Provo, ela pensou em seu futuro — e em sua fé. Participar da Igreja e do seminário foi uma parte importante do Programa de Integração para Alunos Indígenas. Mas, será que ela queria que o evangelho restaurado fizesse parte de seu futuro?

“Bem, se vou para a BYU, imagino o que preciso fazer”, pensou ela. “Devo ou não frequentar a Igreja?”

Ela começou a pensar nas lições que aprendera com Venna e Spencer. Sua vida não tinha sido fácil, mas ela havia sido abençoada por viver com eles e se tornar parte da família.

“Acredito em Deus”, pensou ela. “Ele tem estado comigo todo esse tempo.”


Em 26 de agosto de 1972, Isabel Santana e seu marido, Juan Machuca, puderam sentir a emoção ao seu redor enquanto estacionavam seu Volkswagen amarelo do lado de fora do Auditório Nacional, na Cidade do México. Mais de 16 mil santos do México e da América Central haviam se reunido no grande centro de eventos para uma conferência geral de área. Para muitos, a conferência seria a primeira vez que ouviriam as autoridades gerais falarem pessoalmente.

Sob a direção do presidente Joseph Fielding Smith, a Igreja começara a realizar conferências gerais de área. Como a maioria dos membros da Igreja não podia participar da conferência geral em Salt Lake City, as conferências locais lhes davam a oportunidade de se reunir e receber instruções das autoridades locais e gerais. A primeira conferência geral de área foi realizada em Manchester, Inglaterra, em 1971. Com mais de 80 mil membros da Igreja, o México abrigava a maior população de santos fora dos Estados Unidos, o que o tornava o lugar ideal para realizar essas conferências.

Isabel e Juan ficaram surpresos conforme se dirigiam ao centro de eventos. Havia membros da Igreja de todo o México e de países como Guatemala, Honduras, Costa Rica e Panamá. Alguns dos santos viajaram 5 mil quilômetros para estar lá. Uma mulher do noroeste do México lavou a roupa dos vizinhos por cinco meses para juntar dinheiro suficiente para viajar. Alguns santos pagaram sua viagem vendendo tacos e tamales, lavando carros ou prestando serviços de jardinagem. Outros venderam seus pertences ou pediram dinheiro emprestado para que pudessem comparecer. Algumas pessoas estavam jejuando porque não tinham dinheiro para comprar comida. Felizmente, a Benemérito forneceu alojamento para muitos dos santos que tinham vindo de longe.

Enquanto o casal Machuca esperava na fila para entrar no auditório, um carro parou nas proximidades e Spencer W. Kimball e sua esposa, Camilla, saíram dele. Quatro meses haviam se passado desde a cirurgia cardíaca do élder Kimball, e ele já havia se recuperado o suficiente para retomar muitas de suas responsabilidades no Quórum dos Doze Apóstolos. Na verdade, estava programado para que ele falasse aos santos no final da tarde.

Embora o presidente Joseph Fielding Smith tivesse ajudado a planejar a conferência, ele faleceu antes de poder participar. Sua morte marcou o fim de décadas de uma vida longa e dedicada ao serviço da Igreja e a seus membros. Como apóstolo, ele escreveu amplamente sobre a doutrina do evangelho e tópicos históricos, promoveu o trabalho genealógico e do templo e dedicou as Filipinas e a Coreia para a pregação do evangelho. Como presidente da Igreja, ele autorizou a organização das primeiras estacas no Peru e na África do Sul, aumentou drasticamente o número de seminários e institutos em todo o mundo, revitalizou as comunicações públicas da Igreja e profissionalizou os departamentos da Igreja.

“Não há trabalho que qualquer um de nós possa realizar que seja mais importante do que pregar o evangelho e edificar a Igreja e o reino de Deus na Terra”, dissera ele aos santos em sua última conferência geral. “Assim, convidamos todos os filhos de nosso Pai, em todos os lugares, a crer em Cristo, a recebê-Lo como Ele é revelado pelos profetas vivos e a fazer parte de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.”

Depois de sua morte, seu sucessor, Harold B. Lee, havia sido designado como presidente da Igreja, tornando o élder Kimball o novo presidente do Quórum dos Doze Apóstolos.

Assim que Isabel e Juan entraram no Auditório Nacional, encontraram assentos entre os milhares de santos. O auditório tinha quatro níveis de assentos em torno do palco. Um coro de membros da Igreja do norte do México preencheu o palco. Na sua frente havia um púlpito e uma fileira de cadeiras de encosto alto para as autoridades gerais e outros oradores.

A conferência começou com um discurso do presidente Marion G. Romney, que nascera e havia sido criado nas colônias de santos dos últimos dias no norte do México, e recentemente fora designado como conselheiro na Primeira Presidência. Em espanhol, ele falou sobre seu amor pelos santos do México e da América Central e sobre seu apreço pelo governo mexicano.

O presidente N. Eldon Tanner falou em seguida, celebrando a força da Igreja no México e nas outras nações de língua espanhola das Américas. “O crescimento está ocorrendo e a liderança está sendo desenvolvida em todo o mundo”, declarou ele por meio de um intérprete. Para ajudar esses líderes em desenvolvimento, o Manual Geral de Instruções da Igreja tinha sido recentemente correlacionado e traduzido para mais de uma dúzia de idiomas, incluindo o espanhol. Líderes do mundo inteiro poderiam administrar a Igreja com base no mesmo modelo.

“É maravilhoso ver como as pessoas estão aceitando o evangelho e se unindo à Igreja e ao reino de Deus”, testificou o presidente Tanner, “todas prestando testemunho das bênçãos que ela lhes proporciona, percebendo que se trata da Igreja de Jesus Cristo”.

Ao ouvir os oradores, Isabel se sentiu feliz por ser membro da Igreja no México. Sua educação na Benemérito lhe ensinara o valor de ser membro da Igreja e de tornar o evangelho restaurado parte central de sua vida. Quando chegou à escola, ela era uma menina tímida e não conhecia claramente seu potencial espiritual. Mas seus professores a abençoaram de inúmeras maneiras. Ela desenvolveu uma rotina diária de estudo e oração e caminhou com confiança, tendo um testemunho fervoroso da verdade.

Agora, rodeada por tantos santos, ela não podia deixar de se alegrar. “Eu pertenço a isto”, pensou ela. “Meu lugar é aqui.”

Capítulo 15

A alegria de um convênio eterno

grupo em pé em um quarto de hospital

Ocupado com o trabalho na Igreja em Salt Lake City, o presidente Harold B. Lee chegou atrasado à conferência geral de área na Cidade do México. Seu avião pousou no início da tarde de 26 de agosto de 1972 e, à noite, ele estava sendo transportado de um lugar a outro para discursar em sessões individuais da conferência para a Sociedade de Socorro, para os portadores do Sacerdócio Aarônico e de Melquisedeque e para as Moças. Na manhã seguinte, os santos da conferência o apoiaram como novo presidente da Igreja — a primeira congregação do mundo a fazer isso.

O profeta retornou a Utah alguns dias depois e soube que um membro de um grupo apóstata havia supostamente feito ameaças de morte contra ele.

Para garantir a segurança do presidente Lee, a polícia começou a acompanhá-lo por onde quer que ele fosse. Ele era grato por essa proteção, mas a presença dos policiais o incomodava. Presidentes recentes da Igreja geralmente não tinham guarda-costas. E toda vez que o presidente Lee saía, sua escolta policial era uma fonte de agitação.

Logo, ele e sua esposa, Joan, decidiram se juntar ao élder Gordon B. Hinckley e sua esposa, Marjorie, em uma viagem para visitar os santos na Europa e em Israel.

A viagem, no entanto, incluía seus próprios riscos. Eles viajariam sem um plano de segurança, a uma região conflituosa do mundo. Um grupo palestino havia acabado de sequestrar e matar 11 membros da equipe olímpica nacional israelense nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972, em Munique, Alemanha Ocidental. O ataque havia abalado o mundo, e o presidente Lee se preocupava com a possibilidade de um conflito armado eclodir em Israel. Ainda assim, ele e a irmã Lee acompanharam o casal Hinckley como planejado.

O grupo chegou ao aeroporto de Tel Aviv, Israel, na noite de 19 de setembro. David Galbraith, membro da Igreja no Canadá, estudava na Universidade Hebraica de Jerusalém e os pegou no aeroporto, levando-os a uma distância de 64 quilômetros a sudeste de Jerusalém. Estava escuro quando eles chegaram, e não puderam ver muitas coisas, mas havia algo maravilhoso em viajar pela cidade antiga e sagrada.

Nos três dias seguintes, os casais Lee e Hinckley se reuniram com autoridades israelenses e visitaram locais sagrados. Teddy Kollek, o prefeito de Jerusalém, disse ao presidente Lee que ouvira a história do apóstolo Orson Hyde fazendo uma oração no Monte das Oliveiras em 1841. O presidente Lee disse-lhe que a Igreja queria um dia construir um monumento ou um centro de visitantes na cidade para comemorar a oração.

“Estamos buscando adquirir propriedades no Monte das Oliveiras para criar um parque para meditação”, disse o prefeito Kollek. “Pode ser possível ter um monumento com essa epígrafe no parque.”

Na noite de 20 de setembro, David e um pequeno grupo de santos que moravam em Israel se reuniram com os casais Lee e Hinckley ao túmulo em um jardim que alguns acreditavam ter sido o lugar onde Jesus foi sepultado após a Crucificação. Um sentimento de santidade pairava sobre o grupo. Eles imaginaram o corpo sem vida do Salvador sendo levado para o túmulo, ou Maria Madalena retornando ao jardim no terceiro dia e contemplando o Senhor ressurreto.

No jardim, o presidente Lee organizou os santos em um ramo, com David como seu presidente. Embora não houvesse mais de 30 membros da Igreja morando no país, recentemente, alguns grupos de estudantes da BYU tinham vindo para estudar na Terra Santa por alguns meses, mais do que dobrando o número de santos nas reuniões. O presidente Lee acreditava que o ramo seria o alicerce de uma grande obra na região.

“Quando as pessoas perguntarem quem são vocês”, aconselhou ele, “não digam que são membros da Igreja Mórmon, nem da Igreja SUD, mas digam A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.

Após a reunião, o presidente Lee retornou ao seu quarto de hotel, exausto. Havia vários dias que ele sentia uma dor intensa na parte inferior das costas e estava com uma tosse dolorida, sentindo falta de ar. Agora, com o início do cansaço, ele temia que algo estivesse errado.

Mais tarde naquela noite, por insistência da irmã Lee, o élder Hinckley foi ao quarto deles no hotel e deu uma bênção no presidente Lee. Na manhã seguinte, o presidente Lee tossiu um pouco de sangue e sentiu um alívio instantâneo em sua falta de ar. Logo, ele estava se sentindo bem o suficiente para se juntar a David e ao casal Hinckley para um passeio turístico por Betânia, Jericó, Cafarnaum, Nazaré e outros lugares sagrados.

No dia seguinte, durante o café da manhã, ele disse ao élder Hinckley que havia vivenciado um milagre. Ele sentia como se estivesse à beira da morte, mas, com a bênção do élder Hinckley, o Senhor restaurara sua saúde.

“Tivemos que vir à terra dos milagres para testemunhar um milagre entre nós”, disse ele com gratidão.

Eles deixaram Jerusalém naquela noite e passaram o tempo restante andando por onde Jesus andou. Visitaram o Getsêmani, o túmulo de Lázaro, Belém e os resquícios da muralha que cercava o templo. David então os levou ao aeroporto, e eles pegaram um avião para Roma, com a fé renovada depois de tudo o que viram e vivenciaram na Terra Santa.


Em 7 de novembro de 1972, Ardeth Kapp ouviu o telefone tocar ao entrar em seu apartamento em Bountiful, Utah. Francis Gibbons, o secretário da Primeira Presidência, estava do outro lado da linha. “Você e seu marido poderiam se reunir com o presidente Harold B. Lee amanhã de manhã em seu escritório às 11h35?”, perguntou ele.

Respirando fundo, Ardeth disse: “Estaremos lá”. Imediatamente, ela se perguntou por que o presidente Lee queria conversar com eles.

Ela e o marido, Heber, trabalhavam como professores. Embora ainda fossem relativamente jovens — ela tinha 41 anos —, eles haviam servido ativamente na Igreja por muitos anos. Ela era membro do corpo docente de educação na Universidade Brigham Young e servia no Comitê de Correlação de Jovens da Igreja. Ele tinha sido bispo e agora era conselheiro na presidência da estaca.

Quando Heber chegou em casa, Ardeth lhe contou sobre o telefonema. Ela pensou que o presidente Lee o chamaria para servir como presidente de missão. Heber achava que não, mas achava que talvez teriam que se mudar. Eles estavam construindo uma casa e teriam que abandonar o projeto se fossem chamados para a missão. Heber estava fazendo a maior parte do trabalho de construção sozinho, e eles não podiam pagar ninguém para concluir o projeto.

Ardeth passou a noite sem dormir, refletindo sobre sua vida. O Senhor sempre a ajudara em suas provações. Quando menina, morou perto de Cardston, Alberta, Canadá, e foi reprovada por dois anos na escola. Poucas pessoas esperavam que ela se destacasse em seus estudos, mas, com a ajuda de Deus, havia recentemente obtido um mestrado em desenvolvimento curricular.

Mas esse não tinha sido seu maior desafio. Embora ela sempre quisesse uma família grande, ela e Heber nunca conseguiram ter filhos, apesar das frequentes orações pedindo por um milagre. Por um tempo, eles pensaram em adotar, mas toda vez que buscavam a orientação do Senhor sobre o assunto, recebiam um “estupor de pensamento”. Eles se sentiam julgados pelos vizinhos, amigos e familiares que diziam que eles eram egoístas por não terem filhos. Apenas uma perspectiva eterna do plano de Deus lhes trouxera a paz e a aceitação de que precisavam para lidar com a dor.

Na manhã de seu encontro com o presidente Lee, Ardeth e Heber estavam ansiosos quando chegaram ao edifício administrativo da Igreja, mas dispostos a aceitar qualquer designação do Senhor. O presidente Lee os cumprimentou calorosamente e os convidou para entrar em seu escritório. “Procurem relaxar”, disse ele. “Tenho certeza de que vocês sabem que esta não é apenas uma visita casual.”

Em seguida, ele falou sobre a necessidade de mudanças organizacionais frequentes na Igreja para acompanhar seu rápido crescimento. O programa de jovens da Igreja o deixava especialmente preocupado. Ele acreditava que a Igreja precisava fazer mais para fortalecer os jovens e prepará-los para servir no reino de Deus. Por esse motivo, as Associações de Melhoramento Mútuo estavam sendo reestruturadas para colocá-las sob a supervisão direta dos líderes gerais do Sacerdócio Aarônico e de Melquisedeque.

Enquanto ouvia o presidente Lee, Ardeth se perguntava o que ele pediria a Heber. “O que quer que seja”, ela pensou, “tenho certeza de que ele fará um bom trabalho e estou disposta a apoiá-lo”.

O presidente Lee então chamou Ardeth para servir, pegando-a de surpresa. Ela era a razão pela qual ele os havia chamado em seu escritório?

O presidente Lee explicou que Ruth Funk concordara recentemente em servir como presidente geral da Associação de Melhoramento Mútuo das Moças. Tendo trabalhado com Ardeth no Comitê de Correlação, Ruth a recomendara para servir como segunda conselheira. A nova presidência teria seu escritório no 19º andar no edifício de escritórios da Igreja, um arranha-céu recém-concluído no centro de Salt Lake City.

Sentindo-se surpresa, Ardeth aceitou o chamado, grata pela confiança que aquilo representava. Pouco tempo depois, a Igreja anunciou oficialmente a reorganização do programa para os jovens. Antes disso, a AMM Moças operava sob a supervisão da Primeira Presidência. Agora, como parte da correlação das organizações da Igreja, a AMM Moças e a AMM Rapazes coordenariam seus esforços sob a direção do Bispado Presidente e dos líderes do sacerdócio da ala e da estaca. A nova estrutura também estabelecia distinções entre a AMM do Sacerdócio de Melquisedeque, ou adultos solteiros com mais de 18 anos, e a AMM do Sacerdócio Aarônico, ou rapazes e moças entre 12 e 18 anos.

Embora a AMM do Sacerdócio Aarônico fosse supervisionada por líderes do sacerdócio, o programa continuaria a oferecer aulas e atividades para rapazes e moças separadamente e de acordo com sua idade. Paralelamente aos ofícios do sacerdócio de diáconos, mestres e sacerdotes, as classes das Moças eram chamadas de Abelhinhas (12 a 13 anos), Meninas-Moças (14 a 15 anos) e Lauréis (16 a 18 anos) — nomes que a AMM Moças usava havia muito tempo. Alguns anos antes, os líderes da Igreja haviam pedido a cada ala que começasse um conselho de jovens sob a direção do bispo, dando à juventude novas oportunidades para liderar. Agora, a Primeira Presidência queria que as novas organizações da AMM dessem aos jovens ainda mais oportunidades de liderança.

A presidente Funk apoiava essa visão para o programa. Como professora de Ensino Médio, ao longo dos anos, ela dera muitas oportunidades a seus alunos de se desenvolverem como líderes, e eles fizeram muitas coisas. “Vocês não se tornam alguma coisa na vida apenas ouvindo”, declarou ela. “Vocês se tornam fazendo.”

O princípio era algo que Ardeth levaria a sério também. Não muito tempo depois de seu chamado, ela aceitou uma designação de participar de várias conferências regionais no Reino Unido. Ela estava ansiosa com a viagem porque era nova em seu chamado. Mas, então, ela se lembrou das palavras de Néfi no Livro de Mórmon: “O Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes preparar um caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas”.

“Eu soube disso toda a minha vida”, disse a si mesma, “mas preciso saber disso agora”.


Após serem batizados, Helvécio e Rudá Martins descobriram que outros santos brasileiros com frequência queriam conversar com eles sobre a restrição ao sacerdócio e ao templo. Algumas pessoas se perguntavam como a família permanecia firme na Igreja sendo que nem Helvécio nem seu filho, Marcus, podiam ser ordenados ao sacerdócio. Uns poucos, irritados com a devoção dos Martins, os criticavam e zombavam deles.

“Se eu estivesse em seu lugar”, disse um homem a Helvécio, “acho que não ficaria na Igreja”.

Ainda assim, muitos santos admiravam a família Martins por seu forte testemunho e compromisso em seus chamados. Quatro meses depois de se filiarem à Igreja, o élder Bruce R. McConkie — o mais novo membro do Quórum dos Doze Apóstolos — foi ao Rio de Janeiro para organizar a quinta estaca no Brasil. Na época, Helvécio não entendia completamente a diferença entre um distrito e uma estaca, mas concordou em servir como conselheiro na presidência da Escola Dominical da estaca. Rudá, por sua vez, aceitou um chamado para servir na presidência da Primária da estaca.

A nova estaca cobria uma área imensa, estendendo-se por milhares de quilômetros quadrados. O novo chamado de Helvécio e Rudá lhes deu a oportunidade de visitar as muitas alas e ramos distantes na estaca. Muitas vezes, Helvécio buscava Rudá no ponto de ônibus tarde da noite quando ela retornava de uma designação. Embora as novas demandas sobre eles fossem difíceis, os Martins eram felizes por servir.

O batismo também mudara o relacionamento com a família deles. Os familiares de Rudá não gostaram que ela tivesse se filiado à Igreja e tentaram persuadi-la e a Helvécio a abandonar sua nova religião, prevendo que, se não fizessem isso, uma tragédia cairia sobre eles. Alguns da família até advertiram que Deus poderia tirar a vida de seu filho Marcus.

Mas os Martins se sentiam confortáveis entre os santos. Os membros do ramo os acolheram tão calorosamente que Helvécio se perguntava se sua família estava recebendo tratamento especial por causa de seu status profissional proeminente. Ao receber a designação de realizar uma tarefa mais cotidiana em uma atividade do ramo, no entanto, ele percebeu que sua família não estava sendo tratada de maneira diferente.

Certo dia, um amigo da Igreja disse a Helvécio: “Membros fiéis como você demonstraram ao Senhor sua reivindicação ao sacerdócio. Não tenho dúvidas de que um dia você receberá o sacerdócio.”

Helvécio e Rudá apreciavam o apoio de seus amigos e de outros membros da Igreja. Contudo, preferiam não pensar demais sobre a questão de quando ou como os santos negros receberiam as bênçãos do sacerdócio. Eles tinham fé, acreditando que Deus algum dia cumpriria todas as Suas promessas. Ainda assim, a família Martins manteve suas expectativas baixas para não se decepcionarem nem se magoarem. Eles acreditavam que as bênçãos completas do sacerdócio e do templo viriam a eles no Milênio. Até lá, eles apenas oravam por mais fé e força para servir na Igreja.

Depois que a estaca Rio de Janeiro foi organizada, Helvécio e Rudá marcaram uma data para receber sua bênção patriarcal. Quando Walmir Silva, o patriarca da estaca, abençoou Helvécio e Rudá, ele prometeu que eles viveriam juntos “na Terra, na alegria de um convênio eterno”. A promessa era linda, mas a família chegou em casa se sentindo confusa. Por causa da restrição ao sacerdócio, Helvécio e Rudá não podiam entrar no templo e não esperavam fazer os convênios no templo durante a vida na mortalidade. O que o patriarca queria dizer com aquilo?

Sete semanas depois, Marcus, de 14 anos, foi à casa do patriarca para receber sua própria bênção. Quando o patriarca o abençoou, ele prometeu a Marcus que o jovem teria a oportunidade de pregar o evangelho e prestar seu testemunho da verdade. Helvécio e Rudá interpretaram essa promessa como uma futura missão para Marcus. Mas isso também parecia impossível. Marcus não poderia servir missão a menos que fosse um portador do sacerdócio.

A família Martins não queria que as palavras do patriarca perturbassem o ritmo constante e pacífico de sua vida. Eles decidiram continuar vivendo como antes e não pensaram muito a respeito dessa experiência.

No entanto, Helvécio e Rudá ainda não queriam ignorar as promessas que haviam recebido. Por precaução, eles silenciosamente abriram uma nova conta poupança — um fundo missionário para Marcus.


O Natal de 1973 foi uma data tranquila para Spencer W. Kimball. Ele e Camilla trocaram presentes entre si e com a irmã de Camilla, Mary, que havia nascido surda e agora vivia com eles. Camilla colocou um peru no forno e ele a ajudou a arrumar uma mesa extra para os convidados que esperavam para o jantar.

O élder Kimball passou o resto da manhã em sua máquina de escrever enquanto procurava colocar em dia uma pilha de cartas sem resposta. A música de Natal tocava no fonógrafo, e ele fazia uma pausa ocasional em sua digitação para virar o disco.

Quando a manhã se transformou em tarde, alguns dos filhos, netos e bisnetos da família Kimball chegaram para o jantar de Natal. Entre os convidados, estavam Mangal Dan Dipty, um homem que o élder Kimball havia batizado 12 anos antes em Déli, na Índia, e uma jovem zuni chamada Arlene, que morava com a filha do casal Kimball, Olive Beth, como parte do Programa de Integração para Alunos Indígenas. O grupo comeu e cantou, e o élder Kimball foi para a cama com o sentimento de que o dia havia sido agradável.

Na noite seguinte, depois das 8 horas, o élder Kimball atendeu o telefone em sua casa. “É o Arthur”, disse a pessoa do outro lado da linha. Imediatamente, o élder Kimball soube que era Arthur Haycock, secretário do presidente Lee.

“Olá, Arthur”, disse o élder Kimball com alegria, “como você está?”

“Não muito bem”, respondeu Arthur. “Estou no hospital com o presidente Lee, e ele está muito doente. Acho que você deveria vir agora mesmo.”

O élder Kimball desligou o telefone e foi direto para o hospital, onde encontrou Arthur no corredor. Arthur explicou que o presidente Lee tinha ido ao hospital para descansar e fazer um check-up. Ele estava sentado na cama quando repentinamente teve uma parada cardíaca. Arthur pediu ajuda e, rapidamente, a sala se encheu de médicos, enfermeiras e equipamentos. O lugar ainda se encontrava em grande agitação.

Joan, a esposa do presidente Lee, havia chegado com sua filha Helen e seu genro Brent. Arthur lhes pediu que saíssem do quarto do presidente Lee, então o pequeno grupo encontrou uma sala vazia no final do corredor, onde poderiam esperar. Eles oraram juntos e pediram ao Senhor que preservasse a vida do profeta. Enquanto aguardavam, Marion G. Romney, o segundo conselheiro do presidente Lee na Primeira Presidência, chegou.

Sem saber o que mais poderiam fazer, o presidente Romney liderou o grupo em outra oração. Em seguida, um médico entrou na sala.

“Estamos fazendo tudo ao nosso alcance”, disse ele, “mas a situação não parece boa”.

O élder Kimball ficou chocado. O presidente Lee, que o havia apoiado constantemente em suas próprias doenças, tinha 74 anos — mais jovem do que ele mesmo. E também parecia muito mais saudável. Muitos na Igreja achavam que ele viveria por muito tempo depois que o élder Kimball se fosse. E ninguém havia orado mais do que o casal Kimball para que a saúde do presidente Lee continuasse boa.

Dez minutos se passaram. O élder Kimball saiu da sala e caminhou pelo corredor em direção ao quarto do presidente Lee. Ao se aproximar, um médico saiu.

Ele disse: “Desistimos”. O presidente Lee havia falecido.

Capítulo 16

Só mais este dia

tanque seguindo rua abaixo, estrondosamente

Depois de passar um ano na Universidade Brigham Young, Maeta Holiday decidiu deixar a faculdade e procurar um emprego. Ela tinha adorado fazer aulas de dança de salão e gostava de cantar e dançar no Lamanite Generation, um grupo popular de apresentações com nativos americanos. Contudo, ela achou algumas de suas aulas, como física, muito difíceis. No início de 1974, ela morava em Salt Lake City e trabalhava como recepcionista na KSL, a estação de rádio e televisão de propriedade da Igreja.

Ela também estava namorando um ex-missionário chamado Dennis Beck. Eles se conheceram em um baile em Provo no mês anterior, em setembro, e dançaram juntos a noite inteira. Então, ele a convidou para ir à igreja com ele.

Maeta ficou surpresa. Desde que havia deixado a BYU, ela não tinha permanecido tão ativa na Igreja quanto na época em que morou na Califórnia. Ainda assim, ela aceitou o convite de Dennis e gostou de estar lá com ele. Ela concordou em ir novamente na semana seguinte e, em pouco tempo, eles começaram a namorar.

Conforme Maeta conhecia Dennis melhor, ela passou a admirar sua bondade e sinceridade. Ele era um membro ativo da Igreja, guardava os mandamentos e ia ao templo regularmente. Nascido em Utah, ele havia servido na Missão Indígena do Norte, ao norte dos Estados Unidos, onde passou a amar os nativos americanos a quem ensinou e a valorizar sua própria herança mexicana-americana. Maeta se sentia confortável e edificada sempre que estava perto dele.

Certo dia, cerca de seis meses depois de se conhecerem, Dennis apareceu em sua velha caminhonete vermelha, que ele mesmo havia consertado e restaurado. Eles foram dar uma volta, e então Dennis estacionou o carro em frente ao novo Templo de Provo e pediu Maeta em casamento.

Desde que era uma jovem adolescente, Maeta jurou que nunca se casaria. Mas, quando Dennis fez o pedido, ela não se concentrou no divórcio de seus pais ou nos vários casamentos de sua mãe. Em vez disso, ela pensou em Venna e Spencer Black, e em seu exemplo de como um casamento feliz poderia ser. “Também posso ser feliz”, pensou ela. E respondeu “sim”.

Mais tarde naquele verão, em 27 de junho, Maeta se ajoelhou em frente a Dennis no Templo de Salt Lake. Ela usava um vestido que havia feito para si mesma, com um modelo de silhueta império e rendas sobrepostas. Os reflexos do casal nos espelhos paralelos dispostos nas paredes pareciam se estender até o infinito. Na sala de selamento, com eles estavam os pais adotivos de Maeta, Venna e Spencer, e a filha deles, Lucy.

“Tenho orgulho de você”, disse Venna depois de ouvir sobre o noivado de Maeta. “Passamos muito tempo de joelhos, orando por você para que fizesse as escolhas certas.”

Enquanto Maeta se ajoelhava no altar com Dennis, ela se sentiu grata por Venna ter orado tão diligentemente. Seu coração ficou repleto de alegria. Ela sabia que se casar com Dennis era a decisão certa.

Mais tarde, Maeta foi para o Arizona a fim de apresentar Dennis a sua mãe. Após o encontro, Evelyn se mostrou muito impressionada com Dennis. Ela gostou de seu senso de humor, sua honestidade e seu compromisso com a Palavra de Sabedoria.

“Ele é um bom homem”, disse ela a Maeta. Ela havia aprovado a escolha de sua filha.


“Meu corpo está cansado, muito cansado, esta noite”, pensou Belle Spafford ao se deitar na cama em 5 de outubro de 1974. No início daquela semana, na conferência anual da Sociedade de Socorro, o presidente Spencer W. Kimball havia desobrigado Belle como presidente geral da Sociedade de Socorro. Um suspiro coletivo ressoou pelo Tabernáculo de Salt Lake, demonstrando o choque e o desapontamento das mulheres com a notícia. Mas Belle sabia que sua desobrigação estava chegando, e ela a aceitou como a vontade do Senhor.

No entanto, sua mente estava acelerada. “Lembre-se disso! Lembre-se daquilo!”, parecia dizer. Ela queria colocar seus pensamentos no papel, então se levantou da cama e começou a escrever. “Por que você dormiria”, ela se perguntou, “quando aconteceram tantas coisas gloriosas para você rever na memória?”

Ela se lembrou do sentimento de inadequação que tomou conta dela quando a Primeira Presidência a chamou para substituir Amy Brown Lyman como líder da Sociedade de Socorro em abril de 1945. Naquele momento, 29 anos depois, ela havia servido por mais tempo do que qualquer outra presidente geral da Sociedade de Socorro.

Durante aquele período, ela havia passado por muitas provações pessoais, incluindo câncer de mama e a morte de seu marido e sua filha. Sob sua orientação, porém, a organização havia ministrado a vítimas da Segunda Guerra Mundial, construído o edifício da Sociedade de Socorro, iniciado reuniões da Sociedade de Socorro à noite para mulheres que trabalhavam fora, incentivado programas de prevenção contra abuso e programas para adoção de crianças, e fornecido auxílio comunitário adicional por meio de outros serviços sociais.

Mais recentemente, Belle e sua junta geral haviam supervisionado as mudanças nas inscrições para a Sociedade de Socorro, com o propósito de incentivar mais mulheres a participar. Nos últimos anos, as mulheres se inscreviam para se unir à organização e pagavam taxas anuais de associação. Agora, essas taxas tinham sido descontinuadas e todas as mulheres da Igreja eram automaticamente matriculadas na Sociedade de Socorro assim que completassem 18 anos.

“Foram anos movimentados, desafiadores e que exigiram bastante, mas as recompensas foram tantas que não consigo contá-las”, escreveu Belle. O Senhor tinha sido bom para ela. “Muitas, muitas vezes Ele colocou ideias em minha mente e até palavras em minha boca que me permitiram enfrentar situações difíceis ou remover obstáculos resistentes.”

Sua sucessora, Barbara B. Smith, precisaria da mesma ajuda divina ao conduzir a Sociedade de Socorro em direção a um futuro com constantes mudanças. Durante os últimos anos de Belle como presidente geral, o movimento pelos direitos das mulheres ganhara força nos Estados Unidos, já que muitas mulheres, jovens e idosas, questionavam os papéis tradicionais de gênero e lutavam contra o tratamento injusto e desigual às mulheres.

Após esforços legislativos semelhantes em outros países, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Emenda de Igualdade de Direitos em 1972. A emenda buscava revisar a Constituição dos EUA a fim de incluir especificamente direitos legais de igualdade para as mulheres. Naquele momento, o público americano estava debatendo o futuro da emenda. Se três quartos dos estados aprovassem, ela se tornaria uma lei nacional.

Para algumas pessoas, a emenda parecia ser uma boa solução para as desigualdades de gênero de longa data no sistema jurídico. Já outras pessoas, incluindo muitos membros da Igreja, não tinham tanta certeza disso.

Em um discurso a um grupo de profissionais de negócios na cidade de Nova York, Belle havia recentemente compartilhado seu ponto de vista sobre a emenda e o crescente movimento de mulheres. “Há algumas coisas pelas quais as mulheres estão lutando que merecem apoio”, disse ela, mencionando salários iguais para trabalhos iguais e práticas justas de contratação. Mas ela temia que o movimento das mulheres levasse a um enfraquecimento dos papéis de esposa, mãe e dona de casa. Ela acreditava que mudanças nos direitos legais de uma mulher deveriam vir por meio dos governos locais, estaduais e federais, não por meio de emendas à constituição.

Quando Belle ficou acordada até tarde refletindo sobre seu longo período como presidente geral da Sociedade de Socorro, ela sentiu gratidão e, ao mesmo tempo, uma doce sensação de alívio e alegria por suas responsabilidades terem caído sobre novos ombros. “Em minha alma”, escreveu ela, “tenho um sentimento de paz e a perspectiva de boas promessas para o futuro — meu futuro pessoal e o de minha querida Sociedade de Socorro”.

Com essa sensação de paz, ela finalmente estava pronta para dormir. “Esta noite descansarei”, escreveu ela, “pois, em meu coração, tenho certeza de que tudo está bem”.


Por volta dessa época, em Cape Coast, Gana, Billy Johnson viu fotos e o nome dos ex-presidentes da Igreja na primeira página de um jornal religioso local. Ao lado das fotos, havia artigos que menosprezavam a Igreja e seus líderes. O jornal estava claramente tentando semear dúvidas entre os membros da crescente congregação de Billy.

Billy e seus companheiros fiéis haviam sido criticados muitas vezes antes devido à sua fé no evangelho restaurado. Algumas pessoas insultavam Billy por ele ter abandonado a religião de sua juventude. Diziam que os santos adoravam Joseph Smith e não acreditavam em Deus. Outras pessoas falavam que nenhum homem negro possuía o sacerdócio na Igreja e zombavam de Billy e seus seguidores por desperdiçarem seu tempo.

Era difícil permanecer fiel em meio a tais ataques. Um ano antes, os membros da congregação haviam se sentido frustrados porque, depois de tantos anos de espera, ninguém tinha vindo batizá-los. Billy pediu imediatamente a seus seguidores que se juntassem a ele em jejum e oração. Ao fazê-lo, algumas pessoas tiveram um forte sentimento de que os missionários logo viriam a Gana.

Embora essa impressão tivesse tranquilizado a congregação, a perseguição não parou. Quando viram o jornal criticando os profetas, alguns membros se preocuparam, sem saber o que fazer. Billy orou com eles e pediu que não prestassem atenção aos jornais. Ele disse: “Apenas joguem-nos fora”.

Mas Billy também se sentia enfraquecido. Certa noite, ele foi à capela para orar. “Pai, embora eu acredite na Igreja, que esta seja a verdadeira Igreja na Terra hoje”, disse ele, “preciso de mais força e mais confirmação para testificar da Igreja”.

Ele implorou ao Senhor que Se revelasse. Então, ele adormeceu e sonhou com o Templo de Salt Lake, repleto de luz, descendo do céu. Logo, o templo estava ao redor dele. “Johnson, não perca a fé em minha Igreja”, disse a voz do Senhor. “Quer você acredite ou não, esta é a minha verdadeira Igreja na Terra hoje.”

Quando Billy despertou, ele não estava mais preocupado com a perseguição. “O Pai falou”, disse ele. “Não terei mais medo.”

Nos dias que se seguiram, a fé que Billy tinha parecia se fortalecer quando ele ouvia alguém criticar a Igreja, e ele se esforçou para fortalecer seus companheiros fiéis. Ele testificou: “Haverá um tempo em que a Igreja se erguerá”. “Veremos a beleza da Igreja.”


Em 1974, cinco anos após ter renunciado ao cargo de superintendente do Orfanato Songjuk, Hwang Keun Ok abriu um novo lar para meninas em Seul, Coreia do Sul. Agora, ela tomava conta de 17 meninas, sendo que várias delas eram membros da Igreja, e ajudava outras meninas a encontrar famílias adotivas por meio da Tender Apples Foundation. A fundação também apoiava outros grupos de crianças, incluindo um orfanato para meninos. Além disso, Keun Ok tinha inaugurado uma pré-escola para educar crianças mais novas na Coreia que passavam por necessidades.

O grupo de cantoras Tender Apples, embora com menos integrantes do que na época em que esteve no orfanato, ainda se apresentava na televisão e fazia shows. As meninas tinham uma rotina agitada, e Keun Ok se certificava de que elas se sentiriam em casa estando a seu lado. Todas as segundas-feiras à noite, ela as reunia para a noite no lar.

Quando não estava cuidando das meninas, Keun Ok, como presidente da Sociedade de Socorro, ministrava às mulheres em seu distrito. Por meio de seu chamado, ela passou a ter contato com Eugene Till, o recém-chamado presidente da Missão Coreia. O presidente Till estava preocupado com o fato de muitos coreanos ainda não saberem nada sobre a Igreja apesar de haver uma próspera estaca e um instituto de religião em Seul. Na verdade, ele havia descoberto que menos de dez por cento dos coreanos reconhecia o nome completo da Igreja. E os que conheciam a Igreja costumavam não ter uma boa opinião a respeito dela. Além disso, o governo estava limitando o número de missionários americanos permitidos no país.

Mas, se o presidente Till conseguisse mostrar às autoridades coreanas que a Igreja estava centralizada nas famílias, o governo talvez estaria disposto a flexibilizar a restrição ao trabalho missionário.

Certo dia, ele pediu ajuda a Keun Ok. Alguns élderes da missão estavam incorporando a música em seus ensinamentos. Como os Osmonds, eles acreditavam que a música popular poderia inspirar as pessoas com mensagens sobre o evangelho restaurado. Um ano antes, os Osmonds haviam lançado The Plan, um ambicioso álbum de rock no qual vinham trabalhando havia vários anos. As músicas do álbum soavam como as músicas de outras bandas populares da época. Mas os irmãos tinham feito um esforço especial para escrever letras sobre todos os estágios do plano de salvação, desde a pré-mortalidade até a exaltação. Embora os críticos tenham descartado o álbum por causa dos tópicos relacionados à Igreja, a mensagem centrada no evangelho alcançou muitos jovens na América do Norte, Europa e Austrália.

Em comparação, os esforços musicais dos missionários na Coreia do Sul eram modestos, mas seus objetivos eram os mesmos. O líder do grupo, élder Randy Davenport, escreveu a maioria das músicas originais do grupo, e o élder Mack Wilberg fez os arranjos. Eles ficaram conhecidos como New Horizon.

Reconhecendo o potencial do grupo, o presidente Till perguntou a Keun Ok se o Tender Apples se apresentaria ao lado do New Horizon em um show de Natal. Keun Ok reconheceu como seria importante que o Tender Apples compartilhasse o evangelho restaurado e, após consultar Stan Bronson, cofundador do grupo, ela concordou.

A apresentação de Natal foi um grande sucesso, e todos concordaram que o New Horizon e o Tender Apples formavam uma boa combinação. Eles começaram a percorrer o país juntos e encontraram um grande público em programas de televisão e de rádio. O Tender Apples era particularmente popular em bases militares, onde muitas pessoas do público se lembravam de seus próprios filhos nos Estados Unidos. Os élderes do New Horizon, por outro lado, eram populares entre o público coreano, que adorava ver artistas americanos falando e cantando em coreano. Os grupos passaram a gravar álbuns juntos.

Keun Ok tivera que esconder sua fé antes. Agora, o Tender Apples e o New Horizon incluíam o nome da Igreja em todas as apresentações e entrevistas. Durante os shows, os missionários de tempo integral estavam presentes para contar às pessoas mais sobre a Igreja. Os missionários que batiam às portas eram mais bem recebidos, e as pessoas diziam que reconheciam o nome da Igreja porque o tinham visto em um show ou álbum. Em alguns lugares, os missionários organizavam um show em um local público a fim de aumentar o número de pessoas que poderiam estar dispostas a ouvi-los.

À medida que o Tender Apples e o New Horizon se tornavam mais populares, o presidente Till realizou uma pesquisa e descobriu que a quantidade de residentes em Seul e nos arredores que haviam ouvido falar da Igreja agora era de oito a cada dez pessoas. E, o mais importante, a impressão que a maioria das pessoas tinha da Igreja era muito positiva.

Embora viessem de origens e culturas muito diferentes, o New Horizon e o Tender Apples tinham ajudado a disseminar o evangelho juntos, uma música por vez.


Em abril de 1975, Henry e Inge Burkhardt estavam a milhares de quilômetros de distância de casa. A convite da Primeira Presidência, eles partiram da República Democrática Alemã em direção a Utah para participar da conferência geral. A viagem foi uma rara oportunidade para um casal de santos dos últimos dias que vivia em um país que mantinha um controle rigoroso sobre suas fronteiras e seus cidadãos.

Não era a primeira vez que Henry visitava Salt Lake City. Quatro anos antes, o presidente Joseph Fielding Smith e seus conselheiros haviam convidado a ele e a Inge para participar da conferência geral. Sabendo que as autoridades da Alemanha Oriental leriam o convite, a Primeira Presidência escreveu respeitosamente sobre suas esperanças por paz mundial, fraternidade universal e outros ideais que a RDA professava. O governo aprovou o pedido de viagem de Henry, e ele participou da conferência geral em 1972.

Na época, a RDA não permitiu que Inge fosse com ele, temendo que o casal não retornasse se fossem autorizados a deixar o país juntos. No entanto, nos dois anos seguintes, ambos os conselheiros de Henry na presidência da Missão Dresden receberam permissão para viajar para a conferência geral com a esposa, dando ao casal Burkhardt a esperança de que os funcionários do governo aprovariam o próximo pedido de visto de Inge. Mas, quando pediram para participar da conferência em 1975, a solicitação de Inge foi novamente negada.

Ao saber do dilema de Inge, os líderes da Igreja em Salt Lake City fizeram uma oração especial por ela no templo. E, quando Henry e Inge recorreram da decisão, o governo aprovou o visto sem nenhum problema aparente.

Participar da conferência foi uma experiência extraordinária. Spencer W. Kimball deu início à conferência pela terceira vez como presidente da Igreja. Sua mensagem foi destinada aos santos dos últimos dias no mundo todo. Havia quase 700 estacas e 150 missões em todo o mundo e, no último ano, ele havia conseguido se reunir com os membros da Igreja em conferências gerais de área na América do Sul e na Europa. Também dedicou um templo em Washington, D.C., anunciou um novo templo em São Paulo, Brasil, e iniciou planos para construir um templo na Cidade do México. Muitas vezes, ao se reunir com os santos, ele os incentivava a “alargar os passos”, ou aumentar seus esforços, ao compartilhar o evangelho.

Agora, ao se dirigir aos santos na conferência geral, ele havia pedido que vivessem com base em princípios morais. Condenou a pornografia e o aborto, sendo que esta era uma prática que havia sido recentemente legalizada nos Estados Unidos. Também incentivou os santos a cultivar jardins, compartilhar o evangelho e estabelecer a Igreja em sua terra natal. “A coligação de Israel”, afirmou ele, “acontece quando pessoas de países distantes aceitam o evangelho e permanecem em sua terra natal”.

Foi uma mensagem que se conectou profundamente à experiência de Henry e Inge na Igreja. Vinte anos antes, quando decidiram retornar à RDA após seu selamento no templo suíço, eles sacrificaram sua chance de praticar sua religião livremente e frequentar o templo com regularidade. Mas seu exemplo e sua liderança ajudaram a reunir os santos não apenas na RDA, mas também em países vizinhos, como Hungria, Polônia e Tchecoslováquia, onde Henry e outros líderes da Igreja na Alemanha Oriental faziam visitas periódicas.

Antes de voltar para casa, Henry conversou com o presidente Kimball sobre as dificuldades que a Igreja enfrentava sob o governo da RDA. O presidente Kimball duvidava que a Igreja pudesse melhorar sua posição por meio de negociações políticas. “Se quiser ver uma mudança em como as coisas na Alemanha Oriental acontecem, deve começar com você individualmente”, disse ele a Henry. “Você deve se forçar a fazer amizade com os comunistas. Não pode guardar rancor contra eles. Você precisa mudar toda a sua perspectiva e atitude.”

Henry ficou surpreso com o que o profeta estava sugerindo. “Você não conhece os comunistas”, ele queria dizer. “Não se pode desenvolver um bom relacionamento com eles. Eles são contra a religião.” Ele se recordou das diversas vezes em que as autoridades o haviam assediado e tentado prendê-lo.

A ideia de fazer amizade com eles era repulsiva.


Em um domingo ensolarado no Vietnã, país devastado pela guerra, Nguyen Van The, presidente do Ramo Saigon, passou pelo portão externo da casa de estilo provençal que servia como capela local. Imediatamente, membros do ramo o cercaram; o rosto deles demonstrava frustração e esperança. “Presidente The! Presidente The!”, eles clamaram. “Quais são as novidades?”

Ele tinha notícias, mas não tinha certeza de como os membros do ramo reagiriam a elas. Ele caminhou até a porta da capela, e os santos o seguiram, fazendo cada vez mais perguntas. Sem responder, The apertou as mãos e deu tapinhas nas costas das pessoas. Cong Ton Nu Tuong-Vy, a presidente da Sociedade de Socorro e principal tradutora do Livro de Mórmon em vietnamita, pegou-o pelo braço.

“Que conselhos você tem, presidente The?”, perguntou ela. “O que devo dizer às irmãs?”

“Entre, irmã Vy”, disse The. “Vou lhe contar tudo o que sei depois da reunião sacramental.” Em seguida, ele pediu que todos permanecessem calmos. “Todas as suas perguntas serão respondidas.”

Durante décadas, o Vietnã tinha sido um país dividido. O conflito eclodiu logo após a Segunda Guerra Mundial, quando as forças vietnamitas derrubaram o governo colonial francês, que havia governado o Vietnã desde o final do século 19. Quando os partidos rivais do Vietnã do Sul resistiram ao governo comunista, a região caiu em uma feroz guerrilha. As forças americanas lutaram ao lado dos sul-vietnamitas por quase uma década, mas o elevado número de baixas tornou o conflito impopular nos Estados Unidos, fazendo com que o país gradualmente se retirasse da guerra. Naquele momento, as forças norte-vietnamitas estavam se aproximando da capital do sul, Saigon, e todos os americanos que ainda restavam estavam partindo.

A chegada das forças norte-vietnamitas ameaçava acabar com o ramo em Saigon. Até uma semana antes, quando o último missionário da Igreja havia deixado o país, o ramo recebia novos membros todos os meses. Mais de 200 santos vietnamitas frequentavam a Igreja regularmente com membros dos Estados Unidos. Agora, os santos vietnamitas temiam que os norte-vietnamitas os punissem por essa associação. Alguns membros da Igreja já haviam ido para longe, muitos deles se juntando à multidão na base aérea, na esperança de fugir do país.

Quando The entrou na capela e se sentou de frente para as pessoas, ele pôde ouvir o estrondo dos tiros de artilharia — e algumas explosões soaram terrivelmente próximas. A ironia do momento não passou despercebida para ele. A guerra havia trazido os soldados americanos que apresentaram o evangelho restaurado a ele e a tantos santos vietnamitas. Agora, essa mesma guerra estava destruindo o ramo. Ele sentiu como se estivesse participando do funeral da pequena congregação.

Havia cerca de 125 membros do ramo na reunião quando The se levantou e se aproximou do púlpito. Eles pareciam ansiosos, e muitos estavam chorando. Ele também estava emotivo, mas permaneceu calmo ao iniciar a reunião sacramental. Os santos cantaram “Vinde, ó santos” e tomaram o sacramento. Então, The prestou seu testemunho e convidou outras pessoas a fazerem o mesmo. Mas, enquanto os membros se levantavam e compartilhavam o testemunho, ele não conseguia se concentrar em suas palavras. Naquele momento de crise, os santos contavam com ele, e The se sentiu inadequado.

Após a reunião, The informou aos santos que a embaixada dos Estados Unidos estava disposta a realizar o translado dos membros da Igreja e de qualquer pessoa que estivesse se preparando para o batismo. Mas os santos com familiares que não eram membros da Igreja teriam que deixar para trás seus entes queridos ou ficar ao lado deles. Essa notícia fez com que alguns membros gritassem de angústia. “E minha família?”, perguntaram eles. “Não posso ir embora sem minha família!”

Com a ajuda dos membros do ramo, The criou uma lista de translado que identificava quais santos partiriam primeiro. Apesar da solicitação da embaixada, a lista incluía o nome de dezenas de familiares não membros e amigos de membros do ramo. O nome da esposa de The, Lien, e de seus três filhos pequenos estava entre os nomes dos santos na lista. Os membros do ramo insistiram que a família de The partisse imediatamente para que ele pudesse dar toda a atenção ao translado das outras pessoas. Como presidente do ramo, ele sentiu que era seu dever ser o último a partir.

Lien e as crianças, com a mãe e as irmãs de Lien, voaram de Saigon algumas horas depois.

No dia seguinte, os norte-vietnamitas bombardearam o aeroporto de Saigon, danificando a pista e impedindo o pouso de aeronaves de transporte militar. Então, nas 48 horas seguintes, helicópteros transportaram os americanos restantes e quaisquer refugiados vietnamitas que pudessem levar. The correu para a embaixada dos EUA, na esperança de encontrar uma saída para ele e os outros santos que ainda estavam na cidade. Quando ele chegou ao local, o prédio estava em chamas e a fumaça cobria o céu. Bombeiros e inúmeras pessoas se reuniam do lado de fora, mas a embaixada estava vazia. Os americanos já haviam deixado a cidade.

Desesperado para ajudar os membros restantes do ramo a escapar, The e um colega membro da Igreja, Tran Van Nghia, subiram em uma motocicleta em busca de ajuda da Cruz Vermelha Internacional. Mas logo encontraram uma multidão de pessoas correndo, em pânico, em uma rua de mão única. Um tanque com uma arma enorme estava indo rapidamente em direção à multidão.

Nghia desviou da estrada, e ele e The entraram em uma vala para se esconder. O tanque passou por eles, fazendo o chão tremer.

Saigon estava agora nas mãos dos norte-vietnamitas.


Uma semana depois, em maio de 1975, Le My Lien desceu de um ônibus lotado em um acampamento militar perto de San Diego, Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos. Logo a sua frente, havia uma grande cidade feita de tendas criadas para abrigar 18 mil refugiados do Vietnã. Grama e areia se espalhavam pelo chão, com árvores pontilhando o horizonte. Crianças andavam usando jaquetas militares enormes e os adultos passavam o dia com um olhar sério.

Embora a mãe e as irmãs de Lien estivessem a seu lado, ela se sentia perdida e estava enjoada após a viagem para o acampamento. Ela não tinha dinheiro e falava pouco inglês. Além disso, tinha três filhos para cuidar enquanto aguardava notícias de seu marido no Vietnã.

No primeiro dia no acampamento, Lien e outros membros do Ramo de Saigon — a maior parte mulheres — foram recebidos por voluntários com crachás que os identificavam como membros da estaca local da Califórnia. Uma mulher bem vestida se apresentou como Dorothy Hurley, a presidente da Sociedade de Socorro da estaca. Ela e outros voluntários da estaca estavam lá para distribuir alimentos, roupas e remédios aos santos refugiados, organizá-los em distritos de ensino familiar e estabelecer uma Primária e uma Sociedade de Socorro. Para Lien, as irmãs da Sociedade de Socorro pareciam anjos.

Os membros do ramo de Saigon passaram a tarde em um passeio pelo acampamento. Os cascalhos faziam barulho sob seus pés conforme Lien e sua família andavam para conhecer o refeitório, o quiosque da Cruz Vermelha e as dependências do acampamento. A longa caminhada levou a tarde toda, deixando Lien exausta. Ela pesava menos de 40 quilos, e seu corpo estava fraco demais a fim de produzir leite para sua pequena filha, Linh.

Naquela noite, Lien fez o possível para deixar seus filhos confortáveis. O acampamento não tinha dado a eles cobertores, e havia apenas um berço. Seus filhos, Vu e Huy, amontoaram-se no berço enquanto o bebê dormiu em uma rede que Lien fez com lençol e elásticos.

Não havia lugar para Lien se deitar, então ela dormiu sentada na beirada do berço, encostada no mastro de sustentação da tenda. As noites eram frias, e o ar gelado não fazia nada além de piorar sua saúde. Logo, ela foi diagnosticada com tuberculose.

Apesar da doença, Lien acordava cedo todas as manhãs para pegar seis pequenos frascos de fórmula para a bebê e alimentar os meninos. Na hora das refeições, o refeitório ficava lotado de pessoas esperando para comer. Com a filha nos braços, ela ajudava os filhos a pegar comida e a carregar os pratos. Somente quando terminavam de comer, ela voltava para buscar sua própria comida.

O coração de Lien doía quando via outras crianças aguardando famintas na fila. Já que as porções no refeitório acabavam rapidamente, Lien costumava dar sua comida para as crianças a fim de garantir que comessem. Algumas compartilharam suas cenouras e brócolis com ela em troca.

Ela orava continuamente para que seu marido permanecesse forte, acreditando que, se ela pudesse sobreviver à sua provação, ele poderia sobreviver à dele. Ela não tivera nenhuma notícia dele desde que havia deixado Saigon. Mas, algumas semanas após Lien ter chegado ao acampamento, o élder A. Theodore Tuttle, do primeiro conselho dos setenta, visitou-a e lhe deu uma mensagem pessoal do presidente Spencer W. Kimball, que havia visitado o acampamento e os refugiados pouco antes da chegada de Lien.

“Testifico que seu marido será preservado”, declarou a mensagem do profeta, “e que vocês serão reunidos como família no devido tempo do Senhor”.

Todas as manhãs, enquanto Lien balançava sua bebê que chorava, ela também chorava. “Por favor”, ela implorava ao Senhor, “permita que eu aguente firme só mais este dia”.

Capítulo 17

Não abandonaremos a fé

panfleto do testemunho de Joseph Smith

Na manhã de 10 de outubro de 1975, vários automóveis antigos e reluzentes ganharam vida no campus da Universidade Brigham Young, sinalizando o início do desfile do Dia dos Fundadores da universidade. Milhares de professores, alunos e ex-alunos, representando as diversas faculdades e associações da universidade, marchavam rapidamente atrás dos carros. Ao longe, na encosta de uma montanha ao leste do campus, o gigantesco “Y” branco brilhava sob o sol.

A BYU celebrava sua fundação a cada outono, mas esse ano marcava o centenário da universidade. Para comemorar a ocasião, o presidente Spencer W. Kimball e sua esposa, Camilla, andaram no carro principal, um Cadillac vermelho de 1906. Para combinar com o tema nostálgico do desfile, o presidente Kimball usava um chapéu clássico à moda antiga e um casaco listrado. A irmã Kimball, por sua vez, segurava uma sombrinha de renda preta acima da cabeça.

Embora suas roupas lembrassem o passado, o presidente Kimball tinha os olhos fixos no futuro. Agora que a Igreja estava rapidamente se tornando uma organização mundial, não parecia certo fornecer programas e serviços para alguns membros e não para outros. Os líderes já haviam eliminado os torneios esportivos em toda a Igreja em Salt Lake City. E, em 1974, a Primeira Presidência havia anunciado que a Igreja abdicaria dos 15 hospitais que operava no oeste dos Estados Unidos. Então, no ano seguinte, o presidente Kimball anunciou que todas as conferências anuais das organizações gerais — MIA, Escola Dominical, Primária e Sociedade de Socorro — estavam chegando ao fim porque aconteciam em Salt Lake City e geralmente beneficiavam apenas os santos em Utah e nos arredores.

“Com as distâncias aumentando e o número de membros crescendo muito”, explicou ele, “parece que chegou a hora de dar mais um longo passo em nossa descentralização”.

A proeminência de novas conferências gerais de área foi uma evidência do compromisso da Igreja com seus membros no mundo todo. Somente em 1975, o presidente Kimball presidiu grandes conferências no Brasil, na Argentina, no Japão, nas Filipinas, em Taiwan, em Hong Kong e na Coreia do Sul. E a Igreja estava chamando mais missionários do que nunca. Durante suas viagens como apóstolo, o presidente Kimball distribuía moedas de dólares para as crianças que conhecia, pedindo-lhes que começassem um fundo missionário. Nesse momento, como presidente da Igreja, ele pediu que todos os rapazes servissem missão e incentivou os santos de todos os países a fornecer sua própria força missionária.

Enquanto estava no Japão, ele anunciou planos de construir um templo em Tóquio, o primeiro na Ásia. Mais recentemente, na conferência geral de outubro, ele chamou homens para servir em um novo quórum geral do sacerdócio, o primeiro quórum dos setenta. De acordo com Doutrina e Convênios, o Quórum dos Doze Apóstolos deveria “recorrer aos Setenta (…) quando houver necessidade de auxílio”. Os membros do novo quórum deveriam apoiar os Doze, presidir conferências locais e criar novas estacas no mundo todo. Embora apenas alguns homens tivessem sido chamados para o novo quórum até o momento, ele poderia ter até 70 membros.

O centenário da BYU também fez com que o presidente Kimball pensasse sobre o futuro da universidade. Com cerca de 25 mil alunos, a BYU era a maior das quatro instituições de ensino superior da Igreja, que também incluíam o Ricks College, em Idaho; a BYU–Havaí, em Oahu; e o LDS Business College, em Salt Lake City. Era também a maior universidade particular dos Estados Unidos. Os alunos de lá, e de todas as escolas da Igreja, cumpriam um código de honra que exigia altos padrões de moralidade, honestidade e decoro.

Em 1971, Dallin Oaks, um jovem santo dos últimos dias que era professor de direito na Universidade de Chicago, substituiu o presidente da BYU, Ernest Wilkinson. Sob a liderança do presidente Oaks, a universidade proporcionou mais oportunidades para professoras e alunas mulheres, fundou-se a Faculdade de Direito J. Reuben Clark e outros programas acadêmicos se expandiam.

Nos últimos tempos, entretanto, a universidade vinha sendo inspecionada, pois algumas de suas políticas do código de honra aparentemente violavam as novas leis federais de igualdade de oportunidades. O presidente Oaks e o conselho de administração estavam preocupados com o regulamento, observando que a BYU poderia ser forçada a eliminar certas determinações, como as moradias separadas para homens e mulheres. Eles seguiam o princípio da igualdade de oportunidades na educação e no emprego. No entanto, opunham-se a qualquer lei que exigisse que a universidade comprometesse a liberdade religiosa, adotando políticas que pudessem minar as crenças e práticas da Igreja.

Até o momento, o problema permanecia sem solução. No entanto, como presidente do conselho de administração da BYU, o presidente Kimball foi inflexível em relação ao cumprimento dos padrões da Igreja. Ele acreditava que o compromisso da BYU com o aprendizado secular e espiritual era fundamental para seu sucesso futuro, mesmo que essa abordagem os diferenciasse de outras universidades.

Após o desfile do Dia dos Fundadores, o presidente Kimball falou a uma grande assembleia a respeito de sua visão para o segundo século da BYU. “Esta universidade compartilha com outras universidades a esperança e o trabalho envolvidos na expansão de cada vez mais áreas do conhecimento”, declarou ele, “mas também sabemos que, por meio do processo de revelação, ainda há ‘muitas coisas grandiosas e importantes’ a serem oferecidas à humanidade que terão um impacto intelectual e espiritual muito maior do que meros mortais podem imaginar”.

Ele incentivou o corpo docente e os alunos a serem mais “bilíngues” em seus estudos. “Como estudiosos santos dos últimos dias, vocês devem falar com autoridade e excelência aos seus colegas profissionais na linguagem da erudição”, disse ele, “e também devem ser alfabetizados na linguagem das coisas espirituais”.

Ele incentivou a universidade a abraçar o futuro com fé, seguindo a orientação do Senhor, linha sobre linha. Ele testificou que a universidade seguiria adiante. “Entendemos”, afirmou ele, “que a educação faz parte dos negócios de nosso Pai e que as escrituras contêm os conceitos fundamentais para a humanidade”.

“Temos a expectativa — não apenas a esperança — de que a Universidade Brigham Young se torne uma referência entre as grandes universidades no mundo”, continuou ele. “A essa expectativa, eu acrescentaria: Que a universidade se torne singular em todo o mundo!”


Por volta dessa época, representantes de uma igreja protestante nos Estados Unidos chegaram a Cape Coast, em Gana, procurando por Billy Johnson. Eles tinham ouvido falar que Billy havia realizado milagres poderosos e esperavam persuadi-lo e a seus seguidores a se juntarem à sua igreja. Cerca de 4 mil ganeses em 41 congregações se denominavam santos dos últimos dias. Billy supervisionava cinco dessas congregações. Os representantes precisavam de alguém para cuidar de suas congregações ganesas, e Billy foi considerado o homem certo para liderá-los.

Billy e seus seguidores concordaram em adorar com os visitantes em um centro comunitário na cidade. Os americanos os cumprimentaram lhes oferecendo sabonetes e cosméticos como presente. “Vocês são pessoas gentis e deviam ser nossos irmãos”, disseram eles, “e devemos ficar juntos”. Eles pediram a Billy e aos outros que parassem de esperar por missionários. “Eles não virão.”

Um dos visitantes pediu a Billy que se juntasse a eles e se tornasse um líder em sua igreja. “Pagaremos a você”, disse ele. “Pagaremos a seus ministros.” Eles também se ofereceram para ajudar Billy a visitar os Estados Unidos e prometeram providenciar instrumentos musicais para a congregação e um novo prédio para a igreja.

Naquela noite, Billy convidou os visitantes a ficarem em sua casa enquanto ele considerava a oferta. Por ser realmente muito pobre, ele levou a proposta a sério. Contudo, não queria trair a Deus ou sua própria fé no evangelho restaurado.

Sozinho em seu quarto, Billy chorou. “Senhor, o que devo fazer?”, ele orou. “Esperei por tanto tempo e meus irmãos não vieram.”

“Johnson, nunca cause confusão a si mesmo ou a seus membros”, uma voz lhe disse. “Permaneça firme na Igreja e, muito em breve, seus irmãos virão em seu auxílio.”

Billy concluiu a oração e saiu de seu quarto. Logo, um dos convidados saiu de outro cômodo. “Johnson”, disse o homem, “você não está dormindo?”

“Estou pensando em como resolver as coisas”, admitiu Billy.

“Irmão Johnson”, disse o homem, “queria vir e bater à sua porta para lhe dizer que sua igreja já está organizada. Não devo confundi-lo”. Ele disse que o Senhor havia lhe revelado essa verdade. “Eu deveria ser apenas um irmão para você”, disse ele. “Continue com sua igreja.”

“O Senhor falou comigo também”, disse Billy. “É a Igreja do Senhor. Não posso dar a Igreja a ninguém.”

Representantes de outras igrejas americanas vieram depois com ofertas semelhantes. Billy rejeitou a todos. Logo, líderes de sua própria congregação descobriram que ele estivera recusando dinheiro e presentes dos americanos. Enfurecidos, os líderes invadiram sua casa. “Essas pessoas vieram ajudar”, disse um dos homens. “Eles vão nos pagar em dinheiro.”

“Não venderei a Igreja”, afirmou Billy. “Se levar 20 anos, esperarei pelo Senhor.”

“Você não tem dinheiro”, disse um homem. “Eles querem nos pagar.”

“Não”, disse Billy, “não”.

Os homens pareciam prontos para vencê-lo, mas ele se recusou a mudar de ideia. Por fim, eles recuaram e, ao saírem, Billy abraçou cada um deles. O último homem se desfez em lágrimas quando Billy o pegou nos braços.

“Desculpe por estar magoando você”, disse o homem. “Por favor, peça a Deus que perdoe meus pecados.”

Billy chorou com ele. “Pai”, ele orou, “perdoai-o”.


Em agosto de 1976, em outra parte da África Ocidental, Anthony Obinna enviou uma carta ao presidente Kimball. “Gostaríamos que voltasse sua atenção para a Nigéria”, escreveu ele, “e dedicasse esta terra aos ensinamentos do verdadeiro evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Dois anos haviam se passado desde a última vez que Anthony ouvira falar de seu contato no Departamento Missionário, LaMar Williams. Enquanto isso, Lorry Rytting, um professor membro da Igreja nos Estados Unidos, havia passado um ano lecionando em uma universidade na Nigéria. Anthony e outros fiéis haviam se encontrado com Lorry e esperavam que sua visita resultasse em um contato mais direto com a sede da Igreja — e talvez o início de uma missão. Lorry havia retornado a Utah e feito aos líderes da Igreja um relato favorável a respeito de como a Nigéria estava pronta para o evangelho, mas nada ainda havia acontecido.

Anthony não estava disposto a desistir. “Os ensinamentos de sua Igreja incorporam coisas tão boas que não podem ser encontradas em outras igrejas”, ele escreveu ao presidente Kimball. “Deus nos chama para sermos salvos, e desejamos que vocês acelerem o trabalho.”

Anthony logo recebeu uma resposta de Grant Bangerter, presidente da Missão Internacional da Igreja, uma missão especial que supervisiona áreas onde membros da Igreja moravam, mas onde a Igreja não era oficialmente reconhecida. O presidente Bangerter disse a Anthony que tinha empatia pela situação, mas informou que ainda não havia planos de organizar a Igreja na Nigéria.

“Incentivamos você, com todo o nosso sentimento de amor fraternal, a seguir a prática de sua fé da melhor maneira que puder até o momento em que for possível para a Igreja tomar medidas mais diretas”, escreveu ele.

Nessa época, Anthony e sua esposa, Fidelia, descobriram que seus filhos estavam sendo assediados e humilhados na escola por causa de suas crenças religiosas. Sua filha de 8 anos contou como os professores chamavam seus irmãos e a ela diante dos outros alunos durante as orações da escola, forçando-os a se ajoelhar com as mãos erguidas e batendo em suas mãos com uma vara.

Depois que Anthony e Fidelia descobriram o que estava acontecendo, foram falar com os professores. “Por que vocês estão fazendo isso?”, perguntaram eles. “Temos liberdade de culto na Nigéria.”

A punição física parou, mas a família e seus companheiros fiéis continuaram a enfrentar oposição da comunidade. “A ausência de visitas de qualquer uma das autoridades de Salt Lake City nos tornou motivo de ridicularização para algumas pessoas aqui”, escreveu Anthony ao presidente Bangerter em outubro de 1976. “Estamos fazendo todo o possível para estabelecer a verdade entre tantos filhos de nosso Pai Celestial nesta parte do mundo.”

Anthony esperou por uma resposta, mas não recebeu nenhuma. Será que suas cartas não haviam chegado a Salt Lake City? Ele não sabia, então escreveu novamente.

“Não nos cansaremos de escrever e pedir que a Igreja seja aberta aqui, como vocês fizeram em todo o mundo”, declarou ele. “Em nosso grupo, estamos seguindo fervorosamente os ensinamentos de nosso Salvador, Jesus Cristo. Não abandonaremos nossa fé.”


Quando Katherine Warren soube do evangelho restaurado pela primeira vez, ela trabalhava como auxiliar de enfermagem na casa de uma mulher no nordeste dos Estados Unidos. Certo dia, ela atendeu a porta e se deparou com dois missionários de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

“A dona da casa está na cama”, disse Katherine.

“Diga a ela que os élderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias vieram”, responderam eles, entregando-lhe um panfleto que continha o testemunho do profeta Joseph Smith. Katherine pegou o panfleto, e os missionários seguiram seu caminho.

Katherine ficou impressionada com os rapazes. Mas, quando sua empregadora descobriu sobre eles, ela pegou o panfleto da mão de Katherine e o jogou na lata de lixo.

Katherine permaneceu intrigada, então recuperou o panfleto. Mais tarde naquele dia, ao ler sobre a Primeira Visão de Joseph Smith e o Livro de Mórmon, ela acreditou em tudo.

Pouco tempo depois, Katherine contou sobre o panfleto a uma amiga. “Acho que tenho esse Livro de Mórmon”, disse a amiga, “e você pode ficar com ele”.

Katherine acreditava que o Senhor a estava levando em busca de algo importante. Depois que começou a ler o Livro de Mórmon, soube que era aquilo que o Senhor queria que ela encontrasse. Quando parte do que o livro ensinava sobre batismo contradisse o que aprendera na infância, ela ouviu uma voz pedindo que não deixasse o livro de lado. “Creia em todas as coisas”, disse a voz.

Não muito tempo depois, Katherine se mudou para Nova Orleans, uma cidade no sul do estado de Louisiana, e se casou. Ansiosa para se reunir com os santos dos últimos dias, ela procurou a Igreja na lista telefônica e foi à ala local. Ela se sentia bem na igreja e começou a frequentá-la regularmente. No entanto, sendo uma mulher negra, ela era tratada de maneira diferente. Algumas pessoas pareciam desconfortáveis com sua presença e até se recusavam a falar com ela. Ela acabou conhecendo uma mulher negra idosa na ala, Freda Beaulieu. Embora Freda amasse o evangelho e fosse membro da Igreja desde a infância, ela não frequentava a ala regularmente.

Vários anos se passaram, e Katherine queria se juntar à Igreja, mas não sabia como. Ela escreveu ao presidente Kimball sobre seu desejo, e ele encaminhou a carta aos líderes da Igreja em Louisiana. Dois missionários servindo na missão do presidente LaMar Williams foram para a casa dela imediatamente.

Os élderes ensinaram a Katherine as lições missionárias-padrão, e logo ela estava pronta para o batismo. Mas, na época, para evitar possíveis conflitos entre casais, a Igreja tinha a política de que uma mulher não poderia ser batizada sem a permissão do marido. No entanto, o marido de Katherine se recusou a dar seu consentimento.

“Irmã Warren, esta é sua Igreja. Você pode continuar a vir aqui”, disseram os élderes quando ela lhes contou a má notícia. “Pode levar 50 anos até que você seja batizada, mas continue vindo à Igreja.”

Então Katherine continuou a frequentar a Igreja. Quando novos missionários chegaram à área, eles começaram a ensiná-la novamente, mas ela sabia todas as respostas para suas perguntas. “Viemos ensiná-la”, disseram a ela, “mas é você quem está ensinando a nós”.

Ainda com a esperança de ser batizada, Katherine novamente procurou a permissão do marido. Dessa vez, ela lhe deu um formulário que os missionários haviam escrito para que ele assinasse. “Se é isso que você quer, vou assinar”, afirmou ele.

Mas, quando o presidente Williams viajou para Nova Orleans a fim de entrevistar Katherine para o batismo, seu marido não a deixou ir falar com ele. Desanimada, Katherine quase desistiu. Ela sabia que o Espírito a havia conduzido à Igreja, mas tentar se tornar membro havia causado um problema após o outro. O esforço valia a pena?

Ela decidiu jejuar e, naquele momento, teve uma visão. Uma figura de terno cinza aparecia em sua casa. No início, ela pensou que fosse um missionário, mas rapidamente reconheceu que era um anjo. Seu rosto brilhava e ele não disse palavras a ela. Ele simplesmente a pegou pela mão. Ela se sentiu inspirada a convidar os missionários e o presidente Williams para entrevistá-la em sua casa. Eles não precisavam se preocupar com a interferência do marido.

O presidente Williams veio a Nova Orleans e entrevistou Katherine. Ela foi batizada no dia de Natal, em 1976.


Na época em que Katherine Warren aceitou o evangelho restaurado, o presidente do Ramo de Saigon, Nguyen Van The, estava preso em Thành Ông Năm, uma fortaleza vietnamita em ruínas que servia como campo de prisioneiros. Ele estava desesperado por notícias de sua esposa e seus filhos, mas o acampamento impedia, em grande parte, seu contato com o mundo exterior. Tudo o que ele sabia sobre o paradeiro de sua família tinha vindo em um telegrama do presidente da Missão Hong Kong: “Lien e a família estão bem. Com a Igreja”.

The havia recebido o telegrama pouco antes de entrar no acampamento. Em um esforço para restaurar a ordem após haver conquistado Saigon, o governo norte-vietnamita exigiu que todos os ex-membros das forças armadas sul-vietnamitas se submetessem a um curso de “reeducação” sobre os princípios e as práticas do novo governo. Tendo em vista que The servira como oficial júnior e professor de inglês no Vietnã do Sul, ele havia se entregado com relutância, esperando que o processo de reeducação durasse cerca de dez dias. Naquele momento, mais de um ano depois, ele se perguntava quando ficaria livre novamente.

A vida em Thành Ông Năm era degradante. The e seus companheiros de cativeiro foram organizados em unidades e alojados em quartéis infestados de ratos. Dormiram no chão frio até que seus captores os fizeram construir camas com chapas de aço. Alimentos escassos e estragados, com as condições insalubres no acampamento, deixaram os homens vulneráveis a doenças como disenteria e beribéri.

A reeducação também envolvia trabalho pesado e doutrinação política. Quando não estavam cortando árvores ou cuidando das plantações para alimentar o acampamento, os homens eram forçados a memorizar as declarações do partido e confessar seus crimes contra o Vietnã do Norte. Qualquer um que quebrasse as regras do acampamento poderia esperar uma surra brutal ou um confinamento na solitária: uma caixa de ferro semelhante a uma lixeira.

Eles haviam sobrevivido até aquele momento por não chamarem a atenção e se agarrarem à sua fé. Ele tentou obedecer às regras do acampamento e praticou sua religião em segredo. Ele observava os domingos de jejum, apesar de estar desnutrido, e, para fortalecer sua fé, recitava silenciosamente as escrituras que tinha memorizado. Quando um colega cristão no acampamento lhe deu uma Bíblia contrabandeada, ele leu o livro inteiro duas vezes em três meses, valorizando a chance de poder ler a palavra de Deus novamente.

Ele desejava ser livre. Por algum tempo, ele considerou fugir do acampamento. Tinha certeza de que poderia usar seu treinamento militar para escapar de seus captores, mas, enquanto orava por ajuda na fuga, sentiu que o Senhor o restringia. “Seja paciente”, sussurrou o Espírito. “Tudo ficará bem no devido tempo do Senhor.”

Algum tempo depois, The soube que sua irmã, Ba, receberia permissão para visitá-lo no acampamento. Se ele pudesse enviar uma carta para sua família, ela poderia enviá-la ao presidente Wheat em Hong Kong, e ele poderia encaminhá-la para Lien e as crianças.

No dia da visita de Ba, The aguardou na fila enquanto os guardas revistavam os prisioneiros à sua frente. Sabendo que os guardas o mandariam direto para a solitária se encontrassem sua carta para Lien, ele escondeu a mensagem atrás da faixa de pano, na parte de dentro de seu chapéu. Então, ele colocou um pequeno caderno e uma caneta no chapéu e os colocou no chão. Com sorte, o caderno distrairia os guardas apenas o suficiente para impedi-los de vasculhar o restante do chapéu.

Quando chegou sua vez de ser revistado, The tentou manter a calma. Mas, quando os guardas o inspecionaram, ele começou a tremer. Pensou no confinamento que o aguardava se os captores descobrissem a carta. Vários momentos de tensão se passaram, e os guardas voltaram sua atenção para o chapéu. Eles examinaram a caneta e o caderno, mas, quando não encontraram nada fora do comum, perderam o interesse em The e o deixaram passar.

Logo, The viu sua irmã se aproximando, então ele discretamente tirou a carta do chapéu e a colocou nas mãos dela. Ele chorou conforme Ba lhe deu comida e dinheiro. Ela e o marido administravam um negócio de produtos hortifrutícolas e não lhes sobrava muito. The se sentia grato por tudo que ela podia ofertar. Quando se separaram, ele confiou que ela enviaria sua carta a Lien.

Seis meses depois, Ba retornou ao acampamento com uma carta. Dentro havia uma fotografia de Lien e das crianças. Os olhos de The transbordaram de lágrimas ao olhar para o rosto deles. Seus filhos haviam crescido muito. Ele percebeu que não conseguia esperar mais.

Tinha que encontrar uma maneira de sair do acampamento e ir para os braços de sua família.

Capítulo 18

Todas as bênçãos do evangelho

Darius Gray abraça Heber Wolsey; Templo de Salt Lake ao fundo

Na tarde de 9 de março de 1977, Helvécio Martins se encontrou com repórteres no canteiro de obras do templo em São Paulo, Brasil. O presidente Spencer W. Kimball tinha vindo ao país para a cerimônia da pedra angular do templo, e cerca de 3 mil pessoas compareceram para assistir, algumas segurando guarda-chuvas para se protegerem do sol escaldante. Como diretor de assuntos públicos da Igreja na Região Norte do Brasil, Helvécio estava presente para ajudar os repórteres que cobriam o evento.

Helvécio havia aceitado o chamado para servir nos assuntos públicos da Igreja três anos antes. Ele pensou que era um nível extraordinário de confiança para se depositar em um novo membro. Contudo, dedicou-se ao chamado, usando sua proeminência como executivo de negócios a fim de fazer contatos importantes na mídia e abrir portas para a Igreja.

Parte dos novos deveres de Helvécio envolvia divulgar o templo. Por volta de um terço do edifício do templo estava agora concluído e suas paredes se estendiam para o alto, acima do solo. O arquiteto da Igreja, Emil Fetzer, queria mármore branco italiano para o exterior do templo, mas, quando essa e outras opções se mostraram impraticáveis, ele trouxe um artesão para ensinar os membros locais da Igreja a fazer blocos de pedra fundidos diretamente no local do templo.

Os membros brasileiros, com membros de outros países da América do Sul e da África do Sul, fizeram muitos sacrifícios financeiros para ajudar a financiar a construção do templo. No Brasil, os membros contribuíram com 15 por cento do custo total. A esposa de Helvécio, Rudá, fez sua contribuição doando joias que havia recebido de seus pais.

Enquanto Helvécio e Rudá aguardavam ansiosamente a finalização do templo, eles se entristeceram porque não poderiam participar de investiduras e selamentos por serem negros. Em uma ocasião, enquanto caminhavam pelas estruturas de aço do templo e pelos pisos inacabados, eles pararam em uma área demarcada no chão. O Espírito tocou seu coração. Eles estavam sobre o local onde ficaria a sala celestial.

Abraçados, eles choraram. “Não se preocupe”, respondeu Helvécio, “o Senhor sabe de tudo”.

Enquanto Helvécio aguardava o início da cerimônia da pedra angular, ele olhou para o presidente Kimball, que estava sentado em um pequeno palco ao lado das paredes do templo. O profeta parecia estar apontando para ele, mas Helvécio não tinha certeza. Ele viu o presidente Kimball sussurrar algo para o élder James E. Faust, um membro recém-chamado do primeiro quórum dos setenta que havia servido missão no Brasil durante a década de 1940. O élder Faust então olhou para Helvécio. “Venha aqui”, ele disse. “Ele quer falar com você.”

Helvécio se apressou e subiu no palco. Ao se aproximar, o presidente Kimball se levantou e o abraçou. Então ele colocou o braço em volta dele e o olhou. “Irmão, a palavra de ordem para você é fé”, disse ele. “Mantenha-se fiel e você desfrutará de todas as bênçãos do evangelho.”

Helvécio apreciou o gesto, mas ficou confuso. O que o presidente Kimball queria dizer?

Mais tarde, depois que a pedra angular havia sido colocada e a cerimônia terminara, o presidente Kimball se aproximou de Helvécio e segurou sua mão com firmeza. Então, colocou a outra mão no braço de Helvécio.

“Não se esqueça, irmão Martins”, disse ele. “Não se esqueça.”


Mais tarde naquele ano, na República Democrática Alemã, Henry Burkhardt viu uma funcionária da Alemanha Oriental sentada na primeira fila em uma reunião especial da Igreja em Dresden. Ela era a sra. Fischer e supervisionava as atividades religiosas locais na área. Por mais de dois anos, Henry não havia feito qualquer esforço para fazer amigos no governo da Alemanha Oriental. Ele havia solicitado a presença da sra. Fischer apenas porque era dever dele.

A reunião era especial porque o próprio presidente Kimball estava presente. Ele estava concluindo uma viagem em sete nações pela Igreja na Europa e tinha apenas algumas horas para se encontrar com os santos na RDA. A reunião estava acontecendo em uma tarde no meio da semana — um horário inconveniente para uma reunião —, mas havia cerca de 1.200 membros sentados e em pé, ocupando todo o espaço.

Henry não tinha ideia do que o presidente Kimball planejava falar. A RDA prestava atenção às palavras dos líderes da Igreja, e Henry e outros santos da Alemanha Oriental muitas vezes se preocupavam quando uma autoridade geral condenava o comunismo publicamente. Esses discursos ofendiam o governo e colocavam os santos da Alemanha Oriental em risco de retaliação.

Enquanto o presidente Kimball esteve ao púlpito em Dresden, Henry teve pouco com que se preocupar. O profeta falou sobre a décima segunda regra de fé: “Cremos na submissão a reis, presidentes, governantes, e magistrados; na obediência, honra, e manutenção da lei”. Ele acreditava que a melhor ação a ser tomada pela Igreja era cumprir esse preceito.

O discurso impressionou tanto Henry quanto a sra. Fischer. “Sr. Burkhardt”, disse ela após a reunião, “seu presidente falou sobre esse artigo por minha causa?”

“De forma alguma”, respondeu Henry. “Essa era a mensagem de que todos os santos precisavam neste momento.”

Não muito tempo depois da visita do presidente Kimball, Erich Honecker, principal oficial da RDA, falou publicamente sobre seu desejo de trabalhar com grupos religiosos a fim de melhorar a humanidade. Embora suas palavras tivessem dado a muitos alemães orientais esperança para o futuro, as autoridades da RDA continuaram a negar vistos aos membros da Igreja que desejavam viajar para o templo na Suíça. O governo não entendia por que os membros da Igreja precisavam ir para a Suíça quando podiam adorar em capelas na RDA. Além disso, o governo temia que os santos aproveitassem a viagem para fugir do país.

Pouco tempo depois, o bispo H. Burke Peterson, primeiro conselheiro no Bispado Presidente, fez uma viagem à RDA. Ao falar sobre as dificuldades dos santos em obter visto para visitar o templo suíço, o bispo Peterson perguntou a Henry: “Por que não é possível consagrar uma sala aqui onde os membros possam receber sua investidura?”

A ideia intrigou Henry, mas ele não achava que era possível. Três semanas depois, porém, ele se reuniu com algumas autoridades da Alemanha Oriental quando o tema dos templos e vistos de viagem surgiu novamente. Os funcionários do governo ainda se recusavam a ceder. Contudo, acreditavam que poderiam chegar a um acordo com os santos.

“Por que vocês não constroem um templo aqui?”, perguntou um dos funcionários.

“Isso não é possível”, disse Henry. Havia apenas cerca de 4.200 membros na RDA — um número insuficiente para garantir um templo. “Além disso”, disse ele, “as ordenanças no templo precisam ser sagradas”. O governo não poderia monitorá-las da mesma maneira que monitorava outras reuniões da Igreja.

“Sem problemas”, disseram os funcionários do governo. “Se seus membros puderem ter a mesma experiência aqui como na Suíça, vocês não precisam viajar para a Suíça.”

Henry nunca achou que ouviria essas palavras. Ele também achava que não seria possível construir um templo da Igreja na RDA. Mas que coisa maravilhosa havia acontecido! Ele agora podia ver a sabedoria no conselho do presidente Kimball sobre melhorar seu relacionamento com o governo. “Quando o profeta lhe dá uma designação”, concluiu ele, “você certamente deve honrá-la”.

Claro, ele não sabia se a Primeira Presidência aprovaria um templo na RDA. Mas ele ainda perguntaria.


No início de 1977, a proposta da Emenda de Igualdade de Direitos à Constituição dos Estados Unidos havia dividido os americanos. Apenas mais quatro estados precisavam aprovar a emenda para que ela entrasse em vigor. Naquele verão, em convenções estaduais de mulheres realizadas em antecipação a uma convenção nacional em novembro, a emenda e outras questões relacionadas estavam sendo debatidas e contestadas.

A presidente geral da Sociedade de Socorro, Barbara B. Smith, e outras líderes da Igreja frequentemente falavam em oposição à Emenda de Igualdade de Direitos. Ao estudarem a emenda, ficaram preocupadas que sua vasta aplicação de direitos não levava em conta as diferenças entre mulheres e homens. Elas temiam que a emenda pudesse derrubar leis que protegiam os interesses das mulheres em questões de divórcio, pensão alimentícia para cônjuge e filhos, serviço militar e outras áreas da vida cotidiana.

Os líderes da Igreja também ficaram alarmados com o fato de muitos defensores da emenda argumentarem em favor de práticas como o aborto, que a Igreja condena, exceto em casos de estupro ou quando a saúde da mãe está em risco. Em última análise, os líderes da Igreja favoreciam leis que traziam a igualdade, visando casos específicos de injustiça na sociedade.

Nos meses que antecederam a convenção nacional, os líderes da Igreja incentivaram os santos a participar do processo político. Embora a maioria dos santos dos últimos dias entendesse que os líderes da Igreja apoiavam leis que beneficiavam as mulheres, alguns santos tinham dúvidas sobre o posicionamento da Igreja em relação à Emenda de Igualdade de Direitos.

Em 25 de outubro, Ellie Colton, presidente da Sociedade de Socorro de uma estaca em Washington, D.C., recebeu um telefonema de Don Ladd, um representante regional que tinha sido presidente da estaca de Ellie. Ele estava ligando com um pedido especial da sede da Igreja.

Uma proeminente defensora da emenda estava realizando um jantar em Washington, D.C., para falar sobre a emenda, e ela pretendia reunir mulheres de ambos os lados da questão, incluindo membros da Igreja. Os líderes da Igreja queriam que Ellie participasse.

“Se tiver a oportunidade”, disse o élder Ladd a Ellie, “você deve explicar a posição da Igreja contra a emenda”.

“Irmão Ladd”, disse Ellie, “não tenho certeza se eu mesma entendo essa questão”.

“Bem”, ele assegurou, “você tem três dias para descobrir”.

Depois que a ligação terminou, Ellie se sentiu atordoada com o que havia concordado em fazer. Ela sempre tinha sido uma pacificadora e alguém que evitava confrontos. Como poderia se defender contra uma sala cheia de mulheres bem informadas? Não se tratava apenas de não entender a emenda ou a posição da Igreja em relação à emenda. Ela também sofria de certa perda auditiva e temia que sua deficiência dificultasse seu entendimento do que seria dito na reunião.

Imediatamente, Ellie se retirou para orar em um bosque atrás de sua casa. Ela contou ao Senhor sobre suas muitas inadequações e temores. Ela então revisou as bênçãos de sua vida, comprometendo-se a fazer tudo ao seu alcance para entender e explicar a posição da Igreja em relação à emenda.

Ao voltar para casa, ela ligou para Marilyn Rolapp, a líder de assuntos públicos da Sociedade de Socorro da estaca, e lhe pediu que se juntasse a ela no jantar. Também ligou para uma amiga em Utah e lhe pediu que enviasse mais informações.

Essas informações chegaram no dia seguinte. Ellie e Marilyn começaram a estudar e, ao saírem em direção ao local do jantar, sentiam-se prontas para falar sobre a emenda com qualquer pessoa. Na noite anterior, Ellie havia se sentido insegura e mentalmente exausta, mas sua filha a incentivara. “Concentre-se nas questões que você entende”, disse ela, “e, antes de dormir, leia a seção 100, versículo 5, de Doutrina e Convênios”.

A escritura era exatamente o que Ellie precisava ouvir: “Clamai a este povo”, ela leu, “expressai os pensamentos que eu vos puser no coração e não sereis confundidos”.

Quando Ellie e Marilyn chegaram ao jantar, porém, descobriram que os organizadores haviam cancelado o evento, acreditando que não seria produtivo. A presidente da conferência nacional das mulheres também acabara de realizar uma entrevista de imprensa na qual listou a Igreja entre vários grupos “subversivos” que planejavam destruir a convenção.

Incomodada com esses comentários, Ellie decidiu publicar seus pontos de vista em um editorial para o Washington Post, um jornal com um grande número de leitores em todo o país. “A Igreja não é contra os direitos das mulheres”, escreveu ela. “É indigno que os líderes da conferência digam que nossa Igreja é uma ameaça à conferência simplesmente porque nossa posição oficial difere da deles.”

Ela explicou as preocupações da Igreja sobre a emenda e seus efeitos na família. Expressou seu próprio apoio a medidas como igualdade salarial e oportunidades profissionais para mulheres como sua filha, que planejava cursar uma faculdade de direito em breve.

“Sou a favor dos direitos das mulheres. Sou a favor de corrigir as desigualdades”, declarou ela em seu editorial. “Fico ressentida quando me dizem que sou contra os direitos das mulheres se não for a favor da emenda.”


Em uma noite fria e nublada em janeiro de 1978, Le My Lien se sentou ansiosa em um carro com destino ao aeroporto internacional de Salt Lake City. Ela estava a caminho de encontrar seu marido, Nguyen Van The, pela primeira vez em quase três anos. Preocupava-se com o que ele pensaria da vida que ela havia construído para a família em sua ausência.

Como parte de sua missão de cuidar das famílias, os Serviços Sociais SUD providenciaram, com membros da Igreja nos Estados Unidos, o cuidado de cerca de 550 refugiados vietnamitas, a maioria dos quais não era membro da Igreja. Lien e sua família tiveram o patrocínio de Philip Flammer, um professor da Universidade Brigham Young, e sua esposa, Mildred. Eles haviam ajudado a família a se mudar para Provo, Utah, onde Lien conseguiu alugar e depois comprar um “motorhome” de um membro local da Igreja.

A princípio, Lien teve dificuldades para encontrar trabalho em Utah. Philip a levou a um brechó para se candidatar a um cargo de zeladora. Mas, durante a entrevista, o gerente rasgou seu diploma do Ensino Médio pela metade e disse a ela: “Isso não serve aqui”. Lien chorou enquanto pegava os pedaços do diploma, mas depois os juntou e emoldurou o certificado na parede para motivar seus filhos a cursar uma faculdade.

Ela logo encontrou um trabalho temporário, colhendo cerejas em um pomar próximo. Depois, ela encontrou trabalho como costureira e reforçou sua renda ao confeccionar bolos de casamento. Com a ajuda de Philip, ela também ganhava dinheiro digitando relatórios para alunos da BYU.

Enquanto Lien lutava para sustentar sua família, seus filhos tinham dificuldades para se adaptar à nova vida na América. A mais nova, Linh, estava abaixo do peso e ficava doente com frequência. Os meninos, Vu e Huy, tinham dificuldade para fazer amigos na escola por causa das barreiras do idioma e das diferenças culturais. Eles frequentemente reclamavam com Lien sobre provocações dos colegas.

Em meio às dificuldades de sua família, Lien permaneceu fiel ao Senhor. Ela participava das reuniões da Igreja regularmente e continuava orando por sua família e por seu marido. “Dá-me forças”, ela implorava ao Pai Celestial. Ela ensinou seus filhos sobre o poder da oração, sabendo que a oração poderia ajudá-los a passar pelas provações.

Então, no final de 1977, Lien soube que seu marido estava em um campo de refugiados na Malásia. Ele havia conseguido deixar o Vietnã em um velho barco de pesca depois de finalmente ser libertado do acampamento em Thành Ông Năm. Agora, ele estava pronto para se reunir com a família. Tudo o que precisava era de um patrocinador.

Lien começou a trabalhar ainda mais horas a fim de economizar dinheiro suficiente para trazer The para os Estados Unidos. A Cruz Vermelha deu a ela uma lista de tudo o que precisava fazer para patrociná-lo, e ela seguiu as instruções cuidadosamente. Ela também conversou com as crianças sobre o retorno do pai. Sua filha não conhecia The, e os meninos mal conseguiam se lembrar dele. Eles não podiam imaginar como seria ter um pai.

Depois de chegar ao aeroporto, Lien se juntou a outros amigos e membros da Igreja que tinham vindo dar as boas-vindas a The. Alguns deles seguravam balões que brilhavam sob as luzes da noite.

Depois de algum tempo, Lien viu The descendo uma escada rolante. Ele parecia pálido e tinha um olhar perdido. Mas, ao ver Lien, ele a chamou. Eles correram um para o outro e apertaram as mãos. A emoção tomou conta de Lien.

Ela puxou The para um abraço. “Graças a Deus”, ela sussurrou, “finalmente você está em casa!”


Nos primeiros meses de 1978, o presidente Spencer W. Kimball estava tão preocupado com a restrição da Igreja ao sacerdócio e ao templo que muitas vezes perdia o sono. O clamor público contra a restrição havia se acalmado em grande parte, mas ele continuava a pensar nos inúmeros santos dignos e outras pessoas boas que eram afetados por essa questão. Sua recente viagem ao Brasil havia lhe lembrado dos muitos desafios que isso representava para membros no mundo todo.

Durante toda a sua vida, o presidente Kimball manteve a prática da Igreja de negar o sacerdócio a pessoas afrodescendentes e estava pronto para passar o resto de sua vida defendendo essa prática. No entanto, ele sabia que o evangelho restaurado de Jesus Cristo estava destinado a se espalhar pela Terra e havia pedido aos santos que orassem a fim de que as nações abrissem as portas para o trabalho missionário.

Ele começou a passar cada vez mais tempo no Santo dos Santos do Templo de Salt Lake, um recinto especial ao lado da sala celestial. Lá, ele tirava os sapatos, ajoelhava-se em oração e humildemente implorava ao céu.

Em 9 de março, ele falou com seus conselheiros e com o Quórum dos Doze Apóstolos sobre raça e sacerdócio. A reunião durou muito tempo. Eles revisaram as declarações feitas pelos presidentes da Igreja David O. McKay e Harold B. Lee, indicando que a restrição ao sacerdócio um dia terminaria. Mas os apóstolos concordaram por unanimidade que a prática não mudaria até que o Senhor revelasse Sua vontade ao profeta.

Antes do final da reunião, o presidente Kimball pediu aos apóstolos que jejuassem e orassem a respeito dessa questão. E, nas semanas seguintes, ele os convidou a estudar o assunto e escrever seus pensamentos. Ele designou os élderes Howard W. Hunter e Boyd K. Packer para compilar um histórico da restrição do sacerdócio e documentar tudo o que havia sido dito sobre o assunto nas reuniões da Primeira Presidência e dos Doze. No ano anterior, ele também havia solicitado ao élder Bruce R. McConkie que revisasse o embasamento da prática de acordo com as escrituras.

O presidente Kimball, por sua vez, continuou a orar a respeito da restrição. Embora as preocupações ainda o afligissem, elas se tornavam cada vez menos importantes. Ele sentiu uma impressão espiritual crescente, profunda e duradoura para seguir adiante. Quando o élder McConkie apresentou um relatório sobre suas descobertas, ele concluiu que nenhuma escritura impedia a Igreja de suspender a restrição.

Na terça-feira, 30 de maio, o presidente Kimball compartilhou com seus conselheiros um rascunho de uma declaração estendendo o sacerdócio a todos os homens dignos, independentemente de sua raça.

Dois dias depois, em 1º de junho, a Primeira Presidência teve sua reunião mensal com todas as autoridades gerais. Eles compareceram à reunião em jejum, como de costume, e, na conclusão, a presidência dispensou todos, exceto os apóstolos.

“Eu gostaria que vocês continuassem a jejuar comigo”, disse o presidente Kimball. Então, ele lhes contou sobre as muitas horas que havia passado pedindo respostas ao Senhor. Uma mudança traria o evangelho restaurado e as bênçãos do templo a inúmeros santos — homens, mulheres e crianças — no mundo inteiro.

Ele afirmou: “Não iniciei essa busca já sabendo de antemão qual seria a resposta”. “Mas quero saber. E, seja qual for a decisão do Senhor, eu a defenderei até o limite de minhas forças.”

Ele pediu a todos que compartilhassem seus pensamentos e, nas duas horas seguintes, os apóstolos falaram um de cada vez. Um sentimento de união e paz se firmou sobre eles.

“Posso oferecer com vocês uma oração?”, perguntou o presidente Kimball.

Ele se ajoelhou em frente a um altar do templo, rodeado pelos apóstolos. Com humildade e fervor, ele pediu ao Pai que os purificasse do pecado para que pudessem receber a palavra do Senhor. Ele orou para saber como expandir o trabalho da Igreja e propagar o evangelho por todo o mundo. Pediu ao Senhor que manifestasse Sua mente e vontade com relação a estender o sacerdócio a todos os homens dignos da Igreja.

Depois que o profeta terminou sua oração, o Espírito Santo inundou a sala, tocando o coração de todos no círculo. O Espírito falou à alma de todos, unindo-as em total harmonia. Todas as dúvidas desapareceram.

O presidente Kimball se reergueu. Seu frágil coração batia forte. Ele abraçou o élder David B. Haight, o apóstolo júnior, e abraçou os outros, um a um. Os apóstolos tinham lágrimas nos olhos. Alguns choraram abertamente.

Eles haviam recebido a resposta do Senhor.


“Saímos daquela reunião humildes, reverentes e alegres”, lembrou-se o élder Gordon B. Hinckley mais tarde. “Todos sabíamos que havia chegado a hora de mudar e que a decisão tinha vindo dos céus. A resposta tinha sido clara. Havia perfeita união entre nós em nossa experiência e em nosso entendimento.”

“Foi uma ocasião sublime, de muita reverência”, declarou ele. “A voz do Espírito sussurrou em nossa mente e em nossa própria alma, trazendo-nos certeza.”

“Após a oração, fomos tomados pelo mais doce espírito de união e convicção que já vivenciei”, registrou o élder Ezra Taft Benson em seu diário. “Nós nos abraçamos; ficamos tão impressionados com o doce espírito que estava em evidência. Nosso peito ardia.”

“Foi o evento mais espiritual de toda a minha vida”, escreveu o élder Marvin J. Ashton. “Ele me deixou fraco.”

“Vinda da eternidade, a voz de Deus, transmitida pelo poder do Espírito, falou ao Seu profeta”, testemunhou também o élder Bruce R. McConkie. “A oração do presidente Kimball foi respondida e nossas orações foram respondidas. Ele ouviu a voz e nós ouvimos a mesma voz. Todas as dúvidas e incertezas desapareceram. Ele soube a resposta e nós soubemos a resposta. E todos nós somos testemunhas vivas da veracidade da palavra tão graciosamente enviada do céu.”

“A resposta veio a todos nós com força”, testemunhou o presidente N. Eldon Tanner. “Não houve absolutamente nenhuma dúvida na mente de qualquer um de nós.”


Oito dias após a oração do presidente Kimball, Darius Gray estava sentado em seu escritório, em uma empresa de papel em Salt Lake City, quando uma colega de trabalho surgiu. Ela disse que tinha ouvido falar que a Igreja agora estava concedendo o sacerdócio a homens negros.

Darius pensou que ela estava fazendo uma piada de mau gosto. “Isso não é engraçado”, ele afirmou.

“Não, é sério”, insistiu ela. Ela tinha acabado de falar com um cliente no edifício administrativo da Igreja. Havia rumores de que o presidente Kimball havia recebido uma revelação que estendia as bênçãos do sacerdócio e do templo a todos os membros dignos da Igreja.

Cético, Darius pegou o telefone e discou o número do escritório do presidente Kimball. Um secretário disse a ele que o presidente Kimball estava no templo, mas confirmou que os rumores eram verdadeiros. O profeta realmente havia recebido uma revelação sobre o sacerdócio.

Darius ficou chocado. Ele não conseguia acreditar na notícia. Nada o havia preparado para isso. A mudança parecia ter surgido do nada.

O Deseret News publicou um anúncio da Primeira Presidência mais tarde naquele dia. “Ao testemunharmos a expansão da obra do Senhor na Terra, sentimo-nos gratos por terem os povos de muitas nações aceitado a mensagem do evangelho restaurado, filiando-se à Igreja em número cada vez maior”, dizia o texto. “Isso despertou em nós o desejo de conceder a todos os membros dignos da Igreja todos os privilégios e bênçãos que o evangelho proporciona.

(…) Ele ouviu nossas orações e, por revelação, confirmou que [é] chegado o dia há muito prometido”, continuou o comunicado. “Todo homem da Igreja fiel e digno [poderá] receber o santo sacerdócio, com o poder para exercer sua autoridade divina e usufruir, com seus entes queridos, todas as bênçãos que dele provêm, incluindo-se as bênçãos do templo.”

Depois que Darius ouviu a notícia, ele se dirigiu à Praça do Templo. O quarteirão inteiro estava fervilhando de emoção. Darius falou com um repórter sobre a revelação e depois atravessou a rua até o escritório de seu velho amigo, Heber Wolsey, que agora era diretor de comunicações públicas da Igreja.

Heber não estava no escritório, mas sua secretária pediu a Darius que ficasse. “Sei que ele gostaria de vê-lo”, disse ela.

Darius aguardou. O escritório de Heber tinha uma vista para a face leste do Templo de Salt Lake. O sol estava alto e brilhante e, pela janela, Darius podia ver as pedras do templo reluzindo.

Em pouco tempo, Heber voltou ao escritório. Assim que viu Darius, ele o envolveu em um abraço, cheio de lágrimas.

“Nunca pensei…”, sussurrou Heber.

Darius olhou para o amigo e depois, pela janela, olhou para o templo. Ele sabia que a revelação não afetaria apenas o presente e o futuro. Afetaria também o passado. Pela primeira vez nesta dispensação, pessoas como ele, vivas e mortas, teriam a chance de receber todas as ordenanças disponíveis no templo.

Darius olhou de volta para Heber, fechou os olhos e os reabriu lentamente.

“Deus é bom”, disse ele.

Capítulo 19

Unidos como família

Templo de São Paulo, paisagem e fonte

Certa noite, em junho de 1978, Billy Johnson retornou para sua casa em Cape Coast, Gana. Ele e outros membros de sua congregação estavam jejuando, como costumavam fazer, mas o jejum não havia ajudado a levantar seu ânimo. Ele estava cansado e se sentia desanimado porque mais fiéis haviam parado de adorar a seu lado e retornado às suas antigas igrejas.

Billy desejava se sentir espiritual e emocionalmente forte mais uma vez. Alguns meses antes, uma mulher que era membro de sua congregação havia contado a ele sobre uma revelação que tivera. “Muito em breve, os missionários virão”, disse ela. “Tenho visto homens brancos vindo à nossa Igreja. Eles nos abraçaram e se juntaram a nós em adoração.” Outra mulher anunciou que havia recebido uma revelação semelhante. O próprio Billy havia sonhado com alguns homens brancos entrando na capela e dizendo: “Somos seus irmãos e viemos batizá-lo”. Depois, ele sonhou com pessoas negras vindo de longe para se juntar à Igreja.

Ainda assim, Billy não conseguia se livrar do desânimo.

Já era tarde, mas ele não conseguia dormir. Uma forte impressão o levou a ouvir a British Broadcasting Corporation (BBC) no rádio — algo que ele não fazia havia anos.

Ele encontrou seu rádio, que era marrom e tinha quatro botões prateados perto da base. O rádio ganhou vida quando ele o ligou. Girou os botões, e o ponteiro vermelho deslizou para frente e para trás no mostrador. Contudo, ele não conseguia sintonizar a transmissão.

Então, após uma hora de busca, Billy finalmente encontrou um noticiário da BBC. O repórter anunciou que o presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias havia recebido uma revelação. Todos os homens dignos da Igreja, independentemente de sua raça, agora podiam receber o sacerdócio.

Billy desabou, lágrimas de alegria escorreram por seu rosto. A autoridade do sacerdócio finalmente chegaria a Gana.


Como a grande maioria dos santos, Ardeth Kapp, segunda conselheira na presidência geral das Moças, comemorou quando ouviu a notícia de que todos os homens dignos agora podiam receber o sacerdócio. “Outra nova revelação e uma tão bonita”, ela refletiu. “Como somos abençoados e gratos por ter um profeta para nos guiar nestes últimos dias.”

O anúncio da revelação sobre o sacerdócio ocorreu pouco depois que a presidente geral das Moças, Ruth Funk, havia informado a Ardeth que sua presidência seria desobrigada com honra. A notícia surpreendeu a todos. A maioria das presidências anteriores tinha servido por pelo menos uma década. Sua presidência terminaria após apenas cinco anos e meio.

Agora Ardeth estava com dificuldade de entender o tempo do Senhor. Servir às moças tinha lhe dado um novo senso de propósito. Agora que seu chamado estava chegando ao fim, o que o futuro reservava para ela?

“Aos 47 de idade, não acredito que tudo esteja acabado — especialmente em um momento em que estou mais bem preparada do que nunca para entender e enxergar as coisas”, escreveu ela em seu diário. Ela sabia que tinha mais a oferecer. “No entanto”, escreveu, “não vejo uma oportunidade neste momento de fazer a diferença de maneira substancial”.

A desobrigação foi particularmente difícil porque a presidência das Moças ainda queria fazer muito mais. Os primeiros anos de seu serviço tinham sido desacelerados por ajustes organizacionais na Igreja. O nome Sacerdócio Aarônico MIA tinha se mostrado complicado e deixado as pessoas confusas sobre como as moças fariam parte do programa. Após a morte do presidente Harold B. Lee, a nova Primeira Presidência havia descontinuado o nome Associação de Melhoramentos Mútuos e criado duas organizações de jovens separadas, as Moças e o Sacerdócio Aarônico.

Mesmo depois que essas mudanças ocorreram, Ardeth e outras líderes das Moças continuaram sem saber ao certo sobre o lugar das Moças na estrutura da Igreja. Inicialmente, as mudanças haviam criado canais de comunicação que não permitiam que a presidência geral treinasse as líderes locais das Moças ou se correspondesse diretamente com elas. Em vez disso, elas tinham que transmitir suas mensagens por meio dos líderes locais do sacerdócio. Embora a comunicação com os líderes locais tivesse melhorado a partir daquele momento, a presidente geral das Moças ainda tinha pouco contato com a Primeira Presidência ou com o Quórum dos Doze, uma vez que a maioria das vezes o contato com eles ocorria por meio de um membro dos setenta que atuava como intermediário.

A presidência das Moças fez o possível para seguir adiante. No início de sua presidência, a presidente Funk decidiu desenvolver um programa para ajudar as moças a nutrir sua espiritualidade, alcançar objetivos pessoais e honrar os papéis de esposa e mãe, que ela acreditava estarem sob ataque na mídia popular.

O novo programa iniciou em 1977. Chamado de Meu Progresso Pessoal, incentivava as moças a desenvolver habilidades em seis áreas: consciência espiritual, serviço e compaixão, habilidades domésticas, recreação e o mundo natural, artes culturais e educação, e refinamento pessoal e social. Ele também incentivava as moças a escrever um diário, algo que o presidente Kimball convidou todos os santos a fazer. Naquele mesmo ano, Ardeth publicou um livro best-seller, Miracles in Pinafores and Bluejeans, que contava histórias de sua própria vida e da vida de jovens heroicas do passado e do presente.

No final de junho de 1978, Ardeth e outros líderes da Igreja estavam em Nauvoo, Illinois, para a dedicação do jardim do Monumento Memorial às Mulheres. O jardim de 12 mil metros quadrados apresentava estátuas de mulheres em diferentes estágios da vida, com ênfase na maternidade. Com uma transmissão geral via satélite para mulheres a ser realizada mais tarde naquele ano — a primeira na Igreja —, o monumento foi projetado para honrar a importância das mulheres no plano do evangelho, afirmar suas contribuições como esposas e mães, e comemorar a fundação da Sociedade de Socorro em 1842. O dia da dedicação estava chuvoso, mas 2.500 mulheres testemunharam a cerimônia sob uma enorme tenda.

Poucas semanas após a dedicação, a Primeira Presidência desobrigou honrosamente a presidência geral das Moças. Ardeth agora se sentia melhor com isso. “Neste momento”, escreveu ela, “sinto-me mais otimista, comprometida, confiante e grata do que sou capaz de expressar”.

O bispo de Ardeth logo a chamou para servir como consultora do primeiro ano das lauréis na ala. Ela estava ansiosa para aproveitar sua recente experiência na presidência geral a fim de ensinar e treinar as meninas de 16 anos. Em seu diário, ela escreveu: “Realmente acredito que, com o auxílio do Senhor, posso ajudar cada uma delas”.


Em 29 de setembro de 1978, o presidente Kimball falou em Salt Lake City, em um seminário para os representantes regionais da Igreja. “Temos a obrigação, o dever e a comissão divina”, disse ele, “de pregar o evangelho em todas as nações e a todas as criaturas”.

A Igreja, naquele momento, tinha mais de 4 milhões de membros e recebia bem mais de 100 mil novos membros por ano. Mas pessoas em todos os lugares ainda precisavam do evangelho. Ele sentia a urgência de buscá-las. “Ainda há muito a se fazer”, declarou ele.

Mais de 26 mil missionários de tempo integral serviam naquela época no mundo todo, um número muito maior do que as instalações de treinamento existentes comportavam. A fim de preparar esse vasto grupo, os líderes da Igreja construíram o Centro de Treinamento Missionário em Provo, Utah, onde novos missionários estudariam de quatro a oito semanas um entre 25 diferentes idiomas, incluindo a língua de sinais para surdos.

Novas áreas de missão abriam o tempo inteiro. Com o incentivo do presidente Kimball, David Kennedy, representante pessoal da Primeira Presidência, ajudou a Igreja a ser oficialmente reconhecida em Portugal e na Polônia. Agora ele trabalhava para fazer o mesmo na Índia, no Sri Lanka, no Paquistão, na Hungria, na Romênia e na Grécia. Mas ainda havia muito a ser feito.

No discurso do presidente Kimball aos representantes regionais, ele se referiu aos fiéis de Gana e da Nigéria. Ele disse: “Eles já esperaram tempo demais. Podemos pedir que esperem mais?” Ele achava que não. “E a Líbia, a Etiópia, Costa do Marfim, o Sudão e outros países?”, perguntou ele. “Esses são nomes que devem se tornar tão familiares para nós quanto o Japão, a Venezuela, a Nova Zelândia e a Dinamarca se tornaram.”

A China, a União Soviética e muitas outras nações também precisavam do evangelho restaurado, mas ainda não haviam reconhecido oficialmente a Igreja e não tinham congregações locais. Ele afirmou: “Atualmente, há quase 3 bilhões de pessoas vivendo na Terra em nações onde o evangelho não está sendo pregado. Se pudéssemos ter um pequeno começo em cada nação, logo os novos membros em cada sociedade e idioma poderiam espalhar a luz para seu próprio povo e o evangelho seria pregado em todas as nações antes da vinda do Senhor”.

Ele queria que os santos orassem e se preparassem. Ele achava que as barreiras ao crescimento da Igreja permaneceriam até que os santos estivessem prontos para que elas caíssem. A Igreja precisava que seus membros, jovens e idosos, aprendessem idiomas e servissem missão. “A única paz duradoura que pode existir é a paz do evangelho de Jesus Cristo”, disse ele aos representantes regionais. “Devemos levá-la a todas as pessoas em todos os lugares.”

No dia seguinte, o Tabernáculo de Salt Lake estava lotado para a conferência geral. A pedido do presidente Kimball, seu conselheiro N. Eldon Tanner se aproximou do púlpito e leu a declaração da Primeira Presidência, anunciando que todos os homens dignos poderiam receber o sacerdócio, independentemente de sua raça.

“Reconhecendo Spencer W. Kimball como profeta, vidente e revelador”, disse ele, “e presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é proposto que nós, como assembleia constituinte, aceitemos essa revelação como a palavra e a vontade do Senhor”.

Ele pediu a todos que estivessem a favor que levantassem a mão direita, e um mar de mãos se ergueu no ar. Perguntou se alguém se opunha. Nem uma única mão se levantou.

Pouco depois da conferência, o presidente Kimball se sentou ao final de uma longa mesa, em uma sala de reuniões, no edifício administrativo da Igreja. Juntaram-se a ele seus conselheiros, várias autoridades gerais e dois casais mais velhos, Edwin e Janath Cannon e Rendell e Rachel Mabey. O casal Cannon e o casal Mabey tinham acabado de concordar em servir como os primeiros missionários na África Ocidental, embora o chamado significasse que Janath teria que ser desobrigada como primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro.

O grupo falou sobre a designação dos missionários e os desafios que eles provavelmente enfrentariam ao entrar em contato com os fiéis de Gana e da Nigéria. Quando chegou a hora de terminar a reunião, 40 minutos depois, o presidente Kimball agradeceu aos casais por sua fé.

“Há mais alguma pergunta?”, ele falou.

O élder Mabey olhou para os outros missionários. “Apenas uma no momento”, disse ele. “Quando o senhor quer que partamos?”

O presidente Kimball sorriu.

“Ontem.”


Rudá Martins foi a primeira em sua família a ouvir a respeito da revelação sobre o sacerdócio. Quando a notícia foi divulgada, as linhas telefônicas no bairro onde ela morava no Rio de Janeiro haviam caído, então uma amiga da família percorreu um trecho de 40 minutos de ônibus para contar a ela. A jovem bateu à sua porta, gritando que tinha novidades.

“Ouvi dizer que a Igreja recebeu uma revelação”, falou ela, dizendo a Rudá que todos os homens dignos agora podiam receber o sacerdócio.

Helvécio estava no trabalho, então Rudá teve que esperar para contar a ele. “Tenho novidades, novidades incríveis!”, exclamou ela quando ele finalmente chegou em casa. “Helvécio, você terá o sacerdócio.”

Helvécio ficou sem palavras. Ele não conseguia acreditar. Em seguida, o telefone começou a tocar e ele o atendeu. Do outro lado, havia um colega de Salt Lake City.

“Tenho a declaração oficial em minhas mãos”, disse o colega, “e vou lê-la para você”.

Depois que Helvécio desligou o telefone, ele e Rudá choraram enquanto ofereciam uma oração de gratidão ao Pai Celestial. Faltavam poucos meses para a dedicação do Templo de São Paulo. E agora eles poderiam receber sua investidura e ser selados aos seus quatro filhos.

Duas semanas depois, Helvécio e Marcus receberam o Sacerdócio Aarônico. Uma semana depois, Helvécio foi ordenado élder e imediatamente conferiu o Sacerdócio de Melquisedeque a Marcus. Marcus estava noivo de uma ex-missionária, Mirian Abelin Barbosa, e eles já haviam enviado convites para o casamento. No entanto, decidiram adiar o casamento para que Marcus pudesse servir missão.

No início de novembro de 1978, os Martins participaram da dedicação do templo. Rudá se sentou com o coro perto do presidente Kimball e de outras autoridades gerais que tinham ido para a cerimônia. Helvécio estava sentado na congregação com os filhos. Os missionários das quatro missões do Brasil receberam permissão para participar da dedicação, então Marcus, então missionário de tempo integral na Missão São Paulo Norte, também pôde participar.

Alguns dias depois, em 6 de novembro, Rudá, Helvécio e Marcus receberam a investidura. Eles foram então conduzidos a uma sala de selamento onde Marcus serviu de testemunha enquanto Rudá e Helvécio eram selados para o tempo e a eternidade. As três crianças mais novas foram trazidas para a sala, vestidas de branco.

“Mãe”, perguntou a filha de 3 anos do casal, “o que vamos fazer aqui?”

“Vamos nos ajoelhar em frente a esta mesa”, disse Rudá, referindo-se ao altar, “e estaremos unidos como família”.

A garotinha então disse: “Estou feliz que realmente vou ser sua filha”.

“Você já é minha filha”, assegurou Rudá.

A família tomou os lugares ao redor do altar e o selador realizou a cerimônia. Das crianças, apenas Marcus tinha idade suficiente para entender completamente o significado daquele momento. Mas cada um dos filhos parecia sentir o esplendor e a felicidade presentes na sala. Para Rudá e Helvécio, a visão de sua família reunida no templo era linda. A alegria os dominou.

“Eles são meus agora”, pensou Rudá. “Eles são realmente meus.”


Após seu batismo, Katherine Warren costumava viajar para a cidade de Baton Rouge, Louisiana, cerca de 130 quilômetros a noroeste de sua casa em Nova Orleans, para estudar a Bíblia com familiares. Muitos deles haviam começado a frequentar recentemente uma igreja pentecostal na área. Katherine trazia informações do evangelho restaurado para estudar, mas tinha o cuidado de não cansar seus parentes com seu entusiasmo pela Igreja. “Não quero sobrecarregar vocês com informações de uma só vez”, ela lhes disse.

Quando soube da revelação do sacerdócio, no entanto, Katherine mal conseguiu se conter. Katherine ligou para sua sobrinha, Betty Baunchand, a fim de falar sobre a notícia. A família de Betty vinha estudando a Bíblia com ela, mas ela não sabia muito sobre a Igreja e não entendia o significado da revelação.

O bispo de Katherine, no entanto, sabia. Ele ligou para ela no mesmo instante. “Irmã Katherine”, disse ele, “você sabe o que está acontecendo agora?”

“Sim”, ela respondeu.

O bispo não sabia ao certo o que dizer. “Você é uma boa pessoa”, disse ele por fim. “Estou pensando em fazer de você uma missionária.”

Um mês após o anúncio, Freda Beaulieu, a outra mulher negra que pertencia à ala de Nova Orleans, viajou mais de 1.600 quilômetros até o templo mais próximo, em Washington, D.C., onde recebeu sua investidura e foi selada por procuração ao falecido marido.

Embora as bênçãos do templo estivessem agora disponíveis para ela e para tantas outras pessoas pela primeira vez, Katherine não foi ao templo imediatamente. Contudo, ela agradeceu ao Pai Celestial.

Certo dia, o marido de Betty Baunchand, Severia, viu um colega de trabalho lendo o Livro de Mórmon. Depois de conversar com Katherine a respeito da Igreja, Severia iniciou uma conversa com ele, e ele perguntou a Severia se gostaria de se reunir com os missionários. “Tudo bem”, disse Severia, “peça que venham”.

Naquela noite, os missionários fizeram uma visita e ensinaram a primeira das sete lições do Sistema padronizado para o ensino das famílias, a mais recente série de lições dos missionários da Igreja. Publicadas em 1973, as lições estavam disponíveis em 20 idiomas, incluindo o inglês, e começavam com uma introdução à Primeira Visão, ao Livro de Mórmon e à restauração do sacerdócio.

A família gostou da lição e agendou outra visita dos missionários. Betty e Severia estavam ansiosos para saber mais e convidaram outros membros da família para participar das lições. Logo, a casa de Baunchand ficava repleta de pessoas sempre que os missionários estavam lá.

Em um fim de semana em que Katherine estava visitando a família, ela ouviu Betty falando ao telefone. “Não”, disse Betty, “iremos outra hora. Minha tia de Nova Orleans está aqui nos visitando”.

“Quem é?”, perguntou Katherine.

“Élderes da Igreja dos Santos dos Últimos Dias.” Eles estavam convidando a família para participar das reuniões dominicais.

“Diga-lhes que sim.”

Então, naquele domingo, todos da família participaram das reuniões em Baker, Louisiana. E, durante as lições subsequentes com os missionários, todos assumiram o compromisso de obedecer à Palavra de Sabedoria e à lei da castidade, pagar o dízimo, aceitar Jesus Cristo como seu Salvador e Redentor e perseverar até o fim.

Cerca de duas semanas após sua primeira visita à Igreja, os Baunchand telefonaram para Katherine. “Adivinha?”, eles disseram. “Seremos batizados e gostaríamos que você viesse ao nosso batismo!”

No dia do batismo, a capela estava lotada. Cento e dez membros da Igreja estavam presentes para receber Betty, Severia e 11 outros parentes de Katherine na ala. O salão cultural e a área da fonte batismal estavam em construção, então todo o ambiente estava frio. Mas o Espírito era poderoso, aquecendo a todos na sala.

Katherine chorava enquanto envolvia toalhas secas em torno de seus familiares recém-batizados. “Este foi um momento pelo qual esperei e orei por muito tempo”, afirmou ela depois. Ela amava a Igreja e queria que membros negros como ela e sua família recebessem todas as bênçãos oferecidas.

Ela sabia que o Salvador tinha Seus olhos voltados aos santos.


Em 18 de novembro de 1978, Anthony Obinna se aproximou solenemente de três americanos — uma mulher e dois homens — esperando por ele na capela de sua congregação no sudeste da Nigéria. Anthony tinha vindo assim que soubera da chegada deles. Ele havia esperado por eles por mais de uma década.

Os americanos eram o élder Rendell Mabey, a síster Rachel Mabey e o élder Edwin Cannon. Eles perguntaram: “Você é Anthony Obinna?”

“Sim”, respondeu Anthony, e eles entraram na capela. O prédio tinha cerca de nove metros de comprimento. As letras “LDS” adornavam a parede acima de uma porta, e as palavras “Lar missionário” acima de outra. Logo abaixo do teto, alguém havia pintado as palavras “Santos dos Últimos Dias da Nigéria”.

“Tem sido uma espera longa e difícil”, disse Anthony aos visitantes, “mas isso não importa agora. Vocês finalmente chegaram”.

“Uma longa espera, sim”, disse o élder Cannon, “mas o evangelho realmente está aqui agora em toda a sua plenitude”.

Os missionários pediram a Anthony que contasse sua história, então ele lhes disse que tinha 48 anos e era professor assistente em uma escola próxima. Ele contou sobre o sonho que havia tido anos antes, com o Templo de Salt Lake, e sobre como depois encontrara uma foto desse templo em uma revista antiga. Ele nunca tinha ouvido falar da Igreja antes. “Mas, diante dos meus olhos”, disse Anthony, sua voz mal conseguindo conter a emoção, “estava o próprio prédio que eu havia visitado em meu sonho”.

Ele contou aos missionários sobre seu cuidadoso estudo do evangelho restaurado de Jesus Cristo, sua correspondência com LaMar Williams e sua tristeza pela contínua falta de uma presença da Igreja na Nigéria. Mas também deu testemunho de sua fé e de sua recusa em perder a esperança mesmo quando ele e seus companheiros fiéis enfrentaram perseguição por causa de sua devoção à verdade.

Depois que Anthony terminou sua história, o élder Mabey pediu para falar com ele em particular. Eles entraram na sala ao lado e o élder Mabey perguntou se havia alguma lei na Nigéria que restringisse o batismo, já que a Igreja ainda não estava legalmente registrada no país. Anthony disse que não havia nenhuma.

“Bem”, disse o élder Mabey, “fico muito feliz em ouvir isso. Devemos viajar muito nas próximas semanas para visitar outros grupos como o seu”. Ele disse que a visita a esses grupos poderia levar de cinco a seis semanas e que os missionários poderiam retornar para batizar Anthony e seu grupo.

“Não, por favor”, disse Anthony. “Sei que há muitos outros, mas estamos esperando há 13 anos.” Ele olhou nos olhos do élder Mabey. “Se for humanamente possível”, disse Anthony, “peço que faça os batismos agora”.

“A maioria de seu povo está realmente pronta?”, perguntou o élder Mabey.

“Com toda a certeza, sim!”, respondeu Anthony. “Vamos batizar as pessoas com a fé mais forte agora e ensinar ainda mais as outras.”

Três dias depois, Anthony se reuniu com o élder Mabey para aprender como liderar um ramo da Igreja. Lá fora, as crianças cantavam uma nova música que haviam aprendido com os missionários:

Sou um filho de Deus,

Por Ele estou aqui.

Mandou-me à Terra, deu-me um lar,

E pais tão bons pra mim.

Logo, Anthony, os missionários e os outros fiéis se reuniram à margem de uma lagoa isolada no rio Ekeonumiri. A lagoa tinha cerca de nove metros de diâmetro, com densos arbustos verdes e árvores ao redor. Fragmentos de luz solar passavam pelas árvores e dançavam na superfície da água, enquanto peixinhos coloridos nadavam para frente e para trás perto da margem.

O élder Mabey entrou na água e pegou Anthony pela mão. Anthony sorriu e o seguiu. Depois de se preparar, Anthony segurou com firmeza o pulso do élder Mabey, e o missionário levantou a mão direita.

“Anthony Uzodimma Obinna”, disse ele, “tendo sido comissionado por Jesus Cristo, eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Anthony sentiu a água o envolver enquanto o élder Mabey o imergia. E, quando Anthony saiu da água, a multidão ao longo da margem soltou um suspiro coletivo — seguido de risadas alegres.

Após a esposa de Anthony, Fidelia, e outras 17 pessoas terem sido batizadas, o grupo retornou para a capela. Anthony e três de seus irmãos — Francis, Raymond e Aloysius — foram ordenados ao ofício de sacerdote no Sacerdócio Aarônico. O élder Mabey designou Anthony como presidente do Ramo Aboh, com Francis e Raymond como seus conselheiros.

Pela autoridade do sacerdócio que possuía, Anthony então designou Fidelia como presidente da Sociedade de Socorro do ramo.

Parte 3

Em Seu próprio caminho

1979–1997

“Apesar das dificuldades, das grandes decepções ou até mesmo do perigo pessoal, nosso Pai Celestial nos guia em Seu próprio caminho.”

Olga Kovářová

mapa da Europa Oriental e da Ásia

Capítulo 20

De uma forma maravilhosa e magnífica

um pequeno grupo sentado no chão praticando ioga

Após cinco anos na presidência, Spencer W. Kimball sentia os desafios da idade. Ele havia completado 84 anos em março de 1979. O médico o aconselhou a descansar mais para preservar suas forças, mas ele e sua esposa, Camilla, continuaram a ter uma agenda de viagens intensa. Para conseguir fazer tudo o que queria, ele acordava bem cedo e ia dormir tarde, tirando apenas um breve cochilo após o almoço.

“Não quero me guardar para este mundo”, disse ele ao médico. “Quero ser exaltado no mundo que está por vir.”

Mas o peso da idade o atingiu no verão. Os médicos descobriram um sangramento intracraniano e o encaminharam imediatamente para uma cirurgia a fim de aliviar a pressão no cérebro. A cirurgia foi um sucesso e, um mês depois, o presidente e a irmã Kimball estavam viajando novamente — dessa vez para Jerusalém.

O profeta visitou a Terra Santa para dedicar o Orson Hyde Memorial Garden, um belo parque de cinco acres que a Igreja havia construído recentemente no Monte das Oliveiras. Criado a convite do prefeito de Jerusalém, Teddy Kollek, e financiado por 30 mil doadores particulares, o parque recebeu o nome do apóstolo dos últimos dias que veio à cidade em 1841 a fim de dedicar a terra para a coligação do povo de Judá e como uma terra de promissão para os descendentes de Abraão. O prefeito Kollek queria criar mais espaços verdes em Jerusalém e trabalhou com o élder Howard W. Hunter para tornar o parque uma realidade.

A visita do profeta a Jerusalém, da mesma forma que o parque memorial, refletia o desejo da Igreja de ampliar a luz e a verdade para pessoas estimadas em todo o mundo. O presidente Kimball tinha imenso respeito pelas tradições religiosas presentes na Terra Santa e em outros lugares. Ele ensinou que a salvação e a felicidade duradoura vinham somente por meio de Jesus Cristo. Além disso, ele afirmava que a luz de Deus havia inspirado Maomé, Confúcio, os líderes da reforma protestante e outros líderes religiosos. Ele também acreditava que Sócrates, Platão e outros grandes pensadores haviam sido iluminados por Deus.

A Primeira Presidência declarou recentemente: “Nossa mensagem é de amor e atenção especiais pelo bem-estar eterno de todos os homens e mulheres, seja qual for sua crença religiosa, raça ou nacionalidade”.

Em 24 de outubro de 1979, no aniversário da oração dedicatória do élder Hyde, o presidente Kimball estava de braços dados com o prefeito Kollek, enquanto seguiam por um caminho sinuoso do jardim. O profeta andava com dificuldade, mas era bom estar no parque. Lá do jardim, ele podia ver muitos lugares por onde o Salvador havia caminhado e ensinado.

Na base da colina, foi montado um palanque para a inauguração. O élder Hunter iniciou o serviço, e um coro de quase 300 santos, incluindo alunos da BYU que estudavam na cidade, cantou “A alva rompe”. O prefeito Kollek então se levantou e falou sobre a longa história de Jerusalém.

“Desejo que vocês permaneçam durante muitas gerações como nós”, disse ele aos santos, “e que esse bom relacionamento entre nós persista durante todos os séculos vindouros”.

Quando chegou a vez do presidente Kimball fazer seu discurso, ele se maravilhou com a história sagrada ao seu redor. “Jesus Cristo passou por esse monte em várias ocasiões”, disse ele. “Em um jardim chamado Getsêmani, bem aqui embaixo, Ele cumpriu a parte de Sua Expiação que nos permite retornar ao nosso Pai Celestial.”

Inclinando a cabeça, ele fez uma oração dedicando o jardim a Deus e à Sua glória. “Que seja um refúgio”, declarou ele, “onde todos os que vierem possam meditar sobre a glória que o Senhor derramou sobre Jerusalém em épocas passadas e a glória maior que ainda está por vir”.

David Galbraith, presidente do distrito da Igreja em Israel, encerrou a reunião com uma bênção. “Que este jardim espiritual, com sua vista magnífica, seja uma fonte de inspiração e um local de meditação para muçulmanos, cristãos e judeus”, ele orou. “Que sirva para nos unir a todos com laços de fraternidade e paz.”

Antes de o casal Kimball deixar a cidade, David lhes mostrou uma propriedade perto do jardim memorial. Durante muitos anos, a Igreja quis construir um campus em Jerusalém para abrigar os alunos da BYU que estudam no exterior, disponibilizar uma capela para o ramo local dos santos e servir como um centro de boas-vindas para os visitantes. Esse local tinha uma vista impressionante do monte do templo, mas as rígidas leis de zoneamento impossibilitavam que organizações privadas construíssem na propriedade. Ainda assim, o presidente Kimball achou que aquele era o melhor local que ele tinha visto para o centro.

O presidente Kimball e sua esposa retornaram a Salt Lake City em 26 de outubro, cansados, mas felizes. Pouco tempo depois, quando o presidente Kimball se preparava para participar de conferências de área na Austrália e na Nova Zelândia, ele notou que sua mão esquerda estava dormente. Ele se internou no hospital, e os médicos descobriram um novo sangramento intracraniano.

Na manhã seguinte, o profeta estava de volta à sala de cirurgia.


Mais ou menos na mesma época, Silvia Allred, de 35 anos, e sua família se mudaram da Costa Rica para a Guatemala. Convertida em El Salvador, Silvia havia servido missão na Guatemala há cerca de 15 anos e estava ansiosa para retornar com seu marido, Jeff, e seus seis filhos pequenos.

Jeff era o diretor da Igreja para assuntos temporais na América Central. Essa função, assim como outras semelhantes em todo o mundo, foi criada em 1979 para ajudar o escritório do Bispado Presidente em tarefas como a distribuição de currículo da Igreja, a manutenção das propriedades da Igreja e a compra de locais para novas capelas.

A família Allred chegou à cidade da Guatemala no início do ano letivo. Matricularam as crianças em uma escola de língua inglesa com alunos locais e internacionais. Aos domingos, a família frequentava uma grande ala de língua espanhola na cidade.

Quando Silvia era missionária, na década de 1960, havia cerca de 11 mil membros da Igreja e nenhuma estaca na América Central. Ela tinha passado grande parte do tempo servindo em ramos pequenos e com dificuldades, nos quais os missionários assumiam boa parte da liderança. Embora os guatemaltecos falassem muitos idiomas e dialetos, ela e os outros missionários ensinavam exclusivamente em espanhol.

Desde aquela época, o número de membros da Igreja havia aumentado muito em toda a América Latina. Por volta de 1980, a Guatemala tinha cinco estacas, cerca de 18 mil membros da Igreja e uma forte liderança local. Os países vizinhos de El Salvador, Costa Rica, Honduras e Panamá também tinham suas próprias estacas. E cerca de mil homens e mulheres da América Central estavam agora servindo em missões de tempo integral.

Porém, com esse crescimento, houve a necessidade de mudanças. Um número crescente de indígenas estava se filiando à Igreja na América Central, e muitos deles não falavam espanhol. Outros conversos também precisavam de ajuda para aprender e entender os ensinamentos do evangelho restaurado.

Para atender a essas necessidades, a Igreja aprovou a tradução de partes do Livro de Mórmon para os idiomas indígenas locais — quiché, keqchi, kaqchikel e mam. Os membros recém-conversos também poderiam estudar Princípios do Evangelho, um manual simples e fácil de ler da Escola Dominical que a Igreja havia produzido recentemente para ensinar verdades básicas a membros de todos os lugares.

O grande crescimento também exigiu ajustes na forma como os santos dos últimos dias de todo o mundo se reuniam a cada semana. Durante quase meio século, a Igreja realizava a Escola Dominical, as reuniões do sacerdócio e as reuniões sacramentais em horários diferentes no sábado, com a Primária, a Sociedade de Socorro e as reuniões de jovens nos dias de semana. Mas os santos que moravam longe da capela e não tinham carro ou acesso a transporte público muitas vezes achavam desafiador cumprir esse cronograma.

Pouco tempo antes, o apóstolo Boyd K. Packer tinha ido à Guatemala e dedicado nove pequenas capelas nas regiões mais altas do país. Essas capelas reduziram consideravelmente o tempo de viagem de muitos membros da Igreja, e Jeff recomendou a construção de mais capelas em toda a zona rural da América Central. Os líderes da missão na região alta da Guatemala também implementaram um cronograma de reuniões que permitia que os santos da zona rural se reunissem apenas uma vez por semana. De acordo com o novo plano, as crianças da Primária se reuniam enquanto os homens e as mulheres realizavam suas próprias reuniões. Depois, os santos de todas as idades se encontravam para a reunião sacramental.

A ala de Silvia e Jeff na Cidade da Guatemala seguia o cronograma tradicional de reuniões. No entanto, em 1980, exatamente quando a família Allred estava se acostumando com sua nova casa, a Primeira Presidência anunciou um cronograma de reuniões em toda a Igreja muito parecido com o que era usado na zona rural da Guatemala. Em vez de se reunirem em horários diferentes durante a semana, todas as alas e ramos agora se reuniriam aos domingos para um bloco de três horas de reuniões.

Nas congregações em que esse cronograma foi testado, a frequência à Igreja melhorou, e os santos tiveram mais tempo para ensinar e estudar o evangelho em casa. Os líderes da Igreja esperavam que a mesma coisa acontecesse agora em todo o mundo. Incentivaram as famílias a passar o Dia do Senhor juntas e a fazer de seu lar um lugar onde todos pudessem encontrar amor, incentivo, apoio e apreço. Com o aumento dos custos do petróleo em todo o mundo, os líderes da Igreja também esperavam que o novo cronograma permitisse que os santos economizassem combustível e reduzissem os custos de transporte.

Silvia podia ver a sabedoria de ter um cronograma de reuniões que funcionasse para os santos em qualquer lugar do mundo. Suas filhas poderiam frequentar as aulas das Moças no domingo quando se tornassem adolescentes, e Jeff e seus filhos não precisariam acordar tão cedo para participar das reuniões matinais do sacerdócio.

Ainda assim, a nova programação exigiria algum tempo para se estabelecer.


Quando o apóstolo Gordon B. Hinckley acordou em 6 de abril de 1980, viu que era uma bela manhã de Páscoa. Era o aniversário de 150 anos da Igreja. Ele e o presidente Spencer W. Kimball tinham ido a Fayette, Nova York, para transmitir parte da conferência geral da fazenda de Peter e Mary Whitmer, onde os santos haviam realizado sua primeira reunião em 1830.

A Igreja tinha muito a comemorar em seu sesquicentenário. O evangelho restaurado de Jesus Cristo havia se espalhado por 81 países — quase metade das nações do mundo — levando propósito, esperança e cura a pessoas que há muito ansiavam por sua mensagem. O número de templos estava aumentando, com novas Casas do Senhor anunciadas ou em construção na Argentina, na Austrália, no Chile, no Japão, no México, em Samoa, no Taiti, em Tonga e nos Estados Unidos. E graças ao pagamento fiel do dízimo, aliado a sábios investimentos financeiros, a Igreja estava construindo centenas de novas capelas a cada ano. Embora os santos locais continuassem a pagar uma pequena porcentagem por esses edifícios, a Igreja não chamava mais missionários para fazer a construção.

No entanto, o élder Hinckley sabia que a Igreja ainda enfrentava uma oposição significativa. Em muitos lugares do mundo, as congregações lutavam para reter novos membros, e o élder Hinckley estimava que metade dos 4,5 milhões de membros da Igreja não praticava sua fé. Havia também pessoas que viam o rápido crescimento mundial, a segurança financeira e os ensinamentos diferenciados da Igreja como ameaças à corrente principal do cristianismo, levando os críticos a produzir panfletos, livros e filmes atacando os santos dos últimos dias.

Outras pessoas se opuseram quando a Primeira Presidência falou sobre questões políticas atuais, alegando que não era apropriado que a Igreja fizesse isso publicamente. Em resposta às críticas sobre a oposição da Igreja à Emenda de Direitos Iguais, o élder Hinckley redigiu uma importante declaração da Igreja sobre o assunto. Publicada em fevereiro de 1980, a declaração expressou apoio à igualdade de direitos das mulheres, reiterou as preocupações da Primeira Presidência sobre a Emenda de Direitos Iguais e reafirmou o direito da Igreja de falar sobre questões morais.

Por ter estudado a história da Igreja, o élder Hinckley sabia que os santos passavam por ciclos com bons e maus momentos. Em meio a tudo isso, a Igreja tinha se fortalecido. “Assim será no futuro”, ele havia lembrado recentemente a seus colegas apóstolos. “A Igreja crescerá, prosperará e se expandirá de uma forma maravilhosa e magnífica.”

A Igreja nunca havia transmitido a conferência geral de dois locais antes, então o élder Hinckley chegou à fazenda Whitmer duas horas mais cedo para se certificar de que tudo estava em ordem.

Sob sua direção, a Igreja havia construído há pouco tempo uma casa de madeira histórica e uma capela moderna na propriedade da família Whitmer. Ele e o presidente Kimball planejavam falar aos santos de dentro da casa. Se tudo funcionasse como planejado, uma grande antena parabólica no local transmitiria os procedimentos em tempo real para o Tabernáculo de Salt Lake e para capelas em todo o mundo.

Depois de inspecionar a casa, o élder Hinckley e o presidente Kimball repassaram seus discursos. Sabendo que o profeta ainda estava se recuperando de suas recentes cirurgias, o élder Hinckley se questionou se o presidente Kimball teria forças para fazer seus comentários. No dia anterior, o presidente Kimball parecia cansado durante a abertura da conferência no Tabernáculo. Agora, enquanto repassava seu discurso, ele continuava falando com dificuldade.

Foi doloroso para o élder Hinckley observar as dificuldades do profeta. Pouco tempo antes, a Igreja havia implementado uma nova política pela qual os membros mais velhos do primeiro quórum dos setenta se aposentavam de seu serviço ativo. No entanto, os presidentes e os apóstolos da Igreja ainda continuavam servindo até o fim da vida e, às vezes, tinham problemas de saúde que dificultavam sua presença entre os santos. Nessas ocasiões, os conselheiros da Primeira Presidência geralmente se empenhavam mais em ajudar o presidente. Infelizmente, os conselheiros do presidente Kimball, N. Eldon Tanner e Marion G. Romney, também estavam com a saúde debilitada e nem sempre podiam dar ao profeta todo o apoio de que ele precisava.

A transmissão teve início ao meio-dia. Na cabana da família Whitmer, o élder Hinckley e o presidente Kimball assistiram a uma transmissão pela televisão do presidente Tanner abrindo a sessão da conferência no Tabernáculo. Após uma oração e alguns hinos do coro, o presidente Kimball se levantou, e a transmissão mudou para uma imagem dele na cabana de madeira, dando as boas-vindas aos santos.

“Estamos aqui hoje”, disse ele, “e relembramos em nossa mente a poderosa fé e os trabalhos daqueles que, desde este humilde início, deram muito para ajudar a levar a Igreja à sua magnífica estrutura atual; e, mais importante, contemplamos com os olhos da fé uma visão de seu futuro seguro e glorioso”.

O élder Hinckley observava e sentiu como se estivesse presenciando um milagre. O presidente Kimball estava falando sem nenhuma dificuldade!

Quando o profeta terminou seu discurso, o élder Hinckley apresentou uma proclamação especial da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos.

“A missão da Igreja hoje, como tem sido desde o início, é ensinar o evangelho de Cristo ao mundo inteiro”, ele declarou. “É nossa obrigação, portanto, ensinar a fé no Senhor Jesus Cristo, suplicar às pessoas na Terra que se arrependam individualmente, administrar as ordenanças sagradas do batismo por imersão para a remissão dos pecados e a imposição de mãos para o dom do Espírito Santo.”

O élder Hinckley sentiu o Espírito de maneira poderosa ao ler a proclamação. “Contemplamos com humildade e gratidão os sacrifícios daqueles que vieram antes de nós”, disse ele. “Estamos decididos a ampliar esse legado para a bênção e o benefício daqueles que virão depois de nós.”


Logo depois que a Igreja adotou o cronograma consolidado de reuniões, o bispo de Silvia Allred na Cidade da Guatemala pediu para se encontrar com ela. “As irmãs da Primária estão tendo muita dificuldade para implementar o novo programa”, disse ele.

Como a Primária passou a ser realizada no mesmo horário das aulas para adultos, os professores da Primária não podiam participar das reuniões da Escola Dominical, da Sociedade de Socorro e do sacerdócio, que há muito tempo frequentavam. A Primária agora tinha o dobro do tempo de antes, e lidar com crianças cheias de energia por tanto tempo era cansativo.

“As irmãs não sabem o que fazer com duas horas de Primária”, explicou o bispo, “então elas estão simplesmente levando as crianças para o jardim a fim de brincar”. O bispo queria que as líderes da Primária seguissem o novo programa com precisão. “Você pode nos ajudar a fazer isso”, disse ele a Silvia.

Na Primária, Silvia achava que o maior desafio era o “tempo de compartilhar”, quando as crianças se reuniam para aprender mais sobre como viver o evangelho de Jesus Cristo. Silvia trabalhou com os líderes da Primária para incluir música, recursos visuais e encenações nas aulas delas. E, em pouco tempo, as crianças começaram a gostar de participar. Em uma atividade com base no evangelho, elas montavam um grande quebra-cabeça. Em outra, cantavam mais alto ou mais baixo sempre que um líder aumentava ou diminuía a temperatura em um termômetro de brincadeira. As crianças também encenavam histórias das escrituras, como a parábola de Jesus sobre o bom samaritano.

No entanto, Silvia permaneceu na Primária por pouco tempo. Ao visitar Salt Lake City em abril de 1980, ela e Jeff ficaram sabendo que a Primeira Presidência planejava transferir a sede do escritório de assuntos temporais na América Central para fora da Guatemala. Há mais de duas décadas, o país estava envolvido em uma guerra civil, e os grupos rebeldes estavam ganhando força.

Embora Silvia e Jeff estivessem sempre atentos ao conflito desde que se mudaram para a Guatemala, sua família levava uma rotina normal, frequentando a igreja e a escola, fazendo compras e passeando juntos sem muita preocupação.

Assim, um mês depois do retorno da família Allred de Utah, a Igreja transferiu o escritório de assuntos temporais para San José, Costa Rica. A mudança não era o ideal para Jeff, cujos projetos de trabalho eram principalmente na Guatemala e em El Salvador. E Silvia tinha sentimentos contraditórios em relação à mudança de volta para a Costa Rica. Eles haviam morado na Guatemala por menos de um ano, e Silvia gostava de fazer parte do grande crescimento da Igreja no país. Ela gostou muito de ver os jovens guatemaltecos economizando dinheiro para missões e progredindo espiritualmente em suas aulas para jovens e no seminário.

Em julho de 1980, um pouco antes da mudança da família, a ala organizou uma pequena festa de despedida para eles. Embora o povo da Guatemala enfrentasse provações contínuas, a família Allred sabia que os santos de lá continuariam a prosperar. A guerra civil não estava interferindo nas reuniões da Igreja, e nenhum líder de missão ou missionário havia sido mandado embora do país.

Apesar da tristeza, a família Allred estava disposta a ir para onde o Senhor ordenasse e, não importava onde eles estivessem, estavam animados para ajudar a edificar o reino do Senhor.


Na mesma época em que a família Allred se mudou para a Costa Rica, Olga Kovářová, de 20 anos, estava estudando educação física em uma universidade em Brno, na Tchecoslováquia. Em uma aula, ela aprendeu sobre a ioga e seus benefícios para a mente e o corpo. Fascinada, ela quis saber mais.

Um dia, uma colega de turma falou com ela sobre um instrutor de ioga local, Otakar Vojkůvka. Olga aceitou ir com ela para encontrá-lo.

Otakar era um senhor idoso e baixinho, e sorriu quando abriu a porta. Olga sentiu uma conexão imediata com ele. Durante a visita, ele perguntou a ela e à amiga se elas eram felizes.

“Não sabemos”, responderam com sinceridade.

Otakar contou a elas sobre as dificuldades que enfrentou na vida. Na década de 1940, ele havia administrado uma fábrica lucrativa. Porém, depois que o governo com influência da União Soviética assumiu o poder na Tchecoslováquia, o Estado confiscou a fábrica e enviou Otakar para um campo de prisioneiros, e sua esposa, Terezie Vojkůvková, teve que criar seus dois filhos sozinha durante um período. Terezie já havia morrido, e Otakar agora vivia com seu filho, Gád, e a família dele.

Olga ficou perplexa ao ouvir a história de Otakar. A maioria das pessoas que ela conhecia em seu país era triste e desconfiada. Ela se questionava como Otakar podia ser tão feliz mesmo depois de passar por tantas coisas difíceis.

Olga logo voltou a visitar Otakar. Dessa vez, Gád também estava presente. “Então”, disse ele, “você está interessada em ioga?”

“Não sei nada sobre ioga”, disse Olga, “mas gostaria de descobrir por que vocês todos aparentam ser tão felizes. Imagino que seja por causa da ioga”.

Eles começaram a conversar sobre espiritualidade e o propósito da vida. “Deus nos enviou à Terra para semear alegria, vida e amor nas almas”, disse Otakar.

Por ter crescido em uma sociedade ateísta, Olga nunca havia pensado muito em Deus ou no propósito da vida. No entanto, seus antepassados eram protestantes, e ela percebeu então que tinha muitas dúvidas sobre religião. Ao contrário de seus professores e colegas de escola, que desestimulavam o interesse pela religião, Otakar levava a sério as perguntas dela e emprestava livros sobre o assunto.

À medida que estudava, Olga ansiava por encontrar mais propósito na vida. Ela continuou a se encontrar com Otakar, sentindo-se cada vez mais feliz quando ele lhe ensinava sobre suas crenças. Ele falava mais sobre sua fé cristã e sua devoção a Deus. E, quanto mais Olga aprendia, mais ela ansiava por uma comunidade espiritual.

Um dia, Otakar recomendou que ela lesse um livro do élder John A. Widtsoe sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Após a leitura, ela disse a Otakar que estava fascinada pelos santos. “Você poderia me dar o endereço de um mórmon tcheco?”, ela perguntou.

“Você não precisa de nenhum outro endereço”, disse Otakar. “Você já está na casa de um deles.”

Otakar havia sido batizado pouco antes da Segunda Guerra Mundial e foi um dos primeiros membros da Igreja na Tchecoslováquia. Em 1950, quando o governo da Tchecoslováquia forçou todos os missionários estrangeiros santos dos últimos dias a deixarem o país, ele e cerca de 245 membros da Igreja continuaram a praticar sua fé, adorando juntos em casas particulares em Praga, Plzeň e Brno.

Olga aprendia cada vez mais e pegou um Livro de Mórmon emprestado com Otakar. Quando ela leu as palavras de Leí: “Os homens existem para que tenham alegria”, sentiu como se tivesse descoberto uma verdade perdida. O amor e a luz pareciam inundar todas as células de seu corpo. Ela sabia, sem sombra de dúvida, que o Pai Celestial e Jesus Cristo vivem. Ela sentiu o amor Deles por ela e por todas as pessoas do mundo inteiro.

Pela primeira vez na vida, ela se ajoelhou para orar e expressou sua gratidão a Deus. E, na manhã seguinte, ela foi ao apartamento de Otakar e perguntou: “Existe alguma maneira de começar minha vida como uma nova pessoa?”

“É claro que sim”, disse ele. Ele abriu a Bíblia e mostrou a ela os ensinamentos de Jesus sobre o batismo.

“O que significa entrar no reino de Deus?”, perguntou ela.

“Tornar-se discípulo de Cristo”, ele respondeu. Ele então explicou que ela precisaria ser batizada e guardar os mandamentos de Deus. Ele explicou que ela precisaria aprender algumas lições primeiro e então fez um convite para que ela fosse à sua casa no domingo seguinte para uma reunião dos santos. Olga aceitou com prazer.

Eles se reuniram em uma sala no andar superior do apartamento de Otakar. O pequeno grupo se acomodou em alguns sofás, e fecharam as cortinas para evitar os olhares dos vizinhos que não confiavam na religião. Quando olhou em volta, Olga ficou surpresa ao descobrir que os sete membros tinham a idade de seus pais e avós.

“Será que essa igreja é só para idosos?”, ela se perguntou. “O que estou fazendo aqui?”

Capítulo 21

A semente do amor

uma mulher cavando na terra com uma pá

No início de 1981, Julia Mavimbela, aos 63 anos, administrava uma horta comunitária perto de sua casa em Soweto, um bairro negro com mais de um milhão de habitantes na zona oeste de Joanesburgo, na África do Sul. Julia, ex-diretora de uma escola primária, havia começado a horta alguns anos antes para ajudar os jovens enquanto cresciam durante o apartheid, a política oficial de segregação racial da África do Sul.

Sendo ela própria uma mulher negra, sabia como era difícil viver sob esse sistema. As leis rebaixavam os negros e os tratavam como cidadãos inferiores. Durante décadas, o governo obrigou todos os negros sul-africanos a andarem com um livreto de identificação que informava onde a pessoa podia e não podia ir. Se indivíduos negros fossem descobertos em bairros brancos na hora errada do dia, poderiam ser espancados, presos ou até mesmo mortos.

Quando Julia era mais jovem, ela foi forçada a se mudar de seu bairro multirracial em Joanesburgo para uma casa na segregada Soweto. Agora, enquanto observava os jovens lutando contra essas injustiças, ela se preocupava com a amargura que aumentava no coração deles. Com sua horta, ela esperava ensiná-los a deixar a raiva de lado antes que esse sentimento os destruísse e a seus entes queridos.

“Vejam”, ela dizia, “este solo é sólido e resistente. Mas, se tentamos forçar com uma pá ou um rastelo, vamos conseguir rachá-lo e dividi-lo em pedaços. Então, se dividirmos essas partes duras e plantarmos uma semente, a semente crescerá”.

Ela queria que os jovens guardassem a mensagem do solo duro em seu coração. “Vamos desenterrar do solo a amargura, semear a semente do amor e ver quais frutos ele pode nos dar”, ela dizia. “O amor não nascerá se não perdoarmos as pessoas.”

Era uma lição que Julia ainda estava aprendendo. Algumas décadas antes, seu marido, John, havia morrido em uma batida frontal com um motorista branco. Quando Julia foi à delegacia de polícia para pegar os pertences dele, descobriu que o dinheiro que estava com ele na ocasião fora roubado após o acidente. E, embora ela acreditasse que John não fosse culpado pelo acidente, um tribunal composto apenas por pessoas brancas o culpou pelo ocorrido.

Com a morte de John, Julia teve que criar os filhos sozinha, e ela teve que batalhar para sustentá-los. No entanto, quando os tempos ficavam difíceis, ela sentia a presença de Jesus Cristo perto dela, dando-lhe conforto e segurança.

Naquele momento, mais de 25 anos depois da morte de John, Julia sabia que o perdão era fundamental para curar sua dor. Mas ela ainda lutava para perdoar aqueles que haviam manchado o bom nome de John e o tirado dela e de sua família.

Um dia, em junho de 1981, Julia foi convidada a ajudar a limpar uma instituição para jovens e uma biblioteca que haviam sido saqueadas e incendiadas em tumultos recentes por causa do apartheid. Quando chegou lá, Julia ficou surpresa ao ver dois rapazes limpando os escombros com pás. Os homens eram brancos e isso era uma visão chocante em Soweto.

Com um grande sorriso no rosto, os rapazes disseram a Julia que eram missionários americanos que tinham vindo para ajudar. Eles entendiam um pouco de jardinagem e conversaram com Julia sobre sua horta comunitária. Também perguntaram se poderiam visitá-la. Julia não estava muito animada para se encontrar com eles. Ao convidar dois homens brancos para sua casa, ela se arriscava a sofrer represálias violentas contra ela e sua família. Será que os vizinhos pensariam que ela estava colaborando com a polícia ou com o governo do apartheid?

Ela tentou inventar uma desculpa, mas então sentiu uma pontada no peito e entendeu que tinha que os receber. Ela pediu para que eles fossem visitá-la em três dias.

Os homens chegaram na hora marcada, com camisas brancas e plaquetas de identificação. Eles se apresentaram como missionários de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ela ouviu educadamente a mensagem. Mas, na segunda visita, ela estava tentando descobrir como poderia gentilmente dizer a eles que não estava interessada.

Um dos missionários apontou para uma foto de Julia e seu falecido marido e perguntou: “Onde ele está?”

“Ele já faleceu”, explicou ela.

Os missionários falaram com ela sobre o batismo pelos mortos. Ela era descrente. Ao longo dos anos, ela tinha frequentado muitas igrejas. Ela nunca tinha ouvido ninguém dizer que os mortos poderiam ser batizados.

Um missionário abriu o Novo Testamento e pediu que ela lesse 1 Coríntios 15:29: “Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?”

O versículo a cativou. Ela começou a ouvir os missionários com o coração mais aberto. Quando eles ensinaram a ela sobre famílias eternas, ela aprendeu que os batismos e outras ordenanças poderiam ser realizados pelos entes queridos dos falecidos nos templos. Ela também poderia se encontrar com as pessoas que perdera — inclusive John — na vida vindoura.

Quando ela começou a leitura do Livro de Mórmon, a vida dela começou a mudar. Pela primeira vez, ela percebeu que todas as pessoas faziam parte de uma única família. O evangelho restaurado de Jesus Cristo lhe deu a esperança de que ela poderia finalmente perdoar aqueles que tinham infligido sofrimento a ela e a seus filhos.

Seis meses depois de conhecer os missionários, Julia foi batizada. Um mês depois, ela foi convidada para falar em uma conferência de estaca. Sob o governo do apartheid, a Igreja não havia feito nenhuma tentativa de proselitismo entre os negros na África do Sul. Mas o apartheid começou a desmoronar no início da década de 1980, tornando mais fácil para os membros negros e brancos da mesma religião se encontrarem e adorarem juntos. Poucos meses antes do batismo de Julia, foi estabelecida uma congregação para os santos de Soweto.

Julia estava nervosa quando se apresentou diante da estaca quase toda formada por pessoas brancas. Ela estava preocupada com o fato de que seu sofrimento com a morte de John pudesse ser um obstáculo entre ela e os outros membros da Igreja. Mas seu coração estava repleto de orações, e o Senhor a inspirou a compartilhar sua história.

Ela falou sobre a morte de seu marido, o tratamento cruel que recebeu da polícia e a amargura que carregou por tanto tempo. “Finalmente encontrei a Igreja que pode me ensinar a perdoar de verdade”, testificou ela. Como as partes duras do solo em um jardim, sua amargura foi despedaçada.

O que restou, conforme ela disse, foi a paz e o perdão.


Quando os oficiais do governo propuseram a construção de um templo na República Democrática Alemã (RDA), a Primeira Presidência autorizou Henry Burkhardt a obter uma licença para construir uma capela com uma ala especial para administrar investiduras e selamentos para os vivos, mas sem ordenanças vicárias para os mortos.

Depois de jejuar e orar, Henry e seus conselheiros na presidência da Missão Dresden propuseram a construção do edifício em Karl-Marx-Stadt. A cidade tinha um grande número de santos, e eles precisavam de uma nova capela. No entanto, as autoridades locais se recusaram a emitir uma licença para a Igreja, argumentando que a cidade não precisava de mais igrejas. Em vez disso, eles propuseram Freiberg, uma cidade universitária próxima.

“Impossível”, disse-lhes Henry. “Queremos o Karl-Marx-Stadt.”

A questão parecia estar decidida para a presidência da missão. Mas, enquanto jejuavam e oravam, Henry e seus conselheiros começaram a considerar seriamente a possibilidade de construir em Freiberg. A cidade abrigava um pequeno ramo de santos e ficava próxima a ramos em Dresden e outras cidades e vilarejos da região.

Quanto mais Henry e seus conselheiros ponderavam sobre o assunto, mais convencidos ficavam. “Sim”, disseram entre eles, “na verdade, Freiberg não é uma opção tão ruim assim”.

As autoridades civis de Freiberg pareciam ansiosas para que a Igreja construísse um prédio como o templo suíço na cidade. Em toda a RDA, o governo estava buscando fortalecer as relações com pessoas de fé que respeitavam a autoridade do Estado. A RDA já reconhecia oficialmente algumas religiões e estava tentando reconstruir igrejas históricas que haviam sido danificadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Como os santos de Freiberg já tinham uma capela adequada, Henry tinha a forte impressão de que a Igreja deveria deixar de lado seu plano de construir um edifício híbrido e, em vez disso, construir um templo-padrão que incluísse uma pia batismal e permitisse outros trabalhos de ordenanças vicárias. Ele propôs a ideia aos líderes da Igreja em Salt Lake City e recebeu aprovação para conseguir um local para a construção de uma casa do Senhor totalmente funcional em Freiberg.

Então, Henry apresentou o plano em uma reunião na cidade de Freiberg, com Frank Apel, secretário executivo da missão e natural de Freiberg. O conselho ofereceu à Igreja dois possíveis locais de construção. O primeiro lote ficava no centro da cidade, mas era pequeno e estava localizado abaixo do nível da estrada, o que dificultava sua visibilidade para os pedestres. O outro local era um campo pouco desenvolvido em uma colina a noroeste da cidade. Não havia pontos de transporte público nas proximidades, mas o local em si era extremamente visível para a área ao redor.

Quando Henry e Frank viram o segundo local, souberam que haviam encontrado o lugar certo para o templo.

Em 27 de fevereiro de 1982, o élder Thomas S. Monson visitou a RDA para verificar como estavam os santos da Alemanha Oriental e falar com Henry sobre o novo local do templo. Já fazia quase 14 anos que Henry e sua esposa, Inge, haviam se encontrado com o apóstolo pela primeira vez, e eles mantinham uma amizade muito especial. O élder Monson presenteou Inge com um prato decorativo e uma saia nova dada por sua esposa, Frances. Ele também surpreendeu Tobias, o filho de 14 anos do casal Burkhardt, com uma calculadora de bolso — uma raridade na RDA.

No dia seguinte, Henry levou o élder Monson ao local. Embora entendesse por que a Igreja não podia construir o templo em Karl-Marx-Stadt, o élder Monson tinha dúvidas sobre o local em Freiberg.

“Você considerou bem essa escolha?”, ele perguntou a Henry. “Este é realmente o lugar certo? Como as pessoas virão para cá sem um transporte público adequado?”

Henry respondeu às perguntas do élder Monson da melhor maneira que podia. Ele então afirmou que ele e seus conselheiros apoiavam fortemente a construção de um templo naquele local. Eles haviam jejuado e orado sobre o local, ele disse, e sentiram que era onde o Senhor queria que Sua casa fosse na RDA.

O élder Monson não precisou de mais argumentos. A Igreja comprou o terreno e apresentou os planos arquitetônicos revisados ao governo da Alemanha Oriental.


Em 31 de março de 1982, David Galbraith se sentou calmamente em um escritório em Jerusalém enquanto Amnon Niv, o engenheiro-chefe da cidade, examinava um grande mapa colorido à mão do Monte das Oliveiras. Cerca de meia dúzia de projetistas urbanos estavam na sala com eles.

Davi estava aguardando o encontro com Amnon há meses. A Igreja estava pronta para seguir em frente com seus planos de construir o Centro Jerusalém para os alunos da BYU que estudavam no exterior e para os santos locais. Uma vez estabelecido, o centro garantiria à Igreja uma presença oficial na Terra Santa. Seria um local de aprendizado, compreensão e paz, onde os membros da Igreja poderiam caminhar por onde Jesus caminhou, aprender mais sobre as antigas raízes de sua fé e apreciar a cultura e as crenças das pessoas que vivem no Oriente Médio.

Os líderes da Igreja, inclusive David, queriam construir o centro no local que o presidente Kimball havia admirado durante sua visita à cidade em 1979. Mas o local ficava perto do monte Scopus, o ponto mais alto do Monte das Oliveiras, e uma “zona verde” designada pelo governo atravessava parte dele, tornando-o praticamente fora dos limites para construção. Outros empreendedores tentaram alterar o zoneamento sem sucesso. Se a Igreja quisesse construir ali, Amnon precisaria alterar os limites da zona verde.

O prefeito Teddy Kollek apoiava o desejo da Igreja de construir um centro na cidade. Ele acreditava que a amizade da Igreja com muçulmanos e judeus ajudaria os dois grupos a se entenderem melhor e a viverem em paz. Mesmo assim, ele reconhecia que seria impossível adquirir a propriedade do monte Scopus. A pedido dele, David procurou outros locais possíveis. E, sempre que encontrava um local promissor, entrava em contato com a sede da Igreja. No entanto, nenhum desses locais recebeu aprovação, e o presidente N. Eldon Tanner o aconselhou a priorizar o monte Scopus.

Um dia, o prefeito Kollek incentivou Amnon a marcar uma reunião com David e ouvir o que ele tinha a dizer. David Reznik, o arquiteto local que a Igreja havia contratado para projetar o Centro da BYU em Jerusalém, também foi convidado.

Reznik mostrou a Amnon alguns de seus planos para a escola e apontou sua proximidade com a Universidade Hebraica de Jerusalém, que ele e Amnon haviam ajudado a projetar anos antes. Amnon continuou a estudar o mapa por vários minutos, e todos na sala ficaram em silêncio com ele. “Tragam-me uma caneta hidrográfica”, disse ele, repentinamente. Ninguém na sala tinha uma caneta, então alguém correu e encontrou o que ele queria. Então, ele esticou o braço e começou a desenhar no mapa.

Diante de todos os olhares, ele modificou a zona verde, desenhando uma linha vermelha ao redor do local exato onde a Igreja queria construir o Centro Jerusalém.

“Esta será a área de construção”, declarou ele. Ele pegou um carimbo oficial, carimbou o mapa e assinou. “É isso aí!”, disse ele.

Todos concordaram com a cabeça. David ficou maravilhado. A Igreja acabara de receber aprovação para algo que todos consideravam impossível. Ele mal podia esperar a fim de ligar para a sede da Igreja e contar sobre o milagre.


Alguns meses depois, em julho de 1982, Olga Kovářová e um pequeno grupo de santos viajaram de carro até um reservatório perto de Brno, na Tchecoslováquia, para o batismo dela.

Desde sua primeira reunião sacramental na casa de Otakar Vojkůvka, Olga admirava cada vez mais a fé dos santos mais antigos da Tchecoslováquia. Ela se sentia inspirada com os debates na Escola Dominical e à vontade para compartilhar seus próprios pensamentos.

Nos meses que antecederam seu batismo, Olga havia recebido as lições missionárias de Jaromír Holcman, membro da presidência do Ramo Brno. As primeiras lições foram difíceis e um tanto incômodas porque as palavras religiosas eram muito estranhas para ela. O plano de salvação parecia um conto de fadas, e Olga lutava com as perguntas que tinha sobre o Pai Celestial.

Ela também se preocupava com os problemas que surgiriam após o batismo. A Igreja começou a crescer na Europa Central e Oriental depois de 1975, quando Henry Burkhardt e seus conselheiros na presidência da Missão Dresden designaram um homem chamado Jiří Šnederfler para presidir os santos na Tchecoslováquia. Mas a Igreja ainda era pouco conhecida e pouco compreendida no país. No entanto, mesmo que sua mente dissesse a ela para esquecer o evangelho de Cristo, seu coração dizia que era a verdade.

No dia de seu batismo, Olga jejuou o dia inteiro. Quando chegou a hora, ela foi até o reservatório com Otakar e Gád Vojkůvka, Jaromír e sua esposa, Maria. O grupo se reuniu perto da água e fez uma oração. Mas, antes que pudessem prosseguir com a ordenança, eles se assustaram com o barulho de vários pescadores caminhando ao longo da margem. Os homens se aproximaram e se acomodaram perto do local onde Olga seria batizada.

“A margem é bastante íngreme em muitos lugares aqui”, disse Otakar. “Aqui é o único lugar que conhecemos que tem uma descida gradual e segura para a água.”

Sem outra opção, Olga e seus amigos esperaram. Passaram-se 10 minutos, depois mais 20. Os pescadores ainda não davam sinais de que iriam embora.

Olga encostou a cabeça em um tronco de árvore. “Talvez eu ainda não esteja preparada o suficiente”, pensou ela, “ou talvez meu testemunho não seja forte o suficiente, ou talvez eu não tenha me arrependido completamente”.

Ela estava prestes a se ajoelhar para orar quando Jaromír a pegou pelo braço e a levou de volta até os outros santos.

“Acho que precisamos orar novamente para que Olga seja batizada hoje”, disse ele.

O grupo se ajoelhou enquanto Jaromír implorava a Deus em favor de Olga. Ela conseguia ouvir a emoção na voz dele. Quando a oração terminou, alguns minutos se passaram e, então, os pescadores se levantaram repentinamente e saíram.

A água estava parada e silenciosa no momento em que Jaromír conduziu Olga pela mão e fez a oração batismal. Quando ouviu o nome dela, Olga percebeu que um capítulo de sua vida estava terminando. Tudo estava prestes a mudar agora que ela havia decidido seguir a Cristo e Seu evangelho restaurado. A alegria plena tomou conta dela, e ela sabia que seu batismo estava sendo registrado no céu.

O pequeno grupo logo retornou a Brno no carro de Jaromír. Enquanto viajavam, ouviram uma fita cassete do Coro do Tabernáculo. Olga teve a sensação de estar ouvindo anjos e ficou maravilhada quando Jaromír lhe disse que os cantores eram todos membros da Igreja. Ela imaginou como deveria ser a vida dos santos que viviam em um país com liberdade religiosa e um profeta vivo.

Depois de chegar a Brno, os santos se reuniram na casa de Jaromír. Jaromír, Otakar e outros portadores do sacerdócio colocaram suas mãos sobre a cabeça de Olga. Quando a confirmaram como membro da Igreja, ela sentiu o Espírito Santo envolvê-la. Naquele momento, ela soube que era filha de Deus.

Na bênção, Jaromír declarou que, por meio de Olga, muitos jovens se filiariam à Igreja e aprenderiam o evangelho de uma forma que pudessem entender. As palavras a surpreenderam. Parecia impossível, naquela época, que ela pudesse compartilhar o evangelho abertamente.

Mesmo assim, ela guardou essas palavras em seu coração e ansiava pelo dia em que se tornariam realidade.


Em 27 de novembro de 1982, o tempo estava nublado em Joanesburgo, na África do Sul, quando 850 pessoas se reuniram para a cerimônia de abertura de terra da construção da primeira casa do Senhor no continente africano. Julia Mavimbela foi à cerimônia com dez famílias de Soweto, o bairro negro no lado oeste da cidade. Assim que aprendeu sobre os templos, Julia quis realizar as ordenanças para seu falecido marido e seus pais. Ela estava determinada a fazer parte de todos os eventos importantes da construção do templo.

O élder Marvin J. Ashton, do Quórum dos Doze Apóstolos, presidiu a cerimônia. Em suas observações finais, ele falou sobre o entusiasmo espiritual que sentiu nos santos sul-africanos. Quando a Casa do Senhor foi concluída, os santos que antes precisavam viajar milhares de quilômetros para templos nos Estados Unidos, na Suíça, no Reino Unido ou no Brasil agora podiam contar com seu próprio templo perto de casa.

Depois que o élder Ashton falou, ele e outros líderes da Igreja iniciaram a construção simbolicamente cavando o solo com pás. Outros santos então se aproximaram, ansiosos para participar. Sem querer passar pelo meio da multidão, Julia e os outros santos de Soweto se afastaram. Alguns dos líderes perceberam e os convidaram a dar um passo à frente, pegar uma pá e cavar também. Julia tinha certeza de que o Espírito havia ajudado a chamá-los para a frente.

Nos meses seguintes, Julia sentiu alegria em servir na Sociedade de Socorro. Muitas pessoas em seu ramo eram recém-conversos, e membros experientes da Igreja de outras alas da estaca os orientaram até que estivessem prontos para liderar o ramo. A presidente da Sociedade de Socorro, uma mulher branca, chamou Julia para servir como primeira conselheira.

O ramo foi um dos primeiros organizados em um município negro. As reuniões eram realizadas em um prédio da ala em um bairro de Joanesburgo. Para chegar lá, Julia e outros santos negros de Soweto tinham que pegar um táxi para a cidade e depois caminhar o resto do caminho até a capela. Depois de um tempo, o ramo começou a se reunir em uma escola de ensino médio em Soweto, e Julia ficou satisfeita por poder frequentar a igreja mais perto de casa.

Mas o novo local de reunião tinha alguns problemas também. Todos os domingos de manhã, os santos tinham que chegar cedo para varrer o chão e limpar as janelas e as cadeiras a fim de deixar a escola adequada para a reunião sacramental. E, às vezes, a pessoa responsável pelo prédio fazia outra reserva para ganhar mais dinheiro, deixando os santos sem um lugar para se reunir.

Em pouco tempo, a Estaca Joanesburgo começou a chamar mais e mais santos negros para serem líderes nos ramos da cidade. Em seu ramo, Julia foi chamada para ser a nova presidente da Sociedade de Socorro.

De imediato, ela se sentiu inadequada. Embora ela fosse uma líder comunitária experiente que sabia como ajudar e motivar as pessoas, os santos de seu ramo estavam acostumados com líderes da Igreja brancos. Ela praticamente conseguia ouvir os membros de seu ramo duvidando de suas habilidades e pensando: “Ela é negra como nós”.

Ainda assim, Julia não se deixou abater. Ela sabia o que era capaz de realizar. E ela sabia que o Senhor estaria com ela.

Capítulo 22

Semelhantes a nosso Senhor e Mestre

uma multidão esperando na chuva do lado de fora do Templo de Freiberg

Na manhã de 7 de abril de 1984, Ardeth Kapp se sentou na primeira fila do Tabernáculo de Salt Lake. Gordon B. Hinckley, que havia sido chamado como conselheiro adicional na Primeira Presidência há quase três anos, estava ao púlpito, pedindo o voto de apoio às autoridades gerais e aos líderes da Igreja. Ele anunciou o chamado de dois novos apóstolos, Russell M. Nelson e Dallin H. Oaks. Ele também anunciou o nome de Ardeth como a nova presidente geral das Moças.

Os santos no Tabernáculo concordaram por unanimidade. “Uma responsabilidade foi dada, um chamado foi feito”, refletiu Ardeth posteriormente em seu diário, “e os membros responderam com amor”.

Quatro meses depois, Ardeth e suas conselheiras, Patricia Holland e Maurine Turley, além de sua assistente administrativa, Carolyn Rasmus, reuniram-se em uma cabana nas montanhas perto de Provo, Utah. Era o primeiro domingo do mês, e elas estavam em jejum.

O objetivo do jejum delas era o Progresso Pessoal, o programa de realizações da Igreja para moças desde o final da década de 1970. Ardeth fazia parte da presidência geral das Moças quando o Progresso Pessoal foi implementado, mas percebia que muitas moças não estavam engajadas no programa.

Ela e suas conselheiras acreditavam que as moças precisavam de um senso maior de identidade e propósito divino. Também acreditavam que muitas coisas poderiam ser feitas para ajudar as moças a se sentirem vistas e valorizadas enquanto buscavam fazer e cumprir convênios com o Senhor.

Na cabana, Ardeth, Patricia, Maurine e Carolyn listaram princípios universais que consideravam vitais para a vida e o bem-estar de uma moça. Em seguida, cada uma delas se recolheu em um local na floresta para refletir sobre a lista e definir os princípios mais importantes. Quando voltaram à cabana, descobriram que suas listas eram todas semelhantes. Todas se sentiram envolvidas por um sentimento caloroso. Eles perceberam que o Senhor as guiava para a direção certa.

Em seu formato vigente, o Progresso Pessoal tinha como foco valores compartilhados por todas as denominações cristãs. Ardeth e suas conselheiras achavam que ele deveria incluir também as crenças específicas dos santos dos últimos dias. Enquanto as mulheres conversavam sobre o que deveriam enfatizar, identificaram cinco valores que poderiam ajudar qualquer moça, onde quer que morasse, a se aproximar de Deus e a entender sua verdadeira identidade: fé, natureza divina, obediência, conhecimento e escolhas e responsabilidades.

Nos meses que se seguiram, Ardeth e suas conselheiras organizaram uma junta geral das Moças e estabeleceram sete valores, substituindo a obediência por valor individual, boas obras e integridade. Ardeth colou folhas de papel bem compridas nas paredes da sala de reuniões das Moças, e ela e as outras integrantes da junta preencheram o espaço com as ideias que tiveram a partir de pesquisas e debates com as moças da Igreja.

A junta acreditava que cada moça deveria entender quem realmente era e como se encaixava no plano de Deus. Cada moça precisava ter experiências espirituais, fazer e cumprir convênios com o Senhor, receber reconhecimento por obras cristãs e ser apoiada por seus líderes do sacerdócio.

No início de 1985, Ardeth e sua junta estavam se preparando para apresentar suas ideias ao Conselho Executivo do Sacerdócio da Igreja para aprovação. Sob a liderança do presidente Kimball, as decisões tomadas por meio de conselhos haviam se tornado mais frequentes na Igreja. O Conselho Executivo do Sacerdócio era um dos três principais conselhos executivos que faziam recomendações de políticas para a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos. Vários apóstolos e outras autoridades gerais faziam parte desses conselhos. Durante a reunião da presidência com o Conselho Executivo do Sacerdócio, Ardeth planejava apresentar claramente a visão da junta para as Moças. Mas ela não tinha certeza de como fazer isso.

Em uma manhã de janeiro, Ardeth acordou cedo e pegou um bloco de notas amarelo que ficava ao lado da cama. Tudo o que ela e a junta haviam debatido desde que foram chamadas estava se encaixando em sua mente formando um belo mosaico. Ela começou a escrever e as palavras e a inspiração fluíram sem parar. Quando finalmente escreveu a última palavra, ela estava emocionalmente esgotada, mas elevada espiritualmente. Ela sabia o que dizer ao conselho.

Seis semanas depois, Ardeth e suas conselheiras se ajoelharam em oração no edifício administrativo da Igreja. Em alguns minutos, elas apresentariam seu plano para o futuro das Moças ao Conselho Executivo do Sacerdócio. Se o plano estivesse certo, oravam para que os irmãos fossem receptivos a ele. Mas, se estivesse errado, pediram ao Senhor que fechasse os ouvidos dos membros do conselho.

Não demorou muito e foram convidadas para entrar em uma sala de reuniões próxima, onde Ezra Taft Benson, o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, estava reunido com outros membros do conselho.

Em pé na frente da sala, Ardeth começou sua apresentação. “Nosso foco não está tanto nos programas”, disse ela, “mas nos princípios fundamentais que podem ajudar as moças a conhecer e viver o evangelho”.

Ela falou sobre os muitos problemas que as moças enfrentam na sociedade: mídias e propagandas prejudiciais, crime, imoralidade sexual, distúrbios alimentares, suicídio, abuso de drogas e álcool. Ela apresentou dados que mostravam que as moças da Igreja tinham menos recursos, oportunidades de reconhecimento e líderes adultos do que os rapazes. Quando comparou os programas para Moças e para Rapazes, Ardeth disse que não estava sugerindo que eles deveriam ser idênticos. Em vez disso, precisavam contar com todos os recursos e o apoio necessários para ajudarem os jovens a serem bem-sucedidos.

Por fim, Ardeth e suas conselheiras propuseram a estruturação do programa das Moças com base nos sete valores. “Essa estrutura”, disse Ardeth, “pode dar uma identidade às moças e, assim, tanto elas quanto outras pessoas entenderão melhor o que significa ser uma moça”.

Após a apresentação, o presidente Benson convidou o conselho a ficar de pé em reconhecimento à importância da apresentação. “Não só nossos ouvidos foram abertos”, disse ele, “mas também nossos canais lacrimais”.

Mais tarde, naquele mesmo dia, o élder Dean L. Larsen, membro do conselho, ligou para Ardeth. “Quanto tempo você precisa para preparar uma transmissão via satélite para as moças?”, perguntou ele.

“Em novembro”, disse Ardeth.

O élder Larsen ficou surpreso. “Tudo isso?”

“Precisamos estar com tudo pronto”, respondeu Ardeth. “Não teremos uma segunda chance.”


Em 14 de dezembro de 1984, o presidente Gordon B. Hinckley dedicou a Casa do Senhor na Cidade da Guatemala, Guatemala. Observando aquilo, Carmen O’Donnal, a diretora do novo templo, maravilhava-se com o crescimento milagroso da Igreja na América Central e do Sul.

Em 1948, quando Carmen foi batizada em uma pequena piscina na região sul da Cidade da Guatemala, ela foi uma das primeiras pessoas a se filiar à Igreja na Guatemala. Agora o país tinha mais de 30 mil santos dos últimos dias, sendo que mais da metade tinha sido batizada nos últimos quatro anos. Cada vez mais pessoas na região estavam fazendo convênios para seguir Jesus Cristo, e a construção do templo era parte essencial desse trabalho.

“O Senhor permitiu que eu vivesse para ver esse milagre com meus próprios olhos”, disse ela durante a dedicação.

Antes do chamado para ser diretora do templo, Carmen e seu marido, John, trabalhavam no Templo da Cidade do México, que fora dedicado em dezembro de 1983. Foi a primeira Casa do Senhor no México, que tinha mais de 360 mil membros — mais do que qualquer outro país de língua espanhola no mundo. Entre as pessoas que compareceram à dedicação, estavam Isabel Santana e Juan Machuca, ex-professores do Centro Escolar Benemérito de las Américas, que estavam casados há mais de 10 anos. Eles agora moravam em Tijuana, México, e Juan trabalhava para o Sistema Educacional da Igreja.

Seguindo para o sul, a Igreja continuava a prosperar no Brasil. Quando o Templo de São Paulo fora dedicado em 1978, o país tinha 56 mil santos em 12 estacas. No início de 1985, o número de membros havia aumentado para cerca de 200 mil em 47 estacas. E, à medida que a Igreja crescia, aumentavam também as responsabilidades de Hélio da Rocha Camargo. Após servir como bispo da Ala 2 de São Paulo, ele serviu como presidente de estaca em São Paulo, presidente de missão no Rio de Janeiro e representante regional dos Doze. Posteriormente, em 6 de abril de 1985, ele foi apoiado como membro do primeiro quórum dos setenta, a primeira autoridade geral do Brasil.

“É uma experiência que nunca pensei ter”, disse ele aos santos no Tabernáculo de Salt Lake. Mas ele tinha uma forte fé no evangelho restaurado, como tantos outros líderes em todo o mundo. “Sei que o Senhor vive”, testificou. “Sei que sou um filho de Deus e que o evangelho é o plano para a felicidade de todos os filhos de Deus neste mundo.”

Enquanto isso, no Chile, havia agora mais de 130 mil santos em 40 estacas. Um pouco antes da dedicação do Templo da Cidade do México, os santos chilenos haviam se regozijado com a dedicação do Templo de Santiago Chile, a primeira Casa do Senhor em um país de língua espanhola. Milhares de santos se reuniram para a ocasião, sendo que alguns deles viajaram centenas de quilômetros de ônibus.

Carlos e Elsa Cifuentes estavam no templo para a dedicação. Carlos era um dos membros mais antigos no Chile. Em 1958, dois missionários o abordaram na garagem que ficava nos fundos de sua casa, apresentaram-se como representantes de Jesus Cristo e perguntaram se ele gostaria de aprender sobre a Igreja. Ele foi batizado pouco tempo depois. Em 1972, quando a primeira estaca foi formada no Chile, Carlos foi chamado para ser o presidente.

Na época da dedicação do Templo de Santiago Chile, Carlos estava com o organismo debilitado pelo câncer. Mas ele conseguiu ter forças para ficar de pé e prestar um fervoroso testemunho. “Não tenho dúvidas de que esta é a obra do Senhor”, disse ele. “Sei que Deus vive. Sei que Jesus Cristo, Seu Filho, vive.” Carlos faleceu um mês depois.

No país vizinho, a Argentina, a construção de uma Casa do Senhor em Buenos Aires estava em andamento. Betty Campi, aos 54 anos, servia como presidente da Primária da estaca em uma cidade rural chamada Mercedes. Durante sua vida, ela assistiu ao crescimento da Igreja na Argentina, de uma pequena planta até se tornar um grandioso carvalho, exatamente como o apóstolo Melvin J. Ballard havia previsto que aconteceria. Em 1942, ano de seu batismo, havia cerca de 700 membros da Igreja na Argentina. Agora o total era de quase 80 mil. Betty mantinha fielmente uma recomendação válida para o templo, aguardando ansiosamente o dia em que poderia usá-la em seu país de origem.

E a Argentina não era o único país. Em outros lugares da América do Sul, os planos para a construção de templos na Colômbia, no Peru e no Equador estavam avançando. Brigham Young e Joseph F. Smith haviam profetizado que templos seriam estabelecidos em toda a Terra. Isso estava acontecendo naquela época.


Após seu batismo, Olga Kovářová ficou ansiosa para compartilhar sua felicidade com sua família e seus amigos. Mas, uma vez que o governo da Tchecoslováquia não reconhecia a Igreja, ela sabia que suas oportunidades seriam limitadas. Além disso, os jovens de sua geração haviam crescido em uma sociedade ateísta e não sabiam muito sobre religião. Se ela tentasse falar com as pessoas sobre a Igreja, provavelmente não entenderiam o que ela estava dizendo.

Ela refletia e orava para saber como poderia compartilhar suas crenças e conversou com Otakar Vojkůvka sobre seu dilema. “Você poderia se tornar professora de ioga”, disse ele. O governo não restringia o ensino de ioga, e Otakar viu isso como uma boa maneira de conhecer novas pessoas e fazer o trabalho de Deus.

A princípio, Olga achou estranha a sugestão dele. Mas, pensando melhor, ela percebeu que ele estava certo.

No dia seguinte, Olga se inscreveu para a formação de professores de ioga. Pouco tempo depois de concluir o curso, ela começou a dar aulas em uma academia em Uherské Hradiště, sua cidade natal na região central da Tchecoslováquia. Ela ficou surpresa com a popularidade dos cursos. O tamanho das turmas variava de 60 a 120 alunos. Pessoas de todas as idades se inscreviam para as aulas, ansiosas para aprender mais sobre saúde física e mental.

Durante as aulas, Olga ensinava exercícios de ioga e em seguida dava uma lição simples com base em princípios da verdade. Ela não usava linguagem religiosa e recorria a citações inspiradoras de poetas e filósofos do leste europeu para apoiar o que ensinava.

Durante as aulas, Olga percebia que seus alunos ansiavam muito por mensagens mais positivas na vida deles. Algumas pessoas aparentemente assistiam a suas aulas só por causa das lições.

Em pouco tempo, ela e Otakar apresentaram a Igreja a alguns alunos, e vários decidiram ser batizados.

As aulas tinham tanta aceitação que Olga e Otakar organizavam acampamentos de ioga para os alunos interessados. Grupos de 50 pessoas faziam uma pausa de uma semana durante o verão e se beneficiavam das instruções de Olga e Otakar.

Olga desejava que seus pais, Zdenĕk e Danuška, pudessem sentir a mesma felicidade que os alunos descobriam no acampamento e orava por eles regularmente. Mas a religião não tinha importância na vida cotidiana de seus pais, e não havia um ramo na cidade deles. Olga teria que ter cuidado na hora de abordar o assunto.

Um dia, sabendo que sua mãe sofria com dores de cabeça, Olga disse: “Mãe, quero ensinar você a relaxar e fortalecer alguns músculos do pescoço. Talvez isso possa ajudar”.

“Você sabe que sempre confio em você”, a mãe dela respondeu.

Olga mostrou alguns exercícios simples e recomendou que sua mãe continuasse a fazer aquilo por conta própria. Em alguns meses, as dores de cabeça desapareceram. Ela e o pai de Olga começaram a se interessar pela ioga e participaram de um dos acampamentos. Em poucos dias, o pai dela estava totalmente imerso no acampamento e ela nunca tinha visto seu pai tão feliz. A mãe dela também adotou as rotinas e as ideias que eram compartilhadas nas aulas. Em pouco tempo, Olga começou a compartilhar suas crenças com eles também.

Seus pais amaram imediatamente o Livro de Mórmon e seus ensinamentos. Também obtiveram testemunhos de que Joseph Smith era um profeta de Deus. Em pouco tempo, tanto sua mãe quanto seu pai decidiram se tornar membros da Igreja.

Eles foram batizados no mesmo reservatório em que Olga havia recebido a ordenança. Depois, Olga e seus pais voltaram para casa e se sentaram à mesa da cozinha, de mãos dadas e chorando de alegria. “Isso exige uma comemoração”, disse sua mãe.

Elas fizeram o prato preferido de Olga e compartilharam seus testemunhos. Com um grande sorriso, seu pai disse: “Grandes começos acontecem dentro de pequenos espaços!”


“Gostaria que vocês pudessem sentir o que estou sentindo em meu íntimo”, disse Henry Burkhardt. “Gostaria também de conseguir expressar a imensa gratidão que sinto em meu coração neste momento.”

Era 29 de junho de 1985. Henry estava em um púlpito no recém-concluído Templo da República Democrática Alemã de Freiberg, discursando em um salão repleto de santos que compareceram para a dedicação do templo. O presidente Gordon B. Hinckley fez a abertura dos serviços no início daquela manhã, e o élder Thomas S. Monson também discursou.

Henry não era mais o presidente da Missão Dresden. Em vez disso, ele teve a honra de se dirigir aos santos como o recém-chamado presidente do Templo de Freiberg.

“Durante mais de 30 anos”, disse ele, “meu desejo era fazer alguma coisa para tornar possível que os santos deste país fossem a uma Casa do Senhor”. Ele falou de quando ele e sua esposa, Inge, foram selados no Templo da Suíça em 1955, antes do fechamento da fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Agora ele estava radiante porque os santos da RDA e de outros países sob a influência política da União Soviética tinham um templo em Freiberg.

“Era a vontade do Senhor”, disse ele. “O Senhor tornou possível a construção desta casa, um lugar onde podemos receber bênçãos que não podem ser concedidas em nenhum outro lugar, a não ser aqui em Sua casa.”

Henry ainda estava surpreso, depois de tantos anos lidando com a oposição do governo à Igreja, com o fato de o templo ter sido construído sem muitos problemas. Depois que Henry garantiu o terreno para o projeto, o arquiteto da Igreja, Emil Fetzer, trabalhou com autoridades, arquitetos e engenheiros da RDA para finalizar o projeto do templo. Com inspiração na arquitetura tradicional alemã, eles optaram por uma estrutura simples e moderna com vitrais e uma única torre em arco sobre a entrada.

O início das obras ocorreu pouco tempo depois. Para a surpresa de Henry, a maioria dos funcionários do governo que participou da cerimônia abaixou a cabeça durante a oração. A construtora era uma empresa de propriedade do governo, portanto o projeto não teve problemas para contratar trabalhadores ou conseguir a aprovação das licenças. O governo permitiu que a Igreja se conectasse a um gasoduto de gás natural próximo para que o templo não precisasse de aquecimento a carvão. E Henry e Emil conseguiram encontrar três lustres de cristal para a sala celestial e as salas de selamento, uma raridade na RDA.

Talvez a maior surpresa, no entanto, tenha sido a disposição do governo de respeitar o caráter sagrado do edifício. Embora as autoridades tivessem permissão legal para monitorar reuniões religiosas a qualquer momento no país, o governo havia concordado em não fazer isso no templo. De fato, durante todo o período de construção, os funcionários respeitaram a Igreja, seus ensinamentos e suas práticas. Quando chegou o momento da visitação pública, quase 90 mil pessoas vieram conhecer o edifício.

“Minha esposa e eu somos gratos, meus irmãos e minhas irmãs, por podermos servi-los aqui nesta casa”, disse Henry aos santos durante a dedicação. “Fazemos isso com muita alegria.”

Depois das palavras de Henry, Inge se levantou e prestou testemunho como diretora do templo. “Quero lhes dizer que nunca senti tanta alegria como a que sinto quando estou na Casa do Senhor”, declarou ela. “Quando penso em nossos jovens irmãos e irmãs que terão a possibilidade, em um futuro próximo, de começar sua vida conjunta aqui no templo, selados, e que seus filhos também nascerão com esse espírito dentro de si, meu coração se enche novamente de gratidão.”

“Acredito que todos nós estamos tentando nos tornar mais semelhantes a nosso Senhor e Mestre”, continuou, “e presto meu testemunho de que, quando viermos aqui ao Seu templo sagrado e quando estivermos preparados para servir, seremos capazes de fazê-lo”.


Em 18 de julho de 1985, milhares de judeus ortodoxos, vestidos com os tradicionais casacos pretos e chapéus de abas largas, reuniram-se em protesto no Muro das Lamentações de Jerusalém. Incentivados pelos principais rabinos da cidade, os manifestantes se curvaram e fizeram orações normalmente reservadas para dias de luto. No alto, havia uma enorme faixa vermelha com uma mensagem clara: “Mórmons, parem seu projeto missionário agora”.

Desde o início das obras, um ano antes, a Igreja havia feito um progresso contínuo no Centro da BYU em Jerusalém de Estudos do Oriente Próximo. Mas, naquela época, a população ortodoxa da cidade começou a encarar o centro como uma ameaça ao judaísmo. Eles estavam muito alarmados com a reputação do trabalho missionário da Igreja. Após o Holocausto, quando o regime nazista exterminou sistematicamente milhões de judeus, muitos judeus ortodoxos se tornaram extremamente cautelosos com os cristãos que tentavam converter alguém de seu povo. Eles temiam que o Centro Jerusalém se tornasse um centro de atividades missionárias dos santos dos últimos dias em Israel.

Os relatos da oposição ortodoxa ao projeto preocuparam a Primeira Presidência, que decidiu enviar os apóstolos Howard W. Hunter e James E. Faust a Jerusalém. A Igreja havia alugado o terreno para o Centro Jerusalém legalmente, e não haviam ocorrido manifestações públicas durante as fases iniciais do projeto. O centro também continuava a contar com o apoio do prefeito de Jerusalém, Teddy Kollek, e de outros líderes judeus da cidade. Na verdade, a construção do centro já estava um quarto concluída.

No dia seguinte ao protesto no Muro das Lamentações, o élder Hunter e o élder Faust se reuniram com o rabino Menachem Porush, membro ortodoxo do parlamento israelense, em seu escritório em Jerusalém. Vários outros líderes ortodoxos também lotaram a sala.

“Gostaríamos de pedir a vocês, como amigos, que desistam discretamente do projeto”, disse o rabino Porush aos apóstolos. Ele era um homem grande e imponente, mas falava com uma voz suave e cortês. “Não sei se você compreende totalmente o significado do que aconteceu no Muro das Lamentações”, continuou. “Rabinos de todos os lugares de Israel se reuniram para expressar sua oposição.”

“Entendemos que não cometemos nenhum erro ao estabelecer nosso centro aqui”, disse o élder Faust. Os estudantes da BYU vinham a Jerusalém há mais de 15 anos sem nenhum problema. O propósito deles era estudar a história e a cultura locais, não realizar trabalho missionário. Assim como o prefeito Kollek, os líderes da Igreja acreditavam que a Terra Santa poderia ser compartilhada pacificamente por diferentes religiões.

“Temos conhecimento dos sólidos programas missionários para seus jovens”, disse outro rabino na sala. “Não podemos tolerar esses programas aqui.”

“Vamos fazer um acordo para que vocês suspendam a construção durante duas semanas”, sugeriu o rabino Porush. “Vou até Salt Lake City para explicar aos líderes competentes a necessidade de interromper a construção.”

“Não podemos parar a construção”, disse o élder Hunter. “Temos um contrato.”

“Já construí muitos prédios”, disse o rabino Porush, “e sei que acordos podem ser feitos para interromper a construção”.

“Não podemos parar a construção”, repetiu o élder Hunter, “mas podemos continuar a debater as questões para resolver nossas diferenças”.

“Pense nisso, por favor”, insistiu o rabino.

Na noite seguinte, os apóstolos chamaram o rabino para informá-lo de que não haviam mudado de opinião. A construção continuaria.

Quando retornaram a Salt Lake City, o élder Hunter e o élder Faust se aconselharam com a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos sobre o que mais poderiam fazer para ganhar a confiança das pessoas que se opunham ao projeto.

Para mostrar que a Igreja estava comprometida a não fazer nenhum trabalho missionário por meio do Centro Jerusalém, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze pediram ao élder Hunter, ao élder Faust e ao presidente da BYU, Jeffrey R. Holland, que redigissem um acordo formal de não proselitismo para tranquilizar os líderes religiosos e políticos em Israel.

O comitê concluiu o acordo em 1º de agosto. No dia seguinte, o presidente Holland viajou para Jerusalém com o documento em mãos.


Como presidente da Sociedade de Socorro em Soweto, na África do Sul, Julia Mavimbela queria que todas as mulheres de seu ramo se sentissem respeitadas e aceitas. Durante a vida toda, ela tinha visto mulheres serem maltratadas por não terem dinheiro ou status social. Ela ansiava que todos que estavam sob seus cuidados fossem tratados com dignidade.

Naquela época, as mulheres da Igreja tinham aulas mensais de economia doméstica, nas quais aprendiam noções de autossuficiência, gerenciamento financeiro, primeiros socorros, nutrição e prevenção de doenças. Sabendo que muitas pessoas em Soweto passavam por dificuldades financeiras, Julia ensinava às mulheres da Sociedade de Socorro como armazenar alimentos, gastar menos água, economizar dinheiro e viver com poucos recursos. Recomendava que reformassem as roupas velhas em vez de comprar novas.

Em uma ocasião, alguém doou roupas e outros produtos para o ramo. Quase todas na Sociedade de Socorro passavam por necessidades, e Julia orou para saber como distribuir as doações de maneira justa. O Senhor a inspirou a dar a cada membro da Sociedade de Socorro um pedaço de papel com um número. Em seguida, ela sorteou os números aleatoriamente para que cada mulher tivesse uma chance justa de escolher algo entre as doações.

Embora a maioria das aulas da Sociedade de Socorro fosse em inglês, Julia preparava aulas em sotho e zulu para as mulheres que não falavam inglês tão bem. Ao designar as irmãs da Sociedade de Socorro para ministrarem entre si como professoras visitantes, ela confiava na inspiração para receber orientação. “O Senhor quer que vocês visitem esta pessoa”, dizia às irmãs recém-chamadas. “Avaliem as necessidades do lar e, depois, vamos debater juntas o que podemos fazer pela família.”

Enquanto Julia liderava a Sociedade de Socorro em Soweto, ela também acompanhava o progresso do templo que estava sendo construído em Joanesburgo. Ela esperava ansiosamente para ver a estátua do anjo Morôni erguida no topo da torre mais alta do templo. Mas, quando esse dia chegou, os ativistas de Soweto que eram contra o apartheid organizaram uma greve em toda a comunidade para impedir o trabalho e as compras nas áreas dos brancos de Joanesburgo.

Julia apoiava a causa dos ativistas, mas estava determinada a testemunhar esse marco na construção do templo. Acompanhada pelo neto, ela seguiu para Joanesburgo. Ninguém os parou nem os interrogou ao longo do caminho. No local do templo, eles conseguiram testemunhar a colocação da estátua.

Um ano depois, em 14 de setembro de 1985, Julia recebeu sua investidura na Casa do Senhor. Pela primeira vez, ela teve a sensação de pertencer plenamente, em uma unidade de convênio com seus irmãos e suas irmãs no evangelho, apesar de suas diferenças de raça e idioma. E, finalmente, ela foi selada ao seu falecido marido, John, e aos seus pais.

“Foi um dia maravilhoso!”, ela se alegrou. “Tantas bênçãos me foram concedidas!”

“Com alegria, prometo hoje viver de modo a ser sempre digna de ir à Casa do Senhor e servi-Lo, meu Salvador e Redentor”, disse ela. “É uma bênção saber quem sou e por que estou aqui.”

“A vida é muito boa, sem dúvida, e meu cálice transborda.”

Capítulo 23

Todos os esforços

moças carregam bandeiras

Em 6 de novembro de 1985, uma quarta-feira, a presidente geral das Moças, Ardeth Kapp, olhou pela janela de seu escritório em Salt Lake City. Uma bandeira ali perto estava hasteada a meio mastro para homenagear o presidente Spencer W. Kimball, que havia falecido na noite anterior. O estado de saúde precário do profeta o mantivera afastado do público por vários anos, portanto sua morte não foi uma surpresa. Mesmo assim, Ardeth sentiu profundamente sua perda.

A notícia chegou quando ela e a junta geral das Moças estavam se preparando para realizar a primeira transmissão via satélite das Moças. A transmissão estava programada para aquele domingo, e os líderes da Igreja decidiram realizá-la apesar do falecimento do profeta.

Ardeth e a junta geral das Moças planejaram o evento durante meses. Para ajudar a apresentar os sete novos valores das Moças, Ardeth pediu a Janice Kapp Perry, prima de seu marido e uma prolífica compositora da Igreja, que escrevesse uma música para a transmissão. Ela também solicitou permissão a fim de publicar uma edição especial da revista New Era, a revista dos jovens da Igreja, para promover ainda mais os valores.

Após calcular o custo da edição — cerca de 50 centavos de dólar por exemplar —, ela procurou o élder Russell M. Nelson, consultor de sua presidência no Quórum dos Doze Apóstolos, para aprovar a grande despesa. Sabendo que ele tinha nove filhas, ela tentou colocar o custo em perspectiva. “Élder Nelson”, perguntou ela, “uma moça vale 50 centavos?”

O élder Nelson sorriu. “Ardeth, você é esperta”, disse ele. O Conselho Executivo do Sacerdócio aprovou logo a edição especial e a traduziu para 16 idiomas.

Em 10 de novembro, um dia depois do funeral do presidente Kimball, as moças lotaram o Tabernáculo de Salt Lake. As presidências gerais da Sociedade de Socorro e da Primária, muitas autoridades gerais e antigas líderes das Moças se sentaram ao púlpito com Ardeth e as integrantes da junta.

Um coro de 400 moças abriu a reunião cantando “As Zion’s Youth in Latter Days”, um hino escrito especialmente para o novo hinário da Igreja, publicado três meses antes. Em seguida, o élder Nelson fez o primeiro discurso.

“Esforcem-se para estarem enraizadas em Cristo, o Senhor”, ele exortou as moças. “Mantenham-se unidas — enraizadas na verdade, prontas para ensinar e testificar, preparadas para abençoar outras pessoas com os frutos do Espírito.”

Quando terminou, Ardeth apresentou o novo lema das Moças: “Defender a verdade e a retidão”, com base na promessa do Senhor em Moisés 7:62: “E retidão enviarei dos céus; e verdade farei brotar da terra”.

“Entramos em um período em que o adversário está ostentando seu poder abertamente, e muitas pessoas estão sendo enganadas”, disse ela às moças. “Se olhassem para vocês, conseguiriam ver algo claramente diferente do mundo, que as ajudaria a identificar o caminho certo, a verdade, o refúgio que buscam? Vocês têm condições de defender e ser um exemplo de retidão?”

A transmissão continuou com uma apresentação de vídeo que explicava os sete valores. Em seguida, uma jovem das Filipinas se levantou e repetiu os valores, um por um, ao mesmo tempo em que faixas coloridas representando cada princípio caíam da sacada. Em seguida, a segunda conselheira Maurine Turley apresentou o novo tema das Moças e a congregação o recitou em conjunto:

“Somos filhas do Pai Celestial, que nos ama e nós O amamos. Serviremos de “testemunhas de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares” ao nos esforçarmos por viver os valores das Moças.

O coro apresentou a música “Eu ando pela fé”, de Janice Kapp Perry, e o élder Gordon B. Hinckley fez o discurso de encerramento. Depois disso, enquanto o coro e a congregação cantavam o hino “Constantes qual firmes montanhas”, 200 moças desfilaram pelo corredor carregando bandeiras com as sete cores que representam os novos valores.

Ardeth estava extremamente feliz. “O serão das Moças foi GLORIOSO!!”, ela escreveu em seu diário. Um novo capítulo havia começado para as moças da Igreja.


Na manhã seguinte à transmissão das Moças, o presidente Ezra Taft Benson, aos 86 anos, estava em um púlpito no edifício administrativo da Igreja. O Quórum dos Doze Apóstolos o havia ordenado recentemente como presidente da Igreja, e havia chegado o momento de anunciar a notícia à imprensa. Seus conselheiros na Primeira Presidência, Gordon B. Hinckley e Thomas S. Monson, estavam sentados atrás dele. Repórteres e câmeras lotaram a sala.

Depois que soube da morte do presidente Kimball, o presidente Benson se sentiu fraco — mais fraco do que jamais se sentira antes. Contudo, a influência do Espírito repousava poderosamente sobre ele. No funeral do presidente Kimball, ele honrou o falecido profeta como um homem de grande humildade, mansidão e fé. “Ele conhecia o Senhor”, testificou o presidente Benson. “Ele sabia como falar com Ele e como receber respostas.”

Sob a liderança do presidente Kimball, a Igreja tinha aumentado em quase 2 milhões de membros, grande parte deles na América Latina. Entre as centenas de estacas organizadas durante sua presidência, estavam as primeiras estacas na Bolívia, na Colômbia, na Nicarágua, no Paraguai, em Porto Rico e na Venezuela. Para administrar esse crescimento, ele criou e expandiu o primeiro quórum dos setenta e defendeu a liderança por meio de conselhos de área, regionais e familiares.

O presidente Kimball também enfatizou a necessidade de templos, trabalho missionário e estudo do evangelho. Durante sua presidência, 21 templos foram dedicados e o número de missionários de tempo integral aumentou de 17 mil para mais de 29 mil. Em 1979, a Igreja publicou uma edição da Bíblia na versão do rei Jaime com mapas, um dicionário da Bíblia, trechos da tradução inspirada de Joseph Smith da Bíblia e milhares de notas de rodapé e referências cruzadas às escrituras dos santos dos últimos dias. Dois anos depois, em 1981, a Igreja lançou edições semelhantes do Livro de Mórmon, de Doutrina e Convênios e da Pérola de Grande Valor. Doutrina e Convênios incluía duas novas seções — 137 e 138 — com revelações de Joseph Smith e Joseph F. Smith sobre a redenção dos mortos e o ministério do Salvador no mundo espiritual. A edição também publicou o anúncio histórico da revelação que estendia as bênçãos do sacerdócio e do templo a todos os santos dignos, independentemente da raça.

No funeral, o presidente Benson incluiu essa revelação entre as mais significativas da dispensação. “Essa revelação”, declarou ele, “abre a porta da exaltação para milhões de filhos de nosso Pai”.

Agora, ao contemplar o futuro, o presidente Benson estava ansioso para dar continuidade ao legado do presidente Kimball. Muitos desafios, antigos e novos, ainda estão por vir para os santos. Por muitos anos, grupos nacionalistas latino-americanos ficaram ressentidos com a Igreja por enviar missionários e líderes de missão dos Estados Unidos para o exterior, e a oposição deles estava começando a ameaçar a segurança dos membros da Igreja nessas regiões. O presidente Benson também estava preocupado com as pessoas da Europa Central e Oriental, onde a maioria dos países ainda permanecia de portas fechadas para a Igreja.

Enquanto isso, em Utah, Mark Hofmann, membro da Igreja, tinha sido investigado recentemente depois que três bombas explodiram na área de Salt Lake City, matando duas pessoas. Mark era um negociante de documentos raros que havia vendido vários itens para a Igreja. Alguns desses documentos continham informações que colocavam em dúvida o relato tradicional da história da Igreja, levando algumas pessoas a questionar sua fé. Embora a autenticidade desses documentos tenha sido questionada, o incidente atraiu a atenção do mundo todo, e as reportagens frequentemente retratavam a Igreja de maneira negativa.

Quando o presidente Benson se apresentou à imprensa, ele sabia também que as pessoas tinham perguntas sobre sua própria presidência. Durante a vida toda, ele atuou ativamente no governo, e algumas pessoas se perguntaram como suas opiniões influenciariam suas decisões como presidente da Igreja.

“Meu coração se encheu de amor e compaixão profundos por todos os membros da Igreja e pelos filhos de nosso Pai Celestial em todos os lugares”, disse ele à imprensa. “Amo todos os filhos de nosso Pai, de todas as cores, credos e convicções políticas.”

Ele planejava liderar a Igreja da mesma forma que seus antecessores haviam feito. Alguns anos antes, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos haviam anunciado uma missão tríplice para a Igreja: proclamar o evangelho, aperfeiçoar os santos e redimir os mortos.

“Continuaremos a nos empenhar ao máximo para cumprir essa missão”, declarou o presidente Benson.


No início de 1986, Manuel Navarro, aos 16 anos, era sacerdote no Ramo de San Carlos, em Nazca, uma pequena cidade no sul do Peru. O Ramo de San Carlos era considerado uma “unidade básica” da Igreja, uma designação criada no final da década de 1970 para os ramos em que a Igreja era nova e tinha poucos membros. Em algumas dessas unidades, incluindo o Ramo de San Carlos, jovens e adultos se reuniam em classes e quóruns combinados aos domingos.

Manuel gostou de se reunir com os portadores do Sacerdócio de Melquisedeque durante a terceira hora da igreja. Havia cerca de 20 jovens portadores do Sacerdócio Aarônico no ramo, mas menos da metade deles frequentava regularmente. A reunião com os élderes do ramo deu a Manuel a oportunidade de aprender sobre os deveres do Sacerdócio Aarônico e do Sacerdócio de Melquisedeque.

Manuel era membro da Igreja há dois anos. Ele foi batizado com seus pais e sua irmã mais nova. Agora seu pai era presidente do ramo, e seu compromisso com o Salvador fortaleceu o de Manuel. “Se meu pai está aqui”, dizia a si mesmo, “é porque é bom”.

Até então, o ano de 1986 estava se revelando um ano importante para a Igreja na América do Sul. Em janeiro, foram dedicados templos em Lima, no Peru; e em Buenos Aires, na Argentina — o terceiro e o quarto templos no continente. A Casa do Senhor em Lima servia não apenas a Manuel e aos 119 mil santos dos últimos dias no Peru, mas também aos mais de 100 mil santos que viviam na Colômbia, no Equador, na Bolívia e na Venezuela. Logo após a dedicação, 200 peruanos e 200 bolivianos receberam sua investidura.

Manuel logo começou seu segundo ano do seminário, um programa que a Igreja vinha expandindo em todo o mundo há mais de uma década. Anteriormente, o ramo de Manuel oferecia aulas do seminário à noite. Mas, em 1986, o coordenador regional do Sistema Educacional da Igreja no Peru implementou o seminário diário matutino para a maior parte das 298 alas e ramos do país. Os membros da Igreja no Peru aprovaram a mudança. Eles queriam que as aulas do seminário fossem ministradas perto das casas dos alunos e de seus professores voluntários locais.

As primeiras aulas do seminário que Manuel frequentou foram realizadas em sua casa, mas acabaram sendo transferidas para a capela alugada do ramo. Todos os dias da semana, Manuel caminhava cerca de três quilômetros para ir à aula às 6 horas da manhã. No início, acordar cedo não era fácil, mas ele começou a gostar de ir ao seminário com os outros jovens. Com o incentivo de seu professor, ele desenvolveu o hábito de orar logo depois que acordava de manhã mesmo que para isso fosse necessário se levantar ainda mais cedo.

No seminário, Manuel recebeu um conjunto de cartões de “domínio das escrituras”. Nesses cartões, estavam impressas passagens importantes das escrituras que os alunos do seminário em todo o mundo deveriam aprender. Como a turma de Manuel estava estudando o Livro de Mórmon naquele ano, o primeiro versículo de domínio das escrituras que ele aprendeu foi 1 Néfi 3:7: “Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor”.

Uma professora do seminário, Ana Granda, ensinou Manuel e seus colegas de classe sobre seu valor eterno e seu destino como filhos de Deus. Quando ouviu o que ela ensinava, Manuel sentiu que era importante para alguém. Ele adquiriu um testemunho de que Deus realmente Se importava com Seus filhos.

Ele também viu como o cumprimento dos mandamentos o protegia de muitos dos problemas que outros jovens de sua idade enfrentavam. Embora jogasse futebol com amigos que não eram santos dos últimos dias, ele descobriu que seus amigos mais próximos eram os jovens da Igreja. Às quartas-feiras, eles participavam das “noites missionárias”, nas quais se divertiam com jogos e socializavam com os missionários que serviam na região.

Os amigos de Manuel estudavam com ele, apoiavam-no e o ajudavam a permanecer no caminho certo. Quando ele e seu primo iam a festas nas noites de sábado, seus amigos de fora da Igreja nunca lhes ofereciam bebidas alcoólicas. Sabiam que eles eram santos dos últimos dias e respeitavam suas crenças.


Mais tarde, naquele mesmo ano, Consuelo Wong Moreno, então com 17 anos, visitou sua irmã mais velha, Carmen, em Cuernavaca, México. Cuernavaca ficava a cerca de 965 quilômetros ao sul da casa de Consuelo, na cidade de Monterrey. O pai dela a enviava regularmente com os irmãos para lá no verão.

O templo na Cidade do México ficava longe da cidade natal de Consuelo, então, quando ela soube que os jovens de Cuernavaca iriam realizar batismos pelos mortos, ela obteve a permissão de Carmen para ir. Ela teve então uma entrevista com o bispo. Ele não a conhecia bem e demonstrou estar em dúvidas quando ela expressou interesse em participar da viagem.

“Veja”, disse Consuelo, tirando um velho recibo de dízimo de suas escrituras, “pago o dízimo”.

O bispo sorriu quando ela desdobrou o pedaço de papel e o entregou a ele. Ele conduziu o restante da entrevista e a considerou digna de frequentar o templo.

“Não se preocupe, irmã”, disse ele. “Você pode ir e fazer batismos.”

Pouco tempo depois, Consuelo pegou um ônibus para a Cidade do México com outros jovens e adultos da ala. Quando chegaram, ninguém sabia ao certo onde ficava o templo, então começaram a procurá-lo a pé. Era um dia claro e ensolarado, e o grupo de jovens atraiu a curiosidade dos que passavam por ali enquanto eles caminhavam pelas ruas.

Finalmente, um dos jovens avistou o pináculo do templo. “Lá está Morôni!”, disse ele. Consuelo e o outro jovem olharam para o local e, com certeza, lá estava a torre, elevando-se acima deles.

Consuelo nunca havia visto uma Casa do Senhor pessoalmente antes, e seu tamanho grandioso e a arquitetura antiga inspirada na América Central a impressionaram. Eles entraram no templo, e os oficiantes os cumprimentaram gentilmente e os instruíram sobre aonde ir e o que fazer. Consuelo sentiu o Espírito de maneira vigorosa ao ser batizada por aqueles que haviam morrido. Uma delas era uma mulher indígena, e seu nome não saiu da mente de Consuelo. Ela se imaginou encontrando-a na próxima vida e celebrando o trabalho que fez por ela.

Depois que Consuelo voltou para Monterrey no final do verão, ela ficou sabendo que haveria em breve uma celebração para as moças chamada “A nova geração”. Depois de apresentar os sete valores durante a transmissão via satélite, a presidente geral das Moças, Ardeth Kapp, convidou as moças de todo o mundo a escreverem uma mensagem pessoal de esperança e fé em Jesus Cristo. Em seguida, elas se reuniriam em suas respectivas áreas, prenderiam cada mensagem em um balão a gás e soltariam todos ao mesmo tempo no céu.

“Embora possam estar geograficamente isoladas de muitas outras moças da Igreja”, explicou a presidente Kapp, “queremos que sintam a força da irmandade e do seu tamanho unidas em um único propósito e comprometidas com os valores do evangelho”.

Consuelo estava ansiosa para compartilhar o evangelho com outras pessoas e queria participar do evento com as moças de todo o mundo. No entanto, como a cidade de Monterrey restringia as manifestações religiosas públicas, seu grupo de Moças não poderia participar da celebração a menos que recebesse permissão do governo.

Mesmo assim, Consuelo pegou uma folha de papel e escreveu uma carta para a presidente Kapp em espanhol. “Tenho 17 anos e sou uma laurel”, escreveu ela. “Há uma semana, soube da celebração de fé e esperança que as Moças farão em todo o mundo. Uma alegria especial tomou conta de mim, e quero participar.”

Na carta, ela anexou a mensagem que queria enviar e pediu à presidente Kapp que a incluísse na atividade:

“Tive esperança e não deixei que ela morresse. Desenvolvi minha fé e, à medida que a cultivei, descobri a caridade, sim, o puro amor de Jesus, um amor perfeito que elimina todo o medo. Depois descobri a paz. Descobri que a paz nos deixa em harmonia com os outros, respeitando suas crenças e tratando-os como irmãos e irmãs.

Gostaria que pudesse imaginar o quanto desejo que alguém receba e compreenda minha mensagem”, escreveu Consuelo à presidente Kapp. “Espero que, um dia, todos aqueles que conheço e amo se sintam como nos sentimos.”

Terminada a carta, ela a colocou em um envelope e a enviou para Salt Lake City.


Em agosto de1986, o presidente Ezra Taft Benson se encontrava aos pés do Monte Cumora, nos arredores de Palmyra, Nova York. Era uma manhã de domingo, e uma multidão de cerca de 8 mil pessoas tinha ido ouvi-lo falar no local onde Joseph Smith havia recebido as placas de ouro do anjo Morôni.

O presidente Benson e sua esposa, Flora, haviam assistido à apresentação teatral do Monte Cumora na noite anterior. A apresentação teatral era um evento anual que acontecia durante uma semana, desde a década de 1930, e atraía milhares de visitantes. A apresentação era realizada na própria colina, contando com cenários elaborados e um grande elenco de voluntários que representavam a história do Livro de Mórmon, culminando com a dramática aparição do Salvador ressurreto aos nefitas.

Quando o presidente Benson se dirigiu à grande multidão à sua frente, seus comentários se voltaram para o texto sagrado celebrado na apresentação.

“O Livro de Mórmon foi escrito para nós”, disse para a multidão. Quando ele era rapaz, muitos membros da Igreja não estudavam nem citavam regularmente o Livro de Mórmon. Os santos estavam progredindo nos últimos anos, mas ele acreditava que ainda havia espaço para melhorias.

“Não temos usado o Livro de Mórmon como deveríamos”, disse. “Nosso lar não é forte o suficiente a menos que o usemos para conduzir nossos filhos a Cristo.”

Durante décadas, o presidente Benson havia pedido aos santos que se achegassem a Cristo por meio do estudo do Livro de Mórmon. Como um jovem missionário na Inglaterra, na década de 1920, ele desenvolveu amor pelo livro. Certa vez, quando ele e seu companheiro de missão foram convidados a falar a um grupo de críticos, o élder Benson veio preparado para pregar sobre a apostasia. Entretanto, quando começou a falar, ele foi inspirado a deixar de lado o texto que havia preparado e falar apenas do Livro de Mórmon.

O presidente Benson acreditava fervorosamente que o Livro de Mórmon poderia conduzir as pessoas a Cristo. Nas últimas décadas, os líderes da Igreja falaram muito mais sobre o Salvador do que em qualquer outra época. Em 1982, a Igreja acrescentou o subtítulo “Outro Testamento de Jesus Cristo” ao Livro de Mórmon. Essa inclusão enfatiza o Salvador, bem como o lugar vital do livro com o Velho e o Novo Testamento. Os líderes da Igreja acreditavam que o novo subtítulo prestaria um testemunho vigoroso do Salvador e protegeria contra falsas alegações de que os santos dos últimos dias não eram cristãos.

Quando viajava como presidente da Igreja e se reunia com os santos, o presidente Benson frequentemente testificava de Jesus Cristo e do Livro de Mórmon como uma testemunha especial de Sua divindade. E, em seu primeiro discurso na conferência geral como presidente da Igreja, ele exortou aos santos que o lessem todos os dias.

“O Livro de Mórmon não tem sido e ainda não é o ponto central do estudo pessoal, do ensino no lar, da pregação e do trabalho missionário”, ensinou. “Devemos nos arrepender disso.”

Seis meses depois, em 4 de outubro de 1986, ele falou novamente sobre Jesus Cristo e o Livro de Mórmon na conferência geral. “O Livro de Mórmon é a pedra angular de nosso testemunho de Cristo, que, por Sua vez, é a pedra fundamental de tudo o que fazemos”, testificou o presidente Benson.

“Existe um poder no livro que começa a fluir para nossa vida no momento em que iniciamos um estudo sério de seu conteúdo”, prometeu. “Vocês descobrirão mais poder para resistir à tentação. Encontrarão mais poder para evitar as dissimulações. Encontrarão poder para permanecer no caminho reto e estreito.”


Em 11 de outubro de 1986, as moças de toda a Igreja participaram da celebração da Nova Geração. A presidente Ardeth Kapp conduziu a atividade no Ricks College, a escola da Igreja em Rexburg, Idaho. Apesar do vento gelado no campus, a presidente Kapp falou para as moças em um auditório antes de todas saírem para soltar os balões com mensagens de esperança, amor e paz. Em outras partes do mundo, as moças ouviram uma gravação da mesma mensagem antes de também soltarem seus balões no céu.

“Vocês são uma geração conhecida por seu Pai Celestial”, declarou a presidente Kapp. “Agora vocês estão sendo chamadas para se apresentarem, exercerem sua influência e se tornarem uma força poderosa para a retidão.”

A cerca de 2.200 quilômetros de distância, em Monterrey, no México, a restrição a manifestações religiosas impediu Consuelo Wong Moreno de soltar um balão no dia 11 de outubro. Porém, pouco tempo depois, ela ficou surpresa ao receber uma carta pessoal da presidente Kapp. A carta estava em inglês, então Consuelo fez o possível para entender o que ela dizia. Quando sua irmã mais velha, Aida, voltou para casa, ela ajudou a traduzir o texto.

“Querida Consuelo”, escreveu a presidente Kapp, “recebi sua bela carta expressando sua esperança de participar da ‘celebração de fé e esperança’ que as Moças deveriam fazer. Gostaria que soubesse que sua mensagem foi enviada em um balão por uma moça daqui”.

A presidente Kapp disse a Consuelo que falou da carta dela quando se dirigiu às moças do Ricks College. Consuelo se sentiu honrada em saber que a presidente Kapp havia compartilhado suas palavras com tantas pessoas. Sentiu-se fortalecida quando soube que as moças de todo o mundo estavam tão ansiosas quanto ela para divulgar o evangelho.

Semanas depois, após muita oração, as moças de Monterrey receberam permissão do governo local para realizar sua própria celebração da Nova Geração. Consuelo e Aida se juntaram a uma centena de moças e líderes de várias estacas em uma praça no centro da cidade. Chegaram antes do amanhecer, com o céu gradualmente clareando enquanto se reuniam em grupos e ajudavam a encher os balões brancos. Consuelo prendeu seu testemunho escrito à mão em seu balão com uma fita e o soltou no céu com os outros.

Enquanto observava seu balão flutuar, ela torcia para que ele caísse a salvo em algum lugar, para que alguém pudesse encontrá-lo e ler sua mensagem.

Pouco tempo depois, Consuelo concluiu suas metas do Progresso Pessoal. Ela e as outras moças de sua ala começaram a aprender sobre os novos valores e as cores associadas a eles. Todos os domingos, sua classe das lauréis recitava o novo tema das Moças. Ele lhes lembrava que eram filhas de Deus com um destino divino. Consuelo se sentia grata porque sabia que Deus tinha um plano para ela e Se preocupava com seu bem-estar.

Em janeiro de 1987, Consuelo recebeu reconhecimento público por ter concluído o Progresso Pessoal nos Novos Inícios, um evento anual para as moças e suas famílias realizado em alas e ramos em toda a Igreja. Os Novos Inícios são uma oportunidade de dar as boas-vindas às meninas no programa, celebrar as conquistas das moças e incentivar seus esforços. Na ala de Consuelo, a presidente das Moças convidou os pais a ajudarem suas filhas a cumprir as metas do Progresso Pessoal. Em seguida, várias moças, cada uma vestida com uma das novas cores das Moças, falaram sobre os valores. Em seguida, o bispo entregou medalhões a Consuelo e às outras moças que concluíram sua jornada do Progresso Pessoal.

Consuelo estava orgulhosa de si mesma por ter terminado e usava seu medalhão como se estivesse carregando um troféu. Toda vez que chamava a atenção de pessoas que não eram membros da Igreja, ela explicava o que ele representava e como o ganhou.

Capítulo 24

Nossa busca da verdade

Centro Jerusalém da BYU em uma colina

O Centro Jerusalém da BYU de Estudos do Oriente Próximo abriu as portas para 80 estudantes no dia 8 de março de 1987. Naquela manhã, três vans e dois ônibus chegaram ao Kibbutz Ramat Rahel, a comunidade no extremo sudeste de Jerusalém onde os estudantes estrangeiros da universidade haviam morado e estudado nos últimos sete anos. Ansiosos a fim de se mudarem para o novo centro, os alunos alegremente levaram seus pertences e todos os equipamentos da escola para os veículos. Quando chegaram à sua nova casa, formaram uma corrente humana e começaram a transportar livros, caixas e malas pelas escadas que subiam o monte Scopus.

David Galbraith, diretor do programa de estudos no exterior, observava com um sorriso. A equipe da escola trabalhou incansavelmente para deixar o prédio pronto embora algumas partes ainda estivessem inacabadas. A equipe instalou lavadoras e secadoras, fez a designação de quartos e comprou suprimentos. Por algum motivo, eles haviam se esquecido de comprar toalhas e papel higiênico para o centro, mas os suprimentos já estavam vindo de Tel Aviv.

Dois anos antes, quando o presidente da BYU, Jeffrey R. Holland, foi a Jerusalém com um acordo de não proselitismo, ele causou uma boa impressão. No entanto, os rabinos ortodoxos estavam céticos com relação ao acordo. Continuavam fazendo manifestações no canteiro de obras, do lado de fora do gabinete do prefeito e em frente à casa de David.

Na esperança de gerar boa vontade, a Igreja contratou uma das maiores empresas de relações públicas de Israel, que colocou anúncios informativos em jornais e na televisão. Vários judeus que eram amigos da Igreja também escreveram cartas para políticos israelenses, atestando a honestidade dos santos.

Até recentemente, o inspetor municipal da cidade insistia que ninguém poderia ocupar o prédio antes de ser concluído. David e sua equipe administrativa, no entanto, receberam permissão a fim de se mudar para a seção concluída do centro: os quatro níveis inferiores que compunham os alojamentos e algumas salas de aula. Quando o inspetor municipal soube que vários departamentos da cidade haviam concedido a permissão, surpreendeu-se.

Depois que os alunos se mudaram, David os reuniu em uma grande sala de aula para uma reunião de três horas com orientações sobre como cuidar do edifício. O dia transcorreu de maneira pacífica, sem protestos daqueles que se opunham à construção do centro. Da escola, os estudantes podiam desfrutar de uma vista impressionante da Cidade Velha de Jerusalém ao pôr do sol. Era um belo cenário para eles aprenderem mais sobre a antiga cidade e as pessoas de fé que viveram lá.

“Finalmente estamos em nosso novo prédio”, escreveu David ao presidente Holland mais tarde naquele dia.

“Durante todos esses meses, trabalhamos em um edifício de cimento e pedra”, escreveu ele. “Os estudantes sopraram nele o fôlego da vida, e aqueles corredores de pedra fria e salas sem vida agora têm um ar de felicidade.”


Pouco tempo depois que Ezra Taft Benson se tornou presidente da Igreja, ele deu ao élder Russell M. Nelson uma nova designação. “Você será responsável por todos os assuntos da Igreja na Europa e na África”, disse ele, “com a incumbência especial de abrir os países do leste europeu para o evangelho”.

O élder Nelson ficou surpreso. “Sou um cirurgião cardíaco”, pensou. “O que sei sobre abrir os países para o evangelho?” Com poucas exceções, a Igreja não havia enviado missionários para a Europa Central e Oriental desde a época em que a região passou a estar sob a influência da União Soviética, após a Segunda Guerra Mundial. “Será que a tarefa não deveria ser entregue a alguém mais qualificado em diplomacia?”, ele se perguntou. “Por que não enviar um advogado, como o élder Dallin H. Oaks?”

O élder Nelson guardou seus pensamentos só para si e aceitou a designação.

Pouco tempo depois, as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a União Soviética começaram a melhorar. Em outubro de 1986, Konstantin Kharchev, presidente do Conselho de Assuntos Religiosos da União Soviética, reuniu-se com representantes da Igreja em Washington, D.C. Ele estava ansioso para que eles compreendessem que existia liberdade religiosa na União Soviética. Depois de saber da reunião, o élder Nelson recomendou que a Igreja enviasse duas autoridades gerais para se reunir com Kharchev e continuar a conversa. A Primeira Presidência o escolheu para ir, com o élder Hans B. Ringger, dos setenta.

Na manhã de 10 de junho de 1987, o élder Nelson e o élder Ringger telefonaram para o escritório de Kharchev em Moscou. Kharchev estava se preparando para deixar a cidade a fim de tratar de outros assuntos e não tinha muito tempo para conversar.

“Só queremos lhe fazer uma pergunta”, disse o élder Nelson. “O que precisaríamos fazer para que a igreja que representamos se estabeleça na Rússia?”

Kharchev explicou rapidamente que uma igreja poderia ser registrada em um distrito ou uma cidade quando tivesse 20 membros adultos que morassem lá.

O élder Nelson perguntou se a Igreja poderia abrir um centro de visitantes ou uma sala de leitura na União Soviética — um lugar onde as pessoas pudessem ir voluntariamente para aprender sobre os ensinamentos da Igreja.

“Não”, respondeu o presidente do conselho.

“Estamos diante do dilema do ovo e da galinha”, disse o élder Nelson. “Você diz que não poderemos ser reconhecidos até termos membros, mas vai ser difícil ter membros se não pudermos ter uma sala de leitura ou um centro de visitantes.”

“Isso é problema seu”, disse Kharchev. Ele lhes deu seu telefone e se ofereceu para se encontrar com eles novamente. Nesse meio tempo, eles poderiam falar com seus dois assistentes. “Tenham um bom dia!”, disse ele.

Os assistentes passaram mais informações ao élder Nelson e ao élder Ringger. Eles explicaram que, na União Soviética, os cidadãos tinham liberdade de consciência e podiam praticar sua religião abertamente. No entanto, os missionários não tinham permissão para fazer proselitismo no país, e o governo regulamentava a importação de literatura religiosa. As pessoas podiam realizar cultos religiosos em suas casas, convidar outras pessoas para participarem e compartilhar suas crenças com quem manifestasse interesse.

Vários locais de adoração funcionavam na cidade, e os assistentes providenciaram para que o élder Nelson e o élder Ringger se reunissem com líderes das congregações locais de ortodoxos russos, adventistas do sétimo dia, cristãos evangélicos e judeus. Enquanto percorriam a cidade, encontrando-se com outras pessoas de fé, o élder Nelson e o élder Ringger ficaram surpresos com a diversidade religiosa que viram em um país oficialmente ateu.

Ainda assim, quando o élder Nelson e o élder Ringger pensavam sobre os requisitos para estabelecer uma igreja na União Soviética, a tarefa deles parecia intransponível. Sem missionários ou uma sala de leitura, como eles poderiam atingir o número de 20 pessoas necessárias para receber o reconhecimento da Igreja?

Em seu último dia em Moscou, o élder Nelson não conseguia dormir. Ele se levantou e foi para a Praça Vermelha, uma grande praça fora do Kremlin, a sede cercada de muros do governo soviético. A praça estava vazia, e ele pensou na multidão de milhares de pessoas que visitariam o local mais tarde naquele dia. Desde sua chegada à cidade, ele havia ficado comovido vendo as pessoas comuns. Ele queria se aproximar delas com amor e compartilhar o evangelho restaurado de Jesus Cristo com todos.

As perguntas “Quem sou?” e “Por que estou aqui?” não paravam de ecoar em sua mente. Ele sabia que era cirurgião, americano, marido, pai e avô. Mas ele tinha ido a Moscou como um apóstolo do Senhor. E, embora sua designação pudesse parecer muito difícil, especialmente agora que ele sabia como seria difícil estabelecer a Igreja na União Soviética, ele tinha esperança.

“Os apóstolos conhecem sua comissão”, pensou. O Salvador lhes ordenara que fossem a todas as partes do mundo e pregassem a toda tribo, nação, língua e povo. A mensagem do evangelho era para todos os filhos de Deus.

No relatório da viagem, o élder Nelson expressou sua fé no poder do Senhor para abrir as portas de lugares como a Europa Central e Oriental. “Juntos, podemos começar, mesmo dando pequenos passos, a fazer a vontade de nosso Pai Celestial, que ama todos os Seus filhos”, escreveu. “O destino e a salvação das almas de três quartos de um bilhão de pessoas dependem de nossa ação.”


Em 6 de agosto de 1987, o apóstolo Dallin H. Oaks tinha uma expressão sombria quando subiu ao púlpito diante de um grande público na Universidade Brigham Young. Dois anos haviam se passado desde os atentados a bomba em Salt Lake City que mataram dois santos dos últimos dias. Nesse período, o negociante de documentos raros, Mark Hofmann, foi julgado e condenado pelos assassinatos. Descobriu-se também que Mark havia falsificado muitos dos documentos que vendeu e negociou com a Igreja, incluindo vários que tinham por objetivo minar a fé na história sagrada da Igreja.

Durante esses mesmos dois anos, os acadêmicos da BYU fizeram muito para fortalecer a fé. O BYU Studies e o centro de estudos religiosos da universidade publicaram novos livros e artigos importantes sobre Joseph Smith e suas traduções. A Fundação para Pesquisa Antiga e Estudos Mórmons também começou a publicar os trabalhos coletados de Hugh Nibley, que tinha feito mais estudos do que qualquer outra pessoa para apoiar o Livro de Mórmon e a Pérola de Grande Valor. E a BYU havia feito um acordo com uma proeminente editora internacional para publicar a Encyclopedia of Mormonism, que contém artigos sobre a história, a doutrina e a prática da Igreja.

Ainda assim, muitos santos se esforçaram para compreender as fraudes de Mark Hofmann, motivando a BYU a organizar uma conferência acadêmica sobre a história da Igreja e o caso Hofmann. Na ocasião, o élder Oaks foi à conferência para falar sobre o papel da Igreja nos eventos que envolveram a tragédia.

Como o público sabia, Mark estava cumprindo pena perpétua na prisão. Em janeiro, ele confessou ter fabricado três bombas, incluindo uma que o feriu acidentalmente. A história que ele contou aos investigadores era complexa e trágica. Embora tenha sido membro da Igreja durante a vida toda, ele perdeu a fé em Deus quando era rapaz. Com o tempo, ele se tornou um hábil falsificador e usou seu conhecimento da história da Igreja para fabricar documentos. Ele admitiu mais tarde que o objetivo de fazer essas falsificações não era apenas ganhar dinheiro, mas também constranger e desacreditar a Igreja. Ele havia assassinado duas pessoas em uma tentativa calculada de ocultar seu golpe.

No início de seu discurso, o élder Oaks comentou que os assassinatos haviam recebido grande atenção da mídia. Alguns comentaristas criticaram o presidente Gordon B. Hinckley e outros líderes da Igreja por terem adquirido documentos fraudulentos de Mark, argumentando que líderes verdadeiramente inspirados não teriam sido enganados pelas falsificações. Outras pessoas tinham acusado os líderes de serem sigilosos em relação a questões históricas embora a Igreja tivesse publicado os documentos mais significativos de Hofmann e permitido que fossem estudados por especialistas.

O élder Oaks observou que muitas pessoas, inclusive acadêmicos e especialistas em falsificação reconhecidos nacionalmente, aceitaram os documentos como genuínos. Ele também descreveu a atitude de confiança que prevalecia entre os líderes da Igreja.

“Para exercer seus ministérios pessoais, os líderes da Igreja não podem suspeitar de cada uma das centenas de pessoas que encontram a cada ano e questioná-las”, disse ele. “É melhor para um líder da Igreja se decepcionar ocasionalmente do que estar sempre desconfiado.” Se eles falhassem na detecção de alguns enganadores, esse seria o preço necessário para aconselhar e confortar melhor os honestos de coração.

Mesmo antes da organização da Igreja, o Senhor havia advertido Joseph Smith de que “nem sempre podes discernir os iníquos dos justos”. Homens como Mark Hofmann provaram que Deus nem sempre protege os membros e os líderes da Igreja de pessoas enganosas.

No final de seu discurso, o élder Oaks manifestou a esperança de que todos pudessem aprender com essa terrível experiência. “Quando se trata de ingenuidade em face da malevolência”, ele reconheceu, “há culpa suficiente para todos”.

“Todos nós devemos buscar a verdade com as ferramentas de estudos honestos e objetivos e uma fé religiosa sincera e respeitosa”, concluiu. “Todos nós precisamos ser mais cautelosos.”


Em 30 de abril de 1988, Isaac “Ike” Ferguson desembarcou do avião e sentiu o calor de N’Djamena, no Chade. Foi um lembrete imediato de que ele estava longe do clima fresco de primavera de sua casa em Bountiful, Utah. Ao seu redor, ele via pessoas com túnicas brancas e cabeça coberta. As areias do deserto se estendiam em todas as direções até o horizonte.

A pedido da Primeira Presidência, Ike foi até os limites do deserto do norte da África para acompanhar os projetos humanitários da Igreja. Durante várias gerações, a Igreja usou suas ofertas de jejum principalmente para ajudar os santos em dificuldades. No início da década de 1980, porém, a fome havia devastado a Etiópia, um país onde a Igreja não tinha presença oficial. As imagens de televisão de crianças famintas e campos de refugiados sobrecarregados comoveram pessoas do mundo todo, inclusive os santos. Em 27 de janeiro de 1985, a Igreja realizou um jejum humanitário especial nos Estados Unidos e no Canadá, que arrecadou US$ 6 milhões em ofertas de jejum para ajudar a África.

Poucos meses depois, o élder M. Russell Ballard, um dos presidentes do primeiro quórum dos setenta, viajou para a Etiópia a fim de identificar organizações humanitárias que poderiam ajudar a Igreja a fazer o melhor possível. Ike, que tinha doutorado e experiência profissional em saúde pública, foi então contratado para gerenciar as doações humanitárias em um escritório em Utah. Em seu primeiro dia, ele recebeu um computador, um telefone e autorização para distribuir milhões de dólares em ajuda de jejum para a Etiópia.

Com base no trabalho do élder Ballard, Ike entrou em contato com outras organizações de ajuda internacional para pedir conselhos sobre a melhor forma de usar as doações. Depois disso, fez grandes doações a organizações de auxílio que trabalham na Etiópia e em países vizinhos com problemas semelhantes. Dez meses após o jejum inicial, a Igreja realizou um segundo jejum para combater a fome.

As contribuições dos santos na Etiópia se mostraram tão úteis que os serviços de bem-estar da Igreja começaram a fazer parcerias com agências de assistência em outras partes do mundo. Em pouco tempo, Ike estava ajudando a organizar uma feira de saúde no Caribe, enviando equipamentos médicos para ajudar crianças com paralisia cerebral na Hungria e entregando vacinas na Bolívia.

Após a chegada em N’Djamena, Ike passou vários dias visitando locais humanitários no Chade e no Níger. Ele viajou para o vale Majia, em Níger, um local para o qual a Igreja havia doado centenas de milhares de dólares para um projeto de reflorestamento. Do alto, ele podia ver fileiras de árvores resistentes à seca formando uma “cerca viva” entre as ricas terras agrícolas do vale e o deserto que estava próximo. O avião aterrissou, e representantes de um dos parceiros humanitários da Igreja o levaram de carro pelas áreas reflorestadas.

Ike aprendeu que as árvores impediam a erosão do solo causada pelos ventos e forneciam forragem para ovelhas, cabras e gado. Também eram uma fonte de combustível de longo prazo para as pessoas que moravam nas proximidades. Os agricultores da área aumentaram sua produção agrícola em até 30 por cento desde o início do projeto, preservando muitas vidas da devastação do deserto.

Alguns dias depois, Ike foi para Gana, onde a Igreja tinha na época uma missão e dezenas de ramos. Lá, ele se reuniu com uma organização parceira, a Africare, para fazer uma consulta sobre uma fazenda de bem-estar da Igreja de 40 acres em Abomosu, uma cidade que ficava a cerca de 130 quilômetros a noroeste de Acra.

A fazenda foi criada em 1985, depois que uma seca severa esgotou os suprimentos de alimentos em todo o país. Assim como as fazendas de bem-estar da Igreja nos Estados Unidos, ela fornecia alimentos para pessoas necessitadas e, ao mesmo tempo, promovia a independência e a autossuficiência. Os santos locais administravam a fazenda com alguma assistência da Missão Gana Acra. No início, todos os trabalhadores eram voluntários, mas agora a fazenda pagava os trabalhadores, sendo que a maioria deles era membro da Igreja.

Após três temporadas de cultivo, a fazenda teve sucesso moderado na produção de milho, mandioca, banana-da-terra e outras culturas para pessoas carentes. Mas os benefícios que proporcionava ainda não compensavam o alto custo de manutenção.

Os consultores da Africare disseram a Ike que acreditavam que a fazenda serviria melhor à comunidade local se a Igreja permitisse que as pessoas de Abomosu transformassem a fazenda em um empreendimento cooperativo. Os agricultores locais, usando técnicas tradicionais de cultivo, poderiam trabalhar em conjunto a fim de fornecer mais alimentos para a comunidade. A Igreja ainda daria algum apoio financeiro à fazenda sem assumir toda a responsabilidade pelo sucesso.

Antes de deixar Gana, Ike e os consultores apresentaram essa ideia a cerca de 150 membros da comunidade de Abomosu, incluindo o líder da tribo local. O plano foi bem recebido, e muitos agricultores estavam ansiosos para participar da cooperativa.


Naquele mesmo mês de abril, Manuel Navarro procurou seu pai com uma notícia desanimadora. Nos últimos meses, ele estivera em Lima, no Peru, estudando muito para entrar em uma universidade de prestígio na cidade. No entanto, apesar de seus esforços, ele não conseguiu ser admitido na universidade. Se ele quisesse tentar entrar novamente, precisaria estudar por mais seis meses.

“Manuel”, disse o pai dele, “você quer continuar se preparando para a universidade ou quer se preparar para uma missão?”

Manuel sabia que o profeta havia pedido a todos os rapazes dignos e capazes da Igreja que servissem missão. E sua bênção patriarcal falava do serviço missionário. No entanto, ele havia planejado ir para a missão depois de se matricular na universidade. Ele acreditava que seria mais fácil retornar à universidade após a missão se pudesse fazer a matrícula antes de partir. Mas agora ele não sabia o que fazer. O pai dele disse que ele precisava de um tempo para decidir.

Imediatamente, Manuel leu o Livro de Mórmon e orou. Quando fez isso, sentiu o Espírito guiando sua decisão. No dia seguinte, ele já tinha uma resposta. Ele sabia que precisava servir missão.

“Está bem”, disse seu pai. “Vamos lhe ajudar.”

Uma das primeiras coisas que Manuel fez foi procurar um emprego. Ele achava que trabalharia em um banco próximo, já que seu pai conhecia alguns dos funcionários de lá. Mas, em vez disso, seu pai o levou ao centro da cidade para o local de construção da primeira capela do ramo. Ele perguntou ao supervisor se havia uma vaga para Manuel na equipe de construção. “Sem problemas”, disse o supervisor. “Vamos colocá-lo para trabalhar.”

Manuel entrou para a equipe em junho e, sempre que recebia o pagamento, o funcionário que dava o cheque o lembrava que ele deveria usá-lo em sua missão. A mãe de Manuel também o ajudou a separar a maior parte do dinheiro para o fundo missionário e o dízimo.

As missões eram caras, e a situação econômica do Peru dificultava para muitos santos financiarem suas missões integralmente. Durante anos, todos os missionários de tempo integral dependiam de si mesmos, de sua família, de suas congregações e até mesmo da bondade de estranhos para financiar sua missão. Depois que o presidente Kimball pediu a todos os rapazes elegíveis que servissem, a Igreja convidou seus membros a contribuírem para um fundo missionário geral para aqueles que precisavam de ajuda financeira.

Esperava-se que os fundos locais cobrissem pelo menos um terço dos custos da missão. Se os missionários não pudessem pagar o restante, poderiam recorrer ao fundo geral. No Peru e em outros países da América do Sul, os líderes da Igreja também criaram um sistema em que os membros locais forneciam aos missionários uma refeição por dia, ajudando-os a economizar dinheiro. Manuel se encarregou de pagar metade de sua missão, e seus pais arcariam com o restante.

Depois de trabalhar por cerca de seis meses, Manuel recebeu seu chamado para a missão. O pai dele disse que eles poderiam abri-lo imediatamente ou esperar até o domingo e ler na reunião sacramental. Manuel não conseguiria esperar tanto tempo, mas esperaria até sua mãe sair do trabalho naquela noite.

Quando ela finalmente chegou em casa, Manuel abriu o envelope e viu imediatamente a assinatura do presidente Ezra Taft Benson. Ele então começou a ler o restante do chamado, com o coração batendo forte a cada palavra. Quando viu que serviria na Missão Peru Lima Norte, ficou radiante de alegria.

Ele sempre teve o desejo de servir missão em seu país de origem.


Durante a última sessão da Conferência Geral de Abril de 1989, o presidente Ezra Taft Benson se sentou perto do púlpito no Tabernáculo de Salt Lake, apreciando as mensagens inspiradas dos oradores. Mas, quando chegou a hora de fazer suas próprias observações, ele sentiu que não tinha forças suficientes para falar. Ele pediu a seu segundo conselheiro, Thomas S. Monson, que lesse o que havia preparado para a ocasião.

Nos últimos dois anos, o profeta falou diretamente a diferentes grupos da Igreja: moças e rapazes, mães e pais, mulheres adultas solteiras e homens adultos solteiros. Agora ele queria falar com as crianças.

“Como amo vocês!”, disse ao começar seu discurso. “Como nosso Pai Celestial ama vocês!”

Naquela época, mais de 1,2 milhão de crianças pertenciam à organização da Primária da Igreja. Em 1988, a presidente geral da Primária, Dwan J. Young, e sua junta escolheram uma frase do Livro de Mórmon, “Achegar-se a Cristo”, como tema do ano. A presidente Young e sua junta também convidaram as crianças a aprender sobre o Livro de Mórmon.

O presidente Benson ficou animado porque crianças de todo o mundo aceitaram o convite. Nas noites no lar e na Primária, eles cantavam sobre o Livro de Mórmon, encenavam suas histórias e brincavam com jogos que ensinavam suas mensagens. Algumas crianças estavam até ganhando dinheiro para comprar exemplares do Livro de Mórmon que seriam distribuídos em todo o mundo.

Em sua mensagem, o presidente Benson exortou as crianças a orarem ao Pai Celestial todos os dias. “Agradeçam a Ele por ter enviado nosso irmão mais velho, Jesus Cristo, ao mundo. Ele tornou possível que retornássemos a nosso lar celestial.”

O presidente Benson falou muitas vezes durante seu ministério sobre a Expiação de Jesus Cristo. Nos últimos anos, ele também recorreu ao Livro de Mórmon para enfatizar aspectos da missão de Cristo familiares a outros cristãos. Um novo hinário da Primária, que logo estaria disponível para os santos, reforçou essas mensagens. O livro Músicas para Crianças tinha uma nova seção intitulada “O Salvador” e incluía muito mais canções sobre Jesus do que seu antecessor, Sing with Me.

Em várias ocasiões, o presidente Benson convidou os santos a se converterem a Cristo e a recorrerem à Sua graça salvadora. “Por Sua graça”, o profeta ensinou, “podemos receber a força que necessitamos para fazer as obras necessárias que de outro modo não poderíamos fazer sozinhos”.

Ao mesmo tempo, ele encorajava os santos a viverem em retidão. Em seu discurso para as crianças, ele as incentivou a terem a coragem de defender suas crenças. Ele também as advertiu de que Satanás procuraria tentá-las.

“Ele conquistou o coração de homens e mulheres perversos”, disse ele, “que querem que vocês participem de coisas ruins, como pornografia, drogas, obscenidades e imoralidade”. Ele exortou as crianças a evitarem vídeos, filmes e programas de televisão que não fossem bons.

Quase no final de seu discurso, o presidente Benson procurou consolar as crianças que viviam com medo. Nos últimos anos, os líderes da Igreja se manifestaram mais contra o abuso e a negligência de crianças, e a Igreja publicou diretrizes para ajudar os líderes locais a ajudar as vítimas.

“Mesmo quando parece que ninguém mais se importa, seu Pai Celestial Se importa”, disse o profeta. “Ele quer que você esteja protegido e seguro. Se não estiver, converse com alguém que possa ajudar você: seus pais, um professor, seu bispo ou um amigo.”

Depois que o presidente Monson se sentou, o público assistiu a um vídeo gravado previamente do presidente Benson cantando para um grupo de crianças reunidas em volta dele. Em seguida, o Coro do Tabernáculo cantou “Sou um Filho de Deus” e uma oração encerrou a conferência.

Capítulo 25

Pela causa do evangelho

dois missionários feridos se afastando de um carro em chamas

Em 14 de junho de 1989, as companheiras de missão Alice Johnson e Hetty Brimah perceberam que havia pessoas olhando para elas enquanto voltavam para seu apartamento em Koforidua, Gana. “Por que estão todos olhando para nós?”, disse Hetty em voz alta.

“Porque estamos lindas”, disse Alice. Elas haviam acabado de fazer um penteado com a cabeleireira a quem estavam ensinando. É claro que as pessoas olhariam.

No entanto, quando Alice e Hetty chegaram a seu apartamento, o proprietário lhes disse que precisavam se apresentar imediatamente ao pai e à madrasta de Alice, que também serviam como missionários em Koforidua.

Alice era filha de Billy Johnson, cuja dedicação em pregar o evangelho restaurado havia ajudado a estabelecer a Igreja no país de Gana. Ele foi um dos primeiros a ser batizado quando os missionários chegaram no final de 1978. Depois, recebeu o sacerdócio, tornou-se o primeiro presidente de ramo de Gana e também serviu como presidente de distrito. Dez anos haviam se passado, e agora havia cerca de 6 mil santos dos últimos dias em Gana. Como missionários, Billy e sua esposa haviam sido designados para ajudar os santos que não estavam mais indo às reuniões da Igreja.

Alice e Hetty voltaram à casa da missão, na cidade, e lá encontraram o casal Johnson. O pai de Alice explicou calmamente a elas e aos outros missionários que o governo de Gana havia banido, por motivos desconhecidos, todas as atividades da Igreja no país. Várias outras igrejas cristãs também haviam sido impedidas de se reunir.

“Preciso que todos vocês tirem sua plaqueta de missionário”, disse Billy. A notícia da proibição já havia sido transmitida pelo rádio, o que explicava por que tantas pessoas estavam olhando para Alice e Hetty. “Vocês precisam voltar ao apartamento e fazer as malas rapidamente”, instruiu Billy. “Amanhã de manhã, devemos nos apresentar à casa da missão em Acra.”

Na infância, Alice sempre admirou seu pai por sua bondade, seu espírito de oração e seu entusiasmo pelo evangelho restaurado. Foi, inclusive, a fé e o desejo dele de servir a Deus que haviam inspirado Alice a servir missão aos 18 anos, o que era permitido em algumas partes do mundo.

Agora, enquanto falava sobre a proibição do governo, ele pedia que Alice e os outros missionários jejuassem e orassem pelo fim da proibição.

Na manhã seguinte, Alice e Hetty viajaram 80 quilômetros em direção ao sul, até a sede da missão, em Acra. Quando chegaram, encontraram dezenas de missionários reunidos. A maioria deles era de origem ganesa, e todos estavam com o rosto cheio de lágrimas. A proibição havia surpreendido a todos, até mesmo o presidente da missão. As milícias locais invadiram capelas e outros prédios da Igreja. Os policiais expulsaram os missionários de seus apartamentos e apreenderam os carros e as bicicletas da missão. E guardas armados se posicionaram do lado de fora da casa da missão.

Gilbert Petramalo, presidente da missão, informou a todos que teriam que ser desobrigados. Apenas os pais de Alice continuariam como missionários de tempo integral, mas de modo extraoficial. Eles continuariam a ministrar aos santos, mas vestindo roupas comuns e sem utilizar a plaqueta missionária.

Após sua desobrigação, Alice foi morar com uma amiga em Cape Coast. Ela estava se sentindo confusa e perdida. O fim abrupto de sua missão a deixou insegura sobre seu futuro. Foi como se tudo o que era importante em sua vida tivesse repentinamente chegado ao fim.


Após todas as atividades da Igreja terem sido proibidas em Gana, William Acquah, um dos membros, estava sedento por notícias. Ele lia os jornais locais e ouvia o rádio constantemente em busca de mais notícias sobre o “congelamento”, nome que foi dado à proibição. Às vezes, ele se encontrava com outros santos para compartilhar o que haviam descoberto.

Décadas de domínio colonial deixaram os ganeses desconfiados de estrangeiros, e a evidente prosperidade da sede americana da Igreja parecia preocupar as autoridades do governo. Muitos no país haviam assistido a um filme que retratava a Igreja como sinistra e imoral, alimentando o medo que sentiam dos santos. O governo acreditava estar protegendo os cidadãos de Gana ao restringir a Igreja. As autoridades não estavam dispostas a suspender o congelamento sem antes conduzir uma investigação minuciosa sobre os santos e suas atividades.

William vivia em Cape Coast. Sua esposa, Charlotte, fazia parte da família Andoh-Kesson, que foram uns dos primeiros apoiadores do ministério de Billy Johnson. Charlotte apresentou o evangelho restaurado a William em 1978, mas ele esperou por mais de um ano para ser batizado. Ele vinha de uma importante família da região e, por suas experiências de vida e educação que recebeu na juventude, não confiava em Deus. Seu coração começou a se abrandar quando Charlotte o apresentou a Reed e Naomi Clegg, um casal de missionários de Cape Coast. Eles foram pacientes enquanto William estudava o Livro de Mórmon e outras obras da Igreja, dando a ele tempo para adquirir um testemunho e tomar a decisão de ser batizado.

Quando o congelamento começou, os líderes da Igreja autorizaram os santos de Gana a administrar o sacramento e dar aulas da Escola Dominical em casa. William e Charlotte assim o fizeram todos os domingos com seus filhos. Depois, William costumava deixar sua casa para visitar os outros santos e verificar se estavam bem.

Em um domingo, em 3 de setembro de 1989, William se deparou com um grupo de membros da Igreja reunidos em torno de um táxi. Eles contaram que dois outros santos dos últimos dias, Ato e Elizabeth Ampiah, tinham acabado de ser presos por realizarem reuniões da Igreja em casa. William entrou no táxi com os outros, e eles foram à delegacia de polícia.

O prédio era uma construção sombria da era colonial de Gana. No lado de dentro, um policial estava de pé, atrás de um balcão. Atrás dele, Ato e Elizabeth estavam sentados descalços em um banco na frente das barras de ferro das celas de prisão.

O policial olhou para William. “Você também é membro da Igreja?”, perguntou ele.

“Sim”, respondeu William.

Ele levou William para trás do balcão. “Tire os sapatos”, exigiu. “Dê-me seu relógio de pulso.” Ele deu as mesmas ordens aos outros homens que estavam com William. Um deles perguntou se poderia ligar para um amigo funcionário do governo local. O policial ficou furioso.

“Entrem nas celas!”, esbravejou.

Um odor fétido atingiu William assim que ele passou pelo portão. A pequena cela estava lotada de prisioneiros maltrapilhos. Eles pareciam chocados por estarem compartilhando a cela com um grupo de santos ainda vestidos com as roupas da Igreja.

“O que está acontecendo em nosso país”, perguntou um prisioneiro, “para que sacerdotes inofensivos como vocês sejam trazidos para cá?”

Apesar da aparência desleixada, os prisioneiros abriram espaço para os santos e os trataram com respeito. Era domingo de jejum e, enquanto conversavam sobre a situação, William e seus companheiros decidiram continuar jejuando. Eles estavam tensos e com medo, mas a notícia de sua prisão havia se espalhado e outros membros da Igreja estavam fazendo o possível para que eles fossem soltos.

Durante a tarde, o tio de William foi à delegacia. Ele era um homem calmo e digno que não pertencia à Igreja. Ele conversou com os policiais, mas não conseguiu convencê-los a liberar William. Eles disseram que os santos eram uma ameaça à segurança nacional e que não aceitariam fiança.

As horas se passaram e começou a anoitecer. Alguns amigos da Igreja foram à prisão e também pediram que os prisioneiros fossem soltos, mas os policiais ameaçaram prendê-los também. Por fim, quando ficou claro que William e os outros santos iriam passar a noite na prisão, eles deram as mãos e fizeram uma oração.

Na manhã seguinte, o chefe de polícia da delegacia disse aos santos que estava esperando ordens sobre o que fazer com eles. William passou o tempo conversando com os outros prisioneiros. Alguns tinham parentes na região e queriam entrar em contato com eles. William memorizou o endereço e prometeu levar mensagens a eles. Ele se sentiu inspirado ao lembrar que, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo foi preso pela causa do evangelho.

Outro dia se passou e, na terça-feira, William e os santos foram finalmente levados ao chefe de polícia. “Vocês estão livres”, disse ele sem dar nenhuma explicação. Ele tentou ser amigável, mas advertiu que não contassem a ninguém sobre a prisão.

Os santos permaneceram em silêncio. No balcão, o policial devolveu seus pertences e os mandou embora.


Na noite de 18 de novembro de 1989, Olga Kovářová aguardava em um ponto de ônibus em Brno, na Tchecoslováquia, quando percebeu dezenas de carros da polícia invadindo o teatro local. “Deve ser um incêndio”, pensou.

Em pouco tempo, o ônibus chegou. Olga embarcou e logo avistou uma jovem vizinha que costumava pegar o ônibus com ela. A jovem demonstrou empolgação.

“O que você acha?”, perguntou.

“O que você quer dizer?”, disse Olga.

A amiga abaixou a voz. “Bem, sobre a revolução!”

“Onde?”

“Na Tchecoslováquia, em Praga. Aqui!”

Olga riu. “Conte outra piada”, disse.

“Você viu todos aqueles carros de polícia em volta do teatro?”, perguntou a amiga. “Os atores começaram uma greve, e ela está se espalhando.”

Olga ainda estava cética. Por mais de um ano, uma onda de protestos públicos pacíficos e manifestações havia provocado mudanças políticas na Polônia, Hungria, República Democrática Alemã e em outras nações aliadas à União Soviética. Alguns dias antes, em Berlim, pessoas dos dois lados da cidade tinham começado a demolir um enorme muro de concreto que os havia dividido por quase 30 anos.

Na Tchecoslováquia, no entanto, o governo não havia feito concessão alguma aos pedidos dos cidadãos por mais liberdade.

Olga desejava adorar livremente, e ela e outros santos estavam jejuando e orando por essa bênção. Enquanto isso, o élder Russell M. Nelson estava trabalhando com o governo da Tchecoslováquia para que a Igreja fosse oficialmente reconhecida no país.

Olga fez o que pôde para viver de acordo com sua fé. Felizmente, o evangelho continuava a enchê-la de alegria. Em 1987, ela e seus pais dirigiram até a República Democrática Alemã para receber a investidura e ser selados uns aos outros no Templo de Freiberg. A experiência a tornou mais forte. “Que belo alicerce!”, pensou ela, “é como se eu tocasse o teto e ele se tornasse um novo alicerce”.

Agora, dois anos após esse evento, Olga estava chegando em seu apartamento para ligar a televisão e o rádio e ouvir as notícias. Ela não ouviu nada. Poderiam as coisas estarem mesmo mudando?

Na manhã seguinte, Olga chegou ao centro para jovens onde trabalhava e encontrou seus colegas correndo afobados pelo corredor. Muitos deles pareciam angustiados. “Algo muito sério está acontecendo em Praga”, disse o gerente de Olga. “Tenho uma reunião de emergência agora.”

Logo, outros colegas chegaram com notícias da revolução. “É verdade”, Olga pensou.

Alguns dias depois, cartazes nas vitrines das lojas anunciavam uma greve geral contra o governo. Olga se juntou a milhares de pessoas que marcharam até a principal praça da cidade. Seu coração batia forte enquanto testemunhava a história acontecendo diante de seus olhos. Ela pensou nas dificuldades enfrentadas por seus pais e avós. Sentiu o Espírito de Deus na união e no amor das pessoas ao seu redor.

Após alguns dias de protesto, o governo renunciou ao poder, e um novo governo começou a se formar. O clima no país mudou. As pessoas conversavam abertamente nas ruas. Sorriam e ajudavam umas às outras. Na Igreja, os santos estavam otimistas quanto ao futuro e felizes por se encontrarem em público pela primeira vez em décadas.

Um dia, por volta dessa época, Olga foi à casa de Otakar Vojkůvka. Ela o encontrou com o rosto cheio de lágrimas. Ele estava radiante de alegria, pois jovens como ela poderiam viver e adorar livremente.

Ele contou que tinha esperado a vida inteira por aquilo.


Dignardino Espi, chefe de segurança no Templo de Manila Filipinas, estava apreensivo quando chegou ao trabalho na noite de 1º de dezembro de 1989. Mais cedo naquele dia, grupos armados haviam organizado uma rebelião, instalando o caos na cidade. Era a sétima tentativa em quatro anos de derrubar o governo das Filipinas.

Apesar da instabilidade política, a Igreja possuía um firme alicerce nas Filipinas. Ao longo dos últimos 30 anos, o pequeno grupo de fiéis filipinos havia crescido e agora contava com mais de 200 mil santos. Havia agora 38 estacas e 9 missões no país. E, desde sua dedicação, em setembro de 1984, o Templo de Manila Filipinas tinha sido uma grande fonte de alegria e poder espiritual.

Na guarita do templo, Dignardino encontrou seus colegas, Felipe Ramos e Remigio Julian. Apesar de estarem terminando o turno de trabalho, os dois se recusavam a voltar para casa. Do outro lado da rua do templo, ficava o acampamento Aguinaldo, uma grande base militar. Sabendo que o acampamento poderia se tornar alvo dos grupos armados, os guardas estavam preocupados em deixar seu posto e serem apanhados pelo conflito. Eles preferiam ficar e ajudar a preservar a santidade da Casa do Senhor e dos arredores.

Por volta de 1 hora da manhã, tropas do governo montaram um bloqueio em um cruzamento próximo ao templo. Algumas horas depois, um tanque atravessou o bloqueio, danificando o muro em torno do templo.

Com a eclosão da violência nas ruas, Dignardino e os outros seguranças chamaram os dois guardiões do templo para ajudá-los a manter o prédio em segurança. Buscando refúgio da invasão do governo, um grupo de homens logo arrombou os portões do templo. Dignardino tentou obrigá-los a sair, mas eles se recusaram.

No final da tarde, Dignardino falou pelo telefone com Floyd Hogan, presidente do templo, e George I. Cannon, presidente da área. O presidente Cannon aconselhou ele e a equipe a se abrigarem dentro do templo. Pouco depois, as linhas de telefone pararam de funcionar.

Era domingo de jejum na manhã seguinte, e a equipe começou o jejum pedindo a Deus que a Casa do Senhor fosse poupada de profanação e destruição.

O dia transcorreu como o anterior. Helicópteros sobrevoavam a área e disparavam balas contra o terreno do templo. Um avião lançou várias bombas nas proximidades, quebrando as janelas do centro de distribuição da Igreja e danificando outros prédios. Em certo momento, um avião de caça disparou dois mísseis sobre o templo, incendiando um campo nos arredores.

No início da tarde, Dignardino encontrou dez homens armados próximos à entrada do templo. “O interior do templo é inteiramente religioso e sagrado por natureza”, ele lhes disse. Ele estava nervoso, mas continuou a falar. “Se insistirem em entrar na santidade do prédio, seu caráter sagrado será perdido”, disse ele. “Vocês tirariam essa bênção de nós?” Os homens ficaram em silêncio e foram embora. Dignardino sabia que suas palavras os tinham tocado.

Naquela noite, Dignardino reuniu sua equipe e eles se abrigaram novamente no interior do templo. Ele proferiu uma fervorosa oração e confiou no Senhor, acreditando que Ele preservaria Sua santa casa.

Eles passaram a noite inteira esperando pelas bombas, mas as horas se passaram em silêncio. Na segunda-feira, ao amanhecer, eles saíram cuidadosamente do templo para averiguar a situação. Os homens armados tinham ido embora. Só restavam armas abandonadas, munições e uniformes militares.

Dignardino e os outros homens inspecionaram a área e viram que alguns prédios estavam danificados. Mas o templo permanecia intacto.


Mais tarde naquele dia, 7 de junho de 1990, Manuel Navarro e seu companheiro de missão, Guillermo Chuquimango, estavam voltando para casa em Huaraz, no Peru. Manuel havia começado sua missão em março de 1989, no Centro de Treinamento Missionário de Lima, um dos 14 CTMs no mundo todo. Ele gostava de ser missionário, dedicando-se, visitando diferentes regiões do país e levando Jesus Cristo para as pessoas.

No entanto, a região onde morava às vezes era perigosa à noite. Um grupo revolucionário chamado Sendero Luminoso, ou Caminho Iluminado, estava em guerra com o governo peruano havia mais de uma década. Recentemente, os ataques deles haviam se tornado mais agressivos conforme a inflação se agravava e a crise econômica assolava o país da América do Sul.

Manuel e Guillermo, outro nativo peruano, sabiam do perigo que enfrentavam toda manhã ao sair de casa. Grupos como o Sendero Luminoso às vezes tinham como alvo os santos dos últimos dias, pois associavam a Igreja com a política externa dos Estados Unidos. Havia mais de 1 milhão de membros da Igreja em países de idioma espanhol, sendo cerca de 160 mil no Peru. Nos últimos anos, os revolucionários haviam atacado os missionários santos dos últimos dias e bombardeado capelas por toda a América Latina. Em maio de 1989, os revolucionários mataram a tiros dois missionários na Bolívia. Desde aquela época, o clima político ficou cada vez mais turbulento e os ataques contra a Igreja aumentaram.

As cinco missões no Peru responderam à violência estabelecendo toques de recolher e restringindo o trabalho missionário ao período diurno. Mas, naquela noite, Manuel e Guillermo estavam felizes e falantes. Eles haviam acabado de ensinar uma lição do evangelho e tinham 15 minutos para chegar em casa.

Enquanto andavam e conversavam, Manuel notou dois jovens no quarteirão da frente. Eles estavam empurrando um carro amarelo pequeno e pareciam precisar de ajuda. Manuel pensou em dar uma mão, mas os homens logo ligaram o carro e partiram.

Pouco depois, os missionários chegaram a um parque perto de casa. O carro amarelo estava estacionado na calçada, a cerca de um metro e meio de onde estavam andando. Havia uma base militar nas redondezas com um destacamento de tropas.

“Parece um carro bomba”, disse Guillermo. Manuel viu algumas pessoas correndo e, naquele instante, o carro explodiu.

A explosão atingiu Manuel e o jogou no ar, atirando estilhaços ao seu redor. Quando ele caiu no chão, estava aterrorizado. Pensou em seu companheiro. Onde ele estava? Teria sofrido o impacto da explosão?

Naquele momento, ele sentiu Guillermo levantando-o do chão. O parque parecia uma zona de guerra à medida que os soldados do destacamento — o suposto alvo da bomba — atiravam através dos restos do carro em chamas. Apoiando-se no companheiro, Manuel conseguiu caminhar de volta para casa.

Quando chegaram, ele foi ao banheiro e se olhou no espelho. Seu rosto estava ensanguentado, mas ele não encontrou nenhuma ferida na cabeça. Ele somente se sentia fraco.

“Me dê uma bênção”, disse para o companheiro. Guillermo, que tinha sofrido apenas ferimentos leves, posicionou as mãos trêmulas na cabeça de Manuel e o abençoou.

Pouco tempo depois, a polícia chegou na casa. Achando que os missionários eram os jovens que haviam plantado a bomba, os policiais os prenderam e levaram para a delegacia. Ao chegarem lá, um dos policiais viu o estado de Manuel e disse: “Esse aqui vai morrer. Vamos levá-lo para o centro de saúde”.

No centro de saúde policial, o chefe da polícia reconheceu os élderes. Manuel o tinha entrevistado recentemente para o batismo. “Eles não são terroristas”, disse o chefe aos outros policiais. “Eles são missionários.”

Sob os cuidados do chefe de polícia, Manuel lavou o rosto e finalmente encontrou um ferimento profundo abaixo do olho direito. Quando o chefe viu aquilo, levou Manuel e Guillermo às pressas para o hospital. “Não há nada que eu possa fazer aqui”, explicou.

Não muito tempo depois, Manuel desmaiou devido à perda de sangue. Ele precisava urgentemente de uma transfusão. Os santos de Huaraz foram ao hospital na esperança de doar sangue, mas nenhum deles tinha o tipo sanguíneo necessário. Então, os médicos testaram o sangue de Guillermo e descobriram que era o tipo de que precisavam.

Pela segunda vez naquela noite, Guillermo salvou a vida de seu companheiro.

Capítulo 26

Desejo servir

Coro do Tabernáculo no palco de uma casa de espetáculos ornamentada

Um dia após a explosão em Huaraz, os médicos transferiram Manuel Navarro para uma clínica em Lima. Lá ele foi recebido pelo presidente da missão, Enrique Ibarra, e também recebeu uma bênção do élder Charles A. Didier, membro da presidência da área. Durante a bênção, o élder Didier prometeu que Manuel logo deixaria a clínica e retornaria ao campo missionário.

Após tratar de outros ferimentos de Manuel, os médicos se dedicaram à reconstrução de seu rosto ferido. Os estilhaços haviam cortado suas bochechas e rompido o nervo óptico de seu olho direito, o que fez com que seu olho precisasse ser removido. Seus pais, que tinham ido a Lima, deram-lhe a notícia. “Filho”, disse sua mãe, “você vai ser operado”.

Manuel ficou em choque. Ele não sentia dor alguma no olho e, até então, não sabia porque estava enfaixado. Sua mãe o confortou. “Estamos aqui”, disse ela. “Estamos aqui com você.”

Com total apoio financeiro da Igreja, Manuel passou por três operações para remover o olho e restaurar a órbita ocular danificada. A recuperação seria longa, e os membros de sua família achavam que ele deveria retornar à sua cidade após ser liberado da clínica. Mas Manuel se recusou a deixar o campo missionário. “Meu contrato com o Senhor é de dois anos e ainda não terminou”, disse a seu pai.

Enquanto se recuperava na clínica, Manuel recebia visitas de Luis Palomino, um amigo de sua cidade natal que estava estudando em Lima. Apesar de ser difícil conversar com Luis por causa dos ferimentos, Manuel começou a compartilhar as lições missionárias. Luis ficou surpreso e impressionado com a decisão de Manuel de terminar a missão.

“Quero saber o que motiva você”, disse Luis. “Por que sua fé é tão grande?”

Seis semanas após a explosão, Manuel deixou a clínica e começou a servir no escritório da missão em Lima. A ameaça do terrorismo ainda existia e ele sentia medo sempre que via um carro como aquele que tinha explodido. À noite, ele tinha dificuldade para dormir sem medicação.

Todos os dias, um dos élderes do escritório da missão trocava seus curativos. Manuel não suportava se olhar no espelho e ver que tinha perdido um olho. Cerca de três semanas após deixar a clínica, ele recebeu uma prótese.

Um dia, Luis foi ao escritório da missão para visitar Manuel. “Quero ser batizado”, disse ele. “O que preciso fazer?” Luis não morava longe do escritório da missão, então, ao longo de algumas semanas, Manuel e seu companheiro lhe ensinaram o restante das lições em uma capela local. Manuel estava animado por ensinar a um amigo, e Luis completou com entusiasmo todas as metas que havia definido com os missionários.

Em 14 de outubro de 1990, Manuel batizou Luis. O ferimento ainda o incomodava, mas, por causa dessa provação, ele pôde batizar um amigo de sua cidade natal — algo que jamais esperava fazer em sua missão. Depois que Luis saiu da água, eles se abraçaram e Manuel sentiu fortemente o Espírito. Ele sabia que Luis também O sentiu.

Para comemorar a ocasião, Manuel deu a Luis uma bíblia. “Quando os dias se tornarem sombrios”, Manuel escreveu no lado de dentro da capa, “lembre-se desse dia, o dia em que você renasceu”.


Enquanto isso, em Utah, Darius Gray recebeu uma ligação de sua amiga Margery “Marie” Taylor, especialista em genealogia afro-americana, que trabalhava na Biblioteca de História da Família da Igreja, em Salt Lake City. Ela havia acabado de descobrir alguns rolos de microfilme com importantes registros afro-americanos e mal conseguia conter sua empolgação. “Você precisa vir aqui dar uma olhada”, disse ela.

Intrigado, Darius concordou em encontrá-la. A Biblioteca de História da Família era o maior centro de genealogia do mundo, sendo visitado por centenas de milhares de pessoas todos os anos. Quando Darius visitou a biblioteca pela primeira vez, ele sabia muito pouco sobre seus antepassados além do que já tinha descoberto com as histórias e fotografias de família. Foi Marie quem o ajudou a encontrar mais respostas. Apesar de não ser negra, ela se mostrou muito competente em apresentar a Darius os registros da família dele e da história dos negros nos Estados Unidos.

Quando Darius chegou à Biblioteca de História da Família, Marie lhe mostrou os registros que tinha encontrado. A empresa Freedman’s Savings and Trust havia sido credenciada pelo congresso americano em 1865 com o objetivo de oferecer segurança financeira aos afro-americanos que tinham sido escravizados e aos nascidos livres. Mais de cem mil pessoas haviam criado uma conta no banco, mas ele faliu nove anos depois, levando embora o dinheiro suado de seus clientes.

Apesar da falência do banco, seus livros de registros eram extremamente valiosos para os genealogistas. Descendentes de escravos tinham muita dificuldade de encontrar informações sobre seus antepassados. Os registros que costumam ser utilizados para encontrar nomes e datas de familiares — como listas de cemitérios, registros de eleitores e certificados de óbito — não existiam para os escravos ou eram de difícil acesso. Os registros do Banco Freedman, no entanto, possuíam uma grande quantidade de informações sobre os titulares das contas, incluindo nomes de parentes e onde haviam sido escravizados. Alguns registros continham até descrições físicas dos clientes.

Darius imediatamente reconheceu a importância dessa informação para a população afro-americana. Mas os registros também eram um grande desafio para os pesquisadores. Os secretários responsáveis pelos livros tinham registrado os nomes e os detalhes dos titulares na ordem em que as contas foram sendo abertas, não em ordem alfabética. Por causa disso, os pesquisadores tinham que inspecionar os livros linha por linha até encontrar a informação que estavam buscando. Para serem mais úteis, os livros precisavam ser organizados melhor.

Marie perguntou a Darius se os membros do Grupo Gênesis poderiam ajudar a transcrever e indexar os registros, mas nem todos tinham tempo — nem um computador — para fazer tal trabalho. Darius escreveu a um dos apóstolos, pedindo ajuda à Igreja. Apesar de demostrar apoio, o apóstolo disse que a Igreja não poderia realizar o projeto. Naquela época, a sede da Igreja não costumava financiar projetos de extração de nomes. Esse era um trabalho feito por estacas e alas.

Já quase sem opção, Marie teve uma ideia. Ao longo dos últimos 25 anos, a Igreja tinha estabelecido mais de 1.200 centros de história da família em 45 países. Os centros eram lugares onde pessoas de dentro e fora da Igreja podiam aprender mais sobre seus antepassados. Geralmente, os centros de história da família faziam parte das estacas, mas Marie sabia de um que tinha acabado de abrir na prisão estadual de Utah. Os presos podiam usar o centro uma hora por semana. E se ela e Darius os recrutassem para ajudar no projeto do Banco Freedman?

Marie conversou com o diretor de história da família na prisão e, em pouco tempo, quatro presos voluntários estavam trabalhando intensamente nos registros.


Em setembro de 1990, Alice Johnson estava estudando no Holy Child Teacher Training College, em Takoradi, Gana. Já tinha se passado mais de um ano desde que o governo havia suspendido as atividades da Igreja no país, pondo um fim abrupto à sua missão. No início, ela não sabia o que fazer. Mas seguiu o conselho de sua irmã e decidiu se tornar professora, sendo aceita pela faculdade para o ano acadêmico seguinte.

À medida que o congelamento persistia, Alice e os outros membros da Igreja foram, mês após mês, adaptando-se a fazer as reuniões da Igreja em casa. Emmanuel Kissi, presidente do Distrito Acra Gana, tornou-se presidente em exercício da missão e autoridade presidente da Igreja no país. Ele viajou muito por todo o país de Gana, visitando e fortalecendo os santos. O governo permitiu que os “serviços essenciais” da Igreja permanecessem abertos temporariamente, possibilitando que alguns de seus funcionários continuassem trabalhando com bem-estar, distribuição e educação na Igreja. Os santos não podiam pagar o dízimo ou fazer ofertas, mas alguns separavam seus rendimentos e aguardavam pacientemente para poder fazer as doações novamente.

Diferentemente de William Acquah e dos santos detidos temporariamente em Cape Coast, Alice não sofreu perseguição durante o congelamento. Ela se reunia com os amigos aos domingos numa residência privada para tomar o sacramento, orar e dar discursos. Seus pais, que continuavam a servir missão sem utilizar plaquetas ou roupas missionárias, encontravam-na sempre que visitavam a região. Ainda assim, Alice sentia que estava parada, esperando as reuniões regulares da Igreja serem retomadas.

Por fim, em novembro de 1990, Alice soube que o governo havia suspendido a proibição da Igreja. Desde o início do congelamento, o presidente Kissi e outros santos estavam se comunicando com as autoridades do governo para acabar com as restrições. Em resposta à desinformação sobre os ensinamentos da Igreja, eles escreveram longas cartas explicando sua doutrina e história e fizeram petições a líderes do governo pessoalmente. Quando as autoridades levantaram preocupações acerca das antigas restrições da Igreja ao sacerdócio, os santos explicaram que os negros tinham os mesmos direitos que qualquer outro membro da Igreja. Outras igrejas, que antes se mostravam hostis aos santos dos últimos dias, também defenderam os direitos de adoração dos membros da Igreja assim que perceberam que o congelamento também colocava a liberdade religiosa delas em risco.

Uma pessoa fundamental para a suspensão da proibição foi Isaac Addy, gerente regional de assuntos temporais no país de Gana. Ele era o meio-irmão mais velho do presidente de Gana, Jerry Rawlings. Os irmãos haviam se afastado, e Isaac não queria conversar com Jerry sobre o congelamento. Certo dia, porém, Georges Bonnet, diretor de assuntos temporais da África, pediu-lhe que orasse até seu coração se abrandar em relação ao irmão. Isaac assim o fez, e o Espírito tocou seu coração. Ele concordou em se encontrar com Jerry. Eles conversaram naquela noite e, por fim, resolveram suas diferenças. No dia seguinte, o governo decidiu acabar com o congelamento.

Alice estava emocionada por voltar a frequentar as reuniões públicas da Igreja pela primeira vez em 18 meses. Quase cem santos compareceram ao Ramo Takoradi naquele dia, e a reunião durou mais de duas horas, pois muitos prestaram testemunho.

Alice se sentia animada, mas também preocupada ao pensar nos conversos de sua missão em Koforidua. Ela se perguntava se eles haviam se mantidos fiéis ao evangelho ao longo do último ano e meio. Ela sabia que alguns membros da Igreja tinham desanimado e abandonado a fé.

Pouco tempo após o fim do congelamento, as duas primeiras estacas de Gana foram organizadas. Em Cape Coast, Billy Johnson, pai de Alice, foi chamado para servir como patriarca da estaca. Enquanto isso, o governo permitiu que os santos retomassem o trabalho missionário no país. Grant Gunnell, o novo presidente da Missão Gana Acra, chamou Alice para uma entrevista. Ele havia localizado 60 dos missionários que estavam servindo antes do congelamento e gostaria de saber se eles estavam dispostos a retornar ao campo missionário.

“Você gostaria de retornar e servir missão após a escola?”, perguntou ele.

“Não”, disse ela sem hesitar. “Quero servir agora.”

“O quê?”, perguntou o presidente, surpreso pela resposta rápida.

“Quero servir agora”, ela repetiu. A prioridade dela sempre foi servir a Deus e estava disposta a colocar sua educação em segundo plano por Ele.

Alice logo retornou ao campo missionário. Quando contou a seu pai, um homem que havia dedicado grande parte de sua vida para pregar o evangelho restaurado, ele não ficou surpreso.

“Essa é minha filha”, disse ele.


Quando Manuel Navarro completou sua missão em março de 1991, seus pais foram a Lima para buscá-lo. Como na região onde ele morava não havia uma estaca, o presidente da missão local o desobrigou do serviço. Ainda assim, Manuel não estava pronto para voltar para Nazca, sua cidade natal, no sul do Peru. Ele havia prometido a uma amiga em sua antiga área que iria ao batismo dela, então ele e os pais ficaram na cidade por mais uma semana.

Certa manhã, Manuel e seu pai saíram a fim de comprar pão para o café da manhã. O pai percebeu que tinha esquecido de pegar dinheiro, então deu meia volta e entrou em casa novamente. “Espere por mim aqui”, disse ele.

Manuel congelou. Depois de ter um companheiro de missão por tanto tempo, era estranho estar sozinho na rua. Após alguns instantes, ele decidiu ficar onde estava. “Não sou mais missionário”, pensou.

Mesmo após voltar a Nazca, Manuel teve dificuldade em se adaptar a uma vida sem missão, principalmente por causa de seu ferimento. Apertar a mão de outras pessoas era mais difícil com um olho só. Ele vivia colocando a mão no lugar errado. Ele começou a jogar ping-pong com um irmão de seu ramo, e seguir a bolinha branca com um olho só ajudava a melhorar sua noção de profundidade.

Em abril, Manuel se mudou para uma cidade maior, Ica, para estudar mecânica automotiva na universidade. A cidade ficava a menos de 160 quilômetros de Nazca e ele tinha amigos e parentes lá. Ele morava na casa de sua tia e tinha seu próprio quarto. Sua mãe se preocupava com ele e ligava quase todas as noites. “Filho”, dizia ela frequentemente, “sempre se lembre de orar”. Toda vez que ele se sentia angustiado, orava pedindo forças e encontrava refúgio no Senhor.

Para incentivar os jovens adultos solteiros da Igreja a se encontrarem e socializarem, a estaca de Ica oferecia cursos do instituto, além de possuir um grupo para adultos solteiros que realizava atividades e devocionais. Manuel se sentia realizado com essas atividades, e a nova ala em Ica se tornou sua segunda casa. Enquanto as crianças na igreja costumavam encarar sua prótese ocular, os adultos o tratavam como qualquer outro membro.

Certo dia, Manuel foi convidado para encontrar Alexander Nunez, o presidente de estaca de Ica. Manuel conhecia o presidente Nunez desde sua adolescência em Nazca, e o presidente tinha visitado sua classe do seminário como coordenador do Sistema Educacional da Igreja. Manuel o admirava muito.

Durante a entrevista, o presidente Nunez chamou Manuel para servir no sumo conselho da estaca.

“Uau!”, disse Manuel a si mesmo. Geralmente, os santos que serviam nos chamados de estaca eram mais velhos e mais experientes do que ele. Apesar disso, o presidente Nunez demonstrava confiança nele.

Nas semanas seguintes, Manuel visitou as alas designadas. No início, ele se sentia inseguro trabalhando com os líderes da ala. Mas aprendeu a focar em seu chamado, e não em si mesmo. À medida que estudava os manuais da Igreja e se apresentava à estaca, ele foi perdendo o medo de ser jovem demais para o cargo que desempenhava. Descobriu que gostava de compartilhar seu testemunho com os membros da estaca, participando de devocionais e incentivando os jovens a servirem missão.

Os problemas causados pelos ferimentos de Manuel não desapareceram. Às vezes, quando ele estava sozinho, sentia-se triste e abalado ao lembrar do ataque pelo qual havia passado. As escrituras estavam repletas de histórias milagrosas de pessoas de fé sendo curadas de enfermidades ou protegidas do perigo. Mas contavam também histórias de pessoas como Jó e Joseph Smith, que sofreram dores e injustiças sem receber libertação imediata. Às vezes, quando se lembrava de seus ferimentos, Manuel pensava: “Por que isso aconteceu comigo?”

Apesar disso, sabia que teve sorte de sobreviver ao ataque. Após ele ter se ferido, os terroristas atacaram e mataram missionários e membros da Igreja, espalhando tristeza e medo entre os santos no Peru. Mas as coisas estavam mudando. O governo peruano havia começado a reprimir o terrorismo, diminuindo o número de ataques. Na Igreja, os santos locais abraçaram a iniciativa denominada “Confiar no Senhor”, que os convidava a jejuar, orar e exercer fé, acreditando que seriam libertados da violência no país.

Manuel percebeu que os estudos na universidade e o serviço na Igreja o ajudavam a lidar com as dificuldades. Ele confiava no Senhor e pensava Nele com frequência.


Por volta da época em que Manuel retornou de sua missão, Gordon B. Hinckley, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, viajou para Hong Kong a fim de visitar possíveis locais para a Casa do Senhor. Sendo um jovem apóstolo, ele havia supervisionado o desenvolvimento da Igreja na Ásia e estava muito feliz com o progresso. A região agora tinha 200 mil santos e quatro templos, localizados no Japão, em Taiwan, na Coreia do Sul e nas Filipinas. Apesar de a Igreja ainda não estar presente em países como Myanmar, Laos, Mongólia e Nepal, novos ramos estavam criando raízes em Singapura, na Indonésia, Malásia e Índia.

Hong Kong, onde ficava o escritório da Área Ásia da Igreja, era um território britânico. Em seis anos, porém, a autoridade sobre a região passaria do Reino Unido para a República Popular da China.

Como parte dessa transferência, a China prometeu honrar os sistemas econômico e político de Hong Kong e respeitar as práticas religiosas de seus cidadãos. Ainda assim, já com 18 mil santos vivendo na região, os líderes da Igreja sentiram que deveriam construir uma Casa do Senhor antes da transferência de autoridade.

O presidente Hinckley passou o dia olhando diferentes localidades, mas não encontrou nenhuma opção acessível financeiramente. Em outras regiões do mundo, a Igreja evitava comprar lotes caros nas cidades e construía templos nos subúrbios. Mas Hong Kong era uma região densamente povoada, com mais de 5 milhões de pessoas, sendo quase impossível adquirir um terreno adequado.

O presidente Hinckley se perguntava se a Igreja não deveria simplesmente construir um templo em um dos pequenos lotes que já possuía na cidade. Ele imaginava um grande edifício multifuncional, com os andares de baixo servindo de capela e escritório de missão.

“Os três andares de cima poderiam ser o templo”, pensou ele. “Não seria difícil fazer isso.”

Era uma possibilidade interessante. Mas a Igreja nunca tinha construído um prédio desse tipo e ele não tinha certeza se essa era a melhor opção para os santos em Hong Kong.


Em 15 de junho de 1991, a histórica Casa de Ópera de Budapeste se encheu de aplausos quando o Coro do Tabernáculo apresentou a última música para um público de 1.400 pessoas. Entre os presentes, estavam o élder Russell M. Nelson e sua esposa Dantzel. Eles estavam viajando com o coro em uma turnê de três semanas por vários países da Europa.

O élder Nelson liderou, por cinco anos, os esforços da Igreja para melhorar o relacionamento com os governos na Europa central e no leste Europeu. Muitos desses países, como a Hungria, estavam saindo de um regime comunista. A Tchecoslováquia agora passava a ter completa liberdade religiosa, e o governo havia reconhecido oficialmente a Igreja. A Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental haviam se tornado um só país, pondo fim às antigas restrições da República Democrática Alemã. Agora, os missionários eram permitidos na Polônia, Hungria, Romênia, Eslovênia e Croácia também.

A turnê do coro era uma oportunidade de construir pontes. E, pelo som dos aplausos, o concerto tinha sido bem-sucedido.

“Quero que saibam”, disse um homem húngaro a um membro do coro após a performance, “que minha esposa e eu também acreditamos em Deus. Entendemos o que sua música quer nos dizer”.

No dia seguinte, o élder Nelson discursou em uma reunião sacramental, no salão de um hotel com vista para o monte de onde ele havia dedicado, quatro anos antes, a Hungria para a pregação do evangelho. Naquela ocasião, ele estava com poucas pessoas, incluindo o único membro da Igreja em Budapeste. Agora, o país tinha mais de 400 santos.

Partindo da Hungria, o coro viajou pela Áustria, Tchecoslováquia, Alemanha, Polônia e União Soviética. O élder Nelson encontrou com o élder Dallin H. Oaks na República Soviética da Armênia, onde a Igreja havia concedido ajuda humanitária após um terremoto devastador. Desde a visita do élder Nelson à União Soviética em 1987, mudanças políticas e sociais significativas haviam ocorrido no país. O país havia se tornado mais aberto a estrangeiros, e os habitantes das várias repúblicas soviéticas agora buscavam mais controle sobre seus assuntos locais. Também havia mais liberdade religiosa na região, e o interesse das pessoas por religião estava aumentando.

Embora a Igreja não tivesse presença oficial na União Soviética, nada impedia os cidadãos soviéticos de viajar para o exterior, obter o evangelho restaurado e levá-lo consigo de volta para casa. Em 1990, já existiam santos o suficiente em Leningrado, na Rússia, e em Talin, na Estônia, para que a Igreja fosse registrada nessas cidades. Na mesma época, missionários e santos foram designados na Finlândia para apoiar os novos conversos.

Em Moscou, o élder Nelson ficou impressionado com o fato de o governo russo ter se tornado tolerante com a Igreja. Ao longo dos últimos anos, ele havia cruzado o Atlântico diversas vezes para se encontrar com autoridades do governo no leste Europeu. No início, eles raramente pareciam felizes em vê-lo, e o élder Nelson frequentemente sentia que seus esforços eram infrutíferos. Então o Senhor preparou um caminho.

Os santos agora tinham um ramo em Leningrado. Os membros da Igreja das cidades de Viburgo e Moscou também haviam conseguido aprovação governamental para suas pequenas congregações. O progresso era incrível, e o élder Nelson esperava que logo a Igreja pudesse ser publicamente reconhecida em toda a Rússia, de longe a maior república da União Soviética.

Após um concerto do Coro do Tabernáculo no Teatro Bolshoi, em Moscou, o casal Nelson e o élder Oaks atravessaram a rua em direção ao hotel Metropol, onde a Igreja tinha organizado um jantar após a apresentação. O élder Nelson havia participado de muitos jantares e recepções ao longo da turnê graças a Beverly Campbell, diretora do escritório de assuntos internacionais da Igreja, em Washington, D.C. Nessa função, Beverly organizou reuniões e edificou relacionamentos entre representantes da Igreja e autoridades do governo no mundo inteiro.

No jantar, o élder Nelson se aproximou de um microfone e agradeceu aos vários dignitários por terem comparecido. Em seguida, convidou Alexander Rutskoi, vice-presidente da Rússia, para se juntar a ele na frente do público. “Ficaríamos agradecidos”, disse o élder Nelson, “por qualquer comentário que você puder fazer”.

“Caros convidados”, disse o vice-presidente Rutskoi, “estamos contentes nesta noite por ter a oportunidade de dar as boas-vindas a todos aqui presentes. Gostaria de ler com vocês este formulário, de 28 de maio de 1991, que registra A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na República Socialista Federativa Soviética da Rússia”.32

O élder Nelson ficou impressionado enquanto o vice-presidente Rutskoi lia o documento. Ele esperava que logo fosse feito o pronunciamento, mas não achou que seria naquela noite. Receber reconhecimento formal significava que a Igreja poderia enviar mais missionários para a Rússia, imprimir e distribuir obras da Igreja e estabelecer mais congregações.

No dia seguinte, em meio a visitas às autoridades do governo com o élder Oaks e outros membros, o élder Nelson foi a um pequeno parque próximo ao Kremlin e ofereceu uma oração de agradecimento ao Senhor.

Uma semana depois, os dois apóstolos visitaram o presidente Benson em seu apartamento, em Salt Lake City. Eles apresentaram uma cópia do documento de registro da Igreja na Rússia e lhe disseram que a Igreja havia sido estabelecida no leste europeu.

Ao receber a notícia, o rosto do presidente Benson se iluminou de alegria.

Capítulo 27

A mão da amizade

vagão de trem parado nos trilhos em uma região tropical

Após o presidente Hinckley deixar Hong Kong sem ter escolhido o local do templo, a presidência da Área Ásia designou Tak Chung “Stanley” Wan, gerente de assuntos temporais da Igreja na Ásia, para listar possíveis locais para a construção. Stanley e sua equipe logo começaram a busca e, quando o presidente Hinckley voltou a Hong Kong no final de julho de 1992, eles estavam certos de que um dos locais da lista seria escolhido para a Casa do Senhor.

Stanley amava o templo e desejava ter um perto de casa. Seus pais eram refugiados da China continental. Seu pai tinha se juntado à Igreja pouco tempo após os missionários terem retornado a Hong Kong em 1955. Já sua mãe era budista e foi batizada alguns anos depois. Apesar de eles não terem condições de arcar com uma viagem para o templo mais próximo, Stanley conseguiu receber a investidura no Templo do Havaí em 1975, pouco antes de sua missão de tempo integral. Cinco anos depois, ele levou seus pais ao Havaí para receberem as bênçãos do templo. A viagem lhe custou todas as suas economias, mas ele acreditava ter valido o sacrifício.

Seis meses após levar seus pais à Casa do Senhor, Stanley se casou com Ka Wah “Kathleen” Ng, também membro da Igreja em Hong Kong. Na cultura chinesa, os casais realizam, com a família e os amigos, um banquete de casamento de nove pratos. Stanley e Kathleen, no entanto, deixaram esse costume de lado e usaram todo o seu dinheiro para viajar ao templo. Eles foram selados para o tempo e a eternidade no Templo de Salt Lake. Desde aquele momento, apesar dos custos elevados, o casal tinha como meta visitar o templo pelo menos uma vez ao ano.

Para Stanley, a construção de um templo da Igreja em Hong Kong era como um sonho se tornando realidade. Os santos locais não mais precisariam viajar longas distâncias ou gastar suas economias para participar das ordenanças sagradas. Mas, primeiro, a Igreja precisava de um terreno adequado.

Em 26 de julho de 1992, Stanley passou a manhã levando o presidente Hinckley a possíveis locais, mas todos eram caros, pequenos ou longe demais. Stanley e a presidência da área estavam certos de que o próximo terreno, localizado em Tseung Kwan O, seria perfeito. Ele ficava distante da agitação da cidade grande e era rodeado por uma bela paisagem. O governo de Hong Kong estava até disposto a vender o terreno para a Igreja por um preço reduzido. O presidente Hinckley certamente iria aprová-lo.

Fazia sol quando o grupo chegou em Tseung Kwan O. O motorista se ofereceu para segurar uma sombrinha e proteger o presidente Hinckley do sol enquanto ele inspecionava o local. O presidente Hinckley recusou. “Quero orar sozinho”, disse ele.

Stanley e os outros esperaram ao lado dos carros enquanto o presidente Hinckley andou até o local, olhou para o terreno e orou a respeito dele. Então, ele voltou ao grupo. “Aqui não é o lugar”, disse ele.

“Se não é aqui”, pensou Stanley, “então onde seria?” Ele sentiu que todo o trabalho tinha sido em vão e que uma Casa do Senhor em Hong Kong continuaria sendo apenas um sonho.


Ainda naquela manhã, Kathleen Wan estava em casa quando o telefone tocou. Era Stanley. Ele ainda estava viajando por Hong Kong com o presidente Hinckley. Mas pediu a Kathleen que o encontrasse no apartamento de Monte J. Brough, o presidente da Área Ásia. O presidente Hinckley a tinha convidado para almoçar com eles naquela tarde.

Quanto Kathleen chegou ao apartamento de Brough, Stanley e os outros convidados ainda estavam a caminho. Então, ela ajudou a esposa do élder Brough, Lanette, a preparar uma mesa com frios, pães, queijos, salada, frutas, sorvete, pão de abóbora e biscoitos de coco. Tudo parecia delicioso.

Pouco depois, Stanley chegou com o presidente Hinckley, o élder Brough e outras pessoas. Eles foram se sentando à mesa e o presidente Hinckley se sentou de frente para Kathleen. Ela já o tinha visto diversas vezes em reuniões públicas e admirava seu senso de humor e sua forma de fazer as pessoas, incluindo ela, se sentirem à vontade. Mas, até então, ela nunca tinha falado com ele pessoalmente. Ele perguntou sobre os três filhos dela, e Kathleen lhe contou sobre eles.

No entanto, o local do templo não saía da cabeça das pessoas. A busca não tinha dado certo, mas o presidente Hinckley não estava preocupado. Enquanto comiam, ele contou sobre uma experiência sagrada que havia tido por volta das 4 horas da madrugada.

Ele tinha acabado de acordar de um sono profundo e se sentia perturbado por seus pensamentos sobre o local do templo. Ele tinha feito uma viagem longa e custosa para escolher o local e não tinha muito tempo — pouco mais de um dia — para tomar uma decisão. Enquanto refletia sobre o problema, começou a se preocupar.

No entanto, a voz do Espírito falou com ele. “Por que isso o preocupa?”, disse a voz. “Vocês têm um terreno maravilhoso onde fica a casa da missão e a pequena capela.”

Kathleen e Stanley conheciam bem o terreno. A Igreja o possuía havia quase 40 anos. Mas Stanley nunca havia pensado seriamente nele como um local em potencial para a Casa do Senhor. O lote era muito pequeno e, além disso, ficava numa parte da cidade que havia se tornado perigosa e de baixa reputação com o passar do tempo.

Ainda assim, o presidente Hinckley claramente acreditava ser possível construir um templo lá. Ele disse que o Espírito descreveu o templo.

“Construa um prédio de sete a dez andares nesse terreno”, havia falado o Espírito. “Ele pode ter uma capela e salas de aula nos dois primeiros andares, um templo nos andares de cima, e escritórios e apartamentos nos andares do meio.” A sala celestial pode ficar no último andar, e o topo do prédio pode ser decorado com um anjo Morôni.

Era um projeto semelhante à sua ideia inspirada de construir o templo em um edifício, na qual ele havia pensado um ano antes.

Kathleen ficou impressionada com a ideia do presidente Hinckley. Enquanto explicava, ele mostrou a ela e aos outros convidados um esboço da planta que havia desenhado para o templo durante a noite. Nunca havia passado pela cabeça de Kathleen construir um templo no topo de um prédio, mas ela acreditava no plano do Senhor. Apesar de Kowloon Tong não ser uma das melhores regiões em Hong Kong, era de fácil acesso por meio de transporte público, e a área continuaria se desenvolvendo com o tempo.

“Vocês apoiam essa decisão?”, disse o presidente Hinckley ao terminar de compartilhar sua experiência.

“Claro que apoiamos!”, responderam todos. Suas orações por uma Casa do Senhor em Hong Kong finalmente estavam sendo atendidas.


Em agosto de 1992, Willy Sabwe Binene, um rapaz de 23 anos, aspirava a uma carreira em engenharia elétrica. Tudo estava indo bem em seus estudos no Institut Supérieur Technique et Commerciale, em Lubumbashi, uma cidade no Zaire, país na África central. Ele tinha acabado de terminar o primeiro ano do curso e estava animado para continuar os estudos seculares.

Durante o recesso entre os semestres, Willy voltou para Coluezi, sua cidade natal, a cerca de 322 quilômetros ao noroeste de Lubumbashi. Ele e alguns de seus parentes pertenciam ao ramo da Igreja em Coluezi. Após a revelação do sacerdócio em 1978, o evangelho restaurado se espalhou para além de Nigéria, Gana, África do Sul e Zimbábue, chegando a mais de uma dúzia de outros países da África: Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim, Camarões, República do Congo, Uganda, Quênia, Namíbia, Botsuana, Suazilândia, Lesoto, Madagascar e Maurício. Os primeiros missionários da Igreja chegaram ao Zaire em 1986, e o país agora tinha cerca de 4 mil santos.

Pouco depois de Willy chegar a Coluezi, o presidente do ramo o chamou para uma entrevista. “Precisamos preparar você para uma missão de tempo integral”, disse ele.

“Tenho que continuar meus estudos”, disse Willy surpreso. Ele explicou que ainda faltavam mais três anos no curso de engenharia elétrica.

“Você deve servir missão primeiro”, disse o presidente do ramo. Ele ressaltou que Willy era o primeiro rapaz do ramo a se tornar elegível para uma missão de tempo integral.

“Não”, disse Willy, “não vai dar certo. Vou terminar os estudos primeiro”.

Os pais de Willy não ficaram felizes quando souberam que ele havia recusado o convite do presidente do ramo. Sua mãe, que costumava ser reservada, perguntou-lhe diretamente: “Por que está adiando?”

Certo dia, o Espírito inspirou Willy a visitar seu tio, Simon Mukadi. Quando ele entrou na sala de estar do tio, notou um livro na mesa. Algo no livro chamou sua atenção. Ele se aproximou e leu o título: Le miracle du pardon, a tradução francesa de O Milagre do Perdão, de Spencer W. Kimball. Intrigado, Willy pegou o livro, abriu-o em uma página aleatória e começou a ler.

Era uma passagem sobre idolatria e Willy logo ficou imerso na leitura. O élder Kimball escreveu que as pessoas, além de se curvarem perante deuses de madeira, pedra e barro, também adoravam seus próprios bens. E alguns ídolos não tinham uma forma tangível.

Aquelas palavras fizeram Willy tremer todo. Ele sentiu que o Senhor estava falando diretamente com ele. Naquele instante, todo o seu desejo de terminar os estudos antes da missão foi embora. Ele procurou o presidente do ramo e lhe disse que havia mudado de ideia.

“Que bicho mordeu você?”, perguntou o presidente do ramo.

Depois que Willy contou a história, o presidente do ramo pegou uma folha de inscrição para missionários. “Certo”, disse ele. “Vamos começar do começo.”

À medida que Willy se preparava para sua missão, a violência irrompeu na região onde vivia. O Zaire ficava na bacia do rio Congo, na África, onde vários grupos étnicos e regionais lutavam uns contra os outros havia gerações. Recentemente, na província onde Willy morava, o governador havia pedido que a população de Catanga expulsasse o grupo minoritário de Cassai.

Em março de 1993, a violência se espalhou até Coluezi. Os militares de Catanga rondavam as ruas, brandindo facões, varas, chicotes e outras armas. Eles aterrorizavam famílias de Cassai e incendiavam as casas, pouco se importando com quem ou o que estivesse dentro delas. Temendo pela vida, muitas pessoas de Cassai se esconderam dos saqueadores ou fugiram da cidade.

Como Willy era de Cassai, ele sabia que era questão de tempo até os militares irem atrás de sua família. Para evitar o perigo, ele suspendeu sua preparação para a missão e ajudou a família a fugir para Luputa, uma cidade a cerca de 563 quilômetros de distância, onde alguns de seus parentes viviam.

Como havia poucos trens que saíam de Catanga, centenas de refugiados de Cassai montaram um enorme acampamento próximo à estação ferroviária de Coluezi. Quando Willy e sua família chegaram ao acampamento, não tiveram opção a não ser dormir a céu aberto até encontrarem um abrigo. A Igreja, a Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias estavam no acampamento fornecendo comida, barracas e cuidados médicos para os refugiados. Contudo, sem saneamento básico adequado, o acampamento cheirava a dejetos humanos e lixo queimado.

Após algumas semanas no acampamento, a família de Willy recebeu a notícia de que um trem conseguiria levar embora algumas mulheres e crianças. A mãe e as quatro irmãs de Willy decidiram partir no trem com outros parentes. Enquanto isso, Willy ajudou seu pai e seu irmão mais velho a consertarem um vagão de trem quebrado. Quando ficou pronto, engataram o vagão a um trem que estava partindo e deixaram o acampamento.

Semanas depois, quando chegou à Luputa, Willy não conseguia deixar de comparar a cidade com Coluezi. Era uma cidade pequena e sem eletricidade, o que o impedia de usar sua formação em engenharia elétrica para buscar emprego. E lá também não havia nenhum ramo da Igreja.

“O que vamos fazer aqui?”, perguntou a si mesmo.


Na mesma época, Silvia e Jeff Allred costumavam dirigir pelas estradas esburacadas em Chaco, uma região pouco povoada no oeste do Paraguai. A família Allred tinha vivido na Guatemala 13 anos antes, numa época agitada da vida. Depois de se mudarem para a Costa Rica, Jeff, que trabalhava para a Igreja, tinha sido transferido para a América do Sul. Então, eles se mudaram novamente, primeiro para o Chile e depois para a Argentina. Agora eles serviam como líderes de missão no Paraguai, onde moravam havia cerca de um ano.

Havia uma pequena comunidade de santos no Chaco formada pelos povos indígenas nivaclé. Eles viviam em duas aldeias, Mistolar e Abundancia, a certa distância da estrada principal. Silvia e Jeff estavam a caminho de Mistolar, a aldeia mais distante, para entregar alguns mantimentos. A rota para a aldeia era notoriamente difícil, com espinhos tão grandes que poderiam perfurar os pneus de um carro. Como precaução, o casal Allred sempre viajava para lá com um veículo extra cheio de pneus de reserva para substituir os furados.

A estrada para Mistolar foi apenas um dos vários desafios que a família Allred enfrentou no Paraguai. Quando chegaram em Assunção, eles sabiam, por causa do trabalho de Jeff em assuntos temporais, que a Igreja estava crescendo num ritmo mais lento ali do que em outros países da América do Sul. Mas por quê?

À medida que se encontravam com os missionários, eles perceberam que os élderes e as sísteres estavam dedicando muito de seu tempo à distribuição de cópias em espanhol do Livro de Mórmon. No entanto, muitos paraguaios, principalmente em comunidades rurais, preferiam usar o guarani, idioma de raízes indígenas.

Sempre que possível, os missionários da Igreja tentavam ensinar às pessoas no idioma de preferência delas. Em 1993, o Livro de Mórmon já havia sido completamente traduzido para 38 idiomas. Trechos selecionados do livro haviam sido traduzidos para outros 46 idiomas, incluindo o guarani.

Após reconhecer a preferência dos santos locais pelo guarani, o casal Allred se sentiu inspirado a orientar os missionários para que utilizassem o idioma ao servirem sempre que fosse apropriado. Eles incentivaram os élderes e as sísteres a ensinar mais sobre o Livro de Mórmon antes de desafiar as pessoas a ler o livro. E também enfatizaram a importância de ensinar os princípios básicos do evangelho restaurado, estabelecer metas realistas e ter fé para convidar outras pessoas a seguir os ensinamentos do Salvador.

Ministrar para o povo nivaclé exigia adaptações especiais. Centenas de nivaclés haviam sido batizados no início dos anos 1980 quando Walter Flores, um homem nivaclé que se juntou à Igreja em Assunção, apresentou os missionários a seu povo. Como viviam, em grande parte, isolados, os nivaclés tinham seu próprio idioma e modo de vida. Eles cultivavam abóbora, milho e feijão, além de criarem cabras para produzir leite. As mulheres teciam cestas e os homens esculpiam estatuetas de madeira para vender aos turistas.

Nos últimos anos, o dízimo dos santos fiéis em todo o mundo havia permitido que a Igreja cobrisse todo o custo de construção e manutenção de suas capelas. O orçamento das alas e dos ramos, disponibilizado pela sede em Salt Lake City, também custeava os programas e as atividades da Igreja. Por serem uma comunidade isolada, os nivaclés raramente precisavam de dinheiro para os tipos de atividades que tipicamente ocorriam em alas e ramos. Em vez disso, seu orçamento era destinado à produção de arroz, feijão, farinha, óleo, baterias e outros mantimentos. A Igreja também fornecia roupas e outros recursos às duas comunidades, assim como fazia por outros povos indígenas rurais na América do Sul e Central.

A fé profundamente enraizada do povo nivaclé era visível no presidente do ramo em Mistolar, Julio Yegros, e em sua esposa, Margarita. Em 1989, eles foram selados com seus dois filhos pequenos no Templo de Buenos Aires. Ao longo da extensa jornada de volta para casa, seus filhos adoeceram e morreram. Para suportar a tragédia, o casal Yegros exerceu sua fé no plano eterno de Deus e nos convênios do templo.

“Nossos filhos foram selados a nós na Casa do Senhor”, disseram eles ao casal Allred. “Sabemos que os teremos de volta conosco para toda a eternidade. Saber disso nos traz paz e consolo.”


Em 30 de maio de 1994, o presidente Ezra Taft Benson faleceu em sua casa, em Salt Lake City. À medida que os santos refletiam sobre sua vida e seu ministério, eles se lembraram de como ele, de modo jamais feito antes, chamou a atenção da Igreja e do mundo para o Livro de Mórmon e sua mensagem centralizada em Cristo. Os membros da Igreja também se lembraram de seu conselho sobre evitar os perigos do orgulho e de qualquer tipo de egoísmo, como contenda, ira e domínio injusto.

Durante sua presidência, a Igreja buscou novas maneiras de aliviar o sofrimento das pessoas no mundo todo. Em 1988, a Primeira Presidência emitiu uma declaração sobre a epidemia da AIDS, expressando e pedindo amor e compaixão por aqueles que sofriam com os efeitos da doença. Sob a liderança do presidente Benson, a Igreja também expandiu drasticamente sua ajuda humanitária e, agora, os missionários passavam mais tempo fornecendo auxílio nas comunidades onde serviam.

Nessa mesma época, a Igreja havia crescido mais de 40 por cento, chegando a ter 9 milhões de membros. O trabalho missionário se expandiu em muitas regiões do mundo, especialmente na África. E, depois do recente colapso da União Soviética e de outras mudanças políticas na Europa, a Igreja tinha se estabelecido oficialmente em mais de uma dúzia de países no leste Europeu e na Europa central.

Infelizmente, a idade avançada e as doenças impediram o presidente Benson de se pronunciar em público por quase cinco anos. Ao longo desse tempo, ele não conseguia dizer mais do que algumas palavras por vez. Seus conselheiros, Gordon B. Hinckley e Thomas S. Monson, com o Quórum dos Doze Apóstolos, haviam dirigido, em espírito de oração, os assuntos diários da Igreja. Sempre que possível, o presidente Benson apoiava as decisões deles dizendo um simples “sim” ou dando um sorriso de aprovação.

O apóstolo sênior na época da morte do presidente Benson era Howard W. Hunter. Aos 86 anos de idade, ele também não estava bem de saúde. Ele usava uma cadeira de rodas ou um andador para se locomover, e sua voz frequentemente soava tensa e cansada. Contudo, durantes os anos em que serviu como apóstolo, os santos passaram a admirar sua humildade, compaixão, gentileza e imensa coragem.

Pouco depois de sua ordenação como presidente da Igreja, em 5 de junho de 1994, o presidente Hunter realizou uma coletiva de imprensa e anunciou Gordon B. Hinckley e Thomas S. Monson como seus conselheiros da Primeira Presidência. Em seguida, convidou todos os membros da Igreja a seguir o exemplo do Salvador de amor, esperança e compaixão. Ele incentivou os santos que estavam passando por dificuldades, ou que tivessem deixado o rebanho, a voltar. “Deixem-nos ficar a seu lado e enxugar suas lágrimas”, disse ele. “Voltem. Fiquem conosco. Perseverem. Tenham fé.”

“Nesse mesmo espírito”, continuou ele, “também faço um convite a todos membros da Igreja para que instituam o templo do Senhor como o grande símbolo de sua condição de membros e o cenário celestial para seus convênios mais sagrados”. Ele incentivou os santos a terem uma recomendação para o templo válida e serem um “povo que frequenta e ama o templo”.

“Procuremos diligentemente ir ao templo do Senhor com a maior frequência que nossos meios, nossas circunstâncias pessoais e nosso tempo permitirem”, disse ele.

Ainda naquele mês, o presidente Hunter se sentou sob uma tenda, de frente para um grande público, no antigo local do Templo de Nauvoo, Illinois. O céu estava limpo e iluminado, permitindo uma vista panorâmica do rio Mississippi e dos locais históricos da Igreja na área. O ar estava úmido e pesado, mas todos pareciam ansiosos para ouvir o presidente Hunter falar. Ele tinha viajado para Nauvoo com o presidente Hinckley e o élder M. Russell Ballard para comemorar o 150º aniversário do martírio de Joseph e Hyrum Smith.

O presidente Hunter estava reflexivo quando se sentou no local do antigo templo. Além de algumas pedras de alicerce de cor cinza, havia poucas evidências de que uma magnífica Casa do Senhor tivesse existido naquele gramado. Ele pensou no profeta Joseph Smith e se sentiu na obrigação de fazer tudo o que fosse possível pelo trabalho do Senhor no tempo que ainda tinha na Terra.

Ao se posicionar ao púlpito, o presidente Hunter incentivou novamente os santos a fazerem do templo parte de sua vida. “Assim como naquele tempo [de Joseph Smith], é essencial que os membros sejam dignos e tenham recebido sua investidura para que o reino seja edificado no mundo inteiro”, disse aos santos. “A dignidade para frequentar o templo garante que nossa vida esteja em harmonia com a vontade do Senhor e que estejamos em sintonia para receber Sua orientação em nossa vida.”

Após a cerimônia, o presidente Hinckley e o élder Ballard falaram com repórteres na cadeia de Carthage, onde o profeta Joseph havia sido morto. Um repórter pediu a eles que comparassem a Igreja em 1844 com a Igreja atualmente.

“O problema da Igreja há 150 anos era um grupo de pessoas hostis com o rosto pintado”, respondeu o presidente Hinckley. “O problema hoje é acomodar o crescimento da Igreja.” Ele falou do desafio de fornecer capelas e liderança para tantas pessoas. A Igreja continuou a se espalhar rapidamente em muitas partes do mundo. Na África, por exemplo, a Igreja tinha recentemente chegado à Tanzânia, à Etiópia, ao Malawi e à República Centro-Africana.

“É um problema incrivelmente maravilhoso”, disse ele.

Na prisão, o presidente Hunter se pronunciou novamente. “O mundo precisa do evangelho de Jesus Cristo como foi restaurado pelo profeta Joseph Smith”, disse ele para um público de 3 mil pessoas. “Precisamos nos zangar menos e ajudar mais. Precisamos estender a mão da amizade e conter a mão da vingança.”

Quando a reunião chegou ao fim, a noite estava caindo em Carthage. Assim que o presidente Hunter deixou o terreno da prisão, uma grande multidão o cumprimentou com entusiasmo. Ele estava cansado, mas parou para cumprimentá-los um por um.

Capítulo 28

O caminho do Senhor

dois presidiários trabalhando em computadores

“Ele se foi.”

Ao telefone, o presidente Gordon B. Hinckley estava perplexo quando disse essas palavras. Do outro lado da linha, estava sua esposa, Marjorie. Ele podia ouvi-la chorando. Eles tinham orado para que esse dia nunca chegasse.

Era 3 de março de 1995. Mais cedo, naquela manhã, o presidente Hinckley ficara sabendo que o presidente Howard W. Hunter havia falecido em casa. O presidente Hunter estava recebendo tratamento para câncer e sua saúde estava se deteriorando rapidamente. Mas o presidente Hinckley ainda estava chocado com a notícia. Ele e o presidente Thomas S. Monson foram imediatamente ao apartamento do profeta e consolaram a irmã Inis Hunter. Em seguida, foram para outro cômodo e começaram a fazer todas as ligações necessárias.

Ao terminar a ligação com Marjorie, o presidente Hinckley se sentiu profundamente triste. Ele havia servido ao Senhor ao lado do presidente Hunter por mais de 30 anos, e agora ele havia perdido seu bom, gentil e sábio amigo. A morte do profeta fez do presidente Hinckley o apóstolo sênior, o que significava que a liderança da Igreja recaía sobre seus ombros. Ele se sentiu inesperadamente solitário.

“Só me resta orar e pedir ajuda”, pensou ele.

Cinco dias depois, o presidente Hinckley presidiu o funeral do presidente Hunter no Tabernáculo de Salt Lake. “Para o presidente Hunter, sua vida mortal era mais uma missão do que uma carreira”, disse ele aos presentes em luto. “Ele foi uma voz marcante e poderosa que proclamou os ensinamentos do evangelho de Jesus Cristo e levou adiante a obra da Igreja.”

Apesar de a presidência de nove meses do presidente Hunter ter sido a mais curta da Igreja, ele realizou muitas coisas enquanto servia. A Primeira Presidência enviou assistência humanitária às vítimas da escassez de alimentos em Laos no sudeste asiático; da guerra civil em Ruanda, no leste da África; e das enchentes e dos incêndios no sul dos Estados Unidos. Apesar de sua saúde precária tornar difícil viajar, ele dedicou templos em duas cidades nos Estados Unidos: Orlando, na Flórida; e Bountiful, em Utah. Em 11 de dezembro de 1994, ele viajou à Cidade do México para organizar a estaca de número 2 mil da Igreja.

No entanto, um de seus maiores legados como apóstolo foi seu amor por todas as pessoas, a despeito da religião. Ele tinha uma conexão espiritual profunda com a Terra Santa. Pouco antes de sua morte, ele havia planejado retornar a Jerusalém para uma última visita com o élder Jeffrey R. Holland, agora membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Mas, para sua tristeza, sua saúde debilitada o impediu de viajar.

Em 9 de março, no dia após o funeral do presidente Hunter, o presidente Hinckley acordou e não conseguiu voltar a dormir. O peso de suas novas responsabilidades e das decisões que tinha que tomar desabaram sobre ele.

Ele decidiu jejuar e passar um tempo sozinho no Templo de Salt Lake. Ele pegou a chave do cômodo no quarto andar onde a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos se encontravam semanalmente. Lá ele retirou seus sapatos, vestiu os calçados brancos do templo e leu as escrituras.

Por fim, seus olhos se desviaram para as três pinturas do Salvador na parede. Uma delas retratava a Crucificação, e o presidente Hinckley pensou profundamente sobre o preço que o Salvador havia pago para lhe redimir. Ele pensou novamente em sua enorme responsabilidade como profeta do Senhor e chorou quando foi tomado por sentimentos de inadequação.

Ele voltou sua atenção para uma pintura de Joseph Smith na parede norte. À sua direita, na parede leste, havia retratos de todos os presidentes da Igreja, de Brigham Young até Howard W. Hunter. O presidente Hinckley olhou para um retrato de cada vez. Ele havia conhecido pessoalmente todos os presidentes a partir de Heber J. Grant. Eles haviam depositado imensa confiança nele, e ele os amava. Agora, enquanto olhava os retratos, eles pareciam voltar à vida. Ele sentia que os presidentes estavam observando-o, encorajando-o silenciosamente e se comprometendo em apoiá-lo. Ele não tinha motivo para temer.

Ajoelhado, o presidente Hinckley trouxe perguntas ao Senhor e, pelo poder do Espírito, recebeu Sua palavra a respeito delas. O coração e a mente do presidente Hinckley se encheram de paz e segurança, e ele sabia que tinha o intento de seguir adiante com o trabalho.

Ele já tinha decidido chamar Thomas S. Monson para ser seu primeiro conselheiro. Agora ele se sentia inspirado a chamar o élder James E. Faust como segundo conselheiro. Ainda ajoelhado, ele orou pela confirmação de sua escolha, e um calor inundou seu coração.

Tempos depois, ao refletir sobre esse dia, o presidente Hinckley se sentiu melhor sobre seu novo chamado. “Espero que o Senhor tenha me treinado para fazer aquilo que Ele espera de mim”, escreveu em seu diário. “Darei a Ele minha total lealdade e certamente buscarei Sua orientação.”


Nessa mesma época, Darius Gray e Marie Taylor visitavam regularmente a prisão estadual de Utah, onde encontravam com centenas de presos que estavam extraindo informações genealógicas dos registros do Banco Freedman.

Os voluntários trabalhavam em um centro de história da família adjacente à capela da prisão. Para chegar lá, Darius e Marie tinham que passar por uma série de portões de metal, portas trancadas e corredores vigiados. Darius tinha ficado um pouco nervoso na primeira vez que Marie o levou, principalmente nas áreas onde ficavam cercados de presidiários. Mas agora ele visitava a prisão de tempos em tempos e já estava acostumado.

Quando o projeto de extração começou, a pesquisa genealógica estava passando por grandes mudanças. Os computadores estavam rapidamente substituindo armários de arquivos e índices impressos, tornando mais eficiente o processo de coleta e acesso de dados. Durantes os anos 1970 e 1980, a Igreja começou a adaptar a nova tecnologia ao trabalho de templo e história da família. E, no início dos anos 1990, a Igreja desenvolveu o TempleReady, um programa de computador que permitia que membros nos centros de história da família, incluindo aquele na prisão, enviassem mais facilmente nomes para as ordenanças do templo.

O centro de história da família onde os presos trabalhavam tinha diversos leitores de microfilme perto das paredes. Marie conseguiu, com a Biblioteca de História da Família, uma cópia do microfilme do Banco Freedman para deixar na prisão. Após os voluntários extraírem a informação para um formulário criado especificamente para esse projeto, eles levavam o formulário para um cômodo vizinho e inseriam a informação no banco de dados de um computador. Sob a direção de Marie, os voluntários verificavam diversas vezes cada registro. Dois voluntários extraíam a mesma informação de maneira independente, e depois um terceiro comparava as extrações com o documento original, certificando-se de que a informação tinha sido transcrita corretamente.

O homem no comando daquele centro de história da família estava cumprindo prisão perpétua. Ele mantinha o trabalho bem organizado e em andamento. Darius ficou impressionado com o entusiasmo dos voluntários e com sua atenção aos detalhes. As autoridades da prisão estavam felizes em informar que os detentos trabalhando nos registros do banco não costumavam causar problemas com outros presos.

O projeto era aberto a todos os presos elegíveis, independentemente de suas crenças religiosas. À medida que Darius e Marie serviam com os voluntários, eles enfatizavam a natureza espiritual do projeto. Os presos que haviam sido criados na Igreja entendiam a importância da genealogia a fim de unir as famílias para a eternidade. Alguns desses homens não tinham como sair da prisão, mas encontraram alegria ao trabalhar para libertar outras pessoas da prisão espiritual. Darius e Marie sempre começavam as reuniões na prisão com uma oração e incentivavam os voluntários a orar à sua própria maneira enquanto trabalhavam no projeto.

Às vezes, um preso se aproximava de Darius para pedir uma bênção do sacerdócio. Ele sempre concordava. Enquanto ministrava a esses homens, que haviam cometido todo tipo de crime e delito, ele se deu conta de que eles definitivamente eram filhos de Deus.

Nessa época, a Igreja incentivava seus membros a enviar nomes de familiares ao templo, mas eles também podiam enviar nomes daqueles que não eram seus parentes. Os presos frequentemente utilizavam o TempleReady para preparar os nomes do projeto do Banco Freedman para as ordenanças do templo. Para ajudar nesse trabalho, Marie criou um “registro de família” para o templo em homenagem a Elijah Able, um dos primeiros membros negros da Igreja. O arquivo estava disponível para membros em templos nos Estados Unidos e na África do Sul. Se um membro quisesse realizar ordenanças para alguém dos registros do Banco Freedman, eles podiam simplesmente ir ao templo e pedir um nome do registro de família.

Certa noite, Darius e Marie foram ao Templo de Jordan River, em South Jordan, Utah, com vários amigos a fim de realizar selamentos para as famílias dos registros do Banco Freedman. Apesar de serem um grupo de cerca de 20 pessoas, ainda assim precisaram da ajuda de outras pessoas do templo. Ao longo da noite, eles selaram famílias que haviam sido cruelmente separadas em vida pela escravidão.

Antes de partirem, Darius e Marie tinham contado aos presos a respeito de sua ida ao templo. Darius escolheu o Templo de Jordan River porque era o mais próximo de sua casa. Mas, coincidentemente, também era o mais próximo da prisão.

Naquela noite, vários presos que trabalhavam no projeto se juntaram em uma janela num canto da prisão. A janela era estreita, mas dela era possível ver o vale do Lago Salgado, incluindo o Templo de Jordan River.

Apesar de os voluntários não poderem estar lá pessoalmente, eles apoiaram Darius e Marie silenciosamente em seu trabalho sagrado.


Durante seu primeiro ano como presidente da Igreja, Gordon B. Hinckley acompanhou a Igreja na Ásia de longe. A construção do templo em Hong Kong tinha começado em 1994 e o presidente Hinckley recebia atualizações periódicas sobre o progresso. Ele também se comunicou com os líderes da Área Ásia para ajudar a planejar os eventos de dedicação do templo.

Ele estava muito contente com o progresso da Igreja na região. Desde 1955, a Igreja na Ásia tinha crescido de mil membros a quase 600 mil. Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Filipinas eram agora fortes centros com seu próprio templo. A Igreja estava começando a crescer em lugares como Tailândia, Mongólia, Camboja, Índia e também Vietnã. Por toda a Ásia, uma nova geração de santos jovens e fiéis estava fazendo a diferença.

Em Taiwan, Kuan-ling “Anne” Liu tinha acabado de terminar o ano letivo na escola de ensino médio Taipei First Girls, onde era a única membro da Igreja em uma escola com mais de 4 mil alunos. Como muitos estudantes em Taiwan, Anne tinha uma agenda muito cheia. Ela acordava um pouco antes das 6 horas da manhã, pegava o ônibus às 6 horas e 30 minutos e passava nove horas na escola. Após jantar, ela estudava em uma sala de aula por mais algumas horas e depois pegava o ônibus para casa às 8 horas da noite.

Ainda assim, todas as noites antes de dormir, Anne reservava um tempo para ler as escrituras. Cada vez mais, os líderes da Igreja enfatizavam o estudo diário das escrituras como um componente essencial de adoração para os santos dos últimos dias. Anne sentia que as orações e o estudo das escrituras a ajudavam a evitar o desânimo e a aprender melhor na escola. Aos domingos, quando muitos de seus colegas estavam estudando para a escola, ela frequentava uma classe de seminário antes das reuniões regulares da Igreja em Taipei. Ela também servia como pianista na ala.

“Quando vou à reunião sacramental e ouço os discursos”, percebeu ela, “minha vida é sempre mais positiva e feliz”.

Enquanto isso, Soyolmaa Urtnasan, de 21 anos, ensinava as moças no ramo da capital da Mongólia, Ulaanbaatar. Das centenas de membros no ramo, a maioria estava na adolescência ou na casa dos 20 anos, e eles tinham se tornado membros havia menos de um ano. A própria Soyolmaa tinha sido batizada havia somente alguns meses e estava muito entusiasmada. Quando ela era adolescente, seus pais morreram no intervalo de um ano, deixando Soyolmaa com raiva de Deus.

“Eu era dissimulada”, lembrou-se ela, “feliz e extrovertida por fora, infeliz e acanhada por dentro”. Para apaziguar sua dor, ela ia a festas e recorria à bebida.

As coisas começaram a mudar quando um amigo que estava pesquisando a Igreja a convidou para uma reunião sacramental. Naquele primeiro domingo, Soyolmaa teve uma sensação de paz e pertencimento que nunca tinha sentido antes. Ela logo aprendeu que poderia se tornar uma nova pessoa por meio de Jesus Cristo. Quando ouviu o plano de salvação, ela se derramou em lágrimas.

“Eu sabia que estava no lugar certo”, lembrou-se ela. Em pouco tempo, ela se tornou uma das primeiras missionárias da Mongólia.

Enquanto isso, na Tailândia, os santos entenderam a importância dos templos e fizeram sacrifícios para visitá-los. Em 1990, cerca de 200 santos da Tailândia viajaram para as Filipinas a fim de frequentar a Casa do Senhor em Manila. O custo da viagem era elevado, então muitos santos guardaram dinheiro por mais de um ano para comprar as passagens de avião.

Como presidente do Distrito Khon Kaen, na região central da Tailândia, Kriangkrai Phithakphong via pessoalmente esses sacrifícios todos os dias. Muitos membros do distrito eram pobres. Alguns, sem trabalho fixo ou renda estável, mal tinham dinheiro suficiente para sobreviver. Ainda assim, eles serviam ativamente na Igreja, participando das reuniões mesmo quando tinham que viajar longas distâncias a pé, de bicicleta ou de ônibus.

“Viajar para Manila foi um marco na história da Igreja na Tailândia”, lembrou-se Kriangkrai. “Todos trabalharam muito a fim de arrecadar dinheiro para a viagem.” Até mesmo sua filha de 10 anos vendia carvão vegetal para ajudar a família a pagar a viagem. Por fim, Kriangkrai chegou ao templo com seus filhos e sua esposa, Mukdahan, e a experiência que tiveram lá fez o esforço e o sacrifício valerem a pena.

“Sermos selados uns aos outros no templo trouxe um espírito especial para nossa família”, testificou Kriangkrai. “Agora, além de nosso filho de 16 anos querer servir missão, nossas duas filhas mais novas também querem.”


Na noite de 9 de agosto de 1995, Celia Ayala de Cruz, de 59 anos, decidiu caminhar até uma atividade da Sociedade de Socorro. Ela gostava de chegar pontualmente às reuniões, mas a pessoa que prometeu lhe dar uma carona para a igreja não tinha chegado. Felizmente, a capela ficava a somente uma hora e meia de caminhada de sua casa. Se ela saísse de casa naquele instante, conseguiria chegar à igreja com alguns minutos de antecedência. A atividade era uma aula de costura de acolchoados, e ela era a professora.

Celia vivia em Ponce, uma cidade na costa sul de Porto Rico, no mar do Caribe. Missionários serviam no Caribe desde os anos 1960, principalmente em Porto Rico e, mais tarde, na República Dominicana. Ambos os países tinham dezenas de milhares de santos. O evangelho restaurado também tinha se enraizado em outras nações e territórios do arquipélago, chegando a pessoas de diversas culturas, religiões, idiomas e etnias. Os santos estavam em cidades e vilarejos de todos os tamanhos no Caribe.

Ao sair para sua reunião, Celia estava carregando uma bolsa com uma nota de 5 dólares e uma cópia do Livro de Mórmon embrulhada para presente. Desde que o presidente Ezra Taft Benson havia desafiado os santos a renovarem seu foco no Livro de Mórmon, ela e outros membros da Igreja buscaram oportunidades para compartilhar o livro com outras pessoas. O programa do Livro de Mórmon denominado “De família a família” incentivava os santos a escrever seu testemunho na parte de dentro do livro antes de dá-lo a alguém. Inicialmente, os santos tinham que comprar seus exemplares do Livro de Mórmon, mas em 1990 a Igreja criou um fundo de doação a fim de fornecer o livro gratuitamente para qualquer pessoa no mundo.

Desde que havia se unido à Igreja, 16 anos antes, Celia já tinha lido o Livro de Mórmon várias vezes. Ultimamente, uma colega de trabalho estava passando por dificuldades no casamento, e Celia acreditava que o livro seria capaz de ajudá-la. Ela colocou um exemplar numa caixa de presente, embrulhou-a com um belo papel e amarrou um laço em volta. Dentro da caixa, ela também deixou um cartão postal, no qual escreveu seu endereço e testemunho do Livro de Mórmon. Ela estava levando o livro à Igreja naquela noite para mostrar às irmãs na Sociedade de Socorro uma maneira de compartilhar o Livro de Mórmon com outras pessoas.

Quando estava perto da capela, Celia decidiu pegar um atalho por trás de um parque. Ao passar por um portão, um rapaz alto a abordou com uma faca. Ele a empurrou, e ela caiu para trás no mato úmido.

“Você está agredindo uma serva do Senhor”, disse Celia a ele.

O rapaz não disse nada. Em um primeiro momento, Celia achou que o homem iria matá-la. Mas ele pegou sua bolsa e a vasculhou até que encontrou a nota de cinco dólares e o Livro de Mórmon embrulhado. Um sentimento de calma tomou conta dela. Ela sabia que o jovem não iria machucá-la.

“Senhor”, orou em silêncio, “se foi esse o caminho que escolheste para que esse rapaz se converta ao evangelho, ele não vai me matar”.

Segurando a faca, o rapaz pegou o dinheiro e o Livro de Mórmon e fugiu noite adentro.


Enquanto isso, do outro lado do oceano Atlântico, Willy Binene ainda estava morando com sua família em Luputa, Zaire. Não era a vida que ele tinha imaginado enquanto estudava engenharia elétrica em Lubumbashi. Luputa era uma comunidade rural e, enquanto o conflito étnico durasse em sua cidade natal de Coluezi, ele e sua família ficariam em Luputa trabalhando na terra.

Felizmente, o pai de Willy havia lhe ensinado a cultivar quando ele era pequeno, então ele já sabia o básico do cultivo de feijão, milho, mandioca e amendoim. Até a primeira colheita de feijão, porém, sua família tinha pouco para comer. Eles cultivaram para sua própria subsistência e venderam o pouco que restou da colheita para comprar sal, óleo, sabão e um pouco de carne.

Dentre os santos que haviam fugido de Coluezi por questão de segurança, cerca de 50 se estabeleceram em Luputa. Não havia nenhum ramo no vilarejo, mas eles se encontravam semanalmente em uma grande casa para adorar. Apesar de vários homens do grupo portarem o sacerdócio, incluindo o antigo presidente do distrito em Coluezi, eles não se sentiam autorizados a realizar reuniões sacramentais. Em vez disso, eles realizavam aulas da Escola Dominical, e os élderes se alternavam para liderar as reuniões.

Durante esse período, Willy e os outros santos fizeram de tudo para entrar em contato com a sede de missão em Kinshasa, mas não tiveram sucesso. Ainda assim, sempre que os santos recebiam dinheiro, eles separavam seu dízimo, esperando pelo momento em que poderiam doá-lo para um líder autorizado da Igreja.

Certo dia, em 1995, a família de Willy decidiu mandá-lo de volta para Coluezi a fim de tentar vender sua antiga casa. Sabendo que lá ele encontraria com o presidente do distrito, os santos em Luputa viram nessa viagem uma chance de pagar o dízimo. Eles colocaram o dinheiro em envelopes, entregaram a Willy e a outro membro da Igreja que viajaria com ele e se despediram.

Ao longo dos quatro dias de viagem de trem para Coluezi, Willy escondeu a bolsa com os envelopes de dízimo por baixo da roupa. Ele e seu companheiro de viagem estavam nervosos e aflitos durante o trajeto. Eles dormiram no trem e só desceram nas estações para comprar fufu (prato típico feito com farinha de mandioca) e outras comidas. Também estavam preocupados com a chegada em Coluezi, que ainda era hostil ao povo de Cassai. Mas se consolaram com a história de Néfi recuperando as placas de latão. Eles confiavam que o Senhor os protegeria e também protegeria o dízimo.

Quando finalmente chegaram a Coluezi, encontraram a casa do presidente do distrito, que os convidou para ficar lá. Dias depois, os novos líderes da Missão Zaire Kinshasa, Roberto e Jeanine Tavella, chegaram à cidade, e o presidente do distrito os apresentou a Willy e seu companheiro de viagem.

“Eles eram membros do Ramo de Coluezi”, explicou o presidente de distrito. “Eles se mudaram para Luputa por causa do que aconteceu. E agora voltaram. Eles queriam conhecer vocês.”

“Conte-me mais”, disse o presidente Tavella. “Você é de Luputa?”

Willy contou ao presidente sobre sua viagem e a distância que tinham percorrido. Então ele pegou os envelopes de dízimo. “Este é o dízimo dos membros que estão em Luputa”, disse ele. “Eles separaram o dízimo porque não sabiam para onde levá-lo.”

Sem dizer uma palavra, o presidente e a síster Tavella começaram a chorar. “Quanta fé vocês têm”, disse, por fim, o presidente de missão com a voz trêmula.

Willy foi inundado por sentimentos de paz e alegria. Ele acreditava que o Senhor abençoaria os santos em Luputa por pagarem o dízimo. O presidente Tavella os aconselhou a serem pacientes. “Quando voltarem, digam a todos em Luputa que os amo”, disse ele. “Eles são abençoados pelo Pai Eterno, pois nunca vi tamanha fé.”

Ele prometeu enviar um de seus conselheiros a Luputa o mais rápido possível. “Não sei quanto tempo vai levar”, disse ele, “mas o conselheiro vai chegar”.


Pouco tempo depois de ser assaltada, Celia Ayala de Cruz verificou sua caixa de correio. Dentro dela encontrou uma carta de uma página sem nenhuma identificação. “Perdão! Perdão!”, dizia a carta. “Você não pode imaginar como estou arrependido por ter assaltado você!”

Celia continuou lendo. O rapaz explicou como o Livro de Mórmon que havia roubado mudou a vida dele. Quando viu o livro embrulhado para presente, achou que era algo que poderia vender. Mas ele abriu a caixa e leu o testemunho que Celia tinha escrito para sua colega de trabalho. “A mensagem que a senhora escreveu no livro encheu meus olhos de lágrimas”, disse a Celia. “Desde a noite de quarta-feira, não consigo parar de ler.”

O rapaz ficou emocionando principalmente com a história de Leí. “O sonho daquele homem de Deus mexeu comigo”, escreveu ele, “agradeço a Deus por ter encontrado você”. Ele não sabia se Deus iria perdoá-lo por roubar, mas esperava que Celia o perdoasse. “Estou devolvendo seus 5 dólares”, disse ele, “pois não posso gastá-los”. O dinheiro estava com a carta.

Ele também escreveu sobre seu desejo de aprender mais a respeito da Igreja. “Quero que saiba que ainda voltará a me ver, mas não vai me reconhecer, porque, quando isso acontecer, serei seu irmão”, escreveu ele. “Não sou da mesma cidade que você, mas preciso encontrar o Senhor aqui onde moro e ir à Igreja a que você pertence.”

Celia se sentou. Desde que havia sido atacada, ela orava pelo rapaz. “Se for o desejo de Deus”, disse ela, “que aquele garoto seja convertido”.

Alguns meses se passaram e um novo ano se iniciou. Na Escola Dominical em toda a Igreja, iniciou-se o estudo do Livro de Mórmon, que duraria o ano todo. Para ajudar os santos em seus estudos, o Church News dedicou sua primeira edição do ano ao livro. A edição continha uma visão geral dos ensinamentos do Livro de Mórmon sobre Jesus Cristo, vários gráficos e artigos para ajudar os leitores a entender melhor as pessoas e os eventos descritos, e a informação sobre uma nova fita VHS com nove curtas sobre o Livro de Mórmon para complementar as aulas da Escola Dominical. Celia permitiu que a última página do jornal trouxesse um pequeno relato de sua experiência com o rapaz, incluindo a carta dele na íntegra.

Em fevereiro de 1996, Celia recebeu outra carta do jovem rapaz. Ele ainda se envergonhava demais do assalto para contar a ela seu nome, mas ele tinha visto a história no Church News e queria que Celia soubesse que ele passava bem e estava tentando mudar de vida. Ele pensava com frequência sobre ela e o Livro de Mórmon. “Sei que ele é verdadeiro”, escreveu ele. Inclusive, ele tinha se juntado à Igreja e recebido o sacerdócio recentemente. “Estou trabalhando para o Senhor”, disse a ela.

Ele contou que agora vivia perto de um templo e que o havia visitado recentemente. Apesar de não ter entrado, lá ele sentiu fortemente o Espírito e então soube que era a Casa do Senhor.

O rapaz assinou a carta enviada a Celia como “irmão na fé”. Ele expressou o amor dele por ela e sua família. Ele sabia que o Senhor tinha um propósito para ele.

“Não quero abandonar o caminho do Senhor”, disse a Celia. “Estou muito feliz.”

Capítulo 29

Uma grande família

mãos desenhando esboço da planta de um prédio

No início de 1996, nas Filipinas, a presidente da Sociedade de Socorro da Estaca Iloilo, Maridan Nava Sollesta, recebeu uma boa notícia do presidente da estaca, Virgilio Garcia. Alguns meses antes, ela havia escrito à presidência geral da Sociedade de Socorro, pedindo uma visita de Chieko Okazaki, primeira conselheira da presidente Elaine L. Jack. Os discursos que a irmã Okazaki fazia nas conferências promovendo a fé inspiraram Maridan. Por isso, ela acreditava que seria proveitoso para as mulheres da estaca ouvi-la discursando pessoalmente. E, então, o presidente Garcia disse a ela que a irmã Okazaki tinha recebido a designação de visitar sua estaca.

Recentemente, a Igreja tinha alcançado um marco importante: havia mais santos fora dos Estados Unidos do que no país. Maridan e seu marido, Seb, tinham se unido à Igreja havia mais de uma década. Eles foram selados no Templo de Manila em 1984 e tiveram três filhos, agora com 7, 9 e 10 anos. Nos cinco anos desde que Maridan havia sido chamada para servir como presidente da Sociedade de Socorro, a Igreja tinha ganhado mais de 80 mil membros nas Filipinas. O país tinha um total de 360 mil membros, o quinto maior número de santos dos últimos dias no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, do México, do Brasil e do Chile.

O número de autoridades gerais fora dos Estados Unidos também estava crescendo de maneira constante. O primeiro e o segundo quóruns dos setenta já tinham incluído alguns desses membros, como Angel Abrea, da Argentina; Hélio da Rocha Camargo e Helvécio Martins, do Brasil; Eduardo Ayala, do Chile; Carlos H. Amado, da Guatemala; Horacio A. Tenorio, do México; Yoshihiko Kikuchi, do Japão; Han In Sang, da Coreia do Sul; e Augusto A. Lim, das Filipinas. Em 1995, a Primeira Presidência criou o papel de autoridade de área para substituir o posto de representante regional, o que aumentou o número de líderes do sacerdócio apoiando unidades locais em todo o mundo. A irmã Okazaki, nascida e criada no Havaí, foi a primeira pessoa descendente de asiáticos a servir em uma presidência geral da Igreja.

Na Cidade de Iloilo, Maridan estava presenciando em primeira mão o crescimento da Igreja. Sua estaca já contava com 8 alas e 6 ramos, e visitar todas as congregações estava se tornando cada vez mais difícil para ela e outros líderes de estaca. Maridan possuía e operava uma empresa farmacêutica, o que a mantinha muito ocupada. Mas ela fazia o melhor para ministrar às mulheres sob seus cuidados. Apesar de muitos novos conversos terem se tornado membros firmes, havia também muitos santos nas Filipinas que tinham parado de frequentar as reuniões da Igreja. Às vezes, quando Maridan os visitava, eles não falavam com ela. Outros aceitavam visitas e ficavam agradecidos com o interesse que ela demonstrava por eles.

À medida que Maridan conversava com as mulheres, ela percebia que algumas estavam chateadas com certos membros da Igreja. Já outras tinham perdido a fé ou voltado ao estilo de vida que tinham antes. Algumas mulheres não conseguiam desfrutar bem das reuniões ou entendê-las, pois não falavam inglês nem tagalo, os dois principais idiomas utilizados pela Igreja nas Filipinas. Embora a Igreja estivesse trabalhando para disponibilizar materiais em mais alguns dos quase 200 idiomas e dialetos do país, a comunicação ainda era um grande problema entre os membros.

A irmã Okazaki chegou à Cidade de Iloilo na manhã de 24 de fevereiro de 1996. Com o élder Augusto A. Lim e a irmã Myrna Lim, ela foi recebida no aeroporto por um comitê de boas-vindas do qual Maridan e o presidente Garcia faziam parte.

Maridan e os membros da estaca passaram o restante do dia aprendendo com a irmã Okazaki e o élder Lim. Em sua primeira aula, a irmã Okazaki utilizou Doutrina e Convênios 107 para enfatizar a importância de cada pessoa aprender e cumprir seus deveres na Igreja. Mais tarde naquela noite, ela conversou com toda a estaca sobre buscar bênçãos do Pai Celestial.

“Queridos irmãos e irmãs”, disse ela, “podemos pedir os desejos de nosso coração. Podemos pedir com fé e confiança. Sabemos que um Pai amoroso nos ouve. Ele dará de boa vontade o que queremos quando Ele puder”.

O dia seguinte era um domingo, e a irmã Okazaki participou das reuniões da ala na Cidade de Iloilo. Nesse período, ela instruiu e incentivou Maridan a se aconselhar com as irmãs da Sociedade de Socorro no idioma nativo delas para que entendessem suas instruções. À tarde, antes de ir embora, a irmã Okazaki entregou a Maridan um livro sobre liderança.

Alguns meses depois, Maridan e os outros santos nas Filipinas tiveram a chance de ver outro líder da Igreja: o presidente Gordon B. Hinckley. Desde que havia se tornado presidente da Igreja, ele tinha viajado pelo mundo todo visitando os santos. Nas Filipinas, ele visitou Manila e Cebu.

Em Manila, ele respondeu perguntas sobre a Igreja para emissoras de TV locais. Uma das perguntas se referia a uma declaração recente da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos intitulada “A Família: Proclamação ao Mundo”. Por muitos anos, os líderes da Igreja se preocuparam com o fato de os ensinamentos tradicionais sobre casamento e família estarem mudando em todo o mundo. A proclamação afirma que o casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e que a família é essencial para Seu plano de salvação. Ela protege a santidade da vida, declarando que cada indivíduo é um filho ou filha gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos. E também pede aos pais que amem e criem seus filhos em retidão, ajudando-se mutuamente, como parceiros iguais, e estabelecendo um lar sob os princípios “da fé, da oração, do arrependimento, do perdão, do respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares”.

“A família é a organização ordenada por Deus”, explicou o presidente Hinckley ao entrevistador nas Filipinas. “Deus é nosso Pai Eterno, e somos Seus filhos, independentemente de raça, cor ou qualquer outra coisa. Somos todos Seus filhos. Fazemos parte de Sua família.”

Em outro momento, enquanto discursava em um estádio repleto para 35 mil santos, ele observou que as pessoas costumavam perguntar a ele por que a Igreja estava crescendo tão rapidamente nas Filipinas.

“A resposta é simples”, disse ele. “A Igreja é como uma âncora, uma âncora sólida que representa a verdade em um mundo de valores em constante mudança.

Todo homem e toda mulher que se unir a esta Igreja e se apoiar em seus ensinamentos”, continuou ele, “terá uma vida melhor, será um homem ou uma mulher mais feliz, carregará no coração um amor maior pelo Senhor e por Seus caminhos”.


Certa noite, em março de 1996, Veronica Contreras estava com seu marido, Felicindo, do lado de fora do edifício da ala em Santiago, Chile. Eles tinham acabado de se mudar de Panguipulli, uma cidade bem menor no sul do Chile, para a capital, em busca de melhores oportunidades de educação para seus cinco filhos. Eles também ficariam mais próximos do Templo de Santiago Chile e pertenceriam a uma estaca que oferecia aulas do seminário e atividades para os jovens. Apesar de não ser domingo, o casal pensou que encontraria outros membros da Igreja na capela. Mas, ao chegarem lá, encontraram as portas trancadas. Não havia ninguém por perto.

Ainda naquela semana, o casal parou uma dupla de missionários que andavam de bicicleta e pediu ajuda para entrar em contato com o bispo. Pouco depois, o bispo visitou a casa da família Contreras e lhes deu as boas-vindas à ala. No entanto, essa visita não os preparou para o que os aguardava no primeiro domingo na Igreja.

Em Panguipulli, os santos tratavam a capela como sua própria casa, mantendo-a limpa e bem conservada. Mas, quando entrou na capela em Santiago, Veronica se surpreendeu ao ver o chão e as paredes riscados com marcas de sapato e manchas de pneu, causadas pelas crianças que andavam de bicicleta pelos corredores. Durante a reunião sacramental, a maioria dos bancos ficava vazia mesmo que a ala tivesse mais de 700 membros registrados.

Infelizmente, os problemas que a família Contreras encontrou em sua nova ala não eram exclusivos do Chile. O número de batismos de conversos na América do Sul tinha aumentado rapidamente durante os anos 1980 e início dos anos 1990, levando à criação de dezenas de estacas. Contudo, em todo o mundo, muitos membros novos tinham dificuldade para manter o comprometimento com o evangelho restaurado após serem batizados.

Os líderes da Igreja estavam preocupados havia anos sobre como reter os recém-conversos e tentaram resolver o problema de diversas formas. Em 1986, o ofício do sacerdócio dos setenta foi dissolvido, fortalecendo os quóruns de élderes locais. Os missionários também foram incentivados a passar mais tempo integrando novos membros, e a Igreja criou uma série de seis lições para novos membros com o intuito de ajudar os recém-conversos a se adaptar. Ainda assim, muitas pessoas nunca receberam essas lições. Alas como a de Santiago frequentemente ficavam sobrecarregadas pela enormidade do trabalho. Havia pouquíssimos membros frequentando as reuniões em comparação com o número total de membros na ala.

O novo bispo da família Contreras era um homem de grande fé, mas ele não tinha nenhum conselheiro para dividir a carga de trabalho. Ele também tinha que trabalhar longas horas para seu sustento e muitas vezes não conseguia se reunir com os membros em dias da semana. Quando Veronica e Felicindo o encontraram, eles se ofereceram para ajudar servindo em qualquer lugar que fosse necessário. Logo, sua filha mais velha estava tocando órgão na ala, e seus filhos estavam servindo com outros rapazes. Felicindo começou a ajudar no trabalho de templo e história da família, além de servir no sumo conselho da estaca. Já Veronica foi chamada para servir como presidente da Sociedade de Socorro da ala.

Outras pessoas serviam com eles. Mas ainda havia muito a fazer para ajudar a ala a funcionar melhor.


Quando o Templo de Hong Kong foi anunciado em outubro de 1992, Nora Koot Jue ficou radiante. Mais de 30 anos haviam se passado desde que ela havia servido na Missão Extremo Oriente Sul. Nesse período, ela havia emigrado para os Estados Unidos, casado com um sino-americano chamado Raymond Jue e criado quatro filhos. Mas ela nunca esqueceu suas experiências como uma das primeiras chinesas a se converter para a Igreja em Hong Kong. Eram as histórias que ela contava a seus filhos na hora de dormir.

Raymond achava que a família inteira deveria ir à dedicação do templo.

“Não”, disse Nora. “É muito dinheiro.”

Raymond insistiu. “Temos que ir”, disse ele.

A família começou a guardar dinheiro. Os filhos agora já eram adultos e sabiam o quanto a Casa do Senhor era importante para sua mãe. Quando ela imigrou para os Estados Unidos em 1963, parou primeiro no Havaí para receber sua investidura no templo em Laie. Posteriormente, ela e Raymond foram selados no Templo de Los Angeles e, pouco depois, o Templo de Oakland foi dedicado perto de sua casa, na área da baía de São Francisco, Califórnia. Nora e Raymond passaram a oficiar no templo, o que permitia que Nora administrasse as ordenanças do templo em mandarim, cantonês, hmong e outros idiomas.

Depois que o Templo de Hong Kong ficou pronto, em maio de 1996, a Igreja o abriu para visitação pública por duas semanas. Nora e sua família chegaram à cidade na noite de 23 de maio, três dias antes da dedicação do templo. Quando saíram do aeroporto, Nora sentiu o ar quente e úmido envolvê-la.

“Bem-vindos a Hong Kong”, disse ela a sua família, com um sorriso.

Ao longo dos dias seguintes, Nora levou sua família em um tour pela cidade. Sua filha mais velha, Lorine, também tinha servido missão em Hong Kong, e elas gostaram de revisitar a área juntas. À medida que Nora mostrava aos filhos as ruas e os prédios de seu passado, as histórias que eles ouviram quando crianças ganharam vida. Um dos primeiros lugares que visitaram foi o templo, construído no local da antiga casa da missão, onde ela havia passado tanto tempo quando jovem. Nora não poderia estar mais feliz vendo o local receber um propósito tão sagrado.

Na manhã de domingo de 26 de maio, sua família compareceu a uma reunião sacramental especial com o presidente de missão de Nora, Grant Heaton, e outros antigos missionários da Missão Extremo Oriente Sul. Durante a reunião, o presidente Heaton e os missionários prestaram testemunho. Quando chegou a vez de Nora, ela se levantou. “O espírito arde dentro de mim”, testificou ela. “Sou fruto desta terra e dessa missão. E sou muito grata por isso.”

Na manhã seguinte, Nora e sua família se sentaram juntos na sala celestial do Templo de Hong Kong. O rosto de Nora estava radiante e sorridente quando o presidente Thomas S. Monson iniciou a reunião e o élder Neal A. Maxwell, do Quórum dos Doze Apóstolos, discursou. Ela sentiu como se sua vida tivesse dado uma volta completa. Havia 42 anos que Nora tinha implorado ao élder Harold B. Lee que enviasse a Igreja de volta a Hong Kong. Havia apenas alguns poucos santos na cidade naquela época. Agora, Hong Kong tinha uma Casa do Senhor, e ela estava lá com seu marido e seus filhos.

No encerramento da reunião, o presidente Thomas S. Monson fez a oração dedicatória. “Sua Igreja cresceu e abençoou a vida de muitos de Seus filhos e Suas filhas neste local”, orou ele. “Agradecemos a Ti por todos que aceitaram o evangelho e permaneceram fiéis e verdadeiros aos convênios feitos com o Senhor. Sua Igreja nesta região amadurece plenamente com a dedicação deste templo sagrado.”

Lágrimas escorreram pelo rosto de Nora enquanto todos cantavam “Tal como um facho”. Quando a oração de encerramento terminou, ela juntou seu marido e seus filhos e os abraçou. Seu coração estava pleno.

Naquela noite, a família compareceu a um reencontro de missionários. Eles chegaram um pouco atrasados e todos já estavam conversando em uma sala. O grupo fez silêncio quando Nora entrou, e sua família assistiu com admiração às pessoas, uma por uma, cumprimentando-a com honra e respeito.

Enquanto Nora conversava com antigos amigos, um homem velho tocou em seu ombro. “Você se lembra de mim?”, perguntou ele.

Nora olhou para ele e, por um instante, reconheceu seu rosto. Era Harold Smith, um dos primeiros missionários que ela havia conhecido quando criança. Ela o apresentou a seus filhos.

“Não achei que eu tivesse feito diferença”, disse-lhe ele. Ele não podia acreditar que ela se lembrava dele.

“Não dá para esquecer aqueles que nos salvaram”, disse Nora.


Em maio de 1997, o governo do Zaire entrou em colapso após anos em estado de guerra e turbulência política. O presidente Mobutu Sese Seko, que controlou a nação por mais de três décadas, estava morrendo e agora se encontrava incapaz de impedir a queda de seu regime. As forças armadas de Ruanda, o vizinho ao leste do Zaire, haviam entrado no país em busca de rebeldes exilados de sua própria guerra civil. Outras nações do leste africano logo fizeram o mesmo, por fim juntando forças a outros grupos para derrubar o presidente enfraquecido, substituí-lo por um novo líder e mudar o nome do país para República Democrática do Congo, ou RDC.

A Igreja continuou a funcionar na região durante o conflito. Cerca de 6 mil santos viviam na RDC.A Missão Kinshasa abrangia cinco países, com 17 missionários de tempo integral. Em julho de 1996, vários casais da região viajaram por mais de 2.800 quilômetros para receber as bênçãos do templo no Templo de Joanesburgo África do Sul. Alguns meses depois, em 3 de novembro, líderes da Igreja organizaram a Estaca Kinshasa, a primeira estaca na RDC e a primeira na África a usar o idioma francês. Havia também 5 distritos e 26 ramos por toda a missão.

Em Luputa, Willy Binene, agora aos 27 anos, ainda tinha esperança de servir missão de tempo integral apesar da revolta em seu país. Porém, quando ele compartilhou sua esperança com Ntambwe Kabwika, o conselheiro na presidência da missão, recebeu notícias decepcionantes.

“Meu irmão”, disse o presidente Kabwika, “a idade limite é 25 anos. Não há como chamá-lo para uma missão”. Então, na tentativa de consolá-lo, acrescentou: “Você ainda é jovem. Ainda pode estudar e se casar”.

Mas Willy não se sentiu consolado. A decepção o consumiu. Parecia injusto ser impedido de servir missão por causa de sua idade. Por que não se poderia fazer uma exceção, especialmente depois de tudo pelo que ele tinha passado? Ele se perguntou o motivo de o Senhor tê-lo inspirado a servir missão em primeiro lugar. Ele havia adiado sua educação e carreira para seguir essa inspiração, mas para quê?

“Você não pode se incomodar com isso”, disse por fim a si mesmo. “Você não pode condenar a Deus.” Ele resolveu ficar onde estava e fazer tudo o que o Senhor solicitasse.

Mais tarde, em julho de 1997, os santos em Luputa foram formalmente organizados em um ramo. Após Willy ser chamado como secretário financeiro e missionário de ramo, ele percebeu que o Senhor o havia preparado para estabelecer a Igreja onde ele morava. “Certo”, disse ele, “minha missão chegou”.

Alguns outros santos no Ramo Luputa também foram chamados para servir como missionários de ramo. Willy cuidava da colheita três dias na semana. Nos outros dias, ele ia de porta em porta para falar com as pessoas sobre o evangelho. Depois disso, Willy lavava seu único par de calças a fim de que estivessem limpas para o dia seguinte. Ele não tinha certeza do que o levava a pregar o evangelho com tanto afinco, especialmente nos dias em que tinha que sair de barriga vazia. Mas ele sabia que amava o evangelho e queria que seu povo, e em algum dia seus ancestrais, tivesse as bênçãos que ele tinha.

O trabalho às vezes era desafiador. Algumas pessoas ameaçavam os missionários de ramo ou avisavam outras para os evitar. Certas pessoas na vila até se reuniam para destruir cópias do Livro de Mórmon. “Queimem o Livro de Mórmon”, diziam, “e a Igreja vai desaparecer”.

Ainda assim, Willy presenciou o Senhor operando milagres por meio de seus esforços. Certa vez, ele e seu companheiro bateram a uma porta e sentiram um cheiro desagradável vindo de dentro da casa. Ouviram uma voz chamando-os bem baixo. “Entrem”, disse a voz. “Estou doente.”

Willy e seu companheiro estavam com medo de entrar na casa, mas, ao entrar, encontraram um homem que parecia enfraquecido. “Podemos orar?”, perguntaram eles.

O homem concordou, então eles ofereceram uma oração e o abençoaram para que sua doença desaparecesse. “Voltaremos amanhã”, disseram a ele.

No dia seguinte, encontraram o homem do lado de fora da casa. “Vocês são homens de Deus”, disse ele. Desde a oração, ele estava se sentindo melhor. Ele queria pular de felicidade.

O homem ainda não estava pronto para se juntar à Igreja, mas outros estavam. Toda semana, Willy e os outros missionários encontravam pessoas, às vezes famílias inteiras, que queriam adorar com os santos. Em alguns sábados, eles batizavam até 30 pessoas.

A Igreja em Luputa estava começando a crescer.


Em 5 de junho de 1997, o presidente Gordon B. Hinckley estava ao púlpito embaixo de uma grande tenda em Colonia Juárez, no México. Cerca de 6 mil pessoas estavam sentadas diante dele. “Algumas pessoas na Igreja sentem um pouco de pena de vocês”, ele brincou com a audiência. “Vocês parecem estar tão distantes de todos.”

Membros da Igreja vindos dos Estados Unidos haviam estabelecido Colonia Juárez e outras cidades no norte do México durante os ataques do governo norte-americano contra o casamento plural, na década de 1880. Essas cidades estavam situadas no árido deserto de Chihuahua, a cerca de 320 quilômetros de distância da cidade grande mais próxima. A escola local administrada pela Igreja, a Academia Juárez, estava completando cem anos, e o presidente Hinckley estava lá para comemorar a ocasião.

O presidente Hinckley conhecia a história dos membros da Igreja em Colonia Juárez e admirava a determinação deles em manter a fé. “Vocês ajudaram uns aos outros em tempos de dificuldade e sofrimento. Tiveram que fazê-lo porque estavam sozinhos”, disse ele. “Vocês se tornaram uma grande família.”

No dia seguinte, o presidente Hinckley discursou na formatura da escola e dedicou novamente o recém-reformado prédio da escola. Então, Meredith Romney, presidente da Estaca Colonia Juárez, conduziu o presidente Hinckley 320 quilômetros ao norte até o aeroporto de El Paso, no Texas.

A estrada para El Paso era precária e esburacada. No início, o presidente Hinckley passou o tempo conversando com o presidente Romney. Mas, após certo período, a conversa foi terminando, e o presidente Hinckley refletiu silenciosamente a respeito dos santos em Colonia Juárez e da grande distância que tinham que viajar para visitar a Casa do Senhor. “O que podemos fazer para ajudar essas pessoas?”, ele se perguntou.

A questão era relevante para os membros em todo o mundo. Com mais de 12 templos em planejamento ou sendo construídos, 85 por cento dos membros da Igreja logo estariam a menos de 480 quilômetros de um templo. No norte do Brasil, por exemplo, santos que antes viajavam milhares de quilômetros para irem ao templo em São Paulo estariam muito mais próximos de um templo em Recife, uma cidade no litoral do nordeste brasileiro. Um templo recém-anunciado em Campinas, uma cidade situada 96 quilômetros ao norte de São Paulo, também tornaria as bênçãos do templo mais acessíveis a 600 mil santos no Brasil. Logo, templos também seriam necessários em cidades como Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Mas o presidente Hinckley queria trazer os templos para ainda mais perto dos santos. Ele acreditava que a Casa do Senhor desempenhava um papel vital em ajudar os membros da Igreja a continuarem comprometidos com o evangelho restaurado de Cristo. Recentemente, o profeta tinha descoberto que apenas 20 por cento dos novos conversos continuavam frequentando a Igreja após um ano e participando das reuniões. A porcentagem alarmante preocupava a ele e a seus conselheiros, e, em maio, eles tinham enviado uma carta para todos os membros da Igreja.

“Estamos profundamente preocupados com muitos de nossos irmãos e irmãs de todas as idades que receberam um testemunho do evangelho de Jesus Cristo, mas que ainda não sentiram o calor duradouro da integração com os santos”, lia-se na carta. “Muitos não estão recebendo as bênçãos do sacerdócio e as promessas dos convênios no templo.”

“Todo novo membro precisa de três coisas”, continuava a carta, “um amigo, uma responsabilidade e nutrição espiritual por meio do estudo do evangelho”.

Em Colonia Juárez, o presidente Hinckley percebeu que a Igreja tinha quase tudo que era necessário para prover esse tipo de suporte aos membros locais. A única coisa que faltava era a Casa do Senhor. O mesmo era verdade para as estacas em outros locais remotos do planeta. Mas era difícil justificar a construção de templos em lugares onde não havia membros o suficiente para usá-los e mantê-los.

Ele pensou no alto custo das instalações de lavanderia e refeitórios nos templos. Ambos ofereciam um serviço conveniente aos membros do templo. Mas, e se os membros trouxessem as próprias roupas e buscassem comida em outros lugares?

Por anos, o presidente Hinckley havia pensado em modificar o projeto de alguns templos a fim de construir mais deles no mundo todo. A Igreja já havia adaptado o projeto dos templos para atender às necessidades de santos locais em lugares como Laie, São Paulo, Freiberg e Hong Kong. Por que não construir templos apenas com o essencial: um batistério e salas de confirmação, iniciatória, investidura e selamento? Se a Igreja o fizesse, a Casa do Senhor poderia ser erguida em terras vastas e distantes, levando os convênios e as ordenanças para muitos outros santos.

Posteriormente, o presidente Hinckley esboçou uma planta simples para o tipo de templo que idealizou. A inspiração veio clara e forte. Quando ele chegou a Salt Lake City, mostrou a planta ao presidente Monson e ao presidente Faust, e eles aprovaram o conceito. O Quórum dos Doze Apóstolos também apoiou a ideia.

Por fim, o presidente Hinckley apresentou o esboço a um arquiteto da Igreja. O arquiteto examinou o desenho.

“Esplêndido”, disse ele. “É um conceito muito viável.”

Parte 4

Sempre presente

1997–2020

“Sei que esta obra é a obra do Senhor, porque sinto Sua mão constantemente em cada detalhe de tudo o que fazemos. De um modo que sequer posso descrever ou relatar, Sua mão estava sempre presente.”

Silvia Allred

mapa do sul e sudeste da Ásia

Capítulo 30

Bênçãos preciosas

gráfico de linhagem, microfilmes e CDs

Na noite de 4 de outubro de 1997, durante a sessão do sacerdócio da conferência geral, o presidente Gordon B. Hinckley anunciou o projeto do novo templo e falou sobre o plano da Igreja de usar o modelo para vários novos templos em todo o mundo.

“Estamos determinados”, ele declarou, “a levar os templos às pessoas e dar a elas a oportunidade de receber todas as bênçãos preciosas que advêm da adoração no templo”.

Richard “Rick” Turley, diretor administrativo do Departamento de História da Família da Igreja, entendeu que esses novos templos abençoariam a Igreja e ajudariam os santos do mundo inteiro a se achegar a Cristo. Mas o departamento praticamente não conseguia atender a todos os 51 templos em funcionamento com nomes em quantidade suficiente para o trabalho de ordenança vicária. Com a expansão da construção de templos, a Igreja teve que mudar a forma como fazia a história da família.

Rick e outros líderes da Igreja sabiam que parte do problema era o fato de que a preparação de nomes para o trabalho do templo consumia muito tempo e era cara. Em alguns países, os membros da Igreja precisavam viajar muitos quilômetros para encontrar nomes de seus antepassados em documentos arquivados. Alguns membros tinham que fazer uma longa e complicada pesquisa para obter as informações de que precisavam. Se o microfilme correto não estivesse no centro de história da família local, eles tinham que pagar para que fosse enviado, esperar várias semanas até que chegasse e depois retornar ao centro para consultá-lo. Um rolo convencional continha cerca de mil imagens, de modo que a análise de cada imagem poderia ser muito trabalhosa. Poucas pessoas tinham tempo para tudo isso, e nem todas moravam perto de um centro de história da família.

Os computadores pessoais aceleraram um pouco esse trabalho na década de 1980. No início daquela década, os desenvolvedores de software da Igreja criaram o Personal Ancestral File, um programa de computador que permitia que as pessoas registrassem, armazenassem e compartilhassem informações sobre seus antepassados e criassem árvores genealógicas. O programa também facilitou o envio de nomes para o templo a centenas de milhares de usuários por meio do TempleReady.

No entanto, o processo de envio ainda era complicado, principalmente para as pessoas que não estavam acostumadas a usar o computador. As pessoas que usavam o PAF criavam seu próprio banco de dados pessoal, o que geralmente resultava em registros duplicados quando alguém enviava os nomes de familiares para a Igreja. Como esses arquivos não eram atualizados automaticamente depois que alguém fazia o trabalho do templo para um antepassado, era comum que diferentes membros da Igreja realizassem ordenanças para a mesma pessoa sem saber.

Esses problemas também preocupavam o presidente Hinckley. Dois anos antes, quando Rick entrou para o Departamento de História da Família, o profeta o chamou para uma reunião. Ele queria saber se a Igreja estava fazendo tudo o que podia para cumprir a missão de redimir os mortos.

“Rick”, disse o profeta, “você pode me garantir que todos os recursos que estamos empregando na história da família estão libertando espíritos da prisão espiritual?”

“Eu gostaria de acreditar que sim”, respondeu Rick. Mas ele acreditava que o sistema poderia ser aprimorado.

O presidente Hinckley concordou e pediu que ele resolvesse isso.

Com essa comissão, o Departamento de História da Família precisava desenvolver uma maneira mais simples de enviar nomes para o trabalho no templo; um processo que fosse simples o bastante para que mais pessoas se envolvessem. Os computadores poderiam acelerar o processo de extração de informações familiares dos registros e organizá-las em um banco de dados que pudesse ser pesquisado. Mas, para evitar duplicidade, os computadores precisavam se comunicar entre si — algo que o sistema atual não conseguia fazer. O banco de dados precisava estar na internet.

Naquela época, a rede mundial de computadores tinha menos de uma década de existência, e a Igreja tinha uma presença on-line bem pequena. O site foi lançado sem muito alarde em 1996, mas alguns líderes da Igreja continuavam céticos em relação à nova tecnologia e tinham pouca experiência com ela. O Departamento de História da Família não tinha o conhecimento técnico para criar esse tipo de plataforma on-line necessária para hospedar o banco de dados. Eles precisavam de ajuda — e de tempo.

E o tempo estava passando rápido. Na Conferência Geral de Abril de 1998, o presidente Hinckley anunciou que a Igreja construiria 30 templos seguindo o novo padrão, além dos 17 templos que já estavam em construção.

“Teremos um total de 47 templos novos, além dos 51 que já se encontram em funcionamento”, disse o profeta. “Acho melhor acrescentarmos mais dois para que tenhamos um número redondo de cem templos no final deste século, quando se terão passado 2 mil anos ‘depois da vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne’.”

“Estaremos progredindo em uma escala jamais vista anteriormente”, disse ele.

O anúncio inspirou Rick. Mas havia agora uma urgência ainda maior para acelerar o trabalho de história da família da Igreja.

O ano 2000 não estava muito distante.


No início de abril de 1998, Felicindo e Veronica Contreras foram ao Templo de Santiago Chile. Felicindo tinha acabado de ser chamado para servir como bispo de sua ala e estava preocupado com os santos sob seus cuidados. A frequência na ala ainda era baixa. Ele queria pedir a ajuda do Senhor para trazer os membros de sua ala de volta à Igreja.

Enquanto Felicindo orava, ele ansiava especialmente por ajudar os jovens. Poucos frequentavam a igreja regularmente e, embora 14 jovens tivessem idade suficiente para sair em missão, ninguém estava se preparando para servir. Eles eram parte da tendência geral no Chile, pois menos de 10 por cento dos rapazes elegíveis estavam em missão, representando a menor porcentagem em qualquer área do mundo. Felicindo desejava que os jovens voltassem à Igreja e se preparassem para o campo missionário.

Pouco tempo depois, um jovem de 18 anos chamado Juan foi às reuniões de domingo pela primeira vez depois de um tempo. Juan era membro do quórum de sacerdotes, mas geralmente faltava à igreja para jogar futebol. Ele era um jogador talentoso, tão bom que algumas pessoas achavam que ele poderia jogar profissionalmente, e o esporte era tudo para ele. Mas ultimamente ele se sentia solitário, inquieto e confuso. O Espírito o estava inspirando a voltar para a Igreja e servir missão. Mas ele sentia que precisava de um guia para ajudá-lo a fazer mudanças em sua vida.

Na igreja, ele pediu para falar com Felicindo. “Decidi me tornar ativo”, disse ele.

“Eu estava esperando por você”, disse Felicindo. Ele convidou Juan para uma entrevista em seu escritório. Eles conversaram sobre o desejo de Juan de se preparar para uma missão. Sabendo que o trabalho missionário exigia que os rapazes e as moças cumprissem certos padrões espirituais, morais, emocionais e físicos, Felicindo o ajudou a elaborar um plano.

“Primeiro, vamos nos preparar a fim de que você receba sua bênção patriarcal”, disse ele a Juan, “para que você saiba o que o Senhor tem a lhe dizer”. Depois disso, eles trabalhariam na recomendação dele como missionário. Felicindo também o convidou a ler o Livro de Mórmon e a pagar o dízimo. Juan aceitou o desafio e, a partir daquele momento, ele e Felicindo conversavam regularmente sobre a preparação para a missão.

Felicindo também trabalhou com outros membros da ala. Ele se sentiu tocado pelo conselho da Primeira Presidência de que todo membro deve ter um amigo, uma responsabilidade e ser nutrido com a “boa palavra de Deus”. Seguindo as novas diretrizes da sede da Igreja, ele e os missionários de tempo integral se certificaram de que as pessoas participassem da reunião sacramental antes de se filiarem à Igreja. Ele e outros membros da ala também se certificavam de que todos os que iam à igreja se sentissem acolhidos e voltassem para casa espiritualmente nutridos.

Quando convidava as pessoas para voltarem à Igreja, Felicindo as incentivava a se preparar para tomar o sacramento e renovar seus convênios batismais. Pedia aos membros que retornavam que frequentassem a classe da Escola Dominical de Princípios do Evangelho a fim de relembrarem os ensinamentos básicos sobre a Criação, a Expiação de Jesus Cristo, o arrependimento e outros princípios do evangelho. E ele encontrou maneiras para que eles servissem na ala.

Ele também tomou providências para que a capela ficasse aberta durante a semana. Ele recebeu permissão para iluminar a quadra atrás do prédio a fim de que os jovens pudessem jogar futebol e outros jogos à noite. Os membros da ala começaram a usar a capela para noites no lar e outras atividades, como peças de teatro e programas culturais chilenos. Felicindo ajudou a organizar um coro da ala, e a música do coro contribuiu para o Espírito na reunião sacramental.

Como os membros da ala passavam mais tempo na capela, começaram a cuidar melhor dela, e seu amor pelo local aumentou. Não demorou muito para que Felicindo observasse um aumento na frequência à reunião sacramental. Ele acreditava que essas mudanças eram respostas à sua oração no templo.


Alguns meses depois, em meados de 1998, Mary McKenna, uma ex-missionária de Brisbane, Austrália, viajou para Provo, Utah, a fim de saber mais sobre o programa Especialmente para Jovens, uma conferência de cinco dias para jovens santos dos últimos dias nos Estados Unidos. Mary tinha ouvido falar muito sobre o programa EFY um ano antes, enquanto participava da Semana da Educação, que consistia em uma série de aulas, devocionais e outras atividades para adultos e adolescentes realizados todos os anos no campus da Universidade Brigham Young.

Em sua visita anterior, ela havia assistido a uma aula ministrada por Brad Wilcox, um orador e autor popular entre os jovens santos dos últimos dias de língua inglesa. Depois da aula, ela havia parado para conversar com ele sobre a Semana da Educação.

“Talvez pareça loucura”, disse ela, “mas sou líder de jovens na Austrália e precisamos do que você tem”.

Um século e meio após a organização do primeiro ramo na Austrália, a Igreja havia se expandido para quase 100 mil membros. Havia estacas em quase todas as principais cidades australianas e um templo em Sydney. Mas muitos jovens estavam enfrentando dificuldades, e alguns não estavam servindo missão, não se casavam no templo nem permaneciam ativos na Igreja. Eles não se sentiam conectados uns com os outros e precisavam de modelos que pudessem lhes mostrar como se manter próximos de Deus e viver Seus mandamentos.

Enquanto Brad ouvia o relato de Mary sobre os desafios dos jovens na Austrália, lágrimas lhe encheram os olhos, e ele lhe explicou mais sobre o EFY. Como as típicas conferências de jovens da estaca, o programa EFY foi projetado para fortalecer a fé dos jovens. Mas, em vez de ser conduzido pelas estacas locais, era patrocinado pela BYU e supervisionado por conselheiros jovens e solteiros. Enquanto ouvia Brad descrevendo a alegria dos jovens, Mary sentiu que uma experiência como o EFY poderia ajudar as moças e os rapazes da Austrália.

Ela passou os meses seguintes se empenhando para transformar a ideia em realidade. Os líderes da Igreja em Brisbane e arredores ofereceram apoio, formando um comitê de santos das estacas locais para organizar um evento como o EFY em sua área.

Um ano depois, Mary estava de volta a Provo, reunindo-se com Susan Overstreet, diretora do EFY, no campus da BYU. A universidade não tinha condições de patrocinar sessões do EFY fora da América do Norte, mas Susan estava ajudando Mary e o comitê de Brisbane. Ela levou Mary a um evento de treinamento de conselheiros e a apresentou a outros líderes do EFY. Enquanto isso, Brad Wilcox e outro palestrante do EFY, Matt Richardson, concordaram em ir à Austrália e falar no evento.

Mary retornou à Austrália e, nos meses seguintes, o comitê se reuniu regularmente para planejar o evento, com cada estaca participante tomando a iniciativa de planejar a alimentação, o alojamento, os devocionais, a música e outras responsabilidades. Os presidentes de estaca recomendaram outros palestrantes, e Mary encontrou jovens adultos para servir como conselheiros. Alguns eram ex-missionários, outros estavam se preparando para a missão e outros não tinham planos de servir missão. Mary organizou cursos de treinamento para todos.

O comitê esperava que o EFY pudesse acolher todos os jovens da região de Brisbane, não apenas os santos dos últimos dias. Ao contrário do programa nos Estados Unidos, que tem um custo de centenas de dólares para participar, o EFY australiano seria subsidiado pelas estacas locais para que as pessoas pudessem participar a um custo baixo. E, embora se esperasse que todos os participantes respeitassem as normas da Igreja na conferência, o comitê incentivou as estacas a convidarem jovens que não fossem membros.

Em abril de 1999, Mary e seu comitê promoveram o primeiro evento Especialmente para Jovens fora da América do Norte, em uma sede de estaca em Brisbane. Compareceram cerca de mil adolescentes da cidade e dos arredores. Quando Brad e Matt ficaram na frente da multidão, a primeira coisa que fizeram foi aplaudi-los. Os jovens ficaram um pouco surpresos, mas se juntaram a eles com entusiasmo. Imediatamente, ficou claro que o EFY não era uma conferência típica da Igreja.

Nos dias seguintes, os jovens aprenderam com os palestrantes, cantaram hinos, participaram de danças e shows de talentos e compartilharam seu testemunho. Enquanto isso, os fotógrafos tiravam fotos para fazer uma apresentação de slides no último dia.

Mary estava emocionada ao ver como os jovens e seus conselheiros gostaram do EFY. Parecia que todos que haviam participado do evento voltaram para casa com uma fé mais forte em Jesus Cristo. Os conselheiros que não planejavam servir como missionários mudaram de ideia e enviaram sua recomendação para a missão. Alguns jovens que não eram membros da Igreja na época do evento se reuniram com os missionários e aceitaram o batismo. E os jovens conselheiros adultos solteiros voltaram, cada qual para sua ala, querendo servir nas Moças e nos Rapazes.

O programa Especialmente para Jovens teve um resultado incrível em Brisbane; e Mary e o comitê estavam prontos para fazer tudo de novo.


Enquanto isso, nas Ilhas Fiji, no Pacífico, Juliet Toro e seu marido, Iliesa, nunca tinham se interessado muito pela Igreja. Isso mudou quando a mãe de Juliet, membro da Igreja, incentivou os filhos mais velhos do casal a começarem a frequentar as reuniões dominicais e as aulas do seminário durante a semana. Juliet decidiu que estava na hora de convidar os missionários para que a ensinassem. E, quando isso aconteceu, ela gostou do que ouviu.

Os filhos do casal Toro se filiaram à Igreja em março de 1999, e Juliet juntou-se a eles duas semanas depois. No entanto, Iliesa continuou a demonstrar pouco interesse. Temendo que seu marido fosse o único da família a não aceitar o evangelho restaurado de Jesus Cristo, Juliet começou a orar fervorosamente para que ele também se filiasse à Igreja.

Na época do batismo de Juliet, a Igreja em Fiji tinha quatro estacas e cerca de 12 mil membros. Os santos de Fiji estavam aguardando ansiosamente a construção de um templo em Suva, a capital do país, onde Juliet e sua família moravam. Após a chegada da Igreja em Fiji, em meados da década de 1950, geralmente era necessário que os membros fizessem imensos sacrifícios financeiros para frequentar a Casa do Senhor no Havaí ou na Nova Zelândia. O fardo foi reduzido em 1983, quando a Igreja dedicou templos em Samoa, em Tonga e no Taiti. Mesmo assim, viajar para o Templo de Nuku’alofa Tonga, o mais próximo dos três, continuava custando caro.

Quando o presidente Gordon B. Hinckley anunciou as Ilhas Fiji como local de um dos 30 novos templos, os santos fijianos se regozijaram. A existência de uma Casa do Senhor em Suva permitiria que eles e os santos das nações insulares de Vanuatu, Nova Caledônia, Kiribati, Nauru e Tuvalu frequentassem o templo com mais regularidade e com muito menos despesas de viagem.

A construção do templo começou em maio de 1999, dois meses após o batismo de Juliet. Naquela época, ela soube que a Universidade Brigham Young estava testando um programa de ensino à distância no Fiji LDS Technical College, uma escola secundária de propriedade da Igreja em Suva.O slogan da BYU era “O mundo é nosso campus”, e os administradores da escola estavam procurando maneiras acessíveis de oferecer oportunidades de educação a mais membros da Igreja em todo o mundo. Usando a internet, os professores em Provo podiam se comunicar com os alunos em Fiji quase instantaneamente.

Com o programa, os formandos do ensino médio puderam se inscrever em várias aulas de nível universitário. Alguns facilitadores estudantis experientes da BYU ministrariam as aulas pessoalmente, enquanto os professores da BYU que criaram os cursos forneceriam suporte on-line a 9.700 quilômetros de distância. Mediante o pagamento de uma pequena taxa de inscrição, os alunos poderiam ganhar créditos para obter um diploma universitário.

Juliet se interessou pelo programa. Ela e Iliesa eram estudantes universitários quando se conheceram, mas deixaram a escola para trabalhar e, com o tempo, constituíram uma família. Juliet criava os filhos em casa há mais de dez anos. Ela queria continuar os estudos, então conversou com Iliesa sobre isso. Ele concordou que ela deveria se matricular.

No primeiro dia de aula, Juliet e os outros alunos se apresentaram. Muitos eram jovens membros da Igreja que haviam acabado de sair da escola secundária ou retornado recentemente de uma missão de tempo integral. Apenas alguns alunos tinham 30 e poucos anos, como Juliet.

Quando as aulas começaram, Juliet estava preocupada que já fosse velha demais para voltar a estudar. As aulas tinham como foco principal o desenvolvimento de habilidades práticas de negócios. Durante os dois primeiros semestres, ela e seus 55 colegas de classe teriam aulas de contabilidade, administração de empresas, economia, inglês, comportamento organizacional e Doutrina e Convênios. Juliet achava que não sabia tanto quanto os alunos mais jovens e ficava nervosa imaginando que alguém poderia descobrir que ela sabia muito pouco. A última coisa que ela queria era passar vergonha na aula.

Em uma noite de quinta-feira, pouco depois do início das aulas, James Jacob, o diretor do programa, disse a Juliet que ela precisava participar de uma reunião naquela noite em um prédio da Igreja nas proximidades.

Ela seguiu James até o prédio, um pouco confusa. Quando chegaram lá, ela encontrou metade de sua ala esperando por ela na capela. Ela então viu Iliesa, que estava trajando roupas brancas de batismo. Ele estava recebendo as lições missionárias em segredo. E agora ele estava pronto para se juntar a ela e a seus filhos na Igreja.

Lágrimas de alegria transbordavam dos olhos de Juliet. Ela sabia que Deus tinha ouvido suas orações. Sua família estava finalmente unida na fé. E ela esperava que, um dia, eles fossem selados na Casa do Senhor.


Quando a Igreja iniciou a construção rápida de templos, os líderes autorizaram o Departamento de História da Família a criar um banco de dados de história da família on-line que pudesse ser pesquisado. O departamento contratou uma empresa de tecnologia para desenvolver uma interface e uma plataforma on-line, e a equipe de história da família preparou os dados para o novo site. Em setembro, a empresa de tecnologia já havia criado um protótipo funcional, dando a Rick Turley e sua equipe a esperança de que poderiam ter o banco de dados pronto para testes em questão de meses.

Nesse meio tempo, a equipe pensou em nomes como Ancestors, RootSearch e KindredQuest para o banco de dados. Finalmente, o Departamento de História da Família optou por um nome que já estava usando para sua compilação de bancos de dados distribuídos em CD-ROM: FamilySearch.

Como previsto, o banco de dados estava pronto para testes no início de 1999. O novo site fornecia acesso aos registros de 400 milhões de pessoas falecidas e permitia que os usuários compartilhassem informações com outras pessoas. Ninguém tinha certeza de como os membros da Igreja se adaptariam ao uso de um banco de dados on-line para seu trabalho de história da família. Mas a equipe desenvolveu o site para atender a 5 milhões de visitantes simultaneamente.

Durante o teste, o endereço do site acabou vazando, e o site FamilySearch.org teve mais de 3 milhões de acessos. Poucos dias depois, tinha 11 milhões. Rick e sua equipe ficaram impressionados e aumentaram a capacidade do site para garantir que estivesse pronto para uso público na data de lançamento.

Em maio, Rick viajou para Washington, D.C., para um dos dois eventos de lançamento simultâneos. Enquanto o élder D. Todd Christofferson, da presidência dos setenta, conduzia o evento na Biblioteca de História da Família em Salt Lake City, Rick e o élder Russell M. Nelson conduziam um evento no National Press Club em Washington. Rick estava satisfeito com a atenção que o site já estava recebendo. Na manhã do lançamento, ele estava recebendo cerca de 30 milhões de acessos por dia, tudo isso sem ter sido divulgado. Pessoas de todos os continentes, até mesmo da Antártica, visitavam o site.

“Obrigado por disponibilizar tudo isso na internet!”, escreveu um usuário. “Foi uma grande economia de tempo para mim. Posso trabalhar em casa e ainda preparar o jantar e lavar a roupa, tudo ao mesmo tempo!”

“Não tenho palavras para expressar minha gratidão pelo site”, escreveu outro. “Começo aqui, enquanto ainda estou em casa, e assim economizo muito tempo no centro de história da família.”

No dia seguinte, Rick representou a Igreja no Today show, um programa matinal de televisão muito popular nos Estados Unidos. Ele ocupou a cadeira de diretor em frente às câmeras com a apresentadora Katie Couric. Entre eles havia um computador mostrando o novo site do FamilySearch.

“Descobrir mais sobre as raízes de nossa família está se tornando um hobby muito popular”, disse Katie ao apresentar Rick ao público. “Agora, a maior coletânea de registros genealógicos do mundo está on-line.”

A primeira pergunta de Katie foi sobre a Igreja. “Por que os mórmons têm registros genealógicos tão abrangentes?”, perguntou ela.

“Cremos que as famílias podem ser eternas”, disse Rick. “Assim, para que nossos membros possam fazer pesquisas, coletamos registros de todo o mundo.”

Usando o nome de um de seus antepassados e de um antepassado de Katie, ele mostrou ao público da televisão como acessar os bancos de dados do site e encontrar informações sobre seus antepassados. Katie ficou impressionada com a facilidade oferecida pelo site para as pessoas fazerem o trabalho de história da família.

“Você tem que pagar para usar?”, perguntou ela.

“Não há nenhuma cobrança”, disse Rick.

Em poucos dias, o FamilySearch.org ficou sobrecarregado com cerca de 100 milhões de acessos. O site teve um início memorável.

Capítulo 31

Caminhos misteriosos

dois homens ajoelhados em oração em um terreno vazio

Em 26 de outubro de 1999, Georges A. Bonnet estava esperando que o presidente Gordon B. Hinckley se levantasse. Uma reunião sobre verbas orçamentárias com a Primeira Presidência, o Bispado Presidente e várias autoridades gerais e administradores da Igreja havia acabado de terminar no edifício administrativo da Igreja em Salt Lake City. Georges não costumava participar da reunião — ele estava lá no lugar do diretor administrativo do Departamento de Propriedades —, mas ele sabia que a reunião só terminaria de fato quando o presidente Hinckley ficasse de pé e se dirigisse para a porta.

E, aparentemente, o profeta não ia a lugar nenhum. Em vez disso, ele olhou diretamente para Georges e perguntou: “O que vamos fazer em relação ao Templo de Gana?” Seu olhar demonstrava que ele estava ansioso por uma resposta.

Georges não sabia o que dizer. A pergunta o pegou completamente de surpresa. Há aproximadamente 10 anos, quando servia como diretor de assuntos temporais na África, ele ajudou a colocar um fim no congelamento de todas as atividades da Igreja pelo governo de Gana ao incentivar Isaac Addy, membro da Igreja em Acra, a se reconciliar com seu meio-irmão afastado, o presidente ganense Jerry Rawlings.

Georges havia conquistado o respeito dos líderes da Igreja por seu trabalho em Gana. Mas naquele momento ele tinha um novo trabalho na Igreja, que não estava relacionado à África. A única coisa que ele sabia sobre o Templo de Gana era que o presidente Hinckley o anunciara em fevereiro de 1998.

“Sinto muito”, disse Georges finalmente, “mas não estou envolvido nesse projeto”.

O presidente Hinckley permaneceu sentado, com a mesma expressão no olhar. Ele disse a Georges que não havia progresso no templo. No início, o governo de Gana parecia favorável ao projeto, e a Igreja havia comprado uma propriedade em uma das principais vias de Acra. No entanto, um pouco antes do início das obras planejado para abril de 1999, o governo se recusou a emitir uma licença de construção para a Igreja. Ninguém sabia o motivo.

Após a reunião, Georges voltou para o edifício do escritório da Igreja com o bispo presidente H. David Burton e seu segundo conselheiro, Keith B. McMullin. Eles estavam ansiosos para saber o que Georges achava que a Igreja precisava fazer a fim de obter a permissão para a construção do templo em Acra.

“Você se importaria em ir a Gana?”, perguntou um deles.

“De forma alguma”, disse Georges. “Fico feliz em ajudar.”

Algumas semanas depois, Georges chegou a Gana e constatou que a Igreja estava prosperando lá. Na época do congelamento, havia quase 9 mil membros da Igreja e nenhuma estaca em Gana. Agora, dez anos depois, o país tinha cinco estacas com mais de 17 mil membros. E esses membros estavam orando fervorosamente para que houvesse progresso na Casa do Senhor. Quando o presidente Hinckley visitou Gana em 1998, os santos se levantaram e aplaudiram quando ele anunciou o templo. Ninguém poderia imaginar que haveria atrasos.

Em Acra, Georges se reuniu com o arquiteto do templo, advogados da Igreja e funcionários do governo. Ele também se reuniu com o élder Glenn L. Pace, presidente da Área África Ocidental, que ficou grato pela ajuda de Georges. Georges percebeu que o élder Pace estava profundamente frustrado com a situação. Mas ele ainda tinha esperança. Pouco tempo antes, os santos da África Ocidental haviam realizado um jejum especial pelo templo, e o élder Pace acreditava que a mudança se aproximava.

Após uma semana de reuniões, Georges prolongou sua viagem por mais uma semana para avaliar o que havia descoberto. Segundo pessoas com quem ele conversou, os representantes da Igreja ofenderam involuntariamente a Assembleia Metropolitana de Acra, a organização governamental que aprovava projetos de construção na cidade. A AMA achava que os representantes haviam sido muito insistentes e arrogantes durante o processo de aprovação da licença. Também parecia haver certa resistência do presidente Rawlings, que não estava mais falando com seu irmão apesar da reconciliação entre os dois durante o congelamento.

Georges compartilhou tudo que descobriu com o élder Pace e, juntos, eles prepararam um relatório para o Bispado Presidente. Georges então voltou para Utah com o relatório em mãos, satisfeito por ter cumprido seu papel em Gana.


De volta a Fiji, Juliet Toro estava aproveitando o programa de ensino à distância da BYU. Suas aulas eram diferentes de tudo o que ela já havia feito. Quando era jovem, ela sempre tinha medo de fazer perguntas na escola, temendo que os professores zombassem dela por falar alguma coisa errada. Mas ela logo descobriu que os facilitadores da sala de aula encorajavam os alunos a fazerem perguntas e nunca deixavam que ela se sentisse uma tola. Ela também sentia o Espírito do Senhor na sala de aula, orientando seu aprendizado.

O primeiro período de Juliet foi extremamente desafiador. A disciplina mais difícil para ela era administração de empresas. Embora já estivesse familiarizada com alguns princípios básicos de negócios, Juliet muitas vezes ficava atordoada com os muitos termos e definições novos que aprendia nas aulas. No final do período, ela percebeu que tinha muita coisa para revisar antes do exame. Mas ela se saiu bem no teste e obteve a nota final mais alta da turma.

As aulas de religião e contabilidade representavam outros desafios. Como era membro da Igreja há pouco tempo, ela não estava familiarizada com Doutrina e Convênios, por isso recebeu ajuda de sua colega Sera Balenagasau, que era membro da Igreja há muito tempo e havia servido missão de tempo integral. Para a aula de contabilidade, ela recorreu a seu marido, Iliesa. Ele trabalhava em um banco até recentemente, por isso entendia bem do assunto e podia ajudá-la a resolver os problemas. No final do período, ela também obteve as melhores notas nessas disciplinas.

Como a casa de Juliet ficava do outro lado da rua da escola, acabou se tornando um local para os alunos se reunirem e estudarem. Seus colegas de turma muitas vezes ajudavam a preparar as refeições e a arrumar a casa. Juliet gostava da amizade deles e se alegrava com a disposição deles em servir a ela e à sua família. Observá-los era como ver o evangelho em ação.

O segundo período começou em 1º de setembro de 1999. Alguns alunos que não haviam se saído bem quiseram repetir os exames para melhorar suas notas, então foram criados cursos de revisão para eles. E, como Juliet havia se saído muito bem no primeiro período, ela foi contratada como facilitadora para os alunos de administração de empresas.

Durante os três meses seguintes, Juliet conciliou seus estudos com suas outras responsabilidades como facilitadora e mãe. Ela tratava os cinco jovens em seu curso de revisão de administração de empresas como se fossem seus filhos. Com o passar do tempo, ela percebeu que eles se sentiam mais à vontade com ela do que com os facilitadores da BYU. Eles falavam livremente em sala de aula e pareciam menos relutantes em fazer perguntas. No final do período, todos foram aprovados no exame.

Um dia, os diretores do programa ligaram para Juliet e lhe disseram que ela era a oradora da turma.

“O que é isso?”, perguntou ela.

Para sua surpresa, isso significava que ela tivera o melhor desempenho acadêmico de todos os seus colegas de classe naquele ano. Sua confiança aumentou. “Sim”, ela disse para si mesma. “Consigo fazer isso.”

Pouco tempo depois, o programa realizou uma cerimônia de formatura para os alunos e cerca de 400 familiares e amigos. Os formandos, usando becas e capelos azuis do Fiji LDS Technical College, receberam o reconhecimento por terem concluído o programa. Juliet e vários outros alunos também receberam certificados de introdução aos negócios da BYU–Havaí. Juliet fez o discurso de formatura.

Posteriormente, Iliesa expressou a gratidão dele e de Juliet em uma carta ao élder Henry B. Eyring, o comissário de educação da Igreja. “Minha esposa e eu sempre nos perguntamos se teríamos condições de continuar estudando”, escreveu ele. “É como se nossas orações mais íntimas tivessem sido atendidas. Os caminhos do Senhor são realmente misteriosos.”


Em 1º de janeiro de 2000, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos publicaram “O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”, uma declaração assinada por eles em homenagem ao Salvador dois milênios após Seu nascimento. “Encorajamos todos a utilizarem este testemunho por escrito para ajudar a edificar a fé dos filhos de nosso Pai Celestial”, aconselhou a Primeira Presidência.

A declaração prestou um testemunho coletivo da missão divina de Jesus ao longo do tempo e da eternidade. “Oferecemos nosso testemunho da realidade de Sua vida incomparável e o infinito poder de Seu grande sacrifício expiatório”, os apóstolos declararam. “Ninguém mais exerceu uma influência tão profunda sobre todos os que já viveram e ainda viverão sobre a face da Terra.”

Três meses depois, durante a Conferência Geral de Abril de 2000, a Igreja lançou “Testemunhas Especiais de Cristo”, um filme de uma hora que apresenta cada membro da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos prestando testemunho pessoal do Salvador.

O filme começava com o presidente Hinckley caminhando pelos corredores ensolarados do Centro de Jerusalém da BYU. “A imponente e antiga cidade de Jerusalém”, disse ele, parando em uma varanda, “ela é sempre uma inspiração para mim. E isso acontece porque este lugar guarda marcas do Filho de Deus”.

Em seguida, ele contou a história de Jesus, desde Seu nascimento em Belém até Sua Ressurreição do sepulcro. “Ninguém pode compreender plenamente o esplendor de Sua vida ou a majestade de Sua morte, Suas dádivas a toda a humanidade”, testificou o profeta. “Declaramos assim como o fez o centurião, por ocasião da morte de Cristo: ‘Verdadeiramente este era o Filho de Deus’.”

Depois dessa introdução, o filme mostrou o testemunho de um apóstolo após o outro. Cada sequência foi realizada em um local diferente. Alguns apóstolos falaram na frente de templos, enquanto outros falaram em locais históricos como Palmyra, Kirtland e Nauvoo.

Em pé, embaixo de um potente telescópio em um observatório, o élder Neal A. Maxwell testificou a respeito da influência universal do Salvador. “Muito antes de nascer em Belém e ficar conhecido como Jesus de Nazaré, nosso Salvador era Jeová”, ele testificou. “Já naquele estágio, sob a direção do Pai, Cristo era o Senhor do universo, que criou mundos incontáveis — o nosso é apenas um deles.”

“Mesmo assim, na vastidão de Suas criações”, continuou o élder Maxwell, “o Senhor do universo, que percebe a queda de cada pardal, é nosso Salvador pessoal”.

O élder Henry B. Eyring, o mais novo membro do Quórum dos Doze Apóstolos, falou nos degraus do lado leste do Templo de Salt Lake. “Os templos dedicados são lugares sagrados que o Salvador ressurreto pode visitar”, ele declarou. “Todas as partes desses prédios, e tudo o que acontece dentro deles, refletem o amor do Salvador por nós e nosso amor por Ele.”

Caminhando reverentemente pelos alicerces do antigo Templo de Nauvoo, o presidente James E. Faust prestou testemunho do Salvador e de Seu sacrifício. “Sei que, por meio da indescritível agonia da Expiação, homens e mulheres, caso se arrependam, podem ser perdoados de seus pecados”, disse ele. “Por causa do milagre da Ressurreição, todos ressuscitarão dentre os mortos. Sinto Seu amor e fico maravilhado com o preço que Ele pagou por cada um de nós.”

O filme encerrou com o testemunho final do presidente Hinckley, em frente à estátua Christus, na Praça do Templo, com seus companheiros apóstolos.

“É Ele, Jesus Cristo, Quem está à frente desta Igreja que leva Seu nome sagrado”, declarou o profeta. “Unidos como Seus apóstolos, autorizados e comissionados por Ele para tal, prestamos nosso testemunho de que Ele vive e que voltará para reivindicar Seu reino e governar como Rei dos reis e Senhor dos senhores.”


Em 19 de maio de 2000, seis meses depois da formatura de Juliet Toro, militantes armados forçaram a entrada no parlamento de Fiji e tomaram como reféns o primeiro-ministro do país e dezenas de outros funcionários do governo. A crise rapidamente se transformou em um amplo golpe de Estado. A violência e a anarquia tomaram conta do país durante vários dias.

Juliet chorava enquanto assistia às reportagens sobre o golpe na televisão. No início, todos ficaram confinados em casa. Os estabelecimentos comerciais e as escolas fecharam, e as igrejas interromperam suas atividades. Alguns dias depois, quando as restrições diminuíram, os dois filhos mais velhos de Juliet foram ao cinema com suas primas e um amigo da Igreja. Mas logo depois que eles saíram, a violência voltou a irromper em Suva, transformando a cidade em um caos. Juliet ficou desesperada quando soube das notícias. Três horas se passaram. Quando seus filhos finalmente chegaram em casa, ela os abraçou com força.

O golpe ocorreu após o término da construção do Templo de Suva Fiji, e os santos estavam se preparando para a visitação pública e a dedicação em junho. Naquele momento, muitos membros da Igreja se perguntavam se esses eventos seriam adiados até o fim da crise.

Em 29 de maio, o presidente de Fiji renunciou e os militares assumiram o controle do governo. Dois dias depois, o presidente Hinckley entrou em contato com Roy Bauer, presidente da Missão Suva Fiji, para perguntar sobre as condições locais. O presidente Bauer informou a ele que o país estava relativamente estável sob o comando dos militares apesar da situação atual dos reféns. O aeroporto de Suva havia sido reaberto e era possível viajar novamente pela cidade.

O presidente Hinckley ficou satisfeito. “Até o mês que vem”, disse ele.

Os santos em Fiji realizaram uma pequena visitação pública ao templo no início de junho, atraindo mais de 16 mil visitantes.

Em um sábado, três ônibus chegaram ao local com pessoas de outras religiões. Quando uma mulher desceu do ônibus, teve uma sensação maravilhosa que se intensificou à medida que ela se aproximava do templo. No passado, ela havia falado contra a Igreja. Agora ela se lamentava por suas palavras e orava pedindo perdão antes de entrar no templo.

“Agora sei que esta é a verdadeira igreja do Senhor”, disse ela a um dos santos que conheceu durante a visita. “Por favor, enviem os missionários.”

Por causa do golpe, a Primeira Presidência decidiu realizar apenas uma sessão dedicatória em vez de quatro, limitando o número de pessoas que poderiam participar da cerimônia. Mesmo assim, em 18 de junho, o dia da dedicação, Juliet e outros santos de Fiji ficaram do lado de fora do templo, na rua principal.

O templo estava situado no alto de uma colina com vista para o oceano Pacífico. Quando o carro que levava o presidente Hinckley e sua esposa, Marjorie, passou lentamente, os santos acenaram com lenços brancos no ar e gritaram hosana. O profeta sorriu e acenou de volta para eles. Sua presença elevou o ânimo de todos. O dia estava ensolarado, e Juliet conseguia sentir o entusiasmo e a emoção no ar.

Em seu discurso de dedicação, o presidente Hinckley falou sobre a importância dos novos templos modificados. Ele já havia dedicado mais de 20 templos ao redor do mundo. “Esta é a Casa do Senhor”, ele declarou em um púlpito, na sala celestial. “Você pode receber as abluções, as unções e as investiduras e entrar nesta sala, lindamente mobiliada, tendo passado pelo véu, simbolizando nossa passagem da vida para uma nova vida.”

“Aqui há duas salas de selamento com belos altares onde você pode se olhar nos espelhos e sentir a sensação de eternidade”, continuou ele. “Não há nada igual a isso em toda a face da Terra.”

O templo logo foi aberto para o trabalho de ordenanças. E, depois de se preparar para entrar na Casa do Senhor, a família Toro foi selada para esta vida e para toda a eternidade.


No dia 10 de agosto de 2000, Georges Bonnet estava se sentindo muito sozinho. Nove meses depois de sua viagem a Gana, ele estava retornando ao país — desta vez para servir como diretor de assuntos temporais da Igreja na Área África Oeste. Sua esposa, Carolyn, e seus três filhos logo se juntariam a ele em Acra. Mas, por enquanto, ele estava sozinho.

A construção do Templo de Acra estava paralisada, e os líderes da Igreja esperavam que Georges, com sua reputação devido à liderança esclarecida e sensível na África, pudesse ajudar a levar o projeto adiante. Percebendo a importância de sua designação, Georges estava ansioso para vencer os desafios que o aguardavam. Ele sondou sua alma e pensou em Jesus Cristo e em Seu sacrifício expiatório.

“Embora eu acredite firmemente no poder da Expiação para trazer paz à alma”, escreveu ele em seu diário, “há, sem dúvida, outros poderes e bênçãos da Expiação que ainda não vivenciei”.

Assim que chegou a Acra, Georges logo percebeu que conseguir a licença de construção para o templo era apenas um dos muitos assuntos sérios que exigiam sua atenção na Área África Oeste.

No início, ele estava confiante de que conseguiria lidar com a responsabilidade, que incluía outros grandes projetos de construção e um templo em Aba, na Nigéria. “Já trabalhei aqui antes”, dizia a si mesmo. “Consigo fazer isso.” E, quando sua família chegou, ele se sentiu menos sozinho.

Porém, um mês depois, ele já não se sentia mais tão seguro. As muitas responsabilidades que tinha deixaram pouco tempo para cuidar da licença de construção do Templo de Acra. Enquanto os santos de Gana se preparavam fielmente para entrar na Casa do Senhor, ninguém, dentro ou fora da Igreja, conseguia saber como dar fim ao impasse. A única coisa que as pessoas sabiam era que Jerry Rawlings, o presidente de Gana, estava por trás do atraso.

Com uma sensação de impotência, Georges orou. “Há problemas demais, complicações demais”, disse ele. “Como o Senhor quer que eu faça isso? Farei tudo o que o Senhor disser. Serei Seu instrumento, mas não consigo fazer tudo sozinho.”

Pouco tempo depois, Georges começou a colaborar com o gabinete da primeira-dama de Gana para organizar projetos de ajuda humanitária. Ele esperava que isso ajudasse a família Rawlings a conhecer melhor a Igreja e sua missão. Ele também começou a jejuar todos os domingos.

Em meados de novembro de 2000, Georges estava otimista. Cada vez mais, ele acreditava que Isaac Addy, irmão do presidente, era vital para resolver o impasse, assim como havia acontecido durante o congelamento. Mas ele ainda relutava em pedir a Isaac que procurasse o presidente em nome da Igreja.

Embora os irmãos tivessem se reconciliado durante o congelamento, a reconciliação durou pouco. Para Isaac, o irmão mais velho, era difícil pedir outro favor. No entanto, a esposa de Isaac, June, incentivou-o a confiar em Jesus Cristo para ajudá-lo a restabelecer o relacionamento com o irmão. Assim, apesar da dificuldade, Isaac assegurou a Georges que estava disposto a conversar com Jerry sobre o templo.

No dia 3 de dezembro, Isaac ligou para a casa da família Bonnet com boas notícias. Um assessor do presidente havia entrado em contato com ele para fazer perguntas sobre o templo, e o presidente estava disposto a apoiar o projeto se a Igreja pudesse fazer algumas pequenas modificações no layout do local. Era um domingo de jejum, e Georges e Isaac não haviam comido durante todo o dia. No entanto, em vez de quebrar o jejum naquela noite, eles foram juntos ao local do templo para avaliar se as solicitações do presidente eram razoáveis.

Enquanto percorriam o terreno, perceberam que poderiam atender às solicitações. “Isaac, o templo será aqui”, disse Georges. “Vamos pedir a intervenção do Pai Celestial.”

Ajoelhados, fizeram uma oração, pedindo ao Senhor que abençoasse seus esforços. Eles sentiram o Espírito de maneira poderosa e imediatamente ligaram para o assessor do presidente para dizer que estavam dispostos a negociar. Tanto Georges quanto Isaac tiveram uma boa impressão da conversa.

Dois dias depois, Isaac se reuniu em particular com seu irmão no Castelo de Osu, a residência presidencial de Gana. Pouco antes da reunião, Georges ligou para Isaac para lembrá-lo de dizer ao irmão que o amava. Georges então foi para casa, orou e ficou andando de um lado para o outro, à espera de notícias de Isaac. Como não recebeu nenhum telefonema, Georges foi até o local do templo para esperar. O telefone finalmente tocou meia hora depois.

“Acabou”, disse Isaac, com a voz exultante. Ele e Jerry conversaram sobre o templo por apenas dez minutos. Passaram o resto do tempo conversando e relembrando as histórias da família. No final da conversa, eles estavam sorrindo, dando risadas e chorando juntos. Jerry disse que a Igreja poderia começar a trabalhar no templo imediatamente.

Isaac perguntou se eles precisavam consultar o comitê de planejamento da cidade primeiro.

“Não se preocupe com isso”, disse o presidente. “Vou cuidar disso.”

Capítulo 32

Nossa força é nossa fé

parte externa do Centro de Conferências na Praça do Templo

Em 1º de outubro de 2000, o presidente Hinckley, então com 90 anos, dedicou o Templo de Boston Massachusetts, no leste dos Estados Unidos, e atingiu seu objetivo de ter cem templos em funcionamento até o final daquele ano. Dois meses depois, enquanto os cristãos de todo o mundo se preparavam para celebrar o nascimento do Salvador e o início de um novo milênio, ele dedicou mais dois templos, em Recife e Porto Alegre, no Brasil. Havia mais 19 templos em construção ou em fase de planejamento. Foi o desfecho perfeito de um ano marcado pela dedicação de mais templos do que qualquer outro ano na história da Igreja.

Durante sua vida, o presidente Hinckley testemunhou o crescimento da Igreja, de uma instituição com 400 mil membros, cuja grande maioria morava em Utah, para uma instituição com mais de 11 milhões de membros em 148 países. Em 1910, o ano do nascimento do profeta, a Igreja tinha apenas quatro templos, e a investidura estava disponível apenas em inglês. Naquele momento, os templos da Igreja podiam ser encontrados em todo o mundo, e a investidura estava disponível em dezenas de idiomas. A mudança inspirada no design do templo ajudou a tornar isso possível.

Mas os templos não eram as únicas construções que o presidente Hinckley tinha em mente. Já havia algum tempo que ele manifestava sua preocupação por achar que o Tabernáculo de Salt Lake não era grande o suficiente para acomodar todos os que quisessem participar pessoalmente da conferência geral. Então, ele mandou construir um novo salão de reuniões com uma capacidade três vezes maior do que a do tabernáculo. O Centro de Conferências, construído ao norte da Praça do Templo e dedicado em outubro de 2000, é uma maravilha da engenharia e deixou o profeta encantado.

Sob a liderança do presidente Hinckley, a Igreja também continuou a adotar novas tecnologias. Pouco tempo depois de se tornar presidente da Igreja, ele aprovou a criação de um site para os usuários da internet consultarem as escrituras, o testemunho de Joseph Smith e os discursos da conferência geral. No final do ano 2000, o site www.lds.org incluía cópias digitais das escrituras, 30 anos de revistas da Igreja, “A Família: Proclamação ao Mundo” e “O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”.

Embora o presidente Hinckley tenha visto um grande potencial na internet como uma força para o bem, ele também observou o mal presente nela. A pornografia era um problema grave. “Não mexa nisso!”, ele implorou. “Fuja dela como se fosse uma praga, porque é igualmente mortal.” Ele também condenou o abuso físico e sexual e pediu aos líderes da Igreja que ajudassem a entregar os perpetradores à justiça.

O profeta ainda estava preocupado com o número de santos que se afastaram da Igreja. Sob sua direção, os missionários estavam dando maior ênfase à conversão antes do batismo, e os líderes da missão e da estaca estavam se reunindo em novos conselhos de coordenação para discutir como ministrar melhor aos membros novos. Embora o presidente Hinckley estivesse preocupado porque a frequência à reunião sacramental não estava aumentando, ele se sentiu encorajado pelos esforços de retenção dos santos em todo o mundo.

Na aurora do novo milênio, ele depositava esperança na nova geração. Era cada vez maior o número de pessoas que iam para missões e se casavam na Casa do Senhor. Ele também percebeu que eles eram mais instruídos do que as gerações anteriores.

Como presidente da Igreja, ele buscava novas maneiras de ajudar os jovens santos a obter a educação e o treinamento profissional de que precisavam. No início daquele ano, durante uma reunião da Junta Educacional da Igreja, ele sentiu o Espírito lhe dizer que o Ricks College, uma instituição com cursos de dois anos, deveria se tornar uma universidade com cursos de quatro anos que se chamaria BYU–Idaho. Tal mudança daria a muito mais jovens santos dos últimos dias a oportunidade de frequentar uma universidade da Igreja.

No dia seguinte, o presidente Hinckley apresentou a ideia aos apóstolos, que a aprovaram por unanimidade. Em seguida, ele se aconselhou com David A. Bednar, reitor do Ricks College, e eles decidiram que a nova universidade deveria se concentrar no ensino e no uso de aulas on-line para aumentar o número de alunos matriculados na escola.

O profeta não perdeu tempo e anunciou a mudança. “Ela se tornará uma grande instituição”, declarou ele.

Ultimamente, ele também pensava muito nas moças e nos rapazes das nações em desenvolvimento, especialmente nos ex-missionários. Diante da pobreza, do baixo nível educacional e da ausência de perspectivas de emprego, eles às vezes ficavam desanimados e se afastavam da Igreja. Por incentivo dele, o Bispado Presidente começou a desenvolver um novo programa para fornecer pequenos empréstimos aos santos do mundo todo a fim de ajudá-los a pagar uma escola profissionalizante ou uma universidade. À semelhança do Fundo Perpétuo de Emigração, o programa da Igreja para ajudar milhares de santos europeus a se reunirem em Utah nos anos 1800, o presidente Hinckley planejou chamá-lo de Fundo Perpétuo de Educação.

“Sinto que esse programa é inspirado e pode abençoar a vida de muitos rapazes e moças”, escreveu ele. “Suas perspectivas podem ser ampliadas e suas ambições estimuladas.”

Em novembro, o presidente Hinckley realizou um devocional com transmissão especial para os jovens da Igreja. Para ajudá-los a se tornarem discípulos melhores de Jesus Cristo, ele os convidou a aprenderem e praticarem seis princípios básicos:

  1. Seja grato.

  2. Seja inteligente.

  3. Seja puro.

  4. Seja fiel.

  5. Seja humilde.

  6. Ore sempre.

Cerca de um mês depois, perto do fim do ano, ele refletiu sobre sua vida e a bondade de Deus. Embora o corpo do profeta estivesse cansado, seu espírito brilhava com paz e contentamento. “Meu sentimento é de profunda gratidão a meu Pai Celestial e a Seu Filho Amado”, registrou em seu diário, em 31 de dezembro de 2000. “Agora estamos ansiosos pelo novo ano.”


Dois meses depois, em 26 de fevereiro de 2001, Darius Gray e Marie Taylor estavam sentados em um auditório lotado na Biblioteca de História da Família, em Salt Lake City. Lá na frente, o apóstolo Henry B. Eyring estava falando para mais de cem repórteres e convidados especiais sobre o projeto do Banco Freedman.

Após 11 anos de trabalho, Darius, Marie e mais de 550 voluntários da Prisão Estadual de Utah terminaram de extrair as informações sobre todos os 484.083 afro-americanos citados nos registros. Recentemente, a Igreja havia começado a fornecer apoio técnico e financeiro ao projeto, e as informações agora podiam ser pesquisadas e estavam disponíveis para os pesquisadores em CD-ROM e em qualquer um dos centros de história da família da Igreja.

“Para os afro-americanos, os registros do Banco Freedman representam o maior repositório de documentos ligados à sua linhagem de que se tem conhecimento”, anunciou o élder Eyring. “Em um futuro próximo, esperamos também disponibilizar o banco de dados gratuitamente no site de genealogia da Igreja, FamilySearch.org.”

Nos dias que antecederam o anúncio, Darius havia se reunido com líderes do Departamento de História da Família para planejar o lançamento do banco de dados. “Vamos fazer isso”, pensou ele. “Vai acontecer.”

O destino do projeto não tinha sido sempre claro. No início, conseguir nomes para o trabalho no templo havia se tornado o aspecto motivador do projeto. No entanto, em meados da década de 1990, a Igreja começou a aconselhar ativamente as pessoas a não enviarem nomes de pessoas sem parentesco para o templo. A mudança foi uma medida importante e necessária para respeitar as famílias dos falecidos, mas causou a paralisação do projeto. Como resultado, Darius e Marie passaram a se concentrar na criação de uma ferramenta de pesquisa para ajudar os afro-americanos a encontrar seus antepassados.

Os detentos terminaram de extrair os nomes em outubro de 1999. Depois disso, eles verificaram cuidadosamente suas transcrições e, apesar de um confinamento de três semanas na prisão, concluíram o trabalho em meados de julho de 2000.

Um detento que ajudou a coordenar o projeto ficou emocionado quando eles terminaram. Ele não esperava que o trabalho o afetasse tanto. Ele havia lido registros desoladores de pais e mães escravizados que foram levados para longe de sua família. Outros registros mencionavam pessoas que haviam sido mortas a tiros. Um registro que ele encontrou falava de um bebê escravizado sem nome que havia sido trocado por equipamentos agrícolas.

Muitos detentos tiveram experiências semelhantes que mudaram a vida deles. Em uma ocasião, o coordenador se aproximou de um voluntário que chorava. “Não dá para acreditar no tratamento dado a essas pessoas”, disse o preso. O coordenador colocou a mão no ombro do voluntário e percebeu que o homem tinha uma tatuagem com as iniciais de um grupo de supremacia branca.

Agora que os dados haviam sido extraídos, Darius e Marie precisavam encontrar uma maneira de torná-los amplamente disponíveis para os pesquisadores, uma tarefa para a qual não tinham recursos. Um site popular de genealogia fez uma oferta para comprar os dados por dezenas de milhares de dólares, mas Darius e Marie recusaram, achando que seria errado lucrar com o trabalho dos detentos. Em vez disso, eles doaram tudo para a Igreja em troca de disponibilizá-los para qualquer pessoa que quisesse consultá-los.

No evento de lançamento do CD-ROM, que foi transmitido para Washington, D.C., e 11 outras cidades dos Estados Unidos, Darius e Marie falaram sobre o projeto. Darius reconheceu que os registros contavam muitas histórias dolorosas e perturbadoras. “Acho que muitas vezes temos medo de falar sobre questões raciais”, disse ele aos repórteres, “mas a questão racial é uma realidade. Devemos compartilhar a história juntos”.

Ele acreditava que a família era o coração do projeto. “Isso nos mostra como a família era importante”, disse ele. “Mesmo no ambiente hostil da escravidão, as pessoas se esforçavam para manter contato. Elas se esforçaram, mantiveram o contato umas com as outras.”

Marie concordou. “Quando descobri os registros do Banco Freedman”, disse ela, “imaginei os afro-americanos quebrando as correntes da escravidão e forjando os elos das famílias”. Ela esperava que os registros continuassem a reunir as famílias.

“É isso que importa”, disse ela.


Quando Felicindo Contreras foi chamado para servir como bispo em Santiago, no Chile, sua esposa, Veronica, foi dispensada do cargo de presidente da Sociedade de Socorro da ala. Mas ela logo recebeu um novo chamado: professora do seminário e do instituto da estaca.

Por muitos anos, os institutos de religião da Igreja geralmente funcionavam perto dos campi universitários nos Estados Unidos. Mas, no início da década de 1970, os líderes do Sistema Educacional da Igreja começaram a adaptar o instituto para operar em estacas de todo o mundo. A mudança permitiu que todos os jovens adultos da Igreja, e não apenas os universitários, se beneficiassem do programa. Os administradores regionais do SEI supervisionavam as aulas, e as estacas disponibilizavam os professores.

No Chile, a educação religiosa durante a semana funcionou por algum tempo em mais de uma dezena de escolas primárias e secundárias administradas pela Igreja. Mas custava caro para a Igreja manter escolas em todos os países onde havia membros, e a política da Igreja determinava que, assim que os santos tivessem acesso a escolas seculares adequadas, as escolas da Igreja seriam fechadas. Em 1981, a Igreja fechou sua última escola no Chile e passou a contar apenas com o seminário e o instituto para fornecer educação religiosa aos santos.

Alguns estudos mostravam que os alunos do instituto tinham muito mais probabilidade de permanecer ativos na Igreja do que aqueles que não frequentavam. No entanto, no Chile, apenas um em cada cinco jovens adultos santos ativos estava inscrito. Na época do chamado de Veronica, apenas três ou quatro alunos da estaca frequentavam regularmente o instituto.

Veronica acreditava que as aulas do instituto desempenhavam um papel fundamental para ajudar os jovens a se aproximarem de Deus. Ela começou a falar do instituto para todos os jovens adultos — e pais de jovens adultos — que encontrava na igreja. Ela também visitou os bispos de cada ala, pedindo que eles convidassem os jovens a participar das aulas. Muitos bispos a apoiaram, principalmente depois que ela falou de suas convicções sobre a importância do instituto. Em pouco tempo, mais de 50 alunos já faziam parte do instituto.

Como muitos alunos vinham direto do trabalho ou da escola, muitas vezes não tinham tempo para fazer uma refeição antes do início da aula. Preocupada com a possibilidade de não conseguirem se concentrar nas aulas se estivessem com fome, Veronica se certificava de que os alunos tivessem algo para comer quando chegavam. Em geral, ela providenciava uma fatia de bolo ou um pequeno lanche para eles. Em outras ocasiões, ela preparava algo mais substancial, como um churrasco ou alguma outra refeição. Mas ela nunca dizia aos alunos qual a comida que havia preparado, na esperança de que o mistério os incentivasse a ir à aula.

No início do ano, ela perguntava aos alunos o que eles queriam aprender. Com base nos comentários deles, ela dava aulas sobre as obras-padrão, preparação para o templo e para a missão e sobre o casamento eterno.

Usando os manuais do instituto como ponto de partida, Veronica preparava as aulas em espírito de oração, buscando maneiras de abordar as dificuldades cotidianas dos alunos. Ela gostava de analisar as escrituras versículo por versículo para incentivar os alunos a refletirem profundamente sobre a vida e os ensinamentos das pessoas e dos profetas que estudavam. Ela também encorajava os jovens a fazerem perguntas.

“Se eu não souber a resposta para alguma pergunta ou dúvida que você tenha”, ela dizia, “vou pesquisar e dou a resposta depois, ou então vamos pesquisar juntos”.

À medida que a turma do instituto crescia, os alunos acabaram se tornando um grupo muito unido. Eles gostavam de passar tempo com ela e em companhia uns dos outros. Às vezes, quando estavam lidando com problemas pessoais, os alunos a procuravam para pedir conselhos. Ela sempre os incentivava a resolverem seus problemas com as pessoas certas.

“Veja bem”, ela lhes dizia, “você deve falar com seu bispo ou com seu pai ou sua mãe, porque, se há um problema em casa, você deve resolvê-lo em casa. E, se não tiver solução, vá conversar com seu bispo. É o melhor a fazer”.

Verônica percebia que seus alunos enfrentavam desafios. Naquela época, a economia do Chile estava em crise, e muitos jovens se perguntavam como poderiam arcar com os custos de frequentar a escola, de um casamento e de manter uma família. Um cartaz na parede da sala de Veronica dizia “Fé a cada passo”, e ela acreditava que agir com fé e aplicar os ensinamentos de Jesus Cristo na vida cotidiana produziria bons resultados.

“Sempre teremos pedras no caminho”, dizia ela aos alunos. “Mas sempre vamos ter a mão do Senhor para nos ajudar.”


Em maio de 2001, Seb Sollesta deixou sua casa na cidade de Iloilo, nas Filipinas, para viver e trabalhar nos Estados Unidos — um sonho que ele tinha desde a faculdade. Ele tinha amigos e parentes das Filipinas que já haviam se mudado para os EUA e tinham uma vida feliz e bem-sucedida. “Quem sabe eu também consiga realizar esse sonho”, ele pensava.

Sua esposa, Maridan, não gostava da ideia de ele sair de casa para se mudar para o outro lado do mundo. “Seu sonho é só seu”, ela lhe dissera. “Não é meu sonho.” Eles tinham três filhos adolescentes para criar, tinham que administrar uma empresa farmacêutica e cumprir os chamados da Igreja. Ela não entendia por que ele queria ir embora.

“Você precisa pensar nisso com muita sabedoria”, ela o aconselhara. “Como marido e esposa, precisamos viver sob o mesmo teto em uma única casa.”

No entanto, sem querer atrapalhar o sonho de Seb, Maridan acabou concordando com a mudança. Ambos sabiam que muitos casais filipinos viviam separados, ou seja, um dos cônjuges ficava nas Filipinas enquanto o outro trabalhava no exterior. Por que eles não poderiam fazer a mesma coisa?

Nos Estados Unidos, Seb foi morar com seu tio em Long Beach, na Califórnia, uma cidade na costa oeste do país. Ele encontrou um emprego no turno da noite em um hospital próximo. O horário noturno era difícil e o trabalho era desafiador, mas pagava bem e Seb gostava do trabalho.

Nos fins de semana, ele frequentava a ala local e depois visitava parentes com seu tio. Ele gostava de fazer novos amigos e de conviver com seus familiares. Mas ele também se sentia sozinho e sentia falta de sua esposa e seus filhos. Ele e Maridan tentavam se falar por telefone todos os dias, mas isso custava caro. A fim de fazer uma ligação de longa distância para as Filipinas, ele tinha que usar cartões telefônicos que custavam dez dólares por hora.

Depois de trabalhar cinco meses na Califórnia, Seb começou a pensar seriamente em voltar para as Filipinas. Seu visto expiraria em breve e, se ele quisesse continuar trabalhando nos Estados Unidos, precisaria prorrogá-lo. Durante algum tempo, ele havia pensado em trazer Maridan e os filhos para morar com ele, talvez definitivamente, quando tivesse dinheiro suficiente. Mas Maridan não estava interessada em morar nos Estados Unidos, e ele não queria ficar lá sem sua família.

Na manhã de 11 de setembro de 2001, grupos extremistas violentos sequestraram três aviões comerciais no leste dos Estados Unidos e os colidiram contra prédios na cidade de Nova York e na área de Washington, D.C. Um quarto avião caiu em um campo depois que os passageiros enfrentaram os sequestradores. Os ataques mataram quase 3 mil pessoas e provocaram indignação e medo generalizados. Enquanto as pessoas em todo o mundo se lamentavam, os Estados Unidos e seus aliados prometeram uma “guerra ao terror” contra o grupo militante por trás dos ataques.

Enquanto Seb assistia à cobertura da tragédia no noticiário da televisão, começou a não se sentir mais seguro no lugar onde estava. Ele queria ficar com sua esposa e seus filhos. Seus filhos estavam em uma idade vulnerável. Eles precisavam de alguém para guiá-los e fortalecê-los enquanto cresciam. Ele precisava ficar em casa com eles e com a mãe deles.

Alguns dias depois dos atentados, Seb pegou um voo para as Filipinas. Ele estava voltando antes do previsto, mas não se arrependia. A verdadeira felicidade, ele agora percebia, não vinha do sucesso no mundo. Vinha da família.


Quase um mês depois dos ataques de 11 de setembro, o presidente Hinckley falou aos santos na conferência geral sobre o conflito crescente. “Vivemos em uma época em que homens cruéis fazem coisas terríveis e desprezíveis”, ele declarou. “Nossa força é a fé que temos no Todo-Poderoso. Nenhuma causa sob os céus pode interromper o progresso da obra de Deus. A adversidade pode nos mostrar seu rosto vil. O mundo pode ser assolado por guerras e rumores de guerra, mas, ainda assim, esta causa seguirá em frente.”

“E, ao prosseguirmos”, ele continuou, “que abençoemos a humanidade estendendo a mão para todos, erguendo os que estão abatidos e oprimidos, vestindo e alimentando o necessitado e o faminto, expressando amor e companheirismo para aqueles a nossa volta que porventura não façam parte desta Igreja.”

Alguns meses depois, Salt Lake City sediou os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, um evento que o presidente Hinckley esperava havia vários anos. Apesar dos recentes ataques terroristas, os jogos trouxeram um número sem precedentes de visitantes internacionais para Utah, incluindo milhares de jornalistas ansiosos para fazer perguntas sobre a cultura e o patrimônio religioso da cidade. O presidente Hinckley estabeleceu um precedente para o apoio comunitário da Igreja ao anunciar publicamente que os missionários não pregariam para os turistas das Olimpíadas. Mesmo assim, a Igreja tomou medidas para ajudar os repórteres e outros visitantes a conhecerem os santos.

Em outubro de 2001, os líderes da Igreja lançaram um novo site criado com o objetivo de responder a perguntas básicas sobre as crenças e práticas da Igreja. Durante os jogos, a Igreja também montou um centro de mídia no Edifício Memorial Joseph Smith para os jornalistas. Qualquer pessoa que tivesse interesse em conhecer a Igreja e seus ensinamentos poderia assistir ao espetáculo Luz do Mundo, uma apresentação centralizada em Cristo que narrava a história da Igreja e a mensagem do evangelho restaurado, realizada quatro dias por semana no Centro de Conferências.

Após os eventos de 11 de setembro, a segurança passou a ser uma grande preocupação nos jogos. Foram adotadas rigorosas medidas de segurança para proteger cada local das Olimpíadas, mas os organizadores se esforçaram para preservar o espírito comunitário de uma cidade-sede das Olimpíadas. Para ajudar os jogos a transcorrer sem problemas, a Igreja forneceu recursos ao Comitê Olímpico de Salt Lake, estacionamentos para o público e uma série de serviços. O Coro do Tabernáculo se apresentou diante de um público de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo durante as cerimônias de abertura. E muitos santos, inclusive ex-missionários, que serviram como tradutores, contribuíram oferecendo seu tempo como voluntários.

Depois que os jogos terminaram, o profeta refletiu sobre a experiência em seu diário. “A Igreja foi grandemente abençoada por essas olimpíadas”, escreveu ele. “Não fizemos proselitismo diretamente, mas fizemos amigos e admiradores em todo o mundo. Pessoas que praticamente nunca tinham ouvido falar de nossa Igreja agora nos conhecem um pouco.”

Ele pensou nos muitos dignitários, chefes de estado e líderes empresariais que vieram à cidade para os jogos. Essas pessoas o lembraram de uma profecia de Brigham Young, que disse que Salt Lake City se tornaria uma “grande estrada das nações”, um lugar que seria visitado por reis e imperadores.

“A profecia foi cumprida pelo que observamos nas duas últimas semanas”, escreveu o presidente Hinckley. “Agora vamos retomar nossa vida normal e voltar ao trabalho.”

Capítulo 33

Que igreja é essa?

homem sentado em um carro lendo a proclamação da família

Os santos do nordeste do México se regozijaram em 28 de abril de 2002, quando o presidente Hinckley dedicou uma Casa do Senhor em Monterrey, no estado de Nuevo León, México. Era o 110º templo em funcionamento da Igreja — e o 11º templo dedicado no México em três anos. Como o presidente Hinckley previra, os 58 templos dedicados depois que a Igreja começou a usar o novo projeto de construção de templos em 1998 espalharam bênçãos e milagres por toda parte. Os santos que antes viajavam vários dias para ir ao templo conseguiam chegar lá em questão de horas ou até minutos.

Alguns dos primeiros santos a se beneficiarem com a expansão da construção de templos estavam nas colônias mexicanas da Igreja, cujo isolamento havia inspirado o novo projeto do templo. Inaugurado em março de 1999, o Templo de Colonia Juárez Chihuahua tinha cerca de 630 metros quadrados — o menor da Igreja —, mas rapidamente se tornou um referencial na comunidade.

Bertha Chavez, que frequentava a Igreja em Nuevo Casas Grandes, nas proximidades, ficou encantada quando um conselheiro da presidência do templo a convidou para ser oficiante de ordenanças no novo templo. O sonho de Bertha era servir na Casa do Senhor desde que recebeu sua investidura no Templo de Mesa Arizona em 1987. Agora seu sonho tinha se tornado realidade.

“Foi uma grande e linda surpresa”, lembrou ela. “Comecei a pular de alegria, chorando de gratidão ao Senhor por me dar essa tremenda oportunidade de servir em Sua casa.”

Do outro lado do Atlântico, Marilena Kretly Pretel Busto viajou de sua casa em Portugal para o recém-dedicado Templo de Madri Espanha. No ano anterior, sua avó havia falecido aos 101 anos. Marilena estava ansiosa para receber as ordenanças em nome de sua avó.

Na Casa do Senhor, Marilena esperava sentir alguma coisa especial quando fosse batizada por sua avó, mas não sentiu nada. Ela também não sentiu nada durante as ordenanças de confirmação e investidura. No início, essa ausência de sensações deixou Marilena ansiosa. Porém, na hora em que se ajoelhou no altar da sala de selamento, pronta para que sua avó fosse selada a seus pais, ela estava feliz por ter feito o trabalho do templo.

Então o selador começou a falar, e Marilena sentiu como se um choque percorresse seu corpo. Ela não conseguia descrever exatamente o que sentia, mas tinha certeza de que sua avó estava muito feliz no mundo espiritual.

Enquanto isso, na Bolívia, grande parte dos 100 mil santos do país havia se preparado para frequentar o Templo de Cochabamba após a dedicação em abril de 2000. Como acreditava que famílias fortes preparavam os membros da Igreja para frequentar o templo, a presidente da Sociedade de Socorro de uma estaca em Cochabamba, María Mercau de Aquino, organizou uma reunião com o objetivo de fortalecer o casamento e dar às mulheres um entendimento maior de seu valor.

Na mesma estaca, Antonio e Gloria Ayaviri conseguiam ver como o novo templo estava fortalecendo sua família. “Criar nossos filhos é muito mais fácil agora que temos o evangelho e as bênçãos do templo em nossa vida”, testificou Antonio. “Em nosso lar, temos um pedaço do céu.”

A Casa do Senhor em Fukuoka, no Japão, também estava transformando vidas. Mais de 30 anos se passaram desde que Kazuhiko Yamashita, o presidente da Estaca Fukuoka, havia se filiado à Igreja logo depois de assistir ao filme O Homem em Busca da Felicidade na feira mundial em Osaka, Japão. A fé no plano de salvação continuava a orientá-lo. Ele e sua esposa, Tazuko, foram selados no Templo de Tóquio em 1980 e tinham seis filhos.

O Templo de Fukuoka era agora o coração da Igreja no sul do Japão. Durante a visitação pública, Kazuhiko ficou satisfeito ao ver que muitos santos haviam se entusiasmado e convidaram seus familiares e amigos para conhecer a Casa do Senhor. Inúmeros santos que haviam se afastado do rebanho também retornaram, com a fé reavivada pela inegável influência do templo. Durante a dedicação, sentado na sala celestial, Kazuhiko se sentiu perfeitamente em paz. Ele tinha uma forte sensação de que o Senhor estava lá e que amava os santos no Japão. Quando olhou para o presidente Hinckley, Kazuhiko viu que o profeta estava com lágrimas nos olhos.

O novo templo em Monterrey, no México, logo proporcionou bênçãos. Román e Norma Rodríguez se filiaram à Igreja depois de participarem da visitação pública do templo. Naquela época, eles estavam pensando em comemorar seus 15 anos de casamento e renovar os votos em uma cerimônia luxuosa. Mas alguma coisa nesse plano não estava dando certo, e Norma orou a Deus pedindo orientação.

No ano seguinte, ela e Román retornaram ao Templo Monterrey com seus três filhos. Eles não desejavam mais um casamento extravagante. Nas belas e eternas promessas do poder selador, eles descobriram a cerimônia de casamento que sempre quiseram.


Quando Anne Pingree foi chamada para ser segunda conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro em abril de 2002, ela estava preocupada com a alfabetização das mulheres santos dos últimos dias. De 1995 a 1998, ela e seu marido, George, foram líderes de missão na Missão Nigéria Port Harcourt. Muitas mulheres que ela conheceu naquela época não sabiam ler, por isso era difícil para elas servir na Igreja.

À medida que a Igreja crescia nas nações em desenvolvimento durante as décadas de 1970 e 1980, ensinar as pessoas a ler passou a fazer parte da missão. Em 1992, a presidente geral da Sociedade de Socorro, Elaine L. Jack, fez da alfabetização um dos principais objetivos de sua presidência. Isso levou à criação do Esforço de Alfabetização do Evangelho, com o objetivo de ensinar a ler e incentivar os membros da Igreja a estudarem as escrituras, instruírem a família e se aperfeiçoarem.

Anne havia servido na diretoria da presidente Jack antes de sua missão e, quando chegou à Nigéria, trabalhou com missionários e santos locais para promover a alfabetização no evangelho. A junta geral da Sociedade de Socorro e um artista de Utah também a ajudaram a criar alguns cartazes e cartilhas simples de treinamento para atender às mulheres da missão que tinham dificuldades de leitura. A utilização desse material possibilitou que ela visse um número cada vez maior de mulheres cumprindo seus chamados com confiança e entendimento.

Durante seu primeiro ano na presidência geral da Sociedade de Socorro, Anne foi designada para liderar os projetos de alfabetização da organização. Alguns estudos revelaram que as mulheres nos países em desenvolvimento tinham menos acesso à educação do que os homens, resultando em taxas de alfabetização mais baixas. As evidências também sugeriam que os santos tinham maior probabilidade de permanecer na Igreja e participar das reuniões regularmente quando sabiam ler. Além de Anne, Bonnie D. Parkin, presidente geral da Sociedade de Socorro, e Kathleen Hughes, primeira conselheira, acreditavam que ajudar as irmãs da Sociedade de Socorro a aprender a ler as capacitaria a servirem eficazmente na Igreja, fortaleceria a família, elas conseguiriam empregos melhores e ainda ganhariam um firme testemunho de Jesus Cristo.

Sob o comando da presidente Parkin, a junta da Sociedade de Socorro continuou a priorizar o Esforço de Alfabetização do Evangelho. Além disso, encorajaram os santos a usar o Tereis Minhas Palavras, um manual de alfabetização desenvolvido inicialmente pelo Sistema Educacional da Igreja. Assim como Anne, elas entenderam que muitos membros da Igreja, não por culpa própria, tinham dificuldades em seus chamados porque não conseguiam ler ou entender os muitos manuais e lições da Igreja.

Enquanto a presidência discutia esses problemas, Anne falou sobre as cartilhas de treinamento simplificadas, como aquelas que ela usou na Nigéria, que poderiam ser usadas em todo o mundo A presidente Parkin achava que a junta geral da Sociedade de Socorro deveria desenvolver cartilhas semelhantes para ajudar os membros em áreas com baixo índice de alfabetização.

Para ajudar nesse trabalho, a junta geral recomendou Florence Chukwurah, uma santo dos últimos dias que Anne conheceu na Nigéria, para servir com elas. Florence estava visitando Salt Lake City enquanto seu marido, Christopher N. Chukwurah, setenta autoridade de área, recebia treinamento na sede da Igreja. Enfermeira por profissão, Florence havia sido criada em condições de pobreza e entendia como era viver em um lugar onde a Igreja estava começando.

A Primeira Presidência aprovou a recomendação, e a presidente Parkin designou Florence para trabalhar com o comitê de alfabetização. Em pouco tempo, ela estava trabalhando com outros membros da junta para desenvolver cartilhas de treinamento mais simples.

Anne estava muito feliz em ver o progresso do trabalho de alfabetização. “Tudo está acontecendo muito rápido”, pensou ela. “Quase não consigo acreditar.”


De volta às Filipinas, Seb Sollesta estava grato por estar em casa novamente. Sua ausência havia prejudicado muito sua esposa, Maridan, e seus três filhos. Agora a família passava todos os dias juntos, e Seb se sentia abençoado. Ele podia conversar com os filhos pessoalmente, incentivá-los a serem ativos na Igreja e ajudá-los a se prepararem para a missão.

Quando Seb retornou, Maridan servia como coordenadora de assuntos públicos da Igreja para as estacas da cidade de Iloilo. Em seu chamado, ela ajudava líderes comunitários e governamentais a aprenderem sobre a Igreja. Ela também colocou a Igreja em contato com grupos religiosos e de serviços sociais para prestar assistência em exames oftalmológicos, doações de sangue e outros projetos. Enquanto isso, Seb tornou-se sumo conselheiro da Estaca Iloilo Norte.

Naquela época, a Primeira Presidência continuava preocupada com os santos em áreas com baixo índice de frequência à Igreja. As Filipinas tinham quase 500 mil santos, mas apenas cerca de 20 por cento deles frequentavam as reuniões regularmente. Diante dessa preocupação, o presidente Hinckley chamou o élder Dallin H. Oaks para servir como presidente da Área Filipinas e o élder Jeffrey R. Holland para servir como presidente da Área Chile, que enfrentava desafios semelhantes. Os dois apóstolos começaram a servir em agosto de 2002 com o plano de ocupar esses chamados durante um ano.

Nas Filipinas, o élder Oaks e seus conselheiros se reuniam regularmente com líderes de estaca, de missão e de área. Durante uma reunião de treinamento especial em Manila, o élder Oaks falou sobre a importância de adotar uma “cultura do evangelho” com base no plano de salvação, nos mandamentos de Deus e nos ensinamentos dos profetas modernos. Ele observou que os elementos da cultura do evangelho eram encontrados nas culturas locais em todos os lugares. No entanto, também havia aspectos de tais culturas que não estavam em harmonia com os ensinamentos de Jesus Cristo.

“Os convênios que fazemos no batismo exigem que mudemos nossa vida”, ensinou ele. “Precisamos mudar todos os elementos de nossas práticas ou comportamentos culturais existentes que estiverem em conflito com os mandamentos, os convênios e a cultura do evangelho.”

O élder Oaks enfatizou que a cultura do evangelho fortalece as famílias e os indivíduos ao promover a castidade, o casamento no templo, a honestidade, a autossuficiência e a parceria igualitária no casamento. Ele pediu aos líderes que fizessem do ensino da doutrina do Salvador e da edificação da fé Nele sua maior prioridade entre os santos. Ele também os aconselhou a fortalecer suas alas, conciliando o trabalho missionário com um maior esforço de reativação e realizando atividades regulares para os jovens.

Após o treinamento, Seb e outros líderes da Estaca Iloilo Norte pediram aos bispados das alas que identificassem famílias que pudessem ser trazidas de volta ao rebanho. Eles acreditavam que, se o pai e a mãe voltassem para a Igreja, provavelmente trariam também os filhos. Os filhos se tornariam futuros missionários e líderes da Igreja.

Seb, que era pai de adolescentes, estava particularmente preocupado com os jovens. A baixa atividade nos quóruns do Sacerdócio Aarônico e nas classes das Moças era um grande problema em sua área. Menos de 10 por cento das alas e ramos nas Filipinas tinham todos os três quóruns do Sacerdócio Aarônico funcionando. E a maioria das unidades não tinha atividades no meio da semana para os jovens.

A Estaca Iloilo Norte resolveu esse problema incentivando as alas a realizarem aulas regulares para os jovens mesmo que tivessem apenas um ou dois membros. Com as classes e os quóruns em funcionamento, por menores que fossem, os rapazes e moças podiam convidar seus amigos para as reuniões dominicais e atividades durante a semana.

Seb acreditava que os jovens precisavam participar das atividades da Igreja, nas quais poderiam fazer amizades e seguir bons exemplos. Quando os líderes locais expressavam preocupação por não terem orçamento suficiente para pagar o custo das atividades, Seb e outros líderes de estaca diziam para eles seguirem em frente e planejarem as atividades. Se eles precisassem de recursos adicionais, a estaca poderia provê-los.

Enquanto Seb servia aos santos em sua estaca, aplicando o que aprendeu com o élder Oaks, ele refletia sobre suas próprias responsabilidades na Igreja e no lar. Quando falava sobre a cultura do evangelho, o élder Oaks aconselhava os santos filipinos a não deixarem suas famílias por muito tempo para trabalhar, como Seb havia feito. Algumas pessoas nas Filipinas não tinham muitas opções além do trabalho no exterior, mas Seb sabia que ele e sua família poderiam viver felizes e ganhar seu sustento na cidade de Iloilo.

E, para ele, nenhum ganho material poderia compensar o tempo que passou longe de sua família.


Em abril de 2003, Blake McKeown, então com 14 anos, chegou à sede de estaca em Baulkham Hills, um subúrbio de Sydney, na Austrália, com seu irmão de 17 anos, Wade. Normalmente, a sede da estaca era um lugar calmo e tranquilo. Mas, naquele dia, uma grande tenda havia sido montada no estacionamento, e o local estava repleto de jovens de todas as estacas de New South Wales. Eles vieram para participar da conferência Especialmente para Jovens — agora conhecida na Austrália como Time for Youth [Tempo para os Jovens].

Após o sucesso da conferência Especialmente para Jovens em Brisbane, a presidência da área incentivou as estacas da Austrália e da Nova Zelândia a organizarem seus próprios eventos. Em 2002, Mary McKenna e seu comitê organizaram uma conferência em Brisbane e, em 2003, outra na Nova Zelândia. A conferência em Baulkham Hills foi a primeira realizada na Austrália fora de Brisbane.

Embora Blake tivesse sido criado na Igreja, ele nunca tinha visto tantos jovens santos dos últimos dias em um só lugar. Ele e Wade eram de Penrith, que ficava a cerca de 45 minutos de carro da sede da estaca de Baulkham Hills. Eles tinham um grupo de jovens muito forte em sua ala, mas os santos dos últimos dias representavam menos de 1 por cento da população da Austrália, de modo que as atividades dos jovens — mesmo a nível de estaca — raramente tinham a participação de algo mais do que algumas dezenas de pessoas. Na escola de Blake, havia apenas dois membros da Igreja, além dele e de seu irmão.

Depois que a conferência começou, ele e Wade raramente se viam. Seguindo o modelo da conferência Especialmente para Jovens, todos os participantes do evento se dividiram em pequenos grupos liderados por um conselheiro jovem adulto solteiro. Nos grupos, os jovens participavam de várias atividades em rodízio. Eles também participavam de projetos de serviço, ouviam devocionais e palestras, aprendiam músicas, estudavam as escrituras, torciam pelos outros em um show de talentos e participavam de um baile.

O tema da conferência foi “Cremos”, com foco no estudo do curso do seminário daquele ano, Doutrina e Convênios. Os palestrantes e conselheiros compartilhavam experiências espirituais com base no tema e incentivavam os participantes a se achegarem a Cristo, orarem, manterem um diário e viverem de acordo com os outros princípios fundamentais do evangelho. As reuniões de testemunho também deram aos jovens a oportunidade de compartilhar seu testemunho do Salvador e de Seu evangelho restaurado com seus colegas.

Na igreja, Blake costumava ficar inquieto nas reuniões, mas chegou à conferência com uma base sólida de fé transmitida por seus pais. Ele e Wade eram a terceira geração de santos dos últimos dias, e seus pais e avós sempre foram grandes exemplos de fé e serviço.

O programa dos Rapazes também o fortaleceu. Como diácono, Blake havia sido chamado como presidente do quórum. Seu bispo pediu que ele escolhesse dois conselheiros e um secretário entre os outros 11 rapazes de seu quórum. Depois de orar pedindo orientação, Blake retornou ao bispo na semana seguinte com três nomes. O bispo mostrou para Blake a própria lista, que continha os nomes dos mesmos três rapazes. Ele havia colocado os nomes em uma ordem diferente, mas ajustou sua lista para ficar igual à de Blake. A experiência tinha dado a Blake confiança na oração e em sua capacidade de liderar.

Blake não era muito extrovertido, mas gostava de fazer novos amigos de outras alas e estacas na conferência. No final do dia, ele e Wade voltavam para casa a fim de descansar e retornavam cedo na manhã seguinte.

Eles não perceberam como os três dias da conferência os afetaram, mas a mãe deles percebeu algumas mudanças. Além da diversão e dos jogos, a conferência proporcionou aos jovens a oportunidade de sentir o Espírito em um novo ambiente. Quando Blake e Wade voltaram, eles passaram a prestar mais atenção às escrituras e estavam um pouco mais confiantes em seu testemunho.


Na tarde de 10 de janeiro de 2004, Georges A. Bonnet estava reunido com o presidente Hinckley, o élder Russell M. Nelson e milhares de santos da África Ocidental em um estádio esportivo em Acra, Gana. O profeta fora à cidade para dedicar o novo templo. Mas, antes da dedicação, ele pediu às crianças e aos jovens das estacas e distritos de Gana que celebrassem essa ocasião com um evento cultural com músicas e danças alegres. Ele acreditava que promover essas celebrações nas dedicações de templos ajudaria os jovens a terem lembranças inesquecíveis e a se empolgarem com a Igreja.

Após uma oração de abertura, grupos vestidos com roupas coloridas se apresentaram em um grande palco adornado com belos murais. Alguns artistas cantaram músicas. Outros apresentaram danças típicas de Gana, como a adowa e a kpanlogo, ou tocaram músicas tradicionais em tambores e flautas de bambu.

Um destaque daquela tarde foi quando os missionários subiram ao palco e cantaram o hino missionário “Chamados a servir”. Oitocentas e cinquenta crianças da Primária, todas vestidas de branco, também subiram ao palco e cantaram “Sou um filho de Deus” com os missionários.

Na manhã seguinte, Georges acordou sentindo-se grato. O dia da dedicação finalmente havia chegado. Às 9 horas, ele se juntou ao presidente Hinckley e ao élder Nelson na sala celestial para a primeira sessão dedicatória. O evento começou com a cerimônia de assentamento da pedra angular conduzida pelo presidente Hinckley. Depois disso, o presidente e a diretora do templo falaram, seguidos pelo élder Nelson e pelo élder Emmanuel Kissi, agora setenta autoridade de área, que liderou os santos ganenses durante o período de congelamento.

Em seu discurso, o élder Kissi prestou homenagem a Joseph William Billy Johnson, que estava na congregação. Ele também falou de alguns dos primeiros santos que possibilitaram o rápido crescimento da Igreja em Gana.

“Nossos sonhos se tornaram realidade”, disse ele.

Perto do final da sessão, o presidente Hinckley falou humildemente sobre a ajuda do Senhor na construção do templo. “O Senhor ouviu nossas orações”, ele testificou. “Ele ouviu suas orações. Ele ouviu as orações de muitas pessoas, e o templo agora está terminado.”

O profeta então dedicou o edifício. “Agradecemos a Ti pela irmandade que existe entre nós, que nem a cor da pele nem o local de nascimento podem nos diferenciar como Teus filhos e filhas que assumiram convênios sagrados e obrigatórios”, ele orou. “Que Tua obra se expanda nesta terra e nas nações vizinhas.”

Mais tarde, naquele mesmo dia, durante a terceira sessão dedicatória, o presidente Hinckley chamou Georges para conversar. Surpreso, Georges se aproximou do púlpito. “Quero que você saiba que nosso Deus é um Deus de milagres”, ele testificou. “Os milagres acontecem graças à fé, e muitos, muitos exerceram sua fé por meio da oração e de outras formas de adoração para que esse grande dia acontecesse.”

“Acredito que ter um templo dedicado na África Ocidental pode ser um dos eventos mais importantes desde a Expiação de Jesus Cristo e a restauração de todas as coisas”, continuou ele. “Há milhões de africanos que já faleceram e que estão se alegrando conosco hoje.”

Após a dedicação, Georges se juntou ao presidente Hinckley, ao élder Nelson, ao élder Kissi e a outros para visitar John Kufuor, sucessor de Jerry Rawlings como presidente de Gana. Desde que assumiu o cargo no início de 2001, o presidente Kufuor e seu governo foram prestativos e solidários durante a construção do templo. Em 2002, ele visitou a Primeira Presidência em Salt Lake City para aprender mais sobre a Igreja e agradecer aos santos dos últimos dias por suas contribuições humanitárias e religiosas para Gana. Ele também participou da visitação pública do novo templo em Acra e fez um tour pelo edifício. O que ele viu o deixou impressionado.

“Sua igreja”, disse ele então ao presidente Hinckley, “ganhou a cidadania em Gana”.


Em junho de 2004, Angela Peterson esperava no carro para fazer uma inspeção de segurança e controle de emissões perto de Washington, D.C. Vários carros estavam à sua frente, a fila contornava o estacionamento. Isso vai demorar um pouco, ela pensou.

Em vez de deixar o motor engatado, ela desligou o carro e abriu as janelas para aproveitar a brisa da tarde de verão. Enquanto esperava, ela pegou um exemplar de “A Família: Proclamação ao Mundo” que trouxera com ela. Algumas semanas antes, o presidente da estaca convidara os membros de sua ala de jovens adultos solteiros a memorizar a proclamação, prometendo que, se fizessem isso, receberiam bênçãos. Angela acreditou na promessa e, por isso, estava se esforçando para memorizar o documento.

Desde o anúncio da proclamação sobre a família na reunião geral da Sociedade de Socorro de setembro de 1995, há nove anos, ela se tornara fundamental para a mensagem da Igreja sobre a família. Os pais organizavam o lar em torno desses princípios, membros da Igreja a emolduravam e penduravam na parede, e a Universidade Brigham Young oferecia um curso inteiro sobre esse texto de apenas uma página. Angela era adolescente quando o presidente Hinckley apresentou a proclamação, e ela não tinha certeza se já a lera antes do convite do presidente da estaca.

Depois de terminar o ensino médio, Angela se mudou de sua pequena cidade natal, Stirling, em Alberta, no Canadá, para cursar a universidade em Logan, Utah. Após a formatura, ela fez um estágio no Departamento de Assuntos Públicos da Igreja em Salt Lake City antes de conseguir um cargo de tempo integral no Departamento de Assuntos Internacionais e Governamentais da Igreja em Washington, D.C. As ruas da capital, repletas de museus, monumentos e prédios do governo, eram muito diferentes das estradas empoeiradas de sua juventude.

Quando Angela chegou ao início da fila, ficou em uma sala de espera enquanto o mecânico verificava seu carro. A inspeção demorou mais do que ela esperava, e ela começou a ficar preocupada ao perceber que outros clientes entravam e saíam enquanto ela continuava esperando. Será que havia algo errado com o carro dela? Quanto custaria o conserto?

Finalmente, depois do que pareciam horas, o mecânico apareceu e disse que o carro havia passado na inspeção.

Aliviada, Angela pagou e saiu do prédio, ainda sem entender por que tanta demora. Quando chegou ao carro, encontrou o mecânico esperando por ela.

“Senhorita”, disse ele, “queria pedir desculpas por ter demorado tanto na revisão de seu automóvel”.

Ele disse a Angela que a cópia da proclamação da família que estava no banco do passageiro chamou a atenção dele. Ele havia lido o texto várias vezes, comovido com sua mensagem sobre as famílias.

“Que igreja é essa? Que documento sobre a família é esse? Como posso conseguir um exemplar?”, perguntou ele. “Está escrito que é de autoria de apóstolos. Está querendo dizer que há apóstolos na Terra hoje como no tempo de Jesus? Por favor, preciso saber.”

Atordoada, Angela organizou as ideias. “Há apóstolos e profetas na Terra, assim como na época de Jesus Cristo”, ela lhe disse, explicando brevemente sobre Joseph Smith e a Restauração do evangelho. Ela entregou para ele sua cópia da proclamação da família e um Livro de Mórmon.

Ele então lhe deu seu nome e número de telefone para que ela compartilhasse com os missionários. Enquanto voltava da oficina para casa, Angela não conteve as lágrimas, agradecida por ter deixado a proclamação no banco do carona.

Capítulo 34

Força em qualquer situação

voluntários entregam suprimentos para uma mulher

Na manhã do dia 15 de outubro de 2004, Anne Pingree desceu de um avião em Santiago, no Chile. Como segunda conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro, ela tinha vindo para se reunir com os santos locais e treinar os líderes da Sociedade de Socorro e do sacerdócio.

Em suas reuniões, Anne planejava usar as cartilhas de treinamento simplificadas desenvolvidas pelo comitê de alfabetização da junta da Sociedade de Socorro. Cada cartilha tinha cerca de 20 páginas com fotografias coloridas e princípios simples do Manual de Instruções da Igreja. Ela esperava usar a cartilha sobre o bem-estar da Igreja para ajudar os líderes da Sociedade de Socorro e do sacerdócio a se valorizarem mutuamente e a trabalharem juntos.

Antes de deixar os Estados Unidos, Anne recebeu um e-mail do élder Carl B. Pratt, da presidência da Área Chile. A Igreja havia aberto recentemente dois centros de serviços de bem-estar no Chile. Cada um abrigava um armazém dos bispos, um centro de empregos e um escritório de aconselhamento. Quando distribuíam recursos de bem-estar, os bispos deveriam trabalhar com as presidentes da Sociedade de Socorro. Mas os bispos do Chile não estavam fazendo isso.

Em Santiago, Anne ficou sabendo mais detalhes do problema em uma reunião inicial com o élder Pratt e o élder Francisco J. Viñas, presidente da Área Chile. O élder Viñas explicou que muitos santos chilenos tinham dificuldades com a leitura, por isso seguiam a tradição em vez de consultar o manual. Da mesma forma que em muitas áreas do mundo, o sexismo era forte no Chile, e alguns presidentes de estaca e bispos não se aconselhavam com suas líderes da Sociedade de Socorro.

“O que quero é que você ensine como fazer”, disse o élder Viñas. “Ensine que nossa liderança depende de aprender os princípios do manual.”

Na semana seguinte, Anne conversou com centenas de santos. Muitos falaram de sua gratidão pelo recente serviço do élder Jeffrey R. Holland como presidente da Área Chile. Embora ele e o élder Oaks tivessem sido chamados para servir em suas respectivas áreas por um ano, a Primeira Presidência estendeu as duas designações por mais um ano, dando-lhes mais tempo para apoiar os líderes locais e fortalecer os santos.

Com foco na baixa retenção de membros e frequência às reuniões no Chile, o élder Holland trabalhou em estreita colaboração com os missionários e os santos para trazer as pessoas de volta à Igreja. Para aliviar o fardo dos líderes do sacerdócio em áreas onde as alas e os ramos eram fracos, ele reorganizou muitas unidades da Igreja, reduzindo o número de estacas no Chile de 115 para 75.

Ele também reduziu as reuniões dominicais na área, de três horas para duas horas e quinze minutos, dando aos santos mais tempo para estudar o evangelho de Cristo, estar com a família, visitar membros em dificuldades e cumprir chamados. Embora a Igreja no Chile ainda enfrentasse dificuldades para reter membros, muitos santos estavam otimistas quanto a seu futuro.

Nas reuniões com os líderes da Sociedade de Socorro e do sacerdócio, Anne os lembrava de que eram colaboradores no trabalho do Senhor. “Irmãos, por favor, sigam o exemplo da Primeira Presidência e dos Doze”, pediu ela. “Ouçam a voz das mulheres e o entendimento sábio delas quando compartilharem informações úteis nas reuniões do comitê de bem-estar, nas reuniões do conselho da ala e nas reuniões mensais de mordomia.”

Ela também exortou as líderes da Sociedade de Socorro a estarem prontas para trabalharem em conselho com os líderes do sacerdócio. “Venham preparadas para as reuniões de conselho a fim de que possam fazer uma diferença significativa”, disse ela. “Isso significa apresentar soluções e ideias, e não apenas identificar desafios ou problemas.”

Ao falar sobre bem-estar, Anne usou um retroprojetor e a cartilha simplificada de bem-estar para ensinar aos líderes como conduzir as reuniões do comitê de bem-estar da ala e as visitas às necessidades do lar. Ela enfatizou que as presidentes da Sociedade de Socorro eram responsáveis por fazer as visitas domiciliares a pedido dos bispos.

“A presidente visita a irmã na casa dela. Ela pode avaliar as necessidades da irmã. Quando ela escuta atentamente, o Espírito a ajuda a sugerir maneiras de atender a essas necessidades”, ensinava a cartilha. “Após a visita domiciliar, a presidente retorna ao bispo ou presidente do ramo e relata o que observou.”

Anne sentiu que a maioria dos líderes do sacerdócio compareceu a essas reuniões com a mente aberta, ansiosos por esclarecimentos a respeito de como trabalhar com a Sociedade de Socorro sobre o bem-estar. E as presidentes da Sociedade de Socorro se mostraram especialmente gratas pelo treinamento. Depois de uma reunião, uma mulher se aproximou dela e disse: “Eu estava aflita. Agora sei o que fazer”.

Mais tarde, Anne refletiu sobre as pessoas que conheceu. A bondade e a dedicação deles ao trabalho do Senhor a inspiraram.

“Sou grata por tudo o que aprendi e especialmente por tudo o que vi neste país”, ela relatou à junta geral da Sociedade de Socorro. “Eles estão se esforçando ao máximo a fim de fazer o que for possível para edificar a Igreja.”


Enquanto isso, do outro lado do mundo, Allwyn Kilbert e seus colegas missionários da Missão Índia Bangalore deram as boas-vindas aos novos líderes da missão, Brent e Robin Bonham, em seu campo de serviço.

O casal Bonham acabara de chegar de Utah, onde receberam treinamento sobre um novo guia para os missionários chamado Pregar Meu Evangelho. O guia foi elaborado para dar aos missionários a flexibilidade de que precisavam para ensinar o evangelho do Salvador, conforme orientados pelo Espírito, para atender às necessidades das pessoas que encontravam.

Quanto mais Allwyn aprendia sobre o Pregar Meu Evangelho, mais ansioso ele ficava para implementá-lo. Ele havia se filiado à Igreja em sua cidade natal, Coimbatore, na Índia, em março de 2001, e se sentia em dívida com o programa missionário. Quando sua avó morreu, alguns meses após seu batismo, ele encontrou conforto no que os missionários haviam ensinado sobre o plano de salvação. E depois de ler artigos sobre o trabalho missionário na Liahona, a revista internacional da Igreja, ele decidiu servir missão.

Os missionários santos dos últimos dias chegaram à Índia pela primeira vez por volta de 1850 e, desde essa época, sempre houve um grupo de santos vivendo no país. No entanto, a Igreja só começou a crescer lá nas últimas décadas do século 20. Na década de 1980, os líderes da Igreja enviaram missionários seniores da Missão Cingapura para algumas áreas na Índia. Por causa desses missionários e dos esforços dos santos locais, a Igreja criou raízes. Com mais de 1 bilhão de pessoas no país, pouco mais de 5.400 eram santos dos últimos dias.

Esse crescimento permaneceu lento durante muitos anos. Em 1996, três anos após o estabelecimento da Missão Índia Bangalore, o governo restringiu o número de missionários estrangeiros que podiam trabalhar no país. A maioria das pessoas na Índia era hindu ou muçulmana, enquanto uma pequena minoria era cristã, sikh, budista, jainista, baha’i ou parsi. Quando Allwyn e outros missionários ensinavam sobre o Salvador e Sua Igreja, muitas pessoas não estavam familiarizadas com os princípios básicos das lições.

Allwyn acreditava que o guia Pregar Meu Evangelho poderia ajudar os missionários a adaptar a mensagem do evangelho a todas as pessoas, sem distinção de origens ou crenças. Durante mais de 40 anos, as lições missionárias eram compostas de seis lições com um roteiro. Em contraste, o guia Pregar Meu Evangelho exigia que os missionários se concentrassem em aprender os princípios do evangelho para que pudessem adaptar melhor suas lições às pessoas que ensinavam.

O novo currículo dava aos missionários cinco lições sobre a Restauração, o plano de salvação, o evangelho de Jesus Cristo, os mandamentos e as leis e ordenanças do evangelho. Os outros capítulos do livro ensinavam aos missionários mais sobre o papel do Livro de Mórmon, o reconhecimento do Espírito, o desenvolvimento de atributos cristãos e outros princípios importantes.

“A Expiação de Jesus Cristo é o ponto central do plano de nosso Pai”, diz uma passagem importante da primeira lição. “Por meio da Expiação de Cristo, podemos ser libertados do fardo de nossos pecados e desenvolver fé e forças para enfrentar nossas provações.”

Nos meses seguintes, o presidente e a irmã Bonham prepararam a missão a fim de mudar para o guia Pregar Meu Evangelho. Em uma conferência de zona em agosto de 2004, eles falaram aos missionários sobre como usar o tempo com sabedoria, um dos princípios do novo currículo. No dia seguinte, Allwyn escreveu para sua família contando sobre as mudanças. “O sistema que foi introduzido não é apenas para a Índia, mas para todos os países do mundo”, ele disse. “Os missionários têm mais liberdade e também responsabilidade.”

Em setembro, o presidente Bonham chamou Allwyn para ser um líder de zona em Chennai, uma cidade na costa sudeste da Índia. Nas reuniões de zona, Allwyn usou o guia Pregar Meu Evangelho para treinar os outros missionários e ajudá-los a se adaptar ao novo método de compartilhar o evangelho.

Em pouco tempo, o trabalho missionário acelerou em Chennai. Allwyn e seus companheiros encontraram uma mulher chamada Mary e seu neto Yuvaraj. A família se interessou pelo evangelho restaurado quando Yuvaraj se matriculou em uma escola administrada por um santo dos últimos dias local. Enquanto os missionários ensinavam as lições de Pregar Meu Evangelho, Mary demonstrou um interesse especial em ser selada ao seu falecido marido, que havia morrido anos antes. Os missionários perceberam que a família era importante para Mary, então adaptaram suas mensagens para enfatizar sua natureza eterna. Quando Allwyn e seus companheiros a convidaram e a Yuvaraj para serem batizados, eles aceitaram.

No dia do batismo deles, outras cinco pessoas também foram batizadas.


Em um domingo, dia 26 de dezembro de 2004, Stanley Wan saiu das reuniões da Igreja em Hong Kong para atender a um telefonema. Mais de dez anos haviam se passado desde que ele ajudara o presidente Hinckley a escolher o local do Templo de Hong Kong. Ele agora era setenta autoridade de área na Ásia e trabalhava como gerente de bem-estar da Igreja na área.

O telefonema era de Garry Flake, diretor de resposta humanitária da Igreja. O tom de sua voz era de urgência. Ele queria saber sobre um tsunami na Indonésia.

Stanley não sabia do que Garry estava falando. Ele desligou e ligou para o escritório da Igreja na Indonésia. Ninguém tinha muitas informações sobre o tsunami, mas as notícias estavam chegando.

Naquela manhã, um grande terremoto atingiu o oceano Índico, na costa oeste da ilha indonésia de Sumatra. A força do terremoto havia se irradiado pelo oceano, impulsionando imensas montanhas de água do mar em direção à terra. Na Indonésia, na Índia, no Sri Lanka, na Malásia e na Tailândia, ondas gigantescas atingiram cidades e vilarejos, inundando ruas e destruindo casas e prédios. Inumeráveis pessoas estavam desaparecidas ou mortas.

Quando entenderam o alcance e a gravidade do que havia acontecido, Stanley e Garry decidiram se reunir em Colombo, no Sri Lanka, para avaliar a situação. A Igreja tinha vários missionários e cerca de 850 membros na ilha. Mas, ao contrário da Indonésia e da Índia, o Sri Lanka não tinha um escritório administrativo da Igreja ou uma equipe local da Igreja.

Stanley foi imediatamente para o aeroporto. Ele chegou ao Sri Lanka por volta da meia-noite e encontrou a ilha repleta de repórteres, organizações de caridade e pessoas à procura de amigos e familiares. No hotel, seu quarto havia sido dado para um hóspede que pagou mais, então ele procurou os missionários locais e dormiu no andar deles.

No dia seguinte, Garry Flake chegou dos Estados Unidos, e ele e Stanley passaram a manhã reunidos com os líderes e membros do ramo. Depois disso, eles percorreram a ilha para avaliar os danos.

A costa leste do Sri Lanka foi a mais atingida. Em todos os lugares para onde olhavam, havia casas e prédios desmoronados. As estradas estavam congestionadas com carros e pessoas que tentavam escapar do caos. Os trens e ônibus haviam parado de circular. Milhares e milhares de pessoas estavam desabrigadas ao lado de montanhas de entulho, enquanto os soldados procuravam por sobreviventes.

Nos últimos anos, a Igreja prestou assistência em casos de desastres em todo o mundo, ajudando refugiados em Kosovo, na Serra Leoa e no Afeganistão, devastados pela guerra; vítimas de enchentes na Venezuela e em Moçambique; e sobreviventes de terremotos em El Salvador, na Turquia, na Colômbia e em Taiwan. Naquela ocasião, no sudeste da Ásia, a Igreja tinha vários contêineres de suprimentos médicos prontos para serem usados nas áreas afetadas pelo tsunami. Com os fundos humanitários da Igreja, Stanley e Garry compraram suprimentos médicos de emergência adicionais, alimentos e outros recursos para os líderes locais distribuírem às vítimas. Eles também orientaram os membros da Igreja a usarem uma capela local para montar kits de higiene e outros suprimentos emergenciais.

Depois de passarem alguns dias no Sri Lanka, Stanley e Garry viajaram para a Indonésia. Lá, eles se encontraram com o ministro da coordenação para o bem-estar da população do país, com quem Garry já havia trabalhado antes.

“Qual é sua maior necessidade?”, Garry perguntou.

“Precisamos de sacos para os mortos”, respondeu o ministro.

Stanley e Garry fizeram contatos em Pequim e encontraram uma empresa que podia enviar 10 mil sacos para cadáveres por dia. Stanley e Garry providenciaram então o transporte para a Indonésia.

Com os sacos para corpos a caminho, a Igreja forneceu tendas, lonas, kits médicos e roupas usadas para as vítimas do tsunami. Além disso, ela se uniu a uma organização muçulmana de ajuda humanitária para entregar mais de 70 toneladas de suprimentos adicionais.

Mas ainda havia muito a ser feito. Em todos os lugares, Stanley e Garry viam pessoas necessitadas. Milhares de pessoas foram dadas como mortas no Sri Lanka e na Indonésia. Outras milhares de pessoas morreram na Índia e na Tailândia.

E a quantidade de mortos estava aumentando rapidamente.


Allwyn Kilbert estava deitado na cama, esperando sua vez de usar o chuveiro, quando o terremoto atingiu Chennai, na Índia. Na noite anterior, ele e seus companheiros missionários tinham ficado exaustos depois de participar de uma atividade de Natal com seu ramo. Quando sua cama começou a tremer, ele achou que seu companheiro estava brincando.

“Por que você está sacudindo minha cama?”, ele gritou. “Já estou acordado.”

Seu companheiro, Revanth Nelaballe, entrou no quarto. “Foi um tremor”, disse ele. “Um terremoto.”

Os terremotos eram incomuns no sul da Índia, mas os missionários não se preocuparam muito com isso. Ainda assim, quando chegaram à igreja naquela manhã, Allwyn sentiu que algo estava errado. Após o início da reunião sacramental, o presidente do ramo, Seong Yang, inesperadamente pediu licença e deixou a capela. Seu celular estava tocando quase sem parar com chamadas sobre um tsunami que havia inundado a costa. Ele deixou o local para verificar como estava sua casa, que ficava perto da praia, e avaliar as necessidades dos santos afetados pelo desastre.

Mais tarde naquele dia, Allwyn e seus companheiros foram até a praia para ver o que havia acontecido. Os policiais montaram barricadas para manter os curiosos afastados e estavam patrulhando a área a cavalo. Na praia, as pessoas estavam retirando corpos da água, que havia atingido mais de um quilômetro em direção ao interior. Ao longo do litoral, comunidades pesqueiras em áreas mais baixas foram devastadas, e muitos pescadores perderam seus barcos e equipamentos. Na cidade de Nagapattinam, a cerca de 300 quilômetros ao sul de Chennai, houve uma destruição generalizada.

Na manhã seguinte, Allwyn e seus companheiros foram à capela do Primeiro Ramo de Chennai para ajudar em um projeto de serviço organizado pelos dois ramos da cidade. Durante a noite, a Igreja havia enviado caminhões de suprimentos de uma cidade a quase 650 quilômetros de distância. Nos dois dias seguintes, os missionários e membros montaram e separaram kits de ajuda contendo roupas, roupas de cama, itens de higiene e utensílios de cozinha.

Na terça-feira, 28 de dezembro, Allwyn e seus companheiros se reuniram com o presidente Bonham, presidente da missão. Desde a tragédia do tsunami, os santos dos últimos dias na Índia estavam trabalhando na distribuição de bens fornecidos pela Igreja entre as vítimas. Depois de carregar caminhões com centenas de kits de higiene e outros suprimentos, os missionários viajaram com o presidente Bonham para entregá-los a um posto da Cruz Vermelha indiana.

Na estação, o homem que os cumprimentou reconheceu as plaquetas com o nome deles. “Ah, vocês são da Igreja”, disse ele. “O que vocês trouxeram?”

Eles responderam que haviam levado lanternas, kits de higiene e várias toneladas de roupas. O funcionário ficou entusiasmado com as doações e disse para eles conduzirem os caminhões até a central.

Lá dentro, eles viram pessoas aglomeradas em torno de enormes pilhas de roupas. Trabalhadores usando máscaras e luvas separavam as pilhas de roupas, certificando-se de que as roupas estavam limpas e em boas condições. Pessoas de diversas religiões e organizações também estavam entregando suprimentos, e Allwyn e os outros missionários passaram várias horas descarregando os caminhões e levando os suprimentos para onde eram necessários.

Enquanto observava as pessoas dos diversos grupos, Allwyn ficou impressionado ao ver como todos trabalhavam juntos por amor ao próximo.

“Há pessoas boas em todos os lugares”, pensou ele.


Em maio de 2005, Emma Acosta e seu namorado, Hector David Hernandez, já estavam namorando há seis meses. Ela tinha 19 anos, e ele havia retornado recentemente de uma missão na Cidade da Guatemala. Eles estavam profundamente apaixonados e começavam a falar sobre casamento. Mas, em Tegucigalpa, Honduras, onde eles moravam, os rapazes e as moças geralmente só se casavam depois de namorarem durante alguns anos e concluírem os estudos universitários.

Emma havia se matriculado recentemente em uma universidade pública e estava determinada a concluir seu curso. Um ano antes, na reunião geral das Moças da Igreja, o presidente Hinckley havia exortado as moças a levarem os estudos a sério. “Estudem o máximo que puderem”, disse ele. “A instrução é a chave para a oportunidade.”

Hector David também planejava cursar a universidade. Ele e Emma sabiam que muitos alunos casados abandonavam a escola por causa das responsabilidades financeiras decorrentes do casamento e da criação da família. Ainda assim, eles se sentiram inspirados pelo Espírito a não adiar o casamento.

Um dia, Emma comentou com Hector David sobre uma viagem da ala ao Templo da Cidade da Guatemala. Ela nunca tinha ido ao templo antes e queria ir.

“Por que não vamos juntos e perguntamos ao Senhor o que Ele quer de nosso relacionamento?”, Hector David sugeriu. Havia muitos anos que os líderes da Igreja incentivavam os jovens a buscar a orientação do Senhor nas questões de namoro e casamento. Emma e Hector David não precisavam ir à Casa do Senhor para receber uma revelação pessoal, mas era um lugar sagrado onde podiam se sentir próximos Dele e de Seu Espírito enquanto buscavam orientação.

A Cidade da Guatemala ficava a 14 horas de viagem de Tegucigalpa. Em sua primeira manhã no templo, Emma e Hector David realizaram batismos pelos mortos. Quando Emma saiu do vestiário, encontrou Hector David esperando por ela ao lado da pia batismal, vestido de branco. Quando ele a batizou, ela recebeu um testemunho pessoal de que deveria se casar com ele.

Mais tarde, depois que Hector David terminou uma sessão de investidura, ele se encontrou com Emma em um jardim, no pátio do templo. Ele pegou a mão dela e a abraçou. Ele também havia recebido uma resposta. “Sinto que o Senhor estará conosco”, disse ele. “Ele nos dará forças em qualquer situação que surgir daqui para frente.”

Algumas semanas depois, Emma estava trabalhando na mercearia de sua família quando recebeu uma ligação de Hector David. Ele lhe disse que acabara de falar com o pai dela sobre o casamento. A conversa não tinha sido boa. O pai dela era um santo dos últimos dias, mas não ia à igreja há algum tempo. Ele não entendia por que Emma já queria se casar.

Depois do telefonema, Emma viu seu pai entrar na loja com o semblante sério. Ele a parabenizou pelo noivado, mas ficou claro que ele estava desapontado. Ele estava preocupado porque achava que ela não conseguiria terminar o curso.

“Se você pretende se casar, é melhor procurar um emprego”, disse ele. “Não quero que você venha trabalhar mais aqui.”

Sem saber onde procurar trabalho, Emma foi ao centro de recursos de emprego da Igreja em Tegucigalpa. Inaugurado em 2002, o centro era um entre centenas criados em todo o mundo para ajudar os santos a encontrarem um emprego melhor. Os instrutores do centro eram ex-missionários locais. Eles conversaram com ela sobre o Fundo Perpétuo de Educação, que o presidente Hinckley havia revelado em 2001, mas, por enquanto, ela não estava interessada em fazer um empréstimo para estudar. Eles também lhe deram dicas sobre como se portar em uma entrevista de emprego e a ajudaram a elaborar um currículo. Munida dessas habilidades, ela logo encontrou trabalho em um banco.

Com a proximidade do dia do casamento, Emma começou a ficar desanimada. Embora o pai tenha concordado em ajudar a pagar o casamento, ele e outros familiares se opunham veementemente ao casamento.

A desaprovação deles pesava muito sobre Emma. Um dia, ela se ajoelhou sozinha na sala de estar para orar. “Foi isso que o Senhor nos pediu que fizéssemos”, disse ela ao Pai Celestial. “Estou tentando ser obediente.”

De repente, a história do Salvador andando sobre as águas surgiu em sua mente. Ela se lembrou de como Pedro tentou ir até Jesus, mas acabou afundando quando ficou com medo. Assim como Pedro, Emma também sentia que estava se afogando.

Mas então um sentimento de paz a envolveu. “Filha, você está se concentrando na tempestade”, disse-lhe a voz do Senhor. “Só preciso que você olhe para mim. Concentre-se em mim, naquilo que já coloquei em seu coração.”

Ela teve a sensação de que o Senhor estava segurando sua mão, assim como havia feito com Pedro.


No final de setembro de 2005, Angela Peterson havia trabalhado arduamente durante todo o mês a fim de se preparar para a visita de um funcionário público de alto escalão do Oriente Médio. Como parte de seu novo emprego em uma empresa de relações internacionais e governamentais em Washington, D.C., ela às vezes precisava planejar passeios a pé, jantares e eventos culturais para visitantes importantes.

Quando o funcionário chegou, ele e Angela conversaram e descobriram que tinham várias coisas em comum. Os dois foram criados em áreas rurais e ambos valorizavam a família e a fé. O funcionário não bebia álcool por causa de sua fé muçulmana e ficou impressionado com o fato de Angela também não beber.

Angela havia planejado muitos eventos durante a visita do funcionário, mas, depois de alguns dias, ele disse: “Acho que já vi toda a cidade de Washington! Há mais alguma coisa que você poderia me mostrar, talvez algo diferente?”

Uma imagem surgiu na mente de Angela: o Templo de Washington D.C. Ela hesitou, imaginando se seria apropriado levá-lo a um lugar que era sagrado para ela. Ainda assim, a imagem do templo não saía de sua mente.

“Na verdade, há um lugar que não lhe mostrei”, ela disse. “É o lugar mais importante para mim em Washington, D.C.”

O funcionário aceitou o convite com entusiasmo, e Angela começou a fazer os preparativos. Ela ligou para o diretor do centro de visitantes do templo, o élder Jess L. Christensen, que se ofereceu para fechar o edifício por algumas horas a fim de que a autoridade fizesse uma visita particular.

No dia seguinte, Angela buscou o funcionário e o levou de carro por uma bela e sinuosa estrada até o templo. Durante a viagem de quase uma hora, ele lhe fazia perguntas e mais perguntas sobre a Igreja, e ela sentia os pensamentos e as palavras surgirem com total clareza. Ele ouvia atentamente e parecia interessado na Primeira Visão, no Livro de Mórmon, nos profetas modernos, no trabalho humanitário global da Igreja e na lei do dízimo.

Quando Angela fez a última curva da estrada, já era noite, e a Casa do Senhor estava reluzindo intensamente com a luz do sol poente. Quando atravessaram os jardins do templo, a estátua o Christus no centro de visitantes estava perfeitamente visível. O élder Christensen conduziu a visita, que contou com uma exibição do Livro de Mórmon em várias traduções, incluindo o idioma nativo do oficial, o árabe.

No final da visita, o élder Christensen exibiu um vídeo do presidente Hinckley testificando sobre a importância das famílias. Ao lado da tela da televisão, havia uma cópia emoldurada de “A Família: Proclamação ao Mundo”. O funcionário leu em silêncio e concordou com a cabeça.

“É nisso que acredito”, disse ele. “É nisso que meu povo acredita.”

No caminho de volta para a cidade, o funcionário disse a Angela que estava impressionado com a ênfase da Igreja na família e que estava feliz por conhecer outra religião que valorizava as famílias tanto como a sua. No último dia de sua visita a Washington, Angela deu a ele uma cópia da proclamação.

“Eu queria lhe dar algo que acho que seria significativo para as pessoas de seu país”, explicou ela.

Ao aceitar o presente, ele disse: “Isso ajudará meu povo”.

Capítulo 35

De mãos dadas

uma mulher com expressão abatida sentada no chão

No início de 2006, Willy Binene estava ansioso para se mudar para Kinshasa, a capital da República Democrática do Congo, para continuar seu estágio em engenharia elétrica. Ele havia trabalhado durante 13 anos em uma fazenda na aldeia de Luputa, a cerca de 1.500 quilômetros da cidade.

Na época, ele já era casado com uma jovem chamada Lilly, que ele havia batizado enquanto servia como missionário do ramo. Eles tinham dois filhos. No entanto, nos últimos dois anos, Lilly e as crianças estavam morando em Kinshasa, enquanto Willy economizava para voltar a morar com eles e retomar os estudos.

No dia 26 de março, o presidente da missão William Maycock organizou o primeiro distrito em Luputa e chamou Willy para servir como presidente. Willy não se sentia muito seguro, mas abandonou o plano de se mudar e aceitou o chamado. Pouco tempo depois, Lilly e seus filhos voltaram para Luputa, e Willy assumiu suas novas responsabilidades com a família ao seu lado.

Ele era apenas um dos muitos santos que aceitaram o chamado para liderar a Igreja na África. Quase trinta anos após a chegada dos primeiros missionários de tempo integral a Gana e à Nigéria, a Igreja já contava com mais de 200 mil membros em todo o continente. Já existiam estacas na República Democrática do Congo, no Quênia, na República do Congo, em Gana, na Costa do Marfim, na Libéria, em Madagascar, na Nigéria, na África do Sul e no Zimbábue. Havia uma necessidade constante de líderes locais fortes, que estivessem firmemente ancorados nos ensinamentos do Salvador e de Sua Igreja restaurada.

Norbert Ounleu, da Costa do Marfim, filiou-se à Igreja quando era estudante universitário, em 1995. Dois anos depois, ele se tornou bispo quando foi organizada a primeira estaca na Costa do Marfim. Três anos depois, quando sua estaca foi dividida, ele se tornou presidente de estaca. Cinco anos depois, ele e sua esposa, Valerie, foram chamados para serem líderes de missão na recém-criada Missão Costa do Marfim Abidjan.

Na mesma época, Abigail Ituma, ex-jornalista e locutora de rádio, serviu como presidente da Sociedade de Socorro em sua ala em Lagos, na Nigéria. Sempre extrovertida e alegre, Abigail gostava de fazer todos sorrirem ao seu redor. Muitas mulheres da sua ala haviam deixado de ir à igreja e, por isso, ela assumiu a missão de trazê-las de volta. Chamou uma dessas mulheres para ser sua segunda conselheira e, em pouco tempo, elas já estavam passando horas juntas, reunindo-se com outras irmãs e convidando-as para a igreja.

Abigail acreditava no poder de se conectar com as pessoas. Aos domingos, ela e suas conselheiras davam aulas e mais aulas sobre o trabalho de professoras visitantes. No início, ninguém parecia ter muita disposição para adotar o programa. Mas Abigail era persistente e, depois de um tempo, um número cada vez maior de irmãs começou a ministrar umas às outras. O comparecimento às reuniões da Sociedade de Socorro começou a aumentar.

Enquanto isso, no Quênia, Joseph e Gladys Sitati eram muito conhecidos por seu serviço na Igreja e por sua devoção a Jesus Cristo. Antes do batismo, em março de 1986, a família Sitati não era muito religiosa. Às vezes, eles frequentavam igrejas cristãs locais, mas nunca se sentiam espiritualmente nutridos. Joseph geralmente passava os domingos trabalhando ou jogando golfe.

Quando aceitaram o evangelho restaurado, tudo mudou. A família Sitati se sentia bem na Igreja e, à medida que ela se tornava uma parte central da vida deles, também começaram a passar mais tempo juntos em família. Joseph serviu como presidente de ramo e distrito por muitos anos e ajudou a Igreja a ser reconhecida oficialmente no Quênia em 1991. Quando a estaca Nairóbi Quênia foi organizada em 2001, ele foi chamado para ser o presidente. Três anos depois, em abril de 2004, ele se tornou um setenta autoridade de área. Enquanto isso, Gladys serviu como presidente da Sociedade de Socorro do ramo e também como professora da Escola Dominical, da Primária, das Moças, da Sociedade de Socorro e do seminário.

Em 1991, a família Sitati viajou para o Templo de Joanesburgo, na África do Sul, e tornou-se a primeira família queniana a ser selada para o tempo e a eternidade.

“Ao refletirmos sobre tudo que passamos”, lembrou Joseph mais tarde, “ficou muito claro para todos nós que não poderíamos começar a entender o verdadeiro significado do evangelho de Jesus Cristo até sermos selados no templo”.


Em Sydney, na Austrália, Blake McKeown, de 18 anos, estava quase se formando no ensino médio e precisava de um plano. Se ele entrasse na universidade, não poderia fazer uma pausa nos estudos que ultrapassasse um ano. E, como ele pretendia servir uma missão de dois anos quando completasse 19 anos, preferiu procurar um emprego sazonal após a formatura em vez de ir para a universidade assim como muitos de seus colegas.

Blake era salva-vidas em uma piscina perto de sua casa e gostava do trabalho. Nos últimos tempos, um novo reality show, chamado Bondi Rescue, sobre os salva-vidas da popular praia de Bondi, em Sydney, o levou a pensar sobre o trabalho de salva-vidas no oceano. Embora a Bondi Beach ficasse a cerca de 65 quilômetros de sua casa, ele decidiu participar de um programa de estágio de uma semana, que serviu para ele conhecer o cotidiano do trabalho. Ele também se submeteu a um teste de avaliação do condicionamento físico exigido de quem deseja ser salva-vidas na praia.

O teste foi desafiador, mas Blake estava pronto para isso. Quando era diácono, ele havia se interessado por esportes depois de andar de mountain bike com os rapazes de sua estaca. Embora a Igreja tenha adotado o escotismo como parte de seu programa para os Rapazes no início do século 20, essa prática raramente era usada na maioria dos países fora dos Estados Unidos e do Canadá. Na Austrália, cerca de um terço das unidades locais participava do escotismo. Não era o caso da estaca de Blake. Nesses casos, os líderes usavam um guia especial preparado pela Igreja para planejar as atividades dos Rapazes.

O líder que levou os jovens para andar de mountain bike, Matt Green, apresentou a Blake o triatlo, um esporte que combina natação, ciclismo e corrida. Com o treinamento e a orientação de Matt, Blake adquiriu disciplina e foco. Quando ele fez o teste de aptidão física na Bondi Beach, os anos de treinamento e competição de Blake deram resultado. Ele teve um bom desempenho e foi contratado como salva-vidas trainee.

Depois da conclusão do ensino médio, Blake começou a trabalhar todos os dias da semana na praia. O trabalho não garantiu que ele participasse do programa Bondi Rescue, mas logo os produtores colocaram equipes de filmagem para gravar enquanto ele aprendia como usar o equipamento de salva-vidas, ajudar os frequentadores da praia e aplicar as regras da praia. Eles também registraram o momento em que ele resgatou uma pessoa do oceano pela primeira vez.

Blake gostava do trabalho. Na condição de único membro da Igreja na equipe, ele se sentia um pouco intimidado pelos outros salva-vidas, cuja vida e valores eram muito diferentes dos seus. Mas ele nunca se sentiu pressionado a mudar seus padrões ao lado deles.

No início de 2007, Blake e outros salva-vidas responderam a uma ocorrência quando um homem foi visto com dificuldades em uma parte perigosa do mar. Eles procuraram por 45 minutos, mas não havia sinal de nenhum nadador afogado ou que estivesse se debatendo, e nenhum dos 25 mil frequentadores da praia havia relatado o desaparecimento de algum amigo ou pessoa da família. Por fim, os salva-vidas acabaram desistindo da busca, esperando que a pessoa que eles viram tivesse encontrado o caminho de volta para a praia.

Duas horas depois, um rapaz se aproximou de Blake no posto de salva-vidas. Ele disse que não estava conseguindo encontrar o pai. “Espere um pouco”, disse Blake ao rapaz. Ele então avisou os outros salva-vidas.

A equipe voltou correndo para a água com pranchas e um jet ski. Eles também chamaram um helicóptero da polícia para fazer uma busca aérea no oceano. Enquanto isso, Blake ficou com o rapaz e a mãe dele, fazendo perguntas sobre o homem desaparecido. Mas, enquanto Blake falava calmamente com eles, temia que aquele marido e pai estivesse morto.

Ao anoitecer, um dos socorristas avistou uma pessoa em meio às ondas. Um salva-vidas mergulhou e carregou o homem de volta para a praia. Tentaram ressuscitá-lo, mas já era tarde demais.

Blake ficou em choque com a notícia. Como ele e os outros salva-vidas haviam perdido o homem de vista, ainda mais com a praia tão bem monitorada? Blake nunca tinha pensado muito sobre a morte, e nunca havia morrido ninguém próximo a ele. Agora a morte parecia muito real para ele.

Já era tarde quando Blake terminou o trabalho naquela noite. Enquanto pensava no absurdo da tragédia que acabara de testemunhar, ele refletiu sobre o plano de salvação. Durante a vida toda, ele havia aprendido que a morte não era o fim da existência e que Jesus Cristo tornou possível que todos se levantassem na ressurreição.

Nas semanas que se seguiram, a fé nesses princípios lhe trouxe conforto.


No dia 31 de março de 2007, os santos apoiaram Julie B. Beck, Silvia H. Allred e Barbara Thompson como a nova presidência geral da Sociedade de Socorro. Na época, Silvia servia ao lado de seu marido, Jeff, presidente do Centro de Treinamento Missionário na República Dominicana. Embora ela gostasse de estar entre os missionários no Caribe, Silvia estava ansiosa para trabalhar com as mulheres da Igreja. Esse novo chamado a tornou a primeira mulher latino-americana a servir na presidência geral da Sociedade de Socorro.

Pouco tempo depois, Boyd K. Packer, o presidente interino do Quórum dos Doze Apóstolos, convidou a nova presidência para se reunir com ele em seu escritório. Quando chegaram, ele lhes mostrou uma fileira de fichários em uma prateleira. “Tenho isso há cerca de 15 anos”, explicou ele.

Dentro dos fichários, havia mais de mil páginas sobre a história da Sociedade de Socorro. Algumas décadas antes, quando era um jovem apóstolo, ele havia servido como autoridade geral consultor da Sociedade de Socorro e passou a ter uma imensa admiração pela organização e por sua então presidente, Belle Spafford. Mais tarde, ele pediu às escritoras Lucile Tate e Elaine Harris que compilassem a história da Sociedade de Socorro para seu uso pessoal. O trabalho delas estava guardado naquelas pastas.

“Essas são minhas cópias pessoais”, ele disse à nova presidência. “Estou entregando tudo para vocês.”

Sob a liderança da presidente Bonnie D. Parkin, a junta geral da Sociedade de Socorro estudou o livro Women of Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de Socorro], uma longa história publicada para o sesquicentenário da organização em 1992. Então, a presidente Beck e suas conselheiras se sentiram inspiradas a ler a história contida nos fichários, por isso, dividiram os volumes e estudaram um de cada vez. Durante a leitura, passaram a ter uma noção clara da visão e do objetivo de sua organização.

Elas compreenderam que a Sociedade de Socorro foi originalmente estabelecida pela autoridade do sacerdócio. Suas atividades e iniciativas sofreram mudanças ao longo dos anos, sendo que algumas presidências fundaram hospitais ou se concentraram em trabalhos sociais, alfabetização ou outros tipos de serviços. Ainda assim, sempre foi fundamental no trabalho da organização dar às mulheres a oportunidade de expor o evangelho de Jesus Cristo e ajudar os necessitados.

No entanto, a presidência estava preocupada com a possibilidade da Sociedade de Socorro ter se tornado apenas mais uma aula para ser assistida no domingo. As reuniões e atividades da Sociedade de Socorro durante a semana, principalmente onde a Igreja e seus membros estavam bem estabelecidos, eram geralmente eventos sociais que tinham pouco a ver com prestar serviços ou ensinar o evangelho. Muitos membros não conheciam o início inspirado da organização nem sua valiosa história. As mulheres mais jovens, em especial, demonstravam pouco interesse por ela. A presidência acreditava que as mulheres da Igreja precisavam encontrar força e valor em sua identidade como irmãs da Sociedade de Socorro.

Enquanto a presidência discutia a Sociedade de Socorro do passado e do presente, elas refletiam sobre a mensagem central e o propósito da organização para a irmandade global da Igreja. Todos os membros da presidência haviam morado fora dos Estados Unidos e sabiam que precisavam elaborar uma mensagem clara e simples que pudesse unir e inspirar as irmãs da Sociedade de Socorro, apesar das diferenças de idioma, cultura e experiência.

Em conjunto, a presidência identificou três propósitos da Sociedade de Socorro: primeiro, aumentar a fé e a retidão pessoal; segundo, fortalecer a família e o lar; e terceiro, buscar os necessitados e oferecer-lhes auxílio. Dando continuidade, elas decidiram promover “fé, família e auxílio” em todas as oportunidades.

Uma das primeiras designações delas foi revisar a seção da Sociedade de Socorro do Manual de Instruções da Igreja. Como a presidência geral da Sociedade de Socorro anterior já sabia, a linguagem complexa do manual poderia ser difícil para alguns membros lerem e entenderem. A presidente Beck e suas conselheiras achavam que algumas diretrizes eram mais adequadas para os membros da Igreja em Utah do que para os santos de outras partes do mundo. Como outros líderes da Igreja na época, elas queriam um manual mais fácil de ler que desse aos membros da Igreja a flexibilidade de se adequarem às necessidades e circunstâncias locais.

O manual vigente dedicava mais de 20 páginas à Sociedade de Socorro. A presidente Beck esperava produzir algo muito mais curto e simples. Usando a fé, a família e o auxílio como base, a presidência redigiu um documento de quatro páginas e o enviou ao élder Dallin H. Oaks, o apóstolo que supervisionava a revisão. Embora ele tenha gostado do que foi feito, recomendou acrescentar algumas instruções. Elas aumentaram o texto para 12 páginas, e ele foi aprovado.

O manual era apenas um dos muitos projetos da Sociedade de Socorro. Enquanto ajudava na revisão, Silvia trabalhava em comitês dedicados ao treinamento, às visitas de professoras visitantes e à integração de novas irmãs na Sociedade de Socorro. Ela também viajou para muitos países do mundo para se reunir com as irmãs da Sociedade de Socorro e cuidar de suas necessidades.

Ela e as demais integrantes da presidência estavam determinadas a ajudar a todos a compreender o propósito da Sociedade de Socorro.


Em maio de 2007, Silvina Mouhsen, uma irmã da Igreja que vivia em Buenos Aires, Argentina, estava emocionalmente perturbada. Durante os últimos dois anos, ela cuidou da irmã, que havia sido diagnosticada com depressão e psicose grave. Nesse mesmo período, Silvina também enfrentou a morte de um parente próximo, deu à luz seu terceiro filho e serviu como presidente da Sociedade de Socorro da ala. Enquanto isso, seu marido, David, tentava conseguir uma promoção no trabalho, aprofundava seus estudos e servia na Igreja. Devido à incompatibilidade de horários, ela mal o via durante a semana.

Na época, Silvina estava com dificuldades para sair da cama pela manhã e cometia erros desconcertantes. O primeiro ocorreu quando ela estava dirigindo para o supermercado e, de repente, não conseguia se lembrar de onde estava. Em outro dia, ela foi buscar seu filho, Nicolás, na escola e acidentalmente pegou a mão de outra criança. Mais recentemente, ela havia deixado a filha em uma festa no dia errado.

Quando Silvina conversou com seu médico sobre esses incidentes, ele lhe disse que ela estava apresentando sintomas de depressão. Ele recomendou que ela fizesse terapia, tirasse uma licença do trabalho de professora e tomasse alguns medicamentos.

Silvina teve dificuldades para aceitar esse conselho. Como cuidava de sua irmã, ela sabia que as doenças mentais eram complexas, às vezes decorrentes de fatores genéticos que estavam fora do controle de qualquer pessoa. No entanto, ela sempre se considerou uma pessoa forte, que cuidava dos outros durante as dificuldades, e não uma pessoa que passava por dificuldades. Durante algum tempo, ela contou a poucas pessoas sobre seu diagnóstico.

Enquanto Silvina refletia mais sobre a saúde mental, tanto a sua quanto a da irmã, ela percebeu que outras pessoas sofriam de sintomas semelhantes. No entanto, ninguém falava sobre isso. Uma irmã da Igreja tinha problemas de saúde mental que a impediam de participar das reuniões da Igreja. Sempre que ela pedia ajuda aos líderes locais, eles geralmente sugeriam que ela se aproximasse de Deus e confiasse Nele para resolver seus problemas.

Com base em sua própria experiência, Silvina sabia que essa era apenas uma solução parcial para os problemas da mulher e a incentivou a procurar ajuda profissional. Alguns meses depois, Silvina soube que aquela irmã havia seguido seu conselho e estava melhorando.

A Igreja estava falando mais abertamente sobre doenças mentais nos últimos anos, pedindo aos santos que agissem com compaixão pelos que sofriam. Além disso, disponibilizou vários recursos para a saúde mental. O Departamento de Serviços Sociais da Sociedade de Socorro, agora chamado de Serviços Familiares SUD, há muito tempo oferecia aconselhamento e outros tipos de assistência à saúde mental dos santos. Embora os Serviços Familiares operassem apenas nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia, na Grã-Bretanha e no Japão, eles estavam em processo de expansão para outros países, inclusive a Argentina. Alguns Centros de Serviços de Bem-Estar na América do Sul, como os do Chile, ofereciam aconselhamento com terapeutas treinados. A Igreja também prestou apoio à saúde mental durante desastres naturais. Após o tsunami no Oceano Índico, por exemplo, os Serviços Familiares SUD realizaram um treinamento na região afetada para ajudar as pessoas a lidar com perdas e traumas.

Silvina seguiu as orientações de seu médico e sua saúde melhorou. Além da terapia, do repouso e da medicação, ela encontrou conforto na prática de exercícios e na música. Ela também buscou maneiras de encontrar equilíbrio em sua vida. Em casa, ela e David passavam mais tempo juntos. Às vezes, eles se encontravam no templo depois do trabalho para fazerem uma sessão de investidura. Em outras ocasiões, eles apenas iam juntos ao mercado.

Silvina encontrou ainda mais forças na proclamação da família. Ela ensinava que as filhas e os filhos espirituais de Deus haviam aceitado Seu plano na vida pré-mortal, tornando possível que progredissem rumo a um destino divino como “herdeiros da vida eterna”. O conhecimento dessa verdade lhe deu propósito, direção e perspectiva ao enfrentar seus desafios.

Na Igreja, ela contava muito com a ajuda de suas conselheiras na presidência da Sociedade de Socorro para cumprir seus deveres. Ela recorreu ao Salvador, e sua fé Nele começou a ter um novo significado para ela. Prestava mais atenção às orações sacramentais todos os domingos, e isso se tornou uma oportunidade de refletir mais profundamente sobre a ordenança. Certa noite, David lhe deu uma bênção do sacerdócio, com a promessa de que sua mente funcionaria da maneira que ela precisava. Seus amigos também oraram por ela, e seu irmão colocou o nome dela na lista de orações do templo.

Graças a essas experiências, Silvina cresceu em espírito. Ela percebeu que o Salvador conhecia perfeitamente suas dificuldades. Ela não precisava lidar com suas dificuldades sozinha.

Seus amigos, sua família e o Senhor estavam lá para apoiá-la enquanto ela se curava.


Em junho de 2007, Hector David Hernandez voltou da escola exausto. Os olhos dele estavam envoltos por olheiras enquanto ele se sentava com a esposa, Emma, e lhe dizia que havia adormecido na aula.

Um ano e meio havia se passado desde que Emma e Hector David foram selados no Templo da Cidade da Guatemala. Agora, ambos estavam cursando uma universidade pública perto de sua casa em Honduras. Além de conciliar trabalho, escola e casamento, eles cuidavam do filho recém-nascido, Oscar David.

A universidade onde estudavam oferecia uma quantidade limitada de cursos a cada semestre, e isso significava que Emma e Hector David demorariam mais para se formar. Além disso, como eram pais de primeira viagem, passaram muitas noites sem dormir, causando prejuízos no desempenho escolar.

Quando se sentaram, Hector David também disse a Emma que tinha acabado de receber suas notas.

“Não fui muito bem”, disse ele, frustrado.

Emma percebeu que algo precisava mudar. Enquanto conversavam sobre suas possibilidades, ela pensou no Fundo Perpétuo de Educação. Ao longo dos anos, ela sempre pensou no programa de empréstimos da Igreja, mas ela e Hector David queriam ser independentes financeiramente. Nesse momento, eles se sentiram impelidos a rever seus planos.

“E se você for para uma universidade particular e usarmos o Fundo Perpétuo de Educação?” Emma sugeriu.

Hector David sonhava em se formar no curso de contabilidade da universidade em que estudavam. Mas a universidade particular mencionada por Emma oferecia um curso similar de especialização em finanças. Além disso, eram três períodos por ano, o que significava que ele poderia ter mais aulas e se formar mais cedo. E, ao mesmo tempo, o Fundo Perpétuo de Educação poderia ajudar a pagar o alto custo da universidade.

“Tudo bem”, concordou Hector David. Mas ele queria que Emma usasse o FPE para atingir seus objetivos acadêmicos também. “Vamos estudar”, disse ele. “Eu vou estudar. Você vai estudar.”

“Está bem”, disse Emma, empolgada com o plano.

Em seguida, eles solicitaram juntos um empréstimo do FPE e se matricularam na universidade particular. Emma teve fé e pediu demissão do emprego no banco, o que lhe dava mais tempo para ficar em casa com Oscar David.

As pessoas que usavam o Fundo Perpétuo de Educação eram obrigadas a fazer um curso que as preparava para um emprego no futuro. O curso oferecia recursos que ajudavam os participantes a descobrir qual era a sua carreira ideal e como se prepararem para ela.

Uma das tarefas de Emma era escrever sobre seus talentos e interesses. Ela disse que era criativa e que estava interessada no aspecto publicitário dos negócios. Em seguida, ela conversou com pessoas que trabalhavam com marketing e design gráfico. Depois dessas entrevistas, Emma decidiu mudar do curso de administração de empresas para marketing e publicidade.

Ela não sabia muito sobre o assunto, mas quando assistiu à sua primeira aula de marketing na universidade particular, percebeu que estava no lugar certo.

“Foi para isso que eu nasci”, pensou ela.

Mesmo com a ajuda financeira do FPE, estudar e cuidar do filho não foi fácil. Ela e Hector David continuaram a enfrentar noites sem dormir e a ter dificuldades para lidar com suas responsabilidades. Em algumas ocasiões, Emma se perguntava se deveria deixar a escola de lado e terminar seus estudos posteriormente.

Mas nos momentos difíceis, ela e Hector David repetiam um lema um para o outro: “a hora é agora”.


No dia 12 de janeiro de 2008, o presidente Gordon B. Hinckley estava diante do túmulo de sua esposa, Marjorie, no Cemitério de Salt Lake City. Ela havia morrido há quase quatro anos. Ela ficou doente durante a viagem de volta da dedicação do Templo de Acra Gana e faleceu alguns meses depois, no dia 6 de abril de 2004.

Juntos, o presidente e a irmã Hinckley cruzaram o mundo, ministrando aos santos e desfrutando da companhia um do outro. Ele sentia muita falta dela. Somente seu serviço na Igreja e sua família o impediam de se deixar dominar pela solidão.

O presidente Hinckley tentava visitar o túmulo dela semanalmente para lhe deixar flores e meditar sobre os 66 anos de casamento deles. Ele estava preocupado porque algumas pessoas poderiam achar que ele visitava o túmulo com muita frequência. Mas continuou indo assim mesmo.

“Ela era tudo para mim, a pessoa que eu mais amava”, ele refletiu certa vez. “O mínimo que posso fazer é deixar algo belo aqui a cada semana.”

Nessa visita, ainda havia algumas flores sobre o túmulo das semanas anteriores, e o presidente Hinckley decidiu deixá-las lá por mais algum tempo.

Pouco tempo depois, o profeta decidiu escrever seus desejos para seu funeral. Aos 97 anos, ele era o presidente da Igreja vivo mais velho da história. Ele sobrevivera a uma cirurgia de câncer há alguns anos, mas agora o câncer havia se espalhado. Ele sabia que seu tempo na Terra estava terminando.

“Desejo ser enterrado em um caixão de cerejeira, igual ao de minha esposa”, declarou ele. Desejava que seu funeral fosse realizado no Centro de Conferências, mesmo que o enorme auditório ficasse com lugares vazios.

“Eu conduzi a abertura de terra para ele, eu o dediquei”, explicou ele, “e acho apropriado que meu funeral seja realizado lá”.

O presidente Hinckley não queria um funeral longo. “Não deve durar mais do que noventa minutos”, disse ele, “exatamente como aconselha o Manual de Instruções da Igreja”. Ele pediu que seu primeiro conselheiro de longa data, o presidente Thomas S. Monson, o conduzisse. Ele também pediu que o Coro do Tabernáculo cantasse “Vive o Redentor”, um hino que ele havia escrito anos:

Eu sei que vive o Redentor,

O triunfante Salvador,

A morte e a dor sobrepujou,

Meu Rei, meu Líder, meu Senhor!

No final de seu discurso fúnebre, o profeta mencionou a irmã Hinckley. Ele tinha toda a certeza de que seus convênios matrimoniais perdurariam na vida futura. Seu último desejo era ser enterrado ao lado dela.

“Assim, coloco-me nas mãos do Senhor”, concluiu ele, “e me uno à minha amada companheira eterna para caminharmos de mãos dadas na estrada da imortalidade e da vida eterna”.

Capítulo 36

Prosseguir com firmeza

Um jovem de terno na praia

O presidente Gordon B. Hinckley faleceu serenamente na noite de 27 de janeiro de 2008. Nos momentos finais da enfermidade do profeta, sua família e amigos estiveram ao seu lado em Salt Lake City. O presidente Thomas S. Monson, que havia servido com ele na Primeira Presidência por mais de duas décadas, fez-lhe uma visita algumas horas antes de sua morte e o abençoou.

Seis dias depois, 16 mil pessoas se reuniram no centro de conferências para o funeral do profeta. Muitas outras acompanharam a despedida na TV da BYU, no site da Igreja e nas capelas ao redor do mundo.

Durante a cerimônia, o presidente Monson falou de como ele e o presidente Hinckley compartilharam muitas alegrias, risos e tristezas ao longo da vida. “Ele era uma ilha de calmaria em um mar tempestuoso”, relembrou o presidente Monson. “Ele nos consolava e acalmava quando as condições do mundo eram amedrontadoras. Ele nos guiou sem se desviar do caminho que nos conduz de volta ao nosso Pai Celestial.”

Os santos se lembravam do presidente Hinckley como um profeta peregrino, que andou pelo mundo construindo templos. Ele tinha viajado mais de um milhão de quilômetros para visitar os santos de todas as partes do mundo, mais do que qualquer outro presidente da Igreja. Ele também expandiu o uso de tecnologias digitais e de satélite para alcançar os santos onde quer que eles vivessem. Agora, a Igreja é capaz de transmitir a conferência geral em 80 idiomas. Em 2003, o presidente Hinckley iniciou as transmissões de liderança mundial, permitindo que os líderes da Igreja treinassem muitos santos sem precisar se deslocar de onde estavam. A mesma tecnologia possibilitou a realização de grandes conferências regionais e nacionais, algumas envolvendo mais de 80 estacas ao mesmo tempo.

Durante sua presidência, o número de templos em funcionamento mais que dobrou, de 47 para 124. Entre os templos que ele havia edificado, estava a reconstrução do Templo de Nauvoo, que havia sido destruído alguns anos após a sua dedicação em 1846.

Os novos templos permitiram que um número maior de pessoas tivesse mais contato com as ordenanças sagradas e os convênios, algo sem precedentes. Em agosto de 2005, por exemplo, 42 santos de Camarões tinham que viajar mais de 800 quilômetros para chegar ao templo recém-dedicado em Aba, na Nigéria. As chuvas tornavam as viagens difíceis pelas estradas não pavimentadas, mas os santos seguiam em frente, mesmo quando precisavam empurrar as vans alugadas em meio ao denso lamaçal. Embora a vagarosa jornada fosse muitas vezes difícil, era mais curta e mais acessível do que uma viagem aos templos em Gana e na África do Sul. E os santos camaronenses se alegravam ao receberem sua investidura e as bênçãos do selamento.

O presidente Hinckley sentia-se grato por ter sido parte da propagação das bênçãos da casa do Senhor para tantas pessoas. Ele acreditava que os templos serviam a um único propósito. “Em seus altares, ajoelhamo-nos perante Deus, nosso Criador, e recebemos a promessa de Suas bênçãos eternas”, dizia ele. “Entramos em comunhão com Deus e refletimos sobre Seu Filho, nosso Salvador e Redentor, o Senhor Jesus Cristo, que serviu como procurador para cada um de nós em um sacrifício vicário realizado em nosso favor.”

Desde sua missão na Inglaterra na década de 1930, o presidente Hinckley havia nutrido um grande amor pelos santos europeus. E o afastamento dos europeus da Igreja nas últimas décadas o entristeceu. Para fornecer apoio, ele incentivou a criação de “centros de convivência”, onde jovens solteiros poderiam se reunir para se socializar e compartilhar da fé em Jesus Cristo. Entre 2003 e 2007, mais de 70 centros semelhantes foram abertos em toda a Europa, resultando em muitos novos convertidos, reativações e casamentos do templo.

O presidente Hinckley também transformou as relações públicas da Igreja. Sob a sua supervisão, a Igreja criou seu próprio site, alimentando-o com mensagens centralizadas em Cristo e materiais de treinamento, além de estabelecer uma imprensa on-line para repórteres e demais interessados obterem informações precisas sobre a nossa fé.

Ele também teve uma expressiva presença na mídia em geral, aceitando entrevistas televisionadas com jornalistas de destaque e escrevendo livros para as principais editoras. Em 2001, ele lançou o Joseph Smith Papers Project [Projeto: Documentos de Joseph Smith], que teve como objetivo publicar on-line todos os documentos do profeta e em volumes acadêmicos que pudessem ser encontrados em bibliotecas em todo o mundo.

Para o presidente Monson, dentre as inúmeras inovações do presidente Hinckley, o Fundo Perpétuo de Educação é a que abençoaria mais vidas. Já havia beneficiado quase 30 mil estudantes em 40 países.

“Quão milagroso é tirar os jovens da pobreza e ajudá-los a entrar no mercado de trabalho”, refletiu o presidente Monson em seu diário. “É um sonho realizado que superou nossos mais afetuosos desejos e expectativas. Além disso, é uma fonte de contribuição valiosa para aqueles que desejam promover a educação em muitas partes do mundo onde a educação não chega aos pobres.”


No dia seguinte ao funeral, Boyd K. Packer, o segundo apóstolo mais antigo, ordenou e designou o presidente Monson como o novo presidente da Igreja. O presidente Monson ligou para Henry B. Eyring, anteriormente segundo conselheiro do presidente Hinckley, para que ele se tornasse agora o seu primeiro conselheiro, e Dieter F. Uchtdorf, um apóstolo da Alemanha, para passar a servir como segundo conselheiro.

A nova presidência assumiu os projetos de construção ainda em andamento na época do falecimento do presidente Hinckley, incluindo uma dúzia de templos e cerca de 300 capelas. A Igreja também estava desenvolvendo alojamentos para os missionários do templo em Nauvoo, construindo uma nova Biblioteca de História da Igreja e um grande edifício para ajudar no gerenciamento de doações filantrópicas, além de construir residências e estabelecimentos comerciais do outro lado da rua da Praça do Templo.

Mas, quando o presidente Monson iniciou sua administração, surgiram sérios problemas. Muitos proprietários nos Estados Unidos começaram a faltar com o pagamento de suas hipotecas, e os bancos que detinham essas hipotecas sucumbiram diante da forte dívida. Em pouco tempo, os Estados Unidos caíram na pior crise econômica desde a Grande Depressão, desencadeando o pânico financeiro e o aumento do desemprego em todo o mundo.

“Os mercados financeiros estão em risco”, refletiu o presidente Monson em seu diário. “Nosso povo, assim como os outros em nossa nação e no mundo, está sofrendo para pagar suas dívidas.”

À medida que a crise piorava, a Primeira Presidência precisou considerar a suspensão de vários projetos de construção da Igreja. Tendo vivido a Grande Depressão, o presidente Monson entendia os perigos de exceder os próprios limites. Mas ele também percebeu que, se a construção fosse suspensa, isso significaria desemprego para centenas de trabalhadores como carpinteiros e eletricistas. A indústria da construção parou, e empregos estavam difíceis de encontrar.

O Bispado Presidente, que tinha a mordomia sobre a construção e os esforços humanitários da Igreja, passou a se reunir com a Primeira Presidência toda sexta-feira para analisar a situação dos projetos. Em uma dessas sextas-feiras, no início de 2008, o bispado perguntou ao presidente Monson o que deveria ser feito.

“Temos todos esses projetos de construção em andamento em diferentes estágios”, disse o bispado. “E agora, o que devemos fazer?”

O presidente Monson foi convicto: “Prosseguir com firmeza”, respondeu.


Nessa época, Blake McKeown estava de volta à Bondi Beach em Sydney para mais um treinamento de verão de salva-vidas em frente às câmeras de TV. Sua aparição na segunda temporada da série de TV Bondi Rescue fez dele uma celebridade local na Austrália. Às vezes, quando ele fazia compras em sua cidade natal ou pegava o trem para o trabalho, notava as pessoas olhando e apontando discretamente para ele. Chamar a atenção era um pouco incômodo, mas ele não podia reclamar. Ele gostava de ser pago para passar tempo com seus amigos na praia. “Teria vida melhor do que essa?”, ele se perguntava.

Seus pais também não sabiam ao certo o que dizer. Será que a fama de estar na televisão tinha mudado suas prioridades? Blake havia conseguido o trabalho de salva-vidas um ano antes para ganhar dinheiro enquanto esperava para servir uma missão de tempo integral. Agora, seu aniversário de 19 anos já havia passado há muito tempo.

“O que eu faço?” Sua mãe perguntou ao bispo um dia. “Como isso vai acabar?”

“Não sei”, respondeu o bispo também apreensivo. “Ele estava indo tão bem.”

Blake tentou tranquilizar seus pais. Disse a eles que estava orando para saber o momento certo de servir. Que simplesmente não sentia que tinha chegado a hora. “O importante é que eu vá servir, não quando”, Blake disse a eles, repetindo algo que seu pai sempre falava.

Em seguida, seu irmão Wade voltou da missão ao Japão. Wade percebeu a preocupação de seus pais e conversou com Blake. Ele prestou atenção nas palavras de Wade e começou a pensar mais seriamente em ir para a missão. “Se a Igreja é verdadeira”, pensou consigo mesmo, “então eu tenho que ir para a missão”.

Ele pensou em seu testemunho e na Igreja. Quando mais novo, ele participou da TFY, a conferência de vários dias para os jovens na Austrália, que se espalhou para países da América do Sul e da Europa em 2006, ficando conhecida nesses continentes como Especially for Youth (EFY). Ele também frequentou fielmente o seminário matinal e outras atividades da Igreja. Nem sempre ele ficava empolgado para ir à igreja, mas procurou cumprir os mandamentos e fazer o que era certo. Ele tinha fé em Jesus Cristo e na verdade do evangelho restaurado. Razões suficientes para servir.

Blake então enviou sua recomendação para servir missão. Aquela época foi um momento de oportunidades sem precedentes para o trabalho missionário. Nos últimos anos, os líderes da Igreja haviam “elevado o critério” para o serviço missionário, enfatizando a necessidade de élderes e sísteres comprometidos, com elevados padrões morais, que soubessem como ouvir e responder ao Espírito Santo. A Igreja também havia introduzido missões de serviço para jovens com certos problemas de saúde ou para os quais as missões tradicionais de proselitismo não eram uma boa opção.

Quando o chamado de Blake chegou, ele foi designado para servir uma missão de proselitismo de tempo integral na Missão Filipinas Baguio, uma das 15 missões naquele país. Só faltava ele contar aos seus amigos salva-vidas.

Pouco tempo depois, durante uma filmagem da série Bondi Rescue, Blake falou para as câmeras sobre sua religião. “Desde criança, sempre fui membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, disse ele. “Vou à igreja todos os domingos. Acho que tenho padrões um pouco mais rígidos pelos quais vivo, mas fora isso, sou uma pessoa comum.”

Depois que o turno de Blake terminou, os produtores do programa fizeram com que ele vestisse terno e gravata. Ele então caminhou até a torre de salva-vidas principal e bateu à porta. “Acho que minhas mãos terão que se acostumar com isso”, comentou, olhando para a câmera.

Os salva-vidas o cumprimentaram com risadas bem-humoradas. “O que vocês acham?” Perguntou ele, mostrando seu terno. “Este sou eu pelos próximos dois anos.”

“Para onde você vai?” Um dos salva-vidas perguntou.

“Para as Filipinas”, respondeu Blake. “Vou servir missão pela minha igreja.”

“Você é mórmon?” indagou outro salva-vidas.

“Sim”, disse Blake. “Penso que tenho a melhor coisa da minha vida, então por que não compartilhar com outras pessoas?”

Blake explicou que em breve iria para os Estados Unidos para receber treinamento missionário e aprender tagalo. Depois seguiria para seu campo de serviço designado. “Vamos de porta em porta”, disse ele, “tentando ensinar as pessoas sobre Jesus Cristo”.

“Bem, amigo, tudo de bom”, comentou um dos salva-vidas, apertando a mão de Blake e dando-lhe um abraço caloroso. Blake ficou triste por deixar a praia sabendo que sentiria falta de seus amigos. Mas estava ansioso para começar sua missão e propagar o bem pelo mundo.

Em casa, Blake contou a Wade sobre a experiência. “Meu desafio como missionário era falar com dez pessoas por dia no Japão”, disse Wade. “Você acabou de fazer isso com dez milhões de pessoas de uma só vez.”


Em junho de 2008, Willy e Lilly Binene pegaram um ônibus com seus três filhos para o aeroporto em Mbuji-Mayi, cerca de cento e sessenta quilômetros ao norte de onde moravam em Luputa, República Democrática do Congo. De lá, eles voaram para Kinshasa, passaram a noite na cidade e depois embarcaram em um voo para a África do Sul. O percurso foi longo, mas as crianças estavam felizes, aproveitando as viagens. A família estava indo para o templo de Joanesburgo para ser selada para a eternidade.

Dois anos se passaram desde que o chamado de Willy como presidente do distrito de Luputa os reuniu como família. Ao regressar para Luputa, Lily abriu um jardim de infância. Foi um sucesso imediato e, em pouco tempo, ela o expandiu para uma escola primária. Willy deixou de lado seu sonho de se tornar engenheiro elétrico para começar seu treinamento como enfermeiro no hospital local. Ele conciliou esse trabalho com as demandas do seu chamado e confiou no apoio de seus conselheiros na presidência do distrito ao aprender suas novas responsabilidades: treinar líderes locais e visitar os santos.

Recentemente, a presidência assumiu responsabilidades adicionais para apoiar uma iniciativa de três anos, financiada pela Igreja, com o objetivo de levar água potável para Luputa. Os moradores da cidade há muito tempo dependiam de tanques, nascentes e valas de drenagem para obter água. Duas vezes por dia, mulheres e crianças caminhavam mais de um quilômetro e meio para chegar a um dos pontos de água. Elas usavam qualquer recipiente que tivessem em mãos para transportar a água até em casa. Essas fontes de água estavam repletas de parasitas perigosos, e quase todo mundo conhecia alguém — geralmente uma criança pequena — que havia morrido por causa da água contaminada. Às vezes, as mulheres eram atacadas enquanto iam ou voltavam das fontes de água.

Por muitos anos, ADIR, uma organização humanitária na República Democrática do Congo, quis levar água limpa para as 260 mil pessoas de Luputa e região. Mas a melhor fonte de água era um grupo de nascentes que ficava em uma encosta a mais de 35 quilômetros de distância, e a ADIR não tinha os 2,6 milhões de dólares necessários para construir o sistema de canalização. Posteriormente, o diretor administrativo da organização ouviu falar dos Serviços de Caridade SUD e entrou em contato com os missionários humanitários locais para uma possível colaboração no projeto.

Criada em 1996, sob a direção da Primeira Presidência, os Serviços de Caridade SUD apoiaram centenas de projetos humanitários da Igreja ao redor do mundo por todos esses anos. Embora seus serviços variem de acordo com a necessidade, suas recentes iniciativas se concentram em aplicação de vacinas, doação de cadeiras de rodas, atendimento oftalmológico, assistência à infância e distribuição de água potável. Quando surgiu a notícia sobre a necessidade de canalização de água para Luputa, os Serviços de Caridade SUD doaram os fundos necessários. Os voluntários de Luputa e de outras comunidades próximas concordaram em ajudar com o fornecimento de mão de obra.

Como presidência de distrito, Willy e seus conselheiros trabalharam com a ADIR e Daniel Kazadi, um membro da Igreja da região, contratado como supervisor local. Eles também se ofereceram como trabalhadores voluntários.

Agora, quando a família Binene desembarcou em Joanesburgo, pôde deixar de lado sua vida agitada e se concentrar na casa do Senhor. No aeroporto, eles foram recebidos por uma família e levados ao alojamento do templo. Mais tarde, Willy e Lilly entraram no templo, deixaram seus filhos na creche promovida pela Igreja e vestiram roupas brancas.

Antes de deixarem Luputa, eles estudaram o manual de preparação do templo da Igreja, Investidos de Poder do Alto, e leram o livro do apóstolo James E. Talmage, A Casa do Senhor. Ainda assim, quando chegaram ao templo, estavam um pouco desorientados porque tudo era novo e ninguém falava francês. Utilizaram gestos para descobrir para onde ir e o que fazer.

Mais tarde, na sala de selamento, eles ficaram felizes em se reencontrar com seus três filhos. Vestidos de branco, eles pareciam anjos quando entraram na sala. Willy sentiu arrepios em seus braços. Ele e sua família não pareciam mais estar na Terra. Era como se eles estivessem na presença de Deus.

“Nossa!”, disse ele.

Lilly também sentiu como se eles estivessem no céu. Saber que estariam unidos para a eternidade parecia multiplicar o amor que a família sentia uns pelos outros. Eles se tornaram inseparáveis agora. Nem mesmo a morte poderia separá-los.


No início de 2009, Angela Peterson estava morando em Utah com o marido, John Fallentine. Ela e John se conheceram em uma ala de adultos solteiros em Salt Lake City logo depois que Angela deixou seu extenuante emprego em Washington, DC. John era do oeste dos Estados Unidos, mas também viveu e trabalhou por um tempo em Washington. Ele era mais velho que Angela e um pouco tímido, contudo, rapidamente se tornaram melhores amigos. Em novembro de 2007, foram selados no Templo de Bountiful Utah.

Agora, o casal estava pronto para uma nova aventura. Depois que John recebeu permissão de seu empregador para trabalhar remotamente, eles fizeram as malas e se mudaram para a Ilha do Norte da Nova Zelândia. Ambos já haviam estado lá antes e achavam aquele lugar o mais lindo do mundo.

Os santos da Nova Zelândia comemoraram recentemente o 150º aniversário da chegada da Igreja em seu país e 50 anos se passaram desde a dedicação do templo da Nova Zelândia. Naquela época, a Igreja tinha cerca de 17 mil membros no país e nenhuma ala ou estaca. Agora, há quase 100 mil membros espalhados por 25 estacas, 150 alas e 54 ramos.

A família Fallentine se estabeleceu em Thames, uma cidade costeira na Península de Coromandel, e logo começou a servir em seu pequeno ramo. A maioria dos membros do seu ramo e estaca era maori. Angela amou conhecê-los. Ela serviu na organização das Moças, enquanto John, foi professor da Escola Dominical e se voluntariou para ajudar o presidente do ramo com os rapazes. Angela e John também serviram como missionários do ramo e oficiantes de ordenanças no templo em Hamilton, a quase duas horas de carro.

Em casa, no entanto, o casal tinha suas inquietações. Durante toda a sua vida, Angela quis ser mãe. Mas até o momento, ela e John não conseguiram ter filhos. Eles consultaram um médico em Auckland e realizaram vários exames para saber se havia algo que poderia ser feito. Quando os resultados ficaram prontos, Angela e John descobriram que tinham problemas significativos de fertilidade. Mesmo com a ajuda de médicos e especialistas, as chances de Angela engravidar eram pequenas.

A notícia foi devastadora. Todos os dias, Angela passava por uma cópia emoldurada da proclamação da família em sua casa. O que estava escrito nela levantou uma questão angustiante em sua mente. Se a família foi ordenada por Deus, por que ela e John não conseguiam ter filhos?

Ela se sentia confusa e perdida, mas ainda tinha esperança de que Deus responderia às suas orações e às de seu marido.


Em 9 de agosto de 2009, o presidente Thomas S. Monson se reuniu com amigos católicos romanos na Catedral de Madeleine em Salt Lake City. O magnífico templo religioso era centenário, e o motivo da visita do presidente Monson e das outras autoridades religiosas e cívicas era para comemorar.

O presidente Monson aproveitou a ocasião para falar sobre como os católicos e os santos dos últimos dias deixaram de lado suas diferenças religiosas para cuidar de pessoas necessitadas. O programa “Bom Samaritano” da Catedral oferecia almoço diário para os famintos, com pão e outros alimentos fornecidos pelos Serviços de Bem-Estar da Igreja. Da mesma forma, os católicos administravam uma unidade local para cuidar de dependentes químicos, que a Igreja abastecia com alimentos. As duas igrejas também fizeram parceria para ajudar os refugiados a chegar a Salt Lake City e obter suprimentos adequados de higiene e móveis para casa.

Essa parceria se estendeu muito além de Salt Lake City. Nos últimos anos, as agências de caridade católicas ajudaram a Igreja a distribuir mais de 11 milhões de dólares em ajuda humanitária em todo o mundo, garantindo que a ajuda chegasse àqueles que mais precisavam.

“Quando todos nós tivermos olhos que veem, ouvidos que ouvem e corações que sabem e sentem”, disse o presidente Monson para o público, “reconheceremos as necessidades de nossos semelhantes que clamam por ajuda no meio de nós”.

Nos últimos dezoito meses, o presidente Monson monitorou de perto os numerosos projetos humanitários e de construção da Igreja. Mesmo quando a economia dos Estados Unidos permaneceu estagnada e o desemprego nas alturas, ele observou benefícios inesperados em prosseguir com firmeza com esse trabalho. A demanda por trabalhos de construção havia caído, mas a Igreja conseguiu fornecer empregos para muitos trabalhadores qualificados dentro dos projetos.

O presidente Monson também pediu aos líderes locais que reduzissem os custos sempre que possível. Pediu aos líderes de missão que ensinassem os missionários a ser econômicos. Endossou também um plano proposto recentemente pelo Bispado Presidente para reduzir em um quarto o tamanho das novas sedes de estaca. Em vez de construir instalações maiores e mais caras que acomodassem todos os membros da estaca, as estacas poderiam se reunir em várias capelas e se conectar às conferências da estaca por meio de tecnologia de transmissão. Isso também contribuiu para a redução das despesas de viagens dos santos.

Durante a recessão, o presidente Monson esteva atento às pessoas necessitadas, especialmente as viúvas. As solicitações de ofertas de jejum tinham aumentado e ele não queria que ninguém fosse esquecido. Quando jovem, o presidente Monson serviu como bispo em uma ala de Salt Lake City com mais de mil pessoas. Oitenta e cinco delas eram viúvas. Mesmo depois de seus cinco anos como bispo terem terminado, o presidente Monson continuou visitando as viúvas, levando-lhes presentes e compartilhando momentos agradáveis. Como presidente da Igreja, ele visitava regularmente pessoas solitárias e esquecidas.

“Esse serviço, para o qual todos nós fomos chamados, é o serviço do Senhor Jesus Cristo”, ensinou ele aos santos. “Ao convocar-nos para Sua causa, Ele nos convida a achegar-nos a Ele. Ele fala conosco.”

Em 2003, a Igreja lançou um novo site, www.providentliving.org, que ensinava princípios básicos de bem-estar. Antes da recessão, o site estava recebendo mais de um milhão de visualizações todos os meses. Agora, para ajudar a enfatizar essas verdades consagradas pelo tempo, o Bispado Presidente preparou um novo panfleto e DVD, Princípios Básicos de Bem-Estar e Autossuficiência. Os santos foram aconselhados a pagar seus dízimos e ofertas, viver dentro de um orçamento, evitar dívidas, comer fora com menos frequência e manter uma reserva de alimentos disponível.

“Declaro que o plano de bem-estar de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é inspirado por Deus Todo-Poderoso”, testificou o presidente Monson. “De fato, o Senhor Jesus Cristo é o seu Arquiteto.”

Por décadas, os líderes da Igreja definiram a missão da Igreja incluindo três elementos: aperfeiçoar os santos, proclamar o evangelho e redimir os mortos. Agora, o presidente Monson sentiu que o bem-estar deveria ser a “quarta perna de sustentação da banqueta”. Em setembro de 2009, ele aprovou a edição do Manual de Instruções da Igreja para incluir o tópico “cuidar dos pobres e necessitados” como parte da missão da Igreja.

“Estamos cercados por pessoas que necessitam de nossa atenção, de nosso incentivo, de nosso apoio, de nosso consolo e de nossa bondade”, afirmou ele algumas semanas depois da conferência geral. “Somos as mãos do Senhor aqui na Terra, com o encargo de servir e edificar Seus filhos. Ele precisa de cada um de nós.”

Capítulo 37

As respostas virão

Mão abrindo a torneira

“O que você acha?”

A pergunta de Marco Villavicencio ficou no ar esperando por uma resposta de sua esposa, Claudia. Sua empresa, uma companhia de telecomunicações em Machala, Equador, tinha acabado de lhe oferecer a oportunidade de abrir um novo escritório em Puerto Francisco de Orellana, uma pequena cidade na floresta amazônica ao leste do Equador.

Marco estava interessado no cargo, que incluía uma promoção, mas ele não queria decidir sem consultar sua esposa. O trabalho exigiria que o casal e seu filho de quatro anos, o pequeno Sair, se mudassem para um lugar a mais de 600 quilômetros de distância.

Claudia, assim como Marco, havia crescido em uma cidade grande, então se mudar para o meio da floresta tropical seria uma grande mudança. Mas ela apoiou Marco e queria que ele crescesse em sua carreira. Ela também gostou da ideia de se mudar para uma área rural. Pensava que isso estreitaria os laços familiares entre eles.

Contudo, tanto ela quanto Marco tinham a mesma dúvida sobre Puerto Francisco de Orellana: “Há um ramo da Igreja ali?” Ambos serviram missão, e a Igreja era importante para eles. Eles queriam que seu filho crescesse em um lugar onde pudesse frequentar a Primária, aprender o evangelho e ter experiências espirituais. O Equador tinha quase 200 mil santos dos últimos dias, mas a maioria deles morava perto de grandes cidades como Quito, capital do país, e Guayaquil, onde uma casa do Senhor tinha sido dedicada em 1999.

Puerto Francisco de Orellana, conhecida localmente como El Coca, era pequena em comparação com outras cidades, embora tenha crescido rapidamente depois da descoberta de petróleo alguns anos antes. Claudia procurou por uma ala ou ramo próximo da cidade com o auxílio do localizador de capelas no site da Igreja. A busca não trouxe resultados, mas pouco tempo depois, amigos de Marco e Claudia contaram que havia outros membros da Igreja que se mudaram para lá para trabalhar.

A notícia foi um consolo para Marco e Claudia. Depois de orarem sobre a oferta, eles decidiram aceitar o trabalho.

A família Villavicencio chegou a El Coca em fevereiro de 2009. A cidade ficava em meio à densa floresta, mas para a surpresa da família, não parecia estar desconectada do resto do mundo. Em todos os lugares que olhavam, as pessoas estavam ocupadas com seus negócios.

Quando o proprietário do lugar onde eles iriam ficar soube que eles eram membros da Igreja, disse que sabia onde um grupo de membros se reunia para ler as escrituras. “Eu emprestei a eles a casa”, disse o homem.

O grupo estava se reunindo todos os domingos de manhã às nove horas para cantar hinos, ler a revista Liahona e estudar as escrituras. Eles também entraram em contato com Timothy Sloan, presidente da Missão Equador Quito, que enviou dois missionários para visitá-los. Contudo, os missionários moravam a quatro horas de El Coca e não conseguiam estar presentes com frequência.

Marco, Claudia e Sair começaram a participar das reuniões de domingo toda semana. No começo, Sair sentia falta da Primária e perguntava onde estavam as outras crianças. Marco e Claudia também tinham saudades da vida de antes, mas ao se dedicarem a fundo no serviço do Senhor, conseguiam minimizar esse sentimento.

Quando os missionários chegaram à cidade, Marco pediu ajuda para encontrar mais membros. “Élderes”, disse ele, “acho que vocês precisam andar pela cidade”. Ele pensava que, se as pessoas reconhecessem os missionários, perguntariam a eles onde poderiam se reunir com outros membros locais.

Pouco a pouco, os membros da Igreja na cidade ficaram sabendo da reunião e se juntaram ao grupo. Com o crescimento do grupo, Marco acabou se tornando seu líder. Os missionários começaram a vir toda semana para ensinar as pessoas e encontrar mais membros da Igreja. Em pouco tempo, os santos em El Coca receberam permissão para seguir o programa de unidades básicas da Igreja.

E com a permissão veio a autoridade para ministrar o sacramento.


Quando Angela Peterson Fallentine soube que seria extremamente difícil para ela e seu marido ter filhos biológicos, telefonou para a mãe. “Eu não sei o que fazer”, disse ela. “Não conheço ninguém que tenha passado por isso.” Ela estava aterrorizada.

Sua mãe, depois de ouvi-la, perguntou se ela se lembrava de Ardeth Kapp, a ex-presidente geral das Moças. “Ela e o marido nunca foram abençoados com filhos”, contou para Angela, “Mas ela sempre foi um exemplo de como lidar com infertilidade sem deixar que isso a definisse.

Não deixe que isso seja um obstáculo para você”, continuou sua mãe. “Sinto que você precisa compreender a doutrina da maternidade e da família, caso contrário, será algo que continuará incomodando você pelo resto de sua vida.”

Prosseguiu: “Não sei por que você e John têm que passar por isso ou quanto tempo durará, mas se puder aguentar e tentar entender o que o Senhor precisa que você aprenda com isso, as respostas virão”.

Angela podia sentir o amor e o apoio de sua mãe naquelas palavras, e as guardou no coração enquanto ela e John continuavam explorando alternativas como a adoção e a fertilização in vitro. Ao mesmo tempo, enfrentavam os desafios que surgiam para realizarem o sonho de serem pais. Quando eles pesquisaram sobre a adoção por meio dos Serviços Familiares SUD e do programa nacional da Nova Zelândia, perceberam que as suas chances de adotar eram extremamente baixas.

Enquanto enfrentava seguidas decepções, Angela se apoiou na oração, no jejum e na adoração no templo em busca de ajuda. Ela pensava constantemente no Salvador, confiante de que Ele a estava ajudando a suportar as suas provações. Ao mesmo tempo, Angela também desejava que Ele simplesmente a livrasse de todas elas. Nesses momentos de maior angústia, John a confortava. Ele tinha fé de que tudo ficaria bem.

Os olhos de Angela ainda eram atraídos para a proclamação da família pendurada na parede. Ela sempre amou seus ensinamentos. Mas depois de descobrir sobre sua infertilidade, ela muitas vezes sentia um aperto no coração quando lia a afirmação sobre o “mandamento dado por Deus a Seus filhos, de multiplicarem-se e encherem a Terra”. Angela entendeu que ela e John não estavam quebrando nenhum mandamento, pois não era culpa deles não poderem ter filhos naturalmente. Mas mesmo quando eles começaram os tratamentos para sua infertilidade, Angela se perguntou se estavam fazendo o suficiente.

Nessa época, eles se mudaram para Tauranga, uma cidade grande na Baía de Plenty, na Nova Zelândia, e Angela foi chamada como presidente das Moças da estaca. O novo chamado a deixou insegura. Ela tinha trinta e poucos anos e se sentia jovem demais para dizer às outras líderes o que fazer. Ao mesmo tempo, também se preocupava em estar velha demais para se relacionar com as jovens. Angela orou para saber como guiá-las.

Logo descobriu que poderia se relacionar com as moças de maneiras que não esperava. Ela era mais jovem que os pais delas e muitas moças a admiravam e consideravam seus conselhos. Ela, por sua vez, conseguia fazer amizade com as jovens e incentivá-las de uma maneira que a mãe delas não conseguia. Sem seus próprios filhos, ela descobriu que poderia dedicar seu tempo a elas e ser uma figura de confiança para aconselhá-las naquilo que precisavam.

Ela e seu marido também se sentiam felizes em apoiar outras famílias em sua ala e estaca. Faziam churrascos, sessões de cinema ao ar livre e encontros para a noite no lar. Durante as conferências gerais, eles convidavam as moças para comer crepes antes de irem à sede da estaca, onde participavam da transmissão geral das Moças. Como era difícil estar longe da família na época do Natal, eles realizavam uma festa na véspera de Natal para imigrantes que conheciam da África do Sul e da ilha de Niue. Essas atividades sempre enchiam a casa de Angela e John de crianças, e eles adoravam passar o tempo com elas e com os pais que as acompanhavam.

Um dia, ao passar pela proclamação da família emoldurada na parede, Angela se atentou às palavras da introdução: “Nós, a Primeira Presidência e o Conselho dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, solenemente proclamamos…”

“Eu realmente acredito nisso?” Ela se perguntou. “Eu realmente acredito no que eles estão dizendo e que eles são profetas e apóstolos?” Suas experiências mudaram a maneira como ela lia e entendia a proclamação da família. No entanto, ela sabia que os profetas e apóstolos tinham testemunho especial de Jesus Cristo, e ela acreditava nas palavras deles.

Ela estava começando a perceber que havia muitas maneiras de ser mãe e tinha fé que ela e John teriam a oportunidade de se tornarem pais na eternidade. Esse entendimento a ajudou a compreender a importância do casamento e da família no plano de salvação.

Ela se lembrou de como a proclamação da família havia inspirado e impressionado o mecânico e oficial do Oriente Médio que conheceu em Washington, DC. As verdades que a proclamação ensinava eram poderosas e relevantes para sua vida, e ela confiava nelas.


De volta a El Coca, Equador, Marco Villavicencio havia conseguido facilmente abrir um escritório de telecomunicações na cidade, mas gerenciá-lo era um desafio diário. Seus funcionários eram novos no setor e precisavam de treinamento antes que pudessem atender adequadamente às necessidades dos clientes. Depois, havia a questão de encontrar clientes. Como o escritório era novo, Marco e sua equipe passaram grande parte do tempo conhecendo pessoas e promovendo seus negócios. O trabalho duro não foi em vão, o escritório estava crescendo.

Mesmo tão ocupado, Marco encontrava tempo para sua família e a Igreja. A cada mês que passava, mais e mais pessoas apareciam para as reuniões sacramentais nas manhãs de domingo. O Espírito do Senhor havia preparado muitas pessoas para o evangelho restaurado de Cristo. Eles ansiavam por saber sobre Deus e Seu amor.

Os missionários passaram a visitar a cidade mais vezes durante a semana para ensinar as pessoas e convidá-las para a igreja. Marco e Claudia se perguntavam quanto tempo levaria para que o grupo deles se tornasse um ramo.

Sete meses após a chegada da família Villavicencio a El Coca, o presidente da missão, Timothy Sloan, visitou a cidade. Já que Marco liderava o grupo da Igreja local, o presidente Sloan pediu que ele o apresentasse aos santos enquanto eles visitavam El Coca.

Durante boa parte da manhã e uma parte da tarde, Marco guiou o presidente da missão pelas ruas da cidade. O presidente Sloan estava especialmente interessado em conhecer os portadores do sacerdócio de Melquisedeque, muitos dos quais conseguiu entrevistar. Enquanto se deslocavam de um lugar para outro, ele também perguntou a Marco sobre a sua família, carreira e experiência com a Igreja.

No final do dia, o presidente Sloan disse a Marco que queria conversar. Eles foram à casa onde os santos realizavam suas reuniões e procuraram uma sala vazia. O presidente Sloan então confidenciou que estava orando para encontrar um presidente de ramo na cidade. “Eu tive o sentimento de que você é essa pessoa”, disse ele. “Você aceita este chamado do Senhor?”

“Sim”, respondeu Marco.

No dia seguinte, em 6 de setembro de 2009, o presidente Sloan organizou o ramo de Orellana e designou Marco como seu presidente. Uma semana depois, o escritório da área da Igreja em Quito enviou cadeiras, quadros negros, mesas e outros itens para o local de reuniões do ramo.

O ramo contava com muitos novos líderes, inclusive Claudia, que serviu como presidente das Moças. A maioria dos líderes tinha pouca experiência na Igreja, então Marco fez do treinamento uma prioridade. Ele queria que os líderes do ramo fossem exemplos de amor e serviço cristão. Ele usou todos os recursos que tinha em mãos, todos os manuais e vídeos da Igreja, para ajudar os novos líderes a aprender quais eram as suas responsabilidades. Como os celulares estavam se tornando mais comuns na cidade, ele ligava para membros do ramo ou enviava mensagens de texto durante a semana para conduzir os negócios do ramo, planejar atividades e atender às necessidades de seus amigos membros da Igreja.

Entre os itens que o ramo recebeu da Igreja estava um computador com acesso à internet. A Igreja havia desenvolvido um programa de computador chamado Serviços para Membros e Líderes para ajudar os líderes e secretários locais a registrar e relatar o dízimo, a frequência dos membros e outros dados com precisão e segurança. Marco tinha familiaridade com computadores devido a sua experiência no setor da tecnologia e aprendeu rapidamente a usar o programa. Como os computadores eram raros em El Coca, ele também teve que mostrar a alguns dos novos líderes como usá-los. Felizmente, o Espírito os guiou, e como eram dedicados, logo se adaptaram à tecnologia.

Nas reuniões de conselho do ramo, Marco e outros líderes compartilhavam abertamente seus pensamentos sobre como ajudar as pessoas que estavam sob seus cuidados. O conselho entendia que todos no ramo precisavam desenvolver um testemunho de Jesus Cristo. Nas reuniões e atividades do ramo, Marco e os demais líderes falavam de Cristo com frequência, criando um ambiente em que visitantes e membros novos podiam sentir Seu amor e achegar-se a Ele.

Um mês após a organização do ramo, a Igreja transmitiu a conferência geral semestral via rádio, televisão, satélite e internet. Embora esses canais de comunicação tenham atingido a maioria das áreas do mundo, o ramo em El Coca ainda não tinha acesso à televisão por satélite ou a uma conexão de internet forte o suficiente para transmitir uma conferência. Porém, pouco tempo depois, o escritório da Igreja em Quito enviou ao ramo a gravação da conferência em espanhol, em formato de DVD.

Na esperança de replicar a experiência de assistir à conferência ao vivo, Marco e outros líderes do ramo decidiram mostrar a gravação ao longo de um fim de semana, dividindo-a por sessão. Na casa, eles arrumaram as cadeiras, a televisão, as caixas de som, e fizeram convites especiais para enviar a cada um dos membros. Claudia ficou encarregada de recepcionar as pessoas quando chegassem.

No dia da primeira sessão, os membros vieram vestidos com roupas de domingo. Alguns estavam familiarizados com a conferência geral, enquanto outros não tinham ideia do que esperar. O Espírito preencheu a sala enquanto todos ouviam atentamente os oradores e desfrutavam da música do Coro do Tabernáculo.

Muitos dos membros mais novos achavam que a Igreja era pequena e local. Quando assistiram à conferência, porém, viram que faziam parte de uma organização mundial. Assim como eles, milhões de outros membros da Igreja estavam trabalhando juntos para levar adiante a obra do Senhor.


No início de 2010, mais de 170 mil membros da Igreja moravam nas ilhas do Caribe. Na República Dominicana, lar de dois terços desses santos, havia dezoito estacas e três missões. Em 1998, a Igreja criou um Centro de Treinamento Missionário em Santo Domingo, capital da República Dominicana, para preparar missionários do Caribe para o serviço. Dois anos depois, em setembro de 2000, o presidente Hinckley foi à cidade para dedicar o templo de Santo Domingo, a primeira casa do Senhor na região.

Quando os missionários da Igreja chegaram à República Dominicana em 1978, cerca de uma dúzia de membros, os únicos santos no país, os encontraram no aeroporto. Entre eles estavam Rodolfo e Noemí Bodden. A família Bodden e vários de seus filhos haviam se juntado à Igreja três meses antes, graças a seus amigos John e Nancy Rappleye e Eddie e Mercedes Amparo. Nos anos que se seguiram, Rodolfo e Noemí serviram fielmente na Igreja.

O evangelho restaurado se espalhou para outras nações do Caribe de maneiras semelhantes. Na Jamaica, uma ilha a oeste da República Dominicana, os missionários da Igreja haviam pregado o evangelho já na década de 1850. Mas a Igreja não se estabeleceu lá até que os conversos nascidos na Jamaica, Victor e Verna Nugent, despertassem interesse pelo evangelho na década de 1970. Victor e Verna receberam um Livro de Mórmon de um colega de trabalho americano, Paul Schmeil. Ele também lhes apresentou o filme da Igreja, O Homem em Busca da Felicidade; e a mensagem transmitida pelo filme, juntamente com o exemplo cristão de Paul, inspirou Victor.

Em 20 de janeiro de 1974, a família Nugent foi batizada. Quatro anos mais tarde, depois que a revelação do presidente Spencer W. Kimball abriu as portas para os Nugents e outras pessoas de ascendência africana negra receberem todas as bênçãos do sacerdócio, a família foi selada no Templo de Salt Lake.

Nesse mesmo ano, 1978, outro santo dos últimos dias norte-americano, Greg Young, batizou seus amigos John e June Naime em Barbados. Pouco mais de um ano depois, o primeiro ramo em Barbados foi organizado com John como presidente do ramo e June como presidente da Sociedade de Socorro. Mais tarde, Barbados serviu como sede da Missão Índias Ocidentais, e o evangelho se espalhou de lá para Granada, Guadalupe, Santa Lúcia, Martinica, São Vicente, Guiana Francesa, São Martinho e outros países vizinhos.

Enquanto isso, no Haiti, o haitiano nascido no Chile, Alexandre Mourra, soube da Igreja por um parente que havia conseguido uma cópia do Livro de Mórmon e outras literaturas da Igreja de missionários na Flórida. Após ler o testemunho do profeta Joseph Smith, Alexandre pediu um Livro de Mórmon para si e nele teve o testemunho da verdade. Como a Igreja ainda não estava no Haiti, ele voou para a Flórida, reuniu-se com o presidente da missão lá e foi batizado em julho de 1977. Ele então voltou para casa em Porto Príncipe e ensinou o evangelho às pessoas. Um ano depois, o presidente da missão visitou o Haiti e oficiou o batismo de 22 amigos de Alexandre.

A Igreja no Haiti continuou a crescer nos anos que se seguiram, apesar da agitação social e política que frequentemente assolava o país. Ao final de 2009, havia 16 mil santos espalhados por duas estacas e dois distritos. Sua resiliência foi testada em 12 de janeiro de 2010, quando um terremoto devastador atingiu o Haiti, destruindo casas e matando mais de 200 mil pessoas, incluindo 42 santos dos últimos dias.

Quando o terremoto aconteceu, Soline Saintelus estava com o bispo na capela de Porto Príncipe. Seu marido, Olghen, estava trabalhando em um hotel local. Eles correram para casa, um conjunto de apartamentos, onde seus três filhos pequenos estavam aos cuidados da babá. Do edifício, restaram apenas escombros.

“Pai Celestial”, orou Olghen, “se for de Tua vontade e se houver apenas um de meus filhos vivo, por favor, ajuda-nos”.

Por dez horas, a equipe de resgate escavou os escombros. A certa altura, eles ouviram o filho mais velho, Gancci, de cinco anos, cantando “Sou um filho de Deus”, seu hino favorito. Sua voz ajudou os trabalhadores a resgatar não somente ele como seus irmãos e a sua babá.

Nas semanas seguintes, a Igreja ajudou líderes locais e organizações humanitárias no fornecimento de médicos, tendas, alimentos, cadeiras de rodas, suprimentos médicos e demais necessidades. Abriu também capelas para abrigar muitas pessoas que perderam suas casas no desastre. Posteriormente, a Igreja ajudou as pessoas a encontrar emprego e iniciar novos negócios.

Assim que foi resgatado, Gancci Saintelus foi levado em estado grave à Flórida para receber tratamento médico. Lá, os membros locais da Igreja prestaram assistência à família Saintelus, doando brinquedos, alimentos, fraldas e outros recursos. A bondade deles levou Olghen às lágrimas.

“Sou muito grato à minha igreja”, disse ele.


Em setembro de 2010, os moradores de Luputa, na República Democrática do Congo, tinham quase terminado de colocar a tubulação para a canalização de água potável financiada pela Igreja. Em conversa com um jornalista, o presidente distrital, Willy Binene, enfatizou a importância de haver água encanada.

“O homem consegue viver sem eletricidade”, disse ele. “Mas a falta de água potável é um fardo quase insuportável.”

Se o repórter percebeu ou não, Willy estava falando com base na experiência de vida. Como estudante de engenharia elétrica, ele nunca havia desejado morar em Luputa, uma cidade sem eletricidade. Contudo, seus planos mudaram e ele se adaptou bem — chegando até a prosperar — sem energia. Ele, sua família e todas as outras pessoas na região, sofreram os efeitos dolorosos de doenças transmitidas pela água. Na igreja, para não correrem o risco de contaminação, fizeram um grande esforço comprando água engarrafada para o sacramento.

Todavia, com um pouco mais de trabalho, a vida em Luputa estava prestes a mudar. Desde o início do projeto, foram estabelecidos os dias de trabalho na canalização para cada bairro da cidade e dos seus arredores. Naquela fase, os caminhões da ADIR, a organização que gerenciava o projeto, passava cedo nos bairros para transportar os voluntários até o local de trabalho.

Como presidente do distrito, Willy queria ser um líder modelo. Nos dias em que seu bairro estava na escala de trabalho, ele deixava seu trabalho de enfermagem de lado para ajudar a cavar. Entre Luputa e a fonte de água limpa havia quilômetros de colinas e vales. Como a tubulação precisava da gravidade para funcionar, os voluntários tiveram que cavar a vala e enterrar os canos com precisão para garantir que a água fluísse adequadamente.

Willy e os voluntários cavaram tudo manualmente. A vala tinha que ter aproximadamente 46 centímetros de largura e 1 metro de profundidade. Em alguns lugares, o solo era arenoso, o que agilizava o trabalho. Já em outros lugares, era um emaranhado de raízes de árvores e rochas, tornando o trabalho exaustivo. Os voluntários só podiam orar para que os incêndios florestais e os ninhos de insetos perigosos não retardassem o andamento do projeto. Em um bom dia de trabalho, eles conseguiam cavar quase 150 metros de vala.

Os santos do distrito de Luputa trabalhavam em turnos extras, devido às suas outras atividades no bairro. Naqueles dias, os homens da Igreja se juntavam aos voluntários regulares para cavar as valas, enquanto as mulheres da Sociedade de Socorro preparavam refeições para os trabalhadores.

O comprometimento dos santos com o projeto ajudou as pessoas a aprender mais sobre a religião deles. A população local via a Igreja como uma instituição que não apenas cuidava de seus próprios membros, mas também da comunidade em geral.

Quando a canalização ficou pronta, em novembro de 2010, muitas pessoas foram a Luputa para testemunhar a chegada da água. Cisternas enormes, instaladas sobre estacas altas foram construídas na cidade para o armazenamento e distribuição de água. No entanto, algumas pessoas se perguntavam se a canalização conseguiria mesmo levar água suficiente para encher os tanques. O próprio Willy tinha suas dúvidas.

Então as comportas se abriram e todos puderam ouvir o som da água enchendo as cisternas. Uma alegria imensa tomou conta da multidão. Dezenas de pequenas estações feitas de concreto para conter a água, distribuídas por toda a cidade, cada uma com muitas torneiras, agora podiam fornecer água potável.

Para comemorar a ocasião, a cidade realizou uma celebração. As festividades atraíram 15 mil pessoas de Luputa e região. Entre os convidados de honra estavam dignitários governamentais e tribais, funcionários da ADIR e um membro da presidência da Área África Sudeste da Igreja. Em um dos tanques de água estava pendurada uma grande faixa com letras azuis brilhantes:

AGRADECEMOS À IGREJA

AGRADECEMOS À ADIR

PELA ÁGUA POTÁVEL

Quando os convidados chegaram e se sentaram sob os gazebos construídos especialmente para a celebração, um coral de jovens santos dos últimos dias cantou hinos.

Assim que todos estavam acomodados, e o burburinho da multidão cessou, Willy pegou um microfone e se dirigiu ao público como um representante local da Igreja. “Assim como Jesus realizou muitos milagres”, disse ele, “hoje presenciamos um milagre com a chegada da água a Luputa”. Ele disse à multidão que a Igreja havia financiado a canalização para toda a comunidade e pediu a todos que fizessem bom uso dela.

E para quem se perguntou por que a Igreja havia se interessado por um lugar como Luputa, ele deu uma resposta simples.

“Somos todos filhos do Pai Celestial”, respondeu. “Devemos fazer o bem a todos.”

Capítulo 38

Real e imensurável

Exterior do templo de San Salvador, El Salvador

Em fevereiro de 2011, Marco e Claudia Villavicencio ficaram surpresos ao receber um e-mail de Joshua Perkey, editor de revistas da Igreja em Salt Lake City. Um ano antes, Joshua visitou El Coca, Equador, como parte de um esforço editorial para aumentar a publicação de artigos que falassem mais sobre os santos de todo o mundo nas revistas. Por vários dias, Joshua visitou os Villavicencio e outros membros do ramo, participou de reuniões da Igreja e de aulas no seminário, e tirou fotografias da cidade e de seus moradores.

Na época da visita de Joshua, o ramo em El Coca tinha apenas um ano de existência. Mas havia crescido de 28 membros para 83. Marco atribuiu o crescimento aos esforços do ramo em ajudar todos a se sentirem valorizados e amados. “Procuramos colocar em prática o que o presidente Gordon B. Hinckley aconselhou, que cada recém-converso precisa ser nutrido pela boa palavra de Deus, ter um amigo e ter uma responsabilidade”, disse Villavicencio a Joshua. Claudia, que ainda servia como presidente das Moças do ramo, concordou e acrescentou: “Quando chegam à igreja pela primeira vez, as pessoas se impressionam com o modo como são recebidas. Por isso, ensinamos às moças o quanto cada alma é importante para o Senhor.”

Muitos dos membros compartilharam histórias e testemunhos sinceros com Joshua. Lourdes Chenche, presidente da Sociedade de Socorro, falou da alegria que ela e sua presidência experimentaram servindo as mulheres no ramo. “Nós as confortamos quando elas têm problemas”, disse ela. “Mostramos que não estão sozinhas, que temos a ajuda de Jesus Cristo e do ramo”.

No e-mail que Joshua enviou à família Villavicencio, ele explicou que estava criando um pequeno vídeo para as revistas da Igreja. O vídeo fazia parte de uma nova série on-line voltada para as crianças da Primária. Chamado “One in a Million”, apresentava crianças de todo o mundo contando histórias sobre a vida delas e seus testemunhos. Em um dos vídeos, um menino da Ucrânia contou como o presidente Thomas S. Monson o convidou para colocar um pouco de argamassa no alicerce do novo templo em Kiev. Em outro, uma menina da Jamaica falou sobre tentar ser um bom exemplo em sua escola.

Cada vídeo durava cerca de um minuto e meio, e Joshua queria saber se Marco e Claudia permitiriam que Sair, seu filho de seis anos, fosse apresentado em um vídeo. Foi difícil para Sair ficar longe de seus parentes e do convívio com a Primária. Porém, no último ano, com a chegada de mais crianças à igreja, ele pôde frequentar a Primária novamente. Claudia achou que o vídeo seria uma boa oportunidade para ajudar o menino a se lembrar da identidade divina que ele tinha.

Então, Joshua enviou algumas perguntas para Sair sobre hobbies, comidas e hinos da Igreja favoritos, e Claudia e Marco se prontificaram em ajudar na formulação das respostas. Sair estava ansioso para fazer a gravação com Claudia e ela, por sua vez, estava aproveitando o tempo que passavam juntos.

Eles enviaram o áudio para Joshua e montaram o vídeo com algumas fotos que ele havia tirado durante sua visita a El Coca. Sem perder tempo, pouco depois da publicação do vídeo, a família Villavicencio se sentou em frente ao computador que ficava na sala de estar para assisti-lo. Sair estava muito animado para ver como ficou.

O vídeo começou com uma foto da família. Sair, com a sua voz baixinha, disse em espanhol: “Meu nome é Sair e sou do Equador”. Imagens de El Coca apareceram na tela, e Sair descrevia os pássaros e animais coloridos da cidade, bem como sua comida e esportes favoritos. Ele também falou da mudança para El Coca e de como era antes de o ramo ser criado. “Não havia igreja para nós irmos”, disse ele. “Logo, outras famílias se mudaram para cá e mais pessoas foram batizadas.

Todos nós somos missionários!”, prosseguiu. “Agora tenho muitos amigos na Primária. Cantamos hinos sobre Jesus e o Pai Celestial, como qualquer criança do mundo. Eu gosto de cantar ‘Sou um filho de Deus’.”

Enquanto Claudia estava sentada com o filho, ela mal podia acreditar que as pessoas de todos os lugares agora poderiam ver o quão feliz a sua família era por causa do evangelho. O vídeo a lembrou de que Deus cuidava de lugares como El Coca e que trabalhava por meio de pessoas como ela, Marco, Sair e outros santos do ramo.

Ela esperava que o vídeo mostrasse a Sair que ele fazia parte de uma organização grande e importante como a Primária e que, mesmo sendo ainda uma criança, ele poderia servir ao Senhor.


No final de fevereiro de 2011, Emma Hernandez entregou pessoalmente um convite de formatura ao seu pai. Seis anos antes, ele tinha se declarado contra o casamento dela com Hector David, porque pensava que iria atrapalhar os estudos da filha. Mas, com o suporte financeiro do Fundo Perpétuo da Educação, Emma se formou em marketing em uma prestigiada universidade hondurenha.

Seu pai estava feliz por ela, e ela estava orgulhosa dele. Há muito tempo, ele havia mudado de ideia em relação ao casamento. Antes do casamento, Emma havia orado para que o coração de seu pai se abrandasse. E sua mãe o ajudou a ver que Hector David era um bom pretendente para a filha. Mais recentemente, graças aos esforços de ministração de um presidente diligente do quórum de élderes combinados com um forte desejo de se achegar a Cristo e fazer convênios com Ele, seu pai voltou para a Igreja após muitos anos afastado.

Emma se alegrou com o retorno de seu pai à Igreja. Mãe e filha oraram durante anos para que o coração dele mudasse para que um dia a família pudesse ir à casa do Senhor juntos. A resposta às orações chegou na manhã de 1º de abril de 2010, quando Emma e grande parte de sua família foram ao Templo da Cidade da Guatemala para serem selados uns aos outros para toda a eternidade. O céu estava limpo, e as flores recém-plantadas adornavam o jardim do templo quando ela entrou na casa do Senhor com o pai, a mãe e a irmã.

Emma sentiu o Espírito quando entrou na sala de selamento e viu seus pais de joelhos no altar. A paz e o amor tomaram conta deles enquanto davam as mãos e olhavam nos olhos uns dos outros. Após a cerimônia, na sala celestial, eles se abraçaram e derramaram lágrimas de felicidade. O pai de Emma era um homem introvertido, mas em seu abraço, ela conseguiu sentir o quanto ele estava emocionado.

Um ano após o selamento, ela e Hector alcançaram seus objetivos educacionais ao mesmo tempo em que constituíam família, sem deixar de servir na Igreja. Emma descobriu sua paixão pelo marketing e agora tinha o conhecimento e as ferramentas para se capacitar na profissão. Com o diploma de Hector em finanças, ambos conseguiram uma renda considerável para cuidar da família. O mais importante foi o amadurecimento de Emma durante seus estudos, aprendendo a superar os desafios e a confiar no Senhor.

No começo, ela ficou preocupada com o curso. Houve um tempo em que não achava que a família conseguiria arcar com os estudos dela até se formar. Mas o Fundo Perpétuo da Educação acabou com essa preocupação, e o apoio de sua família a fortaleceu e a manteve motivada para seguir em frente com seus sonhos. Sua gratidão ao Senhor cresceu e ela e Hector viram o serviço deles na Igreja como uma oportunidade de agradecer e mostrar amor ao Salvador. Emma estava ansiosa para usar seus conhecimentos adquiridos para pagar o empréstimo do FPE. Ela acreditava ser capaz de obter conquistas ainda maiores no futuro.

Em 4 de março de 2011, no dia da formatura de Emma, sua família se reuniu novamente, dessa vez na universidade para a cerimônia de formatura. Ela havia chegado mais cedo para ensaiar a cerimônia com seus colegas graduados, todos trajados de beca preta e capelo combinando. Emma se emocionou ao ver seus familiares chegando na cerimônia, principalmente seus pais, Hector David e Oscar David.

Enquanto caminhava pela fileira de autoridades da universidade, Emma expressava gratidão ao Senhor por Suas bênçãos, cumprimentando cada uma delas até finalmente receber seu diploma. Seu pai foi o primeiro a abraçá-la quando a cerimônia terminou. “Parabéns, filha”, disse ele, com a sensação de dever cumprido. Emma ficou feliz em vê-lo tão aliviado.

Ela então abraçou e beijou Hector, agradecida pelo apoio recebido ao longo dos estudos.

“Obrigada”, disse ela enquanto se abraçavam. “Eu não teria conseguido sem você.”


Na manhã de 2 de abril de 2011, o presidente Thomas S. Monson se colocou junto ao púlpito do centro de conferências e olhou para os milhares de santos reunidos para a conferência geral anual da Igreja. “Quando este edifício foi planejado, pensamos que nunca ficaria cheio”, comentou ele, sorrindo. “Mas olhem para ele agora.”

A conferência marcava seu terceiro ano como presidente da Igreja, um chamado que o manteve mais ocupado do que a maioria das pessoas poderia imaginar. Ele estava profundamente grato aos santos de todo o mundo, que agora somavam mais de 14 milhões. “Agradeço sua fé e devoção ao evangelho, o amor e o carinho que demonstram uns pelos outros e pelo serviço que vocês prestam em suas alas, ramos, estacas e distritos”, disse ele.

Foi um momento especial para os santos dos últimos dias. Meio século antes, o presidente David O. McKay se regozijou com a boa reputação da Igreja, principalmente nos Estados Unidos. Mesmo assim, a Igreja era relativamente desconhecida para a maioria das pessoas. Esse não era mais o caso. Décadas de trabalho missionário amplamente difundido, iniciativas de relações públicas bem-sucedidas, projetos de ajuda humanitária em grande e pequena escala, e os simples gestos diários dos santos tornaram a Igreja conhecida em muitas partes do mundo.

Recentemente, a Igreja também havia chamado significativa atenção da mídia. A cobertura da Igreja durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002 acabou sendo um prelúdio para um aumento repentino de publicidade que veio quando Mitt Romney, chefe do Comitê Organizador Olímpico de 2002 e proeminente político membro da Igreja, anunciou que estava concorrendo à presidência dos Estados Unidos. Embora ele não tenha conseguido a indicação de seu partido político em 2008, muitas pessoas esperavam que ele concorresse novamente em 2012.

E o interesse público pela Igreja permaneceu em alta. Os santos dos últimos dias ganharam destaque no noticiário como legisladores e líderes empresariais. Alguns participaram de reality shows ou se destacaram profissionalmente nos esportes. Outros ganharam fama como estrelas do rock ou como músicos de concerto. Além disso, alguns escreveram best-sellers, sendo que alguns foram adaptados para filmes de grande sucesso.

O crescente interesse pela Igreja e seus membros não significava que todos estavam entusiasmados para abraçar o evangelho restaurado. Muitas pessoas interpretaram errado a Igreja ou discordaram de seus ensinamentos. De fato, o presidente Monson e outros líderes temiam o afastamento dos valores cristãos de longa data e dos ensinamentos e práticas da Igreja. A maior evidência dessa tendência poderia ser constatada nas crenças sobre o casamento.

Nos últimos anos, defensores das pessoas homossexuais, bissexuais, transgêneros e queer (LGBTQ) fizeram pressão pelo direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. A Igreja e outras organizações religiosas haviam se oposto a essas medidas, afirmando que o casamento entre um homem e uma mulher era ordenado por Deus.

O exemplo mais importante ocorreu em novembro de 2008, quando os residentes da Califórnia tiveram a chance de votar em uma emenda constitucional estadual que definiria legalmente o casamento sendo exclusivamente entre um homem e uma mulher. A Igreja uniu forças com outros grupos religiosos para angariar fundos em apoio à emenda. Os líderes da Igreja em Salt Lake City também incentivaram os membros da Califórnia a apoiar e promover ativamente a proposta.

Embora ela tenha sido aprovada por uma pequena margem, a Igreja recebeu críticas significativas por sua influência na votação, resultando em protestos nas proximidades dos templos.

O presidente Monson e outros líderes da Igreja permaneceram firmes na defesa da doutrina do casamento e dos padrões da Igreja. Eles falaram da liberdade religiosa e da liberdade de ensinar e definir o casamento como uma união sagrada entre um homem e uma mulher. Eles também procuraram construir pontes com outras denominações, como a Igreja Católica Romana, que acreditavam na mesma definição.

Cada vez mais, eles se esforçavam para estabelecer um diálogo com a comunidade LGBTQ. À medida que os debates sobre o casamento e os direitos dos homossexuais continuavam, os líderes da Igreja incentivavam os membros a ser amorosos e respeitosos quando surgissem divergências e a condenar o bullying à comunidade LGBTQ. Em novembro de 2009, a Igreja se uniu aos legisladores de Salt Lake City no apoio aos direitos de moradia justa para todos, sem levar em consideração a orientação sexual. Os líderes da Igreja também procuraram fornecer melhores recursos e promover maior empatia pelos membros LGBTQ da Igreja, que muitas vezes se sentiam perdidos em meio ao debate. Entre os recursos, estava em desenvolvimento um novo site da Igreja com artigos e vídeos de membros e seus familiares compartilhando experiências e testemunhos.

Um dos vídeos contava a história de Suzanne Bowser, uma irmã que lutou por anos para lidar com sua atração por mulheres. Ela continuava frequentando a igreja, mas às vezes sentia o seu coração dividido. Com o passar do tempo e com o apoio de amigos e familiares que compartilharam de sua luta, ela conseguiu chegar a um entendimento que lhe trouxe paz. “Isso faz parte de mim, continuará fazendo e tudo bem. Eu ainda posso ser feliz. Eu ainda posso ter o Salvador na minha vida”, ponderou ela. O amor Dele preencheu o vazio que às vezes ela sentia.

Suzanne também encontrou apoio nos líderes da Igreja dispostos a ouvi-la, o que foi fundamental para ela. “Eu tive líderes do sacerdócio que realmente se importavam com o que eu dizia”, recordou ela.

Quando o presidente Monson encerrou a conferência geral em abril de 2011, exortou os santos a deixar sua luz brilhar, conforme os ensinamentos do Salvador. “Que sejamos bons cidadãos das nações em que vivemos e bons vizinhos em nossa comunidade, estendendo a mão para pessoas de outras religiões, bem como para nossos próprios membros”, disse ele. “Que sejamos exemplos de honestidade e integridade, onde quer que estejamos e em tudo o que fizermos.”

Ele e outros líderes da Igreja entendiam e enfatizavam a importância de sermos discípulos de Cristo tanto em palavras como em ações. Pelo menos, a recente atenção da mídia mostrou que, embora muitas pessoas tivessem ouvido falar da Igreja, as percepções sobre a religião e sua mensagem central variavam muito. Para muitas pessoas, a Igreja ainda era um mistério.

Os líderes da Igreja sabiam que isso deveria mudar. Nunca deveria haver dúvidas de que os santos dos últimos dias eram seguidores de Jesus Cristo.


No dia 17 de agosto de 2011, Silvia e Jeff Allred viajaram para San Salvador, a cidade onde Silvia nasceu e cresceu, em El Salvador. O motivo da viagem foi a dedicação de uma casa do Senhor que ocorreria nos próximos dias. O templo havia sido anunciado pouco depois de seu chamado para a presidência geral da Sociedade de Socorro, porém, devido às suas novas responsabilidades, ela não conseguiria estar presente na cerimônia de abertura de terra. Mas dessa vez, a convite da Primeira Presidência, ela pôde fazer as malas para participar de sua dedicação. Ela e Jeff estavam emocionados.

Silvia estava servindo na presidência geral da Sociedade de Socorro há quatro anos. Durante essa época, os esforços da organização estavam voltados para tratar de assuntos sobre fé, família e auxílio aos necessitados. A presidência viajou muito, usando o Manual de Instruções da Igreja revisado para treinar as líderes locais da Sociedade de Socorro no recebimento de revelações, no trabalho nos conselhos da Igreja, na ministração aos necessitados e no cumprimento de tantas outras responsabilidades. A própria Silvia visitou as irmãs da Sociedade de Socorro em vinte países em cinco continentes.

A presidência também trabalhou com os membros do conselho para criar vídeos que fornecessem treinamento imediato para as novas líderes em todo o mundo. Esses vídeos podiam ser acessados na página da Sociedade de Socorro na internet e foram incluídos na Biblioteca de Treinamento de Liderança, uma nova coleção de recursos de instrução on-line encontrada no site da Igreja.

O fortalecimento das professoras visitantes foi outro foco importante no trabalho da organização. Durante anos, as revistas da Igreja publicaram lições simples para as professoras visitantes. Depois, as lições foram publicadas juntamente com dicas e recursos adicionais para aprimorar o ensino das irmãs. Sob a supervisão de Silvia, os membros do conselho também buscaram maneiras de apoiar a transição das Moças para a Sociedade de Socorro. Em suas viagens, Silvia procurava conversar com as líderes da Sociedade de Socorro e das Moças sobre diminuir a distância entre as duas organizações, incentivando-as a interagir mais. Ela também incentivou as irmãs da Sociedade de Socorro a se aproximarem das irmãs recém-batizadas e buscar maneiras de orientar as moças.

Inspirada pela história que havia recebido do presidente Boyd K. Packer e, na tarefa da Primeira Presidência, a Sociedade de Socorro estava se preparando para publicar um livro, Filhas em Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro. O livro foi totalmente ilustrado e escrito em um estilo simples para alcançar todos os tipos de leitores. Também seria traduzido para 23 idiomas e distribuído às mulheres da Igreja. A presidência esperava que a obra ajudasse as irmãs a aprender com o passado, a compreender melhor sua herança espiritual como discípulas de Cristo e a abraçar a missão divinamente designada da Sociedade de Socorro.

Na véspera da dedicação do Templo de San Salvador, Silvia e Jeff visitaram o prédio e ficaram impressionados com a riqueza de detalhes ornamentados — a madeira cuidadosamente esculpida e os acessórios decorativos de vidro e metal gravados com a flor de yucca, símbolo nacional de El Salvador. Perto da entrada, atrás do balcão da recepção, Silvia viu uma pintura original do Salvador. Ele abraçava duas crianças, que pareciam ser da América Central e ter entre oito e nove anos de idade. O fundo da pintura era exuberante e verde, como a vegetação em todo El Salvador. Comovida com o amor do Salvador por todos os Seus filhos, Silvia chorou.

Na dedicação do dia seguinte, Silvia não conseguia parar de pensar no passado. Ela tinha sido uma das primeiras pessoas a ser batizada na Igreja em El Salvador e, embora suas viagens a tivessem levado ao redor do mundo, era maravilhoso ver a Igreja florescer em sua terra natal.

Sentada na sala celestial, ela olhou em volta para os membros locais que ocupavam todos os assentos. Muitos deles eram mais velhos e, como ela, foram batizados quando a Igreja era nova em El Salvador. Eles permaneceram fiéis aos seus convênios, muitas vezes em meio à pobreza e adversidade. Alguns deles seriam oficiantes de ordenanças quando o templo abrisse as portas. Ela sabia que eles haviam orado por esse templo por muitos anos.

Quando Silvia se filiou à Igreja, ainda adolescente, em 1959, o templo mais próximo ficava em Mesa, Arizona — a quatro dias de viagem. Agora havia cem mil membros em El Salvador. A Igreja prosperou ali de uma forma que Silvia não poderia ter imaginado quando era mais nova.

Quando foi sua vez de falar, Silvia se levantou. Embora falasse inglês fluentemente, o espanhol continuou sendo o idioma em que ela pensava, orava e buscava o Espírito Santo. Especialmente nesta dedicação, ela faria o discurso em sua língua materna, o que tornava muito mais fácil transmitir seus sentimentos mais profundos. Ela não estava apenas falando com as pessoas na casa do Senhor, mas também para milhares de santos no distrito do templo que assistiam à transmissão da dedicação em suas capelas.

“Hoje, o meu coração está transbordando de alegria e gratidão”, disse ela. “Testifico a vocês que as bênçãos que nos são prometidas no templo são reais e imensuráveis. O templo é a casa do Senhor. Ele mesmo o santificou. Seus olhos e Seu coração estarão aqui perpetuamente.”


Seis semanas depois, em 2 de outubro de 2011, um gerador movido a gasolina começou a funcionar na capela de Luputa na República Democrática do Congo. Dentro da capela, cerca de 200 santos, incluindo Willy e Lilly Binene, procuravam um bom lugar em frente à televisão. Dentro de instantes, naquela noite de domingo, a transmissão da 181ª Conferência Geral Semestral da Igreja começaria e seria traduzida para o francês, um dos 51 idiomas disponíveis para os santos do mundo todo. Era a primeira conferência geral que os membros da Igreja em Luputa desfrutariam como membros de uma estaca de Sião.

A organização da Estaca Luputa, três meses antes, não foi surpresa para aqueles que estavam familiarizados com o rápido crescimento da Igreja na cidade. Em 2008, no mesmo ano em que a família Binene foi selada no templo, mais de 1.200 santos dos últimos dias moravam em Luputa. Naquela época, não havia missionários de tempo integral servindo ali. No entanto, nos três anos seguintes, Willy e outros líderes da Igreja trabalharam com missionários do ramo fiéis para mais do que dobrar o número de santos em seu distrito. Esse esforço foi, sem dúvida, impulsionado pelo papel da Igreja em proporcionar acesso à água potável na cidade. O distrito havia enviado 34 missionários de tempo integral para servir em diferentes regiões da República Democrática do Congo, da África e do mundo.

Ainda assim, Willy ficou surpreso quando o élder Paul E. Koelliker e o élder Alfred Kyungu, dos setenta, chamaram-no para ser presidente da nova estaca. A Igreja em Luputa tinha vários líderes do sacerdócio experientes, que poderiam servir como presidente da estaca. Não seria a vez de outra pessoa liderar?

No dia 26 de junho, o dia em que a estaca foi organizada, Willy auxiliou os élderes Koelliker e Kyungu na distribuição de chamados de missão de tempo integral para 15 jovens, tanto homens quanto mulheres da estaca. Ao término, Willy sorriu enquanto posava para uma foto com o grupo. Duas décadas antes, conflitos étnicos e derramamento de sangue o forçaram a sair de casa, privando-o da oportunidade de servir o Senhor em missão de tempo integral. Ainda assim, seus anos de dedicação servindo à Igreja em Luputa contribuíram para oferecer à nova geração de santos oportunidades que ele mesmo não teve.

Quando a transmissão da conferência começou, Willy se acomodou para ouvir os discursantes. Normalmente, o presidente Monson era o primeiro orador na sessão de abertura da conferência, mas um problema de saúde atrasou sua chegada ao Centro de Conferências. Mas após o hino intermediário, ele então se aproximou do púlpito e deu as boas-vindas aos santos à conferência com um caloroso “olá”.

“Quando estamos atarefados, o tempo parece passar rápido demais, e os últimos seis meses não foram exceção para mim.”

O presidente Monson falou sobre a dedicação do templo em El Salvador, bem como da rededicação do templo em Atlanta, no sul dos Estados Unidos. “A construção de templos continua ininterrupta, irmãos e irmãs”, prosseguiu ele. “Tenho hoje o privilégio de anunciar vários outros novos templos.”

Willy ouvia atentamente. Naqueles dias, os templos estavam na mente dos líderes da Igreja em Luputa. De fato, na primeira conferência de estaca na cidade, muitos dos discursos haviam se concentrado na preparação dos santos para frequentar a casa do Senhor. Além da família Binene, apenas alguns santos em Luputa conseguiram ir ao Templo de Joanesburgo. Embora os passaportes fossem relativamente fáceis de obter na República Democrática do Congo, os vistos de viagem para a África do Sul não eram nada fáceis. A longa espera para obtenção de vistos deixava muitos santos na República Democrática do Congo preocupados com a possibilidade de seus passaportes expirarem antes que pudessem obter um visto para visitar o templo.

O primeiro templo que o presidente Monson anunciou foi o segundo templo da cidade de Provo, Utah. Há pouco tempo, o tabernáculo histórico da cidade havia sido consumido por um incêndio acidental, restando apenas as paredes externas. Neste momento, a Igreja está planejando reconstruí-lo e transformá-lo em uma casa do Senhor.

“Tenho também o prazer de anunciar novos templos nas seguintes localidades”, continuou o presidente Monson. “Barranquilla, Colômbia; Durban, África do Sul; Kinshasa, na República Democrática do Congo; e…”

Assim que ouviram “Kinshasa”, Willy e todos ao seu redor ficaram em pé e aplaudiram. A notícia pegou todos de surpresa. Logo, os santos congoleses não teriam que se preocupar com vistos ou expiração de passaportes. O simples anúncio do profeta mudava tudo.

Não havia rumores, nem sinais de que a Igreja tinha planos de construir um templo na República Democrática do Congo. Havia apenas a esperança de que, um dia, o Senhor estabelecesse Sua casa no país.

Agora está se tornando realidade! Estava finalmente acontecendo!

Capítulo 39

Sempre ao leme

mão agitando um lenço branco

Quando começou o ano de 2013, o presidente Thomas S. Monson anteviu a chegada de um ano importante. Além de ser seu quinto ano como presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também seria seu quinquagésimo ano como apóstolo do Senhor. Parecia ser o momento certo para refletir sobre sua presidência e a situação da Igreja.

Alguns anos antes, o presidente Monson havia recebido uma carta de um membro da Igreja que estava enfrentando dificuldades. “O evangelho nunca saiu de meu coração, embora tenha saído de minha vida”, o homem escreveu. “Por favor, não se esqueça de nós que estamos aqui fora, os santos dos últimos dias que se perderam.”

As palavras comoventes do homem fizeram com que o presidente Monson se lembrasse de uma pintura que ele viu uma vez, de um bote salva-vidas que atravessava águas turbulentas repletas de ondas para salvar um navio encalhado. O nome do quadro era longo e comum, mas o presidente Monson o reduziu a duas simples palavras: Ao resgate. A frase se transformou em uma espécie de lema de sua presidência. Desde quando se tornou profeta, ele sentiu uma urgência maior de seguir o Salvador e estender a mão com compreensão e amor àqueles que se sentiam infelizes, com medo, perdidos ou sozinhos.

No dia 3 de fevereiro, o presidente Monson comemorou o aniversário de cinco anos de sua presidência com uma mensagem aos santos. “Nossas oportunidades de servir ao próximo são ilimitadas”, declarou ele. “Estamos cercados de pessoas que necessitam de nossa atenção, nosso incentivo, nosso apoio, nosso consolo e nossa bondade.”

Ele exortou os santos a se lembrarem das palavras do Salvador: “Quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.

Em sua mensagem, o profeta também falou sobre o trabalho missionário, uma das muitas maneiras pelas quais os membros da Igreja poderiam ajudar outras pessoas. Alguns meses antes, ele havia anunciado uma mudança na idade mínima para o serviço missionário, reduzindo-a para 19 anos no caso das moças e 18 anos no caso dos rapazes.

Milhares de recomendações missionárias, mais da metade de moças, logo chegaram à sede da Igreja. A mudança deu mais oportunidades aos jovens de fortalecerem o testemunho do Salvador e renovarem seu compromisso com a Igreja por meio do serviço missionário. Isso também gerou menos conflitos para os membros da Igreja em países onde as políticas universitárias ou o serviço militar dificultavam o serviço.

Continuando sua mensagem, o presidente Monson mencionou que 31 novos templos haviam sido anunciados e 16 haviam sido dedicados nos últimos cinco anos. “Esses números continuarão a aumentar”, prometeu ele, “à medida que continuamos a progredir para tornar os templos acessíveis a todos os nossos membros, onde quer que morem”.

Para finalizar, ele comentou sobre sua idade avançada. “No último mês de agosto, comemorei meu aniversário de 85 anos”, disse ele. “A idade acaba cobrando o seu preço de todos nós.” Ainda assim, ele garantiu aos santos que a Igreja estava em boas mãos.

“Nosso Salvador, Jesus Cristo, a Quem seguimos, a Quem adoramos, e a Quem servimos, está sempre ao leme”, testificou ele. “À medida que prosseguimos, que possamos seguir Seu exemplo.”


No dia 28 de maio de 2017, Willy Binene prestou seu testemunho na capela de sua ala em Luputa. Era o último domingo que sua família estaria lá, pelo menos por algum tempo. Ele e Lilly tinham recebido recentemente um chamado da Primeira Presidência para servir como líderes da Missão Costa do Marfim Abidjan, na costa ocidental da África. Como perdeu a chance de servir missão de tempo integral quando jovem, Willy sempre teve a esperança de um dia servir missão ao lado de Lilly. Mas nenhum dos dois esperava que o chamado viesse tão cedo.

No ano anterior, o élder Neil L. Andersen, do Quórum dos Doze Apóstolos, tinha ido à República Democrática do Congo para a cerimônia de abertura de terra para o templo em Kinshasa. Durante a viagem, ele e sua esposa, Kathy, foram para Mbuji-Mayi, uma cidade a cerca de 145 quilômetros ao norte de Luputa, para se reunirem com os santos da região. Willy encontrou o élder Andersen e compartilhou sua história com ele.

Alguns meses depois da visita do élder Andersen, o apóstolo surpreendeu Willy e Lilly com uma chamada de vídeo. Ele lhes disse que o Senhor tinha outra designação para eles e fez algumas perguntas sobre suas responsabilidades pessoais e profissionais. Ele então perguntou a Lilly: “Você concordaria em deixar seu país para ir servir ao Senhor em outro lugar?”

“Sim”, respondeu Lilly. “Estamos à disposição.”

Cerca de uma semana depois, o presidente Dieter F. Uchtdorf fez o chamado para que servissem como líderes de missão. Eles receberam o convite com uma mistura de alegria e medo. Os dois não tinham certeza se conseguiriam estar à altura de suas novas responsabilidades. Mas não era a primeira vez que o Senhor lhes pedia que fizessem algo difícil, e eles estavam dispostos a se dedicarem totalmente ao Seu serviço.

“Se foi Deus quem nos chamou”, pensou Lilly, “somente Ele se manifestará e nos qualificará para o trabalho.”

Seus quatro filhos, com idades entre 5 e 16 anos, receberam bem a notícia. Os santos em Luputa, no entanto, não conseguiram esconder a tristeza em seus rostos quando o chamado de Willy e Lilly foi anunciado. Por mais de 20 anos, Willy ajudou a Igreja a florescer em Luputa, passando de um pequeno grupo de fiéis dispersos para uma próspera estaca de Sião. Os santos não pensavam nele apenas como seu antigo presidente de distrito e estaca. O evangelho restaurado havia lhes ensinado a ver todos como irmãos e irmãs, de modo que Willy, Lilly e os filhos do casal Binene eram sua família.

Quando Willy prestou seu testemunho aos membros da ala, sentiu um imenso amor por eles. No entanto, ele permaneceu com os olhos secos, mesmo quando Lilly, os membros do coral e todos ao seu redor choravam. Poucas coisas na vida dele tinham saído conforme esperado. Parecia que toda vez que ele fazia um plano, seja para a escola, para uma missão de tempo integral ou para o trabalho, algo acontecia e o levava para outra direção. Mas, ao relembrar tudo o que aconteceu em sua vida, pôde perceber que o Senhor sempre teve um plano para ele.

Após a reunião, as emoções de Willy finalmente o dominaram, e seus olhos se encheram de lágrimas. Ele não achava que havia feito algo especial. Na verdade, ele se sentia um pouco insignificante, como se fosse uma gota no oceano. Mas ele sabia que o Senhor o guiava e o incentivava à medida que o plano se tornava mais claro e definido.

Em casa, ele, Lilly e as crianças se despediram de seus amigos. A família entrou no carro que os levaria para o próximo campo de serviço.

“Você nunca deve ter pressa”, percebeu Willy. “Deixe o tempo com Deus.”


O presidente Monson faleceu no dia 2 de janeiro de 2018. Embora sua saúde estivesse piorando há vários anos, seu testemunho sempre se manteve vibrante. Um dia, pouco antes de sua morte, seus conselheiros na Primeira Presidência o visitaram em casa. Quando estavam indo embora, ele os interrompeu e disse: “Amo o Salvador Jesus Cristo. E sei que Ele me ama”.

Durante os 10 anos em que cumpriu seu chamado, o presidente Monson conduziu os santos em uma era de rápidas mudanças sociais e surpreendentes avanços tecnológicos. As plataformas de mídias sociais proporcionaram aos membros da Igreja novas maneiras de compartilhar o evangelho, promover a compreensão de pessoas que não pertencem à Igreja e interagir com as autoridades gerais. O aperfeiçoamento dos smartphones e de outros dispositivos móveis ajudou nesse trabalho e deu origem ao aplicativo Biblioteca do Evangelho em 2010, proporcionando aos santos de todo o mundo acesso mais fácil às escrituras, às revistas da Igreja e a outros recursos.

O presidente Monson também supervisionou a expansão do trabalho missionário, uma maior ênfase nas atividades inter-religiosas e um aumento nos esforços humanitários. Sob sua liderança, a Igreja fez parceria com várias organizações para ajudar refugiados de áreas devastadas pela guerra, auxiliar as vítimas de desastres naturais e aliviar o sofrimento dos doentes e famintos.

A Igreja também se baseou no trabalho do Fundo Perpétuo de Educação e outros esforços para dar oportunidades educacionais a pessoas de todo o mundo. Em 2009, a BYU-Idaho e três outras unidades haviam testado um programa que combinava aulas presenciais e ensino on-line para tornar o ensino superior disponível e acessível para mais alunos. Em 2017, esse programa se tornou o BYU-Pathway Worldwide, passando a atender a dezenas de milhares de alunos em mais de 50 países.

Mas, acima de tudo, o maior legado do presidente Monson foi seu ministério compassivo e cristão. No dia seguinte à sua morte, os jornais publicaram histórias e mais histórias sobre sua vida discreta, que visitava hospitais e funerais, sentava-se à beira do leito de amigos doentes e incentivava jovens e adultos a se achegarem a Jesus Cristo.


No dia 14 de janeiro de 2018, o Quórum dos Doze Apóstolos ordenou e designou Russell M. Nelson como o 17º presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Dois dias depois, o novo profeta falou aos membros da Igreja com o presidente Dallin H. Oaks e o presidente Henry B. Eyring, seus conselheiros na Primeira Presidência.

“Nosso mandamento divino é ir a toda nação, tribo, língua e povo, ajudando a preparar o mundo para a Segunda Vinda do Senhor”, disse ele. A presidência queria que cada membro “continuasse no caminho do convênio” e “começasse com um objetivo em mente”.

“O fim que cada um de nós almeja é ser investido com poder em uma casa do Senhor, selado como família, fiéis aos convênios feitos no templo”, declarou ele. “Seu compromisso de seguir o Salvador, fazendo convênios com Ele e depois guardando esses convênios, vai abrir a porta de todos os privilégios e bênçãos espirituais disponíveis a mulheres, homens e crianças de todo o mundo.”

O presidente Nelson logo apresentou vários ajustes na Igreja para ajudar nesse importante trabalho. Na Conferência Geral de Abril de 2018, ele anunciou que os sumos sacerdotes começariam a participar das reuniões do quórum com os élderes. Com a ajuda do élder Jeffrey R. Holland e da presidente geral da Sociedade de Socorro, Jean B. Bingham, ele também anunciou uma nova maneira de cuidar do próximo, chamada “ministrar como o Salvador”, para substituir as visitas de “mestres familiares” e “professoras visitantes”.

Em um discurso sobre ministrar como o Salvador, o élder Holland exortou os santos a acolher o “discipulado sincero”, lembrando-os do grande mandamento do Salvador a Seus apóstolos: “Ameis uns aos outros”. A irmã Bingham também incentivava os santos a seguir o exemplo de Cristo. “Ao terem o privilégio de representar o Salvador ao se esforçarem para ministrar”, disse ela, “perguntem a si mesmos: ‘Como posso compartilhar a luz do evangelho com essa pessoa ou família? O que o Espírito está me inspirando a fazer?’”

Menos de três meses depois de ser designado, o presidente Nelson embarcou na primeira de muitas viagens de ministração mundial. Acompanhado da irmã Wendy Nelson, com quem se casou em 2006, após a morte de sua primeira esposa, Dantzel, o profeta visitou membros em oito cidades de quatro continentes em 11 dias.

“Sempre que estou sentado confortavelmente em minha casa, estou no lugar errado”, disse ele. “Preciso estar onde as pessoas estão. Precisamos levar-lhes a mensagem do Salvador.”

Mais tarde, na Conferência Geral de Outubro de 2018, o presidente Nelson anunciou uma mudança na programação das reuniões dominicais para tornar a maneira de viver o evangelho mais centralizada no lar e apoiada pela Igreja. A mudança reduziu a duração das reuniões semanais da Igreja em uma hora, dando aos santos mais tempo para estudar o evangelho em casa. O Vem, e Segue-Me — um novo currículo para a Escola Dominical para adultos, para as classes de jovens, da Primária e estudo individual e familiar — começou a desempenhar um papel fundamental para conduzir os santos a Cristo por meio do aprendizado do evangelho.

Na conferência, o presidente Nelson também falou sobre usar o nome correto da Igreja, em vez de apelidos. “Percebo com profundo pesar que temos involuntariamente permitido que a Igreja restaurada do Senhor seja chamada por outros nomes, cada um dos quais exclui o nome de Jesus Cristo!”, declarou ele. “Quando omitimos Seu nome de Sua Igreja, estamos inadvertidamente removendo-O como o ponto central de nossa vida.”

Durante a direção do Presidente Nelson, a Igreja instituiu um novo programa para crianças e jovens a fim de substituir o escotismo, o Progresso Pessoal e outras atividades para os jovens santos. Como parte dessa mudança, a Igreja estendeu as conferências FSY a todos os adolescentes santos dos últimos dias entre 14 e 18 anos de idade. Assim como as anteriores, a conferência FSY dava aos jovens a chance de passar uma semana assistindo a aulas e palestras centralizadas no evangelho, fazendo novos amigos e fortalecendo seu testemunho.

Após esses ajustes, a Igreja lançou um novo manual de instruções, o Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Desenvolvido para ajudar todas as pessoas a se achegarem a Cristo, o guia forneceu orientações claras para auxiliar os santos a ajudar na obra de Deus. Ao contrário dos anteriores, o Manual Geral era um volume único disponível no site e no aplicativo da Igreja. Para dar respaldo a uma liderança consistente e motivada pelo trabalho global da Igreja, ele estava disponível em 51 idiomas.

No início de sua administração, o presidente Nelson começou a trabalhar em estreita colaboração com a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) para promover o respeito, a civilidade e a harmonia racial e étnica em todo o mundo. Ele condenou o racismo e pediu aos santos que exaltassem e respeitassem todos os filhos de Deus.

Ao longo da década de 2010, questões sobre a situação das mulheres na Igreja também levaram a mudanças importantes nos procedimentos da Igreja. Como membro do Quórum dos Doze Apóstolos, Russell M. Nelson havia ensinado que as mulheres eram “parceiras essenciais no trabalho de salvação” e que sua perspectiva nos conselhos da Igreja era essencial. O élder Dallin H. Oaks também esclareceu que as mulheres têm a autoridade do sacerdócio no cumprimento de seus chamados. “Não estamos acostumados a dizer que as mulheres têm a autoridade do sacerdócio em seu chamado na Igreja, mas que outra autoridade poderia ser?” Disse ele.

A partir de 2015, as mulheres que serviam como líderes gerais começaram a participar dos principais conselhos administrativos gerais na sede da Igreja. A presidente geral da Sociedade de Socorro, Linda K. Burton, tornou-se membro do Conselho Executivo do Sacerdócio e da Família; a presidente geral das Moças, Bonnie L. Oscarson, passou a fazer parte do Conselho Executivo Missionário; e a presidente geral da Primária, Rosemary M. Wixom, juntou-se ao Conselho Executivo do Templo e da História da Família. E, em 2019, o presidente Nelson e seus conselheiros autorizaram as mulheres a servir como testemunhas oficiais nos batismos e nos selamentos do templo.

Assim como o presidente Monson, o presidente Nelson buscou a compreensão quando a Igreja tratou de questões que afetavam as pessoas LGBTQ. Em 2015, os Estados Unidos se tornaram o 19º país a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Desde aquela época, a Primeira Presidência reiterou o respeito da Igreja pela lei do país e também afirmou seu comprometimento com o casamento entre um homem e uma mulher.

Em seu esforço para entender e atender às necessidades dos membros LGBTQ e de seus familiares, a Igreja acrescentou mais vídeos e recursos ao seu site. Durante um devocional na Universidade Brigham Young, o élder M. Russell Ballard pediu aos membros da Igreja que fossem mais sensíveis aos sentimentos e experiências dos santos LGBTQ. “Certamente precisamos ser melhores do que fomos no passado”, declarou ele, “para que todos os membros sintam que têm um lar espiritual onde seus irmãos e irmãs os amam e um lugar para adorar e servir ao Senhor.”

Desde o início de sua administração, o presidente Nelson testificou sobre a importância dos templos para manter os filhos de Deus no “caminho do convênio” e coligar Israel em ambos os lados do véu. Durante seus dois primeiros anos, ele anunciou 35 novos templos em lugares tão diversos quanto Bengaluru, Índia; Port Moresby, Papua Nova Guiné; e Budapeste, Hungria. Durante esse período, foram dedicados oito novos templos, incluindo uma casa do Senhor em Roma, na Itália.

O profeta acreditava que o Templo de Roma marcava um momento crucial na história da Igreja. “As coisas vão progredir em ritmo acelerado”, declarou após a dedicação. “A Igreja terá um futuro sem precedentes e sem paralelo. Estamos simplesmente edificando rumo ao que está à nossa frente.”

Na Conferência Geral de Outubro de 2019, o presidente Nelson anunciou que 2020 seria a celebração do bicentenário, uma época para os santos se lembrarem do bicentenário da primeira visão de Joseph Smith do Pai Celestial e de Jesus Cristo.

Ele convidou os santos a se envolverem na luz da Restauração. “Nos próximos seis meses, espero que todos os membros e todas as famílias se preparem para uma conferência singular que celebrará os fundamentos do evangelho restaurado”, disse ele. “Ao fazê-lo, a conferência geral no próximo mês de abril será não apenas memorável, mas inesquecível.”


Pouco depois da Conferência Geral de Outubro de 2019, Laudy Kaouk, de 17 anos, estava se sentindo sozinha enquanto andava de carro por uma rua. “Pai Celestial”, orou ela, “só preciso sentir a Sua presença”.

Laudy estava no último ano do ensino médio em Provo, Utah. Quando não estava em sala de aula ou se inscrevendo em universidades, ela participava de grupos extracurriculares da escola ou trabalhava em um restaurante local. Ela também era presidente de sua classe das Moças e dançarina na Luz de las Naciones, a celebração cultural latino-americana anual da Igreja no Centro de Conferências. A vida dificilmente poderia ficar mais movimentada ou agitada.

Mas as coisas estavam mudando em casa também. Ela gostava muito de fazer parte de uma família grande e unida. Seu pai era natural da Síria e sua mãe, da Venezuela. Eles eram conversos de longa data à Igreja e tinham imigrado para Provo antes do nascimento de Laudy, a caçula da família. A família inteira ia para casa aos domingos, os irmãos casados levando seus cônjuges e filhos. Laudy sempre ficava ansiosa por essas reuniões.

Mas, nos últimos tempos, sua casa tinha ficado mais vazia. Sua irmã mais velha havia partido para uma missão no Japão, então Laudy era a única filha em casa. Ela sempre teve irmãos que moraram na mesma casa, mas agora se sentia sozinha. Então, ela abriu sua alma a Deus.

Duas semanas depois, Laudy recebeu uma ligação de seu presidente de estaca. Ele disse que Bonnie H. Cordon, a presidente geral das Moças, queria conversar com ela. Laudy ficou surpresa, mas concordou com a visita. Pouco tempo depois, a presidente Cordon compareceu à ala de língua espanhola de Laudy e sentou-se para conversar com ela. “Eu ministro a muitas pessoas em todo o mundo e queria vir ministrar a você”, ela disse a Laudy.

Assim que a presidente Cordon disse aquelas palavras, Laudy percebeu que o Pai Celestial havia escutado sua oração. A visita era a resposta Dele.

Um mês depois, Laudy chegou em casa do trabalho e seus pais a aguardavam ansiosamente. “Você recebeu uma carta!”, disseram. Era da Primeira Presidência.

Confusa, Laudy sentou-se ao lado de seus pais e abriu a carta. Era um convite para que ela falasse na Conferência Geral de Abril de 2020.

“Como é que vou fazer isso?”, pensou.

O Espírito então sussurrou as palavras de Néfi para ela: “Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor”. Ela se sentia animada e ao mesmo tempo humilde. Ela sabia que Deus a ajudaria.


Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou o estado de “emergência de saúde pública”. Um surto de coronavírus muito intenso surgiu na Ásia, contaminando centenas de pessoas na China. O vírus se manifestava inicialmente com sintomas semelhantes aos da pneumonia, mas o tratamento médico padrão surtia pouco efeito. Ele se espalhava de uma forma rápida e imprevisível.

No início de fevereiro, a doença já tinha um nome: COVID-19. Em uma resposta rápida à crise, os líderes da Igreja enviaram mais de 200 mil respiradores para a China. Também começaram a cancelar reuniões, fechar templos para ordenanças por procuração e colocar em quarentena os missionários nas áreas afetadas.

Em 11 de março, a OMS declarou que o vírus COVID-19 era uma pandemia. Naquele momento, a doença já havia se espalhado por 114 países, infectando mais de 100 mil pessoas e causando milhares de mortes. Assim como aconteceu durante a pandemia global de gripe de 1918/1919, a Primeira Presidência suspendeu todas as reuniões presenciais da Igreja. A Igreja parou de receber novos missionários em alguns CTMs e criou um sistema para treinar missionários em casa por meio de videoconferência. A Primeira Presidência também anunciou planos para uma conferência geral virtual em abril e orientou os santos a realizar cultos de adoração em casa, concedendo aos portadores do sacerdócio autorização temporária para administrar o sacramento a sua própria família.

Em 14 de março, o presidente Nelson discursou para os santos em um vídeo on-line. “Como Igreja global, estamos enfrentando um desafio único”, disse ele. “Oramos por aqueles que estão sofrendo e perderam entes queridos.”

Ele exortou os santos a cuidar de si mesmos e dos outros. “Nosso Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, conhecem-nos, Eles nos amam e estão cuidando de nós”, disse ele. “Disso podemos ter certeza.”


No dia 4 de abril de 2020, Laudy Kaouk estava nervosa, sentada no auditório quase vazio do edifício do escritório da Igreja, rabiscando em um caderno. A sessão de sábado da 190ª Conferência Geral Anual da Igreja estava em andamento, e logo chegaria sua vez falar.

No começo do dia, o presidente Nelson tinha dado início à conferência em um pequeno auditório. A propagação da pandemia de COVID-19 obrigou a Igreja a interromper os eventos presenciais em suas escolas, redesignar ou dispensar missionários e fechar todos os templos por tempo indeterminado. Enquanto estava diante dos santos, não havia um coro atrás do profeta, nem as habituais fileiras de autoridades gerais e líderes. Em vez disso, seus conselheiros e alguns discursantes estavam sentados por perto, cada um deles a vários metros de distância, como precaução em relação à contaminação da COVID-19.

Enquanto discursava para os santos, o presidente Nelson os lembrou da promessa que havia feito no final da última conferência, de que essa comemoração do bicentenário da primeira visão de Joseph Smith seria “inesquecível” para aqueles que estivessem preparados.

“Eu não imaginava”, disse ele, “que falar a uma congregação presente de no máximo dez pessoas faria com que esta conferência fosse tão memorável e inesquecível para mim!

Laudy fez o melhor que pôde ao se preparar para a conferência, como o presidente Nelson pediu aos santos que fizessem. Ela havia lido alguns trechos de Joseph Smith—História na Pérola de Grande Valor e ficou maravilhada com a determinação do jovem profeta em fazer o trabalho do Senhor, apesar da falta de instrução. “Puxa”, pensou ela, “ele provavelmente se sentia completamente inadequado”.

Era um sentimento que ela mesma conhecia. Laudy não tinha medo de falar em público, mas a perspectiva de falar diante de milhões de pessoas era assustadora. Às vezes ela ficava insegura, mas também teve experiências que aumentaram sua confiança. Enquanto preparava seu discurso, ela sentiu que o Senhor a guiava, assim como guiara Joseph Smith. Ela não preparou o discurso de uma só vez. Em vez disso, ele tinha surgido pouco a pouco, uma inspiração de cada vez, enquanto ela orava, ponderava e ia ao templo.

O élder Gerrit W. Gong estava terminando seu discurso, e Laudy guardou seu caderno. Ela se aproximou do púlpito e, assim que assumiu o seu lugar, o nervosismo desapareceu. “Sou grata por estar aqui”, disse ela. “Pensei muito sobre o que deveria falar e espero que o Espírito fale diretamente a vocês por meio de minha mensagem.”

Quando começou a pandemia, a escola de Laudy passou para o ensino remoto, e sua rotina diária mudou drasticamente. À medida que se aproximava a data da conferência, ela e seus pais seguiram cuidadosamente os procedimentos de isolamento para garantir que a jovem permanecesse bem de saúde e não colocasse ninguém mais em risco durante a conferência. Laudy estava triste porque seus pais e outros membros da família não estavam na sala com ela. Mas ela sabia que eles estavam próximos, assistindo pela televisão, e podia sentir que seus antepassados também a ouviam e apoiavam

O discurso de Laudy durou cerca de seis minutos. Ela falou do poder das bênçãos do sacerdócio e do amor e da paz que sentia quando as recebia de seu pai. “Não hesitem em pedir uma bênção quando precisarem de mais orientação”, disse ela. “Alguns de nós sofrem com ansiedade, depressão, vícios ou com sentimentos de incapacidade. As bênçãos do sacerdócio podem nos ajudar a vencer esses desafios e a receber paz à medida que prosseguimos em direção ao futuro.”

Ela testificou, por experiência própria, que Deus conhecia Seus filhos pessoalmente. “Ele nos conhece e nos abençoa mesmo quando achamos que não merecemos”, disse ela. “Ele sabe do que precisamos e quando precisamos.”

Quando Laudy terminou, outro jovem orador, Enzo Petelo, levantou-se e discursou. E, enquanto o ouvia, Laudy mal conseguia se lembrar do que havia acontecido durante seu próprio discurso. Será que deu tudo certo?

Assim que a sessão terminou, ela saiu correndo do auditório para encontrar os pais. “Falei muito rápido?”, perguntou ela.

“Não, hija”, disse a mãe. “Você se saiu muito bem.”


Na manhã seguinte, o presidente Nelson agradeceu aos santos por preferirem ouvir a palavra do Senhor, apesar da agitação mundial. “A crescente escuridão que acompanha as tribulações faz com que a luz de Jesus Cristo brilhe com ainda mais força”, ele testificou. “Pensem no bem que cada um de nós pode fazer durante esta época de agitação mundial.”

Ele invocou as palavras do Pai a Joseph Smith no Bosque Sagrado: “Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!”

“Com estas duas palavras: ‘Ouve-O’, Deus nos mostra o padrão para obtermos sucesso, felicidade e alegria nesta vida”, disse ele, pedindo aos santos que ouvissem, escutassem e obedecessem à palavra do Senhor. “Prometo que vocês serão abençoados com mais poder para lidar com as tentações, dificuldades e fraquezas”, disse ele. “Prometo milagres em seu casamento, em seu relacionamento familiar e em seu trabalho diário. E prometo que sua capacidade de sentir alegria aumentará, mesmo que as turbulências aumentem em sua vida.”

Após esses comentários, o presidente Nelson anunciou uma nova proclamação da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos sobre a Restauração do evangelho de Jesus Cristo. A transmissão, então, foi interrompida e foi exibido um vídeo dele lendo a proclamação no Bosque Sagrado.

“Já se passaram duzentos anos desde que Deus, o Pai, e Seu Filho Amado, Jesus Cristo, deram início a essa Restauração”, declarava a proclamação. “Afirmamos que Deus está desvendando Sua vontade para Seus amados filhos e filhas. Testificamos que aqueles que em oração estudarem a mensagem da Restauração e agirem com fé serão abençoados com a aquisição de seu próprio testemunho da divindade da Restauração e do propósito que ela tem de preparar o mundo para a prometida Segunda Vinda de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.”


No final da mensagem do presidente Nelson, os santos de países do mundo inteiro se levantaram, nos locais onde estavam reunidos, e acenaram com lenços brancos. Desde a dedicação do Templo de Kirtland em 1836, os membros da Igreja louvam o Pai e o Filho com um sagrado Brado de Hosana. E hoje não seria diferente!

Seguindo o exemplo do profeta, os santos acenaram com seus lenços no ar enquanto suas vozes ecoavam em todo o mundo:

Hosana, hosana, hosana a Deus e ao Cordeiro.

Hosana, hosana, hosana a Deus e ao Cordeiro.

Hosana, hosana, hosana a Deus e ao Cordeiro.

Amém, amém e amém.

Notas

Algumas fontes estão indicadas com uma citação abreviada. A seção “Fontes citadas” fornece informações completas sobre a citação de todas as fontes. Muitas fontes estão disponíveis digitalmente, e o link para elas se encontra na versão eletrônica do livro, disponível em saints.ChurchofJesusChrist.org e na Biblioteca do Evangelho.

O texto em negrito nas notas indica os tópicos com artigos e outras informações on-line, disponíveis em saints.ChurchofJesusChrist.org e na Biblioteca do Evangelho, na seção “Tópicos da História da Igreja”.

Notas sobre as fontes

Este livro é uma narrativa não fictícia com base em centenas de fontes históricas. Extremo cuidado foi tomado para garantir sua exatidão. Os leitores não devem presumir, no entanto, que a narrativa aqui apresentada seja perfeita ou completa. Os registros do passado, e nossa capacidade de interpretá-los no presente, são limitados.

Todas as fontes de conhecimento histórico contêm lacunas, ambiguidades e opiniões preconcebidas. Elas geralmente expressam o ponto de vista daqueles que as criaram, e pessoas que testemunharam os mesmos eventos os vivenciaram, recordaram, interpretaram e registraram de modo diferente. O desafio do historiador é coletar os pontos de vista conhecidos e reuni-los de modo a gerar um entendimento preciso do passado.

Santos é um relato verdadeiro da história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com base no que conhecemos e entendemos no presente a partir de registros históricos existentes. Não é uma história completa, tampouco é a única maneira possível de contar a sagrada história da Igreja. No entanto, os estudiosos que pesquisaram, redigiram e editaram este livro conhecem muito bem as fontes históricas, usaram-nas de modo cuidadoso e as documentaram nas notas finais e na lista de fontes citadas. Os leitores são incentivados a avaliar as fontes por si mesmos. Muitas dessas fontes foram digitalizadas e o link para acesso a elas se encontra nas notas finais. É provável que a descoberta de mais fontes ou novas leituras das já existentes com o tempo suscitem outros significados, interpretações e possíveis pontos de vista.

A narrativa de Santos se baseia em dois tipos de fontes históricas: primárias e secundárias. As fontes primárias contêm informações sobre acontecimentos testemunhados em primeira mão pelos autores. Algumas fontes primárias, como cartas, diários e anotações ou gravações de discursos, foram produzidas na época dos acontecimentos nelas descritos. Essas fontes contemporâneas expressam o que as pessoas pensaram, sentiram e fizeram naquele momento, revelando como o passado foi interpretado na época em que aconteceu. Outras fontes primárias, como as autobiografias e as entrevistas de história oral, foram escritas após os fatos. Essas fontes reminiscentes revelam o que o passado veio a significar para o autor ao longo do tempo, com frequência tornando-as melhores do que as fontes contemporâneas no reconhecimento da importância dos acontecimentos passados. Como elas dependem de lembranças, porém, as fontes reminiscentes podem incluir imprecisões e ser influenciadas pelo entendimento e pelas crenças posteriores do autor.

As fontes históricas secundárias contêm informações provenientes de pessoas que não testemunharam em primeira mão os acontecimentos nelas descritos. Essas fontes incluem histórias de família posteriores e publicações acadêmicas. Este livro tem uma grande dívida para com muitas dessas fontes, que se provaram muito valiosas devido ao contexto mais amplo e ao trabalho interpretativo que proporcionaram. No entanto, a Igreja não endossa todas as opiniões dos autores cuja voz é encontrada nas notas finais de Santos.

Todas as fontes de Santos foram avaliadas no tocante à credibilidade, e cada frase foi repetidamente verificada para garantir coerência com as fontes. As linhas de diálogo e outras citações provêm diretamente de fontes históricas. Em alguns casos, foram feitas modificações mais significativas nas citações, como a mudança da conjugação dos verbos do pretérito para o presente ou a padronização da gramática, de modo a torná-las mais fáceis de ler. A escolha das fontes a serem usadas e do modo de usá-las foram feitos por uma equipe de historiadores, escritores e editores que basearam suas decisões na integridade histórica e na qualidade literária das fontes.

À medida que a história da Igreja se torna mais mundial, Santos passa cada vez mais a ter como base fontes criadas em outros idiomas que não o inglês. Às vezes, os autores deste livro tiveram como base traduções automáticas ou feitas por voluntários para redigir a narrativa. Todas as citações de fontes traduzidas provêm de tradutores profissionais.

Algumas fontes antagonistas foram usadas para redigir este livro e estão citadas nas notas. Embora hostis à Igreja, esses documentos contêm detalhes que não foram registrados em nenhum outro lugar. Alguns desses detalhes foram utilizados quando outros registros confirmaram de modo geral sua exatidão. Os fatos contidos nesses registros antagonistas foram usados sem que se adotasse sua interpretação hostil, e a citação de uma fonte nas notas finais não implica endosso por parte da Igreja.

Como narrativa escrita para um público geral, este livro apresenta a história da Igreja em formato coerente e acessível. Embora utilize técnicas populares de narração de histórias, restringe-se a informações encontradas nas fontes históricas. Quando o texto inclui até detalhes mínimos, como expressões faciais ou condições climáticas, é porque esses detalhes se encontram no registro histórico ou podem ser razoavelmente deduzidos a partir dele.

Para manter a facilidade de leitura, o livro raramente aborda problemas do registro histórico no texto propriamente dito. Em vez disso, esses debates com base nas fontes se encontram nos artigos sobre tópicos específicos, disponíveis em saints.ChurchofJesusChrist.org e citados nas notas finais sob o cabeçalho em negrito “Tópico”. Os leitores são incentivados a consultar esses artigos ao lerem Santos.

Fontes citadas

Esta lista é um guia completo de todas as fontes citadas no quarto volume de Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias. Nos verbetes das fontes dos manuscritos, as datas identificam quando o manuscrito foi criado, que não é obrigatoriamente o período de tempo abordado no manuscrito. Muitas fontes estão disponíveis digitalmente, e os links se encontram na versão eletrônica do livro, que pode ser acessada em santos.ChurchofJesusChrist.org e na Biblioteca do Evangelho.

A citação de uma fonte não implica que ela seja endossada pela Igreja. Para mais informações sobre os tipos de fontes usadas em Santos, ver “Notas sobre as fontes”.

As fontes das epígrafes encontradas no livro são as seguintes:

As seguintes abreviaturas são usadas nas notas e nesta lista de fontes citadas:

159ª Conferência Anual, Sessão da tarde de domingo. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Transmitida em 2 de abril de 1989. Vídeo [02:01:33]. Vídeo digital da conferência geral, 1949–2020. Biblioteca de História da Igreja.

“1967 Membership Population Report: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints”, 1967. Material datilografado. David O. McKay, Documentos, 1901–1970. Biblioteca de História da Igreja.

1st Queensland “Especially for Youth”: Joy in the Journey. Brisbane: Brisbane Australia Stake, por volta de 1999. Cópia em Melanie Riwai-Couch, “Historical Information about ‘Especially for Youth’ in the Pacific Area”, 25 de agosto de 2023. Centro Matthew Cowley de História da Igreja no Pacífico, Hamilton, Nova Zelândia.

Abner, John. Reminiscências da missão italiana, 2013. Biblioteca de História da Igreja.

Aburto, Eduardo Ayala. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 12 de julho de 2005. Biblioteca de História da Igreja.

Templo de Acra Gana. Cerimônia de dedicação, 11 de janeiro de 2004. Biblioteca de História da Igreja.

Acquah, William E. Daniel. “The ‘Freeze’ and Three Days in Police Cells”, sem data. Material datilografado. James Nyankah, Reminiscências de “Ghana Freeze”, 1989. Biblioteca de História da Igreja.

Acquah, William E. Daniel e Charlotte Andoh-Kesson Acquah. Entrevista de história oral por Dallin Morrow e Angela Hallstrom, 19 de junho de 2018. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 16 de outubro de 1999. Biblioteca de História da Igreja.

“Action List for New Converts”, Bulletin, nº 23, maio de 1982, p. 2. Boletim informativo publicado pela Corporação do Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Comitê de Correlação de Adultos. Atas, junho de 1965–outubro de 1970. Material datilografado. Deseret Sunday School Union Files, 1950–1971. Biblioteca de História da Igreja.

———. “A Review of Present and Proposed Programs for the Adults of the Church”, abril e setembro de 1965. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Área África. Relatórios históricos anuais, 1990–1998. Relatórios históricos anuais da Área África Sudeste, 1990–2007, 2009–2021. Biblioteca de História da Igreja.

Área África Sudeste. Relatórios históricos anuais, 1990–2007, 2009–2021. Biblioteca de História da Igreja.

Área África Oeste. Relatórios históricos anuais, 1998–2018. Biblioteca de História da Igreja.

Albrecht, Joachim, Kurt Nikol e Marianne Nikol. “Book Burning”, em Behind the Iron Curtain: Recollections of Latter-day Saints in East Germany, 1945–1989, comp. e trad. por Garold N. Davis e Norma S. Davis, pp. 150–173. Provo, UT: BYU Studies, 1996.

Allen, James B. LaMar Williams, notas da entrevista, 6 e 11 de julho de 1988. James B. Allen, Documentos, por volta de 1950–1999. BYU.

———. “The Rise and Decline of the LDS Indian Student Placement Program, 1947–1996”, em Mormons, Scripture, and the Ancient World: Studies in Honor of John L. Sorenson, ed. por Davis Bitton, pp. 85–119. Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1998.

———. “The Significance of Joseph Smith’s ‘First Vision’ in Mormon Thought”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 1, nº 3, outono de 1966, pp. 29–46.

———. “Would-Be Saints: West Africa before the 1978 Priesthood Revelation”, Journal of Mormon History, vol. 17, nº 1, 1991, pp. 207–247.

Allen, James B. e Leonard J. Arrington. “Mormon Origins in New York: An Introductory Analysis”, BYU Studies, vol. 9, nº 3, primavera de 1969, pp. 241–274.

Allen, James B. Jessie L. Embry e Kahlile B. Mehr. Hearts Turned to the Fathers: A History of the Genealogical Society of Utah, 1894–1994. Provo, UT: BYU Studies, 1995.

Allen, James B. e Glen M. Leonard. The Story of the Latter-day Saints. 2ª ed. Salt Lake City: Deseret Book, 1992.

Allred, Silvia H. Trechos de diário, 1985, 2011. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Katherine Kitterman e Elizabeth Maki, 13 de fevereiro de 2014. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevistas de história oral por James Perry, Sheridan Sylvester, David Bolingbroke e/ou Lisa Christensen, 2021–2023. Silvia H. Allred e Jeff Allred, entrevistas de história oral, 2021–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de entrevistas de história oral em espanhol em posse dos editores.

———. Entrevistas de história oral por Justin R. Bray, 2012. Biblioteca de História da Igreja.

Allred, Silvia H. e Jeff Allred. Entrevistas por e-mail com David Bolingbroke, 2023. Silvia H. Allred e Jeff Allred, entrevistas de história oral, 2021–2023. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e James Perry, 2 de novembro de 2022. Silvia H. Allred e Jeff Allred, entrevistas de história oral, 2021–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Americas Watch. Peru under Fire: Human Rights since the Return to Democracy. New Haven, CT: Yale University Press, 1992.

Ampiah, Kwamina Ato. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, Robert McCullough e Laura Christensen, 5 de maio de 2019. Biblioteca de História da Igreja.

Templo de Anchorage Alasca. Cerimônia de dedicação, 9 e 10 de janeiro de 1999. Biblioteca de História da Igreja.

Andersen, Neil L. “Live Younger, Think Older.” Discurso de formatura proferido na Universidade Brigham Young-Havaí, Laie, HI, 31 de outubro de 2016. https://speeches.byuh.edu/commencement/live-younger-think-older.

Anderson, Joseph. Prophets I Have Known. Salt Lake City: Deseret Book, 1973.

Antorcha de Chiquihuite: Centro Escolar Benemerito de las Americas, 1969–1970. Cidade do México: El Centro Escolar Benemérito de las Americas, 1970.

Apel, Frank H. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 15 de outubro de 1991. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Missão Argentina Buenos Aires Norte. História manuscrita e relatórios históricos, agosto de 1935–dezembro de 1974. Biblioteca de História da Igreja.

Argetsinger, Gerald S. “The Hill Cumorah Pageant: A Historical Perspective”, Journal of Book of Mormon Studies, vol. 13, nº 1–2, 2004, pp. 58–69, 171.

Arrington, Leonard J. Adventures of a Church Historian. Urbana: University of Illinois Press, 1998.

Arsenault, Raymond. Freedom Riders: 1961 and the Struggle for Racial Justice. Nova York: Oxford University Press, 2006.

Regras de Fé de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ver Pérola de Grande Valor.

Ashton, Marvin J. Diário, novembro de 1977–maio de 1982, janeiro de 1983. Biblioteca de História da Igreja.

Astle, Randy. “Mormons and Cinema”, em Cinema, Television, Theater, Music, and Fashion, ed. por J. Michael Hunter, pp. 1–44. Vol. 1 de Mormons and Popular Culture: The Global Influence of an American Phenomenon. Santa Barbara, CA: Praeger, 2013.

“The Awakening”: A Sound-Filmstrip Presentation of the General Board of Relief Society. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1964. Roteiro para película. Biblioteca de História da Igreja.

Backman, Milton V., Jr. “Awakenings in the Burned-Over District: New Light on the Historical Setting of the First Vision”, BYU Studies, vol. 9, nº 3, primavera de 1969, pp. 301–320.

———. Joseph Smith’s First Vision: The First Vision in Its Historical Context. Salt Lake City: Bookcraft, 1971.

Bailey, Garrick e Roberta Glenn Bailey. A History of the Navajos: The Reservation Years. Santa Fé, NM: School of American Research Press, 1986.

Bailey, Sarah. Humanitarian Crises, Emergency Preparedness and Response: The Role of Business and the Private Sector; a Strategy and Options Analysis of Haiti. Londres: Overseas Development Institute, 2014.

Baker, Dan e Edith Baker, comp. e eds. “Pioneers of Cameroon”, agosto de 2009. Material datilografado. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Ala Baker, Estaca União. História manuscrita e relatórios históricos, 1890–1983. Biblioteca de História da Igreja.

Baldridge, Steven W. Grafting In: A History of the Latter-day Saints in the Holy Land. Jerusalém: Ramo de Jerusalém, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1989.

Balenagasau, Sera. Entrevista de história oral por James Perry e Scott A. Hales, 15 de fevereiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Balenagasau, Sera e Juliet Toro. Entrevista de história oral por James Perry e Scott A. Hales, 28 de fevereiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Ballard, M. Russell. “Questions and Answers”, Devocional proferido na Universidade Brigham Young, Provo, UT, 14 de novembro de 2017. https://speeches.byu.edu/talks/m-russell-ballard/questions-and-answers/.

Bangerter, William Grant. Diários, 1958–1963, 1965. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diários, 1941, 1958–1963, 1974–2005. William Grant Bangerter, Documentos, 1939–2002. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 1974, 1976–1977. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1951–2010. Biblioteca de História da Igreja.

———. Reminiscências, maio–junho de 1995. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Barber, James. South Africa in the Twentieth Century: A Political History—In Search of a Nation State. Oxford: Blackwell, 1999.

Bardsley, Stephen J. Trechos de diário, 1º de julho de 1991. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Barney, Kevin L. “The Facsimiles and Semitic Adaptation of Existing Sources”, em Astronomy, Papyrus, and Covenant, comp. e ed. por John Gee e Brian M. Hauglid, pp. 107–130. Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, Universidade Brigham Young, 2005.

Princípios Básicos de Bem-Estar e Autossuficiência. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2009.

Basic Unit Program: What It Is and How to Use It to Establish the Church. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1982.

Bateman, Maurice e Arlene Bateman. “Para Julia Mavimbela”, 18 de julho de 2000. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Bauer, Roy G. e Michele Parr Bauer. Entrevista de história oral por Ken Adkins, 4 de dezembro de 2020. Biblioteca de História da Igreja.

Baunchand, Betty Jean Wright. Entrevista de história oral por Alan Cherry, 10 de junho de 1987. BYU.

Baunchand, Severia e Betty Jean Wright Baunchand. Entrevista de história oral por R. Bruce Gordon, 28 de outubro de 2015. Biblioteca de História da Igreja.

Beaulieu, Freda Magee. Discurso, conferência da Estaca Nova Orleans Louisiana, 16 de janeiro de 1982. Biblioteca de História da Igreja.

Beck, Julie B. Entrevistas de história oral por Gordon Irving e Justin R. Bray, 2012. Biblioteca de História da Igreja.

———. Resumo executivo da presidência geral da Sociedade de Socorro, 2013. Biblioteca de História da Igreja.

Beck, Maeta Holiday. Trechos de diário, 1973–1974. Biblioteca de História da Igreja.

———. Álbum de recortes. Biblioteca de História da Igreja.

Beck, Maeta Holiday e Dennis Beck. Entrevista de história oral por Jed Woodworth e Tesia Tsai, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Beck, Wayne M. e Evelyn M. Beck. Entrevistas de história oral por Gordon Irving, 1974. Biblioteca de História da Igreja.

Benson, Ezra Taft. Discursos, 1943–1989. Biblioteca de História da Igreja.

———. Come, Listen to a Prophet’s Voice. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

———. Diário, 1921–1927, 1938–1939, 1943–1988. Biblioteca de História da Igreja.

Bentley, Joseph T. Life and Family of Joseph T. Bentley: An Autobiography. Provo, UT: Pelo autor, 1982.

Bergera, Gary James. “‘This Time of Crisis’: The Race-Based Anti-BYU Athletic Protests of 1968–1971”, Utah Historical Quarterly, vol. 81, nº 3, verão de 2013, pp. 204–229.

“Bericht über die Genealogische Arbeitswoche in Dresden”, 9–14 de junho de 1969. Material datilografado. Missão República Democrática Alemã Dresden, registro histórico, 1969–1983. Biblioteca de História da Igreja.

Berlo, Janet Catherine. “Navajo Cosmoscapes—Up, Down, Within”, American Art, vol. 25, nº 1, primavera de 2011, pp. 10–13.

Berrett, LaMar C. e Blair G. Van Dyke. Holy Lands: A History of the Latter-day Saints in the Near East. American Fork, UT: Covenant Communications, 2005.

Ramo Beverley, Missão Inglaterra Norte. História manuscrita e relatórios históricos, 1850–1982. Biblioteca de História da Igreja.

Bíblia. Ver Bíblia Sagrada.

Bidamon, Lewis, Emma Smith Bidamon e Joseph Smith III. Certificado de venda para Abel Combs, 26 de maio de 1856. Biblioteca de História da Igreja.

“Bienestar”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro, Anne C. Pingree, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

Binene, Lilly. Entrevista de história oral por Benjamin Wood, 12 de dezembro de 2023. Willy Binene e Lilly Binene, entrevista de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Jeffrey Bradshaw, 4 de abril de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Norbert Ounleu, 23 de dezembro de 2019. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Binene, Willy. Entrevistas por John Lewis e Ann Lewis, julho de 2020. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Edouard Ngindu, 3 de abril de 2017. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por John Lewis e Ann Lewis, 7 de julho de 2020. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Norbert Ounleu, 23 de dezembro de 2019. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Benjamin Wood, 2023. Willy Binene e Lilly Binene, entrevista de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por John Lewis e Ann Lewis, maio de 2020. Biblioteca de História da Igreja.

Binene, Willy e Lilly Binene. Entrevista de história oral por Benjamin Wood, 13 de junho de 2023. Willy Binene e Lilly Binene, entrevista de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Black, Newell Spencer e Venna Wright Parkinson Black. The Life Stories of Newell Spencer Black and Venna Wright Parkinson as Written by Themselves. Local de publicação não identificado: Pelos autores, MemoryMixer, sem data. Cópia em posse dos editores.

Black, Susan Easton. “Monument to Women Memorial Garden”, em An Eye of Faith: Essays Written in Honor of Richard O. Cowan, ed. por Kenneth L. Alford e Richard E. Bennett, pp. 189–211. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2015.

Black, Susan Easton e Joseph Walker. Anxiously Engaged: A Biography of M. Russell Ballard. Salt Lake City: Deseret Book, 2021.

Blockson, Charles L. Black Genealogy. Com Ron Fry. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1977.

Blumell, Bruce D. “Priesthood Correlation, 1960–1974”, por volta de 1975. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Junta Educacional. Atas de reunião da Junta Educacional da Igreja, 1888–2006. Biblioteca de História da Igreja.

Bodden, Rodolfo. Entrevista de história oral por Clinton D. Christensen, 27 de setembro de 2005. Biblioteca de História da Igreja.

Bondi Rescue. Temporada 2. Exibido de 5 de fevereiro–9 de abril de 2007, na Network 10, na Austrália.

———. Temporada 3. Exibido de 5 de fevereiro–6 de maio de 2008, na Network 10, na Austrália.

Bonham, Brent. Entrevista de história oral por James Perry, 1º de fevereiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Bonnet, Georges A. Diários, 1980–2014. Georges A. Bonnet, Documentos, 1980–2016. Biblioteca de História da Igreja.

———. Notas, novembro de 1999. Georges A. Bonnet, Documentos, 1980–2016. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 22 de fevereiro de 2017. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Scott A. Hales, 27 de junho de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Livro de Abraão. Ver Pérola de Grande Valor.

O Livro de Mórmon: Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2013.

“Book of Mormon Emphasis for 1988”, Bulletin, nº 6, 1987, p. 1. Boletim informativo publicado pela Corporação do Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

O livro de Moisés. Ver Pérola de Grande Valor.

Boone, David F. e Richard O. Cowan. “The Freiberg Germany Temple: A Latter-day Miracle”, em Regional Studies in Latter-day Saint Church History: Europe, ed. por Donald Q. Cannon e Brent L. Top, pp. 147–167. Provo, UT: Departamento de História e Doutrina da Igreja, Universidade Brigham Young, 2003.

Boot, Max. Invisible Armies: An Epic History of Guerrilla Warfare from Ancient Times to the Present. Nova York: Liveright, 2013.

Bowman, Matthew. The Mormon People: The Making of an American Faith. Nova York: Random House, 2012.

———. “Zion: The Progressive Roots of Mormon Correlation”, em Directions for Mormon Studies in the Twenty-First Century, ed. por Patrick Q. Mason, pp. 15–34. Salt Lake City: University of Utah Press, 2016.

Boyer, Selvoy J. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 1978. Biblioteca de História da Igreja.

Boyle, Michael J. “The War on Terror in American Grand Strategy”, International Affairs, vol. 84, nº 2, março de 2008, pp. 191–209.

Bradley, John F. N. Czechoslovakia’s Velvet Revolution: A Political Analysis. Boulder, CO: East European Monographs, 1992.

Bradley, Martha Sonntag. Pedestals and Podiums: Utah Women, Religious Authority, and Equal Rights. Salt Lake City: Signature Books, 2005.

Branch, Taylor. Parting the Waters: America in the King Years, 1954–1963. Nova York: Simon and Schuster, 1988.

Missão Brasileira. Congresso da Associação da Primária. São Paulo, Brasil, 1962–[1965]. Cópia na Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

Missão Brasil São Paulo Norte. História manuscrita e relatórios históricos, 1927–1977. Biblioteca de História da Igreja.

Área Brasil Sul. Relatórios estatísticos, 1935–1998. Biblioteca de História da Igreja.

“A Brief History of the Church Education in Japan and Okinawa”, sem data. Material datilografado. Sistema Educacional da Igreja, Históricos das divisões, 1946–1974. Biblioteca de História da Igreja.

Universidade Brigham Young. Atas de reunião do Comitê Executivo da Junta Diretora. Atas de reunião da Universidade Brigham Young, 1875–1974. BYU.

———. Atas de reunião da Junta Diretora. Universidade Brigham Young, registros da Junta Diretora, 1875–1985. BYU.

———. Arquivo do Centro de Jerusalém, 1985. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Britânica. História manuscrita e relatórios históricos, 1841–1971. Biblioteca de História da Igreja.

Britsch, R. Lanier. “Charles (‘Chuck’) J. Woodworth: Fighting for Salvation”, em Tongan Saints: Legacy of Faith, trad. e ed. por Eric B. Shumway, pp. 173–177. Laie, HI: Institute for Polynesian Studies, 1991.

———. From the East: The History of the Latter-day Saints in Asia, 1851–1996. Salt Lake City: Deseret Book, 1998.

———. Unto the Islands of the Sea: A History of the Latter-day Saints in the Pacific. Salt Lake City: Deseret Book, 1986.

Bronson, Stanley Warren. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. The Tender Apples Collection, por volta de 1967–2000. Biblioteca de História da Igreja.

Brough, Monte J. Entrevista de história oral por Jay Burrup, 11 de agosto de 1998. Biblioteca de História da Igreja.

Brown, Hugh B. An Abundant Life: The Memoirs of Hugh B. Brown. Ed. por Edwin B. Firmage. Salt Lake City: Signature Books, 1988.

Brown, James S. Life of a Pioneer: Being the Autobiography of James S. Brown. Salt Lake City: George Q. Cannon and Sons, 1900.

Brown, Julian. The Road to Soweto: Resistance and the Uprising of 16 June 1976. Woodbridge, Inglaterra: James Currey, 2016.

Browning, Gary L. Entrevista de história oral por Gerry Pond, junho de 1991. Coro do Tabernáculo Mórmon, Arquivos cronológicos, 1883–2004. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1988–1993. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

———. Russia and the Restored Gospel. Salt Lake City: Deseret Book, 1997.

Bruley, Sue. “‘It Didn’t Just Come Out of Nowhere Did It?’: The Origins of the Women’s Liberation Movement in 1960s Britain”, Oral History, vol. 45, nº 1, primavera de 2017, pp. 67–78.

Buah, John K. Documentos, 1983–2005, 2014. Biblioteca de História da Igreja.

Escritório de orçamento. Atas de reunião do Comitê de Apropriações e documentos de apoio, 1983–2000. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivo do Centro de Jerusalém, 1979–1991. Biblioteca de História da Igreja.

Burkhardt, Johannes Henry. Diários, 1950–2007. J. Henry Burkhardt Collection, 1950–2007. Fotocópia. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 24 de outubro de 1991. Tradução para o inglês de Sylvia Ghosh. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Phillip Lear e Doreen Lear, 14 de fevereiro de 2018. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Wie kam es zum Bau des Freiberger [Freiberg] Tempels?”, outubro de 1985. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Burton, H. David. Entrevista de história oral por Jed Woodworth, 18 de julho de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Busche, F. Enzio. “The Church in Germany, Switzerland, and Austria”, em Mormonism: A Faith for All Cultures, ed. por F. LaMond Tullis, pp. 48–51. Provo, UT: Brigham Young University Press, 1978.

Bushman, Richard L. “The First Vision Story Revived”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 4, nº 1, primavera de 1969, pp. 82–93.

Bushman, Richard L. e Claudia L. Bushman. Documentos, 1946–2012. BYU.

By Study and Also by Faith: One Hundred Years of Seminaries and Institutes of Religion. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2015.

Bytheway, John G. “A History of ‘Especially for Youth’—1976–1986”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 2003.

Caldwell, Daniel W. Fotografias e e-mails da missão, por volta de 2004–2005. Biblioteca de História da Igreja.

Camargo, Fernando, Paulo Camargo, Márcia Camargo, Josué Camargo e Milton Camargo. Entrevista de história oral por Scott A. Hales, 27 de abril de 2021. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Camargo, Hélio da Rocha. Entrevista de história oral por Frederick G. Williams, 9 de setembro de 1975. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

———. Reminiscências, 2007. Cópia digital. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

Cameron, Steven B. Diário de missão, julho de 1958–janeiro de 1961. Biblioteca de História da Igreja.

Campbell, Beverly B. Documentos, 1960–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Campi de Mouhsen, Beatríz Felisa. Diários, 1946–2017. Biblioteca de História da Igreja.

Campora, Olga Kovářová. “Fruits of Faithfulness: The Saints of Czechoslovakia”, em Women Steadfast in Christ: Talks Selected from the 1991 Women’s Conference Co-sponsored by Brigham Young University and the Relief Society, ed. por Dawn Hall Anderson e Marie Cornwall, pp. 134–147. Salt Lake City: Deseret Book, 1992.

———. Entrevistas de história oral por James Perry, Dallin Morrow e/ou Jed Woodworth, 2020–2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. Saint behind Enemy Lines. Salt Lake City: Deseret Book, 1997.

Cancino Castillo, Maria de las Nieves. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e James Perry, 1º de fevereiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Cannon, Donald Q. e Richard O. Cowan. Unto Every Nation: Gospel Light Reaches Every Land. Salt Lake City: Deseret Book, 2003.

Cannon, Edwin Q., Jr. Coleção, 1965–1980. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência, 1972–1980. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1963–1986. Biblioteca de História da Igreja.

Cannon, Edwin Q., Jr. e Merrill J. Bateman. “Report of a Visit to Ghana and Nigeria”, 1978. Material datilografado. Arquivos da Missão Internacional, 1950–1992. Biblioteca de História da Igreja.

Cannon, Janath Russell e Edwin Q. Cannon Jr. Together: A Love Story. Salt Lake City: Elayne L. Hess, 1999.

Cardall, Duane. “Glimpses of Prophets: An Eyewitness Account”, por volta de 2020. Material datilografado. Duane Cardall, Arquivos de pesquisa, por volta de 1972–2000. Biblioteca de História da Igreja.

Cardon, Louis B. “The First World War and the Great Depression, 1914–1939”, em Truth Will Prevail: The Rise of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in the British Isles, 1837–1987, ed. por V. Ben Bloxham, James R. Moss e Larry C. Porter, pp. 335–360. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1987.

———. “War and Recovery, 1939–1950”, em Truth Will Prevail: The Rise of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in the British Isles, 1837–1987, ed. por V. Ben Bloxham, James R. Moss e Larry C. Porter, pp. 361–393. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1987.

Carey, Elaine. Plaza of Sacrifices: Gender, Power, and Terror in 1968 Mexico. Albuquerque: University of New Mexico Press, 2005.

Carmack, John K. Diário, agosto de 1983–maio de 2003. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Ronald Barney, 1997. Biblioteca de História da Igreja.

Carmack, Noel A. “Images of Christ in Latter-day Saint Visual Culture, 1900–1999”, BYU Studies, vol. 39, nº 3, 2000, pp. 18–76.

Carr, John E. “‘For in That Day…’: A History of Translation and Distribution, 1965–1980”, por volta de 1980. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Casper, Alan R. “Opposition to the Construction of the Brigham Young University Jerusalem Center”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 2003.

“Centers for Young Adults: Europe Area Locations”, 31 de julho de 2008. Mapa. Família Johann Wondra, Documentos, 1955–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Century of Black Mormons. Universidade de Utah, Salt Lake City. Acesso em 23 de março de 2023. https://exhibits.lib.utah.edu/s/century-of-black-mormons.

Champagnie, Carl A., Lynne Holladay e Darlene Holladay. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss e Steven R. Sorensen, 18 de outubro de 1999. Biblioteca de História da Igreja.

Músicas para Crianças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1989.

Missão Chilena. Estatísticas e diretórios de batismo, 1989–1991. Biblioteca de História da Igreja.

Área Chile. Relatórios históricos anuais, 1996, 2000–2012. Biblioteca de História da Igreja.

“Chile Area Training”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Bonnie D. Parkin, Coleção, 2002–2007. Biblioteca de História da Igreja.

Missão China Hong Kong. História manuscrita e relatórios históricos, 1955–1971. Biblioteca de História da Igreja.

———. Publicações, 1956–1973. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Chinesa. História manuscrita e relatórios históricos, 1949–1953. Biblioteca de História da Igreja.

Chipman, Colleen Sorensen e David E. Richardson. Entrevista de história oral por Ronald A. Young, 3 de novembro de 2009. Biblioteca de História da Igreja.

Choi, Dong Sull. “A History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Korea, 1950–1985”, Dissertação de doutorado, Universidade Brigham Young, 1990.

Chou, Po Nien (Felipe) e Petra Chou. Voice of the Saints in Mongolia. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2022.

———. Voice of the Saints in Taiwan. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2017.

Christensen, J. Dale. Diário de missão, 1961–1963. Biblioteca de História da Igreja.

Chuquimango Matos, Julián Guillermo. Entrevista de história oral por Orlando Handa Vargas, 21 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Junta Educacional da Igreja. Atas de reunião do Comitê Consultivo/Executivo, 1928–1989. Biblioteca de História da Igreja.

Sistema Educacional da Igreja. Relatórios históricos anuais, 1967–2008. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas de reunião do Executivo, 1980–1986, 2003–2004. Biblioteca de História da Igreja.

———. Harvey L. Taylor, Arquivos administrativos, 1965–1970. Biblioteca de História da Igreja.

Manual de Instruções da Igreja. Volume 1, Presidentes de Estaca e Bispados. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1998.

Manual de Instruções da Igreja. Volume 1, Presidentes de Estaca e Bispados. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2006.

Manual de Instruções da Igreja. Volume 2, Líderes do Sacerdócio e das Auxiliares. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1998.

Departamento de História da Igreja. Relatórios, 1986–2007. Biblioteca de História da Igreja.

“City Creek Center”, 21 de março de 2008. Apresentação de slides. Bispado Presidente, materiais de reuniões da Primeira Presidência, 1985–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Clark, Nancy L. e William H. Worger. South Africa: The Rise and Fall of Apartheid. 2ª ed. Harlow, Inglaterra: Pearson, 2011.

Clark, Paul K. e Gretchen K. Clark. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 1998. Biblioteca de História da Igreja.

Clayton, Kathy K. “Harvest of Faith in Abundancia”, Religious Educator, vol. 6, nº 2, 2005, pp. 117–128.

Coleção de materiais relativos à música “Sou um filho de Deus”, por volta de 1957–1977. Biblioteca de História da Igreja.

Collette, Emmy, comp. por Hermine Weber. Idaho Falls, ID: Pelo autor, 1983. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Templo de Colonia Juárez Chihuahua México. Cerimônia de dedicação, 6–7 de março de 1999. Biblioteca de História da Igreja.

Ramo Colonia Suiza. Atas gerais, 1959–1970. 2 vols. Biblioteca de História da Igreja.

Colton, Eleanor Ricks. Trecho de diário, sem data. Cópia em posse dos editores.

———. “My Personal Rubicon”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 14, nº 4, inverno de 1981, pp. 101–108.

“Comparative Report”, L. D. S. Newsheet, vol. 1, nº 10, 3 de junho de 1956, pp. 1–3. Boletim informativo publicado pelo Distrito Niue da Missão Tonga de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em publicações do Distrito Niue, 1955–1961. Biblioteca de História da Igreja.

Condie, Spencer J. Russell M. Nelson: Father, Surgeon, Apostle. Salt Lake City: Deseret Book, 2003.

“The Construction Program”, El Chasqui, março de 1962, p. 8. Boletim informativo publicado pela Missão Argentina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Boletim informativo da Missão Argentina, 1962–1964. Biblioteca de História da Igreja.

Contreras, Felicindo e Veronica Ines Pacheco Urra Contreras. Entrevistas de história oral por James Perry, Rob Swanson, David Bolingbroke e/ou Lisa Christensen, 2020–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Cook, Gene R. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 13 de novembro de 2007. Biblioteca de História da Igreja.

Cornwall, J. Spencer. A Century of Singing: The Salt Lake Mormon Tabernacle Choir. Salt Lake City: Deseret Book, 1958.

Correspondência referente ao estabelecimento da Igreja SUD no país de Gana, 1967–1972, 2004. Biblioteca de História da Igreja.

Cowan, Richard O. The Church in the Twentieth Century. Salt Lake City: Bookcraft, 1985.

———. Every Man Shall Hear the Gospel in His Own Language. 2 vols. Provo, UT: Centro de Treinamento Missionário, 2001.

———. The Los Angeles Temple: A Beacon on a Hill. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2018.

———. “A Tale of Two Temples”, em Regional Studies in Latter-day Saint Church History: The British Isles, ed. por Cynthia Doxey, Robert C. Freeman, Richard Neitzel Holzapfel e Dennis A. Wright, pp. 219–235. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2007.

Cowan, Richard O. e Justin R. Bray. Provo’s Two Temples. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2015.

Crossley, J. Dennis. Diários de missão, 1958–1961. Coleção da Missão Extremo Oriente Sul, 1958–1995. Biblioteca de História da Igreja.

Cruz, Celia Ayala de. Entrevista de história oral, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Cruz Martinez, Juan A. e Celia Ayala de Cruz. Entrevista de história oral por Wade Jewkes e Connie Jewkes, 28 de fevereiro de 2015. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Cummings, David W. Mighty Missionary of the Pacific: The Building Program of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints—Its History, Scope and Significance. Salt Lake City: Bookcraft, 1961.

Curbelo, Néstor. Historia de los Santos de los Últimos Días en Paraguay: Relatos de Pioneros. Local de publicação não identificado: Pelo autor, 2003.

———. The History of the Mormons in Argentina. Trad. por Erin B. Jennings. Salt Lake City: Greg Kofford Books, 2009.

Departamento de Currículo. Atas de reunião do Comitê Executivo de Correlação do Sacerdócio, 1961–1972. 3 vols. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Curtis, Jim. Rock Eras: Interpretations of Music and Society, 1954–1984. Bowling Green, OH: Bowling Green State University Popular Press, 1987.

Cuthbert, Derek A. The Second Century: Latter-day Saints in Great Britain, Volume I, 1937–1987. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

Cutler, Virginia Farrer. Entrevista de história oral por Reed Clegg, 17 de maio de 1986. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Chere H. Romney, 1981, 1983, em Chere H. Romney, “Virginia Farrer Cutler: An Oral History of Her Remarkable Accomplishments”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 1983.

Dalton, Lela J. Autobiografia, 1999. Biblioteca de História da Igreja.

Danil.” Um em Um Milhão. Biblioteca de mídia. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Vídeo [00:01:34]. Acesso em 22 de março de 2024. https://www.ChurchofJesusChrist.org/media/collection/one-in-a-million.

Filhas em Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2011.

Davenport, Randall W. Entrevista de história oral com Lisa Christensen, 19 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Davidson, Karen Lynn. Our Latter-day Hymns: The Stories and the Messages. Salt Lake City: Deseret Book, 1988.

Davis, Ebbie. Entrevista de história oral por James Perry, 13 de abril de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Davis, Jack. Memorando para o diretor e o vice-diretor da Central de Inteligência, 24 de março de 1980. Registros gerais da CIA. Freedom of Information Act Electronic Reading Room. https://www.cia.gov/readingroom/document/cia-rdp83b01027r000300080023-5.

“A Day I’ll Never Forget”, Reaper, vol. 4, nº 30, 14 de maio de 1966, pp. 1–2. Boletim informativo publicado pela Missão Suíça de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Boletim informativo da Missão Suíça, 1964–1966. Biblioteca de História da Igreja.

Dedicacion Templo de Santiago, setembro de 1983. Biblioteca de História da Igreja.

Dedicatory Prayer: Hong Kong China Temple, 26 May 1996”, Templos. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. https://www.ChurchofJesusChrist.org/temples/details/hong-kong-china-temple/prayer/1996-05-26.

Dennis, Mike. The Rise and Fall of the German Democratic Republic, 1945–1990. Harlow, Inglaterra: Longman, 2000.

Ala Denton, Estaca Fort Worth. Atas e registros da Sociedade de Socorro, 1962–1973. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

De Oliveira, Saul M. Entrevista de história oral por Frederick G. Williams, 8 de setembro de 1975. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

De Queiroz, Walter Guedes. Entrevista de história oral por J. Roberto Viveiros e Michael N. Landon, 18 de novembro de 2011. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Mark L. Grover, 16 de abril de 1982. Mark L. Grover, Entrevistas de história oral com santos dos últimos dias no Brasil. BYU.

Derr, Jill Mulvay. “A Period of Transition: Unified Social Services, 1969–1973”, em “A History of Social Services in The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1916–1984”, 3 de novembro de 1988, pp. 1–56. Fotocópia do material datilografado. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Derr, Jill Mulvay, Janath Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher. Women of Covenant: The Story of Relief Society. Salt Lake City: Deseret Book, 1992.

Derr, Jill Mulvay, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds. The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History. Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016.

Deseret Morning News 2004 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret Morning News, 2004.

Deseret Morning News 2006 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret Morning News, 2005.

Deseret Morning News 2007 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret Morning News, 2006.

Deseret News 1976 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1976.

Deseret News 1982 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1981.

Deseret News 1985 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1985.

Deseret News 1987 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1987.

Deseret News 1989–1990 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1989.

Deseret News 1991–1992 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1990.

Deseret News 1993–1994 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1992.

Deseret News 1997–1998 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1996.

Deseret News 1999–2000 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 1998.

Deseret News 2001–2002 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 2000.

Deseret News 2003 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 2002.

Deseret News 2010 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 2010.

Deseret News 2011 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 2011.

Deseret News 2012 Church Almanac. Salt Lake City: Deseret News, 2012.

Dew, Sheri L. Ezra Taft Benson: A Biography. Salt Lake City: Deseret Book, 1987.

———. Go Forward with Faith: The Biography of Gordon B. Hinckley. Salt Lake City: Deseret Book, 1996.

———. Insights from a Prophet’s Life: Russell M. Nelson. Salt Lake City: Deseret Book, 2019.

Directory of General Authorities and Officers, 1989: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1988.

Directory of General Authorities and Officers, 1991: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1991.

Directory of General Authorities and Officers, 1993: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1993.

Directory of General Authorities and Officers, 1996: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1996.

Directory of General Authorities and Officers, 2001: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2000.

Directory of General Authorities and Officers, 2005: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2004.

Directory of Organizations and Leaders, 2007. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2006.

Directory of Organizations and Leaders, 2008. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2007.

“District News”, L. D. S. Newsletter, vol. 1, nº 14, 6 de outubro de 1956, pp. 1–3. Boletim informativo publicado pelo Distrito Niue da Missão Tonga de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em publicações do Distrito Niue, 1955–1961. Biblioteca de História da Igreja.

The Doctrine and Covenants of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints: Containing Revelations Given to Joseph Smith, the Prophet, with Some Additions by His Successors in the Presidency of the Church. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2013.

Dominguez, Kathryn M. E. “International Dimensions of the Great Recession and the Weak Recovery”, em Confronting Policy Challenges of the Great Recession: Lessons for Macroeconomic Policy, ed. por Eskander Alvi, pp. 107–124. Kalamazoo, MI: W. E. Upjohn Institute for Employment Research, 2017.

Dominio de las escrituras. Bogotá, Colômbia: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, [1983?]. Cópia dos cartões de memória na Biblioteca de História da Igreja.

Distrito de Dresden, Missão Alemanha Dresden. Relatórios trimestrais, 1956–1982. Biblioteca de História da Igreja.

Dunbabin, J. P. D. The Cold War: The Great Powers and Their Allies. 2ª ed. The Postwar World. Harlow, Inglaterra: Pearson Longman, 2008.

Dunn, Paul H. The Osmonds: The Official Story of the Osmond Family. Salt Lake City: Bookcraft, 1975.

Dunning, Geoffrey e Suzette Dunning. “Conversion Story at Beverley”, sem data. Cópia digital. Documentos de Suzette T. e Geoffrey Dunning, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

Dunning, Suzette Towse. Entrevistas por e-mail com James Perry, 2021. Documentos de Suzette T. e Geoffrey Dunning, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. Trechos de cartas e diários, 21 de outubro de 2021. Cópia digital. Suzette T. e Geoffrey Dunning, Documentos, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Freda Entwistle, 18 de agosto de 2018. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Suzette Towse Dunning-My Life and Legacy”, sem data. Cópia digital. Suzette T. e Geoffrey Dunning, Documentos, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

Dunning, Suzette Towse e Geoffrey Dunning. Entrevistas por e-mail com James Perry, 12 de setembro de 2021. Suzette T. e Geoffrey Dunning, Documentos, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

Durham, G. Homer. N. Eldon Tanner: His Life and Service. Salt Lake City: Deseret Book, 1982.

Eichengreen, Barry. The European Economy since 1945: Coordinated Capitalism and Beyond. The Princeton Economic History of the Western World. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2007.

87ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo e no Assembly Hall, Salt Lake City, Utah, 6, 7 e 8 de outubro de 1916, com um relatório completo dos discursos. Salt Lake City: Deseret News, 1916.

Eleven Year Report of the President (1950–51 to 1960–61) of Brigham Young University and Eight Year Report of the Administrator (1953–54 to 1960–61) of Other Areas of the Unified Church School System. [Provo, UT?], [1961?].

Embry, Jessie L. Black Saints in a White Church: Contemporary African American Mormons. Salt Lake City: Signature Books, 1994.

———. “Without Purse or Scrip”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 29, nº 3, 1996, pp. 77–93.

Embry, Jessie L. e John H. Brambaugh. “Preaching through Playing: Sports and Recreation in Missionary Work, 1911–64”, Journal of Mormon History, vol. 35, nº 4, outono de 2009, pp. 53–84.

“Employment Resource Services”, por volta de 10 de junho de 2005. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

Erikson, Dan, Emma Grant, Franka Braun, Gillette Hall, Katherine Bain, Mark Mattner, Stephanie Kuttner e Willy Egset. “Political Forces and Actors”, em Social Resilience and State Fragility in Haiti, ed. pelo Banco Mundial, pp. 67–74. Washington, D.C.: Banco Mundial, 2007.

Espi, Dignardino F. “Manila Philippines Temple, Coup d’Etat, December 2–4, 1989”, sem data. John M. Madsen, Arquivos de área, 1992–2005. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Manila Philippines Temple during the Coup of Dec. 2 and 3, 1989”, por volta de 1989. Área Filipinas, Relatórios históricos anuais, 1989, 1991, 1993–1996, 2002–2007, 2010–2021. Biblioteca de História da Igreja.

Manual do Aluno do Curso de Casamento Eterno. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2003.

Missão Europeia. Relatórios históricos, 1960–1965. Biblioteca de História da Igreja.

Área Europa. Arquivos da Europa Oriental, 1985–1986. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos relacionados às atividades da Igreja na Europa Oriental, 1985–1989. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas de reunião, 1995–2007. Biblioteca de História da Igreja.

Evans, Matthew T. “The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints’ Response to the 2019–20 Coronavirus Pandemic”, em The Palgrave Handbook of Global Mormonism, ed. por R. Gordon Shepherd, A. Gary Shepherd e Ryan T. Cragun, pp. 783–816. Cham, Switzerland: Palgrave Macmillan, 2020.

Ewudzie, James. Entrevista de história oral por Clinton D. Christensen, 23 de agosto de 2010. Biblioteca de História da Igreja.

“Exit Interview with President and Sister Homer LeBaron: Recently Released from Presiding over the Zaire Mission”, 11 de janeiro de 1994. Material datilografado. Richard P. Lindsay, Arquivos da Área África, 1990–1994. Biblioteca de História da Igreja.

Fallentine, Angela Peterson. Entrevista de história oral por James Perry ou Lisa Christensen, 2023. Angela Peterson Fallentine e John Fallentine, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. Recordações, 3 de janeiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja.

Fallentine, Angela Peterson e John Fallentine. Entrevistas por e-mail por Lisa Christensen, 11 de setembro de 2023. Angela Peterson Fallentine e John Fallentine, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja.

Fallentine, John. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 15 de setembro de 2023. Angela Peterson Fallentine e John Fallentine, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Falola, Toyin e Matthew M. Heaton. A History of Nigeria. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

Departamento de História da Família e História da Igreja. Relatórios anuais, 1952–1970, 1990, 1999–2007. Biblioteca de História da Igreja.

A Família: Proclamação ao Mundo”, 23 de setembro de 1995. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. https://www.ChurchofJesusChrist.org/study/scriptures/the-family-a-proclamation-to-the-world/the-family-a-proclamation-to-the-world.

Departamento de História da Família. Atas de reunião do diretor executivo, 1993–2008. Biblioteca de História da Igreja.

Family Home Evening Manual: Part of the Priesthood Program of Teaching and Living the Gospel in the Home. Salt Lake City: Conselho dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, [1965].

FamilySearch: TempleReady Reference Guide. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995.

Farrell, Lincoln e Marilyn Barlow. “The Celebration of Clean Water in Luputa”, 8 de janeiro de 2011. The Barlows in Uganda (blog). https://barlowsinuganda.blogspot.com/2011/01/celebration-of-clean-water-in-luputa.html.

Faust, James E. Diário, 1978–2007. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 1977–1978. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Feinga, Adele F. “Labor Missions in Tonga and Hawai‘i”, em Pioneers in the Pacific: Memory, History, and Cultural Identity among the Latter-day Saints, ed. por Grant Underwood, pp. 45–56. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2005.

Ferguson, Isaac Clyde. Entrevista de história oral por Loy Keate Despain e Emily McLaws Despain, 12 de fevereiro de 2013. Loy K. Despain, Coleção de Serviços Humanitários, 1970–2017. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por James Perry, 25 de abril e 29 de junho de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 1992–1993. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diário de viagem à África Ocidental, 29 de abril–19 de maio de 1988. Material datilografado. Isaac Ferguson, Entrevistas de história oral, 25 de abril e 29 de junho de 2022. Biblioteca de História da Igreja.

Fetzer, Percy K. Diário do presidente da missão, outubro de 1959–março de 1963. Percy K. e Thelma W. Fetzer, Documentos, 1926–1981. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, por volta de 1959–1969. Biblioteca de História da Igreja.

Fifty-First Annual Conference of the Primary Association [Salt Lake City]: [A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 1957, em Coleção de materiais relativos à música “Sou um filho de Deus”, por volta de 1957–1977. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Fiji Suva. Relatórios históricos anuais, 1978–1995, 1997–2009, 2011–2021. Biblioteca de História da Igreja.

Relatório final da Comissão de Apuração de Fatos (de acordo com o R.A. nº 6832). Manila, Filipinas: Marcadores, 1990.

Fink, Carole K. Cold War: An International History. Boulder, CO: Westview, 2014.

The First Mexico and Central America Area General Conference of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Held in Mexico City, Mexico, August 25, 26, 27, 1972, with Report of Discourses. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1973.

A Primeira Presidência. Correspondência da presidência da área, 1984–2016. Biblioteca de História da Igreja.

———. Cartas circulares, 1855–2013. Biblioteca de História da Igreja.

———. Comitês, Correspondência dos departamentos e das organizações, 1980–1994, 1998–2017. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos administrativos gerais, 1921–1972. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de administração geral, 1923, 1932, 1937–1967. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência geral, 1970–2006. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de correspondência geral, 1940–1959. Biblioteca de História da Igreja.

———. Reproduções de correspondências, 1877–1949. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondências diversas, 1915–1939. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência da missão, 1946–1969. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência da missão, 1950–1959. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência da missão, 1964–2010. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência do Bispado Presidente, 1980–1984, 1986–2007. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência do templo, 1964–1994. Biblioteca de História da Igreja.

“The First Young Women’s Fireside: Stand for Truth and Righteousness (1985)”, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Transmitida em 10 de novembro de 1985. Vídeo do YouTube [01:33:33]. https://youtu.be/B451SzXC7fo?si=kBtp6TK0_dXeHo5G. Cópia também disponível em Young Women Fireside, 1985–1987. Biblioteca de História da Igreja.

Fisher, Glen G. Relatório, 16 de setembro de 1960. Biblioteca de História da Igreja.

Flake, Garry. E-mail para James Perry, 8 de novembro de 2023. Biblioteca de História da Igreja.

———. “The Tsunami (Southeast Asia)”, sem data. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Fleming, Walter L. The Freedmen’s Savings Bank: A Chapter in the Economic History of the Negro Race. Westport, CT: Negro Universities Press, 1970. Publicado pela primeira vez em 1927 pela University of North Carolina Press (Chapel Hill).

Fletcher, David George. Entrevista de história oral por Stephen C. Young, 24 de julho de 1987. Biblioteca de História da Igreja.

Fligstein, Neil e Adam Goldstein. “The Roots of the Great Recession”, em The Great Recession, ed. por David B. Grusky, Bruce Western e Christopher Wimer, pp. 21–55. Nova York: Russell Sage Foundation, 2011.

Força dos Jovens: Padrões SUD. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1965.

Fraenkel, Jon. “The Clash of Dynasties and Rise of Demagogues; Fiji’s Tauri Vakaukauwa of May 2000”, Journal of Pacific History, vol. 35, nº 3, dezembro de 2000, pp. 295–308.

Fraticelli, Nivea Rebecca. “Brief Chronological History of the Church of Jesus Christ of the Latter Day Saints in the Caribbean, 1945–2000”, por volta de 2015. Material datilografado. Becky Fraticelli, Histórias locais, 1945–2000. Biblioteca de História da Igreja.

“Freedman’s Bank Records: Media Coverage, Feb. 26, 2001”, 2001. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Templo de Freiberg Alemanha. Cerimônia de dedicação, 28–30 de junho de 1985. Biblioteca de História da Igreja.

Fritz, Albert. Entrevista de história oral por Leslie G. Kelen, 1983, 1984. Entrevistas com afro-americanos em Utah, 1982–1988. Coleções especiais, Biblioteca J. Willard Marriott, Universidade de Utah, Salt Lake City.

Funk, Ruth Hardy. Entrevista com Andrew Kimball, 27 de novembro de 1979. Andrew Eyring Kimball, Arquivos de pesquisa biográfica de Spencer W. Kimball, 1924–1980. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevistas de história oral por Gordon Irving, 1979. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Ruth, Come Walk with Me”, em He Changed My Life, ed. por L. Brent Goates, pp. 118–126. Salt Lake City: Bookcraft, 1988.

Gaddis, John Lewis. The Cold War: A New History. Nova York: Penguin, 2005.

Galbraith, David B. “The Lead-Up to the Dedication of the Jerusalem Center”, BYU Studies Quarterly, vol. 59, nº 4, 2020, pp. 49–60.

———. “Miracles Open the Door to Build on the Mount of Olives”, sem data. Material datilografado. David B. Galbraith, Entrevistas de história oral, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Amber Taylor, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. “The Orson Hyde Memorial Garden Project: A Forerunner, 1972–1979”, sem data. Material datilografado. David B. Galbraith, Entrevistas de história oral, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

Galbraith, David B., D. Kelly Ogden e Andrew C. Skinner. Jerusalem: The Eternal City. Salt Lake City: Deseret Book, 1996.

Garrett, Matthew. Making Lamanites: Mormons, Native Americans, and the Indian Student Placement Program, 1947–2000. Salt Lake City: University of Utah Press, 2016.

Garrow, David J. Protest at Selma: Martin Luther King, Jr., and the Voting Rights Act of 1965. New Haven, CT: Yale University Press, 1978.

Gee, John. “‘A Stranger in a Strange Land’: Hugh Nibley as an Egyptologist”, em Hugh Nibley Observed, ed. por Jeffrey M. Bradshaw, Shirley S. Ricks e Stephen T. Whitlock, pp. 497–522. Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2021.

Manual Geral de Instruções. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1976.

Manual Geral de Instruções. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1989.

Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, dezembro de 2020. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2020.

General Instructions for Stake Presidencies and Bishoprics: Consolidated Schedule of Sunday Meetings. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1980.

“General Leadership Meeting: Chile Relief Society Training”, 14–23 de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro, Anne C. Pingree, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

Grupo Gênesis. Primeira reunião, 19 de outubro de 1971. Fita de áudio. Biblioteca de História da Igreja.

Missão República Democrática Alemã Dresden. Registro histórico, 1969–1983. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Alemanha Hamburgo. História manuscrita e relatórios históricos, 1937–1977. 12 vols. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Alemanha Norte. Arquivos do presidente, 1959–1973. Biblioteca de História da Igreja.

Gesangbuch: Kirche Jesu Christi der Heiligen der Letzten Tage. Frankfurt, Alemanha: Der Kirche Jesu Christi der Heiligen der Letzten Tage Europäische Mission, 1964.

“Geschichte der Dresdener Mission”, 1969. Material datilografado. Missão República Democrática Alemã Dresden, Registro histórico, 1969–1983. Biblioteca de História da Igreja.

Distrito Missionário de Gana Acra. Relatório, sem data. Miles H. e Stella Cunningham, Documentos, 1984–1991. Biblioteca de História da Igreja.

Gibbons, Francis M. Howard W. Hunter: Man of Thought and Independence, Prophet of God. Salt Lake City: Deseret Book, 2011.

———. Spencer W. Kimball: Resolute Disciple, Prophet of God. Salt Lake City: Deseret Book, 1995.

Gibbons, Francis M. e Bruce R. McConkie. Entrevista com Edward L. Kimball, 12 de maio de 1982. Spencer W. Kimball, Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

Gill, Gurcharan S. “The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in India”, em “For Ye Are All One in Christ Jesus”: The Global Church in a World of Ethnic Diversity; Proceedings of the Sixth Annual Conference of the International Society, pp. 75–76. Provo, UT: David M. Kennedy Center for International Studies, Universidade Brigham Young, 1995.

Giordayne.” Um em Um Milhão. Biblioteca de mídia. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Vídeo [00:02:22]. Acesso em 22 de março de 2024. https://www.ChurchofJesusChrist.org/media/collection/one-in-a-million.

Giurintano, Antonino. Entrevista realizada por James Toronto, maio de 2001. Biblioteca de História da Igreja.

Givens, Terryl. The Pearl of Greatest Price: Mormonism’s Most Controversial Scripture. Com Brian M. Hauglid. Nova York: Oxford University Press, 2019.

Goates, L. Brent. Harold B. Lee: Prophet and Seer. Salt Lake City: Bookcraft, 1985.

Godfrey, Donald G., Val E. Limburg e Heber G. Wolsey. “KSL, Salt Lake City: ‘At the Crossroads of the West’”, em Television in America: Local Station History from Across the Nation, ed. por Michael D. Murray e Donald G. Godfrey, pp. 338–352. Ames: Iowa State University Press, 1997.

Godfrey, Matthew C. “Kenneth W. Godfrey”, em Conversations with Mormon Historians, ed. por Alexander L. Baugh e Reid L. Neilson, pp. 233–276. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2015.

God Loveth His Children. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2007.

Goodman, Michael A. “Correlation: The Early Years”, em A Firm Foundation: Church Organization and Administration, ed. por David J. Whittaker e Arnold K. Garr, pp. 319–338. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2011.

Goodman, Robert Maurice. Niue of Polynesia: Savage Island’s First Latter-day Saint Missionaries. Powhatan, VA: Pelo autor, 2002.

Ramo Görlitz, Missão Alemanha Dresden. Atas gerais, 1934–1955, 1965–1975. Biblioteca de História da Igreja.

Gospel Literacy Guidelines for Priesthood and Relief Society Leaders. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1993.

Textos sobre os Tópicos do Evangelho”, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Acesso em 10 de abril de 2024. https://www.ChurchofJesusChrist.org/study/manual/gospel-topics-essays.

Gould, Michael. The Struggle for Modern Nigeria: The Biafran War, 1967–1970. Nova York: I. B. Tauris, 2012.

Gray, Darius A. Entrevistas com Jed Woodworth ou Lisa Christensen e Scott A. Hales, 2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Jed Woodworth e Angela Hallstrom, 2017–2019. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Tracing Ancestors: Mormon Church Publishes Post-Civil War Database”, Entrevista por Leon Harris, Early Edition, CNN, 27 de fevereiro de 2001. http://www.cnn.com/TRANSCRIPTS/0102/27/ee.13.html.

Griffiths, Casey Paul. “The Globalization of Latter-day Saint Education”, Dissertação de doutorado, Universidade Brigham Young, 2012.

Grover, Mark L. A Land of Promise and Prophecy: Elder A. Theodore Tuttle in South America, 1960–1965. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2008.

———. “Mormonism in Brazil: Religion and Dependency in Latin America”, Tese de doutorado, Universidade de Indiana, 1985.

———. “The Mormon Priesthood Revelation and the São Paulo, Brazil Temple”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 23, nº 1, primavera de 1990, pp. 39–53.

———. “Mormons in Latin America”, em The Oxford Handbook of Mormonism, ed. por Terryl L. Givens e Philip L. Barlow, pp. 515–528. Nova York: Oxford University Press, 2015.

Templo da Cidade da Guatemala. Cerimônia de dedicação, 14–16 de dezembro de 1984. Biblioteca de História da Igreja.

Guia para Juntas da Primária da Estaca [Salt Lake City]: Junta Geral da Associação da Primária, 1962.

Gunnell, Grant e Alice Petersen Gunnell. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 22 de setembro de 1993. Biblioteca de História da Igreja.

Gunter, Ernest L. Entrevista de história oral com Lisa Christensen, 20 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja.

Hafen, Bruce C. Entrevista de história oral por Blake Miller, 10 de agosto de 2007. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Haiti Porto Príncipe. Relatórios históricos anuais, 1984–1989, 1992–1994, 1996–1997, 2000–2003, 2009–2014, 2017–2022. Biblioteca de História da Igreja.

“Haiti Report”, por volta de 2 de junho de 2010. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

Hall, Bruce W. “And the Last Shall Be First: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in the Former East Germany”, Journal of Church and State, vol. 42, nº 3, verão de 2000, pp. 485–505.

Manual 1: Presidentes de Estaca e Bispos, 2010. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2010.

Manual 2: Administração da Igreja, 2010. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2010.

Handbook of Instructions of the Relief Society of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: Junta Geral da Sociedade de Socorro, 1968.

Haney, Alice Johnson. Entrevista de história oral por James Perry e Scott A. Hales, 20 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Hangen, Tona J. “Guide to a Generation: Belle Spafford’s Latter-day Saint Leadership”, em New Scholarship on Latter-day Saint Women in the Twentieth Century: Selections from the Women’s History Initiative Seminars, 2003–2004, ed. por Carol Cornwall Madsen e Cherry B. Silver, pp. 81–97. Provo, UT: Instituto Joseph Fielding Smith para a História dos Santos dos Últimos Dias, 2005.

Hanks, Marion D. Memórias, dezembro de 2004. Marion D. Hanks, Coleção, 1873, 1904–2018. Biblioteca de História da Igreja.

Hardy, Warren Brent. “W. Brent Hardy Personal History.” 4 vols. Em W. Brent Hardy, Autobiografia, por volta de 2011. Biblioteca de História da Igreja.

Harline, Craig. Sunday: A History of the First Day from Babylonia to the Super Bowl. New Haven, CT: Yale University Press, 2011.

Harper, Steven C. First Vision: Memory and Mormon Origins. Nova York: Oxford University Press, 2019.

———. “‘Nothing Less Than Miraculous’: The First Decade of Mormonism in Mongolia”, BYU Studies, vol. 42, nº 1, janeiro de 2003, pp. 19–49.

Harris, Matthew L. e Madison S. Harris. “The Last State to Honor MLK: Utah and the Quest for Racial Justice”, Utah Historical Quarterly, vol. 88, nº 1, inverno de 2020, pp. 5–23.

Hartley, William G. “From Men to Boys: LDS Aaronic Priesthood Offices, 1829–1996”, Journal of Mormon History, vol. 22, nº 1, 1996, pp. 80–136.

Hartlyn, Jonathan e Arturo Valenzuela. “Democracy in Latin America since 1930”, em Latin America since 1930: Economy, Society and Politics, Part 2, Politics and Society, ed. por Leslie Bethell, pp. 99–162. Vol. 6 de The Cambridge History of América Latina. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.

Hartmann, Susan M. From Margin to Mainstream: American Women and Politics since 1960. Nova York: Alfred A. Knopf, 1989.

Harvey, Brian. Europe’s Space Programme: To Ariane and Beyond. Chichester, Inglaterra: Praxis, 2003.

Hatch, Gayle Collette, comp. Alois and Hermine: A Cziep Family History, 1893–2005. Durham, NC: Pelo compilador, 2005. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Hawkes, Lorraine. “Experience of Henry T. Solis at the Manila Philippines Temple, Dec. 1989”, sem data. Material datilografado. Henry Tiongson Solis, Entrevista de história oral, 10 de junho de 2021. Biblioteca de História da Igreja.

Hawkins, Chad S. Temples of the New Millennium: Facts, Stories, and Miracles from the First 150 Temples. Salt Lake City: Deseret Book, 2016.

Hawkins, John T. Entrevista de história oral por June Jones, 18 de agosto de 2018. Biblioteca de História da Igreja.

Haws, J. B. “The Freeze and the Thaw: The LDS Church and the State of Ghana of the 1980s”, em The Worldwide Church: Mormonism as a Global Religion, ed. por Michael A. Goodman e Mauro Properzi, pp. 21–46. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2016.

———. “LDS Church Presidency Years, 1985–1994”, em Thunder from the Right: Ezra Taft Benson in Mormonism and Politics, ed. por Matthew L. Harris, pp. 208–238. Chicago: University of Illinois Press, 2019.

———. The Mormon Image in the American Mind: Fifty Years of Public Perception. Nova York: Oxford University Press, 2013.

———. “Why the ‘Mormon Olympics’ Didn’t Happen”, em An Eye of Faith: Essays Written in Honor of Richard O. Cowan, ed. por Kenneth L. Alford e Richard E. Bennett, pp. 365–387. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2015.

Haycock, David Arthur. História pessoal, 1975–1976. Biblioteca de História da Igreja.

Heaton, Herald Grant. Entrevista de história oral por Brian Reeves e Melvin Thatcher, 14 de junho de 2001 [Entrevista 3]. Biblioteca de História da Igreja.

———. História pessoal, 1993–2001. 2 vols. Biblioteca de História da Igreja.

Heaton, Herald Grant e Luana C. Heaton, comps. A Documentary History of the Chinese Mission, 1949–53; Southern Far East Mission, 1955–59. Salt Lake City: Pelos compiladores, 1999.

Hernandez, Emma Acosta e Hector David Hernandez. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, James Perry e/ou Tesia Tsai, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Hernandez, Hector David e Emma Acosta Hernandez. Entrevista de história oral por Clate W. Mask Jr. e Carol Mask, 24 de março de 2019. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Hicks, Michael. “Mormons and the Music Industry”, em Cinema, Television, Theater, Music, and Fashion, pp. 183–199. Vol. 1 de Mormons and Popular Culture: The Global Influence of an American Phenomenon, ed. por J. Michael Hunter. Santa Barbara, CA: Praeger, 2013.

Hillam, Harold G. Diário de missão, 1954–1957. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevistas de história oral por Gordon Irving, 2005. Biblioteca de História da Igreja.

Hilton, Christopher. The Wall: The People’s Story. Stroud, Inglaterra: Sutton, 2001.

Hilton, John, III. “The LDS Church in Taiwan: The First Three Years”, Mormon Historical Studies, vol. 17, nº 1, 2016, pp. 37–83.

Hinckley, Gordon B. 1947, Discursos, 1947, 1958–2008. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de área, 1986–2002. Biblioteca de História da Igreja.

———. Manual do Sistema Educacional da Igreja, 1984–1988. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos, por volta de 1935–1970. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos, por volta de 1971–1977. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência da Primeira Presidência e de autoridade geral, auxiliares, diversos, 1976–1980. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diários, 1946–2008. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência diversa da estaca e da missão, 1970–1979. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de assuntos, por volta de 1980–1985. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos do templo, por volta de 1961–1990. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Why These Temples?”, Temples of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, pp. 14–19. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Departamento de Currículo, 1999.

———. “Wishes regarding Death and Burial”, 15 de janeiro de 2008. Material datilografado. Gordon B. Hinckley, diários, 1946–2008. Biblioteca de História da Igreja.

Hinckley, Richard G. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 8 de agosto de 1998. Biblioteca de História da Igreja.

Historical Department. Coleção de imagens em vídeo da Igreja em Ação, por volta de 1970–1985. Biblioteca de História da Igreja.

———. Cartas circulares, 1855–2023. Biblioteca de História da Igreja.

“Historical Record: Democratic Republic of Congo Mission”, por volta de 2005. Material datilografado. Histórico da Missão Zaire Kinshasa, por volta de 2005. Biblioteca de História da Igreja.

História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na República Democrática do Congo. Joanesburgo: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2019.

Holbrook, Stephen. Entrevista de história oral por Kathryn French, 17 de outubro de 2006. Projeto de História Oral dos Ativistas pela Paz de Utah. Universidade Utah Valley, Orem, UT.

Holcman, Jaromír. “Olga Campora Kovářová”, sem data. Material datilografado. Jaromír Holcman, Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

———. Álbum de recortes. Jaromír Holcman, Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

Holland, Jeffrey R. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 2004. Biblioteca de História da Igreja.

Holt, Marilyn Irvin. Cold War Kids: Politics and Childhood in Postwar America, 1945–1960. Lawrence: University Press of Kansas, 2014.

The Holy Bible, Containing the Old and New Testaments Translated Out of the Original Tongues: And with the Former Translations Diligently Compared and Revised, by His Majesty’s Special Command. Authorized King James Version with Explanatory Notes and Cross References to the Standard Works of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2013.

Holzapfel, Richard Neitzel e James S. Lambert. “Photographs of the First Mexico and Central America Area Conference, 1972”, BYU Studies, vol. 41, nº 4, 2002, pp. 65–73.

A Home of Our Own: The Story of the Relief Society Building”, Departamento de História da Igreja. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Acesso em 18 de dezembro de 2023. https://history.ChurchofJesusChrist.org/exhibit/relief-society-building.

Ensino Domiciliar: Programa de Correlação do Sacerdócio, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Salt Lake City: Corporação do Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1963.

Honey, Michael K. To the Promised Land: Martin Luther King and the Fight for Economic Justice. Nova York: W. W. Norton, 2018.

Templo de Hong Kong. Cerimônia de dedicação, 26–27 de maio de 1996. Biblioteca de História da Igreja.

———. Pacote de informações para mídia, 1995–1996. Biblioteca de História da Igreja.

Hook, Brian. “From Repossession to Retrocession: British Policy towards Hong Kong, 1945–1997”, em Political Order and Power Transition in Hong Kong, ed. por Li Pang-kwong, pp. 1–29. Sha Tin, Hong Kong: Chinese University Press, 1997.

Hout, Michael, Asaf Levanon e Erin Cumberworth. “Job Loss and Unemployment”, em The Great Recession, ed. por David B. Grusky, Bruce Western e Christopher Wimer, pp. 59–81. Nova York: Russell Sage Foundation, 2011.

Hubbard, George U. When the Saints Came Marching In: A History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Denton, Texas, 1958–2008. Denton, TX: Tattersall, 2009.

Hughes, Kathleen H. Entrevista de história oral por Jeanne H. Fetzer, 11 de novembro de 2019. Biblioteca de História da Igreja.

Hunter, Howard W. Arquivo do Centro de Jerusalém, 1979–1992. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diários, 1918, 1927–1929, 1958–1994. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Hurlbut, D. Dmitri. “The LDS Church and the Problem of Race: Mormonism in Nigeria, 1946–1978”, International Journal of African Historical Studies, vol. 51, nº 1, 2018, pp. 1–16.

Hussein, Amby, trads. “Testimonies from Zaire”. Focus on Gender, vol. 2, nº 1, fevereiro de 1994, pp. 26–29.

Hwang, Keun Ok. “Hwang Keun Ok”, em The Korean Saints: Personal Stories of Trial and Triumph, 1950–1980, ed. por Spencer J. Palmer e Shirley H. Palmer, pp. 291–294. Provo, Utah: Educação Religiosa, Universidade Brigham Young, 1995.

Hyatt, Wesley. Emmy Award Winning Nighttime Television Shows, 1948–2004. Jefferson, NC: McFarland, 2006.

Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1985.

Imbrah, William Fifi. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss e Sunday Oyedeji, 20 de março de 2011. Biblioteca de História da Igreja.

“Incomings from Chile Training”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro, Anne C. Pingree, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Índia Bengaluru. “The Church in India”, 2003. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Arquivos da Missão Internacional, 1950–1992. Biblioteca de História da Igreja.

“International Welfare Operations Strategy”, por volta de 24 de fevereiro de 2005. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

“Italian Zone”, Reaper, vol. 3, nº 20, 20 de fevereiro de 1965, p. 1. Boletim informativo publicado pela Missão Suíça de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Boletim informativo da Missão Suíça, 1964–1966. Biblioteca de História da Igreja.

Ituma, Abigail O. Entrevista de história oral por Kwame Ampaw, 28 de setembro de 2019. Biblioteca de História da Igreja.

I Want a Loan.” Serviços de autossuficiência. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Acesso em 9 de março de 2024. https://www.ChurchofJesusChrist.org/self-reliance/pef-perpetual-education-fund/i-want-a-loan.

Jackson, Kirk e Jane Jackson. Entrevista de história oral por James Perry, 5 de julho de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Jackson, Richard W. Places of Worship: 150 Years of Latter-day Saint Architecture. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2003.

Jackson, Thomas F. From Civil Rights to Human Rights: Martin Luther King, Jr., and the Struggle for Economic Justice. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2007.

Jacob, W. James. “Fiji Distance Learning Program: Issues and Potential for Developing Countries”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 2001.

Jacob, W. James e David J. Hansen. “Fiji Distance Learning Program: Issues and Potential for Developing Countries”, Journal of the Utah Academy of Sciences, Arts, and Letters, vol. 77, 2000, pp. 110–125.

Jensen, Marlin K. Arquivos de treinamento da conferência geral, 1995–2012. Biblioteca de História da Igreja.

Jensen, Richard L. “Without Purse or Scrip?: Financing Latter-day Saint Missionary Work in Europe in the Nineteenth Century”, Journal of Mormon History, vol. 12, 1985, pp. 3–14.

Jepson, Karen Ann. Registros de diário da turnê europeia do Coro do Tabernáculo, 1991. Material datilografado. Coro do Tabernáculo Mórmon, Turnê Histórica pela Europa e URSS, 8–29 de junho de 1991. Biblioteca de História da Igreja.

Jessee, Dean C. “The Early Accounts of Joseph Smith’s First Vision”, BYU Studies, vol. 9, nº 3, primavera de 1969, pp. 275–294.

Ramo Joanesburgo 2, Estaca Joanesburgo África do Sul. Relatórios históricos anuais, 1981–1983. Biblioteca de História da Igreja.

Johnson, Brigham T. Entrevista de história oral por Laura Christensen, 20 de junho de 2019. Biblioteca de História da Igreja.

Johnson, Jill. Soweto Speaks. Londres: Wildwood House, 1979.

Johnson, Joseph William Billy. “The History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Ghana”, por volta de 1985. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Clinton D. Christensen, 3 de novembro de 2005. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por E. Dale LeBaron, 23 de maio de 1988. E. Dale LeBaron, Projeto de história oral sobre a África. BYU.

———. Entrevista de história oral por Steven R. Sorensen, 17 de setembro de 1998. Biblioteca de História da Igreja.

———. Rádio. Museu de História da Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City. As imagens estão disponíveis na Biblioteca de História da Igreja.

———. “We Felt the Spirit of the Pioneers”, em All Are Alike unto God, ed. por E. Dale LeBaron, pp. 13–23. Salt Lake City: Bookcraft, 1990.

Johnson, Kenneth. Entrevista de história oral por Jeff L. Anderson, 30 de setembro de 2005, Biblioteca de História da Igreja.

Jones, Marvin R. Diário, outubro–novembro de 1961. Biblioteca de História da Igreja.

Joseph Smith—História. Ver Pérola de Grande Valor.

Josephson, Marba C. History of the YWMIA. Salt Lake City: Young Women’s Mutual Improvement Association, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1955.

Josiah, Barbara P. “Providing for the Future: The World of the African American Depositors of Washington, DC’s Freedmen’s Savings Bank, 1865–74”, Journal of African American History, vol. 89, nº 1, inverno de 2004, pp. 1–16.

JSP, H1 / Davidson, Karen Lynn, David J. Whittaker, Mark Ashurst-McGee e Richard L. Jensen, eds. Histories, Volume 1: Joseph Smith Histories, 1832–1844. Vol. 1 da série Histórias de The Joseph Smith Papers, ed. por Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman. Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2012.

JSP, R4 / Jensen, Robin Scott e Brian M. Hauglid, eds. Revelations and Translations, Volume 4: Book of Abraham and Related Manuscripts. Edição fac-símile. Vol. 4 da série Revelações e Traduções de The Joseph Smith Papers, ed. por Ronald K. Esplin, Matthew J. Grow, Matthew C. Godfrey e R. Eric Smith. Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2018.

Jue, Lorine. Trechos de diário, 1996. Família Jue, Entrevista de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja.

Jue, Nora S. Koot. Reminiscências da missão, por volta de 1999. Nora S. Koot Jue, Reminiscência, por volta de 1995. Biblioteca de História da Igreja.

———. Reminiscência, por volta de 1995. Comp. por Arthur Jue, Corine Jue Neumiller, Daniel Jue e Lorine Jue Turnbull. Biblioteca de História da Igreja.

Família Jue (Arthur Jue, Corine Jue Neumiller, Daniel Jue e Lorine Jue Turnbull). Entrevista de história oral por Angela Hallstrom e Clinton D. Christensen, 15 de julho de 2019. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Jed Woodworth e Scott A. Hales, 23 de janeiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Justice, O. Lynn e Bonita H. Justice. Entrevista de história oral por Clate W. Mask Jr., 2019. Biblioteca de História da Igreja.

Kaminker, Sarah. “For Arabs Only: Building Restrictions in East Jerusalem”, Journal of Palestine Studies, vol. 26, nº 4, verão de 1997, pp. 5–16.

Kapp, Ardeth Greene. Diários, 1948–2020. Documentos de Ardeth G. Kapp, 1969–2007. Biblioteca de História da Igreja.

———. My Neighbor, My Sister, My Friend. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

———. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 1978–1979. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Young Women Presentation to PEC”, 20 de fevereiro de 1985. Material datilografado. Arquivos das Moças, 1984–1990. Biblioteca de História da Igreja.

Kapp, Ardeth Greene e Carolyn J. Rasmus. Entrevistas de história oral por Gordon Irving, 1992. Biblioteca de História da Igreja.

Kaufmann, Eric, Anne Goujon e Vegard Skirbekk. “The End of Secularization in Europe?: A Socio-demographic Perspective”, Sociology of Religion, vol. 73, nº 1, primavera de 2012, pp. 69–91.

Kennedy, David M. Diário, dezembro de 1974–fevereiro de 1990. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Kiernan, Ben. Việt Nam: A History from Earliest Times to the Present. Nova York: Oxford University Press, 2017.

Kilbert, Allwyn Arokiaraj. Entrevistas por e-mail com James Perry, 4 de outubro de 2023. Allwyn Arokiaraj Kilbert, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja.

———. Trechos de caderno, 2004. Allwyn Arokiaraj Kilbert, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por James Perry, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Kimball, Camilla Eyring. Autobiography of Camilla Eyring Kimball. Local de publicação não identificado: Pelo autor, 1975.

———. Diários, 1929–1986. Camilla Eyring Kimball, Documentos, 1924–1987. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Jessie Embry, 1977. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Kimball, Edward L. “Events and Changes during the Administration of Spencer W. Kimball”, em A Firm Foundation: Church Organization and Administration, ed. por David J. Whittaker e Arnold K. Garr, pp. 521–532. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2011.

———. Trechos de diário, 16–17 de novembro de 1979. Biblioteca de História da Igreja.

———. Lengthen Your Stride: The Presidency of Spencer W. Kimball. Salt Lake City: Deseret Book, 2005.

———. Documentos, 1956–2007. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Spencer W. Kimball and the Revelation on Priesthood”, BYU Studies, vol. 47, nº 2, 2008, pp. 4–78.

Kimball, Edward L. e Andrew E. Kimball Jr. Spencer W. Kimball: Twelfth President of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: Bookcraft, 1977.

Kimball, Spencer W. Arquivos de correspondência e de assuntos da sede, 1974–1985. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista com Edward L. Kimball, 21 de junho de 1978. Spencer W. Kimball, Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diários, 1905–1981. Biblioteca de História da Igreja.

———. Le miracle du pardon. Salt Lake City: Bookcraft, 1969.

———. O Milagre do Perdão. Salt Lake City: Bookcraft, 1969.

———. “Nenhuma mão iníqua pode impedir o progresso da obra”, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Transmissão em 5 de abril de 1980. Vídeo [00:16:47]. https://www.ChurchofJesusChrist.org/study/general-conference/1980/04/no-unhallowed-hand-can-stop-the-work.

———. Second Century Address and Dedication of Carillon Tower and Bells. Provo, UT: Universidade Brigham Young, 1975.

———. “The Uttermost Parts of the Earth”, 29 de setembro de 1978. Material datilografado. Documentos da família Leslie O. e Dorothy C. Stone, 1916–1985. Biblioteca de História da Igreja.

Kissi, Emmanuel Abu. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 1999, 2002. Biblioteca de História da Igreja.

———. Walking in the Sand: A History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Ghana. Ed. por Matthew K. Heiss. Studies in Latter-day Saint History. Provo, UT: Brigham Young University Press, 2004.

Kogan, Nathaniel Smith. “The Mormon Pavilion: Mainstreaming the Saints at the New York World’s Fair, 1964–65”, Journal of Mormon History, vol. 35, nº 4, outono de 2009, pp. 1–52.

Kollek, Teddy. “Jerusalem”, Foreign Affairs, vol. 55, nº 4, julho de 1977, pp. 701–716.

Missão Coreia Seul. Registro históricos, 1960–2017. Biblioteca de História da Igreja.

Kovářová, Olga Miroslava. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 8 de agosto de 1991. Biblioteca de História da Igreja.

Krejčí, Jaroslav e Pavel Machonin. Czechoslovakia, 1918–1992: A Laboratory for Social Change. New York: St. Martin, 1996.

Kriza, Elisa. “Anti-communism, Communism, and Anti-interventionism in Narratives Surrounding the Student Massacre on Tlatelolco Square (Mexico, 1968)”, Bulletin of Latin American Research, vol. 38, nº 1, 2019, pp. 82–96.

Kuehne, Raymond. “The Freiberg Temple: An Unexpected Legacy of a Communist State and a Faithful People”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 37, nº 2, verão de 2004, pp. 95–131.

———. Henry Burkhardt and LDS Realpolitik in Communist East Germany. Salt Lake City: University of Utah Press, 2011.

———. Mormons as Citizens of a Communist State: A Documentary History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in East Germany, 1945–1990. Salt Lake City: University of Utah Press, 2010.

Kumar, Nakul. “Incentives and Expectations: Community Resiliency and Recovery in Tamil Nadu after the Indian Ocean Tsunami”, Independent Review, vol. 22, nº 1, verão de 2017, pp. 135–151.

Ramo Kwa Mashu, Missão África do Sul Joanesburgo. Relatórios históricos anuais, 1980–1983. Biblioteca de História da Igreja.

Landis, Elizabeth S. “Apartheid Legislation”, Africa Today, vol. 4, nº 6, novembro–dezembro de 1957, pp. 45–48.

Large, David Clay. Berlin. Nova York: Basic Books, 2000.

Manual Básico da Mulher SUD: Manual Básico para Mulheres, Parte A. ed. rev. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1981.

The Latter-day Saint Woman: Basic Manual for Women, Part B, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1979.

“LDS Family Services International Strategy”, por volta de 25 de agosto de 2005. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

“LDS Family Services mundial Strategy”, por volta de 26 de outubro de 2006. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

Le, Lien My. Entrevista de história oral por Tesia Tsai, 2021. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Conselho de Liderança. Atas, 1985–2013. Bispado Presidente, materiais de reuniões da Primeira Presidência, 1985–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Aprender a Ouvir”, História da Igreja. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Vídeo [00:07:43]. Acesso em 23 de janeiro de 2024. https://history.ChurchofJesusChrist.org/content/pioneers-in-every-land/learning-to-listen.

LeBaron, E. Dale. “Ethiopia”, em Encyclopedia of Latter-day Saint History, ed. por Arnold K. Garr, Donald Q. Cannon e Richard O. Cowan. Salt Lake City: Deseret Book, 2000.

LeBaron, Homer M. “Interim Report to Africa Area Presidency on Brief Historical Background, Status and Recommendations for Zaire Kinshasa Mission”, 30 de agosto de 1993. Material datilografado. Missão Zaire Kinshasa, Relatório provisório para a presidência da Área África, 30 de agosto de 1993. Biblioteca de História da Igreja.

Lee, Benjamin D., ed. Ruffin Bridgeforth. [Cedar City, UT?]: Pelo editor, 2017. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Lee, Harold B. Diário, 1941–1973. Biblioteca de História da Igreja.

———. Ye Are the Light of the World. Salt Lake City: Deseret Book, 1974.

Leonhardt, Karlheinz F. “Die Geschichte des Freiberg-DDR-Tempels: Von seinen Anfängen im Denken der Kirchenführer bis zum Beginn der Tempelarbeit.” Vol. 1, “Geschichte des Freiberg-Tempels”, 1985. Material datilografado. Templo de Freiberg Alemanha, Histórias em álbuns de recortes, 1985–2001. Biblioteca de História da Igreja.

Lesuma, Meli. Entrevista de história oral por James Perry, 23 de fevereiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Lewis, Ann e John Lewis. “My Desire to Serve a Full-Time Mission: President Sabwe Binene’s Story”, 22 de abril de 2020. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Lewis, Colin M. Argentina: A Short History. Londres: Oneworld, 2002.

Templo de Lima Peru. Relatórios históricos anuais, 1985–2004. Biblioteca de História da Igreja.

———. Cerimônia de dedicação, 10–12 de janeiro de 1986. Biblioteca de História da Igreja.

Lindsey, Laudy Kaouk. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

“Listening Post”, Salt Lake City Tab, vol. 3, nº 8, 2 de outubro de 1949, pp. 1, 3–4. Boletim informativo publicado pelo Coro do Tabernáculo Mórmon de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Coro do Tabernáculo Mórmon, Arquivos cronológicos, 1883–2004. Biblioteca de História da Igreja.

O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”, 1º de abril de 2000. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. https://www.ChurchofJesusChrist.org/study/scriptures/the-living-christ-the-testimony-of-the-apostles/the-living-christ-the-testimony-of-the-apostles.

Livingstone, John P. “Establishing the Church Simply”, BYU Studies, vol. 39, nº 4, 2000, pp. 127–160.

———. “Historical Highlights of LDS Family Services”, em Salt Lake City: The Place Which God Prepared, ed. por Scott C. Esplin e Kenneth L. Alford, pp. 285–303. Regional Studies in Latter-day Saint Church History. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2011.

“Local Sister Called to Be a Missionary”, Southern Far East Bulletin, vol. 11, nº 6, junho de 1957, p. 18. Boletim informativo publicado pela Missão do Extremo Oriente Sul de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Publicações da Missão China Hong Kong, 1956–1973. Biblioteca de História da Igreja.

Los valores de las mujeres jovenes: Una guia para los lideres de las mujeres jovenes. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1986.

Missão Louisiana Baton Rouge. História manuscrita e relatórios históricos, 1930–1976. Biblioteca de História da Igreja.

Lovell, Peggy A. “Development and the Persistence of Racial Inequality in Brazil: 1950–1991”, Journal of Developing Areas, vol. 33, nº 3, primavera de 1999, pp. 395–418.

Lozano Herrera, Agrícol. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 1975–1977. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

Lu, Anne. Reminiscências, 24 de janeiro de 2024. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Ludlow, Daniel H. “A Brief List of Some Church History Events Concerned with Correlation Development”, [1974?]. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———, ed. Encyclopedia of Mormonism. 4 vols. Nova York: Macmillan, 1992.

Estaca Luputa República Democrática do Congo. Fotografias, 2011. Cópia digital. Biblioteca de História da Igreja.

Lythgoe, Dennis Leo. “The Changing Image of Mormonism in Periodical Literature”, Dissertação de doutorado, Universidade de Utah, 1969.

Lytle, Mark Hamilton. America’s Uncivil Wars: The Sixties Era from Elvis to the Fall of Richard Nixon. Nova York: Oxford University Press, 2006.

Mabey, Rendell N. Coleção de filmes da Missão África, 1978–1979. Biblioteca de História da Igreja.

———. “The Amazing Swiss Mission”, Reaper, vol. 3, nº 49, 18 de setembro de 1965, p. 1. Boletim informativo publicado pela Missão Suíça de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Boletim informativo da Missão Suíça, 1964–1966. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diários, 1965–1991. Biblioteca de História da Igreja.

———. “A Sicilian Baptism”, Reaper, vol. 4, nº 7, 4 de dezembro de 1965, pp. 1–2. Boletim informativo publicado pela Missão Suíça de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Boletim informativo da Missão Suíça, 1964–1966. Biblioteca de História da Igreja.

Mabey, Rendell N. e Gordon T. Allred. Brother to Brother: The Story of the Latter-day Saint Missionaries Who Took the Gospel to Black Africa. Salt Lake City: Bookcraft, 1984.

Macey, Waldo L. Esboço biográfico, por volta de 1990. Biblioteca de História da Igreja.

Mack, Olive Beth Kimball. Autobiografia de Olive Beth Kimball Mack. Local de publicação e editora não identificados, [2009].

Macke, Lois Woodworth. “Oral History of Lois Maurine Lambert Woodworth Macke”, 1993. Material datilografado. Documentos de Charles J. Woodworth, 1948–2009. Biblioteca de História da Igreja.

Madsen, Truman G. Correspondência, 1967–1968. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Guest Editor’s Prologue”, BYU Studies, vol. 9, nº 3, primavera de 1969, pp. 235–240.

Mahoney, E. John. “The Merthyr Tydfil Chapel”, História da Igreja no Reino Unido e na Irlanda. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Acesso em 10 de novembro de 2021. https://uk.ChurchofJesusChrist.org/merthyr-tydfil-chapel.

Martins, Helvécio. The Autobiography of Elder Helvécio Martins. Com Mark Grover. Salt Lake City: Aspen Books, 1994.

Martins, Helvécio e Rudá Martins. Entrevista de história oral por Mark Grover, 18 de abril de 1982, em Mark L. Grover, Entrevista de história oral com santos dos últimos dias no Brasil, 1975–1984. BYU.

Martins, Marcus H. Diário, 1978–1980. Fotocópia. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Thirty Years after the ‘Long-Promised Day’: Reflections and Expectations”, BYU Studies, vol. 47, nº 2, 2008, pp. 79–85.

Martins, Marcus H., Mirian B. Martins e Rudá Martins. Entrevista de história oral por Dallin Morrow e Angela Hallstrom, 8 de julho de 2019. Biblioteca de História da Igreja.

Martins, Rudá. Entrevista de história oral por Mark Grover, [2018]. Cópia da tradução para o inglês de Michael N. Landon em posse dos editores.

Mason, Patrick Q. “Ezra Taft Benson and Modern (Book of) Mormon Conservatism”, em Out of Obscurity: Mormonism since 1945, ed. por Patrick Q. Mason e John G. Turner, pp. 63–80. Nova York: Oxford University Press, 2016.

———. “The Prohibition of Interracial Marriage in Utah, 1888–1963”, Utah Historical Quarterly, vol. 76, nº 2, primavera de 2008, pp. 108–131.

Massidda, Luca. “The Cold War, a Cool Medium, and the Postmodern Death of World Expos”, em World’s Fairs in the Cold War: Science, Technology, and the Culture of Progress, ed. por Arthur P. Molella e Scott Gabriel Knowles, pp. 183–193. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2019.

Maurer, Carl, Jed Woodworth e Bradley R. Wilcox. E-mails, janeiro–fevereiro de 2024. Biblioteca de História da Igreja.

Cartas de Maurice e Arlene Bateman, 1984–1987. Biblioteca de História da Igreja.

Mauss, Armand L. All Abraham’s Children: Changing Mormon Conceptions of Race and Lineage. Urbana: University of Illinois Press, 2003.

Mavimbela, Julia. “I Speak from My Heart: The Story of a Black South African Woman”, em Women of Wisdom and Knowledge: Talks Selected from the BYU Women’s Conferences, ed. por Marie Cornwall e Susan Howe, pp. 61–72. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

———. Entrevista de história oral por Dale LeBaron, 22 de julho de 1988. E. Dale LeBaron, Projeto de história oral sobre a África. BYU.

———. Entrevista de história oral por Francine Bennion e Matthew K. Heiss, 28 de agosto de 1995. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1943–2011. Biblioteca de História da Igreja.

Mavimbela, Julia e Laura Harper. “‘Mother of Soweto’: Julia Mavimbela, Apartheid Peace-Maker and Latter-day Saint”, fevereiro de 2010. Material datilografado. Julia Mavimbela, Coleção, 1958–2001. Biblioteca de História da Igreja.

McBaine, Neylan e Thomas A. Wayment. “Discussing Difficult Topics: The Representation of Women in Today’s Church”, Religious Educator, vol. 17, nº 2, 2016, pp. 106–117.

McCombs, David e Elizabeth Manning McCombs. Entrevista de história oral por Jed Woodworth, 24 de junho de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

McConkie, Bruce R. “The New Revelation on Priesthood”, 1981. Material datilografado. Spencer W. Kimball, Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

———. “The Receipt of the Revelation Offering the Priesthood to Worthy Men of All Races and Colors”, 30 de junho de 1978. Material datilografado. Spencer W. Kimball, Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

McConkie, Mark L. Sermons and Writings of Bruce R. McConkie. Salt Lake City: Bookcraft, 1989.

McDonald, Ronald H. “The Struggle for Normalcy in Uruguay”, Church History, vol. 81, nº 472, fevereiro de 1982, pp. 69–73, 85–86.

McDougall, Walter A. “Technocracy and Statecraft in the Space Age—Toward the History of a Saltation”, Pacific Historical Review, vol. 87, nº 4, outubro de 1982, pp. 1010–1040.

McKay, David O. Diário, 1932, 1936–1970. David O. McKay, Documentos, 1901–1970. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1901–1970. Biblioteca de História da Igreja.

———. Livro de recortes, 1906–1970. Biblioteca de História da Igreja.

———. Statements on Communism and the Constitution of the United States [Salt Lake City]: Deseret Book, 1964.

McKenna, Mary. Entrevista de história oral por James Perry, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

McKeown, Blake. Entrevista de história oral por James Perry, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

McKeown, Scott e Kara McKeown. Entrevista de história oral por James Perry, 21 de agosto de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

McKeown, Wade. Entrevista de história oral por James Perry, 2 de agosto de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

McMurrin, Sterling M. “A Note on the 1963 Civil Rights Statement”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 12, nº 2, verão de 1979, pp. 60–63.

McMurrin, Sterling M. e L. Jackson Newell. Matters of Conscience: Conversations with Sterling M. McMurrin on Philosophy, Education, and Religion. Salt Lake City: Signature Books, 1996.

Mecham, Lucian M., Jr. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 9 de abril de 1974. Biblioteca de História da Igreja.

Mehr, Kahlile B. “Dawning of the Digital Age: The Family History Department, 1995–2011.” Manuscrito não publicado, modificado pela última vez em 21 de fevereiro de 2014. Arquivos em PDF. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

———. “Enduring Believers: Czechoslovakia and the LDS Church, 1884–1990”, Journal of Mormon History, vol. 18, nº 2, outono de 1992, pp. 111–154.

———. “Missionary Couples in Communist Europe”, Journal of Mormon History, vol. 29, nº 1, primavera de 2003, pp. 179–199.

———. Mormon Missionaries Enter Eastern Europe. Provo, UT: Brigham Young University Press; Salt Lake City: Deseret Book, 2002.

Meier, August e Elliott Rudwick. CORE: A Study in the Civil Rights Movement, 1942–1968. Nova York: Oxford University Press, 1973.

A Member’s Guide to Temple and Family History Work: Ordinances and Covenants. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1993.

Merrill, Timothy G. e Brian Q. Cannon. “Ox in the Mire?: The Legal and Cultural War over Utah’s Sunday Closing Laws”, Journal of Mormon History, vol. 38, nº 4, outono de 2012, pp. 164–194.

Metcalf, R. Warren. “‘Which Side of the Line?’: American Indian Students and Programs at Brigham Young University, 1960–1983”, em Essays on American Indian and Mormon History, ed. por P. Jane Hafen e Brenden W. Rensink, pp. 225–245. Salt Lake City: University of Utah Press, 2019.

Midgley, Louis, comp. “Hugh Winder Nibley: Bibliography and Register”, em By Study and Also by Faith, ed. por John M. Lundquist e Stephen D. Ricks, pp. xv–lxxxvii. Vol. 1. Salt Lake City: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1990.

Miller, Stephen. The Peculiar Life of Sundays. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2008.

Millett, Richard L. “The Aftermath of Intervention: Panama 1990”, Journal of Interamerican Studies and World Affairs, vol. 32, nº 1, primavera de 1990, pp. 1–15.

———. “Think of Your Brethren Like unto Yourselves: The Beginning of a Marvelous Work and a Wonder in the Caribbean. A History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in the Caribbean, 1977 to 1980”, 1992. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Mintz, Steven e Susan Kellogg. Domestic Revolutions: A Social History of American Family Life. Nova York: Free Press, 1988.

Departamento Missionário. Correspondência sobre a África e a Índia, 1960–1974. Biblioteca de História da Igreja.

———. Relatórios anuais, 1977–2021. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos gerais do secretário executivo, 1940–1962. Biblioteca de História da Igreja.

———. Relatórios mensais de progresso da missão de tempo integral, 1953–2019. Biblioteca de História da Igreja.

———. Registros missionários, 1860–1959. Biblioteca de História da Igreja.

———. Seminário para Líderes de Missão, 1961. Biblioteca de História da Igreja.

———. Seminário para Novos Presidentes de Missão, Materiais de reunião, 1972–1973, 1976–1977, 1981–1982, 1985, 1993, 1997–1998, 2000–2007. Biblioteca de História da Igreja.

Conselho Executivo Missionário. Materiais de reunião, 1982–2004. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas. Conselho Executivo Missionário, Materiais de reunião, 1982–2004. Biblioteca de História da Igreja.

Missionary Handbook. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1973.

“Missionary Training Center Statistics for Arrivals, Transfers, Releases and Completed Training, January 1, 1978 to December 31, 1978”, 1978. Material datilografado. Missão de Treinamento em Idiomas, Arquivos históricos, 1966–1981. Biblioteca de História da Igreja.

Mission MIA Manual: For Missions outside of the United States and Canada. Salt Lake City: Juntas Gerais da Associação de Melhoramentos Mútuos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1961.

Moffat, Riley M., Fred E. Woods e Brent R. Anderson. Saints of Tonga: A Century of Island Faith. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2020.

Molina, Juan. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e James Perry, 5 de janeiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Monson, Thomas S. Discursos, 1953–2017. Biblioteca de História da Igreja.

———. Faith Rewarded: A Personal Account of Prophetic Promises to the East German Saints. Salt Lake City: Deseret Book, 1996.

———. Diários, 1963–2017. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Templo de Monticello Utah. Cerimônia de dedicação, 26–27 de julho de 1998. Biblioteca de História da Igreja.

Moreno, Maria del Consuelo Wong. Entrevistas com David Bolingbroke, 2023. Material datilografado. Maria del Consuelo Wong Moreno, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 13 de abril de 2023. Maria del Consuelo Wong Moreno, Entrevista de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Documentos. Biblioteca de História da Igreja.

Morgan, Barbara E. “Benemérito de las Américas: The Beginning of a Unique Church School in Mexico”, BYU Studies Quarterly, vol. 52, nº 4, 2013, pp. 89–116.

———. “A Century of LDS Church Schools in Mexico Influenced by Lamanite Identity”, em The Worldwide Church: Mormonism as a Global Religion, ed. por Michael A. Goodman e Mauro Properzi, pp. 355–378. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2016.

———. “The Impact of Centro Escolar Benemérito de las Americas, a Church School in Mexico”, Religious Educator, vol. 15, nº 1, 2014, pp. 144–167.

Coro do Tabernáculo Mórmon. Arquivos cronológicos, 1883–2004. Biblioteca de História da Igreja.

———. Correspondência de fãs, 1939–1999. Biblioteca de História da Igreja.

Morrison, Alexander B. The Dawning of a Brighter Day: The Church in Black Africa. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

Mortensen, Kevin L., comp. Witnessing the Hand of the Lord in the Dominican Republic […]. Centerville, UT: DR History Project, 2008.

Mortensen, Ronald S. Diários de missão, 1955–1958. Material datilografado. Ronald S. Mortensen, Documentos da missão, 1955–1958, por volta de 2011, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Serving in Paradise: Niue Island District, Tongan Mission, 1955–1958”, sem data. Material datilografado. Ronald S. Mortensen, Documentos da missão, 1955–1958, por volta de 2011, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

Moss, James R. “The Great Awakening”, em Truth Will Prevail: The Rise of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in the British Isles, 1837–1987, ed. por V. Ben Bloxham, James R. Moss e Larry C. Porter, pp. 394–423. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1987.

Mouhsen, Silvina. Entrevista por David Bolingbroke, 18 de setembro de 2023. Silvina Mouhsen e David Mouhsen, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 2023. Silvina Mouhsen e David Mouhsen, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Mouhsen, Silvina e David Mouhsen. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 24 de abril de 2023. Silvina Mouhsen e David Mouhsen, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Mourra, Alexandre A. Testemunho, março de 1981. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Moyle, Henry D. Documentos, 1900–1964. Biblioteca de História da Igreja.

Mueller, Max Perry. “The Pageantry of Protest in Temple Square”, em Out of Obscurity: Mormonism since 1945, ed. por Patrick Q. Mason e John G. Turner, pp. 123–143. Nova York: Oxford University Press, 2016.

Muhlestein, Kerry. “Papyri and Presumptions: A Careful Examination of the Eyewitness Accounts Associated with the Joseph Smith Papyri”, Journal of Mormon History, vol. 42, nº 4, outubro de 2016, pp. 31–50.

Mullin, Robert Bruce. A Short World History of Christianity. Rev. ed. Louisville, KY: Westminster John Knox, 2014.

Muti, Mosese L. Livro de recordações, sem data. Cópia digital. Família Hosea, Documentos, 1945–1998. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

———. “Mosese Lui Muti: ‘Faithful… over Many Things’”, em Tongan Saints: Legacy of Faith, trad. e ed. por Eric B. Shumway, pp. 167–172. Laie, HI: Institute for Polynesian Studies, 1991.

———. Entrevista de história oral por R. Lanier Britsch, 15 de janeiro de 1974. Departamento Histórico, Histórias orais não concluídas, 1960, 1972–1980. Biblioteca de História da Igreja.

Muti, Paula F. Notas da entrevista de Jed Woodworth, 30 de janeiro de 2012 e 3 de dezembro de 2021. Cópia digital do texto datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Muti, Paula F. e Sisi K. Muti. Mosese L. Muti: A Man of Service, 1911–1993. Bountiful, UT: Paula Muti, 2016. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Meu Progresso Pessoal. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1977.

“Names Submitted for Temple Ordinances”, Bulletin, nº 1, 1995, pp. 1–3. Revistas publicadas por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Naniuzeyi, Mabiengwa Emmanuel. “The State of the State in Congo-Zaire: A Survey of the Mobutu Regime”, Journal of Black Studies, vol. 29, nº 5, maio de 1999, pp. 669–683.

National Foreign Assessment Center. Guatemala: The Climate for Insurgency, An Intelligence Assessment. Fevereiro de 1981. Registros gerais da CIA. Freedom of Information Act Electronic Reading Room. https://www.cia.gov/readingroom/document/cia-rdp03t02547r000100210001-8.

“Nauvoo Master Plan”, 22 de fevereiro de 2008. Material datilografado. Bispado Presidente, materiais de reuniões da Primeira Presidência, 1985–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Navarro Alvarez, Victor Manuel. Entrevista por e-mail com Alexander A. Nunez, 2 de maio de 2023. Victor Manuel Navarro Alvarez, Entrevistas de história oral, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Alexander A. Nunez, 3 de novembro de 2015. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e Alexandre A. Nunez, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Distrito de Nazca Peru, Missão Peru Lima Sul. Relatórios históricos anuais, 1985–1986, 1990–2006, 2008, 2010–2017, 2019–2021. Biblioteca de História da Igreja.

Neilson, Reid L. e Scott D. Marianno. “True and Faithful: Joseph Fielding Smith as Mormon Historian and Theologian”, BYU Studies Quarterly, vol. 57, nº 1, 2018, pp. 6–64.

NeJaime, Douglas. “Before Marriage: The Unexplored History of Nonmarital Recognition and Its Relationship to Marriage”, California Law Review, vol. 102, nº 1, fevereiro de 2014, pp. 87–172.

Nelaballe, Revanth. Entrevista de história oral por James Perry, 29 de março de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Nelson, Blaine. The Elijah Abel Freedman’s Bank Project, ed. por Noel Enniss. [Utah], 2004.

Nelson, Russell M. Discursos, 1965–2022. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de área, 1985–1997. Biblioteca de História da Igreja.

———. From Heart to Heart. [Salt Lake City]: Quality Press, 1979.

———. “The Lord Uses the Unlikely to Accomplish the Impossible”, Devocional proferido na Universidade Brigham Young-Idaho, Rexburg, ID, 27 de janeiro de 2015. https://www.byui.edu/devotionals/elder-russell-m-nelson.

———. Entrevista de história oral por Jay M. Todd, 29 de maio de 1991. Ensign, Entrevistas com o Coro do Tabernáculo, 1991. Biblioteca de História da Igreja.

———. “A Personal Perspective and Prayer”, 12 de junho de 1987. Material datilografado. Documentos de Beverly B. Campbell, 1960–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Nelson, Russell M. e Wendy Watson Nelson. “Juventude da promessa”, devocional mundial para os jovens, Salt Lake City, 3 de junho de 2018. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. https://www.ChurchofJesusChrist.org/study/broadcasts/worldwide-devotional-for-young-adults/2018/06/hope-of-israel.

Nelson, Russell M. e Dallin H. Oaks. Entrevista de história oral por Gerry Pond e Gerry Avant, 3 de julho de 1991. Coro do Tabernáculo Mórmon, Arquivos cronológicos, 1883–2004. Biblioteca de História da Igreja.

Netter, Frank H. The CIBA Collection of Medical Illustrations. Vol. 5, A Compilation of Paintings on the Normal and Pathologic Anatomy and Physiology, Embryology, and Diseases of the Heart, ed. por Frederick F. Yonkman. Nova York: CIBA Pharmaceutical Company, 1969.

Newbury, David. “The Continuing Process of Decolonization in the Congo: Fifty Years Later”, African Studies Review, vol. 55, nº 1, abril de 2012, pp. 131–141.

Estaca Newport Beach Califórnia. Conferência de estaca, 4 de maio de 1975. Gravação de áudio. Biblioteca de História da Igreja.

Newton, Marjorie. Southern Cross Saints: The Mormons in Australia. Mormons in the Pacific Series, ed. por R. Lanier Britsch. Laie, HI: Institute for Polynesian Studies, 1991.

———. Tiki and Temple: The Mormon Mission in New Zealand, 1854–1958. Salt Lake City: Greg Kofford Books, 2012.

The New Zealand Official Year-Book, 1951–1952. Vol. 57. Wellington, Nova Zelândia: R. E. Owen, 1952.

Templo de Nova Zelândia. Cerimônia de dedicação, 1958. Biblioteca de História da Igreja.

Ng, Shee-Nan e Ching-Man Chin. The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints: History in Hong Kong, 1949–1997. Trad. por Anita Chin [Hong Kong]: Departamento de História da Família em Hong Kong, 1997.

Nguyen, The Van. “Escape from Vietnam: An Interview with Nguyen Van The.” Entrevista com William Bradshaw e Marjorie Bradshaw. Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 13, nº 1, primavera de 1980, pp. 23–39.

Nguyen, The Van e David Lynn Hughes. When Faith Endures: One Man’s Courage in the Midst of War. American Fork, UT: Covenant Communications, 2004.

Nibley, Hugh. An Approach to the Book of Abraham. Ed. por John Gee. The Collected Works of Hugh Nibley, vol. 18. Salt Lake City: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, Universidade Brigham Young, 2009.

———. An Approach to the Book of Mormon. Salt Lake City: The Council of the Twelve Apostles of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1957.

———. “As Things Stand at the Moment”, BYU Studies, vol. 9, nº 1, 1969, pp. 69–102.

———. Lehi in the Desert and the World of the Jaredites. Salt Lake City: Bookcraft, 1952.

———. The Message of the Joseph Smith Papyri: An Egyptian Endowment. Salt Lake City: Deseret Book, 1975.

———. “Phase One”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 3, nº 2, verão de 1968, pp. 99–105.

———. Since Cumorah: The Book of Mormon in the Modern World. Salt Lake City: Deseret Book, 1967.

Distrito Niue, Missão Tonga. Atas gerais, 1952–1965. 4 vols. Biblioteca de História da Igreja.

Nixon, Bert W. e Shirley B. Nixon. “Our Mission to Suva, Fiji, 1999–2001”, por volta de 2001. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Britânica do Norte. História manuscrita e relatórios históricos, 1960–1972. Biblioteca de História da Igreja.

Missão Alemanha Norte. Atas de reunião de treinamento das auxiliares, 1961–1969. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de Sylvia Ghosh em posse dos editores.

Nugent, Victor. Entrevista de história oral por Clinton D. Christensen, 28 de janeiro de 2003. Biblioteca de História da Igreja.

Nugent, Victor e Verna Nugent. Entrevista de história oral por Lavar D. Skousen e Jeanine Skousen, 26 de junho de 2012. Biblioteca de História da Igreja.

Nunez, Alexander. Entrevista de história oral por James Perry e David Bolingbroke, 17 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja.

Nwachukwu, Anthonia e Chubudi Nwachukwu. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 28 de outubro de 1999. Biblioteca de História da Igreja.

Oakes, Phyllis R. “Gifts My Mother Gave Me: Life Sketch of Naomi W. Randall”, por volta de 2013. Material datilografado. Esboço biográfico de Phyllis R. Oakes, Naomi Randall, por volta de 2013. Biblioteca de História da Igreja.

Oaks, Dallin H. Arquivos do Conselho Executivo e do Comitê, 1984–1996. Biblioteca de História da Igreja.

Obinna, Anthony U. Autobiografia, sem data. Material datilografado. Documentos de Edwin Q. Cannon, 1963–1986. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por E. Dale LeBaron, 4 de junho de 1988. E. Dale LeBaron, Projeto de história oral sobre a África. BYU.

Obinna, Fidelia. Entrevista de história oral por E. Dale LeBaron, 4 de junho de 1988. E. Dale LeBaron, Projeto de história oral sobre a África. BYU.

Obinna, Francis I. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 9 de novembro de 2005, Biblioteca de História da Igreja.

Obinna, Raymond I., Elizabeth O. Obinna, Charles Obinna e Francis I. Obinna. Entrevista de história oral por Clinton D. Christensen, 9 de novembro de 2005. Biblioteca de História da Igreja.

Obinna, Stella. Entrevista de história oral por E. Dale LeBaron, 4 de junho de 1988. E. Dale LeBaron, Projeto de história oral sobre a África. BYU.

Odd, Gilbert. Encyclopedia of Boxing. Nova York: Crescent Books, 1983.

O’Dea, Thomas F. The Mormons. Chicago: University of Chicago Press, 1957.

O’Donnal, John Forres. Pioneer in Guatemala: The Personal History of John Forres O’Donnal. Yorba Linda, CA: Shumway Family History Services, 1997.

O’Donnal, John Forres e Carmen G. O’Donnal. Entrevistas de história oral por Gordon Irving, 1979. Biblioteca de História da Igreja.

Relatório oficial da 159ª Conferência Geral Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, em 1º e 2 de abril de 1989. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1989.

Ogden, D. Kelly. Diário, maio de 1977–dezembro de 1991. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Okazaki, Chieko N. Diários, 1989–2007. Chieko N. Okazaki, Documentos, por volta de 1980–2010. Biblioteca de História da Igreja.

———. “Three Great Questions”, 23 de fevereiro de 1996. Material datilografado. Chieko N. Okazaki, Documentos, por volta de 1980–2010. Biblioteca de História da Igreja.

———. What a Friend We Have in Jesus. Salt Lake City: Deseret Book, 2008.

Oliva, Giuseppa. Documentos, 1965–1966. Biblioteca de História da Igreja.

Oliva, Maria. Documentos de família, por volta de 1920–2021. Biblioteca de História da Igreja.

101ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 3, 4 e 5 de outubro de 1930, com um relatório completo de todos os discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1930.

118ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 4, 5 e 6 de abril de 1948, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1948.

140ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 2, 3 e 4 de outubro de 1970, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1970.

149ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 31 de março e 1º de abril de 1979, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1979.

104ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 6, 7 e 8 de outubro de 1933, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1933.

119ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 3, 4 e 6 de abril de 1949, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1949.

116ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 5, 6 e 7 de outubro de 1945, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1945.

100ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 6, 7, 8 e 9 de abril de 1930, com um relatório completo de todos os discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1930.

131ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 6, 8 e 9 de abril de 1961, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1961.

131ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 29 e 30 de setembro e 1º de outubro de 1939, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1961.

134ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 2, 3 e 4 de outubro de 1964, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1964.

137ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 6, 8 e 9 de abril de 1967, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1967.

137ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, em 29 e 30 de setembro e 1º de outubro de 1967, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1967.

136ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 6, 9 e 10 de abril de 1966, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1966.

133ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 5, 6 e 7 de abril de 1963, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1963.

133ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 4, 5 e 6 de outubro de 1963, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1963.

120ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 6, 8 e 9 de abril de 1950, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1950.

135ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 1º, 2 e 3 de outubro de 1954, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1954.

129ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 4, 5 e 6 de abril de 1959, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1959.

127ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 5, 6 e 7 de abril de 1957, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1957.

126ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 30 de setembro e 1º e 2 de outubro de 1955, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1955.

123ª Conferência Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Realizada no Tabernáculo, Salt Lake City, Utah, 3, 4 e 5 de outubro de 1952, com relatório dos discursos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1952.

Orr, Eugene. “Eugene Orr’s Life History”, sem data. Material datilografado. Documentos de Eugene Orr, 1968–2018. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista com Jed Woodworth, 25 de maio de 2022. Material datilografado. Cópia em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por Clint Christensen, Dan Baker e Edith Baker, 3 de junho de 2013. Biblioteca de História da Igreja.

Dedicação do Orson Hyde Memorial Garden, 24 de outubro de 1979. Biblioteca de História da Igreja.

Ortlieb, Erich e Marianne Zwirner Ortlieb. “Political Isolation”, em Behind the Iron Curtain: Recollections of Latter-day Saints in East Germany, 1945–1989, comp. e trad. por Garold N. Davis e Norma S. Davis, pp. 196–206. Provo, UT: BYU Studies, 1996.

Osborne, Virgus C. “An Appraisal of the Education Program for Native Americans at Brigham Young University 1966–1974, with Curricular Recommendations”, Dissertação de doutorado, Universidade de Utah, 1975.

Oslzlý, Petr. “On Stage with the Velvet Revolution”, TDR, vol. 34, nº 3, outono de 1990, pp. 97–108.

Osmond, Alan e Suzanne Osmond. Entrevista de história oral por Scott A. Hales e Jed Woodworth, 21 de novembro de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Osmond, Donny e Patricia Romanowski. Life Is Just What You Make It: My Story So Far. Nova York: Hyperion, 1999.

Osmond, Jay. Entrevista de história oral por Scott A. Hales e Jed Woodworth, 28 de novembro de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. Stages: An Autobiography. Com Kandilyn Osmond e Terri Shoemaker. San Clemente, CA: Sourced Media Books, 2010.

Osmond, Merrill e Janice Barrett Graham. Let the Reason Be Love: A Song of Faith. Pleasant Grove, UT: Tidal Wave Books, 2003.

Osmond, Olive. Diário. Documentos da família Osmond. BYU.

Osmond, Virl. The Untold Story of Olive Osmond. Pleasant Grove, UT: Knowledge Unlimited, 2009.

Osthaus, Carl R. Freedmen, Philanthropy, and Fraud: A History of the Freedman’s Savings Bank. Urbana: University of Illinois Press, 1976.

Ottley, Jerold D. História do Coro do Tabernáculo Mórmon, década de 1990, 2009–2015. Biblioteca de História da Igreja.

Owens, David R. “Future Prophets, the Berlin Wall and Missionaries”, 1º de março de 2020. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Pace, Glenn L. Diário oficial, 1985–1992, 1997–2001. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Steven R. Sorensen, 15 de setembro de 1998. Biblioteca de História da Igreja.

———. Safe Journey: An African Adventure. Salt Lake City: Deseret Book, 2003.

Palmer, Spencer J. The Church Encounters Asia. Salt Lake City: Deseret Book, 1970.

———. Mormons in West Africa: New Terrain for the Sesquicentennial Church. Provo, UT: Universidade Brigham Young, 1979.

Palomino, Luis. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e James Perry, 18 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Missão Paraguai Assunção. Relatórios históricos anuais, 1978–1980, 1992–1995, 2001–2006, 2009, 2013–2021. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas da presidência da missão, janeiro de 1992–junho de 1996. Biblioteca de História da Igreja.

Parkin, Bonnie D. “History of the Relief Society: The Bonnie Parkin Administration, 2002–2007”, 2012. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Patterson, James T. Grand Expectations: The United States, 1945–1974. The Oxford History of the United States. Nova York: Oxford University Press, 1996.

———. Restless Giant: The United States from Watergate to Bush v. Gore. The Oxford History of the United States. Nova York: Oxford University Press, 2005.

Paul, Christopher, Colin P. Clarke, Beth Grill e Molly Dunigan. Paths to Victory: Detailed Insurgency Case Studies. Santa Monica, CA: RAND, 2013.

Pérola de Grande Valor: Uma Seleção das Revelações, Traduções e Narrações de Joseph Smith, Primeiro Profeta, Vidente e Revelador de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2013.

Perkey, Joshua J. Entrevista de história oral por James Perry e David Bolingbroke, 24 de maio de 2023. Biblioteca de História da Igreja.

Fundo Perpétuo de Educação. Atas de reunião do Conselho Administrativo, 2001–2014. Biblioteca de História da Igreja.

“The Perpetual Education Fund: Key Indicators”, 23 de janeiro de 2008. Apresentação de slides. Fundo Perpétuo de Educação, Atas de reunião do Conselho Administrativo, 2001–2014. Biblioteca de História da Igreja.

Perry, James. Notas da entrevista de Mary McKenna, 16 de fevereiro de 2024. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Perry, James, Sylvia Brown e Frank Blease. “If the Walls Had Ears, and the Floor Could Talk: A History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints’ Meeting Places in the British Isles (1837–1965)”, Manuscrito não publicado, 2023. Arquivos em PDF. Cópia na Coleção James Perry, 1957–2023. Biblioteca de História da Igreja.

Perry, L. Tom. Diários e agendas, 1973–2014. Biblioteca de História da Igreja.

Perry, Lee Tom. L. Tom Perry: An Uncommon Life. Vol. 2, Years of Hastening the Work of Salvation. Salt Lake City: Deseret Book, 2019.

Petersen, Boyd J. e David W. Scott. “The Art of Scripture and Scripture as Art: The Proclamation on the Family and the Expanding Canon”, em The Expanded Canon: Perspectives on Mormonism and Sacred Texts, ed. por Blair G. Van Dyke, Brian D. Birch e Boyd J. Petersen, pp. 208–226. Salt Lake City: Greg Kofford Books, 2018.

Peterson, Daniel C. Abraham Divided: An LDS Perspective on the Middle East. Salt Lake City: Aspen Books, 1992.

Peterson, Gerald Joseph. “History of Mormon Exhibits in World Expositions”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 1974.

Peterson, Glen. “Crisis and Opportunity: The Work of Aid Refugee Chinese Intellectuals (ARCI) in Hong Kong and Beyond”, em Hong Kong in the Cold War, ed. por Priscilla Roberts e John M. Carroll, pp. 141–159. Hong Kong: Hong Kong University Press, 2016.

Peterson, H. Burke. Diário, 1972–2001. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

Peterson, H. Donl. The Story of the Book of Abraham: Mummies, Manuscripts e Mormonism. Salt Lake City: Deseret Book, 1995.

Peterson, Janet e LaRene Gaunt. Elect Ladies. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

———. Keepers of the Flame. Salt Lake City: Deseret Book, 1993.

Peterson, Paul H. “An Historical Analysis of the Word of Wisdom”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 1972.

Petramalo, Gilbert e Gretchen Petramalo. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 2 de outubro de 1992. Biblioteca de História da Igreja.

Petramalo, Gretchen. Diário da missão, 1988–1989. Biblioteca de História da Igreja.

Área Filipinas. Relatórios históricos anuais, 1989, 1991, 1993–1996, 2002–2007, 2010–2021. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas das reuniões da presidência, 1987–1989, 1990, 1994–1996, 2000–2005. Biblioteca de História da Igreja.

Fotografias de artefatos doados ao Fundo de Construção da Sociedade de Socorro, por volta de 1960. Biblioteca de História da Igreja.

Pierce, Lucy Black. Entrevista de história oral por Jed Woodworth e Tesia Tsai, 4 de outubro de 2021. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

“Pilot Report and Recommendations”, 26 de abril de 2000. Apresentação de slides. Sistema Educacional da Igreja, Arquivos do administrador, 1977–2001. Biblioteca de História da Igreja.

Pingree, Anne C. “Chile Area Auxiliary Leadership Training”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, álbuns de recortes, 1990–2007. Coleções Especiais, Biblioteca J. Willard Marriott, Universidade de Utah, Salt Lake City.

———. Trechos de diário, 1º e 11 de junho de 2003. Biblioteca de História da Igreja.

Pingree, Anne C., Kathleen H. Hughes e Bonnie D. Parkin. Entrevista de história oral por Scott A. Hales, 20 de setembro de 2023. Biblioteca de História da Igreja.

Plewe, Brandon S., ed. Mapping Mormonism: An Atlas of Latter-day Saint History. Provo, UT: Brigham Young University Press, 2012.

Poll, Richard D. Working the Divine Miracle: The Life of Apostle Henry D. Moyle. Ed. por Stan Larson. Salt Lake City: Signature Books, 1999.

Powaski, Ronald E. The Cold War: The United States and the Soviet Union, 1917–1991. Nova York: Oxford University Press, 1998.

Pratt, Carl B. “Area Presidency Focus”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro, Anne C. Pingree, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

“Pregar Meu Evangelho”: Guia para o Serviço Missionário. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2004.

Bispado Presidente. Arquivos do Comitê de Redução das Exigências Financeiras para os Membros da Igreja, novembro de 1980–junho de 1981. Biblioteca de História da Igreja.

———. Relatórios financeiros, estatísticos e históricos das alas, estacas e missões, 1884–1955. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de escritórios internacionais, 1979–1985. Biblioteca de História da Igreja.

———. Materiais de reunião, 1985–2003. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas, 1985–2003. Bispado Presidente, Materiais de reuniões, 1985–2003. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas de reunião do secretário do Bispado Presidente, 1999–2016. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

Preventing and Responding to Spouse Abuse: Helps for Members. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1997.

Price, Relva R. “History of the Church of Jesus Christ of Latter Day Saints on Niue Island”, maio de 1973. Mimeógrafo de material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Comitê do Sacerdócio. Atas de reunião, 1944–1963. Biblioteca de História da Igreja.

Departamento do Sacerdócio. Atas de reunião do Sacerdócio de Melquisedeque, 1973–1987. Biblioteca de História da Igreja.

Conselho Executivo Missionário. Atas, 1982–2006, 2008–2010. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas e registros, 1982–1885, 2012–2015. Conselho Executivo do Sacerdócio e da Família, atas e registros, 1982–1985, 2012–2018. Biblioteca de História da Igreja.

Associação da Primária. Relatórios históricos anuais, 1980–1994. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas da junta geral, 1889–1994, 2005–2014. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos do Hospital Infantil da Primária, 1911, 1925–1975. Biblioteca de História da Igreja.

Manual da Primária. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1978.

Proclaiming the Gospel: 2000 Annual Report [Salt Lake City], [2001]. Conselho Executivo Missionário, Materiais de reunião, 1982–2004. Biblioteca de História da Igreja.

“Programa Dinamismo (edificar homens e capelas)”, sem data. Material datilografado. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

“Progress Report: Restoration of Major Doctrines through the Prophet Joseph Smith”, Religious Studies Center Newsletter, nº 3, junho de 1987, pp. 4–5. Boletim informativo publicado pelo Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, Provo, UT. Cópia em Dallin H. Oaks, Arquivos do Conselho Executivo e do Comitê, 1984–1996. Biblioteca de História da Igreja.

“Project Update”, 8 de fevereiro de 2008. Apresentação de slides. Bispado Presidente, materiais de reuniões da Primeira Presidência, 1985–2013. Biblioteca de História da Igreja.

“Provident Living Web Site”, 26 de janeiro de 2006. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

Prucha, Francis Paul. The Great Father: The United States Government and the American Indians. 2 vols. Lincoln: University of Nebraska Press, 1984.

Prunier, Gérard. Africa’s World War: Congo, the Rwandan Genocide, and the Making of a Continental Catastrophe. Nova York: Oxford University Press, 2009.

Departamento de Assuntos Públicos. Michael Otterson, Arquivos, por volta de 2001–2016. Biblioteca de História da Igreja.

Departamento de Comunicações Públicas. Atas das reuniões dos consultores da autoridade geral, julho de 1972–abril de 1984. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Pulsipher, Nancy Ruth Funk. Ruth Hardy Funk: A Journey of Joy and Gratitude. Salt Lake City: Marcus C. Funk Family History Association, 2000.

Pykles, Benjamin C. Excavating Nauvoo: The Mormons and the Rise of Historical Archaeology in America. Critical Studies in the History of Anthropology. Lincoln: University of Nebraska Press, 2010.

Quinn, D. Michael. The Mormon Hierarchy: Wealth and Corporate Power. Salt Lake City: Signature Books, 2017.

Quórum dos Doze Apóstolos. Cartas circulares, 1914, 1923–2012, 2020. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas do Comitê Missionário. Quórum dos Doze Apóstolos, Materiais de reuniões do Comitê Missionário/Comitê Executivo Missionário, 1953–1977. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas do Comitê Executivo Missionário. Quórum dos Doze Apóstolos, Materiais de reuniões do Comitê Missionário/Comitê Executivo Missionário, 1953–1977. Biblioteca de História da Igreja.

———. Discursos do Seminário de Representantes Regionais, 1967–1991. Biblioteca de História da Igreja.

———. Coleção de comunicações escritas, 1944, 1946, 1960–2016. Biblioteca de História da Igreja.

Randall, Naomi. “‘I Am a Child of God’—a Heavenly Truth in Words and Music”, sem data. Material datilografado. Cópia em posse dos editores.

———. Entrevista, 1989. Vídeo. Cópia em posse dos editores.

———. Entrevista, 3 de novembro de 1976. Coleção de materiais relativos à música “Sou um filho de Deus”, por volta de 1957–1977. Biblioteca de História da Igreja.

Rappleye, John e Nancy Rappleye. Entrevista de história oral por James Perry, 31 de agosto de 2020. Biblioteca de História da Igreja.

Rasmus, Carolyn J. Diário, 1984–1993. Moças, documentos do escritório de Carolyn J. Rasmus, 1984–1993. Biblioteca de História da Igreja.

Rasmussen, Matthew Lyman. Mormonism and the Making of a British Zion. Salt Lake City: University of Utah Press, 2016.

Rather, Susan Clayton. Supporting the Rescue of All That Is Finest: A Management History of Welfare Services, 1995–2004. [Salt Lake City: Welfare Services Department], 2005.

———, ed. “Welfare Compendium, 2014.” Material datilografado. Departamento de Serviços de Bem-Estar, Welfare Compendium, 2014. Biblioteca de História da Igreja.

Coletânea de registros de membros, 1836–1970. Biblioteca de História da Igreja.

Reed, Christopher Robert. The Chicago NAACP and the Rise of Black Professional Leadership, 1910–1966. Bloomington: Indiana University Press, 1997.

Reeder, Jennifer. “‘To Do Something Extraordinary’: Mormon Women and the Creation of a Usable Past”, Tese de doutorado, George Mason University, 2013.

Reeder, Jennifer e Kate Holbrook, eds. Ao Púlpito: 185 Anos de Discursos Proferidos por Mulheres Santos dos Últimos Dias. Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2017.

Reid, Michael. Brazil: The Troubled Rise of a Global Power. New Haven, CT: Yale University Press, 2014.

Reiser, A. Hamer. Diário, 2–15 de setembro de 1958. Cópia nos documentos de David O. McKay, 1901–1970. Biblioteca de História da Igreja.

Sociedade de Socorro. Anne C. Pingre, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de Belle S. Spafford, 1933–1977. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas da junta geral, 1842–2007. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas das reuniões da presidência geral, janeiro de 2007–maio de 2012. Biblioteca de História da Igreja.

———. Departamento de Revistas, 1942–1973. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de pesquisa sobre a história da Sociedade de Socorro, por volta de 1993–1997. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos do 150º aniversário do Programa de Alfabetização do Evangelho, 1987–2001. Biblioteca de História da Igreja.

———. Silvia Allred, Arquivos, 1997–2012. Biblioteca de História da Igreja.

Edifício da Sociedade de Socorro. Arquivos, 1945–1960, 1982. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de fundos, 1946–1956. Biblioteca de História da Igreja.

———. Inventário, por volta de 1956. Biblioteca de História da Igreja.

“Relief Society Challenges in Chile”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro, Anne C. Pingree, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

Manual da Sociedade de Socorro. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1983.

Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Álbum de recortes, 1990–2007. Coleções especiais, Biblioteca J. Willard Marriott, Universidade de Utah, Salt Lake City.

Como Agir em Casos de Abuso e Maus-Tratos: Ajuda para os Líderes Eclesiásticos. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1995.

Retail Food Prices by Cities, 15 de outubro de 1947. Preparado pelo U.S. Department of Labor, Bureau of Labor Statistics. Washington, D.C., 1947.

Reynolds, Noel B. “The Coming Forth of the Book of Mormon in the Twentieth Century”, BYU Studies, vol. 38, nº 2, 1999, pp. 6–47.

Reyntjens, Filip. The Great African War: Congo and Regional Geopolitics, 1996–2006. Nova York: Cambridge University Press, 2009.

Richards, LeGrand. Uma Obra Maravilhosa e um Assombro. Salt Lake City: Deseret Book, 1950.

Ricks, Stephen D. “The Narrative Call Pattern in the Prophetic Commission of Enoch (Moses 6)”, BYU Studies, vol. 26, nº 4, outono de 1986, pp. 97–105.

Rinne, Anna-Liisa. Kristuksen Kirkko Suomessa. Local de publicação e editora não identificados, 1986.

Estaca Rio de Janeiro Brasil. História manuscrita e relatórios históricos, 1972. Biblioteca de História da Igreja.

The Rising Generation. Salt Lake City: Deseret Book, 1987.

Riwai-Couch, Melanie. “Historical Information about ‘Especially for Youth’ in the Pacific Area”, 25 de agosto de 2023. Centro Matthew Cowley de História da Igreja no Pacífico, Hamilton, Nova Zelândia.

Roby, Jini. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 3 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja.

Rochon, Delia. Come and See. Provo, UT: Y Mountain, 2020.

———. Entrevistas por James Perry, David Bolingbroke, Lisa Christensen e/ou Scott A. Hales, 2021. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Roderick, Lee. For Time and All Eternity: The Sterling and Ellie Colton Story. Los Angeles: Probitas, 2017.

Rodriguez, Derin Head. From Every Nation. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

Romney, Antone K. “History of the Correlation of L.D.S. Church Auxiliaries”, agosto de 1961. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Romney, Marion G. Entrevista por Edward L. Kimball, 12 de junho de 1978. Documentos de Edward L. Kimball, 1956–2007. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diário, 1941–1986. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Romney, Virginia Hatch e Richard O. Cowan. The Colonia Juárez Temple: A Prophet’s Inspiration. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2009.

Rose, James M. e Alice Eichholz. Black Genesis: A Resource Book for African-American Genealogy, 2ª ed. Baltimore: Genealogical Publishing, 2003.

Rupp, Monty. Trechos de diário, 17 de julho de 1971. Cópia em posse dos editores.

Rutherford, Taunalyn. “Shifting Focus to Global Mormonism”, em The Worldwide Church: Mormonism as a Global Religion, ed. por Michael A. Goodman e Mauro Properzi, pp. 71–94. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2016.

Saettler, Paul. A History of Instructional Technology. Nova York: McGraw-Hill, 1968.

Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias. Vol. 1, O Estandarte da Verdade, 1815–1846. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2018.

Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias. Vol. 2, Nenhuma Mão Ímpia, 1846–1893. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2020.

Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias. Vol. 3, Com Coragem, Nobreza e Independência, 1893–1955. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2022.

Sair”. Um em Um Milhão. Biblioteca de mídia. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Vídeo [00:01:45]. Acesso em 22 de março de 2024. https://www.ChurchofJesusChrist.org/media/collection/one-in-a-million.

Santana Guirado, Hilda. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e James Perry, 15 de dezembro de 2021. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Santana Guirado de Machuca, Isabel. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 2022. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Santana Guirado de Machuca, Isabel e Juan Antonio Machuca Cañas. Entrevista de história oral por David Bolingbroke e Tesia Tsai, 19 de janeiro de 2022. Isabel Santana, Entrevistas de história oral, 2022. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Templo de Santiago Chile. Cerimônia de dedicação, 15–17 de setembro de 1983. Biblioteca de História da Igreja.

Saunders, Chris. “1968 and Apartheid: Race and Politics in South Africa”, em The Third World in the Global 1960s, ed. por Samantha Christiansen e Zachary A. Scarlett, pp. 133–141. Protest, Culture and Society 8. Nova York: Berghahn Books, 2013.

Scharffs, Gilbert W. Mormonism in Germany: A History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Germany between 1840 and 1970. Salt Lake City: Deseret Book, 1970.

Scott, Mark. “Reflections on Howard W. Hunter in Jerusalem: An Interview with Teddy Kollek”, BYU Studies, vol. 34, nº 4, 1994–1995, pp. 6–15.

Scott, Richard G. Diário, 1948, 1957, 1965–2013. Richard G. Scott, Arquivos eletrônicos, 1964–2015. Cópia digital. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de México–América Central, por volta de 1978–1981. Biblioteca de História da Igreja.

“Seek Learning Even by Study and by Faith”: Report for 1971 from Commissioner of Education of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1971.

Sharp, J. Vernon. Autobiografia, aproximadamente 1987. Biblioteca de História da Igreja.

Sheffer, Edith. Burned Bridge: How East and West Germans Made the Iron Curtain. Nova York: Oxford University Press, 2011.

Shepherd, Gordon e Gary Shepherd. A Kingdom Transformed: Themes in the Development of Mormonism. Salt Lake City: University of Utah Press, 1984.

Shields, Garret S. “‘A Fine Field’: Rio de Janeiro’s Journey to Become a Center of Strength for the LDS Church”, Tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 2016.

Shipps, Jan. Sojourner in the Promised Land: Forty Years among the Mormons. Urbana: University of Illinois Press, 2000.

———. “Spinning Gold: Mormonism and the Olympic Games”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 36, nº 1, primavera de 2003, pp. 133–149.

Shumway, Dale L. e Margene Shumway, eds. The Blossoming: Dramatic Accounts of the Lives of Native Americans in the Foster Care Program of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. Local de publicação e editora não identificados, por volta de 2002.

Significant Incidents of Political Violence against Americans: 1988. Preparado pelo Bureau of Diplomatic Security, Departamento de Estado dos Estados Unidos. Washington, D.C., 1989.

Significant Incidents of Political Violence against Americans: 1989. Preparado pelo Bureau of Diplomatic Security, Departamento de Estado dos Estados Unidos. Washington, D.C., 1990.

Significant Incidents of Political Violence against Americans: 1990. Preparado pelo Bureau of Diplomatic Security, Departamento de Estado dos Estados Unidos. Washington, D.C., 1991.

Simoncini, Luca. “La storia dei primi pionieri del ramo di Palermo: Tratto dai racconti dei protagonist”, sem data. Material datilografado. Cópia em posse dos editores.

Simoncini, Umberto. Entrevista de história oral por Matthew McBride e James Perry, 10 de junho de 2021. Cópia em posse dos editores.

Sing with Me: Songs for Children. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1976.

Sitati, Gladys. Entrevista de história oral por Kate Holbrook, 5 de maio de 2016. Biblioteca de História da Igreja.

Sloan, Julia. “Carnivalizing the Cold War: Mexico, the Mexican Revolution, and the Events of 1968”, European Journal of American Studies, vol. 4, nº 1, primavera de 2009, https://journals.openedition.org/ejas/7527.

Sloan, Tim. Entrevista de história oral por James Perry e David Bolingbroke, 19 de abril de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Smith, Barbara B. “ERA—a Family Concern”, 4 de junho de 1977. Material datilografado. Gordon B. Hinckley, Arquivos do Comitê de Assuntos Especiais, 1976–1979. Biblioteca de História da Igreja.

———. “The Rights of Women”, 15 de janeiro de 1977. Material datilografado. Gordon B. Hinckley, Arquivos do Comitê de Assuntos Especiais, 1976–1979. Biblioteca de História da Igreja.

Smith, Hortense H. Child. Entrevista de história oral por Gordon Irving, 1978–1980. Biblioteca de História da Igreja.

Smith, Joseph F., Anthon H. Lund e Charles W. Penrose. To the Presidents of Stakes, Bishops and Parents in Zion. [Salt Lake City]: [A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 1915.

Smith, Joseph Fielding. Diários. Joseph Fielding Smith, Documentos, 1893–1973. Biblioteca de História da Igreja.

Smith, S. Percy. Niue: The Island and Its People. Com contribuições de Pulekula. Suva, Fiji: Institute of Pacific Studies and the Niue Extension Centre of the University of the South Pacific, 1983.

Solari, Victor Gerardo. Entrevista de história oral por James Perry e David Bolingbroke, 8 de dezembro de 2021. Biblioteca de História da Igreja.

Sollesta, Maridan. Autobiografia. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por James Perry, 2022. Maridan Sollesta e Eusebio Sollesta, Entrevistas de história oral, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Sollesta, Maridan e Eusebio Sollesta. Entrevistas por e-mail com James Perry, 21 de setembro de 2023. Maridan Sollesta e Eusebio Sollesta, Entrevistas de história oral, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 2023. Maridan Sollesta e Eusebio Sollesta, Entrevistas de história oral, 2022–2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Sorensen, Asael Taylor. “Asael Taylor Sorensen, Sr.: A Personal History”, 2001. Microfilme. Biblioteca de História da Igreja.

Sorenson, John. “Mass Media and Discourse on Famine in the Horn of Africa”, Discourse and Society, vol. 2, nº 2, 1991, pp. 223–242.

Missão África do Sul Joanesburgo. Gravações de conferências, 1978. Dois audiocassetes. Biblioteca de História da Igreja.

Área América do Sul Sul. Arquivos de missão, 1986–2007. Biblioteca de História da Igreja.

Relatórios da Missão Ásia Extremo Oriente Sul. Missão China Hong Kong, Manuscritos históricos e relatórios históricos, 1955–1971. Biblioteca de História da Igreja.

Spafford, Belle S. Entrevistas, por volta de 1980. Doze audiocassetes. Biblioteca de História da Igreja.

———. Cartas, 1937–1980. BYU.

———. “My Feeling upon Being Released as President of Relief Society”, sem data. Material datilografado. Belle S. Spafford, álbum de recortes. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Jill Mulvay Derr, 1975–1976. Biblioteca de História da Igreja.

Spafford, Marion I. Documentos, 1933–1989. Biblioteca de História da Igreja.

Spät, Walter. Entrevista de história oral por Frederick G. Williams, 7 de setembro de 1975. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes do texto em posse dos editores.

Testemunhas especiais de Cristo.” A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Transmissão em 1º de abril de 2000. Vídeo [01:05:06]. https://www.ChurchofJesusChrist.org/media/video/2000-01-0000-special-witnesses-of-christ.

Spruill, Marjorie J. Divided We Stand: The Battle over Women’s Rights and Family Values That Polarized American Politics. Nova York, Bloomsbury, 2017.

Stalker, Nancy K. Japan: History and Culture from Classical to Cool. Oakland: University of California Press, 2018.

Steininger, Rolf. Germany and the Middle East: From Kaiser Wilhelm II to Angela Merkel. Nova York: Berghahn Books, 2019.

Stern, Steve J. “Beyond Enigma: An Agenda for Interpreting Shining Path and Peru, 1980–1995”, em Shining and Other Paths: War and Society in Peru, 1980–1995, ed. por Steve J. Stern, pp. 1–8. Durham, NC: Duke University Press, 1998.

Stevenson, Russell. “To Recognize One’s Face in That of a Foreigner: The Latter-day Saint Experience in West Africa”, em The Palgrave Handbook of Global Mormonism, ed. por R. Gordon Shepherd, A. Gary Shepherd e Ryan T. Cragun, pp. 585–605. Cham, Switzerland: Palgrave Macmillan, 2020.

Stewart, David G., Jr. “The LDS Church in Eastern Europe, Russia, and Central Asia”, em The Palgrave Handbook of Global Mormonism, ed. por R. Gordon Shepherd, A. Gary Shepherd e Ryan T. Cragun, pp. 559–583. Cham, Switzerland: Palgrave Macmillan, 2020.

Stewart, David G., Jr. e Matthew Martinich. Reaching the Nations: International LDS Church Growth Almanac. 2 vols. Henderson, NV: Cumorah Foundation, 2013.

Stewart, Ora Pate. Tender Apples. Salt Lake City: Deseret Book, 1965.

Stokes, Catherine M. Entrevista de história oral por Matthew K. Heiss, 11 de novembro de 2009. Biblioteca de História da Igreja.

Stout, Hosea. Diário, 1844–1861. Em On the Mormon Frontier: The Diary of Hosea Stout, 1844–1861, ed. por Juanita Brooks. Salt Lake City: University of Utah Press, 1982.

Striner, Richard. Hard Times: Economic Depressions in America. The American Ways Series. Lanham, MD: Rowman and Littlefield, 2018.

Strong, Arthur H. Trecho de autobiografia, por volta de 1970–1980. Biblioteca de História da Igreja.

Suri, Jeremi. Power and Protest: Global Revolution and the Rise of Detente. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2003.

Templo de Suva Fiji. Cerimônia de dedicação, 18 de junho de 2000. Biblioteca de História da Igreja.

Suzette T. e Geoffrey Dunning, Documentos, 2021–2022. Biblioteca de História da Igreja.

Swinton, Heidi S. To the Rescue: The Biography of Thomas S. Monson. Salt Lake City: Deseret Book, 2010.

Switzer, Russell W. “Sendero Luminoso and Peruvian Counterinsurgency”, Tese de mestrado, Louisiana State University and Agricultural and Mechanical College, 2007.

Missão Suíça Zurique. Arquivos do presidente, 1946–1974. Biblioteca de História da Igreja.

“Sydney Australia Greenwich Stake, February 1995–February 2004: A Historical Record”, [2004]. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

“Taiwan Firsts”, Southern Far East Bulletin, vol. 3, nº 6, junho de 1958, p. 20. Boletim informativo publicado pela Missão Extremo Oriente Sul de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Publicações da Missão China Hong Kong, 1956–1973. Biblioteca de História da Igreja.

Talmage, James E. The House of the Lord: A Study of Holy Sanctuaries Ancient and Modern, including Forty-Six Plates Illustrative of Modern Temples. Salt Lake City: Deseret News, 1912.

Tanner, N. Eldon. Diários, 1936–1982. Material datilografado. N. Eldon Tanner, Diários, agendas e livros de compromissos, 1936–1982. Biblioteca de História da Igreja.

Tate, Lucile C. David B. Haight: The Life Story of a Disciple. Salt Lake City: Bookcraft, 1987.

Taylor, Amber. “Contest and Controversy in the Creation of the Brigham Young University Jerusalem Center”, Tese de doutorado, Brandeis University, 2019.

Taylor, Frederick. The Berlin Wall: A World Divided, 1961–1989. Nova York: HarperCollins, 2006.

Taylor, Harvey L. The Story of L.D.S. Church Schools. 2 vols. [Salt Lake City?], 1971. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Taylor, K. W. A History of the Vietnamese. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.

Taylor, Marie. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 19 de dezembro de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Ted e Janath Cannon, Documentos de missão, por volta de 1978–1981. Biblioteca de História da Igreja.

Conselho Executivo de Templo e História da Família. Materiais de reunião, 1983–2013, 2015–2018. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas, 1983–2013, 2015–2018. Conselho Executivo de Templo e História da Família, Materiais de reunião, 1983–2013, 2015–2018. Biblioteca de História da Igreja.

Departamento de Templos. Relatórios anuais, 1982–2009. Biblioteca de História da Igreja.

———. Mapas do distrito do templo, 1988–1996. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas dos locais do templo, 1997–1999. Biblioteca de História da Igreja.

“Temple Dimensions.” Templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Acesso em 9 de março de 2024. https://churchofjesuschristtemples.org/statistics/dimensions/.

Lista de templos.” Templos. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Acesso em 11 de março de 2024. https://www.ChurchofJesusChrist.org/temples/list.

Registros do templo para os vivos, 1955–1991. Biblioteca do FamilySearch.

Terebenina, Liudmila S. “History of the Church in the USSR and in Russia”, 1989–1994. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Thompson, Anita. Stand as a Witness: The Biography of Ardeth Greene Kapp. Salt Lake City: Deseret Book, 2005.

Thomsen, Russel J. “The History of the Sabbath in Mormonism”, Tese de mestrado, Loma Linda University, 1968.

Till, Eugene, Diane Till e Philip L. Munoa. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 4 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

“‘Time Vindicates the Prophet’—Nibley Volume 3 Focuses on Mormonism and Early Christianity”, Insights: An Ancient Window, vol. 7, nº 1, primavera de 1987, p. 1. Boletim informativo publicado pela Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, Provo, UT. Disponível em Book of Mormon Central: A Division of Scripture Central. https://archive.bookofmormoncentral.org/content/insights-vol-7-no-1-spring-1987.

Tobler, Douglas F. “Before the Wall Fell: Mormons in the German Democratic Republic, 1945–89”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 25, nº 4, inverno de 1992, pp. 11–30.

———. “The Church in Europe: Challenges of the Second Century, Introduction”, em Mormonism: A Faith for All Cultures, ed. por F. LaMond Tullis, pp. 37–44. Provo, UT: Brigham Young University Press, 1978.

Toro, Juliet. Entrevista de história oral por James Perry, 20 de fevereiro de 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Toronto, James A., Eric R. Dursteler e Michael W. Homer. Mormons in the Piazza: History of the Latter-day Saints in Italy. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2017.

Trachtenberg, Marc. A Constructed Peace: The Making of the European Settlement, 1945–1963. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1999.

“Transcript and Translation of Ground-Breaking Ceremony for Johannesburg South Africa Temple Held at 7, Jubulee Road, Parktown, on November 27, 1982.” Material datilografado. História do Templo de Joanesburgo África do Sul. Clive D. Nicholls, Coleção sobre a História da Igreja na África do Sul, por volta de 1982–2008. Biblioteca de História da Igreja.

“Tsunami Response Update: Completed Projects”, maio de 2005. Apresentação de slides. Bispado Presidente, Materiais de reunião do Comitê Executivo de Bem-Estar, 2000–2010. Biblioteca de História da Igreja.

Tullis, F. LaMond. “Church Development Issues among Latin Americans: Introduction”, em Mormonism: A Faith for All Cultures, ed. por F. LaMond Tullis, pp. 85–105. Provo, UT: Brigham Young University Press, 1978.

———. “The Church Moves outside the United States: Some Observations from Latin America”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 13, nº 1, primavera de 1980, pp. 63–73.

Turley, Richard E., Jr. In the Hands of the Lord: The Life of Dallin H. Oaks. Salt Lake City: Deseret Book, 2021.

———. Entrevista de história oral por Jed Woodworth, 25 de fevereiro de 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. Victims: The LDS Church and the Mark Hofmann Case. Urbana: University of Illinois Press, 1992.

Turley, Richard E., Jr. e Jeffrey G. Cannon. “A Faithful Band: Moses Mahlangu and the First Soweto Saints”, BYU Studies Quarterly, vol. 55, nº 1, 2016, pp. 9–38.

Turley, Richard E., Jr. e William W. Slaughter. How We Got the Doctrine and Covenants. Salt Lake City: Deseret Book, 2012.

Turner, John G. The Mormon Jesus: A Biography. Cambridge, MA: Belknap Press of Harvard University Press, 2016.

Turner, Judd. “The Church in Business”, This People, vol. 10, verão de 1989, pp. 50–53, 55.

Tuttle, A. Theodore. Arquivos, por volta de 1950–1970. Biblioteca de História da Igreja.

Sistema uniforme de ensino familiar. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1973.

A Uniform System for Teaching Investigators. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1961.

Uniform System for Teaching the Gospel: Instructions for the Discussions. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1986.

University of Utah Annual Commencement, 1974: June Eighth, Special Events Center. [Salt Lake City]: [University of Utah, 1974].

Urtnasan, Soyolmaa. Entrevista de história oral por Michael N. Landon, 12 de setembro de 2001. Biblioteca de História da Igreja.

Van Orden, Bruce A. Building Zion: The Latter-day Saints in Europe. Salt Lake City: Deseret Book, 1996.

Villavicencio, Marco. Entrevistas por e-mail com David Bolingbroke, 24 de julho de 2023. Marco Villavicencio e Claudia Villavicencio, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 22 de março de 2023. Marco Villavicencio e Claudia Villavicencio, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Villavicencio, Marco e Claudia Villavicencio. Entrevistas por e-mail com David Bolingbroke, 2023. Marco Villavicencio e Claudia Villavicencio, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

———. Entrevista de história oral por David Bolingbroke, 2023. Marco Villavicencio e Claudia Villavicencio, Entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês em posse dos editores.

Vinckel, Sandrine. “Violence and Everyday Interactions between Katangese and Kasaians: Memory and Elections in Two Katanga Cities”, Africa: Journal of the International African Institute, vol. 85, nº 1, fevereiro de 2015, pp. 78–102.

Vo, Nghia M. The Bamboo Gulag: Political Imprisonment in Communist Vietnam. Jefferson, NC: McFarland, 2004.

Vojkůvka, Gad M. Entrevista de história oral por George M. Herrmann e Launa H. Herrmann, 13 de outubro de 2010. Biblioteca de História da Igreja.

Vojkůvka, Otakar Karel. Declaração, 3 de outubro de 1990. Biblioteca de História da Igreja.

Wagner, Alberto Kenyon e Leona Farnsworth Romney de Wagner. Historia del Centro Escolar Benemérito de las Américas, 1963–1975. Santa Anita, México: Centro Escolar Benemérito de las Américas, 1977.

Walshe, Peter. “Christianity and the Anti-apartheid Struggle: The Prophetic Voice within Divided Churches”, em Christianity in South Africa: A Political, Social and Cultural History, ed. por Richard Elphick e Rodney Davenport, pp. 383–399. Oxford: James Currey, 1997.

Walters, Wesley P. “New Light on Mormon Origins from the Palmyra Revival”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 4, nº 1, primavera de 1969, pp. 59–81.

Wan, Kathleen. Trechos de diário, 26 de julho de 1992. Biblioteca de História da Igreja.

Wan, Stanley. The Heavens Are Higher Than the Earth. [Hong Kong]: Missão China Hong Kong, 2000. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

———. Hong Kong Kom Tong Hall: My Old Home. Hong Kong, 2008.

———. Entrevista de história oral por Brian Reeves, 26 de outubro de 2001. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por James Perry ou Tesia Tsai, 2022. Stanley Wan e Kathleen Wan, Entrevistas de história oral, 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Wan, Stanley e Kathleen Wan. Entrevista de história oral por Tesia Tsai, 16 de setembro de 2022. Stanley Wan e Kathleen Wan, Entrevistas de história oral, 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Warren, Katherine. Entrevista de história oral por Alan Cherry, 12 de junho de 1987. BYU.

“Welfare”, por volta de outubro de 2004. Material datilografado. Sociedade de Socorro, Anne C. Pingree, Documentos da presidência geral da Sociedade de Socorro, 1992–2008. Biblioteca de História da Igreja.

“Welfare Handbook”, 26 de março de 2009. Apresentação de slides. Bispado Presidente, materiais de reuniões da Primeira Presidência, 1985–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Departamento de Serviços de Bem-Estar. Atas do Comitê Executivo de David Frischknecht, 2005–2019. Biblioteca de História da Igreja.

———. Fichas técnicas, 1997–2006. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos de refugiados vietnamitas, 1975. Biblioteca de História da Igreja.

Comitê Executivo de Serviços de Bem-Estar. Atas, 1973–2007. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Whitaker, Wetzel O. Looking Back: An Autobiography. Local de publicação não identificado: Pelo autor, por volta de 1978.

———. Pioneering with Film: A History of the Church and Brigham Young University Films. Provo, UT: Brigham Young University, [1982?].

White, Benjamin Hyrum. “The History of Preach My Gospel”, Religious Educator, vol. 14, nº 1, 2013, pp. 128–158.

White, Richard. The Roots of Dependency: Subsistence, Environment, and Social Change among the Choctaws, Pawnees, and Navajos. Lincoln: University of Nebraska Press, 1983.

Wilberg, Mack J. Entrevista de história oral por Lisa Christensen, 12 de maio de 2022. Biblioteca de História da Igreja.

Wilcox, Brad. “Filling Your Testimony Tank”, em Serving with Strength throughout the World: Favorite Talks from Especially for Youth, pp. 262–269. Salt Lake City: Deseret Book, 1994.

———. Trechos de diário, abril de 1999. Brad Wilcox, entrevistas de história oral, 2023. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por James Perry, 2023. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

———. “Taking the Dead out of Dedication”, em High Fives and High Hopes: Favorite Talks Especially for Youth, pp. 120–131. Salt Lake City: Deseret Book, 1990.

Wilke, Manfred. The Path to the Berlin Wall: Critical Stages in the History of Divided Germany. Trad. por Sophie Perl. Berlim: Berghahn Books, 2014.

Wilkinson, Ernest L., ed. Brigham Young University: The First One Hundred Years. Vol. 4. Provo, UT: Brigham Young University Press, 1976.

———. Diário. Ernest L. Wilkinson, Documentos, 1917–1978. BYU.

Wilkinson, Ernest L., Jr. Entrevista com Edward L. Kimball, 20 de novembro de 1979. Documentos de Edward L. Kimball, 1956–2007. Biblioteca de História da Igreja.

Diário de Williams, LaMar S., dezembro de 1960–novembro de 1965. Material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1959–1962. Biblioteca de História da Igreja.

Williams, LaMar S. e Nyal B. Williams. Entrevistas de história oral por Gordon Irving, 1981. Fotocópia do material datilografado. Biblioteca de História da Igreja.

Wilson, John A. “A Summary Report”, Dialogue: A Journal of Mormon Thought, vol. 3, nº 2, verão de 1968, pp. 67–85.

Wolsey, Heber G. “A Funny Thing Happened to Me on the Road to the Millennium”, após 1987. Material datilografado. BYU.

Wondra, Johann. Documentos de família, 1955–2013. Biblioteca de História da Igreja.

Wood, Lorna C. For the Love of Family: The Personal History of Lowell Dale Wood and Lorna Cox Wood. Local de publicação não identificado: Pelo autor, 2007.

Woodger, Mary Jane. “The Hong Kong Temple: A Temple for Every Corner of the World”, Mormon Historical Studies, vol. 21, nº 1, primavera de 2020, pp. 57–90.

———. “The Restoration of the Perpetual Covenant to Hallow the Sabbath Day”, em Foundations of the Restoration: Fulfillment of the Covenant Purposes, ed. por Craig James Ostler, Michael Hubbard MacKay e Barbara Morgan Gardner, pp. 289–310. Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2016.

Woodruff, Wilford. Diários e documentos, 1828–1898. Biblioteca de História da Igreja.

Woodworth, Charles J. Autobiografia, 2010. Charles J. Woodworth, Documentos, 1948–2009. Biblioteca de História da Igreja.

———. “District News”, L. D. S. Newsheet, vol. 1, nº 10, 3 de junho de 1956, pp. 1–3. Boletim informativo publicado pelo Distrito Niue da Missão Tonga de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em publicações do Distrito Niue, 1955–1961. Biblioteca de História da Igreja.

———. Diário da missão, 1955–1958. Charles J. Woodworth, Documentos, 1948–2009. Biblioteca de História da Igreja.

———. Entrevista de história oral por Jed Woodworth, 2008–2009. Charles J. Woodworth, Documentos, 1948–2009. Biblioteca de História da Igreja.

———. Documentos, 1948–2009. Biblioteca de História da Igreja. Tradução para o inglês de partes de cartas em posse dos editores.

Xi, Feng. “A History of Mormon-Chinese Relations: 1849–1993”, Tese de doutorado, Universidade Brigham Young, 1994.

Xue, Charlie Q. L., Hong Jing e Ka Chuen Hui. “Technology over Public Space: A Study of Roofed Space in the Osaka, Hannover, and Shanghai Expos”, Journal of Architectural and Planning Research, vol. 30, nº 2, verão de 2013, pp. 108–126.

Yamashita, Kazuhiko. Entrevistas realizadas por Lisa Christensen, Scott A. Hales e/ou Jed Woodworth, 2022. Biblioteca de História da Igreja. Transcrição em posse dos editores.

Young, George Cannon. Entrevista de história oral por Paul L. Anderson, dezembro de 1973. Biblioteca de História da Igreja.

Young, Neil J. “‘The ERA Is a Moral Issue’: The Mormon Church, LDS Women, and the Defeat of the Equal Rights Amendment”, American Quarterly, vol. 59, nº 3, 2007, pp. 623–644.

———. “Mormons and Same-Sex Marriage: From ERA to Prop 8”, em Out of Obscurity: Mormonism since 1945, ed. por Patrick Q. Mason e John G. Turner, pp. 144–169. Nova York: Oxford University Press, 2016.

Moças. Carolyn J. Rasmus, Documentos de escritório, 1984–1993. Biblioteca de História da Igreja.

———. Arquivos, 1984–1990. Biblioteca de História da Igreja.

———. Atas da junta geral, 1891–1992, 1997–2008. Biblioteca de História da Igreja.

“Young Women: New Beginnings”, Bulletin, nº 33, dezembro de 1986, pp. 1–2. Boletim informativo publicado pela Corporação do Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cópia na Biblioteca de História da Igreja.

Young Women Values: A Guide for Leaders of Young Women. Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1986.

Zimelis, Andris. “Let the Games Begin: Politics of Olympic Games in Mexico and South Korea”, India Quarterly, vol. 67, nº 3, setembro de 2011, pp. 263–278.

Zwirner, Wolfgang e Karin Zwirner. “Church or School?”, em Behind the Iron Curtain: Recollections of Latter-day Saints in East Germany, 1945–1989, comp. e trad. por Garold N. Davis e Norma S. Davis, pp. 207–233. Provo, UT: BYU Studies, 1996.

Reconhecimentos

Centenas de pessoas contribuíram para essa nova história da Igreja, e somos gratos a cada uma delas. Temos uma dívida com as gerações de santos dos últimos dias que coletaram e preservaram meticulosamente os registros nos quais este livro se baseia. Agradecemos especialmente aos muitos santos vivos que compartilharam suas histórias conosco e cujos nomes aparecem no livro.

Agradecimentos especiais a David Golding, Taunalyn Ford, James Goldberg, David Grua, Melissa Wei-Tsing Inouye, Robin Jensen, Jessica Nelson, Jennifer Reeder, Ryan Saltzgiver, Jonathan Stapley e Amber Taylor pela criação dos artigos em Tópicos da História da Igreja e Histórias do mundo que complementam Santos. Agradecemos também a Hannah Johnson Lenning e John Heath por seu auxílio com as imagens que acompanham a versão digital deste livro. A digitalização das fontes foi conduzida por Audrey Spainhower Dunshee, Trevor Wylie, Scott Marianno e Natalie Johnson Pearmain, e concluída pela equipe de serviços de acesso do Departamento de História da Igreja.

Dezenas de membros da equipe, missionários e voluntários do Departamento de História da Igreja contribuíram direta ou indiretamente para este livro. Em particular, agradecemos às seguintes pessoas por suas contribuições de pesquisa ou por oferecerem feedback sobre o material preliminar: Jeff Anderson, Jay Burrup, Clint Christensen, Christine Cox, Wayne Crosby, Emily Marie Crumpton, Christian Fingerle, Matthew Heiss, James Miller, Alexander Nunez, Norbert Ounleu, Melanie Riwai-Couch, Javier Romero, Jeremy Talmage, Tyson Thorpe, Soyolmaa Urtnasan e Todd Welker na Divisão de Arquivos e Suporte de Área; Ben Godfrey na Divisão de Necessidades do Público; Doris R. Dant, Brett Dowdle, David Grua, Melissa Wei-Tsing Inouye, Robin Jensen, Jonathan Stapley, Sherian Sylvester e Amber Taylor na Divisão de Publicações; Jenny Lund, Chad Orton, Benjamin Pykles, Ryan Saltzgiver, Ryan W. Smith e Emily Utt na Divisão de Locais Históricos; e Justin Bray, Keith Erekson, Matthew Godfrey e Brandon Metcalfe na Divisão de Pesquisa e Extensão. Agradecemos a Catherine Reese Newton, Laura Rawlins, Kathryn Burnside, McKinsey Kemeny, Hannah Johnson Lenning, Keaton Reed, Kate Staker, Stephanie Steed, Sam Lambert, Ashley Skinner e Jessica Lawrence pelas contribuições editoriais; a Brenda Homer, Benjamin Whisenant e Sharley McCorristin pela assistência com propriedade intelectual e permissões; e a Sylvia Coates pela indexação do volume.

Muitos leitores especializados revisaram capítulos ou partes de capítulos. Entre eles estão William Acquah, Ralph Addy, James B. Allen, Jeffry Allred, Silvia Allred, Michelle Wright Amos, Olivia Barlow, Betty Jean Baunchand, Severia Baunchand, Dennis Beck, Maeta Holliday Beck, Riley Berones, Lilly Binene, Willy Binene, Brent Boham, Georges A. Bonnet, Matthew Bowman, Marilyn Rolapp Brinton, Jeffrey M. Bradshaw, R. Lanier Britsch, Stanley Warren Bronson, Tracy Y. Browning, Tobias Burkhardt, H. David Burton, Milton Camargo, Olga Kovářová Campora, Joe Chelladurai, Michael Colemere, Felicindo Contreras, Veronica Contreras, Ahmad S. Corbitt, Virginia Hinckley Pearce Cowley, Michelle D. Craig, Celia Ayala de la Cruz, J. Anette Dennis, Jill Mulvay Derr, Ann Monson Dibb, Geoffrey Dunning, Suzette Twose Dunning, Allen Erekson, Sharon Eubank, Ike Ferguson, Garry Flake, David Galbraith, Matthew Garrett, Sariah Goury, Darius Gray, Casey Griffiths, Angela Hallstrom, Alice Johnson Haney, Laura Harper, Steven C. Harper, J. B. Haws, Emma Hernandez, Hector David Hernandez, Greg Hill, Laura Paulsen Howe, James Jacob, Daniel K. Judd, Arthur Jue, Daniel Jue, Ardeth Greene Kapp, Allwyn Kilbert, Farina King, Raymond Kuehne, Emily Limb, Laudy Kaouk Lindsey, Anne Lu, Steven J. Lund, Ken Macey, Juan Machuca, Louise Paulsen Manning, Marcus Martins, Patrick Mason, Carl Mauer, William Maycock, Neylan McBaine, David McCombs, Elizabeth Manning McCombs, Mary McKenna, Blake McKeown, Kara McKeown, Scott McKeown, Wade McKeown, Khumbulani Mdletshe, Kahlile Mehr, Tarienne Mitchell, Consuelo Wong Moreno, Ronald Mortensen, Silvina Mouhsen, Paula Muti, Manuel Navarro, Corine Jue Neumiller, Eugene Orr, Bonnie L. Oscarson, Alan Osmond, Jay Osmond, Michael Otterson, Bonnie D. Parkin, Eryn Phillips, Anne C. Pingree, Angela Fallentine Peterson, Carolyn Rasmus, Delia Rochon, Isabel Santana, Manfred Schutze, LuAnn Snow, Franck Yohann Sokora, Maridan Sollesta, Seb Sollesta, Marie Taylor, Lien Nguyen Van, Nguyen Van The, Ruth Todd, Juliet Toro, Richard E. Turley Jr., Lorine Jue Turnbull, Laurel Thatcher Ulrich, Claudia Villavicencio, Marco Villavicencio, Gad Vojkůvková, Kathleen Wan, Stanley Wan, Annaliese White, Bradley R. Wilcox, Steve Williams e Kazuhiko Yamashita. Agradecemos a Casey Olson, Brian Garner, Benjamin Peterson e Matt Lund da Divisão de Avaliação do Departamento de Correlação, bem como aos membros do comitê de revisão. Agradecemos também a Derek Roughton, Renee Furgeson e Jeffrey Mahas pela ajuda com as histórias orais; e a Jeffrey R. Bradshaw, Judith Romo, Sherida Marshall e Bonnie Linck pela ajuda com a tradução dos materiais de pesquisa.

John Heath, Debra Abercrombie e Matt Rasmussen contribuíram com a publicidade e a divulgação. Brooke Jurges forneceu conhecimento administrativo e Jo Lyn Curtis e Cindy Pond ofereceram apoio adicional.

Muitos membros do Departamento de Serviços de Publicação ajudaram no processo de publicação, incluindo Cathy Cooper, Katie Parker, Patric Gerber, Ivan Gavarret e Preston Shewell. Outros colaboradores incluem Alan Paulsen, Paul VanDerHoeven, David Morris, Michelle Karrick, Sharley McCorristin e Dragonfly Editorial. Tradutores prepararam cuidadosamente o texto completo em 13 idiomas. Jen Ward coordenou a impressão dos livros pelo Departamento de Gerenciamento de Materiais.

Agradecemos especialmente aos élderes Marlin K. Jensen, Steven E. Snow e LeGrand R. Curtis Jr., autoridade geral emérita dos setenta, que serviram como historiadores e registradores da Igreja, e que acreditaram no projeto Santos e fizeram muito para promovê-lo. E agradecemos ao élder Kyle S. McKay, atual historiador e registrador da Igreja, por sua orientação no projeto.

Índice